Tecnologia como ferramenta pedagógica

download Tecnologia como ferramenta pedagógica

of 13

description

Texto sobre o uso das tecnologias digitais a favor da educação, embora muitos professores não consigam usar na sala de aula mas tem colocado em prática a possibilidade de interação entre alunos e meios digitais.

Transcript of Tecnologia como ferramenta pedagógica

  • AULAS NA ERA DIGITAL: POSSIBILIDADES DE USO

    DA TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA PEDAGGICA

    Mitsa Karen Toledo C. Danielli

    Mesmo o mundo se rendendo tecnologia que consente ao homem abraar o planeta e

    explorar os seus pontos mais remotos, o humano fundamental.

    Nildo Lage

    RESUMO

    Este trabalho tem por objetivo mostrar que as prticas pedaggicas dificilmente

    podem oferecer avanos na educao sem antes inovarem a metodologia

    quanto utilizao das novas tecnologias. Para tanto, foram realizadas reviso

    bibliogrfica e entrevistas para coletar informaes. O resultado desse trabalho

    identifica uma dualidade: embora muitos professores ainda apresentem

    resistncia em mudar ou renovar prticas pedaggicas dentro do processo

    ensino-aprendizagem que o avano tecnolgico exige, outros encontraram

    maneiras para a obteno de uma aprendizagem em comunidade, bem como

    uma facilitao on-line bem sucedida combinando interao e conhecimento

    para atingir os objetivos propostos. Ressaltamos, na verdade, que a real

    importncia hoje no est em qual recurso tecnolgico usar na sala de aula,

    mas em como us-lo e com qual objetivo inseri-lo como ferramenta no

    processo ensino-aprendizagem.

    Palavras - chave: metodologia, tecnologia educacional, ensino

    INTRODUO

  • Em face das mudanas ocorridas no cenrio educacional, principalmente no

    que diz respeito insero de recursos tecnolgicos como ferramenta do

    trabalho pedaggico, possvel observar um confronto no qual alguns

    professores no conseguem aliar tecnologia e metodologia para fazer da aula

    um momento de encantamento e descoberta de novos saberes. Ser que

    possvel usar tantos recursos tecnolgicos durante as aulas, sem alterar ou

    ampliar a metodologia que guiar o processo ensino-aprendizagem?

    Muitos educadores se contentam em saber que na sala existem computadores

    ou quadros interativos, mas no sabem utiliz-los adequadamente. Esquecem

    que a ferramenta sozinha no ir solucionar dificuldades de aprendizagem,

    mas sim qual o objetivo e como essa ferramenta utilizada. Primeiramente,

    deve ocorrer transformaes metodolgicas, pois do contrrio no h recurso

    tecnolgico que possa dar conta dos problemas educacionais, uma vez que

    to importante dominar ferramentas de busca da informao e saber interpretar

    o que se escolhe (Moran,2009,p.108) e s depois poder adaptar ao contexto

    individual e regional incluindo cada informao dentro do universo de

    referncias pessoais do aluno.

    1. UTILIZAO DAS TECNOLOGIAS E SUAS INMERAS

    POSSIBILIDADES

    O educador no pode conformar-se com a ideia que o inovar tecnologicamente

    em educao seja ter computadores ou acesso internet. De acordo com

    Nogueira (2007) necessrio romper com metodologias anacrnicas, que

    podero potencializar-se negativamente quando aplicadas sobre e com as

    novas tecnologias.

    importante ressaltar que a tecnologia pode trazer benefcios para a

    educao. Para que isso ocorra, necessrio que o processo de ensino e

    aprendizagem passe por transformaes. No basta apenas usar uma nova

  • ferramenta segundo Nogueira (2007) s vale levar a tecnologia para a sala

    de aula se ela estiver a servio dos contedos, cooperando para enfrentar

    desafios atuais, como encontrar informaes na internet e se localizar em um

    mapa virtual, por exemplo. Entre os professores, a disseminao de

    computadores, internet, celulares, cmeras digitais, e-mails, mensagens

    instantneas, banda larga e uma infinidade de produtos da modernidade

    vieram para transformar os mtodos e didticas apresentadas at o momento

    presente, nos diversos setores que compreendem as reas do conhecimento.

    Deste modo, a tecnologia educacional tem que se submeter aos objetivos

    educacionais, de modo que ajude a enriquecer as aulas com tantos recursos

    apresentados como novas fontes de informao e conhecimento e que, ao

    mesmo tempo, preocupe-se com a adequao de todas as partes envolvidas

    nesse processo adaptativo, a saber, os educandos, a escola, o professor e

    toda comunidade participante.

