TCC Benedito Somaio Smart Grid Final

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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA ENGENHARIA ELÉTRICA BENEDITO CARLOS SOMAIO A SMART GRID E A REDE DE DISTRIBUIÇÃO CONVENCIONAL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA SALTO – SP 2012

Transcript of TCC Benedito Somaio Smart Grid Final

  • CENTRO UNIVERSITRIO NOSSA SENHORA DO PATROCINIO FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

    ENGENHARIA ELTRICA

    BENEDITO CARLOS SOMAIO

    A SMART GRID E A REDE DE DISTRIBUIO CONVENCIONAL: UMA ANLISE COMPARATIVA

    SALTO SP 2012

  • BENEDITO CARLOS SOMAIO

    A SMART GRID E A REDE DE DISTRIBUIO CONVENCIONAL: UMA ANLISE COMPARATIVA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Banca Examinadora do Curso de Engenharia Eltrica da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, do Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio, como requisito parcial para a obteno do Grau de Bacharel em Engenharia Eltrica.

    Orientador Temtico: Prof. M Scheila Guedes Garcez Orientador Metodolgico: Prof. Dr. Cassio Donizete Marques

    SALTO SP 2012

  • Somaio, Benedito Carlos S693s A Smart Grid e a rede de distribuio convencional: uma anlise

    comparativa. / Benedito Carlos Somaio - Salto: Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio, 2012.

    42p. ; il.

    Monografia (Engenharia Eltrica). CEUNSP SP. Orientadora: Prof Scheila Guedes Garcez.

    1. Rede inteligente. 2. Distribuio de energia. 3. Gerao distribuda. I. Ttulo.

    CDD 621.3

    Catalogao elaborada por Maria Jos Saracini

    Bibliotecria - CRB-8/3969 Salto-SP

  • BENDITO CARLOS SOMAIO

    A SMART GRID E A REDE DE DISTRIBUIO CONVENCIONAL: UMA ANLISE COMPARATIVA

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Banca Examinadora do Curso de Engenharia Eltrica da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, do Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio, como requisito parcial para a obteno do Grau de Bacharel em Engenharia Eltrica.

    Aprovado em dezembro de 2012.

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. M Scheila Guedes Garcez Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio

    Prof. Me Kleber Betini Vieira Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio

    Prof. Me Ernesto Martin Mari Barrientos Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio

  • minha esposa Fabiana pelo constante apoio e dedicao incondicional a nossa famlia, e s minhas filhas Livia, Isabella e Yasmin que durante esses anos cederam seu tempo para possibilitar que esse projeto fosse alcanado. Sem todo esse apoio, carinho e dedicao eu jamais realizaria esta conquista.

  • AGRADECIMENTOS

    Deus, como o Grandioso Criador, que nos dotou da capacidade de raciocinar e aprender.

    Aos meus pais pelos sbios ensinamentos e apoio dado ao longo de toda a minha vida.

    Aos Professores de Engenharia Eltrica do Centro Universitrio Nossa Senhora do Patrocnio de Salto CEUNSP, pela dedicao e comprometimento ao nosso aprendizado.

    Aos meus amigos Eric Saldanha e Jose Francisco Resende da Silva pelo constante apoio na realizao desse trabalho de concluso de curso.

    Elektro Eletricidade e Servios S.A. que disponibilizou as informaes necessrias para o desenvolvimento desse trabalho.

  • Aprender a nica coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.

    Leonardo Da Vinci.

  • RESUMO

    Em funo do crescimento econmico e do consumo, nunca se utilizou tanta energia como agora. E com as projees de crescimento que h atualmente, muitos investimentos em usinas teriam que ser feitos em todo o mundo. Porm, a construes de novas usinas acarretariam, quaisquer que sejam o tipo, um impacto no meio ambiente, o que hoje necessrio evitar a todo custo. Alm disso, com o advento de novas tecnologias o consumidor moderno espera que a energia distribuda tenha cada vez mais qualidade. Isso envolve desde nveis de tenso adequados at menores tempos de restabelecimento quando ocorrer uma falta de energia. Assim, se a utilizao de energia fosse otimizada e a gerao pudesse ser descentralizada, a demanda poderia ser suprida sem que houvesse a necessidade da construo de mais usinas. Tambm, se as distribuidoras tivessem dados mais confiveis da rede de distribuio, coletados em tempo real, muitas aes de manuteno preventivas seriam desencadeadas, alm de proporcionar aos operadores do sistema dados mais concisos nos restabelecimentos da energia. A Smart Grid possibilita esses e muitos outros benefcios tanto para os clientes quanto para as distribuidoras de energia eltrica. Dessa forma o objetivo desse trabalho , em um primeiro momento, mostrar a evoluo da distribuio de energia eltrica no Brasil. Na parte seguinte ser apresentado como a energia distribuda por meio das redes de distribuio e quais as topologias de rede primria so utilizadas pelas distribuidoras. A seguir, ser definido o que uma Smart Grid e quais as tecnologias disponveis para a sua implantao. Por fim sero apresentadas quais as vantagens e novas possibilidades que sua implantao traz para as distribuidoras e consumidores quando comparada com uma rede de distribuio convencional.

    Palavras-chave: Rede inteligente, distribuio de energia, gerao distribuda.

  • ABSTRACT

    Due to economic growth and consumption, energy has never been used as much as now. And with the growth projections that there are currently many investments in power plants would have to be made worldwide. However, the construction of new power plants would cause, whatever the type, an impact on the environment, which now must be avoided at all costs. Moreover, with the advent of new technologies the modern consumer expects the distributed power to have more quality. This involves everything from the proper voltage levels even lower recovery times when there is a lack of energy. Thus, the use of energy has been optimized and the generation could be decentralized, demand could be met without any need to build more power plants. Also, if the distributors were more reliable data distribution network, collected in real time, many preventive maintenance actions would be triggered, and provide data to system operators in more concise restatement of energy. The Smart Grid enables these and many other benefits for both customers and for the electricity distributors. Thus the objective of this work is, at first, show the evolution of the distribution of electricity in Brazil. In the next part will be shown how energy is distributed through the distribution networks and network topologies which are use by primary dealers. Next, you define what is and what a Smart Grid technologies available for your deployment. Finally are presented the advantages and new possibilities that its implementation brings to the distributors and consumers when compared to a conventional distribution network.

    Key words: Smart grid, energy distribution, distributed generation.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Viso area do complexo de Gerao Niagara Falls 03

    Figura 2 - Dispositiva de demonstrao do campo magntico rotativo 04

    Figura 3 - Usina Hidreltrica Marmelos Minas Gerais 05

    Figura 4 - Usina Hidreltrica de Itaipu 06

    Figura 5 - Primrdios das redes de distribuio de baixa tenso 07

    Figura 6 - Esquema eltrico completo de um alimentador primrio radial 08

    Figura 7 - Esquema eltrico da sada de alimentadores radiais 09

    Figura 8 - Pontos de interligao com outros alimentadores 10

    Figura 9 - Esquema eltrico do tronco do alimentador com seus ramais 11

    Figura 10 - Indicadores de Falta de Cabo na rede primria de distribuio 14

    Figura 11 - Indicadores instalados ao longo do alimentador primrio 15

    Figura 12 - Representao de uma Smart Grid 19

    Figura 13 - Medidores digitais: parte fundamental do AMI 20

    Figura 14 - Transmisso de dados via rdio frequncia 21

    Figura 15 - Transmisso de dados via rede eltrica PLC 22

    Figura 16 - Gerao de energia centralizada e gerao de energia distribuda 29

    Figura 17 - Projeo de Gerao de Eletricidade no Brasil (TWh) 35

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    AMI - Advanced Metering Infrastructure

    ANATEL Agncia Nacional de Telecomunicaes

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    CELG Centrais Eltricas de Gois

    CEMIG Companhia Energtica de Minas Gerais

    CHESF Companhia Hidroeltrica do So Francisco

    CIS - Customer Information System

    COELCE - Companhia Energtica do Cear

    COPEL Companhia Paraense de Energia

    CPFL Companhia Paulista de Fora e Luz

    DMS - Distribution Management System

    ERP - Enterprise Resource Planning

    GIS - Geographic Information System

    GWh Gigawatt hora

    ISM - Industrial, Scientific and Medical Band

    kWh Quilowatt hora

    kV - Quilovolt

    MCPSE - Manual de Controle Patrimonial do Setor Eltrico

    MDM - Meter Data Management

    MW Megawatt

    NA Normalmente Aberta

    NF Normalmente Fechada

    OMS - Operation Management System

    P&D Pesquisa e Desenvolvimento

  • PDFF - Plano de Destinao de Faixas de Frequncia

    PLC - Power Line Comunication

    PRODIST - Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica no Sistema Eltrico Nacional

    RF Rdio Frequncia

    SCADA - Supervisory Control and Data Acquisition

    TWh Terawatt hora

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 01 2 REDES DE DISTRIBUIO 03 2.1 Histrico das redes de distribuio 03

    2.2 Topologia atual das redes de distribuio 08

    2.3 Processos intrnsecos das redes de distribuio 12

    2.3.1 Restabelecimento de alimentadores primrios 12

    2.3.2 Leitura, corte e religao de consumidores 16

    3 SMART GRID: REDE INTELIGENTE 18

    3.1 Definio e funcionamento de uma Smart Grid 18

    4 SMART GRID: NOVAS POSSIBILIDADES 25

    4.1 Medio e controle do fornecimento de energia 25

    4.2 Auto-recuperao e adaptabilidade 26

    4.3 Melhoria na qualidade da energia 27

    4.4 Gerao distribuda integrada rede eltrica de distribuio 28

    4.5 Interao com os consumidores 29

    5 SMART GRID: PANORAMA ATUAL NO BRASIL 31

    5.1 Iniciativas governamentais para a Smart Grid no Brasil 31

    5.2 Iniciativas das distribuidoras de energia para a Smart Grid no Brasil 33

    5.3 Fatores econmicos que influenciam a Smart Grid no Brasil 35

    5.3.1 Distribuidoras de Energia 36

    5.3.2 Fabricantes 37

    5.3.3 Consultores e Integradores de TI Smart Grid 37

    CONCLUSO 38 REFERNCIAS 40

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    1. INTRODUO

    Em funo do atual crescimento econmico e do consumo, nunca se utilizou tanta energia como agora. Alm disso, com as projees de crescimento que se tm atualmente, muitos investimentos em usinas teriam que ser feitos em todo o mundo. Porm, a construes de novas usinas acarretariam, quaisquer que sejam o tipo, um impacto no meio ambiente, o que hoje necessrio evitar a todo custo.

