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MAURÍCIO MOREIRA ESTAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA LA2I: SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS LONDRINA 2010

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MAURÍCIO MOREIRA

ESTAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA LA2I: SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

LONDRINA 2010

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MAURÍCIO MOREIRA

ESTAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA LA2I: SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Londrina. Orientadora: Prof. Maria Bernadete de Morais França

LONDRINA 2010

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MAURÍCIO MOREIRA

ESTAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA LA2I: SISTEMA DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Londrina.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Maria Bernadete de Morais França

Prof. Orientadora Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Prof. Dr. Leonimer Flávio de Melo

Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Prof. Dr. Marcelo Augusto de Aguiar e Silva

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, novembro de 2010.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, pela sabedoria e capacidade para realizar este

trabalho.

À minha família, especialmente aos meus pais, por todo o apoio e pela

confiança em todos os momentos.

A todos os amigos que conheci durante estes últimos anos, em especial ao

Alex Lemes Guedes, ao Leandro Guerra e ao Victor Hugo Batista Tsukahara, pela

companhia e por todo o conhecimento compartilhado.

Agradeço à minha grande amiga Poliane Cristina de Farias pelo

companheirismo, pelo constante incentivo, e por sua imensa alegria.

Aos professores Maria Bernadete de Morais França e José Alexandre de

França pela orientação neste trabalho, pela oportunidade oferecida e pela confiança.

Agradeço ao professor Ernesto Fernando Ferreyra Ramírez pelo

conhecimento transmitido e pelas valiosas experiências compartilhadas durante os anos de

trabalho de iniciação científica.

Agradeço também aos demais professores, e a todos que direta ou

indiretamente, com sua contribuição, possibilitaram a realização deste trabalho.

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“Pois todo aquele que pede, recebe; quem procura, acha;

e a quem bate, a porta será aberta.” (Mateus 7,8)

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MOREIRA, Maurício. Estação Agrometeorológica LA2I: Sistema de Aquisição de Dados. 2010. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO

O monitoramento de dados agrometeorológicos possui importância fundamental em diversas áreas, como na climatologia, na meteorologia e na agricultura, entre outras. Trata-se de uma importante ferramenta para estudos, para a tomada de decisões na agricultura, entre diversas outras aplicações. Neste contexto, as estações agrometeorológicas desempenham um papel determinante para a coleta de dados. Este trabalho apresenta um sistema de aquisição e armazenamento de dados agrometeorológicos, desenvolvido para uma estação agrometeorológica automática do Laboratório de Automação e Instrumentação Inteligente da Universidade Estadual de Londrina. Neste sistema, são coletados dados de sensores de temperatura do ar, umidade relativa do ar, molhamento foliar e precipitação. Estes dados são armazenados em uma memória não-volátil, e transmitidos por meio de um modem GPRS. Também é feito o monitoramento da tensão da bateria de alimentação do sistema, a qual é utilizada em conjunto com uma célula fotovoltaica de forma a proporcionar autonomia à estação. O trabalho apresenta a parte física da estação, bem como os sensores utilizados. Também é feita uma descrição do sistema de aquisição, armazenamento e transmissão dos dados. Alguns testes de campo foram realizados, os quais apresentaram resultados satisfatórios, e os dados obtidos são apresentados. Palavras-chave: Sensores. Sistema de monitoramento embarcado. Transmissão de dados via GPRS. Dados Agrometeorológicos.

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MOREIRA, Maurício. Estação Agrometeorológica LA2I: Sistema de Auisição de Dados. 2010. 58 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2010.

ABSTRACT

The monitoring of agrometeorological data has a great importance to several fields, such as climatology, meteorology and agriculture, among others. That is an important tool for studies, decision making in the agriculture, and other applications besides. In this context, agrometeorological stations perform a determinant role in the data collection. This paper presents an agrometeorological data acquisition and storage system, which was developed for an agrometeorological station from the Laboratory of Intelligent Automation and Instrumentation of Londrina State University. In this system, data from temperature, relative humidity, leaf wetness and precipitation sensors are collected. These data are stored in a nonvolatile memory, and transmitted by a GPRS modem. It is also performed the monitoring of the voltage of the battery supply, which is used together with a photovoltaic cell in order to provide autonomy to the station. This paper presents the physical part of the station, besides the sensors that were used. The system for data aqcuisition, storage and transmittion is described. Some field tests have been made, which showed satisfactory results, and the obtained data are presented. Key words: Sensors. Embedded Monitoring System. GPRS Data Transmission. Agrometeorological Data.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Diagrama de blocos da estação........................................................................... 16

Figura 2 - Diagrama de blocos da Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08........................ 17

Figura 3 - Bloco USB e SERIAL da Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08...................... 19

Figura 4- Interface de comunicação serial síncrona entre o microcontrolador e a memória

24FC128. ........................................................................................................... 20

Figura 5 - Operação de escrita na memória 24FC128 – protocolo IIC. ................................ 20

Figura 6 - Operação de leitura da memória 24FC128 – protocolo IIC. ................................. 20

Figura 7- Sinal de start - protocolo IIC. ................................................................................ 21

Figura 8 - Sinal de stop - protocolo IIC................................................................................. 21

Figura 9 - Sensor SHT11. .................................................................................................... 22

Figura 10 - Acurácia do sensor de temperatura. .................................................................. 23

Figura 11 - Acurácia do sensor de umidade relativa. ........................................................... 23

Figura 12 - Interface de comunicação serial síncrona entre o microcontrolador e o sensor. 23

Figura 13 – Medição de temperatura e umidade relativa do ar. ........................................... 24

Figura 14 - Sequência de transmissão de "Start " para o SHT11. ........................................ 24

Figura 15 - Sensor de molhamento foliar. ............................................................................ 27

Figura 16 - Multivibrador astável. ......................................................................................... 27

Figura 17- Pluviômetro de báscula....................................................................................... 29

Figura 18 - Conexão entre o pluviômetro e o microcontrolador............................................ 29

Figura 19- Divisor resistivo para monitoramento da tensão da bateria. ................................ 30

Figura 20 - Relação entre a tensão de alimentação do sistema e a tensão de saída do

sensor. ............................................................................................................... 31

Figura 21- Modem GPRS LA2I. ........................................................................................... 32

Figura 22 - Inteface de comunicação entre o microcontrolador e o Modem GPRS LA2I ...... 33

Figura 23 - Comandos enviados ao modem para conexão e transmissão de dados............ 34

Figura 24 - Comandos recebidos pelo microcontrolador para configuração da Estação ...... 37

Figura 25 - Medidas na memória 24FC128.......................................................................... 41

Figura 26 - Organização da memória 24FC128 no modo de operação sem transmissão de

dados. ................................................................................................................ 43

Figura 27 - Tempo máximo de operação sem transmissão de dados. ................................. 43

Figura 28 - Organização da memória 24FC128 no modo de operação com transmissão de

dados. ................................................................................................................ 44

Figura 29 - Processo de aquisição e transmissão de dados. ............................................... 45

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Figura 30 - Tempo máximo de operação com transmissão de dados considerando o pior

caso.................................................................................................................... 46

Figura 31 - Estação Agrometeorológica LA2I....................................................................... 47

Figura 32 - Formato de apresentação dos dados pela Estação Agrometeorológica LA2I. ... 49

Figura 33 - Dados de temperatura em 30/09/2010 e 01/10/2010. ........................................ 49

Figura 34 - Dados de umidade relativa em 30/09/2010 e 01/10/2010. ................................. 50

Figura 35 - Dados de molhamento foliar em 30/09/2010 e 01/10/2010. ............................... 50

Figura 36 - Dados de precipitação em 30/09/2010 e 01/10/2010. ........................................ 51

Figura 37 - Dados da tensão da bateria em 30/09/2010 e 01/10/2010................................. 51

Figura 38 - Dados de temperatura entre 24/09/2010 e 08/10/2010.. .................................... 53

Figura 39 - Dados de umidade relativa entre 24/09/2010 e 08/10/2010.. ............................. 53

Figura 40 - Dados de molhamento foliar entre 24/09/2010 e 08/10/2010. ............................ 54

Figura 41 - Dados de precipitação entre 24/09/2010 e 08/10/2010...................................... 54

Figura 42 - Dados da tensão da bateria entre 24/09/2010 e 08/10/2010.............................. 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais comandos para o SHT11...................................................................24

Tabela 2 - Principais comandos AT utilizados.....................................................................33

Tabela 3 - Configurações das operadoras de celular utilizadas ..........................................35

Tabela 4 - Parâmetros de funcionamento da estação.........................................................38

Tabela 5 - Configuração dos parâmetros utilizada nos testes .............................................48

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADC - Analog-to-Digital Converter