    1.1 - IMPLICAES SOBRE O PAPEL DA METODOLOGIA NA ERA DA

    EDUCAO DIGITAL

    Dado o fato de que a sociedade contempornea vive uma nova era, h,

    provavelmente, muito que se repensar, rever e reorganizar, para que os

    recursos tecnolgicos no massacrem a metodologia eficaz, mas que se

    adque ao processo de interao para que a educao seja priorizada. Deve-

    se ter em mente que no suficiente inserir a tecnologia na educao, mas

    saber us-la de forma apropriada em termos de prtica pedaggica. Ao se

    inserir recursos de tecnologia na prtica pedaggica, independentemente dos

    recursos de suporte ou artefatos disponveis, primordial fundamentar em

    prticas que chamem o interesse dos aprendizes (Santos, 2009).

    Junto ao novo cenrio da escola no sculo XXI, h tambm que se considerar

    que o aluno de hoje, sujeito central no processo de aprendizagem, no o

    mesmo de tempos atrs: a gerao contempornea de aprendizes apresenta

    caractersticas como ateno fragmentada e orientao por imagens

  • (Vetromille-Castro, 2003). Portanto, so alunos que, guiados por imagens,

    prestam ateno em tudo e em nada ao mesmo tempo. Se, por exemplo, no

    computador no h algo que realmente os atraia, partem para outra atividade

    imediatamente.

    Por razes como essa, esperado do profissional docente que ele

    corresponda aos novos parmetros vigentes e s novas expectativas dos

    aprendizes, da sociedade da informao e da era digital (Santos, 2009). De

    fato, pode-se constatar que h um novo paradigma na rea da educao,

    incidindo sobre nossas aes e percepo de mundo.

    O professor hoje utiliza a Internet ou o MP4, mas pode tambm fazer uso, por

    exemplo, do rdio, do quadro de giz, do painel na parede ou de cartelas de

    Bingo e cada um desses recursos contribui em atividades especficas,

    realizadas com os alunos. Nesse ponto, a educao uma rea verstil (ou

    talvez o professor deva desenvolver em si essa versatilidade, incorporando na

    sua prtica recursos tecnolgicos variados, dependendo da disponibilidade e

    da finalidade).

    1.2 - O PAPEL DO PROFESSOR NA ERA TECNOLGICA

    Um dos desafios a serem superados pelo professor a necessidade de saber

    usar cada uma dessas ferramentas como instrumento de construo do saber.

    As instituies preocupam-se em derramar uma enxurrada de aparelhos e

    equipamentos nas escolas, mas no se preocupam em dotar os professores de

    competncias que lhes permitam utilizar as novas tecnologias.

    Por outro lado, percebemos que alguns educadores pouco fazem para se

    adaptarem a esse processo que est em constante mudana, como pontua

    Freire (2001) quando diz que a resistncia do professor se d em face da

    opresso contida na sociedade e no universo que acreditam na educao

    como prtica dominadora, e no como forma de liberdade. O mtodo freireano,

    entretanto, no ensina a mera repetio de palavras, mas coloca o educando

    numa posio de poder, de re-existenciar as palavras de seu mundo. Nesse

  • aspecto, o professor o mediador entre aluno e as ferramentas disponveis,

    gerenciando novas prticas e construindo (ou adequando) novas metodologias

    para isso.

    O profissional da educao que almeja competncia e qualidade hoje deve

    segundo Brito (2006) no apenas saber manipular as ferramentas tecnolgicas,

    mas incluir sempre em suas reflexes e prticas didticas a conscincia de seu

    papel em uma sociedade tecnolgica. Se o profissional estiver pronto para

    fazer uso apropriado de suportes tecnolgicos na sua prtica pedaggica,

    deve-se considerar a relevncia do uso adequado daqueles suportes (Santos,

    2009). Mas, o uso de tecnologia no significa necessariamente um bom ensino.

