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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO APLICADA À GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Marcelo Correa Machado
(UFF)
Resumo: A atual ritmo em busca da normatização das atividades em todos os setores da sociedade transforma a gestão empresarial moderna. A implantação de sistemas de gestão da qualidade, meio ambiente, segurança ocupacional e responsabilidade social, através de suas normas específicas, ou sistemas de gestão, de forma integrada e através de sistemas informatizados, bem como a compreensão dos efeitos e impactos destes novos sistemas de gestão dentro das organizações ainda representam um grande desafio. Este artigo aborda, através de uma pesquisa aplicada, exploratória e descritiva, por revisão bibliográfica e documental, a evolução histórica do conceito de responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e o uso da informática na gestão empresarial. A questão da responsabilidade social cresce e ganha força a cada dia e podemos observar iniciativas rumo à sustentabilidade em todos os continentes, com maior ou menor intensidade. Porém, no Brasil este movimento ainda é embrionário e a grande maioria das empresas ainda não utiliza uma solução de TI em sua gestão.
Palavras-chaves: Responsabilidade Social, Sistemas de Gestão, Gestão Informatizada,
ABNT NBR 16001
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável, principalmente após
o termo ganhar notoriedade em escala global com a Rio-92, estimula, em vários
segmentos da sociedade, novos conceitos que possam proporcionar cada vez mais um
incremento da sustentabilidade nas ações humanas. Dentre eles, a ideia da
responsabilidade social (RS) é um dos que mais se destaca de forma interdisciplinar.
A gestão da RS tem um grande marco com o trabalho realizado pela International
Standard Organization (ISO), que lança, em novembro de 2010, a primeira norma
Internacional de gestão da responsabilidade social, a ISO 26000 – Diretrizes sobre
Responsabilidade Social. Dessa forma, a ISO proporciona o que pode ser a base para a
unificação dos vários conceitos e ferramentas de gestão da RS em um documento comum,
possibilitando novas iniciativas que impulsionem ainda mais a ideia do desenvolvimento
sustentável.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) já disponibiliza
desde 2004 uma norma brasileira (NBR) de gestão da responsabilidade social: a ABNT
NBR 16001. Esta norma, diferentemente da ISO 26000, é uma ferramenta de gestão que
permite certificação através de auditoria externa. A ABNT NBR 16001 passou por
processo de revisão durante o ano de 2011, logo após o lançamento da norma
internacional ISO 26000, tendo sido publicada a nova versão ABNT NBR 16001 em
meados de 2012.
A inclusão da RS como ferramenta de gestão empresarial é fundamental para que
seu objetivo maior - contribuir para que o desenvolvimento sustentável (ISO 26000, pg.
Vii) - fique mais próximo de ser realizado. Objetivo este que se inicia efetivamente a
partir da criação do Clube De Roma, em 1968, e da edição em 1972 do relatório
encomendado ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) intitulado “Os Limites do
Crescimento”. Desde então, eventos nos quais a sustentabilidade das atividades humanas
são o tema principal surgem ao redor do mundo.
Surgem novos conceitos sobre desenvolvimento sustentável e o mais aceito foi
aquele proposto no documento Our Common Future (Nosso Futuro Comum, WCED,
1987), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
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também conhecido como Relatório Brundtland, que definia o desenvolvimento
sustentável como sendo o “desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações”.
Este conceito teve grande importância durante a Conferência da Organização das
Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável, também
chamada de Cúpula da Terra ou Rio-92, sediada no Rio de Janeiro. Com a disseminação
deste conceito após a Rio-92 o interesse sobre a sustentabilidade cresceu e se globalizou
(Maia & Pires, 2011).
A recém-lançada ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social busca uma
padronização, ou homogeneização entre os conceitos de RS e desenvolvimento
sustentável. Embora seja um processo que demandará tempo até que um resultado prático
seja observado, este pode ser o caminho para que o consenso seja atingido, permitindo
assim o estabelecimento da RS como mais uma ferramenta universal de gestão.
Enquanto isso, a adoção de soluções que envolvem tecnologia da informação TI na
gestão corporativa é cada vez mais presente, enquanto o acesso a equipamentos e
sistemas de informação se torna constantemente mais fácil em um cenário de
globalização extrema e de competitividade cada vez mais intensa.
Almeida (1997) afirma que a utilização de soluções tecnológicas para tratamento
da informação é conhecida há séculos, sendo o ábaco, usado desde o século VIII antes de
Cristo, talvez o exemplo mais antigo.
