TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA ETEC JOSÉ MARTIMIANO DA SILVA EXTENSÃO E.E. PROFESSOR SEBASTIÃO FERNANDES PALMA CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO CONTABILIDADE GERENCIAL: UMA ANÁLISE DA CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO EM MICROEMPRESAS CAROLINA SA TASSINARI ROBSON BIZE TELLA RIBEIRÃO PRETO NOVEMBRO/2012

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

ETEC JOSÉ MARTIMIANO DA SILVA EXTENSÃO E.E. PROFESSOR SEBASTIÃO FERNANDES PALMA

CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

CONTABILIDADE GERENCIAL: UMA ANÁLISE DA CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO EM

MICROEMPRESAS

CAROLINA SA TASSINARI

ROBSON BIZE TELLA

RIBEIRÃO PRETO NOVEMBRO/2012

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA

ETEC JOSÉ MARTIMIANO DA SILVA EXTENSÃO E.E. PROFESSOR SEBASTIÃO FERNANDES PALMA

CURSO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO

CONTABILIDADE GERENCIAL: UMA ANÁLISE DA CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE TOMADA DE DECISÃO EM

MICROEMPRESAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção da Habilitação Profissional Técnica de Nível Médio em Técnico em Administração, da ETEC José Martimiano da Silva.

Orientador: Prof. Esp.: André Luiz Coelho Gonini Professor de DTCC: Luiz Antônio Reggiani

RIBEIRÃO PRETO NOVEMBRO/2012

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus, que nos deu o dom da vida, e o raciocínio para que

pudéssemos utilizar de nossa inteligência para desenvolver esse trabalho.

Aos nossos queridos professores que, sabendo de nossas limitações diante das

dificuldades, se dispuseram a nos ajudar com o andamento desse trabalho.

E nosso carinho especial aos Professores Helder Sebastião Alves dos Reis e Luiz

Antonio Reggiani.

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DEDICATÓRIA

Dedicamos esse trabalho aos nossos Cônjuges Matheus Lino e Sandra de Oliveira

Conde Tella que, pacientemente nos apoiaram no caminho até a conclusão desse

trabalho.

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Epígrafe

O que mais surpreende é o homem, pois perde

a saúde para juntar dinheiro, depois perde o

dinheiro para recuperar a saúde. Vive

pensando ansiosamente no futuro, de tal forma

que acaba por não viver nem o presente, nem

o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e

morre como se nunca tivesse vivido.

Dalai Lama

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RESUMO

Esse trabalho mostra as microempresas e em que elas se

diferenciam das demais empresas quanto a sua forma jurídica, ao seu capital, à

sua dimensão e a qual setor pertencem. Nele é possível ver um pouco da

evolução histórica das microempresas, dos investimentos feitos pelos governos

federal e estadual e o surgimento de programas de incentivo e do estatuto da

micro e pequena empresa. Foram mostradas as taxas de mortalidade dessas

MPEs em um período de 2 anos, um comparativo do cenário nacional com o

internacional e um estudo de 43 regiões paulistas, inclusive a de Ribeirão Preto.

Nele podemos ver também, a evolução da contabilidade ao longo dos

anos, desde a antiguidade até o período científico, com influência das escolas

italiana e americana. A contabilidade é apontada como importante ferramenta

de gestão devido aos dados que ela nos fornece para que sejam geradas as

informações. É apontada também a falta de uso da contabilidade por parte das

microempresas e das pequenas empresas enquadradas no SIMPLES, o que

dificulta analisar os seus dados para tomada de decisão.

Para tomar as decisões com mais segurança é mostrada a

contabilidade gerencial, uma importante ferramenta que permite analisar índices

e compará-los com padrões dos concorrentes, e com os já pré-estabelecidos

pelos gestores no início das atividades da empresa. Essa ferramenta, que não é

regulamentada por órgão algum, nem se quer é obrigatória, precisa (ou faz-se

necessária „analisar se assim fica melhor eliminando a palavra precisa‟) antes

da contabilidade financeira concluída pelo contador da empresa, ou seja, ela

não é uma prática muito comum por microempresas, uma vez que nem a

contabilidade financeira elas elaboram.

Palavras Chave: Contabilidade Gerencial, Microempresa, Taxas de Mortalidade.

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ABSTRACT

This paper shows that microenterprises and they differ from other

companies as its legal form, its capital, its size and which sector belongs. It is

possible to see a bit of the historical development of micro-enterprises, the

investments made by the federal and state governments and the emergence of

incentive programs and the status of micro and small enterprises. Were shown

mortality rates of these MSEs in a period of 2 years, a comparison of the national

scene with the international and a study of 43 regions of São Paulo, Ribeirão Preto

including. In it we can also see the evolution of accounting over the years, from

antiquity to the scientific period, with the influence of Italian and American schools.

Accounting is identified as an important management tool due to the data it provides

for the information to be generated. It also pointed to the lack of use of accounting on

the part of micro and small companies classified in SIMPLES, which makes it difficult

to analyze their data for decision making. To make decisions with greater confidence

is shown in managerial accounting, an important tool to analyze indexes and

compare them with competitors and patterns with those already pre-established by

the managers at the start of business activities. This tool, which is not regulated by

any agency, or whether it is mandatory, before the financial accounting needs

completed by the accountant of the company, in other words, it is not a very common

practice for microenterprises, and since neither she prepares financial accounting.

Keywords: Managerial Accounting, Micro-enterprises, Mortality Rates.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução no Brasil

........................................................................................................................... pág. 28

Gráfico 2 – Taxa de mortalidade de empresas de 2 anos, evolução no Brasil

........................................................................................................................... pág. 29

Gráfico 3 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução por setores de

atividade ........................................................................................................... pág. 30

Gráfico – 4 Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas

constituídas em 2006, por regiões do país ....................................................... pág. 31

Gráfico 5 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas

constituídas em 2006, por Unidade de Federação .......................................... pág. 32

Gráfico 6 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, países monitorados pela

OECD, 2010 ..................................................................................................... pág. 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação das empresas ........................................................... pág. 23

Tabela 2 – Classificação das MPEs e das EPPs por faturamento bruto anual

........................................................................................................................... pág. 23

Tabela 3 – Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, para empresas

constituídas em 2006, por regiões e setores .................................................... pág. 30

Tabela 4 – 43 Regiões de Governo analisadas ............................................... pág. 34

Tabela 5 – Balanço Patrimonial – Formato IFRS ............................................. pág. 50

Tabela 6 – Demonstração de Resultado do Exercício ..................................... pág. 52

Tabela 7 – Diferenças entre a contabilidade gerencial e a contabilidade financeira

........................................................................................................................... pág. 58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – MPEs por Região .............................................................................pág. 35

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LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 – Participação de capitais de terceiros .......................................... pág. 62

Equação 2 – Composição do endividamento .................................................. pág. 63

Equação 3 – Imobilização do patrimônio líquido ............................................. pág. 64

Equação 4 – Liquidez geral .............................................................................. pág. 65

Equação 5 – Liquidez corrente ......................................................................... pág. 66

Equação 6 – Liquidez seca .............................................................................. pág. 67

Equação 7 – Liquidez imediata ........................................................................ pág. 68

Equação 8 – Giro do ativo operacional ............................................................ pág. 69

Equação 9 – Giro do ativo total ........................................................................ pág. 69

Equação 10 – Margem operacional .................................................................. pág. 70

Equação 11 – Margem líquida .......................................................................... pág. 70

Equação 12 – Retorno sobre o investimento operacional ................................ pág. 71

Equação 13 – Retorno sobre o investimento total ........................................... pág. 71

Equação 14 – Retorno sobre o patrimônio líquido (1) ...................................... pág. 72

Equação 15 – Retorno sobre o patrimônio líquido (2) ...................................... pág. 72

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Equação 16 – Quociente de alavancagem ...................................................... pág. 73

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Ativo Circulante

ANC – Ativo não Circulante

ASSIMP – Associação Nacional dos Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas da

Indústria

ASSIMPEC - Associação Nacional dos Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas

do Comércio

BACEN – Banco Central do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CVM – Comitê de Pronunciamentos Contábeis

DFC - Demonstração de Fluxo de Caixa

DIEESE – Departamento Intersindical de Estudos Econômicos, Sociais e Estatísticos

DOU – Diário Oficial da União

DRE – Demonstração de Resultado do Exercício

EPP – Empresas de Pequeno Porte

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MPEs – Micro e Pequenas Empresas

OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

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ONG – Organização Não Governamental

PC – Passivo Circulante

PFC – Princípios Fundamentais de Contabilidade

PIB – Produto Interno Bruto

PMEs – Pequenas e Médias Empresas

PNC – Passivo não Circulante

PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda

RMSP – Região Metropolitana de São Paulo

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas

SIMP – Sindicato das Micro e Pequenas Empresas da Indústria

SIMPEC - Sindicato das Micro e Pequenas Empresas do Comércio

SIMPLES – Sistema Simplificado de Recolhimento de Impostos Federais

SUSEP – Superintendência de Seguros Privados

Page 15: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 17

1.1. Contextualização ............................................................................................ 17

1.2. Problema de Pesquisa .................................................................................... 18

1.3. Objetivos ......................................................................................................... 18

1.3.1. Objetivo Geral .......................................................................................... 18

1.3.2. Objetivos Específicos ............................................................................... 18

1.4. Justificativa ..................................................................................................... 19

1.4.1. Relevância Acadêmica ............................................................................. 19

1.4.2. Relevância Social ..................................................................................... 19

2. METODOLOGIA ................................................................................................... 20

3. EMPRESAS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES ....................................................... 21

3.1. Microempresas – Desenvolvimento Histórico e Características ..................... 24

3.1.1. Taxa de Sobrevivência das Microempresas ............................................. 27

3.1.2. As Microempresas Paulistas por Região .................................................. 33

4. CONTABILIDADE – UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA E DOS CONCEITOS 36

4.1. Uma Passagem Breve Pela História ............................................................... 37

4.1.1. Período Antigo ......................................................................................... 37

4.1.2. Período Medieval ..................................................................................... 38

4.1.3. Período Moderno...................................................................................... 39

4.1.4. Período Científico ..................................................................................... 40

4.1.5. A Contabilidade no Brasil ......................................................................... 41

4.2. A Contabilidade nas Microempresas .............................................................. 42

4.3. A Contabilidade nas PMEs ............................................................................. 44

4.3.1. O Balanço Patrimonial .............................................................................. 47

4.3.2. Demonstração de Resultado do Exercício ............................................... 51

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4.3.3. Demonstração dos Fluxos de Caixa ......................................................... 52

4.3.4. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados ................................ 53

4.4. A Classificação da Contabilidade ................................................................... 54

5. CONTABILIDADE GERENCIAL – UMA IMPORTANTE FERRAMENTA PARA A

EMPRESA................................................................................................................. 57

5.1. Análise do Balanço Patrimonial e do DRE ...................................................... 60

5.2. Análise por Quociente..................................................................................... 61

5.2.1. Quocientes de Estrutura de Capitais ........................................................ 62

5.2.2. Quocientes de Liquidez ............................................................................ 64

5.2.3. Quocientes de Rentabilidade ................................................................... 68

5.3. Comparação e Interpretação de Quocientes .................................................. 73

5.4. Análises Vertical e Horizontal ......................................................................... 74

5.4.1. Análise Vertical......................................................................................... 75

5.4.2. Análise Horizontal .................................................................................... 75

5.5. Relatórios da Análise ...................................................................................... 76

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 81

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização

No Brasil existem mais de 6 milhões de empresas1, sendo que 99% delas

são micro e pequenas empresas. Elas empregam aproximadamente 52% de todos

os trabalhadores urbanos do país e geram 20% do PIB Brasileiro.

