TCC_Impacto Geração Distribuida No Sistema Elétrico

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA  UFSC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA   DEEL CENTRO TECNOLÓGICO  CTC CAMPUS UNIVERSITÁRIO - TRINDADE - CEP 88040-900 FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA Impactos da Inserção de Geração Distribuída no Sistema Elétrico: Aspectos Técnicos, Ambientais, Sociais e Institucionais Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: E E L 7890   Tr abalho de Conclus ão de Cur s o Orienta dor: P rof. C. C el s o de B . Camarg o, Dr.  Florianópolis, julho de 2010.

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAUFSCDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELTRICADEEL

    CENTRO TECNOLGICOCTCCAMPUS UNIVERSITRIO - TRINDADE - CEP 88040-900

    FLORIANPOLIS - SANTA CATARINA

    Impactos da Insero de GeraoDistribuda no Sistema Eltrico: AspectosTcnicos, Ambientais, Sociais e

    Institucionais

    Monografia submetida Universidade Federal de Santa Catarina

    como requisito para a aprovao da disciplina:

    EEL 7890 Trabalho de Conc luso de Curs o

    Orientado r: Prof. C. Celso de B . Camargo , Dr.

    Florianpolis, julho de 2010.

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    Impactos da Insero da Gerao Distribuda no SistemaEltrico: Aspectos Tcnicos, Ambientais, Sociais e

    Institucionais

    Vinicius Chaves Santos

    Esta monografia foi julgada no contexto da disciplinaEEL 7890: Trabalho de Concluso de Curso

    e aprovada na sua forma final peloCurso de Engenharia Eltrica

    Banca Examinadora:

    Prof. C. Celso de B. Camargo, Dr.Orientador

    Prof. Hans Helmut Zrn, Ph.D.

    Prof. Mauricio Valencia Ferreira da Luz.Responsvel pela disciplina

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    AGRADECIMENTOSAgradeo a minha famlia pelo incentivo e apoio, aos colegas e amigos pelo

    companheirismo tanto nos bons como nos maus momentos durante toda a

    graduao, aos professores pelo conhecimento repassado e ao orientador Prof. C.

    Celso de B. Camargo, por todo o auxlio prestado no desenvolvimento desse

    trabalho, pois sem o mesmo esse trabalho no existiria.

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    Resumo da Monografia apresentada UFSC como parte dos requisitos

    necessrios para a aprovao na disciplina EEL7890: Projeto Final.

    Impactos da Insero da Gerao Distribuda no SistemaEltrico: Aspectos Tcnicos, Ambientais, Sociais e

    Institucionais

    Vinicius Chaves Santos

    Julho/2010

    Orientador: Prof. C. Celso de B. Camargo, Dr.rea de Concentrao: Sistemas de Potncia.Palavras-chave: Gerao Distribuda, Fontes Renovveis, Interconexo.Nmero de pginas: 63

    Este trabalho faz uma reviso bibliogrfica sobre os principais impactos da inseroda Gerao Distribuda (GD) na rede eltrica, avaliando os aspectos tcnicos,

    econmicos, sociais, ambientais e institucionais. Para contextualizar o tema e as

    condies dentro do pas em relao a essa nova forma de gerao, feita uma

    abordagem sobre a matriz eltrica brasileira, principalmente a participao das

    fontes renovveis e seu crescimento nos ltimos anos. Em seguida, so

    apresentadas as principais legislaes de incentivo a expanso da GD e as barreiras

    para sua implementao. Por fim, so discutidas as etapas para a interconexo da

    GD como uma forma de padronizar essas etapas e assim, garantir uma maior

    confiabilidade ao sistema e os principais fatores da insero de fontes renovveis

    variveis como a forma de gerao distribuda que operador do sistema deve

    considerar para cada nvel de penetrao.

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    SUMRIO

    Lista de Iustraes ........................................................................................ viLista de Siglas e Abreviaes...................................................................... viCaptulo 1: Introduo.................................................................................... 1

    1.1: Motivao ............................................................................................... 11.2: Contribuies do Trabalho ..................................................................... 21.3: Estrutura do Trabalho ............................................................................ 2

    Captulo 2: Reviso Bibliogrfica.................................................................. 4

    2.1: Contexto Atual........................................................................................ 4

    2.2: Questo Ambiental ................................................................................. 52.3: Sistema Interligado Nacional ................................................................. 52.4: Instituies do Setor Eltrico Brasileiro .................................................. 62.5: Matriz Energtica do Brasil .................................................................... 82.6: Fontes Renovveis de Energia .............................................................. 92.7: Gerao Distribuda ............................................................................. 14

    Captulo 3: Oportunidades e Barreiras da Gerao Distribuda............... 193.1: Introduo ............................................................................................ 193.2: Instrumentos de Incentivo Para as Fontes Renovveis e a GD ........... 203.3: Barreiras Implantao da GD e utilizao de Fontes Renovveis de

    Energia .................................................................................................................. 23Captulo 4: Aspectos de Interconexo de Sistema de GD........................ 30

    4.1: Introduo ............................................................................................ 304.2: Anlise Tcnica da Interconexo ......................................................... 314.3: Passo 1: Entrega da Solicitao .......................................................... 314.4: Passo 2: Avaliao da Solicitao ....................................................... 324.5: Passo 3: Acordo de Interconexo ........................................................ 364.6: Passo 4: Execuo do Projeto ............................................................. 36

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    4.7: Passo 5: Conexo, Teste e Operao ................................................. 37Captulo 5: Impacto da GD na rede eltrica...Erro! Indicador no definido.

    5.1: Introduo ............................................................................................ 395.2: Operao do Sistema Eltrico.............................................................. 395.3: Previso de Demanda e Energia Elica ............................................... 445.4: Crdito de Capacidade ........................................................................ 465.5: Capacidade de Reserva ....................................................................... 515.6: Gerenciamento Pelo Lado da Demanda .............................................. 525.7: Requisitos de Operao da Rede ........................................................ 555.8: Custo Extra de Fontes Renovveis Intermitentes ................................ 56

    Captulo 6: Concluso.................................................................................. 60Referncias Bibliogrficas........................................................................... 62

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    Lista de Ilustraes

    Tabela 2.1Empreendimentos em Operao no Brasil)____________________________________ 6Tabela 2.2Oferta Interna de Energia no Brasil 2009 _____________________________________ 8

    Tabela 2.3Oferta Interna de Energia Eltrica no Brasil Fonte: _____________________________ 11

    Figura 2.1Oferta Interna de Energia ( Mundo 2007) _____________________________________ 4

    Figura 2.2Oferta Interna de Energia (OCDE 2008)) _____________________________________ 5

    Figura 2.3Oferta Interna de Energia Eltrica Fonte) ____________________________________ 11

    Figura 2.4Expanso das PCHs no Brasil _____________________________________________ 13

    Figu ra 5.1Exemplo de Suavizao devido a integrao Fonte:) ___________________________ 41

    Figu ra 5.2Efeito da Suavizao pela Disperso Geogrfica ______________________________ 42

    Figu ra 5.3 -Complementariedade entre Energia Hidroeltrica e Energia ElicaSistema Sudeste 43Figu ra 5.4 - Valores de Crdito de Capacidade para vrios Nveis de Penetrao Elica_________ 48

    Figu ra 5.5Fator de Capacidade Mdio para diferentes nveis de demanda __________________ 49

    Figu ra 5.6Porcentagem da Gerao Eltrica entregue em relao a demanda para cada ms __ 49

    Figu ra 5.7 - Tcnicas para Alteras as Curvas de Demanda Fonte: (JARDIM,2007) _____________ 54

    Figu ra 5.8Custo de Variabilidade para Altos Nveis de Penetrao Elica __________________ 58

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    Lista de Siglas e Abreviaes

    ABEElica- Associao Brasileira de Energia Elica

    ANEEL- Agncia Nacional de Energia Eltrica

    ANSI- American National Standards Institute

    CCEE- Cmara de Comercializao de Energia Eltrica

    CMSE- Comit de Monitoramento do Setor Eltrico

    CNPE- Conselhor Nacional de Poltica Energtica

    COGEN_RJ- Associao dos Co-geradores do Estado do Rio de Janeiro

    COGEN_SP- Associao dos Co-geradores do Estado de So Paulo

    DNAEE- Departamento Nacional de guas e Energia Eltrica

    EPE- Empresa de Pesquisa EnergticaGD- Gerao Distribuda

    GLD- Gerenciamento pelo Lado da Demanda

    IEEE- Institute of Electrical and Electronic Engineers

    MCHs- Micro Centrais Hidreltricas

    MME- Ministrio de Minas e Energia

    NFFO- NonFossil Fuel Obligation

    OCDE - Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OIE- Oferta Interna de Energia

    NOS- Operador Nacional do Sistema

    PCHs- Pequenas Centrais Hidreltricas

    PIE- Produtor Independente de Energia

    PPC- Probabilidade de Perda de Carga

    PROINFA- Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica

    PURPA- Public Utility Regulatory Policy Act

    RPS- Renewable Portfolio Standard

    SIN- Sistema Interligado Nacional

    TGCC-Turbina a Gs de Ciclo Combinado

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    Captulo 1: Introduo

    A crise energtica do incio desta dcada e as dificuldades de viabilizao denovos aproveitamentos hidreltricos de grande porte, por causa dos grandes

    impactos ambientais, impulsionaram a busca de alternativas para diversificao das

    fontes de fornecimento de energia eltrica.

    Com a introduo de novas tecnologias que reduzem, de maneira

    significativa, o custo de energia eltrica produzida, tem-se passado para unidades de

    gerao de pequeno ou mdio porte, localizadas cada vez mais prximas dos

    centros de carga, dando origem, portanto, a gerao distribuda (GD). A GD emgeral mais cara que a gerao convencional. No entanto, evita a presso

    ambiental, principalmente o aquecimento global e reduz os custos com transmisso

    e distribuio.

    A disseminao de fontes de Gerao Distribuda conectadas a redes de

    transmisso e distribuio um fenmeno mundial, que j h alguns anos se faz

    presente tambm no Brasil. motivada pelo estmulo concedido pelos novos

    modelos reestruturados dos setores eltricos s figuras do Produtor Independente e

    Auto-Produtor de energia, bem como pelo fato de que as fontes de GD, dada a sua

    proximidade dos centros de consumo, evitam os efeitos negativos da dependncia

    da gerao centralizada e os altos custos da transmisso e expanso da rede

    eltrica.