A busca por um desenvolvimento sustentável a partir da década de 70 culminou
com o lançamento da norma internacional ISO 26000 – Diretrizes sobre
Responsabilidade Social, em Novembro de 2010. A crescente complexidade envolvendo
sistemas de gestão, especialmente quando estes passam a compor um SIG, coloca em
evidência a demanda pelo uso de sistemas informatizados que proporcionem agilidade e
velocidade de acesso às informações envolvidas no processo da gestão empresarial.
Dentro deste cenário, onde a capacidade de incremento da gestão se torna cada vez
mais necessária e se transforma em diferencial competitivo para as organizações, o
entendimento sobre a gestão da responsabilidade social pelas empresas que buscam
implementar tal ferramenta se torna um fator crítico de sucesso em tal processo.
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Portanto, o uso de sistemas de TI na gestão da responsabilidade social pode se
transformar em um grande diferencial competitivo se considerado corretamente dentro da
estratégia empresarial, ou em um grande problema caso não seja avaliado de forma
adequada.
Este trabalho foi elaborado com base nos métodos e técnicas de pesquisa descritos
por Gil (2011) e Booth et al. (2005). Os conceitos dos autores se complementam,
enquanto Gil (2011) mantém seu foco na questão científica da pesquisa e Booth et al.
(2005) observa a satisfação de atender a curiosidade da descoberta sobre algo inédito,
por mais idealista que possa parecer. Se baseia em uma pesquisa aplicada, buscando,
através de uma rev8isão bibliográfica sobre a realidade do uso da TI na gestão da RS,
identificar oportunidades de melhoria no processo. É também exploratório e descritivo,
pesquisando sobre o desenvolvimento de conceitos ainda recentes acerca do
desenvolvimento sustentável, da RSC e do uso de TI na gestão de um SGRS, ao mesmo
tempo em que busca entender como tais conceitos e ferramentas já existem em uma
população reduzida que busca a aplicação destas ferramentas, dentro do universo das
empresas brasileiras.
2 GESTÃO EM BUSCA DE UM DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Após a ISO 9001 se consolidar a partir de sua primeira edição, em 1987, como a
primeira ferramenta de gestão amplamente aplicada por todo o mundo as empresas
interessadas em desenvolver ainda mais sua capacidade organizacional começaram a
expandir os horizontes da gestão, principalmente utilizando normas baseadas no sistema
PDCA. Passaram também a promover a gestão do meio-ambiente, da segurança e a saúde
no trabalho, e mais recentemente, da gestão da RS.
Soratto et al. (2006) demonstra o que chama de “clara tendência na evolução e
disseminação dos sistemas de gestão” em uma análise histórica desta evolução conforme
mostrada na figura 3.
Figura 1 - Evolução dos sistemas de gestão normalizados
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Fonte: Soratto et al. (2006)
A crescente complexidade envolvendo sistemas de gestão, especialmente quando
estes passam a compor um sistema de gestão integrado (SGI), coloca em evidência a
demanda pelo uso de sistemas informatizados que proporcionem agilidade e velocidade
de acesso às informações envolvidas no processo da gestão empresarial.
Barbieri (2007) coloca que o ciclo PDCA permite elaborar planos de trabalhos
para qualquer área-problema de modo contínuo, tornando-se desse modo uma
metodologia básica para que se alcancem permanentemente novos padrões de
desempenho.
Certamente que a figura 1 acima nos mostra apenas alguns dos tipos de sistemas
de gestão, principalmente aqueles voltados à certificação com normas editadas pela ISO,
ou OHSAS, ou outro órgão normalizador internacional. Porém, é fundamental o
entendimento de que cada uma das normas principais possui uma série de outras normas
complementares, desenvolvidas ao longo do tempo em função da necessidade de
melhoria contínua e pela especificidade de cada indústria e seus processos produtivos
únicos. Estas normas são chamadas de normas setoriais.
A busca por um desenvolvimento sustentável a partir da década de 70 estimulou o
surgimento e evolução do conceito de RS, culminando com o lançamento da norma
internacional ISO 26000 – Diretrizes sobre Responsabilidade Social, em Novembro de
2010. A partir do lançamento da ISO 26000, a ABNT inicia um processo de reformulação
da versão editada em 2004 da norma brasileira, a ABNT NBR 16001.
