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TALITA BARÃO FAUUSP

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Este porta-fólio é constituído por uma seleção dos trabalhos mais significativos realizados nas disciplinas cursadas na graduação em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, durante o período de 2007 a 2011 (1º ao 5º ano da graduação).

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TALITA BARÃOFAUUSP

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20112011201020102010200920092009

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_AUP0179 PROJETOS NORMATIVOSPROF. RESPONSÁVEIS: ANTÔNIO BAROSSI E HELENA AYOUB SILVA10º SEMESTRE_TRABALHO INDIVIDUAL

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_INTEGRAÇÃO AUP0185-0459PROF. RESPONSÁVEIS: LUIS ANTÔNIO JORGE E MILTON BRAGA9º SEMESTRE_TRABALHO EM GRUPO: Alex Matos, Max Heringer, Renato Carriti, Talita Barão

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_AUP0171 PARTIDO E HIPÓTESE EM ARQUITETURAPROF. RESPONSÁVEIS: FRANCISO SPADONI E MARIA LUIZA CORRÊA8º SEMESTRE_TRABALHO EM DUPLA: Laís Matiussi e Talita Barão

FAUUSP_LAB. DE FUNDAMENTOS SOCIAIS DA ARQUITETURA_INICIAÇÃO CIENTÍFICAPROF. RESPONSÁVEL: MARIA LÚCIA CAIRA GITAHY7º a 8º SEMESTRE_TRABALHO INDIVIDUAL

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_AUP0171 PARTIDO E HIPÓTESE EM ARQUITETURAPROF. RESPONSÁVEIS: FRANCISO SPADONI E MARIA LUIZA CORRÊA8º SEMESTRE_TRABALHO EM DUPLA: Laís Matiussi e Talita Barão

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_AUP0152 PROJETO VIPROF. RESPONSÁVEL: WILSON EDSON JORGE6º SEMESTRE_TRABALHO EM GRUPO: Lincoln Jyo, Mariana Martins e Talita Barão

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE PROJETO_AUP0488 ARQ. E INDÚSTRIAPROF. RESPONSÁVEL: LUIS ANTÔNIO JORGE 5º SEMESTRE_TRABALHO EM GRUPO: Alex Matos, Larissa Santos, Max Heringer, Talita Barão

FAUUSP_DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA_AUT0266 CONFORTO AMBIENTAL V ACÚSTICAPROF. RESPONSÁVEL: JOÃO GUALBERTO DE AZEVEDO BARING6º SEMESTRE_TRABALHO EM GRUPO: Alex Matos, Simone Silvério e Talita Barão

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BLOCO TIPO

BLOCO TIPO

AGRUPAMENTOS

A

B

C

1

2

ESCOLA FDE LUZNeste projeto, partiu-se do programa

escolar pré-estabelecido pela Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) a fim de entender sua estrutura e, então, repensá-lo. A disciplina estipulou uma programa escolar para turmas de ciclo I e II, Ensino Médio (EM) e Ensino de Jovens e Adultos (EJA), contando com 27 salas de aula para abrigá-los. Tal programa deveria ter lugar na região central, bairro da Luz. Seu terreno, cruzamento entre as ruas Ribeiro de Lima e Afonso Pena, é vizinho ao histórico Parque da Luz e à Pinacoteca do Estado, além de pertencer à região da cidade de maior concentração da infra-estrutura de transportes metropolitana. A especifidade do lugar estabeleceu, já de início, alguns determinantes. A quadra, na qual se insere o lote, abriga em sua esquina uma construção antiga e faz conexão entre dois espaços livres públicos: um parque, de grande importancia cultural e histórica, e uma praça, de significado local. Deste modo, a inserção do novo equipamento deveria se encarregar de estabelecer essa comunicação entre ambos, distribuindo ao longo de um eixo estruturador, os ambientes contituintes de seu programa. Assim, a planta foi organizada a partir da conjugação de elementos como: a permanência do edíficio antigo, a definição de um eixo estruturador comunicante, o afastamento do edifico em relaçâo ao limite murado do lote, reservado para o jardim, a distinção entre espaços abertos e fechados ao público e a modulação prevista pelos manuais da FDE. Pretendeu-se repensar a estrutura linear “salas-corredor”, de forma que a distribuição das salas ao longo do eixo central deveria abrir outras possibilidades à distribuição dos espaços de ensino e aprendizagem. Para tanto, foram desenvolvidos dois tipos de blocos de salas de aula, os quais possibilitaram diferentes

