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  • CENTRO UNIVERSITRIO ASSUNO UNIFAI

    Antonio Cesar Garcia

    BIBLIOTERAPIA: A atuao do bibliotecrio auxiliando

    o processo de cura

    So Paulo 2012

  • Antonio Cesar Garcia

    BIBLIOTERAPIA: A atuao do bibliotecrio auxiliando

    o processo de cura

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia para obteno parcial do grau de Bacharel em Biblioteconomia

    ________________________________________________________

    Orientador:: Prof. Marcely Bento Rangel

    So Paulo 2012

  • Antonio Cesar Garcia

    BIBLIOTERAPIA: A atuao do bibliotecrio auxiliando

    o processo de cura

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado ao Curso de Biblioteconomia para obteno parcial do grau de Bacharel em Biblioteconomia

    Aprovado em dezembro de 2012.

    _________________________________________

    Orientador: Prof. Marcely Bento Rangel

  • RESUMO

    Este trabalho aborda a Biblioterapia como um meio de se atingir a pacificao das emoes, facilitando o processo de cura. Situa-a como uma prtica leitora que utiliza textos verbais e no verbais como coadjuvantes no tratamento de pessoas acometidas por doenas fsicas ou mentais ou, ainda, que enfrentam crise ou dificuldades em momentos tais como os de excluso, ou integrao social, de afastamento do convvio familiar, e de comunicao, entre outros. Explicita as suas vrias definies e objetivos, apresenta o histrico de sua origem, fundamentos e mtodo de atuao. Destaca a importncia dos processos psicolgicos envolvidos na leitura, vista como ato teraputico, e o trabalho do bibliotecrio facilitando e promovendo este processo. Finaliza abordando os principais atributos necessrios para o desempenho neste novo campo de atuao profissional.

    Palavras-chave: biblioterapia, leitura, atuao do bibliotecrio.

  • SUMRIO

    INTRODUO 5 1 BIBLIOTERAPIA 7

    1.1 VRIAS DEFINIES, MESMOS OBJETIVOS 8 1.2 HISTRIA DA BIBLIOTERAPIA 12

    2 TIPOS DE BIBLIOTERAPIA 14

    3 FUNDAMENTO FILOSFICO 15 4 O MTODO BIBLIOTERAPUTICO 17

    4.1 A LEITURA 18 4.1.1 A leitura segundo Proust 19

    5 FUNES PSICOLGICAS 21 5.1 A CATARSE 21 5.2 O HUMOR 22 5.3 A IDENTIFICAO 22 5.4 A INTROJEO 22 5.5 A PROJEO 23 5.6 A INTROSPECO 23

    6 A ATUAO DO BIBLIOTECRIO TERAPUTA 24 6.1 REQUISITOS / APTIDES 26

    CONSIDERAES FINAIS 28 REFERNCIAS 29

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    INTRODUO

    A profisso de bibliotecrio, ao longo de toda a sua existncia, sofreu e continua sofrendo a influncia direta do meio e da evoluo das tcnicas relacionadas ao trabalho de tratamento e disponibilizao da informao, seu essencial material de trabalho. Ela vem se moldando, especialmente, s novas tecnologias que propiciam maior eficincia na prestao dos servios informacionais, no entanto novos campos de atuao tm surgido, campos estes relacionados contribuio para o bem estar fsico e emocional das pessoas de maneira mais efetiva. A Biblioterapia a tcnica que se utiliza da prescrio de materiais de leitura com funo teraputica e pode ser utilizada como um importante instrumento no restabelecimento da sade psquica e fsica de indivduos necessitados desta ateno. Tida como a leitura de livros cuidadosamente selecionados e adaptados s necessidades individuais (PEREIRA, 1989) a biblioterapia foi descoberta por mdicos americanos, deixando claro j em seu surgimento a interdisciplinaridade relacionada a ela.

    Durante muito tempo a biblioterapia foi utilizada em hospitais sob orientao de profissionais da rea da sade passando a partir de 1904, a ser considerado um ramo da Biblioteconomia (PEREIRA, 1989, p. 23;24) sendo que a partir de ento a participao do bibliotecrio se faz presente em projetos deste gnero a fim de garantir que os materiais utilizados no desenvolvimento da biblioterapia estejam de acordo com a necessidade informacional de cada grupo ou individuo participante.

    A biblioterapia abre um leque que abrange profissionais das diversas reas, com conhecimentos diversos e um objetivo em comum: o bem estar social. O bibliotecrio tem o seu lugar reservado dentro da biblioterapia cabendo a ele e as escolas de biblioteconomia explorar este campo de atuao e a importncia de estarmos diversificando nossas possibilidades no mercado de trabalho, sendo que para isto a capacitao profissional fator fundamental.

    O objetivo deste trabalho explicitar o que a Biblioterapia, atravs de seu desenvolvimento histrico e filosfico, analisar a funo da leitura, verificando quais os mecanismos acionados por ela que podem propiciar o bem estar ao leitor ou ouvinte; identificar quais os chamados mecanismos de defesa do ego esto

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    relacionados ao processo teraputico e de que forma atuam, chegando assim na atuao do bibliotecrio, relacionando quais os conhecimentos e aptides este profissional deve possuir para que os objetivos da Biblioterapia sejam alcanados.

    A metodologia comeou a ser elaborada e desenvolvida a partir da escolha do tema, esta se prendeu ao intuito de juntar os conhecimentos oriundos da Psicologia, cincia que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivduos com o objetivo de tratar as possveis disfunes, com a prtica profissional advinda do saber Biblioteconmico que trata da organizao e disponibilizao da informao para o usurio.

    Embora a Biblioterapia no seja uma novidade ou uma prtica recente, existe pouca bibliografia sobre este tema, principalmente em lngua portuguesa. As definies e comentrios includos neste trabalho foram subtradas basicamente das obras dos autores: Clarice Fortkamp Caldin, Marc-Alain Quaknin e Caroline Shrodes que trazem contedo especfico da biblioterapia. Sobre o aspecto psicolgico obviamente foram consultadas as obras de Freud que tratam especialmente dos processos pelos quais os sujeitos se constituem e se transformam objetivando a defesa do ego e tambm Aristteles em sua teoria sobre a Catarse.

    No desenvolvimento da pesquisa um componente importantssimo ou essencial veio tona: a Leitura. Todo o processo biblioterpico est relacionado sua existncia e a todos os processos mentais decorrentes de sua interpretao. Para uma melhor compreenso dela, os apontamentos elaborados por Marcel Proust na potica obra Sobre a Leitura foram trazidos de forma quase integral, tamanha a sua coerncia.

    Finalmente foram incorporados ao trabalho estudos sobre a atuao do bibliotecrio dentro da biblioterapia encontrados em peridicos e trabalhos acadmicos. Estes materiais contriburam imensamente para a compreenso da prtica e a sua abrangncia dentro do panorama profissional da biblioteconomia no Brasil.

