TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ISNTITUTO DE ARTES MAYARA MOARA HIRAKAWA GLÓRIA Arte mídia independente: ateliê-laboratório de ensino-aprendizado de videoclipe São Paulo 2013

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TCC de Licenciatura 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ISNTITUTO DE ARTES

MAYARA MOARA HIRAKAWA GLÓRIA

Arte mídia independente: ateliê-laboratório de ensino-aprendizado de

videoclipe

São Paulo

2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ISNTITUTO DE ARTES

MAYARA MOARA HIRAKAWA GLÓRIA

Arte mídia independente: ateliê-laboratório de ensino-

aprendizado de videoclipe

Trabalho de conclusão de curso apresentado por Mayara Moara

Hirakawa Glória como requisito parcial para a conclusão do curso de

Artes Visuais (Habilitação em Licenciatura) no Instituto de Artes da

Unesp – campus São Paulo Orientado pelo Prof.Dr. Pelópidas

Cypriano de Oliveira

São Paulo 2013

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MAYARA MOARA HIRAKAWA GLÓRIA

Arte mídia independente: ateliê-laboratório de ensino-aprendizado de videoclipe

Grau:________________

BANCA EXAMINADORA

São Paulo 2013

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Em memória ao meu amado pai, meu herói.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente à classe de Empreendedorismo

em Artes de 2013 pelo acolhimento, tornando possível a

realização desse trabalho.

Ao prof. Pelópidas, por me orientar mais uma vez, e por

ter me cedido espaço para a realização da parte

empírica dessa pesquisa.

À minha querida família, principalmente aos meus pais,

meu irmão, e minhas irmãs, por me propiciarem toda a

estrutura, apoio, e carinho para que eu pudesse chegar

até aqui.

Ao meu amado noivo, companheiro de debates, por

estar sempre ao meu lado acreditando em mim, mesmo

quando não o conseguia.

Aos meus amigos que sempre torceram por mim.

À toda comunidade do IA: aos professores que

ampliaram meus horizontes, aos colegas que me

inspiraram, e aos funcionários que me auxiliaram.

E obrigada à todos aqueles que, não cabem aqui, mas

que já realizaram um gesto de gentileza por mim.

Page 6: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

Resumo

O videoclipe configura-se um audiovisual capaz de prover de maneira

profunda o intercâmbio entre as linguagens visual e musical. Dessa maneira

o estudo a seu respeito se constituí em um eficiente meio para a acepção

acerca do potencial estético da interação entre o vídeo e a musica. Não

obstante, o videoclipe trata-se de um gênero que cada vez mais ganha

relevância devido às características inerentes à sua linguagem e, por

convergir diferentes formas expressivas, se configura num fértil campo de

experimentações estéticas, o que o permite influenciar significantemente

outros audiovisuais.

Na atualidade, a produção de videoclipe de forma independente veem

se intensificando, devido à maior horizontalidade na distribuição e veiculação

da produção propiciada pela internet.

Em vista desse contexto, o presente trabalho apresenta uma busca

para a elaboração de aulas voltadas para o ensino-aprendizado do

audiovisual videoclipe. Dessa forma, a primeira parte desse trabalho se

dedica à apresentar um relato acerca de uma experiência prática-pedagógica

dessas aulas, realizadas durante a disciplina Empreendedorismo em Artes,

no Instituto de Artes da UNESP, durante o ano de 2013. Sobre as acepções

obtidas dessa experiência, identificam-se oportunidades de melhoria no

processo e aprimoramento das aulas. E como resultado final da pesquisa,

através da organização do conteúdo desenvolvido para as aulas acerca dos

processos e procedimentos técnicos na produção audiovisual, além das

especificidades conceituais do videoclipe, apresento o material didático

orientado ao docente.

Palavras chave: videoclipe; produção; prática pedagógica; ateliê-laboratório;

relato; material didático;

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Abstract

The music video stands as an audio-visual capable of promoting in a

deep way the exchange between the visual and musical languages. Thus, the

study about it, constitutes a very efficient mean to the understanding of the

aesthetic potential of the interactions between the video and the music.

Nevertheless, the music video comes up as a genre that gains more and

more relevance, due to the characteristics that are inherent to its language

and, by converging different forms of expression, configures itself in a very

fertile field for aesthetical experimentations, which allows it to significantly

influence other audio-visuals.

Nowadays, the independent production of music video has being

increasing, due to the more horizontal distribution and broadcasting of the

production, provided by the internet.

Given this context, this paper presents a research for the formulation of

lessons focused on the learning-teaching of music videos. Thus, the first part

of this paper is dedicated to present a report about a practical-pedagogical

experience on these lessons, performed during the course of

Entrepreneurship in Art, in the Art Institute, at UNESP, during the year of

2013. About the findings obtained through this experience, we will identify the

opportunities to improve the process as well as the lessons. As a result from

this research, through the organization of the content developed for lessons

about the processes and technical procedures in audiovisual production, in

addition to the specific concept of the music video, I present the educational

material oriented to the teacher.

Keywords: Music video, production, pedagogical practice, atelier-lab, report,

teaching materials;

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01..........................................................página 13

Figura 02.......................................................... página 13

Figura 03.......................................................... página 14

Figura 04.......................................................... página 14

Figura 05.......................................................... página 15

Figura 06.......................................................... página 15

Figura 07.......................................................... página 19

Figura 08.......................................................... página 19

Figura 09.......................................................... página 20

Figura 10.......................................................... página 20

Figura 11.......................................................... página 21

Figura 12.......................................................... página 21

Figura 13.......................................................... página 24

Figura 14.......................................................... página 24

Figura 15.......................................................... página 25

Figura 16.......................................................... página 25

Figura 17.......................................................... página 26

Figura 18.......................................................... página 26

Figura 19.......................................................... página 30

Figura 20.......................................................... página 30

Figura 21.......................................................... página 31

Figura 22.......................................................... página 31

Figura 23.......................................................... página 34

Figura 24.......................................................... página 34

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SUMÁRIO

1. Apresentação da pesquisa...........................................................................1

2. Relato da prática pedagógica.......................................................................4

2.1 Introdução à experiência..................................................................4

2.2 Plano de ensino..........................................................................7 2.3 Dia 1 - Gerenciamento de equipe: estrutura de produção.............11

2.4 Dia 2 - A pré-produção: roteiro e gerenciamento de recurso.........17

2.5 Dia 3 - Enquadramento, composição e técnicas narrativas...........22

2.6 Dia 4 - Produção: iluminação e som..............................................28

2.7 A diária da filmagem dos videoclipes.............................................33

3. Conclusão...................................................................................................36

4.Anexo...........................................................................................................40

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! 1!

1. Apresentação da Pesquisa

Minha pesquisa acerca da elaboração do aprendizado da produção de

videoclipe teve início através das minhas experiências pessoais na confecção

deste audiovisual. Ao decorrer da minha graduação, sempre que possível,

desenvolvi meus trabalhos no suporte vídeo, uma vez que sempre fui

entusiasta da área audiovisual, devido principalmente ao seu caráter

plurívoco, incorporando várias linguagens em um único suporte. Contudo, por

muito tempo, sentia que meus trabalhos pareciam nunca atingir seu

potencial expressivo, sempre permanecendo num estágio incompleto de seu

amadurecimento como obra.

Paralelamente à minha graduação, juntamente à dois colegas de

moradia, desenvolvemos um projeto de animação para um concurso de

videoclipes, sendo a minha primeira experiência com esse gênero

audiovisual. Posteriormente movida sobretudo ao meu contato íntimo com a

música através do meu noivo, uma vez que a música é um ofício de família à

gerações, passei a desenvolver projetos como produtora visual de seus

trabalhos, dando continuidade na produção de videoclipes. Dessa forma,

através dessas experiências, finalmente pude diagnosticar a deficiência

trazida nos dos meus trabalhos em vídeo anteriores: a relação do som e a

imagem.

Anteriormente às minhas experiências na produção de videoclipe, o

som nos meus trabalhos tinham um papel secundário; quando existentes,

consistiam em mero aparato dispensável, limitando-se à sonoplastias para o

preenchimento de um silêncio estéril. Após essa constatação, pude notar que

essa maneira de encarar o papel do som nos trabalhos audiovisuais parecia

uma constante entre os alunos do curso de Artes Visuais, uma vez que esse

perfil tende à dar uma importância muito maior para a imagem em detrimento

do som, o que torna o campo sonoro para essas pessoas um terreno muito

nebuloso. Essa limitação ao plano visual torna-se muito prejudicial para o

desenvolvimento do artista, principalmente na elaboração de obras da área

audiovisual, e o videoclipe além de se constituir em um audiovisual com uma

Page 11: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 2!

linguagem dotada de um grande potencial expressivo por si só, se configura

em um eficiente meio para a o profundo desenvolvimento da compreensão da

sinestesia oriunda da interação entre som e imagem.

O estudo voltado especificamente para o videoclipe possuí grande

valia uma vez que esse gênero carrega em si uma forma de linguagem

transigente, um amálgama intersemiótica, que por unir diferentes tipos de

linguagens tais como a visual, rítmica, textual, gráfica em um único produto,

acaba por possuir um singular potencial sinestésico, tornando-se um fértil

campo para a experimentação de novas estéticas audiovisuais.

Essas características tornaram-no uma das linguagens mais

emblemáticas da contemporaneidade, e por se adaptar de forma tão eficiente

à cultura de troca rápida de informação, o videoclipe, atualmente não apenas

realiza o processo de convergir várias outras formas de arte tais como o

cinema, a televisão a vídeo arte, em sua linguagem, mas como também o

processo oposto parece ser cada vez mais constante, em que são essas

outras formas de arte que estão sendo “contaminadas” pelo videoclipe.

Devido à progressiva migração dos conteúdos oriundos do meio

televisivo para a internet e em virtude sobretudo da popularização das

plataformas de compartilhamento de informações e arquivos, em especial o

youtube, profundas mudanças ocorreram na maneira da veiculação de

audiovisuais tais como o videoclipe. Este contexto virtual representa uma

enorme ampliação tanto da importância quanto da visualidade da produção

independente do videoclipe. Uma vez que a internet é um espaço

praticamente isento de uma figura intermediária entre o locutor e o receptor,

elimina-se o caráter centralizado do provedor da informação existente no

meio televisivo, em que os conteúdos para serem veiculados necessitam

estar em sincronia com uma série de fatores, como interesses comerciais e

padrões de produção. Nesse sentido o contexto atual representa um fértil

solo para o desenvolvimento das potencialidades estéticas propiciadas pelo

videoclipe, já que, dentro desse contexto, sua produção não precisa estar

necessariamente atrelada à uma função de propaganda da indústria

fonográfica, de maneira a explorar a linguagem do videoclipe para outras

finalidades.

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! 3!

Tendo em vista estes fatores, o presente trabalho busca produzir um

material apropriado ao ensino dos preceitos básicos, técnicos e conceituais,

da produção de videoclipes. O resultado final desta pesquisa objetiva

apresentar um conteúdo capaz de munir o docente nos conceitos das

diversas etapas da produção, principalmente nos mais básicos e

elementares, para que o mesmo possa capacitar-se a conduzir o estudo

deste audiovisual.

Para tanto, partindo da minhas experiências pessoais na produção de

videoclipe, identifiquei diversos pontos de atenção e dúvidas acerca do

assunto, que tendem a confundir ou representar dificuldades, quando da

execução independente. Em virtude disto, realizei uma pesquisa bibliográfica

sobre os fatores técnicos, comuns a todos os audiovisuais, bem como sobre

os conceitos específicos relacionados ao videoclipe e sua singular linguagem.

No decorrer desta pesquisa, recebi a oportunidade de acompanhar, bem

como de colaborar na aplicação de, uma disciplina optativa sobre o tema.

Todos estes fatores culminaram na produção deste estudo que, nos capítulos

que seguem, apresenta o relato da experiência da aplicação dos meus

estudos iniciais sobre o tema, acompanhado das minhas impressões sobre a

acepção do conteúdo por parte dos discentes. Sobre este resultado, discorro

de modo a identificar oportunidades de melhoria acerca da abordagem

pedagógica empregada. Após isso, apresento o material didático, orientado

ao docente, resultante deste estudo.

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! 4!

2 Relato da prática pedagógica

“É a caminhar que a criança aprende a andar;

é a falar que a criança aprende a falar;

é a desenhar que a aprende a desenhar”

(Célestin Freinet)

2.1 Introdução à experiência

Durante o processo de elaboração deste seguinte trabalho, o professor

Pelópidas Cypriano, seguindo a linha pedagógica de Freinet que defende a

vivência prática como o meio mais eficiente para uma profunda e verdadeira

acepção do conhecimento, me propôs a oportunidade de consolidar minha

pesquisa numa vivência empírica em sala de aula, cedendo-me espaço para

a realização da prática nas aulas da disciplina optativa Empreendedorismo

em Artes. A disciplina Empreendedorismo em Artes visa a capacitação do

aluno em se inserir na sociedade como um profissional de artes, através do

desenvolvimento de um projeto de empreendedorismo, de acordo com a área

de interesse do grupo, para ser concretizado.

O projeto de empreendedorismo em desenvolvimento era o de prestar

serviços, como produtora, na produção de videoclipes para as bandas de

uma escola de música. Coincidindo justamente com a proposta do meu

trabalho que consistia no ensino-aprendizado de videoclipe, dessa forma o

professor Pelópidas me ofereceu a oportunidade de colaborar na capacitação

da turma na produção de videoclipes. O termo ensino-aprendizado nessa

experiência teve um significado bastante literal, ao mesmo tempo distinto do

comum, uma vez que durante a minha pesquisa para adquirir insumos com o

objetivo de conseguir realizar um papel de docência, foi o momento em que

eu, como discente, me aprofundei no meu objeto de estudo, me

desenvolvendo como produtora deste audiovisual.

Para a consolidação do projeto, foi estabelecido parceria com uma

escola de música, e uma data em que ocorreriam as gravações, restando

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! 5!

quatro semanas para o estudo acerca da produção do videoclipe até o dia

das gravações. Por esse motivo houve a necessidade de condensar os

conteúdos em quatro aulas, apesar de não ser o tempo ideal para a sua

completa assimilação, bem como postergar para após as gravações o estudo

de determinados assuntos.

