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a revista do engenheiro civiltchne 122 maio 2007apoio

IPT

Edio 122 ano 15 maio de 2007 R$ 23,00

techne

www.revistatechne.com.br

COMO CONSTRUIR

Pra-raios estrutural

Como no tornar o edifcio uma estufa e ao mesmo tempo economizar energia?

9 77 0 1 04 1 0 50 0 0

ISSN 0104-1053

Fachada-cortina

00122

Fachada-cortina Sinistros WEB Tubos para gua quente Rejunte Pra-raios

ENTREVISTA MAURCIO MARCELLI

Sinistros na construoWEB

Engenheiros na redeINSTALAES

Tubos para gua quenteARTIGO

Assistncia tcnica

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SUMRIO42CAPACortina de vidro O que considerar no projeto de fachadas-cortina e como evitar sobrecarga de ar-condicionado

58 ARTIGOProcedimentos de assistncia tcnica para construtoras Pesquisadores sugerem implantao de um modelo de atendimentoFotos: Marcelo Scandaroli

76 COMO CONSTRUIRPra-raios estrutural Como instalar sistema de pra-raios integrado na estrutura

34 WEBDebate na rede Engenheiros e arquitetos trocam opinies pela internet e multiplicam os sites profissionais

SEESEditorial Web rea Construda ndices IPT Responde Carreira Melhores Prticas P&T Obra Aberta Agenda Capa Layout: Lucia Lopes Foto: Marcelo Scandaroli 2 8 10 14 16 20 22 63 68 70

38 REJUNTE

26ENTREVISTASinistros na construo Maurcio Marcelli rene em livro acidentes mais comuns

Acabamento cermico Cuidados na hora de rejuntar fachadas revestidas com cermica

52 INSTALAESgua quente Veja as opes de tubos de cobre aos polmeros

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EDITORIALUma vil a menos?arquitetura e a engenharia civil brasileiras aceitaram o desafio de combater o aquecimento global e criar ambientes capazes de aliar conforto e preservao dos recursos naturais e energticos. Mesmo antes que projetos nacionais e estrangeiros ganhassem notoriedade pela preocupao com a sustentabilidade, obras de profissionais conscientes se destacam, h dcadas, por integrarem solues em prol do meio ambiente. Daqui para frente um caminho sem volta. A luz natural ilumina edifcios sem aquec-los, gua reciclada utilizada em jardins e banheiros e uma gama de materiais de alto desempenho trmico so especificados nas obras. De outro lado, smbolo mximo da modernidade corporativa ou do international style, no jargo arquitetnico, as grandes fachadas espelhadas continuam a refletir a silhueta da cidade e a despertar opositores dentro e fora do meio tcnico. Fachadas de vidro, apontam os crticos, elevam a carga trmica dos edifcios e os BTUs necessrios para condicionar o ar em pases tropicais como o Brasil. H, entretanto, quem arrisque dizer o contrrio: as fachadas-cortina podem ser grandes aliadas da economia e do conforto. Novas tecnologias em vidros e esquadrias permitiriam elevar o desempenho trmico das edificaes sem aumento nas contas de energia. Como mostra nossa reportagem de capa, a engenharia e a arquitetura corporativas tm registrado enormes avanos na concepo e funcionamento dos edifcios, em sintonia com o barateamento das tecnologias de ponta para fachadas. Isso demonstra que certos materiais, antes condenados pela nova ordem mundial, podero ser mais bem utilizados e especificados para atender aos objetivos que todos almejamos: construes de qualidade dotadas de apelo arquitetnico, competitividade econmica e, principalmente, eficincia do ponto de vista energtico. Vale a pena ficar atento. VEJA EM AU

A

Conselho Regional de Medicina, em Joo Pessoa Instituto Socioambiental, no Amazonas Sieeb, em Pequim

VEJA EM CONSTRUO MERCADO

Viabilidade da renda mdia baixa Precatrios Treinamento de equipes Nota fiscal eletrnica

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techneVendas de assinaturas, manuais tcnicos, TCPO e atendimento ao assinante Segunda a sexta das 9h s 18hFundadores: Roberto L. Pini (1927-1966), Fausto Pini (1894-1967) e Srgio Pini (1928-2003)Diretor Geral

Ademir Pautasso Nunes

4001-6400principais cidades*

0800 596 6400demais municpios fax (11) 2173-2446 Atendimento web: www.piniweb.com/fale conosco *Custo de ligao local nas principais cidades. ver lista em www.piniweb.com/4001 +Info? email: [email protected] Publicidade fone (11) 2173-2304 fax (11) 2173-2362 e-mail: [email protected] Trfego (anncios) fone (11) 2173-2361 e-mail: [email protected] Engenharia e Custos fone (11) 2173-2373 e-mail: [email protected] Reprints editoriais Para solicitar reimpresses de reportagens ou artigos publicados: fone (11) 2173-2304 e-mail: [email protected]

techneDiretor de Redao

Eric Cozza [email protected] Editor: Paulo Kiss [email protected] Editor-assistente: Gustavo Mendes Reprter: Bruno Loturco; Renato Faria (produtor editorial) Revisora: Mariza Passos Coordenadora de arte: Lucia Lopes Diagramadores: Leticia Mantovani e Maurcio Luiz Aires; Renato Billa (trainee) Ilustrador: Sergio Colotto Produtora editorial: Juliana Costa Fotgrafo: Marcelo Scandaroli Conselho Administrativo: Caio Fbio A. Motta (in memoriam), Cludio Mitidieri, Ercio Thomaz, Paulo Kiss, Eric Cozza e Luiz Carlos F. Oliveira Conselho Editorial: Carlos Alberto Tauil, Emlio R. E. Kallas, Fernando H. Aidar, Francisco A. de Vasconcellos Netto, Francisco Paulo Graziano, Gnter Leitner, Jos Carlos de Figueiredo Ferraz (in memoriam), Jos Maria de Camargo Barros, Maurcio Linn Bianchi, Osmar Mammini, Ubiraci Espinelli Lemes de Souza e Vera Conceio F. Hachich ENGENHARIA E CUSTOS: Regiane Grigoli Pessarello Preos e Fornecedores: Juliana Cristina Teixeira Auditoria de Preos: Sidnei Falopa e Ariell Alves Santos Especificaes tcnicas: Erica Costa Pereira e Ana Carolina Ferreira ndices e Custos: Andria Cristina da Silva Barros Composies de Custos: Cristina Martins de Carvalho SERVIOS DE ENGENHARIA: Celso Ragazzi, Luiz Freire de Carvalho e Mrio Srgio Pini PUBLICIDADE: Luiz Carlos F. de Oliveira, Adriano Andrade e Jane Elias Executivos de contas: Alexandre Ambros, Eduardo Yamashita, Patrcia Dominguez, Ricardo Coelho e Rbia Guerra MARKETING: Ricardo Massaro EVENTOS: Vitor Rodrigues VENDAS: Jos Carlos Perez RELAES INSTITUCIONAIS: Mrio S. Pini ADMINISTRAO E FINANAS: Tarcsio Morelli CIRCULAO: Jos Roberto Pini SISTEMAS: Jos Pires Alvim Neto e Pedro Paulo Machado MANUAIS TCNICOS E CURSOS: Eric Cozza ENDEREO E TELEFONES Rua Anhaia, 964 CEP 01130-900 So Paulo-SP Brasil PINI Publicidade, Engenharia, Administrao e Redao fone: (11) 2173-2300 PINI Sistemas, suporte e portal Piniweb fone: (11) 2173-2300 - fax: (11) 2173-2425 Visite nosso site: www.piniweb.com Representantes da Publicidade: Paran/Santa Catarina (48) 3241-1826/9111-5512 Minas Gerais (31) 3411-7333 Rio Grande do Sul (51) 3333-2756 Rio de Janeiro (21) 2247-0407/9656-8856 Representantes de Livros e Assinaturas: Alagoas (82) 3338-2290 Amazonas (92) 3646-3113 Bahia (71) 3341-2610 Cear (85) 3478-1611 Esprito Santo (27) 3242-3531 Maranho (98) 3088-0528 Mato Grosso do Sul (67) 9951-5246 Par (91) 3246-5522 Paraba (83) 3223-1105 Pernambuco (81) 3222-5757 Piau (86) 3223-5336 Rio de Janeiro (21) 2265-7899 Rio Grande do Norte (84) 3613-1222 Rio Grande do Sul (51) 3470-3060 So Paulo Marlia (14) 3417-3099 So Jos dos Campos (12) 3929-7739 Sorocaba (15) 9718-8337 tchne: ISSN 0104-1053 Assinatura anual R$ 276,00 (12 exemplares) Assinatura bienal R$ 552,00 (24 exemplares) Os artigos assinados so de responsabilidade exclusiva do autor e no expressam, necessariamente, as opinies da revista.

PINIrevistasRedao fone (11) 2173-2303 fax (11) 2173-2327 e-mail: [email protected]

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www.revistatechne.com.brConfira no site da Tchne fotos extras das obras, plantas e informaes que complementam contedos publicados nesta edio ou esto relacionados aos temas acompanhados mensalmente pela revista

Fachada-cortinaAcesse o site da revista e veja as fotos extras e detalhes de outras obras em So Paulo. Veja tambm as recomendaes para uso de silicones estruturais para fixao dos vidros nas esquadrias.

Frum TchneO que o engenheiro deve fazer se a sua empresa utilizar produto fora de norma ou realizar procedimento construtivo no recomendado? O engenheiro deve apresentar empresa todos os riscos decorrentes dos procedimentos inadequados e da utilizao de material de m qualidade. Ao apresentar esses riscos, deve tambm apresentar tcnicas construtivas que possam substituir com qualidade a que tem sido adotada pela empresa.Ana Carolina Ferreira 27/04/2007 16:43

SinistrosVeja em nossa pgina da WEB quais os cinco sinistros mais comuns nas obras e suas respectivas causas, comentados pelo engenheiro Maurcio Marcelli, entrevistado desta edio da revista Tchne e autor do livro "Sinistros na Construo", recm-lanado pela Editora PINI.

Tcnicos de edificaes e tecnlogos devem coordenar obras? No devemos restringir a atuao de profissionais. Se ele bom na rea que atua, no temos por que criticar sua contratao. Sou engenheiro civil, tenho boa experincia, facilidade em assimilar novas tecnologias, mas estou desempregado, visto a grande discriminao com a minha faixa etria (50 anos). Se faltam bons profissionais, que se d oportunidade aos tecnlogos e aos profissionais com faixa etria discriminada pelo mercado.Pedro Luiz Pecego Meirelles 24/04/2007 10:25

Marcelo Scandaroli

PEX com alumnioConhea mais detalhes dessa nova tecnologia italiana para conduo de gua quente. Trata-se de um tubo de alumnio multicamadas com revestimentos externo e interno de polietileno reticulado.

