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Centro de Formação Teológica – Polo Muriaé

18

TBNT II Material Baseado: LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. JUERP

Lívia Lacerda

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TEOLOGIA BÍBLICA DO NOVO TESTAMENTO

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Justificativa: A Teologia do Novo Testamento é de grande auxílio para o estudante

da Bíblia entender o surgimento e desenvolvimento das doutrinas que marcaram a fé

cristã, pois várias delas foram aceitas após acurado estudo e depois de sã exame

doutrinário, para melhor entendimento da Teologia Sistemática e da Teologia

Contemporânea.

Ementa: Análise da Teologia dos livros do Novo Testamento, agrupados por seus

escritores, com atenção especial para o valor doutrinário de cada autor.

Objetivo Geral: Levar o aluno a conhecer a manifestação do reino de Deus revelado

nos Evangelhos Sinópticos, os pensamentos joanino, paulino e petrino, observando o

desenvolvimento da teologia na Igreja Primitiva e os acontecimentos futuros como

revelados no livro de Apocalipse.

TBNT II

1. O APÓSTOLO PAULO

1. Introdução. Fontes do pensamento Paulino.

2. O homem sem Cristo. A pessoa de Cristo. A obra de Cristo: Expiação,

Justificação e Reconciliação.

3. A Psicologia Paulina. A nova vida de Cristo.

4. A Lei. A vida cristã. A Igreja. Escatologia

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Paulo

Paulo era um homem de três mundos: Judaico, helenístico e cristão. Embora nascido

na cidade grega de Tarso, na Cicília, foi criado em lar judeu, segundo os costumes estritos do

judaísmo (Fp 3:5), aos pés de Gamaliel (At. 22:3) e se orgulhava de sua ascendência judaica

(Rm. 9:3; 11:1). Declara ter vivido como fariseu em obediência estrita a Lei (Fp 3:6; 2 Co.

11:2), e ter levado o zelo das tradições orais dos círculos farisaicos além de muitos de seus

contemporâneos (Gl. 1:14).

Paulo estava familiarizado com o mundo grego e fundou sua missão entendendo a

Igreja através do mundo greco-romano e interpretando o evangelho de uma forma que fosse

compatível com a cultura helenística. Paulo era conhecedor da língua grega, e suas

metáforas literárias refletem mais a vida urbana do que o ambiente rural. Seu estilo é muitas

vezes parecido com a diatribe estóica, pois usava termos que pertenciam distintamente ao

pensamento grego, porem Paulo as usa decididamente distinta.

Como um rabino Judeu, zeloso pela Lei, Saulo estava igualmente entusiasmado em

externar esse novo nascimento religioso que exaltava a memória de Jesus de nazaré! O livro

de Atos atesta que Paulo estava em Jerusalém e de algum modo, participou da morte de

Estevão (Gl 1:13; 1Co, 15:9; Fp. 3:6). O ,mistério de Jesus havia sido um desafio a tudo o que

os fariseus representavam. Ele havia infligido a Lei, associando-se livremente aos homens

que não observavam a elaboração da Lei feita pelos escribas, e alegava autoridade divina

para desafiar o fundamento da religião judaica. A defesa de Estevão, foi o repudio da Lei, pois

argumentou que a Lei nunca havia gerado um povo submisso e obediente a Deus (7:35 e ss).

A missão do messias era uma total contradição ao que os Judeus esperavam, se a

revindicação dos cristãos fossem validas, todo o fundamento do judaísmo, como uma religião

da Lei, seria inválido. Saulo estava seguro que estava cumprindo a vontade de Deus, ao

exterminar esse novo movimento.

Como rabino Judeu, Paulo partilhava, inquestionavelmente, a fé judaica da

centralidade da Lei. Mesmo após converte-se ao cristianismo, afirmou que a Lei é espiritual

(Rm. 7:14); e nunca questionou a origem divina e a autoridade da Lei.

Em sua transformação completa, temos três fatos características em sua missão

apostólica:

1. Proclamar a Cristo

2. Sua missão era levar o evangelho aos gentios

3. Pregou a Justificação pela fé em pleno contraste com as obras da Lei

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Os três relatos em Atos (9:1-9; 22:6-16, 26:12-18) não trazem os mesmos detalhes,

mas concordam que Saulo viu uma luz brilhante no céu, que caiu por terra, que ouviu uma

voz que se identificava como Jesus, e que ficou Cego.

O Messias deu inicio a seu reino; a ressurreição começou: a dádiva escatológica do

Espírito foi dada; contudo, a vinda do Messias, a ressurreição e a salvação escatológica

permanecem objetos da esperança. Cristo deu a si mesmo para nos livrar deste presente

século mau (Gl. 1:4).

Pensamentos de Paulo sobre a História da Redenção:

Reino Presente: O reino de Cristo já é uma realidade presente, para dentro da qual seu povo

foi trazido, mesmo que o mundo não possa ver (Cl. 1:13) Paulo vê o reino messiânico de

Jesus ter início com sua ressurreição e exaltação. (1 Co. 15:23-25)

Ressurreição: 1 Co. 15:21-23 - A ressurreição acontece em diferentes estágios: Cristo, as

primícias, é o primeiro estágio da ressurreição; o segundo estágio consistirá daqueles que

pertencem a Cristo na sua vinda (1 Co 15:21-23). O ponto importante aqui é que a

ressurreição de Cristo é o começo da ressurreição como tal, e não um acontecimento

isolado. Esta interpretação está fundamentada na expressão “primícias”. As primícias

constituem o começo da própria colheita . Embora essa expressão não seja sinônima da

colheita em sua totalidade, as primícias são os frutos maduros, prontos para a colheita; e por

serem as primícias, são também a promessa e a garantia de que a colheita total acontecerá

brevemente. A colheita total esta relacionada à colheita dos primeiros frutos.

O Espírito Santo é como um arrabon, palavra que significa pagamento ou garantia, dada

para assegurar a consumação de uma transação. Um arrabon é uma promessa porém é mais

do que uma promessa; é também a realização. É um dinheiro depositado, que tanto promete

o pagamento total no futuro como fornece um pagamento parcial no presente. Esta é a dádiva

do Espírito na era atual; é o depósito ou pagamento, que é ao mesmo tempo a garantia da

herança escatológica futura, que será adquirida na ressurreição. Aqui a dádiva escatológica é

dividida também em duas porções; a primeira tornou-se uma experiência presente, mas a

plenitude permanece objeto de uma realização escatológica futura. A ressurreição é tanto

história como escatologia; a vida do Espírito é tanto experiência como esperança; o Reino de

Deus é tanto presente como futuro; a benção do século futuro permanece, em sua plenitude,

como desejo de esperança; contudo, estas próprias bênçãos, em parte, retornaram à

presente era demoníaca, por causa das modificações da estrutura antitética e tornaram-se,

em Cristo, os temas da experiência Cristã atual.