    Na realidade, muitas vezes falta a conscincia de que deve prevalecer o lado

    humano, com todas as suas competncias e profissionalismo, no sendo os

    recursos de apoio nenhum milagre ou substituto do professor, agente

    fundamental em qualquer situao de ensino-aprendizagem. Entretanto,

    independentemente da formao bem-sucedida ou no, h nas escolas

    profissionais temerosos da tecnologia, ou simplesmente desinteressados nela

    (Santos, 2009). Ainda existem profissionais na rea educacional que, por

    alguma razo, no aceitam ou no conseguem se familiarizar com recursos

    tecnolgicos modernos, assim como h aqueles que supervalorizam os

    recursos de apoio, vendo-os como solues milagrosas. Limitaes ou

    problemas parte, h que se considerar que as influncias / alteraes na

    linguagem e na comunicao devido Internet e s novas Tecnologias da

    Informao e Comunicao (doravante TICs) constituem fato inegvel, e os

    professores precisam estar atentos, acompanhando os fenmenos que esto

    ocorrendo, a fim de se prepararem para prticas docentes contextualizadas

    devidamente dentro do sculo XXI.

    1.3 O ALUNO COMO CONSTRUTOR E PARTICIPANTE DA NOVA

    REALIDADE EDUCACIONAL

  • Aceitar inovaes e novos mtodos que auxiliem no trabalho educacional dos

    docentes, repensar o trabalho didtico, todo o processo pedaggico para um

    progresso significativo na relao ensino-aprendizagem. Mas e os alunos? H

    de se considerar os aspectos que envolvem a participao (e influncia at)

    dos alunos neste quadro recente no histrico educacional.

    A escola um dos ambientes da sociedade onde as mudanas acontecem

    mais devagar com cautela pois uma instituio muito conservadora.

    Neste momento, podemos dizer que ela est em crise, devido a essas

    mudanas surgidas pelo avano da tecnologia. preciso entender que essas

    mudanas no ocorrem alheias escola, mas que permeiam as reas

    profissionais e pessoais. Situaes que ocorrem fora do mbito escolar

    influenciam seu funcionamento interno e, por isso, a escola no deve assumir

    uma postura imparcial diante dos acontecimentos . Uma postura de

    reconhecimento e considerao das produes dos alunos nessa perspectiva

    poder colaborar com avaos significativos na escola.

    Em uma entrevista Ferreiro (2001) afirma que o conceito de alfabetizado hoje

    no mais o mesmo de 40 anos atrs do ponto de vista dos usos sociais da

    escrita no mundo contemporneo, com uma complexidade cada vez maior.

    Ferreiro (2001) afirma que:

    Ser alfabetizado hoje poder transitar com eficincia e sem temor

    numa intrincada trama de prticas sociais ligadas escrita. Ou seja,

    trata-se de produzir textos nos suportes que a cultura define como

    adequados para as diferentes prticas, interpretar textos de variados

    graus de dificuldade em virtude de propsitos igualmente variados,

    buscar e obter diversos tipos de dados em papel ou tela e tambm, no

    se pode esquecer, apreciar a beleza e a inteligncia de um certo modo

    de composio, de um certo ordenamento peculiar das palavras que

    encerra a beleza da obra literria. Se algo parecido com isso estar

    alfabetizado hoje em dia, fica claro por que tem sido to difcil. Tenho

    duas classes de ps-graduao e continuo alfabetizando meus alunos,

    porque a primeira vez que enfrentam um certo tipo de texto que

    apenas a literatura especializada produz e difcil de ler. Alm disso,

    eles tm de escrever um objeto denominado tese, que tambm no

    fcil de escrever, primeiro porque algo que se produz apenas uma ou

    duas vezes na vida e nunca mais; segundo porque uma combinao

  • de texto descritivo e argumentativo, com caractersticas prprias. Ler

    fazendo uma pesquisa na internet um modo particular de ler, tirando

    informaes e tomando decises rapidamente. Os tempos de utilizao

    da internet podem ser prolongados, mas o mais comum que se faa

    um uso gil. No o mesmo que entrar numa biblioteca (Ferreiro,

    2001).

    Ainda de acordo com Ferreiro (2001), os alunos hoje podem no ler livros com

    a mesma assiduidade de antes, mas tm praticado a leitura e a escrita com

    mais entusiasmo na internet. S preciso levar em conta a diversidade de

    propsitos, de circunstncias, de tempo e de organizao. H alguns anos

    atrs no tnhamos e-mails, chats ou blogs como gneros textuais. Por isso

    to ambguo o discurso sobre a introduo das tecnologias no mbito escolar.

    Se muitos professores no sabem bem o que fazer com ele, os alunos tambm

    demonstram uma dualidade na inteno de uso desses recursos:

    entretenimento ou estudo? afinal, ainda existem pessoas que no aceitam a

    ideia de aliar internet aos estudos como vlida.

