Tarot Mitologico

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Tarot Mitológico Uma Abordagem Psicológica dos Arcanos do Tarot Perséfone, a Sacerdotisa, é a governante invisível do misterioso e insondável mundo interior que a psicologia denomina inconsciente. Portanto, aquela que nos autoriza a ingressar nesse território. Pode ser entendida como nosso "guia" quando mergulhamos nos recessos mais profundos de nosso psiquismo. Escolhi-a para recepcioná-los e acompanhá-los em sua jornada pelos Arcanos do Tarot.

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Tarot Mitológico

Uma Abordagem Psicológica dos Arcanos do Tarot

Perséfone, a Sacerdotisa, é a governante invisível do misterioso e insondável mundo interior que a psicologia denomina inconsciente.

Portanto, aquela que nos autoriza a ingressar nesse território.

Pode ser entendida como nosso "guia" quando mergulhamos nos recessos mais profundos

de nosso psiquismo.

Escolhi-a para recepcioná-los e acompanhá-los em sua jornada pelos Arcanos do Tarot.

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Existem duas abordagens para o Tarot: a histórica, basicamente factual e concreta, e a

psicológica, basicamente arquetípica.

Tratarei aqui da segunda modalidade, pois acredito que o Tarot opera como uma espécie de

"espelho da psique", revelando os aspectos inconscientes da pessoa que o consulta.

Da mesma forma, existem várias versões do Tarot e tenho estudado algumas delas ao longo dos

anos. Entretanto, tenho uma preferência muito especial pelas cartas do "Mythic Tarot" de Juliet

Sharman-Burke e Liz Greene, pois congregam duas grandes paixões: o Tarot e a Mitologia Grega.

O Mito descreve padrões da vida por meio de parábolas, histórias e representações iconográficas.

A mitologia grega é um exemplo vivo da eternidade e sofisticação da essência do homem.

Origens do Tarot

O Tarot Mitológico

Os Arcanos Maiores

Os Arcanos Menores

Tipos de Leitura

Bibliografia

O TAROT

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Origens

A Viagem

Significado Básico das Cartas

Origens

As origens das cartas do Tarot são muito vagas e obscuras, a despeito da vasta literatura a respeito.

Ninguém sabe dizer ao certo de onde vieram ou como chegaram até nós. Das diferentes histórias

que contam sobre sua criação, a mais difundida é a de que o Tarot remonta ao Antigo Egito.

A Lenda do TAROT

Conta-se que em uma época que o tempo já esqueceu, uma gloriosa civilização do antigo Egito, no

ápice de seu desenvolvimento, enfrentou um perigo que culminaria em sua total destruição.

Um grupo de Sacerdotes, prevendo a queda de sua civilização e temendo a perda de todo o

precioso desenvolvimento e conhecimento conquistados até então, decidiu que deveria encontrar

uma maneira de preservá-lo, perpetuando-o para as futuras gerações.

Iniciou-se dessa maneira um imenso debate envolvendo todos os sábios da civilização, que durou

dias e dias. Após muito discutir, um dos sábios deu a sua sugestão: que se inscrevesse todo o

conhecimento nas paredes de seus templos e edifícios, fazendo que, quando outros povos

encontrassem as cidades pudessem aprender com as inscrições.

Ouvindo isso os outros sábios salientaram que paredes podem ser derrubadas, e isso acontecendo,

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tudo se perderia!

Após esse insucesso, continuou o debate quando outro sábio manifestou-se: recrutariam das

civilizações vizinhas os dez habitantes mais inteligentes e após longo e rigoroso treinamento

secreto, estariam prontos para transmitir toda a sabedoria aprendida a outros, independente da

morte dos magos a sua cultura estaria salva. Novamente os outros sábios apontaram que o ser

humano sempre subverte e adultera o que aprende, e que depois de algum tempo o conhecimento

estaria irremediavelmente perdido.

E assim o debate prosseguiu na busca desesperada de uma solução viável. Finalmente, o mais velho

e experiente entre eles, que ainda não havia se manifestado, perguntou aos demais qual era a única

faceta humana que nunca desapareceria da face da Terra.

Um bom tempo passou e, como ninguém se manifestou, ele próprio concluiu: "O vício é uma

vertente intrínseca ao homem e nunca sairá do nosso meio, portanto, façamos um livro que

contenha toda a essência universal e que tenha a forma de um jogo. Enquanto a humanidade

exercitar sua compulsão competitiva aprenderá intuitivamente os segredos da vida e,

conseqüentemente, desvendará os mistérios de sua existência!"

Assim, todos chegaram à conclusão de que a única maneira realmente eficaz de preservar

sabedoria através dos tempos, seria por intermédio do jogo de cartas. Desse modo, sintetizaram

todo o antigo conhecimento, em forma simbólica, nas lâminas dos Arcanos Maiores e Menores do

Tarot.

Essas cartas, contendo figuras humanas, de animais, cores e símbolos, ao serem estudadas por

pessoas sérias e envolvidas com as ciências ocultas, os chamados iniciados, permitiriam o resgate

da antiga sabedoria.

O Baralho do TAROT

O Tarot é um baralho composto de 78 lâminas, dividido em 2 grupos principais: os Arcanos Maiores

e os Arcanos Menores. O primeiro grupo é composto por 22 lâminas numeradas de 0 a 21 ou de 1 a

22 e, o segundo, composto por 56 lâminas, distribuídas em 4 naipes (Copas, Paus, Espadas e Ouros

), cada um com 14 lâminas, dispostas de Ás a 10, acompanhadas das figuras do Rei, Rainha,

Cavaleiro e Pajem. As lâminas são ilustradas com o simbolismo universal, relacionadas às imagens

arquetípicas. Não existem lâminas positivas ou negativas. Cada lâmina é adequada ao padrão de

consciência do ser humano.

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A palavra Arcano, foi criada pelo médico e alquimista Paracelso. O termo em latim, Arcanum,

significa oculto ou misterioso, evocando a idéia de um conteúdo hermético que precisa ser

revelado.

Podemos entender o tarô como um alfabeto simbólico para orientar o homem em sua jornada.

A Viagem

Acredita-se que a seqüência de cartas descreve diferentes estágios de uma viagem. A viagem

arquetípica da vida, que na realidade é a nossa grande viagem interior. No Tarot, ela é realizada

pelo Louco, conforme sintetizamos abaixo:

"O Caminho do Louco"

Adaptado do Livro de Roberto Caldeira

Há muito tempo atrás, num reino distante, um bobo da corte fora deposto de seu cargo por ter

ofendido o Rei, num de seus números apresentados para a corte. Sem saber o que fazer de sua vida

dali por diante e muito confuso pegou seus pertences, amarrou numa pequena trouxa e partiu.

Caminhou muito tempo sem saber que rumo seguir, até que, exausto, parou à beira de um

precipício e começou a pensar..."O que fazer da minha vida?"...

Foi quando viu uma borboleta voar perto de si e sorriu... pois nesse momento encheu-se de

energia e resolveu não mais saltar no precipício mas sim encontrar um meio de sobrevivência, e

mais do que isso, iria buscar seu próprio caminho! Se aquela pequena borboleta, colorida, havia lhe

ensinado uma lição, dessa mesma maneira reconstruiria tudo aprendendo com todos aqueles que

haviam passado por sua vida! E assim, começou a relembrar todas as suas lições:

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O Mago lhe ensinara a começar tudo de cabeça erguida, com liderança e

força de vontade; ser um buscador e almejar realizações, tendo sempre à

mão todos os elementos necessários : o sentimento, a razão, o espírito e a

prática do que desejasse;

A Sacerdotisa lhe mostrara que a reflexão é muito importante para a sua vida

e que às vezes a passividade é uma postura inteligente, pois traz

tranqüilidade e sabedoria, flexibilidade e concessão;

A Imperatriz dissera que com criatividade e iniciativa qualquer pessoa pode

conseguir o que é desejado. Não basta querer, deve-se criar e agir para

movimentar essa vontade;

O Imperador mostrara que para conseguir dominar um reino é necessário

organizar-se, ter rigidez para os momentos difíceis e criar estrutura firme

para poder abrigar seus ideais com responsabilidade;

O Papa lhe ensinou que a religiosidade com consciência pode trazer a

sabedoria e que os dogmas não são de todo ruins se souber usá-los com

cautela e na hora propícia;

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Os Enamorados lhe passaram a lição de que sem opção a vida fica mais difícil

e que não há como fugir das decisões a serem tomadas... Alertaram-no de

que, desde que se opte por um caminho, obtém-se a proteção dos céus, mas

é preciso fazer a opção;

O Carro lhe mostrou que esse caminho escolhido pode ter obstáculos, pode

se bifurcar...mas nada disso importa, se quem o conduz está altivo, ereto e

seguro de que atingirá suas metas, sabendo que esses obstáculos fazem

parte da trilha escolhida;

A Justiça disse que para ser verdadeiramente justo é preciso ser imparcial,

saber usar das próprias armas e fazer uso de sua espada apenas para

defender-se. Para isso é preciso dosar muito bem seus próprios valores, a fim

de não se corromper nessa jornada;

O Eremita lhe falara que para caminhar nas noites escuras ele precisaria de

uma luz e que esse lume não precisaria ser forte, mas apenas clarear cada

passo que desse. Por isso, com um cajado (sua sabedoria) e uma lanterna

(sua personalidade , sua essência) iria até os confins do Mundo;

A Roda da Fortuna mostrara os ciclos da vida, as instabilidades que as

pessoas se sujeitam quando não são o seu próprio eixo. Ensinou-lhe que as

fases fazem parte do cotidiano interno e externo, por isso é importante

reconhecê-las para poder aprender e assim modificá-las;

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A Força passou-lhe o ensinamento de domínio sobre os medos, dúvidas e

incertezas. Mostrou-lhe que fazem parte da vida e geram a prudência e a

experiência! Não estão ali para proibir e impedir o caminhar... Por isso, lidar

abertamente com seus receios traz segurança e coragem para os dias mais

turbulentos;

O Enforcado lhe ensinara a buscar espiritualidade, sempre, para não precisar

estagnar e ficar sem vontade de seguir sua real vontade;

A Morte dissera-lhe que existiria o recomeço e a transformação apenas

quando abandonasse o que teve e o que foi anteriormente... o passado deve

ficar para trás e o reinício se dá apenas quando há disposição de caminhar em

frente , tendo certeza de que o novo será sempre melhor que o velho;

A Temperança falara que o domínio da emoção e da razão está na fé, que

movimenta e engrandece a vida... a fé em si mesmo para poder viver o

equilíbrio interno;

O Diabo mostrara que os Homens têm valores muitas vezes perigosos, que o

poder pode corromper, o materialismo e a vaidade podem ser armas nas

mãos de um indivíduo e por isso, deve-se usar a experiência para não

confundir crescimento com ganância;

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A Torre demonstrou-lhe que tudo o que é construído em base fraca um dia

cairá ou romperá e que, com essas rupturas, se aprende a calcar alicerces

mais firmes na vida;

A Estrela falara que a pureza dos sentimentos e da vida está no fato de

aceitar quem se é e não ter vergonha de si mesmo, mostrando-se sempre

limpo e transparente;

A Lua mostrara suas maravilhas abrigadas no inconsciente, lembrou que os

homens não vivem sem a magia e que as conexões com a natureza interna e

externa devem ser sempre muito respeitadas;

O Sol falara que não se caminha sem a criança interior, que nos ensina a cair e

levantar, a sorrir sem precisar de motivo e a viver com amor incondicional

dentro e fora do coração;

O Julgamento demonstrou que na vida é preciso vocação, é preciso um toque

de sobrenatural, é preciso se questionar para se conhecer e conhecer a

Verdade;

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O Mundo o relembrara que Deus quer todos os seus filhos felizes e que

plenitude traz realizações para quem deseja trilhar um Caminho com o

coração...

