TCC. ANFITEATRO COMO FERRAMENTA DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL NA PRAIA FLUVIAL DO JACARÉ.

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    MARCOS VASCONCELOS PAIVA

    ANFITEATRO COMO FERRAMENTA DEDESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL NA PRAIA

    FLUVIAL DO JACAR

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    Joo Pessoa2008

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    MARCOS VASCONCELOS PAIVA

    ANFITEATRO COMO FERRAMENTA DEDESENVOLVIMENTO DO TURISMO CULTURAL NA PRAIA

    FLUVIAL DO JACAR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado comorequisito complementar a obteno do grau deBacharelado em Turismo, com Habilitao em

    Marketing Turstico, sob a orientao do Prof. Dr.Severino de Lucena Filho.

    UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARABA

    ORIENTADOR:Prof. Dr. Severino de Lucena FilhoPESQUISADOR:Marcos Vasconcelos Paiva

    Joo Pessoa2008

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    P149a Paiva, Marcos Vasconcelos.

    Anfiteatro como Ferramenta deDesenvolvimento do Turismo Cultural na PraiaFluvial do Jacar / Marcos Vasconcelos Paiva. Joo Pessoa, 2008.

    73 p.: il. Orientador: Severino de Lucena Filho.Monografia (graduao) UFPB / CCHLA.1. Turismo Cultural. 2. Marketing Turstico. 3.

    Parque Municipal da Praia do Jacar PB.

    UFPB/BC CDU:338.482(043.2)

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    Anfiteatro como Ferramenta de Desenvolvimento doTurismo Cultural na Praia Fluvial do Jacar

    Marcos Vasconcelos Paiva

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado como requisito complementar aobteno do grau de Bacharelado em Turismo, com Habilitao em Marketing

    Turstico, sob a orientao do Prof. Dr. Severino de Lucena Filho.

    Aprovado em ____de_________de_______.

    BANCA EXAMINADORA:

    Prof. Dr. Severino de Lucena Filho

    Prof. Esp. Suenia de Fatima Silva Galvo

    Prof. MS. Jamile Mirian Fernandes Paiva

    Universidade Federal da ParabaCentro de Cincias Humanas, Letras e ArtesDepartamento de Comunicao e Turismo

    Curso de Turismo Habilitao em Marketing

    Joo Pessoa2008

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    Dedico este trabalho a Daniela

    Alejandra de Paco: a inspirao e oamor essencial em minha vida, forana superao de limites.

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    AGRADECIMENTOS

    Dedico este estudo primordialmente a Deus, por dar-me oportunidade de

    estar aqui superando mais uma fase positiva em minha vida, acompanhado de

    pessoas to especiais que contriburam a este fim.

    A minha famlia, em especial aos meus pais Fernando de Carvalho Paiva e

    Anna Mrcia Vasconcelos Paiva, apoiadores e incentivadores constantes de todas

    as escolhas que venho empenhado na minha histria.

    Em agradecimento especial, dedico-o a Daniela Alejandra de Paco minha

    namorada, professora de espanhol, amiga, cantora pessoal, companheira de

    viagens e aventuras participante ativa das glrias e angstias da produo deste

    trabalho, motivando-me atravs de sua amizade, carinho e amor.

    Presto agradecimento, tambm especial, ao Prof. Dr. Severino de Lucena

    Filho, pelo apoio moral e estmulo, tantos s aulas do Curso de Turismo quanto sua

    dedicao orientao, expandindo conhecimentos fundamentais ao

    desenvolvimento deste estudo.

    Menciono tambm a colaborao de alguns colegas, dentre eles AdemarFilho, companheiro Praia Fluvial do Jacar como servidores efetivos da

    Prefeitura Municipal de Cabedelo auxiliando-me com seus bons conselhos; e

    Rodrigo Melo, companheiro dos projetos musicais, em constante interesse ao meu

    progresso.

    Destino tambm este estudo memria de Altimar de Alencar Pimentel,

    ilustre pesquisador, teatrlogo, jornalista, escritor, amante da cultura popular e do

    Municpio de Cabedelo, o qual eternizou seus conhecimentos em suas publicaes.Finalmente, e no menos importante, meus agradecimentos as entidades

    pesquisadas representadas pela Secretaria de Planejamento, Secretaria de

    Educao e Cultura e Secretaria de Turismo e Esportes do Municpio de Cabedelo

    disponibilizando materiais e informaes solicitadas.

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    "Uma pilha de pedras deixa de ser uma pilhade pedras no momento em que um homem acontempla, trazendo dentro de si a imagem de

    uma catedral

    Saint Exupry

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    RESUMO

    A ampliao da infra-estrutura presente no Parque Turstico Municipal daPraia do Jacar em 2007, Municpio de Cabedelo, Estado da Paraba, permitiu acriao de um anfiteatro local. Este espao, vivel a propagao da cultura,apresenta-se subutilizado e sem perspectivas de usos futuros. Atravs de basesconceituais, sobretudo presentes aos fundamentos do Turismo Cultural e MarketingTurstico, bem como o conhecimento da rica produo cultural do municpio, sofomentadas propostas viveis ao desenvolvimento sustentvel na regio, agregandonovo valor a atrao turstica local.

    Palavras-chave: Turismo Cultural, Marketing Turstico, Parque Turstico Municipal

    da Praia do Jacar, Anfiteatro, Sustentabilidade.

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    RESUMEN

    La expansin de la infraestructura presente en el Parque Turstico Municipalde la Praia do Jacar en 2007, Municipio de Cabedelo, Estado de Paraba, permitila creacin de un anfiteatro local. Este espacio, viable a la propagacin de la cultura,se presenta infrautilizado y sin perspectivas de utilidad futura. A travs de basesconceptuales, sobretodo basada en los motivos del Turismo Cultural y MarketingTurstico, bien como el conocimiento de la rica produccin cultural del municipio, sealientan propuestas viables para el desarrollo sustentable de la regin, aadiendo unnuevo valor a la atraccin turstica local.

    Palabras-chavos:Turismo Cultural, Marketing Turstico, Parque Turstico Municipal

    da Praia do Jacar, Anfiteatro, Sustentabilidad.

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    LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURAS

    Figura 1 Aspectos positivos dos eventos no Patrimnio Cultural........................... 29

    Figura 2 Anfiteatro da Praia Fluvial do Jacar........................................................ 36

    Figura 3 Praia do Cabedelo, em Viana do Castelo................................................. 37

    Figura 4 Municpio de Cabedelo............................................................................. 37

    Figura 5 Localizao dos 27 bairros do Municpio de Cabedelo............................ 40

    Figura 6 Localizao das 8 regionais do Municpio de Cabedelo........................... 40Figura 7 Visitantes Fortaleza de Santa Catarina................................................. 43

    Figura 8 Material publicitrio da Paixo de Cristo de Cabedelo em 2006.............. 43

    Figura 9 Fotografia area da Ilha de Areia Vermelha........................................... 44

    Figura 10 II Corrida do Jegue no bairro do Renascer II, ano de 2006.................... 46

    Figura 11 Apresentao do grupo de Lapinha Jesus de Nazar............................ 46

    Figura 12 Barco-nibus realizando a travessia Cabedelo / Santa Rita................... 47

    Figura 13 Runas da Igreja Nossa Senhora de Nazar do Almagre, na Praia doPoo........................................................................................................................... 48

    Figura 14 Projeto selecionado reestruturao do Mercado Pblico de Cabedelo

    em 2008..................................................................................................................... 48

    Figura 15 Hidroporto prximo ao atrativo da Praia Fluvial do Jacar..................... 49

    Figura 16 Hidroavio pousado no rio Paraba em 1948......................................... 50

    Figura 17 rea interna ausente de manuteno no Centro de Informaes

    Tursticas da Praia Fluvial do Jacar......................................................................... 53

    Figura 18 Planta Baixa da construo da praa e de seus equipamentos............. 54

    Figura 19 Concluso do calamento da praa Praia Fluvial do Jacar em

    2006........................................................................................................................... 54

    Figura 20 Construo do Anfiteatro do Parque Turstico Municipal da Praia do

    Jacar, no incio do ano de 2007............................................................................... 55

    Figura 21 Palco em formato de semicrculo no anfiteatro Praia Fluvial do

    Jacar......................................................................................................................... 55

    Figura 22 Desgaste da estrutura do anfiteatro presentes....................................... 56

    Figura 23 Presena de lixo em rea prxima do palco no anfiteatro...................... 57

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    Figura 24 Anfiteatro da Estao Cincia, Cultura e Artes....................................... 58

    Figura 25 Foto de divulgao do Grupo de Xaxado Infantil do Renascer.............. 60

    Figura 26 Foto de divulgao do Grupo de Capoeira Angola dos Palmares.......... 60

    Figura 27 Projeto Melhor Idade em visita Praia Fluvial do Jacar....................... 63

    Figura 28 Sugesto de material publicitrio realizao de eventos no anfiteatro

    do Parque Turstico Municipal da Praia do Jacar.................................................... 64

    TABELAS

    Tabela 1 Ciclos dos principais eventos populares no Nordeste............................. 30Tabela 2 Principais eventos do Municpio de Cabedelo, consolidados ou com

    potencialidade ao turismo.......................................................................................... 45

    GRFICOS

    Grfico 1 Objetivo da viagem nos transportes pblicos na Grande JooPessoa....................................................................................................................... 42

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    LISTA DE SIGLAS

    AACC Associao Atltico-Cultural de Cabedelo.

    DER Departamento de Estadas de Rodagem do Estado da Paraba.

    GTAAB Grupo de Teatro Amador Alfredo Barbosa.

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica.

    IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional.

    MUSIPOC Movimento de Msica Popular de Cabedelo.

    OMT Organizao Mundial de Turismo.

    PBTUR Empresa Paraibana de Turismo S/A.SEMARH Secretaria Extraordinria do Meio Ambiente, dos Recursos Hdricos e

    Minerais do Estado da Paraba.

    SETUR/CABEDELO Secretaria de Turismo e Esportes de Cabedelo.

    SOAJE Sociedade de Ao Comunitria do Jacar.

    SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente.

    TAC Termo de Ajustamento de Conduta.

    UFPB Universidade Federal da Paraba.UNESCO Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e Cultura.

    UNWTO World Tourism Organization (Organizao Mundial de Turismo).

