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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁCAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ - BREVES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – FECHCURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DOCENTE - PARFOR
Maria de Fátima Paz Rodrigues
Prática de leituras na Educação de Jovens e Adultos (EJA 1ª etapa) emPonta de Pedras - PA.
Ponta de Pedras - PA2014
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Maria de Fátima Paz Rodrigues
Prática de leituras na Educação de Jovens e Adultos (EJA 1ª etapa) emPonta de Pedras - PA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado comocritério para obtenção de título de Licenciado Plenoem Pedagogia pela Faculdade de Educação eCiências Humanas/ PARFOR – UniversidadeFederal do Pará – Campus Marajó – Breves.
Orientador: Profº. Me . Joel Pantoja da Silva
Ponta de Pedras - PA2014
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FICHA CATALOGRÁFICA
Campus Universitário do Marajó-Breves (CUMB) – Biblioteca Profº Ricardo Teixeira deBarros
Ficha catalográfica elaborada por: Leticia da Costa Borges CRB-2: 1162
R696p Rodrigues, Maria de Fátima PazPráticas de leituras na educação de jovens e adultos (EJA 1ª etapa) em
Ponta de Pedras-PA / Maria de Fátima Paz Rodrigues. - Orientador Profº Msc.Joel Pantoja da Silva, 2014.
43f.
Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Pará. CampusUniversitário do Marajó-Breves. Faculdade de Educação e Ciências Humanas.Curso de Pedagogia, 2014.
1. ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS 2.Leitura – educaçãode jovens e adultos I. Título.
CDD – 374.012
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Maria de Fátima Paz Rodrigues
Prática de leituras na Educação de Jovens e Adultos (EJA 1ª etapa) emPonta de Pedras - PA.
Banca Examinadora:
______________________________________________Orientador: Prof. Me. Joel Pantoja da SilvaInstituição: UFPA/ PARFOR
______________________________________________Membro da banca: Prof.ª. Me. Sônia Maria Pereira do AmaralInstituição: Universidade Federal do Pará
Apresentado em: 27/02/2014
Conceito: __________________________
Ponta de Pedras - PA2014
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Dedico este trabalho ao meu querido esposo,
as minhas filhas companheiros de todos osmomentos, bons e ruins, aos professores da
EJA, que contribuíram para a concretização
deste trabalho.
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ter iluminado meus passos em todos os momentos, pela vida, força e sabedoria,que me transmitiu durante todo o percurso dessa jornada.
A minha família: esposo Aluízio Ferreira Rodrigues, as minhas filhas Mariana da PazRodrigues e Mariani da Paz Rodrigues pela compreensão no momento da ausência, por todo oapoio que recebi.
Aos meus irmãos Carmo Tavares da Paz, Raimundo Tavares da Paz e Ester Tavares da Paz,que sempre me incentivaram e apoiaram-me nesse momento de árdua caminhada.
A minhas amigas, Ivete Freitas, Marcelina Teixeira e Maria do Socorro Martins que trilhamos juntas esta longa caminhada, sempre unidas para a concretização de mais um sonho em nossasvidas.
Ainda aos meus educadores que souberam transmitir seus conhecimentos, em especial a Sôniado Amaral, que se disponibilizou em resolver todos os problemas surgidos no decorrer dessa
jornada.Ao meu orientador, o professor Joel Silva, pela sua atenção, paciência e disponibilidade.
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O processo de aprendizagem na alfabetização
de adultos está envolvido na prática de ler, de
interpretar o que leem e escrever, de contar,
de aumentar os conhecimentos que já tem e de
conhecer o que ainda não conhecem, paramelhor interpretar o que acontece a nossa
volta.
(PAULO FREIRE, 2011)
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RESUMO: A pesquisa tem como tema a prática da leitura na Educação de Jovens e Adultos(EJA), especificamente na primeira etapa da Escola Estadual Aurelina Monteiro, localizadano município de Ponta de pedras, no Marajó dos Campos-PA. Objetivamos analisar as
práticas pedagógicas associadas ao incentivo da leitura. Utilizamos como metodologia a pesquisa qualitativa, na perspectiva etnográfica, fazendo uso de instrumentos de investigaçãocomo a observação participante e aplicação de questionário com perguntas abertas.Analisamos os dados com base no estudo dos pesquisadores do campo da educação,especialmente, as reflexões de Paulo Freire e outros estudiosos, que se fazem partindo daleitura como prática social e destinada para a referida modalidade de ensino. Descobrimoscom a investigação que a formação do aluno leitor na EJA (1ª etapa) apresenta-se de formarestrita aos livros didáticos assumindo uma forma mecânica de ensino e não diversificada noambiente escolar por falta de qualificação para essa modalidade de ensino.
Palavras-chave: Educação; Leitura; Educação de Jovens e Adultos; Leitor; Marajó.
ABSTRACT: The research theme is the practice of reading the Education of Youth andAdults (EJA), specifically in the first stage of the State School Aurelina Monteiro, located inthe municipality of Ponta stone in Marajó dos Campos - PA. We aimed to examine the
pedagogical practices associated with the encouragement of reading. Used as a qualitativeresearch methodology, ethnographic perspective, using research tools such as participantobservation and questionnaire with open questions. We analyzed the data from the study ofresearchers in the field of education, especially the reflections of Paulo Freire and otherscholars, who are leaving the reading as a social practice and intended for that type ofeducation. Discovered in the investigation that the formation of the student reader EJA (1st
round ) presents itself restricted to textbooks so assuming a mechanical way of teaching andundiversified at school for lack of qualification for this type of education.
Key-words: Education, Reading; Youth and Adult Education; Reader; Marajó.
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ÍNDICE DE IMAGENS
Imagem 01: Mapa de localização do Marajó 15
Imagem 02: Municípios Marajoaras 17
Imagem 03: Mapa de Ponta de Pedras 19
Imagem 04: Escola Estadual Aureliana Monteiro 26
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
SEÇÃO I: TRAJETÓRIAS DA PESQUISA 14
1.1. Os desafios da educação e leitura no arquipélago do Marajó 15
1.2. Ponta de Pedras: um olhar sobre a educação local. 19
1.3. Percursos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Ponta de Pedras 22
1.4. Lócus da pesquisa: Escola Estadual Aureliana Monteiro 25
SEÇÃO II: A LEITURA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA 29
2.1. A função social da educação de jovens e adultos 30
2.2. Concepções de leitura na educação de Jovens e Adultos 32
2.3. O cotidiano da prática pedagógica do ensino da leitura 35
2.4. A formação do aluno leitor na educação de jovens e adultos 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERÊNCIAS 42
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INTRODUÇÃO
Neste estudo apresentamos os percursos que nos levaram a investigar as práticas de
leitura no cenário amazônico, especialmente no arquipélago do Marajó, que passamos a
interpretar como Marajó dos Campos e Marajó das Florestas. Para marca uma posição de falaem Ponta de Pedras, no Marajó dos Campos. Acreditamos que para falar de leitura na
Amazônia é relevante considerar os aspectos socioculturais que envolvem a população
marajoara e sua relação com a escola e o gosto pela leitura.
Nesse contexto, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino
voltada a um público que por algum motivo não teve acesso à educação na idade adequada,
possibilitando ao educando o aprendizado a leitura e tornando-o capaz de compreender o
mundo que o cerca.
Nesse sentido, a sala de aula pode e deverá ser um espaço-tempo para odesenvolvimento do prazer de ler, bem como a prática de leitura, desde que contemple os
anseios dos sujeitos aos quais estará a serviço. “Formar leitores é algo que requer, portanto,
condições favoráveis para a prática da leitura” (BRASIL, 1997. p. 43). O interesse pelo tema
em questão surgiu a partir do contato com a disciplina Estágio Supervisionado, do Curso de
Pedagogia, durante a qual desenvolvemos o estágio em uma turma de 1ª etapa, e observamos
de perto a realidade da EJA na Escola Aureliana Monteiro.
Na execução do estágio, foi possível observar que o professor responsável tem uma
concepção de leitura enquanto processo interativo que leva os alunos a interagir no mundo de
forma crítica. Entretanto, apresenta na sua prática dificuldades em transpor esse conhecimento
para o aluno. As leituras aconteciam numa perspectiva de decodificação de palavras, em
outras circunstancias para entender o que o texto/autor diz, ou para estudar gramática.
Dentro desta conjuntura, observa-se que atualmente, a leitura enquanto prática
pedagógica não pode estar voltada somente para a instrumentalização rudimentar e limitada
decodificação gráfica. Aos educandos da EJA não deve ser ensinado apenas a decodificação
dos signos gráficos, é preciso ir além, pois a leitura exige algo mais que isso.
Ler é interpretar, relacionar textos e produzir sentidos. Nesse contexto, leitura e
escrita devem ser estabelecidas como prática do mundo real, uma vez que ambas precisam ser
vividas conjuntamente, pois a alfabetização corresponde ao processo pelo qual se adquire uma
tecnologia, a escrita alfabética e as habilidades de utilizá-las para ler e escrever.
Desta forma, não se enfatiza a leitura enquanto instrumento que propicia diálogo
entre autor e leitor através do texto, deixando de considerar os significados que os alunos
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constroem ao longo da vida, em suas vivências, nas relações que estabelecem consigo
mesmos, com a família, com o mundo, enfim, com a vida. Adotamos a perspectiva freireana e
de outros estudiosos da área da leitura para analisar essa realidade. Diante dessas
constatações, tornou-se relevante a análise da prática de leitura na EJA, buscando investigar
como ela vem sendo desenvolvida em sala de aula, observando os procedimentos
metodológicos e a relação entre texto e contexto no referido processo educativo.