Divulgao

Sou Tcnico em Edificaes h 15 anos e sofro na pele tudo isso. A profisso possui poucas atribuies e a obrigatoriedade de sempre ser auxiliado por algum profissional. Teria que melhorar o ensino dessas inmeras faculdades que formam pessoas com diplomas, somente. Conheo muitos engenheiros que no sabem a metade do que eu sei e, quando questionados, fogem pela tangente. Para terem uma idia, estou cursando Arquitetura e Urbanismo e tive uma cadeira de Topografia em que no vi nem a metade do que tive no curso tcnico.Fabianno Lima 25/04/2007 18:20

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REA CONSTRUDAPatrimnio histrico recuperado no Rio de JaneiroAt 2006, o primeiro edifcio do Rio de Janeiro a dispor de sistema central de ar-condicionado, o Standard Building, estava abandonado entre algumas praas no Aterro do Flamengo. Construdo em 1935, o prdio ostentava no topo a "lua oval da Esso" que aparece na letra da msica "Paisagem til", de Caetano Veloso , referncia logomarca da empresa que tinha a sua sede ali. A infra-estrutura do local prxima ao metr e ao aeroporto Santos Dumont despertou o interesse da Bueno Netto, que adquiriu o imvel j com a inteno de realizar o retrofit. O projeto se concretizou quando a empresa fechou contrato de locao por 15 anos com o Ibmec. A reforma comeou, ento, sob o modelo Build-to-Suit, adequando o produto utilizao final do cliente no caso, uma faculdade. Desgastada pelos anos de abandono, a estrutura de concreto armado do edifcio j apresentava diversos pontos com as armaduras expostas e corrodas. Sua recuperao ocorreu com a consultoria do escritrio Aluzio A. M. D'vila Engenharia de Projetos. Como poucos dos projetos originais foram recuperados, as dimenses do edifcio foram capturadas e reproduzidas

eletronicamente, e uma nova planta interna foi elaborada. Na demolio do edifcio, surpresas: os trs ltimos andares no tinham estruturas em concreto armado. Anexos construdos sobre a cobertura do prdio, posteriormente entrega do edifcio, em 1936, tinham formato de um "bolo de noiva" escalonado a rea do 11o pavimento era menor que a do 10o, que era menor que a do 9o e que, por fim,

era menor que a da cobertura do 8o andar. No havia pilares, os pavimentos apoiavam-se, segundo os engenheiros da Bueno Netto, apenas sobre as alvenarias do pavimento inferior. "Se derrubssemos alguma parede para fazer a ampliao, o pavimento superior cairia", explica Luiz Carlos Martins, diretor tcnico da Bueno Netto. A reforma, sobretudo estrutural, foi sendo feita a partir dos pavi-

Reconstruo dos pavimentos superiores exigiu execuo de pilares

Antes

Depois

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Fotos: divulgao/Bueno Netto

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mentos inferiores. Quando ela chegou ao 8o pavimento, sobre o qual os anexos estavam apoiados, era necessrio derrubar as paredes. Como no havia vigas, a soluo foi escorar 5o, 6o, 7o e 8o andares antes das intervenes. A laje foi, ento, demolida, e foram introduzidas vigas metlicas, apoiadas em 12 novos pilares externos de concreto armado. "As lajes do 9o e do 10o pavimentos foram todas refeitas", explica o coordenador de obras da Bueno Netto, Jos Luiz Vinha. O receio dos construtores era que esse "trabalho a mais" atrasasse o cronograma da obra, j apertado: o prdio deveria ser entregue em dez meses ao Ibmec, antes do incio das aulas em 2007. O escoramento neces-

srio impedia o avano das frentes de trabalho naqueles andares. A fachada do Standard Building considerada Patrimnio Histrico do Rio de Janeiro. Por isso, no haveria espao para alteraes de suas caractersticas originais. O processo de restaurao contou com a consultoria da mineira Consultare, que levou para Belo Horizonte amostras da fachada para determinar os compsitos originais do revestimento. Feito isso, foram retiradas a tinta e a massa acrlica aplicadas, seguidos da reviso dos fundos de vigas e dos detalhes construtivos. Aps a lavagem da superfcie com hidrojateamento, o novo revestimento foi aplicado, protegido por um hidrorrepelente base de teflon.

8o pavimento

9o pavimento

10o pavimento

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REA

CONSTRUDA Casa ecolgica feita de bambu e pneusUma equipe multidisciplinar liderada pelo ex-professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Edson Sartori, desenvolveu uma casa ecolgica feita com bambus e pneus. Em vez de tijolos, a casa conta com uma estrutura feita de bambu, selada com uma argamassa elaborada com raspas da planta e de pneus. A estrutura do vegetal tem resistncia elevada, e a possibilidade de sua utilizao na construo foi atestada por testes realizados no Laboratrio de Materiais da Universidade Federal de Juiz de Fora. Para difundir a tecnologia, foram construdos dois prottipos de 50 m2 para habitao nas cidades de Trs Rios (RJ) e um em Macei com apoio do Sebrae (Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas). A construo de cada casa leva, em mdia, dez dias.

Prmio Talento Engenharia EstruturalCada vez mais consolidado no meio da engenharia estrutural brasileira, reconhecendo e homenageando os projetos de maior destaque, o Prmio Talento Engenharia Estrutural chega sua quinta edio.Iniciativa da Gerdau e da Abece (Associao Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural), com apoio da revista Tchne, teve 84 inscritos no ano passado, com expectativa, para essa edio,de chegar aos 100 concorrentes. Dentre as maiores inovaes est a substituio da categoria Inovaes por outra mais abrangente, denominada Obras de Menor Porte e Estruturas Especiais, que amplia o foco para alm dos grandes projetos. As demais categorias Obras de Arte e Edificaes continuam existindo, estando todas sujeitas a avaliaes baseadas em critrios como: concepo estrutural, processos construtivos e uso adequado de materiais, implantao no ambiente e esttica. A obra no precisa estar concluda, mas a estrutura, sim. Para a inscrio dos projetos, que devem ter no

Divulgao

mximo cinco anos, necessrio enviar de trs a cinco desenhos em, no mximo,dez pginas no formato A4 ou o arquivo eletrnico com extenso DWG e PLT, com especificaes tcnicas sobre o tema estrutural, alm de fotos digitais da estrutura.A novidade que agora os arquivos podem ser enviados diretamente por meio dos sites, que tambm abrigam o regulamento do prmio, www.premiotalento.com.br, www.ger dau.com.br, e www.abece.com.br. No caso de CDs e materiais impressos, devem ser enviados aos cuidados de Eduardo Castro Silva para a rua Cenno Sbrighi,170,Edifcio II,6o andar,05036010, gua Branca, So Paulo (SP).

Crea-SP convoca engenheiros para recadastramentoO Crea-SP est fazendo o recadastramento dos profissionais de seus quadros. Devem entrar em contato com uma das 118 secionais do conselho paulista os engenheiros que tm seu registro ativo e cujas carteiras tenham sido emitidas antes de 18 de dezembro de 2006. Os profissionais convocados devero ser atendidos pelo Crea-SP at 30 de junho de 2007, munidos do Requerimento de Profissionais preenchido e assinado, Carteira de Identidade (Cdula de Identidade com indicao de permanncia no Pas, se estrangeiro), CPF, ttulo de eleitor, duas fotografias atuais 3 x 4 cm, diploma frente e verso e atestado mdico de tipo sangneo e fator Rh (este ltimo, opcional). Mais informaes pelo telefone 0800-171811, com o fornecimento do nmero de seu registro profissional.

Casas flutuantesUma equipe de pesquisadores da Louisiana State University, nos Estados Unidos, desenvolveu um sistema de bases flutuantes para as casas de Nova Orleans, em Louisiana. A cidade sofre constantemente com a passagem de furaces no sul do pas o mais forte deles, o Katrina, ocorrido em 2005. Entre as conseqncias mais graves esto os alagamentos das terras baixas, que obrigam os moradores a construrem casas elevadas, acima do nvel mdio histrico atingido pela gua. O sistema desenvolvido para casas de madeira, mais12

leves, e permite que a casa movimentese verticalmente,flutuando sobre a gua. composto por bases de blocos de espuma,presas a uma estrutura metlica quePoste da guia vertical Estrutura metlica

Fundao Blocos de espuma Colar da guia vertical

fica sob a casa. Junto aos cantos da construo, so instalados postes que funcionam como guias que mantm o sistema ancorado, mas permitem a movimentao vertical de acordo com o nvel da gua.A ligao com a rede pblica de abastecimento de gua, gs e eletricidade se d por meio de tubulaes flexveis semelhantes a "cordes umbilicais". Quando o alagamento acontece, os blocos flutuantes erguem o imvel e a estrutura metlica transfere as foras entre a casa e os blocos. Mais informaes no site www.buoayantfoundation.org.TCHNE 122 | MAIO DE 2007

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NDICESIPCE em abrilAlta acumulada nos ltimos 12 meses de 5,13%35 30 IPCE materiais IPCE global IPCE mo-de-obra ndice PINI de Custos de Edificaes (SP) Variao (%) em relao ao mesmo perodo do ano anterior

custo mdio global do IPCE (ndice PINI de Custos de Edificaes) encerrou o ms com discreta inflao de 0,02%, percentual inferior inflao de 0,04% apresentada pelo IGP-M, ndice da Fundao Getlio Vargas. Algumas remarcaes foram verificadas devido ao repasse do fabricante. O preo da barra de ao, que fechou o ms com alta de 2,48%, passou de R$ 2,82 para R$ 2,89/kg. A chapa compensada resinada aumentou 7,07%, subindo de R$ 25,74 para R$ 27,56/m2. Dentre os itens que sofreram queda de preo destaca-se a luminria interna, que ficou 2,61% mais barata. A cal hidratada teve seu preo reduzido de R$ 5,13 para R$ 5,00/kg, o equivalente a 2,53%. O vidro temperado, que custava R$ 149,05/m2, caiu para R$ 147,12/m2. Apresentaram pequena variao materiais como o azulejo esmaltado e o lavatrio de loua, enquanto o assoalho de madeira, bloco de concreto e vidro cristal comum permaneceram com seus preos estveis. Apesar das quedas verificadas, construir em So Paulo est em mdia 5,13% mais caro nos ltimos 12 meses, de acordo com o IPCE, frente uma variao de 4,75% registrada pelo IGP-M no mesmo perodo.