APN - Access Point Name

CI - Circuito Integrado

CRC - Cyclic Redundancy Check

DPM – Duração do Período de Molhamento Foliar

EEPROM - Electrically-Erasable Programmable Read-Only Memory

GPRS - General Packet Radio Service

GSM - Global System for Mobile Communication

IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná

ICS - Internal Clock Source

IIC - Inter-Integrated Circuit

IP - Internet Protocol

LCC - Leadless Chip Carrier

RAM - Read-Only Memory

RTC - Real-Time Counter

SCI - Serial Communications Interface

SSOP - Shrink Small-Outline Package

TCP - Transmission Control Protocol

TPM - Timer Pulse-Width Modulator

TSSOP - Thin-Shrink Small Outline Package

UART - Universal Asynchronous Receiver/Transmitter

USB - Universal Serial Bus

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................14

3 ARQUITETURA DA ESTAÇÃO .......................................................................................16

3.1 PLACA DE DESENVOLVIMENTO LA2I_HCS08 ....................................................................17

3.1.1 Microcontrolador MC9S08SH8....................................................................................18

3.1.2 Conversor USB-Serial.................................................................................................18

3.1.3 Memória EEPROM .....................................................................................................19

3.2 SENSOR DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR ...................................................22

3.3 SENSOR DE MOLHAMENTO FOLIAR ...................................................................................26

3.4 SENSOR DE PRECIPITAÇÃO ..............................................................................................28

3.5 SENSOR DE TENSÃO DA BATERIA......................................................................................30

3.6 MODEM GPRS LA2I ........................................................................................................32

4 ALGORITMO DE AQUISIÇÃO DE DADOS .....................................................................36

4.1 CONFIGURAÇÃO DA ESTAÇÃO...........................................................................................36

4.1.1 Configuração dos Parâmetros de Funcionamento ......................................................37

4.1.2 Leitura dos Parâmetros Atuais ....................................................................................39

4.1.3 Leitura dos Dados Armazenados ................................................................................39

4.1.4 Reinicialização da Estação .........................................................................................40

4.2 OPERAÇÃO SEM TRANSMISSÃO DE DADOS ........................................................................40

4.3 OPERAÇÃO COM TRANSMISSÃO DE DADOS .......................................................................44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................47

6 CONCLUSÃO...................................................................................................................56

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................58

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1 INTRODUÇÃO

Sistemas de aquisição de dados são fundamentais para o conhecimento e

monitoramento de grandezas físicas relacionadas a diversos processos na indústria, nas

áreas médica, científica, entre muitas outras, e são utilizados em uma grande variedade de

aplicações. Na agricultura, a aquisição de dados agrometeorológicos apresenta grande

importância para monitoramento das condições meteorológicas, determinantes para o

controle de doenças e para o conhecimento das variávies que afetam produtividade e a

qualidade dos produtos (CAMILLI et. al., 2007).

A temperatura e a umidade relativa do ar são alguns dos fatores

fundamentais para o desenvolvimento de doenças em plantas (BONDE et. al., 2007). Outras

grandezas críticas são o índice pluviométrico e o período de molhamento foliar

(SENTELHAS; GILLESPIE; SANTOS, 2007). O monitoramento destes parâmetros pode ser

utilizado como base para tomada de decisões e proporcionar a utilização de defensivos

agrícolas de forma mais racional e eficiente (SENTELHAS; MONTEIRO; GILLESPIE, 2004).

A aquisição destes dados é feita por meio das estações

agrometeorológicas automáticas e convencionais. Uma estação agrometeorológica

automática é composta por sensores eletrônicos e um módulo de armazenamento de dados,

a qual realiza medições das grandezas em intervalos regulares. Um fator importante é a

forma de acesso aos dados coletados em campo, que pode ser diferente nos diversos tipos

de estações existentes, e que torna inviável em muitos casos a análise dos dados em tempo

real.

No Brasil, o uso das estações agrometeorológicas na tomada de decisão e

produção agrícola ainda é pequeno, principalmente devido ao seu alto custo. Nesse sentido,

o desenvolvimento de novas tecnologias de baixo custo pode ser um fator importante para o

desenvolvimento de uma agricultura sustentável e trazer diversos benefícios para

produtores, consumidores e para o meio ambiente, de forma geral.

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um sistema de aquisição e

armazenamento de dados para a Estação Agrometeorológica LA2I, equipamento

microcontrolado em desenvolvimento no Laboratório de Automação e Instrumentação

Inteligente da Universidade Estadual de Londrina. Esta estação é composta por sensores de

temperatura do ar, umidade relativa do ar, molhamento foliar e precipitação. Além destes

parâmetros, o sistema coleta dados da tensão de alimentação do sistema, a qual é feita por

meio de uma bateria recarregável. Esta é utilizada em conjunto com uma placa fotovoltaica,

a qual permite autonomia ao equipamento. Os dados coletados são transmitidos por meio

de um modem GPRS a um servidor e disponibilizados em uma página na Internet, e

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também podem ser acessados diretamente da estação utilizando uma conexão USB com

um computador.

Assim, objetivo deste trabalho foi implementar os algoritmos de aquisição,

armazenamento e transmissão de dados. Para isto, foi realizada a programação do

microcontrolador para o controle do sistema, bem como para a leitura dos dados dos

sensores e para a comunicação com o modem GPRS.

No capítulo 2, é apresentado um estudo sobre o tema e sobre alguns

trabalhos importantes encontrados na literatura. No capítulo 3, é apresentada a parte

estrutural da Estação Agrometeorológica LA2I. São descritos os sensores utilizados, os

circuitos de condicionamento e as interfaces entre os dispositivos. São mostrados ainda os

métodos de leitura dos sensores e as formas de conversão para valores físicos. O capítulo 4

mostra os algoritmos de aquisição, armazenamento e transmissão de dados, identificando

as características e os modos de funcionamento do sistema proposto. No capítulo 5, são

apresentados alguns resultados de testes efetuados em campo. Por fim, a conclusão é feita

no capítulo 6, e algumas sugestões para trabalhos futuros são apresentadas.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Dados meteorológicos possuem grande importância na agricultura, nas

ações da defesa civil no que se refere às enchentes e às secas, no controle dos aeroportos,

na previsão do tempo, nos estudos sobre o clima, entre diversas outras áreas. Em geral,

grandezas tais como temperatura do ar, umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar,

direção e velocidade do vento, umidade do solo, entre outras, precisam ser conhecidas ou

até mesmo controladas. Nesse sentido, os sensores e sistemas eletrônicos de coleta de

dados desempenham um papel fundamental na medição e no monitoramento das variávies

dos processos.

Na agrometeorologia, muitas destas grandezas possuem importância

conhecida há milênios e têm sido observadas cientificamente desde o século XVI com

Galileu Galilei. Dados agrometeorológicos há muito são utilizados para monitoramento do

tempo. O conhecimento destas grandezas tem se tornado cada vez mais importante para a

tomada de decisões no manejo agrícola e pecuário, em processos tais como irrigação,

adubação e controle de doenças e pragas pela aplicação de defensivos agrícolas, de forma

a tornar os sistemas agrícolas mais eficientes e sustentáveis.

O uso inadequado de defensivos agrícolas é um fator que agrava a

ocorrência de pragas e doenças em áreas agrícolas, uma vez que contribuem para o

desenvolvimento da resistência dos organismos aos princípios ativos (MONTEIRO et. al,

2005). Nesse sentido, o processo de tomada de decisões, baseada em dados

agrometeorológicos, possui grande importância na aplicação de medidas de controle.

O manejo da irrigação também pode ser considerada uma atividade

essencial, que deve ser acompanhada e dimensionada adequadamente, principalmente em

regiões em que os recursos hídricos são escassos. Com esse objetivo, dados

agrometeorológicos tem sido amplamente utilizados para estimativa da evapotranspiração

de referência, de forma a identificar com precisão o momento e a quantidade de água a ser

aplicada às plantas (SILVA, A. J. S.; ANDRADE JUNIOR, A. S.; MARIN, F. R., 2008).

Estudos tem sido realizados com base na observação das variáveis

agrometeorológicas, e mostram como estes elementos afetam a produtividade e interferem

na qualidade dos produtos agrícolas. Além disto, novas tecnologias de sensores são

desenvolvidas, e novos sistemas automáticos de aquisição de dados são introduzidos.

Bonde et. al. (2007) estudaram os efeitos da temperatura na germinação

de esporos e no desenvolvimento de doenças em plantas. Monteiro et. al. (2005) estudaram

a favorabilidade do desenvolvimento da mancha angular do algodoeiro, através de um

índice que considera dados de temperatura e da duração do período de molhamento foliar.

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Morais et. al. (2008) desenvolveram um sistema de aquisição de dados

wireless utilizando redes ZigBee com aplicação na viticultura. Camilli et. al. (2007)

desenvolveram uma aplicação utilizando uma rede de sensores wireless que se comunicam

entre si a pequenas distâncias utilizando radiofrequências. Jiang et. al. (2008)

desenvolveram um sistema para monitoramento automático de informações de campo, o

qual envia dados por mensagens SMS através da rede GSM. Métodos construtivos e

aplicações de sensores de molhamento foliar foram estudados por Sentelhas, Monteiro e

Gillespie (2004), Sentelhas, Gillespie e Santos (2007), e por Lulu (2008).