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Dentro deste processo global em busca de um patamar cada vez mais sustentável
para as atividades empresariais, as normas de RS vêm colaborando para que as
organizações promovam sua gestão utilizando tais ferramentas. Isso suscita, além de uma
melhoria da governança corporativa, um evidente diferencial competitivo entre as
organizações.
É também de fundamental importância a compreensão do impacto que a tecnologia
da informação pode representar na gestão empresarial, especialmente se a empresa usar
mais de um sistema de gestão.
Portanto, o uso de sistemas de TI na gestão da responsabilidade social pode se
transformar em um grande diferencial competitivo se considerado corretamente dentro da
estratégia empresarial, ou em um grande problema caso não seja avaliado de forma
adequada.
3 RESPONSABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Responsabilidade social, responsabilidade social corporativa, ou mesmo
responsabilidade social empresarial. Ainda que diversamente nomeado, o conceito de RS
se mantém hoje um tema amplamente discutido. A ISO reconhece que “o termo torna-se
mais largamente utilizado no início da década de 70, embora vários aspectos da RS já
fossem objeto da ação de organizações e governos desde o final do século XIX, e em
alguns casos até mais cedo”. (ISO 26000, 2010)
Felden et al. (2007) aponta que “para alguns autores, a única responsabilidade de
uma empresa é para com a geração de lucro, enquanto que, para outros, por usarem
recursos oriundos da sociedade, as empresas devem manter atitudes éticas e responsáveis
com todas as suas partes interessadas (stakeholders)”.
Para Friedman (1970), em seu controverso artigo no The New York Times, a única
responsabilidade social das empresas seria a utilização de todos os seus recursos em
atividades que visem a aumentar seus próprios lucros. O autor vai ainda além ao dizer
que as empresas, ou os negócios, não poderiam ter “responsabilidade social”, o que
caberia somente a indivíduos, não a organizações. Friedman (1970) afirma ainda que
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“Homens de negócios ou executivos não deveriam ter outras preocupações além de
devotar sua lealdade e trabalho aos seus empregadores, que esperavam deles o máximo
esforço para que o negócio retornasse o melhor resultado financeiro possível dentro das
leis vigentes, da ética e dos melhores costumes”.
Importante perceber, porém, que conceitos tais como filantropia ou cidadania
empresarial se misturam e algumas empresas ainda alegam ser socialmente responsáveis
por apoiarem determinado projeto para a comunidade no seu entorno, ou mesmo afastada.
Felden et al. (2007) esclarece de forma exemplar esta diferenciação na tabela 1, abaixo.
Tabela 1 - Conceitos de atuações sociais advindos da sociedade pós-industrial
Filantropia empresarial A filantropia empresarial pode ser conceituada como ação social, de natureza
assistencialista, caridosa e temporária.
O ato filantrópico praticado pela empresa não garante que a mesma esteja
trabalhando de acordo com a legislação trabalhista e fiscal ou respeitando o meio
ambiente.
Cidadania Empresarial O termo cidadania empresarial é utilizado para designar o envolvimento de
empresas em programas sociais, incentivo ao trabalho voluntário,
compartilhamento de seus conhecimentos gerenciais, de desenvolvimento de
parcerias com fundações e associações e de apoio a projetos sociais.
RESPONSABILIDADE
SOCIAL CORPORATIVA
A definição de responsabilidade social corporativa é o conceito que engloba toda
a cadeia produtiva da empresa, designa atenção tanto ao seu público interno como
para os agentes externos, ou seja, a sociedade. Mas deve englobar também a
prática do dialogo e da gestão que resultem em um relacionamento transparente
das empresas com os demais públicos como: empregados, consumidores, clientes,
fornecedores, governos e sociedade.
Fonte: Felden et al. (2007)
Já Ramos (2010) nos traz um comparativo entre filantropia, RS e desenvolvimento
sustentável, demonstrando aspectos comuns entre os três conceitos, porém com
dimensões bastante diferenciadas na questão prática de seus resultados.
Tabela 2 - Diferenças entre filantropia, responsabilidade social e desenvolvimento sustentável.