O

25 20 15 10 5 08 6 6 5 7 7 6 7 6 8 7 6

8,69 5,22 1,76

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6 5 5

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6,12 5,64 5,13 Abr/07

Abr/06

Jun

Ago

Out

Dez

Fev

Data-base: mar/86 dez/92 = 100 IPCE So Paulo global materiais mo-de-obra Abr/06 104.425,80 50.533,25 53.892,56 mai 109.352,73 52.161,98 57.190,76 jun 110.471,04 53.280,28 57.190,76 jul 110.411,03 53.220,27 57.190,76 ago 110.432,28 53.241,52 57.190,76 set 110.443,36 53.252,61 57.190,76 out 110.677,85 53.487,10 57.190,76 nov 110.937,11 53.746,35 57.190,76 dez 111.010,59 53.819,83 57.190,76 jan 110.759,12 53.568,36 57.190,76 fev 110.716,18 53.525,42 57.190,76 mar 110.289,87 53.099,11 57.190,76 Abr/07 110.315,81 53.125,06 57.190,76 Variaes % referente ao ltimo ms ms 0,02 0,05 0,00 acumulado no ano -0,63 -1,29 0,00 acumulado em 12 meses 5,64 5,13 6,12 Metodologia: o ndice PINI de Custos de Edificaes composto a partir das variaes dos preos de um lote bsico de insumos. O ndice atualizado por pesquisa realizada em So Paulo (SP). Perodo de coleta: a cada 30 dias com pesquisa na ltima semana do ms de referncia. Fonte: PINI Ms e AnoSuporte Tcnico: para tirar dvidas ou solicitar nossos Servios de Engenharia ligue para (11) 2173-2373 ou escreva para Editora PINI, rua Anhaia, 964, 01130-900, So Paulo (SP). Se preferir, envie e-mail: [email protected]. Assinantes podero consultar indces e outros servios no portal www.piniweb.com

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IPT RESPONDEDestacamento de ladrilhos hidrulicosPrecisamos refazer 150 m2 de piso hidrulico que foi aplicado com argamassa colante sobre uma laje de entrada para garagem. O que devemos fazer para o ladrilho no soltar mais?Rodernei L. Santos Curitiba

Envie sua pergunta para a Tchne. Utilize o carto-resposta encartado na revista.

A perda de aderncia entre os ladrilhos e o substrato (ruptura na interface dos ladrilhos com a camada de assentamento ou na interface desta com a laje) pode ter ocorrido em razo de vrias causas, concomitantes ou no: excessiva solicitao do revestimento (ex.: projetado para suportar trfego leve, entretanto, passa a receber trfego pesado); ausncia de juntas de separao entre componentes (juntas de assentamento, permitindo a movimentao higrotrmica dos componentes, sem a introduo de tenses); ausncia de juntas de movimentao, especialmente para grandes reas de piso como no caso. As juntas de movimentao devem ser projetadas para absorver as deformaes de parte da rea do piso (ex.: painis de 10 x 10 m), permitindo dissipar as tenses surgidas, sem que apaream fissuras que comprometam a integridade do piso; utilizao de adesivos sem qualidade ou com prazos vencidos; fixao dos ladrilhos aps o vencimento do tempo em aberto da argamassa adesiva. Tempo em aberto da argamassa o tempo disponvel para o

Arquivo

trabalho de aplicao das placas cermicas ou ladrilhos, a partir do espalhamento da argamassa sobre o substrato. O tempo em aberto de aproximadamente 20 minutos; presena de pulverulncia (p ou sujeiras) na superfcie de contato entre a camada de fixao e o substrato. Dessa forma, as causas descritas anteriormente devem ser consideradas tanto na elaborao dos projetos quanto nos procedimentos de execuo. Em relao ao produto utilizado na camada de fixao, a argamassa adesiva (argamassa colante) comumente recomendada, uma vez que proporciona melhor resistncia de aderncia que as argamassas convencionais e no se deteriora com a presena de umidade. Entretanto, recomenda-se adotar materiais com composio de aproxima-

damente 40% de cimento Portland, 57% de areia quartzosa e 3% de resinas. Outro aspecto importante a ser considerado o preparo das argamassas adesivas, isto , o tempo mnimo que a mistura (aps adio de gua) deve permanecer em "descanso" para permitir a formao das cadeias de polmeros (reao dos componentes ativos). Esse tempo de aproximadamente 30 minutos.Luciana Alves de Oliveira Cetac (Centro Tecnolgico do Ambiente Construdo)

LEIA MAISTecnologia de produo de revestimentos de piso. M.M.S.B. Barros; E.P Flain; F.H. Sabbatini. Texto . Tcnico. Epusp, TT/PCC/05.

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Textura sobre argamassa colanteEstou orando a recuperao de uma fachada revestida com cermica 10 x 10 cm, que est se desprendendo, permanecendo a argamassa colante aderida no emboo. Optamos pela retirada da cermica seguida da regularizao da argamassa colante e aplicao de argamassa texturizada. Esse procedimento pode ser feito?Rubens Cury por e-mail

Arquivo

Constatando-se boa aderncia entre a argamassa colante e o emboo essa poder ser mantida, ou seja, no haver necessidade de remover a argamassa colante e/ou o emboo. Embora no se tenha estabelecido diagnstico sobre o destacamento das placas cermicas (acomodaes estruturais, mo-

vimentaes trmicas etc.), e tambm no sejam muito pronunciadas as dimenses das fachadas, parece conveniente a introduo de juntas de dilatao nessa base cimentcia, por exemplo, a cada 3 m ao longo da altura e a cada 4 ou 5 m ao longo da extenso dos panos. Para a execuo do revestimento parecem suficientes as prticas normais de obra: lavagem da base por hidrojateamento, disposio de arames de fachada/taliscas e mestras, re-

gularizao com argamassa mista 1:1:6 (cimento, cal hidratada e areia mdia, em volume), introduo das juntas de dilatao com largura em torno de 10 mm e profundidade de 15 a 20 mm, completa cura e secagem da argamassa de regularizao, aplicao do revestimento tipo grafiato, acabamento das juntas com selante acrlico ou base de poliuretano.Ercio Thomaz Cetac (Centro de Tecnologia do Ambiente Construdo)

Forro de drywallForros de gesso acartonado podem ser utilizados em edificaes com estrutura e telhado pr-moldados? Temos verificado diversas fissuras em uma obra com essas caractersticas, mesmo tendo sido utilizadas telas entre as placas de gesso. As fissuras podem ser decorrncia da grande movimentao desse tipo de estrutura?Ronaldo L. C. Mendona So Jos dos Campos (SP)

Imaginando que seja um forro constitudo de chapas de gesso acartonado, eventuais fissuras nas juntas podem estar relacionadas execuo inadequada da junta, como emprego inadequado de fita e/ou emprego de massa no apropriada ( recomendado o emprego de massa especial de rejuntamento e no de gesso em p), como tambm inexistncia de folgas ou jun-

tas nos encontros do forro com paredes e com a estrutura do edifcio. Est sendo considerado que o forro seja estruturado e os perfis da estrutura bem posicionados e nivelados. Caso contrrio, se houver improvisaes na estruturao do forro, tambm poder ocorrer problemas patolgicos.Cludio Mitidieri Cetac (Centro Tecnolgico do Ambiente Construdo)

Odor em ambientes midosPor que ambientes midos e abafados como pores e alicerces de muros exalam um forte cheiro de arsnico ou BHC? Como evitar isso?Jos Eduardo Ferreira Porto Nova Lima (MG)

O odor presente em ambientes midos e abafados pode ser devido presena de fungos. Os bolores, por exemplo, produzem diversos compostos orgnicos volteis, alguns dos quais podem ser percebidos mesmo quando no existem sinais evidentes desses orga-

nismos. Entretanto, odores de arsnico ou BHC podem ser provenientes de fontes diversas (contaminaes do solo, por exemplo) cuja origem necessitaria ser investigada.Maria Beatriz Bacellar Monteiro Agrupamento Preservao de Madeiras

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CARREIRA

Wlastermiler de SenoEspecialista em pavimentao, engenheiro participou da construo da via Anchieta, considerada por ele tecnologicamente inovadora e ousada 60 anos em abril de 1947 era inaugurada a pista ascendente da via Anchieta, ligando as cidades de So Paulo e Santos e ostentando inmeras inovaes e ousadias tecnolgicas. No mesmo ano, contando apenas com o diploma de segundo grau obtido em Jaboticabal, Wlastermiler de Seno chegava capital paulista para estagiar no Laboratrio de Solos, Agregados e Asfaltos do DER-SP (Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de So Paulo), a tempo de participar da concluso do projeto da rodovia. "Companheira de vida", como ele mesmo define, a outrora conhecida Via Charmosa devido presena de hortnsias azuis nas cabeceiras presenteada, a cada dez anos, com um artigo de sua autoria. Apesar do carinho pela Anchieta, foi a Via Dutra, antigamente nomeada apenas rodovia Rio-So Paulo, que serviu de palco para os primeiros trabalhos de sondagens de percusso e rotativas realizados por Seno, em 1948. No ano seguinte, com influncias alm dos elevadores e prdios de seis andares de Ribeiro Preto, escolheu definitivamente a engenharia como profisso e ingressou no curso da Escola Politcnica da USP (Universidade de So Paulo). "Por mesclar as tarefas de escritrio com as de campo, a rodovia tem um magnetismo especial para o engenheiro", revela. Essa unio entre teoria e prtica foi comprovada durante a implantaMarcelo Scandaroli

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PERFILWlastermiler de Seno Idade: 78 anos Graduao: engenharia civil, em 1954, pela Poli-USP (Escola Politcnica da Universidade de So Paulo) Ps-graduaes: em Vias Expressas e em Planejamento Urbano, em 1970, e em Matemtica para Engenharia de Estruturas e em Projeto e Construo de Tneis, em 1971, pela Poli Empresas em que trabalhou: DER-SP , 1947 a 1975, Poli-USP 1962 a 1995, , Escola de Engenharia de Lins, 1967 e 1971, FEI (ex-Faculdade de Engenharia Industrial), desde 1987, Secretaria de Esportes e Turismo do Estado de So Paulo, 1975 a 1979, Prefeitura Municipal de Aruj, 1979 a 1983, Construtora Kamilos, de 1984 a 1992 Cargos exercidos: Secretrio de Estado de Esportes e Turismo, de 1978 a 1979, Professor-Doutor, de 1972 a 1975, Professor Livre-Docente, de 1975 a 1978, pela Poli-USP

o da rodovia Piaagera-Guaruj (atual Cnego Domenico Rangoni) no mangue de Cubato e da ilha de Santo Amaro, uma camada de argila preta, orgnica e saturada, com espessura mdia de 20 m, mas chegando a 50 m. Optou-se pela dragagem de um canal, preenchido com areia, com aterramento convencional e pavimentao com base de macadame hidrulico e brita graduada simples. "Os recalques previstos eram bastante acentuados, principalmente no primeiro ano de operao", lembra. Destaca como emocionante a travessia da serra do Quilombo, realizada pela meia-encosta e enfrentando enormes problemas de estabilidade, mas que possibilitou chegar ao Guaruj sem utilizar os sistemas de balsas. Para a construo da segunda pista, a travessia foi feita por tnel. O conhecimento e a experincia obtidos ao enfrentar incontveis outros desafios semelhantes garantiram a bagagem necessria para que escrevesse cinco livros: Estradas de Rodagem, Terraplanagem, ambos de 1980, Pavimentao, de 1982, e o Manual de Tcnicas de Pavimentao, pela editora PINI, com primeiro volume em 1997 e segundo em 2001. O sexto, Manual de Tcnicas de Projeto para Rodovias, tambm pela editora PINI, est em fase de acabamento, com previso de lanamento para fins de 2007. Alm do repertrio tcnico, Wlastermiler recomenda ao jovemTCHNE 122 | MAIO DE 2007

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Dez questes para Wlastermiler de Seno1 Obras marcantes das quaisparticipou: no campo rodovirio, as rodovias Anchieta, PiaageraGuaruj, D. Pedro I, Pinda-Campos do Jordo. Em outras reas, a iluminao da Caverna do Diabo e a Plataforma de Pesca de Mongagu.

