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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE RIBEIRÃO PRETO GIOVANNA BUISCHI ANTUNES OLIVIERI Avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos: uma investigação com estudantes franceses Ribeirão Preto 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE

RIBEIRÃO PRETO

GIOVANNA BUISCHI ANTUNES OLIVIERI

Avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos: uma investigação

com estudantes franceses

Ribeirão Preto

2016

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Prof. Dr. Marco Antonio Zago Reitor da Universidade de São Paulo

Prof. Dr. Dante Pinheiro Martinelli

Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto

Prof. Dr. Marcio Mattos Borges de Oliveira Chefe de Departamento de Administração / FEA-RP

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Giovanna Buischi Antunes Olivieri

Avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos: uma investigação

com estudantes franceses

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso Administração,

da Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade de

Ribeirão Preto.

Orientadora: Profa. Dra. Janaina de

Moura Engracia Giraldi

Ribeirão Preto

2016

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Olivieri, Giovanna Buischi Antunes

Avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos: uma investigação com estudantes franceses. Ribeirão Preto, 2016.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Administração, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto.

Orientadora: Profa. Dra. Janaina de Moura Engracia Giraldi

1. Efeito país de origem. 2. Imagem de destino. 3. Imagem do Brasil. 4. Grandes eventos.

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Agradecimentos

Aos meus pais, ao meu namorado e aos meus amigos, pelo apoio para a realização dos

meus objetivos e amor sincero.

Á Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-

RP), da Universidade de São Paulo, pelo apoio institucional, pelas facilidades

oferecidas e que estará para sempre no meu coração.

À Professora Dra. Janaina de Moura Engracia Giraldi pela orientação e dedicação.

À Comissão de Relações Internacionais da FEA-RP e ao International Office da FEA-

RP, pelo auxílio no contato com a instituição francesa.

Aos alunos de graduação das instituições francesas, que gentilmente participaram

desta pesquisa, tornando possível a sua concretização.

À turma de Administração XXI Diurno da FEA-RP, pelas amizades que levarei para o

resto da minha vida.

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RESUMO

Visto que o Brasil, mais especificamente o Rio, foi a sede das Olimpíadas de 2016, os olhares de todo o mundo estavam voltados ao país. Estava sendo analisada a preparação para receber o evento, questionava-se a capacidade do Brasil em obter sucesso na realização, e olhares também se voltavam para a situação atual do país, envolvendo a política e a sempre em pauta violência; como também a segurança, sendo mais preocupante devido aos diversos atentados que ocorreram atualmente. Assim, mostra-se a relevância desse estudo, que procurou entender como o Brasil é visto no exterior e se com todo contexto histórico e atual, uma imagem positiva ou negativa prevalece. O presente estudo possuía o objetivo de avaliar a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos com uma amostra de estudantes franceses. Possuía também como objetivos específicos identificar quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos e qual a dimensão avaliada mais positivamente, e verificar se as variáveis gênero e experiência anterior com o país exerceriam influência na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos. Para isso, foi realizada uma pesquisa quantitativa descritiva com aplicação de questionários eletrônicos em uma amostra de estudantes universitários franceses de diferentes instituições na França. Após a coleta dos dados, uma análise fatorial exploratória e uma comparação de médias foram realizadas, e com a interpretação dos resultados pôde-se verificar que os estudantes franceses possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto sede de grandes eventos, que “Pontos Turísticos” é a dimensão de imagem do país melhor apreciada, e que gênero e experiência com o país não são fatores que influenciaram a avaliação da amostra. Visto que, homens e mulheres avaliaram praticamente da mesma forma e positivamente a imagem do Brasil como sede de grandes eventos; e do mesmo modo, tanto pessoas com alta experiência anterior com o Brasil como pessoas com baixa experiência, avaliaram também de forma semelhante e positiva a imagem do país como sede de grandes eventos. Com isso, a pesquisa tem o interesse de proporcionar informações ao governo brasileiro, organizadores de eventos e demais interessados sobre como o Brasil está sendo visto no exterior, que imagem e elementos do país são interessantes de se reforçar com marketing e o que se pode utilizar para que o Brasil tenha cada vez mais uma imagem positiva nos estrangeiros.

Palavras-chave: Efeito país de origem. Imagem de destino. Imagem do Brasil. Grandes eventos.

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ABSTRACT

Since Brazil, more specifically Rio, was the venue for the 2016 Olympics, the glances around the world were focused on the country. The preparation for the event was being analyzed, Brazil's ability to achieve success was questioned, and looks were also turned to the current situation of the country, involving politics and always inthe agenda violence, as well as security, being more worrisome due to the diverse attacks that have occurred today. Thus, it is shown the relevance of this study, which sought to understand how Brazil is seen abroad and if with all historical and current context, a positive or negative image prevails. The present study aimed to evaluate the image of Brazil as a venue for major events with a sample of French students. It also had as specific objectives to identify the dimensions that make up the image of Brazil as the venue for major events and which dimension was most positively assessed, and to verify if the variables gender and previous experience with the country exerted influence in the evaluation of the image of Brazil while headquarters of major events. For this, a quantitative descriptive research was carried out with the application of electronic questionnaires in a sample of French university students from different institutions in France. After the data collection, an exploratory factorial analysis and a comparison of averages were performed, and with the interpretation of the results it was verified that the French students have a positive image of Brazil as a venue for major events, that "Tourist Points" is the image size of the country best appreciated, and that gender and experience with the country are not factors that influenced the evaluation of the sample. Whereas, men and women have evaluated practically the same and positive the image of Brazil as the venue for major events; and in the same way, both people with high previous experience with Brazil and people with low experience, also evaluated in a similar and positive way the image of the country as the venue for big events.With this, the research has the interest of providing information to the Brazilian government, event organizers and other stakeholders about how Brazil is being seen abroad, what image and elements of the country are interesting to reinforce with marketing and what can be used so that Brazil has an increasingly positive image for foreigners.

Keywords: Country of origin effect. Destination image. Image of Brazil. Big events.

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SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ......................................................................................................... 10

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... 10

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... 10

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11

1.1 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ...................................................................... 17

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 17

2. REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 18

2.1 IMAGEM DE PAÍS ...................................................................................................... 18

2.2 EFEITO PAÍS DE ORIGEM......................................................................................... 22

2.3 FATORES MODERADORES DO EFEITO PAÍS DE ORIGEM ................................ 26

2.4 IMAGEM DE DESTINOS TURÍSTICOS .................................................................... 29

2.5 IMAGEM DE DESTINOS ENQUANTO SEDES DE MEGAEVENTOS .................. 36

2.6 IMAGEM DO BRASIL ENQUANTO SEDE DE MEGAEVENTOS ......................... 44

3. METODOLOGIA ............................................................................................................. 50

3.1 TIPO DE PESQUISA .................................................................................................... 50

3.2 APRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS E DO MODELO DA PESQUISA ................. 51

3.3 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA ........................................................... 54

3.4 PLANO AMOSTRAL ................................................................................................... 59

3.5 COLETA DE DADOS: MÉTODO E INSTRUMENTO .............................................. 61

3.5.1 Questionário .................................................................................................................................. 61

3.5.2 Forma de coleta de dados ......................................................................................................... 67

3.5.3 Plano de análise dos dados ....................................................................................................... 68

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO .................................................................................................................................. 70

4.1 PERFIL DA AMOSTRA .............................................................................................. 70

4.2 ANÁLISE FATORIAL NAS QUESTÕES SOBRE IMAGEM DO BRASIL ............. 70

4.2 COMPARAÇÃO DE MÉDIAS .................................................................................... 78

4.2.1 Comparação entre as dimensões............................................................................................. 79

4.2.2 Comparação por gênero ............................................................................................................ 82

4.2.3 Comparação por nível de experiência anterior com o Brasil ........................................ 84

5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 88

REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 93

APÊNDICE A – INSTITUIÇÕES FRANCESAS QUE FIZERAM PARTE DA AMOSTRA DA PESQUISA ................................................................................................. 98

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (PORTUGUÊS).............................. 99

APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (FRANCÊS) ................................. 103

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LISTA DE QUADROS Quadro 1- Relação entre os itens dos procedimentos metodológicos.......................... 58

Quadro 2 - Operacionalização da dimensão pontos turísticos da imagem do país ...... 63

Quadro 3 - Operacionalização da dimensão cultura da imagem do país ..................... 64

Quadro 4 - Operacionalização da dimensão segurança da imagem do país ................ 65

Quadro 5 - Operacionalização da dimensão situação politica da imagem do país ...... 65

Quadro 6 - Operacionalização da variável experiência anterior com o Brasil ............ 66

Quadro 7 - Resultado da verificação das hipóteses da pesquisa .................................. 89

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Fatores relacionados com o conhecimento ................................................. 27

Figura 2 - Modelo de formação da imagem de destino ............................................... 34

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Teste de Esfericidade de Bartlett e KMO para as questões de imagem do

Brasil ............................................................................................................................ 72

Tabela 2 - Variância total explicada pelos fatores ....................................................... 73

Tabela 3 - Matriz de componentes rotacionada ........................................................... 74

Tabela 4 - Análise descritiva de comparação de médias ............................................. 80

Tabela 5 - Resumo da função split files por gênero..................................................... 83

Tabela 6 - Resumo da função split files por nível de experiência anterior com o Brasil

...................................................................................................................................... 86

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1. INTRODUÇÃO

Eventos culturais de larga escala, podendo ser comerciais ou esportivos, são

chamados de megaeventos, e possuem como características um personagem teatral,

significância internacional e presença da grande população (ROCHE, 2000).

Segundo Fourie e Gallego (2011), esses eventos, como Copa do Mundo e Jogos

Olímpicos, não só atraem uma audiência global, como também estabelecem padrões

globais de turismo, apresentam novas destinações turísticas e criam legados

duradouros para as sedes.

De acordo com a autora Moura (2011), esses projetos instigam a competição entre

lugares, possuindo como importante elemento o city marketing e a atuação da mídia

sobre seus empreendimentos urbanísticos globais.

Como exemplo, na Copa do Mundo de 2010 a África do Sul gastou 5,8 bilhões de

dólares em infraestrutura, e de acordo com o ministro do turismo Marthinus van

Schalkwyk, o turismo arrecadou cerca de 519,6 milhões de dólares ao país

(GOVENDER, 2010). O evento também ajudou a melhorar a percepção mundial

sobre o país, quase 90% dos turistas disseram considerar visitar a África do Sul

novamente e 96% disseram que recomendariam o país aos amigos (GOVENDER,

2010).

Dada essa competitividade, estão sendo propostos programas governamentais e

grandes projetos como suporte aos megaeventos, visando adequar a infraestrutura das

cidades que os sediam `as exigências dos participantes, patrocinadores, organizadores

e público (MOURA, 2011).

Utilizando o Brasil como exemplo específico, teve-se como oportunidade a ser

aproveitada, os investimentos na infraestrutura viária urbana que foram feitos para os

grandes eventos, como se constatou no PAC da Mobilidade da Copa de 2014

(MOURA, 2011). Devendo-se possuir, para todo e qualquer evento, o pensamento de

que essa infraestrutura de transporte não deve ser somente construída e implementada

com foco na logística do evento, mas sim na melhoria da mobilidade urbana como um

todo.

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Outros pontos positivos de se sediar um grande evento são lucros econômicos,

imagem de destino positiva e participação da comunidade no evento (MOON et al.,

2011). Enquanto os custos e benefícios, tanto tangíveis quanto intangíveis,

permanecem em debate, tem-se dado foco ultimamente `aqueles aspectos dos

megaeventos que são quantificáveis, como comportamento do turista (FOURIE;

GALLEGO, 2011).

Na Copa do Mundo de 2010 a África do Sul recebeu 310 mil turistas estrangeiros, a

Alemanha em 2006 recebeu 2 milhões com o grande evento, em 2002 o Japão recebeu

400 mil turistas, em 1998 o megaevento levou `a França 500 mil turistas e em 1994,

400 mil aos Estados Unidos (LIMA, 2014).

De acordo com as estimativas dos autores Fourie e Gallego (2011), existem ganhos

significantes durante o ano em que um grande evento é hospedado. O que inclui

turistas específicos que visitam o país durante o evento, como também turistas não-

evento que mudam de comportamento e vão ao país em outra época do mesmo ano.

Baseando-se em pesquisas, geralmente, os megaeventos esportivos promovem o

turismo, mas o ganho de se sediar um evento varia de acordo com o tipo de grande

evento, os países participantes, e se o evento é sediado durante alta ou baixa

temporada (FOURIE; GALLEGO, 2011).

Em relação ao turismo, a imagem de destino pode ser influenciada por diversos

fatores, fatores tanto pré como pós evento, como experiência atual, boca-a-boca,

materiais promocionais, opções culturais locais e entretenimento, infraestrutura e

habilidade de sediar eventos, qualidade do serviço/evento. É também muito

importante desenvolver e implementar estratégias promocionais e de marketing para

melhorar a imagem de destino dentre mercados alvo (MOON et al., 2011). Dada a

importância da imagem de país, no sucesso do marketing no exterior reconhecida

pelos governos, alguns países, como Austrália e Chile, estão desenvolvendo esquemas

para promover a imagem de suas nações; na esperança de aumentar as exportações, o

investimento de estrangeiros e o número de turistas (MARKETING, 1999 apud

BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002). Como exemplo, a Grécia como sede

dos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas, esperava projetar a imagem de um país

moderno e eficiente (BBC WORLD NEWS, 2004 apud GIBSON; QI; ZHANG,

2008).

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A imagem de destino é assim, um aspecto importante da intenção comportamental

entre turistas atuais e potenciais. Michaelis, Woisetschläger, Backhaus e Ahlert

(2008) observam que possuir uma imagem de país positiva leva também a uma maior

confiança no país ao lidar com serviços de risco, como educação. Mas, embora a

percepção de valor dos clientes aumente através de serviços de boa qualidade, uma

imagem de destino negativa (como possuir poluição ou criminalidade) e a percepção

sobre a imagem da comunidade local podem afastar turistas potenciais.

Outro ponto destacado pela literatura atual de marketing e turismo é que uma imagem

de destino aprimorada influencia positivamente as intenções de compra dos visitantes

e o comportamento de consumo atual; como também influencia positivamente o

processo de decisão em relação à intenção de futuros visitantes. Sendo de grande

importância avaliar a imagem de destino após a realização de um evento internacional

(MOON et al., 2011). Dessa forma, a imagem do país de origem vem se tornando uma

fonte de vantagem competitiva, sendo relacionada, por exemplo, a produtos nacionais

e influenciando a compra. Esse conceito também é uma importante ferramenta

estratégica, como um componente emocional e intangível que pode afetar diferentes

decisões relacionadas a um país, como viagens, investimentos, aquisição de produtos,

entre outras (BLOEMER; BRIJS; KASPER, 2009).

Procurando quantificar o ganho e estabelecer previsões, o Ministério do Esporte do

Brasil encomendou um estudo para a Fundação Instituto de Administração para

analisar o impacto econômico da Olímpiada. O estudo mostra que os Jogos costumam

movimentar 55 setores da economia. E também, tem-se a previsão de que a Copa do

Mundo de 2014 junto com os Jogos Olímpicos de 2016 podem injetar de R$80

bilhões a R$130 bilhões na economia brasileira até 2027 (CONSELHO FEDERAL

DE EDUCAÇAO FISICA, REVISTA E.F. Nº 34, 2009).

Pensando no pós evento, para que o evento seja visto como de qualidade, o governo

local, organizadores, organização do esporte e residentes, devem se empenhar juntos,

para que seja desenvolvida uma imagem de destino positiva e para aumentar a

intenção de revisita dos turistas. É preciso desenvolver estratégias que melhorem os

fatores tangíveis e intangíveis, como funcionários treinados para desenvolver a

satisfação do consumidor e sua experiência total, por meio de conhecimento, atitudes

e comportamentos; e, proporcionar o melhor ambiente físico possível (facilidades,

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transporte, estacionamento, entre outros) (MOON et al., 2011). Como também, buscar

a colaboração com agências de turismo, para aumentar a eficácia e a eficiência na

operação de eventos internacionais (K.-S. MOON et al., 2013).

Os profissionais de marketing não podem então, tratar o país de origem somente

como marketing autossuficiente ou estratégia de comunicação de marketing, mas

também considerar seus efeitos, interações e interconectividade com outras

influências nas crenças dos consumidores e intenções de compra (BHASKARAN;

SUKUMARAN, 2006).

Para tanto, a imagem e dimensões de atitude de um local, considerado uma destinação

de viagem, são elementos críticos no processo de escolha do destino, independente de

serem as verdadeiras representações do que o lugar tem a oferecer; visto que viajantes

geralmente possuem conhecimentos limitados sobre os atributos de um destino que

não tenham visitado anteriormente (UM; CROMPTON, 1990). Segundo os mesmos

autores, viajantes potenciais provavelmente interpretam um complexo conjunto de

percepções dos atributos de destinação simplificando-os em facilitadores e inibidores,

ao formularem sua decisão de destino.

Dessa forma, grandes eventos é um assunto muito abrangente, com discussões sobre

seus prós e contras, e com alguns estudos (FOURIE; GALLEGO, 2001, PILLAY;

BASS, 2008, BRESLER, 2011) sobre suas consequências. Existem estudos (UM;

CROMPTON, 1990, MOON et al., 2011, MOON et al., 2013, PLESSIS;

MAENNING, 2011) fora do Brasil que mostram que megaeventos podem

movimentar a economia com turismo, melhorar as infraestruturas e mudar a imagem

mundial do país, como também sobre as intenções de ir a um país que sedia um

evento de acordo com a imagem do destino. No Brasil, existem estudos (MOURA,

2001, MENDES DA FONSECA, 2011) mais para analisar as consequências dos

projetos de grandes eventos, que bens o país ganha sendo sede e de como o país pode

implementar esses ganhos.

Uma exposição de alguns dos estudos sobre o tema é a revisão da literatura de Durand

(2016), em que ela revisa a literatura sobre efeito país de origem, olhando para a rede

nomológica do conceito, ou seja, estabelecendo ligações entre o fenômeno, seus

antecedentes, e os seus resultados; em que dos 355 trabalhos revisados, 194 são

focados nos resultados do efeito país de origem. São majoritariamente estudados os

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comportamentos do consumidor, mas também existem alguns estudos sobre

comportamento organizacional. Dentro do impacto dos efeitos do país de origem no

comportamento do consumidor são estudados tópicos como vontade de pagar,

intenção de compra, preferências de sinalização e avaliações, nos níveis de

publicidades, marcas, produtos e serviços. Na categoria de sucesso global, o efeito

país de origem é em grande parte estudado pela literatura através de indicadores de

organizações e países, como preferências por certas origens ou por produção local e

previsões de demanda nacionais.

Assim, apesar de existirem estudos, ainda existe uma lacuna para estudar a imagem

do país enquanto sede de um megaevento. Podendo o país se beneficiar menos ou

mais sendo a sede de um evento e ser mais ou menos atrativo devido a sua imagem,

gerando por exemplo, o aumento do turismo.

Como também, o Brasil integra o ranking dos 10 países que mais realizam eventos

internacionais, de acordo com a Associação Nacional de Congressos e Convenções;

sendo o único país latino americano a fazer parte e tendo realizado 291 eventos em

2014 (MINISTERIO DO TURISMO, 2015). Surge assim, oportunidade para esse

estudo, para que o governo brasileiro possa se nortear em como promover o país e em

como torná-lo cada vez mais bem visto e atrativo, tanto por pessoas como por

organizadores de eventos, por meio da identificação da imagem que o país passa aos

estrangeiros. Bem como para que organizadores brasileiros de próximos eventos

possam ter uma noção de que tipos de elementos combinam com a imagem do Brasil

e o que podem melhor fazer para que seja um evento visto como de qualidade.

Outra motivação para o estudo foi a realização de um intercâmbio de um semestre em

Marseille, França, que me proporcionando o contato com pessoas de diversas

nacionalidades, percebi que as imagens que elas possuem do Brasil são muito

divergentes e muitas vezes bem fora da realidade. Assim, a pesquisa poderá deixar

mais clara a imagem que as pessoas de fora tem sobre o Brasil para sediar um grande

evento e dar a oportunidade para o país se apoiar e forçar a divulgação de uma

imagem positiva.

Além disso, o Brasil tinha os olhos de todas as partes do mundo para si e estava em

alta na mídia, por estar sendo sede das Olimpíadas de 2016, consistindo em uma

grande motivação para a realização desse estudo. Incentivando assim, um dos

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objetivos do trabalho, que é verificar, dentre pontos turísticos, cultura, segurança e

situação politica, que são as dimensões estudadas aqui, qual a dimensão da imagem

do país mais apreciada pelos turistas que possivelmente venham ao Brasil, e a que

mais influencia para que essa imagem seja positiva.

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1.1 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Qual é a imagem que os franceses tem do Brasil como um país sede de um grande

evento?

1.2 OBJETIVOS

Objetivo geral: Identificar a imagem que os franceses possuem do Brasil enquanto um

país sede de um grande evento

Objetivos específicos:

- Identificar quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede

de grandes eventos;

- Verificar qual a dimensão componente da imagem do Brasil melhor apreciada na

avaliação da imagem do país como sede de grandes eventos

- Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Na revisão da literatura serão apresentados conceitos que servirão de apoio para

melhor entender que fatores influenciam a imagem que é formada de um país pelas

pessoas. Como também, situar esses conceitos no contexto de megaeventos e nas

experiências do Brasil.