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Devido a obra messiânica de Cristo na cruz, (2 Cor. 5. 15 e 19) um novo tipo de existência

se abriu aos homens: A existência “em Cristo”. A existência sobre o domínio de uma nova

ordem.

• Novo Céu e uma nova Terra (Is. 65:17 - Ap. 21:1 - 2 Pe. 3:11)

• Nova Jerusalém (Ap. 3:12; 21:2)

• Novo vinho para a Ceia escatológica (Mc. 14:25)

• Novo nome para os redimidos (Ap. 2:17; 3:12)

• Novo cântico de redenção (Is. 42:10)

• Eis que faço nova todas as coisas”

Paulo Afirma que em Cristo “o novo veio”, embora a antiga era ainda não tenha passado”

O âmago da Teologia Paulina

O centro do Pensamento Paulino é a realização da nova era de redenção por meio

da obra de Cristo. Há um perigo em fazermos da justificação pela fé a doutrina central, a

saber, o perigo de privar a mensagem de Paulo de sua dinâmica histórica redentora e de

torná-la um tratamento atemporal da justificação individual. O centro unificador é, antes, a

obra redentora de Cristo como o centro da história da redenção. “a consciência de que o

tempo escatológico da salvação prometida no Antigo Testamento foi inaugurado com a vinda

de Cristo a este mundo”.

A questão legal

A perseguição quase sempre partia de fontes judaicas, e não romanas, pelo menos

durante aquele período inicial. Pois o governo romano continuava reputando o cristianismo

como um ramo lateral do judaísmo, e, portanto, como uma religio licita (religião legal). A

norma política de Roma era conceder liberdade a todas as religiões existentes no império,

mas interditar novas religiões, por temer agitações sociais, provocadas por essas invasões

religiosas. Somente já em data posterior, quando os romanos perceberam que o cristianismo

era distinto do judaísmo, é que interditaram o cristianismo como religio illicita.

O padrão paulino

Paulo adotou a estratégia de pregar nas principais cidades. Partindo desses

epicentros, o evangelho reverberava por todas as aldeias e os interiores circunvizinhos. Paulo

adotou, por igual modo, o padrão de pregar primeiro nas sinagogas judaicas (onde houvesse

alguma), em qualquer localidade em que chegasse. Ele mantinha profundo interesse por seus

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compatriotas judeus. Na qualidade de povo do antigo pacto, cabia-lhes o direito de ouvir o

evangelho em primeiro lugar. E as sinagogas eram os melhores lugares para alguém

encontrar uma audiência preparada, porquanto era costume das sinagogas convidar

visitantes qualificados, como era o caso de Paulo, para que usassem da palavra. Outrossim,

entre os ouvintes das sinagogas havia sempre um avantajado número de prosélitos e homens

piedosos gentios, além dos próprios judeus. Na verdade, Paulo usualmente obtinha grande

êxito entre esses gentios, porquanto o interesse deles pelo judaísmo os havia preparado para

a sua mensagem. Em resultado, os judeus incrédulos consideravam Paulo um intrujão, que

procurava seduzir os gentios a fim de que passassem do judaísmo para o cristianismo,

oferecendo-lhes a salvação sob condições mais suaves do que as da observância da lei de

Moisés.

As Fontes do Pensamento Paulino

Além da tradição e da revelação direta do Espírito Santo, uma fonte importante da

teologia de Paulo foi o antigo testamento. Seu entendimento de Deus, da antropologia, da

expiação, da promessa, da Lei e da escatologia não podem ser compreendidos fora do

contexto do A.T. Isso é demonstrado de duas maneiras: Em citações específicas e alusões ao

Antigo Testamento, e na fundamentação do Antigo Testamento para as ideias teológicas de

Paulo. Para Paulo as escrituras eram sagradas e proféticas (Rm. 1:2; 4:3). Paulo muitas

vezes apela para o antigo testamento como suporte ao seu ensino, citando-o noventa e três

vezes. Sua preocupação principal não era tanto adquirir autoridade bíblica para doutrinas

específicas, mas mostrar que a redenção em Cristo está em continuidade direta com a

revelação contida no Antigo Testamento e é o fato do cumprimento dessa revelação. É

significativo que vinte e seis de suas citações estejam em Romanos 9 -11, em que ele lida

especificamente com a questão da história da salvação, mostrando que a igreja é a

continuação direta de Israel, e que a “palavra de Deus” (Rm 9:6) dada a Israel não é frustrada

pela incredulidade de Israel, pois é cumprida na Igreja. Ele se preocupa em estabelecer que a

justificação pela Fé é ensinada no Antigo Testamento (Rm. 1:17; 4:3, 7,8; Gl. 3:6, 11). E que o

evangelho é o cumprimento da promessa feita a Abraão (Rm. 4:17 -18; Gl 4:27,30). Revelado

o que estava escrito nos profetas (Rm. 16:26).

A humanidade sem Cristo

A doutrina de Paulo em relação ao mundo não é análoga à do dualismo grego. Não

encara nem a criação nem a humanidade como pecadores, e não da nenhum apoio a idéias

de ascetismo, que buscam a boa vida na negação da natureza ou da criação, ou do comércio

e da interação com a sociedade humana. O “mundanismo” consiste à adorar à Criatura em

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vez do Criador (Rm. 1:25); em encontrar a própria glória e orgulho na esfera Humana e na

criação, em vez de em Deus. O mundo só é pecador quando exalta a si mesmo acima de

Deus e se recusa a se humilhar e reconhecer seu Senhor Criador. Quando os homens são

redimidos, deixam de simplesmente fazer parte do mundo pecador e tornam-se cidadãos do

Reino de Deus.

O relacionamento ideal do cristão com esta ordem mundana de relacionamentos

humanos esta expresso em Gálatas 6:14. “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na

cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o

mundo” A importância desse versículo é encontrado no versículo seguinte: “ Porque, em

Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma

nova criatura”. Paulo inclui aqui a circuncisão como um elemento do mundo. Os judaizantes

na Galácia gloriavam-se na circuncisão, fazendo dela o canal e o meio da obtenção de uma

espiritualidade mais elevada.(Paulo não era contra a circuncisão - Timóteo At.16.3; At. 21:21).

O mal ligado no mundo reside não no mundo em si, mas nas atitudes que o mundo engendra

nos homens, as quais os desviam da adoração perfeita ao Criador.

