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WWW.CURSORAIZES.COM.BR WWW.CURSORAIZES.COM.BR ALESSANDRA SOARES FABIANA FARIAS A VIOLÊNCIA ENTRE PROFESSORES E ALUNOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO ANO DE 2008 Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Pedagogia como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia. Universidade Vale do Acaraú UVA/ORE Orientador: Prof. Darlei Possamai TOBIAS BARRETO, 2009

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ALESSANDRA SOARES

FABIANA FARIAS

A VIOLÊNCIA ENTRE PROFESSORES E ALUNOS NAS

ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE TOBIAS

BARRETO ANO DE 2008

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

Curso de Graduação em Pedagogia como

requisito parcial à obtenção do grau de

Licenciado em Pedagogia.

Universidade Vale do Acaraú – UVA/ORE

Orientador: Prof. Darlei Possamai

TOBIAS BARRETO, 2009

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ALESSANDRA SOARES

FABIANA FARIAS

A VIOLÊNCIA ENTRE PROFESSORES E ALUNOS NAS

ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE TOBIAS

BARRETO ANO DE 2008

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do grau de

Licenciado em Pedagogia e aprovada em sua forma final pelo Curso de Graduação em

Pedagogia da Universidade Vale do Acaraú – UVA/ORES

Tobias Barreto – SE, 23 de maio de 2009.

______________________________________________________

Prof. Darlei Possamai

Universidade Estadual do Vale do Acaraú - UVA

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Dedico este trabalho à minha querida

mãe, companheira de todos os

momentos, bons e ruins; muito obrigado

mãe querida, você é a pessoa que mais

amo neste mundo.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, à minha família que tanto amo. Agradeço também aos

amigos queridos, que a todo o momento me incentivam e orientam na jornada da

busca – por intermédio do conhecimento e sabedoria – por uma vida melhor; amigos

que me proporcionam momentos sublimes de alegria e companheirismo verdadeiro.

Agradeço por fim à sabedoria, o homem que busca incessantemente a

sabedoria e procura caminhar ao seu lado é detentor da maior riqueza encontrada

no mundo, pois é por meio desta que o homem consegue alcançar todos os seus

sonhos e objetivos, é como o toque de Midas, tudo que a sabedoria toca, torna-se

ouro.

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“(...) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. (Freire, 1997.)

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RESUMO

O presente artigo discute a relação entre os conceitos de violência e autoridade no

contexto escolar e, particularmente, na relação professor-aluno nas escolas públicas da cidade

de Tobias Barreto no estado de Sergipe. Para tanto, contrapõe uma leitura de cunho

institucional da violência escolar às abordagens clássicas da temática, demonstrando a tese de

que há um quantum de violência "produtiva" embutido na ação pedagógica.

Palavras-chave: violência escolar, relação professor-aluno, autoridade docente

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO II: INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

SOB A PERSPECTIVA MORAL 11

2.1 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 12

2.2 VIOLÊNCIA CONTRA OS PROFESSORES 14

2.3 AMBIENTE ESCOLAR NA CIDADE DE TOBIAS BARRETO 15

CAPÍTULO III: CONCLUSÃO 18

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 21

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a sociedade brasileira entrou no grupo das sociedades mais

violentas do mundo. No Brasil, a principal “ação errada”, que antecede a violência é o

desrespeito conseqüente das injustiças sociais ou não.

Considerando que esse o âmbito em que os professores estão educando e formando

crianças, adolescentes e jovens, questionamos-nos sobre valores morais transmitidos a eles e

que são incorporados ou que formam a identidade desses indivíduos. Posições apresentadas

por Piaget e Aquino, expõe que os pais têm muita responsabilidade sobre as dificuldades e/ou

problemas apresentados pelos filhos e que, em investigações ou tratamentos, é quase sempre

presente, em crianças ou adultos em situações problemáticas, a presença de lembranças

familiares negativas.

Mesmo defendendo que a escola deva lidar com o indivíduo como um todo, não

defendemos que ocupe o lugar integral da família na formação do indivíduo. Porém, temos

ciência de que essa determinação sobre limites da ação e papel da família e da escola não

esteja bem definida e, além disso, que mesmo que a família não esteja cumprindo seu papel, a

escola deve cumprir o seu.