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    SUMRIO

    RESUMO

    RESUMENLISTA DE ILUSTRAES

    LISTA DE SIGLAS

    1 INTRODUO ...................................................................................................... 14

    1.1 Estrutura do Trabalho ..................................................................................... 15

    1.2 Situao-problema .......................................................................................... 16

    1.3 Relevncia do Estudo ..................................................................................... 161.4 Objetivos da Pesquisa .................................................................................... 17

    1.5 Delimitao do estudo .................................................................................... 17

    2 METODOLOGIA ................................................................................................... 18

    2.1 Tipos de Pesquisa .......................................................................................... 18

    2.2 Mtodo de Pesquisa ....................................................................................... 19

    2.3 Universo da Pesquisa ..................................................................................... 20

    2.4 Coleta, Anlise e Tratamento de Dados ......................................................... 20

    3 FUNDAMENTAO TERICA ............................................................................ 22

    3.1 Turismo e Cultura ............................................................................................ 22

    3.2 Turismo Cultural............................................................................................... 23

    3.3 Cultura Popular ............................................................................................... 24

    3.4 Patrimnio Cultural .......................................................................................... 26

    3.5 Identidade e Legado Cultural ........................................................................... 273.6 Eventos ............................................................................................................ 28

    3.6.1 Eventos Tursticos e Culturais.................................................................... 28

    3.7 Marketing / Marketing Turstico ....................................................................... 32

    3.7.1 Produto ..................................................................................................... 34

    3.7.2 Preo ......................................................................................................... 34

    3.7.3 Promoo .................................................................................................. 35

    3.7.4 Praa ......................................................................................................... 35

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    4 CENRIO DA PESQUISA .................................................................................... 36

    4.1 Cabedelo ......................................................................................................... 36

    4.1.1 Histrico ..................................................................................................... 36

    4.1.2 Caractersticas e infra-estrutura atual ........................................................ 39

    4.2 Atrativos tursticos locais ................................................................................ 42

    4.3 Jacar ............................................................................................................. 49

    4.3.1 Histrico .................................................................................................... 49

    4.3.2 Turismo no Jacar: O Bolero de Ravel ..................................................... 51

    4.4 Anfiteatro ........................................................................................................ 54

    5 PROPOSTAS ......................................................................................................... 565.1 Manuteno e Melhorias .................................................................................. 56

    5.2 Eventos Culturais no Anfiteatro ....................................................................... 57

    5.2.1 Produto ...................................................................................................... 58

    5.2.2 Preo .......................................................................................................... 62

    5.2.3 Promoo ................................................................................................... 63

    5.2.4 Praa .......................................................................................................... 65

    CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 66

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 68

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    1 INTRODUO

    No sculo do conhecimento imprescindvel ter-se interesse pela cultura1.Acultura desde os tempos mais remotos da pr-histria2 at a presente idade

    contempornea3 nos remete s informaes dos fatos e eventos que fazem parte

    da existncia do ser humano e sua sociedade. O resgate dessas informaes

    culturais, bem como histricas, leva-nos a entender o presente; a origem torna-se

    fundamental para o aprofundamento do significado dos fatos atuais.

    Sobre essa perspectiva, vemos um fenmeno contemporneo o turismo

    como ferramenta de satisfao da necessidade e/ou curiosidade humana deconhecer o seu prprio patrimnio histrico e cultural. Em definio ao termo:

    Considera-se patrimnio histrico e cultural os bens de natureza material eimaterial que expressam ou revelam a memria e a identidade daspopulaes e comunidades. So bens culturais de valores histricos,artsticos, cientficos, simblicos... (BRASIL, 2006b, p.11).

    Desde a poca dos grand tours4at a nossa atualidade notam-se o constante

    interesse a visitao de stios de fortes valores culturais. Notadamente comprovadaesta afirmao quando analisamos as estatsticas sobre o turismo. De acordo com a

    OMT Organizao Mundial de Turismo em 20045, dos 762,3 milhes de turistas

    internacionais aproximadamente 54,7 % deste total foram destinados ao continente

    europeu, ou seja, 462,3 milhes. Essa preponderncia da Europa como principal

    destino turstico internacional ocorre comprovadamente desde 19506, mostrando

    que, dentre os principais motivos, a valorizao das caractersticas histricas e

    culturais, do chamado Velho Continente, fator de extrema importncia na atraodo fluxo turstico mundial. Turismo, este denominado de cultural, especificado

    como:

    1A totalidade ou o conjunto da produo de todo o fazer humano de uma sociedade, suas formas deexpresso e modos de vida (BRASIL, 2006b, p.13)2 Considerado o perodo que antecede a inveno da escrita (comeo dos tempos histricosregistrados).3Iniciado a partir da Revoluo Francesa (1789 d.C.) e que abrange at o nosso perodo atual.4Viagens que eram realizadas de 1 a 3 anos pelos jovens da elite aristocrtica inglesa e seus tutores popularizada na Idade Mdia, nos sculos XVII e XVIII, era considerada fator de complementao

    educao dos nobres.5WORLD TOURISM ORGANIZATION, 2005. Disponvel em:. Acesso em: 04 mar. 20086Idem

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    [...] as atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto deelementos significativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventosculturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais dacultura (BRASIL, 2006a, p.12).

    A perspectiva da integrao do turismo com as peculiaridades culturais torna-

    se de fundamental importncia ao estudo. Aprofundando-se Praia Fluvial do

    Jacar, localizada no Municpio de Cabedelo um dos principais atrativos tursticos

    do Estado da Paraba7 e inaugurao de anfiteatro8 no local, busca-se a

    compreenso da utilizao dos aspectos culturais como fator de desenvolvimento e

    aprimoramento de um turismo sustentvel, dentro da viso do Marketing Turstico.

    Atravs da pesquisa e consolidao de definies sobre a temtica abordada

    e do cenrio estudado, pretende-se fomentar fluxo turstico com base na

    sustentabilidade: turistas preocupados com a cultura local e sua conservao, e

    utilizando a comunidade como agente principal deste desenvolvimento.

    1.1 Estrutura do Trabalho

    O estudo apresentado segmenta-se em cinco captulos. O Captulo I

    estrutura-se construo do problema da pesquisa, relevando objetivos gerais e

    especficos almejados; bem como sua importncia acadmica, social e limitaes do

    universo estudado. O Captulo II refere-se metodologia empregada e qual o tipo,

    mtodo e universo da pesquisa realizada; relata tambm a coleta e anlise dos

    dados resultantes. Em relao fundamentao terica, assunto referente do

    Captulo III, define-se conceitos pertinentes a identificao e delimitao do estudo,

    atravs de definies cientficas comuns no universo do Turismo e da pesquisarealizada: Cultura, Turismo Cultural, Patrimnio Cultural, Sustentabilidade, Marketing

    Turstico, entre outros; e uma breve classificao dos eventos tursticos e culturais,

    com nfase na produo local. No Captulo IVaprofundam-se os dados referentes

    ao cenrio da pesquisa, desde o levantamento histrico inicial at as caractersticas

    7 Apesar da inexistncia, at a presente data, de estatsticas referentes ao fluxo turstico da Praia

    Fluvial do Jacar impossibilitando assim uma comprovao exata da afirmao nota-se a

    crescente visibilidade que a rea obteve nos ltimos tempos, principalmente em mbito nacional einternacional, se tornando parte fundamental dos roteiros receptivos locais.8 O Dicionrio MELHORAMENTOS (1992) define: grande recinto, com arquibancadas, para

    espetculos. As caractersticas referente ao anfiteatro em estudo sero discernidas posteriormente.

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    atuais, e especifica dentre os atrativos tursticos existentes no Municpio de

    Cabedelo, a Praia Fluvial do Jacar e seu anfiteatro, pontos fundamentais da

    pesquisa.

    Aps definido e limitado o estudo nos captulos anteriores, o Captulo V

    fomenta sugestes almejadas para o desenvolvimento sustentvel local, atravs da

    combinao entre Turismo Cultural e anfiteatro, promovendo a integrao de

    conceitos tericos com aplicaes prticas, dentro da tica do Marketing Turstico.

    Enfatizado as consideraes finais do estudo, o Captulo VI releva, de forma

    concisa, o entendimento das contribuies apresentadas no estudo e dos aspectos

    positivos e negativos dos resultados sugeridos.

    1.2 Situao-problema

    O estudo centra-se nas seguintes questes:

    Como o anfiteatro do atrativo turstico da Praia Fluvial do Jacar, pode

    fomentar atividades ligadas diretamente ao turismo cultural? De que forma este

    turismo pode contribuir e fornecer um desenvolvimento mais sustentvel a regio?

    1.3 Relevncia do Estudo

    A elaborao de trabalhos acadmicos ao fomento do turismo, com base em

    um crescimento ordenado e de carter sustentvel, imprescindvel dentro darealidade poltica e social em que estamos inseridos. Nota-se, viso de algumas

    organizaes pblicas (municipais, estaduais ou federais) que a divulgao dos

    atrativos tursticos e s vezes apenas atrativos em potencial preponderante

    sobre questes essenciais, como a prpria infra-estrutura bsica local. Exemplos

    como esse demonstra que a capacidade da academia de exercer os princpios da

    extenso acadmica, reproduzindo os conhecimentos adquiridos e estreitando os

    laos entre universidade, sociedade e mercado de trabalho, eminente para que odesenvolvimento desta sociedade se realize de forma positiva.

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    O atrativo turstico da Praia Fluvial do Jacar, hoje em pleno processo de

    desenvolvimento, traz consigo uma srie de impactos para a regio. No caso social

    o ponto de vista do estudo o que se v a no-participao da comunidade local

    no processo turstico, ocorrendo uma privatizao local, subutilizando a

    participao ativa e abordagem do interesse comunitrio no processo.

    O estudo sugere, atravs da valorizao da produo cultural do municpio,

    aproximar a comunidade a este processo e fomentar a captao de um pblico-alvo

    com interesse produo e conservao das caractersticas culturais local,

    utilizando o anfiteatro como ferramenta primordial para este desenvolvimento.

    1.4 Objetivos da Pesquisa

    Em relao ao objetivo geral, este se apresenta como fomentar o atrativo

    turstico da Praia Fluvial do Jacar localizado no esturio do rio Paraba atravs

    da utilizao de anfiteatro local direcionado ao Turismo Cultural.