    1.1: Motivao

    Muito so os enfoques que se pode dar a esse assunto, indo desde o enfoque

    tcnico, institucional, social, poltico, ambiental at econmico. Vrios fatores podem

    influir na discusso relativa instalao de uma unidade de gerao distribuda, tais

    como: a natureza da atividade do cliente, sua localizao, disponibilidade de

    recursos, polticas de incentivos, regulamentao ambiental, o tipo de fonte usada e

    ainda a estrutura de mercado de energia.

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    Outros fatores seriam a avaliao do impacto destas fontes conectadas

    rede, sob o ponto de vista de confiabilidade de atendimento, qualidade da tenso,

    estabilidade da operao, reestruturao dos meios de proteo da rede e no

    menos importante os impactos ambientais na regio.

    Dessa forma, o estudo das implicaes desses fatores de suma importncia

    para o sistema eltrico.

    1.2: Contribuies do Trabalho

    Este trabalho se prope a desenvolver um estudo do estado da arte sobre os

    principais impactos devido insero da GD na rede, avaliando aspectos tcnicos,

    econmicos, sociais, regulatrios, ambientais, entre outros.

    O trabalho a ser desenvolvido dever ser capaz de salientar as principais

    dvidas referentes implementao da GD na rede, quais as principais

    caractersticas das fontes renovveis que devem ser levadas em conta para sua

    utilizao e as principais barreiras a serem quebradas para expanso da GD.

    1.3: Estrutura do Trabalho

    Os demais captulos que constituem esse trabalho esto organizados da

    seguinte forma:

    O Captulo 2 apresenta uma reviso bibliogrfica que apresenta o contexto do

    modelo atual, a questo ambiental e descreve o setor eltrico brasileiro, desde

    dados da matriz energtica como caractersticas da reestruturao. A importncia

    das energias renovveis no contexto brasileiro e a apresentao das mesmas so

    descritas com nfase nas fontes com maior potencial industrial no Brasil, a saber:

    Pequenas Centrais Eltricas (PCHs), elicas e biomassa. Por fim, so abordadas

    algumas definies de GD presente na literatura e alguns dos principais benefcios

    da implantao da GD.

    No Captulo 3 so abordados os mecanismos de incentivo e obstculos para

    a expanso da GD. Uma viso da evoluo de legislaes em alguns pases e no

    Brasil so descritas e tambm as principais barreiras a serem vencidas.

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    Aspectos tcnicos e os requisitos para a conexo dos sistemas de GD com o

    sistema eltrico so apresentados no Captulo 4. Alm disso, nesse captulo so

    expostos os principais procedimentos para interconexo de equipamentos de

    gerao nos sistema de distribuio, tais como anlise de curto-circuito, estudo de

    fluxo de potncia entre outros.

    O Captulo 5 expe as caractersticas fundamentais de fontes renovveis,

    principalmente as variveis. Tambm apresenta o impacto dessas fontes conectadas

    ao sistema, descreve quais os principais fatores que o operador do sistema deve

    considerar e quais os custos incrementais devido a essa insero.

    Finalmente, no Capitulo 6, so analisados os principais tpicos do trabalho

    mostrando a relevncia para a insero da GD na rede e ainda aspectos que devemser levados em conta para futuros trabalhos.

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    Captulo 2: Reviso Bibliogrfica

    2.1: Contexto Atual

    O modelo de desenvolvimento da sociedade atual baseado em

    combustveis fsseis como o petrleo, gs natural e carvo mineral. Entretanto, o

    impacto ambiental associado a estes combustveis, e questes relacionadas sua

    disponibilidade, vm levando a uma busca crescente por alternativas mais

    sustentveis e que utilizem recursos locais. Dessa forma, as energias renovveis

    constituem uma componente importante no fornecimento de energia para o futuro da

    indstria de fornecimento de energia eltrica.

    A disseminao de fontes de energias renovveis conectadas a redes de

    transmisso e distribuio, de forma no centralizada, um fenmeno mundial, que

    j h alguns anos se faz presente tambm no Brasil. Desta forma a GD aparece

    como uma forma alternativa e eficaz na busca por novas alternativas de gerao de

    eletricidade e tambm uma forma de garantir capacidade adicional em curto prazo.

    As Figuras 1 e 2 mostram bem essa predominncia ainda dos combustveisfosseis no modelo energtico mundial atual.

    *Inclui combustveis renovveis, resduos slidos urbanos, energias sola, elica e geotrmica, entre outras.Figura 2.1Oferta Interna de Energia ( Mundo 2007) Fonte: (BEN, 2010)

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    *Inclui combustveis renovveis, resduos slidos urbanos, energias sola, elica e geotrmica, entre outras Figura 2.2Oferta Interna de Energia (OCDE 2008) Fonte: (BEN, 2010)

    2.2: Questo Ambiental

    A partir das ltimas dcadas do sculo XX, o homem passou a se preocupar

    com o impacto ambiental dos processos de explorao dos recursos naturais. A

    crise do petrleo, dos anos 70, e a onda de aquecimento global causada pelos

    gases do efeito estufa vm contribuindo na mudana de conduta em relao ao meio

    ambiente.

    Hoje em dia, um dos problemas mais crticos certamente o efeito estufa. O

    acmulo de gases altamente poluentes na atmosfera o grande causador do

    aquecimento global, decorrente do efeito estufa.

    As alteraes das temperaturas e conseqentes mudanas climticas

    tomaram propores notveis. Em 1997, o relatrio do Painel Intergovernamental de

    Mudanas Climticas serviu de base para a elaborao do Protocolo de Kyoto, que

    determinou aos pases desenvolvidos uma meta de reduo em 5,2 % nas emisses

    de gases de efeito estufa at 2012 (Santos, 2009).

    2.3: Sistema Interligado Nacional

    O Sistema Interligado Nacional (SIN) formado pelas empresas que

    compem os sistemas de produo e transmisso de energia eltrica das regies,

    Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e uma parte do Norte. O sistema brasileiro

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    tem por caracterstica ser um sistema hidrotrmico de grande porte, com

    predominncia de usinas hidreltricas, interligado por linhas de alta tenso. Apenas

    3,4% da capacidade de produo de eletricidade do pas encontra-se fora do SIN,

    em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na regio amaznica. Na

    Tabela 2.1 pode-se analisar bem essa predominncia na capacidade de gerao do

    setor.

    Tabela 2.1Empreendimentos em Operao no Brasil Fonte: (ANEEL, 2010)

    *Consideradas as mquinas do lado brasileiro de Itaipu Binacional (7.000 MW)**No considerada a importao de energia

    2.4: Instituies do Setor Eltrico Brasileiro

    Com a crise energtica do incio desta dcada, o setor eltrico foi

    reestruturado para um funcionamento mais adequado para a situao brasileira e o

    novo modelo implantou novas instituies e alterou funes de outras, como

    comentado a seguir.

    2.4.1: Conselho Nacional de Poltica Energtica (CNPE)

    rgo de assessoramento do Presidente da Republica para formulao de

    polticas nacionais e diretrizes de energia, visando, dentre outros objetivos, oaproveitamento dos recursos energticos do pas, rever periodicamente a matriz

    energtica e estabelecer diretrizes para programas especficos.

    2.4.2: Ministrio de Minas e Energia (MME)

    Encarregado da formulao, do planejamento e implementao de aes do

    Governo Federal no mbito da poltica energtica nacional.

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    2.4.3: Empresa de Pesquisa Energtica (EPE)

    A EPE uma empresa vinculada ao MME, cuja finalidade prestar servios

    na rea de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor

    energtico, tais como energia eltrica, petrleo e gs natural e seus derivados,

    carvo mineral, fontes energticas renovveis e eficincia energtica, dentre outras.

    2.4.4: Comit de Monitoramento do Setor Eltrico (CMSE)

    O CMSE um rgo criado no mbito do MME, sob sua coordenao direta,

    com a funo de acompanhar e avaliar a continuidade e a segurana do suprimento

    eltrico em todo o territrio nacional. Suas principais atribuies incluem:

    acompanhar o desenvolvimento das atividades de gerao, transmisso,

    distribuio, comercializao, importao e exportao de energia eltrica; avaliar as

    condies de abastecimento e de atendimento; realizar periodicamente a anlise

    integrada de segurana de abastecimento e de funes de outras j existentes.

    2.4.5: Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL)

    A Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) foi criada na reestruturao

    do setor eltrico brasileiro. O Estado abriria mo, gradualmente, dos meios de

    produo do setor eltrico e passaria a ser regulador e fiscal da qualidade dos

    servios prestados populao. ANEEL foi reservado o papel de regular e

    fiscalizar o novo mercado, que se estabeleceu no Pas a partir da introduo da livre

    competio nos segmentos de gerao e comercializao de energia eltrica.

    A ANEEL foi instituda com as atribuies de regular e fiscalizar a produo,

    transmisso, distribuio e comercializao de energia eltrica, zelando pela

    qualidade dos servios prestados, pela universalizao do atendimento e pelo

    estabelecimento das tarifas para os consumidores finais, preservando a viabilidade

    econmica e financeira dos consumidores e da indstria.

    A misso da ANEEL proporcionar condies favorveis para que o mercado

    de energia eltrica se desenvolva com equilbrio entre os agentes e em benefcio da

    sociedade.

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    2.4.6: Operador Nacional do Sistema (ONS)

    O ONS o agente planejador e executor da operao do sistema eltrico

    brasileiro, responsvel por adequar a oferta de gerao demanda de curto prazo,

    observando os requisitos de confiabilidade do sistema.

    A misso do ONS operar o Sistema Interligado Nacional de forma integrada,

    com transparncia, eqidade e neutralidade, garantindo o suprimento de energia

    eltrica contnuo, econmico e seguro no pas (ROMAGNOLI, 2005).

    2.4.7: Cmara de Comercializao de Energia Eltrica (CCEE)

    Pessoa jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, sob regulao e

    fiscalizao da ANEEL, com finalidade de viabilizar a comercializao de energia

    eltrica no Sistema Interligado Nacional (SIN). Administra os contratos de compra e

    venda de energia eltrica, sua contabilizao e liquidao.

    2.5: Matriz Energtica do Brasil

    A representatividade da energia renovvel dentro da estrutura da matriz

    energtica brasileira est aumentando cada vez mais, conforme a Tabela 2.2. Em2009 teve um aumento, com 47,4% de participao contra 45,9% em 2008. Entre

    os energticos que compem o grupo das fontes renovveis no Brasil, a categoria

    que mais cresceu foi dos Outros Renovveis, 10,2% e que passou de 3,4% em

    2008 para 3,8% em 2010. A cana-de-acar apresentou crescimento de

    participao, que chegou a 18,1% da Oferta Interna de Energia (OIE) total e a

    hidrulica/eletricidade obteve um aumento chegando ao valor de 15,3% de

    participao na oferta renovvel do pas. A lenha e o carvo vegetal apresentaram

    uma reduo de participao entre as energias renovveis, passando de 11,6% para

    10,1%.