No dicionário o conceito de indisciplina, é "todo ato ou dito contrário à disciplina que

leva à desordem, à rebelião". A disciplina enquanto "regime de ordem imposta ou livremente

consentida que convém ao funcionamento regular de uma organização", ou normas

estabelecidas. A violência, por sua vez, seria caracterizada por qualquer "ato violento que, no

sentido jurídico, provocaria, pelo uso da força, um constrangimento físico ou moral".

Menin e Escola Zandonato expõem que a violência na escola encontra-se em relações

conflituosas e danosas entre professores e alunos e dos alunos entre si. Essa violência,

segundo as autoras, seria resultado do reflexo e da reprodução de outras violências que nos

cercam.

A discussão entre a relação de violência e poder, não pode ser uma regra na

compreensão da origem da violência, pois nem toda ação violenta é advinda da falta de poder.

A falta do poder gera a necessidade de controle pela coação, com o que concordamos;

não podemos, entretanto, ser condizentes em dizer que todos que têm o poder, portanto, não

usam de violência.

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CANDAU, LUCINDA e NASCIMENTO (1999) expõem a visão de outros autores

que relacionam a violência a fatores como a organização social, pela existência das

desigualdades sociais e, principalmente, pela forma como são estabelecidas as relações de

poder que intensificam as diferenças.

Segundo GUIMARÃES, há três perspectivas de violência institucional no caso da

escola: a dos poderes instituídos ou utilitários que neutraliza as diferenças individuais e

objetiva a homoneigização; a violência anônima, observada nas reações brutais como

depredação e agressividade entre alunos; a violência banal, caracterizada pela resistência

passiva através de comportamentos de ironias, chacotas, etc.

A escola, enquanto espaço de violência e de indisciplina, é percorrida por um

movimento ambíguo: de um lado, pelas ações que visam ao cumprimento das leis e das

normas determinadas pelos órgãos centrais, e, de outro, pela dinâmica dos seus grupos

internos que estabelecem interações, rupturas e permitem a troca de idéias, palavras e

sentimentos numa fusão provisória e conflitual.

A indisciplina como resposta a uma prática institucional conflituosa é ressaltada sob

outro aspecto que, também, aponta para um enfoque institucional, definindo a indisciplina

como elemento ambíguo por demonstrar ódio, raiva e, como “forma de interromper o controle

homogeneizador da escola”.

Seguindo uma perspectiva piagetiana, defende que se disciplina for entendida como

“comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poderá ser traduzir de

duas formas: 1) a revolta contra estas normas; 2)o desconhecimento delas”. Enquanto revolta

contra as normas, a indisciplina traduz-se como forma de desobediência insolente; e, no caso

de desconhecimento das normas, traduz-se pela desorganização das relações.

LEPRE situa a indisciplina no desrespeito às regras necessárias à boa convivência

social. Das respostas apresentadas pelas professoras, emergem cinco categorias:

1. Indisciplina como problema pessoal do aluno

2. Indisciplina como insubordinação às regras impostas

3. Indisciplina como resultado da falta de afeto

4. Indisciplina como falta de limites das crianças

5. Indisciplina como uma dificuldade para se relacionar com as regras.

As professoras, no momento da entrevista, negavam ter alunos indisciplinados em sua

classe e conclui que há uma resistência em reconhecer e assumir esta situação por

relacionarem o fato de haver indisciplina na classe com incompetência do professor.

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O objetivo desse artigo é de eliminar a violência e a indisciplina, ou de colocá-las para

fora do campo escolar, fazendo com que se perca a compreensão da ambigüidade desses

fenômenos que restauram a unicidade grupal e instalam uma tensão permanente.

O confronto da escola com essas leis obriga à negociação, à adaptação. Quanto maior

a sua capacidade em assumir e controlar a violência, mais a escola dará ao conjunto uma

mobilidade que permitirá driblar e agir com tolerância.

Entretanto, entendemos a relação professor-aluno como um dos focos que contribuem

para a existência de comportamentos indisciplinados e optamos por investiga -lá, seja como

um dos pólos, seja como fator mediador.