    O consumidor moderno espera que a energia distribuda tenha cada vez mais qualidade, o que envolve desde nveis de tenso adequados at menores tempos de restabelecimento quando ocorrer uma falta de energia.

    Assim, se a utilizao de energia fosse otimizada e a gerao pudesse ser descentralizada, a demanda poderia ser suprida sem que houvesse a necessidade da construo de mais usinas. Tambm, se as distribuidoras tivessem dados mais confiveis da rede de distribuio, coletados em tempo real1, muitas aes de manuteno preventivas seriam desencadeadas, alm de proporcionar aos operadores do sistema dados mais concisos nos restabelecimentos da energia. A Smart Grid, ou Rede Inteligente dotada de elementos caractersticos da automao industrial, possibilita isso e muitos outros benefcios tanto para os clientes quanto para as distribuidoras de energia eltrica.

    O tema central desse trabalho A Smart Grid e a Rede de Distribuio Convencional: Uma Analise Comparativa, que tem por objetivo definir o que uma Smart Grid, mostrar seu funcionamento e quais so as principais tecnologias disponveis para sua implantao e compar-la com uma rede de distribuio convencional a fim de identificar as possibilidades que sua implantao traz para as distribuidoras e consumidores.

    Metodologicamente o trabalho se desenvolveu a partir de uma reviso de literatura j existente no mercado, utilizando livros, revistas especializadas, sites pertinentes e trabalhos acadmicos e est dividido em quatro captulos.

    O primeiro captulo apresenta um pouco da histria da rede de potncia e das redes de distribuio, d uma viso geral da topologia de sua construo e os

    1 Para a execuo desse trabalho, foi considerado que o tempo de latncia das redes de comunicao

    muito baixo, possibilitando afirmar que as leituras obtidas por meio dos sistemas supervisrios so em tempo

    real.

  • 2

    aspectos envolvidos, bem como descreve os principais processos intrnsecos da distribuio de energia eltrica. Esses conceitos so fundamentais para um bom entendimento da comparao de uma rede de distribuio convencional com uma Smart Grid.

    O segundo captulo fornece informaes para a definio de uma Smart Grid e a sua diferena quando comparada a uma rede de distribuio convencional. Apresenta de forma resumida como funciona uma Smart Grid e evidencia as tecnologias hoje disponveis para sua implantao e operao.

    O terceiro captulo mostra as principais possibilidades de inovao e controle que a implantao de uma Smart Grid traz tanto do ponto de vista do cliente como do ponto de vista das distribuidoras.

    O quarto captulo apresenta a situao atual da Smart Grid no Brasil no que se refere s atitudes j tomadas por parte do governo brasileiro, os projetos em andamento no pas e os entraves econmicos e regulatrios. Mostra tambm uma perspectiva econmica da adoo dessa tecnologia no pas.

    As concluses dessa reviso so descritas no quinto e ltimo captulo.

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    2. REDES DE DISTRIBUIO

    Desde o descobrimento da existncia da eletricidade, percebeu-se o quo importante ela era e que isso abriria a oportunidade para muitas coisas jamais pensadas anteriormente. No entanto, para viabilizar essas oportunidades, seria necessrio levar a energia eltrica a todos, a fim de que todos pudessem usufruir dos seus benefcios. Nascem ento as redes eltricas de distribuio.

    2.1. Histrico das redes de distribuio

    Segundo [1], os sistemas de potncia, como hoje so conhecidos, tm pouco mais de 100 anos. Por volta de 1876 no se sabia como transmitir a energia eltrica gerada. Alguns fatos marcaram a evoluo dos sistemas de potncia para o que conhecemos hoje. Um deles foi a realizao da concorrncia para a construo do Complexo de Gerao Niagara Falls, o maior do mundo na poca, que se iniciou em 1876. Na Figura 1 vemos uma viso area das obras.

    Figura 1 - Viso area do complexo de Gerao Niagara Falls. Fonte - www.neuronet.pitt.edu/~bogdan/tesla/niagara.htm

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    A evoluo dos conceitos sobre os sistemas de potncia foi marcante dentro de um perodo de 15 anos, praticamente definindo as caractersticas dos sistemas como hoje se apresentam.

    Em 1879, Thomas Alva Edson apresenta sua lmpada incandescente e na Europa havia avanos na utilizao de corrente alternada. Em 1882, Edson coloca em funcionamento um sistema de corrente contnua em Nova York e funda a empresa Edson Electric Company. J em 1885, George Westinghouse Jr. compra os direitos da patente de Goulard-Gibbs para construir transformadores de corrente alternada e encarrega William Stanley dessa tarefa. Em 1886, j h cerca de 60 centrais de corrente contnua de Edison com cerca de 150 mil lmpadas. Na mesma poca, Stanley coloca em operao a primeira central em corrente alternada de Westinghouse em Great Barrington, Massachusetts.

    Os sistemas de corrente alternada se multiplicaram rapidamente e, j em 1887, existiam 121 sistemas desse tipo em funcionamento, com cerca de 325 mil lmpadas. Entre as novas empresas, se destacam a empresa do prprio Westinghouse que cresce contabilizando 125 mil lmpadas em corrente alternada.

    Um desenvolvimento fundamental se deu quando da publicao, por Nikola Tesla, de um artigo em que mostrava que seria possvel construir um motor em corrente alternada. Na Figura 2, possvel ver um dos dispositivos usados na elaborao desse trabalho. Westinghouse compra a patente de Tesla e contrata seus servios para desenvolver o motor, que s ficaria pronto em 1892.

    Figura 2 Dispositivo de demonstrao do campo magntico rotativo. Fonte - http://www.pesquisa-unificada.com/pesquisas/nikola-tesla/tudo-sobre-nikola-tesla/

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    A comisso responsvel pela concorrncia pblica para a licitao das obras de Niagara Falls decide que o sistema ser em corrente alternada. Enquanto isso, na Alemanha, colocado em funcionamento um sistema de 74,6kW com transmisso de 160km, em corrente alternada, a uma tenso de 30kV. A empresa de Edson, a Edson General Electric Company, se junta com a Thomson-Houston, formando a General Electric que passa a produzir em larga escala transformadores e alternadores. Em 1896, a Westinghouse ganha a concorrncia para fornecer os alternadores e transformadores de Niagara Falls que entra em funcionamento naquele mesmo ano.

    Segundo [2], no Brasil, o final do sculo XIX foi marcado por importantes e profundas transformaes na sociedade brasileira, contemplando inclusive a introduo do uso da eletricidade em nosso pas. No incio, seu principal uso era na rea de iluminao e transportes urbanos. Um marco histrico na produo de energia no pas foi a construo da Usina Hidreltrica de Ribeiro do Inferno, em 1883, destinada aos servios de minerao em Diamantina, Minas Gerais, movimentando bombas dgua para desmonte de terreno diamantfero. Em 5 de setembro de 1889, foi implantada a Usina Hidreltrica de Marmelos, no rio Paraibuna, em Juiz de Fora, vista na Figura 3.

    Figura 3 Usina Hidreltrica Marmelos Minas Gerais. Fonte SILVA, 2003, p. 14.

  • 6

    Essa obra considerada o marco zero da histria do setor de energia eltrica brasileiro e da Amrica Latina por ter sido a primeira unidade de gerao hidreltrica construda especificamente para o atendimento de servios pblicos urbanos.

    J no sculo XX, a criao das Centrais Eltricas Brasileiras Eletrobrs enfrentou grande oposio e atravessou quatro mandatos presidenciais. O projeto, de 1954, foi assinado por Getlio Vargas e tramitou at o fim do governo Juscelino Kubitschek, sendo autorizado por Jnio Quadros e concretizado por Joo Goulart, que instalou a empresa em 11 de junho de 1962, em sesso solene no Palcio Laranjeiras.

    O objetivo da Eletrobrs era construir usinas geradoras e linhas transmissoras de alta tenso, marcando o incio de um novo ciclo, aps a crise gerada pela desproporo entre a demanda e a oferta de energia no pas. Na virada para o sculo XXI, a empresa era dona de 52% da potncia instalada do sistema eltrico. E, apesar da crise energtica da dcada de 1980 e da reforma dos anos 90 com o incio das privatizaes, a estatal ainda atua em todo o territrio nacional, com cinco subsidirias regionais: a Companhia Hidro Eltrica do So Francisco - CHESF, Furnas Centrais Eltricas S.A., a Centrais Eltricas do Norte do Brasil S. A. - Eletronorte, a Empresa Transmissora de Energia Eltrica do Sul do Brasil S. A. - Eletrosul e a Eletrobrs Termonuclear - Eletronuclear, que somam cerca de 65 GW, incluindo os 50% da Usina Hidreltrica de Itaipu, vista na Figura 4.

    Figura 4 - Usina Hidreltrica de Itaipu. Fonte - pwalwer.blogspot.com.br/2012/04/usina-hidreletrica-de-itaipu.html.

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    Depois de todos esses anos, os sistemas eltricos atuais quase no alteraram sua concepo estrutural, vista na Figura 5. Grandes centrais geradoras produzem energia eltrica que transmitida aos centros de consumo por um sistema de transmisso e, nesses centros, a energia distribuda aos consumidores em vrios nveis de tenso. A rede de transmisso garante uma operao mais econmica e segura pela otimizao das fontes de energia e reprogramao dessas fontes em casos de emergncias.

