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MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURO SANTOS

EDUCAO ESPECIAL: INCLUSO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES

Belm 2002

MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURO SANTOS

EDUCAO ESPECIAL: INCLUSO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES

Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia do Centro de Cincias Humanas e Educao da UNAMA, como requisito para obteno do grau em Pedagogia Educao Infantil e Superviso Escolar, orientado pela Professora Especialista Madacilina de Melo Teixeira.

Belm 2002

MARIA ALBANICE RAMOS LOUREIRO MARIA DOROTEA DE J. MOURO SANTOS

EDUCAO ESPECIAL: INCLUSO DO DEFICIENTE AUDITIVO EM TURMAS REGULARES

Avaliado por:

_____________________________________ Prof Especialista Madacilina de Melo Teixeira (UNAMA)

Data: ____/____/____

Belm

2002

A Deus todo poderoso e Nossa Senhora do Perptuo Socorro que nos concedeu foras e persistncia que possibilitaram a concretude deste trabalho

Agradecemos sabedoria

a

Deus

pela

fora

e

Aos nossos familiares pela compreenso dos motivos que nos fizeram ausente em alguns momentos de suas vidas.

O despertar da conscincia na criana coincide sempre com o aprendizado da linguagem que a introduz pouco a pouco como indivduo na sociedade. Emle Benveniste

RESUMO

O estudo teve como objetivo promover uma sensibilizao dos profissionais que trabalham em classe inclusiva com portadores de necessidades especiais em classe de ensino regular, para que possam adquirir incentivo, autonomia, esprito crtico, criativo, passando a exercer a sua cidadania. Visando-se a socializao do deficiente auditivo em uma sociedade dominante e excludente, a qual encontram-se educadores sem qualificao e ambiente inadequado para o atendimento necessrio do aluno em estudo. Baseando-se nos princpios de igualdade de oportunidade e educao para todos, que questiona-se na insero e permanncia escolarizao aos alunos considerados portadores de necessidades especiais, em que esto amparados pela Lei de Salamanca (1994, p.15), e um compromisso assumido pelo Brasil no combate a excluso de toda e qualquer pessoa no sistema educacional de ensino. Obviamente enfrenta-se um desafio tornar a escola um espao aberto e adequado ao ensino inclusivo. Sabe-se que muitos obstculos so encontrados particularmente sobre os princpios da educao inclusiva para que atenda as especificidades de cada um. Realizou-se na pesquisa de campo com 3 professores, 2 responsveis e 3 alunos da rede pblica de ensino, estadual e municipal atravs de questionrios. Nas respostas obtidas observou-se a problemtica encontrada pelos entrevistados. Acredita-se que a medida que os profissionais envolvidos nesse processo recebam um assessoramento de tcnicos e uma formao continuada mais direcionada ao desenvolvimento da prtica pedaggica, certamente sero minimizados em parte a problemtica encontrada no processo de incluso, j que esses profissionais tero como suporte a nova filosofia proposta pela educao para todos, incluindo portadores de necessidades educativas especiais ao processo de incluso no Ensino Regular. PALAVRAS-CHAVE: Processo, incluso, educao, deficiente auditivo.

SUMRIO

CAPTULO 1- INTRODUO...................................................................................10 1.1 1.2 1.3 JUSTIFICATIVA: .........................................................................................10 PROBLEMTICA: .......................................................................................11 OBJETIVOS ................................................................................................11

1.3.1 Objetivo Geral .........................................................................................11 1.3.2 Objetivo Especfico..................................................................................11 1.4 METODOLOGIA..........................................................................................12

CAPTULO 2- REFERENCIAL TERICO ................................................................13 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 CONCEITO DE EDUCAO ESPECIAL....................................................13 CONCEITO DE EDUCAO INCLUSIVA: .................................................13 QUEM O ALUNO DE EDUCAO ESPECIAL?......................................14 CARACTERSTICAS DO PORTADOR DE DEFICINCIA AUDITIVA ........14 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA .........................15 PREPARAO DOS PROFISSIONAIS ......................................................15 INCLUSO DO PORTADOR DE DEFICINCIA NO MERCADO DE TRABALHO: ................................................................................................16 PROBLEMTICA ENCONTRADA NA INCLUSO DO SURDO.................21 HISTRICO DE EXCLUSO: O QUE ? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? ..............................................................................................23 2.10 O IDEAL DAS LEIS E POLTICAS INCLUSIVAS........................................25 CAPTULO 3- A PESQUISA.....................................................................................27 3.1 3.2 A COLETA DE DADOS ...............................................................................27 ANLISES DAS ENTREVISTAS:................................................................30

CAPTULO 4- CONSIDERAES FINAIS...............................................................32 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.........................................................................34 ANEXOS ...................................................................................................................36

CAPTULO 1- INTRODUO

1.1

JUSTIFICATIVA: A educao especial assume, a cada ano, importncia maior, dentro da

perspectiva de atender s crescentes exigncias de uma sociedade em processo de renovao e de busca incessante da democracia, que s ser alcanada quando todas as pessoas, indiscriminadamente, tiverem acesso a informao, ao conhecimento e aos meios necessrios para a formao de sua plena cidadania. J que a educao especial em seu primeiro momento caracterizavase pela segregao e excluso, logo os portadores de necessidades especiais eram simplesmente ignorados, evitados, abandonados ou encarcerados e muitas vezes eliminados. Aps a evoluo histrica, a educao especial at 1990, passou a ser vista de um outro modo aps o evento que formalizou a educao para todos como plataforma bsica para o sistema educacional, segundo a proposta na Declarao de Salamanca (UNESCO, 1994), que levanta aspectos do contexto brasileiro a serem considerados na adoo e na implantao do processo de incluso. Por mais paradoxais e contraditrios que possam parecer, esses aspectos vm se refletindo conjuntamente nos sistemas educacionais muito embora esses reflexos gerem conseqncias inevitveis para a educao especial j que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres humanos e, pela garantia dos direitos entre eles. Por outro lado, essa mesma humanidade exclui de um ritmo de produo cada vez mais vital crescente competitividade, pela dificuldade de exercer o pleno dever de cidado de uma humanidade trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte. Emergem, assim, a necessidade de indivduos- cidados, sabedores e conscientes de seus valores, direitos e deveres. Portanto a insero de todos num programa educacional flexvel que possa abranger o mais variado tipo de alunado e oferecer o mesmo contedo curricular sem perda da qualidade do ensino e da aprendizagem.