A escola, como espaço institucional responsável pela educação, ao deparar-se com a

indisciplina interferindo em seu objetivo maior - promover a educação - deve manifestar a

preocupação em encontrar caminhos que apontem para a solução ou amenização deste

problema.

Porém, os professores geralmente situam a origem da indisciplina no aluno, na falta de

limites dada pelos pais, na dificuldade em respeitar regras, na falta de afeto ou em problemas

pessoais não definidos.

Defendemos que se a escola estabelece o fator moral como preponderante no

fenômeno da indisciplina, é preciso que se tenha claro que o ideal é a construção da disciplina

– como respeito ás normas e ás pessoas - como conseqüência do desenvolvimento de uma

moral autônoma, construída com base na cooperação.

O conceito de indisciplina, portanto, é o de apresentação de comportamentos de

desrespeito ao outro e ás regras construídas em princípios de justiça que acreditamos estar

incluído nas perspectivas moral e institucional.

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CAPÍTULO II: INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO

PROFESSOR-ALUNO SOB A PERSPECTIVA MORAL

É através da educação que o homem aperfeiçoa-se e evolui. Se a educação é permeada

por relações entre diferentes gerações e, na escola, entre professor e aluno é estreito o vínculo

entre indisciplina e essa relação.

Quando a escola primária passou a ser defendida como pública, obrigatória e gratuita,

passa a expor a necessidade de criar o homem disciplinado, com respeito ás regras

socialmente estabelecidas e representadas pelo professor.

O impor limites agirá como obtenção de um respeito mudo aos adultos, necessário na

educação de crianças. Limites esses, que devem ser impostos por pais e professores.

A moral que fundamenta a disciplina, portanto, é fundada no respeito sem restrições

ao adulto e às regras sociais; permitindo e até exigindo o controle e a imposição de limites

através de condutas coercitivas e punitivas.

Piaget e Durkheim, enfocam na necessidade da formação de um ser autônomo, mas,

diferentemente deste, condena a imposição de regras para a construção da autonomia.

A educação familiar pode ser corrompida devido aos problemas encontrados

socialmente e, dessa forma, a educação escolar é a que tem mais possibilidades sobre educar

moralmente, pois “reúne duas coisas: a instrução e a cultura moral”. O papel da educação

escolar, portanto, é o de instruir e disciplinar.

Educar, do ponto de vista kantiano, não é tão simples; especialmente, educar

moralmente, pois a educação deve ser aquela que leva o homem a agir corretamente.

Em relação à construção da autonomia em ambiente escolar, para Piaget, é essencial

que o objetivo seja o de desenvolver seres moralmente autônomos e indica que se o objetivo

for a formação de indivíduos à ordens impostas, à opressão e à arbitrariedade, basta um

ambiente de obediência onde impere as sanções punitivas; mas, se o objetivo for a formação

de indivíduos autônomos, as relações humanas devem ser fundamentadas em princípios de

cooperação e reciprocidade.

A escola é um espaço onde a educação é legitimada. É neste espaço que a educação

pode se dar com vista à cooperação, posto que é na escola onde os relacionamentos

interpessoais são uma constante, a educação é como “um processo de emancipação do

homem”, ou seja, de “aperfeiçoamento”.

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Discutindo a disciplina como respeito à normas ou regras, é inegável a importância e a

necessidade da existência das regras para garantir a eficácia da prática educativa e a harmonia

nas relações; mas, nem toda regra tem relação com a moralidade.

Desta forma, considerar o princípio de justiça e estabelecer as regras de forma

coletiva, construídas em um ambiente cooperativo, é a base para o desenvolvimento de

propostas pautadas na educação moral, objetivando o pleno desenvolvimento do educando.

Na ânsia de resolver situações de conflitos, muitas vezes professores impõem regras,

agem de forma repressora, coercitiva e não propiciam o desenvolvimento da autonomia

moral. Como palco da relação entre indisciplina e desenvolvimento moral, a escola também é

o ambiente que pode possibilitar a resolução dos conflitos que se apresentam, justamente na

forma de lidar com conflitos nas situações cotidianas. A forma como a escola e o professor

vão gerir o trabalho sobre as relações pessoais, seja em momentos conflituosos ou não,

interfere no resultado advindo dessas situações, tendo como conseqüência a possibilidade de

mediar e minimizar os conflitos nas relações inter - pessoais ou de não provocar mudanças e,

até mesmo, de agravar as situações.