E assim, o Louco recomeçou sua jornada, renovado, feliz e consciente...

sabendo que tinha muito a fazer dali pela frente, mas que sendo seu melhor

companheiro não desistiria de viver jamais...

Significado Básico das Cartas:

O Mago O Começo

A Sacerdotisa A Intuição

A Imperatriz O Intelecto

O Imperador O Poder

O Papa A Responsabilidade

Os Enamorados A Indecisão

O Carro O Domínio

A Justiça O Equilíbrio

O Eremita A Sabedoria

A Roda O Movimento

A Força A Vitória

O Enforcado A Acomodação

A Morte A Transformação

A Temperança A Moderação

O Diabo A Ambigüidade

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A Torre A Ruptura

A Estrela A Esperança

A Lua A Ilusão

O Sol A Realização

O Julgamento O Renascimento

O Mundo A Recompensa

As imagens utilizadas pertencem ao Tarot Rider-Waite

O Tarot Mitológico

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No Tarot Mitológico as cartas são redesenhadas de acordo com os deuses da

mitologia grega. Amorais, embora paradoxalmente trazendo profundas

verdades morais, as divindades gregas antecederam e permearam quase

todos os símbolos religiosos da cultura judaico-cristã, assim como a arte e a

literatura de todo o Ocidente.

Permanecem como as imagens mais precisas e fundamentais para descrever

os muitos ângulos e nuanças que operam na psique humana. São símbolos da

natureza humana, nossa própria natureza com sua profunda ambivalência de

corpo e alma e seus impulsos mutuamente contraditórios com relação à auto-

realização e à inconsciência.

As imagens míticas são quadros, figuras ou representações espontâneas,

provenientes da imaginação do homem, que descrevem em linguagem

poética as experiências fundamentais e os padrões do seu desenvolvimento.

A Psicologia moderna usa o termo "arquétipo" para descrever esses padrões

que são universais e existem em todas as pessoas de todas as civilizações e

culturas, em todos os períodos da História.

O nascimento, por exemplo, é uma experiência arquetípica, mas também é

uma experiência psicológica, pois toda vez que começamos algo novo, ou

entramos em uma nova fase da vida, existe o sentido de nascimento. Assim

também é a experiência da morte, pois a cada vez que mudamos ou

terminamos alguma coisa, existe o sentido da morte.

As ligações entre os fatos de nossa vida cotidiana e o Tarot não existem

porque as cartas sejam mágicas, mas sim porque há um significado associado.

É o que queremos dizer com o nascimento e a morte como experiências

internas e externas.

Deparamo-nos com essa experiência em diferentes níveis e em diferentes

momentos da vida e, dessa maneira, sempre haverá uma carta do Tarot que

poderá descrever cada uma delas e que irá aparecer misteriosamente num

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jogo, sem qualquer motivo aparente, num momento em que estejamos

experimentando, talvez interiormente aquela situação arquetípica.

Assim, o Tarot opera como uma espécie de "espelho da psique". A natureza

arquetípica das imagens aciona um reflexo no intérprete, que vislumbra uma

espécie de insight em relação ao consulente, revelando padrões arquetípicos

ou forças que atuam em sua vida naquele momento.

Os Arcanos Maiores

(Osho Tarot)

As 22 cartas dos Arcanos maiores compõem uma série de imagens que descreve

diferentes estágios de uma viagem.

É a viagem da vida, que todos os homens fazem, desde o nascimento, percorrendo a

infância sob a proteção dos pais; depois passando pela adolescência, com os amores,

conflitos e rebeldias; mais tarde, pela maturidade, com seus desafios éticos, morais, suas

perdas e crises, desespero e transformação, para em seguida despertar com esperança

renovada, até chegar à vitória e à realização do objetivo, que, por sua vez, conduz o

homem para uma outra viagem.

As mudanças internas durante esse percurso precipitam acontecimentos externos que

por sua vez estimulam as mudanças internas.

A viagem dos Arcanos Maiores é, na realidade, a viagem do Louco, a primeira das 22

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cartas, que emerge da caverna maternal e se lança no desconhecido. Todas as cartas dos

Arcanos Maiores são ritos de passagem, estágios e processos dinâmicos pelos quais o

Louco caminha em sua jornada de crescimento e aprendizagem.

Ao final da jornada, ele começa outra, pois a cada objetivo atingido, surge uma nova

meta, uma outra proposta a ser seguida, pois semre há um novo ideal, um novo sonho

pelo qual batalhar, um novo ciclo que prepara para algo ainda maior.

Os Arcanos Maiores do Tarot Mitológico

O Louco

O Mago / A Papisa / A Imperatriz / O Imperador

O Hierofante / Os Enamorados / O Carro / A Justiça

O Eremita / A Roda / A Força / O Enforcado

A Morte / A Temperança / O Diabo / A Torre

A Estrela / A Lua / O Sol / O Julgamento

O Mundo

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Encontramos o herói de nossa jornada, Dionísio, o deus misterioso chamado de

O Que Nasceu Duas Vezes, filho de Zeus, deus dos deuses e da mortal Sêmele,

princesa de Tebas. Hera, esposa imortal de Zeus, enfurecida com sua

infidelidade disfarçou-se de ama-seca e foi ter com Semele, ainda grávida,

persuadindo-a a pedir a Zeus que se mostrasse em todo seu esplendor e glória

divina. Zeus que prometera nada negar a Semele, atendeu ao pedido e ela, não

suportando a visão do deus circundado de clarões, caiu fulminada. Zeus

apressou-se a retirar a criança que ela gerava e ordenou que Hermes, o

mensageiro dos deuses a costurasse em sua própria coxa. Assim, ao terminar a

gestação Dionísio nasceu perfeito. Hera recorreu aos Titãs, ordenando que

matassem a estranha criança de chifres. Zeus intercedeu novamente e colocou

seu coração que ainda batia em uma poção, dando-a de beber à Perséfone,

futura esposa de Hades, que engravidou e deu à luz novamente a Dionísio.

No nível psicológico, O Louco, configura a imagem do impulso misterioso dentro

de nós, aquilo que nos impele para o desconhecido. Diôniso, representa o

impulso irracional que provoca a mudança, a abertura de caminhos e a ampliação

dos horizontes desconhecidos. Nosso lado conservador, observa horrorizado

esse espírito jovem e indomado que se prepara para saltar num abismo, sem um

mínimo de hesitação. Representa o impulso em direção à mudança, algo que

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surge do nada, que não possui base ou argumentação racional e tampouco foi

preparado ou projetado anteriormente. O louco está no início de sua viagem e,

sempre que somos acometidos pelo impulso misterioso que ele representa, nós

também nos colocamos no umbral de uma nova jornada. O louco é uma figura

ambivalente, pois não existe garantia, no início de cada viagem, de chegarmos a

salvo ou mesmo de chegarmos ao fim dela. Mas não começar a viagem seria

negar todo o potendial jovem e criativo que existe em nós mesmos.

No nível divinatório o Louco indica o advento de um novo capítulo da vida. Existe

o risco, mas também o desejo de saltar no desconhecido. O Louco é tão ambíguo

quanto Dionísio, pois jamais conseguiremos distinguir a percepção divina contida

no impulso do fato de estarmos agindo tolamente.

E entre a ambigüidade, a excitação e o temor, começa a grande jornada da vida

descrita pelos Arcanos Maiores do Tarô.

Arcanos Maiores

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Estamos diante de Hermes, o fiel mensageiro dos deuses. Filho de Zeus e a ninfa

Maia, a mais jovem das plêiades, chamada também de Mãe Noite. Hermes é filho

da luz espiritual com as trevas primordiais, suas cores, vermelho e branco,

refletem a mistura das paixões terrenas com a clareza espiritual. Hermes tinha o

dom da adivinhação, dado por seu irmão Apolo, quando ainda era jovem, o que o

tornou mestre dos quatro elementos - geomancia (adivinhação pela terra) -

piromancia (adivinhação pelo fogo - aeromancia (adivinhação pelo ar) -

hidromancia (adivinhação pela água).

No nível psicológico, o Mago representa o guia, significa que em algum ponto

dentro de nós, não importa o quanto estejamos perdidos e confusos,sempre vai

existir um vislumbre das profundezas do inconsciente para indicar-nos que

direção devemos tomar e que escolhas poderemos fazer. O Mago aponta para

os dons e para o potencial criativo, que ainda não se manifestou em nós. Pode

surgir como um pressentimento, uma intuição, ou uma sensação de sermos

empurrados a aceitar as novas oportunidades. Indica um momento de clareza e

de identificação das possibilidades inexploradas.

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Representada na figura de Perséfone, rainha das trevas, esposa de Hades e filha

da Mãe Terra Deméter. Perséfone estaria ligada à Hades eternamente, seu reino

era protegido pelo terrível cão de três cabeças, Cérbero e nenhum ser humano

podia invadir seus domínios sem a autorização de Hades. As almas dos mortos

não podiam atravessar o rio Estige, sem dar uma moeda a Caronte, o velho

barqueiro. E assim por ter comido a romã, Perséfone abriu mão da infância para

tornar-se a guardiã dos segredos e mistérios de seu sombrio domínio.

No nível psicológico, a Sacerdotisa é uma mulher espiritualizada, que revela

forças ocultas e segredos, dotando-nos com esse conhecimento, é a imagem do

elo com o misterioso e insondável mundo interior, que a psicologia denomina

como o "inconsciente". Esse universo contém nossos potenciais a serem

desenvolvidos, bem como as facetas mais primitivas e sombrias da nossa

personalidade.

A Sacerdotisa é a lei natural operando dentro das profundezas da alma, que

governa o desenrolar do destino a partir de um ponto invisível e que é apenas

revelado por meio do sentimento, da intuição e dos sonhos.

Ela indica a força da intuição do indivíduo e sugere que haverá um encontro com

o mundo interior.

O indivíduo pode estar sendo conduzido para esse mundo sem qualquer

explicação por intermédio de seu interesse pelas coisas ocultas, pelo esoterismo

ou, talvez, pelos efeitos de algum sonho perturbador. Enfim, por algo que de

alguma forma lhe diga que existem forças superiores que atuam na vida das

pessoas.

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Aqui nos encontramos com a Deusa Deméter, soberana da natureza e protetora

das criaturas jovens e indefesas. Ela regia os ciclos da natureza. Deméter é uma

deusa matriarcal, a imagem do poder das entranhas da terra, presidia a gestação

e o nascimento da vida nova. Ao saber de sua filha Perséfone ser raptada por

Hades, o sombrio senhor das trevas, Deméter enfurecida, ordenou que a terra

secasse, recusando-se em devolver-lhe a abundância.

No nível psicológico, a imagem de Deméter, a Imperatriz, reflete a experiência da

maternidade, que não está restrita apenas aos processos físicos de gestação,

nascimento e aleitamento, mas também à experiência interior da Grande Mãe,

ou seja: a descoberta do corpo como algo precioso e valioso e que requer muita

atenção.

É a conscientização de sermos parte da natureza e de estarmos ligados à vida

natural. E a apreciação em todos os sentidos dos prazeres simples da vida

cotidiana.