    Os objetivos especficos abordam:

    Valorizar a identidade cultural do Municpio de Cabedelo;

    Conservar o patrimnio cultural da regio;

    Promover a integrao da comunidade local com os turistas;

    Trazer desenvolvimento econmico para a comunidade;

    Captar pblico-alvo de carter sustentvel;

    Integrar-se ao atrativo turstico Pr-do-sol no Jacar.

    1.5 Delimitao do estudo

    O objeto de estudo apresentado o anfiteatro, construdo no ano de 2007 em

    rea pblica, localizado na Praia Fluvial do Jacar. O propsito almejado no estudo

    a compreenso de como atividades relacionadas ao Turismo Cultural, geridas por

    esta secretaria, e em parceria a outros rgos pblicos, comunidade local, podemcontribuir para o desenvolvimento sustentvel da regio.

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    2 METODOLOGIA

    O estudo constituiu-se de um levantamento inicial de dados, atravs da

    pesquisa bibliogrfica e pesquisa de campo exploratria; e auxiliadas com a

    utilizao de tcnicas de observao participante e entrevistas no-estruturadas com

    agentes residentes a municipalidade de Cabedelo e envolvidos com vnculo direto

    ao espao em estudo. Baseado nos procedimentos tcnicos da pesquisa-ao, as

    etapas sero apresentadas e discernidas, de forma a obter a compreenso dos

    problemas e as possveis hipteses funcionais, visando apresentar resultados

    pertinentes.

    2.1 Tipos de Pesquisa

    Primordialmente realizada, a pesquisa bibliogrfica torna-se ponto chave no

    conhecimento e intimidade sobre o assunto e cenrio abordado no estudo. Anlise a

    definies em diversas obras com base cientfica sobre Turismo e Cultura tornou-se

    til compreenso da existente interao entre estes conceitos. Relacionando-se ao

    levantamento de dados, Lakatos; Marconi (2005, p.176) os especificam como til

    no s por trazer conhecimentos que servem de background9 no campo de

    interesse, como tambm para evitar possveis duplicaes e/ou esforos

    desnecessrios, justificando-o ainda como ferramenta para a sugesto de

    problemas e hipteses.

    Sobre a pesquisa bibliogrfica, ou de fontes secundrias, Lakatos; Marconi

    (2005, p.185) referem-se a todo estudo, j tornado pblico, relacionado a algum

    tema especfico, reforando que a pesquisa bibliogrfica no mera repetio do

    que j foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob

    novo enfoque ou abordagem, chegando a concluses inovadoras.

    Construdo todo panorama terico, a abordagem da pesquisa de campo

    exploratria desempenhou-se como instrumento indispensvel verificao da

    9O termo em ingls apresenta significado de parte de trs, fundo ou cenrio.

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    temtica do estudo. Para Tripod10(1975, p.42-71), a pesquisa objetiva estruturao

    de problemas e sugestes, abordando os escopos de desenvolver hipteses,

    aumentar a familiaridade do pesquisador [...] ou modificar e clarificar conceitos. Na

    perspectiva apresentada que se verifica a utilizao do anfiteatro como ferramenta

    de desenvolvimento do Turismo Cultural na Praia Fluvial do Jacar.

    2.2 Mtodo de Pesquisa

    O estudo determina-se pela utilizao do mtodo da pesquisa-ao. Thiollent

    (2002, p.14) conceitua-a como:

    [...] um tipo de pesquisa social com base emprica que concebida erealizada em estreita associao com uma ao ou com a resoluo de umproblema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantesrepresentativos da situao ou problema esto envolvidos de modocooperativo ou participativo.

    Categorizada pelo interesse do coletivo na resoluo de um problema ou

    suprimento de uma necessidade, o mtodo utilizado permite a ampliao dos nveisde conhecimento dos agentes inseridos na realidade estudada. Comunidade,

    instituies privadas e administradores pblicos tornam-se indivduos/instituies

    perceptveis e incentivadores do processo de gesto, envolvendo-se de forma

    cooperativa.

    O envolvimento coletivo, na Praia Fluvial do Jacar, possibilita a obteno de

    informaes, a ampliao de conhecimentos de necessidades mtuas e individuais,

    e principalmente, a elaborao de solues e aes propostas para umdesenvolvimento sustentvel.

    A seleo desta metodologia deve-se primordialmente a vivncia prpria no

    local, decorrente de laborao no Centro de Informaes Tursticas, de fevereiro de

    2007 data do estudo. Esta posio permitiu uma maior participao e interao

    dentro do universo da pesquisa.

    10Lakatos; Marconi (apudTRIPOD et al., 2005, p.190).

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    2.3 Universo da Pesquisa

    O foco deste estudo encontra-se Praia Fluvial do Jacar, localizada no

    municpio de Cabedelo, onde se encontra estruturado o equipamento de um

    anfiteatro, situado praa pblica local. A escolha do anfiteatro, e a comunidade a

    qual est integrado, deram-se a partida da enorme evidncia que o atrativo Pr-do-

    sol, do bairro do Jacar, encontra-se atualmente11; motivando utilizao deste

    para o Turismo Cultural, atravs de gesto participativa12, almejando o

    desenvolvimento sustentvel local.

    2.4 Coleta, Anlise e Tratamento de Dados

    A coleta dos dados configurou-se nas tcnicas da observao participante e

    entrevista. Para Lakatos; Marconi (apud MANN, 2005, p.196):

    [...] a observao participante uma tentativa de colocar o observador e o

    observado do mesmo lado, tornando-se o observador um membro do grupode molde a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema dereferncia deles.

    Objetivando a estruturao da confiana dos indivduos e instituies

    envolvidas no estudo apresentado, a observao participante foi eminente no

    processo da pesquisa, visto a atual atuao como servidor, do quadro efetivo do

    municpio, lotado Secretaria de Turismo e Esportes, e exercendo funes Praia

    Fluvial do Jacar. Lakatos; Marconi (Ibid.) reportam bem as dificuldades encontradas

    pelo observador dentro desta tcnica, exercendo a manuteno da objetividade do

    estudo no fato de exercer influncia no grupo, ser influenciados por antipatias ou

    11Como referido anteriormente, no h estatsticas quantitativas referentes ao fluxo turstico na PraiaFluvial do Jacar que o justifiquem como um dos principais atrativos tursticos do Estado. A afirmaodo aumento da visibilidade refere-se ao crescente nmero de publicaes nacionais e internacionaisao tema, bem como a observao semestral do fluxo atravs da laborao no Centro de InformaesTursticas local.12 ngela Maria Rodrigues Ferreira (in MARTINS, 2003, p.9-12) refere-se ao tipo de gesto quepossui a participao efetiva de todos agentes envolvidos estes podendo ser do setor pblicomunicipal, estadual ou federal; representantes da Igreja, professores, juzes, pescadores, artesos,empresrios, residentes, entre outros.

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    simpatias pessoais, e pelo choque do quadro de referncia entre observador e

    observado.

    Atravs de entrevistas no-estruturadas com representantes da Secretaria de

    Educao e Cultura, Secretaria de Turismo e Esportes, artesos integrantes da

    Praia Fluvial do Jacar, representantes de lojas, bares e restaurantes, e agentes

    responsveis pela produo cultural da comunidade; aprimorou-se anlise ao

    cenrio estudado.

    Posteriormente com a estruturao das situaes-problema relevantes e

    necessidades do cenrio observado bem com o registro fotogrfico local foram

    expostos os aspectos presentes da realidade estudada e as possveis atribuies do

    anfiteatro como ferramenta de desenvolvimento e assistncia aos interessescoletivos, atravs do turismo cultural.

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    3 FUNDAMENTAO TERICA

    No sentido de elucidar sobre termos cientficos referidos, os quais sero fonteembasadoras no presente estudo, e s questes a que estes esto submetidos, se

    torna eminente defini-los e correlacion-los realidade analisada.

    3.1 Turismo e Cultura

    Entender as relaes entre turismo e cultura primordialmente identificar ouniverso que cada um prope. Sobre definir turismo, Mrio Beni (2004, p.36)

    explicita bem a rdua tarefa de conceituar as especificidades do termo atualmente:

    Muitos autores chegam a considerar a extrema dificuldade para umadefinio precisa e abrangente de turismo, levando em conta que ofenmeno to grande e complexo que se torna praticamente impossvelexpress-lo corretamente e, por isso, preferem observar invariavelmenteseus aspectos parciais ou, pelo menos, algumas de suas realidadesisoladas.

    Apesar da diversidade de conceitos a cerca do tema, existem elementos

    comuns entre estes que so fundamentais para uma compreenso geral, podendo

    destacar-se: o carter de deslocamento ou viagem, a permanncia fora do domiclio,

    temporalidade e a utilizao de equipamentos e servios receptivos a satisfao de

    necessidades individuais estes bens e servios expressos so considerados

    elementos subjetivos e objetivos que atendem necessidade da atividade do

    turismo, e que esto em dispor, passveis de um valor econmico, por suaapropriao ou utilizao (BENI, 2004, p.37).

    Essa relao entre os elementos citados torna-se mais clara quando

    observamos a definio proposta por De La Torre (1992, p.92) sobre o fenmeno do

    turismo:

    O turismo um fenmeno social que consiste no deslocamento voluntrio etemporrio de indivduos ou de grupos de pessoas que, fundamentalmente,

    por motivos de recreao, descanso, cultura ou sade, saem do seu local eresidncia habitual para outro, no qual no exercem nenhuma atividadelucrativa nem remunerada, gerando mltiplas inter-relaes de importnciasocial, econmica e cultural.

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    Como foco do estudo, Anfiteatro como ferramenta de desenvolvimento do

    Turismo Cultural na Praia Fluvial do Jacar,outra definio torna-se eminente: a do

    termo cultura. De acordo com o Ministrio do Turismo (BRASIL, 2006b, p.13), as

    formas de expresso, os modos de vida e todo conjunto da produo do fazer

    humano so considerados cultura. A produo desta cultura pode ser tanto de

    carter ou bem material, exemplificado nos aspectos fsicos da produo humana,

    como o artesanato, ferramentas e monumentos; ou carter imaterial, expresso nos

    princpios, valores, comportamentos, crenas, prticas, tradies, tabus, rituais,

    cerimnias e smbolos sociais (BRASIL, 2006b, p.11).

