Tapetes da Pérsia

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Tapetes

A história dos tapetes data de há muitos séculos.

Existem referências ao ano 500 a.C., a um tapete ao qual deram o nome de “Pazyryk” no período Aquemênida (dinastia que governou a Pérsia no século VII a.C.), no lugar onde hoje se situa o Irão.

No entanto, as primeiras provas documentais relativas a tapetes persas, chegam-nos através de textos chineses já no ano de 224 - 641 d.C..

Ao longo dos tempos, muitas foram as influências verificadas neste adereço uma vez que esta zona do globo sofreu alterações políticas e culturais em função da passagem do Islamismo e até mesmo das invasões mongóis. É neste período, dinastias mongóis, que a arte de tecer vai sofrer novo impulso e adquirir características “próprias”.

O facto deste adereço ser fabricado essencialmente com seda, lã e algodão, que se deterioram com o passar do tempo, é a causa provável de raramente serem encontrados vestígios nas escavações arqueológicas.

O tapete “Pazyryk” foi descoberto na Sibéria, em 1949 nas altas montanhas Altai, no túmulo de um príncipe cita no meio do gelo e por isso conservado. Através de vários testes, chegou-se á conclusão que era de facto um tapete persa datado por volta do século V a.C.

Consta que Alexandre II da Macedónia ficou deslumbrado com estas peças que eram muito apreciadas pelos nobres de toda a região, isto diz-nos que só a classe alta possuía estes adereços nos seus Palácios. Isto no período Islâmico.

A sua confeção é feita exclusivamente à mão, sendo utilizados apenas matéria-prima natural e todo este processo dura vários meses.

Durante o século VIII, foi na zona do Azerbeijão que se centrou a maior parte da confeção deste produto sendo que a maior parte tinham como destino as cortes dos califas em Bagdad. Eram então muito utilizados em orações.

Ovelhas eram criadas propositadamente para este produto que chegava a cobrir na totalidade o chão das mesquitas da época. Era então uma “indústria” em grande expansão.

O tapete persa mais antigo que chegou intacto aos nossos dias data da era de 1501-1736 conhecido como “Ardabil” e que se encontra actualmente no Museu Vitória e Alberto em Londres.

Os tapetes tecidos em 1539-40 trazem a data da confecção sendo a base de seda e a superfície de lã. Os motivos mais comuns que se podem verificar são os ramos de videira, folhas de palmeira, nuvens, medalhões e padrões geométricos.

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Os tapetes persas chegaram à Europa no século XIII e eram muito apreciados pelos europeus que, devido ao preço avultado, não os colocavam no chão como na Pérsia mas sim em cima de mesas, arcas ou até pendurados nas paredes.

No período moderno, as duas grandes guerras fizeram com que diminui-se a exportação destes tapetes para a Europa voltando a verificar-se um aumento das comercializações a partir de 1948. No entanto, por essa altura verificam-se grandes perdas de qualidade na confecção dos artigos e o governo do Irão promoveu uma grande conferência para debater esse problema em 1949.

Mas os problemas não se ficavam por aqui, devido à revolução islâmica, o novo governo declara que os tapetes da Pérsia são considerados tesouro nacional e proíbe a sua exportação para os países do Ocidente.

Só em 1984 voltaram a ser comercializados para todo o mundo uma vez que representava uma enorme fonte de receitas para o Irão. Assim, no final dos anos 80, as exportações já tinham um volume considerável beneficiando ainda com o fim da guerra entre o Irão e o Iraque.

Hoje em dia, as técnicas tradicionais de tecelagem continuam a ser muito utilizadas embora tenha havido uma grande adesão a equipamentos mecânicos para assim haver um aumento da produção. Porém, comercialmente existe uma grande diferença de valores entre uns e outros sendo os tapetes produzidos manualmente considerados mais caros uma vez que são consideradas peças artísticas.

Existem quatro tipos de teares, a saber: O tear horizontal, o tear vertical fixo, o tear vertical do tipo Tabriz e o tear vertical feixe do rolo.

O primeiro tear conhecido é o horizontal e hoje em dia só é utilizado pelos nómadas, os tapetes que se conseguem aqui fazer são de dimensões pequenas sendo o tear facilmente transportado quando os seus utilizadores mudam (e fazem-no com alguma frequência) de lugar. Consiste em duas varas de madeira entre as quais se esticam os fios de lã no sentido longitudinal.

Nos centros de produção de menor importância, o tear mais utilizado é o vertical fixo sendo também um equipamento bastante primitivo. É uma estrutura vertical em que assentam duas varas cilíndricas apoiadas apenas nas extremidades. Entre estas duas varas ficam presos os fios que depois serão tecidos começando sempre o trabalho a ser feito por baixo.

O comprimento destes tapetes não excede os três metros que é a medida máxima do tear.

O tear Tabriz é também um tear vertical e que já apresenta um aperfeiçoamento muito bom. É utilizado em todo o país e o funcionamento deste centra-se em passar os fios de um cilindro para o outro onde se vai enrolar á medida que o tapete vai crescendo, depois volta a enrolar-se no cilindro anterior e assim sucessivamente. A grande vantagem deste tear é a de poder produzir peças de tamanho duas vezes superior ao tamanho do tear.

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O último tear é o tear feixe de rolo e é o modelo mais recente e aperfeiçoado de todos. O fio encontra-se todo enrolado no cilindro superior e à medida que o trabalho vai avançando o tapete vai-se enrolando na bobina inferior. Permite ainda a produção de tapetes de qualquer tamanho.

Para se produzir um tapete, a primeira etapa é a concepção do mesmo ou seja, é produzido um desenho, aperfeiçoado ao pormenor e definindo quais os motivos, as cores e a disposição e quando atinge o “ponto” que o seu projectista pretende passa-se então à elaboração da peça.

António Ferreira