ì Tanto faz! Verdade - Estudos Bíblicos em profundidade ... · Agun dos artigos foram traduzidos...

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Andando na Verdade 3 João 4 Quando eu crescer ............ 1 ì A Serviço do Rei Certo, mas ainda errado .......... 3 O que se torna possível pela fé ..... 6 Está para baixo? ................ 7 í A Família Ele precisava de um pai fiel ........ 9 î Na Casa de Deus Lidando com os desanimados e os fracos ................... 13 Sábado ou domingo? ................................. 13 ï Escrito para o Nosso Ensino Fidelidade e compromisso com Cristo ..................... 15 Deixando Deus ser Deus ............................... 17 Deixando as pessoas serem pessoas ...................... 18 A borla ............................................ 19 ð O Poder de Deus para a Salvação Um rapaz perdido .................................... 20 Não é hora de tolice .................................. 21 O machado na raiz ................................... 23 Palavras cruzadas: Jesus entre as igrejas ................... 25 æ Desafios e Dúvidas O arrebatamento .................................... 27 A solução rejeitada ................................... 30 Os cuidados do mundo ................................ 33 A divindade de Cristo (1 de 2) ........................... 35 Distribuição Gratuita Venda Proibida Ano 6 • Número 2 Abril - Junho 2004 Tanto faz! Você quer comer isto ou aquilo? Tanto faz! Já cansei de ouvir esta resposta do meu filho. Algumas escolhas não têm grande importância, e ele não demonstra nenhuma preferência. Alternativas são abundantes, e nem todas as nossas decisões são significantes. Mas quando se trata de assuntos espirituais, as nossas escolhas se tornam extremamente importantes. A escolha entre certo e errado determinará a direção da nossa vida, até o nosso destino eterno. Muitos ainda dizem que “tanto faz”, mas se enganam na sua indiferença. Questões morais exigem escolhas. Há diferenças críticas entre os caminhos na nossa frente. Devemos escolher bem. Diferenças doutrinárias, também, exigem decisões sábias baseadas no estudo cuidadoso da vontade do Senhor. Existem muitas opções, mas apenas um caminho estreito que nos leva à vida eterna. Na escolha entre um prato ou outro, pode não ter preferência. Mas na decisão de seguir a Deus ou não, é importante acertar a única opção certa! Andando na Verdade é publicada trimestralmente e distribuída gratuita- mente a pessoas interessadas no estudo da palavra de Deus. Alguns dos artigos foram traduzidos por Arthur Nogueira Campos, Heather Allan da Silva e Megan Allan e usados com permissão de seus autores e redatores. Os autores retêm os direitos ao próprio trabalho. Redator: Dennis Allan, C.P. 60804, São Paulo, SP, 05786-990. E-mail: [email protected] Estudos Bíblicos na Internet: www.estudosdabiblia.net

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Andandona

Verdade3 João 4

Quando eu crescer . . . . . . . . . . . . 1

ì A Serviço do ReiCerto, mas ainda errado . . . . . . . . . . 3

O que se torna possível pela fé . . . . . 6

Está para baixo? . . . . . . . . . . . . . . . . 7

í A FamíliaEle precisava de um pai fiel . . . . . . . . 9

î Na Casa de DeusLidando com os desanimados e os fracos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Sábado ou domingo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

ï Escrito para o Nosso EnsinoFidelidade e compromisso com Cristo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Deixando Deus ser Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Deixando as pessoas serem pessoas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

A borla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

ð O Poder de Deus para a SalvaçãoUm rapaz perdido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Não é hora de tolice .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

O machado na raiz .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Palavras cruzadas: Jesus entre as igrejas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

ñ Desafios e DúvidasO arrebatamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

A solução rejeitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Os cuidados do mundo .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

A divindade de Cristo (1 de 2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Distribuição Gratuita — Venda Proibida

Ano 6 • Número 2 Abril - Junho 2004

Tanto faz!Você quer comer isto ou aquilo? Tanto faz! Já cansei de ouvir

esta resposta do meu filho. Algumas escolhas não têm grande

importância, e ele não demonstra nenhuma preferência.

Alternativas são abundantes, e nem todas as nossas decisões são

significantes.

Mas quando se trata de assuntos espirituais, as nossas escolhas

se tornam extremamente importantes. A escolha entre certo e

errado determinará a direção da nossa vida, até o nosso destino

eterno. Muitos ainda dizem que “tanto faz”, mas se enganam na

sua indiferença.

Questões morais exigem escolhas. Há diferenças críticas entre os

caminhos na nossa frente. Devemos escolher bem.

Diferenças doutrinárias,

também, exigem decisões

sábias baseadas no estudo

cuidadoso da vontade do

Senhor. Existem muitas

opções, mas apenas um

caminho estreito que nos

leva à vida eterna.

Na escolha entre um prato

ou outro, pode não ter

preferência. Mas na decisão

de seguir a Deus ou não, é

importante acertar a única

opção certa!

Andando na Verdade é publicada

trimestralmente e distribuída gratuita-

mente a pessoas interessadas no

estudo da palavra de Deus. Alguns

dos artigos foram traduzidos por

Arthur Nogueira Campos, Heather

Allan da Silva e Megan Allan e usados

com permissão de seus autores e

redatores. Os autores retêm os

direitos ao próprio trabalho.

Redator: Dennis Allan, C.P. 60804,

São Paulo, SP, 05786-990.

E-mail: [email protected]

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Andando na Verdade 1

Quando eu crescer

Crianças pequenas olham para o futuro com esperança e sonhos. “Quando

eu crescer, eu vou ser... ou eu vou fazer....” O desenvolvimento de uma

pessoa do berço à maturidade é um processo fascinante. Como todos os

pais, eu tenho acompanhado este processo nos meus filhos,

constantemente admirado com a perfeição do plano de Deus de fazer uma

pessoa que cresce física, mental e espiritualmente, passando da infância à

adolescência e, afinal, se tornando adulta independente.

O processo é, do ponto de vista dos pais, assustador! Percebemos perigos que

a criança não compreende. Entendemos riscos que escapam à percepção de um

jovem. Conhecemos dor que ainda não invadiu a vida de um adolescente.

Deus tem me abençoado com muitas oportunidades de observar e participar da

vida de crianças e jovens – sejam meus três filhos ou os filhos dos outros. Apesar

das minhas falhas e imperfeições como pai, eu tenho aprendido e continuo

aprendendo muito com esses jovens. Quero dirigir algumas palavras aos jovens,

especialmente àqueles que estão no final da adolescência, beirando a

independência.

Grandes possibilidades

Você, jovem, encara um mundo cheio de oportunidades e possibilidades.

Faculdade, emprego, namoro, casamento, família, viagens, mudanças. Está

tudo na sua frente! Mais opções do que tem no cardápio de uma pizzaria!

Nos próximos anos, você tomará decisões sobre muitas destas opções. Neste

processo, decidirá passar por algumas portas abertas, pensando nas suas metas,

nos seus sonhos, no seu futuro. Quando toma a decisão de avançar por uma

porta vai perceber que, na maioria dos casos, ela se fecha atrás de você. A

decisão de aceitar um emprego quer dizer que não estará disponível para aceitar

outro. A escolha de um namorado, ou mais ainda, a decisão de casar-se com um

parceiro, exclui todas as outras possibilidades. A decisão de fazer um curso na

faculdade, na maioria dos casos, já define a direção de sua vida escolar e

profissional. Se gastar dinheiro para comprar uma coisa, não o terá para comprar

outra. São as realidades da vida. De todas as decisões, precisa abrir a porta para

Deus e fechar a porta ao pecado: “Lembra-te do teu Criador nos dias da

tua mocidade” (Eclesiastes 12:1).

Estas decisões, muitas vezes, demonstram a diferença entre uma criança e um

adulto. A criança não considera as conseqüências e não calcula o impacto futuro

de suas decisões. Age pelo impulso da imaturidade e procura, depois, fugir das

2 2004:2

conseqüências de suas escolhas más. O adulto, porém, assume

responsabilidades, pensa antes de agir e cumpre seus compromissos.

Grandes riscos e grandes oportunidades

Uma criança toma seus primeiros passos inseguros e cai. Com a ajuda da

mãe, levanta-se e tenta outra vez. Nos meses seguintes, cairá várias vezes.

Algumas vezes vai chorar um pouco, mas raramente se machucará.

Alguns anos depois, a mesma criança começa a andar de bicicleta. Ganhou mais

liberdade, aprendeu como se locomover em maior velocidade. Os pais colocam

limites para não permitir que ande em avenidas muito movimentadas. Quando

cai, pode se machucar, mas, mesmo assim, os riscos são limitados. Ferimentos

graves são possíveis, mas não muito prováveis. A liberdade e a capacidade

aumentaram, e os perigos, também.

Quando a mesma criança, agora jovem, chegar aos 18 anos, vai correndo para

tirar carta de habilitação para andar de moto ou de carro. É isso que é liberdade!

Os riscos, também, multiplicaram. Um acidente agora pode causar ferimentos

graves, ou pode até tirar a vida do próprio jovem ou de outras pessoas.

A independência e a liberdade trazem responsabilidades e riscos

maiores.

Esses exemplos servem para mostrar como outros riscos, também, multiplicam

quando passa da infância à maturidade. Erros da infância raramente estragam

a vida toda. Mas os erros de um adolescente ou jovem adulto podem, sim,

complicar o resto da vida. Se escolher os amigos errados, pode ser induzido a se

envolver em crime e perder a liberdade, ou pior. Se decidir casar com a pessoa

errada, pode sofrer o resto da vida, e as conseqüências podem atingir várias

outras gerações de descendentes. Se experimentar bebidas ou outras drogas,

corre o risco de criar um vício que trará prejuízos em todos os aspectos da vida.

O crescimento nos traz, também, grandes oportunidades. Passando da

adolescência, você terá condições de ajudar outros e contribuir de uma maneira

significativa ao bem das pessoas ao seu redor. Na sua escolha de profissão e na

maneira de tratar as pessoas próximas você poderá mudar para o melhor as

circunstâncias de familiares, amigos e até estranhos.

A influência maior possível será o impacto da sua conduta na vida espiritual dos

outros. A sua decisão de servir ao Senhor trará a possibilidade de conduzir outros

ao Senhor, por suas palavras e seu exemplo. “Ninguém despreza a tua

mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis....” (1 Timóteo 4:12).

–Dennis Allan

São Paulo, SP

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Andando na Verdade 3

Certo, mas ainda errado

Amoralidade é um dos tópicos mais mal-entendidos dos nossos dias. Seria

uma exposição grosseiramente incompleta dizer que há muita confusão

neste assunto na nossa sociedade atual. Isso acontece por várias razões,

sendo uma das primeiras o abandono pela nossa cultura da idéia da verdade

absoluta. Jogue a verdade absoluta pela janela e não há motivo de chamar algo

de certo ou errado.

Uma outra maneira que a moralidade é freqüentemente mal-entendida é por

uma super-simplificação dos assuntos sobre certo e errado. Há algumas coisas

que são inerentemente erradas e nada poderá mudar isso (mentir, assassinar,

roubar, etc.) Fazer o certo é um pouco mais complicado, porque há mais que

considerar em fazer o certo do que a ação em si. Devemos pesar vários fatores,

dos quais todos têm que estar certos antes de podermos dizer que fizemos bem.

Resumindo, às vezes é possível fazer algo que em outras situações seria bom e

direito, mas ainda acabar errado. Deixe-me sugerir três exemplos:

Fazer a coisa certa, mas pelo motivo errado

Em Mateus 6, Jesus criticou os fariseus por algo que deveria ser chocante

para eles. Ele contestou as suas orações, os seus jejuns e o seu auxílio aos

pobres. Não era o fato de fazerem estas coisas que provocou a repreensão

de Jesus. De fato, estas eram, em si, coisas perfeitamente boas de se fazer. O

que Jesus não gostou era a razão dos fariseus fazerem estas coisas. Fizeram a

sua justiça, para serem vistos pelos homens, para receber elogios dos homens.

Pegaram coisas que deveriam ser expressões de abnegação e humildade e as

utilizaram para o seu próprio orgulho e egoísmo. De fato, os fariseus se tornaram

mestres neste tipo de perversão da vontade de Deus. Por exemplo, piedosamente

devotariam todo o seu dinheiro a Deus para que tivessem uma desculpa por não

Î A Serviço do Rei Vivendo como Seguidores de CristoÙ Á

4 2004:2

cuidar dos seus pais (Mateus 15:3-9). Fizeram coisas boas com más intenções.

Isaías reclamou de maneira parecida a respeito dos judeus da sua época que

pensaram que Deus se agradava apenas com o ritual do sacrifício e que a

moralidade pessoal não era uma consideração em agradar a Deus. Como

estavam errados! Eles sacrificavam, o que normalmente era uma coisa boa, mas

Deus se recusou a aceitar os seus sacrifícios por causa das intenções com as

quais foram oferecidos.

Se fizermos o que Deus mandou por razões que não sejam as que Deus tinha ao

dar os mandamentos, então não estamos corretos em fazê-los. Por exemplo,

você pode saber de alguma falha em alguém. Seria errado mentir sobre isso. Mas

nem sempre é necessário nem benéfico falar sobre isso, e se você falar a verdade

com o propósito de magoar ou envergonhar alguém, então você não fez bem

mesmo que tenha contado a verdade. Às vezes, contar a verdade pode magoar

alguém sem necessidade, e o silêncio seria melhor. Ou se alguém é batizado

para ser como os seus amigos, ele fez algo que Deus mandou mas por uma

razão totalmente errada. O valor de boas obras pode ser negado pelos motivos

errados.

Fazer a coisa certa, mas da maneira errada

Às vezes, não são as nossas motivações que arruinam as nossas boas obras,

mas os nossos métodos. É importante fazer a coisa certa de tal maneira que

não derrote a bondade da obra em si. Isso tem várias aplicações. Considere,

por exemplo, a pregação do evangelho. O evangelho é uma boa nova e alegra

ao ouvi-lo. Não devemos torná-lo más notícias que ninguém agüenta ouvir pela

maneira que nós a apresentamos. Devemos falar a verdade em amor (Efésios

4:15), não por maldade ou má vontade. Alguns na época de Paulo estavam

pregando o evangelho com o propósito de tornar a prisão de Paulo mais difícil

(Filipenses 1:15). Alguns hoje em dia parecem gostar de pregar de uma maneira

que intencionalmente ofende a sua platéia. Isso apenas estraga qualquer chance

que o evangelho teria com algumas pessoas e perverte a mensagem sagrada de

Deus. De maneira parecida, às vezes precisamos repreender um irmão ou uma

irmã quando faz algo errado. Mas como fazemos isso pode mudar

completamente o final da história. Podemos repreender de uma maneira

degradante e arrogante (o que não adiantará nada), ou podemos restaurar os

errantes num espírito de mansidão e humildade (Gálatas 6:1), o que é a maneira

correta de fazê-lo e que encoraja o pecador a se arrepender.

