Tec. Quiropraxia

16
Técnica Quiroprática: Um estudo teórico sobre seus resultados no tratamento das lombalgias ocupacionais AUTOR: Raul Carlos Batista Maia Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista UNIP, e pós graduando em Fisioterapia Traumato-ortopédica com ênfase em terapias manuais, pela Biocursos. E-mail: [email protected]. ORIENTADORA: Carmem Fátima Prada de Freitas RESUMO: A vida moderna tem sido responsável pela grande quantidade de pessoas que sofrem de afecções músculo-esqueléticas ou lesões traumáticas. As doenças da coluna, como é o caso das tensões e dores lombares, estão entre as que mais atingem a população, com impacto significativo na saúde e na qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo apresenta um conjunto de considerações sobre o Quiropraxia, destacando seus efeitos e indicação no tratamento das lombalgias ocupacionais que atingem uma grande parcela de profissionais de diversas áreas de atuação. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliografia, tendo como base as vertentes teórica de vários autores que escreveram sobre o assunto. Os resultados indicam que Quiropraxia, que dedica-se ao diagnóstico, tratamento e preservação de alterações do sistema músculo-esquelético e os efeitos destas sobre o sistema nervoso e a saúde em geral, sem uso de drogas ou cirurgia, tem sido indicada no tratamento da lombalgia ocupacional porque, entre outras coisas, surge como coadjuvante no contexto da saúde do trabalhado, e atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando redução de custos com a saúde às empresas, e favorecendo ao trabalhador a otimização e a preservação da saúde, com redução da dor e do desconforto, propiciando-lhe um rendimento maior no local de trabalho. Palavras-chave: Lombalgia ocupacional; Quiropraxia; Efeitos e resultados. Introdução A coluna vertebral, que é o eixo do corpo humano, como mostra a literatura, é formada pelas vértebras, ossos irregulares e dispostos em série. Além de interligar a cabeça ao corpo, serve de apoio aos membros por meio da cintura, possibilitando, graças à sua ligeira curvatura em forma de S, postura ereta do ser humano. Todavia, quando a coluna é sobrecarregada com uma má postura, pode apresentar problemas sérios, como são os casos das lombalgias, doenças que resulta em dor e déficit neurológico. A lombalgia, explica De Vitta 1996 (apud MOSSO NETO e BARRETO, 2012), é a segunda causa mais comum nas unidades de saúde, chegando a 30% das consultas ortopédicas e a 50% dos pacientes atendidos na fisioterapia, sendo também considerada como o segundo maior

description

Manual com técnicas em quiropraxia

Transcript of Tec. Quiropraxia

  • Tcnica Quiroprtica:

    Um estudo terico sobre seus resultados no tratamento das

    lombalgias ocupacionais

    AUTOR:

    Raul Carlos Batista Maia

    Graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista UNIP, e ps graduando em Fisioterapia Traumato-ortopdica com nfase em

    terapias manuais, pela Biocursos. E-mail:

    [email protected].

    ORIENTADORA:

    Carmem Ftima Prada de Freitas

    RESUMO: A vida moderna tem sido responsvel pela grande quantidade de pessoas que

    sofrem de afeces msculo-esquelticas ou leses traumticas. As doenas da coluna, como

    o caso das tenses e dores lombares, esto entre as que mais atingem a populao, com

    impacto significativo na sade e na qualidade de vida. Este artigo tem como objetivo

    apresenta um conjunto de consideraes sobre o Quiropraxia, destacando seus efeitos e

    indicao no tratamento das lombalgias ocupacionais que atingem uma grande parcela de

    profissionais de diversas reas de atuao. A metodologia utilizada foi a pesquisa

    bibliografia, tendo como base as vertentes terica de vrios autores que escreveram sobre o

    assunto. Os resultados indicam que Quiropraxia, que dedica-se ao diagnstico, tratamento e

    preservao de alteraes do sistema msculo-esqueltico e os efeitos destas sobre o sistema

    nervoso e a sade em geral, sem uso de drogas ou cirurgia, tem sido indicada no tratamento

    da lombalgia ocupacional porque, entre outras coisas, surge como coadjuvante no contexto

    da sade do trabalhado, e atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando

    reduo de custos com a sade s empresas, e favorecendo ao trabalhador a otimizao e a

    preservao da sade, com reduo da dor e do desconforto, propiciando-lhe um rendimento

    maior no local de trabalho.

    Palavras-chave: Lombalgia ocupacional; Quiropraxia; Efeitos e resultados.

    Introduo

    A coluna vertebral, que o eixo do corpo humano, como mostra a literatura, formada pelas

    vrtebras, ossos irregulares e dispostos em srie. Alm de interligar a cabea ao corpo, serve

    de apoio aos membros por meio da cintura, possibilitando, graas sua ligeira curvatura em

    forma de S, postura ereta do ser humano. Todavia, quando a coluna sobrecarregada com

    uma m postura, pode apresentar problemas srios, como so os casos das lombalgias,

    doenas que resulta em dor e dficit neurolgico.

    A lombalgia, explica De Vitta 1996 (apud MOSSO NETO e BARRETO, 2012), a segunda

    causa mais comum nas unidades de sade, chegando a 30% das consultas ortopdicas e a 50%

    dos pacientes atendidos na fisioterapia, sendo tambm considerada como o segundo maior

  • 2

    problema mdico nas sociedades modernas, em termos de afastamento das funes e

    diminuio da produtividade, levando inclusive de aposentadoria precoce.

    A lombalgia ocupacional, considerada como aquela que tem o seu aparecimento relacionado

    com as atividades de trabalho, acometendo principalmente adultos jovens, vem se

    constituindo como um preocupante problema, pois provoca aumento da incapacidade

    temporria ou permanente do trabalhador, gerando prejuzos econmicos e sociais tanto para a

    empresa como para o empregado (ALMEIDA, 2012). Dentre os tratamentos, a Quiropraxia, uma profisso na rea de sade que de dedica ao

    diagnstico, tratamento e preveno de alteraes do sistema msculo-esqueltico e seus

    efeitos sobre a funo do sistema nervoso, que enfatiza terapias manuais, tem sido indicada,

    pois ajuda a restaurar a relao e funo articulares normais, restabelecendo a integridade

    neurolgica, influenciando os processos fisiolgicos. Essas questes so temas que sero

    analisados no transcorrer do artigo, que objetiva apresentar um conjunto de consideraes

    sobre a Quiropraxia, destacando seus efeitos e indicao no tratamento das lombalgias

    ocupacionais que vm atingindo grande parcela de profissionais de diversas reas de atuao.

    Anatomia bsica da coluna Breve comentrio O corpo humano um sistema complexo, de tal modo intricado que s uns poucos

    anatomistas tm completo domnio sobre seus detalhes que envolvem uma variedade de

    aparelhos e sistemas. Nos comentrios de Soncini e Castilho (1990), assim como a natureza, o

    corpo humano deve ser visto como um todo dinamicamente articulado.