    Figura 5 - Primrdios das redes de distribuio de baixa tenso. Fonte www.hannahvilleschool.net/HOW/images/group3.JPG

    Essa concepo de sistemas de energia eltrica est prestes a sofrer uma grande modificao. Na opinio de alguns, esta modificao j est ocorrendo em vrios pases e ser to grande quanto a Revoluo Industrial foi no sculo XVIII. A viabilidade econmica de fontes de energia de pequeno porte, avanos na tecnologia de informao e comunicao de dados, a disponibilidade de instrumentos de medio, sensoriamento e controle inteligentes, vm proporcionando a introduo de sistemas de energia eltrica inteligentes, tambm chamadas de Smart Grid.

    Para que se possa ter uma plena compreenso do que uma Smart Grid, e quais so seus principais benefcios preciso conhecer o que uma rede distribuio convencional, como ela est estabelecida e como ela utilizada pelas distribuidoras.

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    2.2. Topologia atual das redes de distribuio

    Segundo informaes de [3], o sistema de distribuio de energia a poro do sistema eltrico de potncia que interliga o sistema de transmisso de energia aos consumidores, representado na Figura 6.

    Figura 6 - Esquema eltrico completo de um alimentador primrio radial. Fonte FERREIRA, 2009, p.21.

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    Os nveis de tenso sob as quais opera, ou tenso primria, compreendem a faixa comumente denominada mdia tenso, entre 1kV e 35kV. Prximo a maioria dos consumidores, so instalados transformadores de distribuio, que rebaixam a tenso para valores na faixa de 220V a 380V, ou tenso secundria, conhecida como baixa tenso. Porm, alguns consumidores so alimentados em tenso primria.

    As redes de distribuio so extensas, provendo energia aos consumidores localizados nos mais diferentes locais, desde os centros urbanos, at as regies mais remotas. Os sistemas de distribuio, de modo geral, so compostos por circuitos individuais, denominados alimentadores primrios de distribuio. Os alimentadores podem ser construdos em anel, em malha ou radial. Atualmente no Brasil, a maioria das redes de distribuio concebida para operar na configurao radial.

    O sistema radial caracterizado pelo fluxo da corrente num nico sentido, da subestao para as cargas. Apesar de menos confivel, a operao radial justificada entre outros fatores, pela relativa facilidade de implementao do sistema de proteo contra sobrecorrentes, controle de tenso, limitao da magnitude das correntes de faltas, fcil remanejamento de carga via manobra e pelos menores custos de implementao e operao.

    Na configurao radial, os alimentadores partem de um barramento comum na subestao(1), aps o qual so instalados disjuntores(2), comandados por rels de sobrecorrente e rels de religamento, que efetuam a proteo individual de cada alimentador, conforme Figura 7.

    Figura 7 - Esquema eltrico da sada de alimentadores radiais. Fonte FERREIRA, 2009, p.21, adaptado pelo autor.

  • 10

    Ao longo dos alimentadores podem ser instalados outros dispositivos de proteo, tais como religadores(3), seccionalizadores(4), chaves fusveis repetidoras(5) e chaves fusveis(6), alm de chaves de manobras, destinadas ao seccionamento do circuito, conhecidas com chaves NF(7) e interligao com outros alimentadores chamadas chaves NA(8). Alguns desses equipamentos so representados na Figura 8.

    Figura 8 - Pontos de interligao com outros alimentadores. Fonte FERREIRA, 2009, p.21.

    Os alimentadores so compostos de um circuito principal, denominado tronco do alimentador(9), geralmente trifsico, com condutores de bitolas superiores aos demais circuitos. Os ramais(10) so circuitos primrios que derivam diretamente do tronco do alimentador. Os circuitos que derivam dos ramais so denominados sub-ramais(11). Esses elementos esto representados na Figura 9.

    Os ramais e sub-ramais podem ser monofsicos, bifsicos ou trifsicos. Os sistemas de distribuio trifsicos podem ser a trs ou quatro condutores, sendo que neste ltimo caso, o neutro multiaterrado.

    De forma a permitir a conexo entre alimentadores distintos so instaladas chaves de manobras, que, em condies normais de operao dos alimentadores so mantidas abertas. Estas chaves NA so manobradas com o intuito de restabelecer o fornecimento de energia de parte dos consumidores de um alimentador com falha, quando existir a possibilidade de isolar o trecho no qual os

  • 11

    mesmos se encontram conectados, e transferir a outra parte dos clientes para outro alimentador.

    Os alimentadores podem ser provenientes da mesma subestao ou de subestaes distintas, sendo que neste caso, torna-se possvel o restabelecimento em situaes de emergncia causadas, inclusive, por falhas nas subestaes.

    Figura 9 - Esquema eltrico do tronco do alimentador com seus ramais. Fonte FERREIRA, 2009, p.21.

    Essa prtica tem como finalidade especfica a reduo da durao das interrupes, caracterizando uma melhoria significativa da confiabilidade do sistema. A ANEEL estabelece no mdulo oito do PRODIST padres de qualidade da distribuidora, abordando tanto a qualidade do produto quanto a qualidade do servio prestado pela distribuidora. Para a qualidade do produto so definidos valores de referncia relativos principalmente aos nveis de tenso em regime permanente. Para a qualidade dos servios prestados so definidos indicadores de continuidade e dos tempos de atendimento s ocorrncias emergenciais do sistema eltrico.

    Ao longo dos ramais e sub-ramais so instalados transformadores de distribuio, que so responsveis por rebaixar a tenso para os nveis da baixa tenso (380 220V). A partir dos transformadores a energia distribuda por meio da rede secundria. As redes secundrias possuem apenas um circuito principal que

  • 12

    atende um certo nmero de clientes, que pode variar em funo da potncia instalada por cada um deles e a potncia do transformador.

    A partir da rede secundria, os clientes so interligados rede por meio de condutores, que usualmente so denominados, ramais de servio. Esses condutores so interligados rede eltrica residencial do consumidor por meio de uma estrutura, denominada padro de conexo, ou mais conhecida apenas como padro de entrada. No padro instalado o medidor e a proteo do circuito residencial, geralmente um disjuntor.

    2.3. Processos intrnsecos das redes de distribuio

    A topologia de rede de distribuio apresentada praticamente a mesma em todas as distribuidoras de energia eltrica e alguns processos so intrnsecos ao negcio no que tange manuteno da continuidade da distribuio de energia, ao levantamento do consumo e seu posterior faturamento, bem como a gesto de inadimplncia dos consumidores. Essas atividades so de extrema importncia, pois garantem a qualidade e continuidade do fornecimento de energia, alm de estar intrinsecamente relacionados com a sade financeira da distribuidora. Dois desses processos sero aqui detalhados a fim de posteriormente compar-los quando executados em uma Smart Grid.

    2.3.1. Restabelecimento de Alimentadores Primrios

    A principal misso de uma distribuidora de energia, como sua prpria denominao diz, distribuir energia aos seus consumidores. Por isso, quando ocorre o desligamento de um alimentador primrio e muitos consumidores ficam sem o fornecimento de energia, a empresa no realiza seu principal objetivo, causando prejuzos financeiros todos os envolvidos, mas principalmente distribuidora. Visto que as frequncias e os tempos de restabelecimento so regulados pela ANEEL e quanto mais tempo ou mais vezes no se distribui energia, menos energia a

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    distribuidora pode cobrar do consumidor afetado, o ideal que o alimentador seja restabelecido o mais breve possvel e que o nmero de consumidores afetado pelo desligamento seja o menor possvel.

    A fim de minimizar os impactos causados por desligamento e agilizar o processo de restabelecimento da energia, existem alguns mtodos para a realizao desse processo com segurana e qualidade, atualmente utilizados pela maioria das distribuidoras.

    Segundo [4] um dos principais mtodos de localizao do defeito e restabelecimento do fornecimento de energia o mtodo de localizao trecho a trecho. Esse mtodo aplicado em uma rea previamente identificada como a mais provvel de conter a falha e estende-se, em princpio, no sentido da fonte para o fim de trecho, priorizando a energizao da linha tronco do alimentador.

    Como j explanado anteriormente, ao longo do alimentador existem vrias chaves de seccionamento que so usadas para diminuir o trecho ser inspecionado e reenergizado. Desse modo, cada trecho a ser energizado previamente inspecionado pelas equipes de restabelecimento.

    medida que os trechos vo sendo inspecionados, o tronco do alimentador vai sendo religado, trecho a trecho, at que se encontre o defeito ou se religue todo o alimentador. As tentativas de energizao de cada trecho so feita com o rel de religamento bloqueado, a fim de minimizar os impactos de uma tentativa sem sucesso.

    Caso o trecho recm-energizado provoque novo desligamento, o mesmo novamente aberto e religada a fonte. O trecho aberto novamente inspecionado at que se encontre a falha para a execuo de manuteno. Uma vez encontrado o defeito, o respectivo trecho isolado e os trechos remanescentes, passveis de energizao por meio de outras fontes, so energizados por meio da fonte original ou por meio de chaves estrategicamente instaladas nas pontas dos alimentadores, ou chaves NA.

    Esse mtodo se mostrou eficaz por muitos anos. Porm, medida que os sistemas foram crescendo e a dependncia da energia se tornou mais latente, os tempos de restabelecimento executados por esse mtodo no conseguiam atender a essas novas demandas. Uma nova metodologia de restabelecimento precisava ser desenvolvida a fim de diminuir o tempo total do restabelecimento.