Inicialmente, a elaboração do plano de aula por mim proposto teve

como ponto de partida minha experiência no ensino técnico, durante a

realização do estágio de observação, para as disciplinas de estágio

supervisionado, na Escola Técnica Estadual Carlos de Campos, no curso de

Comunicação Visual. O ensino técnico serviu como referência para a

elaboração dessas aulas por ser um ensino focado no aprendizado de

técnicas de processos e procedimentos na confecção de produtos

comunicativos visuais. Contudo busquei trabalhar sob uma abordagem

diferenciada à recorrente do ensino técnico, uma vez que não raramente a

abordagem empregada ainda se constituí em uma forma de ensino

dogmática e vertical. A preocupação com uma forma de ensino mais

humanista, se deu inicialmente devido ao contato com determinados autores

apresentados ao decorrer das aulas de licenciatura. Dentre esses

educadores, os que mais influenciaram de forma geral na minha, até então,

concepção de uma pedagogia ideal foram os pedagogos Paulo Freire, e Ana

Mae Barbosa.

Contudo, embora houvesse uma intenção clara em relação ao objetivo

e a intenção de uma abordagem mais aberta, ser capaz de elaborar uma

metodologia eficiente, sem desvencilhar das intenções iniciais, bem como

conseguir realizar efetivamente sua aplicação,

consistem em passos muito mais complexos.

Com isso em mente, e devido à outros fatores tais como a minha

pessoal inexperiência como docente, somado ao receio de me apropriar da

aula do professor de maneira à comprometer o andamento do seu programa

de ensino (embora de forma alguma o prof. Cypriano tenha limitado minha

atuação e participação nas aulas, pelo contrário), optei por trabalhar o

conteúdo, no primeiro momento da aula, de forma expositiva, buscando

sempre estar aberta à debates e dúvidas da sala. Logicamente, uma aula que

visa o aprendizado da confecção de uma obra sob determinado suporte seria

Page 15: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 6!

incompleta e deficiente, sem o momento de experimentação e produção.

Dessa forma as aulas desenvolveram uma dinâmica em que num primeiro

momento eu trabalhava os conteúdo de forma expositiva, e o prof. Pelópidas

a partir dos assuntos tratados, complementava a aula, ao realizar propostas

de atividades e exercícios práticos, de maneira à através dessa vivência,

desenvolver uma situação de ensino-aprendizado mais propícia e envolvente.

A observação da maneira como um professor trabalhou e conduziu a aula

para uma abordagem que enfatizasse tanto a experiência empírica, trouxe-

me profundas reflexões acerca desse trabalho, o que me instigou

posteriormente à buscar conhecer mais acerca das técnicas de ensino de

Freinet.

A primeira parte deste trabalho, é dedicada ao relato dessa minha

vivência em sala de aula, no desenvolvimento de um plano de aula de

ensino-aprendizagem de videoclipe, através do qual objeto transmitir minhas

impressões, de maneira à buscar auxiliar aquele que possuir interesse em

elaborar uma proposta de aula, seja para a produção de videoclipe, seja para

outras formas de arte. O formato escolhido para a exposição deste processo,

busca relacionar-se à troca de correspondência de relatos periódicos entre os

educadores na revista L’Educateur, promovido pela corrente pedagógica de

Freinet.

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! 7!

2.2 Plano de Ensino

Para aplicação do conteúdo selecionado, considerei o seguinte plano

de ensino:

Câmpus de São Paulo

Plano de Ensino

Curso

09BAV01 - Bacharelado em Artes Visuais

Identificação Disciplina

Produção de Videoclipe

Docente(s)

Mayara Moara Hirakawa Glória

Unidade

Instituto de Artes

Departamento

Departamento de Artes Plásticas

Créditos Carga Horária Seriação ideal

4 60 4

Pré - Requisito

Co - Requisito

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! 8!

Objetivos

Capacitar o aluno a produzir tecnicamente uma obra audiovisual do gênero videoclipe, passando pelas três etapas de produção: pré-produção, produção e pós-produção. Além de capacitá-lo no reconhecimento e análise das especificardes expressivas do clipe.

Conteúdo

1.0 Definição e contextualização do objeto de estudo:

1.1 A origem do vídeo clipe

1.2 A relação do vídeo clipe com o cinema, vídeo, TV e internet

1.3 Elementos estilísticos do videoclipe

2.0 Análise crítica de vídeos clipes

3.0 Estudo dos processos e procedimentos na produção de vídeo clipe:

3.1 Gerenciamento de equipe: estrutura de produção.

3.2 Roteiro: tipos de roteiro, estrutura e termos do roteiro.

3.3 Viabilizando a produção: planejamento, gerenciamento de recursos, e reco.

3.4 Enquadramento, Composição e Técnicas Narrativas

3.5 Iluminação: propriedades da luz, recursos de ajuste de iluminação, iluminação em ambiente externos e internos.

3.6. Som: som direto e playback no videoclipe.

3.7 Edição: conceitos, e o uso do Adobe Premier como ferramenta de edição.

4.0 Apresentação e análise da produção da classe

Metodologia

Leituras programadas

Análise de clipes selecionados pelos alunos

Vivência em ateliê laboratório audiovisual

Apresentação da produção

Análise coletiva da produção

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! 9!

Bibliografia

OLIVEIRA, Pelópidas Cypriano de. Técnicas de Expressão em Vídeo. São Paulo, PND – Produções Gráficas Ltda, 1996.

RODRIGUES, Chris. O Cinema e a Produção. DP&A, Rio de Janeiro, 2002.

SANTOS, Rudi. Manual de Vídeo. Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 1993.

WATTS, Harry. On Camera: o curso de produção de filme e video da BBC. Summus Editorial, São Paulo, 1990.

Critérios de avaliação da aprendizagem

Participação das propostas de leitura, execução dos exercícios práticos , e a avaliação final através do desenvolvimento da produção de um videoclipe.

Apesar dos itens 1 e 2 terem sido planejados, devido à urgência da

turma, dada a proximidade da data de gravação com as bandas, por

compreender o anseio da turma em se sentirem melhor preparados para a

gravação num primeiro momento, e por possuírem uma maior aptidão e

repertório em relação ao tocante das artes (justamente por serem

universitários em Artes Visuais) optei por deixar para um outro momento,

depois da urgência das filmagens, o que também permitira um debruçar

sobre o assunto com mais tempo. Contudo, devido ao prolongamento da

greve para além do fim do semestre, não foi possível concluir essa parte do

conteúdo do plano de aula. O subitem 3.7 e o item 4.0 também ficaram

prejudicados por consequência da descontinuidade das aulas e portanto não

foram aplicados.

Embora a vivência prática da aula teórica conceitual não tenha se

consolidado como assunto principal em aula, durante o processo de

aprendizado da parte prática das aulas houveram momentos em que o

debate acerca desses assuntos surgiram naturalmente. Como exemplo, em

uma das aulas através de um acidente em que, enquanto os alunos

posicionavam os equipamentos para o exercício de filmagem, a câmera ao

ser apontada para a televisão em que estava conectada gerou o efeito de eco

da imagem, um efeito similar ao efeito produzido por espelhos, em que

Page 19: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 10!

ocorre a repetição da imagem dentro da outra imagem, infinitamente. Esse

acidente, gerou o ensejo para o um debate acerca dos efeitos produzidos

através dos sintetizadores de imagem, e os videoclipes que utilizavam desse

recurso, justamente por transmitir visualmente a sensação sonora do eco.

A partir do que pude observar das aulas, constatei que, o estudo

prévio das questões conceituais acerca do videoclipe poderia propiciar uma

consciência maior dos recursos expressivos dos equipamentos, gerando uma

maior experimentação durante os exercícios práticos. Contudo, a vivência

prática dos alunos na produção de videoclipes, antes do aprofundamento da

parte conceitual parece ser também uma estratégia eficiente para a acepção

dos alunos acerca do assunto, dado que o processo empírico de

experimentação tende a gerar anseios e questionamentos e estes, por sua

vez, orientam o conteúdo que necessita ser ministrado. Após a

experimentação e subsequente concepção dos questionamentos, o ensino

pode ser orientado de forma mais técnica, de modo a preencher as lacunas

do conhecimento que porventura restem.

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! 11!

2.3 Dia 1 - Gerenciamento de equipe: estrutura de produção Objetivos Específicos e Justificativa

Embora a produção de videoclipe, principalmente os mais

independentes, não possuam uma estrutura de produção fixa, sendo muito

variável devido à quantia de recursos financeiros, técnicos, de pessoal e de

tempo disponíveis, para a realização de um bom clipe, o conhecimento

básico acerca das etapas e funções envolvidas em sua produção auxiliam na

prevenção e resolução de problemas, bem como na otimização e no

aproveitamento dos recursos disponíveis.

Conteúdo e Metodologia

Nesta aula, foram abordadas as funções básicas e estrutura de

organização de uma equipe técnica, além de alguns procedimentos úteis

para o planejamento e organização da produção.

A partir do contexto da classe, levando em consideração fatores como

o número de alunos e o objetivo da turma de se prepararem para o dia das

filmagens, busquei elaborar uma estrutura básica de divisão de funções de

uma equipe técnica de produção. O intuito de propor uma estrutura de

produção foi o de facilitar o estudo dos principais procedimentos envolvidos

na produção de um videoclipe, bem como o de integrar ao projeto cada aluno

da turma, além de propiciar se desejado, uma rotatividade das funções para

que eles pudessem experimentar um pouco cada função.

Page 21: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 12!

Relato da Experiência Esta foi a primeira aula que tive participação como docente. No

primeiro momento brevemente, após me apresentar, apresentei a proposta

de conteúdo que planejava que trabalhássemos em aula, buscando

estabelecer uma relação não vertical, frisei que se eles quisessem

poderíamos modificar o conteúdo e se eles desejassem saber mais

especificamente sobre algum assunto ou se surgisse alguma dúvida eu

procuraria pesquisar a respeito.

A turma se mostrou bastante amigável e receptiva, apesar do clima

bastante retraído por ambas as partes. Para essa primeira aula, como

recurso pedagógico, decidi entregar impresso a tabela contendo a sugestão

de divisão de funções, e então expliquei que se tratava de uma sugestão

organizacional para as gravações, com o intuito não apenas de melhor nos

organizarmos para o dia das gravações com a escola de música, mas

também com o intuito de estudo, de forma que simulando a estrutura de uma

equipe, cada um pudesse ter a chance de se focar no assunto que mais

interessava e/ou pudesse experimentar um pouco de cada parte do processo,

uma vez que por serem várias bandas a função que cada um poderia assumir

poderia variar em cada videoclipe produzido.

No momento seguinte da aula falamos das atribuições de cada uma

das funções, e o professor Pelópidas propôs que realizássemos a aplicação

prática desses conceitos para o exercício de filmagem em sala de aula.

Dando continuidade aos exercícios de filmagem da aula anterior, em que os

alunos foram apresentados ao equipamento de filmagem e gravaram a

performance musical de dois colegas da disciplina de uma música composta

para a aula, os alunos escolheram entre si as funções que gostariam de

assumir naquele exercício, e então, cada um incumbido de uma parte do

processo, organizaram e montaram o set de filmagem e filmaram a

performance musical dos colegas. Por fim, após verificar se todos

concordavam com a forma de organização, realizamos uma ou outra

pequena modificação e buscamos preencher a tabela com a função que cada

um gostaria de assumir para o dia da gravação em cada videoclipe, para que

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! 13!

assim eles pudessem refletir sobre possíveis questões e de que forma seria

realizado esse trabalho.

Figura 1: A turma estabelece seu primeiro contato com o equipamento de filmagem

Figura 2: Prof. apresenta o equipamento portátil de iluminação

Page 23: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 14!

Figura 3: A classe monta a câmera no tripé

Figura 4: O professor explicando alguns conceitos, e objetivos da aula

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! 15!

Figura 5: Início das filmagens

Figura 6: Exercício de filmagem da performance musical dos colegas

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! 16!

Reflexão acerca dos resultados obtidos

Apesar de inicialmente cogitar que o conteúdo dessa aula talvez não

fosse muito relevante por ser básico, e por ser variável conforme cada

situação, no fim creio que foi um conteúdo bastante válido pois serviu como

uma espécie de nivelamento. Como exemplo, os dois alunos que não

pertenciam ao curso de artes visuais, que naturalmente não eram

familiarizados com o assunto, e mesmo o restante da sala levantaram

algumas questões pertinentes, então creio que o conteúdo realmente veio a

acrescentar. A prática em exercício proposta pelo professor Pelópidas se

mostrou bastante proveitosa, pois não apenas serviu para que cada aluno ao

buscar solucionar as questões em que estava incumbido, teve um

aprendizado empírico, como também pareceu ser eficiente para incluir os

alunos mais tímidos dentro daquela situação, o que acontecia principalmente

por não estarem familiarizados com a produção de vídeo. A rotatividade das

funções nas aulas subsequentes se mostrou essencial para que cada um

pudesse experimentar uma maior gama dos processos, além de ter sido

muito proveitoso, pois os alunos que já haviam anteriormente passado por

determinada função conseguiam auxiliar e ensinar seus colegas. Talvez

fosse necessário uma mudança na estrutura de divisão de funções do

modelo proposto, pois devido ao receio de que, ao se colocar determinadas

funções como direção de arte, fotografia entre outras, pudesse acabar

resultando em uma hierarquização de importância entre as funções de cada

aluno, algumas importantes partes dos processos acabaram por não ser

exploradas nesses exercícios.

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! 17!

2.4 Dia 2 – A pré-produção: roteiro e gerenciamento de recursos Objetivo e Justificativa

Dando continuidade ao assunto de planejamento e gerenciamento de

recursos, a etapa de pré-produção consiste na concepção daquilo que se

deseja produzir e nas estratégias para sua viabilização, os objetivos

específicos dessa aula consistem em familiarizar o aluno aos termos técnicos

recorrentemente adotados nos roteiros de produção audiovisual. Tal

conhecimento auxilia não apenas na compreensão dos recursos de

composição da linguagem audiovisual, mas como também auxilia na

comunicação da visualidade que se planeja obter. Também se objetiva

capacitar o aluno no planejamento para a execução do projeto, tal

planejamento é essencial para propiciar que aquilo que se concebeu consiga

ser concretizado, evitando ao máximo possíveis empecilhos.