6 Melhor instituio de ensino daengenharia: por ter trabalhado l por muito tempo, a Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

7 Conselho ao jovem profissional: nodesistir nunca e estar preparado para solucionar problemas com os trabalhadores sob seu comando, mesmo que as faculdades de engenharia no contem com disciplinas ligadas s Relaes Humanas.

2 Obra mais significativa daengenharia brasileira: no sculo XIX, a ferrovia So Paulo Railway, ligando a capital a Santos, sobressai. No sculo XX, a via Anchieta, Braslia e Itaipu.

8 Principal avano tecnolgico 3 Realizao profissional: pelascaractersticas regionais e dificuldades de construo, a rodovia Piaagera-Guaruj. recente: os recursos da informtica, a aplicao dos pavimentos de estrutura invertida e o uso de polmeros e asfaltos com borracha. Devemos considerar tambm um grande avano a criao do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e os regulamentos EIA-RIMA.

4 Mestres: tive a felicidade de serdiscpulo do engenheiro Luiz Filinto da Silva e companheiro de trabalho de Massinet Sorcinelli. Cito tambm Telmaco Van Langendonck, Roberto Fernandes Moreira, Edmundo Rgis Bittencourt e Mello e Souza (Malba Tahan).

9 Indicao de livro: HighwayEngineering Handbook, de Keneth Woods.

10 Um mal da engenharia: um 5 Por que escolheu serengenheiro: a atividade dos engenheiros sempre me chamou a ateno e, ao visitar Ribeiro Preto, via a imponncia dos edifcios com seis andares e elevadores. A idia de realizar algo semelhante balizou o interesse por Fsica e Matemtica. Da para a engenharia foi um pulo. assunto pouco agradvel de abordar, pois pode parecer crtica aos rgos fiscalizadores do exerccio da profisso, mas, infelizmente, em maior ou menor grau, ainda temos os assinadores de plantas, que reduzem o volume de recursos destinados ao pagamento dos servios profissionais dos engenheiros.

profissional cautela no trato com seus subordinados. "As faculdades de engenharia no tratam das Relaes Humanas, mas o engenheiro precisa estar preparado para agir como rbi-

tro, conselheiro e at como pai dos subordinados" salienta. De modo geral, a ampliao do repertrio defendida pelo engenheiro das rodovias como forma de "relacionar acontecimentos

e formar melhor juzo da histria, inclusive a contempornea". Isso porque, na rea em que atua, reconhece uma relao entre os acontecimentos histricos e a evoluo dos transportes e, em particular, das rodovias. Wlastermiler alerta para o problema de dimensionamento que atinge as estradas brasileiras. Para ele, os estudos e clculos de intensidade de trfego e de volumes de trfego so jogados por terra quando as exigncias no so observadas. Faltam recursos, aponta ao criticar a extino do FRN (Fundo Rodovirio Nacional), em 1988. "A Cide (Contribuio de Interveno no Domnio Econmico), de 2001, embora tenha praticamente a mesma fonte de arrecadao [do FRN], no tem necessariamente, o mesmo destino", lamenta. Critica tambm a falta de uma soluo global e estruturada para a questo do transporte, alm do desperdcio de talento dos engenheiros rodovirios. Este, decorrente da escassez de recursos destinados para uma rede rodoviria, que ainda obrigada a absorver a "sobrecarga decorrente da ineficincia de outros meios de transporte". Esse "msico frustrado", que arranhava acordes na gaita de boca, est satisfeito com a evoluo das leis ambientais, em particular a criao do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e do EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto Ambiental). Aposta na consolidao dos polmeros e dos asfaltosborracha e no uso de solo estabilizado para camadas de reforo, sub-base e base. Defende o uso mais amplo dos pavimentos de estrutura invertida, com base em brita tratada com cimento e sub-base em brita simples.Bruno Loturco

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MELHORES PRTICASCura qumicaAlternativa cura mida, mtodo exige cuidados especficos na aplicao. Confira.

SuperfcieNo caso de uso de borrifador, deve-se garantir o cobrimento uniforme do concreto com o produto, sempre verificando a aplicao da quantidade mnima indicada pelo fabricante. Para isso, os bicos de asperso do borrifador devem estar limpos e direcionados adequadamente para garantir a aplicao uniforme do produto.

Jos J. Zanetti/arquivo pessoal

Tipos de produtoOs agentes de cura qumicos base de borracha clorada possuem solventes que podem ser prejudiciais sade. Por isso, no se recomenda aplic-los em ambientes internos com pouca ventilao. Alm disso, podem reagir com alguns tipos de plstico. Aqueles base de parafina tm gua como solvente, podendo ser aplicados em ambientes internos e externos.

ConcretoO produto deve ser aplicado imediatamente aps a evaporao da gua superficial do concreto, que promove o brilho da superfcie aps a concretagem (chamada de gua de exsudao, vista na foto direita). Se aplicado quando a gua ainda est sobre o concreto, ocorre diluio do agente de cura e enfraquecimento da membrana formada. Se a aplicao for feita muito depois da evaporao da gua de exsudao, o concreto j pode ter sofrido retrao e apresentar fissuras.

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VentosVentos fortes tambm acarretam perda de produto, sobretudo quando aplicado com aspersor, pois causam variao nas quantidades aplicadas que efetivamente atingem a superfcie do concreto. Quando utilizar esse instrumento, procure realizar duas ou mais aplicaes. Nesses casos, a aplicao com rolo a mais aconselhvel.

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Norma americana EvaporaoDeve-se tomar cuidado maior se a aplicao for feita em dia de sol forte. Isso provoca evaporao rpida da fase lquida do agente de cura e pode comprometer a formao da membrana. Prefira realizar a cura a temperaturas mais amenas. Na escolha do agente de cura qumica, verifique se o produto atende s exigncias da norma americana ASTM 309. aconselhvel tom-la como parmetro normativo tcnico, uma vez que no h, no Brasil, uma norma NBR que defina as especificaes tcnicas para o produto.

Colaborao: Wellington Longuini Repette, professor-adjunto da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina); Paulo Fernando Arajo da Silva, diretor da Concremat; Jos James Zanetti, assessor tcnico da Max Beton; BASF; CR Almeida

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ENTREVISTASinistros na construoMAURCIO MARCELLITendo atuado nos primeiros 15 anos de carreira como projetista de estruturas de concreto armado, protendido, metlicas e de madeira, desenvolveu inmeros projetos, inclusive de obras-de-arte e de estradas. Formado pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em 1975, tambm trabalhou por dez anos na Conesp (Construes Escolares do Estado de So Paulo), onde coordenou projetos e obras. Foi quando teve a oportunidade de conviver com problemas relacionados a projetos e execuo. Em seguida, atuou como construtor, executando obras variadas, como adaptao e ampliao de edificaes antigas. Dessa vivncia tirou conhecimento sobre sinistros devido a reformas sucessivas. Nos ltimos sete anos tem atuado como consultor de engenharia civil e como perito junto s seguradorasMarcelo Scandaroli

ara o dicionrio, sinistro todo dano ou prejuzo material sobre bem que esteja segurado. Logo, para efeito prtico, patologia sinistro. Afinal, um dano e seu reparo implica desembolso financeiro. Alm disso, no tratada evolui e, guardadas as devidas propores, torna-se um colapso, desastre ou runa. Foi essa a abrangente linha de raciocnio adotada por Maurcio Marcelli no livro "Sinistros na construo civil", que aborda os sinistros mais comuns ocorridos em construes, discutindo causas e possveis solues. Conforme atestou em entrevista concedida Tchne, a menor parcela dos colapsos resulta de patologias no tratadas. No entanto, aposta que, conforme avanam em idade sem receber manuteno adequada, as edificaes passaro a apresentar proble-

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mas mais srios oriundos de problemas patolgicos. Ironicamente, para edificaes novas, a evoluo nos servios ps-venda, com consumidores bem amparados pela lei, controle tecnolgico mais apurado e seguros mais abrangentes, o panorama otimista mesmo em longo prazo. Apesar de guardar crticas formao acadmica, que no prepara o profissional para enfrentar situaes que fujam da normalidade, percebe que aos poucos uma nova mentalidade vai sendo incorporada ao mercado de construo e manuteno. O fato de nenhuma atividade ser iniciada sem que exista um seguro respectivo visto com bons olhos por Marcelli, que tambm assume que as seguradoras ainda esto em fase de capacitao tcnica para a realizao de seguros para a construo civil.TCHNE 122 | MAIO DE 2007

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ENTREVISTAPor definio, o que um sinistro?

Para as empresas de seguro so eventos sbitos e imprevistos que resultam em danos e prejuzos.Ocorrem de forma repentina e so decorrentes de causas diversas, inclusive de patologias ignoradas ou tratadas de forma inadequada. Patologia um dano,resultado de fatores que podem atuar em conjunto ou isoladamente, que ocorre ao longo do tempo, como a veia do corao que vai entupindo. O enfarte, o sinistro, vem a seguir.Podemos afirmar, ento, que sinistro resultado de uma patologia no tratada?

analisando as possveis solues para restaurao. Pensamos tambm na formao acadmica, sugerindo a criao de uma cadeira nas faculdades para preparar os alunos para situaes de sinistro, pois percebemos que profissionais recm-formados ou com pouca experincia s vezes tomam decises que podem agravar a situao.Quais so os sinistros mais comuns?

es preventivas e corretivas adequadas. Finalmente, observar as recomendaes preconizadas pelas normas brasileiras, que se encontram entre as melhores do mundo.No mercado formal, o sinistro decorrente de projeto ou execuo ruim comum?

A patologia uma manifestao que, no corrigida, agrava-se e pode transformar-se em sinistro, mas a grande maioria deles no decorre de patologias. Como sinistro um evento de carter sbito, se puder ser previsto deixa de ser sinistro.No livro, mesmo manifestaes patolgicas so tratadas como sinistro.

O que presencio com mais freqncia so desmoronamentos de estruturas de conteno e de taludes de terra, desmoronamentos prediais, incndios, sinistros durante a execuo da obra e sinistros devido a reformas sucessivas. Nossa experincia foca mais o sinistro no patolgico, mas observo que cresce muito o sinistro decorrente de patologia em virtude da idade das edificaes.Os engenheiros tm de desenvolver essa mentalidade?

Para a maioria das pessoas, sinistro um capotamento ou um desmoronamento, mas problemas patolgicos tambm so formas de sinistro, uma vez que causam prejuzos e, se no tratados, podem se transformar em desastre. Apenas vinculamos a imagem de sinistro com quedas e desmoronamentos, com a de qualquer dano existente numa edificao.Qual o objetivo do livro?