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CORTE A-A

CORTE B-B

CORTE C-C

CORTE D-D

FACHADA RUA AFONSO PENA

FACHADA JARDIM INTERNO

FACHADA JARDIM DA LUZ FACHADA PRAÇA CEL.PRESTES

ESCOLA FDE LUZagrupamentos: A, B e C, conforme imagens. Cada bloco é constituído por dois pavimentos. O desenvolvimento de seu desenho foi consequência da necessidade de acoplamento dos mesmos à estrutura central, do conforto ambiental e das possibilidades de agrupamento. Foram definidas duas paredes estruturais em concreto, as quais servem de apoio à estrutura central. Os vedos não estruturais são paredes isolantes e placas metálicas perfuradas, as quais possibilitam uma visibilidade comedida entre interior e exterior. Como mostram os modelos volumétricos e os cortes, as aberturas laterais foram inclinadas, fazendo com que a própria estrutura do bloco fosse capaz de obstruir à incidência direta de luz solar. Para cada sala do pavimento térreo, existem dois acessos: um para a entrada regular e outro que dá acesso às SALAS-PRAÇAS, espaços comunais de múltiplo-uso conformados pela agrupamento dos blocos de salas de aula. Para além desse setor pedagógico, no extremo do eixo e do terreno, estão as áreas de lazer e convivência. O espaço da QUADRA POLIESPORTIVA é aberto ao público, distinguindo-se dos demais ambientes escolares de caráter recluso e para os quais foram definidos limites ao acesso generalizado. A planta se extende com a definição de um bloco de pavimento simples, o qual parte do edifício existente dando lugar ao espaço da BIBLIOTECA e SALA DE INFORMÁTICA, abertas ao público, e dos SETORES ADMINISTRATIVOS; abrigando, ainda, em sua cobertura, um generoso TERRAÇO, acessado pela passarela central. A estrutura de cobertura do bloco tipo 2 também foi pensada para abrigar tetos ajardinados, de forma que a complementaridade entre terraços verdes e o jardim térreo conferem à escola um ambiente de proximidade muito enriquecedora entre edificação, público e vegetação.

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CAMANDOCAIA

A cidade de Amparo, localizada no interior do estado de São Paulo, concentra uma significativa porção do patrimônio arquitetônico e paisagístico nacional. A cidade é delimitada por uma distinta paisagem montanhosa e conserva grande acervo de construções históricas dos séculos

XIX e XX, apogeu do ciclo cafeeiro na região. A proposta das duas disciplinas foi tomar essa cidade como espaço para análise e proposição no campo da preservação e restauração do patrimonio edificado, bem como do patrimônio natural. Assim, ao observamos seus espaços urbanizados e naturais, encontramos nesse encontro uma relação conflituosa entre o curso natural do Rio Camandocaia, que corta a cidade, e a ocupação de suas margens. Estudamos, inicialmente, as possibilidades de se estabelecerem transposições, contatos, entre os dois lados segregados da cidade, o lado histórico e o lado de expansão residencial posterior. Concentramos, assim, nossos estudos na área em que se localizam, atualmente, a Sul do rio Camandocaia, o Mercado Municipal de Amparo, o edifício histórico e a ampliação posterior, e o edifício da rodoviária; e a Norte, o edífício tombado da Santa Casa e outras casinhas de interesse histórico-arquitetônico. As duas margens do rio são conectadas, neste ponto, pela Rua Ana Cintra, importante via urbana e elemento de transposição hoje ali existente. Entendemos, então, este espaço como um lugar de relevante centralidade e estratégico no reestabelecimento da relação entre a cidade de Amparo e a paisagem natural de seu mais importante curso d’água. Para que isso fosse possível, precisamos repensar as construções já existentes, entendendo que a conformação paisagística, por elas determinada, apresentava-se como elemento limitante à real interligação entre as partes daquele tecido urbano. Assim,