1.2

PROBLEMTICA: A socializao do deficiente auditivo na sociedade dominante, onde

ocorre o preconceito, a falta de educadores qualificados e ambiente adequado para o atendimento do aluno com necessidades de Educao Especial.

1.3

OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral Promover a acessibilidade do portador de necessidades especiais em classe de ensino regular para que possa adquirir incentivo autonomia e o esprito crtico, criativo e passe a exercer a sua cidadania.

1.3.2 Objetivo Especfico Participao da famlia e da comunidade no processo de desenvolvimento da personalidade do educando. Ingresso do educando portador de necessidades especiais auditivas em turmas do ensino regular. Expanso do atendimento aos portadores de necessidades especiais auditivas na rede regular de ensino. Preparar o portador de necessidades especiais auditivas para o mercado de trabalho Proporcionar aos portadores de necessidades especiais auditivas as mesmas condies de aprendizagem. Sensibilizar a comunidade em relao ao preconceito incluso de portadores de necessidades auditivas. Propiciar aos professores, j em exerccio no ensino fundamental, uma formao continuada que inclua informaes e prticas acerca dos portadores de necessidades especiais.

1.4

METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa de

campo envolvendo professores,

responsveis e alunos portadores de necessidades especiais auditivas das Escola Estadual Manoel de Jesus Moraes e a Escola Municipal de Educao Infantil e Ensino Fundamental Prof Ins Mendona Maroja que funcionam sob regime de incluso, atravs de um questionrio com cinco perguntas a respeito do tema em discusso (Incluso do Surdo no Ensino Regular).

CAPTULO 2- REFERENCIAL TERICO

2.1 CONCEITO DE EDUCAO ESPECIAL um processo que visa promover o desenvolvimento das

potencialidades de pessoas portadoras de deficincias, conduta tpica ou de altas habilidades, e que abrange os diferentes nveis e graus do sistema de ensino. Fundamenta-se em referenciais tericos e prticos compatveis com as necessidades especficas de seu alunado. O processo deve ser integral, fluindo desde a estimulao essencial at os graus superiores de ensino sob o enfoque sistmico, a educao especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que a de formar cidados conscientes e participativos. Segundo Scotti (1999, p.20), a educao deve ser, por princpio liberal, democrtica e no doutrinria. Dentro desta concepo o educando , acima de tudo, digno de respeito e do direito educao de melhor qualidade. A principal preocupao da educao, dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparao para uma vida produtiva na sociedade, fundada no equilbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. A Educao Especial obedece aos mesmos princpios da Educao Geral, deve se iniciar no momento em que se identifique atraso ou alteraes no desenvolvimento global da criana e continuar ao longo de sua vida, valorizando suas potencialidades e lhe proporcionando todos os meios para desenvolv-las.

2.2 CONCEITO DE EDUCAO INCLUSIVA: a implementao de uma pedagogia que capaz de educar com sucesso todos os educandos, mesmo aqueles comprometidos, isto , oferecer s pessoas com necessidades especiais as mesmas condies e oportunidades

sociais, educacionais e profissionais acessveis as outras pessoas, respeitando-se as caractersticas especficas de cada um. Logo a Educao Inclusiva dar-se- atravs de mecanismos que ir atender a diversidade, como, por exemplo, proposta curricular adaptadas, a partir daquelas adotadas pela educao comum. O atendimento dos educandos portadores de necessidades educativas especiais includos em classes comuns, exige servios de apoio integrado por docentes e tcnicos qualificados e uma escola aberta diversidade.

2.3 QUEM O ALUNO DE EDUCAO ESPECIAL? O aluno da Educao Especial aquele que, por apresentar necessidades diferentes dos demais alunos no domnio da aprendizagem curricular correspondente sua idade, requer recursos pedaggicos e metodolgicos educativo especficos. Genericamente chamados de portadores de necessidades especiais, classificando-os em: portadores de necessidades mental, visual, auditiva, fsica, mltipla e portadores de altas habilidades (superdotados).

2.4 CARACTERSTICAS DO PORTADOR DE DEFICINCIA AUDITIVA O deficiente auditivo considerado dessa forma, ao ser constatado sua perda total ou parcial de resduos auditivos, por doenas congnitas ou adquiridas dificultando assim a compreenso da fala atravs desse rgo (ouvido). A deficincia auditiva pode manifestar-se como: - Surdez leve / moderada: aquela em que a perda auditiva de 70 decibis, que dificulta, mais no impede o indivduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilizao de um aparelho auditivo. - Surdez severa / profunda: a perda auditiva acima de 70 decibis, que impede o indivduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem de adquirir naturalmente o cdigo da lngua oral.

Os alunos portadores de deficincia auditiva necessitam de mtodos, recursos didticos e equipamentos especiais para correo e desenvolvimento da fala e da linguagem.

2.5 PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA Partindo do princpio de igualdade de oportunidade e educao para todos inegvel que deve-se ampliar as oportunidades educacionais para uma grande parcela da populao em que est inserido o acesso e permanncia escolarizao aos alunos considerados portadores de necessidades especiais. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder as necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educao de qualidade todos atravs de um currculo apropriado, arranjos organizacionais, estratgias de ensino, uso de recursos e parceria com as comunidades. Na verdade, deveria existir uma continuidade de servios e apoio proporcional ao contnuo caso de necessidades especiais encontrados dentro da escola. As crianas com necessidades educativas especiais / auditivas, deveriam receber qualquer suporte extra requerido para assegurar uma educao efetiva.