A função da educação é a formação da humanidade, desde que se cumpra alguns

princípios visando ao responsável pela educação, ao lugar onde ela acontece e à “verificação

empírica de seus êxitos e fracassos”.

2.1 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

A escola não é tão-somente reprodutora de características externas a ela, mas também

gera formas de relações que lhe são intrínsecas. Certamente, a rede de relações que se

constitui não é somente definida pela escola, mas pelas diferentes instituições nas quais o ser

social está envolvido.

A forma com que a escola está organizada contribui e, até, é responsável pela

indisciplina escolar. Indicam que as causas da indisciplina escolar residem tanto na

organização da própria escola enquanto instituição, quanto nas relações interpessoais frutos

dessa organização.

Outro aspecto ressaltado por AQUINO (1998) é o da abordagem psicologizante, que

aponta os casos de indisciplina como conseqüência de “falhas” do indivíduo em sua

personalidade ou até de identidade.

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Neste aspecto, portanto, a escola é disciplinarizadora e tem o poder de dominar,

levando à submissão. Porém, os fatos que estão presentes na escola nos apontam para um

outro aspecto, a resistência.

Podemos entender que o poder que é usado para controlar e reprimir é,desta forma,

legitimado pelo seu uso e, conseqüentemente, cria forças de resistência. O poder apresenta,

assim, uma dimensão negativa, em que a tensão entre as forças envolvidas é constante.

Por sua vez, AQUINO (2001) aponta a fragilidade do professor em lidar com essa

realidade, pois parece haver perdido sua teia de proteção considerando-se abandonado,

sozinho e sendo responsabilizado por diversos problemas encontrados na escola hoje.

O confronto do professor como autoridade frente à não obediência tem se tornado

motivo de sérias preocupações e deixado o professor sem ação. Não é raro nos depararmos

com professores saudosos do tempo em que se tinha respeito na escola e em que os alunos

eram educados, pois a família era severa, rigorosa na educação.

A crítica de AQUINO (2001) está se referindo às posturas dos professores e das

escolas que não demonstram preocupação com o desenvolvimento moral, mas se restringem

às orientações dogmáticas em que o poder de decisão e de julgamento sobre as regras, sobre o

que é certo ou errado, o que pode ou não ser realizado, o que é bom ou ruim, o que é justo ou

não, é dos professores e da direção escolar.

A solução pode estar na forma como se dá a relação professor – aluno, ou seja, nos

vínculos que se estabelecem nas relações cotidianas para que a tarefa central de reposição e

recriação do legado cultural aconteça. Aponta, como solução, o desenvolvimento de um

trabalho fundado no resgate da moralidade discente, através da relação com o conhecimento,

uma vez que todo trabalho a ser desenvolvido “pressupõe a observância de regras, de

semelhanças e diferenças, de regularidades e exceções”.

O professor e a escola têm por objetivo central a transmissão e recriação do

conhecimento construído socialmente. O grande problema, segundo AQUINO (2001), é que o

professor mantém-se rígido em seu lugar de autoridade.

Desta forma, GUIMARÃES (1996) defende a necessidade do espaço para que o aluno

se manifeste; de oportunidade para que ele estabeleça trocas; de situações em que, através da

convivência em grupo, ele possa construir e estabelecer relações. O professor deveria ser

somente mediador e não único orientador e direcionador de comportamentos, atitudes,

“ditador” de padrões.

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Assim, também, a relação professor-aluno como resultado da importação de efeitos de

violência que lhe são externos institui-os e dá certo olhar mais “produtivo” sobre o cotidiano

escolar contemporâneo (AQUINO, 1998). Em suma, do ponto de vista institucional, todo

exercício de autoridade é violento e essa violência é pré-determinada pela relação assimétrica;

porém, essa violência é considerada produtiva na medida em que toda intervenção

institucional objetiva a transformação de determinada matéria apropriada pelo objeto. No caso

da escola, pelo conhecimento gerado na ação pedagógica.