Começaremos então, do mais abrangente para o mais especifico. Pontuando

primeiramente as definições e aplicações dos conceitos de imagem de país e efeito

país de origem, junto com os fatores moderadores do efeito país de origem que podem

afetar as avaliações de países.

Depois analisaremos o conceito de imagem de destinos turísticos, focando mais os

conceitos anteriores no ponto de imagem de lugares ou países determinados como

destinos turísticos. Posteriormente, estudaremos imagem de destinos enquanto sedes

de megaeventos, afunilando ainda mais ao tema da pesquisa e utilizando

majoritariamente os eventos esportivos como objeto do estudo. Devido aos estudos

envolvendo megaeventos serem quase que exclusivamente com eventos esportivos.

Por último, será apresentado um estudo da imagem do Brasil enquanto sede de

megaeventos, utilizando os estudos existentes sobre os megaeventos realizados no

país. Sendo novamente o foco voltado a eventos esportivos.

2.1 IMAGEM DE PAÍS

No mercado globalizado de hoje, uma imagem de país de origem favorável tem um

impacto considerável na avaliação dos consumidores sobre os produtos originários de

países diferentes e nas decisões subsequentes de compras desses consumidores. Em

termos conceituais, as pesquisas sobre país de origem transferiram-se gradualmente

de avaliações das diferenças de preferências dos consumidores por produtos dado o

conhecimento de seu país de origem para estudos mais complexos da imagem dos

países em questão (ROTH; DIAMANTOPOULOS, 2009).

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Desde meados dos anos 60, um grande número de pesquisas envolvendo país de

origem tem sido conduzidas, analisando aspectos como imagem de país e estereótipos

na influência do comportamento de compra do consumidor (SCHOOLER, 1965,

NAGASHIMA, 1970, BILKEY; NES, 1982).

Nagashima (1970,1977) foi o primeiro a definir explicitamente o construto de

imagem de país. Ele identificou cinco dimensões relacionadas ao conceito: preço e

valor, serviço e engenharia, publicidade e reputação, estilo e design, e perfil do

consumidor (BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002).

O primeiro teste empírico sobre o conceito foi conduzido por Schooler (1965). Ele

encontrou diferenças significantes na avaliação de produtos que eram idênticos em

todos os aspectos, com exceção ao nome do país especificado no rotulo de “made in”.

Depois dele, muitos outros estudos foram conduzidos com propósitos de avaliar a

ocorrência, magnitude e significância do efeito país de origem para diferentes

produtos (VERLEGH; STEENKAMP, 1999, ROTH; DIAMANTOPOULOS, 2009).

O país de origem se tornou então um atributo de imagem, baseado em emoções,

identidade, orgulho e memórias autobiográficas, como também, uma pista cognitiva

da qualidade de um produto. Se tornando um fator significativo das preferências dos

consumidores e importante para o valor da marca (VERLEGH; STEENKAMP,

1999).

Os autores Roth e Diamantopoulos (2009), apresentam três categorias de definições

sobre imagem de país de origem, de acordo com seu objeto de imagem focal. (1)

Definições da imagem global de países (country image), que define imagem de país

por um constructo genérico de imagens criado não só por produtos representativos,

mas pela maturidade política e nível da economia, relações e eventos históricos,

tradições e cultura, tecnologia e industrialização. (2) Definições da imagem de países

e seus produtos (product-country images), que foca na imagem de países na sua

função de origem de produtos, que implica que imagem de país e imagem de produto

são dois conceitos distintos mas relacionados; e que imagem de país influencia a

imagem de produtos desse país, afetando também investimentos, visitas e laços dos

países. Podendo essa definição ser extremamente relacionada com o efeito país de

origem, visto que ela muito se assemelha `a própria definição do conceito de efeito

país de origem, em que a imagem que as pessoas possuem de um país exerce

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influência na imagem que elas formam dos produtos de origem desse país, sendo o

país e por consequência seus produtos avaliados com a mesma linha de pensamento.

(3) Definições de imagens de produtos de um país (product image), que foca

exclusivamente na imagem de produtos do país, remontando Nagashima (1970,1977)

e sendo imagem de produto o que é capturado pelo domínio de definição do construto

ao invés de imagem de país.

Os consumidores tendem a alocar produtos em categorias baseadas em conhecimentos

anteriores, aplicando certos esquemas formados por suas interações passadas com

outros produtos, chamados de estereótipos; que normalmente não são baseados em

fatos confiáveis e são usados pelos consumidores geralmente quando possuem pouca

informação sobre o produto que esta sendo avaliado (STOENESCU, 2014). Dessa

forma, os estereótipos podem refletir a realidade de acordo com as representações

mentais ou não refletir a realidade, sendo formado por associações ilusórias ou

processos de inferências incorretos (BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 1999).

Se a imagem de países, por exemplo, reflete uma representação mental da realidade,

ela opera como um esquema, uma representação abstrata do conhecimento, que

facilitaria o processamento de informações sobre um país e seus produtos

(BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002).

Na mesma linha, segundo Kotler e Gertner (2002), a imagem de país é efeito de uma

ação da mente, que processa e escolhe informações essenciais sobre um lugar

específico, junto com as impressões e crenças das pessoas em relação ao local. Sendo

o resultado de alguns elementos do país, como sua geografia, história, música, arte,

proclamações, cidadãos famosos, entre outras características nacionais. Assim, “ O

conceito da imagem do país de origem compreende a análise dos estereótipos,

crenças, percepções, impressões ou associações feitas pelos consumidores ”

(SUTTER; POLO; MACLENNAN, 2014).

Para Wang et al. (2012), a imagem de país também é a representação mental de um

país e seu povo, incluindo crenças cognitivas e avaliações sobre os estágios de

desenvolvimento econômico e tecnológico, e sobre sistemas social e político do país.

De acordo com Verlegh, Althuijzen e Vroegh (1999), a paisagem, a cultura e a

economia de um país podem se tornar crenças para a formação de seu estereótipo.

Como “a Espanha é ensolarada”, “a Inglaterra é tradicional” e “os japoneses são

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eficientes”. Exemplificando também, Chee, Butt, Wilkins e Ong (2016), dizem que

vinho francês, educação britânica e produtos eletrônicos japoneses são comumente

percebidos positivamente por consumidores e preferíveis em relação a outras

alternativas de outros países.

Os consumidores, portanto, dependem de vários elementos ao avaliarem um produto,

mas país de origem é uma variável poderosa em termos de imagem de produto e

percepção. Pesquisas mostram que uma imagem de país positiva pode compensar em

termos de percepção uma marca fraca, sugerindo que uma opinião pré-determinada

pode substituir uma qualidade procurada na compra de um produto. A imagem de país

de um produto familiar pode ter papel central na avaliação de novos produtos que

tenham o mesmo país de origem (STOENESCU, 2014).

Utilizando-se o conceito, segundo Giraldi e Ikeda (2009), a imagem do país exerce

influência sobre as avaliações dos consumidores em relação aos produtos advindos de

um país estrangeiro, o que se denomina “efeito país de origem”.

De acordo, Verlegh e Steenkamp (1999) dizem que a imagem de país de origem não

pode ser somente atribuída ao sinal de qualidade de produto. Países também possuem

conotações emocionais e afetivas, que podem ser formadas em experiências diretas de

férias ou encontros com os residentes do país, bem como experiências indiretas com o

país e seus cidadãos, através de arte, educação ou mídia de massa, por exemplo.

Dessa forma, país de origem é o campo de estudo, é a informação da qual os

julgamentos se originam. Sendo a imagem, a ferramenta mais usada na avaliação do

campo país de origem e para analisar se o efeito país de origem existe.

Relaciona-se assim, os conceitos de imagem de país e efeito país de origem. Alguns

autores consideram imagem de país e efeito país de origem como sinônimos,

ocorrendo confusões em suas definições, em separar os dois conceitos e muitas vezes

gerando definições iguais para os dois. Será apresentado agora, um enfoque maior em

efeito país de origem, algumas definições e utilizações encontradas para o conceito

em si, mas nunca se desvinculando da imagem de país abordada anteriormente.

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2.2 EFEITO PAÍS DE ORIGEM

O conceito de efeito país de origem se tornou um dos maiores campos de estudo nas

literaturas de marketing internacional e comportamento do consumidor, desde que

Ernest Dichter (1962) referiu-se à significância da informação país de origem para

aceitação e sucesso de produtos (BLOEMER; BRIJS; KASPER, 2009).

De acordo com Durand (2016), o efeito país de origem tem recebido atenção

crescente nos últimos 30 anos, com momentos críticos em 1993 e em 2006; alguns

fatores podem exemplificar a maior atenção dos pesquisadores sobre o assunto, como

a liberalização do comércio e acordos regionais de comércio, como o NAFTA em

1994, e a adição de novos membros a União Europeia em 2004 e em 2007. A autora

cita como exemplificação da maior importância dada ao tema, o número de

publicações, sendo de 21 entre 1980 e 1992 e de 185 entre 2006 e 2012.

O grande número de estudos sobre país de origem, os numerosos trade-mark

geográficos e os requisitos de rotulagem de país de origem são indícios da

importância do país de origem, tanto para acadêmicos quanto para praticantes. A

importância do conceito país de origem e seus efeitos nas percepções dos

consumidores são documentados em vários estudos e revisões meta-analíticas, como

Bilkey e Nes, (1982), Ozsomer e Cavusgil, (1991), Peterson e Jolibert, (1995),

Verlegh e Steenkamp, (1999), Balabanis, Mueller e Melewar, (2002).

No geral, o termo efeito país de origem se refere a um específico fenômeno do

marketing, em que consumidores consciente ou subconscientemente incorporam o

estímulo país de origem como um critério avaliativo de sua formação de atitude em

relação a um produto (BLOEMER; BRIJIS; KASPER, 2009). Exemplificando o

conceito, algumas classes de produtos são associadas a países em particular, como

perfumes franceses, o que gera nos consumidores, consciente ou inconscientemente, o

uso dos sinais de país de origem para fazerem julgamentos sobre a qualidade do

produto. Mas também, produtos diferentes de um mesmo país podem gerar crenças

diferentes no consumidor, como eletrônicos e comidas japoneses (BHASKARAN;

SUKUMARAN, 2006).

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Segundo Durand (2016), o fenômeno do efeito país de origem ocorre através do

reconhecimento, acurado ou não, do país de origem, ou seja, a atitude positiva ou

negativa de indivíduos, organizações ou governos em relação a países de onde vem

ofertas de valor, como marcas, produtos, tecnologias e serviços.

Ainda segundo a autora, existe uma influência mútua entre a visualização de

informação e a imagem, e de acordo com a literatura existente, a visualização de

informação, como em rótulos de produtos, contribui para a formação da imagem de

país e da imagem de produto de país. A informação fornecida sobre o país de origem,

por sua vez, pode ser adaptada de acordo com o tipo de atual ou desejada imagem de

país. Assim sendo, o efeito país de origem depende de dois fatores centrais: imagem e

reconhecimento.

A imagem que os consumidores possuem de um país influencia os efeitos que

resultam da informação sobre o país de origem de produtos e serviços (GIRALDI;

IKEDA, 2009). De acordo com Lazzari, Milan e Slongo (2014), o efeito país de

origem seria um quadro geral, apresentação ou estereótipo, desenvolvido a partir de

elementos como características nacionais ou contextos econômico, cultural, social,

histórico ou politico, que os compradores atribuem aos produtos de um país. Sendo a

percepção que os consumidores possuem do país de origem de um produto, um fator

simplificador na construção da imagem desse produto.

Seguindo a mesma linha, Giraldi (2013) apresenta que, o conceito de efeito país de

origem está baseado na ideia de que os indivíduos possuem percepções estereotipadas

sobre pessoas, assim como de países. Tendo a imagem de país uma influência em

como as pessoas julgam a qualidade dos produtos e na atitude do consumidor em

relação aos mesmos, como também em relação ao país em si. Definindo-se efeito país

de origem como a influência da informação sobre o país de origem nas atitudes e no

comportamento em relação a um produto, a um país ou a uma marca.

Quanto `a utilização da informação sobre o país de origem de um produto, os

consumidores podem utilizá-la como um indicador de qualidade ou como um atributo

de possíveis benefícios, de acordo com as características ou a situação do consumidor

(BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002). De acordo com a pesquisa de

Verlegh e Steenkamp (1999), país de origem tem um maior efeito na qualidade

percebida do que na atitude em relação a um produto ou intenção de compra, sendo a

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diferença no desenvolvimento econômico um fator importante no efeito país de

origem.

Porém, muitos estudos mostram que país de origem não é somente uma interpretação

cognitiva, e o impacto do conceito não pode ser explicado somente por um processo

de sinalização de qualidade, envolvendo também significados simbólicos e

emocionais, e sendo relacionado à identidade, orgulho e memórias autobiográficas.

Associando também um produto a status, autenticidade e exotismo (VERLEGH;

STEENKAMP, 1999). Considerando que o construto imagem de país é composto por

três dimensões relacionadas; o componente cognitivo, que são as crenças em relação

ao país; o componente afetivo, que são as emoções e ligações que o indivíduo tem

com o país; e o componente conativo, que são as intenções comportamentais da

pessoa para com o país (MOON ET AL., 2013).

De acordo com Bilkey e Nes (1982), a descoberta de que a avaliação de produtos

relaciona-se com inúmeras características do país de origem enfatiza o papel das

impressões gerais sobre os países no efeito país de origem. Por exemplo, os

consumidores reconhecem que produtos de alta qualidade exigem uma equipe de

trabalho com conhecimento e bem treinada, chegando a conclusão de que esses

produtos são melhores quando produzidos em países desenvolvidos. Mas, a melhora

da imagem da qualidade de produtos japoneses, por exemplo, mostra que essas

crenças podem mudar com o tempo e também dependem de experiências diretas em

relação à qualidade dos produtos de um país (VERLEGH; STEENKAMP, 1999).

Uma observação feita por Verlegh e Steenkamp (1999), é a de que o efeito país de

origem é significantemente maior quando produtos de países mais desenvolvidos são

comparados com produtos de países menos desenvolvidos. De acordo com Chee,

Butt, Wilkins e Ong (2016), é possível que universidades de países mais

desenvolvidos, por exemplo, sejam menos suscetíveis a um negativo ou menos

favorável efeito de país prestador de serviço, em comparação com universidades de

países em desenvolvimento.

Assim, de acordo com Bloemer, Brijis e Kasper (2009), além dos efeitos cognitivos,

existem também os efeitos conativos de país de origem, que se manifestam em uma

situação em que a intenção comportamental do consumidor em relação a um produto

é guiada por reflexos morais, gerados pelo indício de país de origem.

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Por isso, entre os efeitos do país de origem que podem se manifestar nas pessoas, se

encontram diferentes intenções comportamentais, denominadas conações. Em que os

indivíduos, de acordo com a imagem que tem de um determinado país, possuem

intenção favorável ou desfavorável em relação a ele, exercendo influência e

determinando, além da compra de produtos desse país, como também a intenção de

visitá-lo, de conhecê-lo melhor ou de investir nele. Assim, estando o conceito de

efeito país de origem vinculado ainda com o turismo, intenções de visitar países,

serviços prestados pelos países, megaeventos internacionais sediados nos países, e as

expectativas e as impressões que as pessoas antecedem por tudo que os países

oferecem.

Concluindo a análise de imagem de país e de efeito país de origem, de acordo com

Bhaskaran e Sukumaran (2006), mesmo que o país de origem não seja relevante para

avaliar objetivamente a oferta, crenças como economia do país e maturidade política,

eventos históricos e relacionamentos, tradições, nível de industrialização, e grau de

tecnologia, podem gerar respostas perceptuais, atitudinais e comportamentais por

parte dos consumidores. Como também, as características demográficas, experiências

anteriores e opiniões dos consumidores. Levando ao estudo do próximo tópico, que

engloba elementos que afetam a avaliação dos consumidores em relação a produtos e

serviços, os fatores moderadores do efeito país de origem.

Deixando também um link para o tópico subsequente, imagem de destinos, os autores

Elliot et al. (2011), afirmam que a imagem de país também é importante para o

marketing de lugares, apontando o crescimento no interesse de atividades de

marketing para países na última década, por governantes e praticantes de negócios

internacionais.

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2.3 FATORES MODERADORES DO EFEITO PAÍS DE ORIGEM

Os fatores moderadores do efeito país de origem são características das pessoas, que

influenciam na avaliação de uma oferta por parte do consumidor. Eles determinam se

os elementos país de origem e efeito país de origem tem maior ou menor relevância

nas decisões do consumidor, dependendo também do tipo do produto, mais ou menos

complexo, ou da situação de compra, para si próprio ou presente, por exemplo. Como

também, na avaliação de um destino de viagem, na intenção de visitar ou não um país.

De acordo com Durand (2016), existem muitos moderadores que intervêm na relação

de efeito país de origem, que podem ser agrupados com o rótulo de fatores

relacionados com o conhecimento (figura 1). Os moderadores intervêm diretamente

na formação de atitude em relação ao país de origem ou indiretamente através de

reconhecimento de origem e formação de imagem. Sendo exemplos de moderadores:

processos cognitivos, características demográficas e o nível de conhecimento das

ofertas, experiência internacional em geral e com o país de origem específico,

familiaridade e envolvimento com o produto.

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Figura 1 - Fatores relacionados com o conhecimento

Fonte: Durand, 2016

Balabanis, Mueller e Melewar (2002) defendem que os determinantes da imagem de

país são baseados nas características do país avaliado e nas diferenças demográficas

dos observadores. Os autores pontuam alguns antecedentes da imagem de país de

origem: (1) variáveis de base, que são relações históricas e atuais entre o país de

origem e o observador; (2) contato direto e fluência na língua, o que aumenta a

objetividade e realidade da percepção sobre o país; (3) demografia, como gênero,

idade, renda e educação; (4) cultura e valores humanos.

Moderadores

relacionados ao

conhecimento

Exibição de

informações

Imagem

Múltiplas

origens

País de Origem Contexto do país

Reconhecimento

Efeito País de

Origem

Sucesso

Comportamento

do consumidor e

organizacional

Antecedentes e

Moderadores Fenômeno Resultados

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Também o contexto PEST (político, econômico, sociocultural e tecnológico) de um

país, tem papel central como influência de antecedentes e moderadores, influenciando

dois antecedentes fortes: a imagem de país e a exibição de informações do país, como

também associações entre um país e suas ofertas (DURAND, 2016). O sucesso da

mudança dos fatores PEST de um país com o passar do tempo afeta a atratividade, a

abertura a investimentos estrangeiros, o número de turistas, o aumento das receitas

das empresas e os impostos recolhidos, e a convergência para os padrões globais do

país; como também provocam alterações na imagem do país e em variáveis

antecedentes (DURAND, 2016).

Outros fatores pelos quais o efeito país de origem é afetado, é o pensamento de que

comprar produtos de um país alimenta sua economia, e que comprar produtos de

países que estão envolvidos em atividades repreensíveis pode ser visto como uma

atividade imoral. Como consumidores australianos que boicotam produtos franceses

por causa de testes nucleares que a França realiza no Pacífico (VERLEGH;

STEENKAMP, 1999).

Mais um fator moderador, de acordo com Bhaskaran e Sukumaran (2006), é cultura

nacional, que influencia as crenças a respeito do país de origem, destacando a

diferença de julgamento entre culturas coletivistas e culturas individualistas, podendo

também ocorrer variações entre países classificados dentro da mesma tipologia

cultural.

Também como fator moderador, o etnocentrismo do consumidor, pode ser afetado por

dois elementos e explicar a preferência por produtos estrangeiros, (1) a

competitividade econômica, que envolve padrões de tecnologia, singularidade de

produtos, habilidades gerenciais e recursos humanos, como nível de qualidade do

ambiente do país, e (2) a similaridade cultural, que facilita o processo de identificação

com produtos baseado em características comuns. Levando em consideração que os

consumidores podem se manifestar de formas diferentes em relação a produtos

distintos vindos do mesmo país (STOENESCU, 2014).

Assim, na revisão de Durand (2016), os antecedentes e moderadores do efeito país de

origem foram alocados em quatro grupos. (1) Contexto do país, que exerce papel

fundamental na formação da imagem do país e nas associações de produtos com país,

podendo ser contexto econômico, ambiente institucional e tecnológico, aspectos

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culturais e níveis de etnocentrismo, e animosidade em relação a outras culturas,

valores, crenças e atitudes. (2) Exibição de informações, sobre as ofertas do país de

origem e regulamentos relacionados, como denominações de problemas de origem e

rotulagem, marcações e regras de origem. (3) Imagem, a formação e difusão de uma

imagem ou impressão de um país específico, sendo tratado como origem de bens ou

destino turístico. (4) Fatores relacionados com o conhecimento, que são fatores

centrais para explicar a existência e força dos efeitos país de origem, são eles idade

dos participantes, ocupação, classe social, educação, multiculturalismo, e experiência

internacional.