Novas perspectivas indicam que o monitoramento agrometeorológico deve

se tornar uma ferramenta cada vez mais comum no desenvolvimento consciente das

atividades agrícolas. Nesse contexto, os sistemas de aquisição de dados

agrometeorológicos possuem fundamental importância. Aliado ao desenvolvimento dos

sistemas eletrônicos, o progresso técnico dos sensores agrometeorológicos constitui um

importante fator para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável.

Um fator limitante é o custo relativamente alto das estações

agrometeorológicas. Além disso, sistemas com transmissão automática dos dados ainda é

uma tecnologia recente. Nesse sentido, pode-se destacar a importância do desenvolvimento

de um sistema nacional e de baixo custo.

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3 ARQUITETURA DA ESTAÇÃO

Na Figura 1, é apresentado um diagrama de blocos da Estação

Agrometeorológica LA2I. Trata-se de um sistema microcontrolado, composto por sensores

ligados a uma placa mãe, a qual é responsável pela comunicação com os sensores e pelo

armazenamento dos dados. A alimentação é feita por uma bateria recarregável, utilizada em

conjunto com uma célula fotovoltaica. O acesso aos dados e as configurações são feitos

através da Interface de Comunicação Serial (SCI) do microcontrolador, por meio do Sistema

de Acesso, um software utilizado como interface entre a estação e o usuário. Além disso, os

dados podem ser enviados através de um modem utilizando o padrão GPRS, e

disponibilizados na Internet.

Figura 1 - Diagrama de blocos da estação.

Neste trabalho, foi desenvolvido o sistema de aquisição e armazenamento

de dados para esta estação. Para isto, foi utilizada a Placa de Desenvolvimento

LA2I_HCS08, e foram construidos os circuitos para comunicação entre esta e os sensores.

Nas seções seguintes são apresentados os sensores e demais componentes da Estação.

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3.1 PLACA DE DESENVOLVIMENTO LA2I_HCS08

Esta placa de desenvolvimento foi projetada no Laboratório de Automação

e Instrumentação Inteligente da UEL com o objetivo de proporcionar uma plataforma para

aprendizagem para o microcontrolador MC9S08SH8, da Freescale, e foi utilizada como

suporte para desenvolvimento da Estação Agrometeorológica LA2I. A Figura 2 apresenta

um diagrama de blocos desta placa.

Figura 2 - Diagrama de blocos da Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08.

A Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08 é alimentada por uma bateria

de 12 V. Esta tensão é regulada para 5V, tensão de operação do microcontrolador e dos

demais dispositivos da placa apresentados a seguir.

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3.1.1 Microcontrolador MC9S08SH8

Este microcontrolador é um dispositivo da família HCS08SH, da Freescale,

com encapsulamento TSSOP de 20 pinos. Possui 8192 bytes de memória FLASH, 512

bytes de memória RAM, e diversos módulos periféricos, entre os quais foram utilizados para

esta aplicação (FREESCALE SEMICONDUCTOR, 2008):

Conversor Analógico-Digital (ADC) com 10 bits de resolução;

Internal Clock Source (ICS): permite configurar os sinais de clock para os diversos

módulos do microcontrolador, utilizando referência de clock interna ou externa, tal

como um cristal oscilador;

Inter-Integrated Circuit (IIC): permite comunicação serial síncrona com diversos

dispositivos, em até 100 kbps;

Real-Time Counter (RTC): contador tempo real, que permite configurar diversas

bases de tempo;

Interface de Comunicação Serial (SCI) : permite comunicação serial assíncrona full-

duplex;

Timer Pulse-Width Modulation (TPM): permite configurar um canal para operar como

input capture, output compare ou PWM.

A programação deste microcontrolador foi feita em linguagem C, utilizando

o software CodeWarrior IDE versão 5.9.0.

3.1.2 Conversor USB - SERIAL

A Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08 contém um circuito integrado

(CI) FT232RL, com encapsulamento SSOP de 28 pinos. Trata-se de uma interface UART,

compatível com o padrão USB 2.0, que permite conversão USB para RS232, RS422 e

RS485, entre diversas outras aplicações. Este CI cria uma porta serial virtual ao ser

conectado a um computador, a qual pode ser acessada por meio de um programa de

suporte ao padrão serial EIA-232 como o Hyperterminal do Windows, e assim permite a

comunicação deste com o microcontrolador através do módulo SCI.

Esta funcionalidade foi utilizada para configuração da estação e para

leitura dos dados por meio do Sistema de Acesso. Para utilizar esta opção da placa, o

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conversor deve ser ligado aos pinos referentes à Interface de Comunicação Serial do

microcontrolador por meio de dois jumpers de seleção, como mostra a Figura 3. Estes

jumpers, por outro lado, são utilizados para conectar os pinos da SCI do microcontrolador ao

modem, caso a opção de envio de dados seja desejada durante a operação da estação.

Figura 3 - Bloco USB e SERIAL da Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08.

3.1.3 Memória EEPROM

A Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08 contém ainda um circuito

integrado 24FC128, uma memória EEPROM de 128 kbits, com 8 pinos. Possui comunicação

serial IIC, e três pinos de endereçamento (MICROCHIP TECHNOLOGY, 2010).

Esta memória foi utilizada para armazenamento dos dados coletados pelos

sensores da estação, com transferência de dados através do módulo de comunicação IIC do

microcontrolador.

A comunicação entre o microcontrolador e a memória 24FC128 é feita

utilizando a interface mostrada na Figura 4, utilizando o do protocolo IIC. Este circuito

integrado, assim como o microcontrolador e demais dispositivos do sistema, é alimentado

com 5V. Nesta interface, são utilizados resistores de pull-up de 2,2 kΩ ligados às linhas SCL

e SDA. Estas linhas são utilizadas para a sincronização da comunicação e para

transferência de dados, respectivamente. As operações de escrita e leitura da memória

24FC128 são mostradas nas Figuras 5 e 6.

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Figura 4- Interface de comunicação serial síncrona entre o microcontrolador e a memória

24FC128.

Figura 5 - Operação de escrita na memória 24FC128 – protocolo IIC.

Figura 6 - Operação de leitura da memória 24FC128 – protocolo IIC.

A comunicação IIC padrão é composta por quatro partes: sinal de start,

endereçamento do dispositivo, transferência de dados e sinal de stop. Nesta comunicação, o

microcontrolador, na função de mestre, controla a linha SCL. Este inicia a comunicação

enviando um sinal de start, que é definido como uma transição de nível alto para nível baixo

na linha SDA, enquanto SCL está em nível alto, como mostra a Figura 7. Em seguida, o

mestre envia um byte de controle, composto por sete bits de endereçamento do dispositivo

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com o qual a comunicação será feita, e um bit que indica a direção da transferência de

dados. Na sequência do byte de controle é feita a transferência de dados, na direção

especificada anteriormente. No caso da memória 24FC128, a transferência de dados inclui

bytes de endereçamento das posições de memória, e bytes de dados a serem escritos ou

lidos do dispositivo. Em cada transmissão, o dado é válido enquanto SCL está em nível alto,

de forma que a linha SDA deve permanecer estável durante este período. Dessa forma, a

linha de dados deve mudar quando SCL estiver em nível baixo. Cada byte de controle ou de

dados é seguido de um nono bit de acknowledge, definido como nível 0 em SDA durante o

nono pulso de clock, o qual é transmitido por um dos dispositivos indicando a recepção do

byte. Por fim, a comunicação é encerrada por um sinal de stop transmitido pelo mestre, que

consiste em uma borda de subida na linha SDA enquanto SCL está em nível alto, como

mostra a Figura 8.

Figura 7- Sinal de start - protocolo IIC.

Figura 8 - Sinal de stop - protocolo IIC.

A comunicaçao com a memória foi implementada utilizando o módulo IIC

do microcontrolador. Os pinos do HCS08 utilizados para esta comunicação foram

compartilhados com o sensor de temperatura e umidade relativa do ar, como será mostrado

na sequência.

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22

3.2 SENSOR DE TEMPERATURA E UMIDADE RELATIVA DO AR

Para esta aplicação, foi utilizado o circuito integrado SHT11, da Sensirion,

mostrado na Figura 9. Este é um sensor de temperatura e umidade relativa do ar, de quatro

pinos, com encapsulamento Leadless Chip Carrier (LCC). Este circuito não necessita

calibração e não requer componentes externos. Fornece saída digital, através de uma

interface de comunicação serial síncrona.

Figura 9 - Sensor SHT11.

Como principais características deste circuito, pode-se destacar

(SENSIRION INCORPORATION, 2010):

medida de temperatura entre -40 e 123,8°C, com resolução de 14 bits (0,01°C) e

acurácia de ±0,5 °C @ 25 °C (Figura 10);

medida de umidade relativa entre 0 e 100%, com resolução de 12 bits (0,03%) e

acurácia de 3,5% (Figura 11);

alimentação entre 2,4 e 5,5 V;

corrente de alimentação: 550 µA durante medição, 28 µA média, menor do que 1µA

em modo sleep.