Nota-se que a leitura cada vez mais tem se tornado um elemento indispensável para a
inclusão social do indivíduo e consequentemente para a formação da cidadania. Os alunos da
1ª etapa da EJA, na escola Aureliana Monteiro, juntamente com o professor, coordenador e
gestor constituíram-se em nossos sujeitos da pesquisa1. Suas falas foram importantes para
organizamos os caminhos metodológicos da pesquisa.
Para tanto se tornou necessário desenvolver este estudo que tem como tema a Práticada Leitura nas classes de Educação de Jovens e Adultos (1ª etapa) em Ponta de Pedras, tendo
como problemática averiguar se na classe da EJA é um espaço-tempo que oferecem
oportunidades de práticas de leitura apropriadas às características do seu alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho, conforme exige as Diretrizes da EJA?
Assim, objetivamos analisar se as práticas de leitura na EJA (1ª etapa) são
desenvolvidas, em sala de aula, de acordo com as características do seu alunado, seus
interesses, condições de vida e de trabalho conforme exige as Diretrizes da EJA.
A EJA atende trabalhadores, quer sejam eles, homens ou mulheres, jovens ouadultos, e por isso precisa ser um espaço-tempo educativo singular e diferenciado em relação
às demais modalidades de ensino. O currículo, a carga horária, o ambiente, as demandas
didático-pedagógicas precisam ser adequadas à realidade desse alunado, mas sem prejuízos à
qualidade do ensino. A rotina desses alunos é, para a grande maioria, uma maratona que se
desenrola diurnamente, no trabalho – e na labuta doméstica, no caso das mães de família – e
noturnamente na sala de aula, quando o desgaste surge como mais um elemento complicador
para o bom desenvolvimento da aprendizagem.
A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo com a utilização de um estudoetnográfico. Esse tipo de investigação trabalha com as práticas culturais inseridas no contexto
histórico dos sujeitos da pesquisa. Faz uma compreensão das representações e conceitos
procurando aprofundar o estudo do tema em questão como explica Chizzotti (2010, p. 83).
Na pesquisa qualitativa, todas as pessoas que participam da pesquisa sãoreconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem
1 Por uma questão de ética da pesquisa e profissional atribuímos nomes fictícios aos sujeitos da investigação.
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práticas adequadas para intervir nos problemas que identificam. Pressupõe-se, pois, que elas têm um conhecimento prático, de senso comum erepresentações relativamente elaboradas que formam uma concepção de vidae orientam as suas ações individuais.
Nesse sentido, buscamos compreender as condições pedagógicas que propiciavam,
ao aluno da primeira etapa da EJA, a desenvolver o gosto pela leitura no ambiente escolar
partindo das propostas educacionais da escola. Nesse contexto, a abordagem qualitativa é
empregada, para interpretar as situações peculiares à construção do tema em estudo.
Como instrumentos de pesquisa utilizamos a observação participante que nos
permitiu descrever o ambiente escolar e a prática docente em sala de aula da professora na
perspectiva de Chizzotti (2010). E aplicamos três tipos de questionários com perguntas
abertas, sendo um para os alunos da 1ª etapa da EJA (com cinco questões), um para professor
(cinco questões), um para a gestão e coordenação pedagógica (cinco questões) considerandoque esse instrumento permite captar as opiniões escritas dos sujeitos na pesquisa
(SEVERINO, 2007). Na análise do questionário utilizamos os três questionários relacionados
ao professor, coordenador e gestor escolar. Entre os cincos questionários aplicados com os
alunos, interpretamos apenas um na pesquisa por conter informações mais relevantes.
Assim, o estudo encontra-se organizado em dois capítulos: na primeira Seção
intitulada Trajetórias da pesquisa, abordaremos a trajetória da pesquisa, apresentando uma
breve discussão sobre o contexto educacional no Marajó, lendo a região não como uma ilhas
mais como Marajó dos Campos e Marajó das Florestas (PACHECO, 2006; AMARAL, 2012;SILVA, 2013). Em seguida, analisamos a situação da educação de Jovens e adultos em Ponta
de Pedras (PAES, 2012; DI PIERRO, 2001; FREIRE, 1989; FREIRE e SHOR, 1986).
A segunda Seção, A leitura na educação de Jovens e adultos, faremos análise dos
dados onde discutiremos a função social da educação de jovens e adultos (MEC, 2001;
SOEK, 2009; FREIRE, 2011), passemos a discutir também a concepção de leitura na
educação de jovens e adultos (MEC, 2011; FREIRE, 1987; BERNARDINO, 2008). Em
seguida, analisaremos o cotidiano da prática pedagógica do ensino da leitura (LAJOLO, 2000;
FREIRE, 1989; BARBOSA, 2008), finalizaremos com a formação do aluno leitor na
educação de jovens e adultos (COIMBRA & SOUTO, 2012; FREIRE, 2000; MARTINS,
2006). Finalizamos este estudo com pontuando algumas experiências enfrentadas com a EJA.
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SEÇÃO ITRAJETÓRIAS DA PESQUISA
Desde o começo na prática democrática e critica,
leitura do mundo e a leitura da palavra estãodinamicamente juntas. O comando da leitura e daescrita se dá a parti de palavras e de temas
significativos a experiência comum dos
alfabetizando e não de palavras e de temas apenasligadas a experiência do educador.
(PAULO FREIRE, 1989)
No presente capítulo, apresentamos os percursos da investigação junto ao cenário
amazônico, especialmente no arquipélago do Marajó, contextualizando as condiçõeshistóricas e culturais com a situação educacional marajoara. Acreditamos que para falar de
leitura na Amazônia é relevante considerar os aspectos socioculturais que envolvem a
população marajoara e sua relação com a escola.
No primeiro momento, para marcar uma posição de fala passamos a ler essa região
não como uma única ilha, mas como arquipélago que se organiza em nossa leitura como
Marajó dos Campos e Marajó das Floretas. A partir dessas considerações, fazemos um breve
debate sobre a questão da educação, no que se refere ao ensino, à escola e à formação de
alunos leitores, para tratarmos da Educação de Jovens e Adultos (EJA).A partir das referidas análises, no segundo momento, propomos situar a educação de
jovens e adultos, em Ponta de Pedras, na parte do Marajó dos Campos, para discutir os
desafios encontrados para manter uma educação nessa modalidade de ensino. Para depois, no
terceiro momento, trazer o processo de adesão do município à Educação de Jovens e Adultos.
Percebemos como ainda não consegue fugir dessa situação complexa a que é oferecer uma
educação para os jovens e os adultos como realmente merecem.
Por último, no quarto momento, apresentamos o contexto do lócus da investigação e
caracterizamos os sujeitos de nossa pesquisa que se realiza na Escola Estadual Aureliana
Monteiro, alunos da primeira etapa da EJA. Além de descrevermos o ponto de vista da gestão
e coordenação escolar quanto ao apoio pedagógico oferecido pela escola a essa modalidade de
ensino na cidade de Ponta de Pedras.
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1.1. Os desafios da educação e leitura no arquipélago do Marajó
O arquipélago do Marajó esta localizado na parte norte do estado do Pará constitui-se
de uma região formada por distintas paisagens naturais e com uma diversidade cultural. Nesse
território, encontramos uma natureza composta de praias, campos, manguezais, rios e florestas
com as mais variadas espécies de animais e muitos recursos naturais.
Os espaços que compõem o cenário marajoara cantado em letras de carimbó, música
popular brasileira, poemas e livros literários encontram-se cada vez mais presente nas
discussões acadêmicas. São estudos que trazem uma concepção desse lugar mesclado por
saberes e culturas diversificadas deixadas pelas sociedades indígenas e africanas que entraram
em contato com os portugueses em tempos coloniais (PACHECO, 2009).
Este território compõe-se como o maior arquipélago flúvio-marinha do mundo com
cinquenta mil quilômetros quadrados de extensões de terras banhadas por rios, baias e ooceano Atlântico ao norte (Figura 01).
Conforme leitura da (figura 1), o arquipélago se situa na entrada da foz do rio
Amazonas. O acesso da capital a região marajoara é feita por meio de transportes aéreos ou
marítimos. Olhando esse espaço através da pesquisa qualitativa percebemos que o
“pesquisador não se transforma em mero relator passivo: sua imersão no cotidiano, a
Figura 01: Mapa de localização do Marajó
Fonte: www.google.com.br/imagens
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familiaridade com os acontecimentos diários e a percepção das concepções que embasam
práticas e costumes supõe que os sujeitos da pesquisa têm representações” (CHIZZOTTI,
2010, 82). Para mostrar como a região é representada ou olhada pelo outro tivemos que ler
nossa própria realidade.
Leitura é o exercício constante, reflexivo e crítico da capacidade que nos éinerente de ouvir e entender o que nos diz a realidade que nos cerca a da qualtambém somos parte integrante. É o exercício da captação, através dos maisvariados símbolos, sinais e manifestações, da informação, conteúdo emensagem (LUCKESI, 2001, p. 122).
Na análise do educador é importante ler a própria realidade exercendo a prática
reflexiva e crítica da leitura. Para interpretar a realidade marajoara foi preciso considerar
brevemente a sua heterogeneidade cultural. Existem muitas práticas sociais como tomar
tacacá, tirar açaí, fazer roça para produzir farinha, tapioca e tucupi que relembram o modo de
vida das sociedades indígenas que viveram aqui.
As análises realizadas por Silva (2013, p. 24) ressalta uma crítica em relação aos
trabalhos que possuem um olhar homogêneo sobre o espaço do Arquipélago do Marajó e que
ainda hoje são transpassados aos livros didáticos tornaram-se relevantes na pesquisa.