Filantropia Responsabilidade Social Desenvolvimento sustentável
Ação individual e voluntária Ação coletiva Ação global
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Fomento da caridade Fomento da cidadania Fomento de sustentabilidade para as
gerações futuras
Base assistencialista Base estratégica Base continuidade de vida
Restrita a empresários,
filantrópicos e abnegados
Extensiva a todos Extensiva a todos em um conceito
sistêmico que envolve do indivíduo às
nações
Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento Demanda consciência
Decisão individual Decisão consensual Decisão sistêmica
Fonte: Ramos (2010)
Sobre as diferenciações expostas nas tabelas 1 e 2, a ISO esclarece de forma
objetiva dentro da norma ISO 26000 os seguintes pontos:
A noção inicial da responsabilidade social era centrada em atividades filantrópicas, como doações a instituições beneficentes. Temas como práticas de trabalho e práticas leais de operação surgiram há mais de um século. Outros temas, como direitos humanos, meio ambiente, defesa do consumidor e combate à fraude e à corrupção, foram acrescentados ao longo do tempo conforme foram recebendo maior atenção. (ISO 26000, 2010)
A diferenciação estabelecida por Felden et al. (2007) evidencia a necessidade de
uma interação entre empresa e seus stakeholders pautada em práticas éticas e
responsáveis, social e ambientalmente. Entretanto, a realidade dos desafios sociais e
econômicos atuais demostra ainda a fragilidade da capacidade do Estado em atender as
demandas dos cidadãos e assim abre espaço para as que empresas e a sociedade civil
organizada atuem de forma bastante intensa ao mesmo tempo em que desenvolvem a
questão da RSC.
Soratto et al. (2006) afirma que “a responsabilidade social vem se tornando, em
muitos casos, um referencial de excelência para o mundo dos negócios sob a perspectiva
de um modelo de desenvolvimento sustentável, que resulta em harmonia entre as
dimensões social e ambiental”.
A responsabilidade social vem se tornando parte das ações corporativas de forma
irreversível e, quando gerenciadas de forma correta, podem criar benefícios
significativos tanto para a reputação da empresa como para a motivação e lealdade de
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seus funcionários. O resultado destas ações de responsabilidade social fortalecem as
parcerias e as relações, tanto internas quanto externas.
3.1 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DA
RESPONSABILIDADE SOCIAL
A história da RSC é motivo de estudos há décadas e a maioria das pesquisas
aponta para um início incerto quanto à data precisa sobre os primeiros eventos
relacionados a um possível conceito de RS. Nunes (2010) menciona que as primeiras
abordagens entre empresas e o corpo social onde estavam inseridas foram detectadas
ainda no século XIX, quando surgiram as primeiras discussões sobre questões sociais e
os impactos destas questões no contexto econômico.
Kreitlon (2004) em uma retrospectiva histórica menciona o clássico de Engels,
Situação da classe trabalhadora na Inglaterra, de 1845, como constatação de primórdios
sobre o pensamento acerca da RS.
Carroll (2009) reconhece evidências nos Estados Unidos da América do Norte
(EUA) anteriores à década de 50, como por exemplo, quando os homens de negócios
eram perguntados em entrevistas à revista Fortune sobre suas responsabilidades sociais
(Fortune, 1946, citado por Bowen, 1953, p.44).
O trabalho de Howard R. Bowen, Responsabilidades Sociais do Homem de
Negócios, publicado em 1953, foi provavelmente o primeiro texto a considerar de forma
objetiva o conceito de RS. Para Carroll (1999), tanto pelo conteúdo voltado
especificamente à questão da RS quanto pelos argumentos de Bowen (1953) contrários à
ideia de que a RS seria a cura para todos os males, mas que continha indicações sobre
como os negócios poderiam ser conduzidos no futuro, Howard R. Bowen poderia ser
considerado o pai da RSC.
Após a obra de Bowen (1953), outro grande autor escrevendo sobre RS foi Keith
Davis, com vários textos sobre o assunto já na década de 1960. Carroll (1999) nos traz a
definição de Keith Davis para RS:
Decisões e ações dos homens de negócios tomadas por razões, ao menos em parte, além dos interesses econômicos diretos da firma. (Davis, 1960, apud Carrol 1999)
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Mais tarde, em 1967, Keith Davis revisa seu conceito sobre RS em um artigo onde
analisa a questão sobre a dívida do homem de negócios para com a sociedade. Em sua
definição revista, Davis define que:
A causa da responsabilidade social emerge da preocupação com as consequências éticas dos atos de alguém, à medida que podem afetar os interesses de outros. (Davis, 1967, apud Carroll, 1999)
Ainda na década de 60, pensadores como Clarence C. Walton (1967), traz uma
definição um pouco diferente daquela descrita por Davis (1967):
Em suma, o novo conceito de responsabilidade social reconhece a intimidade das relações entre a Corporação e a sociedade e aceita que tais relações devem ser mantidas em mente pela alta direção enquanto a Corporação e os grupos relacionados perseguem seus respectivos objetivos. (Walton, 1967, p. 18, apud Carroll, 1999)
Outro autor importante, Milton Friedman, publica em 1970 no New York Times seu
artigo, The social responsibility of business is to increase profits. Naturalmente
comentários surgem contestando as colocações de Friedman (1970) e em 1972 é
publicado um relatório do Clube de Roma, The Limits of Growth, ajudando os críticos da
postura neoliberal radical de Friedman a formularem argumentos cada vez mais robustos
em direção a um conceito amplo de RS.