Conteúdo e Metodologia

Para dar conta do planejamento da produção de um videoclipe,

selecionei o estudo de três assuntos dentro da fase de pré-produção - roteiro,

preparação e reco - sendo o primeiro composto por: conceito, função,

modelos de roteiro e a linguagem cinematográfica, nomenclaturas de

enquadramento e de movimentação e de câmera; o segundo tópico aborda

quais as principais questões a serem levantadas e trabalhadas previamente

antes do dia da gravação; o terceiro trata da escolha do local de gravação e

levantamento das principais informações.

Page 27: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 18!

Relato da Experiência A partir dessa aula, como recurso pedagógico para me auxiliar na

organização das informações que gostaria de passar, bem como devido a

necessidade de mostrar exemplos visuais, passei a utilizar apresentações em

projeção de slides em power point. Após a exposição do conteúdo, foi

discutido como estava se desenrolando o contato com a escola de música,

tarefa incumbida à AJA empresa júnior do Instituto de Artes, e se os

preparativos para a gravação estavam em curso. Foi então levantado que o

local previsto para as filmagens, o teatro de cênica não estava com sua

disponibilidade garantida, e portanto haveria após o horário da aula uma

reunião com técnico de teatro, Alexandre Sampaio para discutirem o assunto.

Por conta disso, verificou-se então a necessidade do estudo de uma segunda

alternativa. Assim sendo o professor Pelópidas, baseado na prática da

pedagogia de Freinet das aulas passeio, propôs que realizássemos um

exercício de Reco pelos instituto de artes procurando uma segunda locação.

Sendo assim, a classe realizou o levantamento de informação e testes de

gravação em diferentes ambientes do IA, novamente gravando a

performance musical dos colegas. Nesse dia um dos músicos havia se

ausentado, então um outro colega foi colocado como “dublê” isso gerou uma

situação cômica e inusitada na aula, o que contribuí para o desenvolvimento

das relações afetivas no processo de aprendizado.

Após terminado de realizar o levantamento de informações e os

registros com a câmera, a turma retornou para a sala, onde foram expostas

as fotografias e as filmagens obtidas, e discutido qual local eles consideraram

a melhor alternativa como locação, bem como a argumentação dos motivos.

Ao fim dessa análise, a classe se dirigiu para a reunião sobre o teatro de

cênicas e decidiram que não apenas deveriam conversar com o técnico

Alexandre, mas como também deveriam aproveitar o momento para realizar

um reco do local. O técnico Alexandre, muito atencioso e receptivo mostrou

para o grupo vários dos recursos disponíveis no teatro, além de se colocar a

disposição para auxiliar no dia das gravações, dessa forma a classe

conseguiu resolver a questão da locação para a produção do videoclipes.

Page 28: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 19!

!Figura7: Exercício de reco em diferentes ambientes do IA

Figura 8: Exercício de enquadramento com a câmera

Page 29: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 20!

!Figura 10: Reco em ambiente externo

Figura 9: Lauro como dublê de clarinete, utilizando copos descartáveis

Page 30: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 21!

Figura 11: Reco do local das filmagens dos videoclipes

Figura 12: Levantando os recursos disponíveis de iluminação

Page 31: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 22!

2.5 Dia 3 - Enquadramento, composição e técnicas narrativas Objetivo e Justificativa

O objetivo dessa terceira aula é o de que o aluno, ao conhecer alguns

conceitos estéticos básicos, esteja melhor capacitado para a realização de

uma câmera que transmita visualmente a estesia que se pretende. Bem

como o conhecimentos de técnicas narrativas auxilia na apresentação de um

enredo mais claro, propiciando que o expectador compreenda a conjuntura e

sucessão dos acontecimentos.

Conteúdo e Metodologia

A primeira parte da aula consiste em um aprofundamento da aula

anterior, por tratar também de termos técnicos de enquadramento de câmera,

além da estesia que cada um desses enquadramentos propicia. Também são

apresentados alguns procedimentos recorrentes no uso de certas regras da

“boa forma” da linguagem audiovisual na elaboração da composição visual de

uma cena. E por fim algumas técnicas para propiciar a continuidade narrativa

também são trabalhadas.

Relato da Experiência O primeiro momento da aula foi novamente a exposição por power

point do conteúdo. No momento seguinte os membros da AJA alunos da

disciplina repassaram as informações obtidas na reunião com a escola de

música sobre as bandas que seriam gravadas pela turma. Seriam três

bandas, cada uma como uma faixa etária distinta, uma delas composta

apenas por crianças, a outra por adolescentes e a outra por adultos de por

volta 40 anos, os estilos musicais também eram bem distintos uns dos outros.

Page 32: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 23!

E então com base nessas informações, dividimos a equipe de acordo com o

a preferência de cada um, e estabelecemos a ordem do dia.

Por fim foi realizado o exercício de gravação da performance musical

dos colegas de sala, utilizando uma filmadora mais sofisticada e complexa,

que seria utilizada para a produção dos videoclipes. Ao fim da aula, enquanto

recolhíamos o equipamento, a classe em coro assobiava a música durante

todo o processo. Aproveitando o ensejo, o professor Pelópidas propôs que

com o tempo fosse desenvolvido um roteiro para um clipe da música,

utilizando como temática o ato de assobiar distraidamente, uma música que

ficou registrada na mente, enquanto se realiza alguma tarefa.

Por fim foi realizado o exercício de gravação da performance musical dos

colegas de sala, utilizando uma filmadora mais sofisticada e complexa, que

seria utilizada para a produção dos videoclipes. Ao fim da aula, enquanto

recolhíamos o equipamento, a classe em coro assobiava a música durante

todo o processo. Aproveitando o ensejo, o professor Pelópidas propôs que

com o tempo fosse desenvolvido um roteiro para um clipe da música,

utilizando como temática o ato de assobiar distraidamente, uma música que

ficou registrada na mente, enquanto se realiza alguma tarefa.

Page 33: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 24!

!Figura 13: Classe experimentando os recursos de uma câmera filmadora mais sofisticada

! Figura 14: Silêncio no set enquanto ocorre as filmagens

Page 34: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 25!

Figura 15: Carol com a claquete

Figura 16: Lauro sempre promovendo o humor nas aulas

Page 35: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 26!

Figura 17: A turma explorando a iluminação cênica para o registro do momento

Figura 18: O ambiente nas aulas sempre bastante descontraído

Page 36: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 27!

Reflexão acerca dos resultados obtidos

Essa foi a aula em que, de uma forma geral, fiquei mais satisfeita com

os resultados, pois o conteúdo parece ter sido bem apropriado e utilizado

pela classe, graças a vivência prática associada. Durante esse exercício foi

interessante notar que eles buscaram pôr em prática o uso dos termos

técnicos adequados para comunicar entre si suas ideias de composição com

a câmera. Além disso a sala fez um minucioso reco em todos os ambientes,

tomando nota e levando em conta todos os principais pontos sugeridos

anteriormente, tais como a viabilidade ou não devido a acústica,

infraestrutura do local, se o local possuía alimentação elétrica adequada, a

iluminação e até mesmo o posicionamento do Sol conforme o horário, e a

ocorrência ou não do diálogo entre o cenário com a música. Um fato que

muito me contentou foi o de que, a iniciativa de que eles deveriam fazer um

reco do teatro de cênicas partiu deles próprios, o que aponta que de fato,

eles acharam essa prática uma estratégia útil para o planejamento da

produção de seus videoclipes.

Page 37: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 28!

2.6 Dia 4 - Produção: iluminação e som

Objetivos Específicos e Justificativa Toda câmera consiste em um equipamento que a partir da tradução da

luz capitada, realiza uma forma de registro visual, portanto a luz pode ser

considerada a matéria prima de toda forma de linguagem inerente à

reprodutividade visual, da mesma maneira que as ondas sonoras são a

matéria prima para o registro do som. Capacitar o aluno à compreender

basicamente como se comportam tais matérias, principalmente em relação

ao equipamento que os capta, além de conhecer como manipular tais

matérias para a obtenção da plasticidade que se deseja , é vital para um bom

artista do audiovisual.

Conteúdo e Metodologia

Esta aula consiste na investigação e exposição das propriedades

técnicas básicas inerentes à iluminação tais como: íris, temperatura de cor,

white balance, lux, além do uso desses conceitos em procedimentos técnicos

de iluminação para a obtenção de uma boa imagem gravada. Em relação ao

som, apresenta-se alguns dos principais microfones e sua aplicabilidade para

a captação do som.

Experiência

No início da última aula antes da gravação dos clipes, foi trabalhado o

conteúdo previsto, conforme as aulas anteriores. Posteriormente o professor

Pelópidas, exemplificou o conteúdo acerca de alguns fenômenos de luz

utilizando o equipamento de iluminação portátil, além de organizar alguns

exercícios de reprodução de alguns dos esquemas de iluminação

apresentados. Na sequência, dando continuidade aos exercícios de gravação

das aulas anteriores, foi realizada mais uma vez a gravação, dando ênfase

nos assuntos tratados na aula, focando na composição da iluminação do set,

além da montagem adequada para a captação dos sons. A turma

Page 38: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 29!

experimentou o processo de montagem de equipamentos profissionais de

iluminação bem como a manipulação das principais funções da câmera para

correção de cor e captação de luminosidade (sistemas manuais e

automáticos de ajuste de White balance e da íris), além da captação dos

sons utilizando microfones direcionais em canais separados, para captação

em som estéreo.

Após o processo de desmontagem dos equipamentos e organização

do laboratório de aula, foi discutido e combinado os últimos detalhes da

produção que ocorreria no domingo da mesma semana. Ao término da aula a

turma solicitou a minha presença junto a eles, em uma reunião para a

elaboração dos roteiros dos videoclipes. Durante o brainstorm, foi realizado o

levantamento dos artistas e músicas e videoclipes dos quais as bandas

fariam cover, além das referências videográficas da classe, para servirem de

ponto de partida na elaboração do conceito pretendido na produção de cada

clipe. Ao fim da reunião, parte do conceito visual tal como a fotografia e a

decupagem, e o roteiro de câmera foram pré-estabelecidos.

Page 39: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 30!

Figura 19: Posicionando o microfone para a captação do som

Figura 20: Após a montagem do equipamento de iluminação, o tripé

Page 40: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 31!

Figura 21: Cena com a iluminação pronta

Figura 22: Captação do som

Page 41: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 32!

Avaliação dos resultados obtidos

Por ser uma aula com muita bagagem técnica, provavelmente o ideal

para o aprofundamento do conteúdo e uma melhor acepção, utilizando um

número maior de propostas de exercícios práticos, seria a fragmentação para

mais de uma aula do assunto iluminação. Contudo, levando em consideração

a ausência de disponibilidade de dias, o conteúdo aparentemente foi

apreendido de forma satisfatória, inclusive, com ocorrência de questões

pertinentes e interessantes por parte da classe. Em uma destas ocorrências

tivemos a curiosidade na possiblidade do uso criativo da distorção das cores

através do recurso de ajuste do White Balance. Ao término desse ciclo de

aulas, devido à constante prática, a turma, de uma forma geral, parecia

bastante familiarizada com o uso, montagem e organização dos

equipamentos, mesmo os mais sofisticados disponibilizados pelo professor.

A reunião para a elaboração do roteiro, ou ao menos das ideias

conceituais do clipe, foi algo inesperado pois, apesar desses assuntos terem

sido abordados nas aulas, não possuía a certeza se a classe estava disposta

a buscar colocá-los em prática, mas eles estavam, e estavam muito aplicados

em produzir da melhor forma possível os videoclipes. Só não foi possível um

maior aprofundamento no roteiro e uma maior ousadia no conceito, devido a

ausência de um maior contato e controle da situação, ficando dependente do

cliente e dos músicos, além de só haver a disponibilidade de uma diária com

o tempo bastante escasso.

Page 42: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 33!

2.7 A diária da filmagem dos videoclipes

Durante a manhã de domingo, conforme o horário previsto, a parte da

sala que poderia estar presente e iria compor a equipe técnica de filmagem

compareceu pontualmente para o início da montagem do set de filmagem no

teatro de cênicas. Posteriormente a escola de música junto aos seus alunos

chegaram no IA, e a equipe de som da escola também iniciou seus

preparativos para a captação do som, enquanto o técnico do teatro fazia os

preparativos para a iluminação. Enquanto as equipes finalizavam a

montagem do set, foi dada uma pausa para o almoço para os alunos da

escola, e no retorno foi iniciada a gravação, começando pelo grupo infantil.

O grupo infantil, denominado “Blue Sky”, era formada por músicos com

a faixa etária entre 10 a 14 anos, a música tocada pelo grupo foi a música

“Someone Like You” da cantora Adele. O grupo, por se tratar de crianças na

maioria em uma idade muito nova, acabou por necessitar de uma demanda

muito maior de tempo em relação aos outros grupo (conforme o previsto) e,

devido a pressão do público, das câmeras e da posição de destaque, a

vocalista mirim não conseguiu cantar, situação bastante compreensível por

parte da criança. As filmagens então seguiram com a performance musical

das outras crianças, enquanto a vocalista encenou sua parte, para que sua

voz fosse posteriormente acrescentada.

O próximo videoclipe a ser gravado foi o da banda Quarentena,

composta por membros quase todos com a faixa etária acima dos 50,

realizaram o cover da música “Plush” da banda Stone Temple Pilots. Devido

ao pouco tempo restante, a banda repassou a música apenas duas vezes,

seguindo adiante para a próxima banda. A última banda a ser gravada tocou

a música “Use Somebody”, da banda kings of Leon. A banda composta por

adolescentes e jovens, se chamava Equilibrium, também tocou poucas vezes

devido ao horário. Ao término da última banda os equipamentos foram

recolhidos e o local organizado.

Page 43: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 34!

!Figura 23: Preparação das filmagens do videoclipe

!Figura 24: Filmagem dos videoclipe

Page 44: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 35!