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    Com o aumento da tecnologia disponvel, outro mtodo de restabelecimento foi desenvolvido. Esse mtodo chamado de mtodo de indicadores de falta. Nesse mtodo, as equipes de restabelecimento so deslocadas at um equipamento denominado indicador de corrente de falta, ou apenas, indicador de falta, visto na Figura 10, que fica instalado de maneira estratgica em determinados pontos do tronco do alimentador, frente do equipamento desligado. A inteno saber se esse equipamento foi sensibilizado ou no, a fim de auxiliar na tomada de deciso no processo de restabelecimento de um alimentador.

    Figura 10 - Indicadores de Falta de Cabo na rede primria de distribuio. Fonte USIDA, 2011, p.28.

    Segundo [5], esse equipamento tem como principal caracterstica identificar a passagem de corrente de curto-circuito por meio de sensores que monitoram a passagem da corrente pela rede primria de distribuio e sinalizar por meio de sinal luminoso. Esses sensores so capazes de diferenciar as situaes de falta das condies normais do sistema, pois so sensibilizados pelo campo magntico produzido pela corrente de curto-circuito.

    Assim, quando a corrente passante pelo circuito monitorado pelo indicador de falta ultrapassa o ajuste do indicador, este sinaliza por meio de lmpadas de LED ou gs Xenon e diz-se nesse caso que o indicador est atuado. Quando no h sinalizao luminosa no indicador, significa que a corrente de curto circuito no passou por aquele ponto e diz-se que o indicador no est atuado.

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    No tronco de um alimentador podem ser instalador vrios indicadores de falta em posies estrategicamente escolhidas, conforme ilustrado na Figura 11, com a finalidade de diminuir o tempo de restabelecimento da energia.

    Figura 11 - Indicadores instalados ao longo do alimentador primrio. Fonte FERREIRA, 2009, p.21.

    Se o indicador no estiver atuado e no exista outro atrs deste, a equipe de restabelecimento inspeciona a partir deste indicador at a fonte, procura do defeito. Caso existam outros indicadores entre o indicador verificado e a fonte, a equipe deslocada at um dos indicadores instalados antes deste, sentido fonte, para verificar seu estado. Essa verificao continua at a localizao do trecho por onde a corrente de falta passou, ou seja, at que se encontre um indicador com atuao. Uma vez encontrado o sinalizador atuado, inspecionado o trecho compreendido entre o indicador atuado e o prximo sem atuao.

    J se o indicador estiver atuado e existir outro frente, sentido carga, a equipe deslocada at o mesmo para verificar o seu estado. Essa verificao continua at a localizao do trecho por onde a corrente de falta no passou, ou seja, at que se encontre um indicador sem atuao. A partir da, a equipe ento inspeciona o trecho compreendido entre o ltimo indicador atuado e o prximo sem atuao. Caso o primeiro indicador estiver atuado e no existir outro frente, inspecionado o trecho a partir do indicador at o final da rede a fim de encontrar o defeito.

    Todo esse processo hoje coordenado por um centro de operao que normalmente concentra todas as atividades de restabelecimento de uma

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    distribuidora. Por meio de profissionais habilitados denominados operadores, as equipes em campo so deslocadas at os pontos de inspeo e manobra. Esse mtodo, mesmo sendo mais eficiente que o mtodo trecho trecho, ocasiona um elevado tempo de deslocamento, resultando em indicadores tcnicos de continuidade considerados altos para a atual realidade, impactando diretamente nos indicadores da qualidade do servio prestado pela distribuidora aos consumidores.

    2.3.2. Leitura, corte e religao de consumidores

    Assim como distribuir energia eltrica, mantendo os alimentadores ligados o maior tempo possvel, mensurar a energia distribuda e cobr-la de seus clientes um processo intrnseco das distribuidoras de energia eltrica. Baseado nas consideraes de [6], para que se possa mensurar a energia distribuda a cada um dos consumidores, as distribuidoras contam com um parque de medidores de energia, instalados no padro de entrada de cada consumidor, que tm como objetivo bsico medir o consumo de energia eltrica em um determinado perodo.

    Para que a informao coletada em cada medidor chegue at os sistemas de faturamento das distribuidoras, todos os meses um funcionrio da distribuidora de energia passa em todas as residncias coletando as leituras dos medidores de um determinado setor da cidade. Esse trabalho denominado leitura e realizado ao longo de um ms inteiro at que toda a cidade seja coberta por esse processo. Finalizado esse trabalho, todas as informaes coletadas so lanadas em um sistema legado com o objetivo de se calcular o consumo de cada cliente, para que possa ser emitida a fatura, e todo o processo se inicia novamente.

    Considerando que muitas distribuidoras tm milhares e at milhes de clientes e que esse processo se repete todos os meses, muita mo de obra contratada pela distribuidora para a realizao dessa tarefa.

    Alm disso, os clientes que so inadimplentes passam por um processo chamado corte, que consiste na interrupo proposital do fornecimento de energia por falta de pagamento. Para a execuo desse procedimento, uma equipe deslocada at a residncia do consumidor inadimplente e executa uma interrupo

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    fsica do fornecimento, geralmente com o corte da conexo no ramal de servio do consumidor ou nas conexes dos cabos ao medidor de energia.

    Para que a energia seja restabelecida, necessrio que o consumidor quite seus dbitos e solicite junto distribuidora sua religao. Esse processo, denominado religao consiste em reconectar fisicamente as instalaes eltricas do consumidor ao sistema eltrico de distribuio. Para que isso seja feito, deslocada novamente uma equipe at o local e a conexo refeita.

    Considerando que, em uma distribuidora com pouco mais de dois milhes de clientes, so efetuados cerca vinte e seis mil cortes, que por sua vez, geram vinte e seis mil religaes, muita mo de obra contratada pelas distribuidoras com a finalidade de suprir essa demanda.

    Outro aspecto extremamente importante que considerado pelas distribuidoras so as perdas no tcnicas, especialmente as que so ocasionadas em funo de furtos e fraudes por parte do consumidor. Essas irregularidades no consumo de energia eltrica, realizadas por consumidores residenciais, comerciais e at mesmo industriais tem significado a perda de milhes de reais todos os anos.

    Visto que as formas de furtos e fraudes so as mais variadas possveis, dificultando sua identificao, vrias distribuidoras de energia eltrica tm investido tempo e dinheiro em estudos que visam diminuir seus custos com esse tipo de perda. Uma medio eletrnica abrangente que possa ser acessada em tempo real tem sido apontada como uma provvel soluo.

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    3. SMART GRID: REDE INTELIGENTE

    Diante de todos os desafios impostos pela regulao, pela sociedade e pelo meio ambiente, as distribuidoras de energia eltrica tem constantemente otimizado seus processos, automatizado equipamentos e procurado diminuir suas perdas a fim de cumprir seu papel no processo de distribuio de energia e ainda atender a todas essas expectativas. A implementao de uma Smart Grid tem surgido como uma das alternativas mais interessantes para auxiliar no aumento da eficincia energtica, na melhoria da qualidade da energia distribuda, na diminuio de perdas e na adoo de novas fontes de energia renovveis interligadas a rede de distribuio de energia eltrica.

    3.1. Definio e funcionamento de uma Smart Grid

    Existem vrias definies para Smart Grid, que por envolver uma srie de novas tecnologias, no esto perfeitamente estabelecidas. Uma das definies diz que Smart Grid a utilizao de sensores, comunicao, habilidade computacional e controle para melhorar a funcionalidade geral do sistema eltrico de fornecimento de energia [7]. Outra fonte diz que Smart Grid a utilizao de tecnologia digital para melhorar a confiabilidade, segurana e eficincia do sistema eltrico, da gerao de grande porte, passando pelo sistema de distribuio at o consumidor [8].

    O conceito de Smart Grid difere de acordo com o ramo de atuao de quem a define, e de suas necessidades, como reduzir perdas, poluentes, custos ou tempo de restabelecimento. Alguns focam mais na rea de automao de rede, outros na cadeia de valor de fornecimento de energia, outros no estreitamento do seu relacionamento com os clientes e outros ainda nas oportunidades de tornar a atividade de distribuio mais limpa com a interligao de fontes de energia renovveis [9].

    Em termos gerais, Smart Grid a aplicao de tecnologia da informao no sistema eltrico de potncia, integrada aos sistemas de comunicao e uma infraestrutura de rede automatizada como o objetivo de melhorar a confiabilidade e a

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    qualidade do fornecimento de energia eltrica, mediante as informaes aquisitadas da prpria rede, em tempo real, por meio de sensores espalhados ao longo de toda a rede. a aplicao dos conceitos da automao industrial nas redes de distribuio. Isso envolve especialmente a instalao de sensores na rede eltrica de distribuio, o estabelecimento de um sistema de comunicao confivel em duas vias com ampla cobertura e o tratamento dos dados aquisitados. A Figura 12 mostra os vrios elementos de uma Smart Grid e sua aplicao

    Figura 12 - Representao de uma Smart Grid. Fonte - diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1144578

    Esses sensores podem ser instalados ao longo da rede eltrica de distribuio, como por exemplo, indicadores de falta telessupervisionados ou chaves telecomandadas, mas principalmente nos medidores de energia eltrica dentro do padro de cada cliente. Nesse contexto, os medidores de energia deixam de ser apenas registradores de consumo e passam a coletar informaes sobre a operao e o desempenho da rede, tais como o nvel de tenso, nvel de corrente, fator de potncia e perfil de consumo. Dotados de inteligncia computacional embarcada e

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    providos de portas de comunicao de dados e demais perifricos, suportados por uma infraestrutura de tecnologia da informao (telecomunicao, software e hardware), esses medidores so capazes de realizar a aquisio de dados de maneira remota, em intervalos de tempo, bem como o envio de informaes e comandos a distncia [10].

    Com esses dados possvel realizar o controle de perdas, ter interao com o consumidor, fazer a gesto da infraestrutura fsica e disponibilizar informaes para os processos de distribuio. Toda essa estrutura de hardware e software que possibilita a coleta dessas informaes denominada Advanced Metering Infrastructure - AMI. A Figura 13 mostra esses equipamentos.