Fica claro que a idéia a ser defendida neste caso é a de que há necessidade, também,

de um trabalho pautado na reciprocidade e, conseqüentemente, na cooperação, na colaboração

porque o professor, além de um educador, é um aprendiz.

No entanto, mesmo que o aluno e o professor sejam parceiros no fazer pedagógico, é

necessário preservarmos a distinção de papéis entre aluno e professor; ou seja, embora o

professor possa aprender com seus alunos, o dever de ensinar continua sendo o do professor

como, o do aluno, de aprender, pois este é o objetivo da procura à educação escolar.

AQUINO (1998) defende a idéia de que o professor é o responsável em apresentar o

mundo ao seu aluno, contribuindo para preservar o patrimônio cultural, instruindo seus alunos

quanto aos conhecimentos acumulados e, contribuindo para a transformação das novas

gerações.

2.2 VIOLÊNCIA CONTRA OS PROFESSORES

As manchetes de jornais denunciam sistematicamente a ocorrência de inúmeros

acontecimentos que podem ser traduzidos pelo aumento da violência praticada contra a

população em geral. Muitos desses atos protagonizados por adolescentes ou mesmo jovens

adultos que deveriam estar na Escola, lugar privilegiado de trabalho sobre valores que

apontem para o bem da sociedade, para a paz e a vida fraterna. No entanto sabemos que existe

uma grande dívida social dos governos que, apesar de discursos inflamados e de tentativas

inócuas, pouco têm se empenhado na busca de ações concretas que apontem soluções, mesmo

a médio e longo prazo, para tornar efetiva a inclusão social e a redução da marginalidade e da

pobreza.

O fenômeno da violência, tendo como pano de fundo a escola, apresenta situação

muito semelhante ainda que com causas distintas. Se na escola pública faltam professores

para o atendimento pleno dos alunos, faltam investimentos em recursos pedagógicos, faltam

propostas de formação continuada para os professores, o que não acontece na escola privada.

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Mas a violência, embora motivada muitas vezes por forma diversa, também é um grave

problema nas escolas particulares. Mais do que nunca, as instituições de ensino privadas, na

atualidade, estão entregues à lógica liberal; logo, só se pode temer o pior de uma livre

concorrência escolar. Diretores autodenominam-se "gestores escolares", gabam-se de ter

sucesso no projeto de suas instituições porque seus alunos "são vistos e respeitados como

clientes". Ora, cliente é quem contrata um serviço ou adquire, mediante um valor, um bem ou

produto; a educação, portanto, passou a ter – equivocadamente, por certo – essa definição.

Desse modo, temos o seguinte quadro: o contratante ou comprador desse produto ou serviço é

o aluno ou, em outra hipótese, seus pais; de qualquer modo, segundo a lei do comércio,

"cliente sempre tem razão". Será possível estabelecer, nesses parâmetros, uma relação

pedagógica saudável entre professor e aluno? Não será justamente por isso que encontramos,

cada vez mais, professores insatisfeitos com seu trabalho, infelizes, mas resignados porque

"na escola particular é assim mesmo..."? A familiarização com a agressividade e a violência

as tornam, como analisam psicólogos e sociólogos, matéria do cotidiano, corriqueiras a ponto

de serem consideradas "normais".

Entretanto, a proliferação indiscriminada desses comportamentos mostra que a escola

perdeu - ou vem perdendo - o poder normativo e ignora ou negligencia os recursos

pedagógicos para o estabelecimento de limites entre o que é aceitável e o que ultrapassa essa

condição.

O professor, nesse contexto, é destituído de autoridade e autonomia, e essa lacuna dá

margem para que o aluno mesmo ou sua família, em sala de aula, no espaço da escola ou fora

dela, arbitre sobre o que é justo ou injusto, certo ou errado, segundo sua visão pessoal. A

violência é, assim, relativizada em seu valor de transgressão, e seus autores não se sentem

transgressores: pelo contrário, agem com tranqüilidade, não se julgando fora dos princípios da

boa educação ou da ética, pois se conduzem de acordo com o que estipulam ser o preceito

correto e legítimo.