Poderes Espirituais

Um elemento importante no pensamento de Paulo sobre a natureza da era antiga é a

convicção de que ele estava sob o domínio dos poderes sobrenaturais do mal . Paulo tinha

em mente tanto bons como maus espíritos. Os anjos são vistos como seres espirituais

engajados no serviço de Deus. (Gl3:19 - 1 Co. 4:9; 2Ts. 1:7). Paulo profetiza que nos últimos

tempos, espíritos enganadores e demônios tornar-se-ão cada vez mais ativos para afastar o

homem da verdade (1 Tm. 4: 1-3); essa atividade demoníaca é paralela à atividade de

Satanás no homem iníquo, a qual se manifestará pouco antes do Dia do Senhor (2 ts. 2:9). O

arquiinimigo de Deus, contudo é um espírito maligno, que às vezes é chamado de diabo, mas

geralmente de Satanás. Este é o príncipe das potestades do ar (Ef. 2:2), o deus deste século

(2Co. 4:4), cujo o objetivo é cegar as mentes dos homens, para que não compreendam o

poder salvador do evangelho. Ele é o tentador que procura, por meio da aflição, desviar os

crentes do evangelho (1 Ts. 3:5), obstruir os servos de Deus em seus ministérios (1Ts. 2:18),

além de levantar falsos apóstolos para perverterem a verdade do evangelho (2 Co. 11:14). O

principal objetivo de Satanás é frustrar os propósitos da redenção por parte de Deus e, no

final desta era, o poder satânico estará encarnado em um homem iníquo que se empenhará

em um esforço final, visando destruir a obra de Deus e levar os homens a adorarem o

maligno (2 Ts. 2: 4-10). A terminologia de Paulo é vaga e variada, é impossível agrupar com

êxito essa terminologia em ordens de seres angelicais claramente definidos.

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Adão

Os homens não são justos por cometerem atos de Justiça; são justificados em Cristo.

Portanto, nesse contexto, os homens não são pecadores simplesmente porque cometem atos

pecaminosos; são pecadores em Adão.

Revelação Natural

Os homens que não conheceram a revelação da Lei serão tidos como responsáveis

perante Deus, pois todos os seres humanos têm acesso a algum conhecimento de Deus. A

natureza invisível de Deus, isto é, seu poder e divindade eternos, podem ser observados no

mundo criado. Paulo deseja afirmar que certas características de são reveladas pela

natureza: seu poder e sua divindade. Os homens não têm desculpa por substituírem a

adoração a Deus pela adoração aos ídolos. (Rm 1:21).

Consciência

Deus implantou em todos os seres humanos um instinto que lhes dá um senso do que

é certo e do que é errado. Todos os homens têm consciência, o que lhes dá um senso de

valores morais, e que os pagãos serão responsabilizados diante de Deus por esse

conhecimento. Os seres humanos - por eles terem a luz da criação e a orientação da

consciência, e mesmo assim persistirem na idolatria e nas más obras - são pecadores.

Pecado

A natureza do pecado pode ser vista a partir de um estudo de diversas palavras

usadas por Paulo, mas a palavra mais profundamente teológica para pecado é asebeia -

IMPIEDADE.

ασεβια asebeia: falta de reverência a Deus, impiedade, maldade

A impiedade é de perversão de natureza religiosa, podemos ilustrar como idolatria. Na

descrição do apóstolo Paulo a impiedade é precursora da imoralidade. O pecado mais

fundamental dos gentios é a sua recusa de adorar a Deus como Deus; toda a maldade nasce

da perversão da adoração.

O pecado fundamental dos judeus é a jactância (atitude de alguém que se manifesta

com arrogância e tem alta opinião de si mesmo; vaidade, orgulho, arrogância.), isto é,

perverter a lei de modo que ela se torne a base da sua autoconfiança que busca a glória

diante de Deus e confia em si mesma.

αμαρτια hamartia: errar ou desviar-se do caminho de retidão e honra, fazer ou andar no erro

1e) desviar-se da lei de Deus, violar a lei de Deus, pecado 2) aquilo que é errado, pecado,

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uma ofença, uma violação da lei divina em pensamento ou em ação 3) coletivamente, o

conjunto de pecados cometidos seja por uma única pessoa ou várias

O pecado também é a faltas da marca da vontade de Deus. Essa é a palavra que

Paulo mais usa para designar o pecado. Até a vinda de Cristo, o pecado havia reinando na

morte sobre a raça humana (Rm. 5:21) como um poder do qual o ser humano não podia

libertar.

παραβασις parabasis: quebra de uma lei definida, promulgada, ratificada 2c) criar

transgressões, i.e., para que pecados possam tomar caráter de transgressão e desta forma

intensificar a consciência do pecado e despertar o desejo pela redenção.

Quebra liberada da Lei ou da moralidade (Rm. 2:23; 5:14).

Maldade (anomia) - desdém e violação da Lei (Rm. 6:19)

Pecados (paraptoma) - indicando lapsos individuais (Rm. 4:25; 5:15; Ef. 2:1)

Desobediência (Rm. 5:19; 2Co. 10:6)

Mesmo que cada palavra tenha sua nuance elas são permutáveis.

LEI

Paulo não considera a Lei como o mero padrão divino para a conduta Humana. A lei

tem origem divina e, portanto, é boa (Rm. 7Ç12,14); mas. devido a fraqueza e à

pecaminosidade humana, torna-se um instrumento de condenação (Rm. 5:13), de ira (Rm.

4:15) e de morte (Rm. 7:19) A dispensação da Lei pode ser chamada de dispensação da

morte (2 Co. 3:17), da escravidão do mundo (Gl. 4:1-10) uma aliança de escravidão (Gl.4:21 -

31). A vida sob a Lei é uma servidão, da qual o homem precisa ser liberto

INIMIGOS

Como pecadores, os homens estão afastados de Deus, porque em suas mentes são

hostis a Ele. A palavra empregada para designar “inimigo” (etchthros) pode ter dois

significados diferentes. O significado ativo é que são hostis a Deus, como em colossenses

1:21. O significado passivo é que Deus considera os pecadores em um estado de inimizade

para com Ele. Como pecadores, os homens são objeto de ira divina, pois Deus tem de ser

hostil ao pecado. Por serem os homens inimigos de Deus, permacem sob a ira divina (Rm.

5:9; Ef.2:3). Echthros, nesse contexto, não se refere, portanto aos sentimentos de Deus e

tampouco aos sentimentos da humanidade, mas à relação que existe entre eles.

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IRA

O termo mais vívido que Paulo usa para descrever a reação de Deus para com os

homens da era antiga é a ira de Deus. Ira é primeiramente um conceito escatologico. O dia do

juízo será um dia de ira para os perdidos (Rm. 2:5; 1 Ts. 1:10). Essa ira não é apenas

escatológica; ela caracteriza o relacionamento presente entre Deus e os seres humanos.. Na

antiga dispensação, fora de Cristo, os homens eram filhos da ira (Ef. 2:3). A ira de Deus é

revelada dos céus, contra toda impiedade e injustiça dos homens (Rm. 1:18). A ira de DEUS

é a “implacável hostilidade divina a tudo que é mau, e é uma grande loucura subestimá-la

ou tentar explicá-la satisfatoriamente.” Em Paulo, a ira de Deus não é uma emoção que diz

como Deus está se sentindo; antes, ela nos diz como Ele age em relação ao pecado - e

aos pecadores. “A ira é a reação pessoal de Deus.... contra o pecado”. A condição dos seres

humanos é tal que estes não podem resgatar a si mesmos. A ira expressa o que Deus está

fazendo e o que fará com o pecado.