    Figura 13 - Medidores digitais: parte fundamental do AMI. Fonte - www.businessreviewbrasil.com.br/money_matters/aneel-publica-norma-sobre-medidores-

    eletronicos

    Uma vez aquisitadas as informaes, esses equipamentos tem a tarefa de transmitir toda essa informao para equipamentos denominados concentradores. Para realizar essa tarefa os equipamentos se utilizam de uma rede de comunicao de dados que conectam o hardware AMI at os concentradores localizados estrategicamente ao longo da rede de distribuio.

    Essa rede de dados, denominada Backhaul, por estar em uma camada acima da AMI, possui velocidades mais altas, menor tempo de latncia e capilaridade intermediria, o que a transforma na rede ideal para conexo de operaes crticas

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    como automao da distribuio. Segundo [11], para implementar essa rede de dados, existem hoje tecnologias disponveis no mercado que podem ser divididas em dois grupos distintos, sendo eles, os sistemas de Rdio Frequncia - RF e as Redes Cabeadas Power Line Comunication - PLC.

    A transmisso de dados via Rdio Frequncia aquela onde as informaes so transmitidas via ondas de rdio, no havendo necessidade de interligao via cabos, visto na Figura 14. Em funo da banda de frequncia disponvel ser limitada, faz-se necessrio definir limites de utilizao do espectro de frequncia para que no haja sobreposio de informaes e interferncias de uma aplicao sobre outra.

    Figura 14 - Transmisso de dados via rdio frequncia. Fonte www.landisgyr.com/na/en/pub/solutions_na/advanced_metering/rf_technology/rf_network.cfm

    Assim, o espectro de frequncias brasileiro definido pela Agencia Nacional de Telecomunicaes - ANATEL atravs de resolues descritas no Plano de Destinao de Faixas de Frequncia - PDFF. Visando o melhor aproveitamento do espectro total disponvel a ANATEL seleciona espaos no espectro de uso exclusivo de determinadas aplicaes e tambm divide as faixas em bandas licenciadas ou

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    no licenciadas, sendo que a primeira depende da autorizao especfica do regulador e a segunda no.

    As principais frequncias utilizadas em aplicaes Smart Grid so de 902-928MHz Banda ISM e de 2.4GHz/5.8GHz conhecidas como Wi-Fi e Zigbee respectivamente, tidas com no licenciadas. J as licenciadas trabalham na faixa de 225MHz Sistemas Limitados Privados (SLP), 450 MHz Sistemas Limitados Privados (SLP) e 3.65 GHz WiMax [12].

    J a tecnologia PLC, representada na Figura 15, baseada em comunicao dos dados via rede eltrica, utilizando-se dos prprios condutores da rede de distribuio para a transmisso dos dados.

    Figura 15 - Transmisso de dados via rede eltrica - PLC. Fonte - http://www.solostocks.com.mx/venta-productos/red-comunicacion_b:fabricante

    Da mesma forma que em sistemas RF, os sistemas de PLC necessitam de uma onda portadora para carregar o dado a ser transmitido. Esta onda portadora injetada no mesmo cabo de potncia que trafega a energia eltrica atravs de formas de modulao por frequncia que no interferem na qualidade de energia e

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    ao mesmo tempo tentam no ser influenciadas pelas oscilaes e rudos gerados nas linhas de distribuio de energia eltrica. Dessa forma, quanto maior a frequncia, no caso do PLC, maior ser a quantidade de dados trafegados no sistema [13].

    No entanto, apesar desta ser uma rede cabeada sem a necessidade de avaliao de linha de visada, a rede eltrica possui outros elementos que influenciam diretamente a distncia de propagao desta portadora. Esses elementos so os transformadores, bancos de capacitores, reguladores de tenso e at mesmo os harmnicos gerados por cargas na instaladas na rede. A fim de se evitar alguns desses problemas, os concentradores so instalados antes dos transformadores de distribuio, coletando as informaes na rede baixa tenso.

    Uma vez nos concentradores, mais uma vez as informaes tm que ser transmitidas, agora at a rede corporativa da distribuidora onde tradicionalmente ficam os servidores de dados e softwares corporativos como Enterprise Resource Planning - ERP, Customer Information System CIS, Meter Data Management MDM, Operation Management System - OMS e Distribution Management System - DMS.

    Para isso, utiliza-se uma rede principal de comunicao de dados, que possui altas velocidades em links de redes muito concentrados, tratada como espinha dorsal do sistema de comunicao da camada inferior com os servidores de acesso da camada superior, denominada Backbone. Essa rede pode ser implementada utilizando-se Backbone proprietrio ou a contratao dessa forma de comunicao com o servio prestado por terceiros.

    As formas mais comuns de implementar um Backbone prprio so redes baseadas em Fibra ptica ou Enlaces de Rdio Frequncia. A Fibra ptica representa a rede mais atrativa tecnicamente devido a sua alta velocidade, baixa latncia e baixo custo operacional.

    As distribuidoras que optam por Backbones proprietrios, como a implementao de Fibra ptica, buscam solucionar situaes pontuais onde existem demandas especficas que justifiquem este investimento ou quando associam o custo desta implementao a prestao de servios de telecomunicaes em outras empresas do mesmo grupo, como o caso da CEMIG Telecom, COPEL Telecom e CELG Telecom.

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    De forma geral, a contratao de servios de dados para conexo de regionais central realizada atravs dos tradicionais prestadores de servio de telecomunicaes como Telefnica, Embratel, Global Cross, entre outras.

    Agora nos servidores de dados, as informaes so consumidas por uma infraestrutura chamada Meter Data Management MDM que permite o gerenciamento de informaes coletadas em campo, oferece ferramentas analticas dos dados coletados e se integra a sistemas legados existentes. Nesses sistemas, os dados aquisitados so como base para diversas operaes, desde o calculo de uma fatura do consumidor, at saber onde se encontra o defeito de um trecho desenergizado.

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    4. SMART GRID: NOVAS POSSIBILIDADES

    Quando comparada com uma rede de distribuio convencional, uma Smart Grid traz novas possibilidades que visam resolver problemas tcnicos oriundos da topologia e da tecnologia atual, bem como abre novas possibilidades tanto para a distribuidora como para os consumidores [14].

    4.1. Medio e controle do fornecimento de energia

    Como visto anteriormente, os processos de leitura, corte e religao de clientes so processos intrnsecos de todas as concessionrias que demandam uma grande quantidade de mo de obra e, principalmente no caso da leitura, est suscetvel a erros que podem onerar cliente ou concessionria indevidamente.

    Assim, com a implantao de uma Smart Grid abre-se a possibilidade de se saber em tempo real e distncia qual o consumo de cada unidade ligada rede de distribuio [15]. De posse dessas informaes a distribuidora poder executar todo o processo de faturamento, sem que haja a necessidade de interveno humana, eliminando a possibilidade de erro de leitura, alm de tornar todo o processo mais rpido e confivel.

    Outro aspecto importante o fato de se poder interromper o fornecimento de energia do cliente por falta de pagamento ou por necessidade de segurana, como o caso onde h uma gerao distribuda no local, sem que haja a necessidade de deslocar uma equipe at o local. Da mesma maneira, restabelecer o fornecimento pode ser feito distncia, sem a necessidade de deslocamento de equipes at o local quando os dbitos estiverem quitados ou no haja mais necessidade de mant-lo desconectado da rede de distribuio. As distribuidoras de energia tem grande interesse nesse tipo de possibilidade, pois muita mo de obra seria poupada nesse processo to importante do ponto de vista financeiro.

    Alm disso, ter uma medio eletrnica que possa ser acessada em tempo real, aliada algoritmos que identifiquem caractersticas de fraudes, uma enorme ferramenta para a diminuio das perdas no tcnicas, especialmente as causados

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    por fraudes e furtos por parte dos consumidores. Com essa infraestrutura, muitas fraudes que hoje so desconhecidas poderiam ser identificadas e corrigidas.

    Alm disso, em alguns casos, no possvel sequer instalar uma medio conforme os padres das concessionrias em virtude da violncia e da criminalidade caractersticos de determinadas localidades. Visto que uma das possibilidades da Smart Grid a leitura distancia, seria possvel instalar a medio fora do alcance da populao e coletar os dados necessrios sempre que possvel, diminuindo as perdas da concessionria com esse tipo de situao.

    4.2. Auto-recuperao e adaptabilidade

    As distribuidoras tem buscado continuamente reduzir seus indicadores tcnicos de continuidade, no s pela presso regulatria como tambm pela diminuio da arrecadao, em funo da energia eltrica no distribuda, e maior satisfao dos seus clientes. No entanto, as interrupes no fornecimento de energia eltrica so inevitveis para a execuo de obras de expanso do sistema, para manutenes preventivas e/ou corretivas em componentes da rede ou, ainda, pela atuao de dispositivos de proteo em decorrncia de defeitos.

    Como visto anteriormente, nos casos de contingncia, deseja-se que o ponto do defeito seja identificado rapidamente, restringindo ao mnimo a rea desenergizada. De uma maneira geral, quando ocorrer um defeito em um ponto qualquer da rede, primeiramente deve ser identificado o local em que o defeito ocorreu, isolar a menor parte possvel do sistema pela abertura de chaves NF, manobrar as chaves NA para restabelecer o suprimento para os consumidores jusante do bloco isolado e s depois corrigir o problema.

    Nas redes de distribuio convencionais, todo esse processo leva muito tempo, podendo chegar a horas, pois toda a verificao feita em campo pelas equipes de restabelecimento e muitas vezes seu deslocamento representa um tempo considervel2. Com as informaes provenientes da rede de distribuio em

    2 Existem atualmente solues, onde parte de um trecho de rede previamente selecionado

    automaticamente transferido para outra fonte em poucos minutos, sem a interveno humana, por meio de

    religadores automticos telecomandados. Todavia, toda a inteligncia dessa soluo est nos equipamentos,

    que consideram apenas a ausncia de tenso como condio para o inicio do automatismo de transferncia.