IMPLANTAÇÃO FINAL

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CAMANDOCAIA

optamos por repensar o edifício da rodoviária e o galpão de ampliação do mercado municipal. Do modo como se configuram atualmente, ambos não se relaçionam com a paisagem no qual estão inseridos - nem com o entorno edificado, nem com o curso d’água. Assim, com o intuito

de melhor explorar a potencialidade desses usos estratégicos, congregamos a ampliação do mercado municipal com a rodoviária ao lançar um único edifício, leve e translúcido, como uma ponte sobre o Rio Camamdocaia. Parte-se do mercado antigo, expandindo-o e alcançando, do outro lado da margem, a rodoviária. Os ônibus dividem espaço com as docas do Mercado Municipal, de modo que o acesso dos ônibus e caminhões à rodovia é direto, dispensando a entrada desses veículos no interior do tecido antigo da cidade. O Mercado-Ponte é composto por uma película envoltória, constituída por chapas metálicas perfuradas, que envolve todo o corpo do edifício. Este corpo interno é também constituído por estrutura metálica, estrutural, a qual sustenta e tensiona uma manta de cor clara, responsável por abrigar o edifício da chuva e do sol. O novo edifício, estabelece também a extensão da ciclovia já existente e a interligação vertical entre o patamar térreo do mercado e o patamar do rio, cinco metros abaixo. Essa transposição gradual entre níveis foi construída por meio da criação de um grande parque público, construído por patamares e rampas intercalados, elementos que geram no seu percorrer momentos de estar e de contemplação da paisagem. A congruência do novo conjunto edificado e da paisagem natural requalificada tem a intenção de reaproximar os cidadãos de Amparo da paisagem natural de sua cidade, por ora esquecida; bem como de estreitar a relação entre seu patrimônio arquitetônico e a vida cotidiana dos seus habitantes.

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MUSEU DA PESSOA

Propor um espaço físico que materializasse o projeto social do Museu da Pessoa não poderia deixar de buscar uma aproximação com temas como a memória, em seu processo constitutivo e em todas as suas diversas facetas – individu-al, coletiva e histórica; bem como, a intrincada interação entre passado e presente; o papel da linguagem e a experiência da diversidade.A construção da memória é de natureza dialógica, negocial, conflitual e intertextual. É uma cons-trução essencialmente discursiva, baseada na polissemia e na mutabilidade de pressupostos.

Ao buscar essas tantas e diversas memórias pessoais, o Museu da Pessoa não pretende ape-nas a exposição gratuita dessa diversidade, mas compreende que o contato com outras memó-rias pressupõe a transformação e a relativização de nossas premissas. O Museu estrutura-se em três diferentes âmbitos, o da coleta de memó-rias pessoais, o da preservação do acervo cole-tado e o de seu compartilhamento. Pensamos o programa, partindo dessa estrutura preliminar e chegamos a uma estrutura programática na qual esses campos se inter-relacionam e suge-rem pontos para a construção espacial. A cole-ta das memórias requer espaços de estúdio de gravação fixos e móveis. A preservação requer espaços de reserva técnica do acervo audiovi-sual, textual e fotográfico. O compartilhamento requer espaços que dêem suporte aos variados tipos temáticos e espaciais de exposição. A si-multaneidade entre a coleta e compartilhamen-to de memórias indica a necessidade de espaços de dinâmicas. Além disso, a relação entre a preservação e o compartilhamento indica serem necessários espaços em que esse acervo possa ser estudado e de onde possam surgir leituras a serem expostas ao público na forma de ex-posições. A intersecção de todos esses âmbitos representa a área de administração de todo o Museu, de caráter central no espaço.