Dessa forma, já estudados os conceitos de imagem de país e efeito país de origem, e

também os fatores moderadores do efeito país de origem que influenciam os

consumidores, passaremos a analisar conceitos mais específicos para a abordagem do

trabalho. Será então, abordado a seguir o conceito de imagem de destinos turísticos,

enfocando mais na avaliação de um lugar ou país visto como um local para viagens

turísticas.

2.4 IMAGEM DE DESTINOS TURÍSTICOS

Na indústria do turismo, que é uma indústria muito guiada pela imagem, vários

artigos foram escritos estabelecendo a importância de imagem, como algo que pode

prever comportamentos de viagem; transformando a imagem de destino turístico em

um conceito foco de pesquisa e resultando em mais de 200 artigos publicados

(ELLIOT et al., 2011). Muitos dos artigos já publicados sobre o tema discorrem sobre

a influência da imagem na escolha de viagem, a mensuração de imagem e sua

formação, e os efeitos benéficos de uma imagem de lugar positiva (ELLIOT et al.,

2011). Como também, sobre a influência do comportamento em aspectos variados,

como preferência de destino e intenção de visita, escolha atual, satisfação, repetir

visitas e probabilidade de recomendar (ELLIOT et al., 2011). Podendo-se ressaltar

aqui, que esses tópicos que estão sendo discutidos dizem respeito ao efeito país de

origem; discute-se efeito a partir de imagem, o efeito que uma imagem de destino

exerce sobre atitudes das pessoas em relação ao local, mostrando mais uma vez a forte

relação entre os conceitos de imagem e efeito país de origem.

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No contexto do turismo, o construto de produto é definido como a experiência da

destinação em si, investigando-se atributos do contexto como atrações culturais, vida

noturna, entretenimento e compras (NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008).

O turismo, por sua vez, é um modo para as pessoas se exporem `a outros países e

contribuir para a imagem que elas formam deles (NADEAU; HESLOP; O’REILLY;

LUK, 2008). Imagem é o conjunto de expressões mentais complexas e sentimentos

gerais que um turista potencial possui sobre um produto, lugar ou destinação turística

(MATOS; MENDES; VALLE, 2012). E imagem de destinos turísticos refere-se

geralmente `a percepções, tais como imagens, sobre uma destinação (NADEAU;

HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008).

O conceito de imagem de destinos turísticos é definido por diversos autores, como: as

impressões das pessoas sobre países em que elas não residem; a soma de atributos

relacionados com a experiência de turismo; a percepção do indivíduo sobre as

características do destino; os efeitos de crenças, ideias e impressões que uma pessoa

possui sobre uma destinação (ELLIOT et al., 2011, TASCI; KOZAK, 2006).

Assim, sendo imagens, modelos hierárquicos esquematizados na mente dos

indivíduos, pode-se dizer que a imagem global de um país influencia a imagem desse

como destinação (ELLIOT et al., 2011). Segundo Nadeau, Heslop, O’Reilly e Luk

(2008), imagem de destino turístico e imagem de país aparentemente possuem uma

relação. A imagem então, pode ser influenciada por fatores como informações

promocionais das destinações e fontes informacionais externas, como os meios de

comunicação (TASCI; KOZAK, 2006). E a imagem de lugar, por sua vez, tem

influência sobre a escolha de destino de viagem (ELLIOT et al., 2011).

A imagem das destinações promovida ao mercado é então, um elemento chave no

processo de decisão dos turistas quando na escolha de um destino turístico, em um

setor altamente complexo e dinâmico como o de turismo (MATOS; MENDES;

VALLE, 2012). Também pode ter influência sobre a fidelidade sentida pelos turistas

para um destino, o nome de uma marca, a destinação em si ou facilidades de serviço

(TASCI; KOZAK, 2006).

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Com isso, o interesse em marketing de países e lugares cresceu na última década entre

pesquisadores, formuladores de políticas públicas e praticantes de negócios

internacionais (ELLIOT et al., 2011).

Outro ponto destacado por diversos autores (O’LEARY; DEEGAN, 2003, JANG;

FENG, 2007, BORNHORST et al., 2010, BLOEMER; BRIJS; KASPER, 2009,

MOURA, 2011), é o de existir um grande nível de competição pela atenção dos

turistas, devido aos destinos turísticos estarem cada vez mais substituíveis. As causas

disso são: o crescimento do número de destinações disponíveis no mundo, em

consequência do desenvolvimento de cada vez mais áreas do mundo, um aumento na

renda dos turistas e no tempo de lazer, e avanços tecnológicos nas redes de transporte

(MATOS; MENDES; VALLE, 2012). Sendo essa briga por um espaço na mente do

consumidor um ponto crítico, pois influencia o comportamento, atitude e pré-

disposições (AHMED et al., 2006).

Na mesma linha, Woodside e Lysonski (1989) dizem que existe uma competição por

parte das destinações por um lugar no conjunto de consideração, que é de onde

geralmente os turistas escolhem seus próximos destinos. Os autores dizem que os

turistas categorizam mentalmente os destinos e propõem quatro grupos de

categorização: (1) consideração, que engloba todas as destinações das quais o turista

tem conhecimento e tem a probabilidade de visitar; (2) inerte, que são todas as

destinações das quais o turista tem conhecimento, mas que não pretende visitá-las no

curto prazo; (3) inepto, que inclui todas as destinações que o turista tem

conhecimento, mas que não pretende visitá-las em um período de tempo específico; e

(4) conjunto de desconhecimento, que são os destinos dos quais o turista não tem

conhecimento.

Por isso, alguns pesquisadores defendem a criação de uma marca de destino para

apoiar a imagem de destinos turísticos, com os argumentos de que os custos de

marketing podem diminuir; pela facilitação da identificação por turistas, por

promover a facilidade de manter qualidade e padrões, por melhorar a posição e

competitividade estratégica de marketing, por atrair turistas, negócios e

investimentos, e por desenvolver a identidade de imagem de destino (TASCI;

KOZAK, 2006).

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Outro aspecto é o surgimento de alguns pontos indicando a possíveis oportunidades

de convergência dos conceitos imagem de produto país e imagem de destino turístico;

existindo na literatura geral de marca de lugar, para a promoção de grandes eventos e

no turismo como uma variável de controle na pesquisa de imagem de produto país.

Sendo que, na perspectiva de imagem de destino turístico, pesquisas de marca de

lugar investigam a influência da mídia e esforços de passar imagem de esporte (sport-

imaging efforts) na imagem da destinação (NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK,

2008). Podendo relacionar essa convergência com uma das definições de Roth e

Diamantopoulos (2009) citada anteriormente, product-country images, que implica

que imagem de país e imagem de produto são dois conceitos distintos mas

relacionados, e que imagem de país influencia a imagem de produtos desse país,

afetando também investimentos, visitas e laços dos países.

Um outro ponto é proposto por Nadeau, Heslop, O’Reilly e Luk (2008). Em

semelhança as camadas de um produto (benefício central, produto real, e os aspectos

aumentados), os autores propõem para o contexto de imagem de destino turístico, a

organização dos atributos em uma estrutura aninhada. Na parte mais periférica, a

localização seria determinada na estrutura, pela extensão da intervenção humana,

incluindo ambiente natural, animais selvagens, florestas, praias, montanhas, lagos e

rios, e sendo classificada como nível do país. O meio da estrutura representaria uma

área geográfica mais focada na intervenção humana, como cidades e vilas do país, e

suas atrações, como museus, estádios e galerias. E por fim, o centro da estrutura

representaria os ambientes construídos e controlados, que proporcionam aos turistas

experiências premeditadas e consistentes, como resorts.

Em relação aos componentes envolvidos na representação da imagem de destinos

turísticos, os autores Nadeau, Heslop, O’Reilly e Luk (2008), apresentam a existência

de três tipos. (1) Aspectos cognitivos, que incluem crenças sobre aspectos da

paisagem ou elementos da destinação. (2) Aspectos avaliativos, que são

representativos das apreciações do destino. E (3) aspectos conativos, que representam

a decisão, de visitar o país ou de recomendar `a outras pessoas. Os autores também

apresentam os atributos que geralmente são estudados em pesquisas de imagem de

destino turístico, que foram identificados na revisão com diversos autores de Gallarza

et al. (2002). São eles pertencentes às crenças sobre o ambiente natural, atrações

naturais, cenário, clima, crenças sobre o ambiente construído, cultura, sociedade

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moderna, afabilidade, avaliações da destinação como excitante, emocionante e

relaxante, satisfação da qualidade do serviço e avaliação global.

Outra implicação da pesquisa dos autores Nadeau, Heslop, O’Reilly e Luk (2008), é a

vulnerabilidade das destinações `a alguns riscos, como agitação política ou

infraestrutura. Podendo a instabilidade política afetar negativamente as avaliações

sobre a destinação, de acordo com as crenças em relação ao país e `as pessoas; e dado

que o ambiente construído é um importante contribuinte da imagem, mesmo quando

as percepções são dominadas pela natureza ou aventuras ao ar livre.

Assim, as campanhas orientadas para o turismo geralmente focam em características

do país como natureza intocada ou singularidade cultural (ELLIOT et al., 2011). E

geralmente, as pessoas decidem visitar lugares com a intenção de ver atrações

específicas, tal qual o interior australiano; porém, quando chegam ao destino, o

ambiente construído das cidades tende mais a ser a destinação, e se torna mais

importante, levando a uma combinação de crenças (NADEAU; HESLOP;

O’REILLY; LUK, 2008).

Dados as influências e os atributos que influenciam a imagem de destinos turísticos,

os autores Matos, Mendes e Valle (2012) propõem um modelo, baseado em revisão da

literatura e na constatação de que a imagem de destino é diferente em diferentes

pontos temporais (figura 2). O modelo mostra a formação da imagem de destino

resultante de um processo mental contínuo, no qual duas grandes forças agem, as

forças controláveis e as incontroláveis. As forças controláveis são as baseadas em

ações preparadas por agentes de marketing e partes interessadas para estimular os

turistas a visitarem o destino, e as incontroláveis são aquelas que decorrem das

características sociais e psicológicas do turista. Resultando assim, em uma imagem

global de destino que habilita o turista a selecionar opções potenciais de férias, e

subsequentemente basear seu processo de decisão em uma imagem formada a priori

(priori image).

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Fonte: MATOS; MENDES; VALLE, 2012

Figura 2 - Modelo de formação da imagem de destino

Estimulo externo

- Atividades

promocionais

- Rotas de acesso

- Infraestrutura

do turismo

Imagem

induzida

Fatores pessoais

- Motivação

- Experiência

passada de viagem

Estimulo externo

- Residentes

- Distância de tempo

e espaço

- Prestadores de

serviço

Imagem

orgânica

Cognitivo

Afetivo

Conativo

Imagem Global

Imagem de Destinação

Expectativas

Pré-seleção

de um

conjunto de

destinos

Processo de

seleção da

destinação

Experiência

na

destinação

Satisfação

Positiva Negativa

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Portanto, a imagem de destino tem um papel importante no comportamento de turistas

durante momentos diferentes que envolvem sua experiência, influenciando as

impressões esperadas e geradas antes da viagem ao destino (a priori image), durante a

experiência no destino (image in loco) e depois de voltar para casa (a posteriori

image). Quando, depois do retorno da viagem, a experiência é avaliada pelo turista e

uma nova imagem de destino pode ser formada, além de dependendo da satisfação ou

descontentamento do turista, poder-se resultar em intenções de revisita,

recomendações para amigos e família, e boca a boca positivo ou negativo (MATOS;

MENDES; VALLE, 2012).

Em relação `a isso, familiaridade ou experiência com o destino também são fatores

considerados nos estudos de imagem de destinos turísticos, mostrando que quanto

mais se é familiar com um destino mais positiva é a percepção sobre ele, tendo ainda

uma maior significância e positividade se não for a primeira visita do turista ao local

(ELLIOT et al., 2011). Beerli e Martin (2004) sugerem também, que viajantes

experientes se tornam mais tolerantes quando acessam o destino, porque eles

conhecem outras realidades que servem como elementos de comparação.

Por fim, algumas observações são feitas pelo estudo de Nadeau, Heslop, O’Reilly e

Luk (2008): o contexto do país é importante para a imagem da destinação e resultados

turísticos, como recomendações, vontade de visitar e intenções de visitar novamente;

as competências sobre o país aparentam impactar diretamente na avaliação ou crença

sobre a habilidade do país de entregar suas promessas promocionais, especialmente

nos aspectos do ambiente construído da experiência turística; a percepção sobre o país

e sua sociedade irá impactar as avaliações formadas sobre a destinação e influenciar a

indústria do turismo. Então, por esses motivos, o presente estudo foca nesse quesito

de avaliação da imagem do Brasil, buscando identificar quais dimensões e percepções

do contexto do país exercem maior influência em sua imagem como um destino

turístico.

Como também, Matos, Mendes e Valle (2012) estabelecem algumas conclusões, aos

agentes de marketing e demais partes interessadas no conceito de imagem de destino,

com a pesquisa deles: ações promocionais não podem ser consideradas como as

únicas soluções para atingir uma imagem de destino forte e real, mas também deve-se

analisar as necessidades e características do mercado alvo, como motivação e

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personalidade, e a imagem do país no exterior; os programas promocionais não devem

super promover os atributos da destinação, evitando descontentamento dos turistas;

imagens enganadoras ou distorcidas devem ser evitadas, apesar de causarem lucro a

curto prazo; possuir conhecimento de que a imagem de destino dos turistas começa a

ser formada bem antes da visita ao destino em si, e acaba bem após o retorno `a casa.

Assim, é possível identificar que imagem de país e imagem de destino possuem

definições bem parecidas, levando-se em consideração seus pontos chaves, como uma

junção de fatores, tanto de experiências anteriores como estereótipos, que influenciam

a formação da imagem que uma pessoa possui de um país, e também ao considerá-lo

como uma destinação turística. Sabendo-se que essa imagem que é formada, exerce a

influência em como considerar o país, o que e como falar dele, na vontade de visitar

ou revisitar o local, em estabelecer qualquer vínculo, compra ou investimento para

com ele. Podendo utilizar o Brasil como exemplo, de que a maioria dos fatores que

compõem a imagem do país são os mesmo que compõem sua imagem de destinação

turística, como sua beleza natural, seus pontos turísticos, a cultura do país, os

costumes e os aspectos do povo, influenciando diretamente o desejo de visitar ou não

o país.

Agora, especificando mais ainda o estudo, analisaremos a imagem de destinos

enquanto sedes de megaeventos. No tópico em sequência, será abordada a imagem de

destinos turísticos no contexto de megaeventos, analisando países que já foram sedes

e fatores envolvidos em relação a eventos. Tendo por base, especialmente, exemplos

de megaeventos esportivos.

2.5 IMAGEM DE DESTINOS ENQUANTO SEDES DE MEGAEVENTOS

O estudo dos impactos de imagem é uma nova vertente da literatura, com significante

aumento de publicações na última década. Possuindo relevância acadêmica e prática,

e sendo uma notável constituinte da avaliação de eventos (DRAGIN-JENSEN, 2016).

A literatura internacional revela um crescente ceticismo, através do pensamento de

que sediar megaeventos potencialmente resulta em crescimento econômico ou

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significantes impactos de desenvolvimento (PILLAY; BASS, 2008). Ao contrário, a

literatura do turismo tem alegado que megaeventos esportivos podem mudar fatores

mais intangíveis, como a imagem da destinação turística associada. Esse

enriquecimento da imagem é em grande parte dirigido pela capacidade do espetáculo

de atrair a atenção da mídia internacional, que por sua vez pode influenciar

percepções sobre a imagem da destinação (LEE et al., 2005). Assim, em grande parte

os eventos possuem um papel positivo em impactar a imagem dos destinos, como

também, aumentar consciência e familiaridade, reduzir imagens negativas, fornecer

associações credíveis e autenticidade, bem como o apoio da comunidade, e certificar

os ganhos positivos de associações com o evento (DRAGIN-JENSEN, 2016).

Exemplificando, um impacto positivo de um megaevento como a Copa do Mundo, o

efeito de sensibilização, é uma implementação da percepção internacional do país

sede e seus participantes. E como indicador desse efeito foi utilizado o número de

acessos no Google para a pesquisa das palavras África do Sul e Alemanha, mostrando

um aumento de 60% para a busca de África do Sul e de 40% para a de Alemanha no

período da Copa de 2010, em relação ao mês de abril do mesmo ano (PLESSIS;

MAENNING, 2011).

A percepção dos visitantes, por sua vez, é formada pelos níveis de consciência e pela

imagem da destinação sede, como também por informações externas providenciadas

pela mídia e agências do governo, que possuem o interesse de interagir com fatores

individuais, como conhecimentos do próprio indivíduo, valores e experiências

passadas com eventos similares (KIM et al., 2006). Pesquisas sobre imagem de

destinos turísticos, como a realizada na Copa da Coréia de 2002 (LEE; LEE; LEE,

2005), revelam que percepções sobre lugares para grandes eventos provocam

antecedentes em como as pessoas interpretam suas experiências no local. Outra

pesquisa mostra a flexibilidade de imagens quando grandes eventos encorajam as

pessoas a reconsiderarem suas percepções sobre os lugares. Por exemplo, a análise da

imagem da Coréia do Sul antes e depois de sediar as Olimpíadas de 1988, que

apresentou que pessoas com alta exposição aos Jogos tiveram uma melhora geral

sobre a imagem do país (JAFFE; NEBENZAHL, 1993 apud NADEAU; HESLOP;

O’REILLY; LUK, 2008).

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Formada essa percepção nas pessoas, além das percepções pós evento, é possível

também constatar e analisar a conexão entre imagem de destino e intenção de ir aos

Jogos Olímpicos, por exemplo. Especificamente na área de turismo desportivo, em

relação a sediar um megaevento, imagens gerais da destinação relacionadas à cultura,

história, comida e pessoas são parte do processo de prever as intenções de frequentar

os Jogos (GIBSON; QI; ZHANG, 2008).

Dessa forma, de acordo com o efeito de alavanca estratégica de imagens que são

apresentadas ao mundo, em conjunto com o evento (antes, durante e depois), o nível

de consciência de um país ou cidade pode ser elevado, permitindo aos eventos

destacarem alguns aspectos da destinação; como variedade e singularidade de

recursos aos potenciais visitantes do evento, beneficiando a imagem da sede

(DRAGIN-JENSEN, 2016). O que pode impulsionar também, uma visita em algum

momento do futuro ou no mínimo ser usada para educar o mundo sobre uma

localidade específica (GIBSON; QI; ZHANG, 2008).

Bem como, os megaeventos esportivos promovem oportunidades para a criação de

histórias para cultivar uma cultura em curso (BRESLER, 2011). Ter sido uma cidade

sede permite comemorar o fato da inclusão de um marco histórico na história da

cidade, e motivo para ela poder possuir algum reconhecimento público global

(HILLER, 2006).

Dados esses pontos positivos, diversos estudiosos discutem o uso pelas cidades de

Jogos Olímpicos e outros megaeventos em busca de se promoverem cidades globais

(GIBSON; QI; ZHANG, 2008) ou redefinirem sua posição global (HILLER, 2006).

No caso de países em desenvolvimento, um ponto que deve ser levado em

consideração é a procura por projetar imagens positivas sobre o local, visto que esses

países precisam lutar contra a estereotipagem de imagens da mídia; pois são

geralmente projetados em uma luz negativa, com uma perpetuação dessas imagens

pelos meios de comunicação (PILLAY; BASS, 2008).

O Comitê Olímpico Internacional gosta de pensar na contribuição duradoura dos

Jogos Olímpicos para a cidade sede como um legado, que é quase sempre concebido

como um legado esportivo. Mas as cidades estão cada vez mais interessadas em um

legado além do mundo esportivo e que contribua para tornar a cidade um lugar

melhor (HILLER, 2006).

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Cidades estão dispostas então, a mobilizar recursos e energia para se tornarem cidades

sede das Olimpíadas, também por os grupos da cidade como políticos, planejadores,

promotores imobiliários e líderes de negócio, não enxergarem o evento somente como

esporte. Mas ainda, como uma oportunidade de atrair novas fontes de financiamento e

investimento direto para suportar diversas formas de desenvolvimento de negócio e

criação de emprego, como também para implementar o ambiente construído e mudar

a imagem da cidade (HILLER, 2006).

Assim, a influência de grandes eventos na imagem de um lugar é uma área de ponto

de contato potencial para imagem de destinos turísticos e imagem de produto país.

Com alguns eventos podendo ter especificamente o objetivo de aumentar o turismo,

como eventos esportivos, ou também, de serem promovidos pelos organizadores por

acarretarem efeitos em outros usos da imagem de país, tais como exportação e atração

de investimentos (NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008).

Ainda em relação `as Olimpíadas, a publicidade mundial dada `a cidade anfitriã

possui o esforço de relações públicas para vender a imagem da cidade durante as

várias fases do ciclo olímpico (pré, durante e pós evento); com o intuito de não

somente melhorar e ampliar o perfil da cidade, promovendo sua capacidade de

hospedar um evento como esse, mas também de mostrar a cidade como um lugar

atrativo para investimento (HILLER, 2006).

Em relação `a preparação para um megaevento, os organizadores não podem assumir

que sediar um evento automaticamente traz benefícios. Os benefícios devem ser

ativamente colocados como estratégias e serem geridos (GIBSON; QI; ZHANG,

2008). É necessário verificar a percepção do país anfitrião e os desafios que precisam

ser superados do ponto de vista de um turista esportivo (BRESLER, 2011).