Também podemos considerar um exemplo que envolve o trabalho da igreja. A

Bíblia claramente ensina que é a vontade de Deus que a igreja local dê sustento

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Andando na Verdade 5

financeiro aos que se dedicam à pregação do evangelho (1 Coríntios 9;

Filipenses 1:5; 4:15). Nos tempos modernos, porém, algumas pessoas

montaram organizações humanas (sociedades missionárias e igrejas

patrocinadoras) para “ajudar” a igreja neste trabalho. Com tais arranjos o

pagamento do evangelista é enviado, não diretamente ao evangelista, mas a uma

outra igreja ou organização humana que age como mediadora na transação.

Não há autoridade nas Escrituras para isso. Certo, é correto sustentar o

evangelista, mas deve ser feito de acordo com o padrão de conduta da igreja

primitiva como foi registrado no Novo Testamento. O pecado da sociedade

missionária ou a igreja patrocinadora está em como funciona para fazer o que

Deus mandou fazer de outra maneira. Faz a coisa certa, mas da maneira errada.

Chegando à conclusão correta,mas pelos motivos errados

Por que é errado mentir? Pergunte para praticamente qualquer descrente e

poderá dizer “porque magoa as outras pessoas”. Esta é uma resposta típica

que vem do pragmatismo – a idéia de que algumas coisas não devem ser

feitas, não porque são moralmente erradas, mas porque têm efeitos

desagradáveis ou maléficos (em efeito, é errado porque não funciona bem na

sociedade). Suponho, de acordo com este tipo de pensamento, que, se alguém

conseguisse achar uma maneira de tornar a mentira benéfica, então seria

aceitável mentir. É errado mentir, mas o fato de ser maléfico aos outros não é o

motivo que é errado. É errado porque Deus disse que é; é errado porque a língua

mentirosa fala de um coração decepcionante e malicioso que é motivado pelo

mal. A mentira é má, e é isso que é errado com ela. O fato de ser prejudicial aos

outros apenas acrescenta, ou é um produto maior, da sua maldade.

Coisas parecidas estão sendo ditas sobre a prática comum das pessoas se

juntarem (incluindo a relação sexual) antes do casamento. Todos os tipos de

estudos concluíram que tais junções não dão certo; apenas desencorajam o

compromisso, resultam em crianças indesejadas e lares com apenas um pai, etc.

Mas por mais que estas coisas sejam más, não são o motivo que “se ajuntar” é

errado. É errado porque é fornicação, e Deus condena a fornicação por viver a

lascívia da carne. O fato que produz vários efeitos ruins é simplesmente uma

função do problema real.

Devemos ter certeza de estarmos corretos em todos os aspectos do nosso

comportamento, não só em obras.–por David McClister

6 2004:2

O que se torna possível pela fé“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hebreus 11:6).

É possível que agrademos a Deus, porém somente pela fé podemos

fazê-lo. O exemplo de Enoque nos mostra como podemos nos identificar

com Deus quando temos fé real. Enoque “andava com Deus” (Gênesis

5:24). E sua caminhada com Deus, baseada na fé, teve resultados incríveis.

“Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado,

porque Deus o trasladara. Pois, antes de sua trasladação, obteve

testemunho de haver agradado a Deus” (Hebreus 11:5).

De acordo com o texto, Enoque agradara a Deus pela fé. Isso quer dizer que o

mero fato de “crença” intelectual agrada a Deus? Não! Temos que ter uma fé

que busque diligentemente a Deus em uma confiança que seja tanto

esperançosa quanto amorosa. “Visto que andamos por fé e não pelo que

vemos. Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o

corpo e habitar com o Senhor. É por isso que também nos esforçamos,

quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.” (2 Coríntios

5:7-9). Se fizermos com que o nosso objetivo agrade a Deus, temos de

compreender que essa possibilidade maravilhosa somente pode ser realizada

pela obediência que vem pela fé. “De fato, sem fé é impossível agradar a

Deus” (Hebreus 11:6).

A fé faz parte do grande trio: fé, esperança e amor. E, de fato, a fé que torna

possível agradar a Deus possui uma grande quantidade de esperança e amor.

Esses três atributos espirituais olham para o futuro com confiança. Trabalhando

juntos, produzem a “operosidade da fé”, a “abnegação do vosso amor” e

a “firmeza da vossa esperança” (1 Tessalonicenses 1:3).

Considere que a fé pela qual chegamos a Deus e lhe agradamos não vive sem

a esperança real. Enquanto a fé nos dá esta visão de como são grandes as

nossas possibilidades com Deus, é a esperança que fervorosamente deseja que

essas possibilidades se realizem. Mais do que isso, a esperança espera que se

realizem! E essa esperança nos leva a imitar o caráter de Deus e crescer na

pureza. “E a si mesmo se purifica todo aquele que nele tem esta

esperança, assim como ele é puro” (1 João 3:3).

Pela fé, buscamos agradar a Deus porque o amamos. É a fé que dá asas ao

desejo natural do amor. Demonstrando-nos, não somente que Deus pode se

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Andando na Verdade 7

contentar conosco, mas também como podemos fazê-lo, a fé dá a verdadeira

substância ao desejo mais elevado do amor: agradar ao nosso Deus amado.

A fé é o amor tomando a forma de aspiração.

(William Ellery Channing)

–por Gary Henry

Está para baixo?

Pessoas profissionais dizem-nos que a baixa

auto-estima é um problema sério e comum

que afeta basicamente todos os níveis e

idades da sociedade. Eu acredito. Fracasso, falta

de beleza, obesidade, falta de uma educação

formal, o sentimento de não ser necessário, a falta

de confiança e coisas semelhantes são os culpados

que levam de muitos a sensação de valor. Produzem

sentimentos de inferioridade e pena de si que podem ser prejudiciais tanto ao

pecador quanto ao santo – principalmente se o santo estiver fraco na fé.

De todos os povos, o povo de Deus deve ter uma sensação de valor alta, porém

humilde. Em primeiro lugar, cada homem é parente e descendência do Deus

poderoso (Atos 17:29). Isso torna cada indivíduo especial de uma maneira que

merece apreciação. O “homem interior” (2 Coríntios 4:16) foi feito na própria

imagem de Deus (Gênesis 1:27). Assim como temos “pais segundo a carne”,

também temos um “Pai espiritual” (Hebreus 12:9). Existe algo dentro de cada

homem que não vem, nem pode vir, de pais na carne, mas vem apenas do nosso

Pai espiritual. Que consolação é lembrar que um dia este espírito “volte a Deus,

que o deu” (Eclesiastes 12:7). Devíamos dizer, como uma criança num cartaz,

“Eu sei que sou alguém , porque Deus não faz lixo!”

Mas, não sou apenas descendência de Deus, sou o objeto contínuo de seu amor

e sua preocupação. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de

Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele

toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (1 Pedro 5:6-7).

Sim, “Deus amou ao mundo de tal maneira...” mas isso quer dizer que ele

ama você! Paulo viu em termos pessoais quando ele disse que “me amou e a

si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2:20). Nós também devemos. E

8 2004:2

tem mais uma coisa que o povo de Deus precisa lembrar: já que Deus não faz

acepção de pessoas (Atos 10:34), ele vê você e eu como seus filhos e objetos do

seu amor tanto quanto Paulo, Timóteo, Pedro ou qualquer servo fiel do Velho

Testamento. Como o escritor popular, Francis Schaeffer, escreveu, “Com Deus

não existem pessoas pequenas.” A questão não é se sou um grande apóstolo,

presbítero, evangelista ou professor, mas é se eu estou glorificando a Deus

na minha vida, onde estou, com os recursos e oportunidades que tenho,

agora? (cf. 1 Pedro 4:11). Muitos enganam a si mesmos a pensarem que

poderiam fazer mais para o Senhor em algum outro lugar ou no tempo futuro se

apenas tivessem mais recursos ou talento. Rebaixar a si mesmo leva a pessoa a

pensar no que “poderia ter acontecido” e prejudica as possibilidades de serviço

recompensador agora.

Nenhuma pessoa é sem valor e se vir como tal é enganoso e prejudicial. Fomos

redimidos pelo maior preço já pago por qualquer coisa, “pelo precioso sangue

... o sangue de Cristo” (1 Pedro 1:19). Nós temos uma alma que foi avaliada

pelo Senhor a ter um valor inestimável (Mateus 16:26). Em Cristo nos tornamos

verdadeiramente ricos (2 Coríntios 6:10). Nós realmente acreditamos nisso?

Andar pela fé é reconhecer que longe do Senhor não somos nem podemos ser

nada. Mas nele, graças a Deus, temos a grandeza que precisamos para lembrar,

apreciar e refletir no nosso viver!–por Dan S. Shipley

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Andando na Verdade 9

Ele precisava de um pai fiel

Após a morte de Salomão em 930 a.C., o reino foi dividido. As tribos do norte

rebelaram-se contra a casa de Davi e estabeleceram um nova nação que

continuou a ser chamado de Israel. O reino do sul continuou a reconhecer

a autoridade da casa de Davi; foi chamado de Judá.

Tudo aconteceu durante o reinado de Roboão, o filho de Salomão. A divisão da

nação em duas nações menores deixou ambas mais fracas. Muitas vezes

referimo-nos a decisão ruim de Roboão – seguir o conselho de seus amigos

jovens, ao invés de ouvir os conselheiros mais sábios do seu pai – como o motivo

da divisão da nação. E é verdade que Roboão é responsável pela sua decisão e

pelas suas conseqüências, mas não foi aí que a divisão começou. Os problemas,

porém, começaram durante o reinado de seu pai, Salomão.

A divisão do reino fora profetizada

Deus havia falado a Salomão e lhe falou das conseqüências que resultariam

se ele se tornasse um rei infiel. O Senhor disse: “Quanto a ti, se andares

diante de mim, como andou Davi, teu pai, e fizeres segundo tudo

o que te ordenei, e guardares os meus estatutos e os meus juízos,

também confirmarei o trono do teu reino, segundo a aliança que fiz

com Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará sucessor que domine em

Israel. Porém, se vós vos desviardes, e deixardes os meus estatutos e

os meus mandamentos, que vos prescrevi, e fordes, e servirdes a outros

deuses, e os adorardes, então, vos arrancarei da minha terra que vos

dei, e esta casa, que santifiquei ao meu nome, lançarei longe da minha

presença, e a tornarei em provérbio e motejo entre todos os povos” (2

Crônicas 7:17-20).

Ï A FamíliaServindo a Cristo no Lar

10 2004:2

Também, o profeta Aías havia profetizado a Jeroboão: “Toma dez pedaços,

porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eis que rasgarei o reino

da mão de Salomão, e a ti darei dez tribos. Porém ele terá uma tribo,

por amor de Davi, meu servo, e por amor de Jerusalém, a cidade que

escolhi de todas as tribos de Israel. Porque Salomão me deixou e se

encurvou a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemos, deus de Moabe, e

a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andou nos meus caminhos

para fazer o que é reto perante mim, a saber, os meus estatutos e os

meus juízos, como fez Davi, seu pai. Porém não tomarei da sua mão o

reino todo; pelo contrário, fá-lo-ei príncipe todos os dias da sua vida,

por amor de Davi, meu servo, a quem elegi, porque guardou os meus

mandamentos e os meus estatutos. Mas da mão de seu filho tomarei o

reino, a saber, as dez tribos, e tas darei a ti” (1 Reis 11:31-35).

A causa principal da divisão era a apostasia de Salomão

Dois reinos independentes foram formados. Jeroboão era rei sobre Israel (10

tribos) no norte (1 Reis 12:20) e Roboão era o rei sobre Judá e Benjamim

no sul (1 Reis 12:21).

Enquanto nós entendemos que Roboão não era simplesmente um espectador

inocente, vemos que seu reinado está adversamente afetado pelas falhas

espirituais do seu pai. Isso não fez Roboão não ser responsável pelas suas

próprias decisões, pois ele era (1 Reis 11:9-13). Mas as ações e atitudes do seu

pai prejudicaram Roboão.

Salomão era um homem muito sábio. Ele era um bom governador e a nação

prosperou sob sua liderança. Mas, no meio de seu reinado, ele começou a

comprometer sua fé e suas convicções. Seus muitos casamentos políticos

realizados para firmar alianças com outras nações trouxeram grande influência

das suas esposas pagãs, e elas o influenciaram a participar da idolatria. Foi nesta

falha que as sementes da divisão começaram a ser semeadas.

Os pais afetarão o futuro dos seus filhos, e Roboão, apesar de ser responsável

pelos seus próprios erros, precisava de pais fiéis para se espelhar. Roboão não

teve isso no seu pai Salomão. Eu não sei como deixar a mensagem mais simples

do que isso.

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Andando na Verdade 11

Afetaremos nossos filhos de maneiratão ruim quanto Salomão afetou os dele?

Duvido que Salomão planejava ter um efeito tão prejudicial no seu filho. Suas

falhas espirituais e morais enganaram-no. Isso acontece quando a atenção

correta não é dada ao Senhor e à sua vontade nas nossas vidas. Salomão

deu a estes assuntos o seu lugar correto numa época, mas em algum ponto do

caminho ele se desviou (1 Reis 11:9-13).

Por que Roboão ouviu o conselho insensato dos seus amigos para aumentar o

peso dos impostos do povo (1 Reis 12:9-11) em vez do conselho sábio dos

conselheiros de seu pai e reduzir o peso dos impostos (1 Reis 12:6-8). Era

orgulho? Era falta de respeito ao seu pai, talvez devido às próprias falhas

espirituais do seu pai? Seja o que fosse, o resultado final foi o mesmo. Desastre

nacional e guerra civil.

Então isso foi naquela época e agora é agora. Nós preenchemos os papéis de

pais e filhos. Agora nós estamos vivendo nossas vidas perante Deus. São os

nossos filhos que estão sendo influenciados por nós. Eles estão vendo em nós

exemplos de fé forte e compromisso ou fraqueza e fracasso espiritual. A Bíblia

diz: “Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em

Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a

fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de

nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus

descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se

esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os

mandamentos” (Salmo 78:5-7).