Se não tivermos a Grande Mãe dentro de nós, não poderemos gerar nada e não

seremos capazes de dar frutos, pois esse é o aspecto da natureza humana que

sabe ter paciência e sabe esperar com tranqüilidade até o momento em que as

coisas estejam maduras, quando então teremos condições de agir.

Sem ela, não poderemos gostar do nosso corpo e estaremos desligados do

sentido natural, colocando-nos num plano puramente intelectual e fantasioso,

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não respeitando os limites da realidade.

A Imperatriz, quando surge num jogo, indica a chegada de uma fase da vida mais

ligada às coisas terrenas. Um casamento, ou mesmo o nascimento de uma

criança podem estar prestes a ocorrer.

Pode significar o nascimento de uma criança com pendores artísticos e criativos;

contudo, também requer paciência e disposição por parte da Grande Mãe.

Por meio desta carta, poderemos estar no âmago do corpo e dos instintos, como

um local de paz e estagnação, de criatividade e limitação.

Estamos agora diante do grande ZEUS, deus dos deuses. Foi o filho mais novo do

Titã Cronos (tempo) e Réia. Contava a profecia a Cronos que um dia um de seus

filhos tomaria o seu lugar. Durante cinco anos seguidos, Réia deu à luz a filhos e

filhas, os quais Crono engolia tão logo nasciam. Réia não suportando mais a idéia,

ao saber que estava grávida de seu sexto filho, fugiu para a Arcádia, onde deu à

luz a Zeus, dentro de uma caverna. Mais tarde, Zeus tomou o lugar de seu pai e

estabeleceu o monte Olimpo, como morada dos deuses.

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No nível psicológico, Zeus , o Imperador, representa a experiência da

paternidade. É o pai que incorpora nossos ideais espirituais, nossos códigos de

ética e a auto-suficiência com a qual conseguimos sobreviver no mundo.É a

autoridade e a ambição que nos impulsionam a conseguir o que queremos, bem

como a disciplina e a antevisão de que precisamos para completar nossos

objetivos.

É o princípio masculino dentro de cada um de nós. Nesse momento, o Imperador

é o espírito, e não o corpo, que prevalece na instituição dos valores, em vez da

intuição natural requisitada em situações anteriores.

O Pai dentro de nós implica também o auto-respeito, pois é exatamente esse

aspecto de nossa personalidade que pode fazer uma escolha ou estabelecer um

princípio, para depois aceitar os desafios da vida.

O Imperador, indica o confronto com o princípio paternal, tanto em seu aspecto

positivo quanto negativo. Nesse momento somos desafiados a trazer algo à

tona, temos de concretizar uma idéia, fazer um plano, construir alguma coisa no

mundo. Como, por exemplo, abrir um negócio ou reestruturá-lo, ou mesmo

estabelecer vínculos familiares, como um noivado ou um casamento.

Arcanos Maiores

Page 22: Tarot Mitologico

Encontramos agora Quíron, rei dos centauros, autoridade espiritual e mestre de

todos os jovens heróis da mitologia. O centauro foi educado por Apolo e Ártemis,

e em virtude de sua sabedoria e profunda espiritualidade, foi sagrado rei dos

centauros e recebeu a incumbência de ensinar a todos os jovens príncipes das

famílias reais gregas, os valores espirituais e o respeito às leis divinas, antes

mesmo de serem iniciados nas artes marciais ou governamentais.

Quíron morreu após receber a visita de Hércules, que acabara de matar a Hidra

de Lerna, ao acidentalmente se ferir com a flecha envenenada com o sangue

venenoso da Hidra.

No nível psicológico o Hierofante representa a parte do ser humano que se eleva

às questões do espírito para compreender aquilo que Deus deseja de nós. Ele

simboliza o mestre espiritual dentro de cada um de nós, o intermediário que

estabelece a ligação entre a consciência terrena e o conhecimento intuitivo da lei

divina. É o intérprete que esclarece a natureza das leis que devemos seguir para

entrarmos em sintonia com o divino.

Quíron, o Hierofante, ao surgir num jogo, indica que o indivíduo está começando

a buscar algumas respostas de ordem filosófica. Esse questionamento pode se

traduzir no estudo aprofundado de alguma filosofia, ou de um sistema religioso,

ou crença, ou mesmo na forma de um profundo comprometimento com relação

ao sentido da vida.

Page 23: Tarot Mitologico

Estamos agora diante do príncipe troiano Páris, que recebeu de Zeus a

incumbência de presidir um concurso de beleza entre as três deusas: Hera,

Afrodite e Atena, Zeus decidiu que Páris, por sua enorme experiência com

mulheres seria o melhor juiz. Hera ofereceu-lhe o império do Mundo, Atena

prontificou-se a fazer dele o guerreiro mais valente, e Afrodite, despindo-se de

suas poucas vestes, ofereceu-lhe a taça do amor, prometendo-lhe por esposa a

mais linda jovem mortal. Páris além de não ter consciência ainda sobre os valores

morais e espirituais, escolheu Afrodite sem a menor hesitação. Sua recompensa

foi a famosa Helena, rainha de Esparta e, para seu azar, esposa de outro homem.

Assim foi conflagrada a famosa guerra de Tróia.

No nível psicológico, o julgamento de Páris, representa o primeiro grande desafio

na vida, para o desenvolvimento individual: o problema da escolha do amor.

O dilema não se restringe apenas a decidir entre duas mulheres ou entre dois

homens. Representa também nossos valores, uma vez que nossa escolha nos

remete ao tipo de pessoa que queremos nos tornar.

Sua escolha está vinculada a seus desejos e não à sua pessoa. Estamos aqui

diante do dilema: livre-arbítrio versus compulsão instintiva. A carta dos

Enamorados do indica a necessidade de escolha quase sempre no plano

amoroso.

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Algumas vezes a escolha está implícita num triângulo amoroso mas também

pode refletir o problema de um casamento precipitado, a escolha entre a carreira

e o casamento, ou mesmo entre um projeto mais criativo e outro mais concreto.

A carta diz respeito à necessidade de se olhar atentamente as implicações das

escolhas pessoais e não se deixar conduzir cegamente pelos impulsos, que

poderão trazer, a deflagração da própria derrota.

Encontramos agora ARES, o deus da guerra, alegrava-se nas lutas, seus

escudeiros Deimos (espanto) e Phobos (terror) acompanhavam-no em todas as

batalhas. Ares foi de muitas formas um deus repelido, pois estava associado aos

conflitos e derramamento de sangue. Entretanto Afrodite, impressionada pela

beleza e vigor do jovem guerreiro, não conseguiu deixar de compara-lo ao

marido, o deus ferreiro Hefesto, doente e aleijado, e apaixonou-se por Ares.

Depois dos prazeres do sexo, saciados e cansados, os dois adúlteros caíram em

sono. Surpreendendo-os Hefestos jogou uma rede sobre os dois e chamou todos

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os deuses para que servissem de testemunha do adultério.

No nível psicológico, O Carro é a imagem dos instintos agressivos guiados pela

vontade do inconsciente. Os cavalos que puxam o Carro, seguem em direções

opostas e simbolizam as ânsias animais e selvagens em conflito dentro de nós

mesmos, repletas de vitalidade e ao mesmo tempo sem a menor vontade de

operar em harmonia.

Essas forças devem ser trabalhadas com força e firmeza, mas não devem

ser reprimidas ou anuladas, pois, se o forem, perderemos toda a potência e

a força para sobreviver e vencer os obstáculos da vida.

O Carro num jogo indica o conflito e a luta, que, por sua vez, resultam em

crescimento e fortalecimento da personalidade.

É possível que a pessoa tenha de enfrentar não apenas a agressividade dos

outros mas os próprios impulsos e anseios agressivos. Esse conflito não

poderá ser evitado, mas deverá ser encarado com força e comedimento.

Page 26: Tarot Mitologico

Falamos de Atena, deusa da Justiça, filha de Zeus e Métis, deusa da prudência,

quando Métis ainda estava grávida, Urano previu que aquela criança seria mais

poderosa que o pai. Para impedir que a profecia se cumprisse, Zeus engoliu a

mulher antes da criança nascer. Logo depois, foi acometido de uma dor de

cabeça tão forte que quase o enlouqueceu. Para curá-lo, Hefestos o deus

ferreiro, abriu-lhe a cabeça com um machado de bronze, e da ferida aberta saltou

vestida e armada, Atena que soltou um grito de guerra triunfante. Mais tarde a

deusa tornou-se a filha favorita de Zeus, o que acarretou em inveja por parte dos

outro deuses.

No nível psicológico, A Justiça é a imagem do julgamento reflexivo e da

racionalização. Para os gregos, essa faculdade era divina, porque diferenciava o

homem do animal. Era livre para julgar os homens que, ao contrário dela, viviam

em comunhão com a natureza e com os animais.

O julgamento de Atena não tem por base o sentimento pessoal, mas a avaliação

imparcial e objetiva de todos os fatores contidos numa situação.

Seu julgamento se estrutura nos princípios éticos que servem de parâmetros

rígidos para qualquer escolha.

Sempre que a Justiça aparece num jogo, há a necessidade do pensamento

equilibrado e da tomada de decisão imparcial. E, assim como a espada de Atena,

a carta também tem dois lados.

Existem algumas circunstâncias em que a reflexão fria de Atena é idealista

demais e pode vir a destruir o calor e o aconchego de um relacionamento

pessoal. Sua espada pode cortar o coração com verdades gerais que não se

aplicam a uma situação específica.

Arcanos Maiores

Page 27: Tarot Mitologico

Agora nos encontramos com Cronos, o deus antigo cujo nome significa Tempo.

Conta a mitologia que Urano, O Céu e Géia (a terra), se uniram e produziram a

primeira raça, os titãs. Como deus do Tempo, Crono governou a passagem

ordenada das estações, do nascimento e do crescimento, seguido pela morte,

pela gestação e renascimento. Contudo, Crono não conseguia aceitar a própria

lei que havia estabelecido. Quando lhe foi dito que seria destronado da mesma

maneira que havia destronado o pai, começou a engolir os filhos para preservar o

seu reinado. Assim iniciou-se a história de Zeus.

No nível psicológico, Cronos, o Eremita, é a imagem da quarta e última lição

moral que o Louco deve aprender: a lição do tempo e das limitações da vida

mortal. Nada pode ir além do âmbito da própria vida e nada permanece

inalterado. Essa é uma faceta óbvia e simples da vida, cujo aprendizado nos

causa sofrimentoque a despeito da simplicidade e que só nos chega com a idade

e a experiência.

Cronos é um deus que encarna tanto o sentido do tempo como também se

rebela contra ele. E por isso é destronado e humilhado, devendo aprender

com a solidão e no silêncio da própria dor. A descoberta de que se está

realmente sozinho na vida constitui o dilema que todos os homens precisam

enfrentar.

A aceitação da própria condição é também, e de uma maneira misteriosa, a

Page 28: Tarot Mitologico

separação real dos pais e da infância porque significa o sacrifício da fantasia

de que, em alguma época, alguém, num passe de mágica, transformará a

aridez da existência em aconchego perpétuo. Somente a aceitação dessa

passagem é que poderá trazer as recompensas da Era Dourada de Cronos.

A carta de Cronos, o Eremita, indica um período de solitude, de exílio

voluntário das coisas mundanas, da agitação da vida, de forma a obtermos

paciência e sabedoria.

Esse momento representa a grande oportunidade de erguer e fortalecer a

personalidade se estivermos dispostos a esperar.