Este circuito permite configurar medições de temperatura e umidade do ar

com resoluções de 12 e 14 bits, respectivamente, ou em 8 e 12 bits, através da configuração

do Status Register. Esta configuração, bem como o acesso às medidas, são feitos através

de uma interface de comunicação síncrona de dois fios, mostrada na Figura 12.

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23

Figura 10 - Acurácia do sensor de temperatura.

Figura 11 - Acurácia do sensor de umidade relativa.

Figura 12 - Interface de comunicação serial síncrona entre o microcontrolador e o sensor.

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24

O circuito SHT11 também é alimentado com 5V. Analogamente à

comunicação com a memória, as linhas SCK e DATA são utilizadas respectivamente para a

sincronização da comunicação e para transferência de dados.

Uma medida de temperatura ou umidade relativa do ar é feita através de

uma sequência de operações, como mostra a Figura 13.

Figura 13 – Medição de temperatura e umidade relativa do ar.

A transferência de dados inicia com a transmissão de um bit “Start” (TS)

pelo microcontrolador, que consiste em gerar uma borda de descida na linha DATA com a

linha SCK em alto, seguido de um pulso em nível baixo em SCK e de uma borda de subida

em DATA com SCK em nível alto (Figura 14). Em seguida, é feito o envio de um byte de

controle, que consiste em três bits de endereçamento, “000”, e cinco bits de comando,

definidos na Tabela 1. Nessa transferência, a linha DATA muda após uma borda de descida

em SCK e é válida na borda de subida, sendo que deve permanecer estável até a próxima

borda de descida de SCK. Após a descida do oitavo pulso de clock em SCK, o SHT11

coloca a linha de dados em nível baixo (bit ACK) indicando a recepção correta do comando,

e então libera a linha após o nono pulso de clock.

Figura 14 - Sequência de transmissão de "Start " para o SHT11.

Tabela 1 – Principais comandos para o SHT11.

Comando Código

Medir temperatura 00011

Medir umidade relativa 00101

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25

Em seguida, o microcontroladador precisa esperar um determinado tempo

até que a medida esteja completa, quando o SHT11 muda o estado da linha para zero. Este

tempo é cerca de 11 ms para uma medida em 8 bits e até 210 ms no caso de uma medida

em 14 bits. Assim que o dado está pronto, o microcontrolador volta a enviar os pulsos em

SCK. Então dois bytes de dados com o valor da medida são transmitidos do SHT11 para o

microcontrolador, além de um byte de CRC Checksum, que pode ser utilizado para

verificação de erros de comunicação. Após a recepção de cada byte, o microcontrolador

deve enviar um ACK para confirmar o recebimento, colocando a linha SCK em nivel baixo. A

comunicação é terminada após o recebimento do CRC, ou após o recebimento do segundo

byte de dados, caso o CRC Checksum não seja utilizado, mantendo a linha DATA em nível

alto durante o nono pulso de clock em SCK (bit ACK). Nesta aplicação, não foi utilizado o

byte de CRC Checksum.

Devido à semelhança entre os protocolos para a comunicação com o

sensor SHT11 e com a memória 24FC128, bem como os requisitos de hardware em cada

um dos casos, foram utilizados os mesmos pinos do microcontrolador. No caso da

comunicação com a memória, foi utilizado o módulo IIC. Já a comunicação com o SHT11 foi

implementada por software, desabilitando-se o módulo IIC e utilizado os pinos em questão

como entradas e saídas digitais.

De acordo com o manual do fabricante, o sensor de temperatura é

intrinsecamente linear, enquanto o de umidade necessita de compensação durante a

conversão para valores físicos. Uma vez recebidos os bytes de dados, estes podem ser

convertidos de acordo com as equações (1), (2) e (3):

TCSOT ⋅+−=

°01,040 (1)

26)(108,20405,04

RHRHlinearSOSORH ⋅×−⋅+−=

− (2)

linearRHCtrueRHSOTRH +⋅+⋅−=

°00008,001,0)25( (3)

Onde: TSO é a leitura digital do sensor para a temperatura;

RHSO é a leitura digital do

sensor para a umidade relativa do ar; C

é a temperatura em graus Celsius; linear

RH é a

umidade relativa do ar com compensação da não-linearidade do sensor; true

RH é a umidade

relativa do ar compensada em temperatura.

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26

Assim, adequando as equações (1), (2) e (3) para implementação no

microcontrolador, as conversões para valores físicos foram realizadas de acordo com as

equações (4), (5) e (6). Foi considerada uma casa decimal para a temperatura e valores

inteiros para a umidade. Assim, a equação (4) implementa a conversão mostrada em (1)

multiplicada por 10.

40010

−=°

TC

SOT

(4)

357142

)(4

2000

)81(RHRHRH

linear

SOSOSORH

⋅−−

⋅=

(5)

linearCRH

true RHTSO

RH +⋅

+

⋅=

°

100

1)25(1

1000

)8(

(6)

3.3 SENSOR DE MOLHAMENTO FOLIAR

O molhamento foliar é um parâmetro agrometeorológico importante, pois

está relacionado diretamente com o desenvolvimento de doenças em plantas. Entretanto,

esta grandeza não está claramente padronizada na literatura.

De forma geral, o molhamento foliar está relacionado com a presença de

água visível ao olho humano na superfície de uma folha. Existem diferentes tipos de

sensores, e mesmo modelos matemáticos baseados em outras grandezas meteorológicas,

desenvolvidos para estimar o molhamento foliar. Em geral, o tipo de resposta gerada para

esta grandeza é do tipo “sim” ou “não”. Outra forma de análise relevante é a duração do

período de molhamento foliar (LWD), que corresponde ao intervalo de tempo em que a

superfície permanece molhada.

A Estação Agrometeorológica LA2I contém um sensor de molhamento

foliar capacitivo, desenvolvido por Pereira(2008). Este é um sensor tipo pente capacitivo,

baseado na variação de capacitância devido ao acúmulo de água em sua superfície. Este

sensor é mostrado na Figura 15.

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27

Figura 15 - Sensor de molhamento foliar: (A) esquema; (B) foto do sensor.

Conforme descrito por Pereira (2008), este sensor apresenta uma

capacitância linear e diretamente proporcional à área molhada em sua superficie. Desta

forma, ao ser utilizado em conjunto com um temporizador TLC555CP, configurando o

multivibrador astável, mostrado na Figura 16, produz uma onda quadrada com período

também linear e diretamente proporcional à área molhada, de acordo com a Equação (7):

sensorsensor CCCRbRa

T ⋅×+×≅+⋅⋅+

=− 44

1 1094,61094,6)(44,1

)2(

(7)

Onde: T é o período do sinal de saída em segundos, e sensor

C é a capacitância do sensor.

Figura 16 - Multivibrador astável.

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28

Assim, o molhamento foliar pode ser relacionado com o período do sinal de

saída. Uma vez que esta grandeza não é padronizada na literatura, pode-se atribuir um

valor limiar para o período para identificar as situações “molhado” ou “não-molhado”, ou

analisá-lo de forma linear, tal como em valor percentual. Em qualquer caso, deve-se ainda

definir as situações extremas, em que o sensor esteja “completamente seco” e

“completamente molhado”, de forma a realizar uma calibração do sensor. Entretanto, como

já foi mencionado, esta definição não é muito clara, pois não depende exclusivamente das

condições atmosféricas, mas também da interação com a cultura, e envolve questões como

por exemplo o vento. Nesse sentido, uma análise mais cuidadosa a respeito desta grandeza

deve ser feita, a qual não é realizada neste trabalho.

Dessa forma, este trabalho limita-se a avaliar as variações no período do

sinal de saída, sabendo que este é diretamente proporcional à quantidade de água presente

na superfície do sensor.

Para isto, o sinal de saída do multivibrador foi conectada ao pino 19 do

microcontrolador. Foi utilizado o módulo Timer Pulse-Width Modulation (TPM), operando no

modo input capture, para verificação do período. Este módulo contém um contador de 16

bits e um registrador de captura de 16 bits, e foi configurado para captura de borda de

subida. Nesse modo de operação, quando uma borda de subida ocorre, o valor atual do

contador de 16 bits é salvo no registrador de captura, e uma flag é setada indicando a

ocorrência do evento. Assim, conhecendo-se a frequência de contagem, o período do sinal

pode ser medido avaliando-se os valores capturados em duas bordas de subida

consecutivas, ou seja, o número de contagens durante um período.

A frequência de contagem foi configurada em 16MHz, que corresponde à

maior frequência possível utilizando o oscilador de 4 MHz disponível na Placa de

Desenvolvimento LA2I_HCS08. Isto proporciona então uma resolução de 0,0625 µs para o

período. Dessa forma, o período do sinal pode ser calculado multiplicando-se o número de

contagens entre duas bordas de subida por 0,0625 µs. Entretanto, uma vez que o

molhamento foliar é diretamente proporcional ao período do sinal de saída do multivibrador,

esse também é proporcional ao número de contagens obtido. Assim, o molhamento foliar

será avaliado em função do número de contagens.

