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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO Pedro Ernesto Ronzani PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE FAZENDA NA REGIÃO SUL DO PIAUÍ 0111000 - Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Agronômica PIRACICABA - SP 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO

Pedro Ernesto Ronzani

PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE FAZENDA NA REGIÃO SUL

DO PIAUÍ

0111000 - Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia

Agronômica

PIRACICABA - SP

2012

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ii

PEDRO ERNESTO RONZANI

PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE FAZENDA NA REGIÃO SUL

DO PIAUÍ

Monografia apresentada ao Departamento

de Ciências do Solo como parte das

exigências da disciplina 0111000 -

Trabalho de Conclusão de Curso em

Engenharia Agronômica da Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

– Universidade de São Paulo.

Orientador:

Prof. Dr. José Alexandre Melo Demattê

PIRACICABA - SP

2012

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PEDRO ERNESTO RONZANI

PROJETO DE EXPLORAÇÃO DE FAZENDA NA REGIÃO SUL

DO PIAUÍ

_________________________________

Pedro Ernesto Ronzani

Orientador: _________________________________

Prof. Dr. José Alexandre Melo Demattê

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Universidade de São Paulo

PIRACICABA - SP

Dezembro de 2012

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iv

AGRADECIMENTOS:

À minha família, em especial meus pais, Hélio e Bernadete, que sempre me

deram todo o apoio e base necessários à minha formação pessoal e profissional. Por

serem um modelo de honestidade e perseverança que eu sempre seguirei e admirarei.

Aos meus irmãos, João e Estêvão, que sempre me suportaram nos quesitos

mais “tecnológicos”, assim como são parte integrante da minha formação pessoal. Foi

com eles que comecei a aprender como conviver com as diferenças, ainda muito novo.

À minha namorada Priscila que durante a minha graduação e meu estágio

em São Paulo esteve ao meu lado, dando sempre conforto e incentivo nos momentos

mais difíceis, me auxiliando e sempre me instigando a buscar mais e fazer melhor.

A todos os meus amigos de universidade, em especial à minha segunda

família, a República Vira-Latas, com quem amadureci e me tornei quem sou hoje.

Muito obrigado pelas intermináveis horas de estudo e diversão, pelo suporte, e por

suprirem a ausência que sentia da minha família.

À ESALQ, por me proporcionar uma graduação, vivência e oportunidades

muito maiores do que eu esperava, bem como ao seu corpo docente muito bem

qualificado e, na maioria das vezes, extremamente prestativo às minhas solicitações.

Ao professor Demattê, que me proporcionou o mais breve, porém mais

construtivo estágio dentro da ESALQ durante a minha graduação, agradeço por toda a

paciência e tempo confiados em mim, pelo treinamento recebido no uso das ferramentas

utilizadas durante o estágio, e todo o suporte e prestatividade durante meu estágio

profissionalizante e também na elaboração deste trabalho.

Ao Guilherme Asai, que deu todo o suporte necessário para o meu

desenvolvimento profissional nesses meses de convivência e aprendizado que tive ao

seu lado em São Paulo, na TibaAgro.

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v

RESUMO

A agricultura provê ao mundo não só a maior parcela do alimento e boa parcela

das fibras consumidas, como inúmerous outro produtos, como energia e está cada vez

mais gerando produtos industrias capazes de competir com os vindos de fontes fósseis

não renováveis. Nesse contexto, a agricultura, mais especificamente a sojicultura,

assume papel essencial, uma vez que a demanda por esse produto vêm crescendo a taxas

altas, independentemente de crises econômicas, e a produção tem que acompanhar esse

crescimento. A produção agrícola no Brasil é reconhecida como uma das melhores do

mundo, e ainda temos áreas inexploradas ou sub-exploradas em nosso território. Esse

trabalho tem como objetivo fazer uma revisão sobre o status da agricultura numa das

últimas frentes de desenvolvimento disponíveis no Brasil, a região sul do Piauí, usando

ferramentas de SIG no mapeamento do uso do solo, bem como conhecimentos

agronômicos em geral para visualizar a questão da sojicultura na região e a prosperidade

e perspectivas econômicas da atividade no sul do Piauí. A revisão e o mapeamento

apresentaram resultados esperados como, por exemplo, a oferta considerável de áreas

ainda não exploradas na região e também a rentabilidade que essas terras podem

proporcionar a investidores individuais ou fundos. Além disso, o modelo de exploração

adotado, embora não seja democrático, provê benefícios ambientais a sociais

incontestáveis.

Palavras-chave: uso do solo, Sul do Piauí, mercado de terras, cerrado.

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vi

Índice

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................vii

1. Introdução.................................................................................................................. 1

2. Objetivo ..................................................................................................................... 7

3. Análise externa .......................................................................................................... 7

3.1. Infraestrutura disponível .................................................................................... 7

3.2. Logística ............................................................................................................. 7

3.3. Comportamento e expectativas para os mercados de Soja e de terras –

contextualização geral ................................................................................................... 9

4. Caracterização Geral Da Base Física Agrícola ....................................................... 12

4.1. Climática e balanço hídrico ............................................................................. 12

4.2. Relevo .............................................................................................................. 20

4.3. Solos ................................................................................................................. 21

4.4. A cultura da Soja .............................................................................................. 24

a. Classificação botânica e variedade(s) .............................................................. 24

b. Justificativas técnicas e de comercialização .................................................... 25

c. Recomendações Agronômicas ......................................................................... 25

5. Mapeamento a Nível Regional ................................................................................ 36

5.1. Material e Métodos .......................................................................................... 37

5.2. Resultados e Discussão .................................................................................... 40

6. Descrição da Fazenda .............................................................................................. 47

6.1. Solos ................................................................................................................. 47

6.2. Produção .......................................................................................................... 49

7. Conclusão ................................................................................................................ 52

8. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 53

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vii

Lista de Figuras

Figura 1 – Distribuição da Produção Nacional de Soja entre 1976 e 2011. Fonte:

CONAB, elaboração própria. ........................................................................................... 3

Figura 2 - Distribuição da Área Nacional plantada com Soja entre 1990 e 2011. Fonte:

IBGE, elaboração própria ................................................................................................. 4

Figura 3 - Distribuição da produção municipal de soja no Piauí. Fonte: IBGE ............... 6

Figura 4 - Área plantada, produção e produtividade de soja no estado do Piauí. Fonte:

CONAB ............................................................................................................................ 6

Figura 5 - Preços médios da soja no Paraná. Fonte: CEPEA. ........................................ 10

Figura 6 – Comportamento do mercado internacional e regional de soja, e do Dólar.

Fonte: CBOT, BM&F, Safras e Mercado e Banco central do Brasil ............................. 10

Figura 7 - Valorização anual de terras – CAGR – Bom Jesus ....................................... 11

Figura 8 - Evolução do Preços de terras – região de Bom Jesus .................................... 12

Figura 9 - Balanço hídrico climatológico de Bom Jesus, PI. INMET. ........................... 13

Figura 10 - Cidades do Piauí, biomas e isoietas da região. ............................................ 15

Figura 11 - Distribuição de chuvas da 4 estações meteorológicas disponíveis no banco

de dados da ANA ............................................................................................................ 16

Figura 12 - Comportamento climático em Bom Jesus x ocorrência e intensidade de el-

noños e la-niñas. Fonte: NOAA, ANA e INPE. Elaboração própria.............................. 19

Figura 13 - Relevo na região da Fazenda São João. ....................................................... 20

Figura 14- Mapa de solos do Brasil. Fonte: Projeto SomaBrasil ................................... 22

Figura 15 - Mapa exploratório de Solos de Bom Jesus. ................................................. 22

Figura 16 - Coloração do latossolo da região. ................................................................ 23

Figura 17 - Exemplo de afloramento de petroplintita nas proximidades das escarpas... 24

Figura 18 - Renda líquida esperada para diferentes intervalos de semeadura em

Piracicaba, SP ................................................................................................................. 26

Figura 19 - Curvas espectrais dos horizontes A e B de de um Latossolo Amarelo ácrico

típico. Adaptado de Dalmolin et al., 2005 ...................................................................... 37

Figura 20 - Extraída de < http://www.life.illinois.edu/govindjee/paper/fig5.gif> ......... 38

Figura 21 - Mapeamento da elevação do terreno, destacando as áreas "potencias",

circundadas em amarelo. ................................................................................................ 41

Figura 22 - Fonte: INPE, ResourceSat. Órbita 329, ponto 82. 27/08/2012. ................... 42

Figura 23 - Imagem temática da região após a classificação ......................................... 45

Figura 24- Distrubuição espacial das áreas classificadas no sul do Piauí. ..................... 46

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1

1. Introdução

A região sul do Piauí é descrita como a última fronteira agrícola do Brasil.

Pertence ao mesmo eixo de expansão do oeste baiano e sul maranhense, na medida em

que os grupos econômicos são os mesmos e adotam mecanismos semelhantes de

territorialização do capital (Alves, 2005).

O cerrado piauiense possui 11,86 milhões de hectares, correspondente a 46% da

área do estado (5,9% do cerrado braisleiro). Este bioma faz limite com a caatinga, tanto

que Aguiar & Monteiro, 2005, calculam uma área de 3,5 milhões de hectares no estado

composta pelo ecótono cerrado-caatinga. Segundo Sano et al. (2008), em 2002 a área

com agricultura correspondia a menos de 2% dos 11,86 milhões de ha.

De fato, a concentração de áreas de cerrado agrícola ainda não exploradas no sul

do Piauí é a maior do país, caracterizando essa região como uma recente fronteira

agrícola. Um fator intrínseco a esse tipo de área é a carência de infraestrutura. Essa

carência freia o desenvolvimento, não só do agronegócio, como dos demais setores da

economia. Com a superação desse tipo de desafio, a atividade agrícola pode ser muito

rentável, devido principalmente ao baixo valor comparativo das áreas disponíveis.

O Instituto Desert (1998, p. 125), apud Reydon & Cornelio (2006), define o

cerrado do Piauí como:

[...] geomorfologicamente o que se chama de “cerrados” piauienses

são, na verdade, estruturas tabulares em forma de chapadões, caracterizados

por uma superfície plana ou levemente ondulada, com inclinação para

noroeste da ordem de 2 m a 3 m/km, encontrandose limitadas por escarpas

abruptas que chegam a atingir mais de 100 metros de altura. Essas estruturas

tabulares ou chapadões possuem altitudes em torno de 600 metros e recebem

a denominação de “serras” (Uruçuí, Mundo Novo, do Gongo, Calhaus, etc.),

sendo resultantes do processo erosivo de esculturação do relevo devido,

principalmente, aos diferentes graus de resistência e inclinação dos

sedimentos, aliados ao trabalho erosivo dos rios.

A ocupação da região se deu, historicamente, pelos bandeirantes, que

começaram a colonização do estado no sentido do interior para o litoral, caso único no

Nordeste. Desde esses tempos, a exploração do potencial agropecuário da região se deu

num sistema extremamente primitivo, onde as áreas “colonizadas” se concentravam nos

arredores dos cursos d’água, e o cerrado era explorado para a pecuária no período das

águas, através da queima da vegetação durante o período seco, para que o gado se

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2

alimentasse das brotções de cerrado nas águas. Estas vastas fazendas de Gado foram

formadas por colonos vindos de lugares como, pricipalmente, a Bahia, São Paulo, além

de bandeirantes e sesmeiros.