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A OBRA DE CRISTO: EXPIAÇÃO

A palavra expiação não aparece no NT das versões em português. Porém há uma

versão em inglês, em português esta palavra foi traduzida como: “pelo qual alcançamos a

reconciliação”., a ideia que a morte de Cristo resolveu o problema do pecado humano e

reconciliou os homens com Deus trazendo-lhes a comunhão, é uma das ideias Centrais do

Novo Testamento.

O Amor de Deus

A primeira coisa a ser mencionada sobre a morte de Cristo é que ela é a revelação

suprema do amor de Deus. Embora tanto o o novo com o Antigo Testamento têm como pano

de fundo, para a obra reconciliadora de Cristo, a ira de Deus, isso de modo algum, não tem

de ser interpretado como a transformação da ira de Deus em amor. Nem no A.T encontramos

essa ideia da expiação como a propiciação de uma divindade irada, e a transmutação de sua

ira em benevolência. Paulo afirma que foi o próprio amor de Deus que cumpriu a expiação por

intermédio da morte de Jesus. A cruz não é apenas a medida do amor de Cristo, mas do

próprio Deus. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” 2 Co. 5:19. “Mas Deus

prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”

(Rm. 5:8). A prova final do amor de Deus pelos homens foi a cruz. Claramente, a expiação

não é uma questão em que Cristo toma a iniciativa, enquanto o Pai adota um papel passivo.

Ao mesmo tempo em que reconhecemos que a cruz é a obra de um Pai amoroso,

temos que reconhecer que a necessidade da expiação é vista à Luz da ira de Deus contra o

pecado. A ira é o juízo que cai sobre o pecado na ordem moral do governo de Deus. A ira é a

reação divina ao pecado. A expiação é necessária porque os homens estão sob a ira e o juízo

de Deus. A OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO NÃO TRANSFORMA A IRA DE DEUS EM

AMOR, POIS O AMOR DE DEUS É A PRÓPRIA FONTE DA RECONCILIAÇÃO

Texto retirado1

1 DOCKERY, David. S. (Ed.) Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001

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SACRIFICIAL

Paulo descreve a morte de Cristo como “oferta de Cristo como “oferta e sacrifício a

Deus, em cheiro suave” (Ef. 5:2). Em Cristo Deus fez o que a Lei não poderia fazer com o

pecado: enviando o seu filho em semelhança da carne do pecado , pelo pecado condenou o

pecado na carne” (Rm. 8:3). O aspecto sacrificial ou expiatório da morte de Cristo é visto nas

frequentes referências ao seu sangue.

• Deus fez com que Cristo fosse a propiciação por meio de seu sangue. (Rm. 3:25);

• Somos justificados pela fé no seu sangue (Rm. 5:9)

• Temos a redenção pelo seu sangue (Ef. 1:7)

• Nos aproximamos de Deus pelo sangue de Cristo (Ef. 2:13)

• Obtemos a paz pelo sangue da sua cruz (Cl. 1:20).

No novo testamento, sangue significa vida tirada violentamente, vida oferecida em

sacrifício. (O sangue e a água que saíram do lado de Jesus, só saíram depois que Ele

expirou. (Jo 19:34).

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2 DOCKERY, David. S. (Ed.) Manual Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2001

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VICÁRIA

Significa que Cristo não morreu meramente como um evento na história e tampouco

morreu por causa própria. Ele morreu por nós (1 Ts. 5:9) “ Cristo morreu por nós, sendo nós

ainda pecadores” Rm. 5:8. O que Paulo quer dizer, quando afirma que Deus fez de Cristo

“pecado em nosso favor” é que Cristo voluntariamente veio a Este mundo que é influenciado

pelo pecado, penetrou em suas mais profundas trevas, e compartilhou com os homens o

terrível peso e pena do mundo”.

SUBSTITUTIVA

Jesus não apenas morreu por mim, mas morreu em meu lugar, uma vez que, por sua

morte, eu não morrerei, mas viverei eternamente com Ele. Em virtude de sua morte não

merecida, os pecadores são libertos da condenação da morte e da experiência da ira de

Deus, as quais eles merecem de modo iminente. A prova para essa questão pode ser

encontrada nas palavras de Paulo que dizem que, se Cristo morreu por todos, “logo todos

morreram” (2 Co. 5:14). Na morte de Cristo eu morri; experimentei a condenação do pecado;

tudo que a culpa do pecado merece da ira de Deus foi cumprido na morte que morri em

Cristo. Esse fato objetivo é a suprema manifestação do amor de Deus e deve ser o centro

controlador de minha vida; e a qualidade desse amor vem do fato da morte de Cristo não ter

sido somente sua própria morte; foi também a minha. Ele não morreu apenas como meu

representante; morreu em meu lugar, pois é em consequência de sua morte que serei

poupado dessa morte. Ele morreu a minha morte por minha causa e em meu lugar.

PROPICIATÓRIA

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo

Jesus.Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua

justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Romanos

3:24,25. A teologia reconhece nessas palavras de Paulo, um sentido na qual a morte de

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Cristo funcionou como um calmante da ira de Deus contra o pecado, e por meio da qual o

pecador é libertado da ira de Deus e transforma-se naquele que recebe sua dádiva graciosa

de amor.

Todos os homens estão condenados como pecadores culpados na presença de um

Deus santo. A principal verdade do argumento de Paulo em Romanos 1:18 a 3:30, não é

avaliar o grau da pecaminosidade humana; mas demonstrar a universalidade do pecado e da

culpa diante de Deus. Tanto os gentios como os Judeus receberam iluminação quer pela

natureza, quer pela consciência, quer pela Lei; e, tanto os gentios como os judeus,

fracassaram em obter justiça diante de Deus; e, portanto são vistos como objeto merecedores

da santa ira de Deus. Estão condenados como pecadores culpados. A condenação suprema

merecida por essa culpa é a morte. É decreto justo de Deus que, aqueles entre os gentios

que praticam pecados mereçam morrer (Rm 1:32). O destino dos pecadores é perecer (Rm

2.12) pois o salário do pecado é a morte (Rm. 6:23). A ira de Deus, derramada sobre o

pecador culpado, resulta em sua morte. Em virtude da morte de Cristo, o homem é liberto da

morte; é absolvido de sua culpa e é justificado; a reconciliação é efetuada, e por meio dela a

ira de Deus não precisa ser mais temida.

REDENTORA

Um outro objetivo da morte de Cristo é a redenção. em Marcos 10:45 afirma que o

Filho do homem veio para dar a sua vida em resgate de muitos. No grego clássico esse grupo

de palavras é usado para denotar o preço pago para resgatar algo que esteja em penhor, o

dinheiro pago para resgatar prisioneiros de guerra ou comprar a liberdade de um escravo. Tito

2:14 “O qual se deu a si mesmo por nós, para nós remir de toda iniquidade. Há nos 2

versículos uma menção específica do preço do resgate: Ele se deu a si mesmo.

A redenção também é expressa pelo verbo αγοραζω agorazo, “comprar ou adquiri”.