3.4 SENSOR DE PRECIPITAÇÃO

Para as medidas de precipitação, foi utilizado o pluviômetro de báscula

modelo S2163 fabricado pela Squitter do Brasil (SQUITTER DO BRASIL, 2010), mostrado

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29

na Figura 17. Este equipamento consiste em um funil coletor com diâmetro de 15,2 cm, o

qual direciona a água para um mecanismo de báscula de equilíbrio instável.

Figura 17- Pluviômetro de báscula: (A) visão externa; (B) sistema de báscula.

Um ímã é acoplado à báscula, o qual aciona momentaneamente uma

chave magnética a cada mudança de posição do mecanismo, causada pelo acúmulo de

água. Cada pulso gerado corresponde a 0,25 mm de chuva.

Este sensor foi ligado a uma entrada do microcontrolador, de acordo com o

diagrama da Figura 18. Um capacitor de 10nF foi utilizado como filtro. Similarmente à

medida do molhamento foliar, foi utilizado outro canal do módulo TPM, operando no modo

input capture, para captura dos pulsos gerados a cada movimento da báscula. Porém, neste

caso, este módulo do microcontrolador foi utilizado como uma fonte de interrupção.

MC9S08SH8PTA0 / TPM1CH0

Vdd

Vss

+5V

10k

10n PLUVIÔMETRO

Figura 18 - Conexão entre o pluviômetro e o microcontrolador.

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Uma vez que o valor correspondente a cada pulso é conhecido, para

determinar o índice pluviométrico durante um determinado período, basta contar o número

de pulsos gerados durante este período e multiplicar por 0,25 mm.

3.5 SENSOR DE TENSÃO DA BATERIA

Para efeito de acompanhamento da autonomia da bateria de alimentação

do sistema, foi implementado um circuito para monitoramento da sua tensão. Uma vez que

esta grandeza não necessita ser determinada com grande precisão, foi utilizado

simplesmente um divisor resistivo, ligado à bateria de alimentação, conforme ilustrado na

Figura 19.

270k

150k

Vbateria

0

Vout

Figura 19- Divisor resistivo para monitoramento da tensão da bateria.

A relação entre a tensão de saída e a tensão na bateria pode ser dada por:

bateriabateriaoutVVV ⋅=⋅

+=

42

15

270150

150

onde out

V é a tensão de saída do sensor, a qual é ligada ao Conversor Analógico-Digital do

microcontrolador, e bateria

V é a tensão de alimentação do sistema. Esta relação é mostrada

na Figura 20.

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31

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

5,5

6

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Vbateria (V)

Vo

ut

(V)

Figura 20 - Relação entre a tensão de alimentação do sistema e a tensão de saída do sensor.

Este circuito é então ligado ao pino 11 do microcontrolador, uma entrada

do Conversor Analógico-Digital. Com o objetivo de reduzir o uso de memória no

armazenamento dos dados, foi utilizado o modo de conversão com 8 bits de resolução.

O Conversor Analógico-Digital fornece um número de 8 bits diretamente

proporcional à tensão de entrada, com valor máximo para uma entrada igual à tensão de

alimentação do microcontrolador, ou seja, 5V. Então, a tensão a ser monitorada pode ser

determinada a partir de um byte lido do Conversor A/D pela equação (7). Considerou-se o

valor final com uma casa decimal, portanto foi implementa a conversão mostrada em (7)

multiplicada por 10.

255

)14( ⋅=

ADbateria

XV

(7)

Onde: bateria

V é tensão de alimentação do sistema, e ADX é um número de oito bits lido do

Conversor Analógico-Digital.

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32

3.6 MODEM GPRS LA2I

Como suporte à transmissão de dados, foi utilizado o Modem GPRS LA2I.

Este é um circuito desenvolvido pelo Laboratório de Automação e Instrumentação Inteligente

da UEL, composto por um módulo GSM/GPRS SIM340DZ, o qual permite realizar

transmissões de voz, dados e SMS. O Modem GPRS LA2I é mostrado na Figura 21.

Figura 21- Modem GPRS LA2I.

O Modem GPRS LA2I possui uma entrada para SIM card (cartão

telefônico), o qual permite autenticação do cliente à rede GSM de uma operadora de

telefonia celular, e uma antena externa. O módulo SIM340DZ contém ainda um relógio

interno (Real-Time Clock), o qual pode ser configurado e mantém-se atualizado enquanto o

módulo permanecer energizado. Esta característica deste circuito foi utilizada na operação

da estação com transmissão de dados.

Na Figura 22, é apresentada a interface de comunicação entre o modem e

o microcontrolador. O Modem GPRS LA2I possui um pino de controle (Pw) que permite

colocar o modem em estado sleep, de baixo consumo de energia, enquanto o mesmo não

estiver em operação, ou retirá-lo deste estado. Esta comutação é feita através de um pulso

em nível alto neste pino, que deve ser gerado pelo microcontrolador. O estado do modem

pode ser verificado através do pino Ct, o qual é mantido em nível alto pelo modem enquanto

este está em modo sleep, ou em nível lógico baixo caso contrário. Os pinos Rx e Tx são

utilizados para comunicação serial com o microcontrolador.

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33

MC9S08SH8

PTB5

PTB4

Vdd

Vss

MODEM GPRSLA2I

Pw

Rx

Vin

GND

+5V +12V (Bateria)

PTB1 / Tx

PTB0 / Rx

Ct

Tx

Figura 22 - Inteface de comunicação entre o microcontrolador e o Modem GPRS LA2I.

O acesso ao modem é feito através de comunicação serial em nível TTL

por meio de comandos AT padrão, uma linguagem de comandos composta por caracteres

ASCII que possuem, geralmente, um prefixo “AT”. Os principais comandos AT utilizados

para a aplicação na Estação Agrometeorológica LA2I são mostrados na Tabela 2.

Tabela 2 – Principais comandos AT utilizados.

Comando Descrição

AT Testa comunicação com modem, o qual retorna “OK”

AT+CCLK Configura ou lê a hora do Real-Time Clock do modem

AT+CDNSCFG Configura o serviço de DNS

AT+CDNSORIP Configura utilização de nome de domínio ou endereço IP

AT+CIPCLOSE Fecha uma conexão TCP ou UDP

AT+CIPCSGP Configura para modo de conexão CSD ou GPRS

AT+CIPSEND Envia uma mensagem ao dispositivo com o qual está

conectado.

AT+CIPSHUT Desconecta o modem de uma rede GSM. Fecha uma conexão

wireless.

AT+CIPSTART Inicializa uma conexão TCP com um endereço IP

AT+CLTS Retorna a hora atual da rede GSM.

AT+CSQ Retorna intensidade do sinal e taxa de erro de bit

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34

O Modem GPRS LA2I foi utilizado para transmissão dos dados coletados

pela estação para um servidor na Internet. Para isto, é realizada uma conexão TCP/IP com

uma rede GSM, utilizando o serviço GPRS de uma operadora de telefonia celular. O

processo de conexão e envio de dados é mostrado na Figura 23.

Figura 23 - Comandos enviados ao modem para conexão e transmissão de dados.

Inicialmente, o microcontrolador envia ao modem um comando

configurando a utilização de um nome de domínio para a conexão (comando

AT+CDNSORIP). Em seguida, é configurado um provedor de DNS (Domain Name Service),

o qual permite obter o endereço IP associado a um nome de domínio (comando

AT+CDNSCFG). Neste caso, é utilizado o serviço DNS público do Google. Na sequência, o

microcontrolador envia o comando para configurar o modo de conexão GPRS (comando

AT+CIPSCGP), fornecendo os dados de configuração da operadora de telefonia (o APN, o

nome de usuário e a senha). Os dados das três operadoras utilizadas são mostrados na

Tabela 3. O próximo comando inicia a conexão (comando AT+CIPSTART). Neste comando,

é especificado o nome de domínio utilizado: daemon.la2i.com. Por fim, o microcontrolador

envia um comando iniciando a transmissão de dados (comando AT+CIPSEND). Nesse

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35

momento, os dados a serem transmitidos são enviados pela SCI do microcontrolador, os

quais são então transmitidos por meio de um byte de comando “0x1A”. Vários pacotes de

dados podem ser enviados sequencialmente. Ao final da transmissão dos dados, a conexão

é finalizada (comandos AT+CIPCLOSE e AT+CIPSHUT).

Tabela 3 – Configurações das operadoras de celular utilizadas.

Operadora APN Usuário Senha

Claro claro.com.br claro claro

Tim tim.br tim tim

Vivo zap.vivo.com.br vivo vivo

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36

4 ALGORITMO DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Nesse trabalho, é proposto um algoritmo de aquisição de dados genérico,

que permite utilizar a Estação Agrometeorológica LA2I em diferentes aplicações nas quais

os intervalos de aquisição sejam distintos. Assim, o algoritmo proposto permite configurar os

intervalos de aquisição dos dados de cada um dos sensores da forma mais conveniente

para uma aplicação específica, dentro de alguns limites estabelecidos.