A partir da década de 70 o governo estadual passou a promover a colonização da

região sudoeste do Piauí tendo em vista grandes empresas que levassem

desenvolvimento agrário à região.Esse arcabouço institucional provido pelo governo

estadual atraiu empresas e investidores individuais para a região. Esses empreendedores

vieram principalmente, segundo Reydon & Cornelio (2006), do Rio Grande do Sul,

Pernambuco, São Paulo e Mato Grosso.

A análise do cerrado como um sistema estratégico para a produçaõa agrícola do

Brasil se deu na mesma época, entre as décadas de 60 e 70. A inserção da agricultura na

contexto’ de desenvolvimento geral do Brasil começou no governo de Juscelino

Kibitschek, no seu conhecido “Plano de Metas” (SILVA, 2000). Porém, a intervenção

do estado na região dos cerrados (mais especificamente em MS e GO) começou ainda

no governo Vargas, através do Projeto De Colonização Dos Cerrados.

A intervenção institucional só foi realmente efetiva e eficaz quando se traduziu

na facilitação de aquisição de terras e criação de planos de financiamento para

empreendimentos com projetos para o Cerrado. Os principais programas levantados por

Silva, 2000, foram: o Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba - PADAP;

o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados - POLOCENTRO; e o Programa de

Cooperação Nipo-Brasileira de Desenvolvimento dos Cerrados – PRODECER.

A agricultura, mais especificamente a sojicultura, para ser contextualizada no

estado do Piauí, deve primeiramente ser abordada no contexto nacional. Há números

importantes, disponibilizados pela CONAB, que devem ser aqui citados. A área

plantada no Brasil com a cultura, desde a safra 1976/77 aumenta, em média, 4% ao ano,

saindo de 6,9 milhões de hectares na safra supracitada, para uma projeção de 27 milhões

de hectares na safra 2012/13. A produção também aumentou, no período, em média 7%

ao ano, porém a sua variabilidade é muito alta. O desvio padrão dos números de

produção são da ordem de 16%.

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3

Figura 1 – Distribuição da Produção Nacional de Soja entre 1976 e 2011. Fonte: CONAB, elaboração própria.

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4

Figura 2 - Distribuição da Área Nacional plantada com Soja entre 1990 e 2011. Fonte: IBGE, elaboração própria

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5

Nas páginas anteriores é possivel ver a evolução não só da produção nacional

de soja, como também a distribuição reginal dessa produção. Fica evidente o ganho

de expressividade da região Centro-Oeste, que, a partir da safra 1998/99 passou a ser

a região com a maior produção do grão no país, e desde então se mantém nessa

posição de líder nacional. Porém, em termos relativos, o crescimento anual da

produção no CO no período analisado foi de 14%, com um CAGR (Compound

annual growth rate – indicador que homogeneiza o crescimento de uma série ao

primeiro e último valor, excluindo a variabilidade) 13%, enquanto no nordeste

tivemos números da ordem de 78% de crescimento médio anual, e um CAGR de

28%, numa série que começou na safra 1979/80, ano em que há o registro da

primeira colheita de soja na região.

Trazendo esses dados para a realidade do estado do Piauí, o primeiro registro

de colheita foi na safra 1993/94. Esse tipo de dados evidencia a recente exploração

da região para fins agrícolas no modelo já usado nos cerrado do CO, BA e MA há

mais tempo.

Os principais municípios produtores de grão são: Uruçuí, Baixa Grande do

Ribeiro, Santa Filomena, Ribeiro Gonçalves e Bom Jesus. Todos esses municípios

estão no extremo oeste do estado, fazendo divisa ou muito próximos do Maranhão,

com excessão de Bom Jesus. Segundo os dados da Produção Agrícola Municipal

(PAM), disponibilizados pelo IBGE, a distribuição da produção no PI fica da

seguinte forma:

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6

Figura 3 - Distribuição da produção municipal de soja no Piauí. Fonte: IBGE

Figura 4 - Área plantada, produção e produtividade de soja no estado do Piauí. Fonte: CONAB

0

200

400

600

800

1000

1200

1400m

ilhar

es

de

to

ne

lad

as

Distribuição da Produção do Soja no PI

Uruçuí Baixa Grande do Ribeiro Ribeiro Gonçalves

Santa Filomena Outros Bom Jesus

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7

2. Objetivo

Determinar a viabilidade de produção agropecuária em uma real fazenda

localizada no sul do Piauí, descrita como Fazenda São João, bem como descrever as

etapas envolvidas na conversão dessa área em terra produtiva, destacando aspectos

positivos e negativos do modelo de exploração adotado e da região escolhida.

3. Análise externa

3.1. Infraestrutura disponível

O local conta com estrutura deficitária em termos agrícolas e sociais. Os

centros de distribuição já consolidados para compra de implementos, máquinas e

insumos estão localizados nos municípios de Barreiras, BA, e Balsas, MA. Os

municipios ficam distantes, respectivamente, 450 e 520 km de Bom Jesus, PI.

Entretanto, a localidade está em franca expansão agrícola, e toda a

movimentação gerada atrai empreendimentos que visam sanar essa carência em

todos os setores. Já há varias revendas de insumos e máquinas no município, embora

os centros de distribuição se localizem geralmente nos outros municípios citados. O

destino da produção agropecuária, em especial da soja, é essencialmente o município

de Uruçuí. Lá está instalada uma esmagadora do grão pertencente à Bunge.

Na cidade existem duas universidades públicas, a UFPI e a Universidade do

Estado do Piauí. O público atraído pelas universidades e pela dinamização da

economia regional é mais exigente e demanda maiores esforços públicos para sanar

as carências de habitação, saúde, transporte, comércio, etc. existentes.

3.2. Logística

Como citado anteriormente, os polos agrícolas regionais são Balsas e

Barreiras. No estado do Piauí, os municipios de Uruçuí e Bom Jesus são os destaque

na região sudoeste em relação ao desenvolvimento agrário.

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8

O escoamento da soja em grão destinada ao consumo interno é feito para a

cidade de Uruçuí, e o restante da produção é exportada através do Porto de Itaqui.

Segundo reportagem publicada no site http://imirante.globo.com/1, a Vale assinou

contrato de longo prazo com a Ceagro Agronegócios - empresa sediada em Balsas

(MA) que atua no chamado Corredor Norte de Exportação e que recentemente

iniciou suas operações internacionais, com a exportação de grãos - para transporte e

embarque marítimo de 240 mil toneladas de grãos por ano, pela Estrada de Ferro

Carajás (EFC) e Ferrovia Norte-Sul (FNS). Esse contrato é um indício não só da

maior abertura do porto de Itaqui à exportação de grãos, bem como da própria

ferrovia de Carajás ao seu transporte.

Como a exportação de grãos pelo porto ainda é relativamente incipiente, em

comparação a todo o potencial que a região tem, essas rotas não estão consolidadas.

A consolidação depende da ampliação da capacidade do porto e também sua

tecnificação para exportação de grãos. Esse crescimento deve acontecer muito em

breve, já que as obras da ferrovia norte-sul estão ocorrendo, e haverá uma área

produtora de grãos muito grande englobada pelo empreendimento. Regiões que hoje

exportam sua produção por Santos e Paranaguá, deverão usar a ferrovia. Ela

beneficiará as áreas produtoras do vale do araguaia no MT, e os estados do TO, BA,

GO, MA e PI assim que sua estrutura estiver pronta para tal.

As opções de transporte no NE, porém, não se limitam apenas ao porto de

Itaqui. Há ainda grandes portos como o de Suape, em Pernambuco, e o de Pecém, no

Ceará.

Esses dois portos estão contemplados no plano de expansão da ferrovia

transnordestina, que, embora esteja atrasado, deverá ser concluído ainda nessa

década. A princípio, a ferrovia ligará os dois portos ao município de Eliseu Martins,

no Piauí, distante 147 km de Bom Jesus.

As principais distâncias das rotas de escoamento citadas anteriormente , tanto

da fazenda quanto de Bom Jesus, estão resumidas na tabela 1.

1Disponível em: http://imirante.globo.com/noticias/pagina226094.shtml 2Disponível em: http://www.ceagro.net/home.htm

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9

Tabela 1 - Matriz de distâncias da fazenda e de Bom Jesus, PI.

Faz. São João Bom Jesus Eliseu Martins

Faz. São João - - -

Bom Jesus 48 Km - -

Eliseu Martins 195 Km 147 Km -

Itaqui 1.588 Km 1.540 Km -

Suape 1.326 Km 1.278 Km 1.131 Km

Pecém 1.098 Km 1.050 Km 903 Km

Além dos destinos de importação, o mercado interno consome grande parte

do grão produzido na região sul do Piauí, por isso, um dos principais destinos da soja

regional é a esmagadora localizada em Uruçuí, como citado anteriormente.

Enfatizam essa informação os dados divulgados pelo IBGE no estudo “Destino da

Produção Agropecuária”, onde constatam-se mais de 10 municípios onde o destino

da soja é Uruçuí.

O acesso para a cidade, em rota vinda do centro sul, pode ser por Brasília –

Barreiras, de carro, ou, no caso de transporte aéreo, as cidades mais próximas com

aeroportos e vôos comerciais são Teresina (600km) e Barreiras (450km).

3.3. Comportamento e expectativas para os mercados de

Soja e de terras – contextualização geral

O mercado de grãos, mais especificamente o de soja e o de milho, atingiu

cotações recordes esse ano, tanto para venda futura quanto para o mercado spot,

como podemos ver no gráfico a seguir, elaborado com dados do CEPEA.

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10

Figura 5 - Preços médios da soja no Paraná. Fonte: CEPEA.

Já para o mercado reginal (Uruçuí), é visível certa variabilidade de preços

que, em certos momentos, se descola do mercado internacional. Isso se deve a

variações regionais de oferta e demanda de soja.

Figura 6 – Comportamento do mercado internacional e regional de soja, e do Dólar. Fonte: CBOT, BM&F, Safras

e Mercado e Banco central do Brasil.

A tendência é, como pode-se observar no gráfico relativo aos preços futuros,

que o mercado de soja se mantenha estável em altos patamares até a colheita da

próxima safra norte americana que, caso seja dentro dos padrões esperados, deve

promover a normalização da relação estoque/consumo mundial de soja.

Por outro lado, o mercado de terras, indexado ao preço da saca de soja, também

se beneficiou da valorização do grão. Na região do sul do Piauí, onde a presença de

R$-

R$10

R$20

R$30

R$40

R$50

R$60

R$70

R$80

R$90

07

/97

04

/98

01

/99

10

/99

07

/00

04

/01

01

/02

10

/02

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/03

04

/04

01

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10

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01

/08

10

/08

07

/09

04

/10

01

/11

10

/11

07

/12

Soja Spot Paraná

1,8

1,85

1,9

1,95

2

2,05

2,1

25

27

29

31

33

35

37

39

1/4 1/5 1/6 1/7 1/8 1/9 1/10

lar

Co

taçã

o (

US$

/sc)

Soja Futura - Vencimento em 05/13

CBOT BM&F Uruçuí - Spot Dólar

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11

fundos de investimento e grandes investidores individuais é marcante, a especulação

gerada pelo mercado de soja deve se somar à especulação “natural” observada na

região, alavancando exponencialmente os preços das terras agrícolas.