Reflexão

A diária da gravação dos clipes da escola de música serviu como um

indicador para uma análise geral dos resultados obtidos das aulas de

produção de videoclipe, apesar de ser impreciso dizer o quanto as aulas

puderam acrescentar aos dissentes, devido a ausência de um referencial

anterior às aulas. O que pôde ser observado consiste no fato de que a classe

se mostrou uma eficiente equipe, não apenas no que se diz respeito a parte

técnica, visto que estavam aptos tanto no manuseio dos equipamentos de

nível profissional, quanto na resolução dos problemas técnicos de maneira

autossuficiente, mas como também se mostrou uma equipe dedicada devido

ao empenho e pró-eficiência dispendidos no dia.

Contudo, provavelmente o fator que representou a maior limitação

para a produção de videoclipes mais engajados, foram as dissonâncias entre

a expectativa de autonomia da produção dos clipes da classe, em desacordo

com a necessidade da demanda do cliente. Os alunos do curso elaboraram

um conceito distinto para cada videoclipe, em termos de roteiro, fotografia,

edição e outros elementos, baseados nas características da banda e da

música. No entanto, a escola de música almejava algo mais padronizado

entre as bandas, além de preferir dar maior enfoque no registro do evento em

detrimento a um trabalho de produção visual para as bandas. Como exemplo,

o clipe que seria da música “Use Somebody” seria uma versão do clipe

original, que continha cenas de bastidores dos músicos. Essas cenas foram

filmadas com a banda enquanto os técnicos de som da escola de música

terminavam de se preparar, contudo a escola não autorizou o uso do material

caso não fosse produzido e utilizado um similar para as outras bandas.

Infelizmente durante a data da diária de gravação a universidade já se

encontrava em greve, por isso não foi possível ter um feddback em aula

acerca das impressões da experiência da classe, nem foi possível dar

continuidade ao conteúdo programado em sala de aula pois a turma

manifestou a vontade de esperar pelo término da greve, o que não veio a

acontecer antes do fim do semestre, junto do término da disciplina. A AJA,

que possuí o envolvimento de uma grande parcela dos alunos que faziam

parte da disciplina, ficou encarregada de realizar a pós-produção dos

Page 45: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 36!

videoclipes no semestre seguinte, sendo assim a última parte do conteúdo, a

parte de pós produção, foi passada dentro da empresa júnior.

3 Conclusão

O processo de aplicação do conteúdo ao longo das aulas, bem como a

vivência da aplicação dos conceitos durante o dia de gravação, colaborou de

forma determinante para a definição de conceitos importantes e para a

identificação de métodos apropriados ao ensino, não só deste tema em

específico, mas de forma geral à diversas formas de estudo acerca de

processos e procedimentos na produção de outras formas expressivas.

Inicialmente, minhas acepções acerca do ensino do conteúdo, e o

próprio conteúdo inicial, proposto para aplicação em aula, haviam sido

baseados nas experiências empíricas que tive, quando da produção de

vídeos e videoclipes de forma independente. Naturalmente, através deste

processo, pude identificar diversos pontos cruciais para a viabilização da

produção. A identificação das principais características conceituais, a história

do videoclipe e os diferentes meios pelo qual transitou seriam pontos

imprescindíveis para a compreensão do videoclipe como forma de linguagem.

Em adição a isso, as características técnicas de roteirização, iluminação,

áudio, e composição, inerentes à diversos audiovisuais também foram

identificados como sendo de extrema relevância. Não menos importante

também considerei o conhecimento sobre a estrutura de produção e do

equipamento que se utiliza, de modo que conhece-los e às suas funções

básicas é imprescindível para obtenção dos resultados pretendidos.

Tendo estes pontos em mente busquei abarcar através de diversas

fontes, todos os pontos considerados relevantes para o ensino do videoclipe.

Através desta pesquisa, compilei os primeiros dados relevantes e utilizei-os

para aplicação durante a minha experiência em sala. Inicialmente durante a

Page 46: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 37!

elaboração das aulas, acreditava que a metodologia mais adequada seria a

divisão em dois momentos: o momento da exposição teórica do assunto, e no

segundo momento, as atividades práticas para a acepção dos conceitos e

técnicas trabalhados na aula. Contudo a vivencia em sala e, paralelamente o

aprofundamento nas técnicas pedagógicas de Freinet, abriram-me o

horizonte para uma nova possibilidade de abordagem.

A pedagogia proposta por Célestin Freinet defende que para a

profunda aquisição do conhecimento, bem como para a formação da

capacidade da autonomia do indivíduo em adquirir conhecimento, não deve

ser dada de forma segmentada à experiência empírica, mas sim, o

conhecimento deve vir como consequência dessas experiências vivenciadas

pelo indivíduo. Nesse sentido Freinet defende que o principal papel do

professor é o de não limitar o impulso pelo conhecimento, natural de toda

criança, e, uma vez que esse impulso seja conduzido da maneira correta, é

ele que conduz a criança à aquisição do conhecimento. Embora o perfil dos

alunos ao qual este trabalho é voltado guarde severas distinções em relação

ao perfil infantil, principal alvo da pedagogia de Freinet, esse mesmo princípio

pode ser aplicado, uma vez que o individuo que busca o conhecimento

acerca de uma determinada linguagem expressiva certamente já possui em si

o impulso da descoberta. Ainda que sua orientação educacional na infância

tenha sido mais restritiva, podemos dizer que o individuo revisita este impulso

ao se defrontar com algo novo, particularmente algo que naturalmente já

desperta seu interesse. Dessa forma, é possível explorar sua ânsia e auxiliar

na extensão de sua autonomia, através da vivencia e subsequente

esclarecimento de seus, provavelmente já pré-existentes, questionamentos e

expectativas. Neste contexto, cabe ao professor ter a consciência de que

ensinar não é somente um processo de repassar informações, mas também

de propiciar experiências que agreguem ao individuo e estar apto a sanar as

dúvidas e os anseios gerados tanto por essas experiências quanto aqueles

trazidos pela bagagem pessoal de cada aluno.

De maneira a propiciar essa abordagem, como resultado final desse

trabalho, busquei organizar minha pesquisa no intuito de confeccionar um

material didático, de forma a orientar o professor, que pode utiliza-lo como

Page 47: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 38!

guia para a aplicação do conteúdo que deve ser ministrado, ou pode absorve-

lo de forma a apoiar-se nele para os esclarecimentos e direcionamentos em

uma proposta de aula em que o conteúdo é trabalhado de acordo com os

interesses e anseios dos discentes.

Page 48: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 39!

Referências ELIAS, Marisa Del Cioppo. Célestin Freinet uma pedagogia de atividade e cooperação. Editora Vozes Ltda, Petópolis, 1997.

FREINET, Célestin. As técnicas Freinet da escola moderna. Editorial

Estampa Lda, 1975.

FREINET, Célestin. Para uma escola do povo. Martin Fontes, São Paulo,

1996.

GAGE, Leigthon David, MEYER, Claudio. O Filme publicitário. SSC&B

Lintas, São Paulo, 1985.

GLÓRIA, Mayara Moara Hirakawa. Arte mídia convergente: uma prospecção sobre o viés artístico do videoclipe. São Paulo, 2013.

JACOBINI, Maria Letícia de Paiva. Metodologia do trabalho acadêmico. Editora Alínea, Campinas-SP, 2003.

OLIVEIRA, Pelópidas Cypriano de. Técnicas de Expressão em Vídeo. São Paulo, PND – Produções Gráficas Ltda, 1996.

RODRIGUES, Chris. O Cinema e a Produção. DP&A, Rio de Janeiro, 2002.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 2a. ed., Atlas, 1986.

SANTOS, Rudi. Manual de Vídeo. Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 1993.

WASSERMANN Raul. A prática do super 8. Summus Editorial Ltda, São

Paulo, 1975.

WATTS, Harry. On Camera: o curso de produção de filme e vídeo da BBC. Summus Editorial, São Paulo , 1990.

Page 49: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

ANEXO

Material Didático de Apoio para o Ensino de

Videoclipe

Sumário

I - O estudo conceitual do videoclipe...............................................................1 Panorama da origem do videoclipe......................................................1 A estética fragmentada do videoclipe....................................................4 II - O estudo dos processos e procedimentos na produção do videoclipe.......5 III - Gerenciamento da equipe: estrutura de produção.....................................6 IV - A pré-produção..........................................................................................9

Introdução ao Roteiro.................................................................9 Unidades de estrutura de linguagem audiovisual.....................11 Nomenclatura dos planos..........................................................12 Nomenclatura de movimentação de câmera.............................13 Exemplos de formato de roteiro................................................14

Planejamento e preparação......................................................15 Reco..........................................................................................16 V – Enquadramento, composição, e técnicas narrativas................................18 Enquadramento.........................................................................18 Composição..............................................................................21 Técnicas narrativas...................................................................25 Continuidade.............................................................................25 VI – Produção.................................................................................................29 VII- Iluminação................................................................................................29 Introdução à Iluminação............................................................29 Propriedades técnicas da câmera.............................................30 Íris..............................................................................................31 Temperatura de cor...................................................................32 White Balance...........................................................................33

Lux.............................................................................................34 Iluminação em ambientes externos...........................................35 Iluminação artificial....................................................................37 Iluminação de cenas internas....................................................38 VIII - Som........................................................................................................40 Som direto.................................................................................40

Playback em videoclipes...........................................................43

Page 50: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 1!

O Estudo conceitual do videoclipe

Na confecção de uma obra artística, o conhecimento técnico deve

sempre vir com o intuito de propiciar a expressividade da obra, ou seja, a

técnica deve estar subserviente ao conceito.

A acepção profunda acerca da linguagem da qual se pretende

desenvolver é crucial para possibilitar o exercício de criação consciente.

Apesar do videoclipe ser um audiovisual, e por isso, compartilhar uma

série de princípios conceituais e processuais, inerentes à obras dessa mídia

cinética, o videoclipe possuí uma série de especificidades, seja no âmbito de

suas características estilísticas em sua linguagem, seja na história de seu

desenvolvimento, o contexto em que ele circula, e o propósito à qual ele está

circunscrito. A compreensão dessas características que constituem o clipe

não deve ser entendida como uma fórmula restritiva para sua criação, mas

como um conhecimento que pode vir a auxiliar até mesmo o exercício de

inovação e experimentação no rompimento dos padrões recorrentes.

Panorama da origem do videoclipe.

Para a compreensão verdadeira do que se constituí, não apenas o

videoclipe mas como de qualquer objeto de estudo, é essencial o

conhecimento acerca de sua origem. Para isso faz-se necessário realizar

uma prospecção histórica do surgimento do videoclipe, percorrendo os

diferentes momentos da história nos quais o vídeo e a música se unem para

compor, gradativamente, as características que hoje associamos a este

audiovisual.

Apesar da terminologia videoclipe (clipe que significa recorte), ter sido

cunhada apenas nos 80, a trajetória da origem desse audiovisual pode ser

apontada muito anteriormente.

Partindo do pressuposto de que o videoclipe é essencialmente uma

linguagem audiovisual oriunda da interação entre música e imagem,

podemos apontar como possibilidade do início do vídeo clipe o surgimento

do cinema sonoro.

Page 51: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 2!

O cinema dotado de som surgiu em 1902, após 30 anos de cinema

mudo, quando Leon Gaumont inventou o primeiro aparelho de reprodução de

sincronizada de som e imagem, o chronophone, contudo ele não

representava uma solução definitiva. Por volta de 1911 e 1913 inicia o

consenso de que a música se constituí no acompanhamento ideal para as

imagens. Dessa forma na metade da década de 20, a Warner Brothers e a

Fox Film Corporation apresentaram aparelhos que viriam a solucionar a

problemática da sincronia entre som e imagem. E em 1927 é produzido o

primeiro filme “cantado” do cinema: O cantor de jazz, com Al Jolson.

Se abrirmos os horizontes, colocando como essência do videoclipe a

interação entre música e imagem acima da questão da captação e

reprodução do audiovisual, uma hipótese acerca dos primórdios do videoclipe

possa ser apontada no próprio cinema mudo, através da prática do filmes ser

reproduzido tendo a trilha sonora sendo executada ao vivo pelos músicos.

Outra possibilidade para o início do vídeo clipe pode ser apontada

durante a década de 1930 nos Estados Unidos quando os estúdios

hollywoodianos passaram a produzir breves filmes para o cinema, com

duração de três a oito minutos, que eram exibidos junto às notícias, desenhos

e trailers, antecedendo o filme. Esses filmes denominados de short films,

tinham a função de promoção musical e de entretenimento, podendo se

configurar em uma estrutura narrativa ou em performances de artistas tais

como Bessie Smith, Billie Holiday e Bing Crosby. Na Europa houveram

investidas experimentalistas com os short films, utilizando formas abstratas

com música erudita e jazz. Por serem considerados filmes menos

importantes, servindo apenas como distração para antes do início do filme, os

short films passavam mais facilmente pela censura, por isso, apresentavam

maior ironia, dedicando-se a comentários políticos e sociais (esse fato pode

ser um indício da potencialidade da linguagem do vídeo clipe para outros

propósitos alternativos que não uma função estritamente comercial). Com a

Segunda Guerra Mundial, os shorts films perderam seu espaço na sala de

cinemas, deixando de serem produzidos.

Apesar de perderem seu espaço como short films no cinema, o

videoclipe encontra outros espaços para sua veiculação, na forma de

Page 52: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 3!

máquinas semelhantes as jukeboxes, que funcionavam com moedas,

reproduzindo músicas com acompanhamento visual. As vitrolas visuais

surgiram em dois momentos e locais distintos, nos Estados Unidos no pós-

guerra, e na França na década de 1960.

As vitrolas visuais dos Estados Unidos eram denominadas de

Panorom Sound, e os filmes musicais em que circulavam nelas eram

denominados de Soundies. Os Soundies eram filmes em preto-e-branco que

ilustravam melodias de jazz e baladas populares, sendo amplamente

produzidos entre os anos de 1941 a 1947, alguns Soundies eram

transmitidos entre os intervalos comerciais no início do surgimento da

televisão americana.

Enquanto que as vitrolas visuais da França eram denominadas de

Scopitones. Os filmes produzidos para as Scopitones eram exibidos em

projetos de 16mm, possuíam cores e procuravam não apenas exibir as

performances dos artistas mas também o desenvolvimento mais autônomo

da linguagem oriunda da relação entre som e imagem. Exibiam

principalmente artistas do rock francês. Contudo com a posterior

predominância do rock britânico e americano, contribuíram para que as

experiências estéticas nas scopitones chegassem ao seu fim.

