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Tpico Especial Resumo O presente trabalho elucida as bases da filosofia da TØcnica do Arco Segmen- tado de Burstone. Os princpios mecni- cos que regem a movimentaªo ortodn- tica sªo explorados de forma a elucidar o mecanismo de aªo de vÆrios dispositi- vos ortodnticos utilizados nesta tØcni- ca. Uma seqüŒncia mecnica e casos cl- nicos sªo apresentados. Introduªo A utilizaªo de aparelhos fixos na Ortodontia Contempornea Ø regida por duas bases filosficas. A primeira e mais difundida Ø a guiada pela forma do arco. Para se obter o movimento desejado deve-se dar dobras nos arcos ortodnticos que se encaixam nas canaletas dos braque- tes para gerar as foras necessÆrias. No entanto, como as foras nªo sªo le- vadas em consideraªo no planejamen- to da movimentaªo, sistemas de for- as incorretos podem se expressar cau- sando, muitas vezes, efeitos colaterais. O princpio que rege esta filosofia Ø o conceito do arco ideal, ou seja, um arco com dobras de primeira (VL), se- gunda (OC) e terceira (torıes) ordens, que aps sua instalaªo os dentes de- veriam buscar um posicionamento mais prximo de uma oclusªo ideal. Entretanto, quando se tem um proble- ma localizado, geralmente os dentes vizinhos sªo os elementos eleitos para servirem de ancoragem, independente- mente deles serem menores e mais frÆ- geis que o dente problema e dessa mo- vimentaªo requerer extensos movi- mentos de vaivØm nestes dentes. A mai- or parte das tØcnicas ortodnticas con- temporneas se utilizam desta base fi- losfica como princpio para o planeja- mento das movimentaıes dentÆrias. A segunda e menos utilizada Ø a guia- da pelo planejamento do sistema de for- as. Nesta filosofia Ø essencial a deter- Maurcio Tatsuei Sakima A Paulo Roberto Tatsuo Sakima B Tatsuko Sakima C Luiz Gonzaga Gandini Jœnior D Ary dos Santos Pinto E A Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clnica Infantil e Coordenador do curso de Especializaªo em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP. B Aluno do curso de Ps-Graduaªo (Mestrado) em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Arara- quara - UNESP. C Prof. Titular Aposentado do Departamento de Clnica Infantil da Faculdade de Odontologia de Arara- quara - UNESP. D Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clnica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP. E Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clnica Infantil e Coordenador do curso de Ps-Graduaªo (Mestrado e Doutorado) em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP. Unitermos: Ortodontia; TØcnica do arco segmentado; Aparelhos fixos; Mecnica. TØcnica do Arco Segmentado de Burstone Burstone Segmented Arch Technique Maurcio Tatsuei Sakima Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial - v.5, n.2, p.91-115 - mar./abr. - 2000 91

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Tópico Especial

ResumoO presente trabalho elucida as bases

da filosofia da Técnica do Arco Segmen-tado de Burstone. Os princípios mecâni-cos que regem a movimentação ortodôn-tica são explorados de forma a elucidar omecanismo de ação de vários dispositi-vos ortodônticos utilizados nesta técni-ca. Uma seqüência mecânica e casos clí-nicos são apresentados.

IntroduçãoA utilização de aparelhos fixos na

Ortodontia Contemporânea é regida porduas bases filosóficas.

A primeira e mais difundida é aguiada pela �forma do arco�. Para seobter o movimento desejado deve-sedar dobras nos arcos ortodônticos quese encaixam nas canaletas dos braque-tes para gerar as forças necessárias.No entanto, como as forças não são le-vadas em consideração no planejamen-to da movimentação, sistemas de for-

ças incorretos podem se expressar cau-sando, muitas vezes, efeitos colaterais.O princípio que rege esta filosofia é oconceito do �arco ideal�, ou seja, umarco com dobras de primeira (VL), se-gunda (OC) e terceira (torções) ordens,que após sua instalação os dentes de-veriam buscar um posicionamentomais próximo de uma oclusão ideal.Entretanto, quando se tem um proble-ma localizado, geralmente os dentesvizinhos são os elementos eleitos paraservirem de ancoragem, independente-mente deles serem menores e mais frá-geis que o dente problema e dessa mo-vimentação requerer extensos movi-mentos de vaivém nestes dentes. A mai-or parte das técnicas ortodônticas con-temporâneas se utilizam desta base fi-losófica como princípio para o planeja-mento das movimentações dentárias.

A segunda e menos utilizada é a guia-da pelo planejamento do �sistema de for-ças�. Nesta filosofia é essencial a deter-

Maurício Tatsuei Sakima A

Paulo Roberto Tatsuo Sakima B

Tatsuko Sakima C

Luiz Gonzaga Gandini Júnior D

Ary dos Santos Pinto E

A Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clínica Infantil e Coordenador do curso de Especializaçãoem Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP.

B Aluno do curso de Pós-Graduação (Mestrado) em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Arara-quara - UNESP.

C Prof. Titular Aposentado do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Arara-quara - UNESP.

D Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara- UNESP.

E Prof. Assist. Doutor do Departamento de Clínica Infantil e Coordenador do curso de Pós-Graduação(Mestrado e Doutorado) em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP.

Unitermos:Ortodontia; Técnicado arco segmentado;Aparelhos fixos;Mecânica.

Técnica do Arco Segmentado de BurstoneBurstone Segmented Arch Technique

Maurício TatsueiSakima

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minação de dois tipos de unidades,ou seja, uma ativa composta de den-tes que necessitam ser movimentadose outra de ancoragem ou reativa. Oobjetivo é ser capaz de produzir o sis-tema de força requerido pela unidadeativa sem produzir efeitos colateraisindesejáveis na unidade de ancora-gem. Um sistema de força ótimo in-clui parâmetros como a magnitudedas forças, a proporção momento-for-ça e a constância das forças. A mag-nitude das forças varia dependendodo suporte periodontal e comprimentoradicular dos dentes e pode ainda sermodificada de acordo com o centro derotação do movimento dentário re-querido. A proporção momento-forçaaplicada ao braquete é o parâmetrocrítico que determina onde se locali-zará o centro de rotação do movimen-to requerido, ou seja, é o que deter-mina se o movimento dentário seráde translação, rotação pura ou com-binação das anteriores. A constânciadas forças inclui conceitos de dura-ção no qual os sistemas de forças ope-ram e as alterações que ocorrem nes-tes sistemas conforme os dentes sedeslocam.