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    1 BIBLIOTERAPIA

    Etimologicamente o termo Biblioterapia deriva da composio de duas palavras diferentes, Biblion, cujo significado livro e Therapia, que significa tratamento (Pereira, 1996, p. 47). Os fundamentos tericos da Biblioterapia so apresentados e discutidos por vrios estudiosos, entre os quais se destacam OUAKNIN (1996), CALDIN (2001) FERREIRA (2003), RIBEIRO (2006). Para esses autores, principalmente, QUAKNIN (1996), a tese central da Biblioterapia que o ser humano, como criao contnua e em movimento constante, encontra suas foras no processo narrativo-interpretativo da atividade da leitura. Tem, portanto, na interpretao do texto uma possibilidade de terapia, uma vez que essa se realiza por meio da constante movimentao entre o indivduo e o texto. Assim, tem-se em conta que a Biblioterapia uma forma de comunicao, que propicia trabalhar o emocional do paciente em parceria com o tratamento tradicional. Conforme expem os autores, um indivduo ao ler um texto entende as situaes vividas por cada personagem, passa a identificar as situaes que so apresentadas na histria e pode a partir disso correlacionar e compreender os prprios problemas a partir delas, criando para si laos e traos que tenha encontrado no texto identificando-se com a histria lida. Acredita-se que um pensamento reflexivo estimulado pela leitura seja um inicio para a ao, caracterizando os objetivos da cura e preveno.

    Esse postulado leva conceituao da Biblioterapia como sendo um processo interativo que resulta em uma integrao bem sucedida de valores e aes, a partir do uso de materiais selecionados como coadjuvantes teraputicos. Concebida assim, a Biblioterapia se apropria do conceito ampliado de leitura, que inclui como suporte todo tipo de material, inclusive, os no convencionais. A leitura, portanto, vai alm da pura decodificao de signos lingsticos, pois se torna uma prtica voltada para o social. Trata-se de prticas leitoras, em que utilizamos textos verbais e no verbais para atuarem como coadjuvantes no processo de tratamento de pessoas acometidas por enfermidades originadas por perdas provocadas por morte ou separao, violncias, vcios, entre outras que sejam apresentados pelos indivduos em qualquer fase da sua vida.

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    Em suma, a Biblioterapia um mtodo que consiste na dinamizao e na ativao da linguagem. As palavras no so neutras. A linguagem metafrica conduz o homem para alm de si mesmo, ele se torna outro, livre no pensamento e na ao (CALDIN, 2001). Durante o processo, a linguagem est sempre em movimento, nunca esttica, e isso fundamental na aplicao da Biblioterapia, em que o dilogo o eixo norteador do tratamento. Ainda de acordo com a autora o processo biblioteraputico permite ao indivduo:

    Verificar que h soluo para o seu problema; verificar suas emoes em paralelo s emoes do outro; ajudar a pensar na experincia vicria em termos humanos e no materiais; proporcionar informaes necessrias para a soluo dos problemas; encarar a sua situao de maneira realista subsidiando-o na conduo da ao.

    A Biblioterapia no deve ser confundida com a psicoterapia, pois enquanto essa ltima se caracteriza pelo encontro entre o paciente e o terapeuta (CALDIN, 2001). Na primeira o encontro entre o texto e o seu leitor, ou seja, o texto desempenha o papel de terapeuta enquanto o biblioteraputica aquele que conduz o processo meditico em que as formas orais, visuais, gestuais, auditivas, corporais, entre outras, podem estar presentes. Assim, a funo do biblioterapeuta potencializar o dilogo entre o autor e o seu leitor visando facilitar o processo de tratamento. Dessa maneira, a Biblioterapia pode ser considerada como a terapia do dilogo. Como aborda SHRODES (Apud CALDIN, 2001), o dilogo apropriado ao tratamento de vrias patologias, entre elas, o autismo, a esquizofrenia ou a parania. Ao adotar o dilogo embasado na leitura de um texto literrio, cada comentrio, cada palavra, cada ao disparada a partir do texto lido, torna-se de fundamental importncia, pois acrescenta valores, idias, opinies e sentimentos em quem ouve e quem fala.

    1.1 VRIAS DEFINIES, MESMOS OBJETIVOS

    Alice Bryan (apud SHRODES, 1949), define biblioterapia como a prescrio de materiais de leitura que auxiliem a desenvolver maturidade e nutram e

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    mantenham a sade mental. Inclui na biblioterapia; romances, poesias, peas, filosofia, tica, religio, arte, histria e livros cientficos. Apresenta como objetivos: permitir ao leitor verificar que h mais de uma soluo para seu problema; auxiliar o leitor a verificar suas emoes em paralelo s emoes dos outros; ajudar o leitor a pensar na experincia vicria em termos humanos e no materiais; proporcionar informaes necessrias para a soluo dos problemas, e, encorajar o leitor a encarar sua situao de forma realista de forma a conduzir ao. Sua teoria de que os indivduos so personalidades integradas e, portanto, a criana deve ser vista como um todo e educada emocional e intelectualmente. V a literatura ficcional como um meio de afetar o ajustamento total do indivduo. Recomenda a cooperao entre bibliotecrios e psiclogos, pois entende a biblioterapia como um dos servios da biblioteca.

    L.H. Tweffort (apud SHRODES, 1949), conceitua biblioterapia como sendo um mtodo subsidirio da psicoterapia; um auxlio no tratamento que, atravs da leitura, busca a aquisio de um conhecimento melhor de si mesmo e das reaes dos outros, resultando em um melhor ajustamento vida. Lista como objetivos da biblioterapia: introspeco para o crescimento emocional; melhor entendimento das emoes; verbalizar e exteriorizar os problemas; ver objetivamente os problemas, afastar a sensao de isolamento; verificar falhas alheias semelhantes s suas; aferir valores; realizar movimentos criativos e estimular novos interesses. Recomenda livros de higiene mental e classifica-os de acordo com as fases da vida: infncia, adolescncia e idade adulta.

    Para Kenneth Appel (apud SHRODES, 1949), biblioterapia o uso de livros, artigos e panfletos como coadjuvantes no tratamento psiquitrico. Elenca como objetivos: adquirir informao sobre a psicologia e a fisiologia do comportamento humano; capacitar o indivduo a se conhecer melhor; criar interesse em algo exterior ao indivduo; proporcionar a familiarizao com a realidade externa; provocar a liberao dos processos inconscientes; oferecer a oportunidade de identificao e compensao; clarificar as dificuldades individuais; realizar as experincias do outro para obter a cura e auxiliar o indivduo a viver mais efetivamente. Appel observa, como critrios para a seleo de livros, as necessidades teraputicas e educacionais do paciente.