Com a popularização da televisão tanto a máquina Soundies quanto a

Scopitone se tornaram obsoletas, pois não haveria como um sistema de

commodities (no qual o consumidor paga diretamente para o produto)

competir com o sistema televisivo.

Inicialmente no meio televisivo a presença ao vivo dos artistas em

programas de auditório era muito valorizada, contudo a demanda por

atrações novas a cada semana e as viagens internacionais eram onerosas

para os cofres das gravadora. Dessa forma, com o intuito de diminuir esses

custos, as gravadoras estadunidenses passaram a financiar pequenos filmes

promocionais com seus principais artistas para serem transmitidos na

Inglaterra.

Page 53: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 4!

É dentro deste contexto que em 1979, a rede de televisão inglesa BBC

lança “The Kenny Everett Video Show” o primeiro programa semanal de

exibição de videoclipes.

E em 1981, através da aquisição da capacidade de exibição em som

estéreo, o serviço Nickelodeon do canal a cabo Warner, que já exibia um

programa chamado Popclips dedicado aos vídeos musicais, inaugurou o

canal MTV (Music Television), dedicado inteiramente na transmissão de

videoclipes.

Nos anos seguintes, a MTV viria a se tornar o grande expoente na

divulgação de clipes ao redor do mundo, tendo um grande impacto na forma

como a linguagem se desenvolveu e passou a ser percebida pelo público

geral.

Atualmente o videoclipe encontra-se em processo de transição do

meio televisivo para a internet, devido aos avanços tecnológicos,

aumentando a velocidade e a acessibilidade de troca de informação. Outro

fator determinante para tal transposição deve-se pelo surgimento das redes

sociais e plataformas de compartilhamento de arquivos, sendo o youtube o

principal canal de compartilhamento de vídeos.

A estética fragmentada do videoclipe

Conforme foi investigado, o processo de transição de um meio para o

outro, acompanha o desenvolvimento do videoclipe desde seus primórdios. O

videoclipe transita de um meio para o outro, e ao migrar ele carrega

características estilísticas de seus meios antecessores, adaptando-se ao seu

meio atual num processo de hibridização da linguagem, unindo diversas

estéticas, desde a estética musical, a cinematográfica, a vídeo artística, e a

televisiva em uma única forma de expressão audiovisual. Sendo

provavelmente esse motivo pelo qual a linguagem do videoclipe seja tão

diversificada, tornando difícil eleger características recorrentes para a sua

análise.

Page 54: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 5!

Contudo, apesar de não se constituir em um dogma, uma das

características mais presentes e marcantes da linguagem desse audiovisual

é a estética da fragmentação. A fragmentação no videoclipe pode ser

percebida em diversos níveis em diferentes aspectos, seja na forma como a

imagem se comporta no quadro, seja na recorrente ausência de linearidade

temporal ou a descontinuidade espacial. A linguagem do videoclipe

recorrentemente não apresenta uma linearidade sequencial em sua narrativa

(isso quando há uma narrativa), a sucessão dos takes muitas vezes

retrocedem ou avançam na cronologia do enredo proposto, e/ou situam os

personagens em outros locais, ou até mesmo em outras realidades ou

representações simbólicas iconográficas da música.

Ainda outra forma de estética fragmentada que o videoclipe possuí, é

a fragmentação em decorrência da rápida velocidade de sucessão dos

planos, indo na contramão do cinema tradicional.

Apesar da estética fragmentada não ser absoluta nos videoclipes, uma

vez que é justamente a riqueza de diversidades de formas de sua linguagem

o que se constituí uma das maiores contribuições do videoclipe para a arte. O

estudo do desenvolvimento de uma linguagem recorrente, própria, desse

gênero audiovisual, auxilia em sua acepção sob uma perspectiva voltada

mais para seu potencial expressivo, e menos determinada em sua função

como peça de propaganda do mercado fonográfico.

O Estudo dos processos e procedimentos da produção de videoclipe.

Para fins didáticos, os conteúdos acerca dos processos técnicos

envolvidos na produção de um videoclipe foram divididos em quatro

principais etapas : gerenciamento da equipe técnica e funções; a pré-

produção, que consiste na etapa de elaboração e planejamento do que o

será produzido; a produção, que consiste na etapa das filmagens, e a pós-

produção, etapa de edição e finalização do audiovisual, e sua divulgação.

Page 55: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 6!

Gerenciamento da equipe: estrutura de produção

Antes de iniciarmos o estudo acerca das etapas de pré-produção,

produção e pós-produção envolvidas no processo de realização de uma obra

audiovisual do gênero videoclipe, se faz necessário a noção de uma de

estrutura de divisão de funções básicas. Não que necessariamente toda a

produção de um videoclipe siga esse quadro de membros de uma equipe

técnica, pois não necessariamente precisa haver uma pessoa para cada

função, uma vez que para se produzir um clipe, principalmente os mais

independentes, a demanda e a disponibilidade de recursos incluindo de

pessoal seja muito variável, podendo inclusive ser um trabalho individual,

mas mesmo que todas as funções sejam exercidas pela mesma pessoa, é

necessário conhecer as atribuições básicas que precisam ser abarcadas na

produção do audiovisual.

O quadro de membros (ou atribuições) para a produção de um

videoclipe pode ser constituído por:

QUADRO 1 (EQUIPE TÉCNICA):

PRODUTOR

DIRETOR ROTEIRISTA

PRODUÇÃO IMAGEM ARTE SOM EDIÇÃO

APOIO DE

SET

DIRETOR DE

FOTOGRAFIA

DIRETOR DE

ARTE

CAPTADOR

DE SOM EDITOR

APOIO DE

ELENCO CÂMERA

CENEOGRAF

IA

FIGURINO

MAQUIAGEM

Page 56: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 7!

Produtor: O produtor é a pessoa que viabiliza e administra a produção do

projeto, normalmente sendo a pessoa que possuí o total controle sobre sua

execução. Faz parte das atribuições do produtor realizar o orçamento, o

levantamento de recursos, a definição do cronograma, a contratação da

equipe técnica, providenciar as medidas jurídicas necessárias, o contato e a

negociação dos músicos ou clientes, entre outras.

Roteirista: O roteirista, a partir da música para qual será produzido o

videoclipe, deve desenvolver o conceito artístico da obra, assimilando as

ideias e objetivos do cliente (se houver um). Por vezes ele terá que adaptar

as ideias iniciais devido a limitações de recursos.

Diretor: O diretor é o responsável pelo resultado final da visualidade, pelo

clima, pelo ritmo, e pela ambientação da obra, no sentido artístico. Seu

trabalho tem seu início desde a pré-produção, realizando o que se denomina

de roteiro técnico (em que a visualidade de cada cena é definida), sendo ele

a pessoa que coordena a equipe técnica e orquestra a ação das filmagens.

Diretor de Fotografia: O diretor de fotografia é responsável pela iluminação

das filmagens, além de escolher os ângulos, a movimentação e

enquadramentos de câmera.

Cameraman: Orientado pelo diretor de fotografia é o responsável pela

operação da câmera.

Diretor de arte: Responsável por elaborar a ambientação da obra

audiovisual, coordenando o trabalho da equipe de arte de cenografia, figurino

e maquiagem.

Cenógrafo: Orientado pelo diretor de arte, é responsável por buscar as

melhores soluções estéticas em relação ao cenário, seja na escolha das

cores utilizadas, objetos decorativos, ou se necessário, na construção do

mesmo.

Figurinista: O figurinista é responsável pela elaboração e aquisição ou

confecção dos figurinos, levando em conta a coerência conceitual e estética

com o enredo, com a ambientação, e identidade visual do(s) músico(s). Deve

também se ater durante as filmagens na manutenção e mudança do figurino.

Maquiador e Cabelereiro: Responsável junto ao trabalho do figurinista, de

desenvolver a visualidade dos artistas, levando em conta as mesmas

problemáticas.

Page 57: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 8!

Técnico de Som: O técnico de som é responsável pela captação do som,

seja para efeitos sonoros, diálogos, ou a música executada, garantindo sua

qualidade e evitando a presença de ruídos indesejados. Mesmo se o

videoclipe não envolver a captação de som direto, o trabalho do técnico de

som, consiste em propiciar a realização do playback pelos artistas, além da

captação do som guia para a realização do sinc. A alçada de um técnico de

som na produção de um videoclipe pode também envolver o trabalho na pós-

produção junto ao editor.

Editor: O Editor é o responsável em finalizar a obra audiovisual. Na produção

de um videoclipe, consiste em uma das funções de maior importância, bem

como em uma das etapas que demandam maior tempo e trabalho, uma vez

que o ritmo da obra é determinado pelo trabalho de edição.

Page 58: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 9!

A pré-produção

A etapa de pré-produção consiste na concepção daquilo que se deseja

produzir, bem como no planejamento e preparação para sua viabilização.

Em uma produção audiovisual, a concepção daquilo que se planeja

produzir normalmente é organizada e estruturada em um roteiro.

Basicamente o roteiro é um guia, um script, que busca comunicar como se

configurará a obra audiovisual, o que é essencial para a organização e o

planejamento de sua produção. O roteiro técnico possuí um vocabulário

padronizado (havendo algumas poucas variações), o que torna necessário o

estudo de seus termos específicos, uma vez que o conhecimento dessa

linguagem técnica além de capacitar o indivíduo a compreender e comunicar

a visualidade que se pretende no audiovisual, tal conhecimento auxilia

também na compreensão dos recursos de composição visuais recorrentes na

linguagem audiovisual.

Além do roteiro, serão abordadas as principais questões para a

viabilização do projeto, nesse sentido também serão trabalhadas algumas

estratégias que auxiliam no planejamento tal como o reco (visita à locação

para levantamento de informações necessárias), e a ordem do dia

(cronograma da diária de gravação). A atenção para o planejamento e

preparação são vitais para propiciar que aquilo que foi concebido possa ser

concretizado, de maneira a otimizar os recursos disponíveis, evitando ao

máximo possíveis empecilhos.

Introdução ao Roteiro

Basicamente o roteiro consiste no registro da concepção de uma obra

audiovisual, portanto, existem muitos tipos de roteiros com um maior ou

menor grau de detalhamento, conforme a necessidade de cada projeto. O

roteiro possuí a função de comunicar com clareza aquilo que se pretende

produzir, o que propicia e muito o controle de como se concretizará a obra,

principalmente quando se trabalha em equipe. Como todo processo artístico,

a maneira como será feita sua elaboração e utilização é variável, havendo

Page 59: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 10!

casos em que a elaboração do roteiro ocorre posteriormente às filmagens, ou

por vezes é até mesmo ignorada. Contudo, o roteiro se constituí em uma

ferramenta muito eficiente para a otimização de tempo e recursos, por servir

como um guia preciso do que, e de que maneira será executada a etapa de

produção, não coincidentemente toda grande produção sempre parte de um

roteiro.

Em se tratando especificamente da produção de um videoclipe, por

normalmente se configurar em uma produção em menor escala, seja em

questão de duração, e de disponibilidade e demanda de recursos, por vezes

o roteiro empregado é menos detalhado, contudo, um roteiro com um menor

nível de detalhamento técnico não deve ser confundido com uma menor

importância da elaboração de um conceito. O conceito é tão vital para um

videoclipe quanto para uma obra cinematográfica, um videoclipe só se

constitui um videoclipe através de uma intenção estética, não

necessariamente narrativa, mas sem um conceito, sem o esforço em gerar

sinestesia, o vídeo apenas se constitui no registro da performance musical.

A elaboração de um roteiro possuí vários níveis de detalhamento,

dependendo a que espécie de áudio visual a qual ele serve, ou até mesmo

várias fases de sua concepção. A ideia inicial, que será o ponto de partida do

roteiro, podendo ser facilmente descrita em poucas linhas, é chamada de

storyline. A partir da storyline, ao desenvolver mais especificamente quais

ações, o cenário os personagens teremos a sinopse seguida do argumento.

Tanto a sinopse quanto o argumento são descrições e textos narrativos

convencionais, não descrevendo a composição das cenas. Com a divisão em

planos, movimento de câmera teremos a ESTRUTURA, e por fim temos o

ROTEIRO TÉCNICO, que possuí uma configuração em texto simples,

utilizando os termos técnicos específicos para descrever como será a

composição de cada cena.

O emprego de um vocabulário específico auxilia na comunicação mais

sucinta e objetiva, sem a necessidade de descrições, adjetivos e exemplos.

Para fins didáticos as nomenclaturas podem ser compreendidas como:

unidades de estrutura da linguagem audiovisual, nomenclaturas dos planos, e

nomenclaturas de movimentação de câmera.

Page 60: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 11!

Unidades de estrutura da linguagem audiovisual:

Plano (shot) = 1. Unidade da obra audiovisual, cada fragmento a ser filmado;

2. Perspectiva visual

Cena = Conjunto de planos, uma ou mais ações que ocorrem sem saltos de

tempo

Sequência = Conjunto de cenas desenvolvidas para uma mesma

história/situação

Tomada (takes) = Número de vezes que o plano será repetido, pode também

ser descrito como o intervalo entre a câmera ser ligada até ser desligada.

Para melhor compreender, é possível fazer uma analogia com a estrutura

de um poema: um take seria uma palavra, uma cena seria um verso, e uma

sequência seria uma estrofe.

Nomenclaturas dos planos

A seguinte nomenclatura é a usualmente empregada no meio televiso:

Figura 1: Nomenclaturas dos principais planos

Page 61: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 12!

• Plano Geral (PG) - mostra a pessoa inteira, da cabeça aos pés.

• Plano Conjunto (PC) – ou plano americano, corta o plano na altura

dos joelhos. O nome plano americano foi cunhado devido ao início de

seu uso em filmes de faroeste, uma vez que o plano possibilitava dar

enfoque na arma e no coldre do personagem. Normalmente não é

utilizado por muito tempo, pois o expectador pode ficar fatigado ao

tentar ver melhor o rosto do personagem.

• Plano Médio (PM) – enquadra logo abaixo da linha dos cotovelos, na

cintura. Este é um bom plano para tomadas de introdução, por

propiciar uma boa noção geral da pessoa em quadro, sem perder um

bom nível de detalhamento de seu rosto. Contudo não deve ser

mantido por muito tempo, ou o expectador se cansará de olhar para a

roupa da pessoa filmada, que ocupa a maior parte da tela.