“Não sois de vós mesmos...fostes comprados por bom preço”. (1 Co. 6:19-20). O que é

chamado, sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos; não vos

façais servos dos homens” (1 Co. 7:22-23). Essa ideia de compra tem uma ênfase

ligeiramente diferente das palavras de resgate. Esta ultima aponta mais para o lado negativo-

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daquilo que os homens são libertos: da morte e do pecado. A idéia de compra enfatiza uma

mudança de propriedade. O crente é, agora, propriedade de Deus por direito de compra: Não

sois de vós mesmos.

TRIUNFANTE:

Uma outra finalidade alcançada pela morte de Cristo é o triunfo sobre os poderes

cósmicos. Os homens estão em servidão não apenas a Lei, ao pecado e à morte, mas

também a este mundo espiritual maligno. A morte de Cristo constitui uma derrota inicial

desses poderes. “ E despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles

triunfou em si mesmo” (Cl. 2:15)

JUSTIFICAÇÃO

Justificação, é a declaração de Deus, o Justo Juiz, de que aqueles que crêem em

Cristo, embora pecadores são justificados - são considerados como Justos, porque em Cristo

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passaram a desfrutar um correto relacionamento com Deus. Justiça é um conceito de

relacionamento. Quem cumpre as exigências, que lhe são impostas pelo relacionamento em

que se encontra, é considerado Justo. Não é uma palavra que designa o caráter ético

pessoal, mas a fidelidade a um relacionamento. Justiça é o padrão que Deus determinou para

a conduta humana. O homem Justo é aquele que, no juizo de Deus, esta de acordo com o

padrão divino, e assim se encontra em um relacionamento Justo .

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Justificação3

D. M. Lloyd Jones22 de Abril de 1999 - Salvação

Justificação não significa meramente perdão. Inclui o perdão; no entanto, é muitíssimo maior

do que este. Além disso, a justificação afirma que Deus nos declara completamente

inocentes, considerando-nos pessoas que jamais pecaram. Ele nos proclama justos e santos.

Agindo assim, Deus está refutando qualquer acusação que a lei faça contra nós. Não é

apenas o juiz, no tribunal, asseverando que o réu está perdoado, mas declarando-o uma

PESSOA JUSTA E INOCENTE. Ao justificar-nos, Deus nos informa que removeu nosso

pecado e culpa, imputando-os, ou seja, lançando-os na conta do Senhor Jesus Cristo,

castigando- os nEle. Deus também anuncia que, fazendo isso, lança em nossa conta (ou seja,

imputa-nos) a perfeita justiça de seu querido Filho.

O Senhor Jesus Cristo obedeceu completamente a Lei; jamais a transgrediu em algum

aspecto, satisfazendo-a em todas as suas exigências. Esta completa obediência constitui a

justiça dEle. O que Deus faz ao justificar-nos é lançar em nossa conta (ou seja, imputar-nos)

a justiça do Senhor Jesus Cristo. Ao declarar-nos justificados, Deus proclama que nos vê não

mais como realmente somos, e sim como pessoas vestidas da justiça de Cristo. Um hino

escrito pelo conde Zinzendorf expressa deste modo a justificação:

Jesus, tua veste de justiça É agora minha beleza; minha gloriosa vestimenta. Entre os

mundos flamejantes, Envolvido em tua justiça, com alegria eu Te exaltarei.

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O que é a justificação e a santificação?4

Guy Waters

20 de Abril de 2017 - Teologia

As palavras justificação e santificação têm, em grande medida, deixado de ser usadas na

cultura ocidental. Tristemente, elas também estão desaparecendo da perspectiva na igreja

cristã. Uma das razões pelas quais esse declínio é angustiante é que a Bíblia usa as palavras

justificação e santificação para expressar a obra salvífica de Cristo pelos pecadores. Ou seja,

os dois termos estão no coração do evangelho bíblico. Então, o que a Bíblia ensina sobre

justificação e santificação? Como elas diferem uma da outra? Como elas nos ajudam a

3 http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/100/Justificacao

4http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/1108/O_que_e_a_justificacao_e_a_santificacao

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entender melhor o relacionamento do crente com Jesus Cristo?

A justificação é tão simples quanto o ABC. A justificação é um ato de Deus. Ela não descreve

o modo como Deus regenera e muda interiormente uma pessoa. É, antes, uma declaração

legal na qual Deus perdoa o pecador de todos os seus pecados, aceita e considera o pecador

como justo diante de si mesmo. Deus declara o pecador justo no momento em que o pecador

deposita a sua confiança em Jesus Cristo (Romanos 3.21-26; 5.16; 2 Coríntios 5.21).

Qual é a base desse veredito legal? Deus justifica o pecador unicamente com base na

obediência e morte do seu Filho, nosso representante, Jesus Cristo. A perfeita obediência de

Cristo e plena satisfação pelo pecado são o único fundamento em que Deus declara o

pecador justo (Romano 5.18-19; Gálatas 3.13; Efésios 1.7; Filipenses 2.8). Não somos

justificados por nossas próprias obras; somos justificados unicamente com base na obra de

Cristo em nosso favor. Essa justiça é imputada ao pecador. Em outras palavras, na

justificação, Deus coloca a justiça do seu Filho sobre o pecador. Assim como meus pecados

foram transferidos para Cristo, ou postos sobre ele na cruz, assim também a sua justiça é

considerada como minha (2 Coríntios 5.21).

Por quais meios o pecador é justificado? Os pecadores são justificados somente pela fé,

quando confessam a sua confiança em Cristo. Não somos justificados por qualquer bem que

fizemos, fazemos ou faremos. A fé é o único instrumento de justificação. A fé não acrescenta

nada ao que Cristo fez por nós na justificação. A fé simplesmente recebe a justiça de Jesus

Cristo oferecida no evangelho (Romanos 4.4-5).

Por fim, a fé salvífica deve demonstrar ser genuína ao produzir boas obras. É possível

professar a fé salvífica, mas não possuir a fé salvífica (Tiago 2.14-25). O que distingue a

verdadeira fé de uma simples alegação de fé é a presença de boas obras (Gálatas 5.6). Não

somos de modo algum justificados por nossas boas obras. Mas ninguém pode se considerar

uma pessoa justificada, a menos que veja em sua vida o fruto e evidência da fé justificadora;

ou seja, boas obras.

Tanto a justificação quanto a santificação são graças do evangelho; elas sempre estão juntas;

e ambas lidam com o pecado do pecador. Mas elas diferem em alguns aspectos importantes.

Primeiramente, enquanto a justificação se dirige à culpa do nosso pecado, a santificação se

dirige ao domínio e à corrupção do pecado em nossas vidas. A justificação é a declaração de

Deus de que o pecador é justo; a santificação é a renovação e a transformação de Deus em

todo o nosso ser — nossas mentes, vontades, afeições e comportamentos. Unidos a Jesus

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Cristo em sua morte e ressurreição, e habitados pelo Espírito de Cristo, estamos mortos para

o reino do pecado e vivos para a justiça (Romanos 6.1-23; 8.1-11). Portanto, somos

compelidos a mortificar o pecado e a apresentar os nossos “membros, a Deus, como

instrumentos de justiça” (6.13; veja 8.13).