No Novo Testamento lemos: “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à

ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Efésios

6:4). Também lemos do bom efeito de pais (e avôs) piedosos podem ter nos seus

filhos. Paulo escreveu a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que

aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e

que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te

sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Timóteo 3:14-15, cf. 2

Timóteo 1:5).

Pais! Viveremos para o Senhor como os exemplos de fé que devemos ser diante

dos nossos filhos e de todos, ou teremos que esconder na negligência as coisas

maravilhosas que a graça de Deus nos forneceu? “Não o encobriremos a seus

filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu

poder, e as maravilhas que fez” (Salmo 78:4). Vamos preparar nossos

12 2004:2

corações e seremos fiéis ao nosso Deus! “E que não fossem, como seus pais,

geração obstinada e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo

espírito não foi fiel a Deus” (Salmo 78:8). Não é preciso ser um “Salomão”

para ver claramente o que nossa escolha deve ser.–por Jon W. Quinn

Edições anteriores de A ndando na VerdadeAinda temos alguns exemplares de todas as edições anteriores desta

revista trimestral, exceto as primeiras duas edições (Ano 1, Números 1e

2).

Para receber qualquer outro número anterior (de 1999 a 2004), preencha

este formulário e o envie a:

Andando na Verdade

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São Paulo – SP

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Revistas solicitadas:1999� Ano 1, Número 3� Ano 1, Número 42000� Ano 2, Número 1� Ano 2, Número 2� Ano 2, Número 3� Ano 2, Número 42001� Ano 3, Número 1� Ano 3, Número 2� Ano 3, Número 3� Ano 3, Número 42002� Ano 4, Número 1� Ano 4, Número 2� Ano 4, Número 3� Ano 4, Número 42003� Ano 5, Número 1� Ano 5, Número 2� Ano 5, Número 3� Ano 5, Número 42004� Ano 6, Número 1

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Andando na Verdade 13

Lidando com osdesanimados e os fracos

Em 1 Tessalonicenses 5:14 Paulo diz aos cristãos: “Consoleis os

desanimados, ampareis os fracos”. A tradução literal da palavra

“desanimados” seria “de alma pequena”, assim sugerindo desânimo ou

timidez. Seja qual for o caso do desânimo e da fraqueza, os cristãos devem

consolar os desanimados e amparar os fracos.

Na prisão em Roma, Paulo podia ter ficado desanimado; em vez disso ele

escreveu e encorajou a igreja de Filipos: “Alegrai-vos sempre no Senhor;

outra vez digo: alegrai-vos” (Filipenses 4:4). Ele havia aprendido que,

qualquer que fosse a situação, ele devia estar contente (Filipenses 4:11).

Para a igreja em Roma ele escreveu: “Acolhei ao que é débil na fé, não,

porém, para discutir opiniões” (Romanos 14:1). “Ora, nós que somos

fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos

a nós mesmos” (Romanos 15:1). Paulo estava bem equipado para encorajar os

outros devido à força que ele encontrou em Cristo. “Tudo posso naquele que

me fortalece” (Filipenses 4:13).–por Billy Norris

Sábado ou domingo?

Pergunta: Um adventista do sétimo dia diz que a Igreja Católica mudou o dia

de louvor do sétimo ao primeiro dia e mostra citações de livros católicos

para provar. Você pode comentar isso?

Resposta: O Catecismo de Baltimore, pergunta 235, diz em parte, "A Igreja

primitiva mudou o dia de louvor de sábado para domingo pela autoridade

Ð Na Casa de DeusA Igreja no Plano do Senhor

14 2004:2

dada à ela por Cristo. O Novo Testamento não faz menção especifica dos

apóstolos mudarem o dia de louvor, mas conhecemos o fato através da

tradição."

Para entender isso é preciso perceber que o catolicismo ensina que Cristo fundou

a igreja para levar a verdade aos homens; que aquela igreja está sob a autoridade

do Papa e dos bispos em comunhão com ele; que os apóstolos foram os primeiros

bispos e que o Novo Testamento é um produto da igreja citada. No seu modo de

pensar, qualquer citação no Novo Testamento de louvor no primeiro dia (como em

Atos 20:7) é prova de que a Igreja Católica mudou o dia de louvor. Um adventista

que cita tal “autoridade” está dando crédito não merecido ao catolicismo.

O imperador Constantino, em 312 d.C., alegou ter visto uma cruz em chamas

nos céus e sua “conversão” é desta data. Depois ele deu sanção legal oficial ao

“cristianismo”e algumas de suas práticas. Isso não é criar o cristianismo nem as

práticas. Louvor no primeiro dia, assim como o cristianismo, existia muito antes

da “conversão” duvidosa de Constantino. Os católicos não colocam a mudança

numa data tão tarde, mas olham de volta para os mesmos registros que nós

usamos (Atos 20:7, 1 Coríntios 16:2) como prova da mudança. Por exemplo, se

um adventista do sétimo dia ganhasse as eleições presidenciais e conseguisse

apoio suficiente no congresso para fazer leis sobre o sábado – apagando o

domingo como feriado legal – os adventistas diriam que este presidente

originou o sétimo dia como dia de louvor? É claro que não – nem foi o

catolicismo do quarto século que originou domingo como um dia de louvor.

Inácio (30 a 107 d.C.) em sua carta aos magnesianos (capítulo 9) escreveu sobre

guardar o sábado, mas não da maneira judaica. A epístola mais curta lê-se, “não

mais observando o sábado, mas vivendo na comemoração do Dia do Senhor."

A versão mais longa acrescenta, “o dia da ressurreição ... o oitavo dia.” Isso foi

200 anos antes de Constantino.

Justino, o Mártir (114 a 165 d.C.), em sua primeira Apologia (capítulo 67), diz,

“Mas domingo é o dia no qual iremos ter nossa reunião comum, porque foi no

primeiro dia que Deus, tendo feito uma mudança na escuridão e na matéria, fez

o mundo; e Jesus Cristo nosso Salvador, no mesmo dia, ressuscitou dos

mortos.” Isso foi aproximadamente 150 anos antes de Constantino.

A esses podem ser acrescentados escritos seculares e religiosos que tornam

ridículas as alegações dos adventistas. Lembre-se, nós usamos o Novo

Testamento para nossa autoridade a respeito do primeiro dia, mas citamos a

história secular para desmentir uma alegação histórica falsa. O adventista que

cita fontes católicas aceitará aquelas mesmas fontes para outras alegações da

igreja católica romana? Se não, por que não?–por Robert F. Turner

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Andando na Verdade 15

Fidelidade ecompromisso com Cristo

Deus manifestou maravilhas ao povo de Israel, mostrando o caminho e

dando ao povo uma terra preciosa. O povo presenciou todos os milagres

de Deus feitos por intermédio de Moisés, provando assim a Faraó e ao

povo egípcio quem verdadeiramente era o Senhor dos exércitos. Deus foi

longânimo e paciente e, mesmo assim, Israel virou as costas várias vezes ao

Senhor. O Senhor escolheu Israel porque o amava e para cumprir a promessa

feita a Abraão (Gênesis 12:7).

Deus sempre amou seu povo e quis o seu bem. Aos que cumprem os seus

mandamentos, Deus é fiel. Mas aqueles que não ouvem a sua palavra, Deus os

faz perecer (Deuteronômio 7:9-10).

No capítulo 7 de Deuteronômio, Deus faz admoestações para que Israel não

se desviasse novamente do seu caminho. Deus apresenta vários conselhos para

o povo sobre respeito e cumprimento de cada estatuto dado nos versículos

1 ao 5.

Deus deixa bem claro no versículo 11 que eles deveriam guardar os

mandamentos, ou seja, eles tinham que ouvir e cumprir aquilo que estava

sendo dito.

Deus firma nova aliança com Israel

Aantiga aliança foi dada com um propósito limitado (Gálatas 3:21-25), e o

povo, pelos seus pecados e infidelidade, não continuou nela. O Senhor

anunciou uma nova aliança, que seria inscrita nos corações: “Porque esta

é a aliança que firmei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz

Ñ Para o Nosso EnsinoLições Valiosas do Antigo Testamento

16 2004:2

o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no

coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”

(Jeremias 31:33).

A lei do Senhor já não está escrita em tábuas de pedra, mas em corações

humanos (2 Coríntios 3:3). A nova aliança é como uma fonte de esperança para

seu povo, trazendo perdão pelos pecados, além de ser eterna.

Todas as profecias em relação à nova aliança apontam diretamente para Cristo,

e todas se cumprem no nome que está acima de todos. “Pelo que também

Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo

nome...” (Filipenses 2:9).

A nova aliança foi constituída somente por meio do sangue de Cristo (Lucas

22:20). Somente através do seu sangue temos a indulgência dos nossos

pecados, e não há outra forma de chegarmos na presença do Deus vivo.

Devemos reconhecer a importância do sacrifício de Cristo, pois é o sangue de

Cristo que “purificará a nossa consciência de obras mortas...” (Hebreus

9:14).

Nossa aliança com Deus nos compromete a sermos servos fiéis. Estaremos

eternamente ligados com Cristo se permanecermos firmes na nossa aliança. De

primeira mão tínhamos apenas os nossos próprios pecados, mas enquanto

estávamos nesta condição Deus nos ofereceu a vida que é Jesus. E não há

salvação em outro nome, a não ser o de Cristo (Atos 4:12).

Jesus Cristo, ao sofrer e morrer por nós, nos deu a vida, estando nós mortos.

Éramos escravos e sujeitos ao pecado e estávamos sob a ira de Deus. Mas por

causa do grande amor de Deus, ele nos transportou do império das trevas para

o amor de Cristo (Colossenses 1:13).

A aliança de Deus com Davi

Davi vê Deus como a Rocha de Israel. Ele lembra de sua aliança feita com

o Senhor, aliança eterna e segura. O compromisso que Davi fez com Deus

não foi esquecido, a decisão de Davi estava dentro do seu coração e

mesmo na sua morte suas últimas palavras foram: “Pois estabeleceu comigo

uma aliança eterna, em tudo bem definida e segura” (2 Samuel 23:5).

Deus é fiel conosco, também. Como Davi, nós podemos olhar para a eternidade

com confiança na aliança eterna que nós dá a esperança da vida eterna.

–por Joel Oliveira Pinto

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Andando na Verdade 17

Deixando Deus ser Deus“Sabei que o Senhor é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos

o seu povo e rebanho do seu pastoreio” (Salmo 100:3).

Se a nossa busca por Deus não for reverente, será mal-sucedida.

Temos de reconhecer a soberania de Deus sobre nós, vendo-o não somente

como o Criador, mas também como o nosso sustentador e reitor. É a nossa

tentativa de nos regermos por nós mesmos que nos tem encrencado, e antes

que o reino de Deus possa “chegar”, o nosso precisa “sair”. Temos de humilde,

confiante e contentemente deixar Deus ser Deus.

Humildade. Em um mundo obcecado por si, o louvor a Deus torna-se, muitas

vezes, pouco mais que o louvor aos nossos desejos. Demandamos que Deus seja

aquilo que almejamos e que ele resolva os nossos problemas da maneira que

prescrevemos. Mas Deus não existe para nossos propósitos pragmáticos, e o

aviso de Oswald Chambers é sábio: “Cuidado com a tendência de ditar a Deus

as conseqüências que você permitiria como condição de sua obediência a ele”.

Confiança. Aqueles que se sentam no trono de Deus e tentam controlar o que

acontece no mundo logo reconhecem que o trabalho é, para um ser humano,

tão estressante quanto impossível. Como nos liberta ficar calmos e deixar que

Deus cuide do funcionamento do universo! A pessoa que o busca de forma

reverente descansa na confiança que se pode contar com Deus para

supervisionar o mundo sem o nosso conselho e fazer acontecer seus propósitos

sem o nosso auxílio.

Contentamento. Deus deve ser o nosso centro, a fonte completa de nossa

adequação, a única coisa que verdadeiramente precisamos. Quando chegarmos

a entender a sua suficiência, e quando confiarmos nele sem reservas para suprir

as nossas necessidades pela segurança e significância, poderemos experimentar

uma paz que de outra forma seria inatingível. Dag Hammarskjold expressou a

essência da paz nestas palavras: “Diante de ti em humildade, contigo na fé, em

ti na paz”.

Buscar a Deus – na verdade e não com orgulho e auto-suficiência – é buscá-lo

em reverência. É direito de Deus, não nosso, de estabelecer os termos de nossa

relação com ele, e essa comunhão não será o que ansiamos até que deixemos

Deus ser Deus. “Foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e

rebanho do seu pastoreio.”

O grande ato de fé é um homem decidir que ele não é Deus.

(Oliver Wendell Holmes)

–por Gary Henry

18 2004:2

Deixando as pessoas serem pessoas“Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode

fazer o homem?” (Salmo 56:11).

Quanto mais confiamos na proteção de Deus, melhor podemos lidar

com a imperfeição humana. Não há outra maneira saudável de

sobreviver em um mundo torto. Nada além do amor divino pode nos

preparar para amar os outros como devemos, pois é a nossa segurança no amor

perfeito de Deus que torna seguro amar aqueles que não são perfeitos. Sem o

Deus que as ordenou, as leis do amor seriam difíceis e perigosas, sem dúvida.

Quando a nossa maior confiança está em Deus, não somos tão vulneráveis em

relação às decepções que surgem ao lidarmos com outras pessoas. Podemos ser

autenticamente pacientes e longânimos. Ainda ficamos profundamente

magoados quando as pessoas nos decepcionam, e, certamente, não é correto

fingir outra coisa. Porém, em nossa mágoa, podemos ver essa realidade de uma

perspectiva muito maior. Quando nossos “tesouros” terrestres são ameaçados,

não reagimos da mesma maneira que reagiríamos se os mesmos fossem os

nossos únicos tesouros.

Até o ponto em que confiamos no poder de Deus para cumprir seus propósitos

à sua própria maneira, não seremos levados pelo impulso de “controlar” o que

acontece ao nosso redor e de evitar que certas coisas aconteçam.“Com o

fortalecer de sua fé você descobrirá que não há mais a necessidade de se ter

uma sensação de controle, que as coisas fluirão do jeito que devem fluir, que

você fluirá com elas para

sua grande alegria e

benefício” (Emanuel).

Quando confiarmos o

cumprimento de nossas

n e c e s s i d a d e s m a i s

profundas a Deus, não

olharemos para outros

seres humanos fazendo

com que nos forneçam

Estudos da Bíbliana Internet:www.estudosdabiblia.net

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Andando na Verdade 19

mais do que são capazes de fornecer. Nossas expectativas para com as outras

pessoas serão mais realistas quando vimos Deus como a única fonte daquilo que

mais precisamos. Seguros em seu amor, não colocaremos em mais ninguém a

carga impossível de nos amar perfeitamente.