2.6 PREPARAO DOS PROFISSIONAIS Para se incluir crianas com necessidades especiais no ensino regular, deve-se pensar em uma preparao para os profissionais que iro estar envolvidos nesse processo, principalmente o educador que ir contactar diretamente com essas crianas, desta forma, o desenvolvimento de seus conhecimentos e habilidades facilitaro a sua prtica pedaggica na identificao precoce, avaliao e estimulao dessas crianas desde a pr-escola, com o auxilio de um programa assistencial infantil que atendesse a criana de 0 (zero) a 6 anos de idade no sentido de promover o desenvolvimento fsico, intelectual, social e a prontido para a escolarizao.

Contudo necessrio a interveno de profissionais especializados no processo pedaggico, pelo fato do mesmo ter experincia e fundamentaes tericas que iro facilitar o trabalho pedaggico tornando-o mais eficaz.

2.7 INCLUSO TRABALHO:

DO

PORTADOR

DE

DEFICINCIA

NO

MERCADO

DE

A integrao profissional est ocorrendo sob trs formas: - As pessoas deficientes so admitidas e contratadas em rgos pblicos e empresas particulares, desde que tenham qualificao profissional e consigam utilizar os espaos fsicos e os equipamentos de trabalho sem nenhuma modificao. - Pessoas deficientes so admitidas por empregadores que concordam em fazer pequenas adaptaes especficas para elas, por motivos prticos e no pela causa da igualdade de oportunidades, e - Pessoas deficientes so aceitas para trabalhar em empresas que as deixam trabalhando em grupos longe dos demais funcionrios e do pblico, geralmente, sem carteira assinada e/ou, se contratadas, sem promoes ao longo dos anos. Essas incluses profissionais dos portadores de necessidades especiais, esta dando-se atualmente, por iniciativa de algumas empresas, geralmente multinacionais, espelhando-se na incluso adotada em seus pases de origem Estados nicos por exemplo. A Educao Inclusiva, segundo Marech, (2001, p.2) teve incio nos Estados nicos atravs da Lei Pblica 94.142 de 1975 e atualmente j se encontra na sua segunda dcada de implementao. A socializao do deficiente auditivo na sociedade dominante, onde ocorre o preconceito, a falta de educadores qualificados e o ambiente adequado para o atendimento do aluno com necessidade de Educao Especial para que seja amenizado esta problemtica, a Educao Especial assume a cada ano, importncia maior dentro da perspectiva de atender as crescentes exigncias de uma sociedade em processo de renovao e de busca incessante da democracia, que s ser

alcanada quando todas as pessoas indiscriminadamente, tiverem acesso a informao, ao conhecimento e aos meios necessrios para a formao de sua plena cidadania. A incluso do deficiente auditivo deve ser integral, fluindo desde a estimulao essencial at os graus superiores de ensino, sob o enfoque sistmico a educao especial integra o sistema educacional vigente, identificando-se com sua finalidade, que a de formar cidados conscientes e participativos. A educao deve ser, por princpio liberal, democrtico e no doutrinrio. Dentro desta concepo o educando acima de tudo, digno de respeito e do direito educao de melhor qualidade. A principal preocupao da educao dessa forma, deve ser o desenvolvimento integral do homem e a sua preparao para uma vida produtiva na sociedade fundada no equilbrio entre os interesses individuais e as regras de vida nos grupos sociais. Desta forma o slogan Educao para todos representa um compromisso assumido por nosso pas no combate excluso de qualquer pessoa do sistema educacional. Obvio est que para alcanarmos esta meta fundamental enfrentarmos o desafio de tornar a escola um espao aberta e adequado ao ensino de todo e qualquer aluno, incluindo aqueles com deficincia. Sabemos, entretanto, que so muitos obstculos oferta de educao a esse alunado, particularmente de maneira integrada, dentro dos princpios da educao inclusiva. Sabe-se que a humanidade prima pela igualdade de valores dos seres humanos e, como tal, pela garantia da igualdade de seus direitos. Por mais paradoxais e contraditrios que possa parecer, este ser era, ou ainda excludo pelo ritmo de produo cada vez mais vital crescente competitividade por lhe dificultar o exerccio pleno de seus deveres de cidado de uma humanidade trabalhadora, produtiva, participativa e contribuinte. A Educao Especial at o ano de 1997, no havia se constitudo, enquanto mbito de ao da Secretaria Municipal de Educao (Belm) de maneira estruturada e sistemtica. Na verdade, o descaso dos administradores municipais anteriores demonstrou o quanto esta modalidade de ensino ainda no foi

compreendida em toda sua importncia, tanto pelos rgos governamentais quanto no-governamentais. A educao especial, no atual momento, vive uma dinmica vantajosa de transformao em termos da sua concepo e diretrizes legais. Neste contexto, vem reafirmar o compromisso de estabelecer um plano de ao poltico pedaggico para a rea, que envolva a perspectiva de incluso das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais. Aqui esto presentes os anseios que povoam hoje qualquer iniciativa de ultrapassar os limites da segregao, do preconceito, da inacessibilidade do espao escolar e, principalmente, da falta de qualidade do ensino pblico. Entretanto, faz-se necessrio traar, mesmo que sucintamente, contexto histrico da Educao Especial no Brasil, a fim de delinear seu processo de construo e compreenso de posicionamentos atuais. Observa-se, nos diferentes momentos histricos da educao especial, tendncias, orientaes e diretrizes diversas que vo desde compaixo at a perspectiva de incluso. Tradicionalmente, esta rea tem sido utilizada para conceituar um tipo de educao diferente da viabilizada no ensino regular, ou seja, uma modalidade da educao que se destina s crianas excepcionais. No Brasil, at os anos 50, no se falava educao especial, mas sim, na educao de deficientes: As escassas instituies que existiam e a restrita literatura disponvel direcionavam-se s deficincias especficas, no se configurando como sistema e definindo sua clientela com pessoas excepcionais, e isto , aquelas que vem em virtude de caractersticas intrnsecas, diferentes da maioria da populao, necessitavam de processos especais de educao, Bueno (1996, p.101). No se pode negar que, nesta dcada, a educao especial sofre um processo mais intenso de atuao, incluindo distrbios, desajustes e inadaptaes de diferentes origens, culminando por volta dos anos 70 com a instalao de um subsistema educacional, com a disseminao de instituies pblicas e privadas de atendimento ao excepcional e com a criao de rgos normativos, estadual federal. A nomenclatura tambm passou por modificaes. O tema proposto ser deficincia, entendendo-se esta, enquanto perda de funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica, apresentando como caractersticas, a normalidade de carter temporrio