Foi proposto o método de aquisição de dados baseado em médias

aritméticas de diferentes leituras em um dado intervalo de tempo. Entende-se como “leitura”

uma aquisição instantânea de cada um dos sensores. A média aritmética de um conjunto de

diversas leituras em um período de tempo é referenciada aqui como uma “medida”. Assim, a

aquisição de dados se baseia em realizar, em intervalos regulares pré-configurados, leituras

dos sensores para cálculo das medidas correspondentes a um dado período de tempo. Este

método procura descrever as grandezas de forma mais homogênea entre os períodos de

aquisição.

Para isto, a estação deve ser configurada antes de ser colocada em

operação em campo. Esta configuração é feita por meio do Sistema de Acesso, utilizando a

conexão USB com um computador.

4.1 CONFIGURAÇÃO DA ESTAÇÃO

Para configuração da Estação, é realizada a comunicação entre o

microcontrolador e um computador por meio do conversor USB-Serial descrito no item 3.1.2.

Através do Sistema de Acesso, o computador envia comandos e dados ao microcontrolador,

responsáveis por quatro operações diferentes: configurar os parâmetros de funcionamento;

ler os parâmetros atuais da estação; ler os dados armazenados; ou reiniciar a estação.

Estes comandos são de códigos de caracteres ASCII. Ao receber um

conjunto de bytes na SCI, o microcontrolador analisa o comando identificando a operação

desejada, e executa as funções necessárias, bem como processa os dados recebidos ou

envia dados ao computador. Quando um código não conhecido é recebido, nenhuma ação é

tomada por parte do microcontrolador, uma vez que a SCI é compartilhada com o modem e,

portanto, este pode ser a fonte dos bytes não conhecidos. A Figura 24 mostra como esse

processo é feito, quando um conjunto de bytes é recebido pelo microcontrolador.

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37

RECEBIMENTO DE UM CONJUNTODE BYTES

COMANDO 1?

COMANDO 2?

COMANDO 3?

COMANDO 4?

CONFIGURA PARÂMETROSDE FUNCIONAMENTO

RESPONDE “OK”

REINICIA ESTAÇÃO RESPONDE “OK”

RESPONDE “OK”ENVIA PARÂMETROS DE

FUNCIONAMENTO ATUAIS

RESPONDE “OK”ENVIA DADOS ARMAZENADOS

NA MEMÓRIA

RETORNA PARA AQUISIÇÃO DE DADOS

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Não

Não

Não

Figura 24 - Comandos recebidos pelo microcontrolador para configuração da Estação.

4.1.1 Configuração dos Parâmetros de Funcionamento

Os parâmetros de funcionamento da estação são mostrados na Tabela 4.

Estes parâmetros determinam o modo de operação da Estação bem como os tempos de

aquisição de dados.

O primeiro parâmetro define uma string de identificação da Estação, que

posteriormente é apresentada juntamente com os dados dos sensores, e

consequentemente, permite a identificação da origem dos dados.

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38

Tabela 4 - Parâmetros de funcionamento da estação.

Parâmetro Valor Número

de Bytes

1 - Identificação da Estação String com até 6 caracteres 7

2 - Tempo entre leituras [s] Número entre 2 e 3600 2

3 - Número de leituras por medida Número entre 2 e 240 1

4 - Constante 1M Numero entre 5000 e 20000 2

5 - Constante 2M Numero entre 5000 e 20000 2

6 - Operadora 0, 1, 2 ou 3 1

7 - Número de medidas para envio Numero entre 5 e 1000 2

Os parâmetros 2 e 3 definem os intervalos de aquisição e armazenamento

de dados. As leituras dos sensores podem ser efetuadas em intervalos de dois segundos

até uma hora, e as medidas armazenadas na memória podem ser compostas por médias de

2 até 240 valores.

Os parâmetros 4 e 5 são duas constantes relacionadas ao sensor de

molhamento, as quais são utilizadas para parametrização da grandeza em valores

percentuais. Como mencionado na seção 3.3, o molhamento foliar pode ser avaliado em

função do número de contagens realizadas por um contador de 16 bits. Assim, estas

constantes 1M e 2M representam os valores mínimo e máximo de contagens

correspondentes aos estados “completamente seco” e “completamente molhado” do sensor

de molhamento, os quais podem ser obtidos através de uma caracterização deste sensor.

Porém, estas questões não são tratadas neste trabalho. Uma vez que estes valores sejam

definidos, estes são então utilizados, para parametrizar o molhamento foliar em valores

percentuais, de acordo com a Equação (8).

)(

)(100(%)

12

1

MM

MMM

−⋅=

(8)

Onde: M(%) é o valor percentual do molhamento foliar, o qual representa quanto o sensor

está molhado; 1M e 2M são respectivamente o número mínimo e o número máximo de

contagens do contador de 16 bits, para os estados “completamente seco” e “completamente

molhado”; M é o número de contagens do contador para um determinado estado do sensor.

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O parâmetro 6 define o modo de operação da Estação: com envio de

dados ou sem envio de dados. O valor “0” para a operadora estabelece a operação sem

envio de dados. Neste modo de operação, os dados dos sensores são armazenados na

memória, e ficam disponíveis apenas pelo Sistema de Acesso pela operação de leitura dos

dados armazenados. Os valores “1”, “2” e “3” estabelem a operação com envio de dados,

utilizando as operadoras “Tim”, “Vivo” e “Claro”, respectivamente. Neste modo de operação,

os dados são enviados pelo modem a um servidor, por meio da rede GSM utilizando o

padrão GPRS, e então disponibilizados na Internet na página www.la2i.com/data. Neste

caso, o número de medidas que devem ser feitas entre cada envio de dados é determinado

pelo parâmetro 7.

Para que esta configuração seja feita, o microcontrolador deve receber

pela SCI um conjunto de 19 bytes do Sistema de Acesso, composto por dois bytes de

comando e 17 bytes com os parâmetros de funcionamento. O microcontrolador então

verifica o comando recebido, analisa a consistência dos dados e grava estes valores na

memória 24FC128. Em seguida, uma resposta é enviada ao Sistema de Acesso indicando

que a operação foi realizada com sucesso.

Uma vez que estes parâmetros estejam armazenados na memória

24FC128, eles serão utilizados como base para o funcionamento da estação. Portanto, esta

configuração deve ser feita no início da coleta de dados, mas pode ser modificada a

qualquer tempo.

4.1.2 Leitura dos Parâmetros Atuais

Por meio do Sistema de Acesso, pode-se realizar a leitura dos parâmetros

de funcionamento atuais da Estação. Para isto, o microcontrolador deve receber pela SCI

dois bytes de comando. Após verificação do comando recebido, o microcontrolador envia

uma resposta indicando que este foi reconhecido. Em seguida, efetua uma leitura dos

parâmetros armazenados na memória 24FC128 e envia estes dados pela SCI ao Sistema

de Acesso. As informações sobre os parâmetros de funcionamento atuais também são

mostrados durante a leitura ou envio dos dados.

4.1.3 Leitura dos Dados Armazenados

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40

Pode-se também realizar a leitura das medidas armazenadas na memória

por meio do Sistema de Acesso. Para isto, o microcontrolador deve receber pela SCI dois

bytes de comando para leitura dos dados. O microcontrolador envia então uma resposta de

reconhecimento, e em seguida envia os parâmetros de funcionamento atuais e também

envia sequencialmente todos os dados dos sensores armazenados na memória. O

armazenamento das medidas na memória será discutido posteriormente na seção 4.2.

4.1.4 Reinicialização da Estação

Por fim, o microcontrolador pode ainda receber um comando para reiniciar

a Estação. Quando isto acontece, as medidas armazenadas na memória são descartadas, e

novos dados passam a ser armazenados.

4.2 OPERAÇÃO SEM TRANSMISSÃO DE DADOS

A aquisição de dados é feita com base nos parâmetros de funcionamento

discutidos anteriormente. São efetuadas leituras dos sensores de temperatura, umidade

relativa e molhamento foliar em intervalos de tempo definidos pelo parâmetro 2 – “Tempo

entre leituras”. Cada leitura corresponde a um valor instantâneo dos sensores, e assim

diversas leituras são utilizadas no cálculo de um valor médio para um determinado período

de tempo, resultando então em uma medida. O número de leituras utilizadas neste cálculo é

definido pelo parâmetro 3 – “Número de leituras por medida”.

Para as grandezas temperatura e umidade, foram realizadas as aquisições

do sensor com resoluções de 14 e 12 bits, respectivamente, e posteriormente foram

convertidos para valores físicos. Considerou-se a temperatura com uma casa decimal, e a

umidade relativa como valores inteiros. Portanto, foi considerado para uma leitura de

temperatura um valor em 2 bytes, enquanto para uma leitura de umidade relativa, apenas

um byte.

Para a realização de uma leitura do sensor de molhamento foliar, é

utilizado o método sugerido por Pereira(2008) baseado no cálculo de uma mediana de 5

valores. Este método consiste em utilizar cinco amostras da variável em questão, que é o

número de contagens do contador de 16 bits do módulo TPM, ordená-los e então considerar

o valor central, com o objetivo de eliminar possíveis valores discrepantes. Assim, uma leitura

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de molhamento foliar é uma mediana de 5 amostras, e resulta em um dado de 2 bytes.