    Sob este ponto de vista, portanto, os diferentes aparelhos e sistemas que compem o corpo

    humano devem ser percebidos em suas funes especficas para a manuteno do todo,

    importando compreender as relaes fisiolgicas e anatmicas, para que se possa

    compreender, entre outras coisas, a maneira pela qual o corpo se defende da invaso de

    elementos danosos, coordena e integra as diferentes funes; para que se possa ter

    conhecimento dos vrios processos e estruturas, que asseguram a integridade do corpo e faz

    dele uma totalidade (SONCINI e CASTILHO, 1990).

    Desse modo, coluna vertebral, como afirmam Andrews e Courtenay (2005, p. 90), a linha

    vital do corpo, porque dentro dela corre a medula espinhal, uma estrutura semelhante a um

    cabo que contm bilhes de fibras nervosas que recebem e enviam ou transportam mensagens

    de para cada parte do corpo. Todo o sistema esqueltico est projetado para ter flexibilidade e fora. Enquanto as vrtebras e as articulaes permanecem em bom alinhamento, estas

    funes so realizadas, asseveram as autoras. Nas observaes de Sabotta (2000), a coluna vertebral, sendo a estrutura que sustenta a

    posio bpede do homem, por isso considerada como a mais sacrificada na escala de

    desenvolvimento humano (TOMITA, 1999; SABOTTA, 2000).

    De acordo com as informaes de Borges e Ximenes (2005), como eixo do corpo, a coluna

    vertebral apresenta duas caractersticas mecnicas contraditrias: rigidez e plasticidade.

    Pode-se compar-la ao mastro de um navio, que mantido na posio vertical

    pela ao de cabos de ao, enquanto a coluna se sustenta pela ao de

    msculos e ligamentos. A cruzeta superior do mastro teria sua

    correspondncia nas cinturas escapulares e o corpo do navio, na pelve. As

    ondas do instabilidade ao navio, mas o mastro o mantm em equilbrio. Da

    mesma forma, a pelve, com movimentao dos membros inferiores, altera sua

    posio. Consequentemente, a colunas, para garantir o equilbrio do corpo,

    forma curvas de compensao. Quando o indivduo se coloca de p sobre um

    dos membros inferiores, a pelve inclina-se para o lado oposto ao membro de

    apoio. Graas plasticidade da coluna que se formam as curvas de

    compensao (BORGES e XIMENES, 2005, p. 1030).

  • 3

    Resumidamente, o comprimento da coluna vertebral atinge cerca de dois quintos da altura

    corporal, com os msculos do dorso dispostos em dois grupos principais: o superficial e o

    profundo. Entre os principais msculos que esto relacionados com os movimentos da coluna

    vertebral encontra-se, mais superficialmente, o grande dorsal, trapzio e levantador da

    escpula. Alguns msculos esto em disposio profunda como o quadrado lombar, maior e

    menor e o eretor da espinha. A distribuio das vrtebras dada de acordo com as

    caractersticas regionais (GRAY, 1998, RASCH, 1997 apud ESTEVES e SILVA, 2012).

    A coluna vertebral, portanto, como frisa Snell (1995), o pilar sseo central do corpo,

    suportando o crnio, o cngulo peitoral, os membros superiores e o gradil torcico E, por meio

    do cngulo plvico, transmite o peso do corpo para os membros interiores. composta de 33

    vrtebras, sendo sete cervicais, doze torcicas, cinco lombares, cinco sacrais e quatro

    coccgenas.

    A vrtebra formada de duas pores, segundo descrio de Borges e Ximenes (2005): a)

    anterior o corpo vertebral, que tem forma cilndrica, com dimetro maior que a altura; b) posterior o arco vertebral, que tem forma de ferradura. De cada lado, encontra-se o processo articular, que divide em duas partes: a anterior, denominada pedculo, e a posterior, chamada

    lmina. Posterior ao arco encontra-se o processo espinhoso e, prximo ao processo articular, o

    processo transverso.

    Nas premissas de Hall (20054), os corpos vertebrais funcionam como componentes primrios

    da coluna responsveis pela sustentao do peso corporal. Os arcos neurais e os lados

    posteriores dos corpos e os discos intervertebrais formam uma passagem protetora para a

    medula espinhal e os vasos sanguneos associados, conhecida como canal vertebral.

    As duas primeiras vrtebras cervicais, explica o autor, so especializadas em formato e

    funo. A primeira, conhecida como atlas, proporciona um receptculo com um formato

    reciprocamente correspondente para os cndilos do occipcio do crnio. A articulao

    atlantooccipital extremamente estvel, com a possibilidade de haver flexo/extenso de

    aproximadamente 14 a 15, porm praticamente sem nenhum outro movimento em qualquer

    outro plano.

    Destaca tambm Hall (20054), que existe um aumento progressivo no tamanho das vrtebras

    da regio cervical at a regio lombar. Nos comentrio do autor:

    Em particular, as vrtebras lombares so maiores e mais espessas que as

    vrtebras nas regies superiores da coluna. Essa caracterstica desempenha

    uma finalidade funcional porque, quando o corpo fica na posio ereta, cada

    vrtebra ter que sustentar o peso no apenas dos braos e da cabea, mas

    tambm de todo o tronco posicionado acima dela (HALL, 2005, p. 266).

    Em sntese, como cita Cailliet (2002), enquanto a coluna vertebral essencialmente uma

    coluna composta de unidades funcionais, que colocadas umas sobre as outras e equilibradas

    sobre o sacro mantm a coluna ereta e um bom equilbrio contra a gravidade, a coluna lombar

    contm cinco vrtebras e forma uma curva normal na posio ereta chamada de lordose,

    tambm conhecida como curvatura da regio lombar.

    Discorrendo sobre o assunto, Teixeira (2003) lembra que os ligamentos da coluna lombar so

    mais densos que os de outros segmentos vertebrais, e aderem s vrtebras (como o ligamento

    longitudinal anterior) ou aos discos (como o ligamento longitudinal posterior, localizado no

    interior do canal raquidiano) e restringem os movimentos.

    Nas explicaes ainda do autor, os ligamentos do arco posterior so:

    a) o ligamento amarelo, denso e resistente, inseridos nas lminas superior e inferior;

    ligamento transverso, relacionado s apfises transversas; ligamento interespinhoso,

    conectado base das apfises espinhosas; ligamento supraespinhoso ligado continuamente no

    vrtice das apfises e ligamento transforaminal, considerado como faixa de fscias que

  • 4

    cruzam o limite externo do forame intervertebral, que reduz o espao disponvel para a

    emergncia dos nervos espinais;

    b) o disco intervertebral composto de anel fibroso e ncleo pulposo e une as vrtebras

    adjacentes da segunda vrtebra cervical at o sacro. As fibras anulares podem ser comparadas

    a sofisticados ligamentos, formando articulaes denominadas interssomticas. [...] o aumento sbito da fora de compresso pode resultar em ruptura do corpo vertebral, mas

    dificilmente do anel fibroso pondera Teixeira (2003, p. 464); c) a musculatura do tronco desempenha o papel de realizar movimentos de flexo, extenso,

    flexes laterais, rotao e circundao e de manter a postura ereta antigravitacional,

    integrando-se harmonicamentecom a musculatura plvica e abdominal.