permanente em membros, rgos ou outra estrutura corporal, incluindo a os sistemas prprios da funo mental. Atualmente, com o redimensionamento da educao especial, observase uma nova concepo e prtica diferente que resulta numa modificao da nomenclatura vigente. A educao especial decorre, agora, pelas mesmas vias que a educao regular, constituindo-se em uma modalidade de atendimento que perpassa todos os nveis de ensino. Privilegia-se uma educao inclusiva, atravs da qual as escolas devem buscar prticas de educar com xito todas as crianas, inclusive as que tem maiores comprometimentos (portadores de sndromes e deficientes mentais graves). Deste contexto demanda o termo necessidades educacionais

especiais, referindo-se a todas as crianas ou jovens cujas necessidades se originam em funo de deficincias ou dificuldades de aprendizagem Salamanca, (1994, p.67). Faz-se necessrio dizer que tais conceitos no esto fechados, as discusses no esto esgotadas, temos tais como, necessidades educativas ou educacionais, especiais ou especficas; ainda se constituem pontos de debates, cabendo a ns participar tambm deste processo. Uma das causas que levou a pensar-se em incluses dos portadores de necessidades educativas, foi pelo fato de serem atendidos em Escolas Especiais que atendiam exclusivamente alunos portadores de necessidades educativas especiais, este atendimento sofreu severas crticas, pelo fato de reduzir ou eliminar a oportunidade do convvio do aluno portador de deficincia com sua famlia, vizinhana e at mesmo com a sociedade. Todavia, importante mencionarmos que sempre haver crianas e adolescentes que necessitaro desses atendimentos em escolas especializadas. J que estas, geralmente, apresentam uma gama de servios mdicos e paramdicos, alm dos educacionais propriamente ditos, que no so encontrados nos recursos escolares comuns e que, para muitos alunos so imprescindveis. Sabendo-se da necessidade que esses alunos apresentam em socializar-se, foram instalados em escolas comuns, as classes especiais, caracterizadas pelo agrupamento de alunos de acordo com a sua categoria de excepcionalidade, com a responsabilidade de um professor especializado. Estas classes especiais funcionam como auxlio ou como servio especial, dependendo da

forma do atendimento que o mesmo esteja necessitando. Aps feito esse processo sentiu-se a necessidade em integrar ou incluir esses alunos em uma classe comum de ensino. Dado a essa necessidade, pensou-se em Escola Includente, aberta para todos, e de tal qualidade que possibilite a construo individual de todos os alunos. Com isso, percebemos uma aproximao nesses dois tipos de ensino, o regular e o especial, portanto, no se pode acabar com um nem com outro sistema de ensino, mas sim junt-los, unificando num sistema educacional nico, partindo do princpio (de que todos os seres humanos possuem o mesmo valor e os mesmos direitos), otimizando seus esforos e se utilizando de prticas diferenciadas, sempre que necessrio, para que tais direitos sejam garantidos. isso que significa, na prtica, incluir a educao especial na estrutura de educao para todos, conforme mencionado na declarao de Salamanca (UNESCO, 1994). Incluso e participao so essenciais dignidade humana e aos gozos e exerccio dos direitos humanos. No campo da educao, tal se reflete no desenvolvimento de estratgias que procuram proporcionar uma equalizao genuna de oportunidades. A experincia em muitos pases demonstra que a integrao das crianas e dos jovens com necessidades educativas mais eficazmente alcanada em escolas inclusivas que servem a todas as crianas de uma comunidade Unesco (1994). Percebe-se que com esse processo de incluso dos portadores de necessidades educativas especiais, no ensino regular, que devemos ter uma perspectiva realista: no se mudam atitudes da noite para o dia, sejam elas individuais ou coletivas. Principalmente quando consideramos que toda nossa tradio histrica tem sido omissa, preconceituosa e discriminativa. Tendo como base esse contexto, isso implica na reformulao de polticas educacionais do sentido excludente ao sentido inclusivo. Uma grande polmica referente a esse aspecto, que localidades em que a educao especial auditiva j tenha se constitudo como sistemas paralelo de ensino, refere-se onerao financeira de tal reformulao. Dessa forma, nenhum comeo fcil. Sabe-se que existe uma preocupao muito grande nesse processo de transformao da educao de um paradigma de excluso para um que seja de incluso, j que o educando est acostumado com elementos que apresentam a mesma deficincia, ao serem includos em classes regulares, torna-se

constrangedor, pois ter contato com diversos modelos de alunos, e isso os restringe no incio, depois se adaptam ao processo. H uma inquietao no que diz respeito a capacitao profissional da educao regular e da educao especial. Essa inquietao ocorre pelo fato do profissional de educao regular no se achar preparado para atuar com esses alunos includentes pelo fato de no terem cursos especficos para atuarem com essa clientela. Atualmente no curso de magistrio (quase extinto) em seu currculo d alguns embasamentos para que o educador supere essa dificuldade e tende suprir a necessidade encontrada pelo educando, quando isso no acontece recorrer aos profissionais especializados disponveis (SEMEC) a atender ao seu chamamento. Nesse caso cresce, tambm, a necessidade de se planejar programas educacionais flexveis que possam abranger os mais variados tipos de alunado e que possam, ao mesmo tempo, oferecer o mesmo contedo curricular sem perda de qualidade do ensino e da aprendizagem. Para que seja bem sucedido necessrio reunir os profissionais especializados, pedagogos da rea (deficincia) e o corpo tcnico da escola, para se chegar a um consenso e adaptar de forma coerente no currculo, tcnicas que supriro as necessidades tanto dos portadores de necessidades como dos ditos normais.