O isolamento tracejado e deturpado em mapas mostra como as atualizaçõesdo pensamento colonial atravessam a aprendizagem de muitos alunos nasescolas da região. A partir destas construções geográficas e históricas,herdadas, em grande parte da cartografia da Companhia de Jesus, é que se
constrói uma espécie de identidade homogênea da região marajoara no Pará.
É preciso rever as condições de ensino sobre o que é o Marajó para não cairmos em
equívocos ou contradições culturais e educacionais por considerar que vivemos em única ilha
ou campo. Na verdade precisamos mostra o quanto a escola precisa trabalhar o lugar do aluno
como heterogêneo e diversificado e não pensar que tudo na região é a mesma coisa.
Para Silva (2013, p. 26) este olhar homogêneo sobre a região precisa ser analisado,
respeitando a singularidade de cada município marajoara. Assim, baseando-se na leitura de
Pacheco (2006), traz uma outra interpretação: “as denominações campos e florestas, nesta percepção, estão para além das compreensões geográficas e são utilizadas para marcar
diferentes trajetórias e processos de dominações históricas vividas, em tempos coloniais”.
Esse olhar novo em relação a diversidades peculiar marajoara respeita seu próprio espaço seja
cultural, natural ou demográfico em relação à apresentação da população marajoara.
Se por um lado, analisar que o arquipélago Marajoara ainda nos dias atuais
permanece desconhecido para o resto do país. Por outro, isso evidencia que muito temos a
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aprender e conhecer sobre a região, até mesmo os próprios marajoaras, pois cada cidade
possui um acervo histórico rico em saberes ímpar que devem ser estudados respeitando
sempre suas diferenças fugindo da concepção de homogênea. Observamos na figura2 do
Arquipélago do Marajó e seus 16 municípios.
Com base nas leituras de Amaral (2012, p.30), fundamentadas na perspectiva de
Pacheco (2006), interpretamos este cenário como Marajó dos Campos e Marajó das Florestas.
[Uma] extensão geopolítica marcada por 16 municípios paraenses que se
dividem entre os povos dos campos, das águas e das florestas. De um lado o“Marajó dos Campos”: Cachoeira do Arari, Chaves, Salvaterra, Santa Cruzdo Arari, Muaná, Ponta de Pedras e Soure. De outro, o “Marajó das águas eflorestas”: Afuá, Anajás, Breves, Curralinho, Portel, Melgaço, Bagre,Gurupá e São Sebastião da Boa Vista. Uma divisão não extremada, pois emmuitos desses municípios, pode predominar o campo ou a floresta, mas, coma riqueza natural deste lugar é possível encontrar, ao mesmo tempo, os doiscenários.
No percurso da pesquisa, essa nova leitura a respeito do arquipélago do Marajó
contribuiu para refletirmos a configuração dos aspectos socioculturais e educacionais da
população local. Diante destas análises, na condição pontapedrense e educadora posicionamosnosso lugar de fala a partir do Marajó dos Campos.
Amaral (2012, p. 65) também trata da leitura como elemento transformado em sua
análise em relação à educação no município de Breves, realidade que pode ser encontrada
também em Ponta de Pedras junto não somente as escolas do meio rural, mas dentro da cidade
em relação à leitura e o espaço escolar.
Figura 02: Municípios Marajoaras
Fonte: Google.com.br/mapas
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Neste espaço, há necessidade de práticas que valorizem a cultura do aluno,que promovam o diálogo entre os conhecimentos escolares e a realidadevivida. Trata-se da formação de homens e mulheres leitores (as), queconcebam a leitura como prática criadora, seja da palavra escrita ou daleitura que fazem do mundo.
Nesse sentido, podemos por meio da leitura levar o aluno a pensar que ele é parte
fundamental de uma história maior que suas práticas culturais são importantes considerando o
cenário brasileiro e principalmente fazê-lo interpretar que quando se fala em Amazônia nos
livros didáticos estão falando dele, pois ele vive no espaço amazônico e dele faz parte.
As reflexões de Di Pierro (2001, p. 64), em relação à Educação de Jovens e Adultos
(EJA) no Brasil, faz-nos pensar as condições sociais e históricas dessa modalidade de ensino
na região amazônica, especificamente no Marajó, uma vez que, é marcada pelo aumento da
demanda de alunos que não conseguiram concluir o ensino fundamental ou médio porentrarem muito cedo no mercado de trabalho.
O índice de defasagem aumenta progressivamente com a idade, chegando próximo de 90% entre jovens de 18 anos. A entrada precoce dosadolescentes das camadas mais pobres no mercado de trabalho formal ouinformal provocou a sua transferência para os programas de educaçãooriginalmente destinados à população adulta.
Essa concepção do pesquisador contribuir para analisarmos condições de trabalho e
baixa renda dos alunos da EJA no Marajó dos Campos. Por serem alunos que pertence a
classe de baixa renda, muitos deixam cedo o espaço escolar para trabalhar na extração damadeira, palmito, tirar açaí, criação gado, búfalo, agricultura familiar para garantir a geração
de renda. Outros atuam no meio urbano como carregador, padeiro, vendedor ambulante de
comidas típicas e lanches compondo um complexo contexto de participação na escola.
Quando os jovens e adultos chegam à escola não podemos deixar de valorizar o
trabalho que fazem, muito menos não ver que as atividades que fazem são constituídas de
saberes que são manifestados na escola. Porém, são pouco levados em consideração no
ambiente escolar, por que se tem uma metodologia que não alcança essas aprendizagens para
o jovem e o adulto entenderem a importância da leitura na escola do espaço no qual ele faz parte e interage na sociedade cotidianamente. Paes (2012, p. 22) chama a atenção para o poder
da leitura como início de transformação social.
Hoje, as condições de acesso à leitura adquiriram valores ideológicosreforçando a ideia de que quem ler é letrado e quem não ler é iletrado. Comoa escola é um espaço social possível de se estimular a leitura, o papel do professor tem grande importância neste contexto. Os formadores de leitoresdevem ter a consciência das forças de reprodução e de contradição nascondições sociais da leitura. O mais importante é o professor contribuir para
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práticas leitoras num contexto de transformação social diminuindo as barreiras de acesso à leitura nas classes populares.
Reafirmamos que o ato de ler abre horizontes de transformação ela representa uma
poderosa ferramenta de reflexão e compreensão do mundo que nos cerca, mas esta ferramentasó pode ser eficaz se o professor souber direcioná-la de forma concreta, levando o aluno a
gosta de ler não por obrigação, mas por interesses e gosto em saber ler e compreender.
Nesse sentido, consideramos na pesquisa “pensar o ensino e a aprendizagem dentro de
um contexto cultural” (LÜDKE & ANDRÉ, 1986, p. 14). Na interpretação de Amaral (2012,
p. 66) escola precisa fazer reflexões sobre as aprendizagens dos alunos.
Se não forem induzidos, provocados a engajar-se nas práticas culturais desua sociedade, é pouco provável que se reconheçam como sujeitos emconstrução, no e para o mundo, e para tal reconhecimento, precisam fazer a
leitura de quem são e o que precisam ser.
Trabalhar com a realidade do aluno da EJA representa, neste sentido, um incentivo
maior para tornar a leitura uma atividade prazerosa e envolve-los em outro contexto de
interpretação social e cultural. Essa contextualização, na educação de jovens e adultos, vamos
percorrer com a pesquisa apresentando Ponta de Pedras.
1.2. Ponta de Pedras: um olhar sobre a educação local
O município de Ponta de Pedras localiza-se ao norte do arquipélago do Marajó, mais
precisamente na margem esquerda do rio Marajó-Açu. Possui uma área de 3380, 369 km² e
fica a 44 quilômetros em linha reta da Capital. Limita-se ao norte com Santa Cruz do Arari e
Cachoeira do Arari, a Leste - Baía do Marajó e Cachoeira do Arari, ao Sul - rio Pará e Muaná
e a Oeste - Anajás e Muaná (figura 03).
Figura 03: Mapa de Ponta de Pedras
Fonte: Google.com.br/imagens
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Conforme o censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) tem uma população de 25. 989 habitantes 2. O acesso da cidade de Belém à
Ponta de Pedras é feito pelo transporte marítimo. Nesta investigação, acreditamos que a
leitura pode trazer “a descrição de um sistema de significados culturais” (LÜDKE & ANDRÉ,
1986, p. 14) levando-nos conhecer nossa realidade histórica e educacional.
A denominação Ponta de pedras é de origem portuguesa foi dado ao município em
virtude do acúmulo de pedras existentes ao seu redor. Já Itaguari, de origem indígena,
significa “rio do morador das pedras” ou “rio das barreiras” (RODRIGUES & MARTINS,
2010, p. 13).
O município foi fundado em 1737, com a criação da Freguesia de Nossa Senhora daConceição. Na época, a localidade denominava-se Mangabeira. Após a proclamação da
Independência, e, consequente adesão ao novo regime, em 1833, com a nova divisão da
Província do Pará em termos e Comarcas, Ponta de Pedras teve o seu território anexado ao do
município de Cachoeira do Arari. Essa situação perdurou até 1877, quando dali desmembrou-
se para ser erigido em vila e depois município (RODRIGUES & MARTINS, 2010).
Na região de pontapedrense a cobertura vegetal dominante é a de campos cerrados,
seguidos da floresta densa aluvial, ao longo das margens dos rios d’água, com grande
incidência de Palmeiras e com menor extensão pela Capoeira, ou seja, mata secundária. Háainda a produção artesanal como potes, filtros, esteiras, bolsas, enfeites de parede e sandálias,
tendo como matérias-primas o barro, a palha, a madeira e a corda. Começa a ter grande
importância, também, a fabricação artesanal de móveis e embarcações.