Porém ainda segundo o SEBRAE (2011), 27% de todas as novas

empresas fundadas no Brasil acabam fechando as portas no primeiro ano de vida.

Diante desta estatística, é muito importante ter uma boa noção de contabilidade.

A contabilidade há muitos anos deixou de lado aquele conceito de que

serve apenas para registrar os fatos ocorridos na empresa, para assumir papel

fundamental no processo de tomada de decisão. Através de uma boa análise

contábil, unido a alguns outros fatores, é possível achar as soluções para os

problemas que a empresa vier a enfrentar.

Para as grandes empresas isso não é problema, uma vez que elas

possuem departamentos específicos e, provavelmente, a contabilidade faz parte de

um desses departamentos. Em compensação as microempresas, em sua maioria,

possuem contrato com escritórios de contabilidade para realizarem os fatos

contábeis. Quando os problemas começam a surgir, à única solução é recorrer a

escritórios que prestam serviços de auditoria contábil.

Contudo, se o administrador tiver boas noções de contabilidade, ele

saberá analisar os fatos contábeis e, consequentemente, terá todas as condições de

montar o planejamento da empresa baseado nas informações contábeis, reduzindo

o risco de a empresa chegar a uma situação crítica, que poderá leva-la a falência.

1 Dados obtidos junto ao SEBRAE em:

http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/BDS.nsf/C02FF454A6365BA783257A33006E9879/$File/NT0004778A.pdf Capítulo 5

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1.2. Problema de Pesquisa

Como a contabilidade gerencial pode auxiliar os microempresários no

processo de tomada de decisão, evitando inclusive a falência?

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho é mostrar aos microempresários ou aos

administradores de microempresas a importância de saber usar a contabilidade no

processo de tomada de decisão, tornando o processo mais preciso e diminuindo os

riscos de a empresa entrar em falência.

1.3.2. Objetivos Específicos

Classificar as microempresas e diferenciá-las das demais;

Conceituar a contabilidade e contar a sua evolução histórica;

Demonstrar o uso da contabilidade gerencial no processo de

tomada de decisão e sua importância para a microempresa.

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1.4. Justificativa

1.4.1. Relevância Acadêmica

Contribuir com docentes e discentes em futuros trabalhos para melhoria

na gestão de microempresas.

1.4.2. Relevância Social

Ajudar microempresários a adotarem a contabilidade como uma

ferramenta que vai além de registrar os fatos de sua empresa.

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2. METODOLOGIA

Após a escolha do tema, foi selecionada a bibliografia de alguns autores

renomados para leitura, pesquisa e recolhimento de dados.

Mediante a pesquisa efetuada, os dados foram estruturados de forma a

atender as exigências do trabalho e, ao mesmo tempo, se encaixar-se à proposta do

tema.

A pesquisa será complementada mediante sites acadêmicos e científicos,

revistas sobre o tema além de artigos acadêmicos.

Toda a bibliografia utilizada foi disponibilizada para consulta ao final da

redação deste trabalho.

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3. EMPRESAS – CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Quando falamos em empresa, vem em nossa mente a imagem de compra

e venda de mercadorias e/ ou serviços e, principalmente, o lucro. Estas empresas

tem uma finalidade econômica e podemos encontrar diversos ramos de atividades

como comércio, indústria, agricultura, pecuária, transporte, entre outros.

Caso elas não visem o lucro, elas são denominadas de instituições e tem

como finalidade o bem estar geral. Podemos citar, por exemplo, os asilos, os

hospitais beneficentes, as ONGs, entre outras.

Em nosso caso, estudaremos apenas as empresas. Há divergências entre

os diversos autores sobre um conceito de empresa, porém podemos defini-la como:

a unidade econômica organizada, que combinando capital e trabalho, produz ou faz circular bens ou presta serviços com finalidade de lucro. Adquire personalidade jurídica pela inscrição de seus atos constitutivos nos órgãos de registro próprio, adquirindo dessa forma capacidade jurídica para assumir direitos e obrigações. A empresa deve ter sua sede, ou seja, deve um domicílio, local onde exercerá seus direitos e responderá por suas obrigações (FABRETTI, 2003, pag.36).

Dentro desse conceito sobre as empresas devemos ressaltar que nem

toda empresa é igual. Elas diferem-se umas das outras na forma jurídica, quanto a

propriedade de seu capital, pela sua dimensão ou ainda pelo setor a que ela

pertence.

Classificação quanto à forma jurídica: dependendo dos países, as formas

jurídicas de empresas mais comuns são as seguintes:

Sociedade por quotas: nas sociedades por quotas o capital é

representado por quotas, cada uma das quais alocadas a um

determinado sócio;

Sociedade anônima: neste tipo de sociedade, o capital é

representado por ações, as quais não estão alocadas a acionistas

específicos;

Page 22: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

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Sociedade em comandita: sociedade que se caracteriza pela

existência de dois tipos de sócios: os comanditários e os

comanditados.

Classificação quanto à propriedade do seu capital: a distinção mais usual

é entre empresas públicas e empresas privadas:

Empresas públicas: empresas cujo capital é detido pelo Estado ou

por instituições por ele diretamente controladas;

Empresas privadas: empresas cujo capital é detido por pessoas

individuais ou por instituições privadas;

Empresas de capitais mistos: empresas cujo capital é detido

simultaneamente pelo Estado e por entidades privadas.

Classificação quanto à dimensão: a classificação das empresas quanto à

sua dimensão difere de país para país, mas está geralmente associada a grandezas

como o volume de negócios ou o número de funcionários. No caso do Brasil a

classificação é a seguinte:

Microempresas;

Empresas de Pequeno Porte;

Médias;

Grandes.

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Analisando a tabela 1 podemos notar que, a classificação quanto ao porte

das empresas varia entre a indústria e o comércio. Na indústria são permitidos mais

funcionários que no comércio pelo fato de a indústria exigir mais mão de obra.

Já na tabela 2 podemos observar a classificação das microempresas e

das empresas de pequeno porte pelo seu faturamento bruto anual.

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As médias empresas têm faturamento bruto anual de até R$48 milhões;

as grandes empresas tem faturamento bruto anual de até R$300 milhões e as

empresas grandiosas tem faturamento bruto anual acima de R$300 milhões.

Classificação quanto ao setor a que pertence: este tipo de classificação

tem a ver com a atividade desenvolvida. A principal divisão é entre setor primário,

setor secundário e setor terciário:

Setor primário: incluem as atividades diretamente relacionadas com

a exploração de recursos primários, nomeadamente a agricultura,

as pescas, a pecuária e a extração de minérios;

Setor secundário: refere-se às atividades de transformação e inclui

as atividades industriais e de construção e obras públicas;

Setor terciário: inclui as atividades relacionadas com a prestação

de serviços e com o comércio, distribuição e transportes.

Além das supracitadas existe ainda o Microempreendedor Individual e as

EIRELIs, que são as empresas individuais de sociedade limitada. Essa última só

pode ser aberta por uma pessoa física e não podem ter filiais.

Daqui em diante, apresentamos nossa pesquisa sobre as microempresas,

que é o foco de nosso trabalho.

3.1. Microempresas – Desenvolvimento Histórico e Características

Segundo dados do SEBRAE (2011) existem hoje no Brasil mais de 6

milhões de empresas e desse total, 99% são de micro e pequenas empresas. Isso

mostra o quão expressiva são essas empresas no desenvolvimento da economia

brasileira. Junto a esses números notamos também que a formalização desses

estabelecimentos fez crescer o número de empregados com carteira assinada,

assim como a média salarial desses empregados.

Conforme foi apurado em estudo divulgado pelo IBGE em 2003, as MPEs

passaram a ser vistas como uma ótima alternativa para a mão de obra excedente a

partir de 1980, quando a economia brasileira reduziu o seu ritmo de crescimento,

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25

aumentando o número de desempregados. Ao final dessa década surgiram as

primeiras iniciativas mais concretas de incentivo a abertura de micro e pequenas

empresas. Dessas podemos mencionar:

A implantação do primeiro estatuto da microempresa (Lei nº 7.256

de 27 de novembro de 1984) além da inclusão das mesmas na

Constituição Federal de 1988, o que lhes garantiu tratamento

diferenciado (Artigo 179 do Capítulo da Ordem Econômica);

A transformação do CEBRAE – Centro Brasileiro de Assistência

Gerencial à Pequena Empresa – em SEBRAE – Serviço Brasileiro

de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, em 1992 com funções

mais amplas;

Criação de linhas especiais de crédito para as MPEs no BNDES,

Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil;

Instituição do Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e

Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno

Porte – SIMPLES – Lei nº 9317 de 5 de dezembro em 1996;

Criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno

Porte, Lei nº 9841 de 5 de outubro de 1999;

Estabelecimento de um Fórum Permanente das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte, demonstrando a dimensão e a

importância das mesmas para o crescimento e desenvolvimento da

economia nacional.

Também foram registrados avanços nos segmentos das MPEs do ponto

de vista institucional, que passou a contar a partir de 1988 com entidades como o

Sindicato das Micro e Pequenas Empresas da Indústria - SIMPI, o Sindicato das

Micro e Pequenas Empresas do Comércio - SIMPEC -, ambos com representações

em várias Unidades da Federação, a Associação Nacional dos Sindicatos das Micro

e Pequenas Empresas da Indústria - ASSIMPI - e a Associação Nacional dos

Sindicatos das Micro e Pequenas Empresas do Comércio - ASSIMPEC.

Ainda segundo estudo do IBGE (2003) entre as atividades que essas

entidades promovem, podemos destacar que elas buscam uma maior integração

Page 26: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

26

com os governos federal, estaduais e municipais, no sentido de propor parcerias

como alternativas para o fortalecimento e crescimento deste segmento.

Da parceria entre os SIMPI/SIMPEC e o poder público foram alcançados

como, por exemplo, convênios firmados com as Juntas Comerciais, as Secretarias

Estaduais de Fazenda e a Receita Federal para a abertura de empresas em 24

horas e a abertura de agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil

dentro dessas entidades para tornar mais dinâmico o apoio financeiro e a expansão

dos negócios. Podemos citar também a inclusão das MPEs nos processos de

licitação de âmbito estadual através da intervenção dos sindicatos.

Já em nível federal, o IBGE (2003) nos mostra que foram criados

programas como o PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda – com o

objetivo de associar apoio ao crédito, à capacitação gerencial, assistência técnica e

participação social; o Programa Brasil Empreendedor – Micro e Pequena e Média

Empresa, com o objetivo de dar apoio financeiro e melhorar a capacitação dos

empresários, reunindo representantes dos ministérios, agentes financeiros e o

SEBRAE. Ambos os programas são coordenados pelo Ministério de Trabalho e

Emprego.

Podemos citar como características das MPEs:

Baixa intensidade de capital;

Altas taxas de natalidade e de mortalidade: demografia elevada;

Forte presença de proprietários, sócios e membros da família como

mão-de-obra ocupada nos negócios;

Poder decisório centralizado;

Estreito vínculo entre os proprietários e as empresas, não se

distinguindo, principalmente em termos contábeis e financeiros,

pessoa física e jurídica;

Registros contábeis pouco adequados;

Contratação direta de mão-de-obra;

Utilização de mão-de-obra não qualificada ou semiqualificada;

Baixo investimento em inovação tecnológica;

Maior dificuldade de acesso ao financiamento de capital de giro;

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Relação de complementaridade e subordinação com as empresas

de grande porte.

