Tecnologia e reabilitação de superfícies de betão à vista · reabilitação mais adequadas e,...

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Tecnologia e reabilitação de superfícies de betão à vista Fábio Alexandre Aldeias Coelho Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito Orientador: Professor Doutor José Dinis Silvestre Júri Presidente: Professor Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia Orientador: Professor Doutor José Dinis Silvestre Vogal: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen Outubro de 2015

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Tecnologia e reabilitação de superfícies de betão à vista

Fábio Alexandre Aldeias Coelho

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito

Orientador: Professor Doutor José Dinis Silvestre

Júri

Presidente: Professor Doutor João Pedro Ramôa Ribeiro Correia

Orientador: Professor Doutor José Dinis Silvestre

Vogal: Professora Doutora Inês dos Santos Flores Barbosa Colen

Outubro de 2015

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RESUMO

O propósito da presente dissertação passa por sistematizar e correlacionar os processos referentes à

reabilitação de superfícies de betão à vista, através da criação de um sistema de apoio à inspecção e

diagnóstico que constitua uma ferramenta útil e de fácil utilização nas reabilitações necessárias deste

tipo de superfícies, resultantes da realização de inspecções periódicas inseridas numa estratégia de

manutenção pró-activa.

É proposto um sistema classificativo de técnicas de reparação e manutenção de superfícies de betão

à vista, sendo que as referidas técnicas se encontram devidamente caracterizadas e descritas em

fichas de reparação individuais. Estas fichas constituem uma ferramenta importante nas operações

de reabilitação, visto que englobam toda a informação necessária a cada técnica. Do mesmo modo,

foi elaborada uma matriz de correlação entre as técnicas de reparação e anomalias presentes em

superfícies de betão à vista. A utilidade desta matriz reside no facto de permitir um fácil

reconhecimento da técnica de reparação que melhor se ajusta a determinada anomalia, melhorando

significativamente o processo de inspecção e consequente reparação.

O sistema classificativo proposto foi validado, juntamente com a respectiva matriz de correlação,

através da realização de uma campanha de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à vista,

em 11 municípios dispersos pelo território nacional. É igualmente apresentada a análise estatística

completa dos dados recolhidos durante as inspecções realizadas.

Assim, todo o sistema proposto na presente dissertação permite registar e monitorizar a evolução das

manifestações patológicas em superfícies de betão à vista, de modo a implementar as acções de

reabilitação mais adequadas e, deste modo, suprimir as lacunas existentes ao nível do conhecimento

deste tipo de superfícies.

Palavras-chave: betão à vista, patologia, reabilitação, sistema de inspecção, técnicas de reparação.

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ABSTRACT

The purpose of this dissertation includes systematizing and correlating the processes involving

architectural concrete surfaces through the creation of a support system for inspection and diagnosis.

This is a useful tool that is easy to use during the rehabilitations needed in surfaces like these,

resulting from carrying out periodic inspections in a proactive maintenance strategy.

A classification system for repair and maintenance techniques for architectural concrete surfaces is

proposed. These techniques are duly characterised and described in the individual repair files. These

files are an important tool for rehabilitation operations as they include all the necessary information for

each technique. Similarly, a correlation matrix between the repair techniques and the anomalies

present in architectural concrete surfaces was also prepared. The usefulness of this matrix lies in the

fact that it allows for easy recognition of the repair technique that is best suited to a certain anomaly,

significantly improving the inspection and consequent repair process.

The classification system proposed was validated, along with the correlation matrix, through an

inspection of 110 vertical architectural concrete surfaces in 11 municipalities spread throughout the

country. A complete statistical analysis of the data collected during the inspections is also presented.

Thus, the entire system proposed in this dissertation makes it possible to record and monitor

pathological manifestations in architectural concrete in order to implement the most suitable

rehabilitation work and thus bridge the existing knowledge gaps on surfaces such as these.

Key-words: architectural concrete, inspection system, pathology, rehabilitation, repair techniques.

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AGRADECIMENTOS

Quero, em primeiro lugar, agradecer ao Professor Jorge de Brito, orientador desta dissertação, pelo

acompanhamento constante do meu trabalho, disponibilidade, conselhos, rigor, exigência e,

sobretudo, pelo privilégio de poder compartilhar alguns dos seus vastos conhecimentos ao longo

deste último ano. Sem o seu contributo, este trabalho não seria o mesmo.

Ao Professor José Silvestre, meu co-orientador, pela total disponibilidade demonstrada ao longo da

elaboração desta dissertação.

A todos os Educadores e Professores que me acompanharam ao longo de todo o meu percurso

académico, contribuindo cada um deles para a minha formação.

À minha família, especialmente a todos os primos, e aos meus amigos, por todos os momentos

partilhados e, sobretudo, por entenderem algumas ausências ao longo destes últimos tempos. Um

agradecimento especial à minha Madrinha Celeste pela preocupação que sempre demonstrou.

Ao Sr. Álvaro Silva, pela motivação, entusiasmo e conselhos diários. Agradeço a dedicação constante

para que este trabalho culminasse da melhor forma possível.

À Avó Maria Inácia por todas as palavras sinceras, todo o carinho que sempre demonstrou e pela

pessoa encantadora que é.

Aos meus Avós, Manuel e Francisca, por estarem desde sempre presentes em todos os momentos e

por todo o carinho, preocupação e orgulho demonstrados diariamente.

Aos meus Avós, José e Vicência, que embora não estando presentes, querem certamente, tanto

como eu, o culminar deste objectivo com o maior sucesso.

Aos meus Pais, pelo apoio, incentivo, força e carinho constantes. A eles agradeço por estarem

sempre presentes em todas as etapas e me proporcionarem chegar até aqui da melhor forma

possível.

À Cátia Medeiros da Silva, por mais um objectivo alcançado em conjunto, por estar presente em

todos os momentos, pelo apoio incansável, amizade incondicional e amor eterno. Agradeço-te,

principalmente, por seres quem és e permaneceres diariamente ao meu lado. Obrigado por tudo.

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ÍNDICE GERAL

RESUMO ............................................................................................................................................. i

ABSTRACT ........................................................................................................................................ ii

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................... iii

ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................. iv

ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................ ix

ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................................................... xiii

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................1

1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DO TEMA..................................................................................................2

1.3 TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO ....................................................................3

1.4 OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO ..............................................................................4

1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ...................................................................................................5

2. TECNOLOGIA ................................................................................................................................7

2.1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................7

2.2 TIPOS DE ACABAMENTO SUPERFICIAL .............................................................................................7

2.2.1 Natural ...............................................................................................................................7

2.2.2 Polido .................................................................................................................................8

2.2.3 Relevo por moldagem .........................................................................................................8

2.2.4 Bujardado ...........................................................................................................................9

2.2.5 Jacteado.............................................................................................................................9

2.2.6 Escacilhado ...................................................................................................................... 10

2.2.7 Flamejado ........................................................................................................................ 11

2.2.8 Reactivo ........................................................................................................................... 11

2.2.9 Fotoimpressão .................................................................................................................. 12

2.2.10 Fotogravação ................................................................................................................. 12

2.3 COR ......................................................................................................................................... 13

2.4 NORMALIZAÇÃO ......................................................................................................................... 14

2.5 PROJECTO DE BETÃO À VISTA ...................................................................................................... 16

2.5.1 Condicionantes ................................................................................................................. 16

2.5.2 Escolha dos materiais constituintes e do acabamento ....................................................... 16

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2.6 PROCESSO CONSTRUTIVO .......................................................................................................... 17

2.6.1 Mistura ............................................................................................................................. 17

2.6.1.1 Ligante ...................................................................................................................... 17

2.6.1.2 Agregados ................................................................................................................. 18

2.6.1.3 Água .......................................................................................................................... 19

2.6.1.4 Adições e adjuvantes ................................................................................................. 19

2.6.1.5 Pigmentos ................................................................................................................. 20

2.6.2 Armaduras ........................................................................................................................ 21

2.6.3 Cofragens ......................................................................................................................... 22

2.6.3.1 Material de cofragem ................................................................................................. 22

2.6.3.2 Cofragem de permeabilidade controlada .................................................................... 23

2.6.3.3 Tiges e juntas ............................................................................................................ 24

2.6.4 Agentes descofrantes ....................................................................................................... 26

2.6.5 Betonagem ....................................................................................................................... 27

2.6.6 Descofragem .................................................................................................................... 28

2.6.7 Cura ................................................................................................................................. 28

2.6.8 Acabamento final da superfície ......................................................................................... 29

2.6.9 Controlo de qualidade na fase de execução ...................................................................... 29

2.7 SÍNTESE DO CAPÍTULO................................................................................................................ 30

3. PATOLOGIA ................................................................................................................................. 31

3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 31

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ANOMALIAS ................................................................................................. 31

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ANOMALIAS .............................................................................................. 31

3.3.1 A-E1 Manchas .................................................................................................................. 32

3.3.2 A-E2 Eflorescências ......................................................................................................... 33

3.3.3 A-E3 Colonização biológica .............................................................................................. 33

3.3.4 A-E4 Desgaste / erosão .................................................................................................... 34

3.3.5 A-E5 Bolhas de pele ......................................................................................................... 34

3.3.6 A-E6 Graffiti ...................................................................................................................... 35

3.3.7 A-M1 Fissuração mapeada ............................................................................................... 35

3.3.8 A-M2 Fissuração direccionada .......................................................................................... 36

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3.3.9 A-M3 Desagregação ......................................................................................................... 36

3.3.10 A-M4 Descasque ............................................................................................................ 37

3.3.11 A-C1 Defeitos de planeza ............................................................................................... 37

3.3.12 A-C2 Ninhos de agregados / chochos ............................................................................. 38

3.3.13 A-C3 Marcas de tiges ..................................................................................................... 38

3.3.14 A-C4 Esbabaçado .......................................................................................................... 39

3.3.15 A-C5 Crostas .................................................................................................................. 40

3.3.16 A-C6 Incrustações de cofragem ...................................................................................... 40

3.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO................................................................................................................ 41

4. REABILITAÇÃO ............................................................................................................................ 43

4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 43

4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO...................................................... 43

4.2.1 Técnicas de reparação curativas (rc) ................................................................................ 43

4.2.2 Técnicas de reparação preventivas (rp) ............................................................................ 43

4.2.3 Trabalhos de manutenção (m) .......................................................................................... 43

4.2.4 Sistema classificativo de técnicas de reparação e manutenção ......................................... 43

4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO .................................................. 44

4.3.1 R-A1 Limpeza (rc / m) ....................................................................................................... 44

4.3.1.1 Correcção de variações de tonalidade / cor ................................................................ 45

4.3.1.2 Eliminação de colonização biológica .......................................................................... 45

4.3.1.3 Remoção de eflorescências ....................................................................................... 46

4.3.1.4 Remoção de manchas de corrosão ............................................................................ 47

4.3.1.5 Remoção de manchas de sujidade ............................................................................ 47

4.3.1.6 Limpeza de graffiti...................................................................................................... 47

4.3.2 R-A2 Aplicação de protecção superficial (rc / rp) ............................................................... 48

4.3.2.1 Aplicação de hidrófugo de superfície .......................................................................... 48

4.3.2.2 Aplicação de produtos anti-graffiti .............................................................................. 49

4.3.2.3 Aplicação de revestimento superficial......................................................................... 50

4.3.3 R-A3 Correcção de irregularidades superficiais (rc) .......................................................... 52

4.3.4 R-A4 Regularização da superfície com argamassas (rc) ................................................... 53

4.3.5 R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras (rc) ................................................................. 54

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4.3.6 R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado (rc) ..................................................... 56

4.3.7 R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento (rc) .......... 57

4.3.8 R-B4 Aplicação de camada de betão adicional (rc / rp) ..................................................... 59

4.3.9 R-C1 Reparação de fenda activa (rc) ................................................................................ 60

4.3.10 R-C2 Substituição do material de preenchimento (rc / m) ................................................ 61

4.3.11 R-D1 Correcção de pormenores construtivos (rp) ........................................................... 62

4.3.11.1 Platibandas ou topos de muros ................................................................................ 62

4.3.11.2 Peitoris .................................................................................................................... 62

4.3.12 R-D2 Protecção de arestas salientes (rp) ........................................................................ 63

4.4 MATRIZ DE CORRELAÇÃO ANOMALIAS - TÉCNICAS DE REPARAÇÃO ................................................... 63

4.5 FICHAS DE REPARAÇÃO .............................................................................................................. 64

4.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO................................................................................................................ 66

5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................. 67

5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 67

5.2 PLANO DE INSPECÇÕES .............................................................................................................. 67

5.2.1 Breve caracterização da amostra ...................................................................................... 68

5.2.2 Mapeamento das anomalias ............................................................................................. 69

5.3 FICHAS DE INSPECÇÃO ............................................................................................................... 69

5.4 FICHAS DE VALIDAÇÃO ................................................................................................................ 71

5.5 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO................... 75

5.6 VALIDAÇÃO DA MATRIZ DE CORRELAÇÃO ANOMALIAS - TÉCNICAS DE REPARAÇÃO .............................. 76

5.7 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS RECOLHIDOS NAS INSPECÇÕES ........................................... 79

5.7.1 Frequência observada das anomalias ............................................................................... 79

5.7.2 Frequência observada das técnicas de reparação ............................................................ 81

5.7.3 Relação entre técnicas de reparação e anomalias ............................................................ 82

5.7.4 Relação entre técnicas de reparação e nível de gravidade das anomalias ........................ 88

5.7.5 Relação entre técnicas de reparação e orientação das superfícies inspeccionadas........... 89

5.7.6 Relação entre técnicas de reparação e acabamento superficial ........................................ 90

5.7.7 Relação entre técnicas de reparação e idade dos edifícios inspeccionados ...................... 91

5.7.8 Relação entre as técnicas de reparação e a estabilidade das anomalias ........................... 93

5.7.9 Relação entre técnicas de reparação e exposição das superfícies a agentes agressivos...95

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5.7.10 Relação entre técnicas de reparação e coloração do betão............................................. 96

5.8 SÍNTESE DO CAPÍTULO................................................................................................................ 97

6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................. 101

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................... 101

6.2 CONCLUSÕES GERAIS .............................................................................................................. 101

6.3 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ................................................................................................. 104

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 105

ANEXOS

ANEXO 4.I - FICHAS DE REPARAÇÃO ................................................................................................ A4.I.1

ANEXO 5.Ia - ZONAMENTO TÉRMICO ............................................................................................... A5.I.1

ANEXO 5.Ib - ZONAMENTO DO TERRITÓRIO EM TERMOS DA ACÇÃO DO VENTO ...................................... A5.I.3

ANEXO 5.Ic - CLASSES DE EXPOSIÇÃO AMBIENTAL............................................................................ A5.I.5

ANEXO 5.II - LISTAGEM DOS EDIFÍCIOS INSPECCIONADOS ................................................................. A5.II.1

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1 - Exemplos de edifícios com betão à vista: Casa da Música, Porto (à esquerda), Casa

das Histórias - Paula Rego, Cascais (ao centro) e Edifício Vodafone, Porto (à direita) .........................1

Figura 2.1 - Acabamento natural utilizando madeira com selante como material de cofragem (à

esquerda) e madeira natural (à direita) ................................................................................................8

Figura 2.2 - Acabamento polido...........................................................................................................8

Figura 2.3 - Acabamento com relevo por moldagem ............................................................................9

Figura 2.4 - Processo de bujardagem com exposição de agregado .....................................................9

Figura 2.5 - Acabamento jacteado com exposição de agregado ........................................................ 10

Figura 2.6 - Acabamento escacilhado ............................................................................................... 10

Figura 2.7 - Acabamento flamejado ................................................................................................... 11

Figura 2.8 - Acabamento reactivo ...................................................................................................... 11

Figura 2.9 - Acabamento com fotoimpressão .................................................................................... 12

Figura 2.10 - Lavagem de acabamento com fotogravação ................................................................. 13

Figura 2.11 - Exemplo de betão branco em fachada .......................................................................... 13

Figura 2.12 - Provetes de betão colorido ........................................................................................... 14

Figura 2.13 - Resumo de normas relacionadas com betão ................................................................ 15

Figura 2.14 - Exemplos de pigmentos utilizados para produzir betão colorido .................................... 20

Figura 2.15 - Exemplo de armadura de espera oxidada (à esquerda) e de zona densamente armada

(à direita) .......................................................................................................................................... 21

Figura 2.16 - Exemplo de superfície com tonalidades desiguais devido a diferenças de absorção da

cofragem .......................................................................................................................................... 23

Figura 2.17 - Diferenças na aparência superficial quando é utilizada cofragem normal (à esquerda) ou

cofragem de permeabilidade controlada (à direita) ............................................................................ 24

Figura 2.18 - Exemplo de edifício com diferentes alinhamentos de juntas e disposição de tiges ........ 24

Figura 2.19 - Exemplo de painel de cofragem com localização de tiges pré-definida ......................... 25

Figura 2.20 - Perda de finos na zona da tige ..................................................................................... 25

Figura 2.21 - Negativo para tige com respectivos cones em PVC (à esquerda) e marcas de tiges

visíveis na superfície (à direita) ......................................................................................................... 25

Figura 2.22 - Exemplo de padrão adjacente à marca da tige (à esquerda) e tampão em PVC (à

direita) .............................................................................................................................................. 26

Figura 2.23 - Verificação de alinhamentos entre painéis de cofragem ................................................ 26

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Figura 2.24 - Exemplo de agente descofrante aplicado em excesso (à esquerda) e em quantidade

certa (à direita) .................................................................................................................................. 27

Figura 2.25 - Superfície com diferenças de coloração relacionadas com o processo de cura ............. 29

Figura 3.1 - Manchas de corrosão.........................................................................................................32

Figura 3.2 - Manchas de sujidade ..................................................................................................... 32

Figura 3.3 - Mancha de hidratação diferenciada ................................................................................ 32

Figura 3.4 - Eflorescências ................................................................................................................ 33

Figura 3.5 - Colonização biológica .................................................................................................... 33

Figura 3.6 - Desgaste........................................................................................................................ 34

Figura 3.7 - Bolhas de pele ............................................................................................................... 34

Figura 3.8 - Exemplo de graffiti ......................................................................................................... 35

Figura 3.9 - Fissuração mapeada ...................................................................................................... 35

Figura 3.10 - Fissuração direccionada ............................................................................................... 36

Figura 3.11 - Desagregação numa superfície de betão à vista (à esquerda) e num provete de betão

(à direita) .......................................................................................................................................... 36

Figura 3.12 - Descasque com armadura corroída visível ................................................................... 37

Figura 3.13 - Defeitos de planeza entre painéis de cofragem numa fachada...................................... 38

Figura 3.14 - Ninhos de agregados / chochos ................................................................................... 38

Figura 3.15 - Exemplos de marcas de tiges em superfícies de betão à vista ...................................... 39

Figura 3.16 - Esbabaçado ................................................................................................................. 39

Figura 3.17 - Crosta numa superfície de betão à vista ....................................................................... 40

Figura 3.18 - Incrustação de cofragem .............................................................................................. 40

Figura 4.1 - Lavagem da superfície com solução aquosa de hipoclorito de sódio a 5%.......................46

Figura 4.2 - Lavagem da superfície com água simples ...................................................................... 46

Figura 4.3 - Escovagem a seco das eflorescências (à esquerda) e resultado final (à direita) ............. 46

Figura 4.4 - Lavagem da superfície com jacto de água sob pressão .................................................. 47

Figura 4.5 - Aplicação de produto para limpeza de graffiti (à esquerda) e lavagem da superfície com

água (à direita) .................................................................................................................................. 48

Figura 4.6 - Esquema da disposição do produto hidrófugo na superfície de betão ............................. 48

Figura 4.7 - Diferença de comportamento da superfície relativamente à absorção de água, após

aplicação de hidrófugo (lado direito da imagem) ................................................................................ 49

Figura 4.8 - Exemplo de produto hidrófugo ........................................................................................ 49

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Figura 4.9 - Exemplo de produto sacrificial anti-graffiti ....................................................................... 50

Figura 4.10 - Remoção de produto sacrificial com água sob pressão a 80 ºC .................................... 50

Figura 4.11 - Esquema da disposição do revestimento por pintura na superfície de betão ................. 51

Figura 4.12 - Aplicação do esquema de pintura na superfície por projecção à pistola ........................ 51

Figura 4.13 - Aplicação de revestimento com ligantes mistos, através de barramento fino à espátula

......................................................................................................................................................... 52

Figura 4.14 - Desgaste / polimento da superfície de betão ................................................................ 53

Figura 4.15 - Aplicação de argamassa de reparação com colher de pedreiro .................................... 53

Figura 4.16 - Abertura superficial e selagem de fenda ....................................................................... 54

Figura 4.17 - Resumo do material de reparação adequado ao tipo de fenda...................................... 55

Figura 4.18 - Exemplo de injectores .................................................................................................. 56

Figura 4.19 - Esquema de injecção de fendas verticais ..................................................................... 56

Figura 4.20 - Remoção do betão com martelo eléctrico ligeiro (à esquerda) e por hidrodemolição (à

direita) .............................................................................................................................................. 57

Figura 4.21 - Aplicação de betão por projecção ................................................................................. 58

Figura 4.22 - Limpeza das armaduras com escova de aço (à esquerda) e com jacto seco de areia (à

direita) .............................................................................................................................................. 59

Figura 4.23 - Protecção das armaduras com produto anticorrosão (à esquerda) e varões de aço inox

(à direita) .......................................................................................................................................... 59

Figura 4.24 - Detecção de zonas deterioradas da superfície.............................................................. 60

Figura 4.25 - Martelo de agulhas ....................................................................................................... 60

Figura 4.26 - Esquema de reparação de fenda activa ........................................................................ 60

Figura 4.27 - Placa de polietileno expandido ..................................................................................... 61

Figura 4.28 - Serra de imersão com lâmina ....................................................................................... 61

Figura 4.29 - Capeamento em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (à esquerda) e

capeamento metálico (à direita) ........................................................................................................ 62

Figura 4.30 - Peitoril em betão polímero pré-fabricado com pingadeira .............................................. 62

Figura 4.31 - Exemplo de aplicação de cantoneira plástica na protecção de aresta ........................... 63

Figura 5.1 - Distribuição geográfica dos distritos incluídos na amostra .............................................. 69

Figura 5.2 - Frequência absoluta das técnicas indicadas para as anomalias identificadas ................. 76

Figura 5.3 - Frequência absoluta (à esquerda) e relativa (à direita) de incidência de cada anomalia

nas 110 superfícies inspeccionadas .................................................................................................. 80

Figura 5.4 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias no total de anomalias identificadas ...... 80

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Figura 5.5 - Frequência relativa da escolha de cada técnica nas 360 anomalias identificadas ........... 81

Figura 5.6 - Frequência relativa do total de técnicas indicadas .......................................................... 82

Figura 5.7 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-A1 e R-A2 na resolução das diferentes

anomalias ......................................................................................................................................... 82

Figura 5.8 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-A3 e R-A4 na resolução das diferentes

anomalias ......................................................................................................................................... 83

Figura 5.18 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-B1, R-B2, R-B3 e R-B4 na resolução

das diferentes anomalias .................................................................................................................. 85

Figura 5.19 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-C1, R-C2, R-D1 e R-D2 na resolução

das diferentes anomalias .................................................................................................................. 86

Figura 5.20 - Frequência absoluta de escolha de cada técnica de reparação por grupo de anomalias

......................................................................................................................................................... 87

Figura 5.12 - Relação entre as técnicas de reparação e o nível de gravidade das anomalias ............ 89

Figura 5.13 - Relação entre a orientação das superfícies inspeccionadas e as técnicas indicadas..... 90

Figura 5.14 - Relação percentual entre as técnicas de reparação e o acabamento superficial ........... 91

Figura 5.15 - Distribuição dos 53 edifícios inspeccionados por ano de conclusão .............................. 92

Figura 5.16 - Frequência relativa de escolha das técnicas de reparação, consoante o ano de

conclusão, para edifícios compreendidos entre 1969 e 1995 ............................................................. 92

Figura 5.17 - Frequência relativa de escolha das técnicas de reparação, consoante o ano de

conclusão, para edifícios compreendidos entre 1996 e 2015 ............................................................. 93

Figura 5.18 - Frequência relativa das técnicas de reparação relativamente à estabilidade das

anomalias ......................................................................................................................................... 94

Figura 5.19 - Frequência relativa das diferentes técnicas de reabilitação relativamente à exposição

a agentes agressivos ........................................................................................................................ 95

Figura 5.20 - Frequência relativa das diferentes técnicas de reabilitação relativamente à coloração

do betão das superfícies inspeccionadas .......................................................................................... 96

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 2.1 - Resumo dos pigmentos tipicamente utilizados para produzir as diversas colorações .... 21

Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista ........................ 31

Quadro 4.1 - Sistema classificativo de técnicas de reparação curativas (rc), preventivas (rp) e

trabalhos de manutenção (m) ............................................................................................................ 44

Quadro 4.2 - Matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação de superfícies de betão à

vista .................................................................................................................................................. 64

Quadro 4.3 - Ficha de reparação R-C1 Reparação de fenda activa (rc) ............................................. 65

Quadro 5.1 - Identificação e caracterização das inspecções .............................................................. 68

Quadro 5.2 - Tipos de utilização dos edifícios inspeccionados........................................................... 68

Quadro 5.3 - Ficha de inspecção número 057 ................................................................................... 70

Quadro 5.4 - Ficha de validação número 057 .................................................................................... 72

Quadro 5.5 - Validação da matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação .......................... 77

Quadro 6.1 - Anomalias reparadas pelas diferentes técnicas de reparação ..................................... 103

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1. INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Remonta há milhares de anos a utilização do “betão”, o qual era produzido como uma mistura de

argila, areia, cascalho e água. Os Romanos utilizaram esta mistura na construção de algumas obras,

como pontes, aquedutos, casas e templos, algumas destas ainda existentes (Appleton, 2005).

A utilização deste material nunca foi totalmente esquecida, mas só em 1824, quando o inglês Joseph

Apsdin obteve a primeira patente para fabricar cimento portland, se notou um emprego mais amplo do

betão (Appleton, 2005). O betão armado que, inicialmente, era executado exclusivamente com

carácter estrutural, começa, no início do século XX, a surgir mais frequentemente com as suas

superfícies à vista, tirando-se assim também partido do seu potencial estético.

Actualmente, o uso do betão com funções estéticas encontra-se generalizado, tendo Portugal

inúmeros exemplos de edifícios (públicos e privados) construídos total ou parcialmente em betão à

vista, com as mais diversas formas, texturas e colorações associadas (Figura 1.1). Muitos deles, pela

degradação natural deste material ou por erros de concepção / execução, necessitam das suas

superfícies intervencionadas para que voltem a ostentar a expressão estética para a qual foram

projectadas.

Figura 1.1 - Exemplos de edifícios com betão à vista: Casa da Música, Porto (à esquerda), Casa das

Histórias - Paula Rego, Cascais (ao centro) e Edifício Vodafone, Porto (à direita)

Além disso, a realização de inspecções periódicas contribui para monitorizar o estado de degradação

das superfícies de betão à vista, possibilitando a redução dos custos de manutenção a longo prazo e

prolongando, ao mesmo tempo, a vida útil das mesmas.

Assim, esta dissertação (juntamente com o trabalho de Silva (2015), desenvolvido em paralelo) visa

criar um sistema de apoio à inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista que constitua

uma ferramenta útil e de fácil utilização nas reabilitações necessárias deste tipo de superfícies,

resultantes da realização de inspecções periódicas.

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1.2 ÂMBITO E JUSTIFICAÇÃO DO TEMA

A presente dissertação enquadra-se na área da patologia e reabilitação de elementos da construção,

tendo também em vista a definição de regras de boa concepção, execução e utilização de superfícies

de betão à vista.

No âmbito da presente dissertação, considera-se betão à vista qualquer elemento em betão com

superfícies expostas, desde que estas não sejam objecto de qualquer tipo de revestimento, após

descofragem, com excepção da aplicação de tintas e vernizes. Os conteúdos envolvidos nesta

dissertação, mais propriamente em termos de identificação dos sintomas patológicos e posterior

metodologia de reabilitação, focam apenas a componente arquitectónica, pelo que a integridade

estrutural do elemento não é tida em conta.

O betão é essencialmente um material estrutural que acaba por servir de suporte a diferentes tipos de

revestimentos. No entanto, este pressuposto tem vindo a alterar-se e este passou, da mesma forma,

a ser visto como um material que permite diversos tipos de acabamento na sua superfície, podendo

então ser deixado à vista (Gerardo, 2013).

Com a evolução constante de novos produtos, acabam por surgir novos tipos de betão, onde não só

se procura dar novas utilizações ao mesmo, como também melhorar algumas das características já

existentes. O betão à vista é uma dessas evoluções e é, hoje em dia, cada vez mais utilizado em

obras de alta visibilidade e prestígio, destacando-se pelo seu potencial estético e técnico. O betão

potencia soluções versáteis, com comportamento resistente, de elevada durabilidade e reduzida

necessidade de manutenção (Secil, 2011).

No caso da utilização de betão à vista, é importante que este desempenhe não só funções

estruturais, de durabilidade, salubridade, conforto térmico e higrométrico, como ainda um papel

importante no que respeita à estética da sua superfície.

É sabido que as fases de concepção e execução são fundamentais para a qualidade final de um

betão e, quando não existem os devidos cuidados nas fases referidas, tem-se um aumento dos

fenómenos patológicos, principalmente na superfície do betão, assim como uma redução da vida útil

do mesmo. Surge então a necessidade de prevenir o aparecimento de anomalias e, quando tal não

se verificar, de ter conhecimento exacto de quais as anomalias presentes, procedendo a um correcto

diagnóstico. De igual forma, é essencial dominar as técnicas de reabilitação a serem aplicadas, de

acordo com as respectivas causas.

Em Brito e Flores-Colen (2005), é referido que “a preparação de um conjunto de matrizes de

correlação das anomalias com as suas causas prováveis, os métodos de diagnóstico indicados e as

técnicas de manutenção / reparação recomendadas, permite a implementação de um sistema

informático de apoio à inspecção (…)”. Do mesmo modo, Silvestre (2005) sugere, como

desenvolvimento futuro, “construir ferramentas de apoio à inspecção de outros elementos não

estruturais existentes na envolvente dos edifícios e, no passo seguinte, alargar o âmbito do estudo a

todos os elementos da construção (estruturais e não estruturais) com uma metodologia idêntica à que

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foi apresentada nesta dissertação, de forma a permitir a construção do sistema de gestão do

edificado”.