A festa religiosa mais importante na cidade é a de Nossa Senhora da Conceição, a
padroeira do município. A comemoração acontece no dia 8 de dezembro, com realização de
missa, procissão, arraial e palanque para apresentações. Merece destaque também a festa de
São Francisco de Assis, em outubro, na localidade de Recreio. Quadrilhas juninas, bois-
bumbás e carimbó com o grupo Nuaruaque, Itaguary e grupo da terceira idade. Constituem oselementos da cultura popular locais mais frequentes.
O visitante ou turista ao chegarem à cidade encontra na fachada da Igreja Matriz de
Nossa Senhora da Conceição a seguinte frase “Bem-vindo e vejam que as pedras que somos
2 Ver site: [email protected]://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm. Acesso no dia 10 de janeiro de 2013.
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não estão de Pontas mais ligadas entre si”, atribuída ao município pelo Bispo Emérito Ângelo
Maria Rivato para receber as pessoas que visitam a cidade.
Se por um lado, essa mensagem nos faz ler Ponta de Pedras como uma cidade
acolhedora. Por outro, os espaços destinados a uma prática de leitura como a Biblioteca
Pública pouco organiza projetos ao incentivo do ato de ler. Além disso, em relação aos
espaços privados, não temos livrarias ou outro espaço particular voltado à leitura. Nas escolas,
essa situação ainda é mais agravante, por que o contato com o prazer de ler é pouco
incentivado por meio de espaços pedagógicos adequados.
Podemos perceber que, em Ponta de Pedras, os problemas voltados ao incentivo da
leitura se encontra no mesmo patamar de muitas cidades do Marajó, muito ainda dever ser
feito para melhorar nossas escolas, haja visto que, a EJA precisa ser vista de forma
diferenciada por parte do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal,pois é umamodalidade diferente do ensino regular. Em relação à formação do educador para uma prática
pedagógica crítica afirma Freire & Shor (1986, p. 58):
Enquanto seres humanos conscientes, podemos descobrir como somoscondicionados pela ideologia dominante. Podemos distanciar-nos da nossaépoca. Podemos aprender, portanto, como nos libertar através da luta políticana sociedade. Podemos lutar para ser livres, precisamente porque sabemosque não somos livres! É por isso que podemos pensar na transformação.
Neste sentido, a qualificação de professor é uma forma de aprimorar o ensino em sala
de aula para que o aluno possa ter o domínio da leitura, para além do ato importante de
alfabetizar. Porém, compreender que a leitura é um dos caminhos para uma formação crítica e
reflexiva que contribui de forma positiva junto às mudanças de sua realidade social visando
sempre um bem comum que somente a educação pode oferecer a um povo.
Desta forma, em relação ao ensino da leitura Paes (2012, p. 16) comenta:
Em algum momento da vida, já ouvimos falar que a leitura é importante paranos comunicar com o outro, adquirir conhecimentos, desvendar outrasculturas, entender a nossa história, para estudar e obter informações. Naescola, muitas vezes, já lemos, com vontade ou sem vontade, alguns textos,senão pelo menos um livro ou resumos de livros. Mesmo assim, segundo amídia, a população brasileira, ainda lê muito pouco porque não fomosestimulados a ser verdadeiros leitores dentro da família, muito menos naescola.
Esta é uma realidade, a prática da leitura começa quase sempre por influencia da
família, porém, como fazer com famílias que não possuem nenhum hábito de leitura?
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Respondendo esta indagação, temos o espaço escolar, cabe à escola neste caso, influenciar
seus alunos rumo ao mundo da leitura. Essas atividades devem ser de forma integral e comum
a todos os conteúdos a serem trabalhados pelo professor. Não deve se dar apenas por meio dos
livros didáticos, mas produzir outras formas que possam ser trabalhadas.
Em termos da educação de Jovens e Adultos, a qualificação profissional é ainda mais
exigida, por ser uma demanda de alunos diferenciada no ambiente escolar, não podendo ser
tratada igualmente como os alunos do ensino fundamental ou médio. Nem sempre essa
distinção é feita no cotidiano da prática docente, muitos professores acabam aplicando as
diferentes modalidades de ensino um planejamento pedagógico igual. Nesta pesquisa,
queremos compreender a prática do ensino e aprendizagem da leitura na educação de Jovens e
Adultos, em Ponta de Pedras.
1.3. Percursos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Ponta de Pedras
A Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino que está fundamentada
a partir das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), na Lei nº 9394/96,
sendo destinada aos alunos jovens e adultos “que não tiveram acesso ou continuidade de
estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade própria”. Para olhar essa realidade
procuramos descrever “a experiência que eles têm, as representações formam” (CHIZZOTTI,
2010, p. 84) adentrando a trajetória da EJA na referida cidade.
Na década de 1990 foi promulgada em 10 de maio de 2000, as DiretrizesCurriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, elaborada pelo Conselho
Nacional de Educação. Orientando a obrigatoriedade na oferta e na estrutura dos componentes
curriculares de ensino fundamental e médio. Conforme o art. 2º “A presente resolução
abrange os processos formativos da Educação de Jovens e Adultos como modalidade da
Educação Básica nas etapas dos ensinos fundamental e médio, nos termos da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional” (MEC/CNE-2011).
A importância da educação de jovens e adultos se faz presente em muitos municípios
do Brasil. Na compreensão desta modalidade de ensino analisa Di Pierro et.al. (2001, p. 59): No Brasil, a educação de adultos se constitui como tema de políticaeducacional, sobretudo a partir dos anos 40. A menção à necessidade deoferecer educação aos adultos já aparecia em textos normativos anteriores,como na pouco duradoura Constituição de 1934, mas é na década seguinteque começaria a tomar corpo, em iniciativas concretas, a preocupação deoferecer os benefícios da escolarização a amplas camadas da população atéentão excluídas da escola. Essa tendência se expressou em várias ações e programas governamentais, nos anos 40 e 50.
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Essa modalidade de ensino se espalhou pelo país modificando e transformando a
realidade de jovens e adultos dando a oportunidade de continuação da vida educacional por
muitos interrompidas por vários fatores dentro do contextos socioculturais no quais estão
inseridos. Em relação ao município de Ponta de Pedras, a Educação de Jovens e Adultos
iniciou, na década de 80, na escola na Escola Estadual Aureliana Monteiro.
Neste cenário educacional, a referida escola possibilitou a continuação dos estudos
de pessoas que por inúmeros motivos deixaram de cursar o ensino no devido tempo escolar.
São pescadores, trabalhadores da área do comércio, donas de casas, jovens, mães e outros.
Segundo Di Pierro et. al. (2001, p. 65) o fator que levava esses jovens e adultos a procurar
este tipo de ensino.
A entrada precoce no mercado de trabalho e o aumento das exigências deinstrução e domínio de habilidades no mundo do trabalho constituem os
fatores principais a direcionar os adolescentes e jovens para os cursos desuplência, que aí chegam com mais expectativas que os adultos mais velhosde prolongar a escolaridade pelo menos até o ensino médio para inserir-se ouganhar mobilidade no mercado de trabalho.
A educação de jovens e adultos tem por característica marcante uma grande procura
no início de ano letivo pelos alunos visando à promoção e qualificação educacional para
inserir-se no mercado de trabalho. Para trabalhar as perspectivas pedagógicas com essa
demanda de alunos, houve uma mudança na postura da politica educacional que em muitos
lugares passou a centra-se na concepção freireana de educação. Ou seja, uma modalidade de
ensino que se tornava instrumento de valorização da cultura popular e dos saberes populares.
O conceito de educação de jovens e adultos vai se movendo na direção do sentido de
educação popular, na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências à
sensibilidade e à competência científica dos educadores e das educadoras. Ou seja, ao tratar
sobre a questão da leitura na modalidade do ensino do EJA não devemos esquecer que
estamos tratando com alunos que possuem uma grande carga de saberes vivenciados,
trabalhadores, jovens mães, jovens trabalhadores, grupo de risco.
No contexto atual da Educação de Jovens e Adultos, se faz urgente repensar o
currículo, sua funcionalidade e implicações na vida dos sujeitos que participam dessa
modalidade de ensino. Por isso, discutir o papel da escolarização para esses sujeitos que não
conseguiram concluir a educação básica na idade própria é um aspecto muito relevante na
educação brasileira atualmente. Para tanto, faz-se necessário que o currículo para EJA tenha
em sua abrangência as vivências desses sujeitos, contemplando os anseios, necessidades e
peculiaridades dessa modalidade de ensino.
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Não se pode negar que a divergência nas concepções educativas e filosóficas pode
gera vários conflitos, entretanto deve-se buscar um consenso coletivo para possibilitar o êxito
na educação como explica Freire (1989, p. 209):
A investigação dos temas geradores ou da temática significativa do povo, partir de cujo conhecimento é possível à organização do conteúdo programático para qualquer ação com ele, se instaura como ponto de partidado processo da ação, como síntese cultural.
Desse modo, o currículo se configurará em um instrumento importante e real do
processo ensino-aprendizagem, É nessa perspectiva que deve se organizar o currículo dos
sujeitos da Educação de Jovens e Adultos, reconhecendo suas especificidades e
peculiaridades. A seleção dos conteúdos que irão compor o currículo deve ser relevante para a
sociedade, embasados em valores e condicionados histórica, política e administrativamente. Aelaboração curricular tem subjacente uma reflexão filosófica, política, ideológica e educativa
para permitir uma seleção adequada e em conformidade com as intenções educativas.