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    uma Smart Grid ser possvel monitorar constantemente seu estado operacional e com base nesses dados, por ocasio da ocorrncia de um defeito na rede de distribuio, ser possvel restaurar grandes blocos de carga e isolar o trecho com defeito automaticamente, por meio de chaves ou religadores telecomandados em apenas alguns minutos, fornecendo informao confivel da localizao do defeito, facilitando o deslocamento do recurso de restabelecimento [16].

    Alm de auxiliar no processo de restabelecimento da energia, as informaes coletadas sero de extrema importncia caso seja necessrio executar manobras na rede de distribuio em funo de sobrecarga de um determinado trecho ou alimentador. Considerando que todas as informaes estejam integradas com o Distribution Management System DMS, ser possvel determinar, baseado em algoritmos especficos para essa aplicao, vrias possibilidades de contingncia para a realizao das manobras, tornando todo o processo de determinao de possibilidades de transferncia, escolha da melhor possibilidade de manobra e execuo dessas manobras, muito mais rpido, seguro e assertivo, resultando no aumento da confiabilidade da rede, da segurana, da qualidade da energia e da eficincia da rede [17].

    4.3. Melhoria na qualidade da energia

    Um dos grandes desafios atuais das distribuidoras manter o nvel da qualidade da energia distribuda, mais precisamente da qualidade do produto, dentro dos limites estabelecidos no mdulo oito do PRODIST. As redes atuais foram projetadas a mais de meio sculo e essa infraestrutura no consegue atender s atuais demandas da sociedade em termos de confiabilidade e alta qualidade de energia eltrica, trazendo transtornos principalmente de ordem econmica.

    Com a finalidade de mitigar esses impactos, as concessionrias fazem constantemente medies pontuais da qualidade da energia. Muitas dessas medies so solicitadas pelos prprios consumidores ou fazem parte de um plano de medio estipulado pela ANEEL. No entanto, com o recurso atualmente disponvel, as concessionrias apenas reagem s manifestaes dos seus clientes, no sendo possvel solucionar o problema antes que o consumidor reclame.

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    Para atender uma reclamao de nvel de tenso, por exemplo, uma equipe deslocada at o local da reclamao a fim de averiguar sua procedncia. Em alguns casos, instalado um equipamento a fim de monitorar a rede por aproximadamente uma semana a fim de verificar se a reclamao procedente. Sendo procedente, uma srie de reparos feito na rede de distribuio, desde a verificao das conexes no medidor, at as conexes da rede secundria ao transformador de distribuio. Todo esse processo atual de medio, verificao e adequao dos nveis de qualidade de energia leva tempo e consome da concessionria muita mo de obra especializada e recurso financeiro.

    Segundo [18], com a aplicao da Smart Grid ser possvel ter uma viso plena dos nveis de tenso de todos os consumidores, em tempo real, no havendo a necessidade de um deslocamento at o local para averiguar a qualidade da energia que est sendo entregue ao consumidor. Ser possvel com base nos dados do consumidor e do transformador de distribuio saber onde se encontra o problema e direcionar a equipe de restabelecimento de maneira mais assertiva. Alm disso, como parte da Smart Grid, novos padres de qualidade permitiro s empresas de energia equilibrar a necessidade das cargas com seus requisitos de qualidade e os consumidores tero a opo de adquirir variados nveis de qualidade de energia a diferentes preos. Adicionalmente, distrbios causados hoje por certas cargas de consumidores tero sua propagao reduzida, em funo de toda a informao que haver disponvel sobre cada cliente e cada transformador.

    4.4. Gerao distribuda integrada a rede eltrica de distribuio

    Outro conceito de grande relevncia que est relacionado Smart Grid possibilidade de se ter integrado rede de distribuio as geraes descentralizadas. Esse conceito, alm de ter um impacto positivo no aspecto financeiro do consumidor, tem um grande apelo ecolgico.

    Atualmente a grande maioria da energia eltrica consumida gerada em grandes centrais de produo de energia, chamadas de usinas, e transmitida por meio de uma malha de linhas de transmisso que percorrem todo o pas para levar a energia gerada nas usinas at os grandes centros de carga, onde a energia ser

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    consumida. Por fim, a energia ento distribuda por meio da rede de distribuio de energia eltrica.

    Figura 16 - Gerao de energia centralizada e gerao de energia distribuda. Fonte - www.redeinteligente.com/2011/02/01/aneel-quer-reduzir-barreiras-para-geracao-distribuida-

    de-pequeno-porte/

    Segundo [19], gerao descentralizada aquela em que o cliente produz sua prpria energia por meio de unidades geradoras em suas prprias residncias. Essa produo pode ser feita por meio de microturbinas elicas, painis solares fotovoltaicos, clulas combustvel ou biomassa, com a finalidade de explorar fontes de energia renovveis. Com a implantao da Smart Grid, ser possvel acomodar uma ampla gama de opes de gerao e armazenamento, e ter informao em tempo real dessas geraes. Usurios residenciais e comerciais podero, com a gerao de energia por meio de painis solares, geradores elicos e baterias avanadas, em um primeiro momento, reduzir sua conta de energia eltrica e contribuir para suprir a demanda do sistema eltrico, e no futuro, atender suas necessidades locais de energia. A Figura 16 mostra os dois tipos de gerao.

    4.5. Interao com os consumidores

    O maior impactado com todas as mudanas propostas pela implantao de uma Smart Grid ser o consumidor [9]. Segundo o economista americano Jeremy

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    Rifkin, um dos pensadores mais influentes da atualidade, professor da escola de negcios Wharton, da Universidade da Pensilvnia e conselheiro da Unio Europeia, as Smart Grids faro parte do que ele chama de terceira revoluo industrial, tamanho o impacto que essa tecnologia trar sociedade como um todo.

    Nesse novo modelo, os consumidores no sero apenas um elemento passivo, que apenas reage e paga por um consumo desconhecido at que chegue a conta de energia. Ser possvel aos consumidores gerenciar o consumo de energia eltrica ativamente, ao longo de todo o ms, pois cada um ter disponvel alm do montante consumido, os horrios do consumo e as tarifas aplicadas em cada horrio.

    Por meio de programas de resposta a demanda e reduo de preos em horrios determinados, os consumidores sero encorajados a modificar seus hbitos de consumo, permitindo que as demandas sejam adequadas capacidade do sistema eltrico. Assim como hoje existem diferentes planos de tarifao para telefonia mvel, a energia tambm ser tarifada de maneiras diferentes, de acordo com o nvel e horrio de consumo, qualidade da energia e o consumidor poder escolher qual o melhor plano para o seu perfil de consumo. As economias financeiras geradas e produtos energeticamente eficientes iro conectar os consumidores rede tornando-os participantes ativos.

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    5. SMART GRID: PANORAMA ATUAL NO BRASIL

    No Brasil o assunto Smart Grid tem tomado grande parte das agendas de distribuidoras, fornecedores e do governo, pois todos tem grande interesse na concretizao dessa tecnologia, cada um com seu interesse.

    s distribuidoras interessa a oportunidade de diminuir seus custos operacionais com automao, diminuir suas perdas e adiar investimentos para suprir a crescente demanda do mercado. Aos fornecedores interessa o grande um grande nicho de negcio que se abre, com possibilidades de vendas numa escala global. Ao governo interessa a oportunidade de alm de baixar a tarifa de energia, poder garantir ao consumidor oportunidades de gerao de energia distribuda e mais qualidade da energia fornecida.

    Assim cada qual tem tomado medidas com o intuito de suprir as necessidades dessa tecnologia para que ela se torne uma realidade. Em especial, o governo e as distribuidoras tm tomado as grandes iniciativas sobre o assunto, demandando a reao dos fornecedores da tecnologia.

    5.1. Iniciativas governamentais para SMART GRID no Brasil

    Sempre que uma nova tecnologia se apresenta, vrias oportunidades e possibilidades se abrem. Para que tudo ocorra de maneira ordenada, o governo tem tido um papel fundamental em todo esse processo. Mediante a Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, o governo tem tomado uma srie de medidas a fim de lanar um alicerce para a implantao de uma Smart Grid no Brasil. Essas medidas tm por objetivo normatizar vrios aspectos do processo de distribuio de energia, possibilitando obter informaes confiveis para o correto planejamento da Smart Grid, a definio de novos modelos de tarifao, alem de regular a conexo de geradores de energia eltrica distribuda ao longo da rede de baixa e mdia tenso.

    Uma das primeiras medidas tomada pelo governo foi a publicao da Resoluo Normativa 367 em 02 de junho de 2009 com a finalidade de padronizar os procedimentos relacionados ao controle patrimonial, instaurando o Manual de

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    Controle Patrimonial do Setor Eltrico MCPSE [20]. Apesar de essa resoluo ter um forte cunho contbil, a base cadastral das distribuidoras foram fortemente higienizadas, tornando os dados cadastrais mais confiveis.

    Outra medida tomada pelo governo foi a publicao da Resoluo Normativa 375 em 25 de agosto de 2009. Essa resoluo visava regulamentar a utilizao das instalaes de distribuio de energia eltrica como meio de transporte para a comunicao digital ou analgica de sinais, tais como internet, vdeo, voz, entre outros e a tecnologia foi denominada Power Line Comunication PLC [21].

    Em adio essa medida em 15 de Dezembro de 2009 a ANEEL publicou a Resoluo Normativa 395. Essa resoluo alterou o Procedimento de Distribuio de Energia Eltrica no Sistema Eltrico Nacional PRODIST, principalmente o Mdulo Dois - Planejamento da Expanso do Sistema de Distribuio, tornando obrigatrio que toda distribuidora de energia mantenha, em Sistema de Informaes Geogrficas - SIG, as informaes de parmetros eltricos, estruturais e de topologia dos sistemas de distribuio de alta, mdia e baixa tenso, bem como as informaes de todos os acessantes [22].