Neste momento nos deparamos com as três deusas do Destino, a quem os

gregos chamam de Parcas. As três teciam o fio da vida dos homens na escuridão

da sua gruta e seu trabalho não poderia ser desfeito por nenhum outro deus,

nem mesmo o poderoso Zeus. A partir do momento que o destino de um homem

estivesse tecido, nada mais poderia altera-lo. São protagonistas da lenda onde a

vida era representada por um fio, onde suas tesouras hábeis o cortavam,

Page 29: Tarot Mitologico

ocasionando a morte da pessoa.

A nível psicológico, as três Moiras , responsáveis pela Roda da Fortuna,

configuram a misteriosa e insofismável lei, que atua dentro do indivíduo. Essa

mesma lei invisível e desconhecida que determina as súbitas mudanças que por

sua vez, altera os padrões preestabelecidos da vida.

As quatro figuras humanas agarradas à Roda representam os vários estágios do

destino, pois toda vez que a vida muda não paramos para pensar no movimento

da Roda como causa da alteração, mas simplesmente nos preocupamos com

nossas próprias reações a tais mudanças.

A carta da Roda da Fortuna não significa simplesmente as mudanças bruscas da

vida, seja por acaso, sorte ou acidente. Por trás da Roda sempre estão as Moiras,

que planejam ordenadamente todas as mudanças da vida, ainda que atribuamos

tudo ao acaso.

A virada da Roda sempre traz o crescimento e inaugura uma nova fase da vida.

Não podemos saber o que nos espera, ou melhor, o que encontraremos.

Entretanto, por trás das mudanças estão as Moiras, a imagem do centro interno.

Page 30: Tarot Mitologico

Nos encontramos com Héracles, a quem os romanos chamam de Hércules, o

herói dos heróis, o invencível, o mais forte dos heróis gregos. Filho de Zeus e

Alcmena, uma mortal. Novamente o adultero marido provocou a ira de Hera, que

perseguia Héracles, a ele são atribuídos os doze trabalhos fantásticos. O primeiro

deles foi eliminar o Leão da Neméia, que tinha uma pele invulnerável. Ao atirar

suas flechas sobre o corpo do leão, estas caíam ao chão, sem efeito. O mesmo

acontecia com a espada e a clava, Héracles atracou-se com a fera e com o

esforços de seus músculos poderosos, estrangulou-a até a morte.

No nível psicológico, a luta de Héracles com o Leão de Neméia configura o

eterno problema de contermos a fera que mora dentro de nos, ao mesmo tempo

em que tentamos preservar as suas características primitivas, o instinto vital e

criativo. O leão, na mitologia, sempre esteve associado à realeza, mesmo quando

em sua forma mais destrutiva, e esse rei dos animais é a imagem do princípio

infantil, egocêntrico e totalmente selvagem presente desde o início da formação

de uma personalidade.

Essa invencibilidade está ligada ao sentido de permanência interior que surge a

partir do reconhecimento do próprio eu. Sempre que vestimos a pele do leão

derrotado por nós, as opiniões dos outros jamais terão valor, pois estamos

armados com a mais poderosa couraça, nossa própria identidade.

A carta da Força, ao aparecer num jogo, indica uma situação onde a colisão com

o leão interior é inevitável e onde a administração bem conduzida da própria

raiva é altamente benéfica.

A coragem, a força e a autodisciplina são necessárias para dominar a situação.

Page 31: Tarot Mitologico

Agora, encontramos Prometeu, o titã que desafiou as leis de Zeus e roubou o

fogo dos deuses para dá-lo aos homens. consciente que teria que arcar com as

consequencias. Ultrajado pelo roubo, Zeus decidiu aniquilar a humanidade com

uma inundação, como castigo aos que o ofenderam, pois não se tratava apenas

de orgulho ferido, pois com o domínio do fogo, os homens poderiam tentar

igualar-se aos deuses. A inundação durou nove dias. Prometeu preveniu seu filho

Deucalião contra o perigo, e ordenou que construisse uma arca, do décimo dia,

Deucalião ofereceu um sacrifício a Zeus, sensibilizado, o deus dos deuses

concordou com o pedido de renovar a raça humana, Prometeu porém foi

acorrentado ao monte Cáucaso e um abutre eternamente a comer-lhe o fígado

durante o dia, que renasceria à noite.

No nível psicológico, o Enforcado é a imagem do sacrifício voluntário em

benefício de um bem maior. O sacrifício tanto pode ser visível como uma atitude

interior, porém é feito consciente mente e com total aceitação do sacrifício que

poderá ser requerido.

Algumas pessoas não conseguem se adaptar e se agarram ao passado perdido.

Outras tornam-se amargas, desiludidas e culpam a vida, a sociedade e até mesmo

Deus por seus fracassos. Prometeu é o símbolo daquilo que dentro de nós

consegue antever e compreender que tais mudanças talvez sejam necessárias

Page 32: Tarot Mitologico

para o desenvolvimento de algum desígnio superior que ainda não se

manifestou.

O Enforcado indica a aceitação da espera na escuridão. Prometeu está suspenso,

torturado pela ansiedade e pelo medo de que seu sacrifício seja em vão.

Essa carta indica a necessidade do sacrifício voluntário com o propósito de

atingir algo muito mais valioso. Pode ser o sacrifício de algo material que nos

traga segurança em beneficio do potencial que pode ser desenvolvido. Ou então

o sacrifício de uma postura de superioridade intelectual, ou de ódio incontido, ou

de teimosia em perseguir uma fantasia inatingível.

Arcanos Maiores

E nesse momento, nos vemos diante do sombrio deus Hades, senhor das trevas.

Hades também era chamado de O Invisível e Plutão. Assim que Zeus tomou o

poder, deu a Hades o reino das trevas como parte de sua herança, onde era

senhor absoluto. Sempre que vinha à superfície, seu elmo o tornava invisível,

Page 33: Tarot Mitologico

para que não pudesse ser visto por nenhum mortal. Suas leis eram irrevogáveis,

uma vez que a alma entrasse para o reino de Hades, nem mesmo Zeus poderia

tirá-la dali.

No nível psicológico, Hades, o Senhor da Morte, é a configuração da finalização

definitiva de um ciclo de vida. Sempre que mudamos, uma nova atitude ou novas

circunstâncias podem ocorrer, morre a postura antiga, que jamais voltará a sua

forma original. Dessa maneira, Hades é o símbolo daquilo que experimentamos

com todos os finais. Ele indica o luto, a dor que sempre acompanha um término,

tão necessário para podermos começar um novo ciclo.

A carta da Morte não significa necessariamente uma finalização ruim. A

experiência do final inivitável pode estar ligada a fatos completamente

agradáveis, como o casamento ou o nascimento de uma criança, porque tais

acontecimentos não apenas indicam o início de algo novo como também indicam

a morte de uma antiga forma de vida, e assim a perda deve ser reconhecida e

lamentada.

Essa carta indica que algo deve terminar. Se essa experiência será dolorosa ou

não, depende da capacidade da pessoa em aceitar e reconhecer a necessidade

dos fechamentos, ela pode anunciar a oportunidade de uma vida nova, desde

que consigamos abrir mão da antiga.

Page 34: Tarot Mitologico

Agora, encontramos Íris, a deusa do arco-íris e mensageira de Hera. Íris

representa o lado feminino de Hermes. Sempre que Hera ou Zeus desejavam

transmitir seus desejos aos mortais, era sempre Íris quem descia à Terra, tomada

de uma forma humana ou ainda de uma linda mulher alada. Podia caminhar pelas

águas e até mesmo as portas do mundo das trevas se abriam para ela, quando

Zeus pedia que reabastecesse sua taça de ouro com as águas do rio Estige.

No nível psicológico, A Temperança representa a segunda lição que o Louco deve

aprender para construir uma personalidade estável, ou seja, o coração

equilibrado. Está intimamente ligada à função do sentimento, que é diferente

daquilo que chamamos de emoção, pois esta é uma reação visceral a uma

situação, ao passo que aquele é a escolha refletida de um afeto.

A função do sentimento é uma constante variação entre os opostos, uma

cuidadosa percepção das necessidades de uma situação específica com o

objetivo de atingir a harmonia. Por isso, Íris derrama sem cessar água de uma

taça para outra porque o sentimento precisa fluir constantemente para se

renovar de acordo com as necessidades de cada momento.

Entretanto, sua finalidade principal serve aos propósitos do âmago feminino

mais que aos do masculino, e quaisquer que sejam as reações mutantes do fluxo

até mesmo a raiva e o conflito , a meta será sempre a cooperação, a harmonia e

um relacionamento melhor.

A Temperança num jogo indica a necessidade de um redirecionamento no fluxo

dos sentimentos e dos relacionamentos. Íris, a guardiã do Arco Íris, recomenda a

harmonia e a cooperação como condições necessárias a um bom relacionamento

ou a um casamento feliz. É que nesse momento, somos desafiados a equilibrar

nossos corações.

Page 35: Tarot Mitologico

E agora nos encontramos com Pã, deus dos pastores e dos rebanhos, eram filho

de Hermes e da ninfa Dríope. Dizem que era tão feio ao nascer, que a mãe em

desespero e medo, fugiu e Hermes o levou para o Olimpo para divertimento dos

deuses. Uma vez perseguiu a casta ninfa Sirige até o rio Ládon. Ali chegando,

para fugir dos abraços de Pã, a ninfa se transformou num feixe de caniços. Pã

então cortou os caniços e inventou a flauta de sete tubos, que ainda hoje é

chamada de Flauta de Pã. É de seu nome que deriva a palavra Pânico, pois o

irreverente deus se divertia assustando os caminhantes solitários das florestas

com gritos assustadores.

No nível psicológico, Pã, o Diabo, representa a servidão aos instintos da

Natureza. Sua imagem dentro de nós sugere algo que tanto podemos temer

como nos encantar, ou seja, os impulsos sexuais e animais, por sua natureza

compulsiva. Essa carta indica que Pan não morreu, mas que na realidade foi

relegado aos confins do nosso inconsciente, representando tudo aquilo que

tememos, odiamos e desprezamos em nós mesmos e que, ao mesmo tempo, nos

escraviza por meio desses temores e desgostos.

A carta do Diabo implica em bloqueios e inibições - quase sempre de ordem

sexual e a necessidade de confrontação com tudo o que está oculto e

vergonhoso na base da personalidade.

Page 36: Tarot Mitologico

Nesse momento nos deparamos com o famoso Labirinto de Minos, destruído por

um terremoto quando o irado Poseidon surgiu das águas para deitar abaixo o

reino. Minos era o poderoso rei de Creta. Ganhou seus poderes de Posseidon,

deus dos terremotos e do Oceano, em troca de oferecer-lhe em sacrifício um

maravilhoso touro branco, mas Minos não quis se desfazer de seu belíssimo

animal e ofereceu-lhe um touro inferior. Posseidon, ultrajado, solicitou a Afrodite

que Pasífae, esposa de Minos, fosse consumida por enorme paixão pelo touro.

Para satisfazer seus desejos com o touro, Pasífae solicitou a Dédalo que

confeccionasse uma vaca de madeira, e adentrou o animal de madeira; o touro

branco, então, penetrou Pasífae e dessa união entre a rainha e o animal nasceu o

Minotauro, metade homem, metade touro, que foi enclausurado no labirinto de

Creta.