• Meio Primeiro Plano (MPP) – enquadra do busto para cima, logo

abaixo dos ombros. Por mostrar em detalhe o rosto, mas sem ser

intrusivo é o padrão de conforto visual, por isso é muito utilizado, por

exemplo, em entrevistas.

• Primeiro Plano (PP) – ou Close Up, enquadra o rosto inteiro, a partir

da altura da gola. O plano torna-se íntimo, atribuindo maior pressão e

dramaticidade à cena.

• Primeiríssimo Plano (PPP) – Mostra apenas parte do rosto. A

sensação de intimidade e confrontação é ainda mais forte, utilizado

para causar impacto, se utilizado com frequência pode tornar-se

cansativo.

Apesar do objetivo de uma linguagem técnica ser o de não haver

possibilidade da compreensão de um significado distinto do desejado, no

audiovisual esses termos técnicos podem sofrer algumas variações de lugar

para lugar, ou de tempos em tempos, ou conforme o meio de veiculação do

audiovisual, por exemplo, as nomenclaturas de obras voltadas para o meio

televisivo costumam se referir a planos mais fechados em relação aos planos

do mesmo nome no cinema, provavelmente isso se justifique na diferença de

proporções entre a tela do cinema e a da televisão. Aliás, parece ser uma

Page 62: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 13!

tendência geral o uso de planos cada vez mais fechados, provavelmente,

isso vem acontecendo devido a crescente utilização de dispositivos portáteis,

que possuem uma tela muito menor em relação a televisão, como tablets e

celulares, uma vez que planos mais abertos, principalmente se possuírem

muita informação visual, correm o risco de ficarem confusos em tela

menores, portanto, é recomendável, ao elaborar os planos utilizados, levar

em conta o meio em que a peça audiovisual será transmitida. No caso, como

o foco é a produção de videoclipes independentes, a veiculação

provavelmente será efetuada via internet, portanto seus principais suportes

são a televisão e os dispositivos móveis.

Nomenclatura de movimentação de câmera.

A câmera é capaz de executar uma ampla gama de movimentos, por

isso, aqui expomos apenas os principais. Algumas movimentações de

câmera dificilmente podem ser obtidas com a imagem estável sem a

utilização de equipamentos específicos para esse fim, contudo isso não

significa necessariamente descartar o seu uso, o videoclipe possuí como

característica uma grande liberdade expressiva, diferentemente das peças

audiovisuais para o meio televisivo e propagandas, portanto a imagem

instável por vezes é incorporada à obra como recurso expressivo.

Figura 2: Movimentação de câmera

Page 63: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 14!

Ao descrever a movimentação da câmera, é importante lembrar que a

referência é dada do ponto de vista da câmera, e não daquilo que está sendo

filmado, por exemplo, travelling para a esquerda se refere a esquerda da

câmera.

!Figura 3: Nomenclatura de movimentação de câmera

As expressões corretas de orientação para a movimentação da

câmera contêm preposições, indicando um referencial para o destino final

trajeto do movimento, por exemplo, “pan à direita do cenário”, “abre até tirar o

personagem do meio das flores”, ou “dolly para cima até a cabeça do

personagem.

Page 64: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 15!

Exemplos de formato de roteiro

Agora que já foi apresentado uma noção básica acerca da

nomenclatura e termos técnicos empregados no roteiro, segue abaixo o

exemplo de dois modelos simples de roteiro.

Modelo 1:

Sequência 1

INT. – ALICE – Primeira parte da música

Duração estimada: 00:45 seg

Cena 01

P.G dos dois músicos tocando Som: Introdução da música

Modelo 2:

Plano

Tempo

Câmera

Ação

Som

01 PG 45’’ 1 Músicos tocando juntos Introdução

da música

02 PM 45” 2 Músicos tocando juntos Introdução

da música

03 CL 50” 1 Clarinete Solo Refrão da

música

Planejamento e preparação

Para a viabilização de qualquer projeto, por mais simples que seja, se

faz necessário responder às perguntas básicas de, quando, onde, e como

será executada a produção. Essas perguntas são mais facilmente

respondidas conforme o grau de detalhamento resolvidos na etapa de

elaboração da obra. Contudo muitas vezes a própria elaboração do que se

Page 65: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 16!

vai ser criado na verdade é primeiramente condicionada aos recursos

envolvidos.

Para a concretização da obra, a organização e o planejamento se

inicia com o levantamento da demanda dos recursos necessários para a

concretização do projeto: quanto tempo para a produção será necessário?

Quais equipamentos, tais como câmeras, equipamentos de iluminação, serão

necessários? Quantas pessoas exercendo quais determinadas funções serão

necessárias? Quais procedimentos legais, tais como autorizações de uso de

imagem e aval de filmagem? Quais os materiais, tais como objetos de cena,

figurino e de cenário? Quais serão as locações? E qual o orçamento? Após

esse levantamento é preciso analisar quais os recursos disponíveis, e se há a

necessidade de ajustar o projeto conforme a realidade da ausência de

recursos, ou buscar formas de adaptar e contornar a situação.

Após a definição daquilo que será produzido, é necessário definir o

cronograma, levando em conta os dias necessários para a preparação,

filmagens e edição. Uma estratégia organizacional recomendada para poupar

tempo e inconvenientes, principalmente se o projeto envolve uma maior

complexidade em sua produção, é a elaboração do se chama “Ordem do Dia”

, a ordem do dia nada mais é do que um cronograma diário, definindo o que

será executado, e em que ordem serão realizadas as filmagens.

Reco

Um ponto que merece atenção é o local (ou locais) onde serão realizadas as

filmagens, uma vez que muitos dos possíveis imprevistos ocorrem devido a

ausência de controle em relação as variantes do local, principalmente quando

não se trata de um estúdio, mas sim de uma locação. Um minucioso

levantamento de informação pode poupar a produção de muitos

inconvenientes. Nesse sentido, uma prática recomendada, se possível, é a

realização de um “Reco”.

O termo reco é originário de recrutas, e designa a ação de alguém ir à

frente das tropas para espionar, no caso, é a prática de ir até o lugar onde

serão feitas as filmagens e realizar um levantamento a respeito do local,

Page 66: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 17!

prática recorrente principalmente na produção de peças para o meio

televisivo. Alguns pontos importantes a serem levados em consideração é

investigar a existência de elementos que possam ser indesejáveis em cena,

para a escolha dos melhor posicionamento para as câmeras, a iluminação e

a ação da cena; além de examinar não apenas os possíveis empecilhos,

como também se ele traz possibilidades interessantes para as filmagens, tais

como a existência de elementos interessantes que possam ser utilizados tais

como objetos, arquitetura, ou possíveis intervenções na cenografia.

É necessária também a averiguação dos fatores que possam interferir

no som, como a ocorrência de ruídos indesejáveis no local, tais como

pessoas transitando, máquinas, construções, ou trânsito. No caso da

existência desses ruídos verifique se é possível tomar alguma providência.

Conhecer esses fatores e a acústica do local auxilia na escolha do

equipamento de captação de som mais recomendável para a situação.

Outro ponto a ser examinado é a infraestrutura do local por exemplo,

se há estacionamento, banheiro, acessibilidade. É importante verificar a

instalação elétrica do local, se existe o fornecimento de energia elétrica

necessário, o número de tomadas, e se o formatos delas são compatíveis

com o equipamento ou se é preciso providencias adaptadores e extensões.

Outro aspecto a ser examinado é a luz do local, para que se possa ter noção

de quanto de iluminação será necessário, caso haja iluminação natural é

válido examinar a trajetória do sol para que não haja sombras indesejadas

bem como garantir que o sol não fique posicionado na contraluz das

filmagens. O ponto mais importante é tomar as devidas providências para

que o local esteja autorizado e disponível para o dia da gravação.

Page 67: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 18!

Enquadramento e composição e técnicas narrativas

O objetivo deste tema é o de que o aluno, ao conhecer alguns

conceitos estéticos básicos, esteja melhor capacitado para a realização de

uma câmera que transmita visualmente a estesia que se pretende. Bem

como o conhecimentos de técnicas narrativas auxilia na apresentação de um

enredo mais claro, propiciando que o expectador compreenda a conjuntura e

sucessão dos acontecimentos.

O conteúdo consiste em um aprofundamento do tema anterior, por

tratar também de termos técnicos de enquadramento de câmera, além da

estesia que cada um desses enquadramentos propicia. Também são

apresentados alguns procedimentos recorrentes no uso de certas regras da

“boa forma” da linguagem audiovisual na elaboração da composição visual de

uma cena. Por fim, algumas técnica para propiciar a continuidade narrativa

também são trabalhadas.

Enquadramento

Neste tópico, iremos trabalhar alguns parâmetros estéticos que

auxiliam na execução de uma boa composição visual com a câmera.

A primeira consideração em relação à composição visual para realizar

uma boa filmagem é de se lembrar que a câmera sempre deve estar no

sentido horizontal, uma vez que tanto a televisão quanto o computador,

quanto a tela de projeção do cinema possuem esse sentido (a não ser que se

altere fisicamente seu posicionamento). Apesar de parecer uma constatação

óbvia, esse tipo de acidente ocorre com bastante frequência.

Uma das principais formas de se obter uma composição atraente no

trabalho audiovisual é o de utilizar planos originais que fujam do óbvio,

embora seja necessário uma certa cautela no uso de planos extremamente

originais, principalmente se o trabalho possuir um caráter narrativo, pois se

um plano for muito ousado a ponto de se tornar confuso ou impactante

demais o fruidor pode acabar por desviar a atenção da ação da cena, a não

Page 68: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 19!

ser é claro, que exista a intenção proposital de desnortear o fruidor. Embora a

linguagem do videoclipe seja extremamente aberta à experimentações,

principalmente por focar a estesia em virtude de uma compreensão narrativa,

o clipe é também um audiovisual muito compacto e efêmero, no qual não há

muito tempo para se digerir as informações, ou seja, apesar de muitas vezes

existir o ímpeto pelo criativo e ousado, é preciso sempre ser criterioso, e ter

em mente que a forma deve estar aliada ao conteúdo, e não conflitante.

Um exemplo de situação que pode ser esteticamente entediante, é o

de utilizar somente planos no nível dos olhos, uma vez que é sob essa ótica

que percebemos o mundo todos os dias. Uma forma de variar o ângulo de

visão é através da utilização da câmera alta (Plongée) e da câmera

baixa(contra-plongée).

Câmera alta (Plongée) = Nesse ângulo o objeto ou personagem é

enquadrado de cima para baixo.

Os diferentes ângulos são capazes de propiciar diferentes estesias, o

ângulo alto (ou câmera alta) por achatar a imagem, reduzindo a estatura do

objeto ou do personagem, é um ângulo utilizado como recurso expressivo em

que o personagem é colocado em uma situação de inferioridade e pressão.

Figura 4: Exemplo de plongée

Page 69: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 20!

• Câmera baixa (Contra-Plongée) = Nesse ângulo o objeto ou

personagem é enquadrado de baixo para cima.

De forma contrária ao ângulo anterior, o ângulo baixo (câmera baixa),

transmite uma impressão de liberdade e austeridade, colocando o

personagem em uma posição de superioridade.

Os ângulos de câmera também podem alterar a nossa impressão de

velocidade de movimento. A câmera alta atribuí a impressão de que o objeto

filmado está em uma velocidade mais lenta, uma vez que devido à grande

área que o chão ocupa no quadro, o objeto em movimento permanece mais

tempo em quadro, em relação à outros ângulos. Enquanto na câmera baixa a

impressão é oposta, uma vez que o objeto precisa se deslocar menos para

sair de quadro. Por esse motivo quando se filma imagens, como por exemplo,

de esportes radicais, como o skate, normalmente é utilizado um ângulo baixo

para dar maior dinamismo à cena.

Outra forma de variação de composição visual em uma cena pode ser

realizada através da variação de perspectiva, ou ponto de vista da câmera,

entre a câmera objetiva e a câmera subjetiva.

Figura 5: Exemplo de contra-plongé

Page 70: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 21!

Câmera Objetiva = É quando a câmera assume o ponto de vista de um

observador, ou seja, a cena é enquadrada em 3ª pessoa. É o ponto de vista

mais recorrente.

!Figura 6: Exemplo de câmera objetiva

Câmera Subjetiva = É quando a câmera assume o ponto de vista do

personagem, ou seja, a cena é enquadrada em 1ª pessoa.

!Figura 7: Exemplo de câmera subjetiva obtida pela sucessão dos takes

Muitas vezes uma tomada se torna subjetiva apenas no contexto da

edição, como nesse exemplo dado, pois a compreensão de que se trata do

ponto de vista do personagem só é possível devido à cena que a antecede.

Composição

Assim como ocorre na pintura, no desenho e demais formas das artes

visuais, a composição de um enquadramento possuí algumas regras que

Page 71: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 22!

auxiliam a realização de uma imagem esteticamente mais interessante e

atraente.

Uma das regras de composição mais amplamente utilizadas no

audiovisual consiste em utilizar a regra dos 2/3, a regra dos dois terços

consiste basicamente em traçar três linhas equidistantes no sentido

horizontal e vertical, essas linhas imaginárias servem como referencial do

local onde o foco de principal interesse deve estar posicionado, o intuito

dessa regra de composição é o de propiciar que o olhar do fruidor percorra

por toda a tela.

!!!!!!!!! !Figura 1: Grade guia para regra dos 2/3

!No exemplo abaixo, na primeira figura, o foco de atenção são os olhos

da pessoa filmada, note que a altura dos olhos correspondem a altura da

linha imaginária dos dois terços, enquanto na segunda figura os olhos se

encontram no centro da tela.

Figura 7: Exemplo de enquadramento

Page 72: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 23!

Um outro exemplo de aplicação da regra é a composição envolvendo a

linha do horizonte. Note que no exemplo abaixo não apenas a linha do

horizonte se encontra com a linha imaginária horizontal, como os outros

elementos de interesse o Sol, e o barco, estão posicionados também onde

seriam as linhas verticais.