    Outra grande contribuio dada pelo governo foi a publicao da Resoluo Normativa 464 de 22 de novembro de 2011. Essa resoluo colocou em vigor o Mdulo sete do Procedimento de Regulao Tarifria PRORET que regulamenta a estrutura tarifria das distribuidoras de energia eltrica e na ocasio determinou os critrios para a chamada tarifa branca, que d ao consumidor de baixa tenso a possibilidade de pagar menos pela energia consumida fora do horrio de ponta, assim como os consumidores industriais ligados em alta tenso. Essa medida, de certa maneira, criou uma forte demanda por medidores eletrnicos, necessrios tambm para a instalao de uma Smart Grid [23].

    Mais recentemente a Resoluo Normativa 482 de 17 de abril de 2012 estabeleceu as condies gerais para o acesso de microgerao e minigerao distribuda aos sistemas de distribuio de energia eltrica, bem como as regras do sistema de compensao de energia eltrica produzida, que apesar de poder ser implementada sem uma Smart Grid, tem suas possibilidades potencialmente ampliadas quando implantadas em uma [24].

    Por fim em 07 de agosto de 2012 foi publicada a Resoluo Normativa 502 que alm de regulamentar os sistemas de medio de energia eltrica de unidades consumidoras interligadas ao sistema de distribuio em baixa tenso, define as

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    grandezas que devem ser medidas e complementa a regulao do Mdulo sete do Procedimento de Regulao Tarifria PRORET [25].

    Dessa forma o governo por meio da Agencia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL tem feito seu papel para propiciar a implantao de uma Smart Grid. Alm disso, o governo tem apoiado diversos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento P&D, o que tem dado vrias distribuidoras a possibilidade de implantar prottipos de Smart Grid em cenrios controlados, com a finalidade de se obter o conhecimento tcnico necessrio e experimentar as diversas tecnologias disponveis atualmente [26].

    5.2. Iniciativas das distribuidoras de energia para SMART GRID no Brasil

    Assim como o governo, as distribuidoras de energia tem procurado desenvolver trabalhos a respeito do tema, na sua maioria, por meio de projeto de Pesquisa e Desenvolvimento P&D da Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL. At o momento muitos projetos fazem referncia Smart Grid. Entre eles destacam-se os projetos de Smart Cities, apoiados na sua totalidade por Smart Grids [26].

    Um dos exemplos desse tipo de iniciativa o projeto Cidades do Futuro da distribuidora CEMIG. Esse projeto tem por objetivo avaliar a capacidade e os benefcios da adoo da arquitetura Smart Grid, a partir dos testes que acontecero na cidade de Sete Lagoas, o que permitir identificar a viabilidade de expanso para toda a rea de concesso da CEMIG, bem como validar os produtos, servios e solues inovadoras, visando melhorar a prestao de servios da CEMIG.

    Sete Lagoas, a cidade escolhida para dar incio implantao do programa, fica localizada a 70 km de Belo Horizonte e trata-se de um municpio com grande diversidade de atividades econmicas nos setores industrial, da agropecuria e de servios, que conta com uma populao acima de 200 mil habitantes e nmero de clientes superior a 80 mil.

    A escolha de Sete Lagoas se deu, tambm, pelo fato de a cidade ter o sistema eltrico de alta, mdia e baixa tenso, sistema de telecomunicaes, mercado diversificado e a presena da Universidade Corporativa da Cemig -

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    UniverCemig. Com o projeto ser possvel executar vrias aes, concentrando-se nas reas de automao da medio de consumidores, automao de subestaes, automao de redes de distribuio, telecomunicaes operacionais, sistemas computacionais da operao do sistema eltrico e gerenciamento e integrao de gerao distribuda.

    Outro exemplo de projeto de Smart Grid o que a distribuidora AMPLA tem em parceria com a Enel e a Landis+Gyr com o apoio da Agencia Nacional de Energia Eltrica ANEEL via projeto de Pesquisa e Desenvolvimento P&D, alm do apoio da Prefeitura de Bzios e do Estado do Rio de Janeiro. Chamado de Cidade Inteligente Bzios o projeto ir implementar uma Smart Grid, que tem por objetivo integrar tecnologias tradicionais com modernas solues digitais para melhorar a flexibilidade da rede e a gesto das informaes.

    Com pouco mais de dez mil unidades consumidoras, a cidade de Bzios foi escolhida pelo Grupo Enel como seu laboratrio vivo para as tecnologias de Smart Grid. O projeto Cidade Inteligente Bzios envolve eficincia energtica, servios e tecnologias em uma estrutura urbana inovadora, que visa contribuir para a reduo do consumo de energia e das emisses de gs carbnico, promovendo assim, tanto a sustentabilidade ambiental quanto a econmica.

    Assim como os projetos anteriores, o projeto da distribuidora BANDEIRANTES chamado InovCity Aparecida tambm implementa uma Smart Grid. Contando com a parceria da Ecil Energia e o apoio do programa de Pesquisa e Desenvolvimento P&D da Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, o projeto promete transformar a cidade de Aparecida em uma cidade mais sustentvel, atravs de aes de eficincia energtica, da utilizao de iluminao pblica eficiente, gerao distribuda de energia com fontes renovveis, alem de permitir a utilizao de veculos eltricos entre outras aes com a finalidade de contribuir de forma significativa para a reduo das emisses de gs carbnico.

    Com esses projetos as distribuidoras tem mostrado seu grande interesse no assunto, vislumbrando uma grande oportunidade de serem mais eficientes, diminuir seus custos operacionais e consequentemente, aumentar seus faturamentos. No entanto alguns fatores econmicos tm influenciado fortemente na deciso das distribuidoras.

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    5.3. Fatores econmicos que influenciam a SMART GRID no Brasil

    Quando o assunto Smart Grid, o Brasil tem chamado muito a ateno. O pas est entre as economias que mais crescem no mundo e nos prximos cinco anos, o PIB deve crescer 5,9% ao ano, superior ao dos Estados Unidos, Canad, Unio Europeia e Rssia. Alm disso, o Brasil tem feito investimentos substanciais em sua infraestrutura a fim de se preparar para sediar a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olmpicos de Vero em 2016 [27].

    Como o nono maior consumidor de energia do mundo e a terceira maior do hemisfrio ocidental, o desafio para setor de energia do Brasil no uma tarefa pequena. A demanda do Brasil de energia eltrica vem aumentando a uma taxa acima da mdia mundial. At 2017, esperado um aumento no consumo de energia superior sua produo. A fim de atender essa demanda, necessrio aumentar a disponibilidade de energia. A Figura 17 mostra a projeo da evoluo da gerao de eletricidade no Brasil.

    Figura 17 - Projeo de Gerao de Eletricidade no Brasil (em TWh). Fonte Brazil The Smart Grid Network

    Para este fim, os projetos de gerao de energia eltrica em massa esto bem encaminhados, porm, a gerao apenas a ponta do iceberg. O setor de energia brasileiro deve fazer investimentos significativos em transmisso e em

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    distribuio tambm. Pesquisa da Zpryme indica que em 2015 o mercado de tecnologia Smart Grid brasileiro ser de R$ 2,2 bilhes e o investimento na infraestrutura bsica de energia eltrica vai crescer, totalizando US$ 5,1 bilhes no mesmo ano. As novas tecnologias, envolvendo Smart Grid e a Gerao Distribuda, demandaro a substituio de todo o parque de medio, o que hoje compreende cerca de 64 milhes de medidores. Se considerarmos o preo mdio de cada ponto de medio, que hoje gira em torno de US$ 100 cada, teremos um mercado de US$6,4 bilhes nos prximos dez anos, tempo estimado para a substituio de todo o parque.

    Outro fator que impulsionar a adoo da tecnologia Smart Grid so as enormes perdas no-tcnicas registradas no pas. Altas taxas de ligaes ilegais e roubo produzem uma perda de 17% da eletricidade gerada, quase duas vezes maior que a mdia mundial. Esses fatores tm impulsionado o preo da eletricidade e torna a gesto de rede muito difcil. Perdas no tcnicas no Brasil totalizam cerca de US$ 5,1 bilhes por ano.

    O rpido crescimento do mercado do Brasil Smart Grid tem atrado a ateno global de distribuidoras de energia, fabricantes, consultores de tecnologia da informao e engenharia e integradores de Smart Grid. Empresas internacionais de Smart Grid esto se movendo para o Brasil a ganhar uma posio no mercado promissor.

    5.3.1. Distribuidoras de Energia

    Em 2010, quase todas as distribuidoras de energia eltrica no Brasil comearam a estudar o tema Smart Grid a fim de se preparar para a modernizao do seu sistema eltrico com o objetivo de reduzir as perdas com a utilizao de medidores eletrnicos e inteligentes com tecnologia de leitura automatizada, automao de subestao, integradas ao SCADA, GIS e DMS. Em 2011, vrios projetos piloto esto bem encaminhados. Somente a Eletrobrs, tem planos de investir cerca de US$ 700 milhes em automao de processos operacionais e comerciais no grupo de seis distribuidores [27].

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    5.3.2. Fabricantes

    Fabricantes de tecnologia Smart Grid tambm esto competindo por participao de mercado. Recentemente, a Landis+Gyr iniciou a instalao 200 mil medidores inteligentes e seu SGP+M System, que ir proporcionar uma comunicao de duas vias entre os medidores dos clientes e as distribuidoras.

    Mais recentemente, a Alstom Grid abriu um novo laboratrio de testes de transformadores em sua fbrica em Canoas com um investimento de EU$ 24 milhes. A fbrica de Canoas vai ser capaz de projetar, fabricar e testar transformadores de at 800kV em corrente alternada e corrente contnua. Os primeiros testes visam apoiar a produo de transformadores e conversores de corrente contnua para o projeto da linha de transmisso do Rio Madeira [27].