O mercado de terras tem ficado em grande visibilidade nos últimos tempos,

devido à sua valorização constante e progressiva, mesmo com a crise internacional.

No Brasil, mais especificamente na região de Bom Jesus, PI, temos a seguinte

situação:

Figura 7 - Valorização anual de terras – CAGR – Bom Jesus. Fonte: Relatório anual de terras, FNP. Elaboração

própria.

O mercado de terras na região de Bom Jesus apresenta, dentro da série

analisada (2002 – 2012) , uma média anual de valorização na ordem de 25%. As

terras agrícolas valorizaram, na média, cerca de 22% a.a., e o cerrado agrícola teve

ganhos anuais médios da ordem de 34%. Em termos absolutos, é graficamente

visível o salto de preços ocorrido entre 2007 e 2008, especialmente nas terras

agrícolas de alta produtividade, onde a valorização foi de cerca de R$2.000/ha no

período. Hoje vivenciamos outra fase de escalada dos preços de terras agrícolas,

devido à alta cotação da soja e do milho.

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12

Figura 8 - Evolução do Preços de terras – região de Bom Jesus. Fonte: Relatório anual de terras, FNP. Elaboração

própria.

As perspectivas são de que a valorização continue no mesmo ritmo ou se

acelere, uma vez que a franca expansão da região traz facilidades e infraestrutura que

antes não haviam. Terras de alta produtividade em em Balsas, MA, chegam a valer

R$8.000 ha-1

, e em Luíz Eduardo Magalhães (LEM) passam dos R$14.000 ha-1

.

Embora a região do sul do Piauí apresente menor pluviometria do que Balsas e LEM,

e não tenha potencial de irrigação nas chapadas, como em LEM, está claro que ainda

há um bom espaço para a valorização das terras em questão.

Além disso, o ganho com a transformação do cerrado em terra agrícola é

considerável, além de proporcionar ganhos com a produção agrícola em si.

4. Caracterização Geral Da Base Física Agrícola

4.1. Climática e balanço hídrico

Segundo a classificação climática de Köppen (KÖPPEN E GEIGER, 1928), o

clima de Bom Jesus é o Aw, ou seja, clima de savanas, com inverno seco e chuvas

máximas no verão, presente nas regiões N, CO e parte do SE. A cidade está, assim

como 99% do estado do Piauí (ANA, 2012), inserida na bacia hidrográfica do rio

Parnaíba. A bacia ocupa mais de 344 mil km², ou 3,9% do território nacional.

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13

Porém, do ponto de vista agrometeorológico, Burgos (apud Rolim et al. 2007)

diz que classificações descritivas, tal qual a de a de Köppen, são mais voltadas a

estudos geográficos e climatológicos, pois ela necessita de poucos parâmetros,

omitindo situações complexas da relação do clima com as culturas agrícolas.

A partir disso, podemos concluir que os sistemas agrícolas demandam uma

classificação mais detalhada do clima, que explicite a influência do clima sobre as

culturas. Hoje, o sistema mais adotado é o que foi proposto por Thornthwaite &

Mather (1955) onde o balanço hídrico pode ser utilizado para caracterização da

disponibilidade hídrica e da distribuição de chuvas ao longo do ano.

Abaixo segue figura com o balanço hídrico relativo à normal climatológica de

1961-90, de Bom Jesus, PI.

Figura 9 - Balanço hídrico climatológico de Bom Jesus, PI. Fonte: INMET.

Os dados usados na confecção desse balanço hídrico normal foram os que

constam na tablea 2, e estão disponíveis na Embrapa monitormento por satélite:

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14

Tabela 2 - Balanço Hídrico normal de Bom Jesus - PI

Mês T

(°C)

P

(mm)

ETP

ARM

(mm)

ETR

(mm)

DEF

(mm)

EXC

(mm)

Jan 25,8 173 127 93 127 0 0

Fev 25,6 175 114 100 114 0 55

Mar 25,5 182 122 100 122 0 60

Abr 25,7 138 119 100 119 0 19

Mai 26,1 26 127 36 90 38 0

Jun 25,7 5 115 12 29 86 0

Jul 25,9 6 122 4 14 107 0

Ago 27,7 5 158 1 8 150 0

Set 28,9 20 183 0 21 162 0

Out 28,2 99 176 0 99 77 0

Nov 26,8 146 144 2 144 0 0

Dez 26,1 181 136 47 136 0 0

TOTAIS 318,0 1.156 1.641 496 1.022 620 134

MÉDIAS 26,5 96 137 41 85 52 11

De maneira geral, fica evidente que a disponibilidade de água no solo vai dos

meses de Novembro até Abril, sendo o restante do ano muito seco, com déficit

hídrico no mês mais seco (setembro) passando dos 150mm.

Dados que corroboram com a Figura 9 podem ser obtidos na base de dados da

Agência Nacional de Águas (Hidroweb – ANA), e estão resumidos na figura 11.

Com relação aos demais municípios da região sudoeste do Piauí, é facilmente

identificável a faixa onde a precipitação anual de 1.000mm anuais acaba e começa a

decair, conforme a figura 10. Nela constam a divisão mesorreginal do Piauí e outros

estados vizinhos, feita pelo IBGE, e as isoietas de precipitação do Brasil,

disponibilizadas pelo CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Além disso o mapa

contém as divisões de biomas na região, onde se evidencia que Bom Jesus está bem

próximo da divisa oficial entre os biomas caatinga e cerrado. Como sabemos que os

biomas não se dividem numa linha, mas sim em uma faixa de transição (ecótono),

portanto, o município em questão já apresenta regiões onde a Caatinga é a vegetação

predominante, principalmente em áreas de solos rasos, frequentes nos “baixões”.

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15

Figura 10 - Cidades do Piauí, biomas e isoietas da região. Fonte: IBGE e CPRM. Elaboração própria.

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16

Figura 11 - Distribuição de chuvas da 4 estações meteorológicas disponíveis no banco de dados da ANA

Fazenda São João

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17

Risco Climático em Bom Jesus

A análise de risco climático visa apenas avaliar a ocorrência de veranicos na

região em questão. Estudos sobre o zoneamento de risco já foram realizados, e

apresentam conclusão bastante clara, principalmente sobre a época de semeadura para a

soja. Segundo Andrade Júnior et al. (2001), a região do cerrado piauiense é favorável

para o cultivo de milho e de soja em diferentes combinações entre municípios, épocas

de semeadura e tipo de solo. O autor estimou diversos índices e usou como base o

Índice de Satisfação da Necessidade de Água (ISNA) observado entre as fases de

floração e enchimento de graõs (estádios R1 até R5-R6), período em que o coeficiente

de cultura (Kc) está mais alto, ou seja, a planta tem o máximo de IAF e,

consequentemente, alta demanda de água. Portanto, essa é a época em que a espécie está

na sua fase mais sensível ao déficit hídrico, e é um bom indicativo para a visualização

do risco climático associado à data de semeadura.

Doss et al., 1974 (apud Farias, 2001, p. 417), reitera os argumentos expostos

anteriormente afirmando que quando o déficit hídrico ocorre nos primeiros estádios de

desenvolvimento vegetativo, a soja recupera-se melhor do que outras culturas. Ela pode

tolerar curtos períodos de déficit pois tem sistema radicular profundo e período de

florescimento relativamente longo (MOTA, 1983).

O ISNA é calculado como a razão entre a evapotranspiração máxima (ETm -

independe do teor de água no solo, usa apenas variáveis atmosféricas e geográficas) e a

evapotranspiração real (ETr - estimada com base no teor de água no solo), portanto:

Segundo STEINMETZ et al. (1985), há três classes de ISNA para a cultura da

soja, que são:

ISNA ≥ 0,65 – Região agroclimática favorável, com pequeno risco climático;

ISNA ≥ 0,55 e < 0,65 – Região agroclimática intermediária, com médio risco

climático;

ISNA < 0,55 – Região agroclimática desfavorável, com alto risco climático.

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18

Para o zoneamento de risco feito pelo Ministério da Agricultura (MAPA),

relativo às épocas de semeadura de soja e outras culturas anuais, é usado um ISNA

superior a 0,55 em 80% dos anos estudados. A forma mais correta para se avaliar o risco

climático de certa cultura em determinada região é efetuar a modelagem da

produtividade da cultura com base no efeito do déficit hídrico.

Dentre as séries de dados usadas no estudo climático, três têm mais de 30 anos,

porém há anos com falhas, sendo que as séries mais extensas têm 28, 27 e 29 anos sem

falhas (Conceição, Barra Verde e Bom Jesus, respectivamente).

Para a análise dos dados da ANA foi feito um balanço hídrico sequencial com o

registro de chuvas mantido pela fazenda, relativo à safra 2011/12, onde e possível

observar que, para um solo fértil de textura média (CAD = 0,8mm/cm e Z = 40cm), o

período sem precipitação necessário para que o ISNA, com a soja em fase reprodutiva,

caia para menos de 0,55 é de cerca de 7 dias. Esse valor de ISNA durante os estádios R1

(florescimento) até o início de R6 (grãos cheios ou completos) impacta diretamente na

produtividade, é é um ótimo indicador de risco. Para cultivares de ciclo médio, o

período citado, com semeadura ocorrendo em novembro, vai do último terço de

dezembro até o primeiro terço de abril. Esse foi o período em que a ocorrência de 7 ou

mais dias consecutivos sem chuva foi avaliado.

Nas três séries a frequência de veranicos de 7 ou mais dias na época citada ficou

entre 1,8 e 2,4 por ano-safra. Portanto, fica evidente que a região apresenta com

altíssima frequência esse tipo de evento adverso ao desenvolvimento da cultura. Como o

suprimento de água via irrigação não é possível, o único método de aumentar o período

em que a cultura pode ficar sem precipitação é o aumento da profundidade do sistema

radicular (Z). Fica claro que um perfil de 40cm é insuficiente para mitigar os riscos

climáticos implicitos à região. Um perfil de 60cm já eleva a estimativa do período em

que o ISNA fica superior a 0,55 para 10 dias consecutivos sem reposição hídrica.

Além disso, o fenômeno el-niño tem, geralmente, impactos diretos sobre as

precipitações da região. O el-niño causa mudanças na circulação atmosférica global que,

via de regra, ocasionam secas severas na região nordeste, incluido o sul do Piauí. O seu

efeito antagônico, conhecido como la niña, geralmente interfere de maneira oposta o

regime hídrico da região, aumentando-o. O que causa essas mudanças é o deslocamento

das células de circulação atmosféricas do semi-árido e da amazônia. A figura 12 retrata

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19

essa relação entre a temperatura superficial do Oceano Pacífico e a pluviometria de

Bom Jesus.

Figura 12 - Comportamento climático em Bom Jesus x ocorrência e intensidade de el-niños e la-niñas. Fonte: NOAA,

ANA e INPE. Elaboração própria.

O Niño 3.4 é um idicador usado pelo NOAA (national oceanic and atmosferic

administration – EUA) para se referir à temperatura superficial média da água de uma

determinada fração do oceano pacífico, situada nas proximidades da Oceania, dentro de

determinado mês. Esse índice é usado para compor o ONI - oscilation niño index - que

consiste na média móvel de três meses do Niño 3.4.