    Clerton Martins (in MARTINS, 2003, p.45) especifica que o conceito de cultura

    complementa o da prpria sociedade13: atravs das concepes, idias e valorescriados pela transformao ou inveno dos homens, estes compem e regulam as

    aes individuais e coletivas intrnsecas a estruturao dos grupos sociais.

    3.2 Turismo Cultural

    Analisa-se que a origem da relao entre turismo e cultura advm dos grand

    tours14 europeus, focado contemplao de monumentos, runas e obras de arte

    (BRASIL, 2006a, p.9). Desde a poca referida at a nossa atualidade visvel o

    constante interesse visitao de stios de fortes valores culturais. Notadamente

    comprovada a afirmao quando analisamos as estatsticas sobre o turismo. De

    acordo com a OMT, em 200415, dos 762,3 milhes de turistas internacionais

    aproximadamente 54,7 % deste total foram destinados ao continente europeu, ou

    seja, 462,3 milhes. Essa preponderncia da Europa como principal destino tursticointernacional ocorre comprovadamente desde 1950, mostrando que, dentre os

    principais motivos, a valorizao das caractersticas histricas e culturais, do

    chamado Velho Continente, fator de extrema importncia na atrao do fluxo

    turstico mundial.

    13De acordo com Martins (in MARTINS, 2003, p.44) a sociedade equivale ao agrupamento orgnicode certo nmero de indivduos para propsitos que lhes so comuns em termos de processo social14Loc. cit. p.12.15WORLD TOURISM ORGANIZATION; 2005. Disponvel em:. Acesso em: 04 mar. 2008.

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    Baseado tica de motivao de viagem, Margarida Barreto (2000, p.19)

    explicita que h a possibilidade de dividir esta em dois grandes grupos de interesse:

    a busca por atrativos naturais o que no produzido pelo homem e sua sociedade

    e por atrativos culturais. Dentro desta concepo, a autora justifica considerar o

    Turismo Cultural como todo turismo em que o principal atrativo no seja a natureza,

    mas algum aspecto da cultura humana (Ibid.). Obtm-se uma maior compreenso

    do conceito quando analisamos a definio proposta pelo Ministrio do Turismo

    (BRASIL, 2006a, p.10), referindo-se:

    [...] s atividades tursticas relacionadas vivncia do conjunto deelementos significativos do patrimnio histrico e cultural e dos eventos

    culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais dacultura.

    Como agentes fundamentais deste processo esto os turistas16propensos s

    motivaes, gostos e satisfaes pessoais como fator primordial para realizao do

    fenmeno. No Turismo Cultural o indivduo caracterizado pelo interesse vivncia

    da cultura, denominando-se de turista cultural (BRASIL, 2006a, p.13-14).

    concluso, pode-se considerar que a utilizao de bens e servios em

    deslocamentos realizados por turistas culturais estes propostos a vivenciarelementos materiais e imateriais da produo do fazer humano caracteriza-se

    como Turismo Cultural. O presente estudo visa proporcionar, atravs do anfiteatro

    da Praia Fluvial do Jacar, atividades voltadas a promoo da cultura, fomentando o

    interesse por esse tipo de turismo e turista.

    3.3 Cultura Popular

    Com base no conceito de cultura, apresentado anteriormente, h a

    necessidade de identificar o significado do termo popular. MELHORAMENTOS

    (1992) define o que relativo ao povo; comum, usual entre o povo. Mas se

    analisarmos bem, a cultura no pode ser desvinculada do povo, pois atravs do

    saber e fazer deste que ela criada, portanto no concebvel a existncia de

    16Barreto (2000:23) define de maneira sucinta, mas com bastante clareza, sobre o assunto: pode-sedizer que o turista essencialmente uma pessoa que procura conhecer, passear, desfrutar de outrolugar diferente daquele em que mora.

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    uma cultura impopular. Outras consideraes devem ser ponderadas, no

    entendimento do termo Cultura Popular.

    De acordo com Vianna (2004)17o termo Kultur des Volkes18 foi utilizado pelo

    filsofo romntico J. G. Herder, no ano de 1778, associando-o s canes, poesias e

    histrias transmitidas de forma oral por camponeses europeus.

    Lucena Filho (apud FRADE, 2007, p.44) demonstra, viso da autora, a

    construo de uma definio sobre cultura popular:

    Definida por oposio cultura legitimada, a cultura popular, foi sendodemarcada por trs critrios: o da verdade (conhecimento falso xconhecimento verdadeiro); o da racionalidade (contraposio de prticasaceitveis e coerentes na sociedade estabelecida); o da conveno (cdigosocial determinando o que era legtimo ou no). Embora apresentandoroupagens diferenciadas percebe-se que o objetivo era nico, qual seja o denormatizar pelos modelos legtimos da sociedade civil e religiosa.

    Reforando, Vianna (loc. cit.) expe que a noo de cultura popular mais

    operativa aquela que se ope cultura oficial dominante e cultura de massa19. A

    cultura dominante pertencente elite da sociedade, pertencente preferencialmente

    ao meio acadmico, letrado, detentor dos conhecimentos eruditos. A cultura de

    massa resulta de um dilogo entre a produo e um consumo em contextos de umasociedade massificada, e produzida segundo as normas da industrializao

    (LUCENA FILHO, 2007, p.48). Por estar ligada ao consumismo e grandes meios de

    comunicao, caracteriza-se de forma mais cosmopolita, distinto natureza

    apresentada na cultura popular.

    Dentro da realidade do universo analisado Praia Fluvial do Jacar nota-se

    a amalgama dos fenmenos culturais. A apropriao do erudito, atravs do Bolero

    de Ravel junto execuo de msicas regionais, e a presena de artesanato

    regional, so exemplos desta mistura de expresses.

    17Disponvel em: . Acesso em: 02 jun.

    2008.18Termo alemo que significa Cultura do povo19 Vianna (loc. cit.) refere-se a cultura que amplamente disseminada [...] e conhecida pelosdiferentes segmentos da sociedade.

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    3.4 Patrimnio Cultural

    O patrimnio abrange distintos significados. De acordo com Melhoramentos

    (1992), patrimnio refere-se aos bens materiais ou morais, pertencentes a uma

    pessoa, instituio ou coletividade. Este conceito pode ser analisado e classificado

    por duas grandes divises (BARRETO, 2000, p.9): natureza e cultura. Entende-se

    como patrimnio natural os bens naturais prprios a uma determinada regio a

    serem preservados/conservados e o patrimnio cultural, como a definio anterior

    e em viso simplista distinguindo-se apenas relao de bens da produo

    humana. Este conceito minimalista pode ser expandido e bem detalhado, analisando

    concepo apresentada pelo Ministrio do Turismo (BRASIL, 2006a, p.11) 20,

    definindo-o como:

    [...] os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam amemria e a identidade das populaes e comunidades [...] bens culturaisde valor histrico, artstico, cientfico, simblico, passveis de tornarem-seatraes tursticas: arquivos, edificaes, conjuntos urbansticos, stiosarqueolgicos, runas; [...] manifestaes como msica, gastronomia, artesvisuais e cnicas, festas e celebraes.

    Em um mundo cada dia mais globalizado cresce a preocupao sobre a

    conservao21 do patrimnio cultural material e imaterial. A UNESCO uma das

    organizaes que vem atuando, desde sua fundao em 1945, em aes voltadas a

    este patrimnio particularmente frgil, principalmente se pensarmos as

    caractersticas dos bens imateriais ou intangveis. Como parte das aes desta

    instituio pode-se ressaltar o curso Patrimnio Imaterial: poltica e instrumentos de

    identificao, documentao e salvaguarda22, promovido nos meses de abril a junho

    de 2008, especializando novos profissionais nesta rea.

    O patrimnio cultural material e imaterial do Municpio de Cabedelo, parte

    integrante do universo desta pesquisa, ser mapeado e descrito no decorrer deste

    estudo.

    20(BRASIL, 2006a, p.11).21Torna-se fundamental ao estudo apresentar distino entre os termos preservao e conservao.De acordo com Barreto (2000, p.15) preservar significa proteger, resguardar, evitar que alguma coisaseja atingida por alguma outra que lhe possa ocasionar dano [enquanto] conservar significa manter,

    guardar para que haja uma permanncia no tempo.22 Cf. Registro da Conveno Para a Salvaguarda do Patrimnio Cultural Imaterial. Disponvel nosite: . Acesso em: 29 jul.2008.

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    3.5 Identidade e Legado Cultural

    A insero da sociedade na massificao de costumes e gostos, atravs do

    consumismo, fruto do avano atual dos meios de comunicao, revelam cada vez

    mais aos indivduos perguntas como: de onde eu sou? Quem eu sou? (BARRETO,

    2000, p. 47). Estas indagaes que buscam as origens, razes ou uma referncia

    remetem justamente a um ponto de interesse no estudo e que deve ser analisado: o

    fenmeno chamado de identidade.

    Para Clerton Martins (2003, p.42)23a

    [...] identidade seria, em linhas gerais, esse sentido de pertencer que aspessoas trazem enquanto ser simblico que so. Esse ser de algum lugarpertence a algum grupo, sente afinidade com algo que lhe resgata algo seu.

    E ressalta a importncia cultural dentro do fenmeno:

    Todo grupo necessita de uma cultura que o sustente para poder existir,vivenciada no sentido comum e repassada atravs de comunicao, paramanter o sentido de pertencer entre seus integrantes24

    A transmisso das caractersticas culturais de gerao em gerao suas

    lnguas, costumes e tradies o que se considera herana ou legado cultural

    (MELHORAMENTOS, 2007). Podemos analisar que os conceitos de legado e

    identidade so complementares, pois atravs das memrias individuais e coletivas,

    dos indivduos e grupos sociais respectivamente, existe a possibilidade da

    construo do pertencimentodestes, caracterstica intrnseca a edificao de uma

    identidade cultural25.