Por tanto a regra dos 2/3 é uma regra para evitar na composição a

ocorrência de simetria, uma vez que a simetria tende a tornar a composição

estática, o que normalmente não é nada desejável no audiovisual,

principalmente em se tratando de videoclipe em que o ritmo é vital para uma

boa obra.

Note como no exemplo abaixo em que são apresentados duas

possibilidades de composição com o mesmo objeto, o plano 2 em que a

placa está posicionada de forma bem mais assimétrica transmite um maior

dinamismo em relação a mesma placa do plano 1.

Figura 8: Exemplo de composição com a linha do horizonte conforme a regra dos 2/3

Page 73: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 24!

!Figura 9: Exemplo de composição com dinamismo de um mesmo objeto

Utilizando o mesmo princípio de assimetria, ao se enquadrar um rosto,

utilize o que é denominado de “olhar direcional”, ou seja, deixe uma área livre

na direção em que o sujeito olha. Isso torna a cena além de mais dinâmica,

mais agradável, uma vez que esse espaço faz com que a visão do

espectador percorra o quadro, movimentando-se da mesma forma que o

olhar do personagem. Partindo do mesmo princípio, ao enquadrar algo em

movimento, deixe um “espaço para movimentação”.

! Figura 10: Exemplo de olhar direcional, de espaço para deslocamento

Uma outra aplicabilidade da assimetria consiste em, ao se filmar um

objeto, utilizar o ponto de vista com o máximo de superfícies diferentes desse

objeto. Isso dá ao espectador maior referencial, proporcionando impressão

de profundidade e volume, evitando que ele fique achatado e bidimensional.

Page 74: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 25!

!Figura 11: Comparação com duas possibilidades de enquadramento de um prédio

O mesmo princípio vale para o rosto de pessoas. Ao filmar um diálogo,

recomenda-se de que não se enquadre os dois sujeitos de perfil, uma vez

que a simetria excessiva além de comprometer a composição da cena. O

perfil, por ser um ângulo de pouca área de visibilidade do rosto, é tido como

menos expressivo.

!Figura 12: Exemplo de enquadramento de um diálogo

Técnicas narrativas

Continuidade

Embora uma das principais características da linguagem do videoclipe

seja a fragmentação temporal e espacial, isso não significa necessariamente

Page 75: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 26!

uma menor atenção em relação à continuidade. Pelo contrário, o fato da

narratividade (quando existente) em um videoclipe ser apresentada de forma

fragmentada, em que, várias vertentes da história, representações

simbólicas, ou a performance musical são apresentadas em um

entrelaçamento de sucessão de takes não lineares, a continuidade acaba por

servir de uma importante referência para o fruidor, para que ele não fique

desnorteado e confuso, e consiga compreender o enredo proposto.

Provavelmente seja por esse motivo que a linguagem do videoclipe

recorrentemente utiliza mudanças drásticas entre cada um dos paralelos do

seu enredo, tais como alteração da fotografia (de imagem em cores para em

preto e branco), alteração na linguagem (da linguagem fílmica para

animação), alteração de figurino, de personagens, de ambientes, enfim, uma

série de recursos possíveis para acentuar a distinção entre os paralelos do

enredo, auxiliando a compreensão de continuidade entre cada uma das

partes de compõem do clipe.

Além desses recursos, existem vários elementos que precisam de

atenção para propiciarem a continuidade narrativa, principalmente se o

videoclipe busca trabalhar com uma forma de linguagem mais próxima da

linguagem cinematográfica. Durante as filmagens e gravações, deve-se

observar a continuidade em relação à iluminação, à ambientação, e ao

conteúdo.

Uma diferença brusca de iluminação, entre uma cena e outra da

mesma sequência, causada por exemplo pela mudança do Sol, pode gerar a

impressão errônea de que a cena anterior aconteceu muito tempo antes ou

depois, ao invés de no momento seguinte, além de poder causar a impressão

de que a cena está se passando em outro local. Para a continuidade de

ambientação, deve-se estar atento em manter o ambiente igual em todas as

cenas sem a alteração, por exemplo, do posicionamento dos móveis e

objetos de cena. Deve-se também observar se os atores (ou músicos), estão

apresentados da mesma maneira que na cena anterior, não havendo

mudanças de figurino, maquiagem, cabelo, instrumentos e assim por diante.

Para propiciar que a sucessão das tomadas gerem uma sequência

harmoniosa e coesa, principalmente no cinema tradicional, são utilizadas

uma séries de convenções, que se constituem em técnicas narrativas que

Page 76: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 27!

evitam possíveis desnorteamentos. Uma dessas convenções, por exemplo,

recomenda que para atribuir a sensação de continuidade de movimento, ao

se filmar um objeto em movimento, o objeto ao entrar e sair do quadro, deve

na cena seguinte realizar o movimento obedecendo o mesmo sentido,

conforme o exemplo abaixo:

!Figura 13: Exemplo de continuidade de movimentação

Observe como dessa forma, a sucessão das tomadas mantendo o

mesmo sentido, propicia o entendimento de que o personagem está

avançando. Enquanto que com a inversão do sentido a compreensão não é a

de avanço, gerando mais a impressão de que o personagem está retornando

o caminho por onde ele veio (se essa for a intenção o ideal é apresentar a

cena do movimento de retorno).

!Figura 14: Exemplo de descontinuidade de movimentação

Page 77: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 28!

Outra convenção utilizada para propiciar a continuidade narrativa, é a

de que ao se filmar um diálogo, enquadrando cada personagem

isoladamente, a direção do olhar desses personagens deve ser oposta a do

outro. Dessa forma os olhares dos personagens parecem se encontrar,

propiciando a compreensão da interação entre eles, conforme é ilustrado no

exemplo abaixo.

!Figura 15: Exemplo de continuidade narrativa

Page 78: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 29!

Iluminação

Introdução à iluminação

A maneira como nossos olhos e a câmera são capazes de captar e

interpretar a luz são bastante distintas, por isso, se faz necessário

primeiramente, para o nosso estudo, a acepção acerca de alguns importantes

pontos sobre o comportamento dessa matéria prima.

A primeira consideração é a de que a câmera não é capaz de captar a

luz tão bem quanto os nossos olhos, não raramente as pessoas invertem

esse fato, uma vez que a tecnologia costuma superar a precisão das nossas

capacidades biológicas, por isso a necessidade de se iluminar tão

intensamente aquilo que será filmado, excedendo e muito nossa necessidade

óptica. Outro fato, que representa uma grande vantagem para o nosso

sistema visual biológico, é o de que o nosso olhar é seletivo, enquanto a

câmera não, dessa forma nosso olhar atribuí naturalmente uma maior

importância, selecionando nossos pontos de interesse. Por esses motivos a

imagem captada pela câmera tende a ser chapada e bidimensional, uma

situação que ilustra esse fenômeno e bastante recorrente, é o de ao se

fotografar um bela paisagem, a fotografia acabar por ser decepcionante em

relação à verdadeira paisagem contemplada.

Por conta desses fatores é muito importante que a iluminação atraia o

olhar do espectador para o ponto de interesse do quadro, conduzindo a

atenção para o ponto de ação da cena, para que o olhar do fruidor não fique

confuso e perca a informação que se deseja transmitir. O olhar normalmente

é atraído para o ponto de maior luminosidade, ou para o ponto muito pouco

iluminado se houver um contraste grande com o restante do quadro, portanto,

para destacar o ponto de interesse através da iluminação, o local onde se

deseja atribuir o foco não deve estar iluminado na mesma intensidade que o

restante do quadro. Um truque para verificar se a iluminação está adequada

é o de serrilhar os olhos, dessa forma, restringindo a captação de luz dos

olhos a percepção será mais próxima com a forma como a câmera irá filmar.

Page 79: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 30!

Verificando se dessa forma a parte que você deseja enfatizar estiver mais

iluminada, e sem que haja a concorrência de outras áreas tão ou mais

iluminadas.

A linguagem da televisão, diferentemente da linguagem do cinema em

que normalmente há um maior tempo para a contemplação e assimilação,

exige muita clareza e objetividade, por isso a iluminação é pensada de forma

a buscar trazer tal evidência. Por tanto, ao se produzir um videoclipe é

interessante pensar qual tipo de linguagem e o ritmo o clipe irá possuir, para

assim construir a iluminação mais adequada. Se o clipe for fragmentado e

possuir um ritmo mais acelerado, será mais eficiente que a iluminação

consiga destacar bem os focos de atenção, enquanto que se o videoclipe for

menos fragmentado e com um ritmo mais lento, a iluminação mais subjetiva

pode tornar a cena mais interessante.

A iluminação bem feita auxilia a recuperar a tridimensionalidade dos

elementos filmados e fotografados, portanto, realizar um trabalho de

iluminação não significa deixar aquilo que se pretende filmar intensamente

iluminado. É preciso pensar na iluminação como uma matéria que esculpe e

revela a imagem. Além de que, obviamente, deve-se pensar na iluminação

como um recurso expressivo sensível de criação da atmosfera da cena.

Propriedades técnicas da câmera de ajuste de iluminação:

Para que que se consiga obter uma imagem gravada iluminada

adequadamente é importante que o operador de câmera compreenda

basicamente as propriedades técnicas de iluminação que a câmera possuí,

para que através da compreensão do conceito desses recursos ele possa

manipulá-los.

1. Íris

2. Temperatura de cor

3. White balance

4. Lux

Page 80: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 31!

A íris

A íris (ou diafragma) controla a quantidade de luz que passa através

da objetiva (a lente da câmera). Fazendo uma analogia, a íris é como se

fosse a janela pela qual a iluminação entra em um cômodo, e quanto maior o

tamanho de da janela, mais luz entrará no cômodo, e quanto menor, menos

luz.

A indicação da abertura da íris é indicada na objetiva, variando

conforme cada lente, contudo seu valores não seguem uma lógica de

tamanho, pois quanto menor o valor da íris em uma objetiva, mais luz é

capaz de entrar por ela. Por exemplo, uma objetiva com o valor da íris de

1:1.2 é mais luminosa do que uma objetiva de 1:1.8.

Muitas câmeras, principalmente as mais simples, não possuem o

controle manual da íris, e a quantidade de luz que passa pela objetiva é

regulada automaticamente. O controle automático da íris, o AUTO-IRIS,

apesar de ser uma opção mais prática, traz a desvantagem de não ser

possível manipular mais precisamente de acordo com o que deseja o

resultado da filmagem, além disso, o sistema de AUTO-IRIS avalia a

quantidade total de luz no quadro, sem levar em conta pequenas áreas, o

que pode gerar áreas com excesso de luz (superexposição) ou de pouca luz

(subexposição), principalmente se na cena houver bastante contraste de luz.

Portanto quanto menos sofisticada a câmera, mais difícil será captar imagens

com qualidade em que haja muito contraste na iluminação.

Um recurso existente em boa parte das câmeras para o

monitoramento da luminosidade captada pela câmera é o que se denomina

“zebra”. A zebra indica através do visor da câmera a ocorrência de áreas que

estão superexpostas (alguma também indicam as área subexpostas), essas

áreas são demarcadas por listras (por isso o nome zebra).

Page 81: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 32!

Temperatura de cor

As fontes luminosas possuem diferentes proporções de luz verde,

vermelho ou azul . Por exemplo a luz do Sol, ao meio dia, possuí 33% de

verde 34% de vermelho e 33% de azul, enquanto que, na luz artificial de um

photoflood (equipamento de iluminação) a proporção é de 21% de azul, 34%

de verde e 45% de vermelho.

O olho humano, devido a sua capacidade se adaptar facilmente à

diferentes fontes luminosas, não percebe essa variação de tons, contudo com

as câmeras essa diferença de tonalidade é bem visível.

Portanto para se avaliar a quantidade e proporção entre essas cores

nas fontes luminosas, é utilizado o que denominamos TEMPERATURA DE

COR – medida que indica a predominância de preto (ausência de cor) até a

cor branca absoluta. A temperatura de cor é medida em graus Kelvin (°K).

Quanto mais alto for o valor da temperatura de cor, mais azulada será a cor

da luz da fonte luminosa, enquanto que quanto menor o valor °K mais

avermelhada será a cor da luz.

1.800°K luz de uma vela

2.650°K lâmpada de tungstênio de 40 watts (doméstica)

3.800°K Luz do sol uma hora depois de nascer o sol e antes do pôr-

do-sol

4.000°K Flash convencional

5.500°K Luz do Sol ao meio-dia sem nuvens

7.000°K Céu nublado ou chuvoso

10.000°K Céu claro sem nuvens

10.000°K TV colorida

Page 82: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 33!

White Balance

O ajuste para a temperatura de cor pode ser realizado eletronicamente

no equipamento de filmagem através do recurso WHITE BALANCE

ADJUSTMENT. O White balance funciona partindo do princípio de que uma

superfície branca, reflete a luz sem distorções de cor, portanto se o branco

está sendo reproduzido fielmente, consequentemente as outras cores

também serão.

Na maioria das câmeras o WB é um dispositivo simples ajustável

através de um dispositivo automático, ou através da seleção de uma das

situações mais comuns, tais como: luz natural (5.500°K ), luz fluorescente

(4.200°K) e a luz halogênica (3.200°K). Recorrentemente esse tipo de ajuste

é indicado por símbolos tais como:

!

Figura 16: Símbolos de White Balance simples, de acordo com a fonte luminosa (sol, fluorescente e incandescente)

!Quando há mais de uma fonte de luz de temperaturas de cor

diferentes, ou quando a situação não se enquadra especificamente em uma

das opções é recomendável deixar o WB no modo automático.

As câmeras um pouco mais sofisticadas possuem o White Balance

manual. Para se realizar o ajuste do WB, ou “bater o branco”, corretamente

deve-se apontar a câmera para uma superfície branca (como uma folha de

sulfite ou uma parede) e pressionar o botão de WHITE BAL ADJ durante

alguns segundos até aparecer uma indicação de que a operação foi

completada. A superfície branca deve ocupar pelo menos 80% do

Page 83: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 34!

enquadramento. Não é necessário que essa superfície esteja em foco, o que

importa é a luz refletida e não a nitidez, por isso a iluminação deve estar

adequada e a íris deve estar no modo automático. Lembrando que esse

ajuste deve ser realizado sempre que houver uma alteração da iluminação.