O índice ENOS, divulgado pelo INMET, é a classificação da intensidade com

que o fenômeno ocorreu em determinados anos (-3 a 3, de la niñas intensos a el niños

intensos). Na figura 12 estão representadas as anomalias de precipitação mensal de cada

uma das 4 estações em questão em relação à normal climatológica de 1961-1990 de

Bom Jesus (BJ, BJ2, BJ3 e BJ4).

As séries estudadas apresentaram correlação de Pearson bem fraca (<19%) com

as anomalias de temperatura no Pacífico, usando-se tanto o Niño 3.4 quanto o ENOS.

Porém, verificou-se que essas correlações são negativas, o que nos induz a pensar que,

de modo geral, quanto mais alto o Niño 3.4, mais negativas tendem a ser as anomalias

de precipitação em Bom Jesus. Ao mesmo tempo, a correlação de Pearson encontrada

usando-se as precipitações de cada talhão da fazenda ficou, na média, em -18%.

Portanto, seria necessário fazer um estudo com outras sérias, de preferência sem falhas e

longas, com outros indicadores relacionados às anomalias da temperatura superficial do

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20

oceano Pacífico (Niño 1+2, Niño 3 e Niño 4), para inferirmos sobre a relação entre

precipitações em Bom Jesus e o fenômeno el niño.

4.2. Relevo

O relevo da região foi determinado em função das imagens obtidas pelo radar

SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) e tratadas pela Embrapa Monitoramento

por Satélite. A resolução espacial original das imagens é de 90 metros.

A partir delas foram gerados mapas de elevação e declividade. O mapeamento do

relevo é essencial para a agricultura de alta tecnologia, já que a mecanização é

intimamente relacionada a esse fator. Ele é usado na determinação das classes de

aptidão agrícola, que, por sua vez, têm papel direto na tomada de decisão com relação

ao uso do solo em cada área.

Figura 13 - Relevo na região da Fazenda São João.

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21

Foram determinadas sete classes de declividade para a área, baseadas no que foi

proposto por Ramalho Filho & Beek (1995), associado com o relevo apto para colheita

mecanizada da cana, cultura muito afetada por relevos desfavoráveis à sua mecanização.

Tabela 3 - Graus de limitação por susceptibilidade à erosão conforme Ramalho Filho & Beek (1995).

Níveis de declive Grau de limitação

0 a 3% Plano/praticamente plano

3 a 8% Suave ondulado

8 a 13% Moderadamente ondulado

13 a 20% Ondulado

20 a 45% Forte ondulado

45 a 100% Montanhoso

>100% Escarpado

Fonte: Filho & Beek (1995) apud Fink et al.

A declividade da região foi estimada no software QuantumGis através de um

modelo numérico de terreno (MNT) gerado pera a área analisada. Na região, os locais

de chapada possuem declividade média inferior a 3%, apenas nas proximidades das

escarpas as declividades ultrapassam esse limite, mas não chegam a mais de 8%.

4.3. Solos

Os solos predominantes na região das chapadas são os latossolos amarelos

distróficos, podendo ocorrer associações com neossolos quartzarênicos. Esses solos se

modificam conforme a proximidade com as escarpas, evoluindo, muitas vezes, para

plintossolos. As concreções litoplínticas abundantes caracterizam esses solos, de acordo

com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, como Plintossolos pétricos

concrecionários, sem uso agrícola. Nas porções chamadas de “baixões”, há ocorrência

de Argissolos, Cambissolos e Neossolos litólicos, além de manchas com neossolos

quartzarênicos e outros tipos de solos, muitas vezes com presença de salinidade elevada.

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22

Figura 14- Mapa de solos do Brasil. Extraído do Projeto SomaBrasil.

E, mais especificamente, o mapa de solos de Bom Jesus, PI:

Figura 15 - Mapa exploratório de Solos de Bom Jesus.

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23

Na figura a seguir podemos ver um Latossolo amarelo típico, com horizonte A

em tonalidade mais escura devido à presença de matéria orgânica, e a fração mais

profunda em tonalidade amarela. Embora não houvesse uma carta de Munsell à ocasião

das visitas, acredita-se que o matiz do horizonte B inteiro seja igual ou maior do que

7,5YR.

Figura 16 - Coloração do latossolo da região.

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24

Figura 17 - Exemplo de afloramento de petroplintita nas proximidades das escarpas.

4.4. A cultura da Soja

a. Classificação botânica e variedade(s)

A soja é uma espécie originária de uma região da China denominada de

Manchúria, sendo considerada uma das culturas mais antigas a serem cultivadas

(EMBRAPA 2003). No decorrer do tempo, o cultivo da soja foi sendo disseminado pelo

mundo por intermédio dos viajantes ingleses e por imigrantes japoneses e chineses.

A soja pertence à classe das dicotiledôneas, família Leguminoseae e subfamília

Papilionoides. A espécie cultivada é designada com o nome científico de Glycine max

(L.) Merr.. A soja apresenta um sistema radicular do tipo pivotante, com uma raiz

principal bem desenvolvida e raízes secundárias em grande número, capazes de se

associar simbioticamente a bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico formando

pequenas protuberâncias nas superfícies dessas raízes, que são conhecidos como

nódulos. Essas bactérias são, via de regra, estirpes da espécie Bradyrhizobium

japonicum.

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25

O caule é herbáceo, ereto e com porte variável de 0,60 cm a 1,50 m, pubescentes

de pelos brancos, pardacentos ou tostados. O caule ainda é bastante ramificado, com os

ramos inferiores mais alongados e todos os ramos formando ângulos variáveis com

haste principal.

b. Justificativas técnicas e de comercialização

A soja é a principal cultura produzida pela agricultura brasileira, com a maioria

da produção destinada à alimentação animal por ser uma alimento proteíco. O estado do

Piauí produz mais de 400 mil hectares de soja e está se consolidando no cultivo da

oleaginosa.

Para a região de Bom Jesus a comercialização pode ser feita por meio de duas

principais tradings, que são a Bunge, localizada na serra do quilombo, e a Ceagro,

localizada em frente à Bunge. Como o Nordeste é o segundo maior mercado

consumidor do país, boa parte do grão é processada na região para consumo interno, e

uma parte é exportada pelo porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão. O porto citado

serve principalmente à Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), que escoa o minério de

ferro extraído da serra de Carajás através dele para os principais centros consumidores

mundiais. A Ceagro Agronegócios firmou contrato para transporte e embarque marítmo

de cerca de 240 mil toneladas anuais de grãos. Esse assunto será abordado novamento

no tópico Logística.

c. Recomendações Agronômicas

Época de Semeadura

Os fatores mais importantes para determinação da data de plantio são: foto

período, temperatura e a precipitação.

Para o estado o Piauí o período mais viável para a semeadura da soja situa-se,

segundo Andrade Júnior et al. (2001), entre os dias 10 de novembro e 20 de dezembro,

para solos de textura média a arenosa, com uma janela útil de aproximadamente 40 dias

para efetuar o plantio. Esse período e importante, pois segundo BALASTREIRE (1987),

a inadequação da capacidade das máquinas em realizar a operação dentro dos prazos

está associada ao conceito de pontualidade definido pela "capacidade de efetuar as

operações na época em que a qualidade e/ou quantidade de um produto são otimizadas”.

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26

Nesse contexto, recomenda-se que o dimensionamento do parque de máquinas

seja feito com base na estimativa de produtividade da cultura conforme a data de sua

semeadura. Ao isolar o fator “data de semadura” na composição da produtividade da

soja, podemos inferir os ganhos intrinsecos às melhores épocas de semeadura. Isso

possibilita estimar um volume de maquinário que maximize os ganhos do produtor,

onde se tenha noção do limite em que os ganhos de produtividade não jusitificariam o

incremento do parque de máquinas.

Um exemplo dessa modelagem pode ser visto na figura 18, realizado para a

região de Piracicaba, São Paulo.

Figura 18 - Renda líquida esperada em função de diferentes intervalos de semeadura em Piracicaba, SP.

Essa estimativa demanda uma série de dados sobre a área semeada e os

conjuntos mecanizados (trator + semeadora) disponíveis, como: área semeada (ha);

textura do solo; preço do trator em função da potência demandada; preço da semeadora;

espaçamento entre linhas; vida útil das máquinas; capacidade operacional das máquinas;

custo da mão de obra; preço do combustível; preço da saca de soja, etc.

População de Plantas

Para a região de Bom Jesus, é recomendada uma população de 10 a 12 plantas

m-1

, o que deverá totalizar algo entre 220 e 260 mil plantas.ha-¹, dependendo das

características de cada cultivar, época de semeadura, fertilidade e textura do solo e

finalidade da cultura.

Para cultivares de ciclo tardio, com maior intensidade de ramificação que os

precoces, é recomendada a semeadura em espaçamentos maiores, com menor

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27

distribuição de plantas por metro, já para plantas precoces é recomendado o plantio mais

adensado.

De um modo geral, quando um espaçamento é reduzido, deve-se diminuir o

número de plantas por metro de sulco e, com isso, podemos favorecer o plantio em

velocidades pouco maiores que o recomendado para espaçamentos maiores, visto que a

linha da semeadora irá trabalhar em menor rotação no disco em caso de diminuição do

numero de sementes.

Fertilização

A adubação nitrogenada não é recomendada para a soja já que se faz inoculação

das sementes. A simbiose e a mineralização da materia orgânica conseguem suprir a

necessidade de nitrogênio da cultura, a adubação só seria justificada em solos ácidos

com baixo teor de material orgânico.

A adubação de fósforo é necessária especialmente nos nossos solos de cerrado,

onde os teores de fósforo disponível são baixos. Uma medida muito tomada na

atualidade é a adubação de fósforo à lanço e realização da semeadura apenas com

sementes, não necessitando da caixa adubadora, aumentando assim a eficiência da

operação de plantio. Uma das principais características do fósforo usado como

fertilizante é sua alta reatividade com as argilas intemperizadas, tais como a caulinita e

os óxidos de ferro e alumínio, que resulta na fixação desse nutriente pelos minerais de

argila e indisponibilidade da maioria do fósforo às plantas.

Portanto, a prática citada, conhecida como fosfatagem, é extremamente

ineficiente, além de ser feita em solos naturalmente pobres neste elemento, o que agrava

ainda mais aa perdas de produtividade devidas à operação de adubação fosfatada em

pré-semeadura a lanço.

O potássio é elemento importante na soja e deve ser fornecido no sulco de

plantio e em solos arenosos ou para altas doses deve-se utilizar adubação de cobertura

em V4 ou potassagem em pré-plantio.

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28

Tabela 4 - Extração dos principais macronutrientes para a soja. Vitti (2010)

Parte da Planta N P2O5 K2O Ca Mg S

kg/t

Grãos 51 10 20 3 2 5.4

Restos Culturais 32 5.4 18 9.2 4.7 10

Total 83 15.4 38 12.2 6.7 15.4

% Exportada 61 65 53 25 30 35

Preparo do solo

A semente de soja, com germinação epígea e com teor de umidade próximo a

50%, exige um bom preparo de solo para garantir a emergência da plântula. O preparo

do solo deve adequar o terreno para que haja a garantia do contato solo - semente. Caso

na análise de solo obtida da área a saturação por bases (V%) esteja menor que 50%,

recomenda-se a aplicação de calcário.