Assim, com a presente dissertação, pretende-se sistematizar e correlacionar os processos referentes

à reabilitação de superfícies verticais de betão à vista, através da criação de um sistema de

inspecção, diagnóstico e reparação destas superfícies.

1.3 TRABALHOS REALIZADOS NO ÂMBITO DA DISSERTAÇÃO

No âmbito da temática da presente dissertação, foram tidos como referência os seguintes trabalhos,

que constituem informação de base para a elaboração desta dissertação:

Brito, J. (1987). “Patologia de Estruturas de Betão - Degradação, Avaliação e Previsão da Vida

Útil", Dissertação de Mestrado em Engenharia de Estruturas, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Brito, J. (1992). “Desenvolvimento de um Sistema de Gestão de Obras de Arte em Betão”, Tese

de Doutoramento em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Nunes, Álvaro (2013). “Manual de Controlo de Qualidade para Betão à Vista”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Silva, Cátia (2015). “Sistema de Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Superfícies de Betão

à Vista”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Com o intuito de normalizar e sistematizar metodologias de investigação, recorreu-se ainda aos

seguintes trabalhos de investigação realizados no Instituto Superior Técnico:

Walter, Ana (2002). “Sistema de Classificação para a Inspecção de Impermeabilizações de

Coberturas em Terraço”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico,

Lisboa.

Silvestre, José (2005). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em

Revestimentos Cerâmicos Aderentes”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto

Superior Técnico, Lisboa.

Delgado, Anabela (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Revestimentos de

Pisos Lenhosos”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Neto, Natália (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em

Revestimentos em Pedra Natural”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior

Técnico, Lisboa.

Gaião, Carlos (2008). “Sistema de Apoio à Inspecção e Diagnóstico de Anomalias em Paredes de

Placas de Gesso Laminado”, Dissertação de Mestrado em Construção, Instituto Superior Técnico,

Lisboa.

Palha, Filipe (2008). “Tecnologia e Reabilitação de Estuques Correntes em Paramentos

Interiores”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Lopes, Nuno (2009). “Tecnologia e Reabilitação de Revestimentos Exteriores de Coberturas

Inclinadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

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Pires, Rita (2011). “Sistema de Inspecção, Diagnóstico e Reabilitação de Revestimentos por

Pintura em Fachadas Rebocadas”, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Instituto

Superior Técnico, Lisboa.

Sá, Gonçalo (2010). “Tecnologia e Reabilitação de Rebocos em Paredes”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Saraiva, Diogo (2011). “Tecnologia e Reabilitação de ETICS em Paredes”, Dissertação de

Mestrado em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

Vicente, Mário (2012). “Tecnologia e Reabilitação de Caixilharias”, Dissertação de Mestrado em

Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico, Lisboa.

1.4 OBJECTIVOS E METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação possui como principal objectivo a criação de um sistema de inspecção e

diagnóstico de superfícies de betão à vista. Além disso, o levantamento sumário da tecnologia das

superfícies de betão à vista, o estudo das técnicas de reabilitação e a validação do sistema proposto

constituem objectivos importantes que permitem complementar o propósito principal.

Começando por uma pesquisa bibliográfica, centrada na tecnologia e reabilitação das superfícies de

betão à vista, pretende-se fornecer um enquadramento histórico e ainda uma análise da evolução do

conhecimento, a nível nacional e internacional.

Do mesmo modo, são enumeradas as anomalias mais frequentes, propondo-se as técnicas de

reabilitação e respectivas matrizes de correlação entre estas e as anomalias.

Este sistema deverá ser validado com uma campanha de inspecções in situ que permitirá o posterior

tratamento dos dados recolhidos, de modo a obter estatísticas fiáveis e possibilitar a obtenção de

conclusões objectivas.

Importa referir que esta dissertação se baseia em duas fases principais, nomeadamente recolha

bibliográfica e trabalho de campo, as quais visam cumprir os objectivos propostos.

A primeira fase contempla um estudo sobre toda a documentação acerca da tecnologia e reabilitação

de superfícies de betão à vista, percebendo o que já foi publicado nesta área e possibilitando a

criação de um sistema classificativo de técnicas de reabilitação e manutenção deste tipo de

superfícies, bem como a respectiva matriz de correlação entre estas e as anomalias existentes.

A segunda fase consiste numa campanha de inspecções a 110 superfícies verticais de betão à vista,

pertencentes a diversos edifícios, com o intuito de recolher o maior número possível de dados para

posterior tratamento estatístico. Além disso, os dados recolhidos nas inspecções, após inseridos e

tratados numa base de dados (software Microsoft Access), permitem a validação dos pressupostos

teóricos admitidos aquando da elaboração do sistema classificativo e matriz de correlação referidos.

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1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

No capítulo 1, é introduzido o tema da dissertação, bem como trabalhos desenvolvidos no âmbito da

mesma. São também apresentados a justificação e os objectivos da dissertação, a metodologia e a

sua organização.

O capítulo 2 apresenta todos os aspectos relacionados com a tecnologia de betão à vista. São

referidos todos os tipos de acabamento superficial e coloração, assim como a normalização aplicável

a superfícies de betão à vista. Descreve-se ainda as condicionantes do projecto e escolha dos

materiais constituintes e, por último, detalha-se todo o processo construtivo, bem como o controlo de

qualidade na fase de execução.

No capítulo 3, são apresentadas, de forma sucinta, as anomalias mais frequentes e respectivas

causas, bem como o estado de degradação que estas podem apresentar e consequências

associadas, de modo a permitir a escolha da técnica de reparação mais adequada.

No capítulo 4, é apresentado um sistema classificativo das técnicas de reparação e manutenção de

superfícies de betão à vista, que permitem eliminar / solucionar as anomalias presentes nestas

superfícies, bem como as respectivas causas. De modo a complementar o referido sistema foram

elaboradas fichas de reparação para cada técnica seleccionada (Anexo 4.I), onde cada processo de

reparação é descrito e caracterizado. Ainda no presente capítulo, foi produzida uma matriz de

correlação entre anomalias e técnicas de reparação.

O capítulo 5 apresenta a validação do sistema classificativo e respectiva matriz de correlação, assim

como a calibração dos pressupostos adoptados aquando da construção do mesmo, baseada numa

campanha de inspecções efectuada a 110 superfícies verticais de betão à vista. Na segunda parte

deste capítulo, apresenta-se o tratamento estatístico dos dados recolhidos nas inspecções realizadas,

os quais permitiram obter conclusões relevantes acerca das anomalias presentes nestas superfícies e

técnicas de reparação mais adequadas para as solucionar.

No capítulo 6, são apresentadas as conclusões gerais da dissertação, referindo as características

mais importantes desta. Por último, apresentam-se perspectivas de desenvolvimentos futuros desta

área de investigação.

Posteriormente, é apresentada a bibliografia da presente dissertação, seguindo-se os anexos onde

constam as fichas de reparação (Anexo 4.I) e a listagem identificativa de todos os edifícios

inspeccionados no decorrer do trabalho de campo (Anexo 5.II).

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2. TECNOLOGIA

2.1 INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje, a reabilitação tem cada vez mais relevância no sector da construção, realçando

assim importância de um conhecimento aprofundado ao nível da tecnologia de execução e reparação

do betão à vista.

Pode-se dividir o betão à vista, quanto ao tratamento da superfície, em dois grupos: betão não

tratado, em que as superfícies não são objecto de qualquer tipo de revestimento ou tratamento, após

descofragem, com excepção de tintas e vernizes; e betão tratado, em que as superfícies, após

descofragem, são sujeitas a tratamentos químicos e/ou mecânicos para a obtenção do acabamento

final.

Este capítulo tem por objectivo a apresentação da tecnologia associada às superfícies de betão à

vista, abordando-se globalmente todas as temáticas importantes. Assim, inicia-se com a descrição

dos tipos de acabamento superficial para betão à vista, com a descrição das suas principais

características e qualidades. De seguida, aborda-se a importância da cor e a normalização aplicável à

concepção de uma superfície de betão à vista, bem como as condicionantes e o processo de

selecção de materiais constituintes na fase de projecto. Por fim, aborda-se os principais aspectos

relacionados com o processo construtivo, os quais englobam os constituintes da mistura, armaduras,

cofragens, processo de betonagem, descofragem e cura, assim como os cuidados necessários no

acabamento final da superfície e controlo de qualidade na fase de execução.

2.2 TIPOS DE ACABAMENTO SUPERFICIAL

Relativamente aos acabamentos superficiais, são várias as opções disponíveis, existindo tanto

acabamentos totalmente lisos ou polidos como outros com diferentes texturas ou graus de exposição

dos agregados. Quanto aos graus de exposição, Nawy (2008) classifica-os em ligeiro, médio ou

profundo, consoante seja apenas removido o ligante de forma superficial, exposto o agregado fino ou

o agregado grosso em toda a superfície, respectivamente.

O facto de uma superfície texturada ser mais propícia à dissimulação de pequenas anomalias

construtivas pode ter influência aquando da selecção do tipo de acabamento superficial a adoptar. No

entanto, acabamentos texturados são mais propícios à acumulação de sujidade, pelo que todos estes

aspectos devem ser tidos em conta na concepção de determinado elemento de betão à vista.

2.2.1 Natural

Este tipo de acabamento é obtido pela descofragem das superfícies de betão, sem qualquer acção

posterior sobre as mesmas. No entanto, apresenta variações no aspecto consoante o molde utilizado,

uma vez que este deixa a sua impressão no betão (Figura 2.1).

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Figura 2.1 - Acabamento natural utilizando madeira com selante como material de cofragem (à

esquerda) e madeira natural (à direita)

2.2.2 Polido

O betão de superfície polida é conseguido através de um processo mecânico de polimento, efectuado

após a descofragem e cura do betão.

Este acabamento (Figura 2.2) é alcançado através de abrasão controlada da superfície com vários

passos erosivos, resultando, no final, uma nova superfície. A profundidade deste desgaste é definida

consoante a classe de exposição desejada para o agregado. O polimento final é repetido tantas

vezes quantas as necessárias para a obtenção do nível de brilho desejado.

Figura 2.2 - Acabamento polido

2.2.3 Relevo por moldagem

Este acabamento permite conferir à superfície do betão uma grande variedade de padrões, em baixo

ou alto relevo (Figura 2.3). Isto é conseguido através da utilização de moldes em poliuretano,

elastómeros, silicones ou estampagem, colados ou pregados à cofragem, e tirando partido do facto

de o betão ser um material moldável no estado fresco, obtendo-se a textura pretendida na superfície

de betão (Inácio, 2005; CCAA T57, 2006).

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Figura 2.3 - Acabamento com relevo por moldagem

2.2.4 Bujardado

Este acabamento (Figura 2.4) é conseguido através de um processo mecânico, efectuado após a

descofragem e cura do betão, com recurso a um martelo pneumático e bujarda.

Neste tipo de acabamento, pelo carácter destrutivo do mesmo, é necessário garantir a resistência

adequada do betão, antes da realização da bujardagem, e ainda um recobrimento adequado.

Figura 2.4 - Processo de bujardagem com exposição de agregado (CCAA T57, 2006)

2.2.5 Jacteado

A técnica de jacteamento é utilizada para expor o agregado do betão à vista. Este tipo de

acabamento (Figura 2.5) permite optar pelo grau de exposição de agregado pretendido, sendo no

máximo um terço do agregado grosso (CCAA T57, 2006). Para uma exposição mais profunda, esta

técnica pode ser conjugada com um retardador de presa.

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Figura 2.5 - Acabamento jacteado com exposição de agregado (CCAA T57, 2006)

Reis (2012), citando Nunes (2012), distingue diferentes tipos de jacteamento, tais como o jacto de

água, o qual se aplica a betão em estado fresco, jacto de água combinada com areia e jacto de ar

combinado com areia ou granalha.

Sempre que possível, a equipa e o equipamento devem ser mantidos durante todo o processo, pois

alterações na distância, velocidade ou pressão do jacteamento implicam diferenças no acabamento

final da superfície (Nawy, 2008).

2.2.6 Escacilhado

Este acabamento consiste na picagem da superfície de betão, com recurso a ponteiros acoplados a

ferramentas pneumáticas. Assim, macroscopicamente a superfície apresenta um aspecto tosco

(Figura 2.6), assemelhando-se a uma rocha, na medida em que a picagem do betão provoca a

extracção irregular de lascas / escacilhos.

Figura 2.6 - Acabamento escacilhado

É necessário ter em conta que a execução do presente acabamento na superfície de betão à vista

pode reduzir a espessura de recobrimento, visto ser um processo abrasivo destrutivo de difícil

controlo de execução, devendo-se, por isso, prever um recobrimento adicional.

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2.2.7 Flamejado

O flamejado corresponde a um tipo de acabamento caracterizado por uma textura rugosa, franzida e

com uma coloração mais ténue do que a original, devido à aplicação de uma chama na superfície de

betão à vista (Reis, 2012). Do mesmo modo, este tipo de acabamento superficial (Figura 2.7)

caracteriza-se como anti-derrapante, sendo, por isso, frequentemente utilizado em pavimentos.

Figura 2.7 - Acabamento flamejado (Architonic, 2015)

Importa referir que os betões devem apresentar agregados graníticos na sua composição, de modo a

ser possível uma correcta execução do processo de flamejamento, visto que estes possuem a

capacidade fundente necessária ao processo (Reis, 2012).

2.2.8 Reactivo

O betão reactivo apresenta capacidades reactivas na presença de humidade que permite a criação

de qualquer padrão ou imagem na superfície do betão. Deste modo, é necessário proceder à

impermeabilização do betão, seguida da aplicação de uma solução reagente com água, estando a

superfície delimitada por um molde impermeável.

Por fim, na presença de água, a superfície de betão sobre a qual foi aplicada a solução reagente

adquire uma coloração mais escura, permitindo, deste modo, a visualização da imagem, invisível em

estado seco (Figura 2.8).

Figura 2.8 - Acabamento reactivo (Architerials, 2015)

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2.2.9 Fotoimpressão

A fotoimpressão corresponde à transferência de determinada(as) imagem(ns) para a superfície de

betão à vista (Figura 2.9), utilizando um processo de absorção capilar, através de impressões

fotográficas. Assim, procede-se à colocação da imagem, impressa de forma invertida em papel de

elevada qualidade, na base da cofragem, para evitar que o processo introduza um efeito de reflexão

(Reis, 2012).

Figura 2.9 - Acabamento com fotoimpressão (Architonic, 2015)

O processo de fotoimpressão é executado com o betão ainda em estado fresco, sendo a cor

transferida por impregnação. Deste modo, procede-se à penetração da cor na camada superficial do

betão, até a uma profundidade de aproximadamente 10 mm (Reis, 2012).

Tendo em conta a susceptibilidade à erosão / desgaste por parte do presente acabamento superficial,

este deve ser apenas utilizado em espaços interiores, de forma a evitar a sua deterioração. Importa

ainda referir que esta técnica utiliza preferencialmente betões de cor branca, de modo a que a

reprodução da imagem seja efectuada com nitidez.

Além disso, existem também outros métodos de impregnação de imagens que alcançam resultados

bastante positivos em termos da execução de pormenores e definição de transições de tonalidades

de cor, através da utilização de películas de poliéster impressas (Inácio, 2005).

2.2.10 Fotogravação

A fotogravação corresponde a uma técnica construtiva, baseada no conhecimento adquirido na

execução de outros tipos de acabamento superficial, a qual consiste na transferência de imagens

para a superfície de painéis prefabricados em betão ou realizados in situ.

Este processo de execução engloba a transferência das fotografias para um filme de plástico

especial, através de um processo de serigrafia, utilizando um retardador superficial de presa. O

referido filme, coberto de desactivante, é colocado cuidadosamente no fundo do molde, sendo o

betão vertido sobre o mesmo de seguida. A quantidade de retardador utilizada permite controlar o

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grau de endurecimento da superfície de betão à vista. Por fim, quando o painel é desmoldado, deve

proceder-se à sua lavagem cuidada com água e respectiva escovagem (Figura 2.10), de modo que o

betão que está em contacto com o retardador seja retirado, dando origem a áreas mais escuras e

rugosas, devido à exposição dos agregados (Inácio, 2005).

Figura 2.10 - Lavagem de acabamento com fotogravação (CCAA T57, 2006)

Assim, a fotogravação engloba o contraste que se verifica entre partes rugosas e lisas, assim como o

escuro e claro, que formam um conjunto de pontos correspondentes à imagem, sendo a qualidade de

definição dependente do seu contraste e da diferença entre as cores do cimento e agregados (Inácio,

2005; CCAA T57, 2006).

2.3 COR

A cor de uma superfície de betão à vista depende do teor de ligante e pigmentos, assim como dos

agregados finos utilizados na composição da mistura. No entanto, de um modo geral, o betão à vista

pode ser cinzento, quando o ligante utilizado é o cimento cinzento, branco (Figura 2.11), quando se

utiliza como ligante o cimento branco, ou colorido, quando são adicionados pigmentos à mistura.

Figura 2.11 - Exemplo de betão branco em fachada

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É assim possível obter betões de cores variadas (Figura 2.12) através das diferentes conjugações

entre agregados finos, ligante e pigmentos. Segundo Nunes (2003), são preferíveis pigmentos

inorgânicos à base de óxidos metálicos, uma vez que são os mais estáveis a alterações cromáticas,

perante a acção dos raios UV. A dosagem de pigmento pode ir desde 0,1% a 8,0% do peso de

cimento, consoante a intensidade da cor que se desejar atingir, sendo que uma maior percentagem

corresponde a um betão de cor mais escura (Nunes, 2003). Do mesmo modo, CCAA T57 (2006)

acrescenta que a quantidade óptima de pigmento corresponde a um valor aproximado de 5,0% do

peso de cimento, para alcançar superfícies com boa intensidade de cor.

Figura 2.12 - Provetes de betão colorido (UNIBETÃO PR.07, 2011)

Importa referir que, apesar de ser utilizada a mesma quantidade de pigmento, verifica-se uma

variação de tonalidade da superfície de luminosa para mate, quando se procede à troca de cimento

branco por cinzento. Contudo, Inácio (2005) afirma que se obtêm melhores resultados com a adição

de pigmentos a betões em que o ligante é o cimento branco, uma vez que o cimento cinza, por ter na

sua constituição óxidos metálicos, disfarça o efeito do pigmento na superfície final. Assim, quando se

pretendem betões de cores claras e acabamentos lisos, é preferível recorrer ao cimento branco como

ligante da mistura.

Por último, outra forma de atingir a cor final desejada da superfície de betão à vista consiste em tirar

partido da cor dos agregados, quando se recorre a acabamentos superficiais (§2.2) com exposição

dos mesmos. Mesmos nestas situações, caso se pretenda melhorar a aparência da superfície,

podem-se utilizar pigmentos entre 0,5% a 1,0% do peso de cimento para complementar a cor do

agregado exposto (CCAA T57, 2006).

2.4 NORMALIZAÇÃO

A série de normas NP EN 1504 “Produtos e Sistemas para a Protecção e Reparação de Estruturas de

Betão” é constituída por 10 partes, das quais se destacam a parte 1 (NP EN 1504-1, 2006), que

descreve os termos e definições compreendidos na norma; parte 2 (NP EN 1504-2, 2006), que

fornece especificações para produtos / sistemas de protecção superficial do betão; parte 3 (NP EN

1504-3, 2006), que, por sua vez, fornece especificações para a reparação estrutural e não estrutural;

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15

parte 5 (NP EN 1504-5, 2006), que fornece especificações para a injecção do betão; parte 9 (NP EN

1504-9, 2009), que define os princípios gerais para o uso de produtos e sistemas; e, por fim, a parte

10 (NP EN 1504-10, 2008), que fornece informação sobre a aplicação e controlo da qualidade dos

trabalhos.

Da mesma forma, aspectos como colocação, compactação e cura do betão, encontram-se

normalizados na norma NP ENV 13670-1:2007 “Execução de estruturas de betão - Parte 1: Regras

gerais”.

Existe também a norma NP EN 206-1:2007 “Betão - Parte 1: Especificação, desempenho, produção e

conformidade” que, por sua vez, remete para outras, dedicadas especialmente aos constituintes,

ensaios e durabilidade do betão. Na Figura 2.13, destaca-se as normas e especificações mais

importantes aplicáveis ao betão.

Figura 2.13 - Resumo de normas relacionadas com betão, adaptado de Appleton (2010)

Uma vez que a nível nacional não existe normalização específica para betão à vista, pode-se recorrer

a regulamentação internacional, de modo a que se implementem boas práticas na concepção e

execução deste tipo de superfícies.

Assim, o ACI Committee 303 (2004) apresenta uma norma que consiste em recomendações / regras

de execução de superfícies de betão à vista, incluindo a importância dos materiais especificados,

cofragens, betonagem, processo de cura, bem como dos tratamentos posteriores à descofragem,

sendo esta designada por Guide to cast-in-place architectural concrete practice.

De igual modo, relativamente a cofragens para betão à vista, existem duas normas internacionais

aplicáveis: AS 3610 - Formwork for concrete (AS3610, 2010); ACI 347-04 - Guide to formwork for

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concrete (ACI Committee 347, 2004). A primeira tem o objectivo de fornecer recomendações relativas

à execução da cofragem para betão à vista, bem como o controlo final do acabamento superficial e

coloração, fornecendo ainda algumas considerações sobre reparações. A segunda dedica um

capítulo ao betão à vista, onde identifica e destaca os factores a ter em conta na execução da

respectiva cofragem.

2.5 PROJECTO DE BETÃO À VISTA

O projecto de betão à vista tem frequentemente limitações impostas pelo projecto de arquitectura,

sendo que algumas delas são o espaçamento e dimensão das tiges, o tipo de acabamento superficial

(§2.2), a localização e tratamento das juntas, entre outras. Assim, é importante ter em consideração

as condicionantes existentes num projecto de betão à vista e efectuar uma escolha cuidada dos

materiais constituintes e do acabamento, contemplando essas condicionantes.

2.5.1 Condicionantes

Existem alguns aspectos que condicionam o projecto de betão à vista e que, em virtude de não

existirem normas nacionais para este tipo específico de superfícies, convém que sejam realçados e

tidos em conta aquando da concepção e respectiva execução em obra.

Relativamente a elementos em betão à vista, a Secil (2011) fornece especificações a serem

cumpridas, como a classe de resistência mínima (C 30/37), a dimensão máxima do agregado (150

mm) e a dosagem mínima de cimento de (370 kg/m3), para potenciar o resultado final das suas

superfícies. No mesmo sentido, Nero e Nunes (1997) acrescentam que a relação água / cimento deve

ser inferior a 0,42.

É comum em betão à vista o aumento da dosagem de cimento e a redução da relação água /

cimento. No entanto, é importante ter em conta que uma dosagem elevada de cimento facilita o

aparecimento de certas anomalias, como a fissuração (Inácio, 2005).

Quanto ao recobrimento, a Secil (2011) aconselha, no caso de betão branco, que este não seja

inferior a 3,5 cm, enquanto para os restantes casos sugere um aumento de 1,0 cm, relativamente ao

calculado através do Eurocódigo 2 para estruturas de betão.

A classe de consistência para um betão a aplicar em paredes e pilares ou em lajes e vigas deve ser

S4 ou S3, respectivamente. No caso de elementos de elevada esbelteza, com espessura inferior a 30

cm, deve-se recorrer a betão auto-compactável (Secil, 2011).

2.5.2 Escolha dos materiais constituintes e do acabamento

Sendo o betão constituído por uma mistura de agregados, ligante e água, podendo ainda conter

pigmentos, adjuvantes e adições, é necessário escolher convenientemente estes constituintes ainda

na fase de projecto para possibilitar a obtenção de uma superfície com as características desejadas.

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Outro factor de decisão importante passa pela escolha do material de cofragem que está dependente

do tipo de elemento a betonar e do acabamento superficial desejado. De qualquer forma, o

acabamento pretendido para a superfície pode, por si só, condicionar as restantes escolhas

relacionadas com o processo construtivo.

Por fim, por se tratar de betão à vista, deve-se minimizar a fissuração, de modo a aumentar a

protecção contra agentes agressivos e, ao mesmo tempo, melhorar a aparência final da superfície.

2.6 PROCESSO CONSTRUTIVO

O resultado final da superfície de betão à vista é influenciado por todas as fases do processo

construtivo. Assim, aspectos como a constituição da mistura utilizada, cofragem usada, operação de

betonagem e descofragem ou cura, devem ser alvo de cuidados, evitando resultados indesejáveis.

Deste modo, como forma de possibilitar o treino das equipas e, ao mesmo tempo, assegurar que o

resultado final da superfície é o projectado / desejado, aconselha-se a execução de um painel de

teste com os materiais e equipamentos que serão utilizados.

2.6.1 Mistura

O betão é um dos materiais mais utilizados na construção, sendo composto por uma mistura de

ligante, agregados, água, além de outros materiais complementares, como os adjuvantes, adições e

pigmentos.

No betão à vista, além de se definirem requisitos de resistência e proporções da mistura exigidos num

betão normal, é também necessário equacionar, nesta fase do processo, a cor e a textura

pretendidas para a superfície final.

2.6.1.1 Ligante

O ligante possui a finalidade de aglutinar outros materiais, nomeadamente os agregados,

influenciando, por isso, a resistência do material resultante. Assim, o ligante seleccionado deve

respeitar a norma NP EN 197 “Cimentos”, sendo que, para uma determinada obra, este deve possuir

a mesma proveniência, de modo a serem minimizadas as variações de cor. Desta forma, os

respectivos fabricantes devem possuir boletins de autocontrolo que monitorizem a origem do ligante e

as suas características (Inácio, 2005; Secil, 2011).

Normalmente, o cimento branco é o mais utilizado para betão à vista, sendo que, para betões de cor

escura, é preferível a aplicação de cimento cinzento. Os tipos e classes destes ligantes podem ser

desde cimentos tipo I a cimentos compostos tipo II, dependendo a escolha principalmente da

resistência necessária em cada caso (Nunes, 2003).

O cimento de cor cinzenta pode ser obtido através da utilização de cimento com igual coloração ou

usando uma mistura de cimento branco com adição de pigmentos pretos, sendo que as variações de

cor correspondentes a uma matriz de cimento cinza são superiores às de ligante branco (Nawy,

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2008). Tendo em conta que, com o recurso à referida mistura, é possível obter-se maior

homogeneidade, então a mistura possuirá uma uniformidade de cor superior, quando comparada com

as que apresentam apenas ligante cinzento na sua composição (Inácio, 2005). Além disso, a

utilização de cimentos brancos permite obter maior resistência à compressão comparativamente com

o ligante de cor cinzenta comum (Nawy, 2008). Assim, em betão à vista, a aplicação de cimento

branco é mais frequente, embora se recorra a cimento cinzento quando o intuito é obter tonalidades

mais escuras (Inácio, 2005).

Deste modo, os tipos comuns de cimento utilizados na produção de betão à vista são cimentos

Portland do tipo CEM I 42,5R, CEM II/B-L 32,5, CEM II/B-L 32,5 (Br) ou CEM II/A-L 52,5N (Br) (Secil,

2011; Fonseca e Nunes, 1998). Relativamente ao processo de execução de superfícies de betão à

vista, os cimentos brancos apresentam trabalhabilidade inferior e retracção superior, quando

comparados com os cimentos cinzentos, visto que os primeiros iniciam o seu processo de presa mais

rapidamente (Nero e Nunes, 1997).

O uso de fíleres calcários na composição do ligante relaciona-se com a necessidade de garantir

resistências superiores e reduzir a quantidade de água de amassadura utilizada (Nero e Nunes,

1997). Da mesma forma, é necessário ter especial atenção ao armazenamento do cimento, de modo

a que se encontre protegido da humidade e não apresente grânulos ou contaminações, aquando da

sua aplicação (Secil, 2011).

2.6.1.2 Agregados

De acordo com a norma NP-EN 206-1: 2007 “Betão - Parte 1: Especificação, desempenho, produção

e conformidade”, agregado é definido como sendo um “material mineral granular adequado para

utilização no betão”. As propriedades essenciais exigidas a um agregado a utilizar na produção de

betão englobam razões de natureza geométrica, física e química, tais como forma e dimensões

adequadas, resistência mecânica, propriedades químicas adequadas ao ligante e acções exteriores,

propriedades térmicas apropriadas e isenção de substâncias prejudiciais.

É importante referir que, para se obter um betão com as propriedades pretendidas, as características

dos agregados, assim como as suas condições de fornecimento e armazenamento, devem estar

segundo os requisitos da norma NP EN 12620: 2003 - “Agregados para betão” e com a especificação

LNEC E454 “Betões de cimento branco - Recomendações para a escolha dos constituintes” (Nunes,

2003).

Os agregados possuem um papel importante na composição do betão, representando

aproximadamente 70% do seu volume (Inácio, 2005). Estes constituintes, cuja escolha e

granulometria dependem do tipo de acabamento final desejado, contribuem para a porosidade e

resistência do betão. Do mesmo modo, a cor final de uma determinada superfície pode ser

influenciada pela escolha dos agregados, sobretudo em betões de cor clara.

Assim, a selecção do agregado grosso e respectiva cor assume destaque quando se pretende que

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estes se encontrem expostos à superfície. Por outro lado, quando o intuito é obter um acabamento

final liso, deve ser dada especial atenção à escolha dos agregados finos do betão a utilizar.

Tal como o ligante seleccionado (§2.6.1.1), também os agregados devem ter todos a mesma

proveniência, não serem reactivos com os álcalis do cimento e estarem isentos de partículas de

argila, agentes contaminantes e/ou impurezas que possam alterar a cor do betão (Brito e Flores-

Colen, 2005).

A composição de um determinado betão engloba geralmente todos os tamanhos de agregados

abaixo de um máximo, tendo normalmente uma granulometria contínua. Contudo, no caso de ser

pretendida uma superfície final com os agregados à vista, procede-se à eliminação de algumas das

suas classes intermédias, de forma a que, após a aplicação do tratamento superficial, seja possível

obter agregados da mesma dimensão e, por conseguinte, um aspecto final uniforme (Moreira, 1991).

2.6.1.3 Água

A água da mistura deve ser limpa, isenta de óleos e outras impurezas que possam causar manchas,

bem como ser livre de sais que possam contaminar a mistura. Deve-se evitar água gelada ou quente,

uma vez que pode prejudicar a trabalhabilidade da mistura. Assim, deve-se optar por água potável à

temperatura ambiente (Nawy, 2008).