As leituras de cada um destes três sensores são então acumuladas até

atingir a quantidade de leituras configurada para compor uma medida. Quando isso

acontece, é realizado o cálculo da média para cada um destes sensores, de acordo com a

Equação (9), e os valores resultantes são armazenados na memória 24FC128. Além disto,

também é realizada uma aquisição do sensor da bateria, e o número de pulsos gerados pelo

pluviômetro durante este período é verificado. Então estes valores também são

armazenados na memória. O dado sobre a tensão da bateria ocupa um byte, enquanto a

medida de precipitação são utilizados dois bytes. Portanto, um conjunto de medidas ocupa

um total de oito bytes. Estes dados são armazenados sequencialmente na memória

24FC128, como mostra a Figura 25.

∑=

=

Q

i

iLQ

Me1

1

(9)

Onde: Q representa o número de leituras por medida, definido pelo parâmetro 3; Me

representa uma medida de temperatura, umidade relativa ou molhamento foliar; i

L é a

leitura de temperatura, umidade relativa ou molhamento foliar, de índice i , Qi ,...,1= .

Figura 25 - Medidas na memória 24FC128.

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Dado o intervalo entre duas leituras, definido pelo parâmetro 2, o tempo

entre duas medidas pode ser obtido através da Equação (10):

leiturasmedidasTQT ⋅= (10)

Onde: Q representa o número de leituras por medida, definido pelo parâmetro 3; leituras

T

representa o intervalo de tempo entre duas leituras, dado em segundos; medidas

T representa o

intervalo de tempo entre duas medidas, dado em segundos.

Assim, de acordo com os valores limites mostrados na Tabela 4, o tempo

entre medidas pode ser configurado entre 4 segundos e 240 horas.

No modo de operação sem transmissão de dados, além das medidas dos

sensores e dos parâmetros de funcionamento discutidos anteriormente, existem ainda duas

variáveis que são armazenadas na memória 24FC128 e são atualizadas a cada novo

conjunto de medidas: uma variável composta por 2 bytes, a qual contém o número de

conjuntos de medidas armazenadas atualmente na memória, e um ponteiro que indica a

próxima posição de memória livre, a partir da qual pode ser escrito um novo conjunto de

medidas. Estes dados são armazenados na memória 24FC128 por ser uma memória não

volátil, e são atualizados a cada novo conjunto de medidas de forma a possibilitar o controle

dos dados armazenados por parte do microcontrolador. Assim, não ocorre prejuízo aos

dados em caso de desligamento proposital ou acidental da estação, por exemplo. A Figura

26 ilustra a organização da memória 24FC128 para o modo de operação sem transmissão

de dados.

Dessa forma, um total de 21 bytes são utilizados para gerenciar o

funcionamento da estação, ficando disponíveis 16362 bytes para armazenar os dados dos

sensores. Uma vez que um conjunto de medidas é composto por oito bytes, tem-se que a

estação é capaz de armazenar, neste modo de operação, até 2045 medidas de cada

sensor. Assim, o tempo de operação da estação, com relação à capacidade de memória,

depende da configuração dos tempos de aquisição, como é mostrado na Figura 27.

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Figura 26 - Organização da memória 24FC128 no modo de operação sem transmissão de

dados.

Figura 27 - Tempo máximo de operação sem transmissão de dados: (A) em horas; (B) em dias.

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4.3 OPERAÇÃO COM TRANSMISSÃO DE DADOS

O modo de operação com transmissão de dados é definido para o caso em

que o parâmetro de operação 6 – “Operadora” – seja diferente de zero. Neste caso, os

dados dos sensores são lidos, armazenados na memória, e são transmitidos pelo modem

após um determinado número de medidas.

A aquisição de dados dos sensores neste modo de operação é feita da

mesma forma que no modo sem transmissão de dados, descrita anteriormente. O

armazenamento dos dados também é feito de forma semelhante. Neste caso, porém, é

acrescentada uma informação de data e hora, como mostra a Figura 28.

PONTEIRO – HIGH BYTE

PONTEIRO – LOW BYTE

PARÂMETROS DE FUNCIONAMENTO17 BYTES

0x0000

0x0001

0x0002

0x0012

CONTADOR MEDIDAS – HIGH BYTE

CONTADOR MEDIDAS – LOW BYTE

0x0013

0x0014

CONJUNTO DE MEDIDAS 1(8 BYTES)

CONJUNTO DE MEDIDAS 2(8 BYTES)

...

CONJUNTO DE MEDIDAS n(8 BYTES)

...

0x0015 SINALIZAÇÃO DE DATA E HORA – HIGH BYTE

SINALIZAÇÃO DE DATA E HORA – LOW BYTE

DIA

MÊS

HORA

MINUTOS

0x0016

0x0017

0x0018

0x0019

0x001A

0x001B

0x0022

0x0023

0x002A

...

0x3FFF Figura 28 - Organização da memória 24FC128 no modo de operação com transmissão de

dados.

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Neste modo de operação, antes do primeiro conjunto de medidas é

acrescentado um conjunto de 6 bytes. Os dois primeiros servem para indicar que os

próximos quatro bytes são informações de data e hora. Estes bytes contêm o dia, mês, hora

e minuto referente ao início do período de aquisição. Assim, uma vez que o intervalo entre

medidas é conhecido, pode-se obter o horário de cada medida subsequente.

As informações de data e hora são obtidas do modem, através da

comunicação pela SCI do microcontrolador. Inicialmente, durante a inicialização da estação,

o microcontrolador envia comandos para o modem obter a data e hora atual pela rede GSM,

e em seguida atualizar o relógio interno (Real-Time Clock). Posteriormente, o

microcontrolador solicita a data e hora atuais do relógio interno do modem, sem

necessidade de conexão com a rede. Após o número de medidas definido pelo parâmetro 7

– “Número de medidas para envio” –, é feito o envio dos dados através de uma conexão

GPRS, com a operadora definida no parâmetro 6, conforme descrito anteriormente na seção

3.6. O processo de aquisição e envio de dados é mostrado no diagrama da Figura 29.

Figura 29 - Processo de aquisição e transmissão de dados.

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O processo de transmissão de dados se inicia com a retirada do modem

do modo sleep. Este é mantido normalmente neste estado para redução do consumo de

energia. Em seguida, a conexão é estabelecida e os dados são enviados. Então são

transmitidos os parâmetros de funcionamento atuais, e a intensidade de sinal e a taxa de

erro de bit, que são verificadas através do comando AT+CSQ. Em seguida, as informações

dos sensores armazenadas na memória são enviadas sequencialmente. Os dados são lidos

da memória, convertidos para valores físicos e transmitidos em forma de caracteres ASCII.

Uma vez que os dados tenham sido enviados com sucesso, a estação é

reinicalizada, descartando assim os dados armazenados na memória, liberando espaço para

que novos dados sejam armazenados. Porém, se a transmissão dos dados não for

completada por qualquer tipo de falha na conexão, os dados da memória são mantidos, e

uma nova tentativa de envio é feita após uma nova aquisição.

De forma semelhante à operação sem transmissão de dados, o tempo

máximo de operação da estação, quanto à capacidade de memória, está relacionado com a

configuração dos tempos de aquisição de dados. Neste caso, porém, os dados referentes à

data e hora devem ser considerados. Assim, considerando o pior caso, em que cada

conjunto de medidas seja composto por 8 bytes de dados dos sensores mais 6 bytes com

informações de data e hora, tem-se que a estação é capaz de armazenar pelo menos 1168

medidas de cada sensor. Neste caso, o tempo máximo de operação, em função do tempo

de aquisição, é mostrado na Figura 30.

Figura 30 - Tempo máximo de operação com transmissão de dados considerando o pior caso:

(A) em horas; (B) em dias.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 31 mostra a Estação Agrometeorológica LA2I. Esta foi montada

com base no hardware descrito no Capítulo 3. Como pode-se verificar na Figura 31(A), o

sensor de temperatura e umidade relativa é mantido em um abrigo, construído de pratos

cerâmicos comuns, o qual tem a função de proteção do sensor. Acima do abrigo, é

posicionado o sensor de molhamento foliar. Mais ao alto, é posicionado o pluviômetro.

Pode-se verificar ainda o painel solar utilizado para carregar a bateria.

A Placa de Desenvolvimento LA2I_HCS08, o Modem GPRS LA2I, a

bateria de alimentação e demais componentes do circuito são mantidos em uma caixa de

proteção, a qual é mostrada na Figura 31(B).

Figura 31 - Estação Agrometeorológica LA2I: (a) visão geral; (b) interior da caixa de proteção.

Foram realizados testes em laboratório, e também em campo, para

verificar o funcionamento de cada um dos sensores, bem como o algoritmo de aquisição,

armazenamento e transmissão dos dados. Serão apresentados, então, dados coletados

pela Estação Agrometeorológica LA2I, durante o período em que esteve instalada no

Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), em Londrina, Paraná.