    Retomando Cailliet (2002), este explica que, embora existam mais de 30 discos em toda a

    coluna vertebral, os que causam preocupao so os cinco discos da coluna lombar.

    A esse respeito Ricard e Sall (2002), Cailliet (2002) e Hall (2005) frisam que existem

    essencialmente quatro elementos que podem ser a fonte de dores ao nvel da coluna lombar: a)

    o disco intervertebral; b) as facetas articulares posteriores (articulaes situadas frente a frente

    com outras que deslizam umas sobre as outras e inclinam-se para frente e para trs); c) o

    ligamento interespinhoso; d) os msculos paravertebrais os mais afetados so quase sempre glteo mximo e espinhais lombares; quadrado lombar e glteo mdio, e o reto do abdome.

    Nas ponderaes de Ricard e Sall (2002, p. 129), o piv mais importante da coluna vertebral

    o L3.

    Os plats superior e inferior dessa vrtebra so horizontais, o que permite

    maiores movimentos Antero-posteriores, com pouco componente de rotao

    e de inclinao lateral. L3 o centro de gravidade do corpo. o centro de

    convergncia das linhas Antero-posteriores para os membros inferiores.

    tambm o vrtice do pequeno tringulo inferior. Por causa das massas

    vsceras, L3 sofre tenses anteriores muito importantes. Recebe igualmente

    grandes tenses posteriores pelo arco lombar. L3 tambm o primeiro ponto

    de ligao das foras de apoio verticais. Por isso, L3 muitas vezes vtima de

    leses: o corpo est sustentado por esse piv.

    A propsito disso, Hall (2005) lembra que as foras que atuam sobre a coluna incluem peso

    corporal, tenso nos ligamentos vertebrais, tenso nos msculos circundantes, presso intra-

    abdominal e quaisquer cargas externas aplicadas. Alm disso, o excesso de atividades fsicas

    sem o devido conhecimento do corpo, uma cadeira torta no trabalho, tudo pode desalinha a

    coluna, causando desconforto de dor.

    O fato que as sndromes dolorosas, relacionadas com os vrios segmentos da coluna

    vertebral constituem, segundo Pato (2005), constituem um dos problemas mais frequentes da

    prtica mdica, podendo-se apontar dentre elas, a lombalgia, um processo doloroso, muito

    prevalente, com 75% a 80% das pessoas sofrendo dessa afeco em alguma poca durante a

    vida.

    Segundo Hall (2005, p. 287): A lombalgia s perde para o resfriado comum como causa de falta de trabalho, com as leses do tronco sendo as mais freqentes e mais dispendiosas de

    todas as reivindicaes de compensao para os trabalhadores.

    Elementos caracterizadores das lombalgias

    A dor lombar constitui uma causa freqente de morbidade e incapacidade, sendo sobrepujada

    apenas pela cefalia na escala dos distrbios dolorosos que afetam os homens. Esta afirmao

    feita por Brazil et. al. (2001), ao discorrer sobre o diagnstico e tratamento das lombalgias,

    consideradas como importantes problemas de sade.

    A Classificao Internacional de Comprometimento, Incapacidades e Deficincias da

    Organizao Mundial da Sade, reconhece a lombalgia como um comprometimento que

  • 5

    revela perda ou anormalidade da estrutura da coluna lombar (HELFENSTEIN JNIOR et. al.

    2010).

    Com base nas apreciaes de Teixeira (2006), o diagnstico mais comum de lombalgia

    mecnica, que so as lombalgias decorrentes de hrnia discal ou de estenose do canal

    vertebral, embora as lombalgias inespecficas sejam muito mais comuns, totalizando em

    aproximadamente 85% das lombalgias, enquanto que as especificam representam 15% dos

    casos.

    Nas explicaes de Cavalcante e Borm (2008), a lombalgia uma das patologias mais

    comuns do mundo ocidental, atingindo 70% a 80% da populao.

    Nas proposies de Meirelles (2012), as lombalgias, que afetam geralmente mais as mulheres

    que os homens so todas as condies de dor localizada na regio inferior do dorso, em uma

    rea situada entre o ltimo arco costal e a prega cutnea, podendo ser localizadas ou

    apresentarem irradiaes para um ou ambos os membros inferiores, como nas

    lombociatalgias.

    A prevalncia da lombalgia todo o decorrer da vida excede 70% da

    populao investigada, na maioria das naes industrializadas. Apesar da sua

    alta prevalncia, apenas 3% da populao com lombalgia procura ateno

    mdica. considerada, portanto, um problema de sade pblica, com altos

    custos (MEIRELLES, 2012, p. 3).

    Ainda com base no enfoque do mesmo autor, as lombalgias podem ser consideradas agudas

    (como nas fraturas lombares por osteoporose), ou crnicas (como na espondilite

    anquilosante). Todavia, explica Meirelle (2012), o grande contingente das lombalgias so

    agudas, com apenas 3% da populao com esta enfermidade permanecendo limitada aps trs

    meses de durao.

    No que se refere ao local de origem, podem ser primrias ou intrnsecas, e as relacionadas ao

    compartimento anterior da coluna podem ser originadas do corpo vertebral, como nas

    infeces, neoplasias primitivas ou metastticas, fraturas de compresso e assim por diante,

    ou do disco intervertebral, como nas discopatias degenerativas, infecciosas ou nas hrnias

    discais. A estenose do canal vertebral e a sndrome de compresso radicular em nvel dos

    foramens e conjugao so as causas mais freqentes de algias vertebrais do compartimento

    mdio, enquanto o compartimento posterior est relacionado s lombalgias originadas das

    partes moles como as entorses, distenses ou estiramentos msculo-ligamentares, em

    decorrncia das artropatias interapofisrias associadas osteoartrose, artrite reumatide,

    espondilite, anquilosante, entre outras (MEIRELLES, 2012).