Brito et al. (2009) referem que o controlo da relação água / cimento é importante na prevenção de

fenómenos de exsudação, pelo que se deve evitar uma relação demasiado elevada. Deste modo,

deve-se manter esta relação constante ao longo do processo, de modo a evitar variações de cor na

superfície de betão à vista.

2.6.1.4 Adições e adjuvantes

As adições e os adjuvantes conferem ambos melhorias significativas às características do betão no

estado fresco e/ou endurecido. No entanto, as adições são introduzidas na mistura em dosagens

superiores a 5% do peso de cimento, enquanto os adjuvantes são adicionados à mistura em

dosagens inferiores a 5% do peso de cimento. São exemplos de adições a sílica de fumo e as cinzas

volantes, tal como os superplastificantes e os retardadores de presa são exemplos de adjuvantes.

2.6.1.4.1 Adições

O recurso a uma grande quantidade de finos, que chega a atingir 400 a 600 kg/m3, sobretudo quando

se trata de betões auto-compactáveis, é frequente em misturas utilizadas em betão à vista. Uma vez

que esta quantidade de ligante é excessiva, recorre-se frequentemente a adições, nomeadamente a

fíleres calcários, em quantidades entre 60 a 200 kg/m3, no caso de betão à vista. Estes permitem

evitar uma dosagem de cimento em excesso, conferindo à mistura uma maior capacidade de

absorção de água, assegurando ao mesmo tempo uma coloração homogénea (Nunes, 2003).

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Por fim, dado que estas adições podem introduzir alterações ao nível da cor final da superfície,

especialmente em betões claros, deve-se realizar painéis de teste antes da aplicação final para aferir

se o resultado é o expectável.

2.6.1.4.2 Adjuvantes

Ao introduzir adjuvantes no betão, pretende-se melhorar algumas das suas características, tais como

a trabalhabilidade, resistência, tempo de presa, entre outras. Uma vez que os adjuvantes podem ser

minerais ou orgânicos, podem introduzir alterações ao nível da cor final da superfície, especialmente

em betões claros, pelo que se devem realizar painéis de teste antes da aplicação final para aferir se o

resultado é o expectável (ACI Committee 303, 2004).

Segundo Fonseca e Nunes (1998), os retardadores de presa e os superplastificantes são bastante

importantes na composição da mistura do betão à vista, melhorando a trabalhabilidade e permitindo

reduzir a relação água / cimento. Deste modo, estes devem ser resistentes à radiação UV e

apresentar cor clara, de forma a não interferirem na cor final da superfície.

No caso particular dos superplastificantes, Nero e Nunes (1997) aconselham uma dosagem de 1% a

2% do peso de cimento. Este tipo de adjuvante é também importante, uma vez que implica menos

vibração e previsivelmente menor formação de bolhas de ar.

2.6.1.5 Pigmentos

A forma menos onerosa e mais eficaz de conferir determinada coloração ao betão é através de

pigmentos (Figura 2.14), visto que estes estão disponíveis numa grande diversidade de cores.

Segundo Nunes (2003), os mais comuns são os pigmentos à base de óxidos metálicos, sendo

também estes os mais estáveis perante a radiação UV. Estes pigmentos são fornecidos sob a forma

de pó, grãos ou líquidos, os quais são posteriormente acrescentados à mistura (CCAA T57, 2006).

Figura 2.14 - Exemplos de pigmentos utilizados para produzir betão colorido (Inácio, 2005)

Assim, apresenta-se no Quadro 2.1 os pigmentos tipicamente utilizados na mistura para betões

coloridos, de acordo com a ASTM C979 (2010), bem como as respectivas cores finais que a

superfície apresenta.

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Quadro 2.1 - Resumo dos pigmentos tipicamente utilizados para produzir as diversas colorações

(adaptado de ASTM C979, 2010)

Pigmento utilizado Coloração resultante

Óxido de ferro amarelo Amarelo

Óxido de ferro vermelho Vermelho

Óxido de ferro Castanho

Óxido de crómio Verde

Azul de cobalto Azul

Dióxido de titânio Branco

Óxido de ferro preto e negro de fumo Preto

Algumas cores, como o azul e verde, são mais dispendiosas do que outras, como o amarelo ou

castanho, devido ao processo de fabrico para produção do tipo de pigmentos necessário em cada

caso (Gerardo, 2013).

Por último, importa referir que a quantidade de pigmento utilizada origina uma variação na cor final,

pelo que se deve recorrer a provetes de teste para alcançar a coloração desejada. Contudo, o ACI

Committee 303 (2004) refere que uma quantidade de pigmento superior a 10% do peso de cimento

pode ser prejudicial à qualidade do betão.

2.6.2 Armaduras

As armaduras são um factor importante na concepção de uma superfície de betão à vista, pois

contribuem directamente para a qualidade estética das superfícies. Assim, o estado de uma

determinada superfície depende da presença de películas destacáveis de óxidos metálicos no betão

fluido que migram, de forma rápida, para a superfície, provocando anomalias estéticas consideráveis

(Nero e Nunes, 1997). Deste modo, o cuidado necessário no processo de limpeza e armazenagem é

essencial, para que o aço das armaduras se encontre isento de óleos, argilas, oxidação (Figura 2.15)

ou outras substâncias que prejudicam a aderência do betão, podendo ainda contaminar a superfície

do mesmo (Secil, 2011). Além disso, o tratamento e colocação adequada das armaduras devem ser

efectuados obedecendo a regras, de forma a melhorar a qualidade da superfície final.

Figura 2.15 - Exemplo de armadura de espera oxidada (à esquerda) e de zona densamente armada

(à direita)

É necessário ter ainda em atenção a protecção das armaduras de espera, pois, segundo Fonseca e

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Nunes (1998), estas oxidam rapidamente em ambiente húmido, podendo surgir escorrências

inestéticas nas superfícies betonadas. Assim, deve-se proceder à protecção destas armaduras, a

qual é conseguida frequentemente através da sua pintura com tintas epóxidas ou baseadas em

poliuretanos.

Por outro lado, é importante ter um cuidado especial no posicionamento adequado das armaduras,

sendo, muitas vezes, necessário proceder-se ao aumento dos recobrimentos habituais (Nero e

Nunes, 1997). Quando se procede ao dimensionamento das armaduras, é necessário evitar zonas de

grande densidade (Figura 2.15) para que não ocorra retenção de agregados grossos que

consequentemente dificultem o processo de vibração (Nunes, 2013).

Para ser possível garantir uma pormenorização adequada das armaduras em termos da mistura

utilizada, dimensão dos agregados e processo de vibração, de forma a assegurar que o betão ocupa

o volume do molde, deve-se verificar o disposto no Eurocódigo 2 (2004). Do mesmo modo, para

evitar o surgimento de manchas, devido à oxidação dos elementos metálicos, deve ser tido o cuidado

de utilizar arames de atar em aço inox ou galvanizado, com extremidades pequenas, devendo estas

ser viradas para o interior do elemento (Nawy, 2008).

Importa referir que, no caso de estruturas densamente armadas, deve-se optar por betão auto-

compactável. Se o objectivo for garantir o recobrimento idealizado em projecto e o posicionamento

das armaduras dever-se-á recorrer a espaçadores, os quais devem ser em material polimérico ou

betão, de cor semelhante à da superfície (Secil, 2011). Sempre que possível, a betonagem deve ser

efectuada imediatamente após a colocação das armaduras para minimizar a ocorrência de oxidação

que provoca a contaminação das cofragens e surgimento de manchas na superfície de betão à vista

(Secil, 2011).

2.6.3 Cofragens

A cofragem é um dos factores mais importantes na aparência estética das superfícies de betão à

vista. Assim, todos os aspectos relacionados com a mesma devem ser cuidadosamente estudados e

equacionados ainda em fase de projecto.

A cofragem deve obedecer ao estabelecido na norma NP ENV 13670-1 (2007) para estruturas de

betão. No entanto, neste subcapítulo, faz-se referência aos aspectos mais relevantes a ter em conta

no caso de estruturas de betão à vista.

2.6.3.1 Material de cofragem

As superfícies de betão à vista, que são criadas exclusivamente pela superfície da cofragem, ou seja,

sem tratamento químico ou mecânico posterior à descofragem, requerem um maior conhecimento

das propriedades e materiais dos moldes, de modo a evitar algumas das anomalias construtivas mais

frequentes.

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As cofragens podem ser mais ou menos porosas, sendo que superfícies mais escuras são resultado

de uma cofragem com maior porosidade (Figura 2.16). Assim, materiais como aço, alumínio, plástico

ou madeiras com selante são considerados não porosos, contrariamente à madeira natural ou

produzida a partir de derivados que são classificados como porosos. Deste modo, quando o

acabamento pretendido é liso e de coloração clara, deve-se recorrer a cofragem de materiais não

porosos.

Outro factor a ter em conta é a capacidade da cofragem resistir aos impulsos provocados pelo betão

fresco. Assim, Fonseca e Nunes (1998) referem que a cofragem metálica é a que melhor cumpre este

aspecto mas, tratando-se de superfícies de betão à vista, esta deve ser revestida interiormente por

chapas de aço inox ou, em alternativa, por contraplacado marítimo para prevenir a contaminação da

superfície com manchas de corrosão.

Figura 2.16 - Exemplo de superfície com tonalidades desiguais devido a diferenças de absorção da

cofragem

2.6.3.2 Cofragem de permeabilidade controlada

A cofragem de permeabilidade controlada é um sistema que, durante a betonagem e a fase de cura,

permite aumentar significativamente a durabilidade da superfície de betão, assim como melhorar a

sua aparência estética. Esta consiste em acoplar à cofragem um têxtil para filtrar / drenar o ar e água

em excesso, enquanto conserva os finos à superfície e, ao mesmo tempo, garante a humidade

necessária ao correcto processo de cura do betão (Coutinho, 1998).

Da utilização de uma cofragem convencional resulta uma superfície com um teor de cimento reduzido

e uma maior relação água / cimento, ou seja, mais porosa. Isto deve-se a uma maior concentração de

água e ar à superfície, originando sobretudo as inestéticas bolhas de pele. Assim, com recurso à

cofragem de permeabilidade controlada, é possível drenar o excesso de água que se acumula à

superfície durante o processo de betonagem e, ao mesmo tempo, permitir a passagem do ar para o

exterior, reduzindo consideravelmente a formação de bolhas de pele e outras anomalias superficiais,

bem como aumentar a resistência e melhorar a aparência da superfície de betão à vista (Chen et al.,

2012; Liu et al.,2014). Na Figura 2.17, é possível comprovar a melhoria conseguida na aparência das

superfícies de betão através da utilização de cofragem de permeabilidade controlada.

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Figura 2.17 - Diferenças na aparência superficial quando é utilizada cofragem normal (à esquerda) ou

cofragem de permeabilidade controlada (à direita) (Chen et al., 2012)

2.6.3.3 Tiges e juntas

Existem outros aspectos a ter em conta no processo de escolha da cofragem, uma vez que estes

terão igualmente impacte a nível estético na superfície final, nomeadamente a disposição e

acabamento das tiges de cofragem (Figura 2.18), bem como a disposição e orientação da malha de

juntas (Figura 2.18) dos painéis de cofragem. Segundo PERI (2002), o arquitecto deve recorrer a um

projecto especial de cofragem para definir / pormenorizar os aspectos referidos, assim como a

dimensão dos painéis de cofragem que também deve constar do mesmo.

Figura 2.18 - Exemplo de edifício com diferentes alinhamentos de juntas e disposição de tiges

Existem painéis de cofragem padrão (Figura 2.19) com tamanhos fixos ou, em alternativa, estes

podem ser executados à medida de cada projecto. Do mesmo modo, as tiges podem ser planeadas

com recurso a painéis em que a posição destas já está pré-definida de fábrica ou, no caso dos

painéis executados à medida, a posição das tiges também pode ser planeada de acordo com o

pretendido na superfície final.

Um dos pontos críticos de surgimento de anomalias ocorre na zona das tiges que podem originar

perda de finos (Figura 2.20), caso não se encontrem perfeitamente encaixadas e seladas (Nawy,

2008). Assim, devem ser devidamente colocadas, recorrendo a negativos próprios para tiges com os

respectivos cones em PVC (Figura 2.21).

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Figura 2.19 - Exemplo de painel de cofragem

com localização de tiges pré-definida (PERI,

2002)

Figura 2.20 - Perda de finos na zona da tige

Relativamente às marcas de tiges deixadas na superfície de betão à vista, pode-se optar por deixá-

las visíveis ou por as dissimular / ocultar. Assim, quando a intenção é que estas marcas fiquem

visíveis, existem várias opções disponíveis, sendo que a mais comum passa por assumi-las

esteticamente como parte da superfície, ficando os orifícios visíveis no betão (Figura 2.21) ou, em

alternativa, recorrer-se a um padrão adjacente a estes (Figura 2.22). Por outro lado, podem-se

tamponar os negativos (Figura 2.21) com acessórios próprios (Figura 2.22), disfarçando as marcas

deixadas na superfície. Finalmente, para ocultar estas marcas, podem-se preencher os orifícios com

argamassas adequadas e que cumpram todos os requisitos estéticos (igual coloração e

envelhecimento natural) e de durabilidade do betão original ou, em alternativa, recorrer a um selante

de poliuretano, em detrimento da argamassa, visto que estão disponíveis numa grande variedade de

cores e, alguns deles, permitem revestimento.

Figura 2.21 - Negativo para tige com respectivos cones em PVC (à esquerda) e marcas de tiges

visíveis na superfície (à direita)

Quanto às juntas entre painéis de cofragem, estas devem ser devidamente isoladas para prevenir

perda de finos e, consequentemente, o surgimento de anomalias na superfície. Assim, segundo a

Secil (2011), deve-se recorrer a mastiques ou juntas de borracha para unir os painéis e exteriormente

pode-se aplicar silicone para reforçar a selagem da junta. Por fim, sempre que possível, deve-se fazer

coincidir juntas de betonagem com juntas de dilatação ou, em alternativa, com juntas entre painéis,

evitando mais fontes de surgimento de anomalias (Secil, 2011).

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Figura 2.22 - Exemplo de padrão adjacente à marca da tige (à esquerda (PERI, 2002)) e tampão em

PVC (à direita)

Finalmente, deve-se verificar os alinhamentos (Figura 2.23) entre os painéis, de modo a garantir que

não surgem defeitos de planeza na superfície de betão à vista, provocados por desníveis na

cofragem.

Figura 2.23 - Verificação de alinhamentos entre painéis de cofragem (PERI, 2002)

2.6.4 Agentes descofrantes

Os agentes descofrantes são materiais aplicados na cofragem que, ao criar uma barreira entre esta e

o betão, evitam a adesão do betão fresco ao molde, facilitando não só a descofragem, mas também a

obtenção de superfícies de betão à vista de grande qualidade.

Para a selecção do agente descofrante mais adequado a cada caso, existem alguns aspectos a ter

em conta, dos quais se destacam (adaptado de Nawy, 2008):

compatibilidade do agente com a cofragem, o selante e a mistura;

possível interferência com posterior aplicação de produtos na superfície;

possível descoloração e surgimento de manchas na superfície;

tempo decorrido entre a aplicação do produto e a betonagem;

condições climatéricas e de cura.

Apesar de ser um produto indispensável ao processo construtivo de superfícies com elevada

qualidade estética, Nawy (2008) refere que o agente descofrante é provavelmente a principal causa

de variações de coloração nas superfícies de betão à vista. Assim, para evitar manchas, não é

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aconselhável recorrer a produtos à base de óleo, pelo que devem ser utilizados agentes descofrantes

anti-manchas ou à base de parafinas incolores, aplicados por pulverização em camada muita fina

(Nero e Nunes, 1997).

Uma vez que tanto a aplicação indevida como em excesso (Figura 2.24) podem originar defeitos na

superfície de betão à vista, é recomendável a execução de painéis de teste, de modo a adequar o

método de aplicação do produto e respectiva espessura, que deverão ser mantidos na execução de

todas as superfícies contíguas (ACI Committee 303, 2004; Nawy, 2008).

Figura 2.24 - Exemplo de agente descofrante aplicado em excesso (à esquerda) e em quantidade

certa (à direita) (adaptado de SIKA, 2013)

2.6.5 Betonagem

A betonagem é uma das fases críticas para o sucesso final da superfície de betão à vista, uma vez

que muitas das anomalias construtivas ocorrem durante a mesma. Assim, é necessário programar

convenientemente todo o processo, desde a saída do betão da central até à sua colocação em obra.

Importa referir que o tempo de transporte entre ambas é também um factor bastante importante a ter

em conta neste processo, pois pode influenciar o estado em que o betão se encontra no momento da

betonagem propriamente dita. Assim, o camião deve sair da central, de modo a que chegue ao local

da obra pouco antes de ser necessário, evitando tempos de espera excessivos que podem causar

variações de coloração na superfície de betão à vista (ACI Committee 303, 2004).

Relativamente à colocação do betão, Nawy (2008) aconselha a não utilização dos primeiros 0,2 m3 de

betão, quando este é bombeado, uma vez que todas as superfícies do equipamento de bombagem e

mangas de descargas vão reter betão e provocar uma variação da relação água / cimento no betão

bombado, originando variações de coloração na superfície.

Por outro lado, a colocação do betão deve ser efectuada de alturas inferiores a 1,5 m com o auxílio

de mangas de descarga (Secil, 2011). Em paredes e pilares, segundo Nero e Nunes (1997), o betão

deve ser colocado em camadas de espessura não superior a 50 cm, de modo a facilitar a sua

compactação. Assim, na vibração, executada de forma contínua, deve-se transpor em cerca de 10 a

15 cm a camada anterior, uniformizando-as. Do mesmo modo, deve-se evitar o contacto da agulha de

vibração com a cofragem ou armaduras, pois pode provocar danos irreversíveis (deve-se utilizar

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pontas de borracha) que resultará no aparecimento de anomalias na superfície de betão à vista

(CCAA T57, 2006).

Na utilização de betão auto-compactável, este deve ser forçosamente depositado por via de mangas

de descarga, evitando-se movimentos bruscos e utilizando uma velocidade adequada e constante ao

longo do tempo. Do mesmo modo, tendo em conta a irreversibilidade associada ao processo de

compactação por gravidade, deve-se evitar interrupções no processo para prevenir a formação de

juntas de betonagem e a incorrecta homogeneização entre camadas (Secil, 2011).

2.6.6 Descofragem

O processo de descofragem constitui-se como outro factor importante no aspecto final das superfícies

de betão à vista, uma vez que pode estar na origem de algumas das anomalias presentes nas

mesmas. Assim, torna-se necessário planear convenientemente toda a actividade de remoção de

cofragens.

A descofragem deve ser efectuada com o devido cuidado, precavendo danos na superfície de betão,

pelo que é de evitar qualquer tipo de choque / pancada ou pressão contra a superfície, com o

objectivo de remover a cofragem.

Superfícies contíguas devem ser descofradas decorrido o mesmo tempo de cura pois, caso contrário,

podem surgir diferenças de coloração, pelo que todo o processo de descofragem deve ser o mais

uniforme possível. No entanto, o tempo de descofragem deve ser rigorosamente estipulado, de modo

a evitar arrancamentos ou quebras de arestas / cantos, por desmoldagem precoce ou diferenças de

coloração provocadas por alterações dos constituintes do agente descofrante, por desmoldagem

tardia (Nero e Nunes, 1997).

Uma vez removida a cofragem, a superfície deve ser protegida para evitar danos de qualquer

natureza, incluindo as operações normais de construção (ACI Committee 303, 2004). Do mesmo

modo, pontos críticos da superfície, como arestas vivas e cantos, exigem cuidados especiais, em

virtude de serem mais vulneráveis.

2.6.7 Cura

O processo de cura é bastante importante para a aparência final da superfície de betão à vista, na

medida em que, se for correctamente efectuado, evita manchas, descoloração e fissuras na

superfície. Este envolve a manutenção de um teor de humidade e temperatura regular no betão à

vista para originar as qualidades finais desejadas para a cor, textura e durabilidade da superfície.

Assim, deve-se garantir que todas as secções de betão à vista passam pelo mesmo processo e

tempo de cura, prevenindo variações de coloração na superfície (Figura 2.25) (CCAA T57, 2006;

Nawy, 2008).

Segundo a Secil (2011), o início de presa dá-se duas horas após a betonagem, posteriormente ao

qual se deve proteger o betão de temperaturas extremas e perda de água por evaporação. A mesma

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fonte (Secil, 2011) refere ainda que os produtos específicos utilizados correntemente na cura do

betão não são aconselháveis em betão à vista, sobretudo de cor branca, pois podem originar

manchas.

Figura 2.25 - Superfície com diferenças de coloração relacionadas com o processo de cura

Deste modo, duas horas após a betonagem e imediatamente após a descofragem, a superfície deve

ser mantida continuamente húmida, através de água simples aplicada uniformemente por aspersão,

durante 5 dias, não devendo exceder 7 dias, período após o qual não produz benefícios na superfície

(Nawy, 2008).

Por último, importa referir que, caso se recorra a um retardador de presa para a execução do

acabamento superficial, a cura húmida só deve ser efectuada depois do referido acabamento.

2.6.8 Acabamento final da superfície

Nesta fase, nos casos aplicáveis, procede-se ao tratamento das marcas deixadas pelas tiges, com

recurso a acessórios para dissimular os orifícios existentes na superfície ou à colocação de

argamassas, conforme referido em §2.6.3.3.

De modo a ser possível obter o acabamento final desejado para a superfície de betão à vista,

procede-se à execução do mesmo de acordo com o estabelecido em projecto, podendo este ser

obtido através de diferentes processos, conforme descritos em §2.2.

É aconselhável, no final dos trabalhos, proceder-se a uma limpeza geral da superfície com recurso a

água simples ou adicionada de detergente neutro, com o intuito de remover sujidade acumulada

durante a construção e, ao mesmo tempo, preparar a superfície para aplicação de protectores de

superfície, tais como hidrófugos e produtos anti-graffiti (Nero e Nunes, 1997). Relativamente aos

hidrófugos de superfície, o ACI Committee 303 (2004) acrescenta que estes produtos podem ser

incolores ou conferirem algum brilho ao betão, sendo geralmente à base de silanos, siloxanos ou

resinas acrílicas.

2.6.9 Controlo de qualidade na fase de execução

Existem vários aspectos a controlar durante a fase de execução de elementos de betão e que devem

ser seguidos também no caso de elementos de betão à vista. No entanto, destacam-se apenas

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alguns dos que podem influenciar a qualidade final da superfície para garantir que esta se enquadra

nos padrões pretendidos e definidos em projecto.

Deste modo, deve-se assegurar que as armaduras e a cofragem estão isentas de óleo e sujidade, o

agente descofrante é aplicado sob a forma de película fina e uniforme (conforme exposto em §2.6.4)

e a selagem das juntas da cofragem se encontra estanque e correctamente executada. Da mesma

forma, deve garantir-se que os vários aspectos do processo construtivo (§2.6) decorrem conforme

descrito em §2.6.3 (cofragens), §2.6.5 (betonagem), §2.6.6 (descofragem) e §2.6.7 (cura).

2.7 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Como foi possível compreender ao longo do presente capítulo, para obter um bom acabamento

superficial, é imprescindível conceber betões de superfície e coloração homogénea, sendo esta mais

facilmente atingida quando se recorre à utilização de cimento branco como ligante, em virtude de este

realçar o efeito do pigmento, em betões coloridos.

Procedeu-se à descrição dos tipos de acabamento superficial disponíveis (§2.2), com o objectivo de

conhecer as suas principais características e qualidades, auxiliando também o processo de escolha

dos mesmos.

Relativamente a normalização (§2.4) específica para betão à vista, esta ainda não existe a nível

nacional, pelo que as normas internacionais se afiguram como um bom meio auxiliar à concepção e

execução deste tipo de elemento construtivo.

A origem de muitas das anomalias presentes em superfícies de betão à vista ocorre nas fases de

concepção e execução, pelo que um melhor conhecimento das condicionantes (§2.5.1) associadas a

um projecto deste tipo, bem como o correcto entendimento de todas as fases do processo construtivo

(§2.6), permitem a obtenção de superfícies finais de melhor qualidade e uma menor probabilidade de

ocorrência de anomalias.

Embora muitas das fases do processo construtivo de superfícies de betão à vista coincidam com a

execução de qualquer elemento de betão convencional, é necessário um cuidado redobrado com

questões puramente estéticas associadas a estas superfícies. Assim, é relevante a existência de um

projecto especial de cofragem que englobe aspectos que conduzem a anomalias frequentes em

betão à vista, como tiges e juntas de cofragem. Do mesmo modo, a utilização de agentes

descofrantes anti-manchas ou parafínicos incolores, arames de atar em aço inox e espaçadores de

coloração igual à da superfície constituem cuidados importantes em betão à vista, os quais são

normalmente descorados em elementos de betão convencional. Além disso, este tipo de superfícies

requer um cuidado especial na descofragem e uma protecção adequada das armaduras de espera.

Assim, é possível auxiliar todo processo construtivo, através de uma melhor compreensão da

tecnologia associada à execução de superfícies de betão à vista, e simultaneamente facilitar a

tomada de algumas decisões relacionadas com a sua concepção.

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3. PATOLOGIA

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, são caracterizadas as anomalias (§3.3) que podem ocorrer nas superfícies de betão à

vista, tendo por base o sistema classificativo (Quadro 3.1) das mesmas, apresentado por Silva

(2015). Além disso, Silva (2015) apresenta também um sistema classificativo das causas associadas

a estas anomalias, bem como uma descrição mais detalhada das mesmas.

Assim, nesta dissertação, juntamente com uma breve caracterização das anomalias, são também

abordadas, de forma sucinta, as principais causas que estão na origem destas, uma vez que a

compreensão das causas associadas a determinada anomalia tem enorme importância na selecção

da técnica de reabilitação (§4.2.4) a adoptar em cada caso.

3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ANOMALIAS

O sistema classificativo das anomalias em superfícies de betão à vista (Quadro 3.1), proposto por

Silva (2015), tem como critério base o aspecto visual das anomalias, de modo a facilitar a sua

aplicação na identificação de anomalias presentes em determinada superfície. Da aplicação deste

critério, resultaram três grupos distintos de anomalias: estéticas (A-E); mecânicas (A-M); e

construtivas / geométricas (A-C).

Quadro 3.1 - Sistema de classificação de anomalias em superfícies de betão à vista (Silva, 2015)

A-E. Estéticas

A-E1 Manchas A-E4 Desgaste / erosão

A-E2 Eflorescências A-E5 Bolhas de pele

A-E3 Colonização biológica A-E6 Graffiti

A-M. Mecânicas

A-M1 Fissuração mapeada A-M3 Desagregação

A-M2 Fissuração direccionada A-M4 Descasque

A-C. Construtivas / geométricas

A-C1 Defeitos de planeza A-C4 Esbabaçado

A-C2 Ninhos de agregados / chochos A-C5 Crostas

A-C3 Marcas de tiges A-C6 Incrustações de cofragem

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS ANOMALIAS

Neste subcapítulo, caracterizam-se as anomalias que constituem o sistema classificativo apresentado

(Quadro 3.1), sendo essa caracterização acompanhada de ilustrações exemplificativas.

Importa referir que as anomalias são apresentadas de acordo com a ordem do sistema classificativo e

respectiva referência, de forma a facilitar a identificação adequada de determinada anomalia presente

numa superfície de betão à vista.

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3.3.1 A-E1 Manchas

É frequente a presença de manchas em superfícies de betão à vista, apresentando características

variadas, de acordo com as causas / origens que as provocam. Assim, as mais comuns são manchas

de corrosão, sujidade, hidratação e variações de tonalidade / cor.

As manchas de corrosão (Figura 3.1) derivam da deposição de óxidos metálicos na face do betão.

Estas podem ser provocadas pela oxidação das armaduras, presença de óxidos metálicos dos

agregados, que oxidam próximos da superfície, ou por alguns elementos circundantes, que acabam

por manchar a mesma.

As manchas de sujidade (Figura 3.2) são originadas pela acumulação de detritos na superfície do

betão, como solo, poeiras, fuligem e outras partículas poluentes, normalmente transportados pela

acção do vento, sendo que estas manchas apresentam normalmente coloração escura.

Figura 3.1 - Manchas de corrosão

Figura 3.2 - Manchas de sujidade

As manchas de hidratação diferenciada (Figura 3.3) têm origem na perda de humidade através da

cofragem e surgem pela absorção desigual em diferentes zonas da mesma. Assim, áreas em que a

cofragem seja mais absorvente tornam-se mais escuras, uma vez que aumenta a concentração de

finos à superfície.

Figura 3.3 - Mancha de hidratação diferenciada

As variações de tonalidade / cor correspondem a alterações de uniformidade de coloração,

normalmente sob a forma de manchas ou perdas de brilho. Do mesmo modo, estas variações podem

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ser caracterizadas por zonas escuras, idênticas em tamanho e forma aos agregados, ficando mais

evidentes em betões de coloração clara e superfície lisa.

3.3.2 A-E2 Eflorescências

Esta anomalia caracteriza-se pela deposição à superfície de sais solúveis dissolvidos pela percolação

de água no interior do betão. Estas manifestações apresentam-se normalmente sob a forma de

manchas brancas (Figura 3.4).

Figura 3.4 - Eflorescências

Os sais solúveis e matéria orgânica presentes nos agregados e água de amassadura, bem como no

agente descofrante utilizado, contribuem para o aparecimento de eflorescências.

3.3.3 A-E3 Colonização biológica

A colonização biológica (bolores, fungos e outros microorganismos) caracteriza-se por manchas que

podem assumir desde uma coloração mais escura até esverdeada mais clara.

Esta anomalia (Figura 3.5) é originada principalmente pela presença continuada de humidade na

superfície, aliada a uma fraca exposição solar da mesma, que geram condições propícias em termos

de humidade, pH, temperatura e iluminação ao desenvolvimento destes microorganismos.

Figura 3.5 - Colonização biológica

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3.3.4 A-E4 Desgaste / erosão

A erosão é um tipo de desgaste provocado por partículas sólidas transportadas pelo vento, água ou

gelo, que origina a eliminação da camada superficial do betão. A taxa de erosão está associada à

forma, tipo, tamanho e quantidade das partículas transportadas, bem como à velocidade a que ocorre

esse transporte (Neville, 2011). Além disso, depende ainda das propriedades dos agregados

constituintes e acabamento da superfície (Emmons, 1993).