A Técnica do Arco Segmentado(TAS), descrita por Burstone em1962, se encontra neste segundo tipode base filosófica. Esta técnica con-siste de uma seqüência de procedi-mentos ortodônticos baseados emprincípios mecânicos suportadospelo ramo da Física chamado �me-cânica�. Os conhecimentos básicosadvindos das áreas da estática, di-nâmica e resistência dos materiaissão utilizados de uma maneira rígi-da, com o propósito de estabelecerpassos clínicos lógicos no dia a diado ortodontista. O conjunto de co-nhecimentos científicos que supor-tam a filosofia do arco segmentado,advém, principalmente, dos esforçosdo Dr. Charles Burstone da Universi-dade de Connecticut - EUA. Outrospesquisadores e clínicos contribuí-ram para o embasamento desta filo-sofia de tratamento ortodônticocomo: Marcotte, Melsen, Norton,

Nanda, Sachdeva, dentre outros queforam professores ou alunos do de-partamento de Ortodontia da Univer-sidade de Connecticut. No Brasil,esta técnica tem sido estudada e em-pregada nos cursos de pós-gradua-ção da Faculdade de Odontologia deAraraquara- UNESP.

O fundamento da técnica é a seg-mentação que significa a consolidaçãodos dentes em unidades, permitindousar cada bloco como um elementodentário com mais inserção radicular.A partir da segmentação, divide-se osblocos em unidade ativa (aquela quese deseja movimentar) e unidadereativa ou de ancoragem.

Com a segmentação, cada grupode dentes pode ser tratado da ma-neira mais adequada. Fios ortodôn-ticos mais flexíveis podem ser usa-dos nas áreas onde se deseja maiormovimentação e fios mais rígidossão empregados nas áreas onde o po-sicionamento dos dentes já é adequa-do, estabilizando estes dentes o maisprecocemente possível. Desta forma,tipos diferentes de fios podem serusados simultaneamente na mesmaarcada. A não necessidade de conti-güidade de inserção do fio ortodôn-tico no braquete do dente vizinhotorna possível obter-se uma maiordistância entre os pontos de aplica-ção de forças, e também, sistemas deforças mais coerentes podem ser pla-nejados. A seguir são apresentadosalguns conceitos mecânicos e apli-cações na técnica.

Princípios MecânicosOs conceitos aqui apresentados re-

ferem-se à mecânica de corpos rígidos.Corpos rígidos são aqueles cujas par-tículas têm relação fixa entre si, esta-belecendo forma invariável.

A força é uma entidade presentena interação de corpos, causando mo-vimento em corpos em repouso, ouaumentando a velocidade de corposjá em movimento. Sua representaçãoé de um vetor aplicado, isto é, temintensidade (ou magnitude), direção(ou orientação), sentido e ponto deaplicação. Intensidade é a quantida-de de força aplicada. Direção é aorientação no espaço de como essaforça atua. Diz-se que duas forças têma mesma direção se elas forem para-lelas. Sentido é o lado da direção paraonde a força atua. Ponto de aplica-ção é a posição no corpo rígido ondese imprime a força. A direção quepassa pelo ponto de aplicação esta-belece a linha de ação dessa força(FIG. 1). A força, por ser uma entida-de espacial, pode ser decomposta erepresentada pelos seus componentesnos eixos x, y e z do espaço.

O �Princípio da transmissibilidade�rege a aplicação de forças, estabele-cendo que duas forças têm o mesmoefeito se tiverem a mesma intensida-de e a mesma linha de ação. Pelo �Prin-cípio da transmissibilidade�, uma for-ça pode ter seu ponto de aplicação al-terado para outra posição no corpo rí-gido e ainda assim continuar exercen-do o mesmo efeito, contanto que esse

Ponto de aplicação

Força Direção

Intensidade

Sentido

CM

FIGURA 1 - Representação esquemática da força.

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novo ponto de aplicação esteja namesma linha de ação da primeira for-ça (FIG. 2).

A aplicação de forças também éregida pelo �Princípio da ação e rea-ção�, que estabelece que se um cor-po exerce uma força num segundocorpo, este responde exercendo umaforça de igual intensidade, mesmadireção e sentido oposto, no primei-ro corpo.

A ação de várias forças sobre umcorpo pode ser substituída pela resul-tante, que é obtida através de adiçãovetorial. A resultante da ação de duasforças com o mesmo ponto de aplica-ção é determinada pela diagonal doparalelogramo, cujos lados são estasforças. Também pode ser obtida fa-zendo-se a soma individualmente emcada componente dos eixos x, y e z(FIG. 3).

É possível se estabelecer um movi-mento de translação (movimento decorpo) pela aplicação de uma única

força. Esta deve ter sua linha de açãopassando pelo centro de massa dessecorpo. O centro de massa de um corporígido é o ponto que atua como se todaa sua matéria estivesse concentradaem si. No sistema mastigatório, o den-te atua como um corpo rígido que so-fre ações restritivas à sua movimen-tação pelo periodonto de sustentação.O ponto que tem comportamento aná-logo ao centro de massa do dente é ocentro de resistência do sistema den-te-periodonto. Esse ponto concentratoda a resistência ao movimento exer-cida por influências externas como porexemplo pressão ou tração. Como nãoé possível se estabelecer um modeloexperimental ideal, o centro de resis-tência do dente é estimado de formaempírica (FIG. 4). O centro de resistên-cia varia de acordo com o tamanho eforma das raízes, bem como com a pre-sença de reabsorções apicais ou per-das ósseas horizontais e verticais.

O movimento causado pela aplica-

ção de uma força cuja linha de açãoencontra-se afastada do centro de re-sistência do dente difere do descritoanteriormente. A aplicação dessa for-ça faz com que o dente tenda a girarao redor do centro de resistência, e queesse ponto siga a trajetória pré-deter-minada por essa força. Essa tendên-cia rotacional é denominada de mo-mento e é proporcional à força aplica-da e à distância da linha de ação daforça ao centro de resistência. Como éresultado da aplicação de uma força,também é denominado momento deuma força (FIG. 5).

O movimento quando o corpogira ao redor do centro de resistên-cia do corpo é descrito como rota-ção pura e ocorre pela atuação demomento apenas. Para que haja ge-ração de momento com força resul-tante igual a zero, são necessáriasas ações de duas forças de igual in-tensidade, atuando em sentidosopostos e orientados por duas li-

FIGURA 4 - Representação dos centros de resistência de cadatipo de dente.

FIGURA 2 - Princípio da transmissibilidade.

F2

F1

FIGURA 3 - Representação esquemática de adição vetorial e ovetor resultante.

F2

F1

R

FIGURA 5 - Representação do momento de uma força.

F

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nhas de ação paralelas e não-coin-cidentes. Essas duas forças descre-vem um binário e o momento gera-do por elas é denominado momen-to de um binário. Esse momento écalculado multiplicando-se a somadas intensidades das forças pelametade da distância entre as linhasde ação dessas forças. A força re-sultante é nula (FIG. 6).