    Segundo Louis Gottschalk (apud SHRODES, 1949), constituem objetivos da biblioterapia: auxiliar o paciente a entender melhor suas reaes psicolgicas e

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    fsicas de frustrao e conflito; ajudar o paciente a conversar sobre seus problemas; favorecer a diminuio do conflito pelo aumento da auto-estima ao perceber que seu problema j foi vivido por outros; prestar auxlio ao paciente na anlise do seu comportamento; proporcionar experincia ao leitor sem que o mesmo passe pelos perigos reais; reforar padres culturais e sociais aceitveis, e, estimular a imaginao. Louise Rosenblatt (apud SHRODES, 1949) analisa a literatura ficcional como ajuda para o ajustamento social e pessoal. Sua teoria de que a literatura imaginativa til para ajustar o indivduo tanto em relao aos seus conflitos ntimos como em conflitos com outros. Para a Autora, pensamento e sentimento esto interligados. Por isso, acredita que o processo de pensamento reflexivo estimulado pela leitura seja um preldio para a ao. Apresenta os perigos da leitura de escape, que age como uma droga, aumentando o desejo de fugir da realidade, pois uma falsa imagem da vida encontrada nesse tipo de literatura. Divide os objetivos em de cura e de preveno. Rosenblatt considera objetivos de cura: aumentar a sensibilidade social; ajudar o indivduo a se libertar dos medos e das obsesses de culpa: proporcionar a sublimao por meio da catarse, e, levar o ser humano a um entendimento de suas reaes emocionais. Como objetivos de preveno, aponta: prevenir o crescimento de tendncias neurticas e, conduzir a uma melhor administrao dos conflitos.

    Caroline Shrodes, desde 1943 j desenvolvia estudos sobre a aplicao da literatura com fins teraputicos. Em 1949, defendeu tese obtendo ttulo de Doutora em Filosofia e Educao na Universidade de Berkeley, na Califrnia, com o trabalho Bibliotheray: a theoretical and clinica-experimental study. Baseando sua tese nos autores acima citados, formulou o conceito de biblioterapia como sendo um processo dinmico de interao entre a personalidade do leitor e a literatura imaginativa, que pode atrair as emoes do leitor e liber-las para o uso consciente e produtivo. Para a Autora, a literatura ficcional a mais indicada para garantir uma experincia emocional do leitor, efetivando a terapia de introspeco capaz de efetuar mudanas. Explorou a teoria da catarse de Aristteles e utilizou a teoria psicanaltica de Freud dos determinantes inconscientes do comportamento para estudar a reao dos leitores literatura ficcional. Viu a arte como um meio de proporcionar um tipo de reconciliao entre o princpio do prazer e o princpio da realidade, em que o leitor se deixa seduzir e deriva prazer, mesmo de forma inconsciente chamado por Freud de "princpio do prazer". Defendeu, na tese, que

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    o processo de identificao do leitor obra de arte vale-se da introjeo em que certos objetos so absorvidos pelo ego, e da projeo quando a dor dentro do ego empurrada para o exterior. Sua tese configura-se como o trabalho pioneiro experimental da biblioterapia, sendo aceita como autoridade at os dias de hoje.

    A Associao das Bibliotecas de Instituies e Hospitais dos Estados Unidos adotou como definies de biblioterapia: a utilizao de materiais de leitura selecionados como coadjuvante teraputico na medicina e na psiquiatria ; a orientao na soluo de problemas pessoais por meio da leitura dirigida; o tratamento do mal ajustado para promover sua recuperao sociedade.

    Para Orsini (1982), a biblioterapia uma tcnica que pode ser utilizada para fins de diagnstico, tratamento e preveno de molstias e de problemas pessoais. Classificou os objetivos como sendo de nvel intelectual, nvel social, nvel emocional e nvel comportamental. Assim, a biblioterapia auxilia o autoconhecimento pela reflexo, refora padres sociais desejveis, proporciona desenvolvimento emocional pelas experincias vicrias e auxilia na mudana de comportamento.

    Caldin (2001), baseando seus estudos na tese de Caroline Shrodes, definiu biblioterapia como leitura dirigida e discusso em grupo, que favorece a interao entre as pessoas, levando-as a expressarem seus sentimentos: os receios, as angstias e os anseios. Dessa forma, o homem no est mais solitrio para resolver seus problemas; ele os partilha com seus semelhantes, em uma troca de experincias e valores. Direcionando a biblioterapia para a infncia, apresentou como objetivos bsicos da funo teraputica da leitura, o proporcionar uma forma de as crianas comunicarem-se, de perderem a timidez, de exporem seus problemas emocionais e qui fsicos. Entendeu a biblioterapia como catarse, que se vale da identificao (pela projeo e pela introjeo), da introspeco e do humor. Verificou, na recepo do texto literrio para a infncia, a validade de tal texto oferecer moderao das emoes s crianas.

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    1.2 HISTRIA DA BIBLIOTERAPIA

    Em 1941 o termo Biblioterapia foi definido pelo Dicionrio Dorlands Ilustrated Medical Dictionary, como sendo: o emprego de livros e a leitura deles no tratamento de doena nervosa, mas nas eras Antiga e Mdia j se fazia referncia ao uso teraputico da leitura (apud, ALVES, 1982). No Egito Antigo, cujo povo era voltado para a espiritualidade e as bibliotecas situavam-se em templos denominados de Casas da Vida, eram considerados espaos de conhecimento e de espiritualidade. O Fara Ramss II solicitou que fosse colocada no frontispcio de sua biblioteca a frase: Remdios para a Alma (ALVES, 1982). Em Roma tambm no era diferente, o romano Aulus Cornelius Celsus, por sua vez, associou a leitura ao tratamento mdico, ao recomendar a leitura e discusso das obras de grandes oradores como recurso teraputico no desenvolvimento da capacidade crtica do paciente (ORSINI, 1982). O povo grego igualmente associava os livros ao tratamento mdico e espiritual. Na Idade Mdia, perodo marcado pela religiosidade, em que as bibliotecas eram localizadas nos mosteiros e templos, tambm havia a preocupao de referendar a literatura religiosa como adequada cura e salvao da alma. Como cita ALVES (1982) na Biblioteca da Abadia de So Gall encontrava-se a inscrio: Tesouros dos remdios da alma.

    Assim, a funo teraputica da leitura originada na espiritualidade e religiosidade dos povos antigos resiste ao tempo e chega aos nossos dias. H registros de que no Sculo XIII, mais precisamente em 1272, o Hospital Al Mansur, recomendava aos pacientes a leitura de trechos especialmente escolhidos, e contidos no Alcoro como parte do tratamento mdico (MARCINKO, 1989). No sculo XIX a leitura passou a ser adotada no tratamento de doentes mentais, e foi ainda recomendado aos doentes em geral, pelo pesquisador norte-americano Benjamin Rusch, que em 1810 indicava a leitura como apoio psicoterapia para as pessoas portadoras de conflitos, tais como depresso, medos ou fobias, e tambm para a melhoria da qualidade de vida dos idosos (ALVES, 1982).

    Para alm das controvrsias sobre o perodo em que a Biblioterapia passa a ser considerada como campo de estudo e trabalho, o fato que na dcada de 30 destacam-se as Biblioterapeutas Isabel Du Boir e Emma T. Foremam,

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    principalmente esta ltima, que insistiu para que a Biblioterapia fosse vista e estudada como uma cincia e no como arte (ORSINI,1982).