    Tabela 2.2Oferta Interna de Energia no Brasil 2009: 243,9 milhes [tep] Fonte:(BEN,2010)

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    Entre os energticos, houve importante crescimento no uso da energia

    hidrulica (5,2%), refletindo as condies hidrolgicas favorveis. Consumiram-se

    tambm mais derivados da cana (2,8%), expanso muito ligada ao uso do bagaona autoproduo de eletricidade e intensificao do uso do etanol em uma frota

    onde cresceu muito a presena de motores flex entre os veculos leves. Em

    contrapartida, caiu o consumo de derivados de petrleo, do gs natural e do carvo

    (BEN, 2010).

    2.6: Fontes Renovveis de Energia

    As energias renovveis so aquelas cujas fontes no se esgotam, ou seja, se

    renovam. Elas tambm so consideradas como energias alternativas ao modelo

    energtico tradicional, tanto pela sua disponibilidade (presente e futura) garantida

    (diferente dos combustveis fsseis que precisam de milhares de anos para a sua

    formao) como pelo seu menor impacto ambiental.

    As energias renovveis so, na atualidade, um dos mais importantes

    assuntos para as discusses sobre o futuro da humanidade. Ao mesmo tempo em

    que se busca ampliar a oferta e reduzir os custos, crescem as preocupaes com a

    sustentabilidade e o meio ambiente. neste contexto que as energias renovveis

    surgem e ganham destaque, tendo apoio de diversos grupos e organizaes para a

    sua ampliao.

    Como as energias renovveis ainda possuem um custo elevado quando

    comparadas com as fontes convencionais, as taxas sobre a poluio dos

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    combustveis fsseis criariam um patamar de preo onde ambas as fontes seriam

    competitivas (Santos, 2009).

    Em 2008 as energias renovveis representavam 5% da energia eltrica

    consumida no mundo e a utilizao global das energias renovveis vem aumentandocerca de 2% ao ano (REBECHI, 2008).

    Existem diversas fontes renovveis de energia, como por exemplo, a elica,

    as Pequenas Centrais Hidreltricas (PCHs), a biomassa, biomassa residual, a solar,

    a geotrmica, das mars, entre outras. Porm, nesse trabalho sero apresentadas

    apenas as fontes que tm sido comercialmente implementadas no Brasil.

    2.6.1: Potencial Brasileiro para Energias Renovveis

    As caractersticas fsicas do Brasil, em especial a grande extenso territorial e

    a existncia de rios caudalosos, aliadas s limitadas reservas de petrleo e carvo

    mineral conhecidas nas dcadas anteriores, foram determinantes para a implantao

    de um parque gerador de energia eltrica predominantemente hidrulico. Atualmente

    praticamente 30% do potencial hidreltrico correspondem a usinas hidreltricas em

    operao; portanto, estima-se que as fontes hidrulicas continuaro a desempenhar

    importante papel no atendimento demanda de energia eltrica brasileira nosprximos anos.

    No Brasil, a participao das fontes renovveis vem aumentando

    gradativamente. E em 2009, 47,3% de toda energia consumida no pas, foi originada

    de fontes renovveis. Na energia eltrica, a energia hidrulica continua como matriz

    principal, correspondente a 76,7% do total, e a biomassa e elica somam 5,6%

    conforme Figura 2.3.

    *Inclui lenha, bagao de cana, lixvia e outras recuperaes.

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    Figura 2.3Oferta Interna de Energia Eltrica Fonte: (BEN, 2010)

    Tabela 2.3Oferta Interna de Energia Eltrica no Brasil Fonte: (BEN, 2010)

    1 Inclui parcela de importao; 2 Inclui gs de coqueria; 3 Inclui lenha, bagao de cana, lixvia e outrasrecuperaes.

    A gerao por meio de fontes renovveis apresentou aumento de 5,5%,

    sendo que a Biomassa foi uma das que mais cresceram, 17,5%, Tabela 2.3. Com a

    maior utilizao das usinas hidreltricas, em detrimento s termeltricas, a

    eletricidade de origem renovvel aumentou de 85,1%, em 2008, para 89,8% no

    ltimo ano (BEN, 2010).

    2.6.2: Energia Elica

    A forma mais comum de gerao de eletricidade pelo vento atravs do

    emprego de aerogerador, podendo esse ser instalado isoladamente, em pequenos

    grupos ou em plantas elicas. A converso da energia cintica dos ventos em

    energia eltrica acontece pelo movimento do rotor da turbina (ps e cubo) que, por

    estar acoplado ao eixo principal, movimenta o gerador eltrico.

    A gerao elica oferece algumas vantagens, como diversificao da matriz

    energtica e em alguns casos produo prxima aos centros consumidores. A

    penetrao de energia elica em grandes redes pode atingir valores entre 15 e 20%,

    sendo necessrio, entretanto, atentar para a qualidade de tenso e freqncia e

    para a estabilidade da rede; o ciclo dos ventos complementar aos ciclos

    hidrolgicos e a construo de usinas elicas pode ser realizada em um curto

    perodo de tempo.

    No ano de 2009 no Brasil a energia elica foi responsvel por uma produo

    de 1.240 GWh, que representa pouco mais de 0,2% de toda energia eltrica

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    12

    consumida no Brasil. Parece pouco mas isso representa um crescimento de 423,2%

    em relao a energia eltrica oriunda dos ventos produzida no ano de 2006 no Brasil

    (BEN, 2010).

    E provavelmente essa porcentagem ir aumentar ainda mais, conforme aTabela 2.4 no leilo de reserva de 2010 a energia que se sobressaiu foi a energia

    elica com 425 empreendimentos inscritos somando 11.214 MW, que representam

    71% do total cadastrado.

    Tabela 2.4Leilo de Reserva 2010 Fonte: (EPE, 2010)

    2.6.3: Pequenas Centrais Hidreltricas

    Internacionalmente as PCHs so conhecidas como usinas hidreltricas com

    potncia instalada menor que 10MW. J no Brasil as PCHs so definidas como

    usinas com potncia instalada menor que 30MW e reservatrio com rea mxima de

    13 km2, definio essa dada pela Lei 9648/98 e posteriores resolues da ANEEL,

    que tambm define as usinas com potncia instalada menor que 1MW como sendoMicro Centrais Hidreltricas (MCHs).

    No ano de 2006 existiam 73 GW instalados no mundo em PCHs, tendo sido

    instalado s no ano de 2008, 7 GW (REBECHI, 2008).

    Na Figura 2.4 so apresentados os valores em MW de empreendimentos de

    PCHs instalados anualmente no Brasil. Com a crise econmica em 2009, vrios

    projetos foram cancelados devido a reduo na demanda. Como estimativa pode-se

    esperar o incremento de 600 MW por ano de PCHs, se no houvessem tantas

    barreiras, das quais algumas sero citadas posteriormente, para o aparecimento de

    novos negcios, este nmero poderia chegar at 1000 MW (OLIVEIRA, 2010).

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    Grfico 2.4Expanso das PCHs no Brasil Fonte: (OLIVEIRA, 2010)

    No ano de 2000, a participao das PCHs na matriz eltrica nacionalcorrespondia a 838 MW de capacidade instalada, dez anos depois, 2010, passou

    para 3.138 MW, um crescimento de 73% (OLIVEIRA, 2010).

    2.6.4: Biomassa

    Do ponto de vista energtico, para fim de outorga de empreendimentos do

    setor eltrico, biomassa todo recurso renovvel oriundo de matria orgnica (de

    origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produo de energia.

    Embora grande parte do planeta esteja desprovida de florestas, a quantidade

    de biomassa existente na terra da ordem de dois trilhes de toneladas; o que

    significa cerca de 400 toneladas per capita. Em termos energticos, isso

    corresponde a mais ou menos 3.000 EJ por ano, ou seja, oito vezes o consumo

    mundial de energia primria (da ordem de 400 EJ por ano) (REBECHI, 2008).

    A bioenergia vem apresentando ndices de crescimento relativamente altos

    em alguns pases, como o Brasil e pases escandinavos. Nos EUA ela quase dobrou

    entre 1971 e 2000, representando no ano de 2000 cerca de 3,5% do total de

    fornecimento de energia (Santos, 2009).

    No ano de 2009 no Brasil a energia eltrica proveniente da biomassa foi

    responsvel por uma produo de 27,4 TWh, que representa 5,4% de toda energia

    eltrica consumida no Brasil, isso representa um crescimento de 17,5% em relao a

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    energia eltrica oriunda da biomassa produzida no ano de 2008 no Brasil, quando

    foram gerados 23,3 TWh (BEN, 2010).

    2.7: Gerao Distribuda

    Existem diversas definies relacionadas ao conceito de gerao distribuda,

    de acordo com (ROMAGNOLI, 2005), no existe ainda um consenso quanto

    definio de GD, embora caractersticas inerentes a este tipo de gerao possam

    ser identificadas como essenciais ao que a GD representa. Para (Lora & Haddad,

    2006), a gerao distribuda pode ser definida como uma fonte de gerao

    conectada diretamente na rede de distribuio ou ao consumidor. Para o IEEE, GD

    uma central de gerao pequena o suficiente para estar conectada a rede dedistribuio e o consumidor (Lora & Haddad, 2006).

    O conceito de gerao distribuda ainda relativamente recente no Brasil,

    tanto que a GD foi mencionada pela primeira vez na legislao brasileira em 15 de

    maro de 2004, atravs da lei 10.848 que dispe sobre a comercializao de energia

    eltrica, e s passou a ter um mercado delimitado e uma definio formal no Decreto

    Lei n 5163 de 30 de julho de 2004.

    Segue-se ento a definio da GD, segundo o Decreto:

    Art.14. Para os fins deste Decreto, considera-se gerao distribuda a

    produo de energia eltrica proveniente de empreendimentos de agentes

    concessionrios, permissionrios ou autorizados, (...), conectados diretamente no

    sistema eltrico de distribuio do comprador, exceto aquele proveniente de

    empreendimento:

    I - hidreltrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e;

    II - termeltrico, inclusive de co-gerao, com eficincia energtica inferior a

    setenta e cinco por cento (...);

    Os empreendimentos eltricos que utilizam biomassa ou resduos (...) no

    estaro limitados ao percentual de eficincia energtica prevista no inciso II

    (...)..(ROMAGNOLI, 2005).