Onde:

Nc = Necessidade de calagem

Vd = Saturação por bases desejada

Va = Saturação por bases atual

PRNT = Poder de reatividade do calcário.

O sistema adotado de preparo será o convenrcional, com uma aração

relativamente profunda (15-20 cm) seguida por duas gradagens niveladoras efetuadas

próximas a semeadura com o objetivo de destorroar o solo, eliminar as sementes de

plantas daninhas, uniformizar o terreno e incorporar o calcário aplicado.

A princípio, toma-se a V% de 50% como a desejada, embora níveis entre 60 e

70% sejam os mais recomendados, devido aos altos custos de correção do solo que um

aumento dessa magnitude na saturação por bases imporia.

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29

Semeadura

É a prática agrícola que consiste em distribuir uma quantidade determinada de

sementes na superfície do solo, em sulcos, com o objetivo de proporcionar boas

condições para a germinação e estabelecimento de uma lavoura.

A base para uma boa produção está na distribuição de quantidades adequada de

sementes, profundidade uniforme e específica, para aproveitamento máximo das

características do ambiente.

Sementes

A utilização de boas sementes é fundamental para o estabelecimento da cultura e

colheita de produções elevadas, deve-se adquirir sementes certificadas ou fiscalizadas,

com produção efetuada sob normas rígidas.

O tratamento das sementes com fungicidas, inseticidas e micronutrientes deve

ser realizado antes do plantio, não tratar e armazenar o produto. Os produtos devem

usados podem interferir na próxima etapa, a inoculação das sementes, por isso deve-se

dar preferência aos produtos que menos prejudiquem a bactéria.

Inoculação

A Fixação biológica do nitrogênio (FBN) é a principal fonte de N para a cultura

da soja. Bactérias do gênero Bradyrhizobium (mais especificamente B. Japonicum),

quando em contato com as raízes da soja, infectam as raízes, via pelos radiculares,

formando os nódulos. A FBN pode, dependendo de sua eficiência, fornecer todo o N

que a soja necessita. Para tal deve-se tomar alguns cuidados como fazer a inoculação à

sombra e efetuar a semeadura no mesmo dia, especialmente se a semente for tratada

com fungicidas e micronutrientes, mantendo a semente inoculada protegida do sol e do

calor excessivo; evitar o aquecimento das sementes durante o processo.

Semeadura propriamente dita

As semeadora devem distribuir uniformemente as sementes no sulco, que deve

possuir profundidade média de 5 cm, (pode-se aprofundar a semeadura em caso de

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30

semeadura em épocas de menor disponibilidade de água). A distribuição deve garantir

as condições idéias de germinação à semente de soja, com uma cobertura de terra de 2 a

3cm, uma boa semeadora não causa danos à semente e aplica o adubo de modo que não

haja contato entre adubo e semente.

A estimativa da quantidade necessária de sementes pode ser efetuada de acordo

com a seguinte formula:

Onde:

Q = Quantidade de sementes (Kg)

P = peso de 100 sementes (g)

A = Area cultivada (ha)

D = Numero desejável de plantas por metro de sulco

G = Germinação

E = Espaçamento

O consumo médio de sementes é em torno de 35 a 50 kg.ha-¹.

Cultivares

Há uma série de cultivares disponíveis e já testados na região. Empresas como a

Monsanto, Pioneer, e a próprie Embrapa já tem recomendações de cultivares específicos

para o Sul do Piauí.

Cultivo

O controle de plantas daninhas é uma prática de elevada importância para a

obtenção de altos rendimentos em qualquer exploração agrícola e tão antiga quanto a

própria agricultura.

As plantas daninhas constituem grande problema para a cultura da soja e a

necessidade de controlá-las é um imperativo. Conforme a espécie, a densidade e a

distribuição da invasora na lavoura, as perdas são significativas. A invasora prejudica a

cultura, porque com ela compete pela luz solar, pela água e pelos nutrientes podendo, a

depender do nível de infestação e da espécie, dificultar a operação de colheita e

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31

comprometer a qualidade do grão, resultando em deságio no momento da

comercialização.

Os métodos normalmente utilizados para controlar as invasoras são o mecânico,

o químico e o cultural. É sempre aconselhável utilizar a combinação de dois ou mais

métodos.

O controle cultural consiste na utilização de técnicas de manejo da cultura

(época de semeadura, espaçamento, densidade, adubação, cultivar, etc.) que propiciem o

desenvolvimento da soja, em detrimento ao da planta daninha.

O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico, isto é, o uso de

herbicidas. Suas vantagens são a economia de mão de obra e a rapidez na aplicação.

Para que a aplicação dos herbicidas seja segura, eficiente e econômica, exigem-se

técnicas apropriadas.

A eficiência dos herbicidas aumenta quando aplicados em condições favoráveis.

É fundamental que se conheçam as especificações do produto antes de sua utilização e

que se regule corretamente o equipamento de pulverização para evitar riscos de

toxicidade ao homem e à cultura.

O manejo de entressafra das invasoras requer a utilização de produtos a base de

paraquat, paraquat + diuron, glyphosate, 2-4-D, chlorimuron e carfentrazone. O número

de aplicações e as doses a serem utilizadas irão variar, em função da comunidade

presente na área e seu estádio de desenvolvimento. O Paraquat requer a mistura com

surfactante não iônico na base de 0,1% a 0,2% v/v.

No caso de espécies perenizadas, como o capim-amargoso e o capim-brachiaria,

a dose de glyphosate poderá chegar a 5 L ha-1. Nessa situação, recomenda-se

inicialmente o manejo mecânico (roçadeira, triturador) visando remover a folhagem

velha e forçar a rebrota intensa, que deverá ter pelo menos 30 cm de altura no momento

da dessecação.

O 2,4-D, indicado para o controle de plantas com folhas largas (dicotiledôneas),

deve ser utilizado na formulação amina, com carência de 10 dias entre a aplicação e a

semeadura da soja. Aplicações que não obedeçam às recomendações técnicas podem

provocar danos às culturas suscetíveis, como videira, algodão, feijão, café e a própria

soja. A utilização de espécies que propiciem cobertura morta é uma alternativa que tem

possibilitado a substituição ou a redução no uso de herbicidas em semeadura direta.

Em semeadura direta sobre pastagem, na integração lavoura-pecuária, o período

entre a dessecação e a semeadura da soja irá variar de 30 a 60 dias. Para espécies como

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32

Brachiaria decumbens e Brachiaria brizanta, 30 dias de antecedência poderão ser

suficientes. Para Paspalum notatum, conhecida como grama-batatais, o período irá

variar de 40 a 60 dias. A dose variará entre 5 e 6 litros de glyphosate ou de sulfosate.

Tem sido constatada a resistência de certas plantas daninhas como Buva, Capim

Amargoso, Brachiaria plantaginea, Bidens pilosa, Bidens subalternans a herbicidas

utilizados em algumas lavouras de soja, especialmente os dois primeiros nas lavouras de

soja RR. Há ainda espécies com tolerância ao herbicida citado, dentre as quais se

destacam a corda de viola (Ipomoea spp.) e o leiteiro (Euphorbia heterofila).

Prevenir a disseminação e a seleção de espécies resistentes são estratégias

fundamentais para evitar-se esse tipo de problema. A utilização e a rotação de produtos

com diferentes mecanismos de ação, além da adoção do manejo integrado (rotação de

culturas, uso de vários métodos de controle, etc) fazem parte do conjunto de indicações

para um eficiente controle das invasoras.

Tratamento Fitossanitário

A cultura da soja está sujeita, durante todo o seu ciclo, ao ataque de diferentes

espécies de insetos. Embora esses insetos tenham suas populações reduzidas por

predadores, parasitóides e doenças, em níveis dependentes das condições ambientais e

do manejo de pragas que se pratica, quando atingem populações elevadas, capazes de

causar perdas significativas no rendimento da cultura, precisam ser controlados.

O controle das principais pragas da soja deve ser feito com base nos princípios

do "Manejo Integrado de Pragas". Ele consiste em tomadas de decisão de controle com

base no nível de ataque, no número e tamanho dos insetos-pragas e no estádio de

desenvolvimento da soja, informações essas obtidas em inspeções regulares na lavoura

com esse fim. Nos casos das lagartas desfolhadoras e dos percevejos, as amostragens

devem ser realizadas com um pano-de-batida.

As plantas das duas fileiras devem ser sacudidas vigorosamente sobre o mesmo,

promovendo a queda dos insetos, que deverão ser contados. Esse procedimento deve ser

repetido em vários pontos da lavoura, considerando, como resultado, a média de todos

os pontos amostrados. Dependendo do tamanho da lavoura, esse monitoramento e o

manejo deve ser feito por talhão.

Especificamente para os percevejos, as amostragens devem seguir as seguintes

indicações: a) ser realizadas nos períodos mais frescos do dia, quando os percevejos se

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33

movimentam menos; b) ser feitas com maior intensidade nas bordas da lavoura, onde,

em geral, os percevejos iniciam seu ataque; c) ser repetidas, de preferência, todas as

semanas, do início da formação de vagens (R3) até a maturação fisiológica (R7); e d) em

lavouras com espaçamento reduzido entre as linhas, bater sobre o pano apenas as

plantas de uma fileira (nesse caso, reduzir a população crítica para a metade. A simples

observação visual sobre as plantas não expressa a população real presente na lavoura,

especialmente dos percevejos.

Principais espécies de insetos que atacam a soja e seu controle.

Lagartas desfolhadoras (A. gemmatalis e P. includens) - Devem ser

controladas quando forem encontradas, em média, 40 lagartas grandes (>1,5 cm) por

pano-de-batida (duas fileiras de plantas), ou com menor número se a desfolha atingir

30%, antes da floração, e 15% tão logo apareçam as primeiras flores. Para controle com

Baculovírus anticarsia, considerar como limites máximos 40 lagartas pequenas (no fio)

ou 30 lagartas pequenas e 10 lagartas grandes por pano-de-batida. Em condição de seca

prolongada e com plantas menores de 50 cm de altura, reduzir esses níveis para a

metade, para a aplicação de Baculovírus (ver Folder nº 02/2001 "Controle da lagarta da

soja com Baculovírus, um inseticida biológico").

Percevejos - O controle deve ser iniciado quando forem encontrados quatro

percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm por pano-de-batida. Em campos de

produção de sementes, o nível deve ser reduzido para dois percevejos por pano-de-

batida. Se forem contados os insetos das plantas de apenas um metro de fileira, reduzir a

população crítica para a metade (dois e um percevejos, respectivamente).

Broca das axilas - Controlar quando a lavoura apresentar em torno de 25% a

30% de plantas com ponteiros atacados. Para escolha do produto, levar em consideração

a toxicidade, o efeito sobre inimigos naturais e o custo por hectare. Atentar para as

doses indicadas, utilizar EPI (equipamento de proteção individual) durante o preparo e a

aplicação dos defensivos e dar o destino correto às embalagens, conforme legislação

vigente.