2.3 AMBIENTE ESCOLAR NA CIDADE DE TOBIAS BARRETO

Os estabelecimentos de ensino, por suas direções, dentro das suas prerrogativas legais,

deverão atuar no sentido de prevenir e reprimir condutas discentes e/ou de pais e demais

tomadores de serviços educacionais configuradoras de violência física, psicológica ou moral

contra seus professores. Estes, por sua vez, deverão colaborar com as ações necessárias para a

eficácia da atuação preconizada pelas direções.

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Vimos que através desse parágrafo que os alunos tem que ter limites, coisas que não

anda acontecendo nas escolas públicas da cidade de Tobias Barreto, pois os alunos querem

mandar nos professores e na própria instituição. Fazendo dela não um ambiente saudável mais

sim um ambiente muito violento.

É dessa forma que as escolas públicas não têm professores suficientes para poder

ensinar, pois os mesmos ficam estressados e até mesmo depressivo, e muitos até desistem

dessa profissão, pois eles não tem autonomia dentro da própria sala de aula. Dessa forma

surgindo vários conflitos entre eles e os alunos. Mas talvez a violência maior que sofre o

professor seja não autorizar as iniciativas necessárias para o encaminhamento adequado do

problema. Preferem os professores suportar essas situações que muitas vezes geram

transtornos emocionais e somatizações, pois temem a demissão motivada por uma avaliação

equivocada das direções de que os problemas são superados com o afastamento do professor.

Isto denota uma postura de escolas que ainda acreditam que a educação se dá de

maneira linear, sem conflitos e que, portanto, não investem na diversidade de interesses de

alunos, professores, coordenações, enfim de todos os segmentos da comunidade escolar.

Diversidade saudável, sim, possível geradora de conflitos que possibilitam o crescimento

pessoal na autoria da resolução de problemas e busca de soluções.

Para os educadores, a violência é concebida como o desrespeito ao outro e consigo

mesmo. O desrespeito ao outro, se traduz na transposição dos direitos individuais. Já o

desrespeito dirigido a si mesmo, seria o primeiro passo para poder praticar o descaso e a

afronta ao outro:

Professora – o que é violência? De uma forma geral começa com o desrespeito né.

Agora no caso do aluno, ou mesmo do ser humano em si, eu acho que ele começa

desrespeitando. [...] Ele não conhece o que é a palavra respeito, e isso vai gerando,

vai aumentado esse desrespeito e ele vai se tornando uma pessoa até agressiva. Eu

acho que são níveis da violência, eu penso na violência assim, eu acho que ela vai

tendo níveis.

Em conformidade com o discurso dos alunos, outro fator desencadeador de constantes

conflitos entre os alunos, está relacionado às relações amorosas estabelecidas entre os

estudantes, no discurso abaixo às meninas foram apresentadas como principais atuantes destes

confrontos:

Professora - É, dentro dessa escola! Hoje em dia está muito comum isso. Cada caso

que você vê, são meninas que brigam por causa de namorado, isso é um tipo

também de violência, elas se agridem de puxar o cabelo, de xingar, de se ofender e

de bater mesmo umas nas outras por causa desse um menino que em comum elas

estão já apaixonadas por ele né. Elas se dizem apaixonadas, e o menino às vezes sai

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com uma, ou às vezes nem saiu, mas conversou com aquela menina e a outra já se

sentiu ofendida e vai tirar satisfações.

No que tange os conflitos entre alunos e professores há uma relação entre violência e

indisciplina, para ele o aluno indisciplinado é aquele que não confere sentido à escola, assim a

violência seria uma espécie de resposta à angústia experimentada no ambiente escolar. Deste

modo, o aluno indisciplinado pratica a violência por desrespeitar o direito daqueles que vêem

significado na escola, ao mesmo tempo em que age com violência contra si mesmo, por não

perceber a importância dos conteúdos escolares:

Professor - o que eu vejo é que o aluno, hoje, e não sei com a gente poderia datar

esse hoje, mas ele não ta vendo mais um sentido na escola, ele não vê nada nisso

aqui que vai servir para ele no mundo lá fora. Então a gente tem que trabalhar com

ele isso daí né, a importância de vir pra uma escola, que nem na 8° série eu falei

assim “é importante vocês aprenderem geografia porque isso vai cooperar, do ponto

de vista do conteúdo, para que vocês possam ter uma visão mais crítica das coisas,

porém, nosso objetivo não é só ensinar vocês pra passar de ano e sim pra aprender,

como se pesquisa, como se trabalha. Se eles não entendem isso começa a

indisciplina, a violência. Então a violência seria também uma falta de respeito

consigo e com outro.