    Dentro das perspectivas do estudo no cenrio da Praia Fluvial do Jacar

    vemos a presena de uma identidade no predominantemente local, mas sim de

    carter regional. tica de tratar-se de atrativo com bastante visibilidade e fluxo

    dentro do Estado da Paraba, contribui para que as expresses culturais presentes

    no artesanato, na culinria e outros patrimnios culturais especificamente locais

    23Clerton Martins (inMARTINS, 2003, p.42).24Ibid.: p.4325Sobre a construo da identidade Lucena Filho (2007, p.52) expe que se trata de uma edificaomental, esta formada por um conjunto de conceitos, resumidos e abstratos, que busca visibilizar{sic} a generalizao intelectual, de uma gama de variedades de vivncias cotidianas e efetivas quese concretizam.

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    sejam supridos pelo carter da produo regional: vesturio produzido pelo algodo

    colorido e pelo couro, provenientes do serto da Paraba; a venda da cachaa,

    produto comum a toda regio nordeste do pas; entre outros. O que se pretende

    neste estudo valorizar a cultura, tanto local como da regio a qual est inserida,

    permitindo que esta, em si, seja uma forma de turismo sustentvel26no atrativo.

    3.6 Eventos

    Os eventos so um dos pontos de interesse para o estudo, visto que atravs

    do equipamento do anfiteatro a realizao destes, ser possvel alcanar grande

    parte dos objetivos propostos27. De acordo com Marisa Canton (1997, p.102)

    podemos considerar o evento, pelo prprio significado da palavra [...] todo fato ou

    acontecimento, espontneo ou organizado, ocorrido na sociedade, que sob o ponto

    de vista do profissional pressupe planejamento e organizao.

    O profissional levantado dentro do conceito refere-se ao organizador de

    eventos, este exercendo funes tanto nos setores pblicos como privados. O

    presente estudo fundamenta-se nos eventos pblicos, visto que as propostas

    presentes no Anfiteatro como Ferramenta de Desenvolvimento do Turismo Cultural

    na Praia Fluvial do Jacar referem-se primordialmente administrao de rgo

    pblico municipal, com subseqente parceria comunidade e setor privado.

    3.6.1 Eventos Tursticos e Culturais

    Partindo do pressuposto do planejamento e organizao, levantadas por

    Canton (Ibid.), os eventos podem ser formulados para todos os tipos, tamanhos,

    pblicos, e com funes e objetivos bastante diferenciados.

    Ao interesse do estudo, os eventos aqui propostos permeiam duas vertentes

    de conceitos j definidos anteriormente: turismo e cultura. Os eventos tursticos so

    26Ruschmann (1997, p.10) refere-se o turismo que atende s necessidades dos turistas atuais, semcomprometer a possibilidade do usufruto dos recursos pelas geraes futuras27As propostas referidas sero discernidas ao capitulo V deste estudo.

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    planejados e organizados para ofertar um produto turistas em potencial,

    promovendo assim cidades, atrativos ou organizaes.

    Do ponto de vista dos eventos culturais, estes promovem os bens

    pertencentes do patrimnio cultural. O Ministrio do Turismo (BRASIL, 2006a, p. 17)

    conceitua-os como manifestaes temporrias, incluindo-se nesta categoria os

    eventos gastronmicos, religiosos, musicais, de dana, de teatro, de cinema,

    exposies de arte, de artesanato e outros. Melo Neto (in FUNARI; PINSKY, 2001,

    p.65) refora, atravs de sugestes, a importncia destes eventos como estmulo ao

    desenvolvimento e conservao do patrimnio cultural e tambm histrico

    referido figura 1.

    FIGURA 1 - Aspectos positivos dos eventos noPatrimnio Cultural.Fonte:Melo Neto (in FUNARI; PINSKY, 2001, p.65).

    Em anlise aos eventos promovidos pelo poder pblico no Brasil, que

    possuem caractersticas tanto culturais como tursticas esta ltima podendo ser de

    modo potencial focam-se, primordialmente, em torno s comemoraes religiosas.Pellegrini (1997, p.122-123) ressalta a afirmao:

    [...] um dos tipos de manifestaes tradicional-populares com maiorpotencialidade de atrao turstica so eventos intimamente ligados srazes de largas faixas populacionais e fortemente fixadas em sentimentos esignificados religiosos. No Brasil, como de se esperar, os eventosfolclricos esto vinculados s comemoraes da Igreja Catlica...

    Antnio de Paiva Moura (in FUNARI; PINSKY, 2001, p.38) classifica as

    principais festas populares brasileiras, de acordo com seus componentes estruturais,

    em trs classificaes: religiosas, profano-religiosas ou profanas. No prprio

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    significado das palavras, as duas primeiras possuem forte vnculo a ideologia

    religiosa, sendo a terceira distinta por sua caracterstica apenas recreativa ou de

    carter cvico28. Os grandes eventos populares da regio Nordeste do pas

    embasados s obras de Pellegrini (1997, p.123-124) e Paiva Moura (in FUNARI;

    PINSKY, 2001, p.39-49) podem ser enquadrados dentro de quatro ciclos

    principais, definidos a tabela abaixo:

    CICLOS DOS EVENTOS POPULARES NO NORDESTE

    Ciclo Data29 Caractersticas

    Natal/ Reis ou

    Ciclo Natalino

    24 de dezembro a

    6 de janeiro

    comemorao do nascimento de Jesus Cristo, o ciclo

    natalino inicia-se a vspera do Natal, 24 de dezembro, e vai

    at o dia de Reis, 6 de janeiro. Nesse perodo ocorrem,

    alm dos banquetes familiares e da tradicional queima de

    fogos na passagem de ano, pequenas celebraes em vias

    pblicas, principalmente regio Nordeste do pas, com

    apresentaes de Lapinhas, Reisados, Guerreiros, Autos,

    Pastoris, Bumba-meu-boi, entre outros30.

    Carnaval3140 dias antes da

    Pscoa

    As festividades populares no perodo de carnaval semassificaram com o surgimento das escolas de samba do

    Rio de Janeiro; e de outra forma com os trios eltricos na

    Bahia. Na regio Nordeste a massificao do carnaval

    baiano bastante presente.

    28 As programaes em que o Estado, seus smbolos e datas so celebrados pelos cidados(BRASIL, 2006a, p.12).29 Todas as datas aqui apresentadas fundamentam-se ao estudo de Paiva Moura ( in FUNARI;PINSKY, 2001, p.39-49).30 Para o aprofundamento sobre as caractersticas das festividades populares no Nordeste, comnfase na produo cultural do Municpio de Cabedelo, consultar as obras de Alencar de Altimar

    Pimentel (2004a; 2004b; 2004c; 2005).31Cf.FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. So Paulo: Ediouro Publicaes,2004.

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    Semana Santa /

    Pscoa

    Primeira lua cheia

    da primavera nohemisfrio norte

    uma rememorao da vida de Jesus Cristo. Comum no

    Nordeste com encenaes da paixo e morte de Cristo; a

    procisso de encontro e a procisso de enterro. A sua

    maior representao em termos estruturais32

    e tursticos33

    ,nesta regio, encontra-se Paixo de Cristo de Nova

    Jerusalm, espetculo encenado no municpio de Brejo da

    Madre de Deus, Estado de Pernambuco.

    Ciclo Junino

    13/06 (Santo

    Antnio), 24/06

    (So Joo) e

    29/06 (So

    Pedro).

    Tem seu ponto forte no Nordeste, e com bastante tradio,

    apresentando msica, dana e comida regional, bem como

    a habitual fogueira. Em algumas localidades a

    comemorao consiste em um ms inteiro de festividades

    como o So Joo da cidade de Campina Grande34 na

    Paraba, uma das festividades com maior mobilidade

    popular.

    TABELA 1 Ciclos dos principais eventos populares no Nordeste.Fonte: Adaptao do pesquisador com base em Pellegrini (1997, p.123-124) e Paiva Moura (inFUNARI; PINSKY, 2001, p.39-49).

    As informaes demonstram, de modo lacnico, como se estrutura a

    realizao da maior parte dos eventos populares no Brasil35, em nfase a regio

    Nordeste, ocorrendo estes no de forma homognea ao indicado, mas revelando

    pequenas mudanas de acordo com a cultura local. Em destaque a regio do estudo

    Municpio de Cabedelo e o bairro do Jacar de acordo com pesquisa e

    informaes obtidas Secretaria de Educao e Cultura, Secretaria de Turismo e

    Esportes e a AACC36, podemos destacar dentro dos ciclos representados alguns

    eventos locais de maior evidncia: no ciclo natalino h festividades Praa Getlio

    Vargas, com apresentaes musicais, e com nfase s apresentaes mais

    populares como a Lapinha Jesus de Nazar do bairro do Monte Castelo e o PastorilAnjos de Belm do Centro; durante o carnaval, possvel ver a presena de blocos

    mais populares e tradicionais, como o Bem-te-vi e as Donzelas dos Cais, junto a

    32A encenao possui rea de 100 mil m de estrutura fsica, equivalendo a um tero da Jerusalmoriginal, caracterizando-se como um dos maiores teatros a cu aberto do mundo. Fonte:. Acesso em: 31 jul. 2008.33 Em pesquisa de opinio realizada pela Faculdade Frassinetti do Recife e Recife Convention &Visitors Bureau, durante a comemorao dos 40 anos da Paixo de Cristo da Nova Jerusalm, noano de 2007, o espetculo obteve o recorde de 72.000 mil pessoas provenientes de 23 estadosbrasileiros e de 11 pases. Fonte: . Acesso em: 31 jul. 2008.34 Cf. LUCENA FILHO, Severino Alves de. A festa junina em Campina Grande PB: umaestratgia de folkmarketing. Joo Pessoa: Ed. Universitria / UFPB, 200735Para aprofundamento do estudo Cf.Cascudo (1962a; 1962b).36Associao Artstico-Cultural de Cabedelo.

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    32

    blocos influenciados pelo carnaval baiano como o Bicho-de-p; com maior

    visibilidade, durante os eventos da Semana Santa, vemos a Paixo de Cristo de

    Cabedelo realizado h 31 anos pelo GTAAB37, na Fortaleza de Santa Catarina; nas

    comemoraes do ciclo junino, h o evento So Joo de Cabedelo, no centro da

    cidade, com destaque a competio de quadrilhas, e em evidncia a quadrilha

    Fazenda Viana, do Coronel Joca Balduno, com mais de 200 prmios em concursos,

    tanto na Paraba, como em estados vizinhos38. Alguns dos grupos culturais citados

    sero melhores apresentados dentro das propostas no captulo V.