Deve-se dizer, no entanto, que a confiança na perfeição de Deus nos liberta para

vermos as nossas próprias limitações por um ângulo melhor. O orgulho é, afinal,

algo muito cansativo e improdutivo, e o reconhecimento humilde de que não

somos Deus não nos confina, dá-nos poder. Faremos um trabalho melhor,

tornando-nos verdadeiros seres humanos, quando paramos de tentar fazer o

trabalho de Deus e nos concentramos nas tarefas que verdadeiramente nos

cabem.

A fé permite que as pessoas sejam pessoas

porque permite que Deus seja Deus.

(Carter Lindberg)

–por Gary Henry

A borla“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes que nos cantos das suas vestes

façam borlas pelas suas gerações; e as borlas em cada canto, presas

por um cordão azul. E as borlas estarão ali para que, vendo-as, vos

lembreis de todos os mandamentos do SENHOR e os cumprais; não

seguireis os desejos do vosso coração, nem os dos vossos olhos, após

os quais andais adulterando, para que vos lembreis de todos os meus

mandamentos, e os cumprais, e santos sereis a vosso Deus” (Números

15:38-40).

Sob a lei de Moisés os israelitas tinham a borla nas suas vestimentas para

lembrá-los da sua aliança com Deus e da importância da obediência a seus

mandamentos. Sob a nova lei, não há uma borla como lembrete. Há,

porém, um lembrete mais significante. Cristo disse, em relação a tomar a sua

ceia, “fazei isto em memória de mim” (1 Coríntios 11:24). Quando partimos

o pão, lembramos o corpo de Cristo pregado na cruz. Ao bebermos o fruto da

videira, lembramos o seu sangue purificador derramado na sua morte na cruz.

Cada dia do Senhor, na ceia, nós anunciamos a morte do Senhor até que ele

venha (1 Coríntios 11:26).–por Billy Norris

20 2004:2

Momentos na vida de Cristo

Um rapaz perdidoJ

esus ensinou parábolas para ilustrar verdades espirituais. A minha predileta

é sobre um rapaz que solicitou, antes do tempo, que lhe fosse entregue a sua

herança (Lucas 15:11-32). Quando seu pai lhe atendeu o pedido,ele foi para

uma terra distante e gastou todo o dinheiro com uma vida “animalesca”. Quando

veio a fome, o dinheiro se esgotou e o rapaz faminto foi obrigado a cuidar de

porcos para sobreviver. Por fim, ele decidiu voltar a casa e pedir ao seu pai que

lhe contratasse como servo. O pai viu esse filho rebelde voltando e correu em sua

direção, abraçando-o e beijando-o. Deu uma festa para comemorar o retorno do

rapaz. O restante da história mostra o ciúme do irmão do rapaz. A história

simboliza a rebeldia do homem em relação a Deus ; o seu retorno a casa; o amor

de Deus pelo homem rebelde quando este se arrepende; e a arrogância daqueles

que pensam que nunca precisarão da graça de Deus.

Examine três lições importantes nessa história: ì O pecado leva ao chiqueiro

de porcos. Esse rapaz, a princípio, desfrutou do pecado, mas as conseqüências

disso lhe foram cobradas. Sempre que agimos indevidamente, desobedecendo

a Deus, acabaremos por nos machucar. í Voltar para Deus não é fácil. O

rapaz teve de reconhecer a sua indignidade, admitir seu estado, confessar seu

pecado e retornar a seu pai. Muitas pessoas nunca se arrependem, nem

retornam a Deus por serem muito orgulhosas para admitir a sua necessiade.

î Deus ama a quem não merece ser amado. São surpreendentes a

compaixão e a receptividade do pai em relação a esse rapaz que gastou todo o

dinheiro dele com um estilo de vida corrupto. Damos por certo que o rapaz, pelo

menos, levará uma boa surra e um grande sermão. Mas ele é recebido com

celebração. Quando nos enxergarmos nos pecados desse rapaz, agradeceremos

a Deus, vez após vez, por seu magnífico amor. Eu sou esse rapaz que se perdeu.

–por Gary Fisher

Ò O Poder de DeusEstudos no Novo Testamento

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Andando na Verdade 21

Não é hora de tolice

Aparábola de Jesus sobre a Figueira Estéril (Lucas 13:6-9) é a historia do

proprietário de uma vinha cuja paciência finalmente se esgota pela longa

infertilidade de uma figueira muito favorecida e um cultivador intercessor

que roga por mais uma oportunidade antes de aplicar o machado.

Deus é visto claramente no proprietário da vinha e Cristo no cultivador, enquanto

o impenitente Israel é a árvore ameaçada. A questão entre o proprietário e o

cultivador não é se o julgamento deve vir sobre a figueira sempre inútil, mas

quando. Ainda que haja muita misericórdia e paciência nesta parábola, os tons

sombrios da retribuição iminente predominam.

Conquanto entendendo que esta história ficou originalmente como uma

advertência pictórica da proximidade do divino julgamento de um povo

privilegiado mas rebelde, precisamos também extrair dela os imutáveis princípios

que guiam o tratamento que Deus dá aos homens, em todas as eras.

O primeiro é que seremos julgados, não pelas aparências ou pela mera atividade,

mas por nossa fecundidade. E a fecundidade esperada será determinada pela

extensão do investimento de Deus em nós. Foi o amor concedido à sua amada

vinha (Israel) e a expectativa que ela produziu que lhe deu tanto desgosto pela

sua inutilidade (Isaías 5:1-7). Em Ezequiel, o Senhor observa que, apesar de

todas as bênçãos especiais com que ele tinha coberto seu povo, este tinha se

voltado para fazer coisas piores do que faziam os pagãos à sua volta (5:6).

Bênçãos especiais acarretam responsabilidades especiais.

Este princípio não muda no Novo Testamento. Em conexão com um apelo aos

servos de Deus para sempre estarem prontos para prestar contas, Jesus disse,

“Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lucas

12:48). Isto deverá ser especialmente significativo para os cristãos sobre os quais

Deus derramou o rico tesouro de suas bênçãos em Cristo (Efésios 1:3).

O escritor de Hebreus fala disto quando pergunta duas vezes como, em vista da

rápida punição aplicada aos transgressores sob a lei, pode esperar escapar da

fatalidade mais severa quem ainda negligencia “tão grande salvação”, como

a declarada pela própria boca do Senhor e selada com seu próprio sangue (2:2,

4; 10:28-29). Nenhum discípulo de Jesus se sentiria confortável servindo-o com

despreocupação indiferente em face de seu pesado investimento em nós. Suas

expectativas são justas. Aquele que permanece nele, ele disse, “produz muito

fruto” (João 15:5).

22 2004:2

Mas o que este fruto vital poderá ser? Não poucos têm sugerido que, dado o

propósito de Jesus em vir a este mundo (Lucas 19:10), deve ser conduzir almas

perdidas à salvação. Não pode haver dúvida de que o discípulo de Jesus precisa

tentar salvar os perdidos, e por mim, penso que haja uma grande possibilidade de

um verdadeiro discípulo, que produz frutos durante sua vida, conduzir ou ajudar

a conduzir muitos outros a Cristo. Mas ambos, o Velho e o Novo Testamento

tornam claro que não é nossa máxima responsabilidade converter os não salvos,

mas mostrar-lhes o caminho. A tarefa de Ezequiel foi advertir a obstinada casa de

Israel (3:17-21), pois “quer ouçam, quer deixem de ouvir”, Deus disse: “...

eles saberão que esteve um profeta no meio deles” (2:5). De sua própria

responsabilidade, Paulo disse que era plantar e regar a semente enquanto os

resultados eram deixados para Deus (1 Coríntios 3:6). Infelizmente, a tragédia para

muitos de nós é semente não plantada nem regada.

Então, qual é o fruto que podemos produzir sem questão, que está totalmente

dentro de nosso poder pela graça de Deus atingir? É uma vida piedosa, “cheios

do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e

louvor de Deus” (Filipenses 1:11). É um caráter rico do “fruto do Espírito”

(Gálatas 5:22-23) pelo poder do qual serviremos certamente cada propósito de

nosso Pai no mundo.

E como, por este mesmo princípio, o trabalho das igrejas locais será julgado?

Que tipo de igreja terá sucesso? Elas não serão medidas pelo tamanho que

tiverem, ou por quanto dinheiro coletam e gastam, ou como o seu programa é

ativo e se desenvolve eficientemente. Não. Nem mesmo finalmente pela

habilidade de pregar. Elas serão antes julgadas pela qualidade do povo que elas

estão produzindo para o discipulado na vida diária. Uma igreja local é um campo

de treinamento para equipar o povo de Deus para o serviço fecundo enquanto

elas crescem para a maturidade em Cristo (Efésios 4:12-13). Quando igrejas

fazem isto, todas as outras coisas necessárias serão conseguidas.

A parábola da Figueira Estéril é tanto confortante como ponderada. Na bondade

de Deus temos outra oportunidade se tenhamos vivido vidas espirituais de robôs,

infrutíferas, mas o julgamento está vindo e o machado está posto na raiz das

árvores. Que nenhum homem seja presunçoso.–por Paul Earnhart

Na Internet, você encontrará (grátis):! Centenas de estudos de diversos textos e assuntos

! Ferramentas de busca para facilitar suas pesquisas

www.estudosdabiblia.net

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Andando na Verdade 23

O machado na raiz: Vivendo no tempo prorrogado“Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma

figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou;

pelo que disse ao viticultor: Há três anos que venho procurar fruto

nesta figueira, e não acho; pode cortá-la; para que está ela ainda

ocupando inutilmente a terra? Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a

ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume.

Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la” (Lucas 13:6-9).

Esta parábola de Jesus fala sombriamente de uma oportunidade perdida em

face de uma sentença pendente. O contexto nos diz que é dirigida à nação

judaica. O capítulo inicia com o apelo de Jesus por um arrependimento

nacional em larga escala e termina com seu lamento de coração partido sobre

a cidade de Jerusalém, cuja teimosa rejeição de seu amor estava levando-a à

desolação (13:34-35).

João Batista tinha primeiro advertido que o tempo estava se esgotando para

Israel. Ele disse: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda

árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada ao fogo”

(Mateus 3:10). E agora Jesus, adiantado em seu terceiro ano de pregação

pública, está dizendo que o desastre chegou mais perto. Ambos clamaram

urgentemente por uma mudança de coração (Mateus 3:2; 4:17).

A ocasião para a parábola da Figueira Estéril foi o relato feito por alguém a Jesus

do massacre de certos galileus “cujo sangue Pilatos misturara com os

sacrifícios que os mesmos realizavam” (Lucas 13:1). As legiões da

ocupação romana eram uma constante provocação para os rebeldes galileus que

ocasionalmente se arremessavam, sem esperança, contra seus opressores,

somente para serem esmagados sem misericórdia. Não temos outro registro

deste evento, mas Josefo registra um número de incidentes semelhantes,

suficiente para torná-lo perfeitamente crível. Pilatos tinha evidentemente pegado

alguns rebeldes galileus em suas devoções e dado cabo deles, com sangue

humano e animal correndo em pavorosa união.

Pela resposta de Jesus (“Pensais que esses galileus eram mais pecadores

do que todos os outros galileus, por terem padecido tais coisas?”, 13:2)

concluímos que o motivo para levantar este assunto não foi indignação, mas

presunçosa hipocrisia, a sugestão de que homens que chegaram a um fim tão

violento, sendo assassinados até na sua adoração, deveriam ser verdadeiramente

24 2004:2

perversos. Jesus replicou que a situação era pior do que eles pensavam e que,

a menos que eles próprios se arrependessem, pereceriam em semelhante horror.

Esta é talvez uma alusão à matança do ano 70 d.C. e, certamente, a um

julgamento divino muito mais terrível. Eram os pecados deles próprios que

deveriam preocupá-los.

A parábola da Figueira Estéril pretende dar uma força pictórica à advertência de

Jesus: “Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes,

todos igualmente perecereis” (Lucas 13:3-5). É uma história da suspensão

da pena no último minuto para uma figueira que, ainda que situada num lugar

favorecido numa vinha, tinha, durante três anos, deixado de produzir um único

figo. O proprietário, frustrado com tão longa esterilidade, disse: “Corta-a. É um

desperdício de solo bom, de tempo e de energia.” Mas o vinhateiro apelou para

o proprietário por mais uma estação, para ver se cuidado mais diligente poderia

levá-la à fecundidade.

A árvore sem frutos simboliza Israel, o povo de Deus favorecido por muito tempo

e ricamente abençoado, cujos modos infiéis e traiçoeiros tinham tentado

profundamente a paciência de Deus. No Velho Testamento, a própria vinha é que

era uma figura estabelecida de Israel (Isaías 5:1-7; Salmo 80:8-16). A. B. Bruce

sugere que a escolha da figueira por Jesus, nesta parábola, era para mostrar que

Israel, como a figueira na vinha, não tinha direito inerente às bênçãos de Deus.

Como a figueira, Israel estava num lugar favorecido, não por natureza ou direito,

mas pela graça do proprietário e a única coisa que o manteria ali era a

fecundidade. Privilégios trazem responsabilidades. Como Jesus mais tarde

observaria, mesmo uma videira não tem direito consagrado numa vinha, se é

infrutífera (João 15:26).

Paulo apresenta um argumento semelhante em Romanos onde, usando a figura

de uma oliveira, ele diz que os judeus, que eram os ramos naturais da árvore

porque as promessas foram feitas a eles, eram, não obstante, cortados por causa

de sua descrença. Quanto mais, então, isto se aplica aos gentios (ramos de

oliveira brava) que eram enxertados. Fiel ou infiel, frutífero ou infrutífero; este era

o assunto principal que regia as outras condições (Romanos 11:17-24).

O destino da figueira é deixado sem resolver, na parábola, justo como o destino

de Israel o é. Graça e oportunidade estão lá. Será agora determinado se Israel,

tendo sido amado e abençoado por Deus tão livremente durante tantos anos

(Deuteronômio 4:7-8) ouvirá afinal a voz do Filho de Deus que vem derramar-se

sobre eles em um último ato redentor. Qualquer que seja o caso, Israel está

vivendo no tempo prorrogado.–por Paul Earnhart

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Andando na Verdade 25

Palavras Cruzadas

Jesus entre as Igrejas (Apocalipse 1-3)

1 2

3 4

5

6 7 8

9 10 11

12

13

14

15

16 17

18 19

20

21

22

23

Todas as respostas se encontram nos capítulos de 1 a 3 do Apocalipse, na

versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição.