Ao que parece, não há um consenso que diferencie atos considerados violentos dos

comportamentos tidos como indisciplinados. De tal modo, que esta dificuldade tem trazido

conseqüências para as formas de atuação destes profissionais. Os pais são constantemente

convocados à escola para responder pelas condutas inadequadas de seus filhos no interior da

instituição. A policia também é acionada para resolver conflitos entre os jovens e seus pares, e

entre eles e a equipe escolar.

Professor- o diretor conversa com ele, as vezes a conversa não adianta, a gente

convoca os pais pra ficarem ciente do que os filhos fazem na escola, como é que eles

agem aqui dentro e se for o caso os pais são convidados a assistirem aulas com o

filho. E dependendo da situação a polícia é convocada chegando a acontecer até um

boletim de ocorrência

Os depoimentos acima indicam que os educadores encontram dificuldades de ação

frente ao problema da indisciplina e da violência. Na ausência de recursos pedagógicos para

lidar com as situações de conflitos e confrontos, a equipe escolar recorre constantemente à

família, à polícia e ao afastamento do aluno da instituição escolar.

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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

No decorrer desta pesquisa, procuramos estabelecer as possíveis implicações entre

indisciplina escolar e a relação professor-aluno. Acreditamos que esta concepção está incluída

nas perspectivas moral e institucional.

Consideramos o desenvolvimento moral do ser humano a partir de situações

harmoniosas ou na mediação dos conflitos.

Ao considerarmos a perspectiva institucional como vertente explicativa, analisamos

papéis institucionais do aluno e do professor, responsáveis por desenvolver papéis de acordo

com o lugar institucional que ocupam. Assim, antes de atitudes individuais serem

consideradas pessoais, são institucionais.

As implicações entre indisciplina escolar e relação professor-aluno puderam ser

constatadas em diferentes situações observadas nas escolas.

Das instituições observadas na cidade de Tobias Barreto podemos fazer a seguinte

análise. Nas escolas as regras são impostas pela professor(a) ou pela direção escolar, ou seja,

os alunos não têm participação na construção das mesmas. Desta forma, elimina-se qualquer

possibilidade de interação em um ambiente democrático.

A necessidade de exercer a autoridade e o perigo da total ausência de disciplina são

discutidas por diferentes autores como De LA TAILLE (1996), MACEDO (1996), VINHA

(2003), LEPRE (1999), PIAGET (1923/1994), entre outros. Segundo os autores, as regras nas

escolas são necessárias para que se possa desenvolver uma proposta pedagógica eficaz.

A perspectiva institucional nos indicará que na constituição de toda instituição é

concreta a existência de práticas que se repetem e se legitimam sendo, segundo AQUINO

(1996), “um continente de relações sociais específicas, sempre em confronto pela apropriação

de um objeto”, que é no caso da educação escolar, o conhecimento.

A autonomia só aparece com a reciprocidade, quando o respeito mútuo é bastante

forte, para que o indivíduo experimente interiormente a necessidade de tratar os outros como

gostaria de ser tratado.

Apesar da construção de um sentimento de “nós” nos alunos, este não é fruto de

relação de cooperação ou de respeito mútuo e, portanto, não atinge os objetivos de uma

educação moral, na perspectiva piagetiana.

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Não é somente a educação escolar, porém, responsável pela educação e, portanto, estes

sujeitos poderá ter oportunidades de sentir a necessidade de manifestarem-se de forma mais

ativa, expressando descontentamento.

Essa postura do professor parte da concepção de que para ser considerado “bonzinho”

é necessário permitir quaisquer ações, não controlar a sala, mas que também “não ensinam”.