Por fim, é aconselhável para o registro com a fidelidade das cores, que

todas as fontes luminosas possuam a mesma, ou similar, temperatura de cor.

Caso não seja possível utilizar duas fontes luminosas iguais ou semelhantes,

é possível alterar a cor da luz através da instalação de gelatinas (filtro

dicróico) nas luzes. Caso não seja possível o uso de gelatinas profissionais, e

caso o equipamento de iluminação não seja profissional, é possível

improvisar gelatinas utilizando papel celofane (tomando o cuidado e a

precaução para não derreterem).

Lux

Lux é a denominação para a medida de iluminação, sendo que, o

mínimo de luz necessária para que uma câmera consiga registrar as imagens

é indicado em Lux. Conferir essa informação é importante pois quando se

grava imagens com níveis de iluminação próximos ao limite mínimo, obtém-

se imagens granuladas e de pouca qualidade. Normalmente, quanto mais

sofisticada a câmera for, menor é o valor mínimo de lux que ela é capaz de

filmar, por isso que mesmo uma câmera bem simples, como as de celulares,

são capazes de realizar boas filmagens, contanto que a cena esteja

intensamente iluminada .

O valor da unidade de lux é aproximadamente a 1/10 do valor de um

footcandle. O footcandle é uma unidade de valor baseada na distância

aproximada que uma vela consegue iluminar um objeto (cerca de 30cm).

Além de um valor mínimo de lux adequado para cada câmera, há também um

valor máximo. O recomendável é que se grave obedecendo a faixa de

iluminação de 300 lux a aproximadamente 80.000 lux. Para que o leitor possa

ter uma noção de intensidade de lux, confira abaixo a tabela de valores

intensidade de iluminação.

Page 84: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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10 lux luz de uma vela, a uma distancia cerca de 30cm do

objeto

100 lux luz de uma vela, a uma distancia cerca de 5cm do objeto

100 lux lâmpada doméstica de 100w, em um ambiente de 9

metros quadrados

120 a 200 lux luzes de uma rua à noite

1.000 lux dia claro, uma hora após o pôr-do-sol

32.000 lux dia nublado, ao meio-dia

40.000 lux dia claro, cerca de 3 horas da tarde

80.000 lux a

120.000 lux

dia claro, ao meio-dia, sob a luz do sol

Iluminação em ambientes externos

Ambientes externos propiciam a possibilidade de cenários muito

interessantes, além de serem uma boa solução quando a produção do

videoclipe não pode dispor de equipamentos de iluminação. Outro ponto que

favorece o uso de ambientes externos para a produção de videoclipes, é o

fato de que geralmente a filmagem de um clipe não envolve a captação do

som com perfeição, mas apenas como referencial para sincronização(a

captação de som sem excessos de ruídos representa uma grande dificuldade

em ambientes externos).

Contudo, ao se gravar sob a luz natural, é preciso tomar certos

cuidados para que a imagem não tenha problemas de subexposição ou

superexposição. A primeira regra geral é a de que deve-se posicionar a

câmera entre a fonte luminosa (quase sempre o Sol) e a cena a ser filmada,

ou seja, a câmera deve estar voltada apenas para a cena.

Page 85: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 36!

! Figura 17: Posicionamento ideal da câmera em uma externa

Dessa forma você evita problemas de superexposição e subexposição

nas áreas iluminadas e áreas com sombra, principalmente se o controle da

íris for automático, uma vez que todos os pontos da cena estarão expostos

uniformemente.

Contudo, se não for possível realizar esse posicionamento da câmera

em relação ao Sol, ou se a iluminação desejada por questões estéticas e

expressivas envolva a luz-lateral, isso acarretará em áreas subexpostas.

Para contornar esse problema pode-se aumentar a abertura da íris

manualmente (embora isso possa acarretar na superexposição das áreas

iluminadas). Ou pode-se utilizar rebatedores, uma superfície branca para

refletir a luz nas áreas mais escuras. Caso a luz do Sol não esteja tão intensa

para ser rebatida, pode-se utilizar luz artificial, contudo será necessário o uso

de um filtro para tornar a cor da luz artificial mais parecida com a luz do Sol.

! Figura 18: Exemplo de correção de incidência de sombras laterais

Page 86: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 37!

Outra situação de iluminação pouco favorável em externas, é a contra-

luz. A contra-luz ocorre quando o objeto filmado está entre a câmera e a fonte

luminosa, e a câmera está apontada para ambos.

O resultado desse posicionamento é uma imagem em silhueta, uma

vez que o objeto principal torna-se escuro devido ao fundo excessivamente

iluminado. Caso não exista uma intenção artística, essa situação de

iluminação deve ser evitada, uma vez que só é possível amenizar os

problemas de superexposição e subexposição.

Iluminação artificial

Quando se deseja filmar em ambientes internos, ou quando a luz do

Sol é insuficiente, é recomendável a utilização de luzes artificiais para

fornecer a iluminação adequada. Para se construir uma boa iluminação é

necessário o considerar algumas propriedades que influenciam nas

características da luz.

Um fator a ser considerado em relação à iluminação é se a fonte

luminosa emana uma luz dura (hard source) ou suave (soft source). A luz

dura é aquela que produz sombras fortes e nítidas, contrário à luz suave, que

produz sombras difusas e tênues. A dureza ou a suavidade da luz depende

de três fatores conjugados: o tamanho das fontes luminosas, a distância

entre a fonte e o objeto principal, e o tipo de incidência (direta ou indireta).

Em relação ao tamanho das fontes luminosas, quanto mais largo o

feixe de luz de uma fonte luminosa, mais suave será a sombra produzida,

uma vez que quanto mais estreito o feixe de luz, mais os raios de luz ficam

concentrados e densos, gerando sombras mais nítidas.

A distância também influencia na dureza e suavidade da luz, sendo

que, quanto maior a distância entre a fonte de luz e o objeto iluminado, menor

é a intensidade da luz, e consequentemente, menor será também a

intensidade das sombras.

Page 87: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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Outro fator que influencia nas características da luz é se a incidência

ocorre de forma direta ou indireta. A incidência direta da luz ocorre quando a

propagação da luz ocorre em linha reta, da fonte luminosa até o objeto

filmado, esse tipo de incidência produz uma luz mais densa, e por tanto,

sombras mais acentuadas. Enquanto a incidência de luz indireta ocorre

quando ao utilizarmos uma superfície (espelhada ou branca) para rebater os

raios de luz, a propagação da luz ocorre de forma multidirecional, tornando a

luz e as sombras mais difusas. Um exemplo natural desse fenômeno é o que

ocorre nos dias nublados, em que as nuvens funcionam como rebatedores e

amenizam a ocorrência de sombras, enquanto em um dia ensolarado sem

nuvens, a luz é mais intensa, gerando sombras mais intensas e definidas.

Iluminação de cenas internas

O procedimento básico para se filmar uma cena consiste no uso de

fontes de iluminação desempenhando três funções: Luz Chave, Luz

Secundária e Luz de preenchimento.

1. Luz Chave (Key Light), também denominada de Luz Fonte (Source

Light) ou Luz Principal (Main Ligth).

Como o nome sugere, é a luz principal, responsável por fornecer a

intensidade necessária de iluminação à cena. Em externas, normalmente, o

Sol possuí a função de luz principal, por esse motivo, para tornar a cena mais

natural a clássica iluminação consiste em utilizar a Luz Chave num ângulo de

45°graus, proveniente do alto. Em cenas em que haja uma fonte óbvia de luz,

como um abajur ou uma janela, pode-se atribuir maior naturalidade se a luz

principal for posicionada para aparentar ser oriunda da fonte de iluminação

cenográfica. Por necessitar de uma forte intensidade de luminosidade,

usualmente emprega-se uma fonte de luz dura, produzindo sombras mais

acentuadas.

Page 88: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 39!

2. Luz Secundária, luz complementar ou Luz de Preenchimento (Fill

Light).

A luz Complementar serve para atenuar as sombras produzidas pela

Luz Principal. A luz complementar não deve estar posicionada na mesma

direção, e nem possuir a mesma intensidade da luz principal, ela deve ser

uma luz suave. Caso o equipamento utilizado possua a mesma potência, a

intensidade da luz pode ser diminuída afastando-a do objeto a ser iluminado,

ou utilizando-a com uma incidência indireta através de um rebatedor.

3. Backlight ou Contra Luz

Possuí a função de destacar os atores ou os objetos principais do

fundo do cenário. Ao se criar uma leve sombra na silhueta, o objeto ou

pessoa, propicia a visualização da profundidade da cena, evitando seu

achatamento. Normalmente é posicionada atrás do ator (ou objeto)

proveniente de cima sob um ângulo aproximado de 50°graus e relação à

cabeça do ator.

Figura 19: Esquema básico de iluminação com três fontes luminosas

Page 89: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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O número de luzes empregadas, principalmente as luzes

complementares podem variar, aumentado em número de acordo com o

resultado que se deseja e o número de elementos em cena. Contudo, por

vezes, a disponibilidade dos recursos não se configura na ideal. Nesse caso

existem alternativas para a elaboração de um trabalho de iluminação

utilizando duas fontes de luz:

Um bom esquema de iluminação para cenas em que haja muita

movimentação dos personagens pelo cenário é o de utilizar as luzes de forma

indireta, rebatidas nas paredes e no teto. Para que esse tipo de iluminação

seja possível, o teto e as paredes utilizadas para rebater as luzes deverão ser

brancas. Bem como as luzes precisam ser potentes, pois haverá grande

perda de intensidade luminosa para tornar a luz difusa.

Figura 20: Esquema de iluminação com duas fontes luminosas

Page 90: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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!!!!!!!!!!!!!!!!! ! Figura 21: Esquema de iluminação indireta utilizando as paredes e o teto

Page 91: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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Som

Ao se realizar não apenas a produção de um vídeo, como de qualquer

outro audiovisual, em relação ao som existem duas possibilidades: a de se

trabalhar com o som direto, gravado junto à filmagens das imagens, ou, a de

inserir o som na etapa de edição da obra.

Som direto

Normalmente, na produção de um videoclipe o som utilizado costuma

ser secundário, inserido na etapa de pós-produção. Contudo, por vezes, a

captação de sons diretos é necessário, principalmente se o clipe envolver

uma performance musical ao vivo, ou houver um prólogo antes do início da

música, ou se for desejado a ocorrência de intervenções sonoras do enredo

ao longo do videoclipe.

Assim como nossos olhos, os ouvidos podem ser controlados pelo

cérebro para se concentrarem em determinados sons. Diferentemente dos

microfones, que captam o som que estiver ao alcance, por isso, é de grande

importância a escolha do microfone correto para cada situação.

A função básica do microfone é captar e converter a energia sonora

em energia elétrica. Os microfones podem captar os sons em diferentes

amplitudes e em diferentes direções, além de possuírem diferentes formatos

físicos. Alguns exemplos de direcionalidade de microfones são:

• Microfone Omnidirecional: capta com a mesma intensidade todos os

sons, independente de sua direção inicial.

Page 92: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

! 43!

!Figura 22: Microfone omnidirecional e a direção em que ele capta os sons

• Microfone Unidirecional (ou Cardióide): O Nome cardióide deve-se à

forma de captação sonora semelhante a um coração. Capta sons

frontais ao microfone. Os microfones direcionais são bons para excluir

ruídos indesejáveis, contudo é vital que seja apontado precisamente

para a direção correta, ou ele não funcionará adequadamente.

!Figura23: Microfone unidirecional e a direção em que ele capta o som

Playback na produção de videoclipe

A inserção da música na etapa de pós-produção, consiste na forma

mais recorrente de produção de um videoclipe. O primeiro motivo deve-se

pelo cuidado com a qualidade do áudio da música, em um estúdio a música

pode ser trabalhada de forma muito mais detalhada e controlada. O outro

motivo deve-se pelo sincronismo entre som e imagem.

Page 93: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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Ao se gravar um videoclipe é necessário, na maioria das vezes, a

execução da música pelos músicos várias vezes, para que se consiga coletar

a quantidade necessária de material para a edição. Dessa forma, mesmo

executando repetidamente a mesma música, cada execução será diferente,

mesmo que muito pouco sempre há uma alteração no tempo e no ritmo, o

que traz sérias complicações no momento de sincronizar o áudio escolhido,

com as imagens captadas de outras execuções.

Por esse motivo o procedimento mais recorrente nos videoclipes é a

realização de um playback. O Playback consiste na dublagem cênica dos

músicos em cima da música gravada e finalizada anteriormente em estúdio.

Apesar de trazer várias vantagens tais como uma maior liberdade na

performance dos músicos, por não se preocuparem com a execução da

música, e por facilitar o sinc, ainda sim a teoria é muito mais fácil que na

prática.

Uma das complicações possíveis no playback é a de que, raras as

vezes ser um músico incluí ser um ator, o que significa que muitas vezes a

encenação da execução da música pode ficar pouco convincente, ou

excessivamente plástica, sendo importante nesses casos, que o diretor

consiga trabalhar e orientar os músicos.

Outro problema recorrente é o de conseguir acertar precisamente o

sincronismo da música com a encenação. Para propiciar isso é recomendável

que ao menos uma das caixas de som, em que a música é reproduzida, seja

posicionada o mais próximo possível dos músicos, para evitar o deelay do

som. Outra medida muito importante para facilitar o sinc. é a de garantir uma

boa captação de som também pela câmera. Uma vez que com o som das

filmagens, o som pode ser trabalhado como um referencial para o sinc, não

ficando restrito na sincronização do som secundário com as imagens. Sendo

possível inclusive, a utilização de programas que executam a sincronização

automática através da comparação entre os áudios.

Page 94: TCC Licenciatura Mayara Hirakawa

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Referências

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Lintas, São Paulo, 1985.

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JACOBINI, Maria Letícia de Paiva. Metodologia do trabalho acadêmico.

Editora Alínea, Campinas-SP, 2003.

OLIVEIRA, Pelópidas Cypriano de. Técnicas de Expressão em Vídeo. São

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RODRIGUES, Chris. O Cinema e a Produção. DP&A, Rio de Janeiro, 2002.

SANTOS, Rudi. Manual de Vídeo. Editora UFRJ, Rio de Janeiro, 1993.

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WATTS, Harry. On Camera: o curso de produção de filme e vídeo da

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