    Alm das condies citadas, a lombalgia pode ocorrer devido a presses incomuns sobre os

    msculos e os ligamentos que suportam a coluna vertebral. Nas explicaes de Nieman (1999

    apud ESTEVES e SILVA, 2012, p. 4):

    Quando a musculatura est mal treinada (no alongada), com msculos

    paravertebrais e abdominais fracos, estes so incapazes de apoiar a coluna

    adequadamente durante atividades de levantamento (comum no dia a dia) ou

    na realizao de alguma atividade fsica. A dor na coluna torna-se constante

    devido a liberao de substncias irritantes e disteno tissular, com limitao

    da amplitude de movimentos devido mais comumente ao edema nos tecidos

    proteo muscular reflexa (NIEMAN, 1999 apud ESTEVES e SILVA, 2012,

    p. 4).

    Posicionando-se acerca da questo, Vascelai (2009) comenta que a maioria das lombalgias

    causada por um estiramento excessivo e prolongado dos ligamentos de maus hbitos

    posturais. O estiramento ligamentar, salienta a autora, pode afetar os discos intervertebrais

  • 6

    que perdem sua capacidade de absoro de choques, enfraquecendo sua parede externa, o que

    pode propiciar o surgimento de uma profuso discal.

    Os sintomas da lombalgia envolvem dor lombar. De incio discreta, vai, progressivamente,

    aumentando de intensidade, piorando com a mobilidade da regio, e, segundo Vascelai (2009,

    p. 2), comumente acompanhada de algum grau de encurtamento da musculatura lombar. A persistncia dos fatores um fator extremamente limitante sob o ponto de vista social, afetivo

    ou profissional, podendo ocasionar tambm distrbios emocionais, diz a autora. Na mesma linha de raciocnio Brazil (2001, p. 5) comenta: A dor lombar, geralmente, tem um comeo gradual e progressivo, distribuio simtrica ou alternante [...] e pode ser

    acompanhada de rigidez matinal de durao superior a trinta minutos. Em suma, inmeras so as circunstncias que contribuem para o desencadeamento e

    cronificao das sndromes dolorosas lombares, havendo tambm importantes grupos de

    lombalgias no orgnicas, como o caso da lombalgia ocupacional, a maior causa isolada de

    transtornos de sade relacionado com o trabalho e de absentesmo.

    A Lombalgia Ocupacional: aspectos gerais

    A lombalgia ocupacional apresenta etiologia multifatorial, elevada prevalncia e incidncia.

    Caracterizada por um quadro de dor de variada durao e intensidade, pode levar

    incapacidade laborativa e invalidez, acarretando sofrimento aos trabalhadores e custos s

    empresas e aos sistemas previdencirios e assistenciais de sade (HELFENSTEIN JNIOR

    et. al. 2010).

    Tem como etiologia, fatores psicossociais, longa jornada de trabalho, tempo de permanncia

    em posturas estticas, realizao de movimentos bruscos durante atividades, movimentos

    repetitivos, posturas incorretas adotadas em decorrncia de distores; tarefas que acarretam

    excesso de flexo e/ou rotao do tronco (AZEVEDO, 2012; SBR, 2012).

    A propsito disso, Schilling (1984 apud HELFENSTEIN JNIOR et. al. 2010), classificando

    as doenas relacionadas com o trabalho, as dividiu em trs grupos, quais sejam: a) doenas

    que tm o trabalho como causa necessria, como os acidentes de trabalho e as doenas

    profissionais legalmente reconhecidas; b) doenas que tm o trabalho com um dos fatores

    contribuintes; c) doenas que tm o trabalho como agravante ou provocador de distrbios

    latentes ou pr-existentes.

    Com base nesta classificao, acredita Helfenstein Jnior et. al. (2010) que a lombalgia

    ocupacional pode ser enquadrada na categoria II proposta por Schilling, quando o trabalho for

    considerado como um dos fatores contribuintes para seu surgimento, ou III, quando o trabalho

    for considerado como fator agravante de um distrbio ou patologia pr-existente.

    Ainda nas anlises do autor citado, a lombalgia ocupacional pode ser classificada de acordo

    com a clareza com que se chega ao diagnstico etiolgico, ou seja, quando decorrer de uma

    causa bem definida. Todavia, explica Helfenstein Jnior et. al. (2010), os fatores causais mais

    diretamente relacionamentos com as lombalgias ocupacionais so mecnicos, posturais,

    traumticos e psicossociais.

    Alm disso, complementa o autor, a idade, a postura e a fadiga no trabalho so consideradas

    como fatores contribuintes para a elevada percentagem de recidiva da dor lombar, cuja

    cronicidade da dor pode ocorrer em decorrncia do trabalho sentado por longas horas, do

    trabalho pesado, do levantamento de peso, da falta de exerccios fsicos e dos problemas

    psicolgicos.

    Tecendo comentrios diz Helfenstein Jnior et. al. (2010) queixas freqentes de dor na coluna

    esto associadas tenso da musculatura paravertebral decorrente de posturas incmodas e da

    degenerao precoce dos discos intervertebrais pelo excesso de esforo fsico. Para o autor,

    tanto os esforos dinmicos relacionados a deslocamentos, a transportes de cargas e

    utilizao de escadas, quanto os esforos estticos relacionados com a sustentao de cargas

  • 7

    pesadas, com a adoo de posturas incmodas e com a restrio de movimentos podem

    contribuir para as leses nas articulaes e nos discos inter-vertebrais.

    Sob esta tica, os traumas acumulativos, as atividades dinmicas, as restries de movimento,

    o trabalho fsico pesado, o agachamento, o carregamento de cargas, a exposio a longas

    jornadas de trabalho, entre outros, so considerados como fatores de risco para a lombalgia

    ocupacional.

    A relao entre o trabalho e a prevalncia de lombalgia ocupacional, frisa Freitas et. al. (2011,

    p. 4), justifica-se em funo das exigncias solicitadas ao corpo diariamente, no desempenho

    das atividades laborais. Tais solicitaes provavelmente acarretam leses cumulativas mecnica do aparelho locomotor e contribuem para o surgimento das queixas dolorosas, esclarece a autora.

    No mesmo nvel de reflexo, Queirga (2002 apud PRADO, 2006, p. 14) cita que para cada

    categoria profissional existe uma categoria particular de exigncia mental e motora, ou seja,

    em algumas profisses pode-se estar mais suscetvel a desenvolver dor nos membros

    superiores, coluna vertebral ou membros inferiores. As manifestaes a dor e das leses no ocorrem da mesma forma, mas esto associadas com a funo exercida, assinala o autor. Segundo informativo da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR, 2012), a relao das

    lombalgias com o trabalho pode acontecer, basicamente, de trs modos: a) aquelas que tm o

    trabalho como causa direta do adoecimento; b) aquelas para as quais o trabalho um dos

    fatores envolvidos; c) aquelas em que o trabalho pode funcionar como agravante de

    problemas j existentes.

    Posicionando-se sobre o assunto Alencar (2012) comenta que a relao homem-trabalho tem

    muitos efeitos concretos e reais em desequilbrios que demonstram indiretamente descargas

    de tenso psquica. Neste sentido, assevera a autora, se o trabalhador no conseguir relaxa durante seu turno de trabalho, acabar utilizando uma musculatura que fica sob tenso.