3.1.1. Taxa de Sobrevivência das Microempresas

Uma das características mais preocupantes esta relacionada com a taxa

de sobrevivência das MPEs. As metodologias de cálculos dessas taxas ainda são

muito novas porque se trata de um fenômeno de difícil mensuração. Isso porque

muitas das empresas encerram suas atividades, mas demoram certo tempo para se

regularizarem nos órgãos oficiais, seja porque os donos ainda esperam reativar o

negócio em breve ou, seja pela burocracia em fazê-lo.

Outro problema para efetuar esse cálculo é o fato de muitos

empreendedores encontrarem pendências fiscais com os nomes de sócios ao iniciar

o registro da empresa, e interromperem de forma prematura o registro formal da

empresa.

Conforme nos mostra recente pesquisa realizada pelo SEBRAE (2011),

27% de todas as novas empresas fundadas no Brasil acabam fechando as portas no

primeiro ano de vida, e um dos grandes motivos disso é a falta de planejamento e

gestão das ações a serem executadas.

O sucesso de uma organização, independente do seu porte ou segmento,

está ligado à capacidade que ela tem em atender todas as necessidades exigidas

pelos seus clientes, gerando assim os resultados esperados. É preciso se planejar,

seguir regras, estabelecer metas e objetivos. Uma forma de planejamento é montar

o Plano de Negócios, documento fundamental para toda empresa que almeja

alcançar sucesso. Vemos a seguir alguns resultados da nova metodologia de

estudos que o SEBRAE realizou a partir do processamento das bases de dados da

Secretaria da Receita Federal.

Page 28: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

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No gráfico 1 acima temos a taxa de sobrevivência de empresas com até 2

anos de constituição. As empresas constituídas em 2005 foram avaliadas nas bases

de 2005, 2006, 2007 e 2008. E as constituídas em 2006 foram avaliadas nas bases

de 2006, 2007, 2008 e 2009.

Notamos que houve um aumento de 1,2% de empresas que sobreviveram

aos dois primeiros anos de existência. Observa-se que esses dois primeiros anos

são considerados os mais difíceis para que a empresa se estabeleça, e

consequentemente esses são os dois anos mais importantes para o monitoramento.

Com os dados obtidos nesse gráfico, podemos observar que a taxa de

mortalidade, por ser complementar a de sobrevivência em 2005 e 2006 são,

respectivamente, de 28,1% e 26,9% (vide gráfico 2).

Page 29: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

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Quando analisamos por setor, os quatro principais setores da economia

brasileira também apresentam um aumento da taxa de sobrevivência (vide gráfico

3). Destaque para o setor industrial que aparece com 75,1% para empresas

constituídas no ano de 2006 e apresentou o maior índice de sobrevivência nos dois

primeiros anos. Uma possível explicação é o fato de que na indústria haja uma

menor pressão da concorrência, uma vez que as barreiras para se entrar nesse

setor são maiores (exige-se mais capital e melhor tecnologia).

Por outro lado o setor de construção civil é o que apresenta, entre os

quatro, a menor taxa de sobrevivência nos primeiros dois anos com 66,2% para

empresas constituídas no ano de 2006. Como são menores as barreiras para a

entrada de novas empresas nesse setor, torna-se maior a pressão exercida pelos

concorrentes e, consequentemente, mais fácil a saída de empresas que não

conseguem responder a essa pressão. Mas a evolução, se compararmos os quatro

setores de empresas constituídas em 2005 e as de 2006, é bem maior nesse setor

com um salto de 3,6% de um ano para o outro.

Page 30: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

30

Já no gráfico 4 e na tabela 3, que dizem respeito às empresas

constituídas no ano de 2006, notamos a diferença entre as regiões do país. Como as

empresas de setor industrial foram as que apresentaram maior taxa de

sobrevivência nos dois primeiros anos, a região sudeste que, segundo dados

(SEBRAE/DIEESE, 2010) concentra quase metade das indústrias do país,

apresentou o maior índice comparado com as demais regiões, estando inclusive

acima de média da nacional que é de 73,1%.

Page 31: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

31

Se analisarmos no tocante a cada Unidade de Federação, fica mais

evidente ainda a diferença. Apenas dez das 26 Unidades ficam acima da média

nacional que é de 73%, sendo que entre as dez temos três estados da região

Sudeste. A variação entre esses estados é baixa e, se compararmos as três

primeiras, há um empate em 79%.

O estado de São Paulo, apesar de ser o mais rico da nação, aparece

apenas na quinta colocação atrás, inclusive, do estado de Minas Gerais. Isso

acontece pelo fato de que nesse estado que acontece o maior número de abertura

de novas empresas.

Das Unidades que estão abaixo da média nacional, encontramos cinco

estados da região norte e três da região centro-oeste, que são as regiões com os

índices mais elevados de mortalidade de empresas com até dois anos de instituição.

Page 32: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

32

Fazendo uma comparação internacional, encontramos diversos estudos

que procuram levantar a mortalidade e/ou a sobrevivência das empresas. Porém

verificamos que a variedade de metodologia utilizada é considerável.

Destaca-se o trabalho realizado pela Organisation for Economic Co-

operation and Development (OECD, 2010), que busca levantar taxa de

sobrevivência das empresas com até 1 ano, até 2 anos e até 3 anos por meio de

metodologia comum (para poucos países a organização chega a utilizar a taxa de

até 4 anos e até 5 anos).

A principal diferença da metodologia utilizada pela a OECD e a utilizada

como base de estudo para o nosso trabalho, é que a organização aplica o estudo

em empresas com empregados, já as taxas pesquisadas em nosso trabalho

analisam também empresas com “zero empregado”, pois o número de empresas no

Brasil com zero empregado chega a 64% dos estabelecimentos em atividade pela

relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego

(SEBRAE/DIEESE, 2010).

Page 33: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

33

Comparando a média nacional que demonstramos em nosso trabalho

com as taxas de sobrevivência apresentadas pela OECD é normal estarmos abaixo

de alguns países, já que empresas com funcionários tendem a ter uma maior

estabilidade no mercado do que as conduzidas pelos próprios donos.

No gráfico 6 foram analisadas as taxas de sobrevivência das empresas

de 11 países que foram monitorados por 2 anos. Podemos verificar pela linha

pontilhada que o Brasil com a média de 73%, comparado com as empresas

constituídas em 2004, fica abaixo somente da Romênia 75%, enquanto que em 2005

fica abaixo do Canadá 74%, Estônia 75% e Luxemburgo 76%.

3.1.2. As Microempresas Paulistas por Região

Em 2007, foi elaborado um estudo pelo SEBRAE-SP onde foram

observados as micros e pequenas empresas do estado de São Paulo. Foram

analisadas 43 regiões, como mostra a tabela 4.

Page 34: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

34

Cerca de 75% das micro e pequenas empresas concentram-se em dez

regiões, sendo elas:

Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) - 49% do total;

Campinas - 7% do total;

Ribeirão Preto, Santos e Sorocaba - 3% do total;

São José do Rio Preto, São José dos Campos, Jundiaí, Franca e

Bauru – 2% do total.

Podemos resumir o estudo feito no Estado pela Figura 1, nela são

demonstradas as regiões com maior número de Micro e Pequena Empresa e as de

maior e menor crescimento.

Page 35: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

35

Estreitando nosso estudo e analisando somente a região de Ribeirão

Preto2 por segmento, verificamos que o serviço de lanchonete e restaurantes está na

frente com 5.267 empresas, seguido de serviços às empresas 4.556 e vestuário

3.301.

A cidade de Ribeirão Preto em específico está sempre movimentando o

mercado, por ser uma cidade universitária, tem um amplo campo para investimento

principalmente no ramo de alimentos como, fast-food e bares noturnos. E depois que

ocorreu o “boom” imobiliário o ramo de construção civil também se expandiu.

2 Região de Ribeirão Preto é composta por 22 municípios sendo eles: Altinópolis, Barrinha,

Brodowski, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Jaboticabal, Jardinópolis, Luiz Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Ribeirão Preto, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana e Sertãozinho.

Page 36: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

36

4. CONTABILIDADE – UMA VISÃO GERAL DA HISTÓRIA E DOS

CONCEITOS

A contabilidade é tão antiga quanto a origem do Homo sapiens

(IUDICIBUS, 1997, pag.30). Segundo dados históricos os primeiros sinais da

existência de contas é de aproximadamente 4000 anos a.C. No entanto, ao

inventariar armas, ferramentas, contar seu rebanho, entre outros já se praticava de

uma forma primitiva a contabilidade. Mas afinal, o que é a contabilidade?

[...] o objetivo da contabilidade é fornecer aos usuários, independentemente de sua natureza, um conjunto básico de informações que, presumivelmente, deveria atender igualmente bem a todos os tipos de usuários, ou a contabilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de cadastros de informações totalmente diferenciadas, para cada tipo de usuário. (IUDÍCIBUS, 1997, pag. 19).

Ainda segundo Ribeiro (2005, pág. 19) a contabilidade é uma ciência que

possibilita, por meio de suas técnicas, o controle permanente do patrimônio das

empresas.

Também nos diz Marion (1995, pág. 20) que:

A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do tempo o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna obrigatória para a maioria das empresas.

Como podemos notar o conceito é muito semelhante entre os diversos e

conceituados autores. Assim sendo, vamos ver agora quais são as aplicações da

contabilidade. Diz-nos Ribeiro (2005, pág. 20) que dentre os diversos campos de

aplicação da contabilidade, podemos incluir:

Entidades econômico-administrativas;

A União;

Os Estados;

Os Municípios;

As Autarquias.

Page 37: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

37

Podemos assim dizer que os usuários da contabilidade são todos os que

necessitam dela para tomarem decisões de cunho administrativo, econômico ou

financeiro e, para conhecer quais são as garantias que a empresa nos fornece para

que sejam cumpridas as obrigações com seus clientes, fornecedores e,

principalmente ao fisco. Ou seja, ela é feita para pessoa jurídica e, menos comum

para pessoa física, e essa pessoa é denominada de entidade contábil.

Esses usuários de contabilidade buscam fluxo regular de dividendos,

valor de mercado de ação, geração de fluxos de caixa futuro, produtividade, liquidez,

retorno sobre o ativo e o patrimônio líquido, etc.

Ao longo dos anos a contabilidade deixou de ser apenas a escrituração

dos fatos ocorridos na empresa, para ser uma importante ferramenta de auxílio na

tomada de decisão. Veremos agora um pouco da evolução da contabilidade no

decorrer dos anos.

4.1. Uma Passagem Breve Pela História

Conforme já vimos anteriormente a contabilidade é tão antiga quanto o

Homo sapiens, e sua evolução se deu conforme as necessidades comerciais dos

homens. Podemos dividir essa evolução em quatro períodos: antigo, medieval,

moderno e científico.

4.1.1. Período Antigo

A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como

objeto o patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos

Page 38: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

38

quantitativos. Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na

memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo encontrou

formas mais eficientes de processar os seus registros, utilizando gravações e outros

métodos alternativos (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que

hoje se processa. O nome da conta matrizes, por exemplo, substituiu a figura

gravada, enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo

do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à

aplicação, se pudesse demonstrar, também, a sua origem.