Sabemos que esta modalidade de ensino deve se levar em conta a realidade do
educando que traz consigo grande conhecimentos de vivência diária, de seu mundo social e
cultural. Contudo, esta construção curricular vem proporcionar meios de ensino para a
transformação dos educandos desta modalidade, favorecendo-os na discussão, reflexão e
participação efetiva na construção de uma aprendizagem significativa, centrada nos eixos:
pensar, sentir e fazer de modo crítico.Isso vem contribuir, de forma relevante, para a aprendizagem dos educandos,
orientada pela ideia de educar para a vida, para o mercado de trabalho e com perspectiva de
um ensino de qualidade e permanência. Tendo em vista a diversidade desses educandos, com
situações socialmente diferenciadas, é preciso que a EJA proporcione por meio de outras
formas de socialização dos conhecimentos e culturas que segundo Freire (1989, p. 30).
É construída dia-a-dia em sua atuação em sala de aula em contato com asvarias realidades, saberes e culturas dos alunos, e mais do que isso, Freire propõe [...] discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em
relação com o ensino dos conteúdos.
A Educação de jovens e Adultos esta presente na Constituição de 1988, em seu art.
208, inciso I, garante o acesso ao ensino fundamental gratuito, inclusive àqueles que a ele não
tiveram acesso na idade própria. Esse dispositivo constitucional determina, portanto, o dever
do Estado de promover a educação de jovens e adultos.
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Sobre a EJA a LDB/ 1996, em seu artigo 37, regulamenta que a “educação de jovens
e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino
fundamental e médio na idade própria”. Nesse sentido, o ensino da EJA se espalhou pelo
município de Ponta de pedras apoiado pela Secretaria de Educação Municipal. Na área urbana
são quatro escolas que ofertam esta modalidade de ensino a ativa.
Porém, temos um retrocesso nos anos anteriores ao ensino de Educação de Jovens e
Adultos, era administrado em oito escolas da rede municipal. Por motivos como falta de
alunos estes espaços encerraram suas salas ficando somente a cargo de quatro escolas. Duas
ainda correm o risco de também encerrar suas aulas por falta de alunos. Nas escolas
Estaduais apenas duas possuem a EJA.
Em se tratando sobre a leitura da educação de jovens e adultos é necessário
novamente refletir sobre como esses jovens e adultos pensam e aprendem, visto que estesalunos estão inseridos no mundo do trabalho e das relações interpessoais de um modo
diferente do da criança e do adolescente. Pois, eles possuem consigo uma história mais longa
de conhecimento, experiências acumuladas e reflexões sobre o mundo externo, sobre si
mesmo e as outras pessoas.
1.4. Lócus da pesquisa: Escola Estadual Aureliana Monteiro
Segundo Chizzotti (2010), a pesquisa qualitativa procura caracterizar o lócus e os
sujeitos que estão envolvidos na coleta de dados. Os participantes da pesquisa, os alunos da 1ªetapa da EJA, gestão, coordenação e professor da referida etapa. Lócus de nossa pesquisa,
esta localizada na Praça Magalhães Barata, Bairro Centro (Figura 00). Atua há 80 anos como
instituição de ensino médio, é a primeira escola construída pelo governo Estadual no
município. Foi fundada em 1º de Fevereiro de 1933.
O primeiro nome da referida escola foi Grupo Escolar de Itaguary. Na época o
município era subordinado à comarca de Cachoeira do Arari, a partir de 1939, quando o
município trocou o nome de Itaguary para Ponta de Pedras, houve a necessidade de modificar
o nome da escola para Grupo Escolar de Ponta de Pedras permanecendo com este nome até oano de 1945, quando passou a se chamar Escola Estadual de Ensino Primário “Aureliana
Monteiro” numa homenagem a sua primeira diretora e professora Aureliana Julieta Feio
Monteiro, a qual exerceu a função de diretora entre 1933 a 1945 quando se aposentou vindo a
falecer aos 80 anos em 1979 na cidade de Belém.
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Na atualidade, tem como diretora a professora Pedagoga Fafá de Belém. A escola
esta composta pela equipe técnica administrativa e docente, e recentemente foi feita a eleição
democrática para a direção escolar e aguarda portaria enviada pela Secretaria Estadual de
Educação em nome da nova gestora que já citamos desde o momento anterior. A escola tem
atualmente 500 alunos matriculados e distribuídos nos três turnos. No 1º turno a oportunidade
de matricula é dada preferencialmente aos alunos da área ribeirinha. No 2º turno aos alunos da
cidade e o 3º turno aos alunos da EJA Educação de Jovens e Adultos com a 1º e 2º etapas.
O prédio da escola é construído em alvenaria, sendo de médio porte, ofertando os
níveis de ensino fundamental séries iniciais e a modalidade de ensino de jovens e adultos
lócus de nossa pesquisa, funcionando de manhã, de tarde e de noite, tendo 09 salas de aula,
com o seguinte número de turmas por turno: manhã: 09, tarde: 08 e noite: 02 turmas; as
dependências administrativas e apoio pedagógico: 01 sala da direção, 01 secretaria, 01 sala da
vice- direção e 01 arquivo, 01 cozinha, 01 refeitório, 01 área de recreio, 01 quadra de
esportes, 01 área livre e 04 banheiros.
Quanto aos recursos humanos de acordo com a gestora o quadro de professores ainda
é considerado incompleto diferente do quadro administrativo que está completo. Quanto à
demanda de material de mobiliário das dependências é suficiente, estando em um bom estado
de conservação e uso.
De acordo com as informações a demanda de professores é insuficiente, pois alguns
professores já estão afastados esperando aposentadoria e as turmas são substituídas por
Figura 04: Escola Estadual Aureliana Monteiro
Fonte: Maria de Fatima Rodrigues - 2013
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professores temporários ou os professores efetivos que tem uma carga horária de 200 horas
para suprir a necessidade da mesma.
Em relação ao Projeto Político Pedagógico, suas ações estão propor stas de acordo
com a realidade da escola e dos alunos e são realizadas mensalmente de acordo com as datas
comemorativas. Em todos esses projetos perpassa um trabalho de leitura e escrita, sendo este
um dos maiores desafios pedagógico da escola.
O planejamento das atividades escolares acontece às sextas-feiras, após o intervalo
os alunos são liberados (hora atividade), os professores se reúnem para planejar as atividades
da semana. Sendo que existe um trabalho integrado entre equipe técnica e direção, tanto a
diretora da escola como a vice-diretora atuam com base na gestão democrática. Os
professores contam com apoio da gestão e do serviço técnico para acompanhamento das ações
docentes. Os professores têm todo o apoio tanto da direção como do suporte técnico pedagógico da escola.
A escola desenvolve projetos e/ou atividades interdisciplinares, envolvendo os
conhecimentos de todas as disciplinas do currículo escolar, principalmente nos projetos
pedagógicos, os professores procuram realizar atividades de forma interdisciplinar. Assim
como são trabalhados os temas transversais nas atividades curriculares desenvolvidas no
ensino fundamental de acordo com a realidade e necessidade que a escola apresenta.
A direção tem oportunizado a educação continuada aos professores, geralmente
participam de cursos de capacitação oferecidos pela SEDUC e SEMED. A maioria dos professores preocupa-se em disponibilizar metodologias diversificadas para melhorar a
aprendizagem dos educando. O processo de avaliação do desempenho escolar dos alunos se
dá por meio do parecer descritivos.
Quanto aos conteúdos trabalhados na escola são relacionados com o contexto de vida
dos alunos, os professores procuram desenvolve-los adequando à realidade dos educando. Os
alunos são estimulados a expressar suas ideias e discutir os conteúdos. Já o trabalho técnico-
pedagógico busca apoiar as ações docentes, há um acompanhamento ao projeto político
pedagógico partilhando suas ações; ajudando a solucionar os problemas que surgem;articulando a escola e a família, favorecendo a construção de um ambiente democrático,
integrando os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Em relação aos problemas e dificuldades apresentadas em relação ao processo
ensino-aprendizagem, os educadores procuram auxiliar os docentes no que precisam para
superar os problemas de leitura e interpretação, desenvolvendo e articulando ações
pedagógicas, que viabilizem a qualidade no desempenho do processo ensino na escola.
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Como sugestões para solucionar ou amenizar os problemas ainda evidenciados é
necessário: cursos de capacitação para contribuir com a prática pedagógica dos docentes;
recursos didáticos, intensificação de metodologias diferenciadas e fazer um trabalho coletivo
entre os professores para trocarem experiências para melhorar o ensino-aprendizagem por
parte de alguns alunos na leitura.
Em sala de aula, na primeira etapa da EJA, na Escola Aureliana Monteiro, tivemos
contato com a turma e a professora como finalidade de analisar as práticas de leitura
desenvolvidas pela professora, mas não chegamos a perceber recursos que trouxesse uma
diversidade de leitura para os alunos. A leitura não apresentava-se aos aspectos sociais e
culturais da turma, pouco havia de incentivo no material utilizado pela docente.
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SEÇÃO II: A LEITURA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS – EJA
A função do educador não seria precisamente
ensinar a ler, mas a de criar condições para oeducando realizar sua própria aprendizagem,
conforme seus próprios interesses, necessidades,
fantasias, segundo duvidas e exigências que a
realidade lhe apresenta.
(MARTINS, 2006)
O processo da leitura é um aprendizado que se desenvolve gradativamente no
cotidiano educacional. Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), o incentivo a esta realidade
se acentua mais, por que os alunos da primeira etapa precisam compreender o mundo que ocerca como um leitor crítico da sua realidade. Nesse caso, os educadores devem despertar em
suas praticas pedagógicas um novo olhar sobre como ensinar a ler na escola por tornar esses
alunos participantes da cidadania e dignos de exercer seus direitos.
Este capítulo tem como ênfase, no primeiro momento, analisar as diretrizes do
Programa Brasil Alfabetizado que discute qual é o papel e os objetivos da educação de jovens
e adultos, relacionando-os com o que a escola desenvolve como proposta educacional. Com
objetivo de compreender como as politicas educacionais pensam essa modalidade de ensino e
o que a escola está fazendo para desenvolvê-la. No segundo momento, apresentamos a concepção de leitura baseada na educação de
jovens e adultos que é estabelecida na perspectiva do Ministério da Educação.