2.8 PROBLEMTICA ENCONTRADA NA INCLUSO DO SURDO A educao dos surdos um assunto polmico, que traz a tona limitaes e problemas do sistema educacional vigente. As propostas educacionais direcionadas para crianas surdas tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Contudo, diferentes prticas pedaggicas envolvendo tais sujeitos apresentam uma srie de limitaes e estes, ao final da escolarizao fundamental (que no alcanada por muitos) no so capazes de ler e escrever satisfatoriamente ou ter um domnio adequado dos contedos. Dessa forma as diretrizes oficiais e discusses sobre a incluso de surdos mostram ambigidade e indefinies. Reconhecem que o uso da lngua de sinais um direito do surdo e uma forma de garantir melhores condies de escolarizao. Por exemplo o Plano Nacional de Educao Especial (MEC/SEESP,

1994) prope o incentivo ao uso e oficializao da Lngua Brasileira de Sinais. Entretanto, so vagas as recomendaes para a escola, comum e seus professores, no ficam especificadas diretrizes no sentido de oportunizar a construo de uma condio bilnge do surdo ou de oferecer um ensino que, em algum aspecto, seja desenvolvido por meio da Lngua de Sinais. Os discursos atuais evidenciam uma urgncia em incluir o aluno portador de deficincia auditiva na escola regular. O argumento mais invocado a Declarao de Salamanca junto com outros 87 governos. Na verdade, o que fica no esquecimento o que diz seu artigo 19, assumindo pelos rgos oficiais: Polticas educacionais deveriam levar em considerao as diferenas e as situaes individuais. A importncia da lngua de sinais como meio de comunicao entre surdos, que deveria ser reconhecido. O fato que os rgos governamentais legitimam o compromisso com a incluso social, mas no provm de recursos para atendimento educacional das escolas pblicas. O caso do uso da lngua de sinais pelo surdo um exemplo significativo, pois afirma-lhes o direito de uso, mas h apenas uma recomendao para que pais e professores aprendam essa lngua. A incluso do aluno surdo no deve ser norteada pela igualdade em relao ao ouvinte e sim em suas diferenas scio-histrico-culturais, s quais o ensino se ancore em fundamentos lingsticos, pedaggicos, polticos, histricos, implcito nas novas definies e representaes sobre a surdez. Todavia, selecionar uma lngua traz uma srie de tenses, principalmente por se inscreverem um grupo majoritrio de ouvintes, e outro grupo minoritrio daqueles que no ouvem. A escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lgica de igualdade, lida com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditria, ou seja, nega-lhe sua singularidade de indivduo portador de deficincia auditiva. Tais inconsistncias reivindicam uma reviso educacional, que trace uma nova viso curricular com base no prprio surdo. Em relao polmica discusso acerca da educao dos surdos, configura-se a questo curricular, pois as escolas encontram-se atreladas a uma ideologia oralista, conveniente aos padres dos rgos de poder. Na educao dos surdos, o currculo faz parte de prticas educativas e efeito de um discurso dominante nas concepes pedaggicas dos ouvintes. Estas aes materializam-se na afirmao de que o currculo um espao contestado de

relao de poder, o que significa dizer que, nas prticas escolares, estas questes esto literalmente veiculada em uma ordem necessria. O que a escola discute atualmente, por meio de seu currculo, que como se organizam os saberes e o conhecimento dentro do espao para se ter uma educao de qualidade Silva (2001, p.21). Mas, para que estas questes passem a ser legtimas, necessrio ir alm delas, olhando o currculo no apenas como organizao de contedo, pois a educao no neutra em seus valores. No currculo h o conflito na compreenso do papel da escola em uma sociedade fragmentada do ponto de vista racial, tnico e lingstico. preciso, assumir uma perspectiva scio-lingstica e antropolgica na educao dos surdos dentro da instituio escolar, considerando a condio bilnge do aluno surdo Silva (2001, p. 21). Atualmente tem-se falado muito em mudanas educacionais dos surdos. Repensar esta proposta, na verdade, uma tarefa desafiadora. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao (LDB- Lei n 9394/1996), em seu artigo 58, captulo V, define a Educao Especial:como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino devero assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite tambm que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou servio especializado.

2.9 HISTRICO DE EXCLUSO: O QUE ? PORQUE ACONTECE? ONDE ACONTECE? Sabe-se que as pessoas deficientes / portadoras de necessidades especiais, desde os tempos primrdios no recebiam nenhuma ateno educacional, nem outros servios, simplesmente por parte da sociedade que os ignorava, rejeitava, perseguia e explorava essas pessoas, por serem consideradas possudas por maus espritos ou vtimas de sina diablica e feitiarias (JONSSON, 1994, p.61). Dado a esses procedimentos da sociedade e da famlia direcionadas as pessoas deficientes serem freqentes e excludentes surgiram vrios problemas sociais como explorao do trabalho infantil, prostituio e privao cultural e a falta

de estmulo do ambiente e da escolaridade. Dessa forma comeou-se a praticar a excluso social dessas pessoas por pertencerem a minoria da populao. Em vrias partes do Brasil ainda vemos a excluso e a segregao de diversos grupos sociais vulnerveis. Muito embora na segunda metade dos anos 80 nos pases mais desenvolvidos comearam a surgir movimentos de incluso social, tomando impulso na dcada de 90. Esses movimentos tem por objetivo a construo de uma sociedade para todos inspirado nos princpios de celebrao das diferenas, direito de pertencer, valorizao da diversidade humana, solidariedade humanitria, igual importncia minorias, cidadania com qualidade de vida. Dessa forma, segundo Jonsson (1994, p.61) comeou a surgir em muitos pases desenvolvidos, a educao especial para crianas deficientes, que antes eram atendidas em instituies por motivos religiosos ou filantrpicos e com pouco ou nenhum controle sobre a qualidade da ateno recebida. Assim sendo, algumas dessas crianas passaram a vida inteira dentro dessas instituies, fazendo com que surgissem as escolas especiais, pois a sociedade comeou a admitir que as pessoas deficientes poderiam ser produtivas e recebessem escolarizao e treinamento profissional. Em seguida surgiram as classes especiais dentro de escola comum, o que aconteceu no por motivo humanitrios e sim para garantir que as crianas diferentes no interferissem no em sino ou no absorvessem as energias do professor a tal ponto que o impedissem de instruir adequadamente o nmero de alunos matriculados nessas classes. (CHAMBERS e HARTMAM in JONSSON, 1994, p.62). Para que as pessoas com deficincia pudessem ter participao plena e igualdade de oportunidades, seria necessrio que no se pensasse em adaptar as pessoas sociedade e sim a sociedade as pessoas (JONSSON, 1994, p.63). Isso fez com que no final da dcada de 80 surgisse a idia de incluso. Logo os pases desenvolvidos como os EUA, Canad, Espanha, Itlia..., foram os pioneiros na implantao de classes inclusivas e de escolas inclusivas. Conforme pudemos constatar a educao inclusiva comea a ganhar novos adeptos logo aps a Declarao Mundial de Educao para todos, aprovada

pela ONU (1990), inspirado no Plano Decenal de Educao para todos (BRASIL, MEC, 1993). Em seguida, a UNESCO registrou na Declarao de Salamanca (1994), o conceito de incluso no campo da educao comum.