"Tamanduá-da-soja" - É um gorgulho de aproximadamente 8 mm de

comprimento, de cor preta com listras amarelas no dorso da cabeça e nas asas. Os danos

são causados tanto pelos adultos, que raspam o caule e desfiam os tecidos, como pelas

larvas, brocando e provocando o surgimento de galha.

Page 41: Tcc   versão completa v7

34

Controle - A rotação de culturas é a técnica mais eficiente para o seu manejo,

mas sempre associada a outras estratégias, como plantas-iscas e controle químico na

bordadura da lavoura e/ou na lavoura inteira.

Colheita

A colheita é a operação de retirar do campo o produto desejado, representa

parcela considerável dos custos de produção e exerce influencia significativa sobre a

qualidade do produto.

É recomendado a colheita da soja quando as semente atingirem teor de umidade

em torno de 14-16%, sendo que injurias aos grãos aumentam com umidade superior a

18% ou inferior a 13%. No momento indicado para a colheita, a planta apresenta-se sem

folhas e com as vagens secas. Uma alternativa para acelerar a época de colheita,

diminuir perdas e dispensar a secagem artificial é a aplicação de desecantes, porem sua

aplicação deve ser feita com cautela, pois se feita antes do ponto de maturidade

fisiológica pode causar perdas significativas de produção.

Perdas anteriores à colheita

Ocorre antes de iniciar qualquer operação relacionada com a colheita

propriamente dita. Em geral devem-se a deiscência natural das vagens, retardamento do

inicio da colheita, hastes soltas, em geral são minimizadas pela condição adequada da

cultura e momento de colheita adequado.

Perdas na plataforma de corte

Devem-se a falha de ação do molinete e lamina de corte, a baixa adaptação da

lavoura para a colheita mecânica, ao momento inadequado para a colheita e teor de

umidade dos grãos.

É possível a utilização de uma barra de corte flexível e flutuante, que trabalha

junto ao solo e acompanha os desníveis do terreno.

Dentre as características da planta de soja que afetam a colheita mecânica estão:

a altura das plantas e da inserção das primeiras vagens; numero de ramificações, pois

quanto maior o numero de ramificações maior a quantidade de perdas e acamamento,

onde plantas deitadas não são recolhidas pela máquina.

Page 42: Tcc   versão completa v7

35

Perdas na debulha

A velocidade de deslocamento da maquina e a velocidade do cilindro debulhador

estão intimamente relacionadas no que diz respeito a trilhagem dos grãos. Velocidades

baixas de deslocamento da colhedora podem ocasionar quebras dos grãos, pois não há

um acolchoamento normal, e velocidades maiores fazem com que haja quantidade de

material superior a capacidade de trabalho do cilindro batedor e muita vagens não são

debulhadas.

A abertura excessiva da distancia cilindro-concavo e a roatação lenta do cilindro

também provocam trilhagem incompleta e a abertura pequena e velocidade excessiva

causam injurias as sementes e obstrução dos orifícios das peneiras de limpeza.

Perdas na separação e limpeza

As quantidades perdidas sobre o saca-palhas são devidas a sua velocidade

excessiva, à sobrecarga de palha e a velocidade exagerada de cilindro-debulhador.

A regulagem inadequada das peneiras e do ventilador também provoca perdas de

grãos, que são eliminados juntamente com a palha.

Redução das perdas na colheita

A redução de perdas na colheita compreende o manejo da lavoura, com

espaçamento adequado para que não ocorram plantas muito pequenas e nem

acamamento de plantas. Assim como o manejo da fertilidade e a época de semeadura.

A regulagem das maquinas é de fundamental importância, adequando velocidade

de deslocamento, molinete, barra de corte, cilindro batedor, saca palhas, peneiras e

ventilador.

A dessecação da soja é uma prática que pode ser utilizada somente em área de

produção de grãos, com o objetivo de controlar as plantas daninhas ou uniformizar as

plantas com problemas de haste verde/retenção foliar.

Sendo necessária a dessecação em pré-colheita, é importante observar a época

apropriada para executá-la. Aplicações realizadas antes da cultura atingir o estádio

reprodutivo R7 provocam perdas no rendimento. Esse estádio é caracterizado pelo início

da maturação (apresenta uma vagem amarronzada ou bronzeada na haste principal -

Fehr & Caviness, 1981). Os produtos utilizados são o paraquat (Gramoxone, na dose de

1,5-2,0 L ha-1 do produto comercial, classe toxicológica II) ou diquat (Reglone, na dose

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36

de 1,5-2,0 L ha-1 do produto comercial, classe toxicológica II). Doses mais elevadas

devem ser utilizadas em áreas com maior massa foliar. No caso de predominância de

gramíneas, utilizar o Gramoxone. Quando houver predominância de folhas largas,

principalmente corda-de-viola (Ipomoea spp.), utilizar o Reglone.

Para evitar que ocorram resíduos no grão colhido, deve-se observar o intervalo

mínimo de sete dias entre a aplicação do produto e a colheita.

5. Mapeamento a Nível Regional

A classificação do uso do solo na região é informação de suma importância, uma

vez que esse tipo de dado permite a tomada de decisões com embasamento técnico para

tal.

A relação entre o valor da terra na região com o seu nível de exploração permite

prever, quando num contexto histórico, a evolução dos valores da terra no local. Como

os baixos preços iniciais se devem, entre outro fatores, à incipiência do

desenvolvimento econômico e social observados no sul do Piauí, a provisão desse tipo

de carência deve estar diretamente relacionada com a valorização dos imóveis rurais,

entre outros imóveis, serviços, etc.

Foram citados os benefícios que instituições e investidores privados podem ter

com esse tipo de informação, porém, é provável que ela seja tão útil quanto ou até mais

para orgãos públicos responsáveis pelo monitoramento da atividade agrícola, do

desmatamento e também de planejamento reginal. O ritmo de crescimento, aliado ao

levantamento do perfil dos produtores, permite a definição das diretrizes públicas a

serem seguidas para os próximos anos. É possível estimar, acima de tudo, o volume de

produção que será escoado pelas rotas disponíveis, bem como a movimentação e a

demanda dos insumos necessários à produção agropecuária na região, o volume de

dinheiro necessário para viabilizar a exploração das atividades agrícola e pecuária e,

consequentemente, a arrecadação pública pública a nível estadual e federal.

Com a consolidação dos proprietários das terras da região, é possível também a

checagem do passivo/ativo ambiental de cada produtor, bem como desmates irregulares,

tudo isso com uma frequência mensal, a nível de fazenda.

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37

5.1. Material e Métodos

A classificação do uso do solo na região sul do Piauí foi feita através de

softwares especializados para o tratamento das imagens e sua posterior classificação.

As imagens utilizadas foram retiradas do site do INPE, e captadas pelo sensor

LISS 3 IRS do satélite indiano ResourceSat 1. A escolha desse satélite se deu em função

de: disponibilidade de imagens gratuitas; média resolução espacial (23,5m); alta

frequência temporal (~30 dias) e resolução espectral compreendendo as bandas 2, 3, 4 e

5, indo respectivamente do comprimento de onda verde até o infra-vermelho médio.

Essas imagens foram compostas de tal modo que se pudesse avaliar a melhor

combinação de bandas para fins de classificação supervisionada. De maneira geral a

composição de bandas 432 (RGB) é tida como a que melhor evidencia a cobertura do

solo, devido à grande reflectância da banda 2 (verde) pela cobertura vegetal associada

com a alta absorbância da banda 3 (vermelha). Além disso, os solos da região

(predominancia absoluta de latossolos amarelos associados a neossolos quartzarênicos)

apresentam comportamento espectral de alta reflectância nas bandas do vermelho e

infra-vermelho próximo. Foram testadas, além dessa composição, as composições de

bandas 453 – RGB, uma composição modificada das bandas 4 e 2, que foram

trabalhadas de maneira a gerar uma tonalidade em “falso azul” e “falso verde”, e a

classificação com as quatro bandas.

Figura 19 - Curvas espectrais dos horizontes A e B de de um Latossolo Amarelo ácrico típico. Adaptado de Dalmolin

et al., 2005.

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38

A composição em cores naturais através da geração de bandas sintéticas,

especialmente a azul (0,45 – 0,52 nm), foi feita por meio de um algoritmo que relaciona

as bandas verde e infra-vermelha para estimar o que seria o comportamento espectral

para o comporimento de onda do azul na imagem. Foram encontradas descrições de dois

algoritmos para a criação e realce de bandas. Essa metodologia foi utilizada para as

imagens vindas do satélite Spot-5, com resolução espectral semelhante à da camera

LISS 3 IRS do ResourceSat 1, fonte das imagens utilizadas nesse estudo.

Figura 20 - Extraída de < http://www.life.illinois.edu/govindjee/paper/fig5.gif>.

Os algoritmos propostos são os seguintes, considerando as Bandas Azul, Verde,

Vermelho e Infra-vermelho próximo como, respectivamente, B1, B2, B3 e B4. Os

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39

cálculos para a banda verde –B21 – são de realce, e para a banda azul – B1 – para a

estimativa da banda:

Algoritmo 1:

Algoritmo 2:

Dentre as duas opções, foi usada apenas a segunda no teste, uma vez que foram

encontradas referências e exemplos de seu uso para o ResourceSat1.

A diferença visual entre as composições é bastante grande.

Após as combinações de bandas serem feitas conforme descrito acima, as

imagens compostas foram georreferenciadas no software QuantumGis, plataforma livre

com todas as funcionalidades básicas demandadas de um Sistema de Informações

Geográficas (SIG), usando como base o Google Earth.

O próximo passo foi a definição das localidades a serem analisadas. A

metodologia foi bastante simples. Foram determinados os limites das chapadas, onde se

pratica a agricultura intensiva na região, e esse foi considerado como o limite máximo

de área com potencial para agricultura intensiva.

Com esses perímetros definidos, as imagens em questão foram recortadas de

modo que apenas a área classificada como potencial fosse posteriormente classificada.

A classificação dessa área foi feita em outro software livre, o MultiSpec® versão

1.0.0.1., através do algoritmo de Máxima Verossimilhança Gaussiana (MAXVER).

Segundo Erbert, 2001, esse algoritmo é o mais utilizado em sensoriamento remoto, no

contexto estatístico. O método é considerado paramétrico, uma vez que envolve

parâmetros como o vetor média e matriz de covariância da distribuição gaussiana

multivariada e também é supervisionado, uma vez que depende de amostragem feita

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40

pelo classificador para a estimativa desses parâmetros. Porém, o algoritmo não

considera a distribuição espacial dos pixels, parâmetro considerado por outros

mecanismos mais sofisticados de classificação supervisionada, tais como os de redes

neurais.

5.2. Resultados e Discussão

O resultado do Maxver é tanto melhor quanto maior o número de pixels numa

amostra de treinamento para implementá-los na matriz de covariância (PREVIDELLI,

2004). Corroborando com isso, CRÓSTA (1993), argumenta que o método Maxver

deve ser aplicado quando o analista conhece bem a imagem a ser classificada, para que

possa definir classes que sejam representativas.

O programa gera indicadores de qualidade da classificação como: Índice Kappa,

Matriz de Confusão e Acurácia por classe e global.

A região foi sub-dividida em outras 7 áreas, e dentro de cada qual foi delimitado

um perímetro tido como de área potencial para a agricultura intensiva. Essa marcação de

perímetro foi feita com base no Google Earth, devido à alta resolução de suas imagens.