    Ou seja, pode se concluir desta definio que, considerada GD na

    Legislao Brasileira as PCHs at o limite de 30 MW, a co-gerao qualificada, e

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    quaisquer gerao que utilize biomassa e resduos slidos, a exemplo dos

    sucroalcooleiros. No importando a sua eficincia.

    Os avanos tecnolgicos tem posicionado favoravelmente a GD frente aos

    grandes sistemas centralizados e espera-se que tal forma de gerao dever seadequar s necessidades do mercado energtico brasileiro, respeitando as

    caractersticas nicas do seu sistema eltrico, introduzindo ganhos de eficincia,

    confiabilidade e flexibilidade, e procurando ao mesmo tempo responder aos desafios

    de sempre: aumentar a eficincia de utilizao dos recursos energticos e minimizar

    os impactos ambientais decorrentes do seu processo.

    De acordo com (CANAL ENERGIA, 2010), entre os anos de 2005 e 2009

    foram realizados, por nove distribuidoras, 36 de comercializao. No perodo foramcontratados 254 MW mdios de 19 agentes geradores. Deste montante, 247 MW

    mdios so provenientes de pequenas centrais hidreltricas, 6 MW mdios de

    bagao da cana e 1 de biogs. Todos os contratos de gerao distribuda por

    chamada pblica se concentram no sudeste e centro-oeste, exceto o projeto piloto

    da Copel, de dejetos sunos, que se encontra na regio Sul.

    2.7.1: Principais Benefcios da GD

    Se for implantada corretamente e em locais otimizados, a GD pode trazer

    muitos benefcios rede, principalmente no que se refere a qualidade da energia e

    do atendimento. Alguns benefcios so mais bem aproveitados pelo consumidor,

    outros pelos sistema eltrico interligado e ainda h aqueles que se refletem como

    benefcios para a sociedade em geral.

    De acordo com (ROMAGNOLI, 2005), podemos listar os benefcios em quatro

    categorias, do ponto de vista do consumidor, da concessionria, da sociedade e por

    ltimo os benefcios refletidos no SIN.

    Abaixo so descritos os benefcios:

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    2.7.1.1: Benefcios ao Consumidor

    Quando implantadas utilizando-se um arranjo devidamente escolhido, e com

    tecnologia adequada, unidades de GD podem ter ndices de confiabilidade

    extremamente elevados, podendo at mesmo se aproximar de 100%;

    Unidades de GD podem suprir o consumidor com energia de qualidade no

    que se refere tenso, freqncia, minimizao de harmnicas, etc.;

    A GD pode muitas vezes ser a alternativa mais vivel para se evitar o

    consumo de energia utilizando-se das onerosas tarifas de horrio de ponta

    das concessionrias;

    A GD pode trazer benefcios de calor e frio distribudo (chillers de absoro)quando utilizada como co-gerao;

    Fornecimento de energia para reas remotas, onde o atendimento atravs de

    redes de transmisso e distribuio se torna invivel por questes

    econmicas ou ambientais.

    2.7.1.2: Benefcios Concessionria

    Reduz perdas ativas e reativas na sua rede, proporciona maior estabilidade

    tenso eltrica, adia investimentos em subestaes de transformao e em

    capacidade adicional de transmisso;

    Aumento da confiabilidade do sistema prximo gerao local, considerando

    que o gerador possui confiabilidade prpria adequada e evitam-se as falhas

    oriundas da transmisso;

    Reduo de investimentos para o atendimento da demanda na ponta (peakshaving);

    Unidades de menor capacidade minimizam os erros de planejamento, pois

    permitem incrementos de gerao menores e ajustam-se melhor ao

    crescimento da demanda, alm disso, facilitam o procedimento de

    redespacho durante manutenes programadas, pois reduzem o montante de

    capacidade instalada que se tornar indisponvel;

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    As unidades de gerao apresentam maior modularidade e tempo de

    construo reduzido;

    Menores entraves burocrticos devido a problemas polticos e ambientais

    relacionados a concesses de faixas de servido para novas redes detransmisso, visto que o crescimento destas altamente influenciado pelo

    surgimento de novas centrais eltricas convencionais.

    2.7.1.3: Benefcios ao SIN

    Reduo do carregamento das redes, e conseqentemente maior flexibilidade

    operativa;

    Melhora no perfil de tenso dos ramais;

    Reduo nas perdas da rede;

    Maior eficincia energtica obtida pela operao conjugada entre GD e GC;

    Aumento da estabilidade do sistema, caso os geradores distribudos sejam

    empregados utilizando-se mquinas sncronas de porte aprecivel;

    Possibilidade de prestao de servios, tais como: controle de freqncia,

    reserva de potncia e auto-restabelecimento, tambm conhecido como

    capacidade de black-start ou ilhamento.

    2.7.1.4: Benefcios Sociedade

    A insero de tecnologias de Gerao Distribuda, principalmente as fontes

    renovveis, diversifica o uso da matriz energtica evitando a dependncia

    exclusiva de apenas alguns tipos de recursos;

    Com a utilizao de recursos locais diminui-se tambm a necessidade de

    importao de recursos;

    Aumenta a competio, o que causa impactos positivos no que se refere

    redues nas tarifas de energia;

    Proporciona o desenvolvimento econmico local, devido ao uso dos recursos

    da regio, revitalizando as atividades econmicas e aumentando o volume de

    servios. No caso das fazendas elicas os proprietrios das terras podem

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    ganhar alugando espao para os aerogeradores sem perder muito no que se

    refere s reas cultivveis.

    Menores impactos ambientais devido ao porte mais reduzido das instalaes

    e menor impacto ambiental devido baixa emisso de poluentes,principalmente no caso das fontes renovveis. Com a menor emisso de

    poluentes tem-se ndices menores de doenas respiratrias causadas pela

    poluio, menos problemas decorrentes de chuvas cidas, entre outros.

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    Captulo 3: Oportunidades e Barreiras da Gerao Distribuda

    3.1: Introduo

    A legislao, incluindo seus aspectos regulatrios um tema essencial para a

    promoo da gerao distribuda em bases consistentes, podendo tanto constituir

    obstculos como definir mecanismos de incentivo para sua expanso. Neste captulo

    se apresenta uma viso da evoluo da legislao em alguns pases e no Brasil,

    onde no decorrer dos ltimos anos novas medidas foram adotadas nessa direo.

    Temas como a segurana energtica e o custo da falta de energia passarama fazer parte das decises de curto e longo prazo, sempre na dependncia da

    legislao e dos regulamentos. Questes relacionadas migrao ao mercado livre

    ou opo pela autoproduo levam ao questionamento da segurana energtica

    como um dos aspectos principais no processo decisrio, uma vez que a vertente

    econmica mais facilmente delineada e pode apresentar critrios objetivos.

    Pelo princpio de independncia de redes de transmisso e distribuio de

    energia das concessionrias e tambm por aumentar a eficincia e efetuar umaotimizao energtica, a GD surge como uma oportunidade fundamental para a

    garantia de fornecimento mesmo em momentos de racionamento.

    Embora a presena do governo como investidor possa ser muito pequena,

    sua interveno relevante e pode ser favorvel ou inibidora, construindo as

    oportunidades ou barreiras ao seu desenvolvimento. Tal interveno governamental

    se desenvolve atravs de legislaes de incentivo, de criao de subsdios, de

    estabelecimento de regras de financiamento e tributos.

    Com o surgimento de novos agentes, o desafio da implementao da GD se

    tornou em muitos casos coincidente com a necessidade de vencer barreiras

    econmicas entrada dessas oportunidades de gerao. Considerando-se as

    dificuldades dessas barreiras, tornou-se importante que leis de incentivo gerao

    distribuda e a fontes renovveis fossem implementadas.

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    20

    3.2: Instrumentos de Incentivo Para as Fontes Renovveis e a

    Gerao Distribuda

    Percebe-se que a nvel mundial, com destaque para a Europa e Estados

    Unidos, existe um enorme portflio de polticas de incentivo diretas ou indiretas para

    as fontes renovveis, sejam elas atravs de subsdios, mercados garantidos, compra

    voluntria, tarifas para compensar produtividade, compra de energia pelas

    concessionrias, incentivos fiscais, leiles de fontes renovveis, entre outras.

    Outro ponto que deve ser observado que algumas polticas de incentivo s

    funcionam para determinados contextos scio econmicos particulares. Faz-se

    necessrio, portanto, verificar cuidadosamente qual a mais apropriada para a

    situao atual do Brasil (ROMAGNOLI, 2005).

    A seguir, um resumo das principais polticas de incentivo praticadas no

    mundo.

    3.2.1: Public Utility Regulatory Policy Act (PURPA)

    Editada em 1978 o melhor exemplo dessas polticas de incentivo, como ato

    pioneiro na rea a PURPA a partir de Maro de 1981 exigia que todas asconcessionrias dos Estados Unidos, inclusive cooperativas de eletrificao rural,

    empresas municipais, investidores privados de energia e empresas federais

    passaram a ser obrigadas a comprar os excedentes de energia eltrica e a

    capacidade disponibilizada por pequenos produtores qualificados que utilizassem

    fontes renovveis ou sistemas de co-gerao (Lora & Haddad, 2006).

    A interconexo eltrica com a rede eltrica podia ser feita de duas maneiras

    distintas, a primeira com o produtor consumindo a energia gerada em seu prprio

    local de atividades e comercializando apenas os excedentes. A segunda era vender

    toda a energia gerada para a concessionria local e comprasse dela prpria,

    tambm, toda sua necessidade, alternativa que exige dois sistemas de medio

    (ROMAGNOLI, 2005).

    Em locais em que a capacidade de reserva era reduzida, havia a previso de

    um forte crescimento da demanda, o parque gerador era extremamente dependente

    de derivados de petrleo e o valor das tarifas era elevado; ou quando no havia

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    muitas alternativas economicamente interessantes para a expanso do parque

    gerador, a gerao descentralizada encontrou condies ideais de disseminao.

    Vrios megawatts de capacidade instalada de energia produzida a partir de fontes

    renovveis alternativas foram adicionados ao parque gerador americano,

    especialmente em estados como a Califrnia e Maine. (ROMAGNOLI, 2005).