Os três tipos de movimentosagora podem ser descritos por suasentidades geradoras: na primeira,movimento causado pela aplicaçãode força passando pelo centro de re-sistência, sem geração de momen-to; na segunda, movimento causa-do pela aplicação de força passan-do afastada do centro de resistên-cia, com geração de momento; e naterceira, aplicação de duas forçasque se anulam e geram momentoapenas, no centro de resistência.Um movimento causado por umaforça é determinado pela intensida-de da força e pela localização de sualinha de ação em relação ao centrode resistência.

Um sistema de forças pode ser re-presentado por um vetor no ponto deaplicação ou por um sistema equiva-lente no centro de resistência. Dois sis-temas de forças são ditos equivalen-tes quando provocam o mesmo efeito(FIG. 7).

Tipos de Movimentos DentáriosOs movimentos de um corpo esta-

belecem os tipos de movimentos den-tários:

1 - translação � movimento em queo dente é deslocado de corpo.

2 - inclinação controlada � mo-vimento com o centro de rotação lo-calizado no ápice radicular do den-te. Todos os pontos se movimentamnum único sentido. As porções maisafastadas do centro de rotação so-frem uma maior amplitude de mo-vimento.

3 - inclinação não-controlada �movimento com o centro de rotaçãolocalizado no meio da raiz, próximodo centro de resistência do dente. Par-te do dente é deslocada num sentido eo restante no sentido oposto.

4 - movimento radicular � movi-mento com o centro de rotação locali-zado no extremo mais oclusal ouincisal do dente. Nesse movimento hágrande deslocamento radicular do den-te e pouco deslocamento coronal.

A Técnica do Arco Segmentadopermite o controle dos tipos de mo-vimentos dentários através do con-trole da aplicação de diferentesquantidades de momento e de forçano braquete, já que não é possívelalterar seus pontos de aplicação.Assim pode-se controlar a proporção

momento/força aplicada ao braque-te que estabelecem os tipos de movi-mento dentário. A TAB. 1 fornece osvalores da proporção momento/for-ça para os tipos de movimentosdentários desejados.

A aplicação de um binário com ummomento resultante com intensidadedez vezes maior que a força e sentidooposto ao momento gerado pela forçaaplicada no braquete, gera um movi-mento de translação. Este mesmo ra-ciocínio deve ser feito para o entendi-mento dos outros tipos de movimentodentário da TAB. 1.

A Técnica do Arco Segmentado pos-sui dispositivos mecânicos pré-calibra-dos em que estas proporções momen-to/força são conhecidas, permitindoplanejar o tipo de movimento dentá-rio desejado (FIG. 8).

Mecânica da Movimentação deDois Dentes

O estudo da mecânica envolvida namovimentação de dois dentes pelo usode dispositivos mecânicos pode serdividida em dois tipos:

1 - sistema estaticamente determi-nado;

FIGURA 6 - Representação de um binário.

M=F.dF F

d

FIGURA 7 - Representação de dois sistemas equivalentes deforça.

350 g 1

350 g 2

3500 g-mm

10mm

TABELA 1Valores da proporção momento/força, em milímetros,

para cada tipo de movimento dentário, segundo BURSTONE.

10/1

8/1

5/1

12/1

Translação

Inclinação controlada

Inclinação não-controlada

Movimento radicular

Tipo de movimento dentário Proporção Momento/Força

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2 - sistema estaticamente indeter-minado.

O sistema estaticamente determi-nado consiste da aplicação de um bi-nário no braquete de um único denteestabelecendo um sistema de forças emque é possível se prever com facilida-de seus efeitos. O sistema de forças es-taticamente determinado é encontra-do no uso de dispositivos em que umadas extremidades é encaixada nacanaleta do braquete, e a outra extre-midade atua em apenas um ponto deaplicação de força. Desta forma, só épossível o desenvolvimento de mo-mento (binário) na extremidadeinserida na canaleta do braquete. Avisualização do sistema de forças ébastante simples (FIG. 9). Outra carac-terística importante é que o sistema es-taticamente determinado não altera osentido das forças e dos momentos sobdesativação, apenas a intensidade dosmesmos. Os seguintes dispositivosmecânicos estabelecem sistemas esta-ticamente determinados: arco de intru-são, �cantilever�, arco de extrusão.

O segundo tipo é o sistema de for-ças estaticamente indeterminado, queocorre quando se utiliza dispositivosque são encaixados nos braquetes emsuas duas extremidades. Como carac-terística desse sistema tem-se que du-rante a desativação do aparelho podeocorrer mudanças tanto na intensi-dade como no sentido das forças emomentos, isto é, a diminuição daforça aplicada não é proporcional àdiminuição do momento.

Nos sistemas de forças estatica-mente indeterminados são mostra-dos três desenhos básicos e seus me-canismos de atuação. Os sistemas deforças estão representados na FIG.10 e caracterizam as dobras em �V�e em degrau.

Os dispositivos mecânicos utili-zados na Técnica do Arco Segmen-tado que representam este tipo desistema são a alça em �T� para re-tração, a alça para correção radicu-lar, a barra palatina e o arco lingual,entre outros.

FIGURA 9 - Sistema de forças estaticamente determinado.

FIGURA 8 - Tipos de movimentos e proporções momento/força.

Proporções Momento/Força

5/1 8/1 10/1 12/1

InclinaçãoNão-

controlada

InclinaçãoControlada

Translação MovimentoRadicular

Tipos de movimento dentário

FIGURA 10 - Mecanismos de ação. A) dobra em degrau. B) dobra em �V� simétrico(centralizado). C) dobra em �V� assimétrico (descentralizado).

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A

C

B

Acessórios utilizados na TASA TAS não requer uma prescrição

específica de braquetes para a aplica-ção de seus princípios. Os conceitosmecânicos podem ser aplicados emaparelhos pré-ajustados (�straight-wire�)ou mesmo em aparelhos�edgewise� convencionais com cana-letas 0,022� x 0,028�. Entretanto, paraum melhor aproveitamento do poten-cial dos dispositivos mecânicos queserão apresentados, faz-se necessáriaa utilização de alguns acessórios, des-critos a seguir:

A - Tubos dos primeiros molares supe-riores

Os tubos dos primeiros molaressuperiores são triplos, contendo umacanaleta (conversível) 0,022" x 0,028"para o arco principal, ou segmentoposterior, um tubo acessório 0,017" x0,025" posicionado para cervical e umterceiro tubo de 0,045" por oclusalpara a utilização do aparelho extra-bucal. O tubo auxiliar serve para oencaixe de dispositivos ortodônticos

como "cantilevers", alças retangulares,alças para correção radicular e alças "T"para retração, entre outros. Além destestubos também apresenta um gancho porcervical e mesial (FIG. 11).