    3.7 Marketing / Marketing Turstico

    Neologismo presente s conversas mais informais, a palavra marketing

    tema de importncia para a construo das propostas apresentadas no estudo

    pr-concebida, popularmente, como sinnimo de publicidade. Middleton (2002, p.20)

    observa que os que vem [marketing] como promoo e persuaso , no entanto,

    apenas a dica visvel de um grande iceberg de atividades de gerenciamento (...) das

    quais a maioria das pessoas no tem conscincia. De modo sucinto revela:

    O marketing pode ser explicado como o processo de obter trocar {sic}voluntrias entre duas partes: consumidores que optam por comprar ou usaros produtos; organizaes produtoras que desenvolvem, fornecem evendem os produtos (Ibid.).

    Kotler (1998, p.26) apresenta conceito semelhante, afirmando que marketing

    um processo social e gerencial pelo qual indivduos e grupos obtm o que

    necessitam e desejam atravs da criao, oferta e troca de produtos de valor comoutros. Atravs das definies apresentadas podemos entender e aprofundarmos

    melhor na interao entre o marketing e o turismo, resultando na construo do

    termo Marketing Turstico.

    Para Vaz (1999, p.18), baseado em Philip Kotler, o MarketingTurstico um

    conjunto de atividades que facilitam a realizao de trocas entre os diversos agentes

    37Grupo de Teatro Amador Alfredo Barbosa de Cabedelo.38Cf. PREFEITURA MUNICIPAL DE CABEDELO (2008).

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    que atuam, direta ou indiretamente, no mercado de produtos tursticos39. Trigueiro

    (1999, p.15) afirma que:

    A funo do marketing turstico consiste precisamente em identificar [...]segmentos de mercado, promover o desenvolvimento de produtos tursticose fornecer aos turistas potenciais informaes sobre os produtos oferecidos.

    Para atingir os objetivos propostos pelo marketing conseqentemente o

    Marketing Turstico com eficincia, utilizado grupo de instrumentos gerenciais

    chamados de Mix Marketing,o qual permite identificao dos principais problemas,

    e para uma conseqente ao concentrada nos fatores relevantes para a soluo

    dos mesmos (VAZ, 1999, p.28). Kotler (1998, p.97), anlogo, conceitua-o como oconjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de

    marketing no mercado-alvo40. A quantidade de ferramentas presentes no composto

    mercadolgico (ZENONE, 2007, p.125) altera-se de acordo com cada autor, mas

    todas estas diferenas41 fundamentam-se teoria inicial dos 4 Ps (quatro ps)

    apresentada inicialmente por E. Jerome McCarthy42: Product, Price, Promotion e

    Place Produto, Preo, Promoo e Praa (VAZ, loc. cit.) o quais sero base

    deste estudo, conseqentemente influenciado pelas vises de outros autores43.

    Fundamentado teoria de McCarthy, Middleton (2002, p.94) descreve de

    modo conciso as funes representada por cada varivel:

    [...] a formulao do produto, que representa um meio de adaptar o produtos necessidades do cliente-alvo44 em constantes mudanas; o preo, quena prtica tende a ser usado como um acelerador para aumentar ou diminuiro volume das vendas de acordo com as condies do mercado; apromoo, usada para aumentar os nmeros daqueles indivduos, nomercado, que conhecem o produto e esto favoravelmente dispostos acompr-lo; e o local, que determina o nmero de clientes potenciais quepodem encontrar locais convenientes e formas de obter informaes econverter suas intenes em compras.

    39Em conceito apresentado por Ignarra (apud VALLS, 1999, p.50) o produto turstico apresenta-secomo um aglomerado, um amlgama, uma constelao de elementos tangveis e intangveis, emparticular. Entre os tangveis esto os bens, os recursos, as infra-estruturas e os equipamentos; entreos intangveis, encontram-se os servios, a gesto, a imagem da marca e o preo.40Para Zenone (1998, p.56), mercado-alvo significa identificar um segmento particular ou segmentosda populao que [...] deseja servir.41Para conhecer as principais variaes do composto mercadolgico Cf.Vaz (1996, p.27-28).42Cf.MCCARTHY, E. Jerome. Marketing Bsico. Rio de Janeiro, Zahar, 1976.43Dentre os quais esto Middleton (2002), Vaz (1999) e Kotler (1998).44Terminologia similar a mercado-alvo (loc. cit. p.31), diferenciando-se por sua caracterizao maiorsobre as necessidades individuais.

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    34

    Em relao ao estudo Anfiteatro como ferramenta de desenvolvimento do

    Turismo Cultural na Praia Fluvial do Jacar pode-se analisar de que forma as

    variveis, dentro da concepo apresentada no ferramental do Marketing ou Mix

    Marketing, influenciam o atrativo turstico45.

    3.7.1 Produto

    Com bastante visibilidade regio46, a Praia Fluvial do Jacar volta-se

    necessidade dos turistas que a visitam para contemplao do pr-do-sol junto

    execuo do Bolero de Ravel47. Interdependente de outros bens e servios, o

    atrativo parte integrante de um produto turstico conjunto dos meios de acesso,

    transportes pblicos e privados, hospedagem, e at mesmo o clima considerado;

    este como um bem imaterial e seu posicionamento mercadolgico adotado (VAZ,

    1999, p.32) influenciar qual o perfil dos visitantes no local, determinando o pblico-

    alvo almejado nesta viso que se enquadra o potencial do Turismo Cultural no

    local estudado, o qual ser exposto s propostas do Captulo V.

    3.7.2 Preo

    Na Praia Fluvial do Jacar pode-se presenciar esta ferramenta, nos mais

    diversos fornecedores de servios e equipamentos locais, como restaurantes, lojas e

    feira de artesanato, receptivos, entre outros. A poltica de preos determinante na

    construo do perfil e fluxo de turistas a um atrativo. Vaz (op. cit.) refora a funo

    da gesto dessa ferramenta dentro do produto turstico:

    Para que a localidade possua competitividade mercadolgica, para que sejaabsorvida pela indstria do turismo, esse conjunto de preos, alm de seracessvel ao turista, deve oferecer vantagens aos intermedirios,operadores e agentes de turismo.

    45 Para Cruz (2003, p.9) considera-se atrativo turstico a valorizao de determinados recursosnaturais ou culturais [...] pela prtica social do turismo.46Podemos considerar a regio tanto os municpios circunvizinhos a Cabedelo: Joo Pessoa, SantaRita, Bayeux e Conde; bem como o prprio Estado da Paraba, visto que o atrativo turstico da Praia

    Fluvial do Jacar apresenta-se em boa parte dos materiais de divulgao dos rgos pblicosmunicipais e da PBTUR.47 O Bolero de Ravel e sua apresentao ocorrida na Praia Fluvial do Jacar sero decorridos aoCaptulo IV.

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    35

    3.7.3 Promoo

    Os meios de promoo ou divulgao do produto turstico da Praia Fluvial do

    Jacar tambm so elementos modificadores do perfil e fluxo dos visitantes locais,seja por parte do setor pblico como exemplo os folders e vdeos institucionais

    como do setor privado, presente em materiais publicitrios das agncias de

    receptivos, dos restaurantes e bares locais, entre outros. Dentro destas perspectivas

    encontra-se a potencialidade da promoo captao do perfil de visitantes com

    interesse cultural local e sua conservao.

    3.7.4 Praa

    O termo em si no apenas significa a localizao geogrfica da atrao

    turstica, mas sim de todos os locais que fornecem aos potenciais clientes

    possibilidade de acesso ao produto turstico (MIDDLETON, 2002, p.97)48. Para a

    realizao deste acesso so utilizados os canais de distribuio, o qual Middleton49

    (2002, p.318) considera qualquer sistema organizado e servido, [...] criado ouutilizado para fornecer pontos-de-venda50 convenientes e/ou acesso para os

    consumidores, fora do local de produo e consumo.

    Um dos canais de distribuio que apresenta maior desenvolvimento, desde a

    dcada de 90, para a maioria dos negcios no mundo, e conseqentemente o

    turismo, a Internet (MIDDLETON, 2002, p.97)51. Como exemplo do estudo, a

    Secretaria de Turismo e Esportes do Municpio de Cabedelo possui site 52

    denominado Guia Turstico de Cabedelo, como canal de distribuio das

    informaes referentes aos atrativos tursticos e meios de transportes locais.

    48Middleton (apudMIDDLETON, 2002, p.97).49Ibid: p.318.50Melhoramentos (1992) refere-se ao local onde os produtos so colocados as venda.51Middleton (op. cit.: 97)52Cf.. Acesso em: 12 ago. 2008.

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    4 CENRIO DA PESQUISA

    O cenrio pesquisado e utilizado no presente estudo o anfiteatro localizado

    Praia Fluvial do Jacar (Figura 2), margem do Rio Paraba, na municipalidade de

    Cabedelo, Estado da Paraba. Torna-se essencial elencar, alm dos dados relativos

    do equipamento e atrativo turstico, e distrito e municpio ao qual est inserido, a

    evoluo histrica que estes esto submetidos, fator relevante para o

    entendimento de suas caractersticas atuais.

    FIGURA 2 Anfiteatro da Praia Fluvial doJacar.Fonte: Marcos Paiva.

    4.1 Cabedelo

    4.1.1 Histrico

    De acordo com Pimentel53 (2001, passim) o territrio onde hoje se localiza a

    cidade de Cabedelo foi um dos primeiros pontos de contato com os colonizadores

    portugueses e desempenhou importante funo na regio, por encontrar-se em

    53 Torna-se essencial tomar nota desse exmio teatrlogo, jornalista, pesquisador e escritor, queresidiu cidade de Cabedelo por muitos anos, falecendo a data de 21 de fevereiro de 2008, com 71anos. Aprofundou-se em estudos relativos tanto a regio de Cabedelo, como da cultura nordestina deforma geral. Alm das contribuies literrias, com a publicao de 17 obras voltadas a rea dacultural e folclore, Altimar de Alencar Pimentel presidiu funes de destaque, entre as quais podemoselencar: membro da Academia Paraibana de Letras, onde ocupava a cadeira n. 1, cujo patrono

    Augusto dos Anjos; presidente da Comisso Paraibana de Folclore; membro do Instituto Histrico eGeogrfico Paraibano; diretor do Teatro Santa Rosa e do Departamento de Extenso Cultural doEstado; coordenador do Ncleo de Pesquisa e Documentao de Cultura Popular da UFPB e diretorda Rdio Correio da Paraba.