    Um estudo comparativo da Fundacentro, em 1991, com a inteno de identificar a ocupao

    profissional que apresentasse o maior risco para o surgimento de lombalgias revelou que os

    maiores ndices esto entre os trabalhadores de servios gerais, motoristas de caminho, garis,

    trabalhadores domsticos, mecnicos, auxiliares de enfermagem, estivadores, lenhadores,

    enfermeiras e trabalhadores da construo civil. Nas ocupaes analisadas quanto ao uso de

    flexo do tronco, o bancrio, o metalrgico, a enfermeira, o motorista de nibus e o secretrio

    de escritrio aparecem com sintomas de lombalgia (ALMEIDA et. al. 2012).

    O quadro 2 abaixo uma amostra dos fatores associados ao tipo de trabalho que levam

    lombalgia ocupacional.

    LEVANTAR,

    CARREGAR OU

    EMPURRAR PESO

    EXAGERADO

    Trabalhadores:

    Trabalhadores braais; Demolio de estruturas com brocas

    vibratrias;

    Enfermeiros que manipulam doentes acamados.

    POSTURAS

    ERRADAS,

    PROLONGADAS

    NAS POSIES

    SENTADAS OU DE

    P

    Trabalhadores:

    Dentistas; Desenhistas em prancheta; Operador de computadores; Motoristas profissionais; Cirurgio; Trabalho em escritrio.

    Fonte: Geocities (2012). Quadro 2: Fatores associados ao tipo de trabalho Lombalgias ocupacionais

  • 8

    Resumindo, o fato que, conforme lembra Lee et. al. (1996 apud ALMEIDA et. al. 2012, a

    dor na coluna vertebral tem sido reconhecida como um dos problemas de maior implicao

    scio-econmica da atualidade, envolvendo custos relacionados s incapacidades motoras,

    afastamento do trabalho de indivduos em fase produtiva, problema este que acaba tambm

    afetando a vida pessoal do portador da disfuno, que em alguns casos torna-se invlido para

    a maioria das atividades dirias.

    Diante dessa realidade, segundo Mariano (2011), uma parte importante do tratamento a

    preveno e a orientao do paciente em relao s atividades cotidianas, explicando-lhes

    noes de postura e ergonomia.

    Nos reumatologistas, no temos dvida sobre o fato e que as medicaes nas

    lombalgias de modo geral so a parte menos importante do tratamento.

    Preveno, orientao [...] alongamentos, fortalecimento, condicionamento

    aerbico, exerccios orientados por terapeutas so as estratgias mais

    importantes em longo prazo (MARIANO, 2011, p. 28).

    Dentro da fisioterapia, diversa so as linhas teraputicas para o tratamento da lombalgia e a

    escolha da conduta fisioteraputica depende do diagnstico e da gravidade da leso, sendo

    tambm necessrio respeitar a individualidade de cada paciente (VASCELAI, 2009).

    Na atualidade a Quiropraxia, uma profisso cuja finalidade o tratamento das disfunes

    msculo-esquelticas, especialmente as leses da coluna, vem se tornando cada vez mais

    aceita como terapia alternativa ou complementar para tratamento da lombalgia.

    A Quiropraxia: Fundamentos, metodologia e forma de tratamento

    (Protocolo de Alvio de Tenso Geral).

    A manipulao da coluna uma arte antiga, e o primeiro registro escrito foi encontrado em

    um documento chins, o Kung Fu, datado aproximadamente de 2700 a.C. Esta afirmao

    feita por Andrews e Courtenay (2005), discorrendo sobre o nascimento da Quiropraxia.

    Figura 1: Medio em p de membros superiores

    Fonte: Souza (2002).

    Nos relatos ainda das autoras, os primeiros pais da medicina, os mdicos gregos Hipcrates e

    Galeno praticavam a manipulao da coluna e proclamavam a importncia da coluna em

    relao sade.

    E assim, desde tempos imemorveis, o homem tem utilizado um dos mtodos mais

    conhecidos e mais largamente empregado nas prticas teraputicas dos clnicos de todas as

    pocas: as mos, e a Quiropraxia uma herana e uma verdade cientfica desenvolvida

    durante muitos sculos (DAVID, 2012).

    A Quiropraxia, que vem do grego, significando prtica com as mos (quiro= mo; prxis =

    prtica) e definida pelo seu criador Daniel David Palmer como a cincia, arte e filosofia de

  • 9

    tratar com as mos vista como terapia alternativa (complementar), mais amplamente reconhecida em todo o mundo, tendo como objetivo reintegrar o sistema nervoso por meio do

    ajuste das articulaes, partindo do princpio de que o organismo humano controlado pelo

    sistema nervoso, que regula o organismo como um todo, e que tal controle mantido atravs

    de feedback ida e volta de impulsos neurolgicos (SOUZA, 2002).

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 2: Medio em decbito ventral dos membros inferiores

    Nos ltimos tempos, a Quiropraxia cresceu, sofrendo mudanas tanto na teoria como na

    prtica. As tcnicas foram refinadas e outras novas foram introduzidas. Dedica-se ao

    diagnstico, tratamento e preveno de alteraes do sistema msculo-esqueltico e os efeitos

    destas sobre o sistema nervoso e a sade em geral, sem uso de drogas ou cirurgia

    (ANDREWS e COURTENAY, 2005; VIDAL, 2007).

    No Brasil, segundo David (2012), a Quiropraxia foi introduzida em 1922, pelo norte-

    americano Dr. Willian F. Fipps, sucedido posteriormente (em 1945) pelo Dr. Henry Wilson

    Yung, ambos estabelecidos na cidade de So Paulo.

    Nas ponderaes do autor:

    Passado mais de cem anos da revelao da Quiropraxia para o mundo, o

    legado de Palmer chega ao sculo XXI representado por escolas e

    universidades, centros quiroprxicos e profissionais especializados, modernas

    indstrias de equipamentos e produtos complementares, editoras e milhes de

    pessoas que se beneficiam diariamente dos procedimentos concebidos por

    aquele que, para alguns de sua poca, no passava de um louco ou visionrio

    (DAVID, 2012, p. 2).

    A prtica da quiropraxia sustenta o tratamento feito por meio de tcnicas manuais ou ajustes

    especficos nas estruturas do corpo, concentrando-se na restaurao da funo coordenada

    pelo sistema nervoso, que se relaciona primeiramente com a coluna, aumentando, com isso, a

    amplitude de movimento, aliviando a irritao nociceptora, e equalizando a sustentao de

    peso entre os sistemas de sustentao anterior e posterior da coluna vertebral, fornecendo

    alvio s foras compressivas contra a raiz nervosa dentro do canal vertebral e do forame

    intervertebral (CHAPMAN-SMITH, 2001apud ROSA, 2009).