Também em 1972, na França, surge o chamado “Balanço Social”, com o objetivo
de publicar e divulgar as ações de cunho social de determinada empresa. A emissão de
um balanço social viria a se tornar obrigatória em 1977 para empresas com mais de 750
funcionários (Nunes, 2010). Começa então a mudança do paradigma da RS do indivíduo
para a RS da empresa (RSE). A década de 70 deixa sua contribuição acerca de definições
sobre RS ainda com Harold Johnson (1971) e Backman (1975), entre outros.
Ao mesmo tempo em que pensadores expressavam seus conceitos sobre RS, a
Comissão pelo Desenvolvimento (CED) ressalta em sua publicação Responsabilidade
Social das Corporações, de 1971, que empresas estariam sendo chamadas a assumir
responsabilidades mais amplas para com a sociedade como nunca visto antes, de forma a
atender a uma vasta gama de valores humanos.
No intuito de comparar a evolução do conceito, citamos ainda a definição do
Banco Mundial de 2002 em um relatório preparado pelo Instituto Internacional para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED), onde, entre outros fatores, enfatizava com
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veemência a questão de que as empresas precisam ir além do atendimento às leis e
regulações para poderem desenvolver sua RSC:
O Conselho pelo desenvolvimento sustentável do Banco Mundial definiu responsabilidade social corporativa como “o compromisso empresarial de contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável, trabalhando em conjunto com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida, de maneiras que sejam boas tanto para as empresas como para o desenvolvimento.” (BANCO MUNDIAL, 2002)
Em sintonia com o trabalho do Banco Mundial, é fundamental ressaltarmos uma
importante iniciativa fora do contexto norte-americano relacionada ao desenvolvimento
da RS: a edição do LIVRO VERDE – Promover um quadro europeu para a
responsabilidade social das empresas, produzido em 2001 pela Comissão das
Comunidades Europeias (CCE).
Este trabalho elaborado pela CCE traz uma definição de RS e considera que “a
maioria das definições descreve a RSC como a integração voluntária de preocupações
sociais e ambientais por parte das empresas nas suas operações e na sua interação com
outras partes interessadas”.
Ser socialmente responsável não se restringe ao cumprimento de todas as obrigações legais - implica ir mais além através de um “maior” investimento em capital humano, no ambiente e nas relações com outras partes interessadas e comunidades locais [...]
[...] No entanto, a responsabilidade social das empresas não pode ser encarada como um substituto da regulação ou legislação no domínio dos direitos sociais ou das normas ambientais, designadamente da aprovação de legislação nova e apropriada. Nos países em que esta regulação não exista, deverão ser envidados esforços no sentido de estabelecer um quadro regulador ou jurídico adequado, por forma a definir uma base equitativa a partir da qual se possam desenvolver as práticas socialmente responsáveis. (CCE, 2001)
Apesar de ainda haver uma considerável variedade de conceitos para RS em vários
documentos editados sobre o assunto, analisamos finalmente a definição da norma ISO
26000, a qual foi também incorporada na ABNT NBR 16001:2012, que agrega todos os
demais conceitos de forma simples e objetiva:
Responsabilidade social - responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente (2.6), por meio de um comportamento ético. e transparente que
contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e bem-estar da sociedade;
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leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente
com as normas internacionais de comportamento; e esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações
Além de definir de forma concisa o conceito de RS, a norma ISO 26000 e a ABNT
NBR 16001:2012 estabelecem ainda de maneira clara o objetivo da RS nas empresas e
organizações como sendo “o de contribuir para o desenvolvimento sustentável” (ISO
26000, 2010).