Por outro lado, o desgaste (Figura 3.6) pode ser originado por choques / pancadas na superfície de

betão à vista, sendo que um maior ou menor desgaste / erosão depende da qualidade, resistência e

acabamento da mesma.

Figura 3.6 - Desgaste provocado por choques / pancadas em zona de passagem

3.3.5 A-E5 Bolhas de pele

As bolhas de pele (Figura 3.7) são pequenos orifícios à superfície do betão, originados por bolhas de

ar ou água que permaneceram no betão, mesmo após a compactação deste. Estes orifícios

apresentam formato regular sensivelmente arredondado, sendo que podem atingir até cerca de 5 a 6

mm de diâmetro e até 2 cm de profundidade (Costa, 1972; PCI, 2007).

Figura 3.7 - Bolhas de pele

Sendo uma das anomalias mais comuns em superfícies de betão à vista, esta ocorre com maior

incidência nas camadas superiores do elemento de betão, uma vez que nas camadas inferiores a

pressão sobre a cofragem é mais elevada, contribuindo para a expulsão das bolhas de ar (Costa,

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1972). Para evitar a ocorrência destas bolhas, a permeabilidade da cofragem é um aspecto

importante a considerar pois, quanto mais permeável for, maior facilidade existe na difusão das

bolhas de ar, da superfície para o exterior.

3.3.6 A-E6 Graffiti

Os graffiti (Figura 3.8) têm normalmente por base actos de vandalismo, com incidência frequente em

zonas da superfície com maior facilidade de acesso, caracterizando-se por pinturas ou marcas, com

recurso a tintas. Estes ocorrem com maior frequência em zonas urbanas, afectando fortemente a

estética das superfícies de betão à vista.

Figura 3.8 - Exemplo de graffiti

3.3.7 A-M1 Fissuração mapeada

A fissuração mapeada (Figura 3.9) corresponde à presença de fissuras que se desenvolvem de forma

aleatória, originando um padrão semelhante a uma rede / mapa, sendo que estas não apresentam

qualquer direcção ou inclinação definidas.

Figura 3.9 - Fissuração mapeada

Esta anomalia está associada à retracção plástica que ocorre em betões com idades até 60 horas,

devido à perda excessiva de água por evaporação (Brito e Flores-Colen, 2005). Para este facto pode

contribuir a composição do próprio betão, condições inadequadas durante a betonagem, um

deficiente processo de cura e ainda cofragens com elevado grau de absorção. Além disso, reacções

álcalis-sílica também podem estar na origem da referida anomalia, uma vez que os álcalis presentes

nos poros do betão conjugados com agregados reactivos (que dispõem de sílica na sua constituição)

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originam um gel através de uma reacção expansiva que, devido ao consequente aumento de volume,

provoca a fissuração do betão envolvente (Emmons, 1993; Nawy, 2008).

3.3.8 A-M2 Fissuração direccionada

Na fissuração direccionada (Figura 3.10), englobam-se as restantes fissuras (não referidas em

§3.3.7), ou seja, fissuras com inclinação e direcção definidas que normalmente surgem de forma

isolada.

Estas fissuras estão associadas a fenómenos como: o assentamento plástico, devido a uma

excessiva exsudação; a desmoldagem prematura, uma vez que a estrutura ainda não atingiu

resistência suficiente; os efeitos térmicos, originados por variações de temperatura acentuadas

(Emmons, 1993). Além disso, podem ser causadas por: retracção a longo prazo, provocada pela

inexistência ou incorrecta concepção de juntas; corrosão das armaduras; ou cargas excessivas

aplicadas à estrutura (Brito e Flores-Colen, 2005).

Figura 3.10 - Fissuração direccionada

3.3.9 A-M3 Desagregação

Ao longo do tempo, o cimento perde a sua natureza aglutinadora, originando a perda de coesão entre

os componentes da mistura, sendo este fenómeno designado por desagregação (Figura 3.11).

Figura 3.11 - Desagregação num provete de betão (Brito e Flores-Colen, 2005))

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O primeiro sinal de manifestação desta anomalia é a alteração de coloração da superfície de betão,

seguindo-se o surgimento de fendas que se entrecruzam e vão progressivamente aumentando em

abertura. Ao mesmo tempo, com o aumento de volume, a camada de recobrimento dilata e acaba por

se desintegrar (Brito, 1987).

As principais causas da desagregação são o ataque de ácidos, cloretos, ou sulfatos, e os ciclos de

gelo / degelo. Assim, na presença de um meio favorável a estas ocorrências, devem-se fabricar

betões mais compactos e recorrer a um tipo de cimento adequado, assim como aumentar a

espessura do recobrimento (Brito e Flores-Colen, 2005). Além disso, pode-se proceder à aplicação de

um hidrófugo de superfície (§4.3.2.1) que dificulta / impede a absorção de água pelo betão, tornando

a sua superfície impermeável.

3.3.10 A-M4 Descasque

Esta anomalia (Figura 3.12) caracteriza-se pela quebra localizada do betão de recobrimento,

tornando visível, em certos casos, a armadura. É frequente o surgimento desta manifestação

patológica em arestas salientes da superfície, podendo, no entanto, ocorrer em diferentes zonas da

mesma.

Figura 3.12 - Descasque com armadura corroída visível

A presente anomalia pode surgir, durante a fase de desmoldagem, por aderência do betão ao molde

originada pela deficiente colocação do agente descofrante ou pelo tempo inadequado de

descofragem. Ao longo do tempo, pode ser originada por choques ou pancadas na superfície,

ocorrência de ciclos gelo / degelo, presença de agregados muito reactivos ou corrosão das

armaduras, provocando o destacamento de fragmentos de betão (Brito e Flores-Colen, 2005).

3.3.11 A-C1 Defeitos de planeza

Alinhamentos deficientes (Figura 3.13) ou excentricidades surgem frequentemente nas superfícies de

betão à vista, devido a uma incorrecta execução da cofragem ou errado dimensionamento da mesma.

Estas manifestações são esteticamente desagradáveis e denotam, desde logo, a presença de uma

anomalia construtiva, que pode ter origem antes ou durante a própria betonagem. Assim, considera-

se defeito de planeza quando existe diferença de alinhamentos entre os diferentes painéis de

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cofragem de um mesmo elemento ou um elemento se encontra todo ele desalinhado relativamente

aos restantes.

Figura 3.13 - Defeitos de planeza entre painéis de cofragem numa fachada

3.3.12 A-C2 Ninhos de agregados / chochos

Os chochos ou ninhos de agregados (Figura 3.14) manifestam-se pela falta de pasta entre os

agregados, o que origina buracos de dimensões variáveis no betão. Estes podem ocorrer no interior

(ocultos) ou na superfície exterior do betão (visíveis), sendo que apenas estes últimos são abordados

no âmbito desta dissertação.

Figura 3.14 - Ninhos de agregados / chochos

Esta anomalia construtiva tem como causas principais: a falta de estanqueidade da cofragem,

permitindo perda de finos; a deficiente pormenorização das armaduras, uma vez que zonas

excessivamente armadas dificultam a passagem dos agregados de maior dimensão, dificultando a

compactação do betão; bem como a falta de trabalhabilidade da mistura (Brito e Flores-Colen, 2005).

Segundo Emmons (1993), temperaturas elevadas durante a betonagem e consequente

endurecimento prematuro do betão também contribuem para a ocorrência desta anomalia.

3.3.13 A-C3 Marcas de tiges

As superfícies de betão à vista de paredes e muros apresentam inevitavelmente, após descofragem,

as marcas de tiges (Figura 3.15), resultantes da necessidade de escoramento da cofragem, de modo

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a suportar os impulsos do betão fresco. Assim, após a descofragem, ficam visíveis os orifícios dos

negativos necessários à ligação entre painéis de cofragem.

As tiges devem ser alvo de alguns cuidados durante a fase de execução das superfícies pois, caso

não se encontrem perfeitamente encaixadas e seladas, existe uma maior susceptibilidade de

ocorrência de anomalias, uma vez que permitem a perda de finos (Nawy, 2008).

Segundo PERI (2002), o arquitecto deve recorrer a um projecto especial de cofragem para definir /

pormenorizar a disposição e acabamento das tiges, uma vez que estas têm impacte a nível estético

na superfície final. Assim, quando estas não se encontrem como definidas em projecto, são

consideradas anomalia.

Figura 3.15 - Exemplos de marcas de tiges em superfícies de betão à vista

3.3.14 A-C4 Esbabaçado

O esbabaçado (Figura 3.16) é caracterizado por finas camadas de pasta de cimento depositadas na

superfície sob a forma de escorrência, evidenciando uma interrupção entre duas superfícies

contíguas.

Figura 3.16 - Esbabaçado

Estas marcas de escorrência são originadas pela perda de finos, durante a betonagem, através da

ligação de um painel de cofragem com uma superfície de betão já endurecida. Na origem da referida

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anomalia, está o excesso de vibração ou cofragem pouco rígida que, devido à pressão exercida pelo

betão, deforma e permite a fuga de leitada de cimento.

3.3.15 A-C5 Crostas

Esta anomalia (Figura 3.17) caracteriza-se pela presença de saliências de argamassa fixas à

superfície de betão endurecido.

As principais causas que contribuem para o surgimento de crostas são: o dimensionamento pouco

rigoroso da cofragem que, ao não suportar o impulso do betão fresco, sofre deformações; as juntas

entre painéis pouco estanques ou deficientemente executadas; ambas as causas referidas permitem

a perda de finos.

Figura 3.17 - Crosta numa superfície de betão à vista

3.3.16 A-C6 Incrustações de cofragem

As incrustações de cofragem (Figura 3.18) causam irregularidades na superfície de betão à vista,

originando efeitos esteticamente indesejáveis. Estas caracterizam-se por pedaços do molde que,

após a descofragem, se encontram embutidos na superfície de betão à vista.

Esta manifestação patológica deve-se sobretudo à ineficácia do agente descofrante, descofragem

tardia ou a cofragem muito irregular, pouco resistente ou danificada (Costa, 1972).

Figura 3.18 - Incrustação de cofragem

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3.4 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Em suma, é importante compreender o fenómeno associado a cada anomalia, bem como as

respectivas causas, de modo a ser possível proceder correctamente à sua identificação e posterior

reparação.

De um modo geral, as anomalias não ocorrem de forma isolada, podendo estar associadas a várias

causas. Por sua vez, uma mesma causa pode dar origem a diferentes anomalias.

Assim, procedeu-se a uma breve caracterização das potenciais anomalias (§3.3) em superfícies de

betão à vista, identificadas por Silva (2015), bem como das causas associadas às mesmas, com o

objectivo de entender as suas principais características, auxiliando também o processo de escolha da

técnica de reparação (§4.2.4) mais adequada.

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4. REABILITAÇÃO

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, são classificadas e caracterizadas as técnicas de reparação e manutenção aplicáveis

a superfícies de betão à vista, com excepção de reparações associadas a revestimentos por pintura

(abordadas em Pires, 2011). Após a identificação da causa de certa anomalia, estas técnicas visam a

sua eliminação, reparação ou ocultação. Importa salientar que todas as técnicas abordadas visam

exclusivamente a reparação das superfícies, do ponto de vista estético e não estrutural.

Para cada técnica de reparação e manutenção apresentada, é preparada a respectiva ficha de

reparação (Anexo 4.I), onde se reúne a informação necessária relativa a cada técnica. Será ainda

elaborada uma matriz de correlação entre anomalias e técnicas de reparação, que simplifica o

processo de escolha da técnica de reparação mais adequada.

4.2 CLASSIFICAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO

Relativamente à classificação das técnicas de reparação e manutenção, a terminologia adoptada visa

a sua uniformização, no seguimento de trabalhos já desenvolvidos em dissertações de mestrado e

teses de doutoramento. Estas dividem-se em técnicas de reparação curativas (rc), técnicas de

reparação preventivas (rp) e trabalhos de manutenção (m) (Brito, 1992; Silvestre, 2005).

4.2.1 Técnicas de reparação curativas (rc)

As técnicas de reparação curativas são compostas por acções reactivas à manifestação de uma

anomalia. Estas actuam directamente na anomalia, de modo a eliminar, reparar ou ocultar a mesma,

podendo também compreender acções de reabilitação ou substituição de elementos (Brito, 1992).

4.2.2 Técnicas de reparação preventivas (rp)

As técnicas de reparação preventivas são compostas por acções necessárias à eliminação da causa

de uma determinada anomalia, sem que esta seja directamente tratada. Assim, as técnicas referidas

tornam-se indispensáveis ao processo de manutenção, evitando o ressurgimento da anomalia

reparada (Brito, 1992; Silvestre, 2005).

4.2.3 Trabalhos de manutenção (m)

Os trabalhos de manutenção diferem das técnicas de reparação anteriores (curativas e preventivas),

pois visam apenas a limpeza e manutenção, não alterando a superfície do betão, nem eliminando /

corrigindo nenhuma anomalia específica. Estes trabalhos pretendem prolongar a vida útil das

superfícies de betão à vista, minimizando a manifestação de anomalias (Silvestre, 2005).

4.2.4 Sistema classificativo de técnicas de reparação e manutenção

Vários autores abordam a reparação e manutenção de estruturas de betão (Brito, 1988; Brito, 1992;

Emmons, 1993; Brito e Flores-Colen, 2005; Saraiva, 2007; Nawy, 2008), enquanto outros se referem

à reparação de superfícies de betão à vista (CCAA T57, 2006; Müller et al., 2009; Catarino, 2010;

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NPCA, 2013). No entanto, relativamente a sistemas classificativos das técnicas de reparação, quando

existem (Brito et al., 1990), não são específicos para betão à vista, elemento no qual a componente

estética supera a estrutural. Deste modo, o sistema classificativo (Quadro 4.1) elaborado engloba as

técnicas de reparação curativas e preventivas, bem como trabalhos de manutenção.

Este sistema baseou-se no grau de intrusão das técnicas apresentadas e na zona de intervenção

destas, tendo em conta a resolução das anomalias e não propriamente das suas causas, culminando

em quatro categorias. Cada técnica é precedida da referência que identifica a respectiva categoria (A

- superfícies de betão, B - betão, C - juntas / descontinuidades e D - elementos periféricos), com o

intuito de facilitar a elaboração da matriz de correlação (§4.4) e das fichas de reparação (Anexo 4.I).

Quadro 4.1 - Sistema classificativo de técnicas de reparação curativas (rc), preventivas (rp) e

trabalhos de manutenção (m)

R-A. Superfície do betão

R-A1 Limpeza (rc / m) R-A3 Correcção de irregularidades superficiais (rc)

R-A2 Aplicação de protecção superficial (rc / rp) R-A4 Regularização da superfície com argamassas (rc)

R-B. Betão

R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras (rc) R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento (rc)

R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado (rc)

R-B4 Aplicação de camada de betão adicional (rc / rp)

R-C. Juntas / descontinuidades

R-C1 Reparação de fenda activa (rc) R-C2 Substituição do material de preenchimento (rc / m)

R-D. Elementos periféricos

R-D1 Correcção de pormenores construtivos (rp) R-D2 Protecção de arestas salientes (rp)

4.3 CARACTERIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO

Neste subcapítulo, caracterizam-se detalhadamente as técnicas de reparação e manutenção que

constituem o sistema classificativo apresentado (Quadro 4.1), acompanhando essa descrição de

ilustrações / esquemas exemplificativos.

Importa referir que as técnicas de reparação e manutenção são apresentadas, de acordo com a

ordem do sistema classificativo e respectiva referência, de forma a facilitar a identificação da zona de

intervenção em que se inserem.

4.3.1 R-A1 Limpeza (rc / m)

A limpeza pode ser considerada uma técnica de reparação curativa, uma vez que permite a

eliminação de algumas anomalias como, por exemplo, eflorescências ou manchas. Pode, no entanto,

ser também considerada um trabalho de manutenção, uma vez que a realização periódica de limpeza

das superfícies de betão à vista pode prevenir o surgimento de certas manifestações patológicas.

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Geralmente, esta técnica ocorre apenas a nível superficial, não provocando qualquer tipo de desgaste

perceptível.

Importa salientar que, em algumas acções de limpeza, existe mais do que uma forma de as executar,

pelo que, muitas vezes, estas acabam por se complementar ou ser alternativas, dependendo da

situação específica. Antes da aplicação de qualquer produto na superfície, é aconselhável que seja

ensaiado o seu efeito numa área de teste.

Seguidamente, são expostas as técnicas de limpeza consideradas para superfícies de betão à vista.

4.3.1.1 Correcção de variações de tonalidade / cor

As variações de tonalidade / cor correspondem a variações de uniformidade de coloração,

apresentando-se sob a forma de manchas ou perdas de brilho. De igual forma, as variações de

tonalidade / cor podem caracterizar-se pela presença de zonas escuras, semelhantes em tamanho e

forma aos agregados, sendo mais evidentes em betões de cor clara e de superfície lisa.

Com o intuito de corrigir a tonalidade da superfície, deve-se efectuar uma limpeza com recurso a jacto

de água e, se necessário, detergente neutro. Na presença de manchas mais persistentes, pode ser

necessário recorrer a produtos abrasivos, embora estes possam danificar a superfície, pelo que se

deve minimizar a sua utilização. No caso de a manifestação patológica ser generalizada ou as acções

anteriores não terem sido suficientes para a corrigir, a melhor técnica para proceder à reparação é a

aplicação de um revestimento superficial por pintura (§4.3.2.3.1) ou com ligantes mistos (§4.3.2.3.2).

4.3.1.2 Eliminação de colonização biológica

A colonização biológica (bolores, fungos e outros microorganismos) surge sobretudo pela presença

prolongada de humidade e fraca exposição solar na superfície. As causas desta humidade podem ser

diversas, mas devem ser eliminadas pois, caso contrário, a anomalia poderá voltar a manifestar-se.

A técnica para eliminação de colonização biológica inicia-se com a lavagem da superfície afectada

com uma solução aquosa de lixívia (à proporção de 1:10) ou hipoclorito de sódio a 5% (Figura 4.1),

com o objectivo de eliminar os microorganismos biológicos. De seguida, deve-se sempre proceder a

uma lavagem com água simples, para repor o pH original da superfície (Figura 4.2). Com a superfície

seca, segue-se a aplicação de biocida, de acordo com as indicações do produto em questão, mais

concretamente em termos da forma de aplicação e tempo de actuação. Terminado este tempo, a

superfície deve ser escovada a seco, sendo que, por último, a superfície pode ser protegida com

recurso aos métodos referidos em §4.3.2.1.

Em casos mais avançados, microorganismos mortos conjugados com acumulação de sujidade

podem gerar condições propícias ao surgimento de vegetação parasitária. O seu processo de

reparação difere do referido anteriormente, na medida em que é necessário remover a vegetação

presente e proceder à eventual reparação, no caso de já existirem danos provocados pelas raízes.

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Figura 4.1 - Lavagem da superfície com

solução aquosa de hipoclorito de sódio a 5%

Figura 4.2 - Lavagem da superfície com água

simples

4.3.1.3 Remoção de eflorescências

Eflorescência é uma anomalia caracterizada pela deposição à superfície de sais dissolvidos pela

percolação de água no interior do betão. Estas manifestações apresentam-se, normalmente, sob a

forma de manchas brancas.

Antes da remoção da anomalia, é necessário garantir que se eliminou a sua causa e que a superfície

já se encontra completamente seca pois, se a humidade persistir, a possibilidade de esta anomalia

ressurgir é elevada.

Como primeira abordagem para remoção de eflorescências, caso estas ainda não tenham reagido

quimicamente com a superfície, deve-se tentar a escovagem a seco com escovas de nylon (Figura

4.3) ou, em alternativa, a lavagem com água simples sob pressão que facilita a dissolução dos sais.

No caso de as eflorescências não serem completamente removidas, pode-se recorrer a produtos

químicos específicos para o efeito (normalmente, ácido clorídrico na proporção de 1:20), tendo

sempre o cuidado de verificar a sua reacção com o betão, numa área de teste, e molhar a superfície

antes da aplicação do produto. Pode-se ainda recorrer à aplicação de pastas absorventes (NPCA,

2013; CCAA T57, 2006).

Figura 4.3 - Escovagem a seco das eflorescências (à esquerda) e resultado final (à direita)

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Segundo Nawy (2008), o ácido clorídrico pode deixar manchas amareladas na superfície de betão

branco, devendo-se, nestes casos, recorrer a soluções aquosas de ácido fosfórico ou acético, na

proporção de 1:9 e 1:5, respectivamente.

4.3.1.4 Remoção de manchas de corrosão

As manchas de corrosão resultam da deposição de óxidos metálicos na superfície do betão. Estas

podem ter origem na oxidação das armaduras, presença de óxidos metálicos nos agregados, que

oxidam próximo da superfície, ou em alguns elementos periféricos, que acabam por manchar a

mesma.

A técnica seguidamente descrita visa apenas a remoção das manchas de corrosão, sendo que,

quando a causa é a oxidação das armaduras e caso se pretenda eliminar a mesma, recorre-se à

técnica descrita em §4.3.7 (R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de

recobrimento).

Conforme referido, com o intuito de remoção das manchas de corrosão, deve-se efectuar a limpeza

da superfície com recurso a jacto de água e, se necessário, detergente neutro. No caso de manchas

mais persistentes, pode ser necessário recorrer a produtos abrasivos, embora possam danificar a

superfície, pelo que se deve evitar a sua utilização.

4.3.1.5 Remoção de manchas de sujidade

As manchas de sujidade resultam da acumulação de detritos na superfície do betão, como solo,

poeiras, fuligem e outras partículas poluentes, normalmente transportados pela acção do vento. Estas

manchas apresentam, na maioria das vezes, cor escura, mas são de fácil remoção. Uma limpeza

com água e escova de nylon deverá por isso ser suficiente ou, em alternativa, a utilização de jacto de

água sob pressão (Figura 4.4). Em ambos os casos, pode-se adicionar detergente neutro.

Figura 4.4 - Lavagem da superfície com jacto de água sob pressão

4.3.1.6 Limpeza de graffiti

Esta anomalia tem por base actos de vandalismo, com incidência frequente em zonas da superfície

com maior facilidade de acesso, caracterizando-se por pinturas ou marcas, com recurso a tintas.

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A reparação desta anomalia passa pela remoção dos graffiti com utilização de produtos químicos

específicos para o efeito, acompanhada de lavagem com água (Figura 4.5). Posteriormente,

recomenda-se a aplicação de um protector de superfície anti-graffiti (§4.3.2.2). Nas situações em que

a remoção não seja eficaz, poderá ser necessário recorrer a jacto de areia, no caso de acabamentos

rugosos / texturados, ou à pintura total da superfície (§4.3.2.3), na presença de acabamentos lisos,

em que a abrasão não é aceitável.

Figura 4.5 - Aplicação de produto para limpeza de graffiti (à esquerda) e lavagem da superfície com

água (à direita) (Mapei, 2015)

4.3.2 R-A2 Aplicação de protecção superficial (rc / rp)

As superfícies de betão à vista, sobretudo as exteriores, estão sujeitas a variadas acções ambientais

e humanas. Destaca-se por isso a aplicação de hidrófugos de superfície e de produtos anti-graffiti, no

sentido de prevenir os efeitos da presença de água e actos de vandalismo (graffiti), respectivamente.

Do mesmo modo, no caso de variações de tonalidade generalizadas, pode ser necessário recorrer a

revestimentos superficiais.

4.3.2.1 Aplicação de hidrófugo de superfície

A impregnação hidrofóbica torna o betão repelente à água, sendo que a utilização deste tipo de

protecções superficiais provoca reduzida alteração da superfície, em termos de aumento de

espessura e alteração de cor, como se ilustra na Figura 4.6.

Figura 4.6 - Esquema da disposição do produto hidrófugo na superfície de betão (BASF, 2008)

Os produtos hidrófugos impedem / dificultam a absorção de água pelo betão (Figura 4.7), embora

sejam permeáveis ao vapor de água. Assim, actuam através da formação de camadas finas nos

poros do betão, os quais não são totalmente preenchidos pelo produto, ficando, por isso, aptos à

circulação do vapor de água, permitindo que o betão seque (Newman e Choo, 2003; Baltazar, 2012).

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Figura 4.7 - Diferença de comportamento da superfície relativamente à absorção de água, após

aplicação de hidrófugo (lado direito da imagem) (BASF, 2008)

Esta técnica inicia-se pela limpeza da superfície, eliminando gorduras, partículas soltas, pó, vestígios

de agente descofrante ou outras impurezas, que possam prejudicar a aderência do hidrófugo ao

betão. De acordo com a EN 1504-2 (2006), é importante assegurar que o teor de humidade do betão,

aquando da aplicação do produto, não excede 5%, pois o excesso de humidade pode comprometer a

eficácia do tratamento.

Normalmente, os hidrófugos de superfície são fornecidos pelo fabricante prontos a utilizar (Figura 4.8)

e, na maioria dos casos, é apenas necessária uma demão. Se houver necessidade de uma segunda

demão, deve-se respeitar o tempo de secagem da primeira. A aplicação destes produtos deve-se

realizar de baixo para cima, com recurso a trincha e rolo ou, em alternativa, à pressão com pistola

(Janz et al., 2004; Saraiva, 2007).

Figura 4.8 - Exemplo de produto hidrófugo (Weber, 2015)

4.3.2.2 Aplicação de produtos anti-graffiti

Frequentemente, o betão à vista é sujeito a actos de vandalismo através dos graffiti, os quais se

tornam mais agressivos neste tipo de superfícies porosas, uma vez que são mais vulneráveis à

interacção dos graffiti com o substrato. No entanto, existem produtos que, quando aplicados nas

superfícies de betão, dificultam a aderência das tintas, o que facilita a sua limpeza (§4.3.1.6), sendo

comummente designados por anti-graffiti. Além das características referidas, tendo em conta as suas

propriedades hidrófugas, estes produtos protegem igualmente o betão contra acções ambientais.

Os produtos anti-graffiti podem dividir-se em permanentes e sacrificiais, sendo que os permanentes

mantêm a eficácia após a remoção dos graffiti, enquanto os sacrificiais são removidos juntamente

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com estes. Por este facto, as técnicas de aplicação destes protectores de superfície variam

consoante o tipo de produto em causa (Neto et al., 2014).

Geralmente, a aplicação dos produtos permanentes é precedida pela aplicação de um primário na

superfície do betão. Após a sua secagem, segue-se a aplicação do produto anti-graffiti, respeitando

os tempos de secagem entre demãos, especificados na respectiva ficha técnica. Neste caso, a

remoção dos graffiti é efectuada através de um gel específico, aplicado em movimentos circulares e

removido com água sob pressão (Neto et al., 2014).

Por outro lado, a aplicação dos produtos ditos sacrificiais (Figura 4.9) é efectuada directamente no

betão, sem recurso a primários, com o auxílio de trincha ou rolo, respeitando os tempos de secagem

entre demãos, especificados igualmente na sua ficha técnica. Neste caso, a remoção dos graffiti é

conseguida através de lavagem com água quente sob pressão (Figura 4.10). Finalmente, para

garantir que a superfície volta a estar protegida, é necessário realizar nova aplicação deste produto

(Neto et al., 2014).

Figura 4.9 - Exemplo de produto sacrificial

anti-graffiti (Mapei, 2015)

Figura 4.10 - Remoção de produto sacrificial

com água sob pressão a 80 ºC (Mapei, 2015)

4.3.2.3 Aplicação de revestimento superficial

O revestimento superficial de uma determinada superfície de betão à vista pode incluir a aplicação de

revestimentos por pintura ou com ligantes mistos. A sua aptidão para correcção de certas anomalias

superficiais está dependente da espessura aplicada. Assim, é necessário ter em consideração que,

apesar de os produtos deste tipo serem comercializados para aplicação em espessuras pré-definidas,

podem também ser utilizados com espessuras bastante superiores, recorrendo à aplicação de várias

camadas.

4.3.2.3.1 Por pintura

O revestimento superficial por pintura é aplicado em uma ou várias demãos de tinta ou verniz,

aumentando a espessura do elemento, diferenciando-se da impregnação por se depositar na

superfície de betão, sem preencher os poros na sua totalidade (Figura 4.11).

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Figura 4.11 - Esquema da disposição do revestimento por pintura na superfície de betão (BASF,

2008)

Na escolha deste tipo de protecção, deve ser tido em conta que as tintas acrílicas são mais indicadas

no combate à carbonatação. Por outro lado, as tintas epóxidas são mais vantajosas quando se

pretende combater o ataque de cloretos (Emmons, 1993; Saraiva, 2007).

Esta técnica inicia-se pela preparação da superfície, a qual deve estar homogénea, isenta de óleos,

poeiras, oxidação, partículas soltas ou outro tipo de sujidade. Contudo, quando necessário, pode-se

efectuar uma lavagem com água simples ou detergente neutro. Após a secagem da superfície,

procede-se à aplicação do primário, indicado ao tipo de superfície e de tinta ou verniz que vai ser

aplicado sobre este, seguindo todas as especificações do fabricante. Por fim, aplica-se a tinta ou

verniz adequado à situação em causa, aplicados por meio de trincha e rolo ou, em alternativa, por

projecção à pistola (Figura 4.12).

Figura 4.12 - Aplicação do esquema de pintura na superfície por projecção à pistola (Sika, 2013)

4.3.2.3.2 Com ligantes mistos

O revestimento com ligantes mistos difere do revestimento por pintura pela espessura da camada

final e por contemplar, na sua composição, alta carga de inertes e polímeros. Alguns destes

revestimentos, além de protegerem o betão de agentes agressivos, têm também a capacidade de

colmatar fissuras até 0,3 mm de espessura. Além disso, são impermeáveis à água (apesar de

permeáveis ao vapor de água), resistem aos raios UV e aos sais de degelo, encontrando-se

disponíveis numa enorme variedade de cores e texturas.