    Fonte: Souza (2002).

  • 10

    Figura 3: Alvio da tenso de ligamento tornozelo direito e esquerdo em movimentos de flexo plantar, flexo

    dorsal, inverso e everso.

    Destacando informaes sobre o tratamento quiroprtico e seu tempo de durao Areias

    (2012) cita que quanto ao tratamento, este deve incluir a consulta inicial inclui a anamnese

    (histrico do paciente) e exame fsico. Aps a avaliao do estado do paciente, o quiropraxista

    utiliza-se de diversos procedimentos para chegar a um diagnstico. Com uma avaliao, o

    profissional estabelece a estratgia teraputica que mais convm ao caso baseado na pesquisa

    cientfica e nos protocolos estabelecidos para a prtica da quiropraxia. Aps um detalhado

    exame da mobilidade de cada articulao, o quiropraxista diagnostica qual o seguimento

    articular que necessita de tratamento. Terapias manuais so as principais formas de tratamento

    utilizadas, destacando-se entre elas, o ajustamento ou manipulao articular. Trata-se de

    movimentos rpidos e precisos, normalmente acompanhado por um estalido da articulao

    manipulada, conforme se pode observar abaixo.

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 4: Alvio da tenso do joelho direito e esquerdo

    Observao:A sequncia de teste deve comear a partir da regio sacra e seguir em direo

    lombar, torcica baixa, mdia, superior e, por fim as cervicais. O desafio maior nesse enfoque

    dinmico da quiropraxia o de determinar onde esto as fixaes, para que se possam reduzi-

    la com segurana, objetivando a restaurao normal de movimento. (SOUZA, 2002).

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 5: Eliminao de bscula.

    Observao: Persistindo o encurtamento aparente de uma das pernas, executar s no

    lado do encurtamento.

    No que se refere durao do tratamento, Areias (2012) comenta que os sintomas geralmente

    desaparecem quando a pessoa inicia o tratamento quiroprtico. Conquanto, o problema

    vertebral (subluxao) que est causando os sintomas no desaparece rapidamente. O

    quiropraxista treinado para tratar a causa do problema, no s os sintomas.

    A esse respeito, d o autor a seguinte explicao:

    Antes de voc receber qualquer cuidado quiroprtico, seu corpo teve que se

    adaptar para compensar a disfuno vertebral. Seu sistema nervoso que

    percorre toda a coluna vertebral no pde funcionar corretamente e isto

    provavelmente contribuiu para o aparecimento de seus problemas de sade.

  • 11

    Por isso, seu corpo est acostumado aos velhos padres de movimento e

    postura (AREIAS, 2012, p. 3).

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 6: Presso de alvio sacral

    Diante dessa situao e para estabelecer um novo padro, explica o mesmo autor que cabe ao

    quiropraxista reavaliar o progresso do paciente a intervalos regulares, mesmo que seus

    sintomas tenham desaparecidos, sendo, inicialmente, necessrias algumas sesses semanais e,

    posteriormente, um acompanhamento mensal.

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 7: Ajuste torcico inespecfico

    Aplicar os procedimentos da Quiropraxia significa liberar entradas e sadas de fluxo interno

    de informao no organismo, a fim de reduzir a entropia e incrementar as capacidades

    homeostticas de manuteno do equilbrio orgnico, resultando na recuperao ou

    manuteno da sade (DAVID, 2012).

    Em sntese, a Quiropraxia vem crescendo gradativamente nos ltimos anos, especialmente na

    sade ocupacional, que expandiu significativamente sua rea de atuao. Tem realizado um

    papel vital no tratamento de leses msculo-esquelticas relacionadas ao trabalho, reunindo

    resultados slidos quanto eficcia clnica e de custo/benefcio. 65% a 70% dos pacientes que

    utilizam quiropraxia o fazem por dores na coluna e relatam satisfao com o tratamento

    quiroprtico (REDWOOD e CLEVENLAD, 2003; PICKAR, 2002 apud ROSA, 2009).

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 8: Alvio dos artelhos

    A Quiropraxia e seus resultados no tratamento da Lombalgia Ocupacional

    Como em muitos casos de dor lombar, que no requer cirurgias, o tratamento quiroprtico tem

    sido indicado no tratamento da lombalgia ocupacional. Afirma Wolk (1988 apud RAUPP,

    2007) que, em 10.652 casos de compensao empregatcia por falta ao trabalho, o tratamento

    quiroprtico proporcionou maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido,

    diminuindo a probabilidade de desenvolver leses compensveis (leses resultantes de tempo

    de trabalho perdido que demanda compensaes), e minimizando chances de hospitalizao.

  • 12

    Para Raupp (2007), a Quiropraxia surge como coadjuvante no contexto da sade do

    trabalhador. Atuando dentro de uma abordagem interdisciplinar, explica o autor, a

    Quiropraxia, por outro lado oportuniza a empresa a reduo de custos com a sade e

    colaboradores mais satisfeitos e produtivos.

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 9: Lasegue mais estmulo atravs do tendo calcneo

    Um estudo realizado por Rosa (2009), junto a 22 funcionrios de uma empresa situada no Rio

    Grande do Sul, com o objetivo de verificar a eficcia do tratamento quiroprtico em

    trabalhadores portadores de lombalgia relacionada a atividade laboral exercida, mostrou que

    45,5% obtiveram uma melhora aps o tratamento, apresentando de 50% a 70% de remisso da

    dor lombar, com 31,8% percebendo uma melhora de 25% a 50%.

    Boff (2005), por sua vez, analisando os resultados dos ajustes cervicais em (10) mulheres com

    queixas de dor lombar, com idade entre 32 e 57 anos, por meio de um estudo quantitativo

    revelou que nas dez mulheres tratadas o segmento C2 foi ajustado em algum momento, e o

    segundo foi o segmento C5, ajustado em quatro pacientes, e que a escala analgica visual

    mostrou reduo significativa da dor, sendo a mdia de intensidade da dor no pr-teste de

    4,488 cm, e a mdia do ps-teste 0,84 cm. Para a autora, os resultados dos ajustes

    quiroprticos cervicais nas mulheres participantes da pesquisa demonstraram ser

    significativos, tanto na diminuio da dor lombar como na diminuio a dor nos itens ficar em

    p, caminhando e cuidado pessoal.