Os profissionais com mais experincia j perceberam que o custo da manuteno corretiva maior do que o da preventiva e, nesse sentido, esto conseguindo conscientizar alguns empresrios e construtores.Como minimizar a incidncia de sinistros nas edificaes? A origem dos sinistros est no projeto ou na manuteno durante a operao?

comum, mas percebemos, principalmente nos grandes centros, que comea a diminuir sensivelmente devido conscientizao dos profissionais envolvidos e lei de defesa do consumidor. Comea a existir o ps-venda e o checklist no momento da entrega. A lei de mercado e a concorrncia fazem com que os construtores pensem em minimizar despesas aps a concluso. Empresas com foco na qualidade tm programas de treinamento de mode-obra e se preocupam em utilizar materiais de boa qualidade e procedncia, visando a diminuir o surgimento de patologias.O senhor acredita que os sinistros passaro a se concentrar na informalidade?

No tivemos a pretenso de analisar com profundidade tcnica os temas abordados nem desenvolver clculos matemticos, mas simplesmente chamar a ateno para situaes com potencial de risco, apontar algumas causas de sinistros e apresentar solues para corrigir danos.A quem se destina?

Os cuidados devem ser tomados em todas as fases, iniciando por um projeto dimensionado corretamente e detalhado em todas as etapas construtivas. A execuo deve observar rigorosamente as especificaes dos projetos, bem como as boas tcnicas. Posteriormente devem ser realizadas manuten-

uma ferramenta para profissionais da engenharia civil, principalmente para aqueles que nunca passaram por experincias com sinistros. Focamos tambm os que trabalham em empresas de seguro, reguladoras, corretoras e escritrios de percia, abordando situaes que podem gerar sinistros e26

Grandes sinistros so decorrentes da somatria de pequenos erros, dificilmente tendo como causa um fator nico

Na informalidade h pequenas obras, onde o sinistro decorre de fenmenos da natureza, como enchentes e desmoronamento de encostas. Para obras de mdio e grande porte, existe a constante busca pela reduo de custos, que no caso de empresas srias normalmente resultam em avano tecnolgico. Projetos arrojados exigem um nvel de cuidado e detalhamento mais acurado, bem como planejamento e critrio executivo eficientes, caso contrrio podem resultar em sinistros durante a construo. Exemplo a necessidade de ter cada vez mais vagas de estacionamento, levando a trs ou quatro subsolos. E, por mais que se conte com profissionais de alto nvel, escavao sempre um problema srio.Ento, para obras que buscam certas ousadias tecnolgicas, podemos esperar que sinistros de alguma natureza ocorram?

Em alguns casos, sim, porm devemos ter presente que se essa busca for fundamentada em estudos desenvolvidosTCHNE 122 | MAIO DE 2007

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ENTREVISTApor profissionais altamente qualificados, testada e analisada em laboratrios especializados, normalmente resultar na descoberta de solues econmicas para problemas antigos. O que no se deve fazer buscar redues baseadas no empirismo, em improvisaes de ltima hora ou na utilizao de mo-de-obra no qualificada, em todos os nveis hierrquicos, bem como no emprego de insumos de baixa qualidade.A reduo de custos ainda uma grande causa de sinistros?

No passado isso acontecia muito mais, com algumas empresas indo a limites perigosos para ganhar concorrncias. Atualmente, poucos empreendedores buscam aumentar lucros reduzindo custos de maneira inadequada. No percebo isso em profissionais e empresas srias, pois ningum est disposto a correr riscos desnecessrios.O que poderia ser feito para diminuir a ocorrncia de sinistros?

No se deve buscar redues de custos baseadas no empirismo, em improvisaes ou na utilizao de mo-de-obra no qualificada, bem como no emprego de insumos de baixa qualidade comum, por exemplo, num desmoronamento de muro de arrimo a primeira providncia ser a retirada da terra do p do talude. J participamos de casos assim, alertamos para o risco, porm no fomos ouvidos, levando movimentao do talude e a um agravamento dos danos.Entre profissionais experientes, que acompanham obras h mais tempo, qual deve ser a postura para detectar riscos de sinistro? Como agir?

sional responsvel deve avaliar a gravidade e a complexidade da situao e, dependendo do caso, buscar assessoria de especialistas de forma a evitar que procedimentos incorretos possam agravar a situao.No caso de sinistros, qual a parcela de responsabilidade da escolha inadequada por solues, tecnologias ou sistemas?

Infelizmente, nos defrontamos com situaes em que o despreparo e a falta de experincia provocam sinistros. No entanto, muitas vezes o profissional designado para tarefas incompatveis com sua experincia e, nesse caso, entendemos que existe uma significativa parcela de responsabilidade nas decises de comando. muito difcil definir essas parcelas de responsabilidades, levando-se em considerao que dependendo da grandeza de um sinistro podemos identificar uma causa principal ou constatar a influncia de vrios fatores errneos em todas as etapas que envolvem a execuo de uma obra.Considerando que impossvel chegar a uma situao de risco zero, o controle tecnolgico tem como evitar sinistros de grande magnitude?

Criar uma disciplina com esse enfoque, pois o aluno aprende o certo,mas no o que fazer no caso de sinistro. Isso no incompetncia, mas falta de experincia. E ainda existe o risco de superestimar ou subestimar, pois comercialmente o empreiteiro quer gerar servios e pode no se interessar por restaurar apenas uma parede, por exemplo. Fazer engenharia no passar o trator e refazer tudo, analisar com conscincia para encontrar uma soluo tcnica e econmica. Algo importante, que boas empresas j fazem, o controle tecnolgico da obra.Contratam uma empresa especializada para fazer o gerenciamento tcnico constante,com coleta de informaes, ensaio de materiais, controle de execuo e inspees. No novidade, mas ainda considerado um custo desnecessrio. E isso no custo, investimento.Falta ao profissional recmformado entender a relao entre causa e efeito?

A maioria dos profissionais recmformados fica sem saber o que fazer diante de uma situao de um sinistro.28

Os riscos de sinistros surgem quando o profissional no est atento a todas as situaes que podem resultar em danos em curto, mdio e longo prazo. Para minimizar os riscos recomendamos analisar cuidadosamente os projetos, planejar e definir as metodologias executivas de todas as etapas, identificar imveis vizinhos com trincas e rachaduras, principalmente no caso de escavaes profundas, rebaixamento de lenol fretico ou execuo de fundaes que provoque vibraes. Empregar mo-de-obra qualificada e materiais de boa qualidade e procedncia conhecida, observando as recomendaes das normas e das boas prticas executivas. Manusear cuidadosamente materiais inflamveis, tendo em vista que casos de incndio tm ocorrido com alguma freqncia. So procedimentos de carter preventivo, mas caso ocorra algum tipo de sinistro, o profis-

impossvel zerar riscos, mas o controle da qualidade e o acompanhamento tcnico especializado buscam reduzilos. No acredito que sinistros de grande magnitude sejam decorrentes de grandes erros ou negligncias localizadas. Temos observado que grandes sinistros so decorrentes da somatria de pequenos erros, dificilmente tendo como causa um fator nico.Ocorrido o sinistro, como determinar causas e responsabilidades?

Isso nem sempre tarefa fcil. Em casos de incndio difcil identificar a causa com preciso, existindo empresas especializadas para isso. Nos casos de desmoronamento, deve-se analisar todos os elementos, principalmente os referentes aos estudos de solo, fundaes e estrutura, alm de um detalhado levantamento da edificao, com cadastro de danos e ensaio dos elementos estruturais. Em sinistros complexos,TCHNE 122 | MAIO DE 2007

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ENTREVISTAdevemos recorrer a profissionais com especializao especfica para fazer um estudo abrangente e criterioso das provveis causas e da real extenso dos danos.As responsabilidades devem ser apuradas de forma criteriosa e s podem ser identificadas mediante comprovao fundamentada tecnicamente sobre as causas reais.Qual o escopo ideal de contratao, concepo, execuo e acompanhamento?

Comear por um bom projeto, detalhado e sem espao para improvisaes. Depois, uma execuo criteriosa, com mo-de-obra treinada, materiais de boa qualidade e observando as recomendaes de projeto, alm de controlar a qualidade durante toda a execuo. Considerar a manuteno preventiva mediante a realizao de inspees peridicas dos componentes que normalmente ficam em locais de difcil acesso e, por sua vez, so mais suscetveis a danos ou desgaste natural. Procedimentos importantes do ponto de

Verificamos que edificaes prximas tm apresentado problemas devido s escavaes cada vez mais profundas para abrigar grandes quantidades de vagasvista tcnico, da segurana, da economia e longevidade da edificao.Isso para aumentar o tempo de operao do prdio.

tricas e demais elementos que necessitem de reparos peridicos.Qual a importncia das vistorias e das manutenes peridicas?

Consideramos de extrema importncia conscientizar os profissionais da engenharia civil e os usurios das edificaes para a necessidade de vistorias peridicas, feitas por profissionais qualificados, objetivando identificar eventuais danos ou patologias logo no incio. Esse procedimento resulta em significativa reduo de custos e no aumento da vida til do imvel.Em projetos modernos a manuteno ganha ainda mais importncia?

Alguns prdios modernos j incorporaram no projeto a necessidade por manutenes preventivas e corretivas de baixo custo, prevendo acessos facilitados s instalaes hidrulicas, el-

Certamente. Percebemos que prdios inteligentes incorporam esses conceitos, prevendo manuteno e minimizando riscos. Por um perodo, h 20 anos, atuei com manuteno de prdios hospitalares,edificaes que no podem parar,e a maioria deles no tinha equipe de manuteno. Prdios inteligentes contam com equipes e postura diferenciadas,

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ENTREVISTAconscientes de que o projeto eficiente e visa a uma vida longa, funcional e com baixo custo de manuteno.Os projetos j esto se resolvendo, ento?

es, rebaixamento do lenol fretico e execuo de estruturas de conteno. Esse motivo tem levado as construtoras a contratarem empresas especializadas para fazerem vistoria prvia nos imveis mais prximos da obra.Qual a importncia da vistoria prvia?

Acredito que principalmente projetos comerciais. De qualquer forma, o que h em So Paulo muito diferente do que vemos no Maranho, a comear pelas cotaes. E no podemos pensar que, saindo de So Paulo, ruim. apenas diferente. Surpreendo-me ao ver profissionais excelentes em regies afastadas, mas que no tm ferramental e mo-de-obra. difcil generalizar, mas no de hoje que prdios comerciais, de escritrios e hospitais j incorporam esses conceitos.E a execuo, ainda uma fonte de problemas futuros?

Identificar e documentar todos os danos prediais existentes antes do incio da obra, de tal forma que a construtora possa responder apenas pelos danos que eventualmente vierem a surgir durante a execuo do empreendimento. Esse procedimento tem importncia fundamental quando a obra est segurada contra terceiros, pois o valor da indenizao avaliado como o custo necessrio para restaurar os imveis sinistrados s mesmas condies existentes imediatamente antes do incio da obra.Os problemas com escavaes tm aumentado ou o controle sobre a vizinhana que maior, com mais proteo sobre os vizinhos?