A aplicação deste tipo de revestimento é semelhante à do anterior (§4.3.2.3.1), iniciando-se pela

preparação da superfície. Assim, esta deve encontrar-se homogénea, isenta de óleos, poeiras,

oxidação, partículas soltas ou outro tipo de sujidade, podendo-se efectuar, sempre que necessário,

uma lavagem com água simples ou detergente neutro. Após a secagem da superfície, procede-se à

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aplicação do primário, indicado para o tipo de superfície e revestimento a aplicar sobre este, seguindo

todas as especificações do fabricante. Por último, aplica-se o revestimento adequado à situação em

causa, de forma igual ao revestimento por pintura quando líquido ou, caso contrário, através de

barramento fino à espátula (Figura 4.13). O produto deve ser aplicado numa só direcção, de forma a

assegurar um acabamento homogéneo, executado de forma semelhante, respeitando o tempo de

secagem entre camadas.

Figura 4.13 - Aplicação de revestimento com ligantes mistos, através de barramento fino à espátula

(Sika, 2013)

4.3.3 R-A3 Correcção de irregularidades superficiais (rc)

Existem certas anomalias construtivas (§3.2), como crostas, esbabaçado e incrustações de cofragem,

que causam irregularidades na superfície de betão à vista, originando efeitos esteticamente

indesejáveis.

Assim, com o intuito de corrigir a existência de crostas e esbabaçado, deve-se proceder ao desgaste /

polimento da zona afectada, utilizando lixadeira para betão (Figura 4.14), de modo a nivelar toda a

superfície, eliminando assim as irregularidades em causa. Por outro lado, para reparar as

incrustações de cofragem, o processo inicia-se pela remoção da incrustação, com auxílio de martelo

e escopro, seguida da limpeza de poeiras / partículas soltas, através de jacto de ar. Caso a superfície

se apresente danificada, após a remoção da incrustação, é necessário recorrer a argamassa de

reparação para preencher o vazio existente, sendo que a reparação efectuada se deve integrar

esteticamente com a restante superfície. Deste modo, devem ser efectuados provetes de teste ao

teor de pigmentos e ligante, bem como ao envelhecimento natural do material de reparação, de forma

a escolher o mais adequado (para a formulação da argamassa, pode-se recorrer ao sugerido por

CCAA T57 (2006), referido em §4.3.4). É necessário acrescentar que a aplicação do material de

reparação se efectua manualmente, com recurso a colher de pedreiro e talocha, sendo o seu

acabamento final executado de forma semelhante ao da superfície de betão original. Em qualquer

das situações, caso seja impossível dissimular a referida reparação, é necessário recorrer à aplicação

de revestimento superficial à cor pretendida (§4.3.2.3).

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Figura 4.14 - Desgaste / polimento da superfície de betão (Bosch, 2015)

4.3.4 R-A4 Regularização da superfície com argamassas (rc)

As superfícies de betão apresentam, em certos casos, irregularidades superficiais, resultantes da

composição, processo construtivo, cofragem ou deficiente vibração do betão durante a betonagem.

Assim, de forma a ser possível proceder à reparação deste tipo de irregularidades, deve-se recorrer a

argamassas não retrácteis, com características semelhantes às do betão original.

Em cada caso, é necessário estudar e testar a formulação da argamassa de reparação, de modo a

compatibilizá-la esteticamente com a superfície de betão acabada. Neste sentido, a CCAA T57 (2006)

salienta que, para ser possível obter a composição adequada da referida argamassa, devem ser

utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas substituindo até 40% de

cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem ser adicionados

pigmentos à argamassa de reparação.

O processo de reparação inicia-se pela limitação da zona a reparar, criando arestas bem definidas,

que facilitam a picagem da superfície afectada, com o objectivo de criar rugosidade. Seguidamente, o

betão de substrato deve ser limpo de poeiras / partículas soltas, através de jacto de ar, sendo

aconselhável o aumento de resistência da ligação da argamassa ao substrato, através da aplicação

de um primário adequado ou saturação da superfície com água. Posteriormente, deve ser aplicada a

argamassa de reparação com colher de pedreiro (Figura 4.15), compactando-a bem e efectuando

uma cura húmida da superfície. Finalmente, procede-se à execução do acabamento, de forma

semelhante à do betão original.

Figura 4.15 - Aplicação de argamassa de reparação com colher de pedreiro (Sika, 2013)

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4.3.5 R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras (rc)

Relativamente à sua estabilidade, as fissuras / fendas podem ser classificadas como activas, se

registarem movimento e persistir a sua causa, ou passivas, caso não se verifiquem as condições

anteriores. Geralmente, para o tratamento de fissuras, a técnica mais comum corresponde ao

preenchimento / injecção com produtos adequados ao tipo de fenda em questão, em termos de

estabilidade (passiva ou activa) e de dimensão. Assim, as caldas de cimento ou cal (composição

mineral ou inorgânica) e as resinas epóxidas ou de poliuretano (composição polimérica ou orgânica)

são os materiais mais utilizados neste tipo de reparações.

Deste modo, para fendas passivas, inferiores a 0,3 mm, é usual a utilização de resinas, devendo a

sua viscosidade ser tanto mais baixa, quanto menor a abertura da fenda. No entanto, as resinas com

adição de cargas, como pó de quartzo, vidro ou areia, podem igualmente ser usadas em fendas até

6,0 mm. Por outro lado, tendo em conta o facto de serem menos fluidas e flexíveis, as caldas de

cimento ou cal são normalmente utilizadas para fendas com uma dimensão superior a 6,0 mm (Brito e

Flores-Colen, 2005; Saraiva, 2007).

No caso de pequenas fendas passivas, pode-se optar por uma reparação superficial e simples que

passa apenas pelo alargamento da fissura e posterior selagem (Figura 4.16).

Figura 4.16 - Abertura superficial e selagem de fenda (adaptado de ACI Committee 224, 2007)

Assim, um resumo esquemático do material de reparação, mais adequado ao tipo de fenda, em

função da estabilidade e da dimensão da mesma, é apresentado na Figura 4.17, de modo a

simplificar a compreensão do processo associado à selecção do referido material.

Em qualquer dos tipos de fissuras referidos, a selagem da fissura a reparar é a operação mais

importante esteticamente, uma vez que será a parte visível da reparação. Assim, recomenda-se um

selante de poliuretano, visto que estão disponíveis numa grande variedade de cores e alguns deles

permitem revestimento (Pattanaik, 2011).

Na presença de pequenas fendas passivas, a técnica de reparação inicia-se pela selagem superficial

da fenda, em toda a sua extensão (aconselha-se selante de poliuretano, como referido), com auxílio

de uma pistola (por extrusão) e fitas isoladoras, para delimitar a zona a selar e não sujar áreas

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desnecessárias da superfície. Se o betão já se encontrar algo deteriorado na zona da fenda, deve-se

proceder à abertura superficial da mesma antes da selagem, com secção em “V” em toda a sua

extensão e com cerca de 10 mm de profundidade e 30 mm de largura, recorrendo a martelo eléctrico

ligeiro ou martelo e escopro. Após esta operação, procede-se à limpeza da superfície, com recurso a

jacto de ar e, seguidamente, executa-se a referida selagem. Por fim, no caso de não ter sido possível

compatibilizar esteticamente o selante com a restante superfície (cor e relevo), a reparação termina

com a aplicação de revestimento superficial (§4.3.2.3) em toda a superfície (Brito e Flores-Colen,

2005).

Figura 4.17 - Resumo do material de reparação adequado ao tipo de fenda (adaptado de: Brito e

Flores-Colen, 2005; Saraiva, 2007; ACI Committee 224, 2007)

Para as restantes fendas (com excepção das fissuras activas com grande amplitude de movimentos,

cuja reparação é descrita em §4.3.9), os passos iniciais são semelhantes, embora a selagem seja

executada em duas camadas, tendo em conta que a primeira será danificada com a colocação dos

tubos de injecção. Assim, inicia-se a reparação pela abertura superficial da fenda, com secção em

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“V”, em toda a sua extensão, com cerca de 15 mm de profundidade e 30 mm de largura, recorrendo a

martelo eléctrico ligeiro ou martelo e escopro. Posteriormente, após limpeza da superfície, com

recurso a jacto de ar, executa-se a primeira camada de selagem em toda a extensão da fenda

(aconselha-se selante de poliuretano, como referido), com auxílio de uma pistola (por extrusão) e fitas

isoladoras, para delimitar a zona a selar e evitar manchar áreas desnecessárias da superfície.

Importa salientar que a selagem deve ficar rebaixada, cerca de 7 mm, em relação à superfície, visto

não se tratar da camada final. Assim, feita a selagem, segue-se a abertura de furos, onde serão

inseridos os tubos de purga e injecção (Figura 4.18), pelo que o diâmetro deve ser adequado aos

mesmos. Normalmente, o espaçamento entre estes tubos deve estar compreendido entre 5 e 50 cm,

aumentando proporcionalmente com a pressão de injecção. Posteriormente, procede-se à injecção

da fenda (com o material indicado na Figura 4.17) no sentido ascendente (Figura 4.19), sendo que,

quando o material começa a sair pelo tubo imediatamente superior, passa-se ao seguinte e sela-se o

anterior. De igual modo, no caso de fendas horizontais, o processo é semelhante, embora se inicie a

injecção por um furo central e se prossiga alternadamente nos furos contíguos. Por último, decorridas

24 horas, procede-se à remoção dos tubos de injecção, sendo que, após a cura do material injectado,

se procede à aplicação da segunda camada de selante, de forma semelhante à primeira, mas, desta

vez, nivelada com a superfície, uma vez que servirá de acabamento. Importa salientar que, no caso

de não ter sido possível compatibilizar esteticamente o selante com a restante superfície (cor e

relevo), resultando em reparações visíveis no betão à vista, torna-se necessário recorrer a um

revestimento superficial (§4.3.2.3) (Brito e Flores-Colen, 2005; ACI Committee 224, 2007; Saraiva,

2007).

Figura 4.18 - Exemplo de injectores (Sika,

2013)

Figura 4.19 - Esquema de injecção de fendas

verticais (Brito e Flores-Colen, 2005)

4.3.6 R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado (rc)

É necessário recorrer à substituição parcial / total do betão nas situações em que este se encontre

bastante danificado e fragmentado ou na presença de uma manifestação patológica generalizada. Na

maioria dos casos, antes da reparação, é necessário proceder à eliminação das causas das

anomalias para evitar a persistência destas manifestações patológicas.

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Além disso, é aconselhável que a área a reparar seja delimitada por arestas e/ou juntas para evitar

qualquer tipo de diferenciação das superfícies contíguas, por mínima que seja. Quando a reparação

ocorre nos primeiros meses de vida do elemento, a composição do novo betão deve ser igual à

original. Por oposição, tendo em conta as inevitáveis alterações cromáticas na superfície de betão à

vista ao longo do tempo, é necessário estudar a formulação do novo betão, o qual se deve integrar

esteticamente com a restante superfície. Deste modo, devem ser efectuados provetes de teste ao

teor de pigmentos e ligante, bem como ao envelhecimento natural do betão de reparação, de forma a

escolher o mais adequado. Neste sentido, Nawy (2008) salienta que, para ser possível obter a

composição adequada do referido betão, devem ser utilizados os constituintes do betão original, na

mesma proporção, mas alterando entre 5 a 50% de cimento cinza por cimento branco e, caso seja

necessário, também podem ser adicionados pigmentos ao betão de reparação. É ainda importante

que o betão utilizado na reparação seja não retráctil e de qualidade superior ao existente, por motivos

de controlo de retracção e melhoria de aderência.

A técnica de reparação, referente à substituição do betão afectado, inicia-se pela remoção do betão

danificado, fragmentado ou solto, com recurso a martelo eléctrico ligeiro (Figura 4.20) ou por

hidrodemolição (Figura 4.20), deixando a superfície irregular e a armadura exposta. Seguidamente, o

betão de substrato deve ser limpo de poeiras / partículas soltas, através de jacto de ar, sendo

aconselhável aumentar a resistência de ligação do novo betão ao substrato, através da aplicação de

um primário adequado ou saturação da superfície com água. Segue-se a aplicação do novo betão,

por projecção (Figura 4.21) ou através de betão bombeado cofrado e, por último, procede-se à

execução do acabamento superficial conforme o original, caso aplicável (Emmons, 1993; Brito e

Flores-Colen, 2005).

Figura 4.20 - Remoção do betão com martelo eléctrico ligeiro (à esquerda (Sika, 2013)) e por

hidrodemolição (à direita (Saraiva, 2007))

4.3.7 R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento (rc)

Manchas de corrosão ou descasque com consequente exposição da armadura são duas

manifestações patológicas que afectam fortemente a aparência das superfícies de betão à vista,

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sendo que, caso se pretenda eliminar a sua causa, é necessário recorrer à reparação da armadura

corroída.

Figura 4.21 - Aplicação de betão por projecção

Tendo em consideração que a reparação a efectuar se deve integrar esteticamente com a restante

superfície, devem ser efectuados provetes de teste ao teor de pigmentos e ligante, bem como ao

envelhecimento natural do material de reparação, de forma a escolher o mais adequado (para

formulação do material de reparação recorrer ao sugerido por Nawy (2008), referido em §4.3.6).

A argamassa ou microbetão de reparação pode ser à base de cimento portland ou polímeros. Nas

situações em que se verifique a existência de fendas activas ou presença de deterioração por ataque

químico, deve-se recorrer aos polímeros, devido à sua maior elasticidade e resistência química, em

detrimento da utilização de cimento. É ainda importante que os materiais utilizados na reparação

sejam não retrácteis para evitar a fendilhação por retracção.

Deste modo, esta técnica de reparação inicia-se pela remoção do betão de recobrimento deteriorado

até expor completamente a armadura corroída, com auxílio de martelo eléctrico ligeiro ou por

hidrodemolição (Figura 4.20), sendo preferível que as zonas a reparar sejam delimitadas por arestas

e/ou juntas. Posteriormente, procede-se à limpeza da armadura, removendo produtos da oxidação e

outro tipo de sujidade, com recurso a esfregão de aço (Figura 4.22) ou jacto seco de areia (Figura

4.22), para pequenas ou grandes áreas a limpar, respectivamente. Importa salientar que, caso exista

perda de secção da armadura, se deve realizar o reforço através de novos varões. Além disso, é

conveniente prevenir o reaparecimento da corrosão, pelo que se deve realizar a protecção das

armaduras com produto anticorrosão (Figura 4.23) ou optar pela utilização de varões de aço inox

(Figura 4.23). Seguidamente, o betão de substrato deve ser limpo de poeiras / partículas soltas,

através de jacto de ar, sendo ainda aconselhável aumentar a resistência da ligação da argamassa ou

microbetão de reparação ao substrato, através da aplicação de um primário adequado ou saturação

da superfície com água. Por fim, segue-se a aplicação do novo material de recobrimento

manualmente (pequenas áreas a reparar), por projecção (Figura 4.21) ou através de betão bombeado

cofrado e a realização do acabamento superficial conforme o original, caso aplicável (Emmons, 1993;

Brito e Flores-Colen, 2005).

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Figura 4.22 - Limpeza das armaduras com escova de aço (à esquerda) e com jacto seco de areia (à

direita (Sika, 2013))

Figura 4.23 - Protecção das armaduras com produto anticorrosão (à esquerda) e varões de aço inox

(à direita (Saraiva, 2007))

4.3.8 R-B4 Aplicação de camada de betão adicional (rc / rp)

A aplicação de camadas adicionais de betão pode ser necessária por diversas razões, como a

correcção de recobrimento insuficiente ou alinhamentos. No caso de esta nova camada ser aplicada

em toda a superfície, é suficiente garantir que os constituintes do betão de reparação são iguais aos

do betão original, de modo a garantir uma aparência e comportamento equivalentes. Por outro lado,

se esta camada for apenas parcial, ou seja, possua superfícies contíguas, é necessário realizar

provetes de teste ao novo betão a aplicar, nomeadamente em termos do teor de pigmentos e

ligantes, bem como avaliar o seu envelhecimento estético natural (para formulação da constituição,

recorrer ao sugerido por Nawy (2008), referido em §4.3.6). Do mesmo modo, o acabamento final

desta nova camada é um factor bastante importante, uma vez que esta se deve integrar na(s)

restante(s) superfície(s) e não destacar-se após a intervenção. Por estes motivos, sempre que

possível, é preferível que as zonas a reparar sejam delimitadas por arestas e/ou juntas.

A técnica inicia-se pela detecção de zonas deterioradas da superfície (Figura 4.24), onde se

procederá à remoção do betão, uma vez que essas zonas prejudicariam a qualidade da reparação,

nomeadamente em termos de aderência da nova camada de betão. Após este processo, é

necessário criar rugosidade na superfície, pelo que é aconselhável recorrer a jacto de areia abrasivo

ou martelo de agulhas (Figura 4.25). No final deste processo, toda a superfície deve ser limpa de

poeiras / partículas soltas, através de jacto de ar, sendo ainda aconselhável aumentar a resistência

da ligação do novo betão ao substrato, através da aplicação de um primário adequado. Finalmente,

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60

aplica-se a nova camada de betão, cujos constituintes resultaram dos testes atrás referidos, por

projecção (Figura 4.21) ou através de betão bombeado cofrado, e procede-se ao acabamento final da

superfície, de acordo com o original, nos casos em que se aplique (Emmons, 1993).

Figura 4.24 - Detecção de zonas deterioradas

da superfície

Figura 4.25 - Martelo de agulhas (Bosch,

2015)

4.3.9 R-C1 Reparação de fenda activa (rc)

No caso de fendas activas, com amplitude de movimentos elevada, é necessário garantir que o

material de reparação acomoda estes movimentos sem danificar o aspecto da superfície. Tendo em

conta que estas fendas não se encontram estabilizadas, a reparação passa pela execução de um

entalhe no betão sobre a fenda, onde se coloca um enchimento elástico de poliuretano (Figura 4.26).

Figura 4.26 - Esquema de reparação de fenda activa (adaptado de Warner, 1981)

O processo de reparação inicia-se pela abertura do entalhe no betão sobre a fenda que, segundo

Warner (1981), deve ter largura suficiente para acomodar o movimento esperado entre as faces da

fenda, com recurso a martelo eléctrico ligeiro ou martelo e escopro, sendo que, posteriormente, as

faces inclinadas do entalhe são definidas com auxílio de rebarbadora com disco de diamante. Após

esta operação, procede-se à limpeza de poeiras / partículas soltas do betão de substrato por

intermédio de jacto de ar comprimido. De seguida, a toda a extensão e largura do entalhe, aplica-se

sobre a fenda uma placa de polietileno expandido (Figura 4.27), sobre a qual se procede

imediatamente à aplicação do enchimento elástico de poliuretano, o qual possui uma grande

variedade de cores, permitindo, em certos casos, revestimento (Pattanaik, 2011). Importa acrescentar

que o referido enchimento deve ser aplicado com auxílio de uma pistola (por extrusão), de forma

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suave, pressionando-o contra as faces do entalhe. Após o tempo de secagem especificado na ficha

técnica do produto, procede-se ao acabamento da superfície, de modo a compatibilizá-la com as

restantes superfícies contíguas. No caso de não ter sido possível compatibilizar a cor do enchimento

com a da superfície de betão, é aconselhável uma pintura total da mesma (§4.3.2.3).

Figura 4.27 - Placa de polietileno expandido (Softevafoam, 2015)

4.3.10 R-C2 Substituição do material de preenchimento (rc / m)

A substituição do material de preenchimento de uma junta é necessária quando este se torna

impróprio ou se encontra desgastado, podendo ocorrer por vários motivos, nomeadamente erros de

execução, uso de selantes inadequados, fim de vida útil do selante, incompatibilidade entre materiais,

exposição a meios quimicamente agressivos ou perda de aderência do selante ao betão.

Verifica-se que existem aspectos importantes a ter em conta na escolha do novo material de

preenchimento. Assim, caso tenha sido atingido o fim de vida útil do material antigo, deve-se proceder

à sua substituição por outro de características semelhantes. Caso contrário, é necessário corrigir

falhas detectadas, como perda de aderência, que obriga à criação de rugosidade na junta através de

ferramentas mecânicas, bem como a incompatibilidade entre materiais ou material não adequado ao

meio em causa, que obriga à escolha de um novo material com características adequadas.

Deste modo, o presente processo de reparação inicia-se pela remoção do material de preenchimento

danificado / desgastado, com recurso a serra de imersão com lâmina (Figura 4.28). Posteriormente,

segue-se a aplicação de um primário de aderência, respeitando os tempos de secagem deste.

Finalmente, procede-se à aplicação do material de preenchimento final, com auxílio de uma pistola

(por extrusão) (Sika, 2013).

Figura 4.28 - Serra de imersão com lâmina (Bosch, 2015)

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4.3.11 R-D1 Correcção de pormenores construtivos (rp)

Certos pormenores construtivos, como platibandas e topos de muros com capeamentos mal

executados ou inexistentes, bem como a falta de pingadeira nos peitoris, constituem normalmente a

causa de diversas anomalias presentes em superfícies de betão à vista (por exemplo, manchas de

sujidade). Assim, apresenta-se seguidamente a forma correcta de executar os pormenores

construtivos referidos, de modo a minimizar / evitar as anomalias decorrentes dos mesmos.

4.3.11.1 Platibandas ou topos de muros

Quando uma platibanda ou topo de um muro não é devidamente projectado e/ou executado, origina

anomalias na superfície do betão, como infiltrações, manchas de sujidade e colonização biológica.

Posteriormente, são apresentadas duas formas que permitem a correcção destas disposições

construtivas, nomeadamente através de um capeamento em betão polímero pré-fabricado (Figura

4.29) ou, em alternativa, metálico inclinado (Figura 4.29).

Figura 4.29 - Capeamento em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (à esquerda (Cype,

2015)) e capeamento metálico (à direita (Weber, 2015b))

4.3.11.2 Peitoris

Os peitoris são elementos construtivos colocados na base dos vãos de janela, sendo que uma das

suas funções consiste na protecção da fachada de escorrências de água da chuva e, por isso, devem

ser inclinados e possuir pingadeira. Seguidamente, apresenta-se a forma de corrigir esta disposição

construtiva, através de um peitoril em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (Figura 4.30).

Figura 4.30 - Peitoril em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (Cype, 2015)

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4.3.12 R-D2 Protecção de arestas salientes (rp)

Arestas salientes são pontos sensíveis das superfícies por serem susceptíveis a pancadas / choques.

A presente técnica preventiva consiste em reforçar estas arestas, tornando-as mais resistentes

mecanicamente, através de cantoneiras ou perfis, metálicos ou plásticos (Figura 4.31), colados com

mastique de poliuretano multiusos. Este tipo de aplicações é comummente utilizado em edifícios de

serviços, devido à elevada carga de utilização que os caracteriza.

Figura 4.31 - Exemplo de aplicação de cantoneira plástica na protecção de aresta (Uperfil, 2015)

4.4 MATRIZ DE CORRELAÇÃO ANOMALIAS - TÉCNICAS DE REPARAÇÃO

Após uma breve classificação e caracterização das anomalias possíveis em superfícies de betão à

vista (§3.2) e posterior elaboração do sistema classificativo de técnicas de reparação e trabalhos de

manutenção, também caracterizados (§4.3), procedeu-se à elaboração de uma matriz de correlação

entre anomalias e técnicas de reparação (Quadro 4.2). A utilidade desta matriz reside no facto de

permitir um fácil reconhecimento da técnica de reparação que melhor se ajusta a determinada

anomalia.

Tendo em consideração a pesquisa bibliográfica efectuada, elaborou-se a matriz de correlação

teórica, a qual foi, de seguida, sujeita a validação, através de uma campanha de inspecções. Assim,

as alterações, decorrentes desta validação, encontram-se a sombreado na própria matriz. Esta é

composta por anomalias (linhas) e técnicas de reparação (colunas), sendo que a sua intersecção

corresponde a um número representativo do grau de correlação entre estas, seguindo o critério

proposto por Brito (1992) e adaptado por Silvestre (2005), indicado de seguida:

0 - sem relação: não existe qualquer tipo de relação entre a anomalia e a técnica de reparação;

1 - pequena relação: técnica de reparação adequada, dentro de determinadas limitações de

aplicabilidade, para reparar a anomalia ou eliminar a(s) causa(s) da sua ocorrência;

2 - grande relação: técnica de reparação mais adequada para reparar a anomalia ou eliminar a(s)

causa(s) da sua ocorrência.

Importa referir que, na matriz de correlação, existem várias técnicas de reparação que são indicadas

para uma mesma anomalia. Deve-se ter, no entanto, em atenção que as técnicas de pequena

correlação apenas se devem aplicar em condições específicas, referidas nas respectivas fichas de

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reparação. É possível, em certos casos, uma anomalia ter duas ou mais técnicas de grande relação.

Deste modo, apesar de as referidas técnicas poderem complementar-se, a opção pela técnica a

adoptar terá em consideração o carácter técnico-económico, quando o resultado final destas é

semelhante (Silvestre, 2005).

Quadro 4.2 - Matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação de superfícies de betão à vista

A \ R R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

A-E1 2 2 0 0 0 1 2 0 0 1 2 0

A-E2 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

A-E3 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

A-E4 0 1 0 2 0 1 0 0 0 0 0 2

A-E5 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0

A-E6 2 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

A-M1 0 1 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0

A-M2 0 1 0 0 2 1 0 1 2 2 0 0

A-M3 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0

A-M4 0 0 0 1 0 1 2 1 0 0 0 0

A-C1 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0

A-C2 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0

A-C3 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

A-C4 0 2 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0

A-C5 0 2 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0

A-C6 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

4.5 FICHAS DE REPARAÇÃO

Cada técnica de reparação ou trabalho de manutenção referidos dispõe de uma ficha de reparação

correspondente, sendo que o seu conteúdo e respectiva formatação seguiram os critérios utilizados

em trabalhos semelhantes. Assim, a informação que consta nas fichas de reparação é a seguinte

(adaptado de: Brito, 1992; Silvestre, 2005; Sá, 2010):

número da ficha de reparação (de acordo com a listagem do Quadro 4.1);

designação da técnica (de acordo com a listagem apresentada do Quadro 4.1);

elemento ao qual a técnica se aplica;

principais anomalias para as quais a técnica é prescrita;

ilustração representativa da técnica;

materiais necessários no decorrer da execução da técnica;

equipamentos necessários à implementação da técnica de reparação;

exigências do suporte para que a aplicação da técnica surta o efeito desejado;

breve descrição da técnica de intervenção, contemplando as principais etapas da mesma;

mão-de-obra com respectiva especialização e prazo de execução estimado;

previsão do custo unitário estimado;

recomendações de carácter geral ou específico e cuidados especiais referentes à

implementação da técnica;

limitações que a técnica apresenta.

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65

Estas fichas são uma ferramenta importante nas operações de reabilitação, visto que englobam a

informação necessária a cada técnica. Seguidamente, no Quadro 4.3, apresenta-se uma ficha de

reparação exemplificativa, relativa à técnica de reparação curativa R-C1 Reparação de fenda activa,

sendo as restantes apresentadas no Anexo 4.I.

Quadro 4.3 - Ficha de reparação R-C1 Reparação de fenda activa (rc)

Ficha de reparação R-C1

Designação Reparação de fenda activa (rc)

(adaptado de Warner, 1981)

Elemento Juntas / descontinuidades

Anomalias a reparar A-M2 Fissuração direccionada.

Materiais a aplicar

Placa de polietileno expandido, enchimento elástico de poliuretano (à cor pretendida), primário de aderência e fita de pintura.

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro ou martelo e escopro, rebarbadora com disco de diamante e pistola de ar comprimido, pistola pneumática ou manual.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de zonas deterioradas, partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à anomalia correspondente. 1. Abertura do entalhe no betão sobre a fenda com recurso a martelo eléctrico ligeiro ou martelo e escopro; 2. Definir as faces inclinadas do entalhe com auxílio de rebarbadora com disco de diamante; 3. Limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência do material de enchimento; 4. Delimitação da zona a reparar com fita de pintura; 5. Aplicar o primário de aderência sobre as faces do entalhe; 6. Aplicar uma placa de polietileno expandido, sobre a fenda, a toda a extensão e largura do entalhe; 7. Aplicar imediatamente o enchimento elástico de poliuretano, com pistola (por extrusão), de forma suave, pressionando-o contra as faces do entalhe; 8. Período de secagem e execução de acabamento final, de modo a compatibilizar a reparação com as superfícies contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Reparação de fenda activa - 1 operário especializado (2,0 a 3,0 m/h).

Custo estimado1, 2

Reparação de fenda activa - 17,65 €/m. 1 O custo apresentado inclui os materiais necessários. 2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

O entalhe deve ter largura suficiente para acomodar o movimento esperado entre as faces da fenda.

Limitações

Requer a monitorização da amplitude de movimentos da fissura.

Referências bibliográficas

Warner (1981); Pattanaik (2011); Nawy (2008); Emmons (1993); Brito e Flores-Colen (2005)

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66

A elaboração de cada ficha de reparação contemplou um vasto trabalho de pesquisa, nomeadamente

uma análise bibliográfica cuidada a referências nacionais e internacionais, documentos de obra e

cadernos de encargos. Do mesmo modo, tendo em conta que as referidas fichas incluem valores de

rendimento, custos e mão-de-obra, foi igualmente necessário contactar com representantes / técnicos

de empresas com experiência na reparação deste tipo de superfícies. Assim, foi possível elaborar

fichas de reparação completas e fiáveis, que contemplam informação detalhada necessária ao

processo de reparação de superfícies de betão à vista.

Importa salientar que, dada a especificidade de cada obra, as acções de intervenção tendem a variar

em termos de custo e prazo de execução, pelo que os valores apresentados nas fichas de reparação

são meramente indicativos.

4.6 SÍNTESE DO CAPÍTULO

Quanto mais cuidadas forem as fases de concepção e execução, menor será a probabilidade de

ocorrência de anomalias nas superfícies de betão à vista e consequente necessidade de reparação.

No entanto, é inevitável que certas superfícies venham a necessitar de intervenções, pelo que a

elaboração do sistema classificativo pretendeu contemplar as técnicas de reparação e manutenção

que permitem solucionar todas as manifestações patológicas presentes neste tipo de superfícies.

Foi elaborada a matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação de superfícies de betão à

vista, validada através de uma campanha de inspecções, e produzidas fichas de reparação (Anexo

4.I) que reúnem a informação necessária a cada técnica.

Assim, é possível simplificar o processo de escolha da técnica de reparação mais adequada, em cada

caso, e simultaneamente auxiliar a reparação das anomalias detectadas.