Contextualizamos essa concepção com a maneira que a escola realiza a atividade de leitura
numa turma da primeira etapa, seus desafios e aprendizados. Na sequência, no terceiro tópico,
mostraremos por meio das falas da gestora escolar, coordenadora pedagógica e professor o
cotidiano do trabalho com a leitura em sala de aula.
Para finalizar, apresentamos a discussão que a escola Aureliana Monteiro, faz ao
trabalhar com alunos da primeira etapa da EJA, como pensa a formação do aluno leitor nessa
modalidade de ensino, para isso, analisamos as condições de materiais pedagógicos que a
escola dispõe de acesso à leitura para tornar o aluno leitor.
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2.1. Função social e objetivo da Educação de Jovens e Adultos
A educação de jovens e adultos atende uma demanda de alunos que não adentrou na
escola nas series do ensino fundamental conforme sua idade. Nesse sentido o Ministério da
Educação orienta que os municípios e estados façam adesão ao Programa Brasil alfabetizado para ofertar a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Dessa forma, o Ministério da Educação
objetiva com o Programa Brasil alfabetizado:
a) Criar oportunidades de alfabetização a todos os jovens, adultos e idososque não tiverem acesso ou permanência no ensino fundamental; b) Promover com qualidade o acesso à educação de jovens, adultos e idos esua continuidade no processo educativo;c) Mobilizar gestores estaduais e municipais para ampliar a oferta deeducação de Jovens e Adultos – EJAd) Qualificar a oferta de alfabetização para jovens, adultos e idosos por meio
da implementação de politicas de formação, de distribuições de matériasdidáticos e literários, de incentivo a leitura e de financiamento(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2001 p.8).
Dentre este objetivo citados pelo Ministério da Educação o último que trata do
incentivo à leitura que é feito por meio de materiais didáticos e literários nos chamam a
atenção. A leitura se reduz a esses dois recursos pedagógicos quando se deveria ampliá-la
com mais acervos diversificados, por exemplo, tirinha, charges, imagens, pintura, vídeos.
Além disso, é importante fazermos uma reflexão sobre o que é a educação de Jovens
e Adultos tanto do ponto de vista do Programa Brasil Alfabetizado quanto ao olhar do
professor considerando a definição da EJA para o Ministério da Educação (2011, p. 8-9):
O conceito de EJA, no qual se assentam as politicas públicas voltadas aos jovens e adultos, está fundamentado na perspectiva de educação eaprendizagens ao longo da vida, conceito que vem consolidando-se nasconferências internacionais de Educação de Adultos. Neste sentido,compreende-se como essencial, não apenas a elevação de escolaridade nos processos formais da educação, como o acesso as turmas de alfabetização econtinuidade nos demais e vivencias em contextos não formais e informais pois contribuem para o desenvolvimento integral de cada individuo,ampliando sua capacidade de leitura de mundo e o exercício da cidadania.
A Educação de Jovens e Adultos não é uma modalidade de ensino apenas para passar
de ano ou dar continuidade aos estudos, mas precisa ser pensada como uma educação que,
necessita ampliar a leitura de mundo desse sujeito. Por isso a relação entre escola e aluno deve
produzir os conhecimentos e aprendizagem para a vida por meio das práticas de leitura.
Na EJA cada aluno traz sua carga de conhecimento e suas experiências de vida. Para
Freire (1987, p. 35) “abordar a educação de jovens e adultos é tentar aprofundar sua história,
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tentar dar conta de sua origem para compreender melhor sua atuação, é uma busca conjunta
entre professor e aluno na formação de palavras e temas mais significativos da vida do aluno”.
Assim, há necessidade do educador conhecer seus alunos adultos para que o processo ensino-
aprendizagem se efetive. Por isso, o professor deve respeitar o conhecimento do aluno e
valorizar o diálogo para garantir o sucesso na relação professor-aluno.
Nesta direção afirma Freire (2011, p.21) “não há docência sem discência”, por essa
concepção, a relação aluno professor deve ser reciproca e construção no cotidiano escolar.
Isso nos faz pensar na forma como o professor trabalha a leitura como uma competência
relevante na vida do aluno. Desenvolver o prazer pela de ler nos jovens e adultos não é uma
tarefa a ser feita da noite para o dia, mas é um processo contínuo na vida do aluno.
Entendemos assim que o educador é o mediador do processo de incentivo a leitura
para os alunos da EJA que por algum motivo deixaram de frequentar a escola na idade certa.Desta forma, ele precisa está desenvolvendo estratégias que possibilite o gosto pela leitura.
Em Ponta de Pedras, na escola Aureliana Monteiro, o desenvolvimento das
atividades de leitura enfrenta grandes desafios na turma da primeira etapa da EJA. Nem
sempre o aluno que trabalha está disposto em sala de aula para ler por causa das condições
físicas que implica o trabalho que fazem. Esses alunos são muito heterogêneos porque atuam
em diferentes tipos de atividades. Na escola, temos o padeiro, tirador de açaí, carregador,
atendente em supermercado, todos participam do mercado informal do trabalho. Conforme as
orientações das Diretrizes Curriculares para a Educação de Jovens e Adultos deve-se fazer:
A contextualização se refere aos modos como estes estudantes podem disporde seu tempo e de seu espaço. Por isso a heterogeneidade do público da EJAmerece consideração cuidadosa. A ela se dirigem adolescestes, jovens eadultos, com suas múltiplas experiências de trabalho, de vida e de situaçãosocial, aí compreendidas as praticas culturais e valores já constituídos.(PARECER 11/2000, p. 61).
A condição de trabalho dos alunos que frequentam a Educação de Jovens e Adultos
apresenta-se ora como um desafio imposto à escola, ora como uma dificuldade para o
professor desenvolver as práticas de ensino da leitura. Se não for considerada as práticas
sociais já estabelecidas na vida desses sujeitos, não faz sentido elaborar propostas
pedagógicas para trabalhar as atividades escolares, em especial a leitura na escola.
Na escola Aureliana Monteiro, a fala da gestora escolar, Fafá de Belém, enfatiza bem
essa questão em relação à turma da primeira etapa da EJA.
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A maior dificuldade encontrada é a desmotivação dos alunos, pois, a maioriatrabalham durante o dia em serviços desgastantes fazendo com que nãoleiam em casa e quando vão para escola estão super cansada e não dão muitaimportância as atividades de leitura, havendo muita evasão escolar, devidoesta dificuldade 3.
Na interpretação da gestora da escola ocorre, em sala de aula, a falta de motivação
para participar das atividades que envolvem a leitura. Entre os muitos fatores que existem o
principal é o trabalho pesado e desgastante que os alunos fazem. Diante dessa situação, o
professor se restringe a leitura mecânica do texto.
A leitura em sala de aula é fundamental para introduzir o aluno no processo de
alfabetização, sem a devida importância a maneira como a leitura auxilia na compreensão de
mundo fica sem sentido a prática docente. Refletindo as condições do lugar do alfabetizador
na aprendizagem do jovem e adulto analisa Soek (2009, p.35):
O trabalho do alfabetizador deve levar o adulto para além da prática,refletindo sobre o processo que a constitui e sobre as relações envolvidas noestabelecimento de sua realidade. Esta tarefa requer constante aprendizadoda parte do alfabetizador, não só com a atualização por meios de leituras,mas com a reflexão sobre a sua prática, realizando pesquisas no espaço emque atua.
Interpretando a realidade escolar dos jovens e adultos da escola Aureliana Monteiro
percebemos o incentivo a leitura, mas sabemos que não há na escola, pesquisas que tratem
especificamente das condições de aprendizagens desta demanda de alunos, e pouco se ver
uma reflexão da própria prática docente em redimensionar metodologicamente o ensino da
leitura na escola. É preciso rever o lugar da leitura na escola e no processo de aprendizagem.
Na perspectiva de Paes (2012 p71) o “ensino da leitura leva-nos a um campo muito
vasto de conhecimentos, assim como a concepções diversas”. Desta forma, a leitura deve ser
atraente para todos envolvidos no processo educacional tanto alunos quanto professores.
2.2. Concepção de leitura na educação de Jovens e AdultosSabemos que a leitura é indispensável para a formação da competência leitora do
aluno, na educação de jovens e adultos, mas precisa e deve ser vista como um elo entre o
educando e mundo que o cerca. Na primeira etapa da EJA, na escola Aureliana Monteiro
segundo o relato da professora Gabi Amarantos a concepção de leitura: “entendemos como
leitura o ato de o indivíduo saber não somente decodificar os símbolos linguísticos, mais
3 Questionário aplicado com a gestora da escola no dia 12 de setembro de 2013.
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também interpretar, entender o que leu”. Na análise de Paes (2012, p.105) a leitura é
“produção de sentidos e não é só codificação de um emissor a ser decodificado por um
receptor passivo”. Essa compreensão permite pensar que a leitura deve fazer parte do contexto
cultural do aluno.
Continuando a professora Gabi Amarantos fala como compreende a leitura e os
recursos que a escola disponibiliza para incentivar o gosto de ler: “só o livro didático em
virtude de não disponibilizar de muito tempo para ir em busca de recursos ” 4. Percebemos
nesse olhar da professora que a EJA é tida muitas das vezes como uma complementação
salarial, é necessário que os educadores se organizem em busca de acervos para diferenciar o
modo de entender e ensinar a leitura para que não fiquem restritos somente aos livros
didáticos. Com outra percepção o Ministério da Educação orienta outra perspectiva para
desenvolver a leitura na escola com turmas da EJA.