    3.2.2: Leis para Injeo na RedeFeed-in Laws

    Estas leis, presentes na Alemanha e outros pases europeus desde 1990,

    fixam um preo para compra de energia produzida por fontes renovveis pelas

    concessionrias. No caso da Alemanha, por exemplo, em 1991, os produtores

    vendiam sua energia a um preo igual a 90% do preo no mercado de varejo, e asconcessionrias eram obrigadas a comprar a energia. Esta lei mudou em 2000

    quando o preo passou a ser diferenciado de acordo com a tecnologia dos

    geradores e baseada em expectativas de declnio no preo de produo de cada

    tecnologia (ROMAGNOLI, 2005).

    3.2.3: Obrigao de Compra por Fontes Renovveis Atravs de

    Concorrncia Competitiva Competitive Bid Renewable

    Resources Obligations

    O Reino Unido adotou esta poltica de leiles durante os anos 90 atravs dos

    NonFossil Fuel Obligation (NFFO), ou leiles de fontes renovveis. Nos NFFO, os

    produtores competiam pelo direito de fornecimento de uma quantidade fixa de

    energia renovvel, com o ofertante do menor preo sendo o vencedor do contrato.

    Em cada um dos leiles realizados, (no total foram cinco) os preos vencedores

    foram decrescentes. O Reino Unido abandonou o mecanismo de NFFO em 1997(ROMAGNOLI, 2005).

    3.2.4: Parcela Obrigatria de Energia Renovvel Renewable

    Portfolio Standard(RPS)

    Um mecanismo de RPS requer que, um percentual mnimo das vendas de

    energia, ou da capacidade instalada, seja oriunda de fontes renovveis. As

    concessionrias participantes do programa devem assegurar que as metas sero

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    atendidas, seja por gerao prpria, atravs de compra de outros produtores, ou

    atravs de vendas diretas de terceiros para consumidores. Nos Estados Unidos, pelo

    menos 12 concessionrias aderiram ao RPS, com percentuais correspondendo de

    um a trinta por cento de sua gerao total sendo adquirida de produtores com fontes

    renovveis. Brasil, Austrlia e Blgica possuem mecanismos anlogos ao RPS

    (ROMAGNOLI, 2005).

    3.2.5: Polticas de Biocombustveis no Transporte

    Polticas compulsrias de biocombustvel existem no Brasil, Estados Unidos e

    Europa, e aceleram o desenvolvimento deste tipo de combustvel. As leis

    mandatrias para os biocombustveis requerem que um certo percentual de todos oscombustveis lquidos utilizados em veculos de transporte seja derivado de fontes

    renovveis. As polticas de impostos podem prover crditos ou isenes de impostos

    para a produo ou comercializao de biocombustveis. O Brasil, por exemplo, tem

    polticas mandatrias para a mistura de etanol com todo combustvel vendido para o

    uso em veculos no pas, assim como a disponibilidade de lcool puro nos postos de

    gasolina no pas. Como exemplos tpicos de tais medidas, adotadas no Brasil,

    podemos citar o PROALCOOL e a Poltica para o Biodesel decretada pelo

    Presidente do Brasil (ROMAGNOLI, 2005).

    3.2.6: Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia

    Eltrica (PROINFA)

    O Programa criado pela Lei 10.438, em 26/04/2002, tem como principal

    objetivo aumentar a participao da energia eltrica produzida por empreendimentos

    de Produtores Independentes Autnomos, concebidos com base em fontes elicas,pequenas centrais hidreltricas e biomassa (ROMAGNOLI, 2005). O PROINFA

    desenvolve-se em duas fases de procedimentos distintos. Na primeira, seriam

    contratados 3 300 MW de potncia instalada, tais contrataes seriam divididas

    igualmente entre as fontes anteriormente citadas, cabendo, portanto, 1 100 MW para

    cada uma. O prazo para entrada em operao comercial dos empreendimentos

    contratados seria at 30 de Dezembro de 2006. Uma segunda etapa do programa

    dever contemplar a ampliao dessas fontes at que atinjam um total de

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    23

    capacidade instalada capaz de atender 10% do consumo anual do pas de energia

    eltrica, objetivo a ser atendidos em 20 anos, a includos os valores dos projetos da

    primeira etapa.

    De acordo tambm com (Lora & Haddad, 2006) a ustria em 1992, deu incioao programa 200 kWp de telhados fotovoltaicos, dando subsdios de US$ 7.000/kWp

    para sistemas rede. Neste programa o subsidio era dado a instalao e no a

    energia gerada. J em 1996 foi criada uma lei que torna obrigatrio a compra de

    energia fotogerada e conectada rede na razo de US$ 1/kWh. Este procedimento

    provocou sistemas independentes conectados rede em um total de 3 MW. Na

    Grcia foi criada lei em 1996 , que estabelece que 75% dos custos de equipamentos

    e sistemas de GD de pequeno porte destinados gerao de eletricidade a partir defontes renovveis podem ser deduzidos de impostos dos investidores.

    Na Sua, o programa Energy 2000 tinha como objetivo incrementar em mais

    de 25 vezes a capacidade de sistemas instalados no pas. Em 1992 no Japo, as

    concessionrias de distribuio anunciaram que passariam a fazer o acerto

    comercial de unidades conectadas rede pela metodologia do net metering. A

    Califrnia um dos estados americanos que mais incentivam a escolha de

    tecnologias limpas e renovveis, onde se destacam as energias solares e elicas.No perodo de 1998 a 2001 foi criado o fundo Renewable Resouces Trust Fund, com

    disponibilidade de investimentos de US$ 540 milhes. Particularmente para

    financiamento de tecnologias emergentes (sistemas fotovoltaicos, sistemas solares

    trmicos, pequenas turbinas elicasmenores que 10 kW e clulas de combustveis

    com combustvel renovvel).

    3.3: Barreiras Implantao da Gerao Distribuda e utilizao

    de Fontes Renovveis de Energia

    Devido ao fato da Gerao Distribuda ser uma rea incipiente, ainda pouco

    consolidada em sistemas de energia eltrica, e, no obstante, ter grande correlao

    com o uso de fontes renovveis, que em sua maioria apresentam pouca maturidade

    tecnolgica, barreiras das mais diversas naturezas acrescentam riscos e incertezas

    avaliao econmica, o que pode inibir significativamente os investimentos nestas

    novas fontes.

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    24

    Apenas para exemplificar as principais barreiras encontradas na literatura e

    descritas em alguns estudos de caso, podem ser subdivididas em diversas

    categorias (ROMAGNOLI, 2005).

    Barreiras Regulatrias;

    Barreiras Sociais e Culturais;

    Barreiras de Ordem Institucional;

    Barreiras Ambientais;

    Barreiras Econmicas e Polticas;

    Barreiras Tcnicas e Tecnolgicas;

    Barreiras na Operao do Sistema;

    Barreiras de Mercado;

    Estes obstculos, quando no contornados adequadamente, acabam por

    contribuir, em maior ou menor grau, para a diminuio de investimentos na rea de

    GD. A seguir essas barreiras so comentadas individualmente.

    3.3.1: Barreiras Regulatrias

    Procedimentos de Rede de Distribuio

    Questes como padres tcnicos de conexo e atendimento, principalmente

    para a rede de distribuio, esto ainda pouco explicitadas na legislao brasileira.

    O que se possui disponvel no momento a Resoluo ANEEL n 281 de 01 de

    outubro de 1999, com algumas alteraes, que, no entanto, so insuficientes em

    relao diviso de responsabilidades quando o acesso se d na rede de

    distribuio. O ONS possui regras definidas para o acesso rede bsica,

    denominadas Procedimentos de Rede, que definem as responsabilidades de cada

    agente no acesso a estas. No entanto, a maioria dos empreendimentos de Gerao

    Distribuda, devido ao seu porte, tem sua instalao viabilizada para tenses

    inferiores a 230 kV, que a tenso mnima para a rede bsica (ROMAGNOLI, 2005).

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    25

    Reserva de Capacidade

    Entre outros pontos considerados importantes para a regulao da GD,

    destaca-se uma legislao clara relacionada contratao e comercializao de

    Reserva de Capacidade para os Autoprodutores e Produtores Independentes,

    antigamente denominada Demanda Suplementar de Reserva pela Portaria DNAEE

    n 283 de 31 de dezembro de 1985, que est regulamentada pela Resoluo ANEEL

    n 371 de 29 de dezembro de 1999. Esta definida como sendo a energia requerida

    dos sistemas de transmisso e distribuio da concessionria, quando da ocorrncia

    de interrupes ou redues temporrias na gerao de energia eltrica dos

    geradores distribudos (Autoprodutor ou PIE) (ROMAGNOLI, 2005).

    Tarifas de Transmisso e Distribuio

    Considerando a questo tarifria faz-se necessria tambm uma forte

    regulao das tarifas vigentes para interconexo aos sistemas de transmisso e

    distribuio, de modo a assegurar sua modicidade. Como barreiras tarifrias GD

    podem se citar distores econmicas como a questo dos subsdios cruzados

    existentes entre os grupos tarifrios das concessionrias, as diferenas

    demasiadamente pronunciadas entre as tarifas nos diferentes postos tarifrios

    (ponta e fora de ponta) e o fato das tarifas do gs serem desacopladas

    economicamente das tarifas de eletricidade (ROMAGNOLI, 2005).

    3.3.2: Barreiras Sociais e Culturais

    Subestimao do real potencial das Fontes Renovveis

    Existem ainda muitos mitos que cercam as fontes renovveis. Embora seuscustos sejam ainda relativamente elevados comparados s fontes convencionais

    baseadas em combustveis fsseis, negligenciam suas rpidas taxas de evoluo,

    seu custo decrescente e seu nicho de mercado indiscutvel, no que se refere ao

    atendimento a regies remotas e com alto custo marginal de expanso, criando

    assim uma anlise tendenciosa e pessimista quanto ao verdadeiro potencial destas

    fontes (ROMAGNOLI, 2005).

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    26

    3.3.3: Barreiras de Ordem Institucional

    Estrutura Tarifria das Concessionrias

    As concessionrias ainda no possuem uma estrutura tarifria em tempo real,

    ou ao curto prazo (real time billing), de modo a sinalizar tarifas que variem conforme

    a poca do ano e o estado dos reservatrios, ou seja, que sinalizem mais fielmente

    os custos reais de abastecimento num dado momento. Com isso, as fontes

    renovveis alternativas deixam de aproveitar os perodos de maior produo e altos

    preos para ganharem em competitividade (ROMAGNOLI, 2005).

    3.3.4: Barreiras Ambientais

    Burocracia na Obteno das Licenas Ambientais

    Aliado falta de regulamentao para os requisitos de conexo, a burocracia

    excessiva na fase de permisso e obteno de licenas ambientais pode atrasar a

    construo do empreendimento, alm de aumentar seus custos (ROMAGNOLI,

    2005).