26 2004:2

Horizontais

3. Quantas igrejas na Ásia receberam cartas

4. Jesus em relação aos reis

5. Jesus em relação à criação de Deus

6. Mulher que seduzia os servos de Jesus a praticarem a prostituição

12. A igreja desta cidade era fraca mas fiel

13. Livro com os nomes dos salvos

17. Antipas morreu nesta cidade

18. Última letra do alfabeto grego

21. Saía da boca de Jesus

22. Tinha sinagogas em Esmirna e Filadélfia

23. Jesus em relação aos mortos

Verticais

1. O servo do Senhor que escreveu o Apocalipse

2. Bastão de um rei

3. A igreja desta cidade estava morta

7. A igreja desta cidade era morna

8. A igreja desta cidade tolerava uma falsa profetisa

9. Jesus odiava as obras deles

10. Ensinava Balaque a armar ciladas

11. A igreja desta cidade rejeitava falsos apóstolos

14. Jesus tinha sete delas na mão direita

15. O vencedor no santuário de Deus

16. A igreja desta cidade sofreria tribulação de dez dias

19. Remédio para os olhos

20. Ilha onde João recebeu a revelação do Apocalipse

–por Dennis Allan

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Andando na Verdade 27

O arrebatamento“A VIAGEM SUPREMA..., Aqueles que ainda estão

vivos para contarem a história do ‘Projeto

Desaparecimento’ tentarão em vão descrever o

acontecimento que irá verificar os segredos mais

antigos da palavra de Deus... ‘Lá estava eu, dirigindo

pela estrada e, de repente, o lugar ficou uma loucura

... tinha carros indo a todas as direções ... e nenhum

deles tinha motorista. Estava uma loucura total! Eu

achava que era uma invasão do espaço!’” (Lindsey

124-125).

Esta é a descrição de Hal Lindsey do “arrebatamento”, um conceito

extremamente popular entre os fundamentalistas evangélicos. O que a

Bíblia ensina sobre a doutrina do “arrebatamento”?

A doutrina definida

Para responder esta pergunta, primeiro precisamos saber qual é a doutrina.

Lindsey afirma o seguinte:

“Algum dia, um dia que apenas Deus sabe qual é, Jesus Cristo virá para

levar embora aqueles que crêem nele. Ele virá para encontrar os verdadeiros

crentes no ar... Será o final vivo. A viagem suprema.” (Ibid. 126)

“... nós acreditamos que a Bíblia distingue entre o arrebatamento e a segunda

vinda de Cristo e .... eles não acontecerão simultaneamente.” (lbid.)

Então, de acordo com os pré-milenaristas (que acreditam num reinado futuro de

Cristo na terra durante mil anos), não há apenas uma segunda vinda de Cristo,

há uma segunda e uma terceira (e, na verdade, até uma quarta). A próxima vez

que Jesus vier, dizem os pré-milenaristas, ele secretamente “arrebatará”

Ó Desafios e DúvidasCrescendo em Conhecimento e Fé?

28 2004:2

(“apanhará”) os verdadeiros crentes. Ele ressuscitará os justos mortos. Mas os

descrentes e os mortos perdidos permanecerão.

Termos chaves

Há algumas palavras bíblicas chaves associadas com esta doutrina que

precisamos entender. O termo arrebatamento em si é derivado da versão

Vulgata Latina de 1 Tessalonicenses 4:17 onde aparece a expressão

“arrebatados”. De lá que parte a idéia de que os cristãos vivos na época da vinda

de Cristo serão trasladados e arrebatados para encontrarem o Senhor no ar

(Walvoord. 248).

Em 1 Tessalonicenses 4:17 a palavra grega “harpazo” é traduzida “arrebatados”

na versão Almeida Revista e Atualizada. O termo significa “agarrar, apanhar”

(Arndt & Gingrich. 108). A palavra “vinda”, usada para descrever a vinda de Cristo

(1 Tessalonicenses 4:15) é traduzida a partir da palavra grega “parousia”. Ela

significa presença, vinda, chegada” (Ibid. 635). Sempre foi usada para presença

literal (cf. Filipenses 2:12). Finalmente, a palavra “manifestação” usada para

descrever a segunda vinda de Jesus (1 Timóteo 6:14), vem do grego

“epiphaneia” (equivalente em português a epifania). Esta palavra refere-se a

“uma manifestação visível de uma divindade escondida” (Ibid. 304).

A doutrina descrita

Há seis partes principais à doutrina pré-milenarista do arrebatamento:

ì A “segunda vinda” de Cristo é diferente de, e vem após, o

“arrebatamento”: “... nós acreditamos que a Bíblia distingue entre o

arrebatamento e a segunda vinda de Cristo e .... eles não acontecerão

simultaneamente” (Lindsey 131).

í O arrebatamento será secreto: “...no arrebatamento, apenas os cristãos o

verão — é um mistério, um segredo. Quando os crentes vivos são levados, o

mundo será mistificado” (Ibid. 131).

î Apenas os justos serão ressuscitados na época do arrebatamento: os injustos

serão ressuscitados no final “do milênio” (Ibid. 130-31).

ï A igreja estará no céu por um período de sete anos (durante a Grande

Tribulação): “ ...sua presença durante este período dos últimos sete anos na

história depende completamente de você” (Ibid. 127).

ð Os acontecimentos na terra continuarão: “Estes crentes serão removidos da

terra antes da Grande Tribulação — antes daquele período da mais terrível

pestilência, matança e fome que o mundo jamais conheceu” (lbid).

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Andando na Verdade 29

ñ Muitos serão levados a Cristo após tudo isso: “Nós precisamos entender que

durante a Tribulação de sete anos haverá pessoas que se tornarão crentes

naquela época” (Ibid. 132).

O que a Bíblia diz

ABíblia usa as palavras “arrebatados” (harpazo), “vinda” (parousia) e

“manifestação” (epiphaneia), de modo trocável, para descrever a segunda

vinda de Cristo. O Senhor irá destruir o sem lei “pela manifestação

(epiphaneia) de sua vinda (parousia)” (2 Tessalonicenses 2:8). Esta “vinda”

(parousia) é na mesma hora que ele arrebatará os santos (1 Tessalonicenses

4:15,17). Jesus não voltará uma terceira e quarta vez; há apenas a segunda

vinda. Estes acontecimentos, os cristãos sendo arrebatados e a segunda vinda

de Cristo, não serão separados por 1007 anos (a “Grande Tribulação de sete

anos seguida pelo reinado de 1000), como os pré-milenaristas afirmam, mas

ambos acontecerão ao mesmo tempo.

Quando ele vier pelos santos, não será secreto. “Porquanto o Senhor mesmo,

dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a

trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo

ressuscitarão primeiro” (1 Tessalonicenses 4:16).

Não haverá um período de 1007 anos entre a ressurreição dos justos e a

ressurreição dos injustos. Todos os mortos serão ressuscitados ao mesmo

tempo. “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os

que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem

feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o

mal, para a ressurreição do juízo” (João 5:28-29).

Os cristãos não vão ficar com o Senhor e depois voltar para a terra por mil anos.

Vamos deixar esta terra para sempre quando ele voltar. “Porquanto o Senhor

mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e

ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo

ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos

arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do

Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1

Tessalonicenses 4:16-17).

A palavra “assim” é um advérbio que significa “nesta maneira”. Desta maneira,

no ar “estaremos para sempre com o Senhor”, não diz que apenas por sete anos

estaremos com o Senhor.

Na sua vinda (parousia) a terra, até o universo, será destruída (1 Coríntios 15:20-

24,50-54; 2 Pedro 3:1-12).

30 2004:2

Não haverá uma segunda chance para ser salvo, pois na sua vinda todos serão

julgados e receberão a eternidade no céu ou no inferno (Mateus 25:31-46).

A Bíblia não ensina a doutrina do pré-milenarismo do “arrebatamento”. Esta

doutrina alimenta a esperança falsa de uma segunda chance depois da volta de

Jesus. É uma parte integrante do sistema falso e materialista do pré-milenarismo.

Quando Cristo voltar, este mundo chegará ao fim, todos nós seremos julgados

e a eternidade começará.

“Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais

como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e

apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus,

incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão”

(2 Pedro 3:11-12).–por Keith Sharp

___________

Obras citadas:

Arndt, F.W. e W.F. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New Testament.

Lindsey, Hal. The Late Great Planet Earth.

Walvoord, John F. The Millennial Kingdom.

A solução rejeitada

Antes de Israel chegar à Terra Prometida, após sua fuga da escravidão

egípcia, tiveram problemas com aqueles que seriam seus vizinhos e até com

aqueles que eram seus parentes.

Os amonitas e moabitas eram descendentes de Ló, e por isso eram parentes de

Israel. No entanto, se mostraram inimigos de Israel repetidas vezes. Moisés disse

a seu respeito: “Nenhum amonita ou moabita entrará na assembléia do

SENHOR; nem ainda a sua décima geração entrará na assembléia do

SENHOR, eternamente. Porquanto não foram ao vosso encontro com

pão e água, no caminho, quando saíeis do Egito; e porque alugaram

contra ti Balaão, filho de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te

amaldiçoar” (Deuteronômio 23:3-4).

Durante o longo período dos juízes e reis, Israel freqüentemente entrava em

conflito com os estados vizinhos até o reino do norte, Israel, ser levado ao

cativeiro assírio (721 a.C.), para nunca se recuperar. No fim, o reino do sul, Judá,

foi levado ao cativeiro babilônico (586 a.C.).

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Andando na Verdade 31

Os samaritanos

Sargão, o rei da Assíria, deportou os judeus do reino do norte, Israel, e

colocou pessoas de outros povos no seu lugar. Como resultado, os judeus

que ficaram na terra e os estrangeiros que foram levados para lá se

tornaram uma raça mista com uma religião mista. “Assim, estas nações

temiam o SENHOR e serviam as suas próprias imagens de escultura;

como fizeram seus pais, assim fazem também seus filhos e os filhos de

seus filhos, até ao dia de hoje” (2 Reis 17:41). Esta raça mista de pessoas

ficou conhecida como os samaritanos, devido ao nome do território onde

moravam. Apesar de aceitarem o Pentateuco (os primeiros cinco livros do Velho

Testamento) e terem construído um templo no Monte Gerizim, havia ódio mútuo

entre os samaritanos e os judeus.

Na época de Cristo, uma mulher samaritana lhe perguntou: “Como, sendo tu

judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os

judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4:9). Os judeus mostraram

seu ódio tanto de Cristo quanto dos samaritanos: “Porventura, não temos

razão em dizer que és samaritano e tens demônio?” (João 8:48). Quando

Jesus e seus discípulos entraram numa vila dos samaritanos e eles não quiseram

o receber, Tiago e João propuseram que chamassem fogo do céu para consumi-

los. Jesus lhes disse: “...o Filho do Homem não veio para destruir as

almas dos homens, mas para salvá-las. E seguiram para outra aldeia”

(Lucas 9:56). Jesus colocou grande honra sobre alguns samaritanos nas lições

que ensinava. Ele contou a história do Bom Samaritano que saiu do seu caminho

para ajudar o judeu que fora espancado, roubado e deixado quase morto ao lado

do estrado de Jericó. O sacerdote e levita havia passado sem oferecer qualquer

ajuda (Lucas 10:30-36). Ele também contou dos dez leprosos que curou. Apenas

um voltou “e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus,

agradecendo-lhe; e este era samaritano. Então, Jesus lhe perguntou:

Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove?” (Lucas

17:16-17).

O poder do evangelho que uni

Para cumprir a profecia, a igreja foi estabelecida em Jerusalém no dia de

Pentecostes após a ressurreição de Cristo (Isaías 2:2-4; Atos 2). Muitos

obedeceram ao evangelho — 3000 (Atos 2:41), 5000 (Atos 4:4). “Crescia

a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos

discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam à fé” (Atos 6:7).

O crescimento tão rápido e o fato de que até os sacerdotes judeus estavam se

32 2004:2

convertendo trouxe ressentimento e depois perseguição. Estêvão foi assassinado,

e um zelote judeu chamado Saulo “assolava a igreja, entrando pelas casas;

e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.

Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a

palavra. Filipe, descendo à cidade de Samaria, anunciava-lhes a

Cristo” (Atos 8:3-5).

Onde Filipe foi? Para esta raça mista de pessoas aos quais os judeus olhavam

com desprezo. “As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe

dizia ... E houve grande alegria naquela cidade” (Atos 8:6-8). Agora os

cristãos judeus estavam unidos com os cristãos samaritanos, todos um em

Cristo. “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo

Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos

revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo

nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em

Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão

e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29).

Os muçulmanos

Estes são um povo numeroso que ocupa e controla muitos países, com

concentração maior no Oriente Próximo. Sua religião é o islamismo,

definido como “uma religião monoteísta caracterizada pela aceitação da

doutrina de submissão a Deus e a Maomé como principal e último profeta de

Deus”. Dizem que é uma religião de paz. Devido ao ódio fanático – demonstrado

em múltiplos atos de terrorismo e na morte de milhares de pessoas inocentes –

é difícil achar qualquer medida de paz nesta religião. Se for verdade que o

islamismo é uma religião de paz, extremistas e fanáticos entre eles estão dando

uma impressão errada de sua religião para o mundo. Se há pessoas pacíficas

entre eles, está na hora de elas se mostrarem.

Em Cristo, todas as pessoas, sejam judeus ou samaritanos, sejam judeus ou

muçulmanos, podem ser de um coração e uma alma. Deus provou isso através

do seu Filho, o Príncipe da Paz. Mas tanto os muçulmanos quanto os judeus têm

rejeitado esta maneira. Os muçulmanos preferem odiar o cristianismo, e os

judeus, há muito tempo, escolheram negar Cristo, o Filho de Deus e Salvador do

homem perdido.

Então as nações que andaram pelo caminho baixo do ódio durante milhares de

anos continuam a escolher aquele caminho triste de sofrimento e lágrimas sem

fim. Ai! Ai!–por Billy Norris

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Andando na Verdade 33

Os desafios na vida do novo cristão (20)

Os cuidados do mundoU

m amigo meu queria um jardim no seu quintal. Depois de gastar muito

tempo, dinheiro e esforço, o seu quintal não produzia nada. Outro amigo,

após gastar pouco tempo, dinheiro e esforço em seu quintal, teve uma

“safra” inigualável.