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41

Figura 21 - Mapeamento da elevação do terreno, destacando as áreas "potencias", circundadas em amarelo.

A seguir segue um exemplo de área classificada, com composição realçada 543,

a delimitação da área do “cluster” Baixa Grande do Ribeiro (em vermelho) e área

potencial (em amarelo):

Baixa Grande

Uruçuí

Leste

Cotrirosa

Santa Filomena

Quilombo

Pirajá

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42

Figura 22 - Fonte: INPE, ResourceSat. Órbita 329, ponto 82. 27/08/2012.

Para termos uma idéia da qualidade da classificação através do algoritmo de

máxima verossimilhança, num comparativo entre diferentes composições de bandas (

além de classificação usando uma imagem criada através de NDVI - Normalized

difference vegetation index - e outro através da criação de uma banda azul e uma banda

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43

verde sintética, conforme descrito pelo algitmo “b”, citado anteriormente), a tabela 5

resume os indicadores de qualidade para cada composição..

Tabela 5 - Estatística Kappa e OCP (overall class performance) para as diferentes composições de bandas analisadas.

Composição Kappa (%) OCP (%)

543 98 99,2

321 96,1 98,4

432 96,1 98,5

NDVI 8,2 16,1

5432 98,1 99,2

A matriz de confusão gerada pela classificação, assim como os demais

indicadores de desempenho estão tabulados a seguir:

Tabela 6 - Matriz de confusão.

Por fim, usando a composição 543, obtivemos a seguinte distribuição de áreas na

figura analisada:

TRAINING CLASS PERFORMANCE (Resubstitution Method)

Project Reference Number of Samples in Class

Class Class Accuracy+ Number 1 2 3 4 5 6 7

Name Number (%) Samples Lavoura Milheto Solo Exposto Queimada Fundo Desmate Cerrado

Lavoura 1 98.0 16327 15999 202 126 0 0 0 0

Milheto 2 99.7 9315 27 9286 0 0 0 2 0

Solo Exposto 3 99.6 2051 9 0 2042 0 0 0 0

Queimada 4 98.6 663 0 7 0 654 0 2 0

Fundo 5 100.0 145905 0 0 0 0 145905 0 0

Desmate 6 92.5 13844 21 165 0 0 0 12801 857

Cerrado 7 96.9 5640 0 0 0 0 0 175 5465

TOTAL 193745 16056 9660 2168 654 145905 12980 6322

Reliability Accuracy (%)* 99.6 96.1 94.2 100.0 100.0 98.6 86.4

OVERALL CLASS PERFORMANCE (192152 / 193745 ) = 99.2%

Kappa Statistic (X100) = 98.0%. Kappa Variance = 0.000000.

543

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44

Tabela 7 - Distribuiçao das áreas classificadas na imagem.

A tabela 7 contem a classificação do uso do solo na área determinada como

potencial, para a região de Baixa Grande do Ribeiro. A área descrita como “fundo” é

nada mais do que os pixels sem valor na imagem, representados pela área recortada.

Portanto, de uma área total de aproximadamente 575 mil hectares classificada

como potencial para a agricultura, o uso do solo que conota esse tipo de exploração

(Solo Exposto, Milheto e Palhada) é de aproximadamente 245 mil hectares, segundo a

classificação supervisionada gerada. A área em vias de exploração agrícola ou pecuária

é de pouco mais que 150 mil hectares (desmatada e queimadas), e a de cerrado bruto é

de 174,9 mil hectares.

Fica evidente que, apesar haverem confusões, como entre área desmatada e área

de cerrado, a classificação geral ficou muito boa, com índices superando os 95% de

confiabilidade.

Number

Class Samples Percent Area (Hectares)

1 Lavoura 1.635.929 7.34 96.959,13

2 Milheto 1.840.309 8.25 109.072,44

3 Solo Exposto 665.660 2.99 39.452,70

4 Queimada 113.314 0.51 6.715,96

5 Fundo 12.605.459 56.54 747.107,22

6 Desmate 2.482.217 11.13 147.117,39

7 Cerrado 2.950.520 13.23 174.873,03

Total 22.293.408 100.00 1.321.297,86

543

CLASS DISTRIBUTION FOR SELECTED AREA

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45

Figura 23 - Imagem temática da região após a classificação

A figura acima retrata como o programa classificou cada pixel da área analisada.

É possível ver que, de maneira geral, a qualidade ficou fiel à realidade, porém há

inúmeros pixels, principalmente entre os Grupos “cerrado” e “desmate” que estão com

classificação errada. Isso se dá pelo fato de o algoritmo usado não levar em conta a

distribuição espacial desses pixels, portanto, caso fosse usado um software com soporte

a algoritmos de redes neurais, esse tipo de problema seria drásticamente minimizado.

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46

De maneira geral, foram delimitadas 7 grandes regiões geográficas com

potencial agropecuário intensivo, denominadas como:

Baixa Grande do Ribeiro (exemplo usado); Cotrirosa; Leste; Uruçuí;

Serra do Pirajá; Serra do Quilombo; e Santa Filomena.

A seguir segue uma tabela com os resultados da classificação supervisionada

realizada em cada um destes agrupamentos, classificação esta que contempla: área de

lavoura; área em processo de conversão à lavoura; e área bruta, seja de cerrado ou de

caatinga arbórea:

Tabela 8 - Distribuição de áreas conforme os agrupamentos regionais feitos no sul do Piauí.

Distribuidas espacialmente conforme a figura 24:

Figura 24- Distrubuição espacial das áreas classificadas no sul do Piauí.

OCP Kappa Área brutaÁrea em

sistematização

Área

consolidada

Área

Potencial

Baixa Grande 99,2% 98,0% 174.873 ha 153.833 ha 245.484 ha 574.191 ha

Cotrirosa 99,7% 98,5% 139.883 ha 78.146 ha 106.496 ha 324.524 ha

Leste 98,4% 97,5% 100.488 ha 89.778 ha 29.609 ha 219.875 ha

Pirajá 96,8% 95,7% 86.611 ha 47.638 ha 58.616 ha 192.865 ha

Santa Filomena 99,3% 99,0% 120.130 ha 30.317 ha 114.180 ha 264.627 ha

Quilombo 98,8% 98,4% 53.523 ha 98.132 ha 114.537 ha 266.193 ha

Uruçuí 99,0% 95,3% 87.660 ha 91.229 ha 118.235 ha 297.124 ha

Total 98,7% 97,5% 763.169 ha 589.073 ha 787.158 ha 2.139.400 ha

% - - 36% 28% 37% 100%

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47

Portanto, conclui-se que a região apresenta uma grande área com potencial

agrícola, de topografia plana a suave ondulada, regime pluviométrico que permite pelo

menos uma safra por ano, com alta probabilidade de ocorrência de veranicos, além de

certa relação entre a ocorrência de secas severas e o fenômeno el niño. A região sul do

Piauí possui cerca de 2,14 milhões de hectares de chapadas com as características

descritas acima, dentre as quais a porção “leste” é a que tem maiores restrições hídricas,

e a região da Baixa Grande do Ribeiro conta com a maior área agrícola. Em termos

proporcionais, as regiões da Serra do Quilombo, Santa Filomena e Baixa Grande do

Ribeiro possuem a maior área explorada, cerca de 43% cada, porém se considerarmos

junto com esse número a área em sistematização, a Serra do Quilombo está em vias de

explorar 80% de seu potencial.

6. Descrição da Fazenda

A área em questão é real, e é denominada como Fazenda São João. A fazenda

possui pouco menos de 30 mil hectares, dos quais, entre reserva legal, APP’s e áreas

não aproveitáveis, a área máxima estimada para exploração é de 17 mil hectares.

6.1. Solos

A fertilidade dos solos agrícolas da fazenda é típica de solos tropicais, mais

especificamente latossolos, caracterizando-se como fortemente ácidos, altamente

saturados por alumínio e com baixo porcentual de bases na CTC (distróficos), baixo

teor de argila, sendo, geralmente, de textura arenosa a média, teor muito baixo de

fósforo disponível, comumente girando em torno de 1 ppm. São solos profundos e

muito bem drenados, de maneira geral, são ótimos do ponto de vista físico, e limitantes

sob a ótica química, quando em seu estado natural. Há diversos tipos de solos na região,

sendo que os solos agrícolas encontrados nas chapadas são os latossolos (vermelho-

amarelos e amarelos) e neossolos quartzarênicos.

Como o teor de argila é baixo, e composto por argilas de baixa atividade, como

caulinita e óxidos de Fe e Al, a matéria orgânica (MO), encontrada naturalmente em

pequenos teores nesses solos, torna-se essencial para a manutenção de sua fertilidade.

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48

Matias et al. (2009) observaram os benefícios que um sistema de manejo

conservacionista pode trazer para esse solos, uma vez que os teores de MO observados

em um latossolo amarelo da região de Uruçuí revelam que o sistema de plantio direto

acumula, em profundidades variando entre 5 e 40cm, mais MO do que o próprio cerrado

(vegetação nativa), diferença ainda maior é observada quando se comparam os sistemas

de plantio convencional e direto.

Portanto, antes da exploração agrícola, e, se possível, concomitantemente às

operações de abertura e preparo das áreas de cerrado, deve-se promover a correção

química desses solos, visando o aumento do pH, da saturação por bases, e diminuição

dos teores de Al tóxico às raízes. Isso é feito através da aplicação de calcário sobre as

áreas, sendo que a correção em subsuperfície deve ser feita com gesso agrícola (sulfato

de cálcio dihidratado). As fontes de calcário e gesso mais próxima evidenciam uma

qualidade baixa dos produtos. O calcário extraído nas proximidades de Bom Jesus tem

baixa PRNT e é calcítico, com teor de Mg inferior a 5%. Já as fontes de gesso são

restritas ao gesso mineral, proveniente de gipsita extraída do estado de Pernambuco. A

baixa reatividade de ambos os corretivos exige maiores dosagens para a correção efetiva

do perfil do solo, além de maior tempo para sua reação com o solo. O manejo agrícola

do solo deve ser o mais conservacionista possível, de modo a preservar e, se possível,

incrementar o teor de matéria orgânica das áreas exploradas.

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49

Tabela 9 - Situação dos Solos na área produtiva da fazenda São João.

Atualmente a fazenda possui 6.700 hectares produtivos, com problemas de

fertilidade em profundidade, que devem ser corrigidos com gesso agrícola o mais rápido

possível. Isso se deve ao risco climático inerente à área, já demonstrado anteriormente.

6.2. Produção

A fazenda conta com potencial produtivo, seguindo o modelo de estimativa

agrometeorológica de produtividade de RAO, SARMA e CHANDER (1988), de pouco

menos de 90 sacas de soja ha-1

, ou seja, cerca de 5.400 kg ha-1

.

Esse modelo de cálculo de produtividade potencial usa indicadores gerados pelo

balanço hídrico sequencial de THORNTHWAITE e MATHER (1955), além de uma

série de indicadores fisiológicos da cultura para a estimativa da produtividade potencial

e também da produtividade real.