B - Tubos dos primeiros molares infe-riores

Os tubos dos primeiros molaresinferiores são duplos e contém umacanaleta principal 0,022" x 0,028"(conversível) e um tubo horizontalauxiliar 0,017" x 0,025" localizadocervicalmente em relação ao princi-pal. Apresentam ainda um gancho porcervical e mesial para apoio de elás-ticos em cadeia e inter-maxilares (FIG.12).

C - Tubos linguaisOs tubos linguais são acessórios

geralmente utilizados nos primeirosmolares superiores e inferiores, masque também podem ser colocadosnos outros molares. Estes servem deapoio para dispositivos ortodônticoscomo os arcos linguais e as barras

palatinas. Podem ser tubos simples de0,036" x 0,072" (FIG. 13) utilizados comarcos linguais e barras palatinas, con-feccionados com fios redondos de es-pessura 0,032" ou 0,036". Um outrotipo de acessório lingual 0,032" x0,032" chamado de braquete "hingecap" de Burstone (FIG. 14) encaixa ar-cos linguais e barras palatinas confec-cionadas com fios quadrados 0,032" x0,032".

D - Tubos acessórios de MarcotteMarcotte utiliza na sua clínica

um segmento de tubo retangular0,022" x 0,028" de 2mm soldado per-pendicular e centralmente a outrosegmento de mesmo tamanho e in-troduzido no segmento de arco an-terior, entre caninos e incisivos late-rais. Estes tubos soldados proporci-onam distâncias inter-tubos (seg-mentos anterior/posterior) maior, oque possibilita um melhor controledo movimento dos segmentos. Estestubos são bastante versáteis uma vez

FIGURA 14 - Braquete lingual �hinge cap� de Burstone. FIGURA 15 - Tubos acessórios de Mar-cotte.

FIGURA 11 - Tubo triplo do primeiromolar superior.

FIGURA 13 - Tubo lingual.FIGURA 12 - Tubo duplo do primeiro mo-lar inferior.

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que possibilitam o encaixe de dispo-sitivos ortodônticos em qualquerárea do arco (FIG. 15). A utilizaçãodestes tubos viabilizam a aplicaçãoda TAS com qualquer prescrição debraquetes �edgewise�.

Fases do Tratamento pela TASO tratamento pela TAS nem sem-

pre segue uma sistemática de fases ouseqüência rígida de tratamento. Noentanto, descreveremos aqui a seqüên-cia mais utilizada no tratamento orto-dôntico. As fases do tratamento estãodivididas assim:

1 - Fase inicial: alinhamento e ni-velamento intra-segmentar e consoli-dação dos segmentos;

2 - Nivelamento inter-segmentar;3 - Fechamento de espaços;4 - Finalização.A fase inicial se caracteriza pelo

nivelamento e alinhamento intra-segmentar e tem por objetivo a con-solidação dos segmentos para as fa-ses seguintes. É nesta fase que seplaneja os movimentos dentáriosmais extensos, e também, a movi-mentação de dentes com raízes gran-des. As verticalizações de molares,os tracionamentos dentários, as cor-reções de giroversões e as correçõesde posicionamento transversal sãofeitas nesta fase. Para tanto podemser utilizados desde simples segmen-tos de fio até dispositivos mecâni-cos ativos como �cantilevers�, barrapalatina, arco lingual, alças retan-gulares, alças para correção radicu-lar e alças em �T� para retração par-cial de dentes.

A fase seguinte (nivelamento inter-segmentar) visa a correção da sobre-mordida e a correção dos planos oclu-sais. Ao final desta fase os segmentosanterior e posterior, direito e esquer-do, bem como o relacionamento verti-cal entre as arcadas superior e infe-rior deverão estar niveladas entre si.Nesta fase podem ser usados desdearcos contínuos passando pelos seg-mentos anterior e posterior, até a uti-lização de mecânicas separadas oucombinadas de arcos de intrusão, ar-

cos de extrusão, barra palatina, arcolingual e aparelhos extrabucais.

A fase de fechamento de espaçosse caracteriza pela utilização de dife-rentes sistemas de forças para as situ-ações em que se necessitam de maiorou menor perda de ancoragem. O fe-chamento dos espaços é realizado como auxílio de alças em �T� entre os seg-mentos com pré-ativações e posicio-namentos específicos para cada caso.Não se utiliza a mesma mecânica paratodos os casos como na maioria dastécnicas.

A fase de finalização tem por ob-jetivo o detalhamento da oclusão edos posicionamentos dentários. Ge-ralmente é realizada com o auxílio dearcos contínuos e elásticos interma-xilares, dependendo da necessidadede cada caso.

1. Fase Inicial: Nivelamento eAlinhamento Intra-segmentare consolidação dos Segmentos

Esta fase se caracteriza pela cor-reção dos posicionamentos dos den-tes que nas fases subseqüentes pode-rão servir de ancoragem. São plane-jadas as correções mais extensas deposicionamento individual de dentes,tais como verticalizações de molarese caninos, tracionamento de dentesinclusos, correção de giroversões se-veras e mordidas cruzadas posterio-res, bem como é iniciada a correçãodo relacionamento sagitalintermaxilar. Serão apresentados nes-te capítulo os modos de ação de dis-positivos ortodônticos como os�cantilevers�, a barra palatina, o arcolingual, a alça para correção radicu-lar, e a alça retangular.

1.1 - Dispositivos mecânicos daTAS utilizados na fase inicial

1.1.1 - �Cantilevers��Cantilever� pode ser definido

como um segmento de fio ortodôn-tico no qual uma extremidade éinserida num braquete ou tubo, en-quanto que a outra extremidade éamarrada numa outra unidade por

apenas um ponto de contato (braçode alavanca). Com o �cantilever�,consegue-se facilmente estimar osistema de forças presente em ambasas unidades, considerando o compri-mento do mesmo e a quantidade deforça liberada (medida diretamentecom um tensiômetro). Dessa formafica menos complexo prever o resul-tado clínico. O �cantilever� geralmen-te é construído com um segmento defio 0,017� x 0,025� de aço inoxidá-vel ou de liga de titânio-molibdênio(TMA), podendo conter helicóidespróximo à extremidade inserida notubo, o que aumenta a sua flexibili-dade. É indicado para se fazer tra-cionamento, intrusão, inclinaçãovestibular e lingual de dentes, utili-zando-se o segmento posterior comounidade reativa, além de servir à ver-ticalização de molares quando algu-ma extrusão é permitida. A ativaçãodeste dispositivo possibilita a libe-ração de forças leves e constantes,praticamente sem alteração do sis-tema de forças durante a desativa-ção ou movimentação do elementoativo.