Como se pode explicar a diferença entre esses dois jardins? Os dois terrenos

receberam fertilizantes, cultivo, sementes de alta qualidade e sol e chuva como

deviam. A única diferença estava na qualidade do solo. Um era improdutivo e

barrento, ao passo que o outro era rico e fértil. Não é difícil ver uma semelhança

com os cristãos.

“Eis que o semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à

beira do caminho.... Outra parte caiu em solo rochoso.... Outra caiu

entre os espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram. Outra, enfim,

caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um”

(Mateus 13:3-8).

O solo ao lado do caminho entrava em contato com a semente, mas não a

aceitava (Lucas 8:12). O solo rochoso (pedregoso) tinha tão pouca profundidade,

que a semente não conseguiu sobreviver às provações e às tentações que se

seguiram (Lucas 8:13). O solo espinhoso era fértil, mas já tinha ocupantes: “O

que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os

cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e

fica infrutífera” (Mateus 13:22). Em nossa atual sociedade ativa, o solo

espinhoso tem muitos exemplos.

Os “cuidados do mundo” são preocupações e interesses mundanos.

Enquadram-se em três categorias:

ì Alguns cuidados são sempre pecaminosos. “Acautelai-vos por vós

mesmos, para que nunca vos suceda que o vosso coração fique

sobrecarregado com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das

preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós

repentinamente” (Lucas 21:34). Nunca é certo fazer as obras da carne

(adultério, prostituição, sensualidade, idolatria, etc. S Gálatas 5:19-21).

Parece-lhe estranho que o Novo Testamento alerte os cristãos de um

comportamento tão repulsivo quanto esse? Todos os pecados desta lista foram

praticados por pessoas que se diziam seguir a Cristo.

A ansiedade é outro exemplo do cuidado mundano que sempre é pecaminoso.

“Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao

34 2004:2

que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que

haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais

do que as vestes?” (Mateus 6:25).

í Alguns cuidados são sempre certos. “O que realmente eu quero é que

estejais livres de preocupações. Quem não é casado cuida das coisas

do Senhor, de como agradar ao Senhor” (1 Coríntios 7:32). “Cooperem

os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (1 Coríntios

12:25). “Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim

diariamente, a preocupação com todas as igrejas” (2 Coríntios 11:28).

Sempre é certo obedecer a Deus. Devemos importar-nos mais com Deus, que

exige honestidade, do que pelo empregador que exige que mintamos para

protegê-lo. Devemos importar-nos mais em nos reunir com os santos do que

com o salário por trabalho extra. Seja no vestir, no falar ou no agir, devemos

obedecer a Deus e não aos homens (Atos 5:29). Alguns estão no pecado

simplesmente porque não se importam.

î Alguns cuidados podem ser certos ou errados, dependendo das

circunstâncias. “Mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de

como agradar à esposa” (1 Coríntios 7:33). O marido deve manter o equilíbrio

correto entre a atenção que deve dispensar à esposa e as demais atividades que

Deus exige dele. O pai deve corretamente dividir o seu tempo entre os filhos e as

demais obrigações. Educação boa é a que melhor prepara para servir ao Senhor;

é má se leva o indivíduo a negligenciar ao Senhor. Deus nos providenciou boas

coisas para o nosso prazer (1 Timóteo 6:17); mas também nos adverte quanto

ao mau uso do prazer (2 Timóteo 3:4).

Romanos 14 discute algumas coisas que, dependendo das circunstâncias, podem

ser certas ou erradas. Há uma diferença entre quem comete fornicação (sempre

errado) e quem come presunto (correto em si, mas errado se leva outro a tropeçar).

Fazer natação não é errado, mas, se praticado em presença de pessoas vestidas

de forma inadequada, pode ocasionar a tentação (Mateus 5:28; Romanos 14:13).

Assistir a televisão não é errado, mas, quando consome muito do nosso tempo

ou enche a nossa mente de lixo moral, devemo-nos arrepender (Provérbios 4:23;

Efésios 5:16; Filipenses 4:8).

O Novo Testamento não precisa citar uma prática condenável para que seja

pecaminosa. As “tais coisas” de Gálatas 5:21 são igualmente condenadas em

princípio como outros pecados são condenados pelo preceito. Alguns estão

em pecado por não distinguirem entre os cuidados certos e os errados.

Nem de longe podemos estimar quanto custou a Deus tornar-nos bom solo. Por

isso, não deixe que os cuidados do mundo o impeçam de dar frutos para o

Senhor (Mateus 13:23).

–por Rick Duggin

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Andando na Verdade 35

Parte 1 de 2

A divindade de Jesus Cristo[Nota do redator: Esta é a primeira de duas partes de um estudo sobre a divindade deJesus. Por envolver pesquisas detalhadas e argumentos técnicos, todas as obras citadas,mesmo as de outras línguas, aparecerão na bibliografia no final da segunda parte, queserá publicada na próxima edição desta revista.]

Aquestão da divindade de Jesus Cristo, há muito tempo, tem sido um assunto

debatido. Desde o tempo em que Jesus viveu na terra, as pessoas têm tido

vários pontos de vista a respeito dele. Alguns o chamaram de embusteiro

(Mateus 27:63). Alguns disseram que ele desencaminhava as multidões; outros

disseram que ele era um bom homem (João 7:12). Alguns declaravam que ele

era um dos profetas, como Elias ou Jeremias (Mateus 16:14). Seus discípulos

confessaram sua fé em que ele era o Cristo, o Filho de Deus (Mateus 16:16).

Depois do primeiro século houve continuados debates sobre a natureza e a

identidade de Jesus. “As controvérsias cristológicas do fim do segundo século

e do início do terceiro foram assim uma parte da dialética interna da fé cristã”

(Ferguson 18). Para evitar os extremos do adopcionismo (Jesus era um bom

homem a quem Deus adotou como seu Filho) e do modalismo (Jesus era a

mesma pessoa que o Pai, que se manifestava em diferentes modos), “a solução

ortodoxa foi afirmar ao mesmo tempo a unidade de Deus, a divindade de Cristo,

e a distinção entre o Filho e o Pai” (Ferguson 18). Devido aos esforços para

tentar explicar tudo isto, as controvérsias “trinitárias” do quarto século nasceram.

Ainda que sempre tenha havido dissidentes, a posição ortodoxa definida por

diversos concílios que se conveniaram durante os próximos poucos séculos foi

que Jesus era verdadeiramente Deus, e que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são

personalidades distintas. Aqueles que negavam isto foram considerados

“anátemas” (Hardy 379). Em tempos modernos, o debate não diminuiu. A

teologia liberal do último par de séculos tem questionado o ponto de vista

“ortodoxo”, e tem tentado redescobrir o histórico Jesus. O resultado tem sido

uma negação da divindade de Jesus nesta era moderna de ceticismo.

O propósito deste estudo é considerar o que a Bíblia ensina sobre a identidade

de Jesus. A Bíblia contém a verdade histórica sobre Jesus, e estamos buscando

entender as muitas passagens bíblicas relativas à questão de sua identidade.

Mesmo dentro de modernos círculos religiosos, entre aqueles que declaram

aceitar a Bíblia como verdadeira, tem havido desacordo muito espalhado quanto

a se Jesus era Deus ou não. Há também a questão bíblica a respeito do que

36 2004:2

Jesus renunciou quando veio à terra. Alguns ensinam que Jesus era Deus

enquanto estava no céu mas, quando veio à terra, despiu sua divindade e se

tornou nada mais do que um humano. Estas questões teológicas têm grandes

implicações práticas. Se Jesus realmente era Deus, então ele merece pleno

compromisso e submissão. Se não era quem declarava ser, então era uma

fraude e merece ser relegado ao status de charlatão ou louco.

Nesta dissertação, o foco será sobre o que a própria Bíblia diz a respeito de Jesus

Cristo. Será feita menção às modernas tendências que se afastam da aceitação

de Jesus como Deus, mas será dada especial atenção aos textos bíblicos. A

intenção é mostrar que a Bíblia de fato ensina a divindade de Jesus Cristo.

Atenção especial será dada aos versículos específicos que ensinam sobre Jesus.

A moderna tendência de rejeitar a divindade de Jesus

Alguém que escreveu sobre esta questão fez a seguinte observação:

“Hoje em dia, pode-se encontrar evidência virtualmente em toda

parte – em todos os continentes, tanto nos círculos católicos

romanos como nos protestantes – que o que está teologicamente

“na moda” é contender por um Jesus que era somente um

homem por natureza e por uma Bíblia que virtualmente silencia a

respeito da clássica cristologia da encarnação de um Cristo de

dupla natureza – verdadeiro Deus e verdadeiro homem na única

pessoa de Jesus Cristo. Está muito em voga acreditar que a

melhor solução pode ser entender Jesus como somente um

homem – um homem muito incomum, naturalmente, com uma

missão especial de Deus – e explicar as atribuições bíblicas a ele

de qualidades divinas em outros termos não ontológicos”

(Reymond 2-3).

Esta citação descreve com precisão o pensamento religioso moderno daqueles

que são crentes professos em Deus. Tanto estudiosos protestantes como

católicos romanos estão ensinando que Jesus não era realmente Deus. Eles

estão dizendo que ele nem mesmo declarou ser Deus, mas discípulos mais tarde

atribuíram divindade a ele. Parte da razão por que a tendência moderna tem

estado afastada da crença na divindade de Jesus é devida à questão da

confiabilidade das narrações do evangelho. A questão geral tem sido levantada

sobre se os evangelhos, como os temos, são ou não verdadeiras representações

da vida e das declarações de Jesus Cristo.

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Andando na Verdade 37

Rudolph Bultmann era um importante estudante liberal que questionou a crença

na veracidade histórica das narrações do evangelho. A teologia de Bultmann

estava baseada no conceito de que se precisa “desmitologizar” as narrações. Isto

significa que é preciso ficar por trás do que é dito para tentar achar o que a

verdade real é, o que pode estar escondido em algum lugar nas profundezas do

ensinamento mítico. Bultmann questionou a idéia de que Jesus tivesse uma

consciência messiânica (Bultmann 26). Ele apoiou o conceito que diz que pontos

de vista como estes sobre Jesus foram sobrepostos sobre Jesus por discípulos

posteriores. Esta abordagem básica é agora adotada por um grande número de

estudiosos. Ele assumiu que os relatos do evangelho são informação de segunda

mão e que eles contêm tradições humanas sobre Jesus. A “forma de crítica” de

Bultmann tomou o mundo teológico como uma tempestade no vigésimo século

(Praamsma 61).

Talvez o mais significativo desenvolvimento na era moderna do entendimento

bíblico seja a popularização de um “novo” Jesus histórico pelo “Seminário de

Jesus”. Este seminário, realizado primeiramente em 1985 sob a liderança de

Robert Funk, reuniu-se em várias ocasiões para chegar a conclusões a respeito

de quem Jesus realmente foi e quais, dos relatos do evangelho, são suas palavras

e declarações reais. “Poderia a fé ter feito com que os escritores de todos os

quatro Evangelhos embelezassem o fato real? Teriam as políticas da igreja

primitiva feito com que eles alterassem ou acrescentassem à história de Jesus?

Quais partes do Novo Testamento poderiam ser relatos puros e não mitificações

piedosas?” (Ostling e Towle 54-55). Eles decidiram, através de um processo de

votação com contas coloridas, que menos do que um quinto dos tradicionais

ditos de Jesus são autênticos. Suas conclusões estão publicadas numa obra

chamada The Five Gospels (significa “Os Cinco Evangelhos”). Suas conclusões

têm recebido muita atenção dos meios de publicação, e a popularização de suas

idéias parece que terá um forte impacto sobre a opinião pública nos anos

vindouros. Ainda que não esteja dentro do objetivo desta dissertação comentar

o Seminário de Jesus, precisa-se questionar o processo de votação sobre as

palavras de Jesus por pessoas que estão perto de dois mil anos afastadas dos

eventos. O ponto é que há um continuado esforço para redefinir o Jesus dos

relatos evangélicos. Tudo isto parece realçado por uma tendência anti-

sobrenatural e a recusa a considerar os relatos do evangelho como documentos

históricos por causa do tipo de material que ele contém. Eles assumem que ele

não pode conter material contemporâneo, e que qualquer registro de eventos

notáveis ou declarações são automaticamente não confiáveis. “E eles então

chegam a conclusões baseadas na fé, freqüentemente de sua própria criação”

(Woodward 2).

38 2004:2

Um escritor conservador, que tem devotado trabalho à crítica do revisionismo

moderno, mostra que ainda há boas razões para se aceitarem os relatos

históricos do evangelho. Depois de criticar a evidência da confiabilidade do

evangelho de Marcos, ele observa o seguinte:

“O Jesus sobrenatural do Evangelho de Marcos, naturalmente, é difícil

de ser aceito por muitas pessoas do vigésimo século. Não é o tipo de

retrato que se pudesse esperar que um moderno aceitasse, se boa

evidência não houvesse aí em seu favor. Mas a evidência aí está. E,

antes que ajustar a evidência para fazer Jesus mais palatável às

sensibilidades do século vinte, parece mais razoável deixá-la intacta e

simplesmente permitir que o enigma deste judeu do primeiro século

confronte nossas sensibilidades do século vinte. Pode mesmo ser que

a história, afinal, não seja um continuum, fechado!” (Boyd 243).

Como é o caso em muitos campos, a tendência é freqüentemente o fator

determinante de a pessoa aceitar ou não Jesus como os relatos do evangelho o

apresentam. Há sempre um outro lado das histórias que é popularizado nos

meios de comunicação. Em qualquer caso, a fé é envolvida no processo de

aceitação. “Assim, se a pessoa mantém que Jesus era o Filho de Deus e foi

levantado dos mortos, ou se a pessoa acredita que Jesus era um filósofo cínico

cujo corpo foi finalmente devorado pelas bestas selvagens, a fé é

necessariamente envolvida” (Boyd 293). Há muita especulação e pouca

evidência objetiva que existe por parte de muitos revisionistas. Em vez disso, “a

narrativa dos Evangelhos é descartada e pedaços da Escritura são embaralhados

para revelar o ‘Jesus histórico’ do próprio estudioso” (Woodward 65). Parece

mais razoável considerar os evangelhos à sua luz histórica. Eles declaram ter sido

escritos e confirmados por testemunhas oculares (1 João 1:1-3; Lucas 1:1-4; 2

Pedro 1:16). Jesus foi visto, ouvido e seguido. Somente demonstrando que estes

escritores eram mentirosos, iludidos, ou de algum outro modo os

desacreditando, poderemos assumir que os relatos do evangelho não são

designados a serem entendidos historicamente.