    Atualmente, a Biblioterapia utilizada em vrios campos da rea de Sade e tambm na rea de Educao. Na Psiquiatria, usada desde 1800 e na Psicologia passou a ser um coadjuvante importante por volta de 1946, cuja relao entre psique humana e literatura foi apontada por Vygostky em seus estudos sobre a infncia. Em Medicina largamente utilizada como coadjuvante principalmente no tratamento de pessoas submetidas a longos perodos de internao. Na rea de Biblioteconomia h indcios de sua aplicao por bibliotecrios no incio do Sculo XX, mais precisamente durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), quando utilizaram a leitura como auxlio na recuperao dos pacientes feridos (PINTO et al. 2005).

    No Brasil, essa prtica comeou, conforme exps Almada, apud Ribeiro (2003, p. 2), com projetos de extenso, realizados na dcada de 70. Entre eles destacaram-se: o da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com seu Carro-Biblioteca, que levava, s vilas de Porto Alegre, livros de lazer e de auxlio s atividades escolares; o das Caixas estantes, que emprestava livros de literatura infantil para escolas pblicas e particulares. A Biblioterapia, sob o nome de Hora do Conto, era um projeto de leitura de contos nos hospitais, asilos, creches e escolas. Existia, tambm, o Livro de Cabeceira que realizava sesses de leitura de contos em hospitais, com emprstimos de livros para os pacientes.

    Na dcada de 90, destacou-se a parceria entre a Fundao Biblioteca Nacional e a Universidade Federal do Rio de Janeiro que resultou na criao da Casa da Leitura, gerenciada pelo Programa Nacional de Incentivo Leitura. Dele nasceu a proposta de uma biblioteca infantil, na qual seriam realizadas sesses de contos infantis, nas enfermarias peditricas do Hospital Universitrio Graffree Guinle (ALMADA apud RIBEIRO, 2003, p. 3).

    De l para c outros projetos tm sido implantados em hospitais e outras instituies, fazendo da biblioterapia uma importante ferramenta para promover o bem estar e o restabelecimento da sade.

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    2 TIPOS DE BIBLIOTERAPIA

    Existem algumas variveis de biblioterapia que podem ser utilizadas de acordo com as necessidades verificadas para cada tipo de leitor paciente. Por ter sido utilizada primeiramente em pacientes com problemas mentais a biblioterapia apresentava apenas uma vertente, sendo esta a biblioterapia clinica. Definida por Pereira (1989) como:

    Um tipo de biblioterapia destinada a pessoas com graves problemas de comportamento social, emocional e moral, sendo realizada em hospitais, instituies de sade, organizaes de sade mental e instituies privadas. Tendo como objetivo fazer com que os pacientes modifiquem seu comportamento visando soluo ou melhora de seus problemas (PEREIRA, 1989, p. 57).

    No entanto, esta viso de que a biblioterapia somente poderia ser utilizada para tratamento de patologias mentais se modificou e novas vertentes biblioterapia foram surgindo e ganhando espao, pois demonstraram um quadro satisfatrio relacionado aos seus objetivos. So elas:

    - Biblioterapia para o desenvolvimento pessoal, que se caracteriza por ser um apoio literrio personalizado a fim de proporcionar o desenvolvimento normal e progressivo da pessoa que busca o tratamento. indicada para instituies educacionais e alem de leitura e discusses tambm proposto construo de textos, poemas e composies. - Biblioterapia institucional aplicada a um grupo ou individuo que sofram de doenas mentais, distrbios de comportamento e para o desenvolvimento pessoal, sob encomenda de uma instituio. A biblioterapia institucional tem por objetivo informar o usurio sobre o seu problema e assim ajud-lo na tomada de decises (PEREIRA, 1989, p. 57).

    As distines entre esses trs aspectos da Biblioterapia tm implicaes para uma Biblioterapia dinmica e so importantes para a discusso da educao e conscientizao do seu valor.

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    3 FUNDAMENTO FILOSFICO

    Todo processo biblioterpico fundamenta-se em princpios filosficos que auxiliam a aplicao da biblioterapia sendo ela como cincia ou arte e obteno de resultados benficos. Assim, nesse segundo captulo objetivou-se apontar o fundamento filosfico que a biblioterapia utiliza para aplicao do seu processo.

    De acordo com Marc-Alain Ouaknin (1996, p. 97), a tese central da biblioterapia que o ser humano, como criao contnua e em movimento constante, "encontra suas foras no processo narrativo-interpretativo da atividade da leitura".

    A leitura implica uma interpretao que em si mesma uma terapia, posto que evoca a idia de liberdade pois permite a atribuio de vrios sentidos ao texto. O leitor rejeita o que lhe desgosta e valoriza o que lhe apraz, dando vida e movimento s palavras, numa contestao ao caminho j traado e numa busca de novos caminhos. A biblioterapia contempla no apenas a leitura, mas tambm o comentrio que lhe adicional. Assim, as palavras se seguem umas s outras texto escrito e oralidade, o dito e o desdito, a afirmao e a negao, o fazer e o desfazer, o ler e o falar em uma imbricao que conduz reflexo, ao encontro das mltiplas verdades, em que o curar se configura como o abrir-se a uma outra dimenso.

    Para Ouaknin (1996, p. 198), "a biblioterapia primariamente uma filosofia existencial e uma filosofia do livro", que sublinha que o homem um "ser dotado de uma relao com o livro". Dessa forma, essa relao com o livro a leitura permite ao homem compreender o texto e se compreender. O leitor, ao interpretar, passa a fazer parte do texto interpretado. A interpretao a juno da explicao objetiva do texto e da sua compreenso subjetiva. A interpretao descobre um outro mundo, o mundo do texto, com "as variaes imaginativas que a literatura opera sobre o real" (OUAKNIN, 1996, p. 200). A biblioterapia, portanto, prope prticas de leitura que proporcionem a interpretao dos textos.

    O fundamento filosfico essencial da biblioterapia "a identidade em movimento" ou a identidade dinmica". Segundo Ouaknin (1996, p. 98, 99), "para a biblioterapia, a identidade um no lugar", pois o "ser humano um ser de caminho, um homem em marcha". Assim, ao lado da identidade estvel, as marcas

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    distintivas do homem carter, nome, profisso, posio social existe a identidade construda pelas identificaes adquiridas nos modelos, heris ou valores nos quais a pessoa se reconhece, que poderia ser chamada de identidade dinmica. As histrias, contadas ou lidas, propem ao ouvinte ou leitor a possibilidade de "mudana de direo da trajetria inicial de sua histria" (OUAKNIN, 1996, p. 106). Dessa forma, as personagens, situaes ou intrigas que aparecem nas histrias ficcionais permitem ao ouvinte ou leitor identificaes literrias construdas a partir da identidade narrativa que circula entre o texto e a ao.

    Caldin (2009) afirma que nas sesses de biblioterapia no existe a pretenso de fazer o sujeito conhecer-se a si mesmo. Isso uma prerrogativa do receptor da obra literria: cabe a ele decidir se deseja ou no refletir sobre as atitudes das personagens ficcionais em paralelo s suas prprias atitudes. Mesmo porque considerado impossvel o conhecimento total de si por si mesmo.