No temos dados histricos para fazer essa avaliao, mas temos verificado que edificaes prximas tm apresentado problemas significativos devido s escavaes cada vez mais profundas para abrigar grandes quantidades de vagas para carros. Por sua vez, o controle sobre imveis vizinhos obra aumentou de forma a evitar situaes de risco aos usurios, desentendimentos futuros e permitir avaliar com mais critrio apenas os servios necessrios para reparar os danos causados pela execuo.As tcnicas para verificao e indenizao esto avanadas?

Temos participado de poucos sinistros no corpo de obras novas. Normalmente ocorrem nas edificaes que ficam no entorno, sendo decorrentes de escavaes, execuo das funda-

Atualmente as companhias de seguro se preocupam com um atendimento eficiente e rpido aos clientes, contando com excelentes profissionais nos quadros internos e tambm com a colaborao de peritos especializados que prestam servios terceirizados, resultando numa rpida apurao e indenizao dos prejuzos.Bruno Loturco

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Debate na redeParticipao de profissionais gabaritados so os maiores atrativos dos grupos e fruns de discusso na internet. Confira os mais movimentadoso so muitos os fruns e listas de discusso disponveis sobre engenharia civil. Mas os poucos grupos virtuais na internet costumam proporcionar debates tcnicos de alto nvel, com a participao ativa de profissionais do mercado e pesquisadores. Os espaos so abertos a qualquer internauta que queira participar das discusses ou apenas acompanh-las. Para os que se dispem a escrever aos grupos, comumente apresentando dvidas tcnicas e pedindo esclarecimentos, as respostas no tardam em aparecer as listas mais ativas apresentam uma mdia de at 12 mensagens por dia. O ideal, no entanto, que o usurio no utilize os fruns como uma via de mo nica, ou seja, apenas

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apresentando suas dvidas e esperando respostas. O segredo para o sucesso de qualquer lista dessa natureza na internet que os usurios mantenham vivos os debates, tambm respondendo s dvidas dos outros membros. "O nosso grupo existe sobretudo para nos convencer da prevalncia da inteligncia coletiva sobre a individual", afirma Antnio Carlos Reis Laranjeiras, projetista estrutural, criador e moderador do grupo Calculistas-BA. Mas o bom senso deve prevalecer: quando um problema apresentado exige os conhecimentos de um engenheiro consultor especializado, no o grupo que vai resolvlo. "No h absolutamente preocupao em garantir que as respostas s dvidas sejam corretas e confiveis",

alerta Laranjeiras. "Quando uma pergunta no envolve questes comerciais, ela respondida com simplicidade e desenvoltura. O tipo de pergunta que exige um consultor vai ser tratado entre as partes. Os profissionais se comunicam diretamente, pois os e-mails de todos esto disponveis", afirma Egydio Herv Neto, consultor em tecnologia do concreto e membro ativo dos grupos Calculistas-BA e Comunidade TQS. Dentro dos grupos, quanto mais o membro participa dos debates, mais seu nome tende a ficar conhecido no meio tcnico. E eventualmente isso pode se converter em oportunidades profissionais. Egydio conta que suas contribuies j lhe valeram alguns convites para participao em palesTCHNE 122 | MAIO DE 2007

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Grupos de DiscussoCalculistas-BA Tipo: grupo de discusso (e-mail) Participantes (abril/2007): 829 Mdia mensal de mensagens*: 373 Moderador:Antnio C. R. Laranjeiras Tema de interesse: engenharia estrutural Endereo: http://br.groups.yahoo.com/ group/calculistas-ba O grupo foi criado h sete anos, com o intuito de reunir principalmente engenheiros baianos e seus amigos prximos interessados em discutir engenharia estrutural. Em sete anos, cresceu e conta hoje com mais de 800 inscritos em todo o Pas, e as discusses no se restringem mais apenas ao clculo estrutural e dvidas sobre projetos. A participao ativa dos membros extrapolou o limite do grupo de discusso via e-mail e, como forma de organizar os assuntos mais interessantes ali debatidos, alguns engenheiros criaram uma pgina colaborativa do "CalculistasBA" (veja quadro). A famigerada busca de baixas taxas de ao que so exigidas pelos proprietrios est tornando o clculo estrutural uma atividade extenuante e relativamente arriscada NBR 5410 Tipo: grupo de discusso (e-mail) Participantes (abril/2007): 237 Mdia mensal de mensagens*: 56 Moderador: Ricardo Prado Tamietti Tema de interesse: instalaes eltricas de baixa tenso Endereo: http://br.groups.yahoo.com/ group/NBR5410 O acesso restrito s discusses das normas de instalaes eltricas, sobretudo a NBR 5410, motivou o engenheiro Ricardo Tamietti a criar um grupo aberto para debate desses temas. A lista original inclua alguns leitores e colaboradores de Tamietti, que desenvolve softwares e produz livros sobre a NBR 5410, mas a rede de contatos se encarregou de divulgar o grupo, que hoje conta com mais de 200 membros. * ltimos seis meses 35 Percias e Avaliaes Tipo: grupo de discusso (e-mail) Participantes (abril/2007): 673 Mdia mensal de mensagens*: 106 Moderadores: Paulo Grandiski e Marcelo R. de Camargo Lima Temas de interesse: percias e avaliaes tcnicas Endereo: http://br.groups.yahoo.com/ group/periciaseavaliacoes A criao do grupo, em 2000, foi uma iniciativa institucional do Ibape-SP (Instituto Brasileiro de Avaliaes e Percias de Engenharia) para reunir profissionais de todas as reas relacionadas a avaliaes e percias e interessados no tema. O instituto assumiu a tarefa de divulgar a lista de discusso em seus eventos e j conta com mais de 600 inscritos. Segundo seus moderadores, o grupo j foi palco oficial de discusso de normas da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas), inclusive durante a unificao das normas brasileiras de avaliaes na NBR 14653. Empregos para engenheiros Tipo: grupo de discusso (e-mail) Participantes (abri/2007): 429 Mdia mensal de mensagens*: 79 Moderador: Rodrigo Alexandre Torres Temas de interesse: vagas de emprego e estgio em engenharia Endereo: http://br.groups.yahoo.com/ group/empregos-para-engenheiros/ No se trata propriamente de um espao para discusso ou esclarecimento de dvidas. O forte do grupo a divulgao de vagas e oportunidades de trabalho para engenheiros de todas as especialidades. As mensagens so visveis na pgina na internet do grupo, mas para receb-las em seu e-mail necessrio se cadastrar no servio e aguardar autorizao do moderador. Comunidade TQS Tipo: grupo de discusso (e-mail) Participantes (abril/2007): 2.093 Mdia mensal de mensagens*: 343 Moderador: Guilherme Covas Temas de interesse: softwares CAD/TQS e assuntos relacionados Endereo: http://br.groups.yahoo.com/ group/comunidadeTQS o maior grupo de discusso de Engenharia Civil do Pas. Criado e moderado pela desenvolvedora de softwares de clculo estrutural TQS, um espao para discusses e solues de dvidas sobre os produtos da empresa, mas abriga com freqncia outros debates tcnicos de outras reas da engenharia. As discusses dos usurios dos softwares, acompanhadas de perto pelos proprietrios da empresa, j implicaram mudanas concretas em algumas funes de seus programas. "Certa ocasio, fui contratado para projetar a estrutura da reforma de um hospital e mandamos demolir toda a laje. Surpresa: no tinha nenhuma barra de ao CA dentro do concreto. Tinha arame farpado, barras de ferro fundido (...), tubos de ferro e (...) outras peas de ferro velho" E-Civil Tipo: frum de discusso (internet) Participantes (abril/2007): 2.156 Nmero de mensagens (mar/07): 177 Moderador: Mrcio Azevedo Temas de interesse: discusses tcnicas, profissionais e divulgao de cursos e vagas de emprego Endereo: http://forum.ecivilnet.com/ Segundo o administrador do site E-civil (www.ecivilnet.com), Mrcio Azevedo, o objetivo inicial, alm de criar uma fonte de discusses tcnicas da rea, era o de dinamizar o site, fazer do visitante no s um mero usurio, mas tambm uma espcie de "editor" que agregasse contedo ao site. Para estimular a participao dos membros, os administradores realizam sorteios e distribuem brindes entre os usurios mais participativos na semana ou no ms. "Segundo a ABNT, rgo responsvel pelas normas NBR, eles so uma associao sem fins lucrativos. Ento por que cobrar quase R$ 200,00 por uma norma? (...) Que existe um lucro a, existe! S no sei onde investido"

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Wiki CivilO crescimento do grupo Calculistas-BA e a adeso cada vez maior de engenheiros comearam a gerar discusses tcnicas produtivas entre os participantes. Para tentar, de alguma forma, salvar e organizar o contedo dessas mensagens, o engenheiro Nilson Menezes, um dos membros mais ativos da comunidade virtual, pensou em disponibiliz-lo em um site na internet. No final de 2005, Menezes criou uma pgina sobre "Regras Prticas de Clculo de Estruturas" na Wikipdia. O engenheiro considerava ideal o formato do site, conhecido na internet como Wiki: trata-se de uma enciclopdia virtual colaborativa, ou seja, cujo contedo produzido e editado quase sem restries por qualquer internauta. Mas a primeira tentativa fracassou, e a pgina criada por Menezes continua quase da mesma forma como ele a criou. Seis meses depois, o engenheiro tomou contato com um servio gratuito de hospedagem de pginas wiki, com uma relativa facilidade de utilizao. Junto com o moderador do grupo CalculistasBA, Antnio Laranjeiras, implantou as bases do novo site (acessvel no endereo http://calculistas-ba.wetpaint.com). Hoje, a pgina conta com mais de 15 artigos, notas tcnicas e comentrios de normas produzidos pelos membros do grupo Calculistas-BA. Qualquer membro da lista de discusso pode contribuir como redator e administrador do site, enviando artigos, comentrios ou notas no universo da Engenharia Civil. Os

usurios que quiserem tomar contato com a nova tecnologia e ajudar na produo de contedo do site podem utilizar o "parque de diverses", espao destinado experimentao das ferramentas disponveis para a confeco das pginas.

Novo Frum da TchneO site da revista Tchne (www.revistatechne.com.br) possui, desde a edio 116, um frum para discusso de temas da engenharia civil. A nova ferramenta permite que os leitores interajam com o contedo da revista e opinem sobre os assuntos que foram ou sero tratados pela publicao. Para participar, basta fazer o cadastro gratuitamente no site da revista ou no Portal PINIweb (www.piniweb.com). Confira duas opinies enviadas para a enquete realizada sobre a obrigatoriedade de exame de ordem para engenheiros.