Em segundo lugar, nossa justificação é um ato completo e consumado. A justificação indica

que todo crente é completa e finalmente livre da condenação e da ira de Deus (Romanos 8.1,

33-34; Colossenses 2.13b-14). A santificação, porém, é uma obra contínua e progressiva em

nossas vidas. Embora cada crente seja tirado de uma vez por todas da escravidão do pecado,

não somos aperfeiçoados imediatamente. Não seremos completamente libertos do pecado

até que recebamos nossos corpos ressuscitados no último dia.

Cristo comprou tanto a justificação quanto a santificação para o seu povo. Ambas as graças

se referem à fé em Jesus Cristo, mas de maneiras diferentes. Na justificação, nossa fé resulta

em sermos perdoados, aceitos e considerados justos diante de Deus. Na santificação, essa

mesma fé aceita ativa e zelosamente todos os mandamentos que Cristo deu ao crente. Não

ousamos separar ou fundir a justificação e a santificação. Nós as distinguimos. E, em ambas

as graças, participamos da riqueza e alegria da comunhão com Cristo por meio da fé nEle.

Tradução: Camila Rebeca Teixeira

Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva

Original: What Are Justification and Sanctification?

5 conceitos-chave da teologia Reformada da justificação5

Kevin DeYoung

10 de Agosto de 2017 - Teologia Geral

Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero pregou as suas 95 teses sobre os abusos

clericais e indulgências na porta da igreja em Wittenberg. Esse evento famoso é

frequentemente considerado o ponto de partida para a Reforma Protestante.

A principal preocupação de Lutero e dos outros reformadores era a doutrina da justificação.

Para usar a linguagem de Calvino, essa era a “principal dobradiça sobre a qual a religião

5http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/1175/5_conceitos_chave_da_teologia_Refor

mada_da_justificacao

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gira”. E a doutrina da justificação não é menos importante hoje do que há 500 anos atrás.

Existem cinco conceitos-chave que todo protestante deve entender se quiser compreender a

doutrina da justificação do reformador (e da Bíblia).

Primeiramente, o cristão é simul iustus et peccator. Essa é a famosa frase latina de Martinho

Lutero que significa “ao mesmo tempo, justificado e um pecador”. O Catecismo nos lembra

poderosamente que mesmo que sejamos justos diante de Deus, ainda violamos os seus

mandamentos, sentimos a dor da consciência e lutamos contra o pecado interior. Neste lado

da consumação, sempre seremos santos pecadores, justos miseráveis, e em alguns

momentos até mesmo insensatos justificados. Deus não nos absolve da nossa culpa com

base em nossas obras, mas porque nós confiamos “naquele que justifica o ímpio” (Romanos

4.5).

Em segundo lugar, nossa justificação diante de Deus é baseada em uma justiça de outrem.[1]

Isso significa que somos justificados por causa de uma justiça que não é nossa. Eu não sou

justo diante de Deus por causa da minha justiça, mas porque “a perfeita satisfação, justiça e

santidade de Cristo” foi imputada a mim. “Nada em minhas mãos eu trago, simplesmente à

tua cruz me apego; nu, venho a ti por vestes; incapaz, olho para ti por graça; imundo, eu vou

à fonte; lave-me, Salvador, ou morro”, escreveu August Toplady em um antigo hino. Não

contribuímos com nada para a nossa salvação. O nome pelo qual cada cristão deve ser

chamado é “O Senhor é a nossa justiça” (Jeremias 23.6).

Em terceiro lugar, a justiça de Cristo é nossa por imputação, não por infusão. Ou seja, não

somos feitos santos, nem infundidos com bondade como se a possuíssemos em nós

mesmos, mas antes, a justiça de Cristo é creditada em nossa conta.

Em quarto lugar, somos justificados somente pela fé. A Igreja Católica reconheceu que o

cristão era salvo pela fé; foi a parte do somente que eles não admitiram. Na verdade, o

Concílio de Trento da Contra-Reforma Católica do século dezesseis declarou anátemas

aqueles que criam em qualquer justificação por imputação ou justificação pela fé somente.

Mas a fé evangélica sempre afirmou que “tudo o que preciso fazer é aceitar o dom de Deus

com um coração crente”. Em verdade, a fé que justifica deve evidenciar-se em boas obras.

Tiago 2 é todo sobre isso. Porém, essas obras servem como evidência confirmatória, não

como o fundamento da nossa justificação. Somos justificados pela fé sem obras da lei

(Romanos 3.28; Tito 3.5). O evangelho é “crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos

16.30-31), não “crê no Senhor Jesus Cristo, coopere com a graça transformadora e serás

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salvo”. Não contribuamos em nada para a nossa salvação, senão com o nosso pecado; não

trazemos mérito, senão o de Cristo; e nada necessário para a justificação, exceto a fé

somente.

Finalmente, diante de toda essa consideração sobre a necessidade da fé, o Catecismo

explica que a fé é apenas uma causa instrumental em nossa salvação. Em outras palavras, a

fé não é o que Deus considera aceitável em nós. De fato, propriamente falando, a fé em si

não justifica. A fé é apenas o instrumento pelo qual nos apossamos de Cristo, temos

comunhão com ele e participamos de todos os seus benefícios. É o objeto da nossa fé que

importa. Se você se arriscar em um lago congelado, não é a sua fé que o impede de cair na

água. É verdade, é preciso fé para entrar no lago, mas é o objeto da sua fé, os doze

centímetros de gelo, que mantém você em segurança. Acredite em Cristo com todo o seu

coração, mas não ponha a sua fé na sua fé. Sua experiência de confiar em Cristo oscilará.

Portanto, não se esqueça de descansar em Jesus Cristo e não em sua fé nele. Somente

Jesus é aquele que morreu por nós e foi ressuscitado para nossa justificação. Creia e você

também será salvo.

#1 N.T.: O termo original “alien righteousness” foi traduzido como “justiça de outrem”. A frase

do original que faz alusão ao termo “alien”: “Alien doesn’t refer to an E.T. spirituality”

[Alienígena não se refere a uma espiritualidade extraterrestre] foi suprimida da versão em

Português.

Tradução: Camila Rebeca Teixeira

Revisão: André Aloísio Oliveira da Silva

Original: FIVE KEY CONCEPTS IN THE REFORMATION UNDERSTANDING OF

JUSTIFICATION

Hits: 5345

RECONCILIAÇÃO

RECONCILIAÇÃO É UMA DOUTRINA ESTREITAMENTE ALIADA A JUSTIFICAÇÃO.

A justificação é a absolvição do pecador, de toda a culpa do pecado; a reconciliação é a

restauração do homem justificado à comunhão com Deus. A reconciliação entre duas partes é

necessária quando ocorreu algo que causou o rompimento da comunhão e fez com que

ambas as partes se tornassem hostis uma à outra. Porque se nós, sendo inimigos, fomos

reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados,

seremos salvos pela sua vida. Romanos 5:10.