2.10

O IDEAL DAS LEIS E POLTICAS INCLUSIVASNosso pas no pode desperdiar ningum e precisamos investir no enorme potencial de cada pessoa atravs da implementao da Lei dos Americanos com deficincias. A minha administrao compromete-se a mudar a poltica pertinente deficincia; da excluso para a independncia, do paternalismo para o impowerment- Presidente dos E.U.A, Bill Clinton, 23/07/93.

Sabe-se que no Brasil quase tudo espelhado em leis americanas e como no deixaria de ser essa legislao tem sido vista como o meio mais importante para acabar com a discriminao da sociedade, de um modo geral, e das empresas, em particular, contra a insero de pessoas portadoras de deficincia (GIL e BENGOECHEA, 1991). Portanto a legislao uma faca de dois gumes. Por um lado as lei foram para pressionar empregadores a contratarem pessoas deficientes, do outro lado elas podero criar antipatia em relao a estas pessoas. Por isso, percebe-se que elas precisam ser revistas, j que na maioria das vezes, so demoradas ou nunca acontecem. Com relao as pessoas com deficincias, basicamente existem dois tipos de leis: as gerais e as especificamente pertinentes pessoas deficientes. Leis Gerais integrao mistas: so aquelas que contm dispositivos separados sobre o portador de deficincia para lhe garantir alguns direitos, benefcios ou servio. Temos como exemplo as Constituies Federal e Estadual (BRASIL, 1998, por ex. S. Paulo, s.d), o Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA, Brasil, 1993) e a Lei Federal n 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata da educao profissional (BRASIL, 1996). Leis Especficas integracionistas so aquelas que trazem no seu bojo a idia de que a pessoa com deficincia ter direitos assegurados desde que

ela tenha a capacidade de exerc-los. o caso da Lei n 7.853/89, pargrafo nico, II, f, que trata da matrcula compulsria em cursos regulares de estabelecimentos pblicos e particulares de pessoas portadoras de deficincia capazes de se integrarem no sistema regular de ensino (BRASIL, 1994 b); a Instruo Normativa n 5, que dispe sobre a fiscalizao do trabalho das pessoas portadoras de deficincia (BRASIL, 1991); e a Lei n 8.859, de 23/03/94, que entende aos alunos de ensino especial o direito participao em atividades de estgios (BRASIL, 1994). A Educao Inclusiva teve incio nos Estados Unidos atravs da Lei Pblica 94.142, de 1975, encontrando-se na segunda dcada de implementao. No contexto da Declarao de Salamanca consiste:proporcionar uma oportunidade nica de colocao da educao especial dentro da estrutura de educao para todos firmada em 1990 [...] ela promoveu uma plataforma que afirma o princpio e a discusso da prtica de garantia de incluso das crianas com necessidades educacionais especiais nessas iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem (UNESCO, 1994, p.15)

No que diz respeito ao conceito de necessidades educacionais especiais, a Declarao afirma que:durante os ltimos quinze ou vinte anos, tem se tornado claro que o conceito de necessidades educacionais especiais teve de ser ampliado para incluir todas as crianas que no estejam conseguindo se beneficiar com a escola seja por que motivo for. (UNESCO, 1994, p.15)

CAPTULO 3- A PESQUISA

3.1 A COLETA DE DADOS Ao realizarmos a pesquisa de campo, para sabermos a opinio de algumas pessoas que esto inseridas nesse processo de incluso, entrevistamos trs (3) educandos e trs (2) educadores da rede pblica, juntamente com dois (2) famlias ou responsveis por esses educandos portadores de necessidades especiais auditivas. Segundo depoimento dos educandos, a maior dificuldade encontrada por eles dar-se no relacionamento com os educadores e com os prprios educandos, pelo fato dessa incluso ser feita de forma brusca, encontrando educadores sem preparo para receb-los, e os educandos sem o hbito de conviverem em sala de aula com pessoas diferentes. Sabe-se que para que haja essa incluso, precisa-se sensibilizar e treinar todos os funcionrios da instituio, desde o pessoal de apio at o diretor ou administrador, que o educando portador de necessidades especiais requer um atendimento especfico pela dificuldade que tem em se comunicar com os demais, essa incluso para eles causou um grande impacto, fazendo com que os mesmos se isolassem por determinado tempo at que se adaptassem ao meio a qual estava se inserindo. De acordo com o depoimento desses educandos entrevistados, foi muito difcil a sua aceitao no grupo, com o passar do tempo que os colegas comearam a perceber que os mesmos (portador de deficincia) precisavam de ajuda, passando assim a auxili-los no desenvolvimento e entendimento das atividades propostas em sala de aula. O grande problema estava nos educadores que para ministrar suas aulas no se preocupavam com a presena do aluno portador de necessidades especiais auditivas que precisam de certos requisitos para que possam entender melhor o que repassado em sala de aula, para o educador a aula administrada como se fosse uma turma de alunos normais, sem se preocupar com as especificidades da escola inclusiva.