A base teórica que fundamenta o processo de ensino e aprendizagem das praticas pedagógicas da educação de jovens e adultos pressupõe um modelode ensino por resolução de problemas: o uso de diferentes estratégicas emetodologias para a aprendizagem de diferentes conteúdos, a aprendizagemsignifica que deve partir dos conhecimentos prévio dos alunos: ainterpretação entre os pares e com parceiros mais experientes.
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2011, p.167).
Nesta perspectiva o educador precisa questionar-se diariamente sobre como conduzir
o trabalho com a leitura em sala de aula, lançando mão de diferentes recursos pedagógicos para está desenvolvendo o aprendizado da leitura, nesta modalidade de ensino, haja vista que
os alunos que fazem parte desse ensino trazem consigo uma gama de conhecimentos.
Na Escola Aureliana Monteiro, o trabalho com a leitura parte da concepção de
acervos diversificados, mas ainda restrito a tradição do uso do livro didático e presa a
exercícios de interpretação de texto. Para a aluna da 1ª etapa da Educação de Jovens e
Adultos: “os recursos que a professora usa são jornais, historinhas em quadrinhos, leitura do
livro e do quadro” 5. Observamos que há o interesse dos educadores em está disponibilizando
outras leituras, mas pouco se ver as estratégias para desenvolvê-la.Para Freire (1987, p. 87) é necessário que se repense em um novo modelo de
educação, nesse aspecto, podemos refletir também em uma nova maneira de introduzir a
leitura no ambiente escolar para compreender a realidade social.
4 Questionário aplicado com professora da 1º etapa da Educação de Jovens e Adultos no dia 09 de setembro de2013.5 Questionário aplicado com aluna da Escola Aureliana Monteiro, no dia 10 de setembro de 2013.
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A educação autêntica, repitamos, não se faz de A para B ou de A sobre B,mas de A com B, mediatizados pelo mundo. Mundo que impressiona edesafia a uns e a outros, originando visões ou pontos de vista sobre ele.Visões impregnadas de anseios, de dúvidas, de esperanças ou desesperançasque implicam temas significativos, à base dos quais se constituíra o conteúdo programático da educação. Um dos equívocos de uma concepção ingênua dohumanismo está em que, na ânsia de corporificar um modelo ideal de “bomhomem”, se esquece da situação concreta, existencial, presente, dos homensmesmo.
Nesse sentido, pensar a Educação de Jovens e Adultos como um elemento
diferenciado, já que são seres humanos diferenciados, como os demais, com experiências
próprias, com representações, valorizações e percepções culturais. Não podemos aplicar uma
educação bancária e esquecer a situação concreta que eles aprendem.
É por meio de ações pedagógicas na escola que o educador, que conhece os
problemas que impedem a permanência do educando em sala de aula, torna-se possível criar
situações de aprendizagens da leitura voltadas para sua realidade. Em termos de politicas
educacionais, há uma crítica relevante a permanência dos alunos na escola já que muitos
desistem por razões diversas como explica Bernardino (2008, p. 1-2):
A educação de Jovens e Adultos e Idosos pela sua especificidade é umamodalidade de ensino que deve ser pensado de forma diferente das outrasmodalidades educacionais. São sujeitos que nas últimas décadas tiveramacesso garantido nas políticas educacionais, mas não tiveram a possibilidadede permanência, isso devido a vários fatores econômicos, sociais e culturaisque interferem direta ou indiretamente no processo educacional. Assim, aformação do profissional da Educação de Jovens e Adultos e Idosos poderepresentar um importante fator para um possível sucesso da política deacesso e permanência para essa modalidade de ensino, pois ela poderepresentar o elo entre as políticas e uma possível efetivação dessas na prática pedagógica do professor (BERNARDINO, 2008, p. 1-2).
Nessa perspectiva, a educação de jovens e adultos precisa de um olhar mais atento
em relação às politicas educacionais atuais, pois muito se fala em mudança, mas poucas ações
concretas são vivenciadas nessa categoria de ensino. Por isso, não adianta apenas oferecer a
EJA espaços para funcionar as turmas, mas investir em condições de qualificação para
desenvolver uma educação de qualidade (RIBAS & SOARES, 2012).
Se por um lado, é importante qualificar o profissional da educação para atuar na EJA.
Por outro, precisamos rever as condições de infraestrutura oferecidas para essa demanda,
sobretudo, quando se refere à prática da leitura na escola. Na compreensão de Paes (2012, p.
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18) as políticas educacionais elaboram as propostas pedagógicas, mas caem em contradição à
já que não apresenta espaços adequados para trabalhar o gosto pela leitura.
Muitos educadores concordam que dentro de qualquer projeto pedagógico,
não podem faltar atividades de leitura, no entanto a preocupação se da naausência de politicas coerentes sobre a formação de leitores na escola pública, porque ainda há milhares de escolas sem biblioteca e sem bibliotecários. A leitura basicamente é feita através dos l ivros didáticos quesão distribuídos gratuitamente pelo governo e as discussões pedagógicassobre leitura muitas vezes não acontecem. (PAES, 2014, p.18)
Por essa concepção da pesquisadora não adianta querermos desenvolver o processo
da leitura, sem planejarmos em nossos projetos educacionais suas práticas e principalmente
como a leitura pode atingir positivamente a vida de seus educandos. Quando se fala de leitura,
precisa-se estar atento para o seu sentido social. Essa forma de pensá-la mostra queconhecemos o mundo de diferentes maneiras para compreender o cotidiano em que vivemos.
2.3. O cotidiano da prática do ensino da leitura
Atualmente, o educador precisa estar constantemente inovando suas práticas
pedagógicas, especificamente no cotidiano de sala de aula, referente à leitura visto que o
aluno deve adquirir o prazer de ler de uma forma dinâmica. Isso não pode ser imposto, mas
ver-se como educador, torna-se inovador de práticas docentes. Na fala da gestora, temos os
limites da escola quanto ao ensino da leitura na primeira etapa da EJA: “Por enquanto há
apenas professores que procuram diferenciar suas aulas para que os alunos tenham motivação
e incentivo”. A educação de jovens e adultos precisa ser mais discutida, haja visto que, muitos
dos educadores não passaram por formação para estar lidando com essa modalidade de
ensino.
As reflexões de Lajolo (2000, p. 12) são relevantes ao tocar na questão que o aluno
na escola ler forçado, obrigado e por meio de pressão avaliativa. Na Educação de Jovens e
Adultos a maneira como é planejada a atividade de leitura, tornando-a cansativa e obrigatória.
A precariedade de tal situação costuma ser resumida nos clichês e nos preconceitos relacionados ao jovem, a leitura, a escola, a literatura esimilares como os alunos não têm hábitos de leitura ou gosto pela leitura, sóleem obrigados, muitos não leem com a desculpa de que não tem tempo onosso aluno só faz determinada atividade se exigida.
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Na realidade da prática pedagógica, é notório que os professores tenham pouco
tempo para trabalhar a leitura com seus alunos, como também, é evidente que a maioria dos
alunos dê importância ao prazer de ler. Em sala de aula, nossos educandos acham cansativo
ficarem “desperdiçando” horas em meio aos livros. A concepção está equivocada tendo em
vista que a leitura é fonte inesgotável de conhecimento.
É interessante para prática do professor da primeira etapa da EJA encontrar as
estratégias que despertem no aluno gosto pela leitura como podemos perceber na fala da
coordenadora pedagógica Lucinha Basto.
Um dos procedimentos a serem tomados para trabalhar de forma específica aleitura dentro de sala de aula e também inseri-la no cotidiano do aluno, poissabemos que o alunado da EJA tem pouco tempo para se dedicar a leituradevido trabalhar na parte do dia, assim sendo a escola esta procurando
oferecer ao aluno momentos de contato direto com a leitura em sala de aula,os professores oferecem momentos como roda de leitura nas quais sãoofertados grandes interesses do aluno buscando sempre em consideração ocotidiano do mesmo 6.
Percebemos pela fala da coordenadora a preocupação em se trabalhar a leitura de
modo diferenciado inserindo-a no cotidiano do aluno tendo em vista que o aluno da EJA é um
público diferenciado dos demais por trabalharem o dia todo. Partindo dessa realidade, Freire
(2011, p. 12) reforça a função social do aprendizado da leitura ao argumentar que “a leitura de
mundo precede a da palavra”. Por essa percepção do educador a leitura amplia-se não
podendo limitar-se a palavra, mas utilizá-la para expressa às experiências do aluno.
A importância de se trabalhar a leitura partindo das vivências cotidianas do aluno e
valorizando os conhecimentos que os alunos já possuem é fundamental para discutir outros
saberes que, muitas vezes, não tem espaço na proposta curricular da escola. São assuntos que
não se constituem objeto de aprendizagem na escola. Por exemplo, o trabalho braçal, que
muitos alunos fazem o dia inteiro.
Nesse sentido, trazer para a escola outras realidades que fazem parte do contexto do
aluno é reconhecer saberes e cultura do educando, neste sentido propõe Freire (1989, p. 30):
Discutir com os alunos a razão se ser de um desses saberes em relação comoo ensino dos conteúdos. Por que não aproveitar a experiência que tem osalunos de viver em áreas da cidade descuidada pelo poder público paradiscutir, por exemplo, a poluição dos rios dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem estar das populações os lixões e os riscos que oferecema saúde da gente.
6 Questionário aplicado com a coordenadora pedagógica no dia 11 de setembro de 2013.
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Explorar as leituras de mundo a partir de temáticas transversais tem sido uma
maneira de se aproximar das experiências dos alunos. Natureza, lixo e água transformaram-se
numa forma também de ler o espaço que nos cerca. Porém, tornaram-se temas corriqueiros e
explorados superficialmente na escola não atingindo objetivo mais consistente. Nesses
eventos pouco se ler a Amazônia, o Marajó e Ponta de Pedras em sala de aula.