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0 m 5 m 10 m 25 m 50 m

MUSEU DA PESSOA

A partir dos conceitos e do programa do Museu da Pessoa, passamos a esboçar seu espa-ço. Pensamos um espaço de diversos percursos, não-direcionados e não-lineares, que possibili-tasse a criação de diversas narrativas. Tomamos do território brasileiro seus limites e encontros e, a partir destes, trabalhamos uma linguagem que evidenciasse a relação entre território e me-mória. Deste modo, estabelecer-se-ia entre sua dinâmica organizacional e o público uma gran-de familiaridade. Estilizamos os limites tirados do território, estabelecendo uma trama que é a

extensão do próprio espaço público já existente, sua continuidade, na qual diversos fragmentos se comunicam e se integram. Preserva-se o ca-ráter multifacetado, nos quais, diferentemente da estrutura convencional de museus, não se estabelecem direções pré-definidas nem se indi-cam leituras pré-estabelecidas. Cada um desses fragmentos destina-se a exposição do acervo de cada estado do país. As exposições que extra-polam esses limites, como exposições regionais ou temáticas, têm lugar no espaço externo, no percorrer desses caminhos. Os estúdios, perifé-ricos, podem ser descolados do todo e levados a outros lugares. Um deles se abre para uma extensa área gramada, onde podem ter lugar entrevistas públicas e outros eventos externos, em grande contato com os visitantes do mu-seu e demais passantes. A envoltória do núcleo central, administrativo-audiovisual, é feita pelo próprio acervo do museu que toma a forma de estruturas de vedação lineares.

Os elementos paisagísticos acompanham os conceitos que determinaram o todo edificado. As espécies foram especificadas de acordo com as faixas de território em que costumam habitar, percorrendo os caminhos da trama criada.

A complementaridade entre trama, frag-mentos e vegetação é o que constitui todo o raciocínio do projeto para este Museu.

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CJ.VIZINHANÇA

Este exercício propôs que fosse lançado um olhar atento e crítico sobre a construção da planta no projeto de arquitetura. A base para tanto foi uma planta bastante emblemática e carregada de discurso, a Villa Savoye de Le Cor-busier. É a partir de alguns limites que a planta da Villa Savoye é construída. Limites estes que são derivados de leituras apriorísticas e externas à planta, como o entorno e sua paisagem ou a curva de um automóvel. O volume, tão impo-nente quanto é, aparece como um dos primeiros traços em planta; sendo o seu interior uma orga-nização conseqüente. RECORTES e AMBIGUIDADES - Tais questões são inter-relacionadas. Le Corbusier considerava anacrônicos os meios de morar ainda mantidos pela sociedade industrial e buscou investigar em

sua planta novas articulações para os espaços da casa. A parte mais íntima da planta é cheia de recortes, uma vez que seus ambientes tinham de se definir dentro de um quadrado pré-defi-nido Os recortes deixam de existir, na medida em que os ambientes, como a sala e os terraços, tornam-se mais públicos; criando-se assim, uma gradação entre individualidade e coletivida-de. Sua ambigüidade reside na relação entre a forma pura e o significado, ou também, entre a pura geometria e a forma livre. Assim como uma máquina da engenharia, a casa deveria basear suas formas e estrutura em suas leis internas, no entanto, a organização interna da “máquina de morar corbusiana” não determina sua forma exterior.PERCUSOS e PERMANÊNCIAS - O percurso é trabalhado na casa em Poissy conduzindo um passeio que privilegia os grandes espaços de estar coletivos. Buscamos os traços iniciais de projeto na vontade de trabalhar tais PERCUR-SOS e PERMANÊNCIAS em uma interação ainda mais intrincada. Pretendeu-se, assim, uma fusão