Desta forma, a RSC não somente se estabelece como uma responsabilidade das
empresas como também passa a ter uma dimensão prática na direção de um objetivo
comum e estabelecido, trazendo clareza para qualquer avaliação futura sobre a RS, sua
aplicação e gestão dentro das organizações.
3.2 NÍVEIS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Dentro desta perspectiva de responsabilização pelos impactos gerados, o que pode
ser estendido a impactos sociais e ambientais, e em função da complexidade em se
definir se uma empresa é responsável socialmente ou não, pode-se pensar em níveis de
RSC. Esta abordagem vem evoluindo, junto com o próprio conceito de RSC ao longo do
tempo.
Um destes modelos para definição de níveis de RS foi sugerido por Enderle e
Tavis (1998), que apontam três níveis de RS:
Tabela 3 - Níveis de Responsabilidade Social
Nível 1: Requisitos éticos mínimos quando a empresa atende e cumpre com todas as suas
obrigações legais.
Nível 2: Obrigações consideradas além do nível mínimo quando além de atingir o nível 1, a
empresa atende ás expectativas da sociedade.
Nível 3: Aspirações a ideais éticos quando a empresa, após atender às leis e a sociedade,
busca ideais éticos que superam as obrigações legais e as expectativas da sociedade.
Fonte: Enderle & Tavis, (1998, apud Felden, 2007)
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Felden et al. (2007) enfatiza que apesar de uma empresa poder se enquadrar no
nível 2, as expectativas da sociedade podem, entretanto, variar, forçando a empresa a
retornar ao nível 1 até que as novas expectativas sociais sejam atendidas. A ISO também
aborda esta questão na norma ISO 26000 quando estabelece que “os elementos da RS
refletem as expectativas da sociedade em um momento específico, sendo, portanto,
passíveis de mudança”.
3.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – DESAFIO DO
SÉCULO XXI
Bellen (2006) afirma que a noção de desenvolvimento sustentável tem sua origem
mais remota no debate internacional sobre o conceito de desenvolvimento e provém de
um longo processo histórico de reavaliação crítica da relação existente entre a sociedade
civil e o meio ambiente.
Para Maia & Pires (2011), os impactos gerados pela pressão industrial sobre o
meio ambiente, a extrema concentração de capital e o crescimento demográfico,
expuseram a sociedade global a crises que exigem soluções extremamente complexas.
A ausência de consenso sobre o conceito de DS dificulta a elaboração de ações
objetivas neste sentido. Este quadro somente apresentou alguma mudança quando surgiu
a definição que seria a mais aceita para desenvolvimento sustentável, justamente a do
relatório Brundtland (1987).
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. (Relatório Brundtland, 1987)
Em 2010, a ISO 26000, traz a definição abaixo para desenvolvimento sustentável.
Esta definição é um aperfeiçoamento da definição do Relatório Brundtland.
Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de suprir suas próprias necessidades
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NOTA: Desenvolvimento sustentável refere-se à integração de objetivos de alta qualidade de vida, saúde e prosperidade com justiça social e manutenção da capacidade da Terra de suportar a vida em toda a sua diversidade. Esses objetivos sociais, econômicos e ambientais são interdependentes e reforçam-se mutuamente. Desenvolvimento sustentável pode ser tratado como uma forma de expressar as expectativas mais amplas da sociedade como um todo.
Portanto, é de fundamental importância a diferenciação entre as noções de RS e
desenvolvimento sustentável, onde este último refere-se à sustentabilidade das ações da
sociedade em escala planetária, envolvendo as três dimensões da sustentabilidade:
econômica, social e ambiental, como demonstrado na figura 2, a seguir.
Já a RSC diz respeito às ações de determinada organização referentes às mesmas
questões do tripé da sustentabilidade, porém em uma esfera restrita ao seu alcance, ou
seja: à sua cadeia produtiva, à comunidade ao redor da empresa e ao meio ambiente onde
a empresa está inserida.
De acordo com Maia & Pires (2011), “a busca pelo equilíbrio entre as dimensões
econômica, social e ambiental passam então a fazer parte do discurso sobre a
sustentabilidade".
Figura 2 - As três dimensões do desenvolvimento sustentável
Fonte: Adaptado da ISO 26000
A parir deste conceito surge a noção de Triple Bottom Line, delineado a partir da
publicação “Cannibal´s with Forks: The triple bottom line of 21st Century Business”, de
John Elkington (1997), sendo que antes desta data pouca referência se encontra com
relação a este termo (Norman & MacDonald, 2003). Seguindo o Triple bottom LIne, a
organização precisa considerar as três dimensões em sua governança e em suas tomadas
de decisões, bem como em seus relatórios.