O sistema contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de

documentos. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados

em papiros ou tábuas, no final de determinados períodos. Estes sofreram nova

sintetização, agrupando-se vários períodos, o que lembra o diário, o balancete

mensal e o balanço anual.

Conforme Santos e Schmidt (2008), Os gregos, baseando-se em modelos

egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam contas de custos e receitas,

procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas, para apuração do saldo.

Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às

várias atividades, como administração pública, privada e bancária.

4.1.2. Período Medieval

Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leonardo Pisano.

Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, etc.,

tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.

Foi um período importante na história do mundo, especialmente na

história da contabilidade, denominado a "era técnica", devido às grandes invenções,

Page 39: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

39

como moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola, etc., que abriram novos

horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros (SCHMIDT, 2000). O

aperfeiçoamento e o crescimento da contabilidade foram a consequência natural das

necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII.

No início do Século XIV, já se encontravam registros explicitados de

custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo

de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcorrido

entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão-de-obra direta agregada;

armazenamento; tingimento, etc., o que representava uma apropriação bastante

analítica para época. A escrita já se fazia nos moldes de hoje, considerando, em

separado, gastos com matérias-primas, mão-de-obra direta a ser agregada e custos

indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente,

até que fossem transferidos ao exercício industrial.

4.1.3. Período Moderno

O período moderno foi à fase da pré-ciência. Devem ser citados três

eventos importantes que ocorreram neste período:

1453: os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes

sábios bizantinos emigrassem, principalmente para Itália;

1492: é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que

representava um enorme potencial de riquezas para alguns países

europeus;

1517: ocorreu a reforma religiosa; os protestantes, perseguidos na

Europa, emigram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram

nova vida.

Page 40: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

40

O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de

Leonardo da Vinci, que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase

moderna da Contabilidade. Ele escreveu o "Tratactus de Computis et Scripturis"

(Contabilidade por Partidas Dobradas) em 1494. Apesar de ser considerado o pai da

contabilidade, não foi o criador das partidas dobradas. O método já era utilizado na

Itália, principalmente na Toscana, desde o século XIV.

Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da contabilidade por

um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores,

pessoas devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da

matéria aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras

ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consagraram numerosas falências e a

consequente necessidade de se proceder à determinação das perdas e lucros entre

credores e devedores.

4.1.4. Período Científico

O Período Científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes

autores consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que,

com sua obra "La Contabilità Applicatta alle Administrazioni Private e Plubbliche",

inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de contabilidade,

segundo os quais escrituração e guarda livros poderiam ser feitas por qualquer

pessoa inteligente. Para ele, a contabilidade implicava conhecer a natureza, os

detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou

seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o inicio da fase científica

da contabilidade.

A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância

norte-americana dentro da Contabilidade. Enquanto declinavam as escolas

Page 41: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

41

europeias, floresciam as escolas norte-americanas com suas teorias e práticas

contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e

política, mas também pela pesquisa e trabalho sério dos órgãos associativos.

Havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da

contabilidade, o que não ocorreu com as escolas europeias, onde as universidades

foram decrescendo em nível e em importância (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou

transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais, de muitos acionistas,

foi à causa primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis, que

permitissem correta interpretação das informações, por qualquer acionista ou outro

interessado, em qualquer parte do mundo.

4.1.5. A Contabilidade no Brasil

No Brasil, a vinda da Família Real Portuguesa incrementou a atividade

colonial, exigindo, devido ao aumento dos gastos públicos e também da renda nos

Estados, um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o

Tesouro Nacional e Público, juntamente com o Banco do Brasil (1808). As

Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um

contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e

administração financeira e fiscal.

Um fato digno que podemos citar é a publicação, em 1931, no Diário

Oficial da União, do Decreto nº 20.158 que organizou o ensino comercial e

regulamentou a profissão de contador. Somente em 1940 surge a primeira Lei das

Sociedades por Ações, publicada no Decreto-Lei nº 2.627, que estabelecia

procedimentos para a contabilidade nacional como regras para a avaliação dos

ativos e apuração e distribuição dos lucros, criação de reservas e padrões para a

publicação do balanço e demonstração de lucros e perdas.

Page 42: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

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O ano de 1976 foi muito importante para a contabilidade brasileira pela

publicação, em 15 de dezembro, da nova Lei das Sociedades por Ações. Para

Iudícibus apud Schmidt (2000, pág. 214) as principais contribuições dessa Lei são:

(1) clara separação entre Contabilidade Comercial (Contabilidade „Contábil‟) e Contabilidade para fins fiscais; (2) aperfeiçoamento da classificação das contas no balanço; (3) introdução da reavaliação a valor de mercado; (4) introdução do método de equivalência patrimonial na avaliação de investimentos; (5) criação da reserva de lucros a realizar; e (6) aperfeiçoamento do mecanismo de correção monetária.

A década de 1980 foi um período durante o qual as informações

derivadas das Demonstrações Contábeis foram muito prejudicadas. Uma das

medidas adotadas para melhorar o nível dessas informações foi a obrigatoriedade

da elaboração e da publicação das Demonstrações Contábeis Complementares das

companhias abertas, em moeda de poder aquisitivo constante, estabelecida pela

Instrução CVM nº 64, de 1987. Vale destacar que Eliseu Martins era o diretor da

CVM naquele ano, e que essa Instrução foi o ápice da Escola de Correção

Monetária. Em 1995, em função de um novo plano econômico, conhecido como

plano real e da queda da inflação que se materializou, a Lei n° 9.249 revogou a

correção monetária das Demonstrações Contábeis (SANTOS e SCHMIDT, 2008).

4.2. A Contabilidade nas Microempresas

Segundo o novo Código Civil (Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002) todas

as sociedades empresariais – não apenas as Limitadas – são obrigadas a seguir um

sistema de contabilidade, seja ela de forma escrita ou informatizada (CRC-BA,

2005). O novo Código deixou fora desta obrigação o pequeno empresário e o

empresário rural, assegurando-lhes tratamento diferenciado. Não foram

estabelecidos critérios para classificação de pequeno empresário e empresário rural,

sendo utilizados na prática, critérios tributários referentes à Legislação da

Microempresa e do Sistema Simples de pagamento de impostos.

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43

Salienta-se que a respeito do que dispõe a Secretaria da Receita Federal

no Regulamento do Imposto de Renda, no parágrafo único do artigo nº 190, em

relação à escrituração mercantil das empresas optantes pelo lucro presumido e pelo

Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e

Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, o Regulamento específico:

Art. 190, Parágrafo único. A microempresa e a empresa de pequeno porte estão dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes (Lei nº 9.317, de 1996, art. 7º, § 1º):

I. Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária;

II. Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada ano-calendário;

III. Todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nos incisos anteriores.

Assim sendo, toda micro e pequena empresa, desde que esteja inscrita

no SIMPLES Nacional, não são obrigadas a fazerem a escrituração contábil, que é

de suma importância para orientar o gestor na tomada de decisão. É a contabilidade

que vai auxiliar o gestor, ao coletar os dados econômicos, mensurando-os

monetariamente, registrando-os e elaborando relatórios de suporte ao sócio e/ou

administrador da empresa (CRC-RJ, 2005).

Apesar de o legislador pretendendo beneficiar as microempresas,

desobrigando-as da escrituração comercial torna-se impossível administrar uma

empresa sem as informações contábeis oriundas de sua escrituração contábil. Cabe

ao profissional contábil evidenciar ao microempresário a importância da informação

contábil para o desenvolvimento de suas atividades empresariais. Tomar decisões,

avaliar o desempenho da empresa, formar preços e captar recursos, baseado

somente em dados empíricos extraídos da escrituração simplificada do Livro Caixa,

tornam-se impraticáveis.

Uma empresa sem contabilidade não tem as mínimas condições de

sobreviver ou planejar seu crescimento. As operações que afetam o patrimônio das

empresas devem ser registradas em forma mercantil, adotando-se, por ser praxe

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44

universal, o Método das Partidas Dobradas que está centrado na assertiva “para

cada débito existe um crédito de igual valor e vice-versa”.

Os fatos administrativos que afetam o patrimônio são registrados por meio

de partidas ou lançamentos, que é a forma como se apresentam contabilmente. E

devem estar respaldados em documentos comprobatórios. Os documentos devem

identificar o beneficiário a que se refere e ser elaborado de forma que não paire

dúvida quanto à sua habilidade.

4.3. A Contabilidade nas PMEs

Conforme vemos em Gimenez e Oliveira (2011, pág. 65) o objetivo das

demonstrações contábeis nas PMEs, conforme a Norma NBC T 19.41 é:

oferecer informação sobre a posição financeira (balanço patrimonial), o desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de caixa da entidade, que é útil para a tomada de decisão por vasta gama de usuários que não está em posição de exigir relatórios feitos sob medida para atender suas necessidades particulares de informação.

Ela também mostra os resultados da diligência da administração – a

responsabilidade da administração pelos recursos confiados a ela. A contabilidade

também permite ao administrador ou proprietário entender o aumento ou a redução

da riqueza, a distribuição de dividendos, bem como o custo de oportunidade de

investimento. As características que as demonstrações contábeis devem ter

segundo Gimenez e Oliveira (2011, pág. 66) são:

Page 45: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

45

1. Compreensibilidade:

Deve ser apresentada de modo a torná-la compreensível por usuários que

têm conhecimento razoável de negócios e de atividades econômicas e de

contabilidade, e a disposição de estudar a informação com razoável diligência.

Entretanto, a necessidade por compreensibilidade não permite que informações

relevantes sejam omitidas com a justificativa que possam ser de entendimento difícil

demais para alguns usuários.

2. Relevância:

Deve ser relevante para as necessidades de decisão dos usuários. A

informação tem a qualidade da relevância quando é capaz de influenciar as decisões

econômicas de usuários, ajudando-os a avaliar acontecimentos passados, presentes

e futuros ou confirmando, ou corrigindo, suas avaliações passadas.

3. Materialidade:

A informação é material – e, portanto tem relevância – pois sua omissão

ou erro pode influenciar as decisões econômicas de usuários, tomadas com base

nas demonstrações contábeis. A materialidade depende do tamanho do item ou

imprecisão julgada nas circunstâncias de sua omissão ou erro. Entretanto, é

inapropriado fazer, ou deixar sem corrigir, desvios insignificantes das práticas

contábeis para se atingir determinada apresentação da posição patrimonial e

financeira (balanço patrimonial) da entidade, seu desempenho (resultado e resultado

abrangente) ou fluxos de caixa.

4. Confiabilidade:

A informação é confiável quando está livre de desvio substancial e viés, e

representa adequadamente aquilo que tem a pretensão de representar ou seria

razoável de se esperar que representasse. Demonstrações contábeis não estão

livres de viés (ou seja, não são neutras) se, por meio da seleção ou apresentação da

Page 46: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

46

informação, elas são destinadas a influenciar uma decisão ou julgamento para

alcançar um resultado ou desfecho predeterminado.

5. Primazia da essência sobre a forma:

Transações e outros eventos e condições devem ser contabilizados e

apresentados de acordo com sua essência e não meramente sob sua forma legal.

Isso aumenta a confiabilidade das demonstrações contábeis.