    Oscar Wilde disse que somente as pessoas superficiais conhecem a si mesmas. A implicao dessa afirmao extremamente profunda. Ela sugere que o processo nunca chegar ao fim. [...] bvio que ns temos um potencial muito maior do que poderemos vir a descobrir, e conhecer-se absolutamente um objetivo irreal. Ele , no mximo, um processo que nos leva para a frente. Ainda assim, algum grau de autoconhecimento essencial para a sobrevivncia. [...] Considerando que o desenvolvimento pessoal um processo que perdura por toda a vida, devemos descobrir como somos no momento imperfeitos e incompletos. [...] Se nos sentimos desprezveis, inadequados ou fracos, nunca poderemos transmitir credibilidade, segurana ou fora a algum. O autoconhecimento requer constante reflexo sobre ns mesmos. Isso sugere um compromisso com os ilimitados poderes da mente e do corpo para mudar e crescer na direo desejada. Para isso, precisamos dar um basta ao autodesprezo e autodecepo, observando da melhor forma que podemos como concretizar aquilo em que acreditamos. Somente aqueles que se dedicam a aceitar a si prprios podem aceitar os outros como so. (BUSCAGLIA, 1984 p. 173,174 175)

    Como visto na citao, o processo de conhecer-se a si mesmo contnuo, ininterrupto e incompleto, ou seja, est sempre em construo. Dessa feita, no a atividade de biblioterapia a causadora do desencadeamento do processo. O que ela pode fazer proporcionar, por meio do comportamento das personagens ficcionais, um parmetro para exame do comportamento do receptor do texto literrio.

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    4 O MTODO BIBLIOTERAPUTICO

    Biblioterapia um mtodo que consiste na dinamizao e na ativao da linguagem. As palavras no so neutras. O mtodo biblioteraputico versa em uma dinamizao e ativao existencial por meio da dinamizao e ativao da linguagem. As palavras no so imparciais.

    A linguagem metafrica dirige o homem para alm de si mesmo; ele se torna outro homem, livre no pensamento e na ao. A linguagem em movimento, a conversa, o alicerce da biblioterapia. A variedade de interpretao deixa os comentrios muito mais diversificados levando-os a outro mundo, onde podem ser quem quiserem. Entre os companheiros do dilogo h o texto, que funciona como objeto intercessor.

    A biblioterapia um processo dinmico de interao entre a personalidade do leitor e a literatura imaginativa que pode atrair as emoes do leitor e liber-la para o uso consciente e produtivo; onde a arte proporciona um tipo de reconciliao entre o principio de prazer e o principio de realidade (SHRODES apud CALDIN, 2001, p. 4).

    No dilogo biblioteraputico o texto que abre espao para os comentrios e interpretaes que indicam uma opo de pensamento e de comportamento. Assim, as diversas interpretaes permitem a existncia da alteridade e a criao de novos sentidos. Independentemente da tcnica a ser aplicada.

    Para Marcinko, biblioterapia :

    Tanto um processo de desenvolvimento, como um processo clinico de cura que utiliza literatura selecionada, filmes e participantes que desenvolvam um processo criativo com discusses guiadas por um facilitador treinado com um propsito de promover a autoafirmao, autoconhecimento ou reabilitao (MARCINKO apud FERREIRA, 2003, p. 38).

    Esta definio contempla a atual biblioterapia, que j no realizada apenas por livros, mas por todo material informativo existente, onde este facilitador, no caso um bibliotecrio, tem o papel de elo de ligao entre o material selecionado e o paciente para que possam ser atingidos os objetivos do tipo de tratamento realizado. Estes objetivos, segundo L.H. Tweffort (apud CALDIN, 2001) incluem:

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    ... introspeco para o crescimento emocional, melhor entendimento das emoes; verbalizar e exteriorizar os problemas; ver objetivamente os problemas; afastar a sensao de isolamento; verificar falhas alheias semelhantes s suas; aferir valores; realizar movimentos criativos e estimular novos interesses.

    CALDIN (2001), utilizando a abordagem psicanaltica de Freud, aponta quatro fases a serem vivenciadas durante a aplicao da biblioterapia.

    A primeira a fase da assimilao do paciente com o personagem, como se permitisse pessoa assimilar algo do que est ocorrendo. Na segunda fase, enfatiza-se a projeo em que o indivduo transfere para o outro (pode ser pessoa ou objeto) as idias e sentimentos que podem ser familiares a ele. Na terceira fase, est catarse, h o envolvimento emocional do leitor na histria, levando- o descarga de idias e emoes, que se libertam do inconsciente para o consciente. Essa tcnica foi desenvolvida por Freud na terapia psicanaltica. Na quarta e ltima fase, deve ocorrer o insight. O paciente, neste instante, parte para a discusso construtiva de seus sentimentos e de suas idias. O contedo do que foi lido, ouvido, visto, ou apresentado elaborado por ele de modo a favorecer uma mudana de comportamento. Sobre estas fases trataremos mais profundamente no captulo apropriado.

    4.1 A LEITURA

    Segundo Orlando Morais (1997) a leitura envolve em primeiro lugar, a identificao dos smbolos impressos (letras e palavras) e o relacionamento destes com os seus respectivos sons. Em que, no incio do processo de aprendizagem da leitura, a criana dever diferenciar visualmente cada letra impressa, percebendo e relacionando este smbolo grfico com seu correspondente sonoro. Quando a criana entra em contato com as palavras, deve ento diferenciar visualmente cada letra que forma a palavra, associando-a a seu respectivo som, para a formao de uma unidade lingstica significativa. Neste processo inicial da leitura, em que a criana visualiza os smbolos, fazendo a associao entre a palavra impressa e som, define-se decodificao. Entretanto, para que haja leitura no basta apenas a decodificao dos smbolos, mas a compreenso e a anlise crtica do texto lido. Quando no h compreenso do que se l no texto, esta leitura deixa de ser

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    interessante, prazerosa e motivadora. Pode-se considerar ento que uma pessoa l, quando esta entende o que o texto retrata. Pois quando esta apenas decodifica e no compreende, no se pode afirmar que houve leitura.

    uma atividade bsica na formao cultural da pessoa. obrigatria para alguns profissionais, como advogados e juzes. Alm disso, uma excelente atividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crnica e de diversos outros gneros literrios constitui uma valiosa atividade a ser includa em nossos momentos de lazer.

    Ler e entender uma obra literria, um grande ensaio filosfico, as pginas de um dirio escritas com sangue, enfim, entrar em contato com a linguagem humana em sua clave mais lcida eleva o nosso olhar. E com essa viso distanciada que se enxergam os contornos, os limites, a profundidade e a espessura das coisas. (PERISSE, s.d.)

    Ler benfico sade mental, pois uma atividade neurolgica. A atividade da leitura faz reforar as conexes entre os neurnios. Produz contedo que sustenta a capacidade imaginria. Enriquece nosso vocabulrio e conhecimento. Faz com que conheamos vrios costumes, culturas diferentes, entre tantas outras novas coisas que podemos aprender.