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A reconciliação é um ato de Deus, iniciado por seu amor, em virtude da qual Deus não

imputa aos homens suas transgressões; ela está relacionada à atitude divina para com a

humanidade, que resulta do fato de Deus não mais encarar os homens como inimigos, como

ocupando uma posição hostil. A barreira do pecado foi eliminada. Deus libertou os homens da

culpa e do débito do pecado, e isto foi inteiramente realizado pela iniciativa divina, não por

capacidade humana. Assim a reconciliação faz uma diferença tanto para Deus como para a

Humanidade. Agora a vontade de Deus de nos abençoar é realizada.

Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus

Cristo; Romanos 5:1. O homem justificado foi reconciliado, e, portanto, tem paz com Deus. A

ira de Deus não mais ameaça; ele é aceito em Cristo. Temos paz com Deus, pois Deus está

agora em paz conosco; sua ira foi removida. Paz, aqui, não se refere a um estado mental,

mas a um relacionamento com Deus. Não somos mais seus inimigos, mas objetos de seu

favor.

Uma segunda bênção é a reconciliação entre os seres humanos. Porque ele é a nossa

paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no

meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em

ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz,E pela cruz

reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.Efésios 2:14-16. A

hostilidade que existia entre Judeus e Gentios pode ser tomada como um exemplo típico de

todas as barreiras que rompem o relacionamento entre os seres humanos.

PSICOLOGIA PAULINA

Quem é o homem para Paulo? Ladd foge do debate infrutífero da dicotomia e

tricotomia e afirma a unidade do homem no conceito paulino, assim como no conceito judaico.

Deste modo, Paulo usa diversos termos para descrever o ser humano sem, contudo,

demonstrar qualquer natureza dicotômica, tricotômica ou mesmo multipartítede. Os homens

são nepes (alma) para as relações entre si, ruah (espírito) na sua relação com Deus, na

terminologia judaica. Em Paulo todo homem é pneuma, mas o homem sem Cristo é pneuma

estagnado e sem vida. Soma (corpo), o conceito visível da humanidade também deve

glorificar a Deus por meio da sua mortificação, não por meio de práticas ascéticas, mas por

meio do Espírito Santo e para a glória de Deus. Vale notar que para Paulo, o corpo é o templo

do Espírito. Sarx é o corpo em sua aparência, usado no sentido ético como pecado em

contraste com vida no espírito. Ainda assim, uma unidade em contraste com o dualismo

grego. Ele também usa a palavra coração (kardia), é algo interior que sente e vive, assim

como mente ou entendimento para expressão atributos de conhecimento, pensamento,

julgamento, especulação e reflexão. O homem interior é usado para o ¨eu superior¨, em sua

luta do bem contra o mal travada internamente. A consciência (synedesys no grego e leb no

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hebraico) como um guia interior de valor relativo já que o veredicto final é sempre de Deus.

Não há em Paulo qualquer elemento da constituição humana que escape às vistas de Deus e

que não possa glorificá-lo, ou que escape ao processo de redenção. Em 1 Coríntios 15 ele

afirma a transformação dos corpos, por exemplo, mas ainda assim corpos que herdarão o

Reino de Deus.

A NOVA VIDA EM CRISTO6

A nova vida em Cristo é a vida total, uma nova realidade escatológica já como

realidade presente. Em Cristo, pela fé somos absorvidos por esta nova vida, no Espirito e não

na carne para qual nele a humanidade está morta, morta para viver para Ele. O Senhor é o

Espírito, espírito vivificante e esta nova vida requer uma decisão. A terminologia que talvez

melhor expresse isto seja andar em Espírito,de modo a não satisfazer as vontades da carne

conforme podemos ler em Gálatas 5: 16.

A LEI

O pensamento de Paulo deve ser visto como uma interpretação teologica, feita por um

pensador cristão, de duas maneiras de justiça: o legalismo e a fé. Isto fica claro em romanos

10, em que Paulo lamenta o destino de Israel, ao falhar em reconhecer Jesus como seu

Messias e em não abraçar a dadiva divina de uma salvação gratuita. Porque Israel estava

cego aos apelos de Cristo? A resposta de Paulo é que há dois modos de Justiça, e, por Israel

buscar um deles, perdeu o outro. Israel buscou a “lei da justiça” (Rm. 9:31), isto é, a Lei que

revelou a vontade de Deus e mostrou o que era um relacionamento justo com Deus; mas

Israel fracassou em atingir essa meta, porque fez mau uso da Lei, ao fazer dela um meio de

obter a justiça pelos seus próprios feitos, em vez de fazê-lo pela fé (Rm. 9:32). Assim,

mostraram-se ignorantes em relação à justiça que vem de Deus e que é recebida pela fé;

antes, procuraram estabelecer sua própria justiça por meio das obras, e não se sujeitaram a

justiça de Deus pela fé (Rm. 10: 1-3).

Paulo esclarece o problema fundamental: o estabelecimento de uma justiça propria

(pelas obras), ou a submissão à justiça de Deus (pela fé)

Os fundamentos do pensamento de Paulo sobre a Lei

6https://reflexoes-e-flexoes.blogspot.com/2016/05/resenha-da-teologia-do-novo-

testamento_9.html

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O âmago da religião do Antigo Testamento não pode ser caracterizado com legalismo, nem a

Lei foi dada como obtenção de um relacionamento justo com Deus pela obediência. Israel foi

constituído o povo de Deus não devido ao mérito obtido pela obediência a Lei, mas devido à

livre escolha de Deus, a eleição desse povo.

A Lei foi dada como o meio de unir Israel a seu Deus. A obediência a Lei não fez de

Israel o povo de Deus; ao contrário, forneceu a Israel um padrão a ser obedecido, pelo qual o

relacionamento pactual deveria ser preservado. “Assim, o objetivo da lei é estabelecer o

relacionamento da nação do pacto e do individuo com o Deus do pacto, como também com

os mebros da nação que pertencem ao mesmo pacto”. A recompensa para a obediência à Lei

era a preservação do relacionamento positivo com Deus. Portanto, os meus estatutos e os

meus juízos guardareis; os quais, observando-os o homem, viverá por eles. Eu sou o Senhor.

Levítico 18:5, isto é, gozará das bênçãos de Deus. A obediência a Lei de Deus era uma

expressão de confiança em Deus; e somente aqueles que lhe ofereciam essa confiança eram

realmente seu povo.