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    posio estratgica na foz do rio Paraba, sendo utilizado conquista, consolidao

    e defesa da Capitania.

    A denominao do nome Cabedelo em termos nuticos, segundo Leal

    (1994)54, significa pequeno cabo ou cabeo de areia que se forma junto foz dos

    rios e prolonga-se em direo ao mar. O termo em si no foi fator determinante na

    designao do nome do territrio de fato a cidade possui forma de pennsula55

    mas sim sua semelhana Praia do Cabedelo, localizado foz do rio Douro, em

    Viana do Castelo, Portugal, como podemos analisar s figuras 3 e 4.

    FIGURAS 3 e 4 esquerda a praia do Cabedelo, em Viana de Castelo com uma estruturaporturia atual bem desenvolvida e direita Municpio de Cabedelo, no Estado da Paraba. Asemelhana foi predominante na definio do nome.Fonte: Google Earth.

    Pimentel (2001, p.14) justifica:

    Costumavam os portugueses emprestar s localidades brasileirasconquistadas nomes de cidades de sua ptria, como verificamos em toda aParaba, e se a conformao geogrfica da nova terra lembrava Portugal,

    melhor nome no havia que Cabedelo.

    Em anlise a construo da histria de Cabedelo56, vemos trs aspectos

    chaves que elucidam de modo conciso as expanses demogrficas e territoriais

    54 LEAL, Abinael Morais. Dicionrio de termos nuticos, martimos e porturios. So Paulo:Aduaneiras, 1994.55 Poro de terra cercada de gua e ligada ao continente por um s lado (MELHORAMENTOS,1992), notadamente distinto ao conceito de cabo: Ponta de terra que entra pelo mar ( Ibid.).56 importante ressaltar que a construo histrica de Cabedelo, considerada neste estudo, tem

    como foco inicial descoberta do continente americano por Portugal. O territrio, anterior ao contatolusitano, era habitado por tribos indgenas, sendo a conveno proposta apenas de carter funcional:atravs dos portugueses houve mudanas territoriais mais intensas, bem como o prprio registrohistrico das mesmas.

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    local. O primeiro ponto a ser ressaltado a localizao estratgica do territrio

    defesa da Capitania. Por estar em condies favorveis a visualizao das vias

    navegveis, tanto entrada do rio Paraba como ao Oceano Atlntico, realizou-se no

    local construo de uma fortificao em 1590 posteriormente denominada Forte de

    Santa Catarina a fim de evitar ataques de embarcaes no-lusitanas a sede da

    Capitania. Pimentel (2001, p.113), sobre o tema, afirma que a povoao de

    Cabedelo formou-se, inicialmente, em torno do forte e durante a sua construo,

    reforando a importncia do evento para o acrscimo populacional da regio, pois

    aps a concluso das obras permaneceram, alm dos soldados nele aquartelados,

    algumas famlias dos que participaram da obra, ocupando-se em atividades

    primrias (Ibid.).O segundo ponto determinante para o desenvolvimento social e econmico

    de Cabedelo foi a expanso dos transportes ferrovirios, martimos e rodovirios.

    Com a ampliao da estrada de ferro do territrio de Cabedelo em 1889, e a

    conseqente construo de um molhe57, em 1890, para o desembarque de cargas

    de navios, houve um boom no crescimento comercial regio. Alencar Pimentel

    (2002, p.24) demonstra o valor que estas estruturas trouxeram para o local:

    Mais do que um ramal ferrovirio, Cabedelo recebeu as oficinas da GreatWestern58 e o Molhe. Estes fatos conferiram-lhe especial importncia emtodo o sistema, pois passou a ser um ponto de referncia para a malha detransporte sobre trilhos, e ainda em muito contribuiu para seudesenvolvimento econmico e social do povoado, com a vinda de famliasdos funcionrios da empresa, surgimento de escolas.

    Outras iniciativas posteriores relacionadas ao desenvolvimento dos

    transportes, as quais obtiveram bastante importncia no desenvolvimento econmico

    e social em Cabedelo, podem ser destacadas: abertura da picada {sic} do traadoda estrada ligando Cabedelo Capital em 1929, pelo presidente Joo Pessoa

    (PIMENTEL, 2002, p.157); inaugurao do Porto de Cabedelo em 1935, o qual no

    ano de 1936 chegou a ter atracados em seu cais 528 navios ( Id.,176); e a

    57 De acordo com MELHORAMENTOS (2002), o termo significa: Paredo que avana pelo maradentro, entrada de um porto, para quebrar o mpeto do mar e servir de abrigo a navios.58 O Termo de Referncia do DER-PB descreve, brevemente, a expanso e apropriao da GreatWestern em Cabedelo: A ligao da Capital ao Porto de Cabedelo, deu-se atravs da construo daestrada de ferro - numa extenso de apenas 10 quilmetros, somente realizada em 1889, aps

    estudos elaborados para o prolongamento da estrada at Cabedelo e, por fora do Decreto N. 9.764,de 14 de junho de 1887 [...] a explorao econmica dos servios comerciais passou para a GreatWestern. Disponvel em: . Acesso em: 12 ago. 2008.

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    construo da BR-230 ocorrida em 193459e sua decorrente melhoria que acelerou

    seu beneficiamento com a pavimentao ocorrida em 194160.

    O terceiro e ltimo ponto contribuinte expanso demogrfica e territorial

    local foi a emancipao poltica de Cabedelo. Acontecimento demonstrado por

    Pimentel (2002, p.238) em:

    Aprovado pela Assemblia Legislativa do Estado o projeto de lei n 78/56,de iniciativa do deputado Antnio dvila Lins, o governador Flvio RibeiroCoutinho decidiu sancion-lo em Cabedelo, em praa pblica [...] na tardedo dia 12 de dezembro de 1956...

    A emancipao permitiu a Cabedelo autonomia para discernir sobre

    necessidades locais e investimentos prprios necessrios ao desenvolvimento,

    independente dos interesses da Capital.

    4.1.2 Caractersticas e infra-estrutura atual

    Aps 51 anos de sua emancipao, o Municpio de Cabedelo apresenta rea

    de unidade territorial de 31,27 km2, sendo 18 mil metros de extenso por 3 milmetros de largura61. Limita-se no Oceano Atlntico ao norte e leste; a cidade de Joo

    Pessoa ao sul; e com as municipalidades de Santa Rita e Lucena a oeste.

    De acordo com o Plano Diretor de Desenvolvimento do Municpio de

    Cabedelo, criado atravs de consultoria tcnica elaborado pela empresa

    CadastralSurvey em 2006, o municpio possui em seu territrio 8 regionais e 27

    bairros, que podem ser visualizados detalhadamente s figuras 5 e 6.

    59 Fonte: Termo de Referncia do DER-PB. Disponvel em: http://miltoncandoia488gmailcom-

    arquivos.blogspot.com/2007/08/trecno-i-parte-ii.html . Acesso em: 12 ago. 2008.60Ibid.61Fonte: IBGE / Cidades@. Disponvel em: . Acessoem: 20 jun. 2008.

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    FIGURA 5 e 6 Localizao dos 27 bairros e 8 regionais,respectivamente, do Municpio deCabedelo.Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento do Municpio de Cabedelo (PREFEITURA MUNICIPAL DECABEDELO, 2006).

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    Com populao de 49.728 mil habitantes62, a cidade apresenta-se com

    notvel acrscimo populacional63durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro,

    decorrente da presena de turistas, veranistas e visitantes; decorrente grande parte

    da existncia de residncias secundrias64no municpio, grande parte localizadas s

    praias de Intermares, Camboinha e Poo.

    Em relao ao sistema de transporte, Cabedelo apresenta trs modais de

    transporte intermunicipais principais: sistema rodovirio, ferrovirio e aquavirio. O

    transporte pblico rodovirio realizado atualmente pela empresa Reunidas

    Transportes, do grupo A. Cndido, com frotas de nibus com itinerrios Cabedelo

    Joo Pessoa.

    O setor ferrovirio administrado pela CBTU Companhia Brasileira deTrens Urbanos com sede a cidade de Joo Pessoa. Por tratar-se de um sistema

    com maior visibilidade caracterizao turstica65, analisaremos este modal com

    mais informaes.

    De acordo com o Ministrio dos Transportes66, o sistema de ferrovias que

    Interliga os municpios de Cabedelo, Joo Pessoa, Bayeux e Santa Rita

    denominado Grande Joo Pessoa apresenta-se com 30 km de extenso e

    composto atualmente por 4 locomotivas e 24 carros de passageiros, formando 2composies que realizam 28 viagens dirias, totalizando em mdia de 10,1 mil

    passageiros/dia. O sistema possui 9 estaes, as quais 3 encontram-se nos limites

    da cidade de Cabedelo: os bairros do Renascer, Jacar e Centro. Por ser um

    transporte pblico mais econmico o valor de R$ 0,50 em relao R$ 1,80

    apresentado pelo sistema rodovirio, data do estudo um sistema bastante

    utilizado pela populao local para o deslocamento intermunicipal, auxiliando as

    necessidades dirias, mas tambm com finalidades de lazer, principalmente emrelao aos visitantes que freqentam o litoral nos fins de semanas e feriados, como

    observado no grfico 1.

    62Fonte: Brasil, 2008a.63Cf. Nmero de turistas em Cabedelo j trs vezes mais que o da populao .Joo Pessoa: AUNIO, publicado em 12 jan. 2006.64De acordo com Assis (2003, p.110) a residncia secundria ou segunda residncia um tipo dehospedagem vinculada ao turismo de fins de semana e de temporadas de frias.65 Como exemplificado a noticia: CBTU e Prefeitura de Joo Pessoa apresentam Trem Cultural.Fonte: CBTU. Disponvel em: .Acesso em: 22 jun. 2008.66Fonte: Brasil, 2008b.

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    GRFICO 1: Objetivo da viagem nos transportes pblicosna Grande Joo Pessoa.Fonte: Silva Jnior, 2005.

    No transporte aquavirio, este realizado pela empresa F. Andreis e Cia Ltda,

    permitido travessia de pessoas e automveis entre os municpios de Cabedelo e

    Lucena atravs de balsa no rio Paraba. O custo atual da travessia, data do

    estudo, encontra-se em R$ 0,85 para pedestres e R$ 8,60 para veculos pequenos.