    4.1.1 A leitura segundo Proust

    Marcel Proust, literato parisiense nasceu em 1871 e morreu em 1922. Em 1905, escreveu o prefcio para a traduo de um livro. Tal prefcio foi um elogio to grande leitura, que foi transformado em livro: Sobre a leitura. Proust (2011) considera a leitura ato psicolgico, exerccio individual, amizade, distrao, gosto, divertimento, viagem, disciplina curativa, estmulo, iniciadora da vida do esprito, enfim, uma alavanca poderosa para despertar o imaginrio, solidificar pensamentos, suprimir a fadiga. Ele nos introduz, sua maneira na biblioterapia. Seria preciso cit-lo quase por inteiro, uma vez que cada frase que escreveu no extraordinrio Sobre a Leitura nos faz compreender melhor o universo dos livros e da leitura, no entanto na citao abaixo, Proust explicita certas modalidades da relao entre leitura e terapia:

    H, contudo, certos casos patolgicos, por assim dizer, de depresso espiritual para os quais a leitura pode tornar-se uma

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    espcie de disciplina curativa e se encarregar, por incitaes repetidas, de reintroduzir perpetuamente um esprito preguioso na vida do esprito. Os livros desempenham ento um papel anlogo ao dos psicoterapeutas para certos neurastnicos. [...] Ora, existem certos espritos que poderiam ser comparados a esses doentes e que uma espcie de preguia ou de frivolidade impedem de descer espontaneamente s regies mais profundas de si mesmos onde comea a verdadeira vida do esprito. [...] Ora, este estmulo que o esprito preguioso no pode encontrar em si prprio e que deve vir se outrem, claro que deve receb-lo no seio da solido fora da qual, como vimos, no se pode produzir esta atividade criativa que preciso ressuscitar. Da pura solido o esprito preguioso no pode tirar nada, pois incapaz de, sozinho, pr em movimento sua atividade criativa. Mas a mais elevada conversao, os conselhos mais profundos tambm de nada serviriam, j que essa atividade original, eles no a podem produzir diretamente. O que preciso, portanto, uma interveno que, vinda de um outro, se produza no fundo de ns mesmos, o estmulo de um outro esprito, mas recebido no seio da solido. [...] A nica disciplina que pode exercer uma influncia favorvel sobre estes espritos , portanto, a leitura. [...] Na medida em que a leitura para ns a iniciadora cujas chaves mgicas abrem no fundo de ns mesmos a porta das moradas onde no saberamos penetrar, seu papel na nossa vida salutar

    Nesse sentido, o agente interveniente na sade do leitor o autor do texto literrio que estimulou o esprito preguioso do primeiro, levando-o a criar e, assim, a se curar. De toda maneira, a leitura, mesmo a solitria e principalmente a teraputica, implicaria na presena de um outro. Caldin (2011) comentando Proust afirma:

    A leitura individual, ento, pode ser aproveitada no recndito das bibliotecas, no sof da sala sob a luz generosa de um abajur, ou, ainda, com o apoio de travesseiros no leito, usufruindo o conforto da solido fsica que apazigua nosso corpo sofrido. Ora, quantas vezes no buscamos na leitura solitria conforto para as angstias? No nos sentimos aliviados e revigorados depois de tal exerccio? Isso acontece porque no estamos, de fato, sozinhos: a presena marcante, porm discreta do outro a personagem ficcional garante que desfrutamos de companhia, que samos de nosso centro e invadimos o espao do outro.

    essa intercorporeidade, esse descentramento que permitem que a leitura, mesmo a solitria, seja teraputica.

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    5 FUNES PSICOLGICAS

    Ao enfocar a leitura como funo teraputica, defende-se a idia de terapia por meio de textos literrios. Muito embora a palavra terapia, em termos restritivos, possua um sentido curativo, na realidade envolve muito mais do que a cura implica em uma atitude preventiva. Assim que o sentido primrio da palavra terapeuta aquele que cuida, consistindo os primeiros terapeutas em mdicos e filsofos os que cuidam do corpo e do esprito.

    5.1 A CATARSE

    certo que as palavras so o instrumento essencial do tratamento do esprito. Convencem, emocionam, influenciam e pode-se inferir aqui o sentido da catarse aristotlica.

    Generalizando o efeito catrtico, possvel substituir o teatro pelos textos literrios, visto que os mesmos tambm provocam emoes e paixes. Cumpre lembrar que Aristteles concebeu o espetculo trgico como capaz de transformar o medo e a piedade em prazer esttico e isto porque tais emoes so despertadas por uma representao artstica, j tendo perdido, assim, sua fora nociva (ARISTTELES, 1966). Processa-se da mesma forma a catarse por meio dos textos literrios uma "alegria serena" de que fala Aristteles (1996) advm da leitura de narrativas que transformam em fruio a piedade e o temor. Partindo do pressuposto que toda experincia potica catrtica, vale lembrar que o filsofo tomou de emprstimo o vocbulo mdico que indica purificao do corpo de elementos nocivos e utilizou-o no sentido de purificao psicolgica e intelectual. Ao assim fazer, estendeu o alcance do termo para incorpor-lo tambm ao fenmeno esttico. Dessa forma, catarse pode ser entendida como pacificao, serenidade e alvio das emoes. nessa perspectiva que se enfoca a leitura de textos literrios como desempenhando uma funo catrtica. No est, portanto, em desacordo com a moderna concepo de catarse, em que o termo utilizado com referncia funo libertadora da arte.

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    5.2 O HUMOR

    Textos que privilegiem o humor constituem um exemplo de possibilidade teraputica por meio da leitura. Ao buscar em Freud apoio terico para a compreenso do humor, observa-se que o humor se configura como um triunfo do narcisismo, posto quer o ego se recusa a sofrer. O humor , pois, a rebelio do ego contra as circunstncias adversas, transformando o que poderia ser objeto de dor em objeto de prazer. a ao do superego agindo sobre o ego a fim de proteg-lo contra a dor. (FREUD, 1969).

    5.3 A IDENTIFICAO

    A identificao fator importante na teoria freudiana do desenvolvimento da personalidade comea cedo na nossa vida. As crianas se identificam com os pais, com pessoas que admiram e com os animais. Segundo o Vocabulrio de Psicanlise (LAPLANCHE; PONTALIS, 1994, p. 226), a identificao "um processo psicolgico pelo qual um sujeito assimila um aspecto, uma propriedade, um atributo do outro e se transforma, total ou parcialmente, segundo o modelo desse outro". Conforme Caldin (2010):

    Na apropriao do outro, na identificao com as personagens ficcionais, entra em cena, tambm, a afetividade que pode ser demonstrada tanto em relao s personagens principais (as quais, na maioria das vezes, apresentam virtudes), quanto em relao s personagens secundrias (as quais, na maioria das vezes apresentam m ndole).

    A identificao propicia um envolvimento salutar com a literatura, mas esta ltima permite, ainda, uma reflexo, um olhar comprometido com o que se passa, uma introspeco.