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4 GESTÃO INFORMATIZADA
Apesar de sistemas de gestão estarem disponíveis desde a década de 80, com a
edição do primeiro entre todos os sistemas de gestão, a ISO 9001, o uso da informática
para dinamizar a gestão destes sistemas somente se popularizou para a grande maioria
das empresas, independente do seu porte, a partir do fim da década de 90 e início do
segundo milênio.
O mundo vive a era da informação e a principal característica deste momento é o
uso intensivo da TI em praticamente todas as atividades humanas. Para Lunardi et al.
(2010), a popularização da TI por sua acessibilidade torna possível o uso e aplicação de
TI até para MPEs.
Em uma pesquisa realizada com micro e pequenas empresas (MPEs), Lunardi et
al. (2009) verifica que, entre outros pontos, as MPEs são motivadas a adotar soluções de
TI nas operações principalmente por quatro fatores distintos:
Necessidade interna,
Pressões externas,
Utilidade percebida; e
A presença de um ambiente organizacional favorável.
Dentre estes fatores, as pressões externas e um ambiente organizacional favorável
são os principais motivadores. A mesma pesquisa indicou a TI como ferramenta
importante para proporcionar alguma vantagem competitiva.
Enquanto o uso da TI pelas empresas se desenvolve, estudos mais recentes
começam a avaliar o grau de informatização das organizações e como esta informatização
afeta o desempenho do negócio. Zwicker et Al. (2007) esclarece que o termo
informatização representa a utilização de recursos de TI pelas empresas. Para Weissbach
(2003, apud Mendonça, 2007), a informatização é o processo de aplicação gradual,
crescente, planejada e sistemática do uso da TI em todas as funções da organização.
Compreender o grau de informatização de determinada organização é fundamental
para que um planejamento adequado do uso da TI, bem como dos investimentos
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necessários para sua adequação às necessidades da organização sejam eficazes e
eficientes, servindo como base para futuros aperfeiçoamentos. (Mendonça et Al., 2007)
4.1 INFORMÁTICA APLICADA À GESTÃO EMPRESARIAL
Como já colocado anteriormente, o uso da informática pelas empresas está
praticamente consolidado nos mais diversos segmentos. Para Bravo (2005), a finalidade
de um sistema de gestão informatizado é ajudar uma organização a atingir suas metas,
fornecendo informações aos gestores em tempo real.
Campos et. al (2011) aponta que “[]...A utilização da TI pelas organizações
brasileiras, como forma de tornar o negócio mais competitivo, de aprimorar as práticas
administrativas, ou até mesmo na tentativa de se diferenciar dos concorrentes tem sido
uma prática comum nas organizações.
Mendonça et Al. (2009) em estudo sobre a influência da TI na produtividade da
indústria brasileira reafirma a profundidade com que a TI se encontra hoje nos processos
produtivos:
“De forma desigual, as TI afetaram todas as atividades econômicas: setores maduros, como o têxtil, rejuvenescem; surgem novas indústrias, como a de software, que constituem a base de novo processo de desenvolvimento”. (Mendonça et al., 2009)
Ao mesmo tempo, novas ferramentas de gestão foram surgindo enquanto a
complexidade das relações sociais foi crescendo. Este fato vem forçando as organizações
a investirem em TI para alcançarem os resultados necessários e também transformando a
estrutura de TI já disponível e as futuras ferramentas de gestão em vantagem
competitiva.
Segundo Mendonça et al. (2009), “os investimentos em TI são mais importantes
que os outros tipos de investimentos no que diz respeito ao crescimento da
produtividade”. Para Zwicker et al. (2007), com relação ao uso da TI, é fundamental
avaliar se ela está realmente gerando valor agregado através de uma aplicação adequada,
ou seja, se está trazendo benefícios para os negócios da empresa.
Portanto, considerando que o uso da TI se dá de forma estruturada e adequada ao
tipo de negócio de cada empresa, quando bem aplicada, trará certamente ganho de
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produtividade e valor. Lunardi et al. (2010) afirma que empresas investindo de forma
planejada em TI apresentam desempenho superior às demais, especialmente na questão
da redução de custos operacionais.