    Mensurao dos Custos Evitados e das Externalidades Ambientais

    Os modelos econmicos de comparao utilizados pelos investidores ainda

    no contemplam os benefcios trazidos pelos investimentos em Gerao Distribuda

    e em Fontes Renovveis, tais como possveis custos evitados em transmisso e

    distribuio pela concessionria e benefcios ambientais e sociais trazidos pelas

    fontes renovveis que se revertem para toda a populao, mas que, infelizmente no

    remuneram o investidor. (ROMAGNOLI, 2005). O governo e as concessionrias

    poderiam propor mecanismos de contabilizao destes benefcios para assim

    estimular os investimentos em fontes renovveis e em GD respectivamente.

    3.3.5: Barreiras Econmicas e Polticas

    Instituies de Financiamento

    No Brasil como o BNDES no financia apenas o setor eltrico, a capacidade de

    financiamento limitada. Outras instituies deveriam se interessar em financiar o

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    27

    setor para aumentar o fluxo de investimentos e isso dependeria basicamente de uma

    estabilidade regulatria do setor (ROMAGNOLI, 2005).

    Altas Taxas Para Importao de Equipamentos no Caso das Fontes

    Renovveis

    Apesar de algumas fbricas se instalarem no Brasil para fabricao desses

    equipamentos principalmente na rea de energia elica na regio Nordeste, ainda o

    caso das fontes renovveis, principalmente as de tecnologia solar fotovoltaica,

    muitas peas so importadas e sujeitas a altas taxas de importao, o que dificulta

    em muito a competitividade do empreendimento no caso da inteno de venda de

    excedentes.

    Subsdios para as Fontes Convencionais

    As grandes centrais eltricas, principalmente as termeltricas, ainda utilizam

    subsdios relacionados ao seu combustvel, o que no ocorre com as fontes

    renovveis em alguns pases. Embora algumas utilizem um combustvel dito de

    custo zero, ainda sim temos uma desvantagem competitiva entre estes tipos de

    fonte, uma vez que estas fontes convencionais j alcanaram sua maturidade

    tecnolgica, alm de outras vantagens inerentes.

    Carncia de mais Programas de Incentivo s Fontes Renovveis no

    Brasil

    Com exceo do PROINFA, no Brasil no temos mais programas de

    incentivos s fontes renovveis que busquem novos investimentos nestas fontes

    com base em leiles, por exemplo, a exemplo dos leiles de NFFO (Non Fossil Fuel

    Obligation) na Inglaterra. Apesar disso de se reconhecer que o PROINFA foi um

    primeiro passo muito importante

    3.3.6: Barreiras Tcnicas e Tecnolgicas

    Novas Tecnologias

    Do ponto de vista tecnolgico, existem ainda muitas tecnologias com pouca

    maturidade, e que, portanto, podem apresentar elevados custos de implantao, ou

    ainda no apresentar ndices de confiabilidade satisfatrios.

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

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    Qualidade de Energia

    No que se refere ao controle da freqncia, caso a entrada de GD vinda de

    produtores independentes no seja cuidadosamente planejada, o operador do

    sistema pode vir a ter mais dificuldade para prover este servio ancilar, prejudicandoa eficincia das unidades geradoras e nas emisses de poluentes. Ao contrrio do

    que se pensa, as unidades de GD, quando no so utilizadas para suporte de

    tenso em ramais com subtenso, podem trazer problemas, principalmente devido

    ao efeito contrrio, as sobretenses (ROMAGNOLI, 2005).

    3.3.7: Barreiras Operao do Sistema

    Segurana do Sistema

    Existem alguns casos na literatura, onde se menciona a GD como prejudicial

    segurana do sistema, principalmente quando so utilizadas tecnologias que

    possuem uma caracterstica de variabilidade natural de sua produo. Tais

    tecnologias fazem com que a fatia de mercado de fontes no despachveis cresa.

    Como exemplo temos os aerogeradores, os sistemas fotovoltaicos e alguns

    empreendimentos de co-gerao, que do preferncia demanda de calor a ser

    utilizada (ROMAGNOLI, 2005).

    Barreiras de Conexo

    O planejamento da operao apresenta maiores dificuldades operativas

    devido fluxos de energia bidirecionais, maiores dificuldades operativas que surgem

    com os novos arranjos (recomposio com re-sincronizao, restries de

    religamento durante manutenes, capacidade para black start) (ROMAGNOLI,

    2005).

    Fontes de Energia com Pouca Previsibilidade

    Ocorrem principalmente no caso das fontes renovveis, onde a caracterstica

    varivel do insumo para gerao de eletricidade (gua, radiao solar, ventos) faz

    com que os investidores que almejem apostar nestas tecnologias tenham de arcar

    com custos adicionais para estudos de engenharia detalhados e pr-conexo, alm

    de no possurem uma grande previsibilidade de sua produo, o que onera

    significativamente o investimento. Deve-se mencionar tambm que a variabilidade

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    dos insumos encarece o projeto pois tambm reduz o fator de capacidade, ou seja,

    produz-se menos energia para uma mesma capacidade instalada

    3.3.8: Barreiras de Mercado

    Falta de Instituies Profissionais

    A criao de mais associaes, como, por exemplo, a COGEN_SP,

    COGEN_RJ - Associao dos Co-geradores do Estado de So Paulo e Rio de

    Janeiro, ou a ABEElica Associao Brasileira de Energia Elica devem ser

    tomadas como exemplo, pois a falta delas diminui a fora dos investidores junto ao

    governo no momento em que estes precisarem reivindicar modificaes na

    legislao, visando a diminuio de barreiras regulatrias, como as citadasanteriormente.

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    30

    Captulo 4: Aspectos de Interconexo da Gerao Distribuda

    4.1: Introduo

    Neste captulo sero mostrados os principais aspectos tcnicos e os

    requisitos para a conexo dos sistemas de gerao distribuda com o sistema

    eltrico. Apresenta-se um modelo de procedimentos para interconexo de

    equipamentos de gerao nos sistemas de distribuio de energia eltrica. Os

    procedimentos apresentados no abrange todo o assunto, mas pode ser uma boa

    base para casos especficos de empresas, considerando sempre asregulamentaes , resolues , normas e legislao vigentes e aplicveis.

    Este modelo de procedimento tem como objetivo viabilizar a interligao de

    gerao distribuda que necessitam de uniformizao de padres de interconexes

    que garantam a segurana e confiabilidade do sistema.

    Estes procedimentos se prestam s definies das condies gerais de

    interconexes de Gerao Distribuda constituda de (Lora & Haddad, 2006).

    Gerao em Corrente Alternada

    Geradores Sncronos.

    Geradores Assncronos.

    Gerao em Corrente Contnua.

    Sistemas fotovoltaicos.

    Clulas combustveis.

    Baterias (UPS).

    No-breakers.

    Geradores.

    Neste sentido, tais unidades de gerao sero classificadas em trs nveis de

    potncia, Gerao Domstica, Microgerao e Midigerao (Lora & Haddad, 2006),

    descritas abaixo:

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    A Gerao Domstica composta por sistemas de gerao com potncias

    iguais ou inferiores a 10 kW, conectados rede secundria de distribuio, e

    assim, as correntes em casos extremos so no valor de at 45 A. Toda

    energia consumida localmente, pois so sistemas implantados em

    estabelecimentos domsticos e comerciais de pequeno porte.

    A Microgerao definida por sistemas de gerao com potncias maiores do

    que 10 kW e menores ou iguais a 100 kW. A conexo pode ser tanto na rede

    secundria como na primria, porm prefere-se a ltima opo, j que para os

    nveis de tenso secundria as correntes podem assumir valores

    indesejveis.

    A Midigerao, aborda os grupos geradores com potncias inferiores a 1 MW

    e superiores a 100 kW. Trata-se de geraes com mesma ordem de grandeza

    da demanda em alimentadores importantes, neste caso, a conexo deve ser

    feita em rede primria. Estudos mais aprofundados do seu impacto na rede

    devem ser executados, como mostrado mais adiante.

    4.2: Anlise Tcnica da Interconexo

    O processo de anlise tcnica das interconexes da GD ao sistema eltrico

    de distribuio dever seguir as etapas detalhadas logo a seguir. Este processo

    pode ser de dois tipos: Processo Simplificado de Reviso ou o Procedimento

    Padro. Basicamente, o primeiro aplicado gerao domstica com reduzido

    impacto na rede secundria, e de acordo com (Lora & Haddad, 2006), um impacto

    reduzido ser quando a potncia ativa total entregue na barra do Gerador Distribudo

    for menor que 15% da capacidade total do alimentador. Abaixo so descritos os

    cincos principais passos e contedos dos blocos de anlise.

    4.3: Passo 1: Entrega da Solicitao

    O incio do processo atravs de um protocolo de uma Solicitao Formal de

    Interconexo. Esta comunicao se d para obteno de informaes e discusses

    das principais questes relacionadas interconexo. A companhia de distribuio

    dever fornecer ao cliente todos os formulrios de solicitao necessrios,

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    32

    documentos, requisitos tcnicos para interconexo da GD e demais informaes que

    julgar necessrio, tais como caracterizao da rede, nveis de curto-circuito e outros.

    Junto a isso, o GD dever fornecer todas as informaes energticas

    solicitadas pela concessionria, tais como, potncia mxima e mnima a ser gerada,energia, fator de capacidade e se h a possibilidade de controle da potncia

    despachada em horrios de interesse.

    4.4: Passo 2: Avaliao da Solicitao

    A partir do momento que foi entregue o formulrio concessionria, esta

    dever responder, dentro de um prazo estipulado, se as informaes contidas no

    formulrio esto completas. Caso contrrio, especificar quais informaes devem serinseridas.

    De acordo com a classificao da gerao, ou seja, Gerao Domstica,

    Microgerao ou Midigerao, a avaliao da solicitao poder estar sujeita a um

    dos dois seguintes tipos de reviso: Processo Simplificado de Reviso ou o

    Procedimento Padro.

    O Processo Simplificado de Reviso aplicvel quando a GD pr-

    estabelecida como sendo de pequena escala e baixo impacto, dentro das

    caractersticas de Gerao Domstica. Dessa forma, a concessionria dever

    fornecer dentro de no mximo 15 dias teis uma lista como todos os Requisitos

    Tcnicos para a Interconexo, bem como um Acordo de Interconexo (Lora &

    Haddad, 2006).

    Algumas caractersticas de um projeto com processo simplificado de reviso

    so (Lora & Haddad, 2006):

    Potncia menor ou igual a 10 kW.