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CORTE A-A

CORTE C-CCORTE B-B

CJ.VIZINHANÇA

entre rampas e terraços. Os primeiros croquis evidenciam essa tentativa de que os planos das inclinações tomassem expressividade e se cons-tituíssem nos próprios terraços. Pensar nessa relação entre o caminhar e o estar levou-nos a adotar o programa de um conjunto de casas, a fim de dar consistência ao pressuposto. Esse es-paço, fusão de rampas e terraços, requereu essa escala de vizinhança, de uso mais abrangente e coletivo. O bloco, então, constitui-se de cinco módulos de casas agrupados. Com a intenção de integrar a inclinação das rampas nas cober-turas-terraços das casas, cada módulo é consti-tuído por duas inclinações. A primeira que parte da cota 0 m e eleva-se até 2,5 m, sob a qual se determinou o depósito-garagem na porção de pé-direito utilizável, entre 2 - 2,5m de altura. A

segunda, parte da cota 2,5m e eleva-se até a cota de 5m, abrigando todo o restante dos am-bientes domésticos. São especificadas duas pos-sibilidades de planta. A diferença entre elas resi-de na troca de disposição de alguns ambientes, como o quintal-jardim e a cozinha; e também, na manutenção do pé direito de 5 m do ambien-te social (tipo 2), a fim de expandir a área de estar no terraço do conjunto. A inclinação da cobertura também possibilitou que trabalhásse-mos com outra diretriz de projeto – a gradação entre ambientes de uso íntimo e coletivo. Tal gradação aqui foi definida pela sensação es-pacial resultante da alteração do pé-direito dos ambientes, sensações de reclusão e intimidade e de amplitude e sociabilidade. Esse projeto é, enfim, resultado de um exercício de leitura te-órica da planta de Le Corbusier, sem a intenção de reproduzir as “vontades arquiteturais” desse arquiteto, nem tampouco de tomá-la como uma espécie de dogma, mas buscando compreender o contexto e raciocínios que a determinaram, para, então, projetar a partir dela.

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PRAÇA CJ.HAB.

No primeiro ano de pesquisa, foram esco-lhidas para estudo três áreas livres e públicas, inseridas no Conjunto Habitacional Itaquera IB ‘Pe Manoel da Nóbrega’, da COHAB-SP. Os es-tudos iniciais trouxeram a bagagem histórica necessária à compreensão mais apurada acerca do complexo e acelerado desenvolvimento da cidade de São Paulo, seus planos de expansão e o padrão periférico de crescimento deles conse-qüente. Dentre tais espaços em estudo, um deles suscitou a vontade pela proposição. Assim, no segundo ano de pesquisa me propus desenvol-ver, para este espaço abandonado, um projeto que, embasado pela constante observação e pelas bagagem histórica-social adquirida, teria a intenção essencial de atribuir-lhe o caráter, então deficiente, de verdadeiro espaço público urbano. Quis animar seus percursos, como tam-bém instigar a permanência. Quis reduzir a im-ponência dos rígidos limites murados, buscando a diversidade de paisagens, atividades e usos. Quis criar elementos que fizessem com que as

pessoas se surpreendessem e se indagassem, e, neste processo, talvez se identificassem e rela-cionassem com o espaço. Quis que atentassem, enfim, para a imprescindibilidade de seu caráter público e buscassem, sempre, preservá-lo, como aquilo que proporciona algo a todos, sem restri-ções. De início, este espaço apresentou-se como um local de não permanência, de caminhos e atalhos. Assim seu redesenho foi iniciado pelas linhas traçadas no próprio solo em que fica o rastro sem gramado. Diferente de outros terre-nos em desuso, sua morfologia definida como espaço entre e não encerrado em si, faz com que sua vida exista nesta atividade rotineira do ir e vir. E nesta movimentação, foram dese-nhados caminhos compostos por faixas que se ampliam e se encontram, definindo uma trama.

PERCURSOS_ESTUDO

PERCUSOS_TRAMA

TRANSIÇÕES_PISTAS

PERMANÊNCIAS_BANCOS E LUZ

IMPERMANÊNCIAS_OUTONO INVERNO

EXPERIMENTAÇÕES

IMPERMANÊNCIAS_PRIMAVERA VERÃO

PRÉ-EXISTÊNCIAS

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PRAÇA CJ.HAB.