Albertin; Rosa (2008) aponta a necessidade de entendimento sobre as dimensões
do uso da TI em benefício dos negócios de uma organização, que seriam:
Os tipos de uso de TI,
Os benefícios oferecidos,
O desempenho empresarial,
A governança e a administração de TI, e
O papel dos executivos de negócio e de TI
Os autores destacam ainda a importância de conhecer também as relações entre
cada uma das dimensões, o contexto definido pelos direcionadores das respostas
organizacionais e do uso da TI, as pressões de mercado, de indivíduo e da própria
tecnologia. Portanto o valor agregado pelo uso da TI depende diretamente do estudo
desses fatores, conforme mostrado na figura 11 abaixo.
Figura 3 - Modelo das dimensões do uso de tecnologia de informação em benefício dos negócios
Fonte: Albertin; Rosa (2008)
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O resultado da aplicação de uso da TI em uma empresa estará ligado à visão e
valor que essa tecnologia tem para a empresa e o sucesso da aplicação de recursos de TI
depende de a empresa reconhecer os benefícios gerados, tais como redução de custos,
produtividade, flexibilidade, qualidade e inovação.
Przyczynski e Vanti (2012) também ressaltam que o potencial da TI relacionado à
capacitação e sustentação de estratégias está ligado à capacidade dos dirigentes em
perceberem o valor e os impactos que a TI proporciona aos negócios ao promover
transformações importantes com a oferta de novos serviços e uma gestão eficiente de
recursos organizacionais.
4.2 INFORMÁTICA APLICADA À GESTÃO DA ABNT NBR 16001:2012
Considerando a revisão de literatura até aqui elaborada, fica evidente que uma
empresa que planeja seus investimentos em TI de forma estruturada e voltada ao
atendimento das necessidades identificadas e ainda compreendendo os fatores críticos de
sucesso relacionados ao uso da TI, pode implementar a gestão da RS utilizando sistemas
informatizados para o controle e monitoramento da evolução da responsabilidade social
corporativa.
O sucesso da implementação de um sistema de gestão da responsabilidade social
(SGRS) depende, entre outros fatores, de recursos adequados para a gestão da ferramenta
a ser utilizada, neste caso a ABNT NBR 16001. Uma das maiores dificuldades para
atingir o sucesso de uma implantação desta natureza é a subjetividade de determinados
requisitos.
Soratto et al. (2006) “constatou, ao analisar as peculiaridades da certificação de
um SGRS com base na ABNT NBR 16001:2004, obstáculos potenciais[...] considerando
a subjetividade dos requisitos e a dificuldade em quantificar objetivos, metas e
programas, de acordo com as temáticas propostas”.
Quintella et. al (2009) colocam a necessidade de se traduzir os objetivos que
contribuem para o sucesso de um empreendimento em indicadores que os monitorem,
identificando-os desta forma como fatores críticos de sucesso (FCS). Estes fatores
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devem, ainda segundo Quintella et. al (2009), ser explicitados em uma estrutura básica
de variáveis que poderão influenciar no sucesso ou fracasso do atingimento das metas
definidas.
6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
A questão da responsabilidade social cresce e ganha força a cada dia, enquanto as
organizações ainda se preparam para a promoção de sua própria responsabilidade social
corporativa. O lançamento da ISO 26000 aparece como o primeiro movimento
internacional em busca deste objetivo.
É possível observar iniciativas rumo à sustentabilidade em todos os continentes,
com maior ou menor intensidade. Porém, no Brasil este movimento ainda é embrionário,
talvez pelas características socioeconômicas do nosso país. Um bom exemplo disso é o
reduzido número de empresas certificadas pela norma brasileira de responsabilidade
social, ainda extremamente reduzido, quase inexpressivo, se comparado ao universo de
empresas ativas no Brasil.
O uso da TI na gestão empresarial seja ainda reduzido, mesmo sendo cada vez
mais acessível, é fundamental para que as empresas obtenham sucesso na implementação
de ferramentas de gestão, desde qualidade até responsabilidade social.
Pode-se observar uma vasta área para que melhorias na gestão da responsabilidade
social no Brasil sejam implementadas por empresas, certificadas ou não. Fica clara a
necessidade de um aprofundamento sobre a questão, com a possibilidade de uso de novas
metodologias de implementação e aplicação de um SGRSI, preferencialmente de forma
integrada com os demais SGs já implementados pelas empresas que almejem expandir
sua gestão e incluir a responsabilidade social como mais um SG a colaborar com o
negócio.
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