    Aps a instalao de laboratrios de informtica nas escolas, tanto particulares

    como pblicas, nos encontramos diante de novos alunos, por isso precisamos

    de novos professores capacitados e dispostos a entender a dinmica do uso

    da tecnologia no ambiente escolar, com um novo perfil que demanda uma

    dedicao muito maior fora da sala de aula do que dentro dela. Afinal, grande

    parte (ou quase toda) do que os alunos sabem a respeito da utilizao desses

    recursos, eles aprenderam fora da escola! Faz parte dos seus hbitos na

    Internet (Moran, 2009). Baseados nesse pressuposto de que o professor deve

    incontestavelmente saber receber aquilo que os alunos trazem como

    conhecimento tecnolgico ou digital, podemos afirmar que preciso que os

    professores se apropriem dessa linguagem e explorem com seus alunos as

    vrias possibilidades deste novo ambiente de aprendizagem, e no podem ficar

    fora desse contexto, deste mundo virtual que seus alunos dominam. Portanto

    cabe ao professor direcionar suas aulas, adaptando e aproveitando o que a

    internet pode oferecer de melhor.

  • 2. O QUE ESPERAR DE AULAS PLANEJADAS E PRODUZIDAS

    A PARTIR DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAO

    De acordo com Moran (2009) aprendemos melhor quando vivenciamos,

    experimentamos, sentimos. Aprendemos quando relacionamos, estabelecemos

    vnculos, laos entre o que estava solto, disperso, integrando-o em um novo

    contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido. Neste sentido, o

    educador deve levar em conta desde o planejamento at e execuo da aula

    que o aluno precisa experimentar, e no s analisar o conhecimento que lhe

    oferecido. As TIC (Tecnologias da Informao e Comunicao) esto mais

    prximas dos educandos do que podemos imaginar no celular, no

    computador, nos consoles. Trata-se de uma experincia jamais vivida pela

    humanidade - talvez no se tenha noo de quo imensa e radical essa

    pletora de mudanas emergentes, sendo que a nica revoluo similar na

    histria talvez tenha sido a inveno da escrita (Santos, 2009).

    Um dos eixos das mudanas na educao passa pela sua transformao em

    um processo de comunicao autntica e aberta entre professores e alunos

    (Moran, 2009), principalmente, incluindo tambm administradores, funcionrios

    e a comunidade, principalmente os pais. S vale a pena ser educador dentro

    de um contexto comunicacional, participativo, interativo, vivencial. Com ou sem

    tecnologias avanadas podemos vivenciar processos participativos de

    compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribudo) atravs da

    comunicao mais aberta, confiante, de motivao constante, de integrao de

    todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicao, num processo

    dinmico e amplo de informao inovadora, re-elaborada pessoalmente e em

    grupo, de integrao do objeto de estudo em todas as dimenses pessoais:

    cognitivas, emotivas, sociais, ticas e utilizando todas as habilidades

    disponveis do professor e do aluno.

    Habilidades para lidar com as TIC tornou-se demanda no mercado de trabalho

    e, alm disso, as TIC esto presentes na sala de aula como artefatos para

    ensinar ou para suprir apoio pedaggico ao professor. Alia-se a esse contexto

  • a questo de que nas ltimas dcadas do sculo XX, o modelo pedaggico

    tradicional comeou a dar sinais claros de desgaste, visto que no mais atende

    s necessidades da sociedade ps-moderna conforme alerta Passarelli

    (2007,p.41). Segundo Grinspun (2001, p.76), a tecnologia o pano de fundo, o

    prprio quadro referencial no qual todos os outros fenmenos sociais ocorrem.

    Na realidade, j no se pode imaginar a educao na ps-modernidade sem o

    potencial das tecnologias de comunicao e informao (Passarelli, 2007), pois

    as TIC, como parte do paradigma emergente da contemporaneidade, esto

    sendo incorporadas s prticas pedaggicas, num caminho aparentemente

    sem retorno.

    At mesmo a leitura ganhou novas formas, meios e instrumentos temos

    agora, por exemplo, a leitura no ciberespao e o gnero literrio virtual. Nas

    palavras de Mendes (2008), a comunicao mediada pelo uso do computador

    e sua relao com os textos inerentes a esse contexto tecnolgico de produo

    solicitam dos sujeitos uma nova postura como leitores e escritores. agora

    necessrio que a escola oferea ao aluno o letramento digital, evitando assim o

    analfabeto digital, inserido numa sociedade digital em praticamente todas as

    reas do trabalho, do conhecimento, da informao e do lazer (Santos,2009).