6. Prudência:

As incertezas que inevitavelmente cercam muitos eventos e

circunstâncias são reconhecidas pela divulgação de sua natureza e extensão e pelo

exercício da prudência na elaboração das demonstrações contábeis. Prudência é a

inclusão de certo grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários às

estimativas exigidas de acordo com as condições de incerteza, no sentido de que

ativos ou receitas não sejam superestimados e que passivos ou despesas não

sejam subestimados. Entretanto, o exercício da prudência não permite subvalorizar

deliberadamente ativos ou receitas, ou a superavaliação deliberada de passivos ou

despesas. Ou seja, a prudência não permite viés.

7. Integralidade:

Para ser confiável, a informação constante das demonstrações contábeis

deve ser completa, dentro dos limites da materialidade e custo. Uma omissão pode

tornar a informação falsa ou torná-la enganosa e, portanto, não confiável e deficiente

em termos de sua relevância.

8. Comparabilidade:

Os usuários devem ser capazes de comparar as demonstrações

contábeis da entidade ao longo do tempo, a fim de identificar tendências em sua

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47

posição patrimonial e financeira e no seu desempenho. Os usuários devem,

também, ser capazes de compararem as demonstrações contábeis de diferentes

entidades para avaliarem suas posições patrimoniais e financeiras, desempenhos e

fluxos de caixa relativos.

9. Tempestividade:

Para ser relevante, a informação contábil deve ser capaz de influenciar as

decisões econômicas dos usuários. Tempestividade envolve oferecer a informação

dentro do tempo de execução da decisão. Se houver atraso injustificado na

divulgação da informação, ela pode perder sua relevância. Ao atingir-se um

equilíbrio entre relevância e confiabilidade, a principal consideração será: como

melhor satisfazer as necessidades dos usuários ao tomar decisões econômicas.

10. Equilíbrio entre custo e benefício:

Os benefícios derivados da informação devem exceder o custo de

produzi-la. A avaliação dos custos e benefícios é, em essência, um processo de

julgamento. Além disso, os custos não recaem necessariamente sobre aqueles

usuários que usufruem dos benefícios e, frequentemente, os benefícios da

informação são usufruídos por vasta gama de usuários externos.

4.3.1. O Balanço Patrimonial

O balanço patrimonial é segundo Iudícibus; Martins. et al (1996, pág.

134), a demonstração contábil que tem por objetivo apresentar a situação

patrimonial da empresa em um dado momento. A análise do balanço tem por

finalidade transformar dados em informações úteis para a empresa. Esses dados

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48

mostrarão a saúde financeira da empresa, apresentando onde está investido o

dinheiro da empresa e quais são as maiores dívidas que a empresa possui. Ele deve

ser divulgado, no mínimo, uma vez ao ano. (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 94).

É através do balanço patrimonial que investidores externos decidem se

vão ou não depositar seu dinheiro nessa empresa. Isso faz parte da contabilidade

financeira, porém com uma análise mais profunda desse balanço, o gestor, gerente,

administrador ou proprietário da empresa no caso das microempresas consegue

redirecionar os recursos fazendo com que a empresa possa apresentar resultados

mais rentáveis a curto, médio ou longo prazo, bem como se ela conseguirá arcar

com seus compromissos (MARION E RIBEIRO, 2011, pág. 158).

Quando a análise do balanço é feita por pessoas que trabalham na

organização ela se torna mais completa, pois essa pessoa tem acesso direto aos

controles internos da empresa. Se o analista não pertence à organização, ele tem

acesso apenas aos balanços divulgados pela empresa analisada, além de alguns

esclarecimentos feitos por relatórios. Nesse caso, a análise é considerada menos

completa, pois mostra apenas a capacidade financeira da empresa, não sendo

utilizada pelos administradores na tomada de decisão.

Conforme nos diz Gimenez e Oliveira (2011, pág. 95), o balanço

patrimonial é composto por ativos, passivos e patrimônio líquido, devendo conter:

caixa ou equivalentes;

contas a receber;

ativos financeiros;

estoque;

ativo imobilizado:

propriedade para investimento;

ativos intangíveis;

fornecedores e contas a pagar;

passivos financeiros;

patrimônio líquido;

entre outros.

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49

Dentro do ativo encontramos: o ativo circulante, que são o conjunto de

direitos a receber em um período de até doze meses da divulgação das

demonstrações contábeis, além do caixa, das contas bancárias e o estoque de

mercadorias e matéria prima; e o ativo não circulante, que são os direitos a receber

em um período superior a doze meses da divulgação das demonstrações contábeis,

os bens tangíveis como maquinários, mobilhas, veículos, galpões, entre outros, além

dos bens intangíveis como software, marcas e patentes.

No passivo temos: o passivo circulante, que são as obrigações a pagar

em um período de até doze meses da divulgação das demonstrações contábeis,

como fornecedores, empréstimos bancários, impostos e outras contas, o passivo

não circulante, que são as obrigações a pagar em um período superior a doze

meses da divulgação das demonstrações financeiras, como empréstimos bancários

e outros financiamentos e contas, e temos também o patrimônio líquido, que são os

investimentos dos proprietários na companhia, além das reservas de capital e da

apuração de lucro ou prejuízo (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011).

Quanto à disposição dos mesmos, eles são separados, ficando o ativo à

esquerda e o passivo à direita. Dentro deles há também uma separação entre

circulante e não circulante. Eles ficam em ordem decrescente de liquidez,

estabelecida pela Lei nº 6.404/76 (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 96). Contudo

não há uma definição sobre quem vem primeiro dentro de cada grupo, se o

circulante ou se o não circulante. No Brasil, o mais comum é primeiro o circulante e,

depois o não circulante.

Vejamos um exemplo de balanço patrimonial no formato da IFRS que

Gimenez e Oliveira (2011, pág. 98) nos mostra. Ele pertence a uma empresa de

bebidas e foi divulgado pela revista Valor Econômico em quatro de março de dois mil

e dez.

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50

Notamos que primeiro vem o não circulante (na tabela, descrito como não

corrente), para depois ser colocado o circulante (corrente). Essa forma de

apresentação não é muito comum no Brasil. No entanto, ela não prejudica os

usuários de compreenderem o que está sendo demonstrado.

Page 51: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

51

Ao elaborar as demonstrações contábeis, a administração deve fazer uma

avaliação da capacidade da entidade continuar em operação em futuro previsível. A

entidade está em continuidade a menos que a administração tenha intenção de

liquidá-la ou cessar seus negócios, ou ainda não possua alternativa realista senão a

descontinuação de suas atividades (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pág. 94).

A entidade deve apresentar um conjunto completo de demonstrações

contábeis pelo menos anualmente.

4.3.2. Demonstração de Resultado do Exercício

A empresa apresenta-se como uma organização em constante

movimento, criando e produzindo riquezas a todo instante. Torna-se necessário que

estes valores que surgem a todo instante sejam organizados. Deste modo surge a

Demonstração de Resultado.

A demonstração de resultado é o resumo das operações da empresa

durante determinado período, ou exercício social (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011,

pág. 99). A organização deve apresentar uma análise das despesas, para efeito de

demonstração de resultado.

A Demonstração de Resultado evidenciará a formação dos vários níveis

de resultados mediante confronto entre as receitas, e os correspondentes custos e

despesas. De acordo com essa definição o resultado final significa o confronto das

receitas com as despesas no momento em que ocorreram. Através das

demonstrações contábeis e financeiras podemos elaborar várias análises, dentre

elas a análise por índices ou indicadores financeiros. Vejamos um exemplo, na

tabela 7.

Page 52: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

52

4.3.3. Demonstração dos Fluxos de Caixa

A demonstração de fluxo de caixa (DFC) irá indicar quais foram às saídas

e entradas de dinheiro no caixa em determinado período. A DFC integra as

demonstrações contábeis e tem como finalidade fornecer informações sobre as

alterações no caixa (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011, pag. 106).

Segundo Santos (2009) apud Gimenez e Oliveira (2011, pag.107)

estabelece a DFC como uma importante fonte de informações para os usuários

avaliarem:

A capacidade de geração de caixa nas atividades operacionais da

companhia;

Page 53: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

53

Como a companhia esta financiando suas necessidades de capital

de giro e investimento;

O nível de eficiência da administração na utilização dos recursos

do caixa gerados nas atividades operacionais;

A capacidade de pagamento das obrigações futuras da companhia

(dividendos, empréstimos, fornecedores, etc.).

Na demonstração de fluxo de caixa, as entradas e saídas são separadas

em três categorias de atividades: operacionais, de investimento e de financiamento.

4.3.4. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados

A demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados apresenta o

resultado da entidade e as alterações nos lucros ou prejuízos acumulados para o

período de divulgação. A entidade deve apresentar, na demonstração de lucros ou

prejuízos acumulados, os seguintes itens:

lucros ou prejuízos acumulados no início do período contábil;

dividendos ou outras formas de lucro declarados e pagos ou a pagar durante o período;

ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de correção de erros de períodos anteriores;

ajustes nos lucros ou prejuízos acumulados em razão de mudanças de práticas contábeis;

lucros ou prejuízos acumulados no fim do período contábil.

Page 54: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

54

4.4. A Classificação da Contabilidade

Conforme já notamos, a contabilidade pode nos fornecer uma série de

dados que poderemos utilizar para gerar várias informações, as quais serão úteis

para o gestor, gerente, administrador ou proprietário. Essas informações segundo

Gimenez e Oliveira (2011) são geradas a partir da Contabilidade Financeira. Ela

elabora e consolida as demonstrações contábeis para disponibilizar informações aos

usuários externos. Utiliza critérios e normas definidos em lei e por instituições de

controle, como segue:

Código Civil – Lei nº 1.406, de 2.002, e Código Comercial – Lei nº 556, de 1.850;

Lei das Sociedades Anônimas – Lei nº 6.404, de 1976;

CFC – Conselho Federal de Contabilidade;

CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis;

CVM – Comissão de Valores Mobiliários;

Bacen – Banco Central do Brasil;

Susep – Superintendência de Seguros Privados.

As informações geradas pela contabilidade financeira são úteis para

vários setores, dos quais podemos citar:

Contabilidade Fiscal: auxilia na elaboração de informações para os

órgãos fiscalizadores, do qual depende todo o planejamento

tributário da entidade.

Contabilidade e Auditoria: compreende o exame de documentos,

livros e registros, inspeções e obtenção de informações, internas e

externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando

mensurar a exatidão destes registros e das demonstrações

contábeis deles decorrentes.

Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais ou

extrajudiciais sobre organizações com problemas financeiros

causados por erros administrativos.

Page 55: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

55

Análise Econômica e Financeira de Projetos: elabora análises,

através dos relatórios contábeis, que devem demonstrar a exata

situação patrimonial de uma entidade.

Contabilidade Ambiental: informa o impacto do funcionamento da

entidade no meio ambiente, avaliando os possíveis riscos que suas

atividades podem causar na qualidade de vida local.

Contabilidade Atuarial: especializada na contabilidade de empresas

de previdência privada e em fundos de pensão.

Contabilidade Social: informa sobre a influência do funcionamento

da entidade na sociedade, sua contribuição na agregação de

valores e riquezas, além dos custos sociais.

Contabilidade Agribusiness: atua em empresas com atividade

agrícola de beneficiamento in-loco dos produtos naturais.

Contabilidade Pública: é o principal instrumento de controle e

fiscalização que o governo possui sobre todos os seus órgãos.