A questão se Jesus era ou não o Filho de Deus parece ser mais um assunto

filosófico nesta era moderna. Muitos não crêem nele simplesmente porque

pensam que é tolice aceitar que um homem que viveu dois mil anos atrás possa

ser um salvador numa era moderna. Alguns não aceitarão o conceito de

ressurreição sem se importar com quanta evidência é mostrada para isso. A

própria Bíblia antecipa que muitos pensariam deste modo (1 Coríntios 1:18 e

segs.). Não obstante, houve milhares de cristãos que deram suas vidas pela sua

fé na ressurreição, inclusive aqueles que andaram com Jesus. Há “pouca dúvida

de que o levantamento de Jesus por Deus para uma nova vida foi uma convicção

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Andando na Verdade 39

cristã primitiva” (Woodward 66). Eles podem ter sido “tolos,” mas estavam

convencidos e convictos. E mais, poderia parecer lógico que estas pessoas que

viveram com Jesus, e durante um tão curto tempo depois de Jesus, soubessem

mais sobre a vida, os cenários e os tempos de Jesus do que qualquer pessoa

moderna saberia. Eles não podem ser desacreditados porque aceitaram Jesus

como o Filho de Deus: seus atos baseados em suas convicções deverão dar-lhes

credibilidade. Naturalmente, eles também tinham uma tendência, como todos

têm; mas pode ser que sua tendência realmente fosse fundada em terreno

sólido.

O que a Bíblia diz sobre Jesus?

Apartir deste ponto, o foco mudará para os textos escriturais e perguntará: a

Bíblia, de fato, ensina que Jesus era Deus? Há muitos que professam que

a Bíblia é historicamente verdadeira, mas que não crêem que Jesus fosse

Deus. É este problema que será enfrentado.

O que significa “divindade”?

Divindade é, geralmente, uma referência a um ser que está no estado de ser

Deus. Ao dizer que um ser é “divino”, está-se dizendo que este ser possui

a natureza de Deus, ou está no estado de ser Deus. Na Bíblia, Theos,

Deus, refere-se “ao ser supremo sobrenatural como criador e mantenedor do

universo: Deus” (Louw e Nida 137). A Bíblia se refere a Deus como aquele que

“fez o mundo e tudo o que nele existe” (Atos 17:24). Palavras derivadas de

theos, como theotes, se referem à “natureza ou estado de ser Deus” (Louw e

Nida 140). Esta é a idéia como é encontrada em Colossenses 2:9, que afirma

com referência a Jesus, “nele habita corporalmente toda a plenitude da

Divindade”. Ao afirmar que Jesus é divino, está-se dizendo que Jesus possui

certas características divinas. Antes, está-se dizendo que ele é propriamente

Deus, o ser supremo sobrenatural que criou e sustenta o universo.

Pode ser mostrado pela Bíblia que Jesus possui a natureza de Deus, então será

mostrado que a Bíblia ensina que ele é Deus. A “natureza” se refere aos atributos,

características e qualidades que fazem de alguma coisa o que ela é. São os

traços essenciais que pertencem a alguma coisa. Se alguém é desprovido destes

traços essenciais de divindade,essa pessoa não é Deus. Gálatas 4:8 se refere

“àqueles que por natureza não são deuses”. Essas pessoas tinham adorado

40 2004:2

alguma coisa que não era Deus; esses ídolos não continham a essência da

divindade. Conquanto seja impossível definir todos os atributos essenciais de

Deus, e isso não esteja dentro do alcance deste estudo, algumas das

características específicas que se ajustariam dentro desta categoria incluem a

onipotência e a eternidade. Somente Deus é “Todo-Poderoso” e eterno, no

sentido em que ele não teve princípio e não tem fim. Qualquer ser que possuísse

esta característica seria certamente considerado divino. A questão é: são tais

atributos atribuídos a Jesus Cristo na Bíblia? Este estudo responde

afirmativamente, e procurará mostrar algumas das várias provas bíblicas da

divindade de Jesus. Evidências de ambos, do Velho como do Novo Testamento,

serão consideradas.

O Velho Testamento

Para mostrar que Jesus é o Messias, é comum ir ao Velho Testamento para

considerar as muitas profecias e alusões (mais de 300) a respeito do

Messias. Depois, deve mostrar no Novo Testamento como Jesus cumpriu

estas profecias. Algumas destas profecias incluem referências ao Messias como

sendo divindade.

Isaías 9:6 se refere ao Messias como “Deus Poderoso” (El Gibbor). Em Jeremias

32:18, o nome de “Deus Poderoso” é identificado como “SENHOR (Yahweh) dos

exércitos”. Alguns têm argumentado que “Deus Poderoso” não é o mesmo que

“Deus Todo-Poderoso” e, portanto, Jesus não era realmente Yahweh. Jeremias

responde essa questão. O “Deus Poderoso” é “Yahweh dos exércitos.”

“Yahweh” (Jeová ou Javé) é usado 6.800 vezes no Velho Testamento. É o nome

mais precioso para Deus. “Jesus,” como abreviação de Jehoshua, significa

“Jeová, o Salvador”. Para seus pais terrestres, foi dada a mensagem que seu filho

se chamaria “Jesus” (Mateus 1:21). Isto não foi acidental. A Bíblia de fato ensina

que Jesus era Yahweh feito carne (João 1:1,14). Considere as seguintes ligações

bíblicas:

ì Isaías 8:13-14 se refere a Yahweh como aquele que se tornaria uma pedra de

tropeço e uma rocha de ofensa. O Novo Testamento aplica isto a Jesus em 1

Pedro 2:8.

í Isaías 40:3 fala daquele que viria diante de “Yahweh” no deserto. Isto é

aplicado a João Batista quando preparava o caminho para Jesus, o Cristo

(Mateus 3:3; Lucas 1:76; João 3:28).

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Andando na Verdade 41

î Em Isaías 42:8, Yahweh fala da glória que pertence somente a ele, e que ela

não seria dada a outro. Jesus pregou sobre a glória que ele partilhava com o Pai

antes que houvesse mundo (João 17:5). Em Isaías 6 é relatada uma visão na

qual Isaías viu Yahweh sentado em seu trono. João 12:36-41 registra que

afirmações feitas por Isaías foram pronunciadas “porque ele viu sua glória, e

falou dele”. No contexto, isto é claramente uma referência a Jesus. Isaías viu

“sua” glória e falou “dele”, de Jesus. Isto liga Jesus a Yahweh.

ï Isaías 44:6 faz uma afirmação clara a respeito de Yahweh: “Eu sou o

primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus”. Seria lógico que

alguém que declarasse isto teria que ser Deus, ou teria que ser um mentiroso. O

Novo Testamento atribui esta mesma frase, “o primeiro e o último”, a Jesus

(Apocalipse 1:17-18; 2:8: 22:13-16). Estas referências ensinam que Jesus é

Yahweh.

ð Salmo 102 começa uma oração a Yahweh. Uma parte desta mesma oração

é aplicada a Jesus em Hebreus 1:10-12. Seria difícil conciliar como uma oração

(ou mesmo uma parte de uma) feita a Yahweh pudesse ser assim aplicada a

alguém que não é Deus.

Estas e outras referências tomadas juntamente provêem um apoio muito forte

para a divindade de Cristo sendo ensinada pelo Velho Testamento. Não parece

ser por acidente que tais ligações fossem feitas entre os Testamentos. Jesus não

estava vindo a esta terra para ser só qualquer outro homem; ele estava vindo

para ser o salvador do mundo. Definitivamente, somente o próprio Deus poderia

preencher este papel.

O que os relatos do Evangelho ensinam?

Os relatos do Evangelho não fornecem biografias completas da vida de

Jesus. Eles, contudo, dão eventos relevantes, atos, declarações

ensinamentos de Jesus enquanto ele vivia nesta terra. Portanto, é

apropriado considerar o testemunho destes registros. Ensinam eles que Jesus é

divindade? Nem todos os registros dão o mesmo destaque aos atos e

ensinamentos que outros. Cada evangelho foi escrito por propósito pretendido

e para uma audiência especial. Diferentes ângulos são considerados nos

ensinamentos de Jesus, e diferentes fatos são enfatizados.

ì As declarações de Jesus. Conquanto Jesus não tenha feito nenhuma

declaração explícita de que era Deus, ele de fato fez declarações que

definitivamente o identificavam como Deus. Tomadas em conjunto, elas apóiam

uma questão para o entendimento de Jesus, que ele é Deus.

42 2004:2

a. Ele declarou ter uma relação inigualável com o Pai. Ele não

declarou apenas crer ou amar a Deus; ele declarou que ele e o Pai eram um

(João 10:30). Ele não se referiu a si mesmo como um filho de Deus, mas o

Filho de Deus. João 5:17-18 registra uma ocasião quando Jesus tinha feito

um milagre justamente no sábado. Ele disse aos judeus: “Meu Pai

trabalha até agora, e eu trabalho também”. Isto enfureceu os judeus,

por isso “ainda mais procuravam matá-lo, porque não somente

violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai,

fazendo-se igual a Deus”. Eles entenderam que Jesus estava alegando

ter uma relação com o Pai num sentido incomparável, e creram que isto era

blasfêmia, pois ele estava “fazendo-se igual a Deus”.

b. Ele declarava ter autoridade para perdoar pecados. Marcos 2

registra quando Jesus, confrontado com um homem paralítico,

simplesmente disse: “Filho, teus pecados são perdoados”. Os judeus

pensaram que isto era errado, pois ninguém “pode perdoar pecados a

não ser Deus somente”. De modo a provar que ele tinha autoridade para

perdoar, Jesus curou o homem. O direito a perdoar pecados é um direito

divino.

c. Ele se declarou sem pecado (João 8:29,46; 18:23). Outras passagens

bíblicas apóiam esta declaração (Hebreus 4:15), que põe Jesus em nítido

contraste com todos os outros, pois pecaram (Romanos 3:23).

d. Ele declarou ter autoridade para julgar o mundo (João 5:25-27). Ele

disse que suas palavras haveriam de julgar no último dia (João 12:48). Ou

ele se entendia como Deus, ou era o homem mais convencido e arrogante

que jamais viveu.

e. Ele declarou falar as próprias palavras de Deus. Ele disse: “Minhas

palavras não passarão” (Mateus 24:35). Ele colocou suas próprias

palavras em igualdade com as palavras de Deus.

f. Ele declarou ser o único caminho para a salvação. Ele disse: “Eu

sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por

mim” (João 14:6). Não se pode ficar neutro diante de uma declaração

como esta. Ela é estreita e exclusiva. Mais tarde, os apóstolos

testemunharam que não há outro nome dado pelo qual podemos ser salvos

(Atos 4:12). Se não, a Bíblia está afirmando salvação através de alguém que

não tem direito a declarar ser o único caminho até Deus.

g. Ele declarou ser o Autor e Doador da vida. “O Filho do homem dá

vida a quem ele quer” (João 5:21). Ele se chamou o “pão da vida”

(João 6:48), e a “ressurreição e a vida” (João 11:25).

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Andando na Verdade 43

h. Jesus exigiu a mais alta lealdade da humanidade. Ele disse que

seus seguidores têm que negar a si mesmos e segui-lo (Lucas 9:23). Ele

disse a seus seguidores que eles têm que amá-lo acima de tudo o mais,

incluindo membros da família (Lucas 14:26; Mateus 10:34-39). Se Jesus

não pensasse que ele era Deus, o que mais poderia ele estar pensando?

i. Ele declarou cumprir todas as profecias do Velho Testamento a

respeito do Messias. (Lucas 24:44). Considerando quantas profecias há

sobre o Messias, esta é uma admirável declaração. Uma vez que, conforme

já foi demonstrado, o Velho Testamento liga o Messias a Yahweh, então a

declaração de Jesus de ser o Messias é também uma declaração de

divindade.

j. Jesus declarou ser Deus. Ao falar aos judeus sobre Abraão, Jesus

disse: “Antes que Abraão fosse, eu sou” (João 8:58). Isto levaria os

judeus de volta ao tempo quando Yahweh falou a Moisés no arbusto

ardente, declarando ser “EU SOU O QUE SOU” (Êxodo 3:14). Por causa

desta declaração os judeus pegaram pedras para atirar em Jesus, pois eles

sabiam as suas implicações. Nesta afirmação, Jesus estava declarando

existência eterna e auto-suficiência. Se ele não fosse Deus, então isto

realmente seria blasfêmia.

Estas declarações demonstram o ensinamento bíblico que Jesus tinha uma

consciência messiânica e divina. Rejeitar todas elas como sendo sobrepostas a

Jesus por discípulos ulteriores não é consistente com a evidência, e retrata os

discípulos ulteriores como sendo tão espertos e fraudulentos que se torna difícil

imaginar. Estas declarações são sutis, ainda que fortes. Tomadas em conjunto,

elas argumentam que Jesus declarou ser Deus.

í As obras de Jesus. Não era suficiente para Jesus fazer declarações

espetaculares. Ele precisava apoiar o que dizia. Este era o propósito das obras

dele. Em João 5, Jesus afirmou que seu próprio testemunho, por si só, não seria

válido. Ele defendeu-se apelando para outros testemunhos. Um destes

testemunhos são as obras que ele realizava: “as obras que o Pai me confiou

para que eu as realizasse, essas que eu faço, testemunham a meu

respeito, de que o Pai me enviou” (João 5:36). Nicodemos tinha vindo antes

a Jesus e disse: “Rabi, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus;

porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não

estiver com ele” (João 3:2). Mais tarde, Jesus disse aos judeus: “Se não faço

as obras de meu Pai, não me acrediteis; mas, se faço, e não me credes,

crede nas obras; para que possais saber e compreender que o Pai está

em mim, e eu estou no Pai” (João 10:37-38). João 20:30-31 afirma que as

obras que Jesus fez tinham a intenção de acender a fé naqueles que sabiam

44 2004:2

delas. Pedro disse a alguns judeus no Pentecostes que Jesus era “varão

aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os

quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós

mesmos sabeis” (Atos 2:22). É impossível separar Jesus de suas atividades. Os

milagres e as obras que Jesus fez são inseparavelmente ligados com sua vida na

terra; e não podem ser rejeitados simplesmente por serem milagrosos.

Jesus fez diferentes tipos de milagres, mas podem todos ser classificados em três

categorias: milagres sobre a natureza (p. ex., acalmando a tempestade), milagres

de curas físicas (p. ex., curando o homem paralítico), e milagres de ressurreição

(p. ex., Lázaro). Houve muitas testemunhas da maioria destes milagres. Mesmo

os inimigos de Jesus os admitiam. O ponto aqui é que a Bíblia ensina que Jesus

operou milagres de modo a apoiar suas declarações. Portanto, o que quer que

seja que Jesus declarou, de acordo com a Bíblia, foi provado por suas obras.