A escola pode não atender às expectativas criadas pelos alunos ou por seus pais quanto

ao seu poder transformador da realidade social e, ao mesmo tempo, não demonstra através das

ações da professora, acreditar neste poder.

O desafio lançado às escolas parece ser o de descobrir formas de relacionamento com

os alunos que criem novas significações no universo destes, através de uma (re) construção da

identidade escolar que atenda às expectativas dos alunos e de seus pais e, ao mesmo tempo,

cumpra seu papel social de disseminadora de conhecimentos científicos construídos pela

humanidade.

A perspectiva moral compreende os indivíduos envolvidos na relação professor-aluno

como seres em desenvolvimento, como pessoas que se interagem numa relação humana,

social. A perspectiva institucional compreende os indivíduos envolvidos na relação professor-

aluno como atores institucionais em que não se desvinculam os papéis de professor e de

aluno.

De acordo com o enfoque dado pela perspectiva moral, o distanciamento profundo

entre professor e aluno não é benéfico, pois a interação entre pares e entre adulto e criança

deve privilegiar a solidariedade, a cooperação, a troca. A professora coloca-se como detentora

do saber científico através da manipulação dos conteúdos, da transmissão pacífica de

conteúdos e da moral, através da determinação do que é correto, do que é justo. Quando a

igualdade do grupo é resultado de respeito unilateral da criança para com o adulto, cria-se

uma dependência maior do que se possa parecer, segundo PIAGET (1998), em que “à

estrutura do grupo é, na verdade, mais dependente da autoridade do que pareceria”.

A construção desse ambiente pressupõe uma parceria entre professores e alunos na

gestão do ambiente escolar, respeitando aspectos que não podem ser decididos por estes dois

sujeitos, como os que fazem alusão a outras classes e outros professores e às questões

burocráticas, entre outras que não dependem somente da resolução que eles tomarem. O

professor como o profissional da relação deve respeitar determinações e cumprir tarefas que

são inerentes à sua profissão, que determina o papel que ele desempenhar na relação ensino

aprendizagem.

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Sob a perspectiva institucional percebemos que está criada a incompetência dos papéis

da escola como instituição e, conseqüentemente, do professor como sujeito desta e, da

incompetência dos alunos. Ambos, professor e alunos não parecem responder aos anseios e

expectativas quanto a seus papéis.

Concluindo, do ponto de vista moral, a indisciplina e a relação professor-aluno são

indissociáveis posto que é na relação pessoal que nos desenvolvemos moralmente.

Dependendo da forma como se desenvolve essa relação, podemos obter

comportamentos desejados através de ações de cooperação, solidariedade, reflexões sobre

situações conflitantes para a formação do conceito de justiça. Portanto, está clara a existência

de ligações entre a indisciplina e as relações interpessoais, conseqüentemente, da relação

professor-aluno.

A escola tem um papel fundamental na indisciplina de seus alunos, com a relação

professor e aluno, mas hoje a escola exclui, marginaliza, não acredita no potencial do seu

aluno e não cumpre o seu papel. Fica claro para nós que a escola não pode ser

responsabilizada por tudo, mas que tem sim um papel importante neste fenômeno.

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REFERÊNCIAS

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moralidade e conhecimento. In: ______.Indisciplina na escola: alternativas teóricas e

práticas. São Paulo: Summus, 1998.

______. Moralidade e indisciplina: uma leitura possível a partir do referencial

piagetiano. In: AQUINO, J. R. G., (Org.) Indisciplina na escola: alternativas teóricas e

práticas. São Paulo: Summus, 1998.

CANDAU, Vera M.; LUCINDA, Maria da C.; NASCIMENTO, Maria das G. Escola e

violência. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

DE LA TAILLE, Escola Yves. A educação moral: Kant e Piaget. In: MACEDO, Lino de.

Cinco estudos de Educação Moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

GUIMARÃES, M. Indisciplina e violência: ambigüidade dos conflitos na escola. In:

AQUINO, Julio R. G. (Org.). Indisciplina na escola: alternativas teóricas e práticas. São

Paulo: Summus, 2001.

PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. Trad. Elzon Lenardon. 2 ed. São Paulo: Summus,

1998.