No nível psicológico, a Torre partida pelo deus retrata a destruição de antigos

padrões. Ela é a única estrutura construída pelo homem presente nos Arcanos

Maiores, e exatamente por isso representa as estruturas tanto internas como

Page 37: Tarot Mitologico

externas que construímos para servirem de defesa contra a vida e como

esconderijo para os aspectos negativos e menos agradáveis de nossa

personalidade. De um modo geral a Torre é a imagem das fachadas socialmente

aceitáveis que adaptamos para esconder nossa fera interior. Ela é a estrutura dos

falsos valores ou daqueles já superados , daquela postura diante da vida que não

se origina do ser como um todo, mas que vestimos como a roupa de um

determinado personagem de uma peça, apenas para impressionar a platéia. A

Torre também representa as estruturas que construímos no mundo externo para

completar o nosso eu incompleto.

Num jogo ela prenuncia a quebra ou o rompimento de formas e estruturas

vigentes.

Essa carta da mesma forma que a Morte e o Diabo, depende muito da atitude do

indivíduo frente às dificuldades e ao sofrimento numa separação.

Contudo, a Torre cairá ainda assim independente de nossa vontade, não por

causa de obra do destino, mas porque algo dentro do indivíduo atingiu o ponto

de ebulição e já não pode ser contido.

Arcanos Maiores

Page 38: Tarot Mitologico

Nesse momento nos deparamos com Pandora, que segundo a mitologia grega,

foi quem abriu a caixa que Zeus havia dado à humanidade, libertando todos os

males. Antes da enchente, sua ira era mais branda, mas ainda não aplacada. Zeus

ordenou a Hefesto, o deus-ferreiro que fabricasse com barro e água, um corpo

para que fosse concedidos a força vital e voz, e que essa jovem virgem fosse tão

linda quanto os deuses imortais, todas as divindades lhe concederam dons

especiais e a criatura recebeu o nome de Pandora. Foi enviada a Epimeteu, irmão

de Prometeu junto com uma enorme arca. Pandora era tão fútil quanto

irresponsável, e assim abriu a tampa da caixa, pela qual escaparam os males que

Zeus havia recolhido, espalhando-se pela Terra e contaminando a Humanidade.

No nível psicológico, a imagem de Pandora e a Estrela da esperança, são

simbolos de uma parte do ser humano, que a despeito das frustrações e

desapontamentos, da depressão e das perdas, ainda tem forças para se agarrar

ao sentido da vida e ao futuro que poderá superar a infelicidade do passado. Ela

não representa apenas a convicção nos planos futuros, ou a solução dos

problemas individuais, ou somente a estrela-guia.

A Estrela é uma carta de espera, pois a esperança é uma tênue luz que brilha e

nos guia, porém não dissipa a escuridão da vida.

A esperança é algo profundo e misterioso, pois parece transcender qualquer

experiência que a vida nos ofereça sob a forma de catástrofe .

Sempre que a Estrela surgir é indício de esperança, de fé em meio às

atribulações.

Porém, a esperança também pode ter duplo sentido de prevenir contra a fé cega

que não contém nenhuma ação.

Page 39: Tarot Mitologico

E agora, estamos diante de Hécate, deusa das Trevas, soberana da Lua. Filha de

Zeus e Hera, despertou a ira de sua mãe ao roubar-lhe um pote de carmim. Fugiu

para a terra e escondeu-se na casa de uma mulher que acabara de dar à luz a uma

criança. Esse contato tornou-a impura e foi então levada até as trevas para ser

purificada. Lá chegando, tornou-se uma das rainhas daquele reino, sendo

chamada de Rainha Invencível, presidindo todos os rituais e cerimônias de

purificação e expiação. Como deusa do encantamento, enviava os demônios até

a terra para atormentarem os homens por meios do sonho. E assim, Hécate se

configura como uma das imagens mitológicas mais antigas, presidindo os ritos

mágicos, os nascimentos, as mortes, as trevas e o destino.

No nível psicológico, Hecate, a deusa da Lua , representa as profundezas fluidas

do inconsciente e a experiência do imenso oceano do inconsciente coletivo. Ela

representa um progresso na compreensão e na experimentação do mundo

inconsciente.

É a partir desse reino oceânico da imaginação humana que os grandes mitos e

símbolos religiosos ou mesmo as grandes obras de arte são produzidos ao longo

dos séculos. Esse é um mundo caótico, sem fronteiras, do qual o indivíduo

representa, em sua viagem pessoal na busca de identidade, apenas uma pequena

parte.

Page 40: Tarot Mitologico

O encontro com a Hecate , a deusa da Lua, é o confronto com um mundo

transpessoal, onde os limites individuais estão diluídos, onde o ego e o sentido

de direção ficam perdidos.

É como se tivéssemos que esperar submersos nas águas desse mundo até que

novos potenciais pudessem emergir e se transformar em nosso futuro.

A carta da Lua é a carta da gestação , cheia de conflitos, de ansiedade e de

confusões, de flutuações e de incertezas.

Estamos a beira do inconsciente e não podemos faze nada além de esperar e nos

agarrar às imagens dos sonhos com uma vaga sensação de esperança e fé.

Nesse momento, estamos diante do radiante Apolo, cavaleiro do Olimpo, senhor

da profecia, da música e do conhecimento. Era filho de Zeus e Leto, a deusa da

Noite. Apolo, armado, partiu em busca de um lugar para erigir seu santuário. O

lugar escolhido foi a garganta de uma montanha que servia de morada para a

terrível serpente Píton, a besta enviada por Hera - como sempre enfurecida pelo

Page 41: Tarot Mitologico

ciúme - para destruir Leto, a mãe de Apolo. Apolo matou a serpente e deu o

nome de Delfos ao seu santuário. Ali estabeleceu seu oráculo. Era porém uma

divindade traiçoeira, pois seu oráculo falava duas línguas e era muito vago. Assim

suas flechas podiam tanto acertar monstros perigosos como também os

homens. Por isso era considerado deus da morte súbita.

No nível psicológico, Apolo, o deus-sol, é a representação da força do consciente

para dissipar a escuridão. Tal como Hecate, que sob o nome de Ártemis foi a irmã

gêmea de Apolo na mitologia, o deus personifica algo maior do que a capacidade

individual de obter conhecimento e clareza de idéias. Ele é a imagem da ânsia

pela consciência presente na vida de todos, sendo conseqüentemente, o

complemento natural.

Apolo surge para dissipar todo medo e angústia e eliminar todas as sombras e

dúvidas com seus raios de luz.

A carta do Sol simboliza o espírito indomável que sempre lutou contra as

superstições, a ignorância, o conformismo e contra a servidão ao fatalismo e ao

desespero.

Luz em demasia pode ofuscar o saber e destruir prematuramente o tempo

necessário e a penumbra em que as coisas devem ser geradas. O calor do Sol

intenso pode sufocar. Pois ele não respeita as leis da natureza.

Essa carta indica um período de clareza otimismo e de confiança renovada. Nesse

momento, pode-se compreender as estruturas, planejar o futuro e seguir

adiante.

Page 42: Tarot Mitologico

Estamos nos aproximando do final do ciclo dos Arcanos Maiores e nesse

momento reencontramos Hermes, que se revela agora como entidade do munda

das trevas, emissário de Hades. Hermes como mensageiro dos Deuses, podia

liberar heróis, como Teseu que entrou no reino de Hades, tendo sido

aprisionado. Também guiou Orfeu pelo reino da escuridão para libertar sua

esposa perdida, Eurídice. Então a figura de Hermes na carta do Julgamento, não

é apenas o Guia, mas também o Convocador, aquele que conduz as almas dos

mortos para a prestação de contas e que os encaminha para a nova vida.

No nível psicológico, O Julgamento reflete o processo que ocorre em

determinados momentos críticos da vida, ou seja, uma somatória de experiências

passadas que se juntam para compor um grande mosaico. Representa também

as conseqüências daquelas experiências e a necessidade de compreendê-las e

aceitá-las.

Essa somatória não é uma função intelectual propriamente dita, mas uma

espécie de "cozimento", de amadurecimento dos ingredientes "turvos" do

inconsciente.

É o chamado para que o morto desperte para as várias decisões e ações que

realizamos, juntando todos os frutos e fazendo a colheita.

A carta do julgamento prenuncia o período da recompensa pelos esforços

Page 43: Tarot Mitologico

empreendidos anteriormente, mas sendo uma carta ambígua, pode também

indicar o confronto perturbador com nossas próprias traições e fugas. A

recompensa pode nem sempre ser agradável.

Arcanos Maiores

Nesse momento, encontramos Hermafrodito, filho de Hermes e Afrodite.

Hermafrodito nasceu homem, posteriormente adquiriu o outro sexo. Após seu

nascimento ilícito, Afrodite confiou-o às ninfas do monte Ida, nas florestas da

Frígia. Certa vez ao banhar-se numa lagoa, foi observado pela ninfa Sálmacis, que

impressionada pela sua beleza, passou a persegui-lo. O jovem queria escapar e a

ninfa desesperada, suplicou aos deuses que nunca mais se separassem e

imediatamente os corpos se uniram, tornando-se um só.

Os quatro emblemas que circundam sua imagem, pertencem às quatro

divindades - Afrodite, Zeus, Atena e Posseidon. Esses símbolos são: a taça do

Page 44: Tarot Mitologico

amor, o bastão da imaginação, a espada do intelecto e pentáculo da realização

material, símbolos que deram origem aos arcanos menores. A serpente que o

circunda é a serpente do Mundo, que compreende a força primordial instintiva

da vida, sempre a se devorar e a se criar.

No nível psicológico, o Mundo é a imagem da experiência de sermos inteiros,

completos. Masculino e feminino representam muito mais do que simples

identificações dos órgãos genitais. São as grandes polaridades que circundam

todos os opostos da vida.

Ele se realiza em razão das várias experiências dessa viagem dos Arcanos

Maiores que conduzirão o indivíduo à totalização do próprio ser: as qualidades

do cuidado maternal e do código de ética paternal, da intuição e da expressão

física, da mente e do sentimento, do relacionamento e da solitude, do conflito e

da harmonia, do espírito e da matéria.

Todos estes opostos que continuamente lutam dentro de nós e que, justamente

por causa dessa grande batalha conseguem aperfeiçoar nossa personalidade,

estão contidas na carta do Mundo, unidos, convivendo harmonicamente dentro

do grande círculo da Serpente, que simboliza a vida eterna.

Essa carta implica num período de realizações e de totalização. É o momento de

sucesso, da finalização positiva de um processo ou de uma questão; o instante

de alcançarmos um objetivo, de atingirmos um ideal pelo qual lutamos durante

muito tempo.

"E ao final de nossa jornada

Retornaremos ao ponto de partida

Sem reconhecermos a trilha já tão percorrida".

T. S. Eliot

Os Arcanos Menores

Introdução

Naipe de Copas Naipe de Espadas

Naipe de Paus Naipe de Ouros

Page 45: Tarot Mitologico

Introdução

Page 46: Tarot Mitologico

Diferentemente dos Arcanos Maiores, os Menores evidenciam a idéia do cotidiano, da vida

diária ou "mundana". Identificados com o baralho comum de 52 lâminas, sua estrutura se

encontra apoiada nos 4 naipes (Copas, Ouros, Paus e Espadas), representados pelos 4

elementos, 4 planos do homem, 4 estações, 4 funções psicológicas.

Desse modo, os quatro naipes descrevem pictoricamente as experiências nas quatro

dimensões ou esferas da vida.