    A tecnologia, medida que evolui, vai mobilizando e moldando todos os

    setores da sociedade. Na rea educacional essas mudanas so mais

    frequentes e interferem significativamente nas demais reas do indivduo.

    Podemos fazer aqui uma retrospectiva das tecnologias que inovaram a

    educao antes do boom da internet, para confirmarmos como essas

    modificaes na educao alteram todos os setores na sociedade.

    Primeiramente destacamos o rdio (na dcada de 40, acreditavam que estava

    para comear uma poca na qual o rdio seria to comum na sala de aula

    quanto o quadro-negro) (Cuban, 1986). Entretanto, alguns problemas como a

    falta de recepo, dificuldades de compatibilidade de horrios, programas sem

    relao direta com o currculo e a falta de interesse dos professores no

    tornaram possvel o uso dessa ferramenta como se esperava. E aquilo que era

    tido como avano estagnou-se e foi substitudo rapidamente.

  • O sucessor do rdio foi uma outra tecnologia educacional, hoje um tanto

    esquecida, que eram os cursos por correspondncia (a educao a distncia

    em sua verso primitiva), que na dcada de 70 era bastante popular e

    acessvel no Brasil, mas que tambm teve seus mtodos questionados no

    decorrer dos anos e do processo educacional. A televiso merece destaque

    (dcadas de 50 e 60), pois, segundo Cuban (1986) Houve trs padres de uso

    para a TV nas escolas: programas instrucionais apresentados por um professor

    na TV; instruo suplementar via TV; e a TV como recurso auxiliar do

    professor, situao na qual o professor decide o que e quando assistir sendo

    essa a conduta dominante desde os anos 1950. No incio dos anos 80

    comearam a discutir as falhas do uso da TV na educao.

    Finalmente surge a era do computador, trazendo uma nova forma de refletir o

    processo de escrita-leitura sob uma nova perspectiva de linguagem digital, que

    com o passar dos anos s aumentou, at chegar ao cenrio atual: e-mail, wiki,

    moodle, onde as tecnologias digitais trouxeram educao novas

    possibilidades, como a aplicao escolar do ipod, da TV digital, da robtica, do

    MP4 ou do quadro digital, por exemplo.

    Assim, hoje o ato de aprender pode no ser mais to rduo para o aprendiz,

    como j o foi. Pode-se aprender com prazer, com o ldico, sem perda dos

    objetivos educacionais. No entanto, o sucesso dos recursos tecnolgicos nas

    aulas encontra-se embasado num elemento humano por trs da mquina,

    como um conjunto de profissionais trabalhando na aplicao das tecnologias

    sobre o ensino, ou seja, recursos humanos responsveis pelo desenvolvimento

    e distribuio de materiais baseados em tecnologia, para o aprendizado

    (Bush,1997).

    Caso o professor queira fazer uso dos recursos tecnolgicos, com relao ao

    trabalho na prtica, por exemplo, ao selecionar softwares para uso em sala de

    aula ou ao montar uma atividade com a Internet, essencial que ele proponha

    aos alunos algo consistente, desafiador, inteligente (jamais atividades que os

    subestimem e faam com que achem a aula enfadonha e percam o interesse),

    tal como foi salientado por Coscarelli (2003):

  • Precisamos propor atividades que ofeream desafios para os

    alunos, que desenvolvam suas habilidades intelectuais como o

    raciocnio e a soluo de problemas, que os estimulem a

    buscar mais informao sobre determinado assunto e a

    encontrar uma soluo satisfatria para um problema, que os

    levem a estabelecer relaes entre as informaes, a

    desenvolver a criatividade, a autoconfiana, a cooperao entre

    os colegas, bem como a desenvolver a autonomia da

    aprendizagem.(Coscarelli,2003 p.95)

    Assim, fatores diversos vm exigindo que o docente de hoje busque uma

    postura de adequao s caractersticas dos novos aprendizes, o que envolve,

    alm de conhecimento, uma parcela de flexibilidade, competncia e clareza de

    objetivos na prtica pedaggica (Santos,2009).