Segundo os educandos a disciplina mais difcil para entender o Portugus pela falta de comunicao, dificultando a interpretao e a produo de texto, nas demais disciplinas h dificuldade de assimilar os contedos, porm se torna mais flexvel a aquisio desses conhecimentos at mesmo pela colaborao que os colegas lhes do, para que haja um aprendizado melhor. Os alunos que participaram dessa entrevista, relataram que as escolas ainda no esto preparadas para a incluso dos surdos (severos -70 a 90 dB). Isto ocorre desde o ambiente escolar que no adequado, as necessidades mnimas do aluno, assim como os educadores no esto capacitados para lidar ou se comunicar com surdos (profundo- acima de 90 dB). A dificuldade ao se relacionarem com os colegas dar-se- pela forma de comunicao, pois os mesmos no tm habilidade nem conhecimento de como interagir com os portadores de necessidades especiais, discriminando-os muitas vezes, fazendo com que se exclua do grupo. Sobre a pergunta feita na insero do surdo no mercado de trabalho, segundo os depoimentos os surdos, infelizmente ainda so discriminados pela dificuldade encontrada na comunicao. Sabe-se que no processo de incluso h um grande desafio e ao mesmo tempo uma troca afetiva, que se d exatamente para toda sociedade, o qual dever ser feito um trabalho de conscientizao, um trabalho essencial para a construo de uma sociedade mais justa e igualitria, na qual as diferenas sejam consideradas e respeitadas. O que se percebe que no mercado de trabalho as pessoas portadoras de necessidades especiais recebem na mdia abaixo do salrio mnimo, e a explorao e a cobrana bem maior, talvez para testar a capacidade dessas pessoas nas atividades que iro desempenhar em suas funes. De acordo com o posicionamento dos professores entrevistados o assessoramento que lhes so oferecidos dar-se de forma insuficiente, j que os profissionais (tcnicos) que os assessoram, o faz uma vez por semana, ou trocando idias nos encontros realizados pelo rgo a qual pertencem, sendo assim insuficiente para a sua prtica pedaggica. Referente ao currculo no h especificidade para adapt-lo a essa clientela. A metodologia aplicada depende muito do professor que de acordo com

seus conhecimentos e competncia ir desempenhar suas atividades em sala de aula. Percebe-se que a dificuldade mais acentuada encontra-se na forma de como se comunicar com essas crianas surdas, pelo fato de no conhecerem a fundo a tcnica de comunicao utilizada atravs da lngua de sinais que os profissionais no tem (domnio) habilidades para que haja uma comunicao professor x aluno ou vice-versa. Um dos fatores que dificultam o desempenho desse profissional de educao no que diz respeito ao ambiente de trabalho a falta de estrutura em que o espao da sala de aula no esta adequado para atuar com especificidade para o atendimento dessas crianas de acordo com sua deficincia. O desempenho do profissional dar-se- de forma mais gratificante, quando h a participao da famlia dando suporte de como entend-lo, j que os mesmos tm mais contato com a criana, fazendo um resgate de sua auto estima. Segundo relatos da famlia, esse processo inicialmente trouxe bastante problema para os portadores de necessidades especiais principalmente os surdos, pelo despreparo profissional j que estes precisam de uma comunicao especfica, ou seja, o professor deveria pelo menos ter um mnimo de conhecimento sobre a lngua de sinais (LIBRAS), para que houvesse um melhor relacionamento e entendimento entre professores e alunos. O processo de incluso dos portadores de necessidades especiais auditivos, para uns traz benefcios quando apresenta surdez leve, porm, aos que apresentam surdez profunda ou severa, s vezes causa isolamento, ou seja, excluso, pelo fato de comunicar-se mais atravs de sinais, e nem toda a comunidade escolar esta preparada para lidar com esse tipo de deficincia. O relacionamento com a famlia segundo depoimento dos pais, normal. J com os professores e colegas no incio apresentaram dificuldades, pois vinham de instituio ou escolas especializadas, com convivncia de pessoas portadoras da mesma deficincia, facilitando assim seu entrosamento. Com o processo de incluso tiveram que se adaptar ou se isolar dos demais.

Sabe-se que esse processo ter melhores xitos, no momento em que os profissionais da educao se qualifique e capacite-se para atender essa clientela que requer atendimento especfico, no caso da surdez severa.

3.2 ANLISES DAS ENTREVISTAS: De acordo com os depoimentos de professores, familiares e alunos respeito do processo de incluso, chegamos a concluso como se reporta uma das mes entrevistadas, que na teoria tudo satisfatrio, porm na prtica est deixando a desejar. Isso nos reporta a Bueno (1993) em suas anlises, afirma que o descompasso ainda maior entre a teoria e a prtica, entre o discurso oficial e a realidade. A populao portadora de necessidades especiais, que socialmente, j to estigmatizada do ponto de vista de sua escolaridade. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao, de 20/12/96, a maioria das crianas portadoras de necessidades especiais passam a ser atendidas na escola regular com exceo de algumas delas que prosseguiro sua escolaridade em instituio ou classes especiais, quando sua deficincia muito comprometida dificultando assim sua incluso. Evidentemente, a fora e a importncia da nova Lei de Diretrizes e Bases, no que concerne educao especial, no pode ser subestimada. Ela no institui somente a obrigatoriedade do portador de necessidades especiais freqentar a rede regular de ensino, como estabelece servio de apoio especializado para o atendimento das peculiaridades de cada criana. No que concerne ao corpo docente, prev um quadro de professores qualitativamente preparados para atuar junto a esses alunos. O que contradiz aps as entrevistas realizadas, em que, foi unnime a afirmao em todas as categorias entrevistadas que o profissional que est atendendo as pessoas portadoras de necessidades especiais no processo de incluso no esto capacitadas para atuar com essa clientela, que queira ou no, precisam de tcnicas e mecanismos para desenvolver suas habilidades, principalmente se as pessoas apresentarem surdez profunda. Dessa forma afirma Glat (1988, p.11):

se no houver uma modificao estrutural no sistema educacional brasileiro, a incluso de alunos portadores de necessidades especiais, principalmente os mais prejudicados, nunca ser concretizada, logo, a noo de incluso total no uma proposta, e sim uma utopia.