Engenheiros recm-formados devem fazer exame de ordem para exercer a profisso?"A aplicao de exames para recmformados como, por exemplo, o da OAB, representa o reconhecimento do fracasso do ensino superior de engenharia. As escolas esto ruins e ento tenta-se encontrar uma soluo ao avesso. (...) Que tal inverter o processo e aplicar um exame a todos os professores, aos diretores e donos de escolas, estabelecendo assim um padro de qualidade antes da autorizao e aprovao pelo MEC?" Engepac Projetos e Construes Ltda. "Acho que uma avaliao saudvel e facultaria ao mercado contratar profissionais referendados pelos seus respectivos Conselhos. Entretanto, aos reprovados sobraria o qu? A porta da rua? A volta aos bancos escolares? Com que recurso? (...) Devemos considerar a questo tambm pelo lado de quem perde, pois qualificao profissional, moral e tica so coisas muito distintas" Vital Kuriki

tras e para a realizao de cursos tcnicos. O projetista Ronaldo Arajo da Silva, que trabalha h dois anos no escritrio Cepollina Engenheiros Consultores, ficou sabendo da vaga por meio de um anncio feito na Comunidade TQS. Alm disso, faz freelances para trs outros escritrios, oportunidades que tambm foram divulgadas no grupo. Para a TQS, empresa que desenvolve softwares CAD de clculo estrutural, sua comunidade uma forma de acompanhar de perto e solucionar as dvidas dos usurios de seus produtos. O grupo moderado por Guilherme Covas, engenheiro da empresa. O moderador conta que sugestes de clientes surgidas no ambiente virtual acarretaram mudanas reais em seus sistemas. "Desenvolvemos recentemente um sistema para interao soloestrutura. Inicialmente esse sistema seria comercializado apenas para engenheiros geotcnicos ou estruturais que elaboram projetos de fundaes. Em funo de mensagens veiculadas na Comunidade, resolvemos incorporar parte do sistema na prxima atualizao dos sistemas CAD/TQS", afirma Covas.Renato Faria

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Acabamento cermicoConhea as principais exigncias de desempenho e particularidades do rejuntamento com argamassa em fachadas cermicasuando o assunto argamassa de rejuntamento para fachadas cermicas, a flexibilidade a principal exigncia de desempenho. Isso porque, como se sabe, as placas cermicas tendem a se movimentar segundo as variaes de temperatura e umidade do ambiente e caber ao rejunte possibilitar que essas placas trabalhem individualmente, acomodando qualquer deformao imposta camada externa do conjunto aderido. Outra funo importante do rejuntamento conferir estanqueidade ao sistema, vedando as juntas entre as placas contra a gua da chuva. H basicamente dois tipos de materiais no mercado: argamassas base de cimento Portland ou de resinas orgnicas. As primeiras podem vir prontas para uso basta acrescentar gua na mistura , ou preparadas com aditivos lquidos (bicomponentes). As argamassas orgnicas, base de resina epxi, apresentam elevada resistncia ao ataque qumico, mas so de difcil aplicao. Nas fachadas, as argamassas devem ter desempenho de acordo com o Tipo II (NBR 14992), apresentando: reteno de gua inferior ou igual a 65 mm aos 10 minutos; variao dimensional de at 2 mm/m aos sete dias; resistncia compresso mnima de 10 MPa aos 14 dias; resistncia trao na flexo

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mnima de 3 MPa aos sete dias; absoro de gua por capilaridade aos 300 minutos de at 0,3 g/cm2 e permeabilidade aos 240 minutos de at 1 cm3, estas duas ltimas avaliadas aos 28 dias. O professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de So Paulo) de So Carlos, Eduvaldo Paulo Sichieri, resume as principais exigncias de desempenho do rejuntamento: "Alm dos quesitos bsicos de resistncia mecnica, flexibilidade e aderncia, o rejuntamento tem que ser impermevel, de fcil limpeza e deve ainda ser resistente aos raios ultravioleta, fungos e bactrias, alm de demonstrar estabilidade da pigmentao".Vapor dgua

Fotos: divulgao

placas de grandes dimenses em fachadas, como os porcelanatos, necessrio especificar juntas de assentamento de maior abertura pelo menos 5 mm", diz.Normas

Em relao impermeabilidade, Jonas Silvestre Medeiros, consultor da Inovatec, lembra que, "normalmente, ao contrrio do que se pensa, o material de rejunte deve permitir passagem mnima de gua na forma de vapor, no devendo ser completamente impermevel, principalmente no caso de fachadas". Ele explica que a tendncia de sada da gua, que fica no interior do edifcio e na base do revestimento, leva ao surgimento de tenses internas provocadas pela restrio difuso do vapor. " por isso que, para se aplicar

Para o diretor tcnico da L.A. Falco Bauer, Roberto Jos Falco Bauer, a norma tcnica NBR 14992/2003 (requisitos e mtodos de ensaio para argamassa) " boa para a anlise dos produtos que esto no mercado". "O arquiteto concluir que os materiais foram previamente testados em laboratrios credenciados, sob condies reguladas de temperatura e umidade", justifica. Mas nem todos se contentam com os resultados dessa norma: "Ela contempla alguns itens importantes para o bom desempenho do rejunte, como preparao da mistura, reteno de gua, resistncia compresso e trao na flexo, absoro de gua por capilaridade; mas no estabelece limites", critica Sichieri. "Ela divide as argamassas em dois tipos: para ambientes menos exigidos e para mais exigidos. Mas qual o limite entre menos e mais exigido? O que impermevel? Quo flexvel deve ser um rejunte em cada aplicao? Alm disso, a norma nem menciona resistncia a ultravioleta e chuvas cidas, e conseqente esTCHNE 122 | MAIO DE 2007

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tabilidade da pigmentao", aponta o professor. Ele entende como principal razo dessas falhas a existncia de comits para aprovao de normas, formados pelos prprios fabricantes do material. O surgimento de fissuras no rejuntamento, por sua vez, pode ser tambm fruto da baixa aderncia que o material possui com as bordas das placas. "Essa uma caracterstica muito importante prevista em normas estrangeiras que no est definida pela brasileira, j que cada tipo de placa exige uma aderncia diferente", comenta Jonas. Para isso, contudo, h normas internacionais ISO (International Organization for Standardization) e ANSI (American National Standard Institute) que podem ser usadas como base para a especificao do rejuntamento. O professor da USPSC indica sejam realizados testes com o material antes de sua aplicao: "Para os polmeros (poliuretanos), que so mais flexveis, impermeveis e aderentes, no h ainda norma tcnica", diz. Se a norma no especifica, resta ao prprio especificador colocar a mo na massa: "Usa-se das to conhecidas medidas paliativas de obra: para o teste da flexibilidade, unha; para resistncia a manchas, uma tira de massa, com uma parte coberta por fita, e outra exposta sujeira. Aps algum tempo, limpa-se a parte suja, e tira-se a fita, para comparar a estabilidade da pigmentao", ensina Sichieri.Em obra

O uso dos espaadores no apenas garante a simetria entre as peas mas tambm o tamanho correto da junta

Falhas no rejunte facilitam infiltrao da gua e o desplacamento

Bauer relembra que outro apoio tcnico aos especificadores e arquitetos pode ser a NBR 13755, de 1996, que est com reviso prevista para 2008. Ela tem alguns itens que prezam pela boa aplicao do rejuntamento. "Como cada obra uma obra, e s vezes at mesmo durante um nico dia de trabalho as condies climticas podem ser as mais variveis, importantssimo atentar boa aplicao dos materiais", sugere Bauer. Segundo o tcnico, o rejunte deve ser aplicado no mnimo trs dias aps

o assentamento das peas cermicas para que a argamassa da base tenha tempo de curar e sofrer algum trabalho. "Logo aps a colocao, removemse os cordes de argamassa colante entre as placas, garantindo assim uniformidade de espessura e profundidade do rejuntamento", explica. Antes de comear a aplicao, pode-se tambm dar ligeiros impactos sobre as placas cermicas com instrumentos no contundentes, para checar se o som no est cavo. Se estiver, h deficincia de assentamento, e a pea precisar ser substituda. A limpeza das juntas remoo de

p e umedecimento tambm deve ser feita antes da aplicao da argamassa, com escova ou jato de ar, para no prejudicar aderncia do material. O preparo da massa segue as instrues do fabricante, observando-se sempre o tempo de vida til da massa j misturada. " importante usar sempre uma desempenadeira ou rodo de borracha, removendo seu excedente com esponja ou espuma umedecida assim que iniciar seu endurecimento. Dispor de mo-deobra bem treinada outro item imprescindvel", acrescenta Bauer.Giovanny Gerolla

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Cortina de vidroGraas aos novos sistemas de esquadrias e vidros de alta refletncia, as fachadas do tipo cortina conseguem garantir o conforto dos usurios da edificao, alm de valorizar a arquiteturaeveza e as " L principaistransparncia soque caractersticas Estados Unidos, onde surgiu a fachada de vidro, "no Brasil, especificaes do conjunto esquadria-vidro devem minimizar as condicionantes de luminosidade e absoro de calor, para garantir padres adequados de conforto trmico e acstico e reduzir os custos com a climatizao dos edifcios", ressalta Joel Carlos Ferreira de Souza, scio gerente da SSG, empresa especializada no desenvolvimento e execuo de componentes metlicos para construo civil. Para solucionar a equao conforto x reduo de custos, os detalhes arquitetnicos tm ganhado cada vez mais importncia. Respondendo demanda dos arquitetos e s condicionantes de luminosidade, calor, reflexibilidade etc., o vidro foi o componente das fachadascortina que mais apresentou inovaes tecnolgicas nos ltimos anos. Os novos produtos propem proteo de luz e calor, reduzindo o uso do ar-condicionado.Alm disso, os perfis foram aperfeioados, contribuindo para a manuteno da temperatura ambiente e o bem-estar do usurio. "Originalmente, uma parede exterior (de qualquer material) no aderida e suportada pelo edifcio em qualquer pavimento por uma arma-

fazem do vidro um material insubstituvel na arquitetura", afirma o arquiteto Valter Caldana, coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FAU-Mackenzie. Ao mesmo tempo em que ele isola os ambientes, "tem a capacidade de ligar visual e emocionalmente o lado interno e o externo", completa a professora doutora Gilda Collet Bruna, coordenadora de PsGraduao em Arquitetura e Urbanismo da FAU-Mackenzie. Por essas caractersticas particulares, o vidro tem enfeitiado os usurios e lanado desafios a construtores e arquitetos desde o final do sculo XIX, quando passou a fazer parte dos materiais de construo. Somente em meados do sculo XX integrou-se ao alumnio para formar janelas industrializadas. Nos anos 60, passou de vez para o lado de fora, revestindo a edificao. Nos anos 70, graas evoluo dos sistemas de fixao, passou a constituir as fachadas-cortina. Apesar de promover a interao com o meio e trazer luz ao interior, a caixa de vidro tambm aprisiona calor e, em pases tropicais, traz desconforto trmico. Ao contrrio dos

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A sede do BankBoston em So Paulo, na regio da Vila Olmpia, foi a primeira obra corporativa da cidade a utilizar o sistema de fachada unitizada, composta por mdulos com a altura do p-direito do edifcio

o estrutural", descreve o engenheiro Amaury Antunes Siqueira em sua tese sobre fachadas. Hoje, o termo fachada-cortina define uma esquadria de alumnio que instalada por fora da estrutura do prdio e compreende, no mnimo, dois pavimentos, representando neste trecho o revestimento e a vedao do edifcio, que pode ser de vidro, cermica, alumnio e granito. "Em prdios comerciais, ela abrange, normalmente, a altura toda do prdio", explica o engenheiro mecnico e consultor de esquadrias Mrio Newton Leme, que aponta entre as vrias qualidades da cortina a agilizao do processo construtivo.Sistemas construtivos