    CONSIDERAES FINAIS

    As tecnologias ajudam a realizar o que j feito ou que desejado. Para

    professores flexveis, elas ajudam a ampliar a comunicao; para os

    tradicionais, ajudam a controlar mais. Se tem propostas inovadoras, facilitam a

    mudana. Por isso, o professor necessita lembrar de que tambm aprendiz,

    em se tratando de novas TIC. Dificilmente ele pode acompanhar e lidar

    tecnicamente com os novos recursos e ferramentas como a gerao de

    aprendizes do sculo XXI (Santos, 2009). Podemos, ento, considerar a

    possibilidade de que o professor algumas vezes usa ou reproduz o que ele

    prprio tenha vivenciado em sua formao, ou seja, como lembra Celani

    (2002), muitas vezes, as formas pelas quais aprendemos determinam, em

    parte, as formas pelas quais ensinamos.

    fato que a educao no Brasil e no mundo hoje tem que capacitar os

    indivduos para os novos tempos que j chegaram, como lembra Grinspun

    (2001,p.63), pois s assim possvel usar a tecnologia para educar,

    escolhendo os equipamentos que facilitam o trabalho do professor e o

    aprendizado dos alunos, associando um bom projeto pedaggico para enfim

  • justificar a importncia do profissional educador, de qualquer rea, estar

    tecnologicamente capacitado para inserir os recursos das TIC em suas prticas

    docentes.

    Ter objetivos reais e coerentes com a necessidade do aluno na prtica o

    caminho para aulas contextualizadas, dinmicas e mais agradveis. Cada

    modalidade de ensino tem o seu lugar e papel, cabe aos profissionais se

    posicionarem como docentes que buscam a qualidade no trabalho que

    desempenham, defendendo o seu espao, qualquer que seja ele. Pleitear a

    qualidade passa por uma prtica pedaggica com recursos atualizados e

    adequados ao sculo XXI e as demandas existentes nesse contexto (Santos,

    2009).

    Aps a verificao na literatura sobre os objetivos educacionais da situao em

    questo pode-se afirmar que a incorporao das TICs nos objetivos e prticas

    educacionais essencial e relevante.

    Sempre haver conflito entre o que se faz e o que poderia ser feito. Como

    afirmou Bachelard (1968), a insatisfao um motor de mudana e o erro

    constitui parte das tentativas de melhoria.

    REFERNCIAS

    _________Nildo Lage na sesso A fala do mestre, no texto Relativismo na

    educao, da Revista Construir (ano 12, agosto de 2013)

    BACHELARD. G. Essai sur la connaissance approche. Paris : Vrin, 1968.

    BRITO, G.S. Educao e novas tecnologias: um re-pensar. Curitiba: Ibpex,

    2006.

    BUSH, M. D. (ed.). Technology-enhanced language learning. Chicago: NTC,

    1997.

    CELANI, M. A. A. (org.). Professores e formadores em mudana. Campinas:

    Mercado de Letras, 2002.

  • COSCARELLI, C. V. (org). Novas tecnologias, novos textos, novas formas

    de pensar. Belo Horizonte: Autntica, 2003.

    COSTA, JOS WILSON DA (org.). Novas linguagens e novas tecnologias.

    Petrpolis: Vozes, 2004.

    CUBAN, LARRY. Teachers and machines: the classroom use of

    technology since

    1920. New York: Teachers College Press, 1986.

    FERREIRO, E. O ato de ler evolui. Revista Nova Escola, entrevista com a

    psicolinguista Emlia Ferreiro, publicado em Junho de 2001. Disponvel em: <

    http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/ato-ler-

    evolui-423536.shtml > Acesso em: 13 set. 2011.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido 30 anos depois. In: FREIRE. A. A.F.

    Pedagogia dos Sonhos Possveis. So Paulo: Unesp, 2001.

    GRINSPUN, Mirian P. S. ZIPPIN (org.). Educao tecnolgica: desafios e

    perspectivas. So Paulo: Cortez, 2001.

    MORAN, J.M. A educao que desejamos: Novos desafios e como chegar

    l - 4 ed, Papirus, 2009.

    NOGUEIRA, N. Entrevista com o Doutor em Educao pela USP SP,

    Professor Nilbo Nogueira, disponvel em:

    Acesso em 09 de

    junho de 2011.

    SANTOS, R. M. dos. As tecnologias e o ensino de ingls no sculo XXI:

    Reflexos na formao e na atuao do professor. 2009. 147 f.

    Dissertao (Mestrado em Educao Tecnolgica) CENTRO FEDERAL DE

    EDUCAO TECNOLGICA DE MINAS GERAIS 2009

    VETROMILLE-CASTRO, R. O papel da usabilidade no ensino de Ingls

    para leitura mediado por computador. (Dissertao de Mestrado) Pelotas:

    Universidade Catlica de Pelotas, 2003. 115 f.