Estes estão obrigados à preparação de orçamentos que são

aprovados oficialmente, devendo a contabilidade pública registrar

as transações em função deles, atuando como instrumento de

acompanhamento dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se

na carta magna da legislação financeira do País, estatui normas

gerais para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços

públicos. Além disso, escritura a execução orçamentária da receita

e da despesa fazendo a comparação entre a previsão e a

realização das receitas e despesas, também controla as operações

de crédito, a dívida ativa, os valores, os créditos e obrigações,

revela as variações patrimoniais e mostra o valor do patrimônio.

Além dessas existe mais uma variedade de ramificações da contabilidade,

cada uma visando auxiliar a empresa de acordo com sua necessidade. A outra

classificação que a contabilidade recebe é a Contabilidade Gerencial. Ela auxilia a

administração na otimização dos recursos disponíveis na entidade, através de um

controle adequado do patrimônio. Não é regulamentada por qualquer órgão ou lei. A

contabilidade gerencial é largamente utilizada nas empresas para medir e

Page 56: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

56

acompanhar a performance das atividades desempenhadas, e suas informações são

utilizadas para tomada de decisões (GIMENEZ e OLIVEIRA, 2011).

Pelo fato de as microempresas não serem obrigadas a fazer as

escriturações contábeis, o processo de levantamento de dados para aplicar a

contabilidade gerencial, se torna uma missão quase impossível, podendo levar

vários meses. Não havendo essa escrituração, o trabalho envolve mais profissionais

para levantar os dados através de outros documentos como notas e recibos, e o

processo naturalmente se torna muito mais caro e praticamente inviável para o

microempresário.

Na próxima seção veremos mais detalhadamente a contabilidade

gerencial e a sua importância para a tomada de decisão dentro da empresa.

Page 57: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

57

5. CONTABILIDADE GERENCIAL – UMA IMPORTANTE

FERRAMENTA PARA A EMPRESA

Conforme vimos no capítulo anterior, a contabilidade gerencial não é

regulamentada por nenhum órgão ou Lei e, varia de empresa para empresa,

conforme a sua necessidade (SANTOS e SCHMIDT, 2008). Mas nem por isso ela

deixa de ser uma importante ferramenta no processo de tomada de decisão das

empresas. Ela é assim definida por Marion e Ribeiro (2011, pág. 3):

[...] o sistema de informação que tem por objetivo suprir a entidade com informações não só de natureza econômica, financeira, patrimonial, física e de produtividade, como também com outras informações de natureza operacional, para que possa auxiliar os administradores nas suas tomadas de decisões.

Vemos também em Bulgacov (2006, pág. 276) que ela é mais focada para

a alta direção da empresa, que fica encarregada de extrair dados para montar o

planejamento, avaliar e controlar os resultados, podendo ainda ser exposta para

alguém que não faz parte da empresa, como um potencial investidor por exemplo.

Gimenez e Oliveira (2011, pág. 12) nos fala que as normas internacionais

de contabilidade tendem a reduzir as diferenças entre a contabilidade gerencial e

financeira, porque ela está mais alicerçada em valores econômicos, embora

continue valorizando o custo histórico. Além de que ambas utilize de um sistema de

informações contábeis para gerarem seus relatórios finais. Na tabela a seguir, ficam

elencadas as principais diferenças entre a contabilidade gerencial e a financeira.

Page 58: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

58

Analisando a tabela 5 vemos claramente o porquê de a contabilidade

gerencial ser mais informal, uma vez que ela atende quase de que forma exclusiva o

público interno. A procura por mecanismos mais seguros e com menos riscos, levam

as instituições a implantação do planejamento. Sendo assim essas informações

abrangem, além de informações financeiras, também informações de natureza

operacional, estratégica e tática como nos mostra Bulgacov (2006, pág. 276), além

de gerencial (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 6).

Planejamento estratégico: é preparado para uso da alta direção da

empresa e, através de uma análise, são traçados os objetivos de

longo prazo. Fazem parte deste planejamento a missão, a visão,

objetivos estratégicos, planos estratégicos e o controle dessas

ações de estratégia.

Page 59: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

59

Planejamento tático: deve ser preparado com a orientação do

planejamento estratégico nos diversos setores da organização

como vendas, produção, recursos humanos, etc., para

desempenharem as expectativas da organização.

Planejamento operacional: constitui-se na ferramenta do dia a dia

de gestão. Conforme Oliveira (1993, pág. 39) apud Bulgacov os

planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de

partes homogêneas3 do planejamento tático. Dentro delas teremos

os recursos necessários, os procedimentos básicos, os produtos ou

resultados finais esperados, os prazos estabelecidos e os

responsáveis pela execução das tarefas.

Planejamento gerencial: serve para orientação dos gerentes, que

precisam tomar as decisões de curto e médio prazo. As

informações que a contabilidade gerencial fornece aos gestores ou

gerentes têm por objetivo redução de custos e melhoria do

aproveitamento dos recursos físicos, humanos e tecnológicos.

Apesar das diferenças apontadas pelos diversos autores, não se pode

fazer a contabilidade gerencial sem antes ter feito a contabilidade geral da empresa,

pois é dela que oriunda toda a informação necessária para a tomada de decisão.

Fazem parte do processo de tomada de decisão em microempresas a análise do

balanço patrimonial, a demonstração de resultado e demonstração do fluxo de caixa

(BULGACOV, 2006, pág. 278).

No capítulo anterior, nos foi mostrado o balanço patrimonial, a

demonstração de resultado do exercício, a demonstração do fluxo de caixa e a

demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Agora, veremos como esses itens

nos ajudarão na contabilidade gerencial.

3 Homogêneas: adj. da mesma natureza que outro, da mesma espécie, da mesma categoria; idêntico,

igual, análogo.

Page 60: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

60

5.1. Análise do Balanço Patrimonial e do DRE

Para fazer a análise do balanço patrimonial, é preciso saber analisar os

dados, com a finalidade de gerar boas informações. Com essas informações, a

análise se torna uma importante ferramenta na tomada de decisão, pois ela nos

permite conhecer melhor a situação econômica e financeira da organização. Os

gestores envolvidos na análise, quando necessitam investir recursos financeiros em

outras sociedades ou manter um relacionamento com fornecedores e clientes, têm

ao seu alcance as informações necessárias que revelam as tendências do

desempenho das entidades envolvidas (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 158).

Essa análise não se limita somente ao balanço patrimonial, atingindo

também outras demonstrações financeiras.

A empresa deve apresentar uma análise das despesas utilizando uma

classificação baseada na natureza dessas despesas, ou na função dessas despesas

dentro da entidade, devendo eleger o critério que forneça informações confiáveis e

mais relevantes; a legislação brasileira leva à apresentação por função.

Dessas análises extraímos informações como rentabilidade alcançada

pelo capital investido, taxa de retorno do capital investido, grau de endividamento,

entre outros.

A análise interna, que tem fins gerenciais, começa quando o contador da

empresa termina o seu trabalho e, segundo nos fala Marion e Ribeiro (2011,

págs.159 e 160), pode ser desenvolvida em sete etapas:

1. Exame e padronização das principais demonstrações financeiras – balanço patrimonial demonstração do resultado do exercício, entre outras. A análise é feita de forma minuciosa em cada uma das contas que compõem a demonstração financeira, familiarizando-se com elas; 2. Coleta de dados como ativo circulante, patrimônio líquido, entre outros; 3. Cálculo dos indicadores – quocientes, coeficientes e números índices; 4. Interpretação dos quocientes de forma isolada e conjunta; 5. Análise vertical e horizontal de forma isolada e conjunta com coeficiente e números índices; 6. Comparação com padrões das médias das empresas de mesmo ramo;

7. Relatórios das conclusões da análise, de forma que cada administrador, gestor ou gerente os compreenda.

Page 61: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

61

Com a análise minuciosa de cada uma das contas, o analisador passa a

conhecer detalhes que serão preciosos no ato de interpretar os dados dos diferentes

processos.

Os dados colhidos devem ser transcritos para demonstrações

padronizadas para facilitar o desenvolvimento do processo de análise. O confronto

entre saldos das diversas demonstrações financeiras devem ser verificados. Outros

aspectos como a inflação devem ser considerados, pois a perda de poder aquisitivo

da moeda podem distorcer os resultados da análise.

5.2. Análise por Quociente

Em uma das etapas da análise, nos fala que é preciso calcular alguns

indicadores. Um desses indicadores é o quociente, que tem como finalidade

principal permitir ao analista extrair tendências e fazer comparações com padrões

preestabelecidos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 162). Mais do que retratar o que

aconteceu no passado, a análise de quocientes nos permite inferir o que acontecerá

no futuro. Esses quocientes são índices extraídos das demonstrações financeiras

por meio de confrontos entre contas ou grupos de contas.

Recomenda-se analisar a situação financeira separadamente da situação

econômica da empresa, para que os resultados obtidos em cada uma dessas

análises sejam conjugados a fim de compor um quadro geral que reflita de forma

adequada o desempenho do patrimônio da empresa.

Na análise financeira são evidenciados os quocientes de estrutura de

capitais e de liquidez, enquanto na econômica são evidenciados os quocientes de

rentabilidade. A interpretação desses quocientes deve ser feita primeiro

isoladamente, logo após de forma conjunta e, então a comparação com o quociente

padrão.

Page 62: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

62

5.2.1. Quocientes de Estrutura de Capitais

Fala-nos Marion e Ribeiro (2011, pág. 163) que esses quocientes

relacionam as várias fontes de fundos entre si, retratando o capital próprio com o

capital de terceiros. São calculados com base em valores extraídos do balanço

patrimonial.

Com o confronto entre capital próprio e o de terceiro, descobrimos se

quem investe mais na empresa são os próprios donos ou se são pessoas de fora da

empresa. Quando o capital de terceiro for maior que o próprio, podemos dizer que a

empresa está endividada. Sendo assim, a fatia maior do lucro irá para fora da

empresa, remunerando esses capitais de terceiro.

a) Participação de capitais de terceiros:

Equação - 1

Onde:

ET= exigível total = passivo circulante + passivo não circulante – receitas

diferidas.

PL = patrimônio líquido.

Com essa fórmula podemos ver a proporção existente entre capitais de

terceiros e capitais próprios. Se multiplicado por 100, obtemos esse resultado em

porcentagem. Quando esse quociente é alto e se arrasta por um longo período de

tempo, tem grandes chances de essa empresa ir à falência.

Marion e Ribeiro (2011, pág. 164) nos fala que os capitais de terceiros

são derivados de empréstimos ou de financiamentos gerados para financiar o

desenvolvimento da empresa ou derivados da movimentação normal do patrimônio.

É preciso saber gerenciar esses recursos, de forma que os lucros superem os juros

e outros encargos. Quando a empresa renova essas dívidas, ela poderá sobreviver

com o endividamento.

Page 63: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

63

b) Composição do endividamento:

Equação - 2

Onde:

PC = passivo circulante;

ET= exigível total = passivo circulante + passivo não circulante – receitas

diferidas.

Esse quociente nos mostra a proporção entre as obrigações de curto

prazo e as obrigações totais, ou seja, o quanto da dívida da empresa é de curto

prazo em relação ao seu total. Se multiplicado por 100, achamos a porcentagem

desse quociente.

Analisando esse quociente verificamos a necessidade ou não de a

empresa ter que gerar recursos para saldar seus compromissos de curto prazo.

Quanto menor esse quociente mais tempo a empresa tem para conseguir gerar

esses recursos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 164). Quando há a necessidade de

gerar recursos em curto prazo, a empresa pode levantar empréstimos para

pagamento em longo prazo, promover descontos para aumento das vendas, através

da concessão de descontos para os clientes pagarem antecipado suas duplicatas,

entre outros.