    Os modais de transportes pblicos apresentados possuem certas carncias

    visveis a quem regularmente os freqenta tanto em termos de manuteno como

    em qualidade do servio, atendimento, entre outros detalhes. Se compararmos estes

    sistemas apoiado s necessidades do turismo, e do turista, como base do nvel de

    qualidade, veremos que estas deficincias sero bem mais concretas. Pode-se

    destacar a ausente integrao entre os sistemas, principalmente os rodovirios e

    ferrovirios, e nem estes aos principais atrativos tursticos do municpio.

    4.2 Atrativos tursticos locais

    Com base nas divulgaes proporcionadas pela Secretaria de Turismo e

    Esportes de Cabedelo e PBTUR; e atravs da pesquisa e vivncia local, podemos

    destacar alguns atrativos tursticos consolidados, com grande visibilidade,

    concentrao e fluxo turstico, bem como outros atrativos potenciais, dentro da

    municipalidade estudada.

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    35%

    40%

    45%

    50%

    trabalho lazer estudo assunto familiar outro

    Finalidade

    Freqn

    cia

    nibus Trem

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    Fortaleza de Santa Catarina

    A Fortaleza de Santa Catarina, antigo meio de defesa do territrio da

    Capitania, possui uma rea construda de 12.710 m e em terreno uma reaequivalente a 44.555 m (PINTO, 2003, p.21). Tombada pelo IPHAN em 24 de maio

    de 1938, a fortaleza parte integrante dos principais atrativos tursticos da cidade de

    Cabedelo.

    Desde 1992 o atrativo vem sendo administrado pela Fundao Fortaleza de

    Santa Catarina, com sede prpria Fortaleza, composta por 21 scios instituidores,

    com objetivo principal de tornar a Fortaleza um Centro de Atividades Culturais e

    principal ponto de atrao turstica de carter histrico da Paraba (PINTO, 2003,p.28).

    Aberta a visitao gratuita, apresenta exposies no interior da fortaleza com

    pinturas em azulejos, museu oceanogrfico e exposio do sc. XVII que mostra

    passagens da histria da colonizao do Brasil, todas realizadas com

    acompanhamento de guias67(Figura 7). A Fortaleza tambm serve de suporte para

    apresentaes de aspectos artsticos e culturais: shows, peas de teatro, exposies

    de artistas locai, entre outros. Entre estas podemos destacar o I Festival de MsicaFortaleza de Santa Catarina realizada em 2004, com envolvimento no espetculo

    de cerca de duzentos profissionais, entre msicos, coralistas e pessoal de apoio68; e

    a apresentao da Paixo de Cristo de Cabedelo, tradicionalmente executada h 31

    anos (Figura 8).

    FIGURA 7 Visitantes Fortaleza de SantaCatarina. As visitas so acompanhadas porguias da comunidade.Fonte: Ccio Murilo.

    67 De acordo com Pinto (2003, p.32) os guias da Fortaleza de Santa Catarina so membros dacomunidade cabedelense, mantidos pela Fundao atravs de convnio com a prefeitura.68Fonte: pera Carmina Burana ser executada em Cabedelo. Joo Pessoa: A UNIO, publicadoem 09 dez. 2004.

    FIGURA 8 Material publicitrio da Paixo deCristo de Cabedelo em 2006. A encenaoocorre desde 1977.Fonte: Arquivo / Secretaria de Esportes eTurismo de Cabedelo.

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    Areia Vermelha

    Um dos focos principais do fluxo turstico em Cabedelo a Ilha de Areia

    Vermelha, denominao do banco de areia que emerge nos perodos das marsbaixas, localizado a 2 km da Praia de Camboinha, apresentando formaes de

    corais em sua proximidade. O local bastante explorado turisticamente, e uma das

    principais ofertas do fluxo turstico de todo o Estado69.

    Aps grande perodo de ausncia de aes pblicas voltadas a administrao

    do atrativo e at atuaes equivocadas de divulgao (Figura 9) em 28 de

    agosto de 200070o Governo do Estado da Paraba realizou, em decreto n. 21.263, a

    criao do Parque Estadual Marinho de Areia Vermelha, responsabilizado gestoda Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente SUDEMA71.

    Figura 9 Fotografia area da Ilha de Areia Vermelha, utilizada nadivulgao do atrativo turstico nos materiais publicitrios da Secretariade Turismo e Esportes e PBTUR no ano de 2006. A imagem retrataclaramente uma sobrecarga de visitantes em uma rea naturalmentefrgil.Fonte: Secretaria de Turismo e Esportes de Cabedelo.

    Eventos Locais

    De acordo com pesquisa a Secretaria de Turismo e Esportes de Cabedelo,

    responsvel pela organizao dos principais eventos municipais, h certos eventos

    69Anlise aos materiais de divulgao do Estado da Paraba realizados pela PBTUR.70O decreto criado pelo Governo do Estado da Paraba encontra-se disponvel em:. Acesso em: 13 ago. 2008.71 Autarquia estadual vinculada SEMARH - Secretaria Extraordinria do Meio Ambiente, dosRecursos Hdricos e Minerais do Estado da Paraba.

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    locais com maior estrutura e visibilidade, capazes de se configurarem como atrativo

    turstico, por obterem maior concentrao e fluxo de visitantes. Em anlise s

    festividades populares com menor evidncia gesto pblica no Municpio de

    Cabedelo, podemos destacar tambm alguns eventos com diferencial e grande

    potencialidade utilizao turstica, por oferecerem certas caractersticas culturais

    mais significantes, principalmente analisadas tica do Turismo Cultural.

    Com interesse para o estudo segue abaixo tabela72 (Tabela 2) referente aos

    principais eventos consolidados com maior adaptao ao fluxo turstico e

    tambm alguns eventos que apresentam potenciais de se tornarem atrativos

    tursticos, no Municpio de Cabedelo:

    EVENTOS DO MUNICPIO DE CABEDELO CONSOLIDADOS OU COMPONTECIALIDADE AO TURISMO

    Eventos Local Data Caractersticas

    Recepo aCruzeiros

    Porto deCabedelo

    Novembroa Maro

    Organizao de pequenas apresentaesmusicais, feiras de artesanato e panfletagemde material institucional recepo.

    Fest Vero Intermares Janeiro

    Evento privado com apoio da Prefeitura.Realizam-se atraes musicais nacionais epopulares73, obtendo maior visitao dosmunicpios circunvizinhos74.

    Campeonatos deSurf

    IntermaresSem datadefinida

    A praia de Intermares eventualmente torna-sepalco de eventos relacionados prtica dosurf, como o Campeonato Paraibano de SurfAmador. Possui potencial a realizao deeventos mais consolidados.

    Corrida do Jegue Renascer Sem datadefinida

    Evento que promove a competio entre osanimais referidos e seus donos, compremiao para os vencedores da corrida e amelhor fantasia (Figura 10).

    Paixo de CristoFortaleza de

    SantaCatarina

    Maro ouAbril

    Evento mantm a tradio desde 1977,encenado Fortaleza de Santa Catarina.

    Carnaval

    Praia deMiramar,

    Renascer II eprincipais

    ruas

    Fevereiro

    Realizam-se, simultaneamente nos bairros doCentro e Renascer II, apresentaes musicaisem palcos estruturados pelaSETUR/Cabedelo. s ruas, os blocoscarnavalescos com maior concentrao devisitantes Bicho de P, Bloco da Dora ePiratas so inspirados ao carnaval baiano.Outros blocos mais tradicionais podem serdestacados: Donzelas dos Cais, Bem-te-vi eBloco da Melhor Idade.

    72 Fundamentada a relao dos eventos realizados, ou com apoio da Secretaria de Turismo eEsportes de Cabedelo, nos anos de 2005, 2006 e 2007; entrevistas no-estruturadas a agentes

    envolvidos rea de estudo; e a prpria percepo e vivncia, em maior parte por laborao, dealguns dos eventos apresentados.73Em maior parte atraes musicais referidas aos ritmos de ax e forr.74Joo Pessoa, Santa Rita, Bayeux, Conde, entre outros.

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    So Joo / Encontrode Quadrilhas

    Juninas

    Centro,Renascer II e

    JardimManguinhos

    Junho

    Similar s festividades presentes no Carnavaldos bairros do Centro e Renascer II. Afestividade apresenta diferencial na propostado Encontro de Quadrilhas Juninas, queocorre paralelamente aos eventos principais.Como potencial podemos destacar o SoJoo do bairro Jardim Manguinhos, poucovisado a gesto pblica.

    Abertura de VeroPraia deMiramar

    Dezembro Atraes musicais, celebrando o incio daestao do vero.

    EmancipaoPoltica

    Centro Dezembro

    Apresentaes musicais em palco e discursoproferido pelo Prefeito. Evento comemorativocom potencial para ligar-se ao contedohistrico da cidade.

    Natal Centro Dezembro

    Festividade voltada eventualmente para osservidores municipais e suas famlias, mas

    com grande potencial de realizao de eventopblico com atraes da cultura popular como a Lapinha Jesus de Nazar75 (Figura11) a comunidade e visitantes.

    Festa de SantaCatarina

    Fortaleza deSanta

    CatarinaDezembro

    Festividade relacionada padroeira dacidade. O evento realiza-se tradicionalmente Fortaleza de Santa Catarina e apresenta forteaspecto cultural, com nfase a encenao daNau Catarineta76.

    TABELA 2 Principais eventos do Municpio de Cabedelo, consolidados ou com potencialidade aoturismo.Fonte: Adaptao do autor a lista de eventos dos anos de 2005, 2006 e 2007 da

    SETUR/CABEDELO.

    FIGURA 10 II Corrida do Jegue nobairro do Renascer II, ano de 2006.Fonte: Arquivo / Secretaria deEducao e Cultura.

    75Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE CABEDELO. Cadastro Cultural 2007/2008. Secretaria deEducao e Cultura. Prefeitura Municipal de Cabedelo, 2008.76Para maior conhecimento Cf. Pimentel, 2004a.

    FIGURA 11 Apresentao do grupo deLapinha Jesus de Nazar.Fonte: Arquivo / Secretaria de Educao eCultura.

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