Com a existência do risco de que hospedar um megaevento não promova a imagem

desejada para o mundo (GIBSON; QI; ZHANG, 2008) ou de que, os grandes eventos

não afetem ou mudem a imagem de um país (NADEAU; HESLOP; O’REILLY;

LUK, 2008). Exemplificando, apesar dos esforços de Rotterdam para reposicionar a

cidade como uma destinação cultural relacionando-a a eventos culturais, a visão das

pessoas sobre a cidade continuou dominada pela arquitetura moderna, água e seu

caráter de trabalho (RICHARDS; WILSON, 2004 apud NADEAU; HESLOP;

O’REILLY; LUK, 2008).

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Existe um consenso geral entre estudiosos da área, em que competência e eficiência

para sediar eventos são critérios chave, como também, proteção e segurança são pré-

requisitos para fluxos consistentes de turistas e comércio em geral (GIBSON; QI;

ZHANG, 2008). A necessidade de segurança dos Jogos Olímpicos é uma defesa

contra o medo de ataques de pessoas que podem querer utilizar o evento para seus

próprios propósitos ou são contrárias a ele, dado que o perfil de alta natureza dos

Jogos, seus participantes e pessoas públicas os tornam um alvo acessível (HILLER,

2006).

Um ponto interessante exposto pelos autores Lee et al. (2005), é o de que fãs da Copa

do Mundo vão ao evento somente pelo futebol em si, sendo a destinação atual em

grande parte irrelevante. Assim, esses turistas são mais suscetíveis a grandes

mudanças positivas sobre a imagem, por chegarem à Coréia, como exemplo, com

menos preconceitos sobre o país como uma destinação de férias. A noção de

intimidade tem uma certa ressonância em relação a um evento como a Copa do

Mundo, incitando paixão e engajamento emocional por parte dos seus seguidores, e é

provável de promover alteração de percepções do local em que essas memórias foram

adquiridas. Ao passo que, turistas não Copa escolheram conscientemente a Coréia

como seu destino de férias, e se essas pessoas chegaram ao país com preconceitos que

não foram mudados com a visita, e mesmo que a viagem atendeu `as suas

expectativas, eles possuem menor probabilidade de indicar um desejo de revisita.

Em suma, as imagens de um evento só se tornam importantes após serem transferidas

para a imagem da destinação. Para determinar se um evento é suscetível de ter um

efeito positivo ou negativo na imagem de destino, três fontes de informação são

necessárias: a imagem de destinação, a imagem do evento e a imagem que a

destinação quer projetar. E para se atingir uma mudança positiva de imagem de

destinação e causar aumento da visitação, a mudança deve ser positiva e ocorrer ao

longo das dimensões de imagem de destino, como desenvolvimento do ambiente,

segurança, clima, conveniência ou ambiente familiar, que são importantes para os

viajantes de um mercado particular (GIBSON; QI; ZHANG, 2008).

Ainda, de acordo com a pesquisa de Dragin-Jensen (2016), relacionar imagens de

eventos com imagens das cidades sede é uma estratégia de co-branding e acarreta em

uma congruência de imagens, e cria um capital de imagem comum; sugerindo assim,

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que quando as duas imagens possuem um ajuste de som estratégico, imagem de

evento pode influenciar positivamente as percepções de imagens de destinos. Ou seja,

quando as associações de um evento estão em sintonia com as de uma destinação,

uma imagem de destino mais concisa e forte pode ser formada, ajudando na

compreensão simbiótica e levando `a autenticidade.

Nesse momento, serão apresentados alguns exemplos de avaliações de imagem de

destinos turísticos enquanto sedes de megaeventos e alguns efeitos e utilizações do

conceito de imagem de destinos turísticos.

Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas: Nos meses antecedentes aos Jogos Olímpicos de

2004, a mídia fez cobertura dos atrasos na construção, sendo retratados como

incompetência generalizada por parte do Comitê Organizador de Atenas (BBC

WORLD NEWS, 2004 apud GIBSON; QI; ZHANG, 2008).

U.S Open de 2006 em Nova Iorque: Para promover o país como uma potencial

destinação turística entre os fãs de tênis, o turismo sul africano usou o torneio de tênis

U.S. Open de 2006 em Nova Iorque, localizando estrategicamente materiais

promocionais nos metrôs e nos ônibus que serviam o complexo Flushing Meadows

(ETN TRAVEL INDUSTRY DEALS, 2006 apud GIBSON; QI; ZHANG, 2008).

Parque Olímpico do Canadá: o parque se tornou um elemento que desempenha um

papel central no marketing da cidade como um destino turístico depois dos Jogos

Olímpicos de Calgary e dos Jogos Olímpicos de Inverno do Canadá, sendo o único

local para competições olímpicas ao ar livre aos arredores de uma grande cidade

metropolitana e contando ainda com o Hall da Fama Olímpico e um museu (HILLER,

2006).

Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim: Previu-se que, ao sediar os Jogos Olímpicos de

Pequim 2008, a indústria de turismo da China fosse receber um impulso considerável

através da sensibilização de potenciais turistas e por estimular o interesse em visitar o

país (GIBSON; QI; ZHANG, 2008). Em relação ao pré evento, o estudo de Gibson,

Qi e Zhang (2008), indica que os participantes possuem tanto imagens positivas

quanto negativas em relação `a China como uma destinação turística e a sede dos

Jogos Olímpicos de 2008. Tendo como pontos positivos a beleza do cenário, pessoas

amigáveis e cenários exóticos, e pontos negativos a lotação do país, não ser muito

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limpo e a dificuldade de comunicação com os locais. Os participantes em geral,

também sentem que o país tem a habilidade para sediar os Jogos e é um local seguro.

Copa do Mundo de 2002 na Coréia: De acordo com o estudo de Lee et al. (2005), a

Copa do Mundo alterou positivamente a percepção dos turistas sobre a Coréia. Os

turistas ultramarinos possuem imagens mais positivas sobre o país em relação a antes

do evento, e a preocupação dos turistas em geral, com a segurança diminuiu. Os

turistas da Copa do Mundo, tendem também a colocar maior valor na imagem da

Coréia do Sul do que turistas não evento, com as maiores diferenças entre os dois

segmentos sendo encontradas nas imagens: atmosfera refrescante e relaxante, bonito

cenário e atrações naturais, interessantes atrações históricas e culturais, proteção e

segurança pessoal, e população hospitaleira, interessante e amigável. Ademais, os

turistas do megaevento tendem mais a recomendar `a seus familiares e amigos

viagens ultramarinas e dizer coisas positivas sobre a Coréia a outras pessoas (LEE et

al., 2005).

Copa do Mundo de 2010 na África do Sul: Quase todos os respondentes abordados na

Copa das Confederações, um ano antes da Copa de 2010, de acordo com a pesquisa

de Bresler (2011), eram da opinião de que a África do Sul tinha a habilidade para ser

sede, que os jogos foram bem organizados, e que serviços prestados pelo setor

público, como transporte, eram piores que os prestados pelo setor privado. Porém, de

acordo com o autor, o país precisava obter o direito básico em termos de instalações

de classe mundial e serviços se quisesse reduzir o legado do afro-pessimismo. Para

limitar a possibilidade de criação de uma imagem negativa, era necessário verificar o

que motivava os visitantes a participarem do evento e a visão deles sobre a habilidade

e prontidão da África do Sul para ser sede da Copa do Mundo de 2010 (BRESLER,

2011).

Em uma pesquisa realizada durante a Copa das Confederações de 2009 na África do

Sul, 63% dos respondentes disseram que iriam retornar para a Copa do Mundo em

2010 (CAPE TOWN TOURISM, 2009 apud BRESLER, 2011).

A Copa do Mundo de 2010 foi claramente um sucesso como torneio e propaganda

para a capacidade da África do Sul de sediar um evento global. O torneio foi um

sucesso de organização e logística, e o time local teve um ótimo desempenho, sendo

fonte de orgulho para a população. Tudo, apesar das algumas vezes pessimistas

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previsões da mídia internacional (PLESSIS; MAENNING, 2011). Alguns benefícios

para o país com o evento foram o efeito de bem estar, ganhos de longo prazo na

formação de imagem e implementação da percepção internacional da economia

(PLESSIS; MAENNING, 2011). Como também o turismo, apesar de em não tão alto

número. Dados oficiais liberados pela África do Sul Estatísticas sobre a chegada de

turistas no período da Copa do Mundo (11 de Junho a 11 de Julho de 2010), mostram

que 109621 visitantes além mar entraram a mais no país em relação ao mesmo

período do ano anterior. Outro dado de comparação para o mesmo período foi o

número de quartos de hotel ocupados, que teve um aumento de 11684, em um dia

médio durante o torneio (PLESSIS; MAENNING, 2011).

Alguns estudiosos indicam que o fato de o impacto no turismo ter sido menor que o

esperado para a África do Sul com a Copa do Mundo de 2010, pode ser devido a uma

influência maior do que a acreditada da percepção internacional sobre o país como um

local perigoso. Como também, a crise internacional e a mudança de destino dos

possíveis turistas "normais" devido a premeditados ruídos, engarrafamentos e outros

distúrbios (PLESSIS; MAENNING, 2011). O estudo dos autores Plessis e Maenning

(2011), indicam contudo, que existe um consenso generalizado de que a Copa do

Mundo de 2010 foi organizada com sucesso por amistosos, descontraídos e

comprometidos sul-africanos. Bem como, a cobertura positiva da mídia e a

documentação visual de um grande evento livre de acidentes deu a chance para o país

se reintroduzir ao mundo, substituindo as histórias depressivas sobre crimes, tensão

racial, HIV e escassez de energia, por uma série de positivas novas imagens. Podendo

tudo se traduzir em aumento de turismo, aumento do comércio e atração de

investidores estrangeiros diretos.

Apesar de terem sido utilizados exemplos específicos para ilustrar a imagem de

destinos turísticos enquanto sedes de megaeventos, e mais especificamente de eventos

esportivos, vale ressaltar que as definições, conceitos, utilizações, métodos propostos

e resultados, podem ser utilizados e esperados para diversos tipos de megaeventos. Só

não existindo muita literatura desenvolvida em outros setores.

Entraremos agora, no estudo mais focado da pesquisa. O estudo da imagem do Brasil

enquanto sede de megaeventos. Será feita uma análise dos conceitos, imagens e

avaliações em relação ao Brasil, com eventos já realizados e expectativas.

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2.6 IMAGEM DO BRASIL ENQUANTO SEDE DE MEGAEVENTOS

Nos últimos anos o Brasil tem chamado atenção devido aos megaeventos esportivos

que vem sediando, especificamente a Copa das Confederações da FIFA de 2013, a

Copa do Mundo da FIFA de 2014 e os últimos Jogos Olímpicos, que aconteceram em

agosto e setembro desse ano (MELO; MATARUNA, 2016).

Megaeventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, oferecem aos

países de renda média a oportunidade de buscar moldar a forma como são percebidos

em todo o mundo. Nesse contexto, um crescente número de megaeventos tem sido

sediados nos países pertencentes ao BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do

Sul). O Brasil mais especificamente, tem a oportunidade de apresentar-se como uma

potência emergente (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011) e se difere dos demais

países por sediar dois megaeventos esportivos tão perto no tempo.

Percebido como um país de grande potencial, o Brasil tem lutado para subir no

ranking de influência internacional. Com a preparação para sediar a Copa do Mundo

de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil e suas cidades embarcaram em uma

nova era, afirmando-se como uma potência econômica e política internacional

(TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011).

Assim, pesquisas sobre megaeventos e países em desenvolvimento tem centralizado

em questões como desenvolvimento, promoção de local, sinalização, construção de

identidade, direitos humanos e liberalização política (PILLAY; BASS, 2008). Porém,

entre outros, o efeito de beneficio de bem estar para a população e efeitos de imagem

são suficientemente importantes para justificar grandes eventos esportivos e os

subsídios a eles via fundos públicos (HAGN; MAENNING, 2008). Visto que,

avaliações quantitativas não conseguem capturar todos os efeitos intangíveis dos

megaeventos. E talvez, para o Brasil o impacto excepcional de ter sido a sede da Copa

do Mundo, seria o fortalecimento do futebol como uma importante característica da

cultura brasileira (MELO, 2010).

Segundo Melo (2010), a Copa do Mundo no Brasil iria produzir grandes quantidades

de excitação, dado que o país é visto como o país do futebol. Sendo considerada a

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importância cultural do esporte para os brasileiros, talvez um resultado intangível

desejado e impagável de sediar a Copa seria o de superar o trauma da derrota na Copa

do Mundo de 1950 para o Uruguai. Porém, outro trauma entrou para a história,

considerado o maior vexame da seleção brasileira, a derrota de sete a um para a

Alemanha, impede que o país sede da Copa do Mundo vá para a final e realize o

sonho do hexa em casa (VECCHIOLI, 2014).

Outro resultado esperado foi a movimentação do turismo. Estudo publicado em

conjunto pela Fundação Getúlio Vargas e a Consultoria Ernst & Young estimou que o

número de turistas estrangeiros no Brasil em 2014 iria atingir 7,4 milhões, um

aumento de 64,4% em relação ao registrado em 2009. Outro ponto levantado pelo

estudo era a estimativa de que as despesas com a Copa de 2014 iriam causar um efeito

de encadeamento que poderiam multiplicar os investimentos que foram feitos no país

em 5 vezes (MELO, 2010).

Apesar de ter sido um pouco menos que o esperado, o Brasil recepcionou 6,4 milhões

de turistas em 2014, sendo a Copa do Mundo a responsável pelo recorde histórico e

pelo aumento de 10,6% em relação ao ano anterior. A análise mês a mês da entrada de

turistas no país revela o impacto, mostrando que em junho, mês do evento, a chegada

de turistas triplicou, sendo de 350.025 em 2013 para 1.018.876 em 2014

(MINISTERIO DO TURISMO, 2015).

Um ponto negativo em relação ao Brasil, assim como para a África do Sul, é o de

possuir problemas organizacionais e uma estrutura pobre para sediar grandes eventos

esportivos internacionais, como a Copa do Mundo. Um problema comum entre as

doze cidades sede da Copa no Brasil era a falta de capacidade aeroportuária para lidar

com o fluxo de visitantes previsto para 2014, visto que os aeroportos já estavam

operando perto de sua capacidade máxima (MELO, 2010).

Os custos de transporte no Brasil foram outros elementos cruciais para o sistema de

logística da Copa do Mundo e a organização da competição, visto que as distâncias

entre as cidades sede eram bastante longas. Assim, considerando-se a distância e as

condições de operação dos meios de transporte, pode-se considerar que as viagens

entre as cidades seriam caras e demoradas (MELO, 2010).

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Outro ponto relacionado com estrutura de acordo com o autor Melo (2010), era o de

que pelo menos seis dos doze terrenos que foram utilizados para a Copa do Mundo de

2014 no Brasil se tornariam elefantes brancos quando o torneio terminasse, pois

cidades como Brasília, Fortaleza, Manaus e Cuiabá receberam a construção de

estádios caros e não possuem times que participam do Campeonato Nacional

Brasileiro.

Ainda sobre o lado negativo, o maior desafio que o Brasil e o Rio de Janeiro

enfrentam é a reputação internacional que eles possuem. Alguns estereótipos que

retratam também um país cheio de foliões de festa ou de extrema violência e pobreza.

E com filmes recentes que mostram violência (Cidade de Deus e Tropa de Elite) ou

dor e pobreza (Central do Brasil). Além de, a mídia continuar a cobrir esse ângulo

negativo do Rio por haverem problemas contínuos de violência, retratando a luta pelo

poder entre alianças do crime organizado e a polícia, com várias confrontações

militares ocorrendo nas favelas (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011).

Deste modo, com realidades caracterizadas por fortes contrastes, o Brasil oferece uma

imagem relacionada a paz e prosperidade, que concomitantemente não vai de

encontro com diversos momentos de sua política interna; sendo retratados pela mídia

os sérios problemas que a presidente Dilma Rousseff teve que enfrentar, por exemplo,

com reivindicações sindicais dos trabalhadores e ameaça de greve na véspera e

durante a Copa do Mundo (KORSTANJE; TZANELLI; CLAYTON, 2014).

Mas ainda assim, com todas essas noticias na mídia internacional, com o suporte de

uma imagem de praia, festa e Rio, o país mostra que é rico em diferentes culturas e

populações (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011). Como também, apesar das

discussões em relação aos níveis de violência do Brasil, perante o anúncio do país ser

sede dos megaeventos, o Rio sediou com sucesso os Jogos Pan Americanos de 2007 e

contou com essa realização passada para aliviar as preocupações de questões de

segurança para as Olimpíadas de 2016 (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011).

Mudando para o lado positivo, a pesquisa realizada pelos autores Melo e Mataruna

(2016), em Munique, com estrangeiros que nunca vieram ao Brasil, revelou que os

entrevistados possuem uma imagem positiva sobre o país. Os respondentes

mencionaram alguns dos estereótipos relacionados ao Brasil, relacionados `a cidades,

cultura, natureza, esporte e cozinha, como Rio de Janeiro, São Paulo, Cristo Redentor,

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Copa Cabana, rio Amazonas, praias e futebol. Apesar de, a maioria das palavras

mencionadas em relação ao Brasil terem sido positivas, algumas negativas

apareceram com menor frequência, sendo elas pobreza e crime. Também foi citada a

palavra favela, que pode ser facilmente relacionada `as áreas pobres do Rio de

Janeiro.

A palavra mais mencionada pelas pessoas com grande intenção de visitar o Brasil

durante os Jogos de 2016 foi futebol. Futebol, carnaval e samba foram as palavras

mais citadas por todos os entrevistados, enfatizando música e festivais como

elementos da imagem cultural brasileira. Outras palavras também citadas foram: em

relação `a cozinha, comida boa, cacau, caipirinha e café; e em relação `a natureza,

praia, paraíso, sol e floresta tropical. A figura da população brasileira também

apareceu entre os respondentes como uma das imagens do país, quando mencionaram

pessoas amigáveis e pessoas legais (MELO; MATARUNA, 2016).

De acordo com a pesquisa de Melo e Mataruna (2016), as principais fontes para os

respondentes terem criado a imagem que eles têm do Brasil como uma destinação

turística foram, em ordem de relevância, mídia, mídia social, grupos de referência

como celebridades e times esportivos, família e amigos (boca-a-boca), e agências de

turismo. Os estrangeiros de Munique disseram ademais, que desde que o Brasil sediou

a Copa do Mundo de 2014, notícias sobre o país tem frequentemente aparecido na

mídia.

Novamente de acordo com Melo e Mataruna (2016), a imagem que as pessoas têm do

Brasil não influencia a intenção de visitar o país durante os Jogos Olímpicos, pois

todos os entrevistados na pesquisa tinham em geral imagens positivas sobre o Brasil,

apesar de depois da coleta terem sido divididos em dois grupos, de acordo com a

média de seu interesse em visitar, sendo grande intencionados e baixo intencionados.

A intenção de visitar o país durante os Jogos pode estar relacionada a outros aspectos

como interesse em esportes, percepção de preços e lotação por causa do evento, ou até

segurança, infraestrutura, e condições de saúde.

Assim sendo, festejar e celebrar durante o carnaval, depois de um jogo de futebol ou

na vida cotidiana são imagens familiares sobre os brasileiros (TOMLINSON; BASS;

BASSETT, 2011).

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Mas, algumas mudanças podem servir para implementar a imagem do país. A eleição

de Dilma Rousseff em 2010, por exemplo, destaca o Brasil como um dos poucos

países no mundo a ter uma liderança feminina. O país também vem buscando um

assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Com isso, os novos estádios

construídos e o desenvolvimento de infraestrutura antes dos dois eventos, Copa do

Mundo e Olimpíadas, deixaram a oportunidade para que a reputação de festa e

violência pudesse ser substituída em parte por uma imagem de organização e

competência (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011).

Como exemplo, depois de ter sido cidade sede da Copa do Mundo no Brasil em 2014,

a imagem que passou a ser formada internacionalmente sobre Curitiba foi devida às

inovações que foram implementadas na cidade frente às áreas de transporte,

sustentabilidade e reciclagem; solucionando problemas existentes, tornando-a cidade

exemplo nesses setores e sendo muitas vezes comparada a grandes cidades

internacionais como Madrid e Singapura. Tendo o maior retorno de imagem projetada

pelo meio jornalístico quando se investiu em infraestrutura e sustentabilidade

(TROTTA; STREHLAU; TUROLLA, 2015).

Os artigos publicados sobre Curitiba em relação `a cultura são todos positivos

também, mostrando que aplicar na área é um bom investimento para melhorar a

imagem perante os consumidores internacionais (TROTTA; STREHLAU;

TUROLLA, 2015).

Em suma, “Os legados da imagem do Brasil são: projeção da imagem do país;

projeção da imagem das cidades sede dentro e fora do país, considerada como cultura

urbana; projeção de oportunidades econômicas e de serviços que o país poderá

oferecer; nacionalismo e confiança cívica, bem como o orgulho regional e nacional”

(VILLANO et al., 2008).