A FIG. 16 mostra as ativações deum "cantilever" de TMA no caninonos sentidos vestibular, intrusivo eextrusivo. A unidade reativa é com-posta pelos molares unidos por umabarra palatina e pelos demais den-tes com exceção do canino, estabi-lizados por um arco de fio retangu-lar de aço inoxidável 0,019� x0,025�.

A FIG. 17 mostra uma situação clí-nica muito comum. Na fase de finali-zação do tratamento o segundo mo-lar superior esquerdo erupcionou emvestíbulo versão numa situação demordida cruzada vestibular. A corre-ção do posicionamento deste dentepelas técnicas convencionais envol-veria a colocação de um tubo e o re-torno a fios mais flexíveis para o ali-nhamento do mesmo, correndo o ris-co de alterar o posicionamento doprimeiro molar superior que se encon-tra bem engrenado. Com a utilizaçãodos princípios da TAS, um "cantilever"

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lizado para gerar a força extrusivanecessária. A vantagem deste siste-ma é que ele libera força extrusivaleve no dente a ser tracionado, pro-vocando efeitos colaterais mínimosno bloco de ancoragem e por ser fixonão depende da colaboração do pa-ciente.

A FIG. 19 mostra um caso clíni-co em que o dente 33 se encontravaincluso. Após a abertura do espaçonecessário, foi indicada a cirurgiapara colagem de um acessório no

construído com fio de TMA 0,017" x0,025" e com uma ativação que ge-rava uma força lingual no dente 27foi utilizado. O elemento ativo era osegundo molar a ser lingualizado eo elemento de ancoragem era com-posto por todos os dentes anterioresaos primeiros molares (inclusive) es-tabilizados por uma barra palatina(0,9 mm) e por um arco retangularde aço inoxidável 0,019" x 0,025". O"cantilever" foi construído saindo pormesial do tubo do primeiro molar

para aumentar o comprimento domesmo de forma a liberar forçasmais leves e constantes. Observe naseqüência o bom controle da movi-mentação desejada.

A FIG. 18 mostra o acompanha-mento radiográfico do tracionamen-to de um primeiro molar incluso (de-vido a um dente supranumerário).Como elemento de ancoragem foi uti-lizado o aparelho quadrihélice queestava apoiado nos segundo mola-res decíduos. Um "cantilever" foi uti-

FIGURA 16 - Ativações do �cantilever�.

A B

C D

A

B

C

FIGURA 18 - Tracionamento de 1º molar.

DFIGURA 17 - Descruzamento de 2º molar.

A B

C D

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dente incluso para o início do tra-cionamento. Neste caso o elementoativo era o dente 33 enquanto queo elemento de ancoragem era com-posto de todos os outros dentes in-feriores estabilizados por um arcorígido além do arco lingual cons-truído com fio 0,9 mm. Foi utiliza-do um "cantilever" construído comfio 0,016" x 0,022" de aço inoxidá-vel soldado diretamente no arco lin-gual. A confecção de vários helicói-des serve para gerar forças mais le-ves e constantes, aumentando a

elasticidade do "cantilever". As van-tagens deste sistema incluem a nãosobrecarga dos dentes vizinhos (in-cisivo lateral e primeiro premolar)e a possibilidade de escolha do lo-cal para onde este dente deve sertracionado, evitando assim reces-sões gengivais.

A FIG. 20 mostra um caso clínicoonde o dente 23 se encontrava im-pactado no ápice radicular do dente22, gerando uma dilaceração na raizdo incisivo lateral. O tracionamentofoi realizado util izando um

"cantilever" composto construídocom fio TMA 0,017" x 0,025" solda-do a ponto em outro segmento de fiode TMA 0,018". Este "cantilever" pos-sibilitou uma força extrusiva oblíqüanecessária para se evitar a reabsor-ção radicular do dente 22. Ao mes-mo tempo foi utilizada uma alça re-tangular para gerar um momentopara levar a raiz do dente 22 para amesial. A seqüência radiográficamostra o sucesso do tracionamento,que dificilmente seria conseguido deoutra forma.

FIGURA 19 - Tracionamento de canino incluso.

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1.1.2 - Arco lingual e barrapalatina

O arco lingual e a barra palatinasão componentes importantes na TAS.Estes arcos são geralmente utilizadosconectados por lingual dos primeirosmolares. Entretanto, podem ser utili-zados nos premolares e nos outrosmolares quando houver necessidade.Construídos com fios redondos de açoinoxidável ou de TMA, com espessu-ras de 0,036� (0,9mm) ou 0,032�(0,8mm) dependendo de sua finalida-de, são inseridos nos tubos linguais

com dimensões de 0,036� x 0,072�.Recentemente, fios quadrados 0,032�x 0,032� de TMA e de aço inoxidável,pré-contornados, foram desenvolvidospara agilizar a mecânica, devendo seracoplados aos braquetes linguais�hinge cap�.

Os arcos linguais podem ser usa-dos de duas maneiras distintas:

� Reforço de ancoragem - uso pas-sivo.

� Correção do posicionamento dosmolares - uso ativo.

Quando passivos, os arcos lin-

guais são inseridos a fim de se obtero máximo de estabilidade dos seg-mentos posteriores. Para tanto, fiosmais rígidos devem ser utilizados(0,036� ou 0,032� x 0,032� de açoinoxidável). Alças nas barras palati-nas de estabilização devem ser evita-das e os arcos linguais devem ser omais curto possível.

A FIG. 21 mostra a aplicação de umbinário na correção da giroversão do2º premolar inferior. Além da eficiên-cia clínica este sistema praticamentenão provoca efeitos colaterais.

FIGURA 20 - Tracionamento de canino impactado (continuação na página seguinte).

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Na FIG. 22 iniciou-se a correção dagiroversão do dente 24 pela utilizaçãode uma força mesial aplicada por pa-latino. Após a movimentação mesialdesejada, um binário foi aplicado nodente.

A movimentação de molarespode ser conseguida com os arcoslinguais e barras palatinas nos trêsplanos e de maneira simétrica ouassimétrica. São utilizados paraeste fim, arcos linguais e barraspalatinas construídos com fios maisflexíveis, podendo haver a incorpo-ração de alças. Fios de TMA de0,032� redondos ou 0,032� x 0,032�quadrados ou ainda, 0,032� de açoinoxidável são mais indicados paraa confecção destes dispositivos ati-vos. Com um planejamento corretoconsegue-se fazer contrações e ex-pansões, correções de giroversões,verticalizações unilaterais, distali-zações assimétricas e correções deinclinações (torque) simétricas e as-simétricas. Aconselha-se ao inician-te obter alguma experiência com uti-lização de typodont na simulação ecada tipo de movimento. No treina-mento é essencial o desenho da geo-metria inicial, do sistema de força

FIGURA 21 - Correção da giroversão do 2º premolar.