    5.3.3. Consultores e Integradores de TI Smart Grid

    Fornecedores de tecnologia da informao e integradores de Smart Grid so personagens importantes no mercado de Smart Grid. Recentemente a IBM assinou um acordo com o plano de ajuda com a distribuidora CPFL Energia para o fornecimento de eventuais tecnologias. IBM Smart Grid tem hoje trs projetos de Smart Grid referente coleta automatizada de dados, gesto de medidores inteligentes e otimizao de rede de comunicaes.

    Atravs da COELCE, distribuidora de energia eltrica, a Enel e Endesa esto gerenciando um projeto de medidor inteligente com o objetivo de exportar seu modelo de gesto remota para o pas. O objetivo permitir que todas as operaes sobre a rede de distribuio de energia sejam realizadas remotamente, marcando o primeiro passo para a criao de uma rede inteligente. At o final de 2015, a empresa tem por objetivo instalar mais de 13 milhes de novos dispositivos.

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    CONCLUSO

    No h duvida que a Smart Grid v se tornar uma realidade em breve no pas. A estrutura atual das redes de distribuio est chegando ao seu limite. Faz mais de cem anos que Thomas Edison inventou a lmpada e o sistema de distribuio de energia pouco mudou desde ento. A humanidade nunca cresceu tanto como nas ltimas dcadas, suas necessidades e desejos mudaram e as cidades se desenvolveram tanto que o modo como a energia atualmente distribuda est se tornando obsoleta e insuficiente.

    A aplicao dos conceitos de automao na distribuio de energia eltrica tornou-se uma necessidade no setor. Seus benefcios so inegveis e necessrios para que se possa pensar em um futuro com energia confivel, provinda de fontes renovveis, com qualidade e segurana. A possibilidade de se ter informao em tempo real de todos os consumidores traz para as distribuidoras um grande avano quando se pensa nos processos que permeiam a distribuio de energia. Tambm oferece ao cliente possibilidades nunca antes exploradas, como saber seu perfil de consumo em tempo real e escolher como seu consumo ser tarifado.

    Um grande benefcio que a implementao de uma Smart Grid traz a adoo do conceito de uma Green Grid. A ideia de uma Green Grid uma decorrncia direta do ganho de eficincia energtica que a tecnologia Smart Grid incrementa s redes de energia eltrica, visto que quaisquer ganhos de eficincia energtica representam, no incio da cadeia, uma menor demanda por novas unidades geradoras e acabam por reduzir de forma significativa os impactos ambientais resultantes da atividade industrial do setor de energia. Alm disso, essa nova tecnologia torna economicamente vivel a conexo rede de distribuio fontes de energia renovvel, tais como geradores de energia elica ou solar.

    No entanto, a adoo de uma Smart Grid ainda traz desafios que tero que ser vencidos nos prximos anos. Um dos principais desafios diz respeitos aos aspectos financeiros para sua implantao, pois as contas ainda no fecham. Isso porque as distribuidoras no querem investir milhes sem ter a garantia de que sero remuneradas por esse investimento e o rgo regulador sofre constante presso da sociedade no sentido de reduzir a tarifa de energia. Alm disso, as

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    tecnologias esto evoluindo to rapidamente que podem se tornar obsoletas no momento em que estejam sendo colocadas em funcionamento.

    As questes referentes segurana da informao so um desafio adicional para essa tecnologia. Assim como nos atuais meios de comunicao, as informaes que trafegaro pela Smart Grid devero ter garantida sua confiabilidade, confidencialidade e segurana, pois essa rede poder ser alvo de ataques digitais. Os medidores eletrnicos so pontos extremamente atrativos para hackers e qualquer falha pode trazer grande prejuzo financeiro distribuidora. Dependendo da falha, seu impacto pode variar entre a dimenso do sistema que atende uma unidade rural isolada at a dimenso de todo um continente. Aspectos de interligao e troca de informao entre mltiplos sistemas, identidade de dados que trafegam na rede e padres de dados em funo do alto grau de complexidade e da diversidade de equipamentos, dispositivos e aplicaes, tambm tem se mostrado um desafio para a implementao de uma Smart Grid.

    Mas, independente de todos os desafios que possam se apresentar, certo que a adoo de uma Smart Grid inevitvel quando comparada s redes de distribuio atuais e se pensa em aumentar a eficincia energtica de uma maneira ecologicamente correta e sustentvel, dispor aos consumidores energia com qualidade, tanto do produto como do servio e aumentar a eficincia dos processos inerentes da atividade de distribuir energia eltrica.

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    REFERNCIAS

    [1] PORTAL SO FRANCISCO. Histria da Eletricidade. Disponvel em . Acesso em 25/06/2012.

    [2] SILVA, J. F. R. CRUZETAS PARA REDES DE DISTRIBUIO DE ENERGIA ELTRICA BASE DE POLIPROPILENO. Dissertao Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo USP So Carlos, So Carlos, 2003.

    [3] FERREIRA, G. D. OTIMIZAO DA CONFIABILIDADE DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO DE ENERGIA ELTRICA: UMA ABORDAGEM CONSIDERANDO A SELEO E ALOCAO DE DISPOSITIVOS DE PROTEO E MANOBRAS. Dissertao Universidade Federal de Santa Maria UFSM, Santa Maria, 2009.

    [4] SOMAIO, B. C. I-OPE-010 Restabelecimento Manual de Circuitos Primrios Quando de Desligamentos Automticos e Manuais de Emergncia no Sistema Eltrico at 34,5kV. ELEKTRO ELETRICIDADE E SERVIOS S.A, 2012.

    [5] USIDA, W. F. SISTEMA INTELIGENTE PARA ALOCAO EFICIENTE DE DISPOSITIVOS INDICADORES DE FALTA EM ALIMENTADORES DE DISTRIBUIO. Tese (Doutorado em Engenharia Eltrica) Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo USP So Carlos, So Carlos, 2011.

    [6] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 414, de 09 de setembro de 2010. Disponvel em . Acesso em: 06/08/2012.

    [7] GELLINGS, C. W. THE SMART GRID ENABLING ENERGY EFFICIENCY AND DEMAND RESPONSE, Lilburn, GA: The Fairmont Press, Inc., 2009.

    [8] THE ELETRICITY ADVISORY COMMITTEE, SMART GRID: ENABLER OF THE NEW ENERGY ECONOMY, 2008.

    [9] TOLEDO, F. Desvendando as Redes Eltricas Inteligentes, Rio de Janeiro, RJ: Brasport, 2012.

    [10] HERNANDES, L. et. al. IMPLANTAO DE PROJETOS PILOTO DE REDES INTELIGENTES NO BRASIL. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 67, n. 3, p. 52-59, 2011.

    [11] PAULINO, C. A. ESTUDO DE TECNOLOGIAS APLICVEIS AUTOMAO DA MEDIO DE ENERGIA ELTRICA RESIDUAL VISANDO A MINIMIZAO DE PERDAS. Dissertao - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo Poli USP, So Paulo, 2006.

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    [12] CUNHA, A. P. BASES CONCEITUAIS DA IMPLANTAO DE REDES ELTRICAS INTELIGENTES DE DISTRIBUIO DE ENERGIA ELTRICA. Tese Escola Politcnica da Universidade de So Paulo Poli USP, So Paulo, 2011.

    [13] SILVA, A.;PACHECO, J.A. TRANSMISSO DE DADOS VIA REDE ELTRICA. Tecnologias para Competitividade Industrial, Florianpolis, v. 1, n. 2, p. 35-53, 2008.

    [14] ALCNTARA, M. V. P. DESAFIOS TECNOLGICOS E REGULATRIOS EM REDE INTELIGENTE NO BRASIL. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 66, n. 2, 2011, p. 48-59.

    [15] PAULINO, M. E. C. REDES INTELIGENTES. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 65, n. 1, p. 60-62, 2011.

    [16] BERNARDON, D. P. et. al. USO DOS CONCEITOS DE SMART GRID NO PROCESSO DE RESTABELECIMENTO DE ENERGIA. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 77, n. 13, 2012, p. 26-33.

    [17] SARAIVA, F. O. APLICAO DE SISTEMAS MULTIAGENTES PARA GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO TIPO SMART GRIDS. Dissertao (Mestrado em Engenharia Eltrica) Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo USP So Carlos, So Carlos, 2012.

    [18] GRZEIDAK, E. et. al. QUALIDADE DA ENERGIA ELTRICA NO CONTEXTO DE SMART GRID. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 68, n. 4, p. 48-56, 2011.

    [19] ALCNTARA, M. V. P. MICROREDES INTELIGENTES: UM NOVO MODELO DE NEGCIO PARA A DISTRIBUIO DE ENERGIA ELTRICA. O Setor Eltrico, So Paulo, v. 71, n. 7, 2011, p. 36-45.

    [20] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 367, de 02 de junho de 2009. Disponvel em . Acesso em: 03/06/2012.

    [21] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 375, de 25 de agosto de 2009. Disponvel em . Acesso em: 03/08/2012.

    [22] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 395, de 15 de dezembro de 2009. Disponvel em . Acesso em: 03/08/2012.

    [23] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 464, de 22 de novembro de 2011. Disponvel em . Acesso em: 13/08/2012.

    [24] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 482, de 17 de abril de 2012. Disponvel em . Acesso em: 13/08/2012.

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    [25] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Resoluo Normativa n. 502, de 07 de agosto de 2012. Disponvel em . Acesso em: 13/08/2012.

    [26] AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA - ANEEL. Lista de Projetos de P&D (Res. Norm. 316/2008). Disponvel em . Acesso em: 03/03/2012.

    [27] ZPRYME RESEAECH & CONSULTING. Brazil: The Smart Grid Network. Disponvel . Acesso em 13/09/2012.