Portanto, qual seria a vantagem, para um aluno com uma deficincia auditiva severa, de freqentar uma classe em que ele no compreende a aula, no consegue fazer os mesmos trabalhos que os outros colegas fazem e fica em um canto, pois o professor no consegue transmitir-lhe os contedos por no ter preparo nem conhecimento da lngua de sinais (LIBRAS), para facilitar seu aprendizado. Acredita-se que, em nvel de pr-escolar, a integrao ou incluso de crianas com deficincias de vrios nveis, sejam viveis, desde que, essas crianas tenham atendimento especializado paralelo ou simultneo e seus professores recebam orientao de como lidar com elas, independentemente do tipo ou grau de deficincia. Porm, para aqueles alunos mais prejudicados, preciso planejar com muito cuidado essa insero, para que no seja mais um excludo do processo educacional.

CAPTULO 4- CONSIDERAES FINAIS

Analisando a situao existente em nosso pas, pode-se constatar, nas ltimas dcadas, foi empreendido inegvel esforo por parte de determinados segmentos sociais e polticos no sentido de incluir em vrias leis o direito igualdade educacional e atendimento integrado de aluno com deficincia auditiva na rede regular de ensino. Mesmo com o respaldo legal, observa-se que o sistema educacional no se estruturou para oferecer esse servio educacional, as pessoas portadoras de deficincia em geral, principalmente no sistema pblico de ensino. J que a incluso no de interesse apenas dos alunos com deficincia auditiva, uma vez que ao inserirmos este educando na escola regular estar-se exigindo da instituio novos posicionamentos e procedimentos de ensino baseados em concepes e prticas pedaggicas mais evoludas, alm de mudanas na atitude de professores, modos de avaliao e promoo dos alunos para sries e nveis de ensino mais avanados. A incluso igualmente um motivo que fora o aprimoramento da capacitao profissional dos professores em servios e que questiona a formao dos educandos. A integrao tem sido muito falseada na maior parte dos planos e projeto na rea de educao do portador de deficincia auditiva em nosso pas, conforme o pensamento de Mazzotte que diz ser a integrao apenas constante nos documentos oficiais e nos discursos polticos. Na verdade, ainda persistem muitas polmicas sobre o significado real de integrao, muitas vezes as pessoas envolvidas nesse processo procede de forma instituitiva, no conduzindo uma integrao educacional efetiva, nesse caso h uma mera integrao fsica, e no um atendimento especfico que venha atender as necessidades do deficiente, principalmente o auditivo que requer de especificidade em sua comunicao, variando de acordo com o nvel de perda auditiva. No mbito escolar, observa-se a falta de preparo pedaggico do professor para atender essa clientela, pois os cursos de formao para o magistrio

no d uma fundamentao terica nem prtica para o exerccio da funo referente a esse processo. Nesse caso, o professor de classe regular necessita de acompanhamento do especialista para minimizar a sua angstia. Dessa forma, torna-se necessria uma preparao prvia desse professor, a reduo de nmeros de alunos por turma, uma estrutura fsica adequada e o apoio especializado ao docente regular, um acompanhamento permanente aos pais e uma campanha de conscientizao com sobre a problemtica da incluso do surdo em classe regular. Sabe-se que, ainda h muito o que fazer, pensar, pesquisar, discutir e debater sobre esse assunto, que por si s to complexo. As possibilidades no se esgotam com esta pesquisa, to pouco considera-se encerrado as discusses sobre o tema. Logo, o objetivo maior sensibilizar o meio acadmico, os pais, os professores que trabalham ou no com educao especial e a prpria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas encontrados pelos portadores de deficincia auditiva, quanto a seus anseios, as suas dvidas e os seus desejos. Pode-se falar em integrao ou incluso dos portadores de deficincia auditiva no ensino regular a medida que esses segmentos se mobilizarem para tentar minimizar o tema em estudo, certamente estaremos dando um passo definitivo contra a excluso e a favor da incluso constituindo um motivo para que a escola se modernize e atenta s exigncias de uma sociedade que no admite preconceito, discriminao, barreiras sociais, culturais ou pessoais. a comunidade

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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CONFERNCIA MUNDIAL SOBRE NECESSIDADES EM EDUCAO ESPECIAL. A Declarao de Salamanca sobre princpios. Poltica e Prtica em Educao Especial. 1994.

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JOVER, Ana. Incluso: uma utopia possvel. Nova Escola. n. 123, p.8-17, jun. 1999.

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SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAO. Escola Cabana Construindo uma Educao Democrtica e Popular. Caderno de Educao n 01,. Belm. Out/ 1999.

SILVA, Marlia da Piedade Marinho. A construo de sentidos na escrita do aluno surdo. So Paulo: Plexus, 2001.

ANEXOS

ANEXO I ENTREVISTA COM OS ALUNOS

1)

Voc encontra ou encontrou dificuldades ao ser includo no ensino regular? Cite as vantagens e desvantagens.

2)

Quais as disciplinas que dificulta mais seu aprendizado? Justifique-a.

3)

A escola est preparada para a incluso dos surdos? Como seu relacionamento com os colegas e professores?

4)

Como voc analisa a incluso do surdo no mercado de trabalho?

5)

Os professores esto preparados para ministrar aulas aos portadores de necessidades auditivas? Justifique.

ANEXO II ENTREVISTA COM OS PROFESSORES

1)

Voc recebe assessoramento para o desempenho de suas atividades pedaggicas em relao as crianas com deficincia auditiva?

2)

Voc reformulou o Currculo e a Metodologia para poder trabalhar com essa criana (surda) na Incluso?

3)

Voc tem facilidade de se comunicar com essa criana (surda)? E os colegas?

4)

O seu ambiente de trabalho est de acordo com a Metodologia aplicada?

5)

Como voc analisa o papel da famlia nesse processo educacional?

ANEXO III ENTREVISTA COM A FAMLIA

1) Como voc v o processo de incluso para criana portadora de necessidades especiais no Ensino Regular?

2) Como realizado o relacionamento da famlia com a criana surda?

3) Qual as dificuldades encontradas no processo de incluso de seu filho? H um bom atendimento?

4) Voc acha que a incluso desta criana traz benefcios para o mesmo?

5) Como voc percebe o relacionamento de seu filho na escola, com o(a) professor(a) e com os colegas?