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67

5. VALIDAÇÃO DO SISTEMA E ANÁLISE ESTATÍSTICA

5.1 INTRODUÇÃO

O presente capítulo tem por objectivo validar o sistema classificativo de técnicas de reparação para

superfícies de betão à vista (§4.2.4), bem como a matriz de correlação anomalias - técnicas de

reparação (§4.4). Assim, foi elaborado um plano de inspecções a edifícios com superfícies em betão

à vista susceptíveis de possuírem anomalias. As inspecções correspondentes foram documentadas

em fichas de inspecção e validação previamente elaboradas. As primeiras contemplam as

características dos edifícios e respectivas superfícies. Já as fichas de validação possuem informação

quanto às anomalias presentes em determinada superfície, bem como causas associadas e

parâmetros que caracterizam a anomalia.

Refira-se que as inspecções se baseiam apenas em análise visual / visual assistida, não sendo

realizado nenhum tipo de ensaio in situ ou em laboratório. Do mesmo modo, as técnicas de reparação

não foram executadas nas superfícies inspeccionadas, tendo sido apenas indicadas as mais

recomendadas / aconselhadas a cada caso. No âmbito desta dissertação, a implementação das

técnicas de reparação não era possível, uma vez que estas são, na sua maioria, dispendiosas e

demoradas. Além disso, a sua implementação em determinada superfície carece de autorização do(s)

proprietário(s) dos edifícios inspeccionados.

Por último, expõe-se o tratamento estatístico dos dados recolhidos durante a campanha de

inspecções, o qual permite obter determinadas conclusões acerca das técnicas de reparação

relativamente às anomalias presentes em superfícies de betão à vista.

5.2 PLANO DE INSPECÇÕES

O plano de inspecções a superfícies de betão à vista é composto por um conjunto de visitas

periódicas, com o objectivo de inspeccionar as superfícies referidas. Assim, estas podem ocorrer com

maior regularidade (correntes), de modo a detectar anomalias de rápida evolução ou com menor

regularidade (detalhadas), as quais estão normalmente associadas à monitorização de anomalias

detectadas anteriormente, avaliando assim a sua evolução. Existem ainda as inspecções pós-

intervenção (não periódicas) que se destinam a detectar a degradação prematura, devido a

reparações mal efectuadas (Brito, 1992; Brito e Flores-Colen, 2005; Silvestre, 2005). No Quadro 5.1,

são resumidos estes três tipos de intervenções, em termos de periodicidade recomendada, objectivo

e metodologia.

No âmbito desta dissertação, as inspecções efectuadas tiveram apenas como intuito a validação do

sistema classificativo das técnicas de reparação, bem como da matriz de correlação anomalias-

técnicas de reparação, pelo que não correspondem a qualquer dos tipos referidos no Quadro 5.1. No

entanto, após validação, o sistema de inspecção proposto, conjuntamente com o trabalho

desenvolvido por Silva (2015), pretende ser uma ferramenta auxiliar nas inspecções regulares a

superfícies de betão à vista.

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68

Quadro 5.1 - Identificação e caracterização das inspecções (adaptado de: Brito, 1992; Brito e Flores-

Colen, 2005; Silvestre, 2005)

Tipo de inspecções

Periodicidade mínima / máxima

Objectivo Metodologia

Correntes 15 meses

Detectar anomalias de rápida evolução; monitorizar anomalias detectadas em inspecções anteriores

Observação visual; reduzidas necessidades de equipamento

Detalhadas 5 anos

Monitorizar anomalias detectadas em inspecções anteriores; determinar a sua extensão, gravidade e respectivas causas

Observação visual; ensaios in situ não destrutivos; estrutura de apoio pessoal e material considerável

Pós-intervenção

Não periódicas (no primeiro ano, após cada intervenção)

Identificar os casos de degradação precoce, devidos a erros de execução das técnicas de reparação

Observação visual; reduzidas necessidades de equipamento

Segundo Silvestre (2005), a eficácia das reparações efectuadas, bem como da eliminação das

respectivas causas, deve ser avaliada através das referidas inspecções pós-intervenção, detectando

situações de degradação precoce, devidos a erros de diagnóstico ou de execução das técnicas de

reparação implementadas.

5.2.1 Breve caracterização da amostra

A campanha de inspecções foi baseada em 53 edifícios (Anexo 5.II) distribuídos geograficamente

(Figura 5.1) por 11 municípios (Braga, Porto, Coimbra, Campo Maior, Sintra, Amadora, Lisboa,

Cascais, Montijo, Almada e Barreiro). Destes, uma grande maioria, cerca de 87%, são destinados a

serviços (Quadro 5.2), tais como hospitais, museus, hotéis, paróquias, faculdades, entre outros.

Relativamente ao ano de conclusão dos edifícios inspeccionados, este está compreendido entre 1969

e 2015, sendo que em cerca de 2/3 dos casos está compreendido entre 2000 e 2015.

Quadro 5.2 - Tipos de utilização dos edifícios inspeccionados

Tipo de utilização Serviços Comércio Habitação Devoluto

Nº de edifícios 46 4 2 1

Total de edifícios 53

Dos edifícios referidos, foram inspeccionadas 110 superfícies verticais, sendo que 85% destas

correspondem a fachadas. Assim, tendo em conta o número de edifícios e superfícies

inspeccionadas, obtém-se uma média aproximada de duas superfícies inspeccionadas por edifício.

Os dados recolhidos durante as inspecções foram inseridos numa base de dados (criada no software

Microsoft Access 2013), que permitiu, posteriormente, realizar o tratamento estatístico dos mesmos.

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69

Figura 5.1 - Distribuição geográfica dos distritos incluídos na amostra

5.2.2 Mapeamento das anomalias

A informação constante das fichas de inspecção não é suficientemente exaustiva, pelo que não

permite a identificação exacta da localização das anomalias na superfície, dificultando assim o

processo de reinspecção, bem como a monitorização de determinada anomalia.

Deste modo, aquando da inspecção a uma superfície de betão à vista, é recomendado o

mapeamento da mesma, possibilitando a identificação exacta da zona de incidência de determinada

anomalia e a sua extensão na superfície. Assim, Silvestre (2005) refere que este mapeamento deve

ser efectuado através do preenchimento de uma malha ortogonal de 3 x 3 m de dimensão máxima,

sobreposta em alçados e/ou plantas do edifício em causa e com o auxílio de registo fotográfico.

5.3 FICHAS DE INSPECÇÃO

As fichas de inspecção permitem caracterizar os edifícios inspeccionados e respectivas superfícies.

Assim, cada inspecção efectuada a determinada superfície dispõe de uma ficha de inspecção

correspondente, sendo que o seu conteúdo e respectiva formatação seguiram os critérios utilizados

em trabalhos semelhantes. Assim, a informação que consta nas fichas de inspecção é a seguinte

(adaptado de Silvestre, 2005):

número da ficha de inspecção, data em que esta ocorreu, responsável pela mesma e

respectiva função e objectivo da inspecção;

condições climatéricas no momento da inspecção, nomeadamente temperatura, pluviosidade

e humidade;

localização do edifício, altitude, tipo de utilização, ano de construção e número de pisos

acima do solo;

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70

caracterização da envolvente dos edifícios, através da zona climática, zona de vento,

exposição a agentes poluentes, tipo de envolvente e proximidade do mar;

contactos eventualmente efectuados, bem como algumas notas relevantes;

relativamente à superfície inspeccionada, o código da mesma, localização, função principal,

orientação, classe de exposição ambiental, sombreamento, cota acima do terreno, dimensões

da superfície, acabamento superficial, protecção superficial, coloração do betão e eventuais

intervenções anteriores na superfície, bem como algumas notas relevantes;

no caso de existirem operações de manutenção efectuadas e registadas, recolhe-se a

tipologia e periodicidade das inspecções ou intervenções efectuadas, características destas

intervenções, data de execução, técnica e materiais utilizados e algumas observações

eventualmente necessárias.

Seguidamente, no Quadro 5.3, apresenta-se uma ficha de inspecção exemplificativa.

Quadro 5.3 - Ficha de inspecção número 057

Ficha de inspecção

Ficha de inspecção N.º 057 Data da inspecção 09 / 04 / 2015

Responsável / função Fábio Coelho; Cátia Silva

Objectivo da inspecção Dissertação de Mestrado

I - Condições climatéricas

I.1 - Temperatura < 5° entre 5° e 15° > 15° X

I.2 - Pluviosidade Nula Aguaceiros X Chuva

I.3 - Humidade Baixa Média X Alta

II - Edifício

II.1 - Localização Paróquia Nossa Senhora da Boavista, Porto Ed. 33

II.2 - Altitude (m) 0 - 300 X 300 - 600 > 600

II.3 - Tipo de utilização Serviços II.4 - Ano de construção 1979

II.5 - N.o de pisos acima do solo

2

II.6 - Zona climática (ver anexo 5.Ia)

Inverno A B X

Verão A B X C

II.7 - Zona de vento A X B (ver Anexo 5.Ib)

II.8 - Rugosidade aerodinâmica (ver anexo 5.Ib)

Tipo 0 Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV X

II.9 - Exposição a agentes poluentes

Alta Média X Baixa Nula

II.10 - Tipo de envolvente

Rural Urbana X Marítima

II.11 - Proximidade do mar

< 1 km < 5 km > 5 km X

II.12 - Contactos efectuados

D. Obra Projectista Empreiteiro Outro

II.12.1 - Nome(s)

II.13 - Notas

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71

Quadro 5.3 (Continuação) - Ficha de inspecção número 057

III - Superfícies vistoriadas

III.1 - Identificação S.: 056

III.2 - Localização Exterior X Interior (se sim, preencher ponto III.2.1) Outra

III.2.1 - Tipo de uso do compartimento

III.3 - Função principal Fachada X Muro Outra

III.4 - Orientação da superfície

Norte Sul Este Oeste X (ex.: NE = Norte + Este)

III.5 - Classes de exposição ambiental

XC4; XF1 (ver Anexo 5.Ic)

III.6 - Sombreamento Ausente X Parcial Total

III.7 - Cota acima do terreno (m)

0

III.8 - Dimensões da superfície (m)

Altura 8 Largura 15

III.9 - Acabamento superficial

Liso Texturado X

III.10 - Protecção superficial

Sem protecção X Tinta Verniz Hidrófugo

Outra

III.11 - Cor

Branco Castanho Cinzento X Vermelho

Preto Verde Amarelo Azul

Cinzento escuro Outra

III.12 - Intervenções anteriores

Sim Não X (Se sim, preencher ponto IV.3)

III.13 - Notas Textura das tábuas de cofragem

IV - Manutenção

IV.1 - Tipologia implementada

IV.2 - Periodicidade das inspecções e / ou das intervenções

IV.3 - Características das intervenções efectuadas

Data Técnica utilizada Materiais aplicados

Data Técnica utilizada Materiais aplicados

V - Observações

5.4 FICHAS DE VALIDAÇÃO

As fichas de validação permitem complementar o processo de inspecção através do registo das

anomalias identificadas e respectivas causas directas e indirectas, bem como os métodos de

diagnóstico e técnicas mais adequadas para reparar as anomalias e eliminar as suas causas. Assim,

cada inspecção efectuada a determinada superfície dispõe de uma ficha de validação

correspondente, sendo que o seu conteúdo e respectiva formatação seguiram os critérios utilizados

em trabalhos semelhantes. Assim, a informação que consta nas fichas de validação é a seguinte

(adaptado de: Silvestre, 2005; Sá, 2010; Sá, 2011):

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72

número da ficha de validação, data em que esta ocorreu, código do edifício e código da

superfície inspeccionada;

identificação das anomalias detectadas, de acordo com o sistema classificativo apresentado

em §3.2;

caracterização das anomalias identificadas, nomeadamente em termos de percentagem de

área afectada, condições para progresso / repetição do fenómeno, presença de água /

humidade, produção de som cavo quando submetido à percussão, dimensão média das

fissuras e nível de gravidade (0, 1 ou 2);

identificação das causas prováveis, sendo as causas directas assinaladas com o número 2 e

as indirectas assinaladas com o número 1;

métodos de diagnóstico mais adequados a cada caso;

técnicas de reparação mais adequadas a cada caso, de acordo com o sistema classificativo

das técnicas de reparação e manutenção proposto em §4.2.4.

Seguidamente, no Quadro 5.4, apresenta-se uma ficha de validação exemplificativa.

Quadro 5.4 - Ficha de validação número 057

Ficha de validação

Ficha de validação N.º 057 Data da inspecção 09 / 04 / 2015

Código do edifício Ed.: 33 Código da superfície S.: 057

I - Anomalias detectadas

A-E Estéticas

A-E1 Manchas X

A-E2 Eflorescências

A-E3 Colonização biológica

A-E4 Desgaste / erosão

A-E5 Bolhas de pele

A-E6 Graffiti

A-M Mecânicas

A-M1 Fissuração mapeada

A-M2 Fissuração direccionada

A-M3 Desagregação

A-M4 Descasque

A-C Construtivas / geométricas

A-C1 Defeitos de planeza

A-C2 Ninhos de agregados / chochos

A-C3 Marcas de tiges

A-C4 Esbabaçado

A-C5 Crostas X

A-C6 Incrustações de cofragem

Notas

Manchas de hidratação e manchas de reparações com argamassa de coloração diferente

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73

Quadro 5.4 (Continuação) - Ficha de validação número 057

II - Caracterização das anomalias (preencher apenas as aplicáveis à anomalia)

Anomalias

A-E1 A-C5

Percentagem de área afectada: (…) % 60 50

Condições para progressão / repetição do fenómeno (S / N) N N

Presença de água / humidade na superfície e/ou na envolvente (S / N)

N

Produção de som cavo quando submetido à percussão (S / N)

Dimensão média das fissuras: (…) mm

Nível de gravidade (0; 1; 2) 1 1

0 - intervenção imediata (até 6 meses) 1 - intervenção a médio prazo (até 2 anos); 2 - monitorizar a evolução da anomalia (próxima inspecção)

Notas

III - Causas prováveis (1 - causa indirecta / 2 - causa directa)

Anomalias

A-E1 A-C5

C-P Erros de projecto

C-P1 deficiente aplicação de regulamentos / especificações

C-P2 concepção incorrecta ou inexistência de pontos singulares (remates, pingadeiras)

C-P3 cofragem inadequada

C-P4 agente descofrante inadequado

C-P5 processo construtivo inadequado

C-P6 deficiente pormenorização das armaduras

C-P7 concepção / posicionamento deficiente das juntas de dilatação

C-E Erros de execução

C-E1 mão-de-obra inexperiente / não especializada

C-E2 não conformidade com as peças desenhadas e/ou caderno de encargos

C-E3 cofragem deficiente / com excesso de utilização 2 2

C-E4 tempo de descofragem inadequado

C-E5 armazenamento dos constituintes / transporte do betão deficientes

C-E6 utilização de materiais inapropriados (água contaminada, agregados reactivos)

C-E7 material de preenchimento inadequado das tiges ou juntas de dilatação

C-E8 betonagem / compactação / cura deficiente do betão 1 1

C-E9 junta de betonagem mal executada

C-E10 posicionamento pouco rigoroso das armaduras

C-E11 deficiente preparação dos moldes (limpeza) 1

C-E12 betonagem em condições atmosféricas desfavoráveis

1

C-E13 ausência / deficiente colocação de agente descofrante

C-E14 fiscalização inexistente / deficiente

C-A Acções ambientais

C-A1 partículas de sujidade susceptíveis de serem transportadas

C-A2 exposição solar alta / reduzida

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Quadro 5.4 (Continuação) - Ficha de validação número 057

C-A3 acção do vento

C-A4 presença de água / chuva

C-A5 humidade (ciclos seco / molhado)

C-A6 gelo (ciclos gelo / degelo)

C-M. Acções mecânicas

C-M1 abrasão

C-M2 choques / pancadas

C-M3 corrosão / expansão da armadura

C-M4 deslocamentos da estrutura (assentamentos e deformações)

C-M5 concentração de tensões (junto a aberturas)

C-G. Agentes agressivos

C-G1 reacção álcalis-sílica

C-G2 sulfatos

C-G3 sal / água salgada (cloretos)

C-G4 compostos orgânicos

C-G5 ácidos

C-U. Utilização e manutenção

C-U1 periodicidade inadequada de limpeza / retoque da protecção superficial

C-U2 acções de manutenção / pequena reparação deficientemente executadas

2

C-U3 vandalismo

Notas

IV - Métodos de diagnóstico Anomalias

A-E1 A-C5

D-V Visuais / visuais assistidos

D-V1 Inspecção visual (não destrutivo) X X

D-V2 Fissurómetro (não destrutivo)

D-V3 Comparador de fissuras / medidor óptico de fissuras (não destrutivo)

D-V4 Tiras colorimétricas (não destrutivo)

D-V5 Testemunhos (não destrutivo)

D-A Acústicos

D-A1 Martelo de borracha (não destrutivo)

D-T Termo-higrométricos

D-T1 Termo-higrómetro (não destrutivo)

D-T2 Termografia de infravermelhos (não destrutivo)

D-T3 ISAT - initial surface absorption test (não destrutivo)

D-M Magnéticos / electroquímicos

D-M1 Magnetómetro (não destrutivo)

D-M2 Meia-célula galvânica (semi-destrutivo)

Notas

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Quadro 5.4 (Continuação) - Ficha de validação número 057

V - Técnicas de reparação Anomalias

A-E1 A-C5

R-A Superfície do betão

R-A1 Limpeza

R-A2 Aplicação de protecção superficial X

R-A3 Correcção de irregularidades superficiais X X

R-A4 Regularização da superfície com argamassas

R-B Betão

R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras

R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado

R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento

R-B4 Aplicação de camada de betão adicional

R-C Juntas / descontinuidades

R-C1 Reparação de fenda activa

R-C2 Substituição do material de preenchimento

R-D Elementos periféricos

R-D1 Correcção de pormenores construtivos

R-D2 Protecção de arestas salientes

Notas

Importa referir que a ficha de validação apresentada (Quadro 5.3) inclui as anomalias detectadas (I),

caracterização das mesmas (II) e respectivas causas prováveis (III) necessárias à correcta prescrição

da técnica de reparação (V) que permite a sua eliminação / correcção. Além disso, inclui igualmente

os métodos de diagnóstico (IV) que, apesar de não se inserirem no âmbito da presente dissertação,

integram a ficha de validação elaborada, em virtude de esta ter sido desenvolvida em conjunto com

Silva (2015), autora da dissertação complementar a esta. Assim, foi possível criar uma ficha de

validação completa que compila toda a informação necessária à validação do sistema de apoio à

inspecção, diagnóstico e reparação de superfícies de betão à vista.

5.5 VALIDAÇÃO DO SISTEMA CLASSIFICATIVO DAS TÉCNICAS DE REPARAÇÃO E MANUTENÇÃO

Durante a campanha de inspecções realizadas a 110 superfícies verticais de betão à vista, atribuiu-se

a cada anomalia presente nas referidas superfícies as técnicas de reparação (de acordo com o

sistema classificativo, proposto em §4.2.4) mais adequadas para a eliminar, bem como as causas que

lhe estão associadas. Assim, é possível observar na Figura 5.2, a frequência absoluta resultante de

um total de 371 anomalias identificadas a que correspondem 464 técnicas indicadas, obtendo-se uma

média de 1,3 técnicas por anomalia.

Através da observação da Figura 5.2, é possível concluir que todas as técnicas foram preconizadas

pelo menos três vezes, verificando-se que 38,5% do total de técnicas indicadas corresponde à

técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial.

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76

Apesar da frequência absoluta baixa de algumas das técnicas propostas no sistema classificativo,

comparativamente com as restantes, toma-se como válido o referido sistema, uma vez que a

eliminação de qualquer dessas técnicas iria introduzir falhas no sistema, impossibilitando a resolução

de algumas das anomalias, também elas menos frequentes.

Figura 5.2 - Frequência absoluta das técnicas indicadas para as anomalias identificadas

5.6 VALIDAÇÃO DA MATRIZ DE CORRELAÇÃO ANOMALIAS - TÉCNICAS DE REPARAÇÃO

Tendo por base o sistema classificativo de técnicas de reparação e manutenção proposto em §4.2.4,

foram sinalizadas (durante as inspecções) as técnicas de reparação mais adequadas a cada

anomalia identificada, de modo a eliminar / reparar a mesma, bem como a(s) respectiva(s) causa(s).

De modo a validar a matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação (proposta em §4.4),

elaborou-se o Quadro 5.5 que permite comparar o grau de correlação teórico (elaborado antes das

inspecções) com os dados resultantes das próprias inspecções. Assim, relativamente a cada

anomalia, a linha superior da tabela apresenta o grau de correlação (0, 1 ou 2) proveniente da matriz

teórica, enquanto a linha inferior apresenta a percentagem de casos na amostra em que determinada

técnica foi associada à anomalia em questão.

Para realizar o ajustamento entre a matriz de correlação teórica e os resultados provenientes das

inspecções, adoptou-se a metodologia utilizada por Silvestre (2005). Assim, dividiram-se os

resultados por grau de ajustamento, com cores indicativas do mesmo:

a vermelho: 2 < 17%; 0 > 33%;

a branco: 17% ≤ 2 < 33%; 1 > 50% ou < 17%; 17% < 0 ≤ 33%;

a verde: 2 ≥ 33%; 17% ≤ 1 ≤ 50%; 0 ≤ 17%.

60

143

34

83

47

51

18

5

3

4

12

4

0 20 40 60 80 100 120 140 160

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

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Quadro 5.5 - Validação da matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação

A \ R R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

A-E1 2 2 0 0 0 1 2 0 0 1 2 0

36% 84% 2% 0% 0% 2% 1% 0% 0% 1% 7% 0%

A-E2 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E3 2 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 36% 0%

A-E4 0 2 0 2 0 1 0 0 0 0 0 2

0% 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 40%

A-E5 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0

0% 0% 0% 89% 0% 11% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-E6 2 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M1 0 1 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0

0% 14% 21% 0% 0% 79% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M2 0 1 0 0 2 2 0 1 2 2 0 0

0% 0% 0% 0% 89% 0% 0% 0% 6% 6% 0% 0%

A-M3 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0

0% 0% 0% 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-M4 0 0 0 2 0 2 1 1 0 0 0 1

0% 0% 0% 10% 0% 10% 81% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C1 0 0 1 0 0 2 0 2 0 0 0 0

0% 0% 0% 0% 0% 86% 0% 14% 0% 0% 0% 0%

A-C2 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0

0% 0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C3 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0

0% 45% 10% 55% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C4 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0

0% 100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C5 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0

0% 78% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A-C6 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0% 0% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

A análise do Quadro 5.5 permite concluir que o ajuste é muito bom em 84,9% dos casos (assinalados

a verde) e mau em 6,8% dos casos (assinalados a vermelho). De seguida, procede-se à correcção

dos casos com ajuste considerado mau, sendo que nem todos necessitam desse ajuste, uma vez

que, em certos casos, a frequência absoluta das anomalias a que se referem é demasiado baixa para

permitir tirar conclusões, enquanto que em outros as soluções de reparação podem não ter sido

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indicadas nas superfícies da amostra, mas continuam a ser consideradas como válidas e de grande

relação para a resolução de determinadas anomalias e/ou suas causas. Um caso relevante é a

anomalia A-E1 Manchas que engloba manchas de sujidade, tonalidade, hidratação, corrosão ou

devidas a reparações deficientes, uma vez que a presença de alguns destes casos na amostra nem

sempre é significativa, comparativamente com as manchas de hidratação que se encontram

praticamente em todos os edifícios inspeccionados. Deste modo, tomando como exemplo a

percentagem (1%) de casos na amostra em que a técnica R-B3 Reparação de armadura corroída /

descasque do betão de recobrimento foi associada à anomalia A-E1 Manchas e, tendo em conta que

apenas 1% do total de manchas identificadas correspondem a manchas de corrosão, é possível

concluir que, na presença destas, resultantes da armadura, a técnica com correlação directa é a R-B3

Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento, pelo que o grau de

correlação inicial deve ser mantido, apesar do mau ajustamento resultante da amostra inspeccionada.

De seguida, são descritos apenas os casos em que existe necessidade de proceder a alterações

relativamente ao grau de correlação inicialmente atribuído na matriz de correlação anomalias -

técnicas de reparação (§4.4):

a correlação da técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial com a anomalia A-E4

Desgaste / erosão deverá ser alterada para 1, uma vez que esta tem utilidade apenas em

casos pontuais de erosão ligeira;

a correlação da técnica R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras com a anomalia A-M1

Fissuração mapeada deverá ser alterada para 0, uma vez que não se verificou a utilidade

desta técnica em qualquer caso;

a correlação da técnica R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado com a anomalia A-

M2 Fissuração direccionada deverá ser alterada para 1, uma vez que se verificou a utilidade

desta técnica apenas em casos pontuais;

a correlação da técnica R-A4 Regularização da superfície com argamassas com a anomalia

A-M4 Descasque deverá ser alterada para 1, uma vez que se verificou a utilidade desta

técnica apenas em casos pontuais;

a correlação da técnica R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado com a anomalia A-

M4 Descasque deverá ser alterada para 1, uma vez que se verificou a utilidade desta técnica

apenas em casos pontuais;

a correlação da técnica R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de

recobrimento com a anomalia A-M4 Descasque deverá ser alterada para 2, uma vez que se

verificou a utilidade desta técnica na maioria dos casos;

a correlação da técnica R-D2 Protecção de arestas salientes com a anomalia A-M4

Descasque deverá ser alterada para 0, uma vez que não se verificou a utilidade desta técnica

em qualquer caso;

a correlação da técnica R-A3 Correcção de irregularidades superficiais com a anomalia A-C1

Defeitos de planeza deverá ser alterada para 0, uma vez que não se verificou a utilidade

desta técnica em qualquer caso;

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79

a correlação da técnica R-B4 Aplicação de camada de betão adicional com a anomalia A-C1

Defeitos de planeza deverá ser alterada para 1, uma vez que se verificou a utilidade desta

técnica apenas em casos pontuais;

a correlação da técnica R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado com a anomalia A-

C2 Ninhos de agregados / chochos deverá ser alterada para 1, uma vez que esta apenas tem

utilidade em casos pontuais em que a anomalia se encontre generalizada;

a correlação da técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial com a anomalia A-C4

Esbabaçado deverá ser alterada para 2, uma vez que se verificou a utilidade desta técnica na

totalidade dos casos;

a correlação da técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial com a anomalia A-C5

Crostas deverá ser alterada para 2, uma vez que se verificou a utilidade desta técnica na

maioria dos casos.

A matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação validada pode ser consultada em §4.4, com

as correcções referidas devidamente assinaladas (a sombreado).

5.7 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS RECOLHIDOS NAS INSPECÇÕES

Tendo por base a amostra caracterizada em §5.2.1, foram realizadas 110 inspecções a superfícies

verticais de betão à vista. Estas inspecções basearam-se apenas na análise visual / visual assistida

não contemplando, por isso, ensaios in situ ou laboratoriais.

No total das superfícies, foram identificadas 371 anomalias, ou seja, uma média de 3,4 anomalias por

superfície inspeccionada. Relativamente às técnicas de reparação, foi indicado um total de 464

técnicas, obtendo-se uma média de 1,3 por anomalia, um valor expectável, uma vez que em certos

casos se atribuiu, além da técnica curativa, técnicas preventivas para eliminar as causas prováveis na

origem da manifestação patológica.

5.7.1 Frequência observada das anomalias

O tratamento estatístico detalhado, relativamente às anomalias observadas durante a campanha de

inspecções, é abordado na dissertação complementar a esta, desenvolvida por Silva (2015). No

entanto, é relevante retirar algumas ilações acerca das anomalias presentes nas superfícies de betão

à vista inspeccionadas, de modo a interpretar correctamente os dados obtidos relativamente às

técnicas de reparação (§5.7.2).

Seguidamente, apresenta-se a frequência relativa e absoluta de incidência de cada anomalia nas

superfícies referidas (Figura 5.3). Como é possível observar, A-E1 Manchas e A-M2 Fissuração

direccionada são as anomalias mais frequentes na amostra, representando 87,3% e 48,2% do total

de anomalias observadas, respectivamente. Por oposição, as anomalias A-M3 Desagregação e A-C6

Incrustações de cofragem estão presentes apenas em 0,9% das superfícies inspeccionadas. Existem

outras anomalias, como é o caso de A-E5 Bolhas de pele, A-C1 Defeitos de planeza e A-C3 Marcas

de tiges, que estão presentes em cerca de 30% das superfícies.

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80

Figura 5.3 - Frequência absoluta (à esquerda) e relativa (à direita) de incidência de cada anomalia

nas 110 superfícies inspeccionadas

A maior incidência de manchas, relativamente às restantes anomalias, deve-se também ao facto de

esta anomalia agregar manchas de diversos tipos, como variações de tonalidade, sujidade, corrosão,

humidade / hidratação e reparações deficientemente executadas, sendo que, do total de manchas

identificadas, cerca de 62% destas correspondem a manchas de hidratação e 29% a manchas de

sujidade.

Por fim, é interessante observar a frequência relativa de cada grupo de anomalias (A-E Estéticas, A-

M Mecânicas e A-C Construtivas / geométricas) no total de anomalias identificadas (371), nas 110

superfícies inspeccionadas. Assim, da análise da Figura 5.4, conclui-se que o grupo de anomalias

que surge com maior frequência é o das anomalias estéticas, seguido das construtivas / geométricas

e, por último, o grupo das mecânicas.

Figura 5.4 - Frequência relativa de cada grupo de anomalias no total de anomalias identificadas

96

8

13

10

35

4

14

53

1

21

36

23

31

7

18

1

0 50 100 150

A-E1

A-E2

A-E3

A-E4

A-E5

A-E6

A-M1

A-M2

A-M3

A-M4

A-C1

A-C2

A-C3

A-C4

A-C5

A-C6

87,3%

7,3%

11,8%

9,1%

31,8%

3,6%

12,7%

48,2%

0,9%

19,1%

32,7%

20,9%

28,2%

6,4%

16,4%

0,9%

0,0% 20,0% 40,0% 60,0% 80,0% 100,0%

A-E1

A-E2

A-E3

A-E4

A-E5

A-E6

A-M1

A-M2

A-M3

A-M4

A-C1

A-C2

A-C3

A-C4

A-C5

A-C6

44,7%

24,0%

31,3%

A-E Estéticas A-M Mecânicas A-C Construtivas / geométricas

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81

5.7.2 Frequência observada das técnicas de reparação

Como complemento à análise efectuada em §5.5, aquando da validação do sistema classificativo das

técnicas de reparação e manutenção e de modo a verificar a frequência relativa de escolha de cada

técnica de reparação nas inspecções efectuadas, foi elaborada a Figura 5.5.