Tendo como exemplo de elemento que pode ajudar na projeção da imagem do país, a

imagem da logomarca dos Jogos Pan Americanos do Rio de 2007, que passava os

significados de alegria, festividades e diversificação; transmitindo também

dinamismo, leveza e ascensionalidade, indo de encontro com as performances

alcançadas nas práticas esportivas (FERREIRA; COSTA, 2008).

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O próximo capítulo irá tratar do estudo de campo que foi realizado para alcançar os

objetivos da presente pesquisa, de avaliar a imagem do Brasil enquanto sede de

grandes eventos. Serão discutidos então, os aspectos metodológicos da pesquisa.

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3. METODOLOGIA

Para iniciar a apresentação dos aspectos metodológicos da pesquisa de campo é

necessário lembrar que o objetivo geral desse trabalho é identificar a imagem que os

franceses possuem do Brasil enquanto um país recebendo um grande evento. E mais

especificamente, tem-se os objetivos de:

- Identificar quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede

de grandes eventos

- Verificar qual a dimensão componente da imagem do Brasil melhor apreciada na

avaliação da imagem do país como sede de grandes eventos

- Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Para cumprir os objetivos do estudo foi aplicada uma pesquisa de campo. Assim, esse

tópico descreve o tipo de pesquisa e apresenta os métodos utilizados na pesquisa de

campo, a amostragem, as variáveis e as hipóteses da pesquisa, o instrumento de coleta

de dados e o plano de análise de dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

O tipo de pesquisa que melhor atende aos objetivos do trabalho é uma pesquisa

quantitativa descritiva.

De acordo com Malhotra (2012), a pesquisa descritiva é um tipo conclusivo e possui

como objetivo principal a descrição de algo. Sendo uma das finalidades da pesquisa

descritiva, e a que se aplica ao trabalho, determinar as avaliações de características de

produtos. Nesse caso, foi determinada a avaliação de uma amostra de franceses em

relação à imagem do Brasil enquanto um país sede de grandes eventos.

Um fator que caracteriza as pesquisas descritivas é a formulação prévia de hipóteses

específicas, estando dessa forma, as informações necessárias claramente definidas.

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Isso requer especificações claras para a pesquisa, definindo-se quem, o quê, quando,

onde, por que e como (MALHOTRA, 2012).

O método utilizado para coletar as informações necessárias é o estudo transversal

único. Que por definição é o tipo de pesquisa na qual é extraída da população-alvo

uma amostra de entrevistados e a coleta de informações dessa amostra é realizada

somente uma vez (MALHOTRA, 2012). O método da pesquisa descritiva aplicado ao

trabalho também pode ser chamado de concepções de pesquisa por levantamento de

amostragem (MALHOTRA, 2012).

Dessa forma, se tratando de uma pesquisa do tipo descritiva, ela caracteriza-se

primeiramente como uma pesquisa quantitativa. Em relação ao conceito, a pesquisa

quantitativa procura quantificar os dados, utilizando-se normalmente uma análise

estatística. Com o objetivo de quantificar os dados, é necessária uma amostra

representativa, uma coleta de dados estruturada, uma análise estatística dos dados e os

resultados geralmente recomendam uma linha de ação final (MALHOTRA, 2006).

3.2 APRESENTAÇÃO DAS VARIÁVEIS E DO MODELO DA PESQUISA

Essa pesquisa considera imagem de destino como o construto para análise. Muitos

autores (MOON et al., 2011, MOON et al., 2013, ROTH; DIAMANTOPOULOS;

2009, MATOS; MENDES; VALLE, 2012, GIBSON; QI; ZHANG, 2008) consideram

que o construto imagem de destino é composto por três dimensões relacionadas. O

componente cognitivo, que são as crenças em relação ao país; o componente afetivo,

que são as emoções e ligações que o indivíduo tem com o país; e o componente

conativo, que são as intenções comportamentais da pessoa para com o país. Assim,

essas três dimensões de imagem são analisadas na pesquisa, para poder analisar a

formação de uma imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos pela amostra

de franceses. São utilizadas, mais especificamente, as dimensões participantes da

imagem do Brasil: situação política, cultura, segurança e pontos turísticos; como

variáveis para a análise das dimensões cognitiva, afetiva e conativa. As dimensões

situação política, cultura, segurança e pontos turísticos, são segundo alguns autores

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(NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008, ELLIOT et al., 2011, KORSTANJE;

TZANELLI; CLAYTON, 2014, TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011, MELO;

MATARUNA, 2016, LEE et al., 2005, DURAND, 2016) participantes da formação

da imagem de um destino turístico e da avaliação do indivíduo na decisão de ir ou não

visitar o país. São características do país destino e sede de grandes eventos que podem

ter o papel de atrair turistas, e fatores que são analisados na decisão de destino de

viagem. Mais especificamente para o Brasil, os pontos turísticos e a cultura são

fatores que muito instigam a vontade dos turistas de visitar o país, devido à sua

particularidade, diversidade e beleza natural exuberante; a segurança é um ponto

sempre relacionado ao Brasil, devido ao número de crimes e a relação da polícia com

o crime organizado; e a situação política é um fator relevante na questão de se o

Brasil teria suporte para sediar as Olimpíadas, como também, a agitação política

presente atualmente no país ser um ponto de destaque na mídia internacional. Sendo

assim, dimensões importantes de serem avaliadas em relação à formação da imagem

do Brasil enquanto sede de grandes eventos.

Além das variáveis de dimensão de imagem, foram utilizadas variáveis demográficas,

gênero e idade, como variáveis descritoras da amostra. E também, foi utilizada a

variável experiência com o país para verificar se ela tem influência na formação da

imagem.

A variável demográfica foi utilizada, pois variáveis demográficas são consideradas

por alguns estudiosos como impactantes em diferenças de avaliações e opiniões sobre

um país ou seus produtos. De acordo com Balabanis, Mueller e Melewar (2002), os

determinantes da imagem de país são baseados nas características do país avaliado e

nas diferenças demográficas dos observadores.

As variáveis situação política, cultura, segurança e pontos turísticos foram utilizadas

por serem fatores relevantes da imagem do Brasil. São fatores que foram citados na

literatura por serem importantes de se considerar na realização de grandes eventos e

por influenciarem percepções de indivíduos em relação aos países e intenções para

com eles. Como também, são fatores que foram citados em literaturas sobre o Brasil e

imagens em relação ao país.

A variável experiência com o país foi utilizada para a análise, pois segundo alguns

autores (BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002, DURAND, 2016) é um fator

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relacionado ao conhecimento do indivíduo que aumenta a objetividade e a realidade

da percepção sobre o país.

O gênero foi questionado por meio de uma variável nominal, em que o respondente

seleciona entre “masculino” e “feminino”; e a idade por meio de uma questão aberta,

em que o respondente escreve quantos anos possui. O questionário possuía uma

questão aberta para que fosse respondida a nacionalidade, com o intuito de

posteriormente poder filtrar as respostas de não franceses, caso existam. Foi também

questionado por meio de questões abertas, a universidade em que estuda e onde ela se

situa, para posterior descrição da amostra e apresentação de onde estudam os

estudantes franceses que responderam.

A operacionalização das dimensões situação política, cultura, segurança e pontos

turísticos ocorreu por meio de questões com uma escala intervalar de sete pontos, em

que os pesquisados foram questionados sobre as variáveis. A experiência com o país

foi analisada com uma pergunta com escala intervalar de 1 a 7, em que o respondente

seleciona qual o nível dele de experiência anterior com o Brasil; e sete perguntas

dicotômicas, em que ele seleciona “sim” ou “não” para questões de experiência com o

Brasil, sendo elas: visitar o Brasil, contato direto com brasileiro no Brasil, contato

direto com brasileiro fora do Brasil, possuir amigo brasileiro, ter lido notícias sobre o

Brasil, ter estudado sobre o Brasil, e ter assistido filme brasileiro ou sobre o Brasil.

Posteriormente, as perguntas de experiência anterior com o país foram utilizadas para

uma classificação dos respondentes como de baixa ou de alta experiência anterior

com o Brasil e para a realização de uma comparação em relação a se existe diferença

na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos de acordo com

esse quesito. Ou seja, verificar se os franceses da amostra que possuem maior

experiência com o país avaliam de forma diferente, mais positiva ou negativa, a

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos do que os que possuem menor

experiência. Da mesma forma, o gênero foi utilizado para a realização de uma

comparação da avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

entre homens e mulheres, ou seja, para analisar se existe diferença na avaliação entre

homens e mulheres, na forma que algum dos gêneros avalie mais positivamente o

país.

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3.3 PERGUNTAS E HIPÓTESES DA PESQUISA

A presente pesquisa buscou, com seus objetivos específicos, responder às seguintes

perguntas:

- Qual é a imagem que os franceses possuem do Brasil como um país sede de um

grande evento?

- Quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede de grandes

eventos?

- Qual é a dimensão de imagem do Brasil melhor apreciada na avaliação da imagem

do país enquanto sede de grandes eventos?

- Há diferença na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos,

dependendo do gênero?

- Há diferença na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos,

dependendo da experiência com o país?

Assim, de acordo com a teoria de pesquisa descritiva, foram elaboradas hipóteses para

serem verificadas empiricamente. Com base na revisão da literatura realizada sobre os

temas “imagem de país”, “efeito país de origem”, “fatores moderadores do efeito país

de origem”, “imagem de destinos turísticos”, “imagem de destinos enquanto sedes de

megaeventos” e “imagem do Brasil enquanto sede de megaeventos”.

A influência de grandes eventos na imagem de um lugar é uma área de ponto de

contato potencial para imagem de destinos turísticos e imagem de produto país

(NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008). Megaeventos esportivos, mais

especificamente, podem mudar a imagem da destinação turística sede (LEE et al.,

2005), aumentar a consciência e reduzir imagens negativas (DRAGIN-JENSEN,

2016). Sendo um impacto positivo o efeito de sensibilização, que é uma

implementação da percepção internacional por estrangeiros do país sede e seus

participantes (PLESSIS; MAENNING, 2011). Assim, ações promocionais não podem

ser consideradas como as únicas soluções para atingir uma imagem de destino forte e

real, mas também deve-se analisar as necessidades e características do mercado alvo,

como motivação e personalidade, e a imagem do país no exterior (MATOS;

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MENDES; VALLE, 2012). Logo, a hipótese relativa à questão geral do estudo é

assim definida:

- Hipótese 1: Os franceses possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto um país

sede de um grande evento

Para as questões específicas deste estudo, foram elaboradas as hipóteses apresentadas

a seguir, junto à fundamentação teórica para sua elaboração. Atributos estudados em

pesquisas de imagem são crenças sobre o ambiente natural, atrações naturais, cenário,

clima, cultura, sociedade moderna, afabilidade, avaliações da destinação como

excitante e emocionante, e avaliação global (NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK,

2008). As campanhas orientadas para o turismo, geralmente focam em características

do país como natureza intocada ou singularidade cultural (ELLIOT et al., 2011) e a

paisagem, a cultura e a economia de um país podem se tornar crenças para a formação

de seu estereótipo (VERLEGH; ALTHUIJZEN; VROEGH, 1999). O contexto PEST

(político, econômico, sociocultural e tecnológico) de um país e o sucesso da mudança

desses fatores, também afetam a imagem do país (DURAND, 2016). Alguns

estereótipos em relação ao Brasil, retratam um país cheio de foliões de festa, como

também, um país de extrema violência e pobreza (TOMLINSON; BASS; BASSETT,

2011); sendo assim, um mundo caracterizado por fortes contrastes, mas,

prevalecendo-se, apesar disso, um país que oferece uma imagem relacionada a paz e

prosperidade (KORSTANJE; TZANELLI; CLAYTON, 2014).

Com relação `as dimensões que compõem a imagem do Brasil, Nadeau, Heslop,

O’Reilly e Luk (2008), definem que, as destinações são vulneráveis `a alguns riscos,

como agitação política, podendo a instabilidade política afetar negativamente

avaliações sobre o local, de acordo com as crenças em relação ao país e `as pessoas. A

política interna do Brasil foi retratada pela mídia mostrando os sérios problemas que a

presidente Dilma Rousseff teve que enfrentar, com reivindicações sindicais dos

trabalhadores e ameaça de greve na véspera e durante a Copa do Mundo

(KORSTANJE; TZANELLI; CLAYTON, 2014). Algumas mudanças também podem

servir para implementar a imagem do país, por exemplo, a eleição de Dilma Rousseff

em 2010 destaca o Brasil como um dos poucos países no mundo a ter uma liderança

feminina (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011). Como também, a atual situação

da política brasileira, em que se tem a incerteza de um impeachment, grandes

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acontecimentos da Operação Lava Jato, e inúmeras manifestações da população, que

geram reportagens na mídia internacional. Tudo isso, e muitos outros acontecimentos

da história, levam a acreditar que a dimensão política faz parte da formação da

imagem do Brasil.

Em relação à segurança, a mídia cobre o ângulo negativo do Rio por existirem

problemas contínuos de violência, retratando a luta pelo poder entre alianças do crime

organizado e a polícia, com várias confrontações militares ocorrendo nas favelas

(TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011). Mas, como exemplo, a maioria das

palavras que foram mencionadas em relação ao Brasil, na pesquisa de Melo e

Mataruna (2016), foram positivas, apesar de algumas negativas aparecerem com

menor frequência, e sendo elas pobreza e crime.

A dimensão cultura, também mostra-se importante na formação da imagem do Brasil.

Futebol, carnaval e samba foram as palavras mais citadas por todos os entrevistados,

enfatizando música e festivais como elementos da imagem cultural brasileira;

também, a figura da população brasileira apareceu como uma das imagens do país,

quando mencionaram pessoas amigáveis e pessoas legais (MELO; MATARUNA,

2016). Festejar e celebrar durante o carnaval, depois de um jogo de futebol ou na vida

cotidiana são imagens familiares sobre os brasileiros (TOMLINSON; BASS;

BASSETT, 2011). E ainda assim, com todas essas notícias na mídia internacional,

com o suporte de uma imagem de praia, festa e Rio, o país mostra que é rico em

diferentes culturas e populações (TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011).

Bem como, pontos turísticos mostra-se uma dimensão relevante na decisão de

destinações por turistas e na imagem de destinos, sendo alguns segmentos de imagem

considerados por turistas: atmosfera, cenário e atrações naturais (LEE et al., 2005). E

alguns dos estereótipos em relação ao Brasil mencionados pelos respondentes em

pesquisa foram, relacionados `a cultura, cidades, natureza e esporte, como Rio de

Janeiro, São Paulo, Cristo Redentor, Copa Cabana, rio Amazonas, praias e futebol,

paraíso, sol e floresta tropical (MELO; MATARUNA, 2016). Assim, as hipóteses 2 e

3 podem ser assim definidas:

- Hipótese 2: A imagem do Brasil é composta pelas dimensões situação política,

segurança, cultura e pontos turísticos

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- Hipótese 3: A dimensão pontos turísticos é a dimensão melhor apreciada na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Com relação aos determinantes da imagem de país, de acordo com Balabanis, Mueller

e Melewar (2002), eles são baseados nas características do país avaliado e nas

diferenças demográficas dos observadores; demografia, como gênero, idade, renda e

educação são antecedentes da imagem de país de origem. Com respeito `a seleção do

sexo feminino para a análise, deve-se ao fato de as mulheres serem mais receptivas ao

que vem de fora de seu país de origem do que os homens; além desse ponto, sabe-se

que existem diferenças entre os sexos, mas não são notadamente significativas.

Portanto, a hipótese 4 é apresentada como:

- Hipótese 4: As pessoas do sexo feminino, avaliam a imagem do Brasil enquanto

sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas do sexo masculino

Quanto à familiaridade ou experiência com o destino, eles são fatores considerados

nos estudos de imagem de destinos turísticos, mostrando que quanto mais se é

familiar com um destino, mais positiva é a percepção sobre ele; tendo ainda, uma

maior significância e positividade se não for a primeira visita do turista ao local

(ELLIOT et al., 2011). A variável experiência com o país também é um fator

relacionado ao conhecimento do indivíduo que aumenta a objetividade e a realidade

da percepção sobre o país (BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002,

DURAND, 2016). Pode-se dessa forma, elaborar a hipótese 5:

- Hipótese 5: As pessoas que possuem maior experiência com o Brasil, avaliam a

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as

pessoas com menor experiência

O Quadro 1 a seguir, faz um resumo dos itens referentes aos aspectos metodológicos

da pesquisa de campo apresentados até aqui, junto com os autores utilizados para o

embasamento teórico.

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Quadro 1- Relação entre os itens dos procedimentos metodológicos

Objetivos Questões Hipóteses Embasamento teórico Geral: Identificar a imagem que os franceses possuem do Brasil enquanto um país sede de um grande evento

Qual é a imagem que os franceses tem do Brasil como um país sede de um grande evento?

Hipótese 1: Os franceses possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto um país sede de um grande evento

NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008, LEE et al., 2005, DRAGIN-JENSEN, 2016, PLESSIS; MAENNING, 2011, MATOS; MENDES; VALLE, 2012

Específico: Identificar quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos?

Hipótese 2: A imagem do Brasil é composta pelas dimensões situação política, segurança, cultura e pontos turísticos

NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008, ELLIOT et al., 2011, VERLEGH; ALTHUIJZEN; VROEGH, 1999, DURAND, 2016, TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011, KORSTANJE; TZANELLI; CLAYTON, 2014

Específico: Verificar qual a dimensão componente da imagem do Brasil melhor apreciada na avaliação da imagem do país como sede de grandes eventos

Qual é a dimensão de imagem do Brasil melhor apreciada na avaliação da imagem do país enquanto sede de grandes eventos?

Hipótese 3: A dimensão pontos turísticos é a dimensão melhor apreciada na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

NADEAU; HESLOP; O’REILLY; LUK, 2008, KORSTANJE; TZANELLI; CLAYTON, 2014, TOMLINSON; BASS; BASSETT, 2011, MELO; MATARUNA, 2016, LEE et al., 2005

Continua na próxima página

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Conclusão do Quadro 1

Objetivos Questões Hipóteses Embasamento teórico

Específico: Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Há diferença na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, dependendo do gênero?

Hipótese 4: As pessoas do sexo feminino, avaliam a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas do sexo masculino

BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002

Há diferença na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, dependendo da experiência com o país?

Hipótese 5: As pessoas que possuem maior experiência com o Brasil, avaliam a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas com menor experiência

ELLIOT et al., 2011, BALABANIS; MUELLER; MELEWAR, 2002, DURAND, 2016

3.4 PLANO AMOSTRAL

A população-alvo dessa pesquisa foram estudantes franceses, em período de

graduação em faculdades e universidades francesas.

O período considerado para a pesquisa foram os meses de agosto e setembro de 2016.

Cabe destacar aqui, que nesse período de aplicação do questionário as Olimpíadas já

tinham acontecido, podendo a amostra ter tido mais contato com informações sobre o

Brasil e conhecimento de resultados em relação ao megaevento.

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O arcabouço amostral utilizado para representar os elementos da população-alvo da

pesquisa contou majoritariamente com o grupo no Facebook da faculdade Kedge

Business School, de Marseille, França, em que estão presentes todos os estudantes da

faculdade, visto que, com o intercâmbio de um semestre realizado na faculdade

possuo acesso aos grupos de alunos e contato mais fácil com eles, além de amigos

franceses do local; como também, com outros grupos de estudantes franceses em que

se conseguiu acesso. Foi realizado inicialmente um contato com o International

Office da instituição Kedge Business School, pelo International Office da FEA-

RP/USP, para pedir a participação da faculdade na pesquisa e para que eles enviassem

o questionário por e-mail aos alunos. A orientação da representante do International

Office da instituição francesa foi a de que o questionário fosse enviado pelo grupo que

a mesma possui no Facebook, visto que os comunicados e divulgações da própria

faculdade são realizados por esse meio, e a interação e participação dos alunos é mais

efetiva, conseguindo dessa forma mais respostas.

Pediu-se também ajuda de divulgação, para que estudantes que responderam a

pesquisa pedissem para que amigos também respondessem; para que brasileiros que já

realizaram intercâmbio na França enviassem o questionário para os grupos de alunos

de suas universidades e para amigos franceses que fizeram; como também para que

intercambistas franceses que estão estudando na FEA-RP/USP durante esse período

também enviassem o questionário para seus amigos franceses. Os nomes das

instituições dos estudantes que participaram da pesquisa estão dispostos no Apêndice

A.

Utilizou-se a abordagem de amostra tradicional e amostragem sem reposição. Quanto

à técnica de amostragem, foi utilizada a amostragem não probabilística. Não sendo

aleatória a seleção dos elementos e não sendo estatisticamente projetáveis para a

população as estimativas obtidas, de acordo com Malhotra (2012). E a técnica de

amostragem não probabilística empregada foi a amostragem por conveniência, em

que os alunos foram escolhidos por critérios de conveniência. Sendo de acordo com

Malhotra (2012), uma técnica que consome menos tempo e é menos dispendiosa, e as

unidades amostrais são acessíveis, fáceis de medir e cooperadoras. Assim, pela

facilidade que o meio eletrônico traz, como também a dificuldade de se ter certeza do

número de respostas, todos os alunos da população alvo tiveram a oportunidade de

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61

responder o questionário, sendo enviado a todos o convite de participar da pesquisa;

tendo a opção de completar a pesquisa quando lhe fossem conveniente, outro ponto

positivo a pesquisa eletrônica.