    5.4 A INTROJEO

    A introjeo constitui-se em um processo evidenciado pela investigao analtica: "o sujeito faz passar, de um modo fantasstico, de fora para dentro, objetos e qualidades inerentes a esses objetos" (LAPLANCHE; PONTALIS, 1994, p.

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    248). Est estreitamente relacionada com a identificao. um processo inconsciente pelo qual o sujeito incorpora ao eu aspectos dos objetos e da realidade externa; consiste em fazer entrar no aparelho psquico uma quantidade cada vez maior do mundo exterior. A introjeo um mecanismo que pode se repetir, com objetivo defensivo e regressivo no adulto, como um amparo contra a insatisfao causada pela ausncia exterior do objeto.

    5.5 A PROJEO

    A projeo a transferncia aos outros de nossas ideias, sentimentos, intenes, expectativas e desejos. Segundo Laplanche; Pontalis (1994, p. 374), a projeo , "no sentido propriamente dito, operao pela qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro pessoa ou coisa qualidades, sentimentos, desejos e mesmo objetos que l, desconhece, ou recusa nele.

    Segundo Freud, a projeo um mecanismo de defesa psicolgico em que determinada pessoa "projeta" seus prprios pensamentos, motivaes, desejos e sentimentos indesejveis numa ou mais pessoas. Para os psicanalistas e psiclogos trata-se de um processo muito comum que todas as pessoas utilizam em certa medida.

    5.6 A INTROSPECO

    A introspeco, segundo Michaelis (1998, p. 699), a "descrio da experincia pessoal em termos de elementos e atitudes" a "observao, por uma determinada pessoa, de seus prprios processos mentais". Dessa forma, a leitura, ao favorecer a introspeco, leva o indivduo a refletir sobre os seus sentimentos o que teraputico, pois sempre desponta a possibilidade de mudana comportamental.

    Caldin (2010) explica que a introspeco uma auto-observao, um processo mental consciente, um exame dos prprios pensamentos, desejos, e sensaes. A finalidade de tal mtodo o relato minucioso das respostas aos estmulos a que o sujeito foi submetido, propiciando-lhe uma auto-avaliao.

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    6 A ATUAO DO BIBLIOTECRIO TERAPUTA

    De acordo com alguns relatos, a biblioterapia comentada h milnios, sendo que desde o ano de 1800, encontram-se relatos primeiramente pelos mdicos e se expandindo entre psiclogos e bibliotecrios, sempre crescendo at o momento. O profissional de biblioteconomia vem cada vez mais ganhando espaos, e uma das reas que o bibliotecrio pode est inserido com a pratica da biblioterapia. Porm as dificuldades ainda so grandes.

    Na rea de Biblioteconomia e mais especificamente na rea de biblioterapia, podemos verificar [...] que a mesma vem enfrentando grandes obstculos na especializao do profissional da informao que deseja desenvolver esta atividade, pois a formao oferecida pelos cursos de graduao no atende plenamente a capacitao necessria para que o bibliotecrio torne-se um biblioterapeuta. (NUNES, 2004.)

    As equipes devem ser compostas, conforme as especificidades, por assistentes sociais, bibliotecrios, educadores, enfermeiros, mdicos, psiclogos, entre outros profissionais.

    fundamental a colaborao de profissional da rea da sade quando a biblioterapia realizada em hospitais, casas de repouso e asilos; de profissional da educao quando executada em creches, escolas e orfanatos; e de assistente social quando se d em prises e centros comunitrios. Tal parceria reala a importncia de um trabalho interdisciplinar, cujo objetivo transformar a leitura em um exerccio de fruio esttica benfazeja.

    Embora a prtica biblioteraputica seja adotada desde a Antiguidade, a literatura mostra que, somente por volta de 1916, o termo biblioterapia apareceu, tendo sido cunhado por Samuel McChord Crothers, em artigo publicado no Atlantic Monthy. Etimologicamente a biblioterapia tem origem no grego biblion (livro) e therapeuticaorum (tratamento). Entendida deste modo, poder-se-ia dizer que a biblioterapia seria a terapia por meio da leitura de livros, o que constituiria uma compreenso reducionista do termo. Entendo que a biblioterapia utiliza outras ferramentas, contemplando as vrias formas de leitura, por exemplo, de textos no

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    verbais (jogos, imagens, msica). Portanto, trata-se de uma vivncia que se apia em vrios domnios e, portanto, multidisciplinar.

    importante ressaltar, no entanto, que somente a leitura, sem um acompanhamento teraputico, no se traduz em biblioterapia, pois esta atividade pautada no encontro entre o individuo que est enfrentando uma situao especifica, que busca encontrar o sentido para a sua vida, e aquele que possibilita alguns recursos para a concretizao deste intento, ou seja, o bibliotecrio com formao teraputica, o psiclogo, o psicoterapeuta, o psiquiatra, ou ainda o bibliotecrio em uma atividade conjunta com estes profissionais.

    A leitura teraputica envolve aos poucos o individuo em um estado de meditao, fazendo com que [...] certas vivncias interiores e percepes vo adquirindo maior intensidade. Nestas circunstncias os pacientes acabam compreendendo intuitivamente o contedo da mensagem que a narrativa encerra, [...]. Neste momento, o paciente se aproxima de si mesmo de maneira mais relaxada e efetiva. (PINTOS, 1999).

    A concretizao de um programa de biblioterapia demanda espao apropriado, que possa contribuir para que o leitor se expresse por gestos e palavras, e onde o biblioterapeuta possa interagir com ele, encorajando-o em suas expresses a fim de que possa encontrar respostas para seus conflitos.

    De acordo com Pintos (1999), um programa de biblioterapia leva o participante a perceber que ele no o primeiro a sentir o problema; solidarizar-se com o participante a fim de que ele perceba os valores envolvidos nas suas vivncias; possibilita a ele encarar a realidade de seu problema, levando-o a perceber as suas possveis solues. Portanto, est relacionado ao ato de sarar, que ordenado pelo individuo que est enfrentando problemas de sade, e, como processo se produz e se concretiza de dentro para fora.

    As pesquisas mostram claramente os benefcios que a biblioterapia traz aos que participam desta vivncia. Pintos (1999) destaca os seguintes aspectos da atividade: no constitui risco; as leituras so aceitas pelos pacientes, uma vez que no so percebidas como intrusas; reduz o nvel de resistncia psicolgica dos pacientes e por isto d agilidade ao processo de trocas, interao; oferece novos modelos de flexibilidade apontando outros esquemas de respostas em situaes similares; e estimula a independncia.