FIGURA 22 - Correção da giroversão do 1º premolar.

FIGURA 20 - Tracionamento de canino impactado (continuação da página anterior).

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necessário ao movimento desejadoe da observação da movimentaçãoadquirida.

A correção de mal posicio -namento de molares geralmente oca-siona efeitos colaterais difíceis deserem evitados. Por terem um volu-me radicular considerável, ao se uti-lizar um arco contínuo, os dentes vi-zinhos são eleitos para servirem deancoragem podendo ser movimenta-dos de maneira indesejada. A FIG. 23mostra uma solução para este pro-blema utilizando uma barra palati-na para a correção da giroversão deum segundo molar superior. O ele-mento de ancoragem é composto detodos os dentes superiores com ex-ceção do dente 27 que é o elementoativo. Para a correção foi utilizadauma ativação em "V" simétrico, se-melhante à ilustrada na FIG. 24. Ob-serve que praticamente não houveefeitos colaterais no molar do ladooposto e no premolar adjacente aoelemento ativo.

As FIG. 24 e 26 mostram algumasativações de 1ª ordem. A correção degiroversões, expansões e contrações demolares podem ser conseguidas.

A FIG. 25 mostra o primeiro mo-lar superior esquerdo cruzado. Foi uti-lizado uma barra palatina com alçacom ativação semelhante a da FIG.27. O elemento de ancoragem consis-tiu dos dentes 14, 15 e 16. A abertu-ra de espaços foi devido ao uso si-multâneo do aparelho extrabucal nosmolares.

1.1.3 - Alça retangularA alça retangular pode ser usada

para correção de problemas de primei-ra e segunda ordens. É confeccionadacom fio 0,017� x 0,025� de aço inoxi-dável ou TMA. A alça deve ser posici-onada centralmente em relação aodente a ser corrigido e deve ter dimen-sões que variam de 6 a 7 mm no senti-do cérvico-oclusal, e de 8 a 10 mm nosentido mésio-distal. Geralmente éapoiada no segmento posterior queserve de unidade de ancoragem.

As FIG. 27, 28 e 29 mostram três

FIGURA 23 - Correção da giroversão do segundo molar com barra palatina.

FIGURA 24 - Ativação do arco lingual para a correção da giroversão do dente 46.

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possibilidades de ativação da alça re-tangular para a movimentação distalda raiz do canino. A checagem da po-sição neutra (só os momentos atuan-do) permite visualizar se haverá ounão forças verticais.

A FIG. 30 mostra as dobras de pré-ativação para a correção de giroversãode canino. No primeiro exemplo é fei-ta uma ativação da alça para levar adistal para fora, com centro de rota-ção localizado na crista marginalmesial. No segundo, a ativação parase obter o giro do canino no mesmosentido foi realizada, mas uma forçalingual foi incorporada deixando o cen-tro de rotação deste movimento nacrista marginal distal.

A alça retangular ainda pode serutilizada para se conseguir extrusãoe intrusão de dentes. A FIG. 31 mos-tra a ativação realizada para a obten-ção da extrusão do canino superiordireito.

Na FIG. 32 está exposto um casoclínico em que um movimento no ca-nino superior esquerdo no sentido ex-trusivo e da raiz para distal.

Se um arco contínuo tivesse sidocolocado, provavelmente o incisivolateral vizinho ao dente problema so-freria movimentos indesejados.

FIGURA 26 - Ativação do arco lingual para a vestibularização do 46.

FIGURA 27 - Alça retangular com ativação para distalização radicular e extrusão docanino.

FIGURA 25 - Descruzamento de 1º molar.

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Utilizando este dispositivo mecâni-co da TAS não houve a necessidadeda colagem do acessório no incisi-vo lateral e o bloco de ancoragempara esta movimentação foi com-posto pelos dentes posteriores su-periores unidos por uma barra pa-latina.

1.1.4 - Alça para correção radi-cular

As alças para correção radicularsão segmentos de fio 0,017� x 0,025�de TMA ou aço inoxidável a serem en-caixados entre os segmentos anteriore posterior para movimentar as raízesno sentido mésio-distal nos dentesposteriores e no sentido vestíbulo-lin-gual, de incisivos. Quando o fio de açoé utilizado, helicóides de 3mm de diâ-metro são incorporados nas áreas pró-ximas ao encaixe nos braquetes e tu-bos, aumentando a flexibilidade daalça. Dependendo do tipo de ativaçãorealizada, forças verticais, intrusivasou extrusivas, podem ser geradas nosistema.

A FIG. 33 ilustra a ativação paradistalização radicular do canino em "V"simétrico, sem gerar forças verticais.Se a ativação for em "V" assimétricoforças verticais são geradas, comomostra a FIG. 34 quando se observa aposição neutra.

Uma forma de se conseguir a ver-ticalização de molar sem liberar forçaextrusiva está ilustrada na FIG. 35 (ati-vação em "V" simétrico).

Neste exemplo, todas os outrosdentes, com exceção do dente que sedeseja movimentar, são estabilizadoscom um arco retangular 0,019" x

0,025".Um tubo de Marcotte é inserido no

arco de estabilização para o encaixeda alça para correção radicular.

Uma ativação em "V" simétrico érealizada como indicada na FIG. 35,com objetivo de verticalizar o molarsem gerar forças extrusivas.

A FIG. 36 ilustra a ação da alçapara correção radicular. Trata-se deum paciente adulto com perda dosdentes 36 e 46 que apresentava incli-nações mesiais dos dentes 37 e 47.Forças extrusivas não poderiam ocor-rer, uma vez que o relacionamento demolares era de Classe II completa e a

FIGURA 28 - Alça retangular com ativação para distalização radicular do canino semforça extrusiva.

FIGURA 29 - Alça retangular com ativação para distalização radicular e intrusão docanino.

FIGURA 30 - Formas de correção da giroversão do canino.

FIGURA 31 - Extrusão do canino.

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FIGURA 32 - Extrusão e verticalização do canino superior.

FIGURA 33 - Alças de TMA para correção radicular dos caninos.

FIGURA 34 - Posições neutras das diferentes ativações.

FIGURA 35 - Alça para correção radicular de aço inoxidável para verticalização de molar.

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extrusão dos molares inferiores po-deria ocasionar uma rotação mandi-bular no sentido horário, dificultan-do o término do tratamento ou atécondenando o paciente a uma cirur-gia ortognática não prevista inicial-mente.