Através da análise da mesma, conclui-se que a técnica com maior frequência relativa de escolha, nas

371 anomalias identificadas, é a R-A2 Aplicação de protecção superficial, com um valor de 38,5%,

adequando-se, por isso, a mais de 1/3 das anomalias. Logo de seguida, surge a técnica R-A4

Regularização da superfície com argamassas com um valor próximo dos 22,4%. A terceira técnica

mais frequente é a R-A1 Limpeza, com 16,2%, podendo explicar-se pelo facto de ser

simultaneamente uma técnica de reparação curativa e de manutenção. Denota-se, desde já, um

domínio das técnicas do grupo R-A Superfície do betão, uma vez que as três técnicas com maior

frequência relativa fazem parte deste. Seguidamente, surgem as técnicas do grupo R-B Betão, sendo

que R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras e R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado

apresentam valores de frequência relativa acima de 12,5%, enquanto R-B3 Reparação de armadura

corroída / descasque do betão de recobrimento e R-B4 Aplicação de camada de betão adicional

mostram frequências próximas das técnicas dos grupos R-C Juntas / descontinuidades e R-D

Elementos periféricos. A técnica com menor frequência relativa (0,8%) é a R-C1 Reparação de fenda

activa, facto que já era expectável, tendo em consideração as suas características muito particulares,

uma vez que compreende a introdução de uma nova junta de dilatação.

Figura 5.5 - Frequência relativa da escolha de cada técnica nas 360 anomalias identificadas

Na Figura 5.6, é possível observar que o grupo de técnicas R-A Superfície do betão surge como a

tipologia de técnicas mais indicada (69,0%) para a eliminação de anomalias e/ou sua(s) causa(s) no

total das superfícies inspeccionadas. Esta preponderância deve-se ao facto de as técnicas que

compõem o referido grupo se constituírem como solução para a maioria das anomalias estéticas (A-

16,2%

38,5%

9,2%

22,4%

12,7%

13,7%

4,9%

1,3%

0,8%

1,1%

3,2%

1,1%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

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82

E) e construtivas / geométricas (A-C). Por oposição, surgem, como tipologias menos indicadas, os

grupos R-D Elementos periféricos e R-C Juntas / descontinuidades com valores de 3,4% e 1,6%,

respectivamente. Este facto já era expectável, tendo em consideração as características particulares

das técnicas que constituem estes grupos, a nível de execução e das zonas de aplicação (juntas /

descontinuidades e elementos periféricos).

Figura 5.6 - Frequência relativa do total de técnicas indicadas

5.7.3 Relação entre técnicas de reparação e anomalias

Para possibilitar a análise da relação entre as várias técnicas de reparação e as anomalias

identificadas no total de inspecções realizadas, apresenta-se seguidamente as Figuras 5.7, 5.8, 5.9 e

5.10 referentes à frequência relativa das técnicas de reparação associadas às diferentes

manifestações patológicas.

Figura 5.7 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-A1 e R-A2 na resolução das diferentes

anomalias

69,0%

26,1%

1,6% 3,4%

R-A Superfície do betão R-B Betão R-C Juntas / descontinuidades R-D Elementos periféricos

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

R-A1 R-A2

A-E1 A-E2 A-E3 A-E6 A-M1 A-C3 A-C4 A-C5

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83

A técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial, comparativamente com a R-A1 Limpeza,

apresenta maior versatilidade relativamente às anomalias a reparar (Figura 5.7), tendo em conta que

surge associada aos diferentes grupos de anomalias (A-E Estéticas, A-M Mecânicas e A-C

Construtivas / geométricas), enquanto a técnica R-A1 Limpeza se restringe ao grupo A-E Estéticas.

Esta constatação é justificada pelo facto de a técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial

compreender, entre outras, a aplicação de revestimentos superficiais (§4.3.2.3) que permitem a

ocultação de muitas anomalias através de pintura ou revestimento com ligantes mistos.

Relativamente à anomalia A-E1 Manchas, a técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial destaca-

se claramente relativamente às restantes, apesar de a técnica R-A1 Limpeza também possuir uma

frequência de escolha significativa (Figura 5.7). A preponderância da primeira pode ser explicada pelo

facto de a maior parte das manchas identificadas serem de hidratação / humidade, sendo um pouco

menos frequente as manchas de sujidade (a que se aplica a segunda técnica).

A anomalia A-E6 Graffiti tem associada, em 100% dos casos (Figura 5.7), a técnica curativa R-A1

Limpeza e a técnica preventiva R-A2 Aplicação de protecção superficial, em virtude de a primeira ser

a mais indicada para a eliminação da anomalia e a segunda ser aconselhável, de modo a facilitar a

remoção dos graffiti em caso de reincidência, através da aplicação de produtos anti-graffiti.

A anomalia A-C2 Ninhos de agregados / chochos tem associada, em 100% dos casos (Figura 5.8), a

técnica curativa R-A4 Regularização da superfície com argamassas, sendo tal justificado pelo facto

de os ninhos de agregados identificados não possuírem extensão considerável que pudesse justificar

o recurso a técnicas de reparação mais intrusivas.

Figura 5.8 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-A3 e R-A4 na resolução das diferentes

anomalias

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

R-A3 R-A4

A-E1 A-E4 A-E5 A-M1 A-M4 A-C2 A-C3 A-C4 A-C5 A-C6

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84

A anomalia A-C3 Marcas de tiges tem associada, praticamente na mesma proporção (Figuras 5.7 e

5.8), as técnicas de reparação curativas R-A2 Aplicação de protecção superficial e R-A4

Regularização da superfície com argamassas, correspondendo aos casos identificados em que as

tiges se encontravam preenchidas com material de cor inadequada ou se encontravam com defeitos

no acabamento, respectivamente.

Relativamente à anomalia A-C4 Esbabaçado, tem associadas simultaneamente duas técnicas em

100% dos casos (Figuras 5.7 e 5.8), uma vez que, para corrigir esta anomalia, é necessário recorrer à

técnica R-A3 Correcção de irregularidade superficiais, seguida da técnica R-A2 Aplicação de

protecção superficial, pois, apesar de a primeira disfarçar a anomalia, a segunda é necessária para a

ocultar por completo.

Igualmente, a anomalia A-C5 Crostas tem associadas as duas técnicas da anomalia anterior. No

entanto, neste caso, verifica-se a aplicação da técnica R-A3 Correcção de irregularidades superficiais

a todas as situações (Figura 5.8), existindo, porém, situações pontuais em que não é necessário

recorrer à técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial, por se tratar de pequenas crostas ou

ocorrerem em zonas de fácil eliminação.

A anomalia A-C6 Incrustações de cofragem foi identificada uma única vez no total de superfícies

inspeccionadas, pelo que não permite retirar conclusões relativamente à frequência das técnicas

associadas. No entanto, de todas as técnicas, a R-A3 Correcção de irregularidades superficiais é a

mais indicada para resolver este tipo de anomalia, pelo que se considera plausível o facto de esta ter

sido associada à anomalia em causa (Figura 5.8).

Em relação às técnicas do grupo R-B Betão (Figura 5.9), destaca-se claramente a técnica R-B2

Substituição parcial / total do betão afectado, pela heterogeneidade da sua aplicação às diferentes

anomalias, comparativamente com as restantes. Por oposição, a técnica de reparação R-B1

Preenchimento / injecção de fissuras restringe-se a solucionar manifestações patológicas associadas

a fissuração, enquanto a técnica R-B4 Aplicação de camada de betão adicional se limita a corrigir

defeitos de planeza. Do mesmo modo, a técnica de reparação R-B3 Reparação de armadura corroída

/ descasque do betão de recobrimento tem um campo de aplicação limitado, uma vez que é

associada à reparação da armadura corroída. Contudo, permite corrigir dois tipos diferentes de

anomalias, nomeadamente descasque e manchas, provocadas por corrosão / expansão da

armadura.

Relativamente à anomalia A-E5 Bolhas de pele, na maioria dos casos, a técnica indicada para a

resolver foi a R-A4 Regularização da superfície com argamassas, sendo que só em quatro situações,

onde a anomalia afectava uma elevada extensão da superfície, se optou por indicar a técnica R-B2

Substituição parcial / total do betão afectado para corrigir a mesma (Figura 5.9).

A anomalia A-C1 Defeitos de planeza tem associada as técnicas R-B4 Aplicação de camada de betão

adicional e R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado (Figura 5.9), sendo a primeira

preferível, uma vez que evita praticamente todas as questões referidas aquando da aplicação das

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85

técnicas de reparação, por ocultar a superfície existente. No entanto, verificou-se que foi a segunda

que prevaleceu na maioria dos casos inspeccionados, em virtude de não existir necessidade de

executar uma camada de betão adicional em toda a extensão da superfície ou não existirem

condições para a sua aplicabilidade.

Figura 5.9 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-B1, R-B2, R-B3 e R-B4 na resolução das

diferentes anomalias

Na generalidade dos casos identificados nas 110 superfícies verticais inspeccionadas, a anomalia A-

M1 Fissuração mapeada tem como técnica mais adequada (Figura 5.9) a R-B2 Substituição parcial /

total do betão afectado, uma vez que nestes casos é preferível, em termos de execução, substituir o

betão fissurado.

Quanto à anomalia A-M3 Desagregação, esta apenas foi identificada uma vez na amostra total de

superfícies inspeccionadas, o que não permite retirar conclusões relativamente à frequência das

técnicas associadas. No entanto, por se tratar de uma das anomalias mais gravosas relativamente à

superfície de betão, considera-se plausível o facto de a técnica R-B2 Substituição parcial / total do

betão afectado ter sido associada à anomalia em questão (Figura 5.9).

Relativamente à anomalia A-M4 Descasque, a técnica que lhe surge associada é, maioritariamente, a

R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento (Figura 5.9), uma vez

que grande parte dos descasques identificados se deviam à corrosão / expansão da armadura. Em

casos pontuais de descasque, onde não era visível a armadura ou a mesma não se encontrava

corroída, as técnicas que foram associadas à anomalia em questão foram R-A4 Regularização da

superfície com argamassas e R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado, consoante estes

possuíssem pequena ou grande extensão, respectivamente.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

R-B1 R-B2 R-B3 R-B4

A-E1 A-E5 A-M1 A-M2 A-M3 A-M4 A-C1

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86

Tendo em consideração a Figura 5.10, verifica-se que as técnicas de reparação dos grupos R-C

Juntas / descontinuidades e R-D Elementos periféricos possuem menor expressão comparativamente

com os restantes grupos de técnicas (R-A Superfície do betão e R-B Betão). Além disso, as técnicas

de reparação constituintes destes grupos são preconizadas para um reduzido número de anomalias.

Figura 5.10 - Frequência relativa da escolha das técnicas R-C1, R-C2, R-D1 e R-D2 na resolução das

diferentes anomalias

Relativamente às técnicas R-C1 Reparação de fenda activa e R-C2 Substituição do material de

preenchimento, constata-se que estas se encontram maioritariamente associadas a anomalias

relacionadas com fissuração, o que vai ao encontro das características das mesmas, descritas em

§4.3.9 e §4.3.10. Da mesma forma, a técnica R-D1 Correcção de pormenores construtivos destina-se

apenas à rectificação de certos pormenores, prevenindo o surgimento de determinadas anomalias

estéticas, enquanto a técnica de reparação R-D2 Protecção de arestas salientes se limita ao reforço

de pontos sensíveis das superfícies, muitas vezes susceptíveis a pancadas / choques.

Quanto às anomalias A-E2 Eflorescências e A-E3 Colonização biológica, existem duas técnicas,

associadas a 100% dos casos em que as anomalias foram identificadas (Figuras 5.7). Isto deve-se ao

facto de a técnica R-A1 Limpeza ser a mais indicada para a eliminação da anomalia e a técnica R-A2

Aplicação de protecção superficial ser aconselhável, de modo a prevenir a reincidência da mesma,

através da aplicação de produtos específicos. Além disso, em casos pontuais, a anomalia A-E3

Colonização biológica tem associada a técnica R-D1 Correcção de pormenores construtivos (Figura

5.10), uma vez que, nesses casos, a presença de água na superfície se devia à concepção incorrecta

ou inexistência dos mesmos.

A anomalia A-E4 Desgaste / erosão tem associada apenas a técnica curativa R-A4 Regularização da

superfície com argamassas (Figura 5.8), uma vez que todas as anomalias deste tipo identificadas

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

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87

eram de pequena extensão e não justificavam intervenções de maior escala. Além desta, tem

também associada uma técnica preventiva R-D2 Protecção de arestas salientes, sendo que não é

aplicada à totalidade das anomalias identificadas, uma vez que só algumas se localizavam em cantos

/ arestas salientes.

Contrariamente à anterior, a anomalia A-M2 Fissuração direccionada surge maioritariamente

associada à técnica R-B1 Preenchimento / injecção de fissuras (Figura 5.9), em virtude de estas

fissuras serem bem definidas e, muitas das vezes, surgirem de forma isolada. Além desta, as

técnicas R-C1 Reparação de fenda activa e R-C2 Substituição do material de preenchimento surgem

associadas aos casos em que a fissuração se deve, respectivamente, à falta de uma junta de

dilatação devidamente projectada ou ao facto de o material de preenchimento desta não ser o mais

adequado.

Por fim, apresenta-se, na Figura 5.11, a frequência de escolha de cada uma das técnicas de

reparação em função do grupo de anomalias (A-E Estéticas, A-M Mecânicas e A-C Construtivas /

geométricas).

Figura 5.11 - Frequência absoluta de escolha de cada técnica de reparação por grupo de anomalias

Através da análise da Figura 5.11, é possível concluir que as técnicas dos grupos R-A Superfície do

betão e R-D Elementos periféricos estão maioritariamente associadas a anomalias estéticas (A-E),

enquanto as dos grupos R-B Betão e R-C Juntas / descontinuidades estão associadas a anomalias

mecânicas (A-M). Esta conclusão já era esperada, uma vez que as anomalias estéticas são

normalmente superficiais, sendo eliminadas com recurso a técnicas pouco intrusivas, ao contrário das

mecânicas que, por serem mais profundas, necessitam de técnicas mais intrusivas para as

solucionar. Relativamente às anomalias construtivas, estas são solucionadas, na sua grande maioria,

61

107

2

41

0

61 0 0 1

11

40 2 3 2

47

1417

03 3

0 00

36

30

40

0

31

05

0 0 0 00

20

40

60

80

100

120

R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

A-E Estéticas A-M Mecânicas A-C Construtivas / geométricas

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88

com recurso a técnicas do grupo R-A Superfície do betão, sendo que, em alguns casos, também se

recorreu a técnicas do grupo R-B Betão. Particularmente, a técnica R-B2 Substituição parcial / total

do betão afectado é aquela que mais se adequa transversalmente aos diferentes grupos de

anomalias (Figura 5.11), revelando ser uma técnica que, apesar de mais indicada para anomalias

construtivas / geométricas (A-C), permite solucionar eficazmente anomalias estéticas (A-E) e

mecânicas (A-C).

5.7.4 Relação entre técnicas de reparação e nível de gravidade das anomalias

Seguindo a metodologia adoptada em trabalhos anteriores (como são exemplo Silvestre, 2005 e Sá,

2010), optou-se por incluir na ficha de validação um parâmetro relativo ao nível de gravidade,

conforme referido em §5.4, que permite caracterizar as diversas anomalias quanto à urgência de

reparação. Assim, dividiu-se este parâmetro nos três níveis seguintes:

nível 0 - necessidade de intervenção imediata (até 6 meses): onde se incluem apenas os

casos em que se verifica destacamento / desagregação considerável do betão,

especialmente quando estes tornam visível a armadura. Além disso, casos onde a anomalia

atinja uma área bastante considerável da superfície e simultaneamente apresente condições

para progressão do fenómeno;

nível 1 - necessidade de intervenção a médio prazo (até 2 anos): onde se incluem todas as

situações em que se verifica a ocorrência de destacamentos pontuais ou casos em que os

fenómenos patológicos de menor gravidade atinjam já uma área considerável da superfície.

Além destes, incluem-se também todos os casos de anomalias que não apresentam

condições para progressão do fenómeno e, por isso, não necessitam de reparação imediata,

nem de monitorização;

nível 2 - necessidade de monitorizar a evolução da anomalia, em especial na próxima

inspecção.

Na Figura 5.12, apresenta-se o nível de gravidade das anomalias para cada uma das técnicas de

reparação e manutenção propostas no respectivo sistema classificativo.

Apesar de, em alguns dos casos, esta avaliação poder ser algo subjectiva, é possível observar que

apenas cinco técnicas (R-A1 Limpeza, R-A2 Aplicação de protecção superficial, R-B2 Substituição

parcial / total do betão de afectado, R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de

recobrimento e R-D1 Correcção de pormenores construtivos) surgem associadas à necessidade de

reparação imediata (nível de gravidade 0). Isto pode ser explicado pelo facto de as duas técnicas do

grupo R-A Superfície do betão referidas estarem associadas a anomalias como manchas que, em

muitos dos casos inspeccionados, tinham uma extensão na superfície superior a 50% da área da

mesma. Quanto às técnicas do grupo R-B Betão, em especial a técnica R-B3 Reparação de

armadura corroída / descasque do betão de recobrimento, estão associadas à reparação da

superfície com tratamento da armadura corroída, o que justifica o nível atribuído, uma vez que a

corrosão da armadura pode desencadear anomalias de maior gravidade.

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89

Figura 5.12 - Relação entre as técnicas de reparação e o nível de gravidade das anomalias

Das restantes técnicas, com excepção da técnica R-C1 Reparação de fenda activa, todas surgem

associadas à necessidade de intervenção a médio prazo (nível de gravidade 1) numa determinada

percentagem, podendo-se explicar pelo facto de estarem associadas a casos de anomalias

estabilizadas e sem necessidade de monitorização. A referida excepção é a única técnica que apenas

se encontra associada ao nível de gravidade 2, por ter características muito particulares e só ser

utilizada em casos onde não tenham sido devidamente projectadas juntas de dilatação, pelo que

antes da reparação deve-se monitorizar a fissura para caracterizar a sua dimensão e amplitude de

movimentos.

5.7.5 Relação entre técnicas de reparação e orientação das superfícies inspeccionadas

De modo a observar a relação entre a orientação das superfícies inspeccionadas e as técnicas

indicadas, para solucionar as anomalias presentes nas mesmas, foi elaborada a Figura 5.13. Assim,

através da análise da mesma, é possível destacar a técnica R-C1 Reparação de fenda activa que

surge apenas associada a superfícies com orientação “Este”. Tal facto pode ser explicado pela

orientação do sol ao longo do dia, uma vez que superfícies com esta orientação sofrem uma maior

exposição solar, resultando em variações térmicas que induzem deformações à estrutura que, na

ausência de juntas de dilatação em zonas adequadas, provocam fissuração. Nos restantes casos, as

técnicas surgem geralmente associadas às várias orientações das superfícies, pelo que não é

possível efectuar outro tipo de análise ou retirar conclusões mais específicas. Para esta

homogeneidade também pode contribuir o facto de a amostra em questão ser maioritariamente

constituída por edifícios em meio urbano, tendo estes, muitas das vezes, as suas superfícies

parcialmente / totalmente protegidas por edifícios vizinhos.

36,7%

13,3%

3,9%

77,8%

8,3%

36,7%

75,5%

100,0%

96,4%

93,6%

88,2%

16,7%

100,0%

75,0%

66,7%

100,0%

26,7%

11,2%

3,6%

6,4%

7,8%

5,6%

100,0%

25,0%

25,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

0 - intervenção imediata até 6 meses 1 - intervenção até 2 anos 2 - monitorizar (próxima inspecção)

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90

Figura 5.13 - Relação entre a orientação das superfícies inspeccionadas e as técnicas indicadas

5.7.6 Relação entre técnicas de reparação e acabamento superficial

Com o objectivo de compreender a possível relação entre as técnicas de reparação recomendadas

para determinada superfície e o acabamento superficial da mesma, na campanha de inspecções

realizada, efectuou-se o gráfico (Figura 5.14) associado à frequência relativa de cada técnica. Este foi

obtido através da divisão do número total de cada técnica, associada a determinado acabamento,

pelo número total de técnicas de reparação indicadas para superfícies com esse mesmo tipo de

acabamento (liso ou texturado).

Primeiramente, de modo a interpretar correctamente estes resultados, é necessário caracterizar a

amostra relativamente ao tipo de acabamento das 110 superfícies verticais inspeccionadas, durante a

campanha de inspecções. Assim, através da análise da referida amostra, é possível concluir que a

maioria das superfícies inspeccionadas possui acabamento liso (84,5%), sendo que as superfícies

com acabamento texturado possuem menor representatividade (15,5%).

Da análise do gráfico (Figura 5.14), é possível verificar uma relativa homogeneidade das técnicas

associadas em função do tipo de acabamento superficial. No entanto, existem algumas técnicas que

surgem apenas associadas a acabamentos superficiais lisos, como é o caso das técnicas R-B4

Aplicação de camada de betão adicional, R-C1 Reparação de fenda activa, R-C2 Substituição do

material de preenchimento e R-D2 Protecção de arestas salientes. Por fim, interessa destacar a

técnica R-A1 Limpeza que, apesar de associada a acabamentos superficiais lisos e texturados, surge

com maior representatividade nos texturados. Este facto era expectável, tendo em consideração que

os acabamentos texturados, apesar de dissimularem algumas das anomalias presentes em

12,1%

15,4%

17,6%

13,6%

17,4%

16,3%

16,7%

25,0%

100,0%

25,0%

16,7%

15,5%

12,5%

14,7%

22,2%

15,2%

14,3%

16,7%

16,7%

50,0%

10,3%

7,4%

5,9%

2,5%

6,5%

18,4%

5,6%

25,0%

5,2%

7,4%

2,9%

7,4%

6,5%

8,2%

25,0%

8,3%

20,7%

20,6%

23,5%

16,0%

19,6%

10,2%

38,9%

25,0%

50,0%

8,3%

25,0%

17,2%

19,9%

17,6%

21,0%

19,6%

16,3%

5,6%

25,0%

16,7%

25,0%

10,3%

8,8%

5,9%

8,6%

10,9%

10,2%

5,6%

8,6%

8,1%

11,8%

8,6%

4,3%

6,1%

11,1%

25,0%

8,3%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

E N NE NO O S SE SO

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91

superfícies de betão à vista, são mais susceptíveis à acumulação de sujidade, requerendo uma maior

frequência de limpeza.

Figura 5.14 - Relação percentual entre as técnicas de reparação e o acabamento superficial

5.7.7 Relação entre técnicas de reparação e idade dos edifícios inspeccionados

Apresenta-se, nas Figuras 5.16 e 5.17, a frequência relativa entre as técnicas de reparação

recomendadas e o ano de conclusão dos edifícios inspeccionados, sendo que este está

compreendido entre 1969 e 2015. De modo a ser possível retirar conclusões sobre a referida relação,

torna-se necessário perceber a quantidade de edifícios na amostra, correspondentes a cada período

de 5 anos (Figura 5.15).

Da análise da Figura 5.15, verifica-se que os períodos temporais compreendidos entre 2005 e 2015

apresentam maior representatividade na amostra total inspeccionada, o que reflecte um maior

número de edifícios inspeccionados correspondentes a esses anos. Além disso, cerca de 80% dos

edifícios correspondem aos períodos entre 1995 e 2015, denotando uma idade relativamente recente

dos edifícios inspeccionados, bem como o uso crescente do betão à vista como solução

arquitectónica nos últimos 20 anos.

Apesar de ser necessária uma amostra homogénea em termos de anos e um número significativo de

edifícios correspondentes aos mesmos para possibilitar uma análise mais abrangente, serão mesmo

assim tiradas conclusões gerais acerca dos dados apresentados relativos à amostra aleatória

inspeccionada.

10,2%

31,9%

7,7%

19,1%

11,2%

10,2%

3,6%

1,3%

0,8%

1,0%

2,0%

1,0%

27,8%

25,0%

5,6%

11,1%

4,2%

15,3%

5,6%

5,6%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

Liso Texturado

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92

Figura 5.15 - Distribuição dos 53 edifícios inspeccionados por ano de conclusão

Assim, através da observação dos gráficos seguintes, percebe-se que as técnicas com maior

incidência são R-A2 Aplicação de protecção superficial, R-A4 Regularização da superfície com

argamassas e R-A1 Limpeza, o que, mais uma vez, realça as conclusões retiradas anteriormente

(Figura 5.6) sobre a elevada frequência relativa do grupo de técnicas R-A Superfície do betão no total

de técnicas indicadas.

Figura 5.16 - Frequência relativa de escolha das técnicas de reparação, consoante o ano de

conclusão, para edifícios compreendidos entre 1969 e 1995

A maior frequência da técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial é evidente na maioria dos

períodos temporais analisados, particularmente nos períodos ]1975 - 1980] e ]1990 - 2015]. Tendo

em consideração que as superfícies inspeccionadas são maioritariamente exteriores, estando, por

21

3

1

3

89

15

11

0

2

4

6

8

10

12

14

16

0,0%

10,0%

20,0%

30,0%

40,0%

50,0%

60,0%

70,0%

80,0%

90,0%

R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

[1969 - 1975] ]1975 - 1980] ]1980 - 1985] ]1985 - 1990] ]1990 - 1995]

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93

isso, sujeitas a variadas acções ambientais e humanas, intervenções como a aplicação de hidrófugo

de superfície, de produtos anti-graffiti e de revestimentos superficiais são justificadas para a

prevenção e/ou eliminação de certas anomalias existentes.

Figura 5.17 - Frequência relativa de escolha das técnicas de reparação, consoante o ano de

conclusão, para edifícios compreendidos entre 1996 e 2015

Relativamente à técnica R-A1 Limpeza, verifica-se que está presente em praticamente todos os

períodos analisados, apesar de se verificar maior incidência nas superfícies de betão à vista

correspondentes a edifícios mais antigos, o que é compreensível devido à acumulação de sujidade ao

longo do tempo. Por outro lado, a técnica R-A4 Regularização da superfície com argamassas possui

maior preponderância em edifícios mais recentes, devido ao facto de estes apresentarem maior

frequência de anomalias construtivas associadas à presença de irregularidades superficiais.

Verifica-se ainda que a técnica R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado se encontra

presente na maioria dos períodos temporais em análise, com uma frequência relativa próxima de 10-

15%, podendo ser explicado pelo facto de ser uma técnica que, ao substituir o betão afectado,

permite a resolução de praticamente todo o tipo de anomalias presentes em superfícies de betão à

vista.

5.7.8 Relação entre as técnicas de reparação e a estabilidade das anomalias

De modo a analisar a relação entre as técnicas de reparação e as condições para progressão /

repetição do fenómeno patológico, apresenta-se na Figura 5.18 a frequência relativa de cada técnica

relativamente à estabilidade das anomalias.

Relativamente às condições para progressão / repetição da anomalia, importa referir que este

parâmetro não se relaciona directamente com as técnicas de reparação, mas sim com as anomalias.

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

50,0%

R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

]1995 - 2000] ]2000 - 2005] ]2005 - 2010] ]2010 - 2015]

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94

Apenas por observação visual, esta análise nem sempre foi evidente pelo que, em situações de

dúvida, assumiu-se a hipótese mais desfavorável, considerando a anomalia como não estabilizada.

Figura 5.18 - Frequência relativa das técnicas de reparação relativamente à estabilidade das

anomalias

Da análise da Figura 5.18, conclui-se que a maioria das técnicas se encontra associada aos dois

tipos de anomalias (estabilizadas e não estabilizadas), apesar de existirem algumas excepções

relevantes, explicadas seguidamente.

A técnica R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento surge

associada apenas a anomalias não estabilizadas, facto este justificado pela sua aplicação a

anomalias que envolvem a corrosão da armadura, ou seja, um fenómeno com condições para

progressão. Do mesmo modo, as técnicas R-D1 Correcção de pormenores construtivos e R-D2

Protecção de arestas salientes, sendo ambas preventivas, estão elas próprias associadas à

resolução das causas das anomalias, pelo que, na maior partes dos casos, só após a sua aplicação

se tornam estáveis. A técnica R-C1 Reparação de fenda activa surge também ela associada a

anomalias não estabilizadas, facto que já era expectável, tendo em conta que o tipo de anomalias a

que se destina esta técnica se relaciona com a deficiente concepção de juntas de dilatação e, por

isso, a anomalia só será estabilizada depois da aplicação da referida técnica.

Por outro lado, a técnica R-B4 Aplicação de camada de betão adicional surge associada apenas a

anomalias estabilizadas, uma vez que esta só foi assinalada como forma de correcção da A-C1

Defeitos de planeza que, por se tratar de uma anomalia construtiva, não apresenta condições para

progressão do fenómeno.

3,3%

63,6%

91,2%

86,7%

55,3%

90,2%

100,0%

25,0%

96,7%

36,4%

8,8%

13,3%

44,7%

9,8%

100,0%

100,0%

75,0%

100,0%

100,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

Anomalia estabilizada Anomalia não estabilizada

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95

5.7.9 Relação entre técnicas de reparação e a exposição das superfícies a agentes agressivos

Apresenta-se na Figura 5.19 a relação entre as técnicas de reparação e a exposição da superfície a

agentes agressivos, nomeadamente a frequência relativa de cada técnica relativamente à exposição

alta / média e média / baixa.

Figura 5.19 - Frequência relativa das diferentes técnicas de reabilitação relativamente à exposição a

agentes agressivos

Através da análise da mesma, verifica-se que, nas superfícies com exposição média / baixa, existe

um maior recurso às técnicas do grupo R-A Superfície do betão, enquanto nas superfícies com

exposição alta / média se recorreu maioritariamente às técnicas do grupo R-B Betão. Dado que as

técnicas do primeiro grupo são utilizadas na sua maioria para resolução de anomalias mais

superficiais, ao contrário das do grupo R-B Betão que são utilizadas em anomalias mais profundas, a

evidência anterior pode ser explicada pela necessidade de recorrer a técnicas mais intrusivas nas

superfícies com maior exposição a agentes agressivos.

Refira-se que a maior frequência da técnica R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do

betão de recobrimento em superfícies com exposição a agentes agressivos mais elevada, denota

uma maior predisposição das mesmas a anomalias superficiais que derivam da corrosão da

armadura.