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 10: Ajuste lombar

    Resumindo, como esclarece o atendimento quiroprtico tem entre os seus princpios de

    prtica profissional, a premissa do indivduo como ser nico, para o qual a abordagem deve

    ser centralizada na busca da otimizao e preservao da sade, com reduo da dor e do

    desconforto, procurando propiciar ao paciente disposio e motivao e um rendimento maior

    no local de trabalho. Comumente descrita como filosofia (aplicada para explicar o que a

    quiropraxia faz), arte (envolve a correo da subluxao), e cincia (baseia-se na lei que diz

    que o corpo possui uma habilidade para funcionar da melhor maneira e o mais efetivamente

    possvel), concentra-se no conceito de sade e no no de doena, tendo como principais

    objetivos a restaurao da mobilidade articular, reduo dos sintomas apresentados, melhoria

    da flexibilidade muscular, liberao dos tecidos moles contrados, reeducao postural, a

    educao e motivao do paciente, fazendo uso de vrios mtodos teraputicos, podendo-se

    apontar o ajustamento articular, que consiste normalmente em uma fora feita no sentido da

    restrio de movimento, visando sua recuperao (CHAPMANSMITH 2001 apud BOFF;

    2005; SARAVA apud ROSA, 2009).

  • 13

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 11: Ajuste cervical

    Nas premissas de David (2012), a Quiropraxia a disciplina dentro das artes naturais ligadas

    sade, que se preocupa com a etiologia, patognese, teraputica e profilaxia dos distrbios

    funcionais, estados patomecnicos, sndromes de dor e outros efeitos neurofisiolgicos

    relacionados com a esttica e a dinmica do sistema neuro-msculo-esqueletal, relacionados a

    todas as articulaes axiais apendiculares e crnio-faciais.

    Nas explicaes do autor:

    A Quiropraxia registra de modo definitivo que o cdigo gentico representa o

    projeto individual de cada ser vivo [...] cada organismo tem um potencial de

    recuperao extraordinrio [...] Esse potencial simplesmente espera pelas

    mos, corao e mente do quiropraxista, para torn-los ativo e propiciar a

    recuperao possvel, tornando a vida digna de ser vivida (DAVID, 2012, p.

    4).

    A Quiropraxia, portanto, cincia que se preocupa com o relacionamento no corpo entre a

    estrutura (sistema msculo-esqueletal, incluindo a coluna vertebral e demais articulaes) e a

    funo comandada principalmente pelo sistema nervoso, uma vez que este relacionamento

    pode afetar a comunicao necessria para a manifestao, preservao e recuperao da

    sade (SOUZA, 2002).

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 12: Ajuste de transio traco-lombar (somente quando necessrio)

    Para finalizar, como lembra Fuhr et. al. (1996 apud BOFF, 2005), as anlises dos modelos e

    hipteses do complexo de subluxao vertebral, e a observao das mais diversas tcnicas da

    quiropraxia, que se apiam em uma viso holstica que visa e aborda o corpo humano como

    um todo, mostram o quanto o corpo est interligado, e quo grande a influencia que um

    desalinhamento em determinado ponto da coluna tem sobre o resto do segmento mvel.

  • 14

    Fonte: Souza (2002).

    Figura 13: Ajuste de transio crvico-torcico (somente quando necessrio)

    Material e mtodos

    O artigo, pautando-se em obras pesquisas e publicadas nos ltimos anos, elencou trabalhos

    coletados em artigos de livros e da internet, utilizando-se palavras-chaves como a anatomia

    bsica da coluna, lombalgia ocupacional, Quiropraxia e seus efeitos no tratamento da

    lombalgia. Foram selecionados apenas os artigos que tinham relevncia para o objetivo

    proposto, os quais foram lidos de forma cuidadosa e crtica.

    Resultados e discusso

    A reviso da literatura mostrou que a coluna vertebral, considerada como o pilar sseo central

    do corpo afetada por sndromes dolorosas relacionadas com os seus vrios segmentos, como

    o caso das lombalgias que podem ocorrer devido a presses incomuns sobre os msculos e

    os ligamentos que suportam a coluna vertebral.

    Viu-se tambm que dentre os importantes grupos de lombalgia, a ocupacional vem sendo

    considerada como a maior causa isolada de transtornos de sade relacionado com o trabalho.

    Neste contexto, a Quiropraxia, que se dedica ao diagnstico, tratamento e preservao de

    alteraes do sistema msculo-esqueltico e os efeitos destas sobre o sistema nervoso e a

    sade em geral, tem sido indicada, porque:

    a) empregada como opo para tratar dor lombar por meio da manipulao articular;

    b) proporciona maior ajuda ao paciente, reduzindo o tempo de trabalho perdido e com o

    trabalhador tendo menos probabilidade de desenvolver leses compensveis (leses

    resultantes de tempo de trabalho perdido que demanda compensaes), e tambm menores

    chances de hospitalizao;

    c) surge como coadjuvante no contexto da sade do trabalhado;

    d) atua dentro de uma abordagem interdisciplinar, oportunizando reduo de custos com a

    sade s empresas, e para o trabalhador, favorecendo a otimizao e a preservao da sade,

    com reduo da dor e do desconforto, propiciando-lhe disposio e motivao, alm de um

    rendimento maior no local de trabalho.

    Concluso

    Cresce o nmero de pessoas afetadas por problemas msculo-esqueltico, desencadeados por

    sobrecargas, posturas inadequadas, aplicao de fora manual excessiva, enfim, situaes que

    envolvem ciclos de trabalho muito longos e repetitivos, que originam consequentemente

    movimentos rpidos de pequenos grupos musculares e tempos de descanso insuficientes, que

    levam ao aparecimento de desordens e leses dolorosas, como as lombalgias ocupacionais.

    Diante dos achados bibliogrficos, pode-se afirma que importante e vlida a prtica da

    Quiropraxia para as pessoas atingidas por afeces na coluna lombar, pois favorece o

    equilbrio dinmico do corpo humano, devolvendo a esses indivduos, o seu melhor estado de

    sade.

  • 15

    Por meio, portanto, do atendimento quiroprtico promove-se a reabilitao fsica de pessoas

    atingidas por leso dessa natureza, facilitando, curando e fortalecendo o paciente. Assim

    sendo, a Quiropraxia uma alternativa vivel e benfica, e esta vem ganhando a credibilidade

    dos profissionais de Fisioterapia, e da sociedade em geral, afinal enfermidades como

    lombalgias esto aumentando em propores alarmantes, especialmente entre os

    trabalhadores, gerando, entre outras coisas, aposentadorias precoces e refletindo

    significativamente na qualidade de vida das pessoas.

    Por fim, a Quiropraxia, como frisam os estudiosos do assunto, tem como caracterstica

    exclusiva o fato de ensinar a seus praticantes no s uma tcnica fria, mas a possibilidade de

    compreenso do ser humano em sua integralidade, bem como estimular o aprofundamento da

    sensibilidade que aumenta a habilidade do toque, da palpao e do ajuste quiroprxico

    especializado, visto como aquele que provavelmente excede s tcnicas de quaisquer outras

    terapias de manipulao.

    Referncias

    ANDREWS, Elisabeth; COURTENAY, Anthea. Os fundamentos da Quiropraxia de

    McTimoney. Traduo Angela Machado. Rio de Janeiro : Nova Era, 2005.