00-10 10-20 20-40 00-10 10-20 20-40 00-10 10-20 20-40 00-10 10-20 20-40

1 248,3 47 26 19 31 14 <2 4,8 4,3 4,2 - - - 125

2 212,0 38 26 16 25 6 <2 5,1 4,3 4,2 1,1 1,1 0,8 150

3 245,4 46 40 19 32 13 2 4,7 4,6 4,2 - - - 161

4 230,1 34 30 7 26 7 2 4,7 4,4 3,9 0,7 0,7 0,7 201

5 224,2 43 23 10 22 8 3 4,6 4,2 3,9 0,7 0,7 0,7 291

6 219,1 31 22 8 18 8 <2 4,4 4,1 4,2 0,6 0,5 0,6 302

7 213,2 34 24 8 24 13 2 4,5 4,1 3,9 0,4 0,5 0,6 277

8 226,4 52 32 14 27 8 3 4,8 4,4 4,1 0,5 0,8 0,6 250

9 177,6 45 23 10 27 7 3 4,7 4,2 3,9 0,6 1,0 0,8 201

10 211,4 54 28 15 26 6 <2 5 4,2 4 1,1 1,4 0,9 215

11 223,2 55 37 14 24 7 <2 4,6 4,5 4 0,8 0,9 0,8 279

12 273,1 52 38 13 29 7 <2 5 4,5 4,1 1,1 0,9 0,8 266

13 269,8 56 34 13 34 5 <2 4,9 4,3 3,9 0,5 0,6 0,6 253

14 304,1 51 29 6 28 3 <2 4,9 4,3 4,1 0,5 0,6 0,6 281

15 294,0 54 34 10 34 10 <2 5 4,4 4 0,8 0,7 0,6 279

16 313,8 63 39 15 30 10 <2 5,1 4,6 4 0,5 0,8 0,7 241

17 377,5 52 38 20 27 8 <2 4,9 4,6 4,2 - - - 151

18 322,3 49 26 20 22 6 <2 4,9 4,3 4,1 - - - 150

19 383,4 63 22 25 16 4 2 5,1 4,2 4 - - - 175

24 301,9 61 37 13 32 9 <2 5 4,6 4,2 0,4 0,5 0,6 202

25 301,4 46 33 10 27 9 <2 4,8 4,5 4,1 0,5 0,7 0,6 189

26 280,1 43 46 13 17 6 <2 4,7 4,6 4,2 0,4 0,5 0,6 164

27 262,3 34 31 9 25 6 <2 4,5 4,2 4,1 0,5 0,6 0,6 175

28 198,1 59 42 11 25 4 <2 4,9 4,6 4,1 1,0 1,0 0,7 227

29 202,2 49 41 15 11 3 <2 4,7 4,6 4 0,4 0,8 0,8 228

30 150,6 71 46 11 11 <2 <2 4,9 4,5 4 0,6 0,9 0,9 252

Situação Química

pHPV%

Situação Física

Talhão ÁreaComp. (MPa)

Text.

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50

O modelo é descrito como o a produtividade potencial da cultura multiplicado

pelo produtório de um coeficiente de correção, descrito pela equação abaixo:

Onde Yr é a produtividade real, Yp a produtividade potencial, e Ky é o fator de

sensibilidade ao déficit hídrico conforme a fase da cultura. O ciclo foi subdividido em

cinco fases, correspondendo ao estabelecimento, desenvolvimento vegetativo,

florescimento, granação (enchimento de grão) e maturação.

O escopo desse trabalho não contempla maiores discussoes sobre a metodologia

de estimativa de produtividade. Porém, para a safra 2011/2012, o modelo supracitado

estimou a produção média da fazenda em 94% do que foi aferido em campo,

mostrando-se bastante fiel à realidade. Analisando a estimativa talhão por talhão, essa

média foi composta por 26 amostras, e o desvio padrão foi alto, cerca de ±35%.

Segundo dados da CONAB, o custo de produção de um hectare de soja na região

de Balsas, MA, será de R$1.552,81 ha-1

(produtividade esperada de 2.750 kg/ha), e o de

milho será de R$1.912,11 (produtividade esperada de 5.250 kg ha-1

), na safra 2012/13.

Em Barreiras, para as duas cultura já citadas, os custos são de R$ 1.945 ha-1

e R$3.850

ha-1

, com produtividades esperadas de, respectivamente, 2.880 kg e 6.600 kg ha-1

.

Todos os custos são feitos usando o sistema de plantio convencional como base.

Considerando os preços atuais de soja e milho, é totalmente plausível que se

fechem negócios futuros para essa culturas em altos patamares. As cotações atuais para

as duas commodities gira em torno de R$30/sc de milho em Barreiras, assim como a

cotação futura da BM&F para maio. Para a soja, a cotação está em torno de R$58, em

Uruçuí, e R$60 em Balsas. Em Barreiras, a saca de soja está sendo negociada a R$71/sc.

A cotação futura, com vencimento em maio de 2012, está em torno de US$30 sc-1

.

Portanto, é plausível que o ganho obtido com lavouras de soja e de milho nas

duas regiãos fique próximo do descrito na tabela 10:

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51

Tabela 10 - Estimativa de fluxo de caixa em operações de produção de soja. Fonte: CONAB e Safras&Mercado.

Produt.

(sc/ha)

Cotação

(R$/sc)

Lucro Bruto

(LB) Custo (C) LB - C

Barreiras Soja 48,0 55 R$ 2.640,00 R$ 1.945,00 R$ 695,00

Milho 110,0 25 R$ 2.750,00 R$ 3.850,00 -R$ 1.100,00

Balsas Soja 45,8 55 R$ 2.520,83 R$ 1.552,81 R$ 968,02

Milho 87,5 25 R$ 2.187,50 R$ 1.912,11 R$ 275,39

Acredita-se que a rentabilidade pode ser, na realidade, maior, uma vez que a

CONAB divulga custos com base em sistema de plantio convencional, e soma a isso

custos financeiros e o custo de oportunidade da terra, além de estimar produtividades

relativamente médias para as duas culturas, que podem ser facilmente ultrapassadas em

sistemas de alta tecnologia.

Supondo que a rentabilidade na região de Bom Jesus se assemelhe à esperada em

Balsas, e somando a isso a valorização esperada para a terra dentro do ano safra (16%),

partindo de um preço de R$4.600, teríamos, na realidade, um ganho de R$968 + R$736,

totalizando, entre produção agrícola e valorização da terra nua, de R$1.704 por hectare.

Se considerarmos as altas cotações dos grãos, é totalmente plausível que a

valorização dentro do ano das terras agrícolas de alta produtividade em Bom Jesus

supere os 16%, uma vez que o valor da terra é fortemente indexado ao valor do grão

nela produzido.

Concomitantemente à produção agrícola e à valorização da terra, temos também

negócios envolvendo a transformação do uso do solo de maneira a agregar valor ao

negócio. Portanto se, por exemplo, um projeto fosse implantado na safra 2006/07, para

conversão de uma determinada área em Bom Jesus, PI em lavoura de soja, haveria um

ganho com a transformação do uso da terra, a sua valorização natural e o ganho com a

produção agrícola. Se no exemplo acima o negócio terminasse no ano de 2013 com a

venda da área transformada e produtiva, o projeto apresentaria um valor presente

líquido (VPL) no ano de 2006 (época de aquisição das terras) de pouco mais de

R$1.600, caso a taxa usada (custo de oportunidade do capital) fosse 8%. A taxa interna

de retorno giraria em torno dos 17%. Como no fluxo de caixa consta, em 2006, a

aquisição da terra e sua conversão em terra agrícola a um custo total de R$2.100, seria

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52

um negócio melhor ainda comprar a terra agrícola de alta produtividade, negociada à

época por cerca de R$1.700. Isso resultaria num VPL e num TIR ainda maiores.

Portanto, do ponto de vista econômico, o investimento se mostra muito rentável,

quando inclui as três diferentes fontes de renda sobre a terra. O payback do

investimento é algo arriscado de se calcular, uma vez que o mercado tende a ser muito

volátil a longo prazo, e dentro da série analisada, que inclui dois fluxos de caixa anuais

negativos e outros muito positivos, fica evidente essa variabilidade.

Tabela 11 - Estimativa de VPL e TIR em série de 8 anos em Bom Jesus.

Cabe ressaltar que, no exemplo acima, é considerada uma produtividade

constante ao longo dos anos. Os custos e os preços de venda tem como base Balsas, no

Maranhão. Geralmente os preços praticados em Uruçuí são superiores aos de Balsas, e

em Bom Jesus há equivalencia.

7. Conclusão

A agricultura no estado do Piauí se mostra extremamente promissora, devido ao

alto nível tecnológico utilizado, e à alta concentração de terras ainda não exploradas

sendo comercializadas a preços relativamente baixos. A expectativa de valorização

dessas terras gira em torno da melhoria da infraestrutura regional, bem como da

logística do sul do Piauí. Além de o Nordeste ser o segundo maior mercado consumidor

do Brasil, a logística regional é beneficiada pela proximidade terrestre em relação ao

CustoValor Médio

Maio

Lucro Bruto

(45,8 sc/ha)LB - C

Valor da

TerraFC

06/07 1.270,57R$ 21,49R$ 644,73R$ -R$ 600,00R$ 2.100,00-R$

07/08 1.312,48R$ 26,16R$ 1.198,09R$ 114,39-R$ 114,39-R$

08/09 1.954,58R$ 39,88R$ 1.826,28R$ 128,31-R$ 128,31-R$

09/10 1.664,60R$ 42,18R$ 1.931,62R$ 267,02R$ 267,02R$

10/11 1.396,21R$ 31,08R$ 1.423,29R$ 27,08R$ 27,08R$

11/12 1.474,51R$ 40,28R$ 1.844,70R$ 370,19R$ 4.200,00R$ 370,19R$

12/13 1.552,81R$ 52,59R$ 2.408,46R$ 855,65R$ 4.876,20R$ 855,65R$

13/14 4.876,20R$ 4.876,20R$

Custo de conversão do uso da terra 1.500,00R$

Taxa 8% VPL 1.552,31R$

TIR 17,1%

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53

mar, bem como a proximidade marítima em relação aos principais portos

comercializadores de soja do mundo, a exemplo de Roterdã, na Holanda.

Além disso, fica evidente a necessidade de se trabalhar, na região dos cerrados

de chapada piauienses, com agricultura de alta tecnologia e numa escala considerável, já

que a produção de inúmeras culturas de subsistência se mostra inviável devido ao

grande déficit hídrico que ocorre no inverno e à ausência de rios perenes.

Os benefícios sociais são incontestáveis uma vez que a mão de obra local é

prontamente absorvida, quando dispõe de certo nível de formação, sendo que os polos

agrícolas regionais, tais como Bom Jesus e Uruçuí empregam parte da população de

inúmeros municípios da região.

Em termos ambientais, o modelo agrícola utilizado, especialmente por grandes

investidores, visa, em primeira instância, o cumprimento das leis, já que seriam alvos

fáceis de fiscalização ambiental. Portanto, a ocorrência de desmates ilegais passa a ser

minimizada, bem como os módulo de reserva legal, geralmente contígua às APP’s,

apresentam grandes áreas, que podem suportar inúmeros animais da macrofauna reginal

que necessitam de áreas extensas, tais como a Onça parda (Puma concolor L. ) e a Onça

pintada (Panthera onca).

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