Nesta trama pontuam-se os locais de encontro e de permanência. Pequenos estabelecimentos de alimentação ao lado leste do terreno intentam criar ali um espaço de estar e de animação. Os bancos surgiram da própria morfologia do terre-no. Eles têm seus comprimentos definidos pela relação entre a altura do assento e a linha de inclinação, criando bancos que se adéquam às diferentes fases e tamanhos das pessoas. Esse espaço teve, originalmente, sua conformação dada pelo cercamento de cada lote, numa tenta-tiva abrupta de resgatar um tecido urbano mais conhecido, de distinção clara entre o público e privado. A presença dos muros que o delimitam é extremamente rígida e os atalhos por vezes constroem-se, inapropriadamente, rente a estes. No muro norte, transformou-se em curva o en-contro ortogonal, fazendo das pistas de skate e patins os elementos de transição. A paisagem natural, texturas e cores, é aqui também im-portante elemento mutante. A persistência do cercamento pesava sobre a vontade de pensar

um espaço comunal. Nesse sentido, buscou-se um elemento da paisagem que pudesse comu-nicar tais questões. Em uma experimentação conceitual, pretendeu-se explorar a simbologia do enclausuramento de algo vivo e comum, de um ipê branco. Criou-se, em três pontos do espaço, esse contraste incongruente entre algo vivo e belo plantado num espaço de uso público, e a rigidez segregacionista dos limites criados. É fato que as possibilidades propositivas sobre os espaços públicos, especialmente numa conjun-tura de região periférica, são sempre difíceis e limitantes. No entanto, a intenção deste projeto foi de rever conceitos e propor novos elementos e experiências, para assim chegar num resul-tado que denotasse o interesse e a esperança acerca das possibilidades dos espaços urbanos.

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EDIFÍCIO CENTRO

Um predinho, no centro de São Paulo, esquina entre as ruas São Domingos e Major Diogo. Propusemos um edifício cuja forma fugisse à pressuposta e rígida verticalidade e recuasse seu volume edificado a cada pavimento. Pesquisávamos, já de início, a possibilidade de conferir às unidades habitacionais uma fachada nordeste, ora obstruída pelos edifícios vizinhos.

Os primeiros esboços saíram deste estudo, tendo em mãos um modelo físico simplificado e um relógio de sol. Duas linhas curvas, definidoras do projeto, vieram daí. A primeira, partindo do chão, determinando o recuo do edifício conforme o ganho de altura; a segunda, horizontal, por sua vez, determinando a abertura da face leste para a Rua São Domingos.

A partir do plano determinado pela face nordeste, definimos em planta uma disposição preliminar dos espaços internos às habitações. Definimos que os dormitórios e salas tomariam, predominantemente, o privilégio da face nordeste e leste, enquanto as demais áreas, como banheiros, cozinhas e circulações coletivas, seriam dispostos ao

centro e à face sul. A redução de área por pavimento, dada pelo recuo contínuo do volume do edifício, organizou dois desenhos principais de pavimentos habitacionais. Os quatro primeiros pavimentos habitacionais, de maior área, são aqueles onde se dispuseram três unidades; os demais, quatro pavimentos habitacionais restantes, foram organizados em duas unidades.

Propôs-se a organização do térreo entre

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EDIFÍCIO CENTRO

pequenas lojas e um bar, o qual estende-se e amplia-se como restaurante no pavimento superior. Neste mesmo pavimento, há também o espaço de armazenamento e de manutenção do próprio edifício. A laje de teto, deste primeiro pavimento, proporciona ao próximo nível, de uso dos moradores, uma extensão de área pensada como um terraço comunal.

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HAB.EMERGÊNCIA

Em uma sociedade que vive sob a lógica da escassez, o que considerar como emergencial?

Essa foi uma inquietação que nos nor-teou para o desenvolvimento desse estu-do, exigindo um tratamento criterioso de cada item e uma sensibilidade que trans-cendesse os preconceitos instituídos.