Cada naipe tem 14 lâminas, sendo que de Ás a 10, encontramos representados aspectos do

dia-a-dia, as preocupações e interesses do homem frente ao mundo moderno. Já as 4

figuras (Rei, Rainha, Cavaleiro e Pajem), apontam para tipos de personalidade ou para o

nível de excelência que adquirimos em cada nível, através das experiências.

Os Arcanos Menores detalham a experiência comum do homem, enquanto que os Maiores

dinamizam a visão holística, totalitária da alma. Através do Maiores, vemos o mundo por

um telescópio; pelos Menores, vemos o mundo através de um microscópio.

A partir do Ás, a aglutinação de força do naipe, partimos para a realidade que proporciona

a conscientização. No Ás, temos a matéria prima, o princípio vital, a força modeladora da

matéria. É um ponto de partida, mas também o propósito final de integração e equilíbrio

em nós mesmos.

Cada lâmina numerada, está relacionada à força simbólica do número. A sequência dá a

idéia de uma estória que vai sendo contada progressivamente, seguindo uma ordem bem

delineada e compreensível.

Cada quadro é um experiência a ser aprendida, superada ou conscientizada.

A cada naipe das cartas numeradas corresponde um Mito, descrito resumidamente

abaixo. A cada figuras de corte também corresponde um mito, entretanto não me

estenderei a eles.

O Naipe de Copas

O mito de Eros e Psiquê

Para as cartas numeradas do naipe de Copas, será abordado o mito de Eros e Psiquê, por ser uma história de

amor arquetípica cujo desenrolar compreende a maioria das experiências que encontramos em nossos

próprios relacionamentos.

Page 47: Tarot Mitologico

A lenda de Eros e Psiquê é a história da evolução e do amadurecimento dos sentimentos, e

a capacidade do indivíduo se relacionar com outra pessoa. De certo modo, representa uma

viagem, que gira em torno do coração.

Psiquê, que em grego significa "alma", foi uma princesa tão bela, que provocou ciúmes em

Afrodite e esta ordenou a Eros, seu filho, o deus do Amor, que se vingasse da pura beleza

da princesa.

Ao mesmo tempo, o oráculo exigiu que o pai de Psiquê amarrasse sua filha a um rochedo,

onde um monstro horrível a tomaria como esposa.

Eros, porém ao avistar a princesa, apaixonou-se perdidamente por ela e descuidando-se de

suas flechas, feriu-se com elas. Psiquê em seu rochedo, esperava resignada que sua

profecia se cumprisse, quando um vento suave a levou até um belíssimo palácio.

À noite, a princesa recebeu a visita de um ser misterioso, dizendo ser a pessoa que ela

estava destinada a casar-se. Psiquê não via seu rosto, mas seu toque era tão suave, sua voz

tão doce e suas palavras tão carregadas de ternura, que a princesa aceitou. E assim, todos

as noites celebravam o amor e perto do amanhecer, seu marido desaparecia, obrigando-a

a prometer que nunca tentaria ver seu rosto.

A princesa aceitou aquilo, porém suas irmãs, corroídas de inveja, lançaram dúvidas em seu

coração, dizendo que seu marido deveria ser horrível por não querer mostrar o rosto.

Tanto as moças falaram, que uma noite Psiquê acendeu uma lâmpada à óleo, disposta a

ver o rosto do misterioso homem com quem dormia todas as noites. Ao iluminar seu rosto,

viu ao seu lado, um jovem com a beleza dos deuses, Psiquê ficou tão aturdida com a

beleza do rapaz, que deixou cair a lâmpada, acordando seu marido.

Ao perceber as intenções de sua esposa, Eros recriminou-a, afastando-se para longe. O

palácio desapareceu e Psiquê viu-se levada de volta ao rochedo, assustada e sozinha.

Nadando, a princesa salvou-se, mas sempre perseguida pela deusa Afrodite, foi condenada

à uma série de castigos, entre eles descer até o reino de Hades, onde nenhum mortal tinha

autorização para penetrar.

Page 48: Tarot Mitologico

Eros emocionado com o arrependimento da princesa, a quem nunca deixara de amar

realmente, pediu licença ao deus dos deuses para desposá-la. Zeus então, ordenou a

Afrodite que esquecesse seu rancor e concedeu à linda moça a imortalidade. Então o

segundo casamento foi celebrado no Olimpo, para alegria de todos os deuses..

O Naipe de Paus

O mito de Jáson e o Velocino de Ouro

Para as cartas numeradas do naipe de Paus examinaremos o mito de Jáson e o Velocino de Ouro, por ser

arquetipicamente uma história de aventura, triunfo da criatividade e da intuição sobre as limitações

concretas. O desenrolar da história compreende a maioria das situações que encontramos ao nos

empenharmos na expansão de nossa própria criatividade.

A história de Jáson e os Argonautas, em busca do Velocino de Ouro, é uma lenda

tipicamente heróica, cheia de aventuras e incríveis viagens ao desconhecido. A história é

na realidade uma missão, onde o herói deve confiar mais na intuição do que no

pensamento racional.

A história de Jasão gira em torno da imaginação do homem. Começa quando Frixo e Helé,

filhos de Atamas e Nefele e odiados por Ino, sua madrasta fogem montados no miraculoso

carneiro com pele de ouro.

O carneiro, presente oferecido por Zeus a Nefele tinha dons especiais, falava, pensava e

podia voar. No vôo da fuga, Helé caiu no mar e se afogou e o lugar onde caiu ficou

conhecido como Helesponto. Frixo conseguiu chegar à Cólquida, onde foi acolhido pelo

Rei Aietes que lhe deu em casamento a filha Calcíope. Como gratidão Frixo sacrificou o

carneiro a Zeus e ofereceu o Tosão de Ouro ao rei. Este o consagrou a Ares e o colocou

num carvalho, no bosque sagrado da divindade, sob a proteção de um dragão que jamais

dormia.

Nesse mesmo tempo, reinava na Tessália, um príncipe usurpador, Pélias, no lugar do irmão

mais velho Áison. Quando nasceu o filho de Áison, verdadeiro herdeiro do trono, Jáson,

Pélias resolveu matar o recém-nascido. Os pais de Jáson, então, simularam uma doença e a

morte da criança, e o confiaram secretamente ao centauro Quíron, que ensinou ao menino

Page 49: Tarot Mitologico

tudo sobre os deuses, medicina, guerra, música, enfim, tudo que um jovem guerreiro

deveria aprender. Quíron conservou-o consigo até os 20 anos, quando então lhe contou o

segredo de sua origem.

Nessa época Pélias realizava festas em homenagem a Poseidon. Jáson que havia retorndo

a Tessália, compareceu à festa. Mas para chegar à cidade atravessou um rio cuja

correnteza levou-le uma das sandálias.

Assistindo às festas Pélias viu passa um estrangeiro estranhamente vestido com peles de

leopardo e calçado com um único pé de sandália. e lembrou-se da predição de um oráculo

que o mandara temer o estrangeiro do pé descalço. Pélias assustou-se ainda mais quando

o jovem veio reclamar o trono que por direito era seu. O rei, reconhecendo-o, prometeu

entregar-lhe o reino caso fosse à Colquida recuperar o então famoso Velocino de Ouro,

que na realidade pertencia ao santuário de Ares em Iolco.

Jáson aceitou a incumbência e partiu no navio Argos. À aventura aderiram heróis famosos

como Héracles, Castor, Polux e o rei Teseu de Atenas.

Após uma longa viagem cheia de aventuras e lendas fantásticas chegaram a Aia, onde

ficava guardado o Velocino de Ouro. Para sua sorte, a filha do rei Aietes, a feiticeira

Medéia se apaixonou por Jáson e o auxiliou a a eliminar o dragão que guardava o precioso

troféu. Aietes tentou impedir a fuga dos Argonautas, contudo eles conseguiram escapar

pois Medéia não hesitou em matar o irmão para impedir que o pai atrapalhasse a fuga de

seu amado. Aietes, completamente transtornado pela dor, parou a perseguição e os

Argonautas puderam escapar.

Na volta, Jáson trouxe Medéia consigo, e após uma viagem novamente cheia de riscos e

incidentes chega a Tessália, onde descobre que Pélias havia assassinado seu pai, na

certeza de que ele jamais retornaria de sua viagem impossível.

Com a ajuda mágica de Medéia Jáson vingou o pai e recuperou seu trono, reinando sobre a

Tessália até o fim de seus dias.

O Naipe de Espadas

O mito de Orestes e a maldição da Casa de Atreu

Para as cartas numeradas do naipe de Espadas, acompanharemos o mito de Orestes e a maldição da Casa de

Atreu, por ser uma história arquetípica dos usos e abusos da mente, dos conflitos, das brigas e

reconciliações. O desenrolar da história compreende a maioria dos conflitos que encontramos sempre que

temos de usar nosso código de ética e nossos princípios.

Page 50: Tarot Mitologico

A história de Orestes e a maldição da casa de Atreu é uma lenda fúnebre, cheia de conflitos

e derramamento de sangue, e uma das mais fortes passagem da mitologia grega.

Sua base é o conflito entre duas forças poderosas, o direito materno e o paterno. Esta

lenda é usada para simbolizar o naipe de espadas, cheio de turbulência, brigas, batalhas e

também a criatividade. Este naipe irá lidar com a mente humana em sua forma mais

potente: a capacidade de criar o bem e o mal de acordo com a força da crença de cada um,

de suas convicções e de seus princípios.

A lenda começa com o crime de Tântalo, rei da Lídia, rico e poderoso, que gozava de tanto

prestígio que era às vezes admitido à mesa dos deuses. Em consequência, tornou-se tão

arrogante que em seus desvarios até zombava dos deuses. Certa vez, Tântalo ofereceu-

lhes um jantar no qual ofereceu pedaços de seu próprio filho, como iguaria exótica. Por

esse ato selvagem,

os deuses amaldiçoaram toda sua estirpe.

E assim, a maldição da Casa de Atreu começa com a má utilização da mente, ou seja, o

dom que representa a faca de dois gumes, que tanto pode colocar o homem em posição

superior à dos animais, como também lhe confere o poder da destruição arbitrária.

Orestes era filho de Agamenon e herdera de seus antepassados a maldição. Agamenon era

um poderoso guerreiro, cuja participação na guerra de Tróia trouxe-lhe prestígio e honras.

No entanto, com sua arrogância, conseguiu ofender a deusa Hécate (Ártemis), que enviou

uma tempestade que imobilizou a armada grega ancorada na ilha.

O oráculo da deusa, informou à Agamenon que ele deveria pedir perdão e oferecer sua

própria filha Ifigênia em sacrifício, para que a deusa ordenasse o fim da tempestade.

Para Agamenon o sucesso e a glória, eram muito mais importantes que a filha. Decidido,

enganou a esposa Clitemnestra ao anunciar que Ifigênia se casaria com Áulis. A moça foi

então assassinada. Quando sua esposa descobriu o crime, Agamenon já havia partido para

Tróia. O exército grego venceu e Agamenon voltou como herói. Clitemnestra tramou a

morte de Agamenon e enviou seu filho Orestes para a Fócida de forma que ele não

soubesse do seu plano e também não pudesse vingar a morte do pai.

Page 51: Tarot Mitologico

Porém o deus Apolo apareceu diante de Orestes na Fócida e exigiu que Orestes se

vingasse da morte do pai. Orestes protestou, horrorizado, pois isso significaria ter que

matar a própria mãe. Apolo ameaçou-o com terríveis castigos, até mesmo com a loucura

caso se recussasse a cumprir suas determinações. Com o coração amargurado Orestes

cedeu e concordou em matar a mãe, embora isso o condenasse à loucura e à às ameaças

de morte pelas Fúrias, para as quais o assassinato da mãe era o pior dos crimes, segundo

sua lei matriarcal. Desse modo, Orestes aceitou seu destino e empreendeu sua viagem de

volta a Argos.