Page 64: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

64

c) Imobilização do patrimônio líquido:

Equação - 3

Onde:

AF = ativo fixo4 = ativo não circulante fixo – ativo não circulante variável;

PL = patrimônio líquido.

Ao calcularmos esse quociente, descobrimos o quanto do patrimônio

líquido está investido em bens permanentes, como mobilhas, maquinários, veículos,

imóveis, etc. Quanto mais próximo o resultado desse quociente chegar a 1, mais

riscos a empresa correrá, pois indica que muito pouco do investimento de patrimônio

líquido próprio foi investido em capital de giro. Assim sendo, a empresa terá poucos

recursos para movimentações financeiras de curto prazo (MARION e RIBEIRO,

2011, pág. 165).

Se esse quociente for superior a 1, além de todo o capital próprio da

empresa, mais um pouco de capital de terceiros foi investido em ativo fixo. Ao

compararmos esse quociente com o quociente padrão, podemos descobrir se a

empresa está agindo ou não com naturalidade, isto é, se o investimento foi feito de

forma a não desequilibrar a empresa financeiramente.

5.2.2. Quocientes de Liquidez

Os quocientes de liquidez ou solvência evidenciam a existência ou não de

solidez financeira da empresa que garanta que ela honre seus compromissos com

terceiros (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 167). Como via de regra, se a análise dos

quocientes de estrutura de capitais apontarem um grau de endividamento aceitável,

os quocientes de liquidez também revelarão grau de solvência aceitável.

4 O ativo fixo também é chamado por alguns autores como ativo permanente.

Page 65: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

65

Através da análise dos quocientes de liquidez encontramos a proporção

de investimentos feitos nos ativos circulantes e não circulantes em relação ao capital

de terceiro. Esses quocientes são encontrados com base em valores extraídos do

balanço patrimonial.

Alguns aspectos devem ser levados em conta ao fazer analise dos

quocientes de liquidez:

alto grau de endividamento nem sempre indica que a empresa é

insolvente. Ela pode ter facilidade em negociar suas dividas;

a empresa pode apresentar baixo grau de liquidez em curto prazo

e um bom grau de liquidez em longo prazo e, vice-versa;

a empresa pode ter alto grau de liquidez e não ter dinheiro para

honrar seus compromissos imediatos.

Vejamos a seguir alguns quocientes de liquidez e para que servem:

a) Liquidez geral:

Equação – 4

Onde:

AC = ativo circulante;

ANC = ativo não circulante;

PC = passivo circulante;

PNC = passivo não circulante.

Com o quociente de liquidez geral podemos analisar se a empresa possui

solidez financeira suficiente para cobrir os compromissos de curto e de longo prazo

(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 168). Quando esse quociente apresenta resultado

igual ou superior a 1, pode-se dizer que, a princípio, a empresa está bem

estruturada do ponto de vista financeiro. Porém se o resultado for inferior a 1, a

empresa encontra-se nas mãos de terceiros.

Page 66: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

66

Há casos que, mesmo quando o quociente dá resultado inferior a 1, não

indica que a empresa é insolvente. Pode ser que ela obteve empréstimos de longo

prazo para saldar algum compromisso de curto prazo. Sendo assim, ela tem tempo

suficiente para gerar recursos a fim de saldar esses compromissos.

b) Liquidez corrente:

Equação – 5

Onde:

AC = ativo circulante;

PC = passivo circulante.

Com esse quociente podemos descobrir o quanto de dinheiro a empresa

tem disponível para saldar as dívidas de curto prazo. A interpretação desse

quociente nos leva a verificar se há ou não a existência de capital circulante líquido

(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 169). Esse é um dos quocientes mais divulgados,

além de frequentemente ser considerado o melhor indicador de situação de liquidez

da empresa.

Quando esse quociente for superior a 1, indicará a existência de uma

folga financeira a curto prazo. Por outro lado se esse quociente for inferior a 1, a

empresa poderá encontrar dificuldades em cobrir seus compromissos. Mesmo sendo

esse considerado o quociente que melhor espelha a liquidez da empresa, devemos

nos atentar que no ativo circulante pode aparecer, além das disponibilidades, outros

itens como o estoque e outras despesas pagas antecipadamente que, podem

diminuir a validade desse quociente.

Page 67: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

67

c) Liquidez seca:

Equação – 6

Onde:

AC = ativo circulante;

E = estoque;

PC = passivo circulante.

Esse quociente revela a liquidez da empresa em determinado momento,

de uma forma bem realista e conservadora. Serve para mostrar a capacidade

financeira liquida da empresa com seus compromissos de curto prazo. Ou seja,

quanto à empresa tem de ativo circulante liquido para cada unidade do passivo

circulante.

Marion e Ribeiro (2011, pág. 170) nos fala que “a interpretação desse

quociente deve ser direcionada a verificar se o ativo circulante liquido é suficiente

para saldar os compromissos de curto prazo”. Ele nos mostra de uma forma bem

conservadora a situação de liquidez da empresa, uma vez que retirando o estoque

do ativo circulante, elimina-se uma fonte de incertezas.

A fórmula apresentada no início desse tópico é valida desde que sejam

retirados do ativo circulante, valores como impostos a recuperar e despesas do

exercício seguinte. Além disso, temos que analisar esse quociente em conjunto com

o quociente de liquidez corrente.

Page 68: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

68

d) Liquidez imediata:

Equação – 7

Onde:

D = disponibilidades;

PC = passivo circulante.

O quociente de liquidez imediata, como o próprio nome já diz, nos revela

o quanto de recursos imediatos a empresa dispões para saldar compromissos de

curto prazo. A sua análise nos diz se a empresa precisa ou não recorrer a algum tipo

de operação financeira para conseguir o dinheiro necessário para cobrir suas

dividas.

Como no numerador os recursos são imediatos e no denominador as

dividas, embora de curto prazo, possam vencer em 30, 60, 90 até 360 dias, o mais

correto é utilizar as dívidas com vencimento imediato ou as dividas que pagaríamos

caso dispuséssemos de tal recurso, pois provavelmente assim, teríamos desconto

(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 171).

5.2.3. Quocientes de Rentabilidade

Segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 172) “os quocientes de

rentabilidade servem para medir a capacidade econômica da empresa, isto é,

evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na organização”.

A rentabilidade é expressa em termos absolutos e tem uma utilidade informativa

muito reduzida.

De maneira geral, devemos relacionar o lucro de uma empresa com um

valor que expresse a dimensão relativa desse lucro. E no que se refere ao lucro,

podemos empregar diversas variantes: lucro operacional, lucro líquido, lucro antes

Page 69: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

69

ou depois do imposto de renda, entre outros. Usa-se o conceito que melhor se

encaixa com a necessidade. Vejamos alguns exemplos:

a) Giro do ativo:

Também conhecido como quociente de rotatividade, representa o ciclo

financeiro da empresa e podemos calculá-lo de duas formas:

Giro do ativo operacional:

Equação - 8

Onde:

VL = vendas líquidas;

AOM = ativo operacional médio = ativo total – ativo não circulante –

investimentos.

Giro do ativo total:

Equação – 9

Onde:

VL = vendas líquidas;

ATM = ativo total médio.

A importância desse quociente é compor o retorno sobre o investimento e,

tendo em vista que para medir o volume das vendas em relação ao capital total

investido, temos que saber qual o volume de vendas ideal para cada empresa. Esse

volume vai variar de acordo com o ramo de atividade de cada empresa. O ideal é

Page 70: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

70

que esse quociente seja superior a 1, indicando que o volume das vendas supera o

valor investido (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 173). Devemos lembrar que outros

aspectos precisam ser levados em consideração.

b) Margem líquida ou operacional:

É um quociente muito importante que compara o lucro com as vendas

líquidas, ou seja, verifica a margem de lucro da empresa em relação às vendas.

Esse quociente também pode ser calculado na análise vertical do balanço. Podemos

calculá-lo de duas formas:

Margem operacional:

Equação – 10

Onde:

LO = lucro operacional;

VL = vendas líquidas.

Margem líquida:

Equação – 11

Onde:

LL = lucro líquido;

VL = vendas líquidas.

Page 71: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

71

c) Retorno sobre o investimento:

Esse talvez seja, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 174), o quociente

individual mais importante de toda a análise financeira, pois serve para a empresa

medir o desempenho do seu empreendimento. Através desse quociente, podemos

medir quanto tempo à empresa levará, aproximadamente, para recuperar o

investimento inicial. Também podemos calcular esse quociente de duas formas:

Retorno sobre o investimento operacional:

Equação – 12

Onde:

MO = margem operacional;

GAO = giro do ativo operacional.

Retorno sobre o investimento total:

Equação – 13

Onde:

ML = margem líquida;

GAT = giro do ativo total.

d) Retorno sobre o patrimônio líquido:

O quociente de retorno sobre o patrimônio líquido, do ponto de vista dos

proprietários, mostra a relação entre o lucro líquido gerado e o capital próprio ou de

terceiros aplicados na empresa. Este índice mostra o poder de ganho do

proprietário ou dos acionistas, ou mesmo quantos anos levará para que estes

Page 72: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

72

recuperem seus investimentos (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 179). Pode ser

calculado de duas formas:

(1) Equação – 14

Onde:

LL = lucro líquido;

PLM = patrimônio líquido médio5.

(2) Equação - 15

Onde:

TRSA = taxa de retorno sobre o patrimônio líquido;

PAFPL = porcentagem do ativo financiado pelo patrimônio líquido.

Em ambas as fórmulas o resultado alcançado é o mesmo. A diferença é

que na fórmula (2) leva-se em conta a estrutura de capital da empresa, abrindo

caminho para que entendamos a “alavancagem” (MARION e RIBEIRO, 2011, pág.

178).

e) Quociente de alavancagem financeira:

É um quociente de muita relevância e muito complexo também. Ele indica

se os recursos tomados por empréstimos estão dando um retorno adequado pela

sua aplicação no ativo da empresa. O grau de alavancagem deve ser de pelo menos

1 e pode ser calculado de diversas formas. Esta é uma dessas formas:

5 Patrimônio Líquido Médio = Patrimônio Líquido Inicial + Patrimônio Liquido Final dividido por 2

(MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 177).

Page 73: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

73

Equação - 16

Onde:

LL = lucro líquido;

PLM = patrimônio líquido médio;

DF = despesas financeiras;

AM = ativo médio.

Todos esses quocientes anteriormente citados, já são suficientes para

que o analista, gerente, administrador ou proprietário possa ter boas informações

sobre a saúde financeira e econômica da empresa analisada. Mas existem outros

quocientes interessantes para avaliação como os de rotatividade, prazo médio das

contas a receber e a pagar, quociente de preço/lucro, entre outros.

5.3. Comparação e Interpretação de Quocientes

Todos esses quocientes, após serem analisados individualmente, devem

ser comparados segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 185) com:

quocientes históricos da própria empresa;

padrões anteriormente estabelecidos pelos gerentes da empresa;

quocientes das empresas concorrentes, pertencentes ao mesmo

ramo da empresa analisada, além de medias, medianas e modas

dos quocientes do setor;

Page 74: TCC Contabilidade Gerencial - Carolina & Robson

74

parâmetros de interesse regional, nacional ou internacional.