Com relação ao tamanho da amostra, observando-se alguns dos artigos utilizados

como base teórica até o momento (MOON et al., 2011, MOON et al., 2013, GIBSON;

QI; ZHANG, 2008, LEE; LEE; LEE, 2005, ELLIOT; PAPADOPOULOS; KIM,

2011, LEE t al., 2005), encontra-se o tamanho médio de amostra para as pesquisas de

imagem de destino como de 403 respondentes. Assim, possuiu-se o interesse de

atingir o número de 403 questionários respondidos para essa pesquisa, mas foi

considerado o número de 100 respondentes como um número mínimo para se realizar

as estatísticas.

3.5 COLETA DE DADOS: MÉTODO E INSTRUMENTO

3.5.1 Questionário

Os dados para verificar as hipóteses foram coletados especificamente para a proposta

e pesquisa apresentadas aqui, sendo assim dados do tipo primário. Para isso, um

questionário foi elaborado e aplicado como instrumento de mensuração da imagem do

Brasil enquanto sede de megaeventos.

As variáveis gênero, idade, nacionalidade, instituição em que estuda e localidade da

instituição foram operacionalizadas da seguinte forma:

Gênero: variável nominal, em que o participante escolhe entre “masculino” e

“feminino”.

· Qual é o seu gênero?

( ) Masculino

( )Feminino

Idade: questão aberta, em que o respondente escreve quantos anos possui.

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62

· Qual a sua idade? _________

Nacionalidade: questão aberta, na qual o respondente escreve qual a sua

nacionalidade.

· Qual a sua nacionalidade? ______________

Instituição de ensino: questão aberta, em que o respondente indica o nome da

instituição em que estuda e sua localização.

· Qual o nome da sua universidade / faculdade? _______________

· Onde é situada sua universidade / faculdade? ________________

A operacionalização das dimensões situação política, cultura, segurança e pontos

turísticos se deram por meio de questões com escala intervalar de sete pontos (escala

Likert), em que os pesquisados avaliam cada pergunta com uma nota de um a sete, de

acordo com seu grau de concordância. Foram elaboradas 26 questões de escala, que se

dividem entre as quatro dimensões analisadas, e todas possuindo o mesmo sentido, de

que quanto mais próxima de sete for a resposta, mais positiva é a avaliação sobre a

imagem do Brasil. O número de categorias escolhido foi sete por ser, de acordo com

Malhotra (2012), o número apropriado que as diretrizes tradicionais sugerem.

A experiência com o país foi analisada com uma pergunta com escala intervalar de

um a sete (escala Likert), em que o respondente seleciona qual o nível dele de

experiência anterior com o Brasil; e sete perguntas dicotômicas, em que ele seleciona

“sim” ou “não” para questões de experiência com o Brasil, sendo elas: visitar o Brasil,

contato direto com brasileiro no Brasil, contato direto com brasileiro fora do Brasil,

possuir amigo brasileiro, ter lido notícias sobre o Brasil, ter estudado sobre o Brasil, e

ter assistido filme brasileiro ou sobre o Brasil.

Os Quadros 2, 3, 4 e 5 mostram as questões e a escala utilizadas para mensurar os

itens da dimensão de imagem, pontos turísticos, cultura, segurança e situação politica,

respectivamente.

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63

Quadro 2 - Operacionalização da dimensão pontos turísticos da imagem do país

Discordo Totalmente

Concordo Totalmente

A beleza natural do Brasil é de tirar o fôlego 1 2 3 4 5 6 7

O Brasil possui pontos turísticos interessantes 1 2 3 4 5 6 7

Eu gostaria de visitar o Brasil 1 2 3 4 5 6 7

Quem visita o Brasil tem que ir ao Rio de Janeiro 1 2 3 4 5 6 7

Os pontos turísticos do Brasil seriam relevantes ao se considerar ir ao país para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

Vale a pena ficar mais dias no Brasil para visitar os pontos turísticos

1 2 3 4 5 6 7

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64

Quadro 3 - Operacionalização da dimensão cultura da imagem do país

Discordo

Totalmente

Concordo

Totalmente

Eu possuo uma imagem positiva do Brasil como um destino turístico

1 2 3 4 5 6 7

A cultura do Brasil me deixa animado 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro possui a cultura de festejar e beber

1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro é amigável e receptivo 1 2 3 4 5 6 7

A cultura brasileira instiga apreço 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro é trabalhador 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro é confiável 1 2 3 4 5 6 7

A cultura do Brasil incentiva ir ao país para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

O Brasil ser a sede de um grande evento da um aspecto positivo ao evento

1 2 3 4 5 6 7

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65

Quadro 4 - Operacionalização da dimensão segurança da imagem do país

Discordo

Totalmente

Concordo

Totalmente

O Brasil é um país seguro 1 2 3 4 5 6 7

O Brasil aumenta a segurança durante grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

Os turistas podem se sentir seguros nos estabelecimentos de grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

Os turistas podem se sentir seguros em pontos turísticos

1 2 3 4 5 6 7

A frequência de roubos e assaltos no Brasil é baixa 1 2 3 4 5 6 7

A segurança é um fator significante ao se decidir ir ao Brasil para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

Quadro 5 - Operacionalização da dimensão situação politica da imagem do país

Discordo

Totalmente

Concordo

Totalmente

O Brasil possui uma situação politica estável 1 2 3 4 5 6 7

Os políticos do Brasil são honestos 1 2 3 4 5 6 7

Todo dinheiro destinado `a construção de estruturas para sediar eventos é bem utilizado para

esse fim

1 2 3 4 5 6 7

A situação politica do Brasil não influencia o país ser a sede de grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

A situação politica do Brasil me deixa confiante de que o país possui a capacidade de sediar um

evento

1 2 3 4 5 6 7

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O quadro 6 mostra as questões que foram utilizadas para mensurar a variável

experiência com o país.

Quadro 6 - Operacionalização da variável experiência anterior com o Brasil

Nenhuma experiência com o

Brasil

Muita experiência com

o Brasil De acordo com a escala, qual o seu nível de

experiência anterior com o Brasil? 1 2 3 4 5 6 7

Eu já visitei o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Já tive contato direto com brasileiro em visita ao Brasil

( ) Sim ( ) Não

Já tive contato com brasileiro fora do Brasil ( ) Sim ( ) Não

Eu possuo amigo brasileiro ( ) Sim ( ) Não

Eu já li notícias sobre o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Eu já estudei sobre o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Eu já assisti filmes brasileiros ou filmes sobre o Brasil

( ) Sim ( ) Não

No Apêndice B está apresentado o questionário em português completo, e no

Apêndice C está apresentado o questionário completo em francês, que foi o

questionário de fato empregado para coletar os dados da pesquisa. Cabe ressaltar aqui,

que o questionário foi submetido a um pré-teste com alguns franceses, a fim de

eliminar possíveis problemas, como tipo de questão, o sentido das questões, o

vocabulário e o entendimento da mensagem das frases pelos franceses.

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67

3.5.2 Forma de coleta de dados

Dentre diversas formas de aplicação de questionários, a aplicação de pesquisa de

campo selecionada foi a coleta via questionário auto administrado na forma

eletrônica, em razão da praticidade do método e baixo custo. Existem as vantagens de

as respostas serem obtidas em poucos dias e de as respostas marcadas pelos

respondentes serem enviadas diretamente para uma base de dados (MALHOTRA,

2006).

O questionário foi elaborado no Google Docs e disponibilizado aos estudantes

franceses por meio de um link.

O link < https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSco8F9uCbrpAdxGf5-

OI7J0RJcrudQaCLZF9JfS_bS447Woww/viewform > foi enviado aos estudantes

franceses pelo Facebook, junto com um convite e pedido para que eles participassem

da pesquisa. A mensagem elaborada para o convite foi:

Querido estudante, você está convidado a participar de uma pesquisa sobre a

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos. Você será questionado a avaliar

fatores da imagem do Brasil como um destino, mais especificamente, fatores do

Brasil como a sede de um grande evento. Exemplos de grandes eventos são a Copa

do Mundo e as Olimpíadas. Essa é uma pesquisa para um trabalho de conclusão de

curso de uma aluna da graduação da Universidade de São Paulo. Muito obrigada

pela gentileza de responder as questões da pesquisa, que levarão menos de 10

minutos.

Para participar, clique no link abaixo, por favor:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSco8F9uCbrpAdxGf5-OI7J0RJcrudQaCLZF9JfS_bS447Woww/viewform

E a mensagem em francês colocada nos grupos de instituições francesas no Facebook

e enviada individualmente para alguns estudantes foi:

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Cher étudiant, vous êtes invité à répondre à un sondage sur (à propos de) l'image du

Brésil en tant que siège de grands événements tels que la Coupe du Monde et les Jeux

Olympiques par exemple. Il s’agit d’une recherche pour un travail de fin d’études

d’une étudiante en gestion de l’université de São Paulo, au Brésil. Nous vous

remercions de répondre à ces quelques questions qui ne vous prendront pas plus de

10 minutes de votre temps.

Pour participer, s'il vous plaît cliquer sur le lien ci-dessous:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSco8F9uCbrpAdxGf5-OI7J0RJcrudQaCLZF9JfS_bS447Woww/viewform

3.5.3 Plano de análise dos dados

O plano de análise dos dados para que os objetivos da pesquisa fossem atendidos, foi

a realização de uma análise estatística. De acordo com o objetivo de verificar qual é a

imagem que a amostra de franceses possui do Brasil enquanto sede de um grande

evento, foi realizada uma análise fatorial exploratória.

Segundo Malhotra (2012), a análise fatorial é uma classe de procedimentos utilizada

geralmente para redução e resumo de dados. Estudando-se relações entre variáveis

inter-relacionadas e representando-as em termos de alguns fatores subjacentes;

podendo na pesquisa de marketing, essas variáveis serem reduzidas de inúmeras a um

nível gerenciável.

Tendo inúmeras aplicações na pesquisa de marketing, a análise fatorial exploratória,

pode ser utilizada para medir a imagem de um estabelecimento, pedindo para que os

entrevistados o avaliem segundo uma série de itens em uma escala, por exemplo

(MALHOTRA, 2012). Sendo semelhante ao objetivo dessa pesquisa, de que a

amostra de franceses avaliasse a imagem do Brasil enquanto sede de um grande

evento por meio de um questionário com perguntas a serem respondidas em uma

escala Likert.

A análise fatorial exploratória aplicou-se nas variáveis de dimensão da imagem do

Brasil, definidas nesse estudo por situação política, cultura, segurança e pontos

turísticos, buscando a redução dos dados. Com o objetivo de verificar se as variáveis

de dimensão de imagem do Brasil propostas inicialmente nesse estudo são

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69

participantes da formação da imagem do país pela amostra de franceses, e se são bem

representadas e explicadas.

A próxima análise, refere-se à uma comparação de médias, na qual uma média de

cada fator foi feita com base nas médias de cada questão que o compõem. Sendo

assim, cada fator possui uma média, e a partir delas pode-se dizer qual foi o fator mais

relevante na avaliação da imagem do Brasil, para cada respondente e se no geral os

franceses respondentes possuem uma imagem positiva ou negativa do país enquanto

sede de grandes eventos. As médias foram utilizadas em seguida como uma

simplificação para as análises referentes às comparações entre gênero e experiência

anterior com o Brasil.

Posteriormente, para a comparação entre os gêneros masculino e feminino, de acordo

com o objetivo de verificar se as dimensões resultantes da análise fatorial são

avaliadas mais positivamente pelas mulheres, ou seja, se a média dos fatores foi maior

para o sexo feminino, foi utilizada a função slit files para que os fatores fossem

separados de acordo com suas médias, em função do gênero do respondente. E dessa

forma, conseguir identificar se as mulheres tiveram uma avaliação do Brasil mais

positiva do que os homens, ou não.

A comparação em relação à experiência anterior com o Brasil, também se utilizou das

médias para classificação e da função split files para a divisão das respostas em dois

grupos, de acordo com o nível de experiência. De acordo com um critério de divisão,

baseado nas respostas da amostra para as questões de experiência anterior,

classificou-se os respondentes em alta ou baixa experiência com o país; e de acordo

com as médias dos fatores apresentadas para cada grupo, identificou-se se as pessoas

com alta experiência com o Brasil avaliaram mais positivamente a imagem do país

que as pessoas com baixa experiência, ou não.

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4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO

O presente tópico apresenta os resultados da pesquisa de campo. Inicialmente, é feita

uma análise da amostra utilizada, de forma a caracterizar os respondentes da pesquisa.

Em seguida, são mostradas as análises necessárias à verificação das hipóteses do

estudo e alcance dos objetivos propostos.

4.1 PERFIL DA AMOSTRA

A amostra é composta por 107 respondentes. O questionário possuía uma trava que

não permitia o envio sem que todas as respostas estivessem preenchidas, assim, as

107 respostas utilizadas para as análises são completas e válidas.

Realizou-se um filtro inicial, excluindo respostas de pessoas que não se encaixavam

na amostra desejada, como as de outra nacionalidade, ou seja, não francesas. Isso

ocorreu, visto que o questionário foi publicado em grupos no Facebook de instituições

francesas, mas que não possuem somente membros franceses, podendo algum

estudante de outra nacionalidade responder o questionário sem ter se atentado de que

era somente aplicado à estudantes franceses. Com esse filtro, foram eliminadas 10

respostas, resultando por fim, nas 107 respostas utilizadas.

Com relação ao perfil da amostra, a média de idade é de 22 anos, sendo a faixa etária

presente entre os respondentes de 17 a 25 anos. A maioria dos pesquisados é do

gênero feminino, sendo 54,7% mulheres e 45,3% homens. A nacionalidade de todos

os participantes é francesa e todos são estudantes de universidade / faculdade.

4.2 ANÁLISE FATORIAL NAS QUESTÕES SOBRE IMAGEM DO BRASIL

A análise fatorial aplicada nas questões de escala intervalar a respeito das dimensões

de imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, possui como alvo o

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atingimento do seguinte objetivo da pesquisa: identificar quais são as dimensões que

compõem a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos.

Cabe ressaltar aqui, que a análise fatorial do trabalho foi realizada no software

estatístico SPSS. A primeira rodada da análise fatorial, sem que nada fosse

estabelecido ou forçado, apresentou 6 fatores de acordo com a matriz rotacionada,.

Possuindo duas variáveis com valores menores que 0,5 na matriz de comunalidades,

sendo elas “O Brasil possui pontos turísticos interessantes” e “Os pontos turísticos do

Brasil seriam relevantes ao se considerar ir ao país para um grande evento”. Realizou-

se então uma segunda rodada da análise fatorial sem as duas variáveis apontadas.

A segunda rodada apresentou então 6 fatores, com todas as variáveis com valores

acima de 0,5 na matriz de comunalidades. Possuindo uma variância total explicada de

66,04%, um KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) de 0,806 e sendo estatisticamente

significante.

De acordo com Hair et al. (2009), alguns parâmetros devem ser observados para que

uma análise seja validada. O valor do KMO, para ser admirável precisa ser maior ou

igual a 0,8; se for maior ou igual a 0,7 é mediano, menor que 0,5 não é aceitável e

entre esses dois valores são resultados ruins. No caso da significância, para que o teste

seja estatisticamente significante, ela precisa ser menor do que 0,5. Ainda segundo os

autores, a decisão sobre o número de fatores a serem mantidos na análise, deve-se à

quantidade ser suficiente para o atendimento de uma variância explicada de 60% ou

mais. Como também, no quesito das variáveis, deve-se manter as que possuem

comunalidades maiores que 0,5.

Foi realizada em seguida, uma terceira rodada forçando o aparecimento de 4 fatores,

para poder observar se as variáveis se comportariam entre os 4 fatores de modo que

representassem as quatro dimensões (situação política, pontos turísticos, segurança e

cultura) propostas para análise da imagem do Brasil no trabalho, de acordo com os

autores analisados. Isso não aconteceu e não houve uma boa distribuição das variáveis

entre os fatores; assim como na análise fatorial com 6 fatores, as variáveis ficaram

muito misturadas entre os fatores, não resultando em fatores coesos. A variância total

explicada não foi muito relevante, com um valor de 62,8%. O KMO apresentou valor

de 0,806 e o teste se mostrou estatisticamente significante, sendo esses valores

ótimos.

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Apesar de os resultados numéricos das análises fatoriais com 6 e 4 fatores terem sido

bons, realizou-se uma quarta rodada, forçando o aparecimento de 5 fatores, para

observação dos resultados. Feito o teste, observou-se que 6 variáveis possuíam

valores menores que 0,5 na matriz de comunalidades, sendo elas “O Brasil ser a sede

de um grande evento da um aspecto positivo ao evento”, “Quem visita o Brasil tem

que ir ao Rio de Janeiro”, “O povo brasileiro possui a cultura de festejar e beber”, “O

Brasil possui uma situação política estável”, “O Brasil possui pontos turísticos

interessantes” e “Os pontos turísticos do Brasil seriam relevantes ao se considerar ir

ao país para um grande evento”. Em seguida, rodou-se novamente a análise fatorial no

SPSS sem essas variáveis.

Os resultados dessa quinta rodada foram avaliados como os mais significativos e com

os fatores melhores explicados, sendo essa a análise fatorial escolhida para ser

utilizada no presente trabalho. A seguir, são apresentados os resultados e suas

interpretações.

A tabela 1 apresenta o índice KMO e a significância encontrados na análise. O KMO

quantifica o grau de intercorrelação entre as variáveis e a adequação da análise

fatorial, sendo que quanto mais perto de 1, mais perfeita é a previsão sem erro de uma

variável pelas outras (HAIR et al., 2009). Dessa forma, a análise apresenta um KMO

de 0,808, sendo classificado como ótimo e é considerada estatisticamente significante,

sendo também classificada como excelente, segundo os autores Hair et al. (2009).

Tabela 1 - Teste de Esfericidade de Bartlett e KMO para as questões de imagem

do Brasil

KMO and Bartlett's Test Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

,808

Bartlett's Test of Sphericity Approx. Chi-Square

1011,381

df 190 Sig. ,000

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73

Foram obtidos 5 fatores, que juntos explicam 67,08% da variância total dos

elementos, conforme mostra a Tabela 2. Sendo um resultado satisfatório segundo Hair

et al. (2009), que diz que o valor da variância explicada deve ser maior ou igual a

60%. Os demais fatores não são considerados na análise por possuírem eigenvalues

abaixo de 1, e de acordo com Hair et al. (2009), fatores devem ser mantidos quando

possuírem autovalor maior do que 1.

Tabela 2 - Variância total explicada pelos fatores

Component Initial Eigenvalues

Total

% of Variance

Cumulative %

1 6,289 31,447 31,447 2 3,024 15,121 46,567 3 1,610 8,052 54,619 4 1,349 6,746 61,366 5 1,143 5,717 67,083 6 ,840 4,199 71,282 7 ,710 3,548 74,830 8 ,648 3,242 78,072 9 ,612 3,059 81,132 10 ,572 2,860 83,992 11 ,528 2,642 86,633 12 ,458 2,289 88,922 13 ,439 2,196 91,118 14 ,380 1,898 93,016 15 ,324 1,619 94,635 16 ,279 1,393 96,028 17 ,244 1,219 97,246 18 ,199 ,997 98,243 19 ,186 ,930 99,173 20 ,165 ,827 100,000

A Tabela 3 apresenta os fatores resultantes da análise, bem como as variáveis que os

compõem. Para a decisão de a que fator cada variável pertence, deve-se identificar a

maior carga que a variável possui (em valor absoluto), sendo a variável pertencente ao

fator para o qual ela possuir maior carga (HAIR et al., 2009). Os valores de cargas de

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fatores inferiores a 0,2 foram omitidos da tabela, com o intuito de não dificultar a

leitura.

Tabela 3 - Matriz de componentes rotacionada

Rotated Component Matrixa

1 2 3 4 5 A beleza natural do Brasil é de tirar o fôlego

,818

Vale a pena ficar mais dias no Brasil para visitar os pontos turísticos

,269 ,810

Os turistas podem se sentir seguros nos estabelecimentos de grandes eventos

,212 ,755 ,252

Os políticos do Brasil são honestos ,789 -,218

O povo brasileiro é amigável e receptivo ,334 ,499 ,449

O Brasil é um país seguro ,335 ,377 ,530 ,376

A cultura do Brasil me deixa animado ,696 ,457

Eu gostaria de visitar o Brasil ,696 ,469

Os turistas podem se sentir seguros em pontos turísticos ,312 ,763

O povo brasileiro é confiável ,764 ,231

A situação politica do Brasil me deixa confiante de que o país possui a capacidade de sediar um evento

,225 ,701 ,243

A frequência de roubos e assaltos no Brasil é baixa ,377 ,491 ,384

O povo brasileiro é trabalhador ,813

Eu possuo uma imagem positiva do Brasil como um destino turístico ,728 ,299

A segurança é um fator significante ao se decidir ir ao Brasil para um grande evento

,228 -,695 ,205

Todo dinheiro destinado `a construção de estruturas para sediar eventos é bem utilizado para esse fim

,767

A cultura brasileira instiga apreço ,665 ,395

O Brasil aumenta a segurança durante grandes eventos ,636 ,337 ,342

A cultura do Brasil incentiva ir ao país para um grande evento ,785

A situação politica do Brasil não influencia o país ser a sede de grandes eventos

,700 ,246

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Uma vez considerada a solução rotacionada com 5 fatores, deve-se realizar a

interpretação desses fatores.