Para a realização destes testes, a estação foi configurada de acordo com

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os parâmetros mostrados na Tabela 5. De acordo com estes valores, o tempo entre duas

medidas é de cinco minutos (uma medida sendo a média de cinco leituras, com uma leitura

por minuto). O envio dos dados é feito a cada 24 horas (288 x 5 minutos), utilizando a

operadora Tim.

Tabela 5 - Configuração dos parâmetros utilizada nos testes.

Parâmetro Valor Utilizado

1 - Identificação da Estação IAPAR

2 - Tempo entre leituras [s] 60

3 - Número de leituras por medida 5

4 - Constante 1M 11815

5 - Constante 2M 13730

6 - Operadora 1

7 - Número de medidas para envio 288

A Figura 32 mostra o formato de apresentação dos dados transmitidos pela

Estação. No início, é apresentado um cabeçalho contendo a identificação da Estação,

seguida do total de medidas armazenadas na memória, as quais estão sendo enviadas. Em

seguida, são apresentados os demais parâmetros de funcionamento configurados para a

estação. Ao final do cabeçalho, são mostrados os valores referentes à intensidade do sinal e

da taxa de erro de bit instantâneos no momento da conexão.

Na sequência, são apresentados a data e o horário do início do período de

aquisição, e em seguida os dados dos sensores. Estes são organizados em colunas

correspondentes às medidas de temperatura (°C), umidade relativa (%), molhamento foliar

(%), precipitação (mm), e tensão da bateria (V), respectivamente.

Assim, cada linha corresponde a um conjunto de medidas, e o horário de

cada medida pode ser calculado com base na hora inicial e nos parâmetros de

funcionamento. As Figuras 33 a 37 mostram gráficos com os dados coletados pela Estação,

nos dias 30 de setembro e 01 de outubro de 2010, em função do horário de cada medida, os

quais foram construídos a partir dos dados transmitidos pela Estação Agrometeorológica

LA2I.

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Figura 32 - Formato de apresentação dos dados pela Estação Agrometeorológica LA2I.

Figura 33 - Dados de temperatura em 30/09/2010 e 01/10/2010.

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Figura 34 - Dados de umidade relativa em 30/09/2010 e 01/10/2010.

Figura 35 - Dados de molhamento foliar em 30/09/2010 e 01/10/2010.

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Figura 36 - Dados de precipitação em 30/09/2010 e 01/10/2010.

Figura 37 - Dados da tensão da bateria em 30/09/2010 e 01/10/2010.

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As Figuras 33 a 37 mostram que as grandezas temperatura e umidade

relativa variam de forma esperada ao longo dos dois dias em análise, considerando que o

pluviômetro registrou chuva no segundo dia. Da mesma forma, observa-se um aumento da

tensão da bateria nos horários de maior incidência da luz solar, devido à conversão de

energia realizada pela célula fotovoltaica.

Quanto aos dados de molhamento foliar, pode-se observar a variação

detectada pelo sensor ao longo do dia. Entretanto, os dados ultrapassam os valores limites

de 0 e 100%, indicando que as constantes 1M e

2M utilizadas para a normalização não são

exatos. Um valor para o molhamento foliar superior a 100% indica que o número de

contagens efetuadas no processo de medição foi superior ao valor máximo 2M

estabelecido, ou seja, nessas condições o sensor estaria “mais molhado” do que a condição

“totalmente molhado”. De forma análoga, um valor menor do que 0% indica que o número

de contagens foi inferior ao valor mínimo 1M estabelecido, indicando que o sensor estaria

“mais seco” do que a condição “totalmente seco”. Apesar disto, pode-se verificar que o

sensor registra as variações associadas ao molhamento foliar, da forma esperada.

Nas Figuras 38 a 42, são apresentados dados coletados em um período

maior de tempo, composto por 14 dias de aquisição, com início no dia 24 de setembro de

2010. Dentro deste período, são mostrados ainda dados de temperatura e umidade relativa

obtidos de outros instrumentos do IAPAR, instalados ao lado da Estação Agrometeorológica

LA2I, durante um período de quatro dias. Estes gráficos mostram os dados em função do

número de dias percorridos a partir da data inicial, considerando 00:00 horas como horário

inicial.

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Figura 38 - Dados de temperatura entre 24/09/2010 e 08/10/2010.

Figura 39 - Dados de umidade relativa entre 24/09/2010 e 08/10/2010.

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Figura 40 - Dados de molhamento foliar entre 24/09/2010 e 08/10/2010.

Figura 41 - Dados de precipitação entre 24/09/2010 e 08/10/2010

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Figura 42 - Dados da tensão da bateria entre 24/09/2010 e 08/10/2010.

Com base nas Figuras 38 a 42, verifica-se que os valores de temperatura e

umidade apresentaram valores médios superiores aos registrados pelos instrumentos do

IAPAR, no período em que esta comparação é feita. Esta diferença possivelmente seja

devido às características físicas do abrigo em que o sensor é posicionado. Apesar disto,

observa-se que as variações registradas em ambos os casos é muito semelhante.

Em relação ao molhamento foliar, conforme mencionado anteriormente,

faz-se necessária uma definição do conceito de “totalmente molhado” e “totalmente seco” e

de uma caracterização do sensor, de forma a identificar os melhores valores para as

constantes 1M e

2M e assim obter os valores para esta grandeza, em valores percentuais,

de forma mais adequada. Pode-se observar ainda que o sensor indica valores relativamente

elevados para o molhamento foliar mesmo em dias sem chuva. Porém, sabe-se que o

molhamento foliar se dá também devido a outros fatores, como por exemplo o orvalho, o

que confirma a consistêcia dos dados observados.

Foi observado ainda que a tensão da bateria apresentou uma tendência de

queda nos 10 primeiros dias, considerando que cinco destes foram dias chuvosos. Apesar

disto, foi possível manter a autonomia energética do sistema durante o período de testes

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6 CONCLUSÃO

Com base nos testes realizados, verificou-se que a aquisição e o

armazenamento dos dados apresentaram resultados muito satisfatórios, quanto à segurança

e integridade dos dados.

A transmissão dos dados também se mostrou eficiente, embora

dependente da qualidade de sinal. Foram verificadas algumas falhas na transmissão devido

a problemas de conexão, porém em todos os casos o sistema comportou-se de forma

esperada, mantendo as informações de data e hora atualizadas e garantindo a integridade

dos dados até obter sucesso no envio. Dessa forma, o sistema mostrou-se confiável, de

forma geral.

Com relação aos dados observados, as variações observadas nos valores

medidos para todas as grandezas foram consistentes. Quanto à exatidão destes valores,

faz-se necessário um estudo mais detalhado sobre estas e sobre as demais grandezas, no

que se refere à comparações com dados de outras fontes, para uma melhor avaliação.

Considerando ainda os dados da tensão da bateria observados, considera-se que a

autonomia energética do sistema também deve ser um objeto de novos estudos.

De forma geral, pode-se dizer que o sistema apresentou resultados

satisfatórios, de acordo com a proposta de funcionamento definida. Entretanto, este sistema

apresenta algumas limitações, que devem ser consideradas.

A identificação do horário de cada medida está restrita ao modo de

operação com transmissão de dados, além de ser dependente do sinal da operadora no

momento da energização do sistema. No modo de operação sem a transmissão, é

conhecido apenas o intervalo entre as medidas, de forma que o horário inicial deve ser

observado para possibilitar a identificação dos momentos das medidas subseqüentes.

Além disto, existe um atraso na aquisição de dados relativo ao tempo

necessário para a transmissão dos dados. Verificou-se nos testes realizados que este atraso

é, geralmente, da ordem de 5 minutos. Nesse sentido, a cada 24 horas existe um período de

5 minutos em que a aquisição de dados não é feita. Como conseqüência, o horário de envio

dos dados não é fixo, pois também sofre o mesmo atraso. Considerando a análise gráfica

dos dados, este atraso pode ser considerado imperceptível. Entretanto, isto pode causar

dificuldades para um possível sistema de análise automático dos dados.

Por fim, foi observada uma dificuldade no desenvolvimento do sistema

devido ao fato de que o Modem e o conversor USB-Serial compartilham a mesma SCI do

microcontrolador.

Visando então solucionar estas questões, algumas propostas de melhorias

para trabalhos futuros estão sendo estudadas. Propõe-se desenvolver um novo circuito

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dedicado à Estação, em substituição à Placa de Desenvolvimento atual. Propõe-se ainda

utilizar outro microcontrolador, com interface USB, elmiminando assim a necessidade de um

conversor USB-Serial. Além disso, utilizar um circuito integrado Real-Time Clock, que

possibilite maior flexibilidade no registro do horário de cada medida, em qualquer um dos

modos de operação da Estação. Por fim, é proposto melhorar o software de aquisição de

dados, para permitir aquisição e envio de dados em períodos fixos, eliminando assim os

atrasos existentes.

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