    ALMEIDA, Vanessa et. al. Lombalgia Ocupacional: um problema constante na sade do

    trabalhador. Disponvel em: www.ufmg.br/prpg/dow_anais/cien_saude/...3/vanessa.doc.

    Acesso em 17/04/2012.

    ALENCAR, Maria do Carmo Baracho de. Fatores que influenciam nas lombalgias

    ocupacionais: o caso de mecnicos. Disponvel em:

    www.eps.ufsc.br/disciplinas/fialho/.../MariaDoCarmoAlencar.doc. Acesso em 17/04/2012.

    AREIAS, Srgio. Definio de Quiropraxia. Disponvel em:

    www.sergioareias.com.br/quiropraxia.asp. Acesso em 20/04/2012.

    BOFF, Taise. Resultados dos ajustes quiroprticos cervicais na sintomatologia de

    mulheres portadoras de lombalgia. Monografia. Graduao em Quiropraxia. Centro

    Universitrio Feevale. Novo Hamburgo, 2005. Disponvel em: http//www.

    ged.feevale.br/bibvirtual/Monografia/MonografiaTaiseBoff.pdf. Acesso em 18/04/2012.

    BORGES, Cludio de Almeida; XIMENES, Antnio Carlos. Coluna vertebral. In.: PATO,

    Celmo Celeno. Semiologia mdica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2005, p.1030-1034.

    BRASILEIRO FILHO, Geraldo. Patologia. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2000.

    CAILLIET, Rene. Compreenda sua dor nas costas: um guia para preveno, tratamento e

    alvio. Porto Alegre : Artmed, 2002.

    DAVID, Carlos Eduardo. Quiropraxia: a sua histria e a sua metodologia. Disponvel em:

    http://www.sbneurociencia.com.br/carloseduardo/artigo1.htm. Acesso em 20/04/2012.

    FREITAS, Kate Nascimento et. al. Lombalgia ocupacional e a postura sentada: efeitos da

    cinesioterapia laboral. Rev. Dor, So Paulo, v. 12, n. 4, ou/dez, 2011, p. 308-313. Disponvel

    em:http://www.dor.org.br/revistador/Dor/2011/volume_12/n%C3%BAmero_4/pdf/v_12_n__-

    _p_308_a_313.pdf. Acesso em 15/04/2012.

    GONALVES, rica Cristina. Constrangimento no posto do motorista de nibus urbano,

    segundo a viso macroergonmica. Disponvel em:

    www.eps.ufsc.br/disserta99/queiroga/cap2a.html. Acesso em 23/03/2012.

    HALL, Susan J. Biomecnica bsica. Traduo Giuseppe Taranto. Rio de Janeiro :

    Guanabara Koogan, 2005.

    MARIANO, Rian Narcizo. Coluna: cartilha para pacientes. SBR Comisso de Coluna Vertebral, 2011. Disponvel em: reumatologia.org.br/mural/arquivos/Cartilha%20Coluna.pdf.

    Acesso em 16/04/2012.

    MOSSO NETO, Jos Francisco; BARRETO, Amaro Cezar da Motta. Anlise comparativa

    da prevalncia de lombalgia entre motoristas de nibus de turismo e coletivo urbano.

  • 16

    Disponvel em: http://www.castelobranco.br/sistema/novoenfoque/files/06/14.pdf. Acesso em

    23/03/2012.

    PALMEIRA, Marcos. Histria da Quiropraxia. Disponvel em:

    www.suacoluna.com.br/coluna/index.php?option=com... Acesso em 04.04.2012.

    PATO, Celmo Celeno. Semiologia mdica. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2005.

    PRADO, Rejane Rossi. Avaliao da qualidade de vida na indstria do vesturio: o caso

    de costureiras portadoras de lombalgias. Dissertao de Mestrado em Desenho Industrial.

    Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicao, Campus Bauru SP, 2006. Disponvel em: http://www.faac.unesp.br/posgraduacao/design/dissertacoes/pdf/rejane.pdf. Acesso em

    04.04.2012.

    RAUPP, Eduardo Gonalves. Incluso do tratamento de Quiropraxia em Programas de

    Sade do trabalhador: uma reviso bibliogrfica. Monografia. Especializao em Sade do

    Trabalhador. Centro Universitrio Feevale. Novo Hamburgo, 2007. Disponvel em:

    http://www. ged.feevale.br/bibvirtual/.../MonografiaEduardoRaupp-2.pdf. Acesso em

    19/04/2012.

    RICARD, Franois; SALL, Jean-Luc. Tratado de Osteopatia. So Paulo : Robe Editorial,

    2002.

    ROSA, Roberta Alves. Eficcia do tratamento quiroprtico na reduo das queixas de

    lombalgia de trabalhadores de uma empresa situada no Rio Grande do Sul. Monografia.

    Graduao em Quiropraxia. Centro Universitrio Feevale. Novo Hamburgo, 2009. Disponvel

    em:http://www.ged.feevale.br/bibvirtual/Monografia/MonografiaRobertaRosa.pdf. Acesso em

    19/04/2012.

    SBR Sociedade Brasileira de Reumatologia. Lombalgia Ocupacional. Disponvel em: www.reumatologia.com.br/index.asp?Pagina=reumatologia/...asp... Acesso em 17/04/2012.

    SNELL, Richard S. Anatomia Clnica para Estudantes de Medicina. Traduo Alexandre

    Werneck e Wilma Werneck. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

    SABOTTA, Johannes. Atlas da Anatomia Humana. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan,

    2000.

    SONCINI, M. I.; CASTILHO, M. Atlas do corpo humano. So Paulo : Cortez, 1990.

    SOUZA, M. Matheus de. Manual de Quiropraxia: Filosofia, Cincia, Arte e profisso de

    curar as mos. So Paulo : Ibraqui, 2002.

    TEIXEIRA, Manoel Jacobsen. Dor: contexto interdisciplinar. Curitiba : Editora Maio, 2003.

    TOMITA, Rbia Yuri. Atlas visual compacto do corpo humano. So Paulo : Rideel, 1999.

    VASCELAI, Alessandra. Lombalgias: mecanismo antomo-funcional e tratamento. I

    Congresso Brasileiro de Dor. Itaja, 2009. Disponvel em: http://www.alefisio.com.br/wp-

    content/uploads/Alessandra_Vascelai_Lombalgias.pdf. Acesso em 12/04/2012.

    VIDAL, Otvio Paiva. Tratamento da lombalgia em funcionrios do setor de

    higienizao de uma instituio de ensino superior do Vale do Sinos, atravs de ajustes

    quiroprticos. Centro Universitrio Feevale. Novo Hamburgo, 2007. Disponvel em:

    http://ged.feevale.br/bibvirtual/Monografia/MonografiaOtavioVidal.pdf. Acesso em

    04/04/2012.