As atividades pedagógicas da professora Gabi Amarantos mostra que suas propostas
de prática de leitura na primeira etapa da EJA organizam-se em função de exercícios:
“Embora eu saiba que a importância do ato de ler, infelizmente só trabalho com a leitura de
comando das questões nas atividades e uma vez ou outra pequenos textos informativos”.
Observamos pela fala da professora que mesmo reconhecendo a importância do ato de ler, não
busca recursos adequados para trabalhar a leitura de modo diferenciado.
Dificilmente, a proposta da escola conseguirá formar alunos leitores se os alunos daEJA continuar lendo apenas para resolver exercícios ou ler para se informar. Essa forma
pedagógica de encarar a leitura traz situações concretas para pensar o aluno leitor como
interpreta Barbosa (2008, p. 121):
Ler é uma atividade voluntaria inserida num projeto individual e/ou coletivo. Na diversidade de situações sócias com que se defronta, o leitor devemobilizar estratégias adequadas de acordo com sua intencionalidade no ler.Ironicamente, a única estratégia ensinada pela escola – a oralização daescrita – revela-se pouco eficaz em todas as situações de leitura do mundocontemporâneo.
Na escola Aureliana Monteiro uma das grandes dificuldades observadas é a falta de
capacitação que infelizmente não é oferecida aos professores, pois sabemos que o professor
que atua na EJA deve estar apto a trabalhar com este público que é diferenciado das turmas
regulares. É preciso repensar o lugar do aluno leitor nessa modalidade de ensino.
2.4. A formação do aluno leitor na educação de Jovens e Adultos
É necessário que a educação de jovens e adultos seja vista de modo mais
diferenciado como já foi citado nos tópicos anteriores, não com descaso, porém como umaforma de inserir este público, que na idade regular não tiveram condições de dar continuidade
aos estudos, tornarem-se competente leitores.
Construir a competência de alunos leitores da educação de jovens e adultos para
atuar com mais dignidade na sociedade é imprescindível que conheça o prazer pela leitura de
modo diferenciado, tornando acesso à leitura através de diferentes gêneros textuais como
esclarece Coimbra e Souto (2012, p. 7-8):
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Dentre os questionamentos acerca da leitura no ambiente escolar da EJA,destacam-se algumas respostas bastante interessantes para análise. A leiturafoi definida como “varias formas de comunicação como: visual, gestual, decódigos e outras, uma viagem ao desconhecido” ou “leitura é o todo; letras,imagens... existem vários tipos de leitura, leitura de mundo”. Apesarsuperficialidade das respostas, conclui-se que para os respondentes a leituravai além da decodificação de sinais gráficos, engloba mais que palavras e,como Freire (2001, p. 11) ressalta: “[...] ato de ler, que não se esgota nadecodificação pura da palavra escrita, mas que se antecipa e se alonga nainteligência do mundo [...]” não se limita leitura à palavra escrita, mas aoutras formas de comunicação.
A diversificação de contato com a leitura é importante nessa caminhada de leitura
dos jovens e alunos. Fazê-los ler o visual, os gestos, imagens, filmes é uma forma de também
deixa-los acessar outras culturas. Envolver-se, nesse universo da prática de leitura, conhecer
pela imagem ou pelo filme, pela escuta, pelo toque é uma forma de adquirir conhecimentos,
imaginar, viajar para outros cenários pela escrita da palavra e do audiovisual.
Se por um lado, é na diversificação da leitura que se forma o leitor. Por outro, na
restrição de uma prática pedagógica pouco diversificada que se deixa de caminha para um
leitor crítico. Analisando a fala da professora Lucinha Basto percebemos que um “dos
recursos mais utilizados é o próprio livro didático, no qual o professor procura adaptar
conforme a necessidade do aluno: jornais, revistas e informações de interesse do educando”.
Nesse aspecto, vemos a pouca disponibilidade para transforma uso de textos diversificados
em leituras atrativas que mexam com a curiosidade do educando.
Na compreensão de Freire (2000, p. 40) uma postura de transformação na
perspectiva do educador é ler como uma maneira de reescrever, ao tornar a leitura o princípio
a educação de jovens e adultos e o processo de alfabetização.
Ler e escrever a palavra só nos fazem deixar de se sombra dos outrosquando, em relação dialética com a “leitura do mundo”, tem que ver com oque chamo a “re-escrita” do mundo, quer dizer com sua transformação. Daí anatureza politica, não necessariamente partidária, da educação em geral, dade adultos e da alfabetização em particular.
Ensinar a maneira adequada de refletir a partir de um texto e fazer o aluno aprender
esse processo é transformador na vida dos jovens e adultos, mas não se pode esquecer que
tornar o aluno leitor na educação de jovens e adultos, é um ato desafiador para o professor
que, muitas vezes, não passa por nenhuma formação para está assumindo uma turma da
Educação de Jovens e Adultos, já que os alunos inseridos nessa modalidade de ensino vêm de
diferentes contextos sociais.
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A professora Gabi Amarantos para desenvolver as competências de formação do
aluno leitor na primeira etapa da EJA procura “enfatizar sobre a importância do ato de ler e
sugiro que façam copias lendo o que escrevem buscando ter também outros tipos de textos”.
Essa fala da professora traz a importância do ato de ler, sugerindo aos alunos que procurem
leituras diferenciadas, para melhor entendimento do mundo que os cerca.
Assim, a leitura precisa ser desenvolvida dentro do espaço da sala de uma maneira
mais dinâmica possibilitando ao aluno um entendimento crítico do universo no qual está
inserido. Essa atividade de formação não deve ser feita de forma mecânica, pois acabará
atropelando o aprendizado do aluno conforme Coimbra e Solto (2012.p.4):
Saber ler e escrever de forma mecânica não garante ao individuo interação plena com os diferentes tipos de textos que circulam na sociedade.Decodificar sons e letras não é o suficiente. É necessário entender ossignificados e usos das palavras em diferentes contextos. Não basta ler oscódigos, é preciso ter a capacidade de interpreta-los.
Nesse sentido, fazer uso da leitura é compreender e interpretar os sinais escritos ou
imagens, e o que eles estão nos remetendo, porém torna-se necessário um aprendizado mais
dinâmico e inovador, onde o educador deixe de lado a prática mecânica. Para Martins (2006,
p. 23) muitos “educadores não conseguiram superar a prática formalista e mecânica, enquanto
para a maioria dos educandos ler se resume a decorar signos linguísticos”. Essa prática
tradicional ainda se encontra enraizada na metodologia, certamente não só da escola lócus da
pesquisa, mais em outras partes do País, desviando do real sentido da leitura para formação de
leitores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante das transformações que a educação vem sofrendo ao longo dos anos,
percebemos que muito se fala na educação para todos, mediante a este propósito pensamos em
basear a pesquisa de meu trabalho de conclusão do curso de pedagogia relacionado à
educação oferecida no Arquipélago do Marajó, especificamente em Ponta de Pedras. Com
objetivo de delinear situação em relação ao desenvolvimento das atividades pedagógicas
voltadas para prática de leitura na Educação de Jovens e Adultos (1ª etapa). A leitura nessa
turma no âmbito escolar é um desafio que pressupõe a organização de várias propostas de
trabalho, devido diversos desafios que permeia a referida turma da EJA.
Neste contexto houve algumas dificuldades que se fizeram presentes no decorrer da
pesquisa, principalmente na ausência de local para pesquisa, pois no município da Ponta dePedras há poucas escolas que oferecem a educação de jovens e adultos, o que de certa maneira
dificulta uma maior abrangência da pesquisa, sem falar em bibliografias que trabalham com
este tema para enriquecer a trajetória teórica da pesquisa e a ausência de entendimento dos
professores e alunos no sentido de contribuir de maneira objetiva com o foco da pesquisa.
A pesquisa realizada na escola Aureliana Monteiro não dá conta de todos os
problemas que envolvem a Educação de Jovens e adultos em Ponta de Pedras, mas representa
um marco na história local sobre a pesquisa em educação no município, sobretudo, com
jovens e adultos da primeira etapa da EJA. Nesse sentido a pesquisa foi norteada comseriedade teórica e prática para obter as informações pertinentes ao direcionamento da
pesquisa.
É importante salientar que a pesquisa abordada desencadeou um embasamento que
diz respeito, apenas a 1ª etapa da educação de Jovens e Adultos, a qual nos permitiu conhecer
o que realmente queremos responder com a pesquisa em foco, para tanto, através de
observações e aplicação de questionários junto aos professores, diretora, coordenadora e
alunos, percebi que ainda há restrições que inibem os alunos a estudarem na EJA, são
inúmeros os desafios, como o apoio familiar e educacional, recomeçar um novo rumoeducacional e ausência de aprimoramento do processo da leitura para essa demanda de alunos.
Entretanto, há muitos alunos da 1ª etapa da EJA que buscam novo rumo e atentam
para alcançar e aprender cada vez mais o domínio na leitura, para sentirem-se cidadãos e
partes integrantes da sociedade em que vivem. Para isso, a escola, como instituição que
legitima a prática pedagógica e a formação de seus educandos, precisa romper com a
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perspectiva da decodificação e adotar estratégias para assegurar os direitos de aprendizagem
de todos, jovens ou adultos.
Tenho convicção positiva em relação à pesquisa desenvolvida na Escola Estadual
Aureliana Monteiro, juntamente na 1ª etapa da EJA, que contribuirá com os professores para
perceberem que podem fazer a diferença, ter um olhar otimista para desenvolver estratégias
de leitura para estimular n