Existia um caráter duplo do povo de Deus. Por um lado , constituíam uma teocracia -

Uma nação; mas eles eram também um povo espiritual. Ser membro da nação requeria

obediência aos mandamentos externos, por exemplo da circuncisão; mas a circuncisão da

carne não fazia o homem justo para com Deus; tinha que haver uma circuncisão do coração

(Jr.4:4, Dt. 10:16). Nação e Igreja / Israel físico e o Israel verdadeiro, espiritual, que tem a lei

escrita e seu coração. Jr 31.33

No período intertestamentário, ocorreu uma mudança fundamental no papel da Lei na

vida das pessoas. A importância da Lei sobrepuja o conceito do pacto e transforma-se na

condição para que alguém seja membro do povo de Deus. A observância da Lei torna-se a

base do veredicto de Deus sobre o indivíduo. A Lei então passa a alcançar a posição de

um intermediário entre Deus e a humanidade. A Torá torna-se a única mediadora entre

Deus e a humanidade, todos os relacionamentos entre Deus e o homem/Israel/mundo estão

subordinados a Torá.

O homem justo não é aquele que obedece a lei infalivelmente, , mas aquele que se

esforça para regular sua vida de acordo com a Lei. A sinceridade e a supremacia desse

propósito, assim como o enorme esforço em cumpri-la, são as marcas de um homem justo.

Por causa do impulso maligno que fora implantado em sua criatura, Deus forneceu o

arrependimento como o modo pelo qual os pecados poderiam ser perdoados

Com Cristo veio uma nova era, na qual a Lei desempenha um novo e diferente papel.

Paulo designa essas duas eras, da Lei e do Evangelho, como dois pactos. O velho pacto é o

da letra e é uma dispensação de condenação e de morte, ao passo que o novo pacto é o do

Espírito, uma dispensação de vida e de justiça (2 co. 3:6 e ss.) Elas contrastam as eras da Lei

e a de Cristo como duas formas distintas da Lei. Sob o velho pacto, a Lei era um código

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exterior escrito, que colocava diante dos homens a vontade de Deus. Quando fracassavam, a

Lei os condenava à morte. O novo pacto nessa passagem, não diz nada explicitamente sobre

a permanência da Lei. A diferença da nova era é que o Espírito Santo foi dado aos homens

para escrever a lei em seus corações, como Jeremias predisse, e assim a Lei não é mais

meramente um código exterior escrito, mas um poder interior vivificante, que produz justiça.

Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. Romanos 10:4. Uma

tradução possível seria “Cristo é o fim da Lei, no que diz respeito à justiça, para todo aquele

crê. Isto é, a Lei, não é , em si mesma, abolida, mas chegou ao seu fim como um modo de

Justiça, pois em Cristo, a justiça é pela fé, e não pelas obras. Paulo não afirma a abrogação

total da Lei, de modo que por meio da sua ab-rogação a justiça viria aos crentes. Ele afirma o

fim da Lei em sua conexão com a Justiça em Cristo, fora da Lei, de forma que a Lei não deve

mais ser um modo de justiça para o crente.

“Obediência à Lei não quer dizer seguir os preceitos detalhados, escritos no

Pentateuco, mas cumprir uma relação com Deus para qual a Lei aponta; e isto prova, em

última instância, que esta é uma relação não de obediência legal, mas de fé.”

O Fracasso da Lei

Embora para Paulo a Lei continue sendo a expressão justa e sagrada da vontade de

Deus, ela fracassou em transformar os homens em pessoas justas diante de Deus. A

fraqueza e a pecaminosidade dos seres humanos os torna incapazes de prestarem a

obediência que a Lei exige. A condição do coração humano é tal, que nenhuma lei pode

auxiliar. A fraqueza da carne (Rm. 8:3). A razão pela qual a lei não pode transformar

pecadores em homens justos é que ela é um código exterior, ao passo que os corações

pecadores dos homens precisam de um poder transformador interior. A lei é um código

escrito, não uma vida concedida pelo Espírito de Deus. (Rm. 7:6).

A Reinterpretação da Lei

Paulo chega a uma nova interpretação do papel da Lei nos propósitos gerais de

redenção por parte de Deus. Ele explica a incapacidade da Lei em obter a salvação,

mostrando que essa não era a intenção divina. A Lei é secundária à promessa e o modo de

salvação de Deus pela fé é encontrado na promessa. . Abraão não tinha a Lei, mas foi

considerado justo pela fé (Rm. 4: 1 -5). Paulo assinala que essa justiça foi obtida pela fé

mesmo antes que o sinal da circuncisão tivesse sido dado. A circuncisão, assim, em sua

verdadeira importância, não pertence à Lei, mas é um sinal e um selo da fé justificadora (Rm.

4:9 - 12)

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Se a salvação ocorre pela promessa e não pela Lei, qual foi o papel da Lei no

propósito redentor de Deus? A lei foi adicionada não para salvar os homens de seus pecados,

mas para mostrar-lhes o que era o pecado (Rm. 3:20; 5:13,20; Gl. 3:19) Ao declarar a

vontade de Deus mostrando aquilo que Deus proíbe, a Lei mostra o que o pecado é. Assim a

força do pecado é a Lei (1 Co. 15:56), pois é apenas pela Lei que o pecado é claramente

definido. A lei não é, em si mesma, pecado, nem produtora de pecado (Rm. 7.7). ao contrário,

a lei revela a verdadeira situação do homem, trazendo-lhe à consciência que sua

responsabilidade como pecador, para com Deus,, pode ser revelada (Rm. 3:19). Assim, a Lei

é um instrumento de condenação (Rm. 5:13), de ira (Rm. 4:15) e de morte (Rm. 7:19 -24).

Não é a Lei em si que produz essa situação trágica; mas o pecado na humanidade que faz

da Lei um instrumento da morte (Rm. 7:13). Não devemos permutar a salvação pela graça

pela salvação pelas obras da Lei.

No lugar da Lei como código escrito, está agora a Lei de Cristo. Esta “nova lei” não

pode ser reduzida a regras específicas, mas vai muito além da legislação. Nenhum conjunto

de leis pode dizer a alguém como suportar o jugo de outrem (Gl. 6:2); somente o amor pode

ditar essa conduta. O amor não cometerá adultério, não mentirá, não roubará, não cobiçará,

nem cometerá qualquer erro contra o próximo (Rm. 12:8-10). Está claro que a Lei continua a

ser a expressão da vontade de Deus para a conduta, mesmo para aqueles que não estão

mais sujeitos à Lei. No entanto, é óbvio que o aspecto permanente da Lei é o ético, e não o

cerimonial. “A circuncisão é nada, e a incircuncisão nada é, mas, sim, a observância dos

mandamentos de Deus” (1 Co. 7.19). Paulo coloca a circuncisão em contraste com os

mandamentos e, ao fazer isso, separa o ético do cerimonial - o permanente do temporal. (a

circuncisão, os alimentos, as festas, e até a guarda do sábado)

Deste modo, Cristo trouxe a Lei como um caminho de Justiça e como um código

cerimonial, a seu fim; mas a lei como a expressão da vontade de Deus é permanente. e o

homem habitado pelo Espírito Santo e, portanto, fortalecido pelo amor, está capacitado a

cumprir a Lei como aqueles que estiveram sujeitos à Lei nunca foram capazes de fazer.

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ANEXO 1

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ANEXO 2