O Fator 1 é composto por sentenças pertencentes à três dimensões da imagem do

Brasil enquanto sede de grandes eventos propostas inicialmente, cultura, pontos

turísticos e segurança; e explica 31,4% da variância total dos elementos. Suas

sentenças são: “A cultura do Brasil incentiva ir ao país para um grande evento”, “O

Brasil aumenta a segurança durante grandes eventos”, “A cultura brasileira instiga

apreço”, “Eu possuo uma imagem positiva do Brasil como um destino turístico”, “Eu

gostaria de visitar o Brasil” e “A cultura do Brasil me deixa animado”. Observa-se,

que o Fator 1 possui variáveis que são geralmente aplicadas à imagem do Brasil, visto

que a cultura, os pontos turísticos e a segurança do país são assuntos muito

recorrentes nos meios em que se fala sobre ele, e elementos que normalmente

compõem a imagem que as pessoas possuem dele; podendo então, ser nomeado como

“Visão Generalista” do país.

De acordo com Tomlinson, Bass e Basset (2011), um dos estereótipos que retratam o

Brasil é o de um país com violência e lutas contínuas entre o crime organizado e a

polícia; porém, ainda segundo os autores, em meio à essa violência, o Brasil sediou

com sucesso os Jogos Pan Americanos de 2007. Podendo ser um indício de que o país

se preocupa com a segurança dos turistas e busca reforçá-la durante grandes eventos.

Segundo a pesquisa de Melo e Mataruna (2016), alguns dos estereótipos mencionados

em relação ao Brasil pelos pesquisados foram cultura, natureza, Cristo Redentor,

praias, futebol, carnaval e samba, enfatizando que elementos da cultura brasileira e

seus pontos turísticos fazem parte da imagem do país.

O Fator 2 explica 15,1% da variância total dos dados e é composto somente por

variáveis pertencentes à situação política, uma das dimensões de imagem propostas.

Suas sentenças são: “Os políticos do Brasil são honestos”, “A situação política do

Brasil me deixa confiante de que o país possui a capacidade para sediar um evento”,

“Todo dinheiro destinado à construção de estruturas para sediar eventos é bem

utilizado para esse fim” e “A situação política do Brasil não influencia o país ser a

sede de grandes eventos”. Podendo dessa, forma receber o nome da dimensão que foi

proposta nesse estudo como participante da imagem do Brasil, “Situação Política” do

país.

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Os autores Roth e Diamantopoulos (2009) definem em uma de suas categorias, a

imagem de país como um constructo genérico de imagens criado não só por produtos

representativos, mas também pela maturidade política e nível da economia do país.

Na mesma linha, Bhaskaran e Sukumaran (2006) dizem que crenças como economia

do país e maturidade política podem gerar respostas perceptuais, atitudinais e

comportamentais por parte dos consumidores. Como também, as destinações são

vulneráveis a alguns riscos, como agitação política, que podem afetar as avaliações

sobre elas (NADEAU; HESLOP; O´REILLY; LUK, 2008). Mostrando assim, a

relevância do fator situação política do país para sua avaliação como destinação

turística e sede de um grande evento.

O Fator 3 explica 8,05% da variabilidade total dos elementos analisados e é composto

por variáveis pertencentes à dimensão segurança apenas, com as sentenças: “Os

turistas podem se sentir seguros nos estabelecimentos de grandes eventos”, “O Brasil

é um país seguro”, “Os turistas podem se sentir seguros em pontos turísticos”, “A

frequência de roubos e assaltos no Brasil é baixa” e “A segurança é um fator

significante ao se decidir ir ao Brasil para um grande evento”.

De acordo com Gibson, Qi e Zhang (2008), estudiosos possuem um consenso de que

proteção e segurança são pré-requisitos para fluxos consistentes de turistas e comércio

em geral durante eventos. E em busca de uma imagem positiva de destinação, como

também um aumento da visitação, países devem buscar implementar dimensões de

imagem de destino, como segurança e conveniência ou ambiente familiar. Na

pesquisa de Melo e Mataruna (2016), alguns dos entrevistados mencionaram crime

como uma palavra relacionada ao Brasil. E ainda segundo os autores, a intenção de

visitar o país durante os Jogos Olímpicos de 2016 também pode estar relacionada a

aspectos como segurança e infraestrutura. Levando assim, a nomeação do Fator 3 de

“Segurança” do país, visto sua importância na realização de eventos e na avaliação de

uma destinação turística, como também na formação da imagem do Brasil.

O Fator 4 explica 6,7% da variância total dos dados e compõem-se pelas sentenças “O

povo brasileiro é amigável e receptivo”, “O povo brasileiro é confiável” e “O povo

brasileiro é trabalhador”. Sendo todas as sentenças pertencentes à dimensão cultura da

imagem do Brasil proposta no estudo e podendo assim levar o nome da dimensão, o

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Fator 4 é nomeado de “Cultura” do país. Visto que a cultura de um país é formada

também pelas características e hábitos das pessoas que nele vivem.

Retomando mais uma vez a definição de imagem global de país de Roth e

Diamantopoulos (2009), o constructo genérico de imagem criado é composto, dentre

outros fatores, pelas tradições e cultura do país. Como também, Verlegh, Althuijzen e

Vroegh (1999) definem que a cultura de um país pode se tornar uma crença para a

formação de seu estereótipo. Os autores Balabanis, Mueller e Melewar (2002),

também pontuam que alguns dos antecedentes de imagem de país de origem são

cultura e valores humanos. Do mesmo modo, o contexto PEST (político, econômico,

sociocultural e tecnológico) de um país, tem papel central como influência de

antecedentes e moderadores, influenciando a imagem de país e a exibição de

informações do país (DURAND, 2016). Especificamente na área de turismo

desportivo, em relação a sediar um megaevento, imagens gerais da destinação

relacionadas à cultura e pessoas são parte do processo de prever as intenções de

frequentar os Jogos (GIBSON; QI; ZHANG, 2008). Dessa forma, mostra-se a

relevância do fator cultura na construção de imagem de país e do país como uma

destinação turística.

O Fator 5 explica 5,7% da variabilidade total dos elementos analisados e possui como

variáveis “A beleza natural do Brasil é de tirar o folego” e “Vale a pena ficar mais

dias no Brasil para visitar os pontos turísticos”. Sendo composto somente por

variáveis da dimensão pontos turísticos, o Fator 5 leva o nome de “Pontos Turísticos”

do país.

Pontos turísticos mostra-se uma dimensão relevante na decisão de destinações por

turistas e na imagem de destinos, sendo alguns segmentos de imagem considerados

por turistas: atmosfera, cenário e atrações naturais (LEE et al., 2005). E alguns dos

estereótipos em relação ao Brasil mencionados pelos respondentes em pesquisa

foram, relacionados à natureza, cidades e esporte, como Rio de Janeiro, São Paulo,

Cristo Redentor, Copa Cabana, rio Amazonas, praias, paraíso, sol e floresta tropical

(MELO; MATARUNA, 2016).

Após a realização da análise fatorial exploratória, pode-se cumprir com um dos

objetivos do trabalho, o de identificar quais são as dimensões que compõem a imagem

do Brasil enquanto sede de grandes eventos, ao verificar a hipótese a seguir:

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- Hipótese 2: A imagem do Brasil é composta pelas dimensões situação política,

segurança, cultura e pontos turísticos

Conforme a análise realizada, as dimensões de imagem do Brasil propostas de acordo

com os fatores resultantes foram: “Visão Generalista”, “Situação Política”,

“Segurança”, “Cultura” e “Pontos Turísticos”. Assim, as quatro dimensões sugeridas

a principio pelo estudo puderam ser identificadas com a análise e outra dimensão

também surgiu, sendo uma dimensão que engloba pontos que geralmente são

relacionados ao Brasil e variáveis que levam a uma interpretação mais global do país,

não entrando especificamente em um quesito em especial da formação da imagem. A

nova dimensão, não interfere desse modo, nas dimensões propostas pelo estudo, de

forma que, a análise fatorial apontou as dimensões de imagem pontuais relacionadas

com características específicas do Brasil e mais uma dimensão que mostra variáveis

que compõem uma possível visão que a amostra possui do país.

Pode-se dizer que as dimensões de imagem do Brasil enquanto sede de grandes

eventos resultantes da análise fatorial foram então, situação política, segurança,

cultura, pontos turísticos e uma visão geral do país baseada em estereótipos e

informações normalmente relacionados ao Brasil.

Verificou-se, portanto, que as quatro dimensões de imagem do Brasil enquanto sede

de grandes eventos hipotetizadas foram identificadas; como também, o surgimento de

uma nova dimensão generalista de imagem do país. Confirmando parcialmente a

Hipótese 2 e concluindo, de uma forma geral, que houve uma similaridade entre as

dimensões de imagem de país derivadas da amostra utilizada e aquelas identificadas

nas teorias de imagem de país apresentadas na revisão da literatura, demonstrando um

suporte teórico para os resultados empíricos do trabalho.

O próximo tópico relata a outra análise realizada no presente trabalho.

4.2 COMPARAÇÃO DE MÉDIAS

Feita a análise fatorial, utilizou-se os fatores resultantes para realizar uma segunda

análise do estudo. As comparações das médias das dimensões resultantes entre si, e

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entre gêneros e nível de experiência anterior com o país são utilizadas para observar

quais dimensões foram melhor avaliadas pelos respondentes, como também se

existem diferenças de avaliação de acordo com o gênero e a experiência com o Brasil.

Sendo essas análises utilizadas para cumprir com os demais objetivos da pesquisa.

4.2.1 Comparação entre as dimensões

A comparação entre as médias dos 5 fatores existentes foi efetuada com vista a

alcançar os seguintes objetivos:

- Identificar a imagem que os franceses possuem do Brasil enquanto um país sede de

um grande evento

- Verificar qual a dimensão componente da imagem do Brasil melhor apreciada na

avaliação da imagem do país como sede de grandes eventos

Inicialmente, foi feita uma média entre as sentenças componentes de cada fator em

cada uma das respostas do questionário, de modo que fosse criada uma média para

cada um dos 5 fatores em cada resposta da amostra. Ou seja, as variáveis foram

criadas com base na média das respostas que compõem cada sentença referente à

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos. Realizou-se então, uma análise

descritiva de comparação de médias com o software estatístico SPSS, resultando nas

médias de cada dimensão de imagem do Brasil apresentadas na Tabela 4.

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Tabela 4 - Análise descritiva de comparação de médias

Descriptive Statistics

N Range Minimum Maximum Sum Mean Std.

Deviation Variance

Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Std.

Error Statistic Statistic Pontos Turísticos 107 5,50 1,50 7,00 615,50 5,7523 ,09630 ,99616 ,992

Visão Generalista 107 4,67 2,33 7,00 601,83 5,6246 ,08742 ,90425 ,818 Cultura 107 4,67 2,00 6,67 505,67 4,7259 ,09262 ,95804 ,918 Segurança 107 3,40 2,20 5,60 416,80 3,8953 ,07499 ,77574 ,602 Situação Política 107 5,25 1,00 6,25 328,50 3,0701 ,10008 1,03523 1,072 Valid N (listwise)

107

Ao analisar a Tabela 4, que apresenta uma ordenação descendente das médias das

dimensões de imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, pode-se verificar

que a dimensão melhor avaliada pelos respondentes foi “Pontos Turísticos”, com uma

média de 5,75. Esse resultado não é muito de se surpreender, visto que os pontos

turísticos brasileiros são uma grande referência internacional e atração de diversos

turistas, dada a beleza natural do país e sua exuberância. Sendo o Brasil, o destino

mais visitado da América do Sul, e ocupando o 28º lugar no ranking mundial, de

acordo com Índice de Competitividade em Viagens e Turismo de 2015 do Fórum

Econômico Mundial; que analisa 141 países para avaliar o potencial de gerar

benefícios econômicos e sociais através do turismo (CASAS, 2015).

De acordo com Nadeau, Heslop, O´Reilly e Luk (2008), atributos estudados em

pesquisas de imagem são crenças sobre o ambiente natural, atrações naturais, cenário,

clima, avaliações da destinação como excitante e emocionante, e avaliação global. E

alguns dos estereótipos em relação ao Brasil, mencionados pelos respondentes em

pesquisa foram, relacionados a cidades, natureza e esporte, como Rio de Janeiro, São

Paulo, Cristo Redentor, Copa Cabana, rio Amazonas, praias, paraíso, sol e floresta

tropical (MELO; MATARUNA, 2016).

Dessa forma, é possível verificar a hipótese a seguir:

- Hipótese 3: A dimensão pontos turísticos é a dimensão melhor apreciada na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

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A Hipótese 3 previa que a dimensão pontos turísticos fosse a melhor apreciada pela

amostra na avaliação da imagem do Brasil, e de acordo com a comparação de médias

realizada, foi possível observar que a dimensão “Pontos Turísticos” obteve uma

avaliação mais positiva por parte dos respondentes do que as demais, podendo assim,

confirmar a hipótese. Sendo que, quanto mais perto de sete for a nota de um fator,

mais positivamente ele foi avaliado pelos franceses.

Analisando ainda a Tabela 4, é possível identificar a imagem que os franceses

possuem do Brasil enquanto sede de um grande evento, em relação a ser uma imagem

mais positiva ou negativa, de acordo com uma média geral para o país (lembrando

que a escala Likert utilizada vai de 1 a 7). Observando-se as médias das 5 dimensões,

é possível constatar que apenas a dimensão “Situação Política” não possui uma média

acima da média da escala (3,5), mas ficando próxima disso, com o valor de 3,07. As

demais médias são “Pontos Turísticos” com 5,75, “Visão Generalista” com 5,62,

“Cultura” com 4,72 e “Segurança” com 3,89.

Assim, calculando uma média geral das dimensões da imagem do Brasil enquanto

sede de grandes eventos, se encontra o valor de 4,6. Podendo cumprir com outro

objetivo do trabalho, ao verificar a hipótese abaixo:

- Hipótese 1: Os franceses possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto um país

sede de um grande evento

A Hipótese 1 previa que os franceses teriam uma imagem positiva do Brasil enquanto

sede de grandes eventos, e com uma média geral de 4,6 essa hipótese pode ser

confirmada. Não chega a ser uma grande média positiva de apreciação do país, mas

sendo acima de 3,5, ela é considerada como uma avaliação positiva por parte da

amostra. E desse modo, pode-se dizer que os franceses respondentes possuem uma

imagem positiva do Brasil enquanto sede de grandes eventos.

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4.2.2 Comparação por gênero

Outra verificação a ser realizada nesse trabalho diz respeito à influência do gênero na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, cumprindo com

mais um dos objetivos estabelecidos, apresentado a seguir:

- Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

A análise em relação à experiência anterior com o Brasil será apresentada no próximo

tópico.

Para verificar se a influência do gênero existe, utilizaram-se as médias resultantes da

análise descritiva de comparação de médias e a função split files do software

estatístico SPSS. Primeiramente, transformou-se as variáveis nominais de gênero,

“masculino” e “feminino”, em variáveis dicotômicas, sendo designado 1 para

feminino e 0 para masculino. Em seguida, pediu-se para que a amostra fosse dividia

por sexo e que com a função split files fossem comparadas as médias das dimensões

entre os gêneros. Sendo a média de cada dimensão de imagem do Brasil apresentada

de acordo com o gênero do respondente, e dessa forma, a amostra dividida entre

pessoas do gênero feminino e pessoas do gênero masculino, juntamente com sua

média de avaliação do Brasil enquanto sede de grandes eventos. Conforme mostra a

Tabela 5.

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Tabela 5 - Resumo da função split files por gênero

Descriptive Statistics

SEX

N Range Minimum Maximum Sum Mean Std.

Deviation Variance

Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Std. Error Statistic Statistic

Masculino Visão Generalista 49 4,67 2,33 7,00 270,50 5,5204 ,13307 ,93147 ,868 Pontos Turísticos 49 5,50 1,50 7,00 272,50 5,5612 ,14985 1,04897 1,100

Cultura 49 4,67 2,00 6,67 232,67 4,7483 ,14500 1,01500 1,030

Segurança 49 3,40 2,20 5,60 193,80 3,9551 ,10470 ,73288 ,537

Situação Política 49 5,25 1,00 6,25 149,25 3,0459 ,15023 1,05163 1,106

Valid N (listwise) 49

Feminino

Visão Generalista 58 3,67 3,33 7,00 331,33 5,7126 ,11542 ,87904 ,773 Pontos Turísticos 58 3,50 3,50 7,00 343,00 5,9138 ,12183 ,92782 ,861

Cultura 58 4,33 2,00 6,33 273,00 4,7069 ,12024 ,91570 ,839

Segurança 58 3,40 2,20 5,60 223,00 3,8448 ,10676 ,81309 ,661

Situação Política 58 4,00 1,25 5,25 179,25 3,0905 ,13524 1,02992 1,061

Valid N (listwise) 58

Analisando a Tabela 5, pode se observar que as médias de três dimensões são maiores

para o gênero feminino, tratando-se das médias resultantes das avaliações das

mulheres para “Visão Generalista” (5,71), “Pontos Turísticos” (5,91) e “Situação

Política” (3,09). Enquanto que para os homens, as dimensões “Cultura” e

“Segurança” apresentaram médias mais altas, com 4,74 e 3,95 respectivamente.

Porém, nota-se que as diferenças entre as médias das 5 dimensões, em relação aos

gêneros, não são muito significativas, estando muito próximas as avaliações dadas por

homens e mulheres.

Com isso, pode ser calculada uma média geral de avaliação da imagem do Brasil

enquanto sede de grandes eventos para o gênero feminino e para o gênero masculino,

de acordo com uma média das médias das dimensões. Apresentando uma média geral

de 4,65 para as mulheres e uma média geral de 4,56 para os homens, mostrando que

as médias gerais de avaliação da imagem do país são muito semelhantes para os dois

sexos. Uma vez realizada essa análise, é possível verificar a hipótese apresentada a

seguir:

- Hipótese 4: As pessoas do sexo feminino, avaliam a imagem do Brasil enquanto

sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas do sexo masculino

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Essa hipótese previa que as mulheres avaliariam a imagem do Brasil de forma mais

positiva do que os homens. Ao se considerar o resultado da análise de comparação da

média geral dos dois gêneros para a avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de

grandes eventos, pode ser observado que essa diferença de fato existe, que as

mulheres avaliaram mais positivamente a imagem, mas que ela é de apenas 0,09.

Portanto, conclui-se que a Hipótese 4 não pode ser confirmada, mostrando a não

existência de um papel moderador do gênero na presente pesquisa, ou seja, homens e

mulheres avaliaram de forma praticamente igual e positiva a imagem do Brasil

enquanto sede de grandes eventos.

De acordo com a base de dados utilizada para o embasamento teórico do presente

estudo, não foram encontrados muitos estudos sobre a avaliação das diferenças entre

gêneros e se essa diferença de fato existe, como um papel moderador em avaliação de

imagem de destinos; indo assim, de encontro com o resultado estatístico aqui

apresentado, em que homens e mulheres avaliaram de forma semelhante a imagem do

Brasil enquanto sede de grandes eventos.

4.2.3 Comparação por nível de experiência anterior com o Brasil

Ainda cumprindo com o objetivo apresentado a seguir:

- Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Uma última análise foi realizada para que fosse verificada a influência da experiência

anterior com o Brasil na avaliação de sua imagem enquanto sede de grandes eventos.

Para verificar o nível de experiência com o país dos respondentes foram propostas

oito questões, uma de escala Likert de 1 a 7, em que o pesquisado selecionava o grau

de experiência com o país que ele possuía, e sete questões dicotômicas em que o

respondente apresentava ter ou não algumas experiências específicas com o país.

Para classificar os participantes da amostra em alta ou baixa experiência anterior com

o país, de acordo com suas respostas, foram estabelecidas as seguintes premissas: (1)

Na pergunta de escala Likert, se a nota for maior ou igual a quatro, foi designado o 1

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número para essa resposta, ficando 1 para alta experiência com o país e 0 para baixa

experiência. (2) Nas questões dicotômicas, foi designado 1 para respostas “Sim” e 0

para respostas “Não”, sendo as sentenças propostas para avaliação: ter visitado o

Brasil, possuído contato direto com brasileiro no Brasil, possuído contato direto com

brasileiro fora do Brasil, possuir amigo brasileiro, ter lido noticias sobre o Brasil, ter

estudado sobre o Brasil, e ter assistido filme brasileiro ou sobre o Brasil. Feito isso,

foi preciso dar uma classificação única para cada respondente, de modo que ele

possuísse alta ou baixa experiência anterior com o país. Essa classificação foi feita

com o somatório das respostas das oito questões propostas (a Likert e as dicotômicas),

sendo 1 para experiência e 0 para não experiência, de modo que se a soma total fosse

maior ou igual a quatro a pessoa seria classificada como de alta experiência, e caso

contrário, ela seria de baixa experiência.

Em seguida, utilizou-se novamente as médias resultantes da análise descritiva de

comparação de médias e a função split files do SPSS, pedindo para que a amostra

fosse classificada de acordo com a experiência e que fosse separada em dois grupos.