O primeiro embate foi como lidar com uma situação de emergência. Como criar algo com a qualidade requerida em tempo exíguo? A resposta foi um sistema compacto e projetado a partir de dimen-sões determinadas, para que pudesse ser facilmente transportado por caminhão. A estrutura central, de planta 9x3m e 3m de altura, configura-se como uma uni-dade embrionária, uma matriz estrutural e conceitual do projeto, concentrando o corpo social da casa, as áreas molhadas, todo o sistema hidráulico-elétrico e suas fundações. Inspirados por projetos como o Carabanchel Housing, do escritório Dos-masuno, nossa proposta adota volumes acoplados a estrutura central, matriz, a fim de ampliar o espaço interno e atender à demanda heterogênea.

A discussão acerca dos materiais utili-

zados tem grande relevância em um pro-jeto de execução emergencial como este. A redução do desperdício e dos impactos ambientais, muitas vezes presentes em obras tradicionais, é determinante para

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HAB.EMERGÊNCIA

a praticidade na confecção e montagem de peças, no transporte e no processo de execução final da obra.

Tendo esses requisitos em mente, op-tou-se pelo uso do aço e da madeira nas estruturas e nos revestimentos, respecti-vamente. O vidro de baixa emissividade também foi utilizado nas estruturas aco-pláveis (dormitórios ou outros cômodos) por possibilitar a amplitude espacial de-sejada, considerando painéis de persianas para seu devido mascaramento quando necessário.

A estrutura central foi concebida para ser empilhada, atribuindo ao projeto a possibilidade de verticalização. Desse modo, o conjunto poderá criar uma den-sidade adequada para o bom aproveita-mento da infra-estrutura e dos espaços públicos, indispensáveis à plenitude deste projeto.

Há uma espacialização volumétrica, há passeios ora cobertos, ora descobertos, há momentos de luz e sombra e cheios e vazios, há elementos que permitem enri-quecer a experiência cotidiana dos habi-tantes desse novo lugar. Em uma situa-ção de emergência, este projeto pretende possibilitar a reinterpretação de uma memória urbana, por meio da construção

de um conjunto urbano que seja capaz de restabelecer o vínculo entre moradores e o novo abrigo, tanto nos espaços internos às habitações como nos espaços externos por elas criados.

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RUÍDO CIDADES

O documentário estruturou-se de forma a tentar expor e discutir a questão do ruído ur-bano em diferentes facetas. Instigados pela in-quietante abordagem do longa francês HOME (2008), dirigido pela suiça Ursula Meier, emba-samos o documentário numa mescla entre ce-nas icônicas do filme, medições de nível sonoro em diferentes lugares e uma entrevista com a arquiteta e urbanista Regina Meyer. Na cidade, rodamos com um decibelímetro em mãos pela rua 25 de março, largo São Bento, arredores do minhocão, Avenida Prestes Maia, Marginais do Rio Pinheiros e rodoanel, captando os diferen-tes níveis de ruído. Partimos de O ruído nas cidades, explorando a transformação da noção de ruído ao longo da história das cidades. Se-guimos em Som ou ruído? perpassando pelos processos de industrialização e de urbanização e suas conseqüências na transformação do som e ruído urbanos em poluição sonora. Interessou-nos, então, discutir o modo como o ruído urbano é encarado em diferentes culturas. Em Ruído e Cultura, entrevistamos alguns intercâmbistas recebidos pela FAUUSP, em busca de tais relatos. Seguimos com Apreensões do ruído, exploran-do a percepção do ruído urbano pelos diferentes grupos em diversos espaços da metrópole pau-lista - o morar na Avenida Paulista, nos bairros Jardins, etc. Deste ponto, discute-se a Reação anti-urbana ao ruído e a recorrente busca pelo fechamento. Discutimos no bloco seguinte, Ru-ído sobre rodas, o automóvel e as concepções de espaço urbano associadas a ele, bem como o rodoviarismo que regeu a construção e recons-trução das cidades a partir do século XX.

O documentário se encerra com as questões ideológicas que permeiam o pensamento sobre a arquitetura. A exacerbação do isolamento, bem como a exacerbação da coletivização, as in-terferências, o um e o outro. Ideologia e ruído.

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