Ao completar sua vingança, tendo assimobedecido a Apolo, Orestes julgou estar livre, mas

não escapou da maldição das Fúrias, que assombraram-no tanto que o puseram louco,

com pesadelos medonhos e visões tenebrosas.

Desesperado, Orestes procurou o santuário de Atena. A deusa apiedou-se do jovem, que

na verdade não cometera o crime por vontade própria, mas porque fora vítima de duas

forças contrárias e destrutivas.

Atena convocou um tribunal composto por 12 juízes humanos para julgar o caso. Seis deles

votaram em favor de Apolo, concordando que o pai era a coisa mais importante na vida.

Os outros seis, ficaram do lado das Fúrias, determinando que a mãe era mais importante.

Atena teve que interferir e deu seu voto a favor de Orestes, exatamente no momento em

que o rapaz estava para morrer. A deusa, então, fez as pazes com as Fúrias oferecendo-

lhes um santuário próprio e adoração por parte de todos. Assim, Orestes foi libertado da

antiga maldição da Casa de Atreu.

O Naipe de Ouros

O mito de Dédalo

Para as cartas numeradas do naipe de Ouros, vamos investigar o mito de Dédalo, por ser uma história

arquetípica sobre o destino do espírito encarnado no homem imperfeito. Seu desenrolar abrange o

desenvolvimento das aptidões e das habilidades do indivíduo no mundo das formas.

A história de Dédalo, arquiteto, escultor e artesão ateniense que construiu o Labirinto para

Page 52: Tarot Mitologico

o rei Minos de Creta é uma lenda sutil, pois seu herói não chega a ser um homem

inteiramente bom e tampouco um vilão, mas um misto de ambos. Essa história retrata os

problemas, os desafios, as aspitações, as armadilhas e a complexa moralidade da aventura

do homem com seus fracassos e recompensas.

Dédalo pertencia à família real ateniense e ainda jovem tornou-se famoso por sua

ingenuidade e destreza. A fama, todavia, foi destruída pela sua própria ambição e falta de

caráter. Sentindo-se ameaçado pelo talento de um sobrinho de apenas 12 anos, Dédalo,

tomado de inveja, matou-o atirando-o do telhado do templo de Atena.

O crime foi descoberto e Dédalo preso em flagrante, foi levado ao tribunal do Areópago e

condenado ao exílio perpétuo. Antes de ser executada a sentença, Dédalo conseguiu fugir

e refugiou-se em Creta, junto ao rei Minos, que o acolheu e para quem prestou relevantes

serviços.

A essa mesma época a desgraça caiu sobre a cabeça de Minos, que ofende Poseidon ao

recusar-se a sacrificar um touro branco no altar do deus. Ofendido, Poseidon amaldiçoou o

rei fazendo com que sua mulher, Pasifae, se apaixonasse pelo touro. Esta, dominada pela

compulsão, suplicou a Dédalo que fabricasse às escondidas uma vaca de madeira para que

ela pudesse consumar sua paixão pelo animal.

Novamente Dédalo se viu diante de um conflitopois Minos era seu protetor e ao mesmo

tempo percebeu que Pasifae não falava por ela mesma, mas pelo deus. Assim, deciciu a

favor do deus e construiu o animal em cujo interior Pasifae se escondeu para ser possuída

pelo touro.

Dessa amaldiçoada união nasceu o Minotauro, uma criatura com cabeça de touro e corpo

de homem. Minos, sem saber da participação de Dédalo, pediu-lhe que construisse um

lugar seguro para encerrar o animal. Dédalo construiu o labirinto, palácio de inúmeros e

complicados corredores, em cujos meandros qualquer pessoa ficaria perdida.

Quando Teseu chegou a Creta para exterminar o Minotauro, Ariadne, filha de Minos

apaixonou-se por ele e recorreu a Dédalo para que Teseu pudesse entrar e sair do

Labirinto em segurança. Outra vez Dédalo traiu seu patrão, entregando a Ariadne um

novelo de fio de ouro, em cuja ponta a moça ficou segurando enquanto o jovem herói

entrou nos escuros corredores para matar o monstro e sair a salvo, granças à proteção do

brilho do fio dourado.

Minos descobriu a traição de seu protegido e prendeu-o no labirinto. Fabricando um par

de asas, Dédalo conseguiu fugir e chegar à Sicilia, onde foi recebido pelo rei Cócalo. Minos

perseguiu Dédalo por toda a Grécia e Itália, conseguindo encontrar o artesão. Contudo,

Cócalo resusou-se a entregá-lo e ordenou às dilhas que preparassem um banho para

Minos, que morreu em água fervente. Assim, Dédalo viveu famoso até idade bem

Page 53: Tarot Mitologico

avançada.

Tipos de Leituras

As cartas do Tarot não podem prever um futuro fixo e determinado. Elas

Page 54: Tarot Mitologico

compõem uma série de imagens que descrevem o momento do indíviduo que as

está consultando.

Podemos entender cada Arcano como uma energia catalizadora de mudanças na

nossa maneira de ver e viver o mundo. Na realidade, mudanças que ocorreriam

mais cedo ou mais tarde, mas que podem ser ativadas por ocasião da

interpretação, uma vez que esta proporciona insigths valiosos ao consultante.

Existem vários métodos de leitura de tarô, podendo cada pessoa desenvolver

seu próprio método. Cada jogo se apresenta para uma questão específica e

existem tantos jogos quantas questões se queira elucidar.

Recomenda-se que as lâminas sejam usadas com cuidado e sensibilidade

para que a sabedoria do Tarot possa ser apreendida e vivenciada, pois à

medida que observamos e compreendemos a alquimia da vida,

desenvolvemos a nossa própria habilidade de transmutação e transcendência.

Médodo das Três Cartas

A Cruz Céltica

A Mandala

O Jogo do Tabuleiro

Método das Três Cartas

O método mais simples é a tiragem única de três cartas.

O próprio consulente deve embaralhar as cartas, abri-las em forma de leque sobre a

mesa,e retirar três cartas com a mão esquerda ( mão do inconsciente), dispondo-as do

seguinte modo:

CARTA 2 CARTA 1 CARTA 3

Page 55: Tarot Mitologico

A PRIMEIRA CARTA, a Torre, representa o passado, indicando uma situação interna ou

externa que fez parte da realidade do consulente e está na base da situação presente.

A SEGUNDA CARTA, representa o presente, indica os elementos ou forças que estão

atuando no momento e o efeito no consulente das influências da carta do passado.

A TERCEIRA CARTA, representa o futuro, indica as tendências ou forças com as quais

teremos de trabalhar.

Cruz Céltica

Page 56: Tarot Mitologico
Page 57: Tarot Mitologico

Existem vários métodos de leitura de tarô, podendo cada pessoa

desenvolver seu próprio método.

As cartas do Tarot não podem prever um futuro fixo e determinado. Elas

compõem uma série de imagens que descrevem o momento que do indíviduo

que as está consultando.

Posição Um ( Enamorados ) - É chamada de Carta de Cobertura ou

Significadora, pois reflete a situação interna ou externa em que o indivíduo se

encontra naquele momento.

Posição Dois ( Temperança ) - Carta Cruzada - é a carta que descreve a

situação interna ou externa que está gerando o conflito ou obstruindo o

presente imediato consulente. É o que "cruza" o caminho do consulente e

indica a natureza aparente de seu problema. Não é necessariamente negativa,

mas impede a significadora de se expressar completamente.

Posição Três ( Justiça ) - Carta de Cabeça - descreve o clima que paira sobre o

presente imediato do consulente. Reflete o que está na superfície e

imediatamente aparente na vida do consulente.

Posição Quatro ( Julgamento ) - Base da Questão - descreve a situação

interna o impulso, o instinto, o desejo, enfim, o motivo real que por trás da

superfície aparente da situação refletida na Carta de Cabeça. é a carta que

mostra os motivos psíquicos da situação, o que estão na base da questão.

Geralmente, essa carta surpreende o consulente, que pode não ter se dado

conta do motivo inconsciente da questão, que precisa ser trazida à

consciência. Nem sempre agimos ou sentimos as coisas pelos motivos que

imaginamos, e a carta que aparece na Base da Questão, freqüentemente

servirá para contradizer a razão aparente do nosso dilema.

Posição Cinco ( Hierofante ) - Influências do Passado - carta que sugere os

fatores passados que influenciaram na questão, mas que no momento perdeu

sua validade. O consulente precisa abrir mão daquilo que a carta representa

antes da integração efetiva dos novos aspectos de sua vida futura.

Posição Seis - Influência do Futuro Imediato - descreve uma situação prestes a

se manifestar na vida do indivíduo.

Posição Sete ( Mago ) - Posição Atual - é uma extensão, detalhamento e

complemento da posição um. Mostra como a pessoa está atuando na

situação, descreve a atitude do consulente diante das circunstâncias que o

Page 58: Tarot Mitologico

cercam. Reflete um conjunto de posturas internas e quase sempre representa

os potenciais a serem desenvolvidos ou mesmo revelados.

Posição Oito ( Imperador ) - Fatores Ambientais - descreve a imagem que os

outros - amigos e familiares - fazem do consulente. Quase sempre indica o

tipo de reação que a pessoa deve esperar dos outros em relação à sua

situação, uma vez que representa aquilo que ela está fazendo,

inconscientemente, para projetar aquela imagem.

Posição Nove ( Diabo ) - Esperanças e Temores - tanto os desejos como as

ansiedades se apresentam numa única carta, uma vez que todas elas tem um

significado duplo.

Posição Dez ( Força ) - Resultado Final - A palavra "final" pode ser mal

interpretada aqui, pois nada é absolutamente final. Assim, a carta que

aparece nessa posição não serve para descrever uma situação permanente ou

definitiva, mas a conseqüencia natural da situação que o indivíduo atravessa

no momento. Esse resultado final abrange, no máximo, um período de seis

meses.

Mandala

10 - Status em relação

ao

mundo/Honr

a

Capricórnio

Pai

11 -

Futuro/ Desejos e

Esperanças

Consciência Social

Aquário

9 - Religião/ Viagens Longas

/Projetos

Aspiração

Sagitário /3º

filho

Page 59: Tarot Mitologico

12 - Obstáculos

Inconsciente

(Karma)

Peixes

8 - Sexualidade

Perdas

Regeneração

Escorpião

1 - O EU

Identidade

Áries

7 - O Outro

Cooperação

Libra

2º filho

2 - Dinheiro

Valores

Touro

0 - Tema: Energia Dominante

6 - Rotina/Saúde

/

Trabalho

Dever

Virgem

3 - Ambiente de Casa

Comunicação

Percepção

Gêmeos

5 - Diversão

Leão

Criatividade

1º filho

4 - Base Emocional

Segurança

Mãe

Câncer

Cada casa representa um aspecto da vida da pessoa.

0 – TEMA: é a energia dominante.

Casa 1 – ÁRIES: representa o "eu" diante do tema central; como a pessoa está; a personalidade, a

aparência.

Page 60: Tarot Mitologico

Casa 2 – TOURO: representa o " dinheiro do trabalho "; até a capacidade de ganhar o dinheiro; bens

materiais através do trabalho.