É desejável para a empresa a comparação dos seus parâmetros com os

padrões das outras empresas a fim de posicionar-se perante os concorrentes. Até

pouco tempo isso só era possível se a empresa colecionasse os balanços dos

concorrentes para poder analisa-los. Hoje em dia, porém, existe um ranking

contendo as posições dessas empresas. A revista Exame, por exemplo, divulga o

ranking das 500 maiores empresas privadas do Brasil. Esse ranking é anual e

divulgado em setembro.

A interpretação desses quocientes, no entanto, não seguem regras

específicas. As análises mostraram as necessidades de cada empresa e, cada

empresa é diferente uma das outras. Nada melhor para fazer a comparação que a

experiência de quem está fazendo a análise. A interpretação desses quocientes

pode formar, na maioria das vezes, uma opinião sobre o conjunto e, o analista, deve

ter o equilíbrio e a ponderação para tomar as decisões.

Marion e Ribeiro (2011, pág. 186), aconselham as seguintes providências

para que se faça uma análise de qualquer empresa:

Conhecer intimamente a empresa a ser analisada;

Colecione os quocientes analisados e faça uma análise individual,

por grupos e compare atentamente cada uma das análises para

formar uma opinião.

Para se calcular o quociente padrão que são tão importantes para a

comparação entre empresas. É necessário ter em mãos, diversos dados das

empresas concorrentes. O analista deve ser muito cuidadoso para não cometer

erros.

5.4. Análises Vertical e Horizontal

São análises feitas para complementarem as análises por quocientes.

Elas são mais detalhadas e, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 187) envolvem

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todos os índices das demonstrações financeiras e revelam as falhas causadoras das

anomalias na entidade.

5.4.1. Análise Vertical

Também conhecida como análise por coeficientes, ela compara cada

elemento de um conjunto com o total desse conjunto (MARION e RIBEIRO, 2011,

pág. 187). Podemos citar como exemplo a análise vertical do conjunto ativo

circulante. Pega-se cada item do ativo circulante, multiplica por 100 e divide pelo

total do ativo circulante. O resultado é a porcentagem daquele item que compõe o

ativo circulante.

Supomos que se você pega o item disponibilidades e multiplica por 100 e

divide pelo total de ativo circulante e acha um valor de 35%, isso indica que do total

de ativo circulante, 35% está presente no seu caixa (disponibilidades). O mesmo

cálculo é feito com o ativo não circulante, passivo circulante e passivo não

circulante.

O mesmo é feito na demonstração de resultado do exercício. O item que

representa o total do DRE é venda de mercadorias. Os demais itens são

multiplicados por 100 e dividido pelas vendas para verificarmos em que a empresa

tem perdido mais na hora de vender um produto. Para que essa análise seja feita de

forma mais fácil, usa-se um DRE padronizado, onde o item vendas de mercadorias

apareça no topo e as demais deduções e despesas sejam agrupadas logo abaixo.

Não podemos esquecer que esse tipo de análise deve ser feita em cada

ano isoladamente e, como o próprio nome já diz, é feita na vertical.

5.4.2. Análise Horizontal

A análise horizontal também é conhecida como análise por meio de

números índices e, segundo Marion e Ribeiro (2011, pág. 188), nos mostra a

evolução de cada item da demonstração financeira de um ano a outro. O balanço

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patrimonial, divulgado pelas empresas anualmente pelo menos, mostra o resultado

do exercício atual e do exercício anterior.

Para fazermos a análise horizontal pegamos um item do ano atual, o

multiplicamos por 100 e dividimos o resultado pelo mesmo item do ano anterior. O

resultado apresentará o quanto aquele item cresceu ou caiu de um ano para outro.

Vamos continuar usando como exemplo o item disponibilidades.

Suponhamos que no ano de 2011 uma empresa apresentou um valor de

R$150.000,00 e no ano de 2010 esse mesmo item era de R$105.000,00. Aplicando

a regra de três chegamos ao valor de 142,86%. Esse valor indica que a empresa

apresentou um aumento de 42,86% para o item disponibilidades.

No entanto, se os valores fossem inversos, e aplicando a regra de três, o

resultado seria de 70%. Mas não podemos nos iludir. Isso não indica que a empresa

teve aumento, mas sim teve uma queda de 30% em relação ao ano anterior.

Tudo porque um valor acima de 100%, como o do primeiro exemplo,

indica que a empresa, além de manter o valor do exercício anterior, teve um

aumento. Já no segundo exemplo, um valor abaixo de 100% indica que a empresa

não alcançou o mesmo valor do exercício anterior, ainda teve uma perda, nesse

caso, de 30%.

É preciso ter cuidado para usar a análise horizontal, pois além de ela ter

que ser comparada em conjunto com a análise vertical, nem sempre um valor baixo

indica que a empresa está com problemas. Pode ser apenas um momento ruim se

olharmos em curto prazo um único índice, mas pode ser que outro índice esteja em

evolução (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 190).

5.5. Relatórios da Análise

Terminadas as análises de quocientes, vertical e horizontal, é chegada a

hora de montar os relatórios com as conclusões da análise. Cada análise gera um

conjunto de informações que servirão para as tomadas de decisões da empresa.

As informações neles contidos devem ser facilmente entendidas por todos

que o lerem. Se o analista for o proprietário, o gerente ou o administrador da

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empresa analisada, mesmo estando cientes das informações contidas no relatório,

os demais envolvidos nas decisões precisam entender o que será feito na empresa.

No relatório deve aparecer a situação econômica e financeira da

empresa, além dos balanços e demais documentos que comprovem a veracidade

dos fatos apresentados. Esses dados podem variar de acordo com a necessidade

de cada empresa (MARION e RIBEIRO, 2011, pág. 192).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mostraram-se através desse trabalho os dados apresentados pelo

SEBRAE e pelo IBGE, onde foram abordadas as diferenças entre as empresas e

como identifica-las. Através da análise das tabelas e dos gráficos, juntamente com

dados levantados junto a pesquisas anteriores, notamos uma boa evolução no

aumento da atividade das MPEs em um período de até dois anos. Esse período é

considerado o mais difícil para as empresas, pois elas ainda estão em um processo

de recuperação do capital investido, e nem sempre tem uma estabilidade de

clientes.

Foi possível ver também no que diz respeito a incentivo às MPEs por

parte do governo, que isso se deu na década de 1980, quando o ritmo de

crescimento da economia reduziu e muitas pessoas se viram desempregadas. O

governo viu nessas MPEs, a oportunidade de recuperar o crescimento da economia.

Analisaram-se também as empresas nacionais em relação com o cenário

internacional, onde 11 empresas, monitoradas pela OECD em um período de 2

anos, apresentaram valores muito próximos ao nosso.

Na região de Ribeirão Preto, na qual nos encontramos, nota-se que as

empresas que tem em maior quantidade são as do ramo de lanchonetes e fast-food,

seguido das empresas de prestação de serviços e as de vestuário. Isso porque esta

é uma região universitária e, que tem tendência à diversão noturna. Outra área que

evoluiu foi a de construção civil.

Mostra-se a contabilidade, uma ciência social que registra os fatos

ocorridos na empresa, fornecendo informações úteis para tomada de decisões

dentro e fora da empresa. Com esse estudo identificam-se os principais pontos da

evolução histórica da contabilidade, passando por períodos antigos, medievais,

modernos até a chegada do período científico, através das escolas italiana e

americana.

A partir da obra de Frei Luca Pacioli, que falava da contabilidade por

partidas dobradas, a contabilidade foi sistematizada, além de abrir as portas para

que outras obras do ramo pudessem ser escritas. Porém, com o excesso de teoria e

de nenhuma prática, a escola italiana declinava e a americana começou a

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predominar, devido ao seu alto poderio econômico, divulgando suas teorias e

aplicando-as na prática.

Contou um pouco da contabilidade no Brasil, que teve surgimento junto

com a chegada da família real portuguesa e a criação do Tesouro Nacional e do

Banco do Brasil em 1808. Um marco importante foi à criação da nova Lei das

Sociedades por Ações em 1976, que possibilitou uma melhor estruturação da

contabilidade no Brasil.

Foi relatado o fato de as microempresas e as pequenas empresas, que

usam o SIMPLES, não serem obrigadas a elaborarem a escrituração contábil. Assim

sendo fica muito difícil obter dados sobre a situação econômica e financeira da

empresa, além de não ter dados sólidos para a tomada de decisão. Foram

mostrados alguns pontos fundamentais da contabilidade, como a elaboração do

balanço patrimonial, do demonstrativo de resultado do exercício, da demonstração

do fluxo de caixa além da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados.

Apontaram-se as diferenças entre as contabilidades gerencial e

financeira, mas nota-se que a gerencial começa assim que o contador termina o seu

trabalho com a contabilidade financeira. Ficou evidenciado a necessidade de se ter

uma boa contabilidade na empresa, pois serão com dados extraídos dos balanços,

demonstrações de resultado e do fluxo de caixa que serão extraídas as informações

úteis para o processo de tomada de decisão.

Viu-se o quão importante é usar os parâmetros padrões das empresas

concorrentes, mas também que é preciso averiguar os padrões pré-estabelecidos

pelos gestores, gerentes ou proprietários antes do início das atividades; e também, o

quanto é importante saber analisar e interpretar os dados obtidos, usando de muito

equilíbrio para a tomada de decisão, para que não sejam precipitadas as escolhas.

Os padrões muito nos revelam sobre a saúde financeira e econômica da empresa,

mas nada como o conhecimento do analista para tomar as decisões.

Pode-se, por exemplo, usar a contabilidade para controlar a quantidade

de capital investido em ativo permanente da empresa, uma vez que as tecnologias

constantemente se renovam e há a necessidade de sempre estar atualizando

maquinas e equipamentos necessários para o desempenho das atividades da

empresa. Quanto maior for esse investimento, maior será o gasto com manutenção

e com a renovação após o período de vida útil desses equipamentos.

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Além desse exemplo, outro que pode ser citado e que se deve ter muito

cuidado, é o fluxo de caixa. É muito importante o microempresário ou o

administrador analisar como estão as entradas e as saídas do caixa da empresa. Se

as saídas, por exemplo, estiverem em maior quantidade que as entradas, a empresa

pode encontrar dificuldades em saldar os seus compromissos de curto prazo, e

precisará tomar algumas atitudes para levantar o dinheiro necessário. Para isso,

podem-se fazer promoções, dar descontos para pagamentos antecipados e, em

último caso, recorrer a instituições financeiras.

Pode-se também analisar se a empresa está com suas dívidas

concentradas, em sua maioria, em curto ou em longo prazo. As dívidas de longo

prazo dá certo conforto para o microempresário ou seu administrador, uma vez que

há maior tempo para levantar os recursos necessários para que os compromissos

sejam honrados. Portanto, observou-se que é melhor a empresa ter uma dívida mais

baixa em curto prazo para poder trabalhar com mais tranquilidade, evitando assim a

falência, antes mesmo de começar a recuperar o investimento inicial.

O objetivo principal deste trabalho é mostrar ao microempresário, ou aos

administradores de microempresas, o quanto é importante fazer um trabalho

preventivo de planejamento e, a contabilidade, é uma das principais ferramentas

para que esse planejamento seja acertado. Em hipótese alguma a empresa pode

dispensar os serviços de um contador registrado no Conselho Regional de

Contabilidade, mas pode através de seus conhecimentos e de sua experiência no

ramo em que está trabalhando, utilizar-se dessa poderosa ferramenta para a tomada

de decisão.

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