    Potncia total em GD no alimentador, incluindo a nova solicitao, menor que

    15%da capacidade mxima do mesmo.

    No requer adaptaes na rede existente.

    O Procedimento Padro de Reviso aplicvel quando uma solicitao no

    se qualifica para o processo simplificado de reviso. Os resultados devem ser

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    33

    apresentados juntamente com uma estimativa dos custos da interconexo. No

    Procedimento Padro o cliente deve submeter o projeto detalhado da interconexo

    contando, ao menos, as seguintes informaes (Lora & Haddad, 2006):

    Diagramas esquemticos da interconexo devidamente assinados por umresponsvel tcnico.

    Lista completa e especificaes de todos os equipamentos usados no ponto

    de conexo.

    A partir da a companhia dever notificar o consumidor sobre o projeto

    atender ou no os requisitos mnimos de segurana e confiabilidade e

    adicionalmente, devem informar os testes necessrios a serem aplicados nos

    equipamentos a serem instalados. Basicamente os estudos tcnicos necessrios

    so o de fluxo de potncia, curto-circuito e de proteo da rede, que so descritos a

    seguir:

    4.4.1: Anlise de Curto-Circuito

    Este estudo fundamental para se definir as caractersticas eltricas e

    mecnicas de todos os equipamentos envolvidos na instalao. Determinam-se

    todos os nveis de curto-circuito trifsico, bifsico terra e monofsico terra nos

    seguintes pontos (Lora & Haddad, 2006).

    Nos terminais de cada gerador.

    Nos terminais de distribuio de energia em mdia tenso.

    Nos Lados primrio e secundrio dos transformadores elevadores (quando

    estes existirem) e abaixadores.

    Nos centros de controle de motores.

    Nos demais pontos do sistema que possam influir na operao do gerador

    com a concessionria.

    A concessionria ento, dever fornecer ao GD os nveis de curto-circuito

    monofsico e trifsico no ponto mais prximo ao da interligao e informaes de

    impedncias e distncias do alimentador at o ponto de interligao, com isso, se

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    34

    obtm os nveis de curto nas principais barras e contribuies nos alimentadores

    conectados, verificando-se as adequaes dos equipamentos existentes.

    Quando ocorrerem nveis elevados de curto-circuito h vrias opes para a

    reduo do mesmo. Estas opes incluem a adio de reatores, uso detransformadores e geradores com altas impedncias, limitadores estticos,

    reconfigurao do sistema de distribuio ou, em ltima instncia, substituio dos

    equipamentos. Todas as opes devem ser analisadas para que, quando postas em

    prticas, resolvam o problema das altas correntes de curto-circuito e qualifiquem o

    projeto.

    No Brasil, os rgos de planejamento e operao do sistema eltrico de

    potncia tm adotado que a potncia da usina elica no ultrapasse a 8% dapotncia de curto-circuito no ponto de conexo rede (CUSTDIO, 2007).

    4.4.2: Estudo de Fluxo de Potncia

    A finalidade do estudo de fluxo de potncia assegurar que a interligao e o

    sistema de distribuio do GD operem satisfatoriamente, identificando quaisquer

    reas nas quais haja problema de capacidade de linha ou problema de regulao de

    tenso. Como em qualquer estudo deste tipo, so requeridas muitas iteraes paradesenvolver uma interligao e sistemas de distribuio satisfatrios.

    Este processo repetido at que todas as configuraes do sistema tenham

    sido analisadas. importante que o sistema seja analisado quando a nova gerao

    est fora de linha, ou seja, operando isoladamente como ensaio preliminar.

    A indicao de linhas ou transformadores sobrecarregados pode requerer

    equipamentos adicional, reconfiguraes do sistema de distribuio ou todos os

    dois. Nesta situao tambm se deve analisar qual seria a melhor maneira de evitar

    as condies de sobrecarga, conforme a caracterstica de cada interligao.

    De acordo com (Lora & Haddad, 2006) devem ser considerados trs casos:

    Gerao menor do que a demanda:O GD no chega a exportar a energia

    gerada, mas, sim, reduz a demanda que provm da concessionria. Sendo

    assim, deve-se esperar que os equipamentos existentes trabalhem bem

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    35

    nesta nova condio, uma que vo operar com um nvel menor de

    carregamento.

    Gerao maior do que a demanda, porm menor do que duas vezes o seu

    valor: Se a gerao atingir o valor da demanda, nenhum fluxo ocorrer nosentindo da concessionria para a empresa, de modo que os equipamentos

    de interconexo trabalharo praticamente em vazio. J no caso de gerao

    maior do que a demanda e menor do que duas vezes o seu valor, o fluxo

    ocorrer no sentido da concessionria com um valor, no mximo, igual

    demanda. Nestas condies todos os equipamentos podem ser

    considerados adequados, uma vez que haver apenas uma inverso no

    fluxo de potncia. Gerao maior do que duas vezes o valor da demanda: Neste caso toda a

    demanda ser atendida e um valor de potncia numericamente maior do

    que a demanda ir fluir no sentido da concessionria. Sendo assim, h a

    necessidade de se verificar a adequao dos equipamentos previamente

    empregados na interligao.

    Alm de servir para verificar o estado do carregamento dos componentes da

    interligao, o estudo de fluxo de potncia permite tambm avaliar o nvel de perdas

    no sistema.

    4.4.3: Estudo de Proteo do Sistema

    O sistema de proteo desempenha o papel fundamental de deteco e

    isolamento de falhas, visando operao normalizada, preveno contra falhas e

    limitaes de defeitos resultantes das falhas trabalhando da seguinte forma (Lora &

    Haddad, 2006):

    Remover de servio, total ou parcialmente, equipamentos, dispositivos ou

    circuitos que estejam operando em condies anormais.

    Retirar componentes defeituosos, que no interfiram desordenadamente na

    operao dos demais que se encontram em boas condies de continuidade

    de operao.

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    Supervisionar a operao do sistema, de forma a assegurar a continuidade e

    qualidade do fornecimento.

    Para atender a estes requisitos, um sistema de proteo deve possuir as

    seguintes caractersticas desejveis (Lora & Haddad, 2006):

    Sensibilidade: capacidade de deteco de pequenas grandezas de defeito ou

    anormalidades.

    Disponibilidade: capacidade do equipamento de proteo estar sempre

    disponvel quando solicitado.

    Velocidade: tomada de deciso no menor espao de tempo possvel aps a

    sua atuao. Seletividade: capacidade de discernimento entre regies faltosas e sadias,

    tomando a deciso sem interferir em zonas de proteo que no estejam sob

    sua responsabilidade.

    Naturalmente, a proteo do sistema do gerador uma responsabilidade do Gerador

    Distribudo. Diversos, no entanto, so os esquemas de proteo da interconexo que

    dependem, fundamentalmente, do tipo de gerao em questo. Normas

    internacionais aplicveis proteo so:

    ANSI/IEEE 1001 de 1998 IEEE Guide for interfacing dispersed storage

    generation facilities with electric utility systems.

    IEEE Std 1547 2003.IEEE Standard for Interconnecting Distributed

    Resources with Electric Power Systems.

    4.5: Passo 3: Acordo de Interconexo

    Uma vez aprovada a solicitao, o cliente dever assinar um documento

    padronizado de acordo de interconexo, incluindo cronograma de obras se

    necessrio.

    4.6: Passo 4: Execuo do Projeto

    O cliente dever construir e instalar todos os equipamentos da interconexo e

    GD de acordo com o projeto bsico aprovado pela empresa, enquanto a mesma

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    37

    dever dar incio construo e instalao de qualquer modificao necessria no

    sistema, incluindo a medio associada. Neste sentido o GD dever encaminhar o

    detalhamento do projeto executivo, constando dos seguintes itens (Lora & Haddad,

    2006):

    Diagrama esquemtico de corrente contnua e corrente alternada.

    Diagrama unifilar completo incluindo toda a projeo entre a gerao prpria

    (gerador) e o ponto de entrega da concessionria, indicando suas atuaes.

    Lista de equipamentos necessrios ao sistema entre o ponto de interligao

    e o ponto de entrega.

    A documentao do Projeto Bsico que tenha sofrido modificaes ereestruturaes.

    Planta do arranjo bsico dos equipamentos bsicos da subestao principal.

    Planta da situao e localizao da subestao principal.

    Arranjo geral dos equipamentos internos da casa de controle da subestao

    principal.

    Arranjo geral dos equipamentos externos da subestao principal.

    Caractersticas eltricas bsicas dos equipamentos.

    Tanto o projeto bsico como o Projeto Executivo, constituem-se do mnimo

    indispensvel para a anlise dos pedidos de paralelismo. Para aprovao e

    verificao, a concessionria poder solicitar documentos adicionais, pois cada GD

    possui caractersticas particulares.

    4.7: Passo 5: Conexo, Teste e Operao

    Antes da operao, a GD e equipamentos de interconexo associados

    devero ser testados em acordo com os procedimentos de comissionamento. O

    consumidor dever apresentar um planejamento de testes para verificao por parte

    da concessionria.

    A interconexo de Geradores Distribudos uma questo em discusso em

    nvel mundial. Para padronizao dos procedimentos de interconexo a fim de

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    38

    facilitar a insero da GD na rede algumas normas foram definidas, tais como,

    ANSI/IEEE std 1001 1988. IEEE Guide for Interfacing Disperse Storage and

    Generation Facilities with Eletric Utility Systems e mais recentemente IEEE P1547

    Std Draft 02 Standard for Interconnecting Distributed Resourcers with Electric Power

    Systems

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    39

    Captulo 5: Fontes Renovveis na Rede Eltrica Interligada

    5.1: Introduo

    Garantir a segurana do fornecimento de energia exige uma compreenso

    mais profunda das questes relacionadas rede e com a disponibilidade de

    fornecimento de energia. Com a insero de fontes renovveis na forma de GD, uma

    anlise consistente do impacto de operar o sistema fundamental para avaliar as

    exigncias e a evoluo das redes de eletricidade para o futuro.

    A anlise central desse captulo busca uma compreenso das caractersticasdos recursos renovveis (praticamente elico), o impacto de sua insero na rede

    eltrica e a implicao nos custos de operao do sistema.

    Questes como a distribuio sazonal dos recursos, a disponibilidade durante

    os perodos de pico de demanda, a variabilidade dos padres de demanda ao longo

    do tempo e a capacidade das energias renovveis para fornecer capacidade s

    redes de eletricidade, crdito de capacidade e capacidade de reserva, so

    abordadas.