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    6.1 REQUISITOS / APTIDES

    Embora possa ser considerada uma especializao da Biblioteconomia, o papel do bibliotecrio na aplicao da biblioterapia muito discutido e depende da sua formao em outro campo cientfico especfico; levando-o a ter uma inclinao e atuao mais educacional, psicolgica ou mdica (Smith, 1989). Alguns autores recomendam que ele apenas deve selecionar o material a ser utilizado, outros acham que aps um treinamento especial ele estar apto a aplicar a biblioterapia (Alves, 1982). No sendo os nicos a atuarem neste campo, e podendo vir a atuar em conjunto com os profissionais das mais diversas formaes profissionais e tendncias (psiquiatras, assistentes sociais e outros), o papel do bibliotecrio na biblioterapia definido em grande parte pela formao profissional especfica do bibliotecrio e sua interao com estes outros profissionais. O contexto no qual o programa planejado e aplicado, os objetivos que pretende atingir, e os usurios aos quais se destina so outros fatores determinantes.

    A literatura especializada, no entanto, j estabelece algumas diretrizes bsicas a serem seguidas pelo bibliotecrio na elaborao e concluso do processo bibliotecrio (RUBIN apud MARCINKO, 1989), sendo desnecessrio dizer que este rol no exaustivo e sua aplicao deve estar adequada formao profissional do bibliotecrio e profissionais responsveis pelo programa: a) ele deve escolher um local adequado para a realizao das reunies do grupo; b) deve ter tido um treinamento adequado e estar capacitado para conduzir as discusses do grupo; c) deve formar grupos homogneos para leitura e discusso de temas previamente escolhidos d) deve preparar listas de material bibliogrfico adequadas s necessidades de cada grupo, e escolher outros materiais (filmes, msicas), de acordo com a idade e necessidades a nvel cultural e social dos participantes; e) mesmo que no haja aplicao de terapia ou psicoterapia, como em alguns casos de biblioterapia para crianas, necessrio estabelecer uma situao de ajuda entre o bibliotecrio e o usurio, a partir da ser possvel elaborar um programa estruturado;

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    f) deve selecionar materiais que contenham situaes familiares aos participantes do grupo, mas que no precisam necessariamente conter situaes idnticas s vividas pelas pessoas envolvidas no processo; g) deve selecionar materiais que traduzam de forma precisa os sentimentos e os pensamentos das pessoas envolvidas sobre os assuntos e temas abordados, com exceo de materiais que contenham uma conotao muito negativa do problema, como poesias sobre suicdios, por exemplo; h) deve selecionar materiais que estejam de acordo com a idade cronolgica e emocional da pessoa, sua capacidade individual de leitura e suas preferncias culturais e individuais e

    Alm destas regras bsicas, possvel ocorrer tambm uma maior interao do bibliotecrio com o processo de anlise e conhecimento que prprio da biblioterapia enquanto processo teraputico, seja sob o aspecto cognitivo ou afetivo. Este processo subjacente tambm afetado pela existncia ou no de uma formao profissional especfica para atuar neste processo.

    O bibliotecrio que pretende desenvolver atividades de biblioterapia deve, antes de tudo, nutrir interesse pelo aspecto humano da profisso, esquecendo-se, nesses momentos, dos servios tcnicos para os quais tambm se preparou na Graduao. indispensvel demonstrar empatia, interesse e preocupao com o bem-estar do outro, saber escutar os problemas alheios e ser flexvel no programa de atividades que planejou a fim de contemplar os gostos de todos os envolvidos no programa.

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    CONSIDERAES FINAIS

    O bibliotecrio no deve assumir o papel de guardio de livros como acontecia h alguns anos. A realidade dos campos de atuao desse profissional est ampliando-se cada vez mais e assumir esse momento essencial para o fortalecimento e reconhecimento da profisso.

    De maneira alguma diminui-se a importncia da tcnica da profisso do bibliotecrio, afinal a sua essncia. Porm, exercer o papel social , de certa maneira, o pice, considerando a realidade atual do pas, que tem sede de cidados leitores e de agentes fomentadores da leitura.

    A biblioterapia um exemplo desse novo momento da profisso. H muito tempo ela vem sendo exercida por profissionais da sade, psiclogos e terapeutas. Embora ainda haja a predominncia desses profissionais na aplicao da biblioterapia, existem casos em que esta vem sendo aplicada por bibliotecrios e apresentando timos resultados.

    No Brasil essa prtica ainda incipiente, tendo em vista que a maioria das escolas de biblioteconomia no contemplarem disciplinas voltadas especificamente a esta temtica. notria a existncia de um nmero reduzido de cursos que oferecem formao adequada s competncias exigidas para que o bibliotecrio possa desenvolver prticas biblioteraputicas.

    Os cursos de biblioteconomia geralmente residem seu foco em servios, sistemas de informao e tecnologias, o que, de certa forma, direciona os profissionais da rea a uma atuao igualmente tecnicista como sejam, tcnicas de processamento, armazenamento e disseminao da informao, negligenciando a possibilidade de atuao em outras reas, especialmente quelas ligadas sade.

    Constata-se que, apesar de a biblioterapia ser uma atividade exercida por equipes multidisciplinares, a participao do bibliotecrio nessas equipes escassa, talvez por sentirem-se despreparados para atuarem neste campo.

    Alm da biblioterapia ser uma nova oportunidade de atuao no campo de trabalho do bibliotecrio, as atividades relacionadas a ela so timas para o desenvolvimento da criatividade, incentivo ao gosto pela leitura e a pacificao das emoes.

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    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Meriely Ferreira de. Biblioterapia: reflexes sobre este campo pouco conhecido da biblioteconomia. Disponvel em: . Acesso em 04/07/2012.

    ARISTTELES. Potica. Traduo de Eudoro de Souza. Porto Alegre: Globo, 1966.

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    BUSCAGLIA, Leo. Amando uns aos outros. Traduo de Silvia Rocha. Rio de Janeiro: Record, c1984.

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    LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, J.B. Vocabulrio de psicanlise. Traduo de Pedro Tamen. So Paulo: M. Fontes, 1994.

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    MANGUEL, Alberto. Uma histria da leitura. So Paulo: Companhia das Letras, 1997.

    MARCINKO, Stephanie. Bibliotherapy pratical applications with disabled individuals. Current Studies in Librarianship, v.13, n.1/2, p. 1-5, Spring/Fall, 1989

    MICHAELIS: pequeno dicionrio da lngua portuguesa. So Paulo: Melhoramentos, 1998

    NUNES, Lucilene. Biblioterapia: formao e atuao do bibliotecrio, Faculdade de Filosofia e Cincias Campus de Marilia. So Paulo, 2004.

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    ORSINI, Maria Stella. O uso da literatura para fins teraputicos: biblioterapia. Comunicaes e Artes, n. 11, p. 145-149. 1982.

    PEREIRA, Marlia Mesquita Guedes. Biblioterapia: proposta de um programa de leitura para portadores de deficincia visual em bibliotecas pblicas. Joo Pessoa: Ed. Universitria, 1996.

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    RIBEIRO, Gisele. Biblioterapia: uma proposta para adolescentes internados em enfermarias de hospitais pblicos. Disponvel em: Acesso em 25/06/2012

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    SHRODES, Caroline. Bibliotherapy: a theoretical and clinical-experimental study. 1949. 344f. Dissertation (Doctor of Philosophy in Education) University of California. Berketey.