Observe a verticalização dos mo-lares inferiores com um aumento deespaço para prótese no lugar dosdentes 36 e 46, sem haver perda docontrole no sentido anteroposteriordo caso.

2. Nivelamento Inter-Seg-mentar

O nivelamento entre os segmen-tos é geralmente realizado com o au-xílio do arco de intrusão associado,

FIGURA 36 - Verticalização de molares.

FIGURA 37 - Arco de intrusão.

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muitas vezes, a aparelhos extrabu-cais, barra palatina, arco lingual,"cantilevers", etc. Este nivelamento éfeito tomando por base algumas ca-racterísticas tais como presença decurvas de Spee incorretas, exposiçãolabial de incisivos superiores, alturafacial ântero-inferior, idade do pacien-te, entre outras.

Existem quatro maneiras básicasde se corrigir uma mordida profunda:

1. Intrusão real dos dentes ante-riores.

2. Inclinação para vestibular dosdentes anteriores (intrusão relativa).

3. Extrusão dos dentes posteriores4. Combinação das anteriores .Dessas quatro maneiras, a intru-

são real dos dentes anteriores com umbom controle da inclinação é a maisdifícil de ser obtida. Este movimentorequer aplicação de forças de baixamagnitude e constantes na desativa-ção. Burstone preconiza a utilizaçãodo arco de intrusão entre os segmen-tos anterior e posterior com forças le-ves e constantes para evitar efeitoscolaterais no segmento posterior econseguir a intrusão desejada (80g deforça para os quatro incisivos superi-ores e 50g de força para os incisivosinferiores). Ainda para um melhor

controle, é realizada inicialmente aintrusão dos incisivos, seguidos pelaintrusão dos caninos, minimizando amagnitude das forças utilizadas e evi-tando grandes forças extrusivas nosegmento posterior. O controle da in-clinação dos dentes anteriores é feitoamarrando-se o arco de intrusão nofio de estabilização do segmento an-terior, de forma a direcionar a forçaintrusiva anteriormente, posterior-mente ou no centro de resistência des-te segmento.

O Arco de intrusão utiliza os mes-mos princípios do �cantilever�, comuma ativação característica no senti-do ocluso-cervical. Pode ser construí-do com fio 0,017� x 0,025� de TMAou 0,018� x 0,025� de aço inoxidávelcom helicóides. Este arco é preso aosegmento posterior pelo tubo horizon-tal auxiliar dos primeiros molares. Aparte anterior do arco de intrusão éamarrada em um ou dois pontos nofio de estabilização, não sendo encai-xado diretamente nas canaletas dosbraquetes dos dentes anteriores (FIG.37). Quando os incisivos apresentaminclinações normais é recomendadoatar o arco de intrusão no segmentoanterior próximo ao terço distal dosincisivos laterais. Se a vestibulariza-

ção dos incisivos é requerida reco-menda-se amarrar o arco de intrusãono segmento anterior entre os incisi-vos centrais.

Quando os incisivos se encontramvestibularizados está indicada a utili-zação do arco de intrusão de três pe-ças, que consiste do segmento ante-rior (quatro incisivos) estabilizados porum fio 0,021� x 0,025� com uma ex-tensão distal para o encaixe de dois�cantilevers� (FIG. 38).

Após a intrusão dos incisivos é fei-ta a estabilização dos mesmos com umarco contínuo com desvio nos caninose é iniciada a intrusão desses caninoscom dois �cantilevers�.

A inclinação vestibular dos incisi-vos pode ser conseguida com a utili-zação de arcos contínuos ou com ar-cos de intrusão amarrados numa po-sição anterior ao centro de resistênciado segmento anterior. A utilização defios de liga de níquel-titânio com cur-va de Spee reversa no arco inferior eacentuada no superior, pode dar ummelhor controle para se evitar a ex-trusão dos dentes posteriores.

Quando a combinação dos movi-mentos é requerida pode-se ligar oscaninos ao segmento anterior e colo-car níveis de força vertical maiores noarco de intrusão. Dessa forma obtém-se alguma intrusão no segmento an-terior e extrusão no segmento poste-rior. A extrusão do segmento posteri-or pode ser conseguida com aparelhosremovíveis com batente anterior, as-sociado ou não a aparelhos extrabu-cais com tração cervical.

O caso clínico ilustrado na FIG. 39mostra a correção da sobremordidaprofunda em que estava presente ini-cialmente uma assimetria na sobre-mordida. Para possibilitar a intrusãodos dentes anteriores inferiores foicolado um segmento de fio, devido aimpossibilidade da colagem de bra-quetes.

A vantagem oferecida neste caso éque pelo fato de se poder escolher oselementos ativos e de ancoragem, mo-vimentos maiores de um lado que dooutro podem ser planejados.

FIGURA 38 - Arco de intrusão de três peças.

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FIGURA 39 - Correção de sobremordida profunda assimétrica.

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3. Fechamento de EspaçosApós a fase de diagnóstico e pla-

nejamento do tratamento ortodônticomuitas vezes são necessárias extraçõesdentárias. O fechamento dos espaçosdas extrações pode ocorrer de três for-mas distintas:

a) somente retração anterior comcontrole da unidade de ancoragem deforma que ela não contribua com o fe-chamento dos espaços (ancoragemmáxima);

b) Combinação de retração anteriore protração dos dentes posteriores (an-coragem moderada);

c) Somente protração dos dentesposteriores, mantendo o segmentoanterior em posição (ancoragem mí-nima).

Burstone classificou a ancoragemrequerida em grupos A, B e C de acor-do com a necessidade de ancoragemde cada caso ser máxima, moderadaou mínima, respectivamente.

Para cada grupo de ancoragem fo-ram criados dispositivos mecânicoscom dobras de pré-ativação específi-cos com o objetivo de gerar os siste-mas de forças necessários.

Os dispositivos mecânicos utiliza-dos no fechamento de espaços pelaTAS são alças que não são influencia-das pelo atrito entre fios e braquetes.

As mecânicas que dependem dodeslizamento dos fios nos braquetesgeralmente tendem a utilizar forças degrande intensidade, uma vez que par-te delas são absorvidas pelo atrito en-quanto outra parte serve para a movi-mentação. Além disso, forças pesadasfavorecem a perda de ancoragem.

Nos casos de ancoragem do gru-po B são utilizadas alças em "T" con-

feccionadas com fio TMA 0,017" x0,025". Estas alças são posicionadascentralizadas na distância entre ostubos do segmento anterior (entre in-cisivo lateral e canino) e do segmen-to posterior (tubo auxiliar do primei-ro molar). São dadas dobras de pré-ativação (FIG. 40) de forma a simu-lar um "V" simétrico.