Casa 3 – GÊMEOS: representa pequenas viagens; comunicações; ambiente de casa (pessoas que

fazem parte do "cotidiano" da pessoa, irmãos / irmãs , ( até empregada). Obs: tios / tias são

representados a partir da casa da mãe 04(quatro).

Casa 4 – CÂNCER: lar, ambiente de casa; base emocional; bens de família; imóveis; (a mãe).

Casa 5 – LEÃO: filhos; criatividade; diversões; amor, lado lúdico; ( 1º filho).

Casa 6 – VIRGEM: saúde; cotidiano ( rotina ); animais; ligada ao cotidiano/atividades de rotina.

Casa 7 – LIBRA: casamento, associações; " o outro "; inimigos declarados; (2º filho).

Casa 8 – ESCORPIÃO: morte, transformação; perdas em geral; sexualidade.

Casa 9 – SAGITÁRIO: religião, filosofia de vida da pessoa; projetos e metas da pessoa;grandes

viagens; (3º filho).

Casa 10 – CAPRICÓRNIO: reputação de modo geral; a profissão ( deve-se relacionar a casa 6(seis)

com a 10(dez); limitações da pessoa; status com relação ao mundo; (o Pai).

Casa 11 – AQUÁRIO: amigos; futuro; desejos e esperanças; futebol; todas as atividades que são

coletivas.

Casa 12 – PEIXES: " o Karma"; obstáculos; hospitalizações.

O Jogo do Tabuleiro

0 O Louco

Casa da Vibração da

Alma

Energia de

Liberação

Page 61: Tarot Mitologico

1

O Mago

Casa da Ação

Cotidiana Iniciativas

Energia Pura

Desinteressada

2 A Sacerdotiza

Casa da Intuição

Energia em

Repouso

3

A Imperatriz

Casa dos Valores

Energia de desenvolvimento

4 O Imperador

Casa do Poder de

Realização

Energia

Estabilizadora

5 O Hierofante

Casa da Ética, Moral

e Dever

Energia

Verbalizadora

6 Enamorados

Casa das Decisões e

Escolhas Livre Arbítrio

Energia Dispersiva

7 O Carro

Casa das Conquistas,

da Vitória

Energia de Alcance

8 A Justiça

Casa da Ação e

Reação

Energia de

Ajustamento

9 O Eremita

Casa do Auto- -

Conhecimento

Energia de

Recolhimento

10 A Roda da Fortuna

Casa da Sorte

Energia de

Movimento

11 A Força

Casa do Controle

das Ações

Instintivas

Energia de Esforço

12 O Enforcado

Casa do Sacro

Ofício, da

Energia de Doação

13 A Morte

Casa da

Novidade

Energia de

Transformação

14 A Temperança

Casa da Ação do

Tempo Equilíbrio

Energia de Eternidade

15 O Diabo

Casa do Acúmulo de

Posses

Energia

Concentradora

16 A Torre

Casa da

Reestruturação

Energia

Reconstrutora

17 A Estrela

Casa do

Despojamento

Energia de

Despojamento

18 A Lua

Casa das Ilusões

Energia Inconstante

19 O Sol

Casa da Consciência

do Amor Universal

Energia Fraternal

20 O Julgamento

Casa do

Discernimento

Energia Reveladora

21 O Mundo

Casa da

Plenitude

Energia da

Complementação

O JOGO DO TABULEIRO foi apresentado pela Maçonaria e se prestou a um

excelente paralelo entre a formação e interação da nossa personalidade com

o meio em que vivemos.

Sendo interpretado apenas com os Arcanos Maiores, torna-se o Espelho da

Alma, do lado divino de nosso ser, requerendo assim, mais uma atitude de

escuta do que uma tentativa de verbalização e busca de respostas a nossos

problemas. Assim, a chave do Tarot são as IMAGENS. Contemple-as !

O Jogo do Tabuleiro é constituído de três septenários, sete ternários e uma

carta livre, como deve ser o Louco.

O 1º septenário corresponde ao Nível Mental

O 2º septenário corresponde ao Nível Emocional

O 3º septenário corresponde ao Nível Físico

Page 62: Tarot Mitologico

O Tabuleiro apresenta 22 casas que esgotam o número de Arcanos Maiores,

cuja distribuição dá o significado às casas.

Na CASA 0 encontramos o Louco. Aquele que inconscientemente inicia sua

jornada. Feliz, atira-se a um precipício com a convicção de que, independente

do resultado, a oportunidade era imperdível.

Desse modo, a nossa porção divina, ou seja, a nossa alma se atira para a

experiência da vida na matéria por um impulso irresistível de viver. Esta é a

Casa que mostra a VIBRAÇÃO DA ALMA.

O primeiro septenário mostra como, desde o nascimento, absorvemos as

informações do mundo em que vivemos e aprendemos a nos ver através dele.

É o septenário do corpo mental.

A CASA DO MAGO diz respeito ao corpo e às habilidades recebidas ao nascer.

Sua linguagem de expressão é a ação, então ele pode revelar o talento que

adquirimos ao nascer, através de nossas ações cotidianas descompromissadas

de resultados. Esta casa revela como andam nossas ATITUDES.

A CASA DA PAPISA é aquela que guarda os segredos que esquecemos ao

nascer; nossos registros akáshicos, para os quais não há acesso pela razão. É

onde se encontra nossa INTUIÇÃO.

A CASA DA IMPERATRIZ guarda tudo o que aprendemos quando estávamos

nos braços dela. Sua melhor representação no mundo físico é a Mãe. Com

uma atitude carinhosa de aceitação de nossos tropeços ela permitiu nosso

desenvolvimento para que um dia pudéssemos andar com nossas próprias

pernas. Esta casa mostra o que está em DESENVOLVIMENTO.

A CASA DO IMPERADOR mostra, por sua vez, o que aprendemos com nosso

Pai. Aquele jeito autoritário (ou não) de mostrar-nos o que é certo ou errado,

de querer que saibamos o "quanto" valem as coisas é que nos deu bagagem

para a nossa capacidade de realização hoje. Esta casa mostra como está o

nosso PODER DE REALIZAÇÃO.

A CASA DO HIEROFANTE é aquela que revela o que internalizamos do meio

cultural em que nascemos. É aqui que encontramos nosso senso de ética,

moral e dever para com a sociedade. Aqui também se encontram os

preconceitos. Esta casa mostra a INFLUÊNCIA DO AMBIENTE.

A CASA DOS ENAMORADOS remonta aquele momento da adolescência em

que nos sentimos capazes, pela primeira vez, de tomarmos uma decisão

própria e de assumirmos sozinhos nossa escolha, por isso é a casa do LIVRE

Page 63: Tarot Mitologico

ARBÍTRIO.

A CASA DO CARRO mostra o que pode ser conquistado segundo nossa

decisão interior. Portanto é a casa da CONQUISTA.

O segundo septenário mostra casas quase que independentes entre si. Aqui

encontramos a dinâmica do mundo emocional, ao qual estamos sujeitos

devido à nossa própria natureza. Cada casa revela uma faceta desse mundo.

A CASA DA JUSTIÇA lembra a máxima "Aqui se faz aqui se paga" . Isso nos

desperta a atenção para as conseqüências de nossas atitudes reveladas no

MAGO acima. ESta casa mostra como está a nossa PERCEPÇÃO DA LEI DA

CAUSA E DO EFEITO.

A CASA DO EREMITA apresenta uma personagem totalmente encapuzada. O

que ela tenta nos dizer é que o nosso verdadeiro EU está realmente bastante

encoberto. Por isso, sugere recolhimento e a atitude de um EREMITA para

que possamos ouvir nossos verdadeiros anseios. Esta casa mostra onde é

preciso APRENDER.

A CASA DA RODA DA FORTUNA é aquela onde aparecem as fazedoras do

destino. O Tarot Mitológico nos conta que até os deuses estavam sujeitos às

suas tramas. E nós, enquanto acreditamos na nossa condição de mortais,

também estamos. Esta é a casa que mostra a nossa SORTE.

A CASA DA FORÇA refere-se à nossa força de vontade no sentido de

dominarmos as reações instantâneas em prol de uma atuação mais inteligente

frente aos obstáculos. Como tais reações estão sempre mais disponíveis do

que a ação calculada, esta casa mostra onde devemos nos ESFORÇAR.

A CASA DO ENFORCADO conta a história de alguém que abriu mão de tudo,

até mesmo do reconhecimento pelo seu nobre ato de doação de todos os

seus bens, para que pudesse atingir alguma iluminação espiritual. Aqui há um

sacrifício ou um sacro-ofício a ser cumprido. Esta casa mostra o que você deve

ABRIR MÃO.

A CASA DA MORTE mostra o nascimento de uma nova etapa. Aqui há muito

mais para se comemorar a respeito do que chega, do que para se lamentar

sobre o que se foi. Esta é a casa das NOVIDADES.

A CASA DA TEMPERANÇA mostra a atuação do tempo. Aqui reside o segredo

de todo o processo alquímico, um ritmo lento porém constante para que a

mudança se efetue. Esta casa mostra onde há EQUILÍBRIO.

Page 64: Tarot Mitologico

A partir desse ponto entramos no mundo físico. As próximas casas

apresentam uma clara correspondência entre si mostrando o

desenvolvimento de nossa atuação no Mundo.

A CASA DO DIABO mostra onde há poder de posse. Aqui nos atraímos coisas

ou pessoas como um ímã. Esta casa mostra o que ACUMULAMOS.

A CASA DA TORRE mostra o que construímos ao longo do tempo, segundo o

poder acumulação da casa anterior. Geralmente essa construção é opressora.

Gerir tantos bens ou tanta gente é estressante. É preciso que a estrutura se

rompa para que nós sobrevivamos. Esta casa mostra o que deve ser

REESTRUTURADO.

A CASA DA ESTRELA mostra a alegria do despojamento atingido quando se

consegue perceber a inutilidade da estrutura mostrada na casa anterior. Se

tudo o que havia estava errado, A ESTRELA comemora o fato de ainda haver

tempo para se tentar novamente. Esta casa mostra onde há FUTURO.

A CASA DA LUA tem uma mulher com três rostos. É a fantasia que causa

medo, ilusão, romance ou mistério. É a casa que mostra onde nos ILUDIMOS.

A CASA DO SOL é a casa onde vemos claramente. Aqui está a consciência que

leva, inevitavelmente ao Amor Universal. Esta casa mostra onde nos

ESCLARECEMOS.

A CASA DO JULGAMENTO onde estamos renascendo para uma nova vida já

iluminados pela consciência atingida na carta anterior. Agora já sabemos o

que vale a pena. É a casa que mostra onde sabemos DISCERNIR.

A CASA DO MUNDO apresenta os mesmos elementos encontrados na casa do

MAGO porém organizados e igualmente distribuídos. Aqui está a

SATISFAÇÃO.

TAROT, O ESPELHO DA ALMA

O tabuleiro é o espelho que reflete nossa alma, o verdadeiro EU.

Ao fazermos um jogo devemos nos preparar para esse encontro especial.

Após embaralharmos as cartas, devemos cortá-las em três, pois esta é uma

forma de evocarmos a Chama Trina, ou a Santíssima Trindade ou as três forças

que mantêm o Universo.

Para a leitura do tabuleiro é importante termos em mente o significado de

Page 65: Tarot Mitologico

cada casa porque ela representa a área em que o Arcano que sair estará

atuando.

Além disso, cada Arcano revelará a energia mais íntima disponível para aquela

área da vida, por isso, é necessário que saibamos interpretar as cartas do

Tarot em relação ao seu nível energético, conforme descrito acima.