    Na maioria das anlises de impactos da energia elica ser considerada uma

    penetrao para nveis de 10 a 20%, mas no existe nenhuma razo para nveis

    superiores no serem considerados. Em alguns casos sero mostrados nveis de

    penetrao maior que 20%.

    Ao fim, uma breve discusso sobre os fatores que influenciam os custos de

    lidar com a variabilidade e como esses fatores afetam o sistema eltrico.

    5.2: Operao do Sistema Eltrico

    Com essa variedade de recursos renovveis, e cada um com caractersticas

    especficas, a programao energtica diretamente influenciada por essas fontes,

    como por exemplo, a capacidade de armazenamento de biomassa e resduos antes

    da converso em energia eltrica proporciona um alto grau de controle sobre a

    programao energtica do sistema.

  • 5/24/2018 TCC_Impacto Gera o Distribuida No Sistema El trico

    40

    Ao avaliar essas propriedades desses recursos, a gerao de eletricidade de

    geradores renovveis pode ser classificada em duas categorias: (1) categoriacomo

    gs de aterro ou biomassa, onde o seu padro de gerao de eletricidade pode ser

    controlado (capacidade de despacho) e (2) categoriacomo elica, das ondas, das

    mars e recursos solares, onde o padro de gerao dependente de fatores

    externos (no despachado ou gerao varivel). A capacidade de controlar a

    gerao de fontes renovveis despachveis anloga operao de fontes de

    gerao convencional, tais como carvo, gs e nuclear (BOYLE, 2007).

    Do ponto de vista de um operador de sistema de energia, algumas das

    dificuldades associadas com a variabilidade de fontes renovveis que afetam o

    fornecimento de energia eltrica so as seguintes (BOYLE, 2007): Incertezas nas previses de energia disponvel num determinado momento,

    levando a dificuldades de agendamento, embora, obviamente, os graus de

    incerteza variam com a durao do horizonte de previso;

    Magnitude de flutuaes de potncia, onde pequenas variaes podem ser

    acomodadas com facilidade, mas as flutuaes maiores requerem medidas

    defensivas especiais;

    A velocidade das flutuaes, onde mudanas lentas na disponibilidade dos

    recursos acontecem. As geraes so geralmente previsveis, mas com

    rpidas mudanas isso j no acontece.

    No entanto, a fim de apreciar as questes que envolvem a integrao de

    energia elica dentro de uma rede de eletricidade, necessrio, primeiro, considerar

    algumas caractersticas chaves das redes de eletricidade interligada e tambm osfatores predominantes das caractersticas das fontes renovveis variveis.

    5.2.1: Importncia do Sistema Eltrico Interligado

    O funcionamento eficaz dos sistemas de eletricidade depende da integrao da

    demanda e da gerao. A agregao suaviza as variaes na demanda de todos os

    setores. As demandas so adicionadas e suavizadas, assim uma economia na

    gerao de plantas realizada e previses de carga se tornam mais fceis.

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    Na Figura 5.1 so apresentadas as demandas de um em cada dez

    consumidores e a de todos os dez consumidores juntos. A demanda de um nico

    consumidor varia entre 1 kW e 9 kW, mas quando somados dez consumidores

    combinam para produzir flutuaes entre 40 kW e 70 kW.

    Figura 5.1Exemplo de Suavizao devido a integrao Fonte: (REG, 2006)

    Isto demonstra que a forma mais eficiente de explorao das grandes redes

    considerar a totalidade do sistema integrado. Isso vale tanto para a demanda como

    para a gerao de qualquer tipo de fonte. Um estudo americano citado em (BOYLE,

    2007), exemplifica um pouco essa importncia da integrao no sistema,

    principalmente para energia elica:

    Uma caracterstica fundamental da presente anlise [dos efeitos da variabilidade] a

    integrao de vento com todo o sistema eltrico. A natureza incontrolvel, imprevisvel e

    varivel da gerao elica no analisada isoladamente. Ao contrrio, como verdadeiro

    para todas as cargas e fontes, a gerao elica integrada a todos os outros recursos e

    cargas para analisar os efeitos lquidos do vento sobre a sistema de potncia. A integrao

    um poderoso mecanismo utilizado pelo setor de eletricidade a custos mais baixos para

    todos os consumidores. Essa integrao significa que o operador do sistema no precisacompensar uma gerao elica em megawatt por megawatt base.

    5.2.2: Suavizao

    A disponibilidade de energia renovvel varia ao longo do tempo, com a

    localizao e com o recurso a ser explorado. O padro de disponibilidade de energia

    tambm sofre alteraes, dependendo da escala de tempo a ser considerado.

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    A variabilidade de um recurso tambm afetada pelo nvel de diversificao

    da sua instalao. Ao explorar um recurso como a energia elica em vrios locais, a

    variabilidade exibida pela gerao acumulada de todos os locais seria reduzida, ou

    seja, quanto mais capacidade de gerao elica instalada e mais extensamente

    espalhada, mudanas bruscas de produo elica de todo o pas simplesmente no

    ocorrem.

    Com diferentes locais enfrentando diferentes condies de vento em qualquer

    momento, alteraes na potncia em um local (como um aumento da produo de

    energia em resposta ao aumento da velocidade do vento) podem ser parcialmente

    compensadas por uma diminuio na produo de energia em outro local na mesma

    rede.A maneira em que se aumenta a propagao geogrfica e se reduz as

    flutuaes do vento ilustrado na Figura 5.2. Essa figura compara a sada de um

    nico parque elico de 1000 MW, durante um perodo de 24 horas com a gerao de

    1000MW de energia elica distribudos na Inglaterra e Pas de Gales (BOYLE,

    2007).

    Figura 5.2Efeito da Suavizao pela Disperso Geogrfica Fonte:(REG, 2006)

    Esta caracterstica de suavizao particularmente visvel em escalas de curto

    tempo (padres de gerao de hora em hora): a diversificao improvvel que

    afete a variabilidade sazonal da energia elica, a menos que a rea em que a

    variao pode ocorrer excepcionalmente grande (BOYLE, 2007).

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    5.2.3: Complementariedade Energtica

    No despacho dirio, na operao do sistema interligado, a integrao da

    gerao elica com outras fontes, maximiza o uso da energia elica. Nesse sentido,

    a complementariedade entre o regime de ventos e as afluncias das bacias

    brasileiras, ilustrada na Figura 5.3 uma vantagem a ser explorada, de forma a

    armazenar energia na forma de gua acumulada nos reservatrios das usinas

    hidreltricas, que teriam seu despacho reduzido quando houvesse maior gerao

    elica. Dessa forma, a energia assegurada1 do sistema eletro-energtico seria

    aumentada, com evidentes ganhos energticos (CUSTDIO, 2007).

    Figura 5.3 -Complementariedade entre Energia Hidroeltrica e Energia ElicaSistema SudesteFonte: (CUSTDIO, 2007)

    Na gerao de biomassa, onde o perodo de produo de cana acontece

    entre os meses de maio a outubro, tambm contribui para que este tipo de gerao

    seja complementar a hidroeletricidade. Estima-se, segundo a ONS, que cada 1.000

    MW mdios da biomassa consigam poupar 4% da gua dos reservatrios do

    submercado Sudeste/Centro-Oeste (CANAL ENERGIA, 2010).

    1A energia assegurada do sistema eltrico brasileiro a mxima produo de energia que pode ser mantida (quase)

    continuamente pelas usinas hidreltricas ao longo dos anos, simulando a ocorrncia de cada uma das milhares de

    possibilidade de seqncias de vazes criadas estatisticamente, admitindo um certo risco de no atendimento carga,ou seja,

    em determinado percentual dos anos simulados permite-se que haja racionamento dentro de um limite considerado aceitvel

    para o sistema. Na regulamentao atual, este risco de 5% (CARNEIRO, 2010).

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    5.3: Previso de Demanda e Energia Elica

    No sistema de energia eltrica, a oferta e a demanda devem ser iguais em

    todos os momentos. Assim, em um sistema eltrico com uma parte importante de

    energia elica, novos mtodos de equilbrio entre oferta e demanda so necessrios.

    Previso de energia elica tem um papel fundamental no combate a este

    desafio. o pr-requisito para a integrao de uma grande parte da energia elica

    em um sistema eltrico, uma vez que existem ligaes entre gerao dependente do

    clima com a gerao programada de usinas de energia convencionais e as previses

    da demanda de eletricidade, sendo este ltimo previsvel com razovel preciso.

    5.3.1: Erro de Programao

    Assim como as redes de eletricidade tem de lidar com usinas geradoras

    imprevisveis, elas tambm devem lidar com os consumidores imprevisveis. Embora

    a demanda do consumidor, a demanda da indstria, a demanda do comrcio e do

    setor domstico podem ser previstos com preciso razovel, h sempre a

    possibilidade de erro. Os programas televisivos podem vir a ser mais populares do

    que o esperado, como atualmente na Copa do Mundo, resultando em picos de

    demanda durante os intervalos comerciais. As mudanas repentinas no clima

    tambm podem causar aumentos inesperados - ou quedas na demanda.

    As incertezas na gerao de usinas trmicas e na demanda do consumidor

    podem ser combinadas para produzir um "erro de previso de demanda", ou "erro de

    programao". A magnitude do erro depende de quo longe a previso feita.

    Quanto mais no futuro, maior o erro, mas para uma hora antes, um erro de

    programao tpico pode ser um pouco mais de 1% (BOYLE, 2007).A maior parte dos operadores do sistema de programao energtica a fim de

    cobrirem os erros, usa at trs ou quatro vezes o erro padro. Assim, o operador

    agenda 25.000 MW de gerao, alm de cerca de 900MW de reserva. Estas

    reservas so discutidas posteriormente neste captulo (BOYLE, 2007).

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    5.3.2: Aplicao da Previso de Energia Elica

    A aplicao mais importante para a previso de energia elica a reduo da

    necessidade de equilibrar a energia e a energia de reserva, que so necessrias

    para integrar a energia elica no equilibro entre oferta e a demanda no mercado de

    eletricidade do sistema de abastecimento (ou seja, para otimizar a programao da

    usina). Isto leva a menores custos de integrao da energia elica, menor utilizao

    das usinas convencionais utilizada para o equilbrio do sistema, e, posteriormente,

    para um valor maior de energia elica integrada (BOYLE, 2007).

    5.3.3: Preciso das Previses

    A preciso de uma previso de energia elica , naturalmente, o critrio mais

    importante pela sua qualidade e valor.

    Tem de ser salientado que as medidas diferentes de previso levam a valores

    muito diferentes. Para comparao de diferentes sistemas de previso de potncia

    elica , portanto, extrema