Desde que suas declarações implicam, direta ou indiretamente, que ele é Deus,

então as obras que ele fez verificam isto e a proposição deste estudo é

verdadeira: a Bíblia ensina a divindade de Jesus Cristo.

î A aceitação de adoração. Outra importante prova bíblica da divindade de

Jesus é sua aceitação de adoração. A Bíblia ensina que o único que deve ser

adorado é Deus. O próprio Jesus reconheceu isto (Mateus 4:10). Conquanto seja

possível para alguém que não é Deus aceitar adoração, a aceitação de adoração

por Jesus mostra, pelo menos, que ele pensava ser divino. Muitos exemplos disto

são dados nos relatos do evangelho (cf. Mateus 8:2; 9:18; 14:33; 28:9,17).

Merecem observação especial três passagens do Novo Testamento ligadas com

isto:

a. João 5:23. Jesus afirmou que todos deverão honrar o Filho (Jesus)

exatamente assim como ele honrava o Pai. Se ele não pensasse que era

Deus, então ele era culpado de blasfêmia. Esta afirmação sozinha

demonstra o ensinamento bíblico da divindade de Jesus. Para que alguém

declare que merece a mesma honra que o Pai, teria que ser Deus, ou teria

que ser um mentiroso.

b. João 20:28. Depois da ressurreição, Jesus apareceu aos seus discípulos.

Tomé não estava presente no primeiro aparecimento, e duvidou que Jesus

tivesse realmente sido visto. Quando Jesus apareceu novamente, Tomé viu

e fez a seguinte afirmação a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus”. Não há

indicação de que Jesus tentasse corrigir isto. Jesus aceitou esta adoração,

tanto como a referência a sua divindade. De fato, ele respondeu a Tomé:

“Porque tu me viste, acreditaste?” (20:29).

c. Hebreus 1:6. Referindo-se a Jesus, o texto diz: “Que todos os anjos

de Deus o adorem”. Esta instrução é dada pelo Pai. A Bíblia mostra que

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Andando na Verdade 45

os anjos sabiam que o único que poderiam adorar corretamente era Deus.

(Apocalipse 19:10). Se lhes é dito por Deus para adorarem Jesus, então esta

é uma clara implicação do ensinamento de que Jesus é Deus.

ï A ressurreição. Se há um evento no qual todo o ensinamento bíblico

repousa, é a ressurreição. Pela ressurreição, Jesus foi “designado Filho de

Deus com poder” (Romanos 1:4). Este é o único milagre na Bíblia que, se

historicamente verdadeiro, valida a possibilidade de todos os outros milagres, e

a história como registrada na Bíblia. Por esta razão, é uma das questões mais

acaloradamente debatidas. Os revisionistas têm buscado várias explicações para

o corpo de Cristo desaparecido do túmulo. “A ressurreição é excluída a priori do

tribunal porque ela transcende tempo e espaço. Os historiadores têm então que

arranjar outra razão para explicar as origens do cristianismo” (Woodward 65). Um

estudioso do Novo Testamento argumentou que a ressurreição é uma “fórmula

vazia” que precisa ser rejeitada por alguém que tenha um “ponto de vista

científico” (Woodward 62). Assim, alguns, como Crossan, argumentam que o

corpo de Jesus foi devorado por cães selvagens. Outros dizem que ele apenas

pareceu estar morto. Outros argumentam que seu corpo apodreceu no túmulo,

e que os discípulos foram à sepultura errada. Então alguns argumentam que os

aparecimentos de Jesus foram somente experiências psicológicas, “um êxtase

de massa”. É interessante que, na busca pelo Jesus “histórico,” estudiosos

especulem sobre estas coisas para as quais eles não têm evidência histórica

concreta, objetiva. Ainda assim, esperam que esqueçamos a evidência bíblica e

aceitemos as especulações.

Contudo, como muitos outros argumentam, há forte evidência histórica para a

declaração de Jesus de ser o Messias, e para sua ressurreição corporal (cf.

Ostling e Towle 58). Para descartar definitivamente a evidência bíblica por causa

da suposição de que milagres como a ressurreição não poderiam ter ocorrido

reflete falta de investigação honesta de matérias históricas. Testemunhas

oculares declaram ter visto Jesus vivo depois que ele tinha morrido. O corpo

tinha sumido do túmulo depois do sepultamento, e “nenhuma explicação natural

convincente é disponível para responder por este fato” (Craig 280). Na verdade,

qualquer outra explicação envolverá necessariamente especulação, pois não há

nenhuma evidência contemporânea primitiva crível que responda pelos fatos de

outra maneira. Se alguém está indo buscar o Jesus histórico, então os registros

do evangelho têm que ser trazidos para testemunho, pois não tem havido

“nenhum dado novo sobre a pessoa de Jesus desde que os Evangelhos foram

escritos” (Woodward 70).

A evidência histórica é suficientemente maciça para convencer o investigador de

mente aberta. Por analogia com qualquer outro evento histórico, a ressurreição

tem evidência eminentemente crível por trás dela. Para desacreditar, precisa-se

46 2004:2

deliberadamente fazer exceção às regras que se usam em toda parte na história.

Agora, porque alguém haveria de querer fazer isso? (Kreeft e Tacelli 197).

A ressurreição atesta a identidade de Jesus. Ela declara, com poder, que Jesus foi

o Filho de Deus (Romanos 1:4). A Bíblia usa a ressurreição para reforçar a crença

em Jesus como o Filho de Deus. Os discípulos que ficaram grandemente

desalentados com a morte de Jesus, ficaram convencidos de que Jesus se

levantou e se mostraram, subseqüentemente, dispostos a morrer para pregar isso.

De todos os milagres e notáveis eventos registrados na Bíblia, a ressurreição é o

mais significativo. Se ela não aconteceu, então aqueles que dedicam suas vidas a

Jesus fazem-no em vão (1 Coríntios 15:12-19). Se ela, de fato, aconteceu, “valida

sua declaração de ser divino e não meramente humano, pois a ressurreição da

morte está além do poder humano; e sua divindade convalida a verdade de tudo

o mais que ele disse, pois Deus não pode mentir” (Kreeft e Tacelli 176).

Títulos atribuídos a Jesus

Jesus se refere a si mesmo por vários títulos, e outros escritores do Novo

Testamento se referem a ele por vários descrições. Estas referências a Jesus

demonstram uma alta Cristologia na Bíblia. Elas mostram tanto a concepção

que Jesus faz de si mesmo como os pontos de vista de outros sobre ele. Esta parte

discutirá quatro dos importantes e debatidos títulos, bem como descrições que

foram usadas para Jesus, tanto nos relatos do Evangelho como nas epístolas.

ì Filho de Deus. A Bíblia se refere freqüentemente a Jesus como o Filho de

Deus. Ainda que Jesus não usasse isto para referir a si mesmo, ele de fato falou

de tal modo que apoiaria seu entendimento de que ele era o Filho de Deus (João

5:17-19). Alguns tomaram a frase “Filho de Deus” para significar que Jesus era

o “descendente” de Deus. Ela é usada, então, para dizer que a Bíblia ensina que

Jesus foi um ser criado. Contudo, a frase “filho de” é aberta para diferentes

significados na Bíblia. Ela pode significar “descendente”, porém não

necessariamente em todo contexto. Ela pode também ter o significado de

identidade, aquele que compartilha da mesma natureza ou exibe as mesmas

características que outro. Por exemplo, Jesus se referiu a Tiago e João como

“filhos do trovão” (Marcos 3:17). Ele falou de “um filho de paz” (Lucas

10:6). Judas foi mencionado como o “filho da perdição” (João 17:12).

Portanto, “filho de” nem sempre traz uma idéia física, literal, de “descendente.”

Com respeito a Jesus, Filho de Deus significa “aquele que tem as características

essenciais e a natureza de Deus” (Louw e Nida 141). Quando Jesus declarou ser

o Filho de Deus, ele estava declarando ter uma relação inigualável com o Pai. Os

judeus entenderam que Jesus quis dizer que ele era “igual a Deus” (João 5:17-

18; 10:30-38). Assim, ao afirmar que Jesus é o Filho de Deus, está-se afirmando

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Andando na Verdade 47

que Jesus compartilhou da mesma natureza que o Pai. Ele é, em essência, “Deus

o Filho.” Jesus é o Filho de Deus naquele muito inigualável sentido que ele é uno

com o Pai. Isso nada tem a ver com sua origem.

í Filho do Homem. Jesus referiu a si mesmo freqüentemente como o “Filho

do Homem”. Isso é usado cerca de 82 vezes nos Evangelhos. A primeira

impressão que se tem do uso deste título é que ele identifica Jesus com a

humanidade. A Bíblia ensina que Jesus era um humano real. “Filho do Homem”

pode certamente implicar que Jesus compartilhava da natureza e caráter da

humanidade. Parece, contudo, que isto não explica adequadamente a frase.

Jesus nunca teve que provar que ele era humano, era óbvio ao se olhar para ele.

Este uso do termo era uma auto-designação, mas parece haver aí mais do que

isso. A evidência indicaria que a frase “Filho do Homem” também era messiânica

por natureza. O melhor apoio para isto pode ser dado pelas afirmações

messiânicas em Daniel 7:13-14, onde o Messias é retratado como um “Filho do

Homem”, ou figura de aparência humana, a quem é dado “domínio, glória e

um reino”. Isto prepara o ambiente para o uso do título por Jesus.

Jesus usou a frase “Filho do Homem” em diferentes situações. Primeiro, ele

usou-a para falar de si mesmo quando cumpria seu ministério na terra (p. ex.,

Mateus 8:20; 11:19). Segundo, ele usou a frase para falar de si mesmo como

sofredor nas mãos dos homens, que o maltrataram e o executaram (p. ex.,

Marcos 9:12, 31; Lucas 24:7). Terceiro, ele usou-a para se referir ao seu

aparecimento em glória, como juiz supremo (p. ex., Mateus 16:27; 25:31; João

5:27). Jesus é tanto o “servo sofredor” como o juiz de toda a terra. Reymond

observou:

“Não pode haver dúvida, então, que todos os quatro evangelistas,

quando interpretados corretamente, pretenderam que seus leitores

entendessem que Jesus é o Salvador do homem nos papéis de servo

sofredor, que veio tanto para ‘buscar e salvar o perdido’ (Lucas

19:10), como ‘não veio para ser servido, mas para servir e dar

a sua vida em resgate por muitos’ (Marcos 10:45; Mateus 20:28),

bem como vinha como juiz e Rei escatológico” (Reymond 57).

î Primogênito. A Bíblia se refere a Jesus como “primogênito” (Colossenses

1:15-18; Romanos 8:29). Este termo também é aberto a um par de significados.

Ele poderia significar primogênito em tempo (Gênesis 27:19; Êxodo 11:5; Lucas

2:7). Neste sentido ele se refere ao primeiro filho nascido numa família. Alguns

têm tomado este significado e concluído que o uso da palavra “primogênito”,

com referência a Jesus, significa que ele foi o primeiro ser criado. Contudo, isto

não se mantém. O termo “primogênito” também é usado para representar

posição superior. Por exemplo, a Bíblia fala de “primogênito de morte”,

significando a doença mais fatal e mortal (Jó 18:13). Isaías 14:30 fala de

48 2004:2

“primogênito dos desamparados”, significando aqueles que mais precisam

de auxílio. Outras passagens usam o termo deste modo (Êxodo 4:22; Jeremias

31:9; Salmo 89:27). Nestes casos ele significa “preeminente”.

A respeito de Jesus, “primogênito” significa aquele que é primeiro e preeminente

sobre todos. Jesus existia antes da criação, e é superior à criação (Louw e Nida

117). Ele é chamado “primogênito entre muitos irmãos”, o que se refere a

posição e não a tempo (Romanos 8:29). Ele é chamado o “Primogênito dos

mortos”, significando que ele foi o primeiro a ser levantado para nunca mais

morrer (Apocalipse 1:5). Colossenses 1:15 deverá ser entendido como

significando que Jesus é preeminente sobre toda a criação porque ele mesmo

é o Criador. “A palavra enfatiza a preexistência e incomparabilidade de Cristo

com sua superioridade sobre a criação. O termo não indica que Cristo foi uma

criação ou um ser criado” (Reinecker 567). Portanto o título “Primogênito”

mostra uma alta Cristologia; Jesus é superior a tudo. Isto demonstra ainda mais

o ensinamento bíblico que o próprio Jesus é Deus.

ï Unigênito. A expressão “unigênito” (monogenes) aparece cinco vezes com

referência a Jesus (João 1:14,18; 3:16,18; 1 João 4:9). Novamente, isto nada

tem a ver com a decisão sobre se Jesus é ou não um ser criado. É uma outra

afirmação da posição ímpar mantida por Jesus. Em cada caso, ela significa

“único” ou “só”: “pertencente ao que é único no sentido de ser o único da

mesma qualidade ou classe” (Louw e Nida 591). Por esta razão, a Nova Versão

Internacional explica, numa nota sobre João 3:16, que “unigênito” indica

“único”. O mesmo termo é usado para Isaque, como o “único” filho (Hebreus

11:17). Isto lança luz sobre o significado do termo. Isaque não era o “unigênito”

de Abraão em sentido estrito, literal. Nem Isaque era o filho primogênito em

tempo. Contudo, Isaque ocupou uma posição singular e superior como o

“único” filho da promessa de Abraão. Por esta razão, Isaque foi o único filho de

seu tipo, e o termo pode ser usado adequadamente para ele. Isto é o que o

termo significa com referência a Jesus. Ele foi o Filho único de Deus, o único de

sua qualidade. É um título de posição, e não de origem.

Há outros termos aplicados a Jesus que são significantes. Por exemplo, Jesus é

chamado “o resplendor da glória” de Deus e “a expressão exata de seu

ser” (Hebreus 1:3). Jesus não era apenas um reflexo de Deus; a glória de Deus

resplandecia através dele de tal modo que quando se via Jesus, via-se Deus (cf.

João l4:9-11). Estes termos não poderiam ser corretamente aplicados a alguém

que fosse um homem comum. Se eles forem aplicados adequadamente, eles

implicarão que o próprio Jesus é Deus. Todos esses termos tomados

conjuntamente demonstram a alta Cristologia da Escritura. O ensinamento

uniforme é que Jesus foi Deus manifestado em carne.– por Doy Moyer

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