Na fachada Stick,as peas so instaladas uma a uma com ajuda de um an-

daime. Primeiro, as colunas, em seguida as travessas, painis compostos (se existirem) e finalmente as folhas de vidros mveis ou fixas. Esse sistema foi largamente usado nas primeiras fachadas e ainda hoje muito empregado com verses melhoradas e de alto desempenho. "Suas vantagens so o baixo custo de transporte e manuseio, alm de oferecer certa flexibilidade para ajustes em obra. Dentre suas desvantagens esto a necessidade de toda montagem ser feita no canteiro sem o controle de fbrica, e o fato da pr-instalao dos vidros ser improvvel", aponta o especialista em fachadas Luiz Carlos Santos, diretor tcnico da Alumnio Brasil Sistemas para Arquitetura. O sistema Unitized composto por mdulos montados em fbrica que correspondem altura do p-di43

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Fachada Stick

Sistema Unitized

Sistema Hbrido

reito do pavimento e modulao horizontal da esquadria, recebendo todos os elementos de vedao e acabamento da fachada. "Os mdulos so movimentados e instalados com equipamentos especiais, no exigindo andaime e servios externos", justifica Leme. O sistema pode ser trabalhado em condies controladas de fbrica, podendo em alguns casos ser em local designado na prpria obra. "Alm da facilidade para inspecionar o servio e garantir sua qualidade, o sistema Unitized permite um fechamento muito rpido do edifcio, reduzindo o trabalho durante a instalao em obra", alega Santos. Por outro lado os mdulos so grandes e necessitam de maior espao para estocagem e transporte. Precisam tambm

de cuidados, tanto na estocagem como na instalao. "Pelo aspecto construtivo, o sistema Unitized deve ser adotado em obras com grande volume de painis, de maneira que a reduo da mo-deobra e a velocidade de execuo compensem o custo que representam os equipamentos de movimentao e infra-estrutura necessrios a esse mtodo", recomenda Leme. O Sistema Hbrido ou Sistema Coluna-folha derivado dos dois anteriores. Nesse caso, instalam-se as colunas, que so a infra-estrutura principal, depois vm as folhas, que podem compor uma unidade ou mais unidades verticais, dependendo da composio da fachada. As junes horizontais das folhas formam as tra-

vessas do conjunto. Como vantagem, reduz o trabalho em fbrica e na obra devido ausncia de travessas fixadas coluna. "Dependendo do projeto, o sistema alcana ndices de otimizao de mo-de-obra de at 20% quando comparado com o Stick. Em relao ao Unitized, a vantagem est em no exigir equipamentos especiais para instalao", relata Santos.Classificao esttica

O Low-e um vidro para fachadas de quarta gerao: baixa emissividade, corte trmico, grande transparncia e pequeno ndice de reflexo

Cada um dos sistemas pode ser construdo segundo caractersticas tcnicas que os diferenciaro do ponto de vista esttico, apresentando ou no os perfis de alumnio acabamento pintado ou anodizado visveis. No sistema tradicional, os perfis estruturais ficam externos s esquadrias, marcando verticalmente a fachada com elementos salientes em relao ao plano de vidro. Aqui, as folhas so fixadas s colunas por meio de presilhas com parafusos e tampas. A Pele de Vidro uma fachadacortina predominantemente de vidro, originalmente com pequenas marcaes perimetrais de alumnio. Os perfis estruturais so montados internamente, e as folhas so fixadas frontalmente por meio de presilhas. O sistema Glazing eliminou o alumnio externo, possibilitando a construo de uma fachada totalmente envidraada. Toda infra-estrutura fica oculta pelos vidros. "Permite grande flexibilidade aos arquitetos e largamente usado", relata Santos. Esse o sistema mais utilizado hoje pois, entreTCHNE 122 | MAIO DE 2007

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kWh/ano

as vantagens, "permite que se projete para fora, independentemente do vo", destaca o engenheiro mecnico Nelson Firmino, diretor da Algrad. Nesse sistema, os perfis estruturais so montados internamente e as esquadrias so fixadas frontalmente por meio de presilhas. Aqui, a fixao dos vidros feita com silicone estrutural ou fita adesiva dupla face. No Grid, domina a marcao vertical e horizontal por meio de perfis, criando uma espcie de grelha. Basicamente, os perfis cobrem e ocultam as juntas das folhas ou mdulos da fachada, formando um conjunto nico. Nesse sistema, os perfis estruturais ficam internos ao vidro. "Variaes mistas com o sistema Glazing permitem marcaes exclusivamente verticais ou horizontais", orienta Santos. Em qualquer um dos sistemas, "o dimensionamento dos perfis conseqncia da modulao vertical e horizontal, do posicionamento e das quantidades das ancoragens, da localizao da cidade, da altura e formato do prdio e da posio da obra em relao s caractersticas da topografia e dos obstculos em seu entorno", ensina Leme.O vidro

Conforto trmicoOs edifcios com fachadas de vidro em pases tropicais sempre geram polmicas em funo do desconforto trmico gerado pelo calor e pela reduzida ventilao natural, uma vez que os modelos de fachada-cortina prevem a instalao basicamente de caixilhos fixos, maximo-ar e de venezianas fixas com ou sem ventilao. "Enquanto a energia era barata, um aparelho de ar-condicionado retirava o calor de maneira eficiente", justifica o arquiteto Dominique Fretin, coordenador da rea Tcnica e professor de Conforto Ambiental do Curso de Arquitetura da FAU-Mackenzie. Com o seu encarecimento, quanto menos arcondicionado melhor. "A chave para o problema do conforto est no projeto, que deve considerar a natureza dos materiais e os nveis de artificialidade e sustentabilidade desejados no ato da elaborao", diz Caldana. Hoje, a tecnologia do vidro compensa no prprio material as situaes adversas. " possvel fazer uma caixa de vidro no meio do deserto, como em Dubai esto fazendo, e ser muito agradvel", alega. A questo, diz ele, quais artifcios para a climatizao se deseja usar, e o quanto eles devem estar ligados mquina e ao consumo de energia. "A esquadria tambm est relacionada ao conforto trmico, e deve ser capaz de manter a temperatura interna desejada pelo maior tempo possvel", afirma Santos. Conseguindo um desempenho timo tem-se a melhora dos nveis de conforto trmico e uma grande economia de energia (veja grficos). H diversos tipos de fachadas de alumnio e cada uma se comporta de maneira diferente em relao ao conforto trmico, o que estFluxo de calor atravs de uma fachada 2,5 2,0 1,5

kW

1,0 0,5 0

-0,5

0

6

12 18 Hora do dia

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Fachada tpica Corte trmico Corte trmico com vidro insulado Fachada dupla

Demanda anual de refrigerao 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 0 Fachada tpica Corte trmico Corte trmico com vidro insulado Fachada dupla

De acordo com as NBR 7199, 14.697 e 14.694 obrigatria em fachadas a utilizao de vidros de segurana de qualquer tipo, visando integridade fsica dos usurios dos edifcios e dos transeuntes externos. "A escolha do vidro se d em funo das necessidades especficas de cada projeto tais como isolamento termoacstico requerido, segurana, luminosidade, esttica, design etc.", explica Ferreira de Souza. A composio dos elementos em funo da cor e espessura dos vidros, da reflexibilidade, da escolha da pelcula e da eventual utilizao de cmaras internas, permite uma infindvel gama de composies, que visam atender aos parmetros tcnicos requeridos no projeto de arquitetura. A seleo do vidro primordial para a garantia do conforto do usurio. "Com a evoluo das fachadas, houve um avano extraordinrio em

diretamente relacionado economia de energia (veja tipos de fachada). Santos diz que a especificao correta no considera apenas o desempenho do vidro, e sim o sistema como um todo, incluindo o processo de fabricao, que pode influenciar diretamente no desempenho de um caixilho.

suas caractersticas. Tudo seria incompleto se continussemos a usar o vidro incolor e o fum. Em um pas tropical, o fum absorve muito calor, o que demanda forte climatizao", ressalta Firmino. Com a terceira gera-

o de vidros, vieram os refletivos em vrias cores, com ndices luminosos e energticos apropriados ao tipo de edifcios de cada regio. E com a quarta gerao veio o Low-e, "de baixa emissividade, corte trmico bom,45

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CAPAinstalao por guarnies de EPDM e acessrios mecnicos para um sistema qumico por colagem com silicone estrutural ou fita adesiva dupla face. O novo processo eliminou a aba de fixao, possibilitando que o vidro ficasse externo a toda a estrutura da esquadria, formando um painel. No sistema Grid, o vidro fixado por perfis de alumnio. De acordo com Firmino, a colagem qumica demonstrou ser muito eficiente em perfis anodizados. Ao contrrio para o acabamento pintado, que requer atachments para a colagem. "Para o ensaio da fita dupla face, ainda no h normas", diz a engenheira Michele Gleice da Silva, do Departamento Tcnico do Itec (Instituto Tecnolgico da Construo Civil) e, por isso, ainda no h muitos dados sobre o seu desempenho. Tanto a fita dupla face quanto o silicone requerem cuidados especiais. Segundo Luiz Cludio Viesti, consultor tcnico da Afeal, a superfcie deve ser limpa com desengordurante. A diferena entre os dois sistemas est na agilidade do processo. O silicone exige um tempo

Divulgao: 3M

A fita adesiva dupla face e o silicone estrutural so duas formas de fixao dos vidros s esquadrias. Os dois materiais requerem procedimentos adequados, aplicao e grande controle para garantir a aderncia entre o sistema esquadria-vidro. s vezes necessrio o uso de primer ou outra ponte de aderncia

grande transparncia e pequeno ndice de reflexo", elenca Leme. Os vidros insulados, compostos por duas placas laminadas ou temperadas, espaados por uma cmara de ar, so trmicos, evitam condensao do ar, perdas de temperatura e trocas constantes. "Como barreira acstica o

vidro monoltico j atenuava cerca de 30 dB, o laminado aprimorou ainda mais e o insulado chega a reduzir entre 40 e 50 dB", diz Firmino.Fixao

Os sistemas de fixao dos vidros em fachadas-cortina evoluram da

Tipos de fachada de alumnioFachada tpica sistema de fachada de alumnio com silicone estrutural (U = 2.8 W/m2 OK) e vidro laminado (U = 5.8 W/m2 OK e fator solar 0.4). Corte trmico sistema de fachada de alumnio com corte trmico (U = 2.8 W/m2 O K), silicone estrutural e vidro laminado (U = 5.8 W/m2 OK e fator solar 0.4). Corte trmico com vidro insulado sistema de fachada de alumnio com corte Fonte: Alumnio Brasil PRESSO D