Resultando assim, em uma divisão da amostra de franceses de acordo com alta ou

baixa experiência anterior com o Brasil e apresentando médias para cada uma das 5

dimensões de imagem em cada grupo, como mostra a Tabela 6.

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Tabela 6 - Resumo da função split files por nível de experiência anterior com o

Brasil

Descriptive Statistics

Experiência

N Range Minimum Maximum Sum Mean Std.

Deviation Variance

Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Statistic Std. Error Statistic Statistic

Baixa Experiência

Visão Generalista 35 4,67 2,33 7,00 195,17 5,5762 ,16713 ,98878 ,978 Situação Política 35 5,00 1,25 6,25 102,00 2,9143 ,16745 ,99066 ,981

Segurança 35 2,80 2,60 5,40 130,60 3,7314 ,12433 ,73556 ,541

Cultura 35 4,33 2,00 6,33 165,67 4,7333 ,16330 ,96609 ,933

Pontos Turísticos 35 5,50 1,50 7,00 197,50 5,6429 ,19828 1,17305 1,376

Valid N (listwise) 35

Alta Experiência

Visão Generalista 72 3,67 3,33 7,00 406,67 5,6481 ,10212 ,86650 ,751 Situação Política 72 4,25 1,00 5,25 226,50 3,1458 ,12429 1,05463 1,112

Segurança 72 3,40 2,20 5,60 286,20 3,9750 ,09277 ,78718 ,620

Cultura 72 4,67 2,00 6,67 340,00 4,7222 ,11324 ,96089 ,923

Pontos Turísticos 72 3,50 3,50 7,00 418,00 5,8056 ,10631 ,90209 ,814

Valid N (listwise) 72

Analisando a Tabela 6, pode se observar que as diferenças entre as médias das

dimensões são bem pouco significativas entre os grupos de alta e baixa experiência.

Em todas as dimensões o grupo de alta experiência possui média minimamente maior,

com exceção de “Cultura”, em que a média do grupo de baixa experiência excede em

apenas 0,01. Com isso, efetua-se uma média geral para cada grupo, de forma a

classificar a avaliação da imagem do Brasil em cada um. A média geral do grupo com

baixa experiência foi de 4,52 e a do grupo com alta experiência de 4,66, sendo uma

diferença muito pequena entre os números e consequentemente uma avaliação da

imagem do Brasil muito semelhante. Com essa análise, é possível verificar a hipótese

apresentada a seguir:

- Hipótese 5: As pessoas que possuem maior experiência com o Brasil, avaliam a

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as

pessoas com menor experiência

De acordo com a hipótese, as pessoas que possuíssem maior experiência anterior com

o Brasil, teriam uma avaliação mais positiva da imagem do país enquanto sede de um

grande evento. Como visto nos números apresentados, a média de avaliação da

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imagem do Brasil pelos franceses com maior experiência, foi mais positiva do que a

dos com menor experiência, porém por uma diferença de 0,14. Levando, portanto, a

uma não confirmação da Hipótese 5, visto que, os franceses que possuem alta

experiência anterior com o Brasil avaliaram a imagem do país mais positivamente,

mas essa diferença de avaliação em relação aos que possuem baixa experiência com o

país não foi significativa.

A seguir, são apresentadas as conclusões do trabalho.

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5. CONCLUSÕES

O presente tópico apresenta as conclusões da pesquisa, obtidas a partir de uma análise

dos resultados que foram obtidos empiricamente, por meio do questionário aplicado e

das estatísticas realizadas, em relação à revisão literária e as hipóteses previstas.

Esse trabalho buscou investigar a avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de

grandes eventos por uma amostra de estudantes franceses. Dessa forma, o objetivo

geral do estudo foi definido como: identificar a imagem que os franceses possuem do

Brasil enquanto um país sede de um grande evento. E os objetivos específicos eram:

- Identificar quais são as dimensões que compõem a imagem do Brasil enquanto sede

de grandes eventos

- Verificar qual a dimensão componente da imagem do Brasil melhor apreciada na

avaliação da imagem do país como sede de grandes eventos

- Verificar se as variáveis gênero e experiência com o país exercem influência na

avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

Para o cumprimento desses objetivos, foram verificadas as hipóteses determinadas

com o estudo para esse fim, e podendo com isso obter esclarecimentos a todos eles. O

Quadro 7 abaixo apresenta os resultados obtidos para cada uma das hipóteses.

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Quadro 7 - Resultado da verificação das hipóteses da pesquisa

Hipóteses Resultados

Hipótese 1: Os franceses possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto um país sede de um grande evento

CONFIRMADA

Hipótese 2: A imagem do Brasil é composta pelas dimensões situação política, segurança, cultura e pontos turísticos

CONFIRMADA PARCIALMENTE

Hipótese 3: A dimensão pontos turísticos é a dimensão melhor apreciada na avaliação da imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos

CONFIRMADA

Hipótese 4: As pessoas do sexo feminino, avaliam a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas do sexo masculino

NÃO CONFIRMADA

Hipótese 5: As pessoas que possuem maior experiência com o Brasil, avaliam a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos mais positivamente do que as pessoas com menor experiência

NÃO CONFIRMADA

A Hipóteses 1, tida como a principal do trabalho por cumprir com o objetivo geral,

permitiu com sua confirmação a verificação de que os estudantes franceses da

amostra possuem uma imagem positiva do Brasil enquanto sede de grandes eventos.

Sendo a média geral da avaliação da imagem do Brasil pelos franceses pesquisados de

4,6, de acordo com as notas dadas por eles às dimensões de imagem do país.

Mostrando que, de uma forma geral, a amostra tem uma impressão positiva do Brasil

para sediar um grande evento, podendo essa avaliação positiva do Brasil, ser um

indício de que a amostra possui inclinação para visitar o país, tanto para grandes

eventos como para turismo em geral.

Com relação à Hipótese 2, pôde-se observar de acordo com os 5 fatores resultantes da

análise fatorial, que as dimensões “Cultura”, “Segurança”, “Situação Política” e

“Pontos Turísticos” são componentes da imagem do Brasil enquanto sede de um

grande evento, junto com uma dimensão de abordagem mais geral da impressão sobre

o país, a dimensão “Visão Generalista”. Sendo dessa forma, cultura, pontos turísticos,

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segurança, situação politica e a visão geral que é muito disseminada como alguns

estereótipos do Brasil, fatores que fazem parte da formação da imagem que os

franceses possuem do Brasil enquanto sede de um grande evento, ou também como de

um possível destino turístico.

Para verificar a Hipótese 3, foi realizada uma análise descritiva de comparação de

médias e posterior ordenação das dimensões de imagem do Brasil resultantes da

análise fatorial, para poder constatar se a dimensão pontos turísticos era a melhor

apreciada pelos franceses. Com isso, foi possível verificar que a dimensão “Pontos

Turísticos” com média de 5,75 foi a dimensão avaliada de forma mais positiva,

confirmando assim a hipótese. Mostrando que a natureza exuberante e inigualável do

país, com sua diversidade de praias, florestas e montanhas, como também o Cristo

Redentor e o Pão de Açúcar, são fatores muito disseminados entre os estrangeiros e

apreciados pelos mesmos, se tornando um fator que instiga a vontade de visitar o

Brasil, tanto como turistas de grandes eventos ou não.

Por fim, para investigar as Hipóteses 4 e 5, utilizou-se as médias resultantes da análise

descritiva de comparação de médias e a função split files do SPSS. De forma que

primeiramente a amostra fosse dividida de acordo com o gênero e pudesse ser

analisado se as pessoas do sexo feminino possuem uma avaliação mais positiva da

imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, do que as do sexo masculino. O

gênero feminino obteve uma média geral de avaliação da imagem do Brasil de 4,65 e

o gênero masculino de 4,56, levando a não confirmação da hipótese, visto que essa

diferença entre as médias não pode ser dita como significativa. Dessa forma, pode-se

dizer que os dois gêneros avaliam o Brasil de forma semelhante e positivamente,

mostrando que não existe a influência desse fator moderador na presente pesquisa e

que os dois sexos de franceses da amostra possuem uma imagem consideravelmente

boa do país. A segunda análise foi para verificar se as pessoas com maior experiência

com o Brasil possuem uma imagem mais positiva do país enquanto sede de grandes

eventos. Para isso, a amostra foi dividida em dois grupos de acordo com o grau de

experiência anterior com o país que possuíam, e resultando em uma média de

avaliação da imagem de 4,52 para o grupo com baixa experiência e de 4,66 para o

grupo com alta experiência. Levando assim, a uma não confirmação da Hipótese 5 e

mostrando que tanto pessoas com alta experiência anterior com o Brasil como pessoas

com baixa experiência avaliam a imagem do país como sede de grandes eventos

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praticamente da mesma forma e de maneira positiva. Não sendo assim, o fato de ter

possuído contato com o Brasil, com brasileiro ou algo do país, o que faz com que o

francês da amostra tenha uma avaliação mais positiva, mostrando que independente

disso a amostra possui uma boa avaliação do Brasil.

A confirmação das Hipóteses 1 e 3, e a confirmação parcial da Hipótese 2 da pesquisa

mostra uma importante contribuição aos estudos sobre imagem de destino, mais

especificamente à imagem do Brasil enquanto um destino turístico ou sede de um

grande evento. Visto que, o trabalho identificou dimensões que fazem parte da

formação da imagem do Brasil como uma destinação turística e pode ser utilizado

como referência para outros países, como também, referência para outros estudos para

o Brasil ou demais países. A não confirmação das Hipóteses 5 e 6 contribui com

elementos para a discussão da influência de fatores moderadores na avaliação da

imagem de destinos, como o gênero e a experiência anterior com o país apresentados

no estudo. Visto que existem contradições e não muito embasamento teórico que

deixe mais claras essas possíveis influências.

Este trabalho também complementou a literatura a respeito da imagem do Brasil,

devido à pouca quantidade de artigos realizados com uma amostra estrangeira. Como

também à possível aplicabilidade dos resultados encontrados por parte do governo,

organizadores de eventos e demais partes interessadas, em relação à poderem saber no

que investir, que fatores precisam ser melhorados, que pontos da imagem do país

melhorar e divulgar, de modo a ser mais bem visto pelos estrangeiros e atrair mais

turistas. Bem como fornecer informações importantes para as equipes de marketing

de empresas que comercializam produtos no exterior, de forma a saberem o que

valorizar da imagem do país; e também contribuir para a teoria dos temas abordados.

O trabalho contou com algumas limitações de embasamento teórico, como a escassez

de trabalhos sobre a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos, trabalhos

mostrando os resultados obtidos para a imagem do país com a realização dos eventos

ocorridos; como também estudos sobre a imagem do Brasil em si, que fatores são

relevantes, seu efeito país de origem e a imagem do país como um destino turístico.

Outras limitações foram a falta de estudos sobre a influência do fator moderador

gênero nas avaliações de imagem de país, não existindo embasamento teórico

consolidado sobre a real participação desse quesito em uma análise; bem como, a

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confusão dos conceitos de imagem de país e efeito país de origem que é feita por

alguns autores, sendo dispendiosa a separação dos dois conceitos em tópicos

diferentes, mesmo sabendo que são assuntos complementares mas possuem definições

distintas.

Como sugestão para estudos futuros, pode ser considerada a necessidade de mais

discussões acerca dos fatores moderadores do efeito país de origem e da formação da

imagem de país, mais estudos sobre as dimensões que compõem a imagem de

destinos turísticos, como também mais estudos sobre a imagem do Brasil pela

avaliação de estrangeiros. De forma a aumentar a divulgação desses conceitos, para

que países possam se desenvolver mais, possam se basear em exemplos de sucesso de

outros países, para que eles possam melhorar suas imagens e se utilizar de seus fatores

positivos; como também para que empresas, do mesmo modo, se apoiem nesses

conceitos e possam se aperceber da melhor forma de divulgar sua nacionalidade e

seus produtos.

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APÊNDICE A – INSTITUIÇÕES FRANCESAS QUE FIZERAM PARTE DA AMOSTRA DA PESQUISA

UNIVERSIDADE LOCAL Université Paris Descartes Paris, France UPEM Paris, France Villetaneuse Saint Denis, France Montpellier Business School Montpellier, France ISC Paris, France Lycée Pierre de Coubertin Meaux, France Télécom École de Management Evry, France IÉSEG School of management Lille, France IGF Paris, France IUT GTE UPPA Pau, France EBI Cergy, France Torcy Meef Torcy, France Sciences Po Bordeaux Bordeaux, France École Centrale de Lille Lille, France ENSA Normandie Rouen, France Bac+3 Darnétal, France Kedge Business School Marseille, France Fac d' Evry Evry, France

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APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (PORTUGUÊS)

Querido estudante, você está convidado a participar de uma pesquisa sobre a imagem do Brasil enquanto sede de grandes eventos. Você será questionado a avaliar fatores da imagem do Brasil como um destino, mais especificamente, fatores do Brasil como a sede de um grande evento. Exemplos de grandes eventos são a Copa do Mundo e as

Olimpíadas. Essa é uma pesquisa para um trabalho de conclusão de curso de uma aluna da graduação da Universidade de São Paulo. Muito obrigada pela gentileza de

responder as questões da pesquisa, que levarão menos de 10 minutos.

Por favor, indique o seu nivel de acordo para cada um dos enunciados abaixo, em uma escala de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente). Quanto mais próxima sua

resposta for de 7, mais você concorda com o enunciado.

Discordo Totalmente

Concordo Totalmente

A beleza natural do Brasil é de tirar o fôlego

1 2 3 4 5 6 7

Vale a pena ficar mais dias no Brasil para visitar os pontos turísticos

1 2 3 4 5 6 7

Quem visita o Brasil tem que ir ao Rio de Janeiro

1 2 3 4 5 6 7

Os turistas podem se sentir seguros nos estabelecimentos de grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

Os turistas podem se sentir seguros em pontos turísticos

1 2 3 4 5 6 7

Os pontos turísticos do Brasil seriam relevantes ao se considerar ir ao país para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

Os políticos do Brasil são honestos 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro possui a cultura de festejar e beber

1 2 3 4 5 6 7

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O povo brasileiro é confiável 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro é trabalhador 1 2 3 4 5 6 7

O povo brasileiro é amigável e receptivo

1 2 3 4 5 6 7

O Brasil ser a sede de um grande evento da um aspecto positivo ao evento

1 2 3 4 5 6 7

O Brasil possui uma situação politica estável

1 2 3 4 5 6 7

O Brasil possui pontos turísticos interessantes

1 2 3 4 5 6 7

O Brasil é um país seguro 1 2 3 4 5 6 7

O Brasil aumenta a segurança durante grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

Todo dinheiro destinado `a construção de estruturas para sediar eventos é bem utilizado para esse fim

1 2 3 4 5 6 7

Eu possuo uma imagem positiva do Brasil como um destino turístico

1 2 3 4 5 6 7

Eu gostaria de visitar o Brasil 1 2 3 4 5 6 7

A situação politica do Brasil não influencia o país ser a sede de grandes eventos

1 2 3 4 5 6 7

A situação politica do Brasil me deixa confiante de que o país possui a capacidade de sediar um evento

1 2 3 4 5 6 7

A segurança é um fator significante ao se decidir ir ao Brasil para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

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A frequência de roubos e assaltos no Brasil é baixa

1 2 3 4 5 6 7

A cultura do Brasil me deixa animado

1 2 3 4 5 6 7

A cultura do Brasil incentiva ir ao país para um grande evento

1 2 3 4 5 6 7

A cultura brasileira instiga apreço 1 2 3 4 5 6 7

Para as próximas questões, indique por favor, sobre suas experiências anteriores com o Brasil e os Brasileiros.

Nenhuma experiência

com o Brasil

Muita experiência com o Brasil

De acordo com a escala, qual o seu nível de experiência anterior com o Brasil?

1 2 3 4 5 6 7

Eu ja visitei o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Já tive contato direto com brasileiro em visita ao Brasil

( ) Sim ( ) Não

Já tive contato com brasileiro fora do Brasil

( ) Sim ( ) Não

Eu possuo amigo brasileiro ( ) Sim ( ) Não

Eu já li notícias sobre o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Eu já estudei sobre o Brasil ( ) Sim ( ) Não

Eu já assisti filmes brasileiros ou filmes sobre o Brasil

( ) Sim ( ) Não

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Agora, gostaríamos de saber um pouco mais sobre você. Responda por favor, a essas últimas rápidas questões.

Qual é o seu gênero?

( ) Masculino

( )Feminino

Qual a sua idade? ____________

Qual a sua nacionalidade? __________________

Qual o nome da sua universidade / faculdade? _____________________

Onde é situada sua universidade / faculdade? ___________________________

Muito obrigada pelo seu tempo e sua gentileza!

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APÊNDICE C - QUESTIONÁRIO DA PESQUISA (FRANCÊS)

Cher étudiant, vous êtes invité à répondre à un sondage sur (à propos de) l'image du Brésil en tant que siège de grands événements tels que la Coupe du Monde et les Jeux

Olympiques par exemple. Il s’agit d’une recherche pour un travail de fin d’études d’une étudiante en gestion de l’université de São Paulo, au Brésil. Nous vous

remercions de répondre à ces quelques questions qui ne vous prendront pas plus de 10 minutes de votre temps.

S'il vous plaît, indiquez votre accord ou désaccord vis-à-vis des énoncés ci-dessous. Sur une échelle de 1 (fortement en désaccord) à 7 (tout à fait d'accord). Plus votre

réponse est proche de 7, plus vous associez votre situation à celle de l'énoncé.

Totalement en désaccord

Totalement d'accord

La beauté naturelle du Brésil est à couper le souffle

1 2 3 4 5 6 7

Cela vaut la peine de prolonger un séjour au Brésil pour pouvoir visiter les sites touristiques

1 2 3 4 5 6 7

Celui qui visite le Brésil doit aller à Rio de Janeiro

1 2 3 4 5 6 7

Les touristes peuvent se sentir en sécurité dans les établissements de grands événements

1 2 3 4 5 6 7

Les touristes peuvent se sentir en sécurité dans les sites touristiques

1 2 3 4 5 6 7

Les sites touristiques du Brésil seraient pertinentes lorsque l'on envisage d’aller au pays pour un grand événement

1 2 3 4 5 6 7

Les politiciens du Brésil sont honnêtes

1 2 3 4 5 6 7

Le peuple brésilien a pour culture de célébrer et de boire

1 2 3 4 5 6 7

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Les brésiliens sont dignes de confiance

1 2 3 4 5 6 7

Les brésiliens sont travailleurs 1 2 3 4 5 6 7

Les brésiliens sont amicaux et accueillants

1 2 3 4 5 6 7

Le fait que le Brésil soit le siège d’un grand événement donne un aspect positif à celui-ci

1 2 3 4 5 6 7

Le Brésil a une situation politique stable

1 2 3 4 5 6 7

Le Brésil possède des sites touristiques intéressants

1 2 3 4 5 6 7

Le Brésil est un pays sûr 1 2 3 4 5 6 7

Le Brésil renforce la sécurité lors de grands événements

1 2 3 4 5 6 7

Tout l'argent pour la construction des structures pour accueillir ces événements est bien utilisé à cet effet

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Je possède une image positive du Brésil en tant que destination touristique

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Je voudrais visiter le Brésil 1 2 3 4 5 6 7

La situation politique du Brésil n'a pas d'influence sur le fait d’être le siège de grands événement

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La situation politique du Brésil me rend confiant quant à sa capacité d'accueillir un événement

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La sécurité est un facteur important au moment de décider d'aller au

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Brésil pour un grand événement

La fréquence des vols et agressions est faible au Brésil

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La culture brésilienne m’enthousiasme

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La culture du Brésil encourage à voyager vers ce pays pour un grand événement

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La culture brésilienne suscite mon admiration / La culture brésilienne incite la sympathie / La culture brésilienne favorise une appréciation positive

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Pour les prochaines déclarations, veuillez s'il vous plaît indiquer vos expériences précédentes avec le Brésil et les Brésiliens.

Aucune expérience

avec le Brésil

Beaucoup d'expérience avec le Brésil

Selon l'échelle, quel est votre niveau d'expérience précédente avec le Brésil?

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J’ai déjà visité le Brésil ( ) Oui ( ) Non

J'ai eu des contacts directs avec des Brésiliens lors de mon voyage au Brésil

( ) Oui ( ) Non

J'ai déjà eu un contact avec des Brésiliens, en dehors du Brésil

( ) Oui ( ) Non

J`ai un ami brésilien ( ) Oui ( ) Non

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J'ai lu des nouvelles sur le Brésil ( ) Oui ( ) Non

Je me suis déjà renseigné sur le Brésil

( ) Oui ( ) Non

J'ai vu des films sur le Brésil ou des films brésiliens

( ) Oui ( ) Non

Maintenant, nous aimerions savoir plus sur vous. Nous vous prions de répondre à ces rapides dernières questions

Quel est votre genre?

( ) Masculin

( )Féminin

Quel âge avez-vous? ____________

Quelle est votre nationalité? __________________

Quel est le nom de votre université / collège? _________________

Où est situé votre université / collège? __________________

Nous vous remercions pour votre temps et votre gentillesse!