Estas alças geralmente são ativa-das 7mm gerando forças horizontaisde aproximadamente 340g. Após adesativação de 1mm a perda em in-tensidade fica em torno de 50 a 60g.Com este tipo de ativação inicialmen-te são geradas proporções momento/força de 7/1 ocasionando inclinaçõescontroladas nos segmentos anterior eposterior. Com a diminuição da força,após certa desativação vai ocorrendoum aumento na proporção momento/força gerando movimentos de trans-lação e posteriormente de correção ra-dicular. Após 3mm de desativação érecomendada nova ativação da alça.Este dispositivo mecânico não deve serativado a cada 3 semanas.

O caso clínico da FIG. 41 ilustra ofechamento de espaços com a alça em"T" do grupo B de ancoragem. Neste casoforam utilizados arcos de intrusão nor-mal no arco superior e de três peças noinferior antes do início do fechamentode espaços. Na fase de finalização arcoscontínuos foram utilizados para ummaior detalhamento da oclusão.

Para casos onde a ancoragem dogrupo A é requerida recomenda-se ouso da alça "T" deslocada para ante-rior. Uma dobra de 45 graus é feitapróxima do tubo do molar, gerandouma geometria em "V" assimétrico. Aativação feita nesta alça é de 4mm

produzindo forças horizontais porvolta de 200g. Acredita-se que essasforças leves facilitem a movimenta-ção dos dentes anteriores e dificultema dos posteriores devido a sua baixamagnitude. A dobra na parte poste-rior da alça produz uma proporçãomomento/força capaz de gerar incli-nação controlada no segmento ante-rior e ao mesmo tempo no segmentoposterior movimentos de translaçãoe correção radicular. Por ser mais fá-cil obter inclinação do que translaçãoou movimento radicular, a movimen-tação do segmento anterior ocorre demaneira muito mais significativa quea do segmento posterior. Após o fe-chamento dos espaços, alças paracorreção radicular são utilizadas paraa correção das inclinações axiais dosincisivos e caninos. A utilização deaparelho extrabucal no período no-turno nessa fase geralmente é sufi-ciente para manter o segmento pos-terior sem perda de ancoragem. A FIG.42 ilustra um caso clínico tratado comeste tipo de mecânica.

No grupo C de ancoragem é utili-zado o mesmo tipo de raciocínio sóque invertido. A alça fica deslocadapara posterior enquanto que a do-bra de pré-ativação é feita na parteanterior.

Em casos em que há a necessidadede retração parcial de caninos geral-mente esta é feita com o auxílio de al-ças em "T" centralizadas na distânciainter-braquetes (Grupo B). A diferençana ativação é a necessidade de colo-cação de dobras de anti-rotação alémda diminuição na quantidade de ati-vação (5mm). O caso clínico da FIG.43 ilustra a retração parcial dos cani-

FIGURA 40 - Alça �T� de retração: a) sem pré-ativações, b) com dobras de pré-ativação e c) após instalação.

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FIGURA 41 - Fechamento de espaços do grupo B de ancoragem (continuação na página seguinte).

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nos superiores e inferiores, sem gerarmovimentos de vaivém nos incisivoslaterais.

4. FinalizaçãoO detalhamento da oclusão, bus-

cando o melhor engrenamento e che-cando os contatos dentários duranteas excursões mandibulares nos movi-mentos funcionais, é realizado com ar-cos contínuos associados ou não aelásticos inter-maxilares.

A precisão nos pequenos movimen-tos requeridos nesta fase é melhorconseguida com a utilização de arcos

contínuos aos invés dos dispositivosmecânicos apresentados nos capítulosanteriores. Portanto, mesmo utilizan-do uma técnica guiada pelo planeja-mento dos "sistemas de forças" é ne-cessário o conhecimento da filosofiada "forma do arco" para a obtenção deresultados finais mais favoráveis.

Um exemplo clínico desta fase estáilustrado na FIG. 41.

Considerações FinaisNo dia a dia do ortodontista a apli-

cação de forças nos dentes para a mo-vimentação é uma constante. É de

suma importância que conceitos bio-mecânicos estejam bem claros paraque um melhor aproveitamento dosaparelhos ortodônticos e ortopédicospossa ser conseguido.

Burstone conseguiu de uma ma-neira bastante simples utilizar osprincípios biomecânicos aplicando-osem sua técnica. A TAS apresenta van-tagens indiscutíveis quando são ne-cessárias extensas movimentaçõesdentárias ou movimentações de den-tes com grande volume radicular. Aancoragem requerida para cada mo-vimento dentário planejado é bastan-

FIGURA 41 - Fechamento de espaços do grupo B de ancoragem (continuação da página anterior).

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FIGURA 42 - Fechamento de espaços do grupo A de ancoragem (continuação na página seguinte).

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FIGURA 42 - Fechamento de espaços do grupo A de ancoragem (continuação da página anterior).

FIGURA 43 - Retração parcial de caninos (continuação na página seguinte).

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ciente com relação a faltas. A perdadeste controle implica em sobrecorre-ção muitas vezes desnecessárias ou atémovimentações ocorrendo muito alémdo planejado. Isto se deve ao fato deque as ativações dos dispositivosortodônticos são bastante extensas emesmo que o paciente não retorne aoconsultório ortodôntico para nova ati-vação, a movimentação do elementoativo continua por vários meses.

A filosofia regida pelo "sistema deforças" pode ser utilizada associada aoutras técnicas. Para tanto é importan-te a definição dos elementos ativo ereativo (de ancoragem) e o conheci-mento do sistema de forças liberadopelos dispositivos ortodônticos mecâ-nicos a serem utilizados.

Como conclusão podemos afirmarque não existe uma técnica ideal paratodos os pacientes, mas sim situaçõesclínicas que são tratadas com muitomais facilidade se houver um domíniodas duas bases filosóficas existentes.

te estudada com o intuito de se evi-tar efeitos colaterais indesejados.

Outra característica importante aser ressaltada é a magnitude (forçasleves) e a constância das forças libe-

radas pelos dispositivos mecânicosapresentados. Se por um lado esta ca-racterística promove movimentosdentários eficientes e rápidos, por ou-tro requer um controle maior do pa-

FIGURA 43 - Retração parcial de caninos (continuação da página anterior).

AbstractThis work presents Burstone�s seg-

mented arch technique philosophy. Themechanical principles that are involvedin orthodontic movement are explored

showing the way in which many orth-odontic dispositives are used in thistechnique. A mechanical sequence andclinical cases are presented.

Uniterms: Orthodontics; Segmen-ted Arch Technique; Fixed applian-ces; Mechanics.

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