Relativamente à técnica R-A4 Regularização da superfície com argamassas, esta surge com

frequência semelhante independentemente da classe de exposição a agentes agressivos, o que é

19,4%

44,2%

13,2%

22,5%

10,9%

10,9%

2,3%

2,3%

2,3%

0,0%

5,4%

1,6%

14,5%

35,5%

7,0%

22,3%

13,6%

15,3%

6,2%

0,8%

0,0%

1,7%

2,1%

0,8%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 50,0%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

Média / baixa Alta / média

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96

justificado pelo facto de ser uma técnica utilizada na correcção / eliminação de anomalias que

derivam sobretudo do processo construtivo, como bolhas de pele ou ninhos de agregados /chochos.

5.7.10 Relação entre técnicas de reparação e coloração do betão

Para possibilitar a compreensão da relação entre as técnicas de reparação e a coloração do betão,

dividiu-se a análise das superfícies inspeccionadas em três grupos, nomeadamente branco, cinzento

e pigmentado (Figura 5.20). Nos dois primeiros, a diferença ocorre ao nível da cor do ligante (cimento

branco ou cinzento, respectivamente), enquanto no betão pigmentado existe a incorporação de

pigmentos de diferentes colorações na mistura.

Figura 5.20 - Frequência relativa das diferentes técnicas de reabilitação relativamente à coloração do

betão das superfícies inspeccionadas

11,7%

32,1%

5,1%

20,4%

16,8%

13,9%

4,4%

0,7%

0,7%

2,2%

4,4%

1,5%

17,7%

43,7%

12,1%

25,6%

11,2%

13,0%

5,1%

1,9%

0,9%

0,5%

2,8%

0,9%

31,6%

26,3%

5,3%

15,8%

21,1%

5,3%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0% 50,0%

R-A1

R-A2

R-A3

R-A4

R-B1

R-B2

R-B3

R-B4

R-C1

R-C2

R-D1

R-D2

Branco Cinzento Pigmentado

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97

Tendo em consideração a Figura 5.20, conclui-se que existe uma maior associação das técnicas R-

A3 Correcção de irregularidades superficiais e R-A4 Regularização da superfície com argamassas às

superfícies de betão cinzento. Tal evidência pode ser explicada pelo facto de estas técnicas estarem

sobretudo associadas a anomalias que derivam do processo construtivo, como crostas, esbabaçado

ou bolhas de pele. Por outro lado, os edifícios com betão branco ou pigmentado, da amostra aleatória

inspeccionada, são na sua maioria edifícios públicos (como hospitais, museus, hotéis ou faculdades)

os quais são alvo de um maior cuidado / fiscalização na fase de execução das suas superfícies,

justificando assim uma menor incidência das técnicas referidas.

Do mesmo modo, na sequência da justificação anterior, a técnica de reparação R-A2 Aplicação de

protecção superficial surge também com maior frequência nos edifícios de coloração cinzenta, visto

que é utilizada na ocultação de machas de hidratação diferenciada que, por sua vez, derivam

igualmente do processo construtivo.

5.8 SÍNTESE DO CAPÍTULO

A dimensão da amostra de superfícies inspeccionadas e sua tipologia (§5.2.1) permitiu avaliar de

forma coerente o sistema classificativo das técnicas de reparação e manutenção proposto em §4.2.4,

bem como a matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação e manutenção proposta em

§4.4. Ao mesmo tempo, permitiu obter informação relevante, de modo a calibrar a referida matriz,

ajustando-a a casos reais. As alterações efectuadas resumiram-se à alteração de 6,7% dos

coeficientes de correlação teóricos da matriz.

O tratamento estatístico dos dados recolhidos (§5.7), durante as inspecções realizadas, possibilitou a

obtenção de conclusões relativas às anomalias e suas características, tais como frequência absoluta

e relativa de incidência de cada anomalia. Relativamente à frequência das anomalias, destaca-se o

seguinte:

as anomalias A-E1 Manchas e A-M2 Fissuração direccionada são as anomalias mais

frequentes na amostra, estando presentes em 87,3% e 48,2% das superfícies

inspeccionadas, respectivamente;

anomalias como A-E5 Bolhas de pele, A-C1 Defeitos de planeza e A-C3 Marcas de tiges

estão presentes em cerca de 30% das superfícies;

as anomalias A-M3 Desagregação e A-C6 Incrustações de cofragem estão presentes apenas

em 0,9% das superfícies inspeccionadas;

o grupo das anomalias estéticas é o que surge com maior frequência (44,7%), seguido dos

grupos de anomalias construtivas / geométricas (31,3%) e mecânicas (24,0%).

A análise dos dados recolhidos permitiu igualmente retirar conclusões relativas às técnicas de

reparação e manutenção que integram o sistema classificativo, destacando-se o seguinte:

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98

a técnica com maior frequência relativa de escolha é a R-A2 Aplicação de protecção

superficial (38,5%), adequando-se, por isso, a mais de 1/3 das anomalias, seguindo-se a

técnica R-A4 Regularização da superfície com argamassas (22,4%);

a terceira técnica com maior frequência relativa é a R-A1 Limpeza (16,2%), podendo-se

explicar pelo facto de ser simultaneamente uma técnica de reparação curativa e de

manutenção;

a técnica R-C1 Reparação de fenda activa é a que apresenta menor frequência relativa

(0,8%), facto que já era expectável, tendo em conta as suas características particulares, uma

vez que envolve a execução de uma nova junta de dilatação;

o grupo de técnicas R-A Superfície do betão surge como a tipologia mais indicada (69,0%)

para a eliminação de anomalias e/ou sua(s) causa(s) no total das superfícies inspeccionadas.

Por último, o tratamento dos dados recolhidos, na campanha de inspecções, possibilitou também

obter conclusões relativas à relação entre técnicas de reparação e anomalias ou alguns parâmetros

das superfícies, destacando-se o seguinte:

as técnicas dos grupos R-A Superfície do betão e R-D Elementos periféricos estão

maioritariamente associadas a anomalias estéticas (A-E), enquanto as dos grupos R-B Betão

e R-C Juntas / descontinuidades estão associadas a anomalias mecânicas (A-M), o que pode

ser explicado pelo facto de as anomalias estéticas ocorrerem superficialmente, sendo

eliminadas com recurso a técnicas pouco intrusivas, ao contrário das mecânicas que, por

serem mais profundas, necessitam de técnicas mais intrusivas para as solucionar;

as técnicas do grupo R-A Superfície do betão juntamente com a técnica R-B2 Substituição

parcial / total do betão afectado são as mais versáteis, uma vez que se encontram associadas

à resolução de um maior número e variedade de anomalias;

a técnica R-A1 Limpeza, apesar de associada a acabamentos superficiais lisos e texturados,

surge com maior representatividade nos texturados, dado que são mais susceptíveis à

acumulação de sujidade, requerendo uma maior frequência de limpeza;

nas superfícies com exposição média / baixa, existe um maior recurso às técnicas do grupo

R-A Superfície do betão, enquanto nas superfícies com exposição alta / média se recorreu

maioritariamente às técnicas do grupo R-B Betão, denotando a necessidade de recorrer a

técnicas mais intrusivas para solucionar as anomalias presentes nas superfícies com maior

exposição a agentes agressivos;

a maioria das técnicas encontra-se associada aos dois tipos de anomalias (estabilizadas e

não estabilizadas), apesar de existirem algumas excepções relevantes, como é o caso das

técnicas R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento, R-D1

Correcção de pormenores construtivos, R-D2 Protecção de arestas salientes e R-C1

Reparação de fenda activa, que surgem associadas apenas a anomalias não estabilizadas;

relativamente à idade das superfícies, as técnicas com maior incidência nos períodos

temporais com maior número de edifícios inspeccionados e maior número de técnicas

indicadas são maioritariamente do grupo R- A Superfície do betão;

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99

existe uma maior associação das técnicas R-A3 Correcção de irregularidades superficiais e

R-A4 Regularização da superfície com argamassas às superfícies de betão cinzento,

evidenciando, pelo facto de estas técnicas estarem sobretudo associadas a anomalias que

derivam do processo construtivo, um menor cuidado na execução destas superfícies,

derivado também do tipo de edifícios aos quais se encontram associadas;

a técnica R-C1 Reparação de fenda activa surge apenas associada a superfícies com

orientação “Este”, revelando a influência da orientação do sol ao longo do dia, uma vez que

superfícies com esta orientação sofrem uma maior exposição solar, resultando em variações

térmicas que induzem deformações à estrutura.

A validação do sistema proposto (sistema classificativo e matriz de correlação), com recurso a uma

campanha de inspecções, mostrou-se fundamental para aferir a validade das suposições teóricas

efectuadas, aquando da elaboração do referido sistema.

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100

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101

6. CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização da presente dissertação, bem como a campanha de inspecções executadas a 110

superfícies verticais de betão à vista, possibilitou concluir que estas apresentam elevada durabilidade.

Contudo, apenas um planeamento correcto das fases de concepção e execução evita / minimiza o

surgimento de não conformidades nestas fases o que, aliado à implementação de uma estratégia de

manutenção pró-activa, permite reduzir as necessidades de intervenção nas referidas superfícies,

bem como os custos associados. Do mesmo modo, sabendo que os custos de intervenção são

superiores aos custos de manutenção, torna-se necessário que a referida estratégia de manutenção

a implementar englobe disposições para as fases de concepção e execução, bem como um plano de

inspecções periódicas, de onde resulte a determinação de intervenções curativas, preventivas ou

trabalhos de manutenção.

Com o intuito de normalizar e sistematizar as inspecções a superfícies de betão à vista, foi proposto,

nesta dissertação, parte de um sistema de apoio à inspecção e diagnóstico de anomalias presentes

nestas superfícies. Além disso, crê-se que o referido sistema auxilie na prevenção da deterioração

destas superfícies, bem como na reparação, em tempo oportuno, das anomalias identificadas nas

mesmas.

6.2 CONCLUSÕES GERAIS

Na presente dissertação, foi proposto e validado um sistema classificativo de técnicas de reparação e

manutenção, bem como a respectiva matriz de correlação entre estas e as anomalias existentes em

superfícies de betão à vista. Em seguida, apresentam-se sumariamente as principais conclusões

retiradas no decorrer da elaboração desta dissertação.

Relativamente à tecnologia (§2) associada à execução de superfícies de betão à vista, é possível

concluir o seguinte:

existe falta de normalização a nível nacional específica para betão à vista, havendo, por isso,

necessidade de recorrer a regulamentação internacional, de modo a que se implementem

boas práticas na concepção e execução deste tipo de superfícies;

a cofragem é um dos factores mais importantes na aparência estética das superfícies de

betão à vista; assim, todos os aspectos relacionados com a mesma devem ser

cuidadosamente estudados e equacionados ainda em fase de projecto, devendo o arquitecto

recorrer a um projecto especial de cofragem para definir / pormenorizar todos os aspectos

relacionados com a mesma;

o surgimento e consequente evolução da cofragem de permeabilidade controlada, permite,

nos dias de hoje, aumentar significativamente a durabilidade da superfície de betão, bem

como a sua aparência estética;

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102

a utilização de betão auto-compactável permite minimizar / eliminar muitas das anomalias que

surgem nas superfícies de betão à vista, originadas pelo processo de betonagem /

compactação;

a origem de muitas das anomalias em superfícies de betão à vista ocorre na fase de

concepção e execução, pelo que um melhor conhecimento das condicionantes associadas a

um projecto deste tipo, bem como o correcto entendimento de todas as fases do processo

construtivo, são fundamentais à obtenção de superfícies finais de melhor qualidade e com

menor probabilidade de ocorrência de anomalias;

o betão destaca-se por ser um material de elevada resistência e durabilidade que, aliado à

constante evolução tecnológica, permite a obtenção de superfícies com formas e texturas

arrojadas e diferenciadas, tornando o betão à vista uma opção construtiva utilizada com

frequência em projectos de arquitectura moderna; contudo, este tipo de projectos exige altos

níveis de experiência, além de uma colaboração constante entre todas as partes envolvidas

no processo (projectistas, empreiteiros, dono de obra, empresas fornecedoras do betão, entre

outros), uma vez que, quanto mais cuidadas forem as fases de concepção e execução,

menor será a probabilidade de ocorrência de anomalias nas superfícies de betão à vista e

consequente necessidade de reparação;

Relativamente à patologia (§3) associada a superfícies de betão à vista, é possível concluir o

seguinte:

a compreensão do fenómeno associado a cada anomalia, bem como as respectivas causas,

possibilita a sua correcta identificação e posterior reparação;

para proceder correctamente à identificação das anomalias, é importante conhecer os seus

mecanismos de formação, bem como as causas prováveis associadas, tendo em

consideração que geralmente as anomalias não ocorrem de forma isolada, podendo estar

associadas a várias causas.

Relativamente à reabilitação (§4) de superfícies de betão à vista, é possível concluir o seguinte:

a matriz de correlação anomalias - técnicas de reparação, depois de validada através de uma

campanha de inspecções, auxilia o processo de reparação e manutenção com informação

associada às técnicas que possuem grande relação com as anomalias, por serem as mais

adequadas para reparar a anomalia ou eliminar a(s) causa(s) da sua ocorrência, bem como

as técnicas de pequena relação que podem ser utilizadas dentro de determinadas limitações

de aplicabilidade;

o recurso a reparações / manutenções pode ser minimizado se existir uma fase de concepção

e execução mais cuidada, evitando a ocorrência de muitas das anomalias com origem nestas

fases do processo construtivo;

a aplicação de uma estratégia de manutenção pró-activa contribui para a diminuição das

necessidades de intervenção em superfícies de betão à vista, bem como dos custos

associados.

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103

Relativamente à validação e análise estatística (§5), é possível concluir o seguinte:

a validação do sistema classificativo de técnicas de reparação e manutenção proposto e

respectiva matriz de correlação, com recurso a uma campanha de inspecções, mostrou-se

fundamental para aferir a validade das suposições teóricas efectuadas (aquando da

elaboração do referido sistema), permitindo simultaneamente a sua calibração;

a técnica R-A2 Aplicação de protecção superficial adequa-se a mais de 1/3 das anomalias

identificadas (38,5%), seguindo-se a técnica R-A4 Regularização da superfície com

argamassas (22,4%);

a técnica R-B2 Substituição parcial / total do betão afectado é aquela que mais se adequa

transversalmente aos diferentes grupos de anomalias, revelando ser uma técnica que, apesar

de mais indicada para anomalias construtivas / geométricas (A-C), permite solucionar

eficazmente anomalias estéticas (A-E) e mecânicas (A-C);

a técnica R-B3 Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento surge

associada apenas a anomalias não estabilizadas, o que é justificado pela sua aplicação a

anomalias que envolvem a corrosão da armadura, ou seja, um fenómeno com condições para

progressão;

as técnicas dos grupos R-A Superfície do betão e R-D Elementos periféricos estão

maioritariamente associadas a anomalias estéticas (A-E), enquanto as dos grupos R-B Betão

e R-C Juntas / descontinuidades estão associadas a anomalias mecânicas (A-M), denotando

o recurso a técnicas pouco intrusivas para solucionar as primeiras e a necessidade de

técnicas mais intrusivas para as segundas;

a técnica associada a anomalias com prioridade de intervenção mais elevada é a R-B3

Reparação de armadura corroída / descasque do betão de recobrimento, uma vez que está

relacionada com o tratamento da armadura corroída (e consequente reparação da superfície),

o que justifica a urgência de intervenção, dado que a corrosão da armadura pode

desencadear anomalias de maior gravidade;

a campanha de inspecções revelou que existiu um maior cuidado ao nível da execução das

superfícies de edifícios de betão branco ou pigmentado, o que é justificado pelo tipo de

edifícios em questão (faculdades, museus, entre outros), denotando uma maior fiscalização e

rigor na concepção / execução;

as anomalias, presentes em superfícies de betão à vista, usualmente reparadas pelas

diferentes técnicas de reparação são as que se apresentam no Quadro 6.1.

Quadro 6.1 - Anomalias reparadas pelas diferentes técnicas de reparação

Técnica de reparação

R-A1 R-A2 R-A3 R-A4 R-B1 R-B2 R-B3 R-B4 R-C1 R-C2 R-D1 R-D2

Anomalias usualmente reparadas

A-E2 A-E3 A-E6

A-E2 A-E3 A-E6 A-C4

A-C4 A-C5 A-C6

A-E4 A-C2

A-M2 A-M3 A-M4 A-C1 A-M2 A-M2 A-E3 A-E4

Outras anomalias reparadas

A-E1 A-E1 A-E5 A-C3

A-M1

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104

6.3 DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

O desenvolvimento futuro do trabalho realizado na presente dissertação poderá seguir diferentes

perspectivas, sendo que as mais relevantes, que podem ser desenvolvidas de imediato, se destacam

seguidamente:

estabelecer de forma cooperativa, com os diversos intervenientes no processo de concepção

/ execução de superfícies de betão à vista, uma colectânea de valores reais de custos de

aplicação das técnicas de reparação, rendimentos, mão-de-obra, erros de execução e

materiais apropriados, através do acompanhamento constante da aplicação das técnicas de

reparação e manutenção in situ e consequente monitorização da intervenção realizada;

desenvolver um plano de inspecções e manutenções periódicas para os diferentes tipos de

superfícies de betão à vista, em função das classes de exposição ambiental, bem como do

tipo de envolvente (urbana, marítima, rural);

procurar a criação de parcerias entre empresas produtoras de betão, fabricantes de produtos

de reparação para o mesmo e empresas de reabilitação, de modo a conceber / adequar

produtos e técnicas que permitam uma rápida e eficaz intervenção de reabilitação para

algumas das anomalias mais frequentes em superfícies de betão à vista;

baseado no sistema de apoio à inspecção e diagnóstico de superfícies de betão à vista, que

constitui a presente dissertação juntamente com o trabalho desenvolvido por Silva (2015),

criar um módulo informático, de grande interesse para o inspector, que possibilitasse a sua

instalação num equipamento informático portátil (tablet); por outro lado, este instrumento

informático, ao preservar uma grande quantidade de dados recolhidos, possibilitará aos

investigadores aumentar a eficácia e a eficiência da investigação na área da patologia e

reabilitação, bem como estudar o progresso e as características das acções de manutenção

executadas;

proceder à compilação de todos os sistemas de inspecção e diagnóstico de elementos da

construção (estruturais e não estruturais) já desenvolvidos e posterior desenvolvimento do

módulo informático, que teria associados vários sub-módulos referentes aos diferentes

elementos da construção, possibilitando assim o apoio à inspecção de edifícios.

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NP ENV 13670-1 (2007). “Execução de Estruturas de Betão - Parte 1: Regras Gerais”, IPQ,

Caparica, Almada.

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ANEXOS

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A4.I.1

ANEXO 4.I - FICHAS DE REPARAÇÃO

Ficha de reparação R-A1

Designação

Limpeza (rc / m):

a) correcção de variações

de tonalidade / cor;

b) eliminação de

colonização biológica;

c) remoção de

eflorescências;

d) remoção de manchas

de corrosão;

e) remoção de manchas

de sujidade;

f) limpeza de graffiti.

Elemento Superfície do betão

Anomalias a reparar

A-E1 Manchas;

A-E2 Eflorescências;

A-E3 Colonização biológica;

A-E6 Graffiti.

Materiais a aplicar

a), d) e e) Detergente neutro;

a) e d) Produto abrasivo;

b) Solução aquosa de lixívia 10% ou solução de hipoclorito de sódio a 5% e biocida;

cI) Solução aquosa de ácido fosfórico a 9% ou de ácido acético a 5% (betão branco);

cII) Solução de ácido clorídrico a 20% ou pastas absorventes específicas (todos os tipos de betão,

excepto branco);

f) Produtos químicos específicos para remoção de graffiti.

Equipamento necessário

a), d) e f) Jacto de água ou, em alternativa, equipamento de limpeza abrasivo;

b) Dispersor / pulverizador, jacto de água e escova de nylon;

c) Escova de nylon, jacto de água e espátula;

e) Escova de nylon e jacto de água.

Exigências do suporte

A superfície deve ser inspeccionada para garantir que não existem fissuras de dimensão significativa

que, por sua vez, originem outras anomalias provenientes do betão ou das armaduras, pela presença

de água e produtos químicos.

Descrição da técnica de intervenção

As técnicas de intervenção só devem ser executadas depois da eliminação da(s) causa(s)

associada(s) à anomalia correspondente.

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A4.I.2

a) e d) 1. Lavagem com jacto de água e, se necessário, detergente neutro; 2. Na presença de

manchas mais persistentes, recorrer a produtos abrasivos (estes podem danificar a superfície, pelo

que se deve minimizar a sua utilização e prever a aplicação de um revestimento superficial por

pintura).

b) 1. Lavagem com solução aquosa de lixívia a 10% ou, em alternativa, hipoclorito de sódio a 5%; 2.

Lavagem com água simples para repor o pH original da superfície e deixar secar; 3. Aplicação do

biocida na superfície, devendo ser removido por escovagem a seco entre 2 a 24 horas após a

aplicação; 4. Aplicação de hidrófugo de superfície com biocida de acção preventiva.

c) 1. Escovagem com a superfície completamente seca ou, em alternativa, lavagem com jacto de

água simples; 2. Na presença de eflorescências mais persistentes, recorrer a produtos químicos

específicos para o efeito: cI) betão branco - lavagem com solução aquosa de ácido fosfórico a 9% ou

de ácido acético a 5%; cII) restantes colorações do betão - lavagem com solução de ácido clorídrico a

20% ou utilizar pastas absorventes.

e) 1. Limpeza com água, escova de nylon e, se necessário, detergente neutro; 2. Na presença de

sujidade mais persistente, lavagem com jacto de água e detergente neutro.

f) 1. Aplicação de produto para remoção graffiti, deixando actuar no máximo 30 minutos; 2. Lavagem

com jacto de água; 3. Na presença de graffiti mais persistentes, recorrer a técnica abrasiva (no caso

de acabamentos rugosos) ou a pintura total da superfície (no caso de acabamentos lisos).

Mão-de-obra e prazo de execução estimado2, 3

a) e d) 1 operário (20 a 25 m2/h); b) 1 operário (10 a 12 m2/h); c) 1 operário (10 a 15 m2/h); e) 1

operário (25 a 30 m2/h); f) 1 operário (8 a 15 m2/h).

Custo estimado1, 2, 3, 4

a) e d) 2,00 a 2,15 €/m2; b) 13,5 a 15,0 €/m2; c) 5,5 a 6,5 €/m2; e) 2,75 a 3,15 €/m2; f) 23,5 a 35,0

€/m2.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2). 3 Rendimento e custo variam consoante o estado de conservação da superfície de betão, uma vez

que superfícies em pior estado dificultam a correcção / remoção das anomalias. 4 Os prazos de execução e custos de aplicação de protecções superficiais devem ser consultados na

ficha de reparação respectiva (R-A2).

Recomendações e cuidados especiais

Antes da aplicação de qualquer produto na superfície, é aconselhável a sua aplicação numa área de

teste. Após lavagens com produtos químicos, deve-se sempre proceder à lavagem com água simples

para repor o pH original da superfície.

Limitações

Alguns dos produtos químicos existentes não podem ser aplicados em betão branco, pois provocam

manchas na superfície.

Referências bibliográficas

NPCA (2013); CCAA T57 (2006); Nawy (2008); Sika (2013)

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A4.I.3

Ficha de reparação R-A2

Designação Aplicação de protecção superficial (rc / rp)

Elemento Superfície do betão

Anomalias a reparar

a) A-E1 Manchas;

aI) manchas de sujidade;

aII) manchas de hidratação

diferenciada;

b) A-E2 Eflorescências;

A-E3 Colonização biológica;

c) A-E6 Graffiti;

d) A-C3 Marcas de tiges;

A-C4 Esbabaçado;

A-C5 Crostas;

A-M1 Fissuração mapeada;

e) A-M2 Fissuração direccionada.

Materiais a aplicar

aI) e b) Hidrófugo de superfície; c) Produtos anti-graffiti; aII) e d) Tinta ou verniz;

e) Revestimento com ligantes mistos.

Equipamento necessário

aI) e b) Pulverizador de baixa pressão, pincel ou rolo;

aII), c) e d) Pistola pneumática ou rolo e pincel;

e) Rolo ou pincel, colher de aço inoxidável e espátula.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos,

eflorescências e outros contaminantes que possam comprometer a aderência dos produtos à

superfície. Fissuras com dimensões superiores a 0,2 mm devem ser reparadas antes da aplicação

dos produtos.

Descrição da técnica de intervenção

As técnicas de intervenção só devem ser executadas depois da eliminação da(s) causa(s)

associada(s) à anomalia correspondente.

aI) e b) 1. Limpeza da superfície, através de escovagem e lavagem com detergente neutro; 2.

Aplicação do hidrófugo com a superfície seca, de baixo para cima, tendo o cuidado de não deixar o

produto escorrer; 3. Caso seja necessário uma segunda demão, deve-se respeitar o tempo de

secagem da primeira. 4. Período de secagem de, pelo menos, 5 horas.

c) 1. Lavagem da superfície com jacto de água; 2. Aplicação de primário e respectivo tempo de

secagem (apenas no caso de produtos permanentes); 3. Aplicação do produto anti-graffiti

(permanente ou sacrificial) sobre o suporte seco, respeitando os tempos de secagem entre demãos,

especificados na respectiva ficha técnica.

aII) e d) 1. Quando necessário, lavagem com água simples ou detergente neutro; 2. Aplicação do

primário (indicado ao tipo de tinta ou verniz a aplicar) sobre a superfície seca; 3. Aplicação do

esquema de pintura por meio de trincha e rolo ou, em alternativa, por projecção à pistola.

e) 1. Quando necessário, lavagem da superfície com água simples ou detergente neutro; 2. Aplicação

do primário (indicado ao tipo de revestimento a aplicar) sobre a superfície seca; 3. Aplicação do

revestimento: i) por meio de trincha e rolo ou, em alternativa, por projecção à pistola (quando líquido)

ou ii) através de barramento fino à espátula (restantes formulações).

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A4.I.4

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

aI) e b) Aplicação de hidrófugo de superfície - 1 pintor (4,70 a 6,50 m2/h);

c) Aplicação de produto anti-graffiti - 1 pintor (5,50 a 6,50 m2/h);

aII) e d) Aplicação de tinta plástica, acrílica ou epóxida: 1 pintor + 1 ajudante de pintor (7,00 a 8,50

m2/h);

e) Aplicação de revestimento com ligantes mistos: 1 pintor + 1 ajudante de pintor (2,10 a 3,0 m2/h).

Custo estimado1, 2

aI) e b) Fornecimento e aplicação de hidrófugo de superfície - 6,75 a 9,15 €/m2 (rendimento

considerado: 0,275 l/m2);

c) Fornecimento e aplicação de produto anti-graffiti - 20,5 a 32,7 €/m2 (rendimento considerado: 0,15

kg/m2);

aII) e d) Fornecimento e aplicação de tinta: plástica - 8,50 €/m2; acrílica - 13,25 €/m2; epóxida - 17,50

€/m2 (rendimentos considerados:0,170 l/m2; 0,275 l/m2; 0,200 kg/m2); Fornecimento e aplicação de

verniz - 11,2 €/m2 (rendimento considerado: 0,10 l/m2);

e) Fornecimento e aplicação de revestimento com ligantes mistos - 31,5 a 37,3 €/m2. (rendimento

considerado: 2,0 kg/m2/mm).

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

Evitar a aplicação dos produtos sob sol directo, ventos fortes e/ou chuva. Executar a aplicação

apenas em bases sãs e previamente preparadas.

e) O revestimento deve ser aplicado numa só direcção, de forma a assegurar um acabamento

homogéneo, executado de forma semelhante, respeitando o tempo de secagem entre camadas. Não

adicionar água extra à mistura, uma vez que pode originar alterações de coloração na superfície final.

Limitações

Proteger ambas as aplicações da chuva no mínimo entre 20 a 24 horas.

Temperatura do substrato - mínima: +8 ºC / máxima: +25 ºC. Temperatura ambiente - mínima: +8 ºC /

máxima: +25 ºC.

aI) e b) É importante assegurar que o teor de humidade do betão, aquando da aplicação do produto,

não excede 5%, pois o excesso de humidade pode comprometer a eficácia do tratamento.

Referências bibliográficas

Janz et al. (2004); Saraiva (2007); Neto et al. (2014); Cype (2015); EN 1504-2 (2006)

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A4.I.5

Ficha de reparação R-A3

Designação Remoção de irregularidades

superficiais (rc)

(Bosch, 2015)

Elemento Superfície do betão

Anomalias a reparar

a) A-C4 Esbabaçado;

A-C5 Crostas;

b) A-C6 Incrustações de

cofragem.

Materiais a aplicar

b) Primário de aderência e argamassa não retráctil.

Equipamento necessário

a) Lixadeira para betão;

b) Martelo, escopro, pistola de ar comprimido, colher de pedreiro e talocha.

Exigências do suporte

b) Para aplicação da argamassa, a superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em

desagregação, oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

a) 1. Desgaste / polimento da zona afectada, de modo a nivelar toda a superfície; 2. Caso seja

necessário, aplicação de um revestimento superficial à cor pretendida.

b) Antes de iniciar a técnica, é necessário estudar e testar a formulação da argamassa de reparação,

de modo a compatibilizá-la esteticamente com as superfícies contíguas. Neste sentido, devem ser

utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas substituindo até 40% de

cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem ser adicionados

pigmentos à argamassa de reparação.

1. Picagem ligeira para remoção da incrustação; 2. Caso a superfície se apresente danificada,

limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência da

argamassa de reparação; 3. Aplicação de primário para melhorar a aderência ou, em alternativa,

saturar o substrato com água; 4. Aplicação da argamassa de reparação, devidamente compactada,

preenchendo a zona a reparar; 5. Execução de cura húmida da superfície; 6. Execução de

acabamento superficial, semelhante ao betão original das superfícies contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

a) Desgaste / polimento da superfície - 1 operário (1,75 a 2,00 m2/h);

b) Remoção de incrustação e regularização da superfície com argamassa - 1 pedreiro + 1 servente

(1,64 a 1,96 m2/h).

Custo estimado1

a) Desgaste / polimento da superfície - 10,5 a 12,7 €/m2; b) Remoção de incrustação e regularização

da superfície com argamassa - 21,0 a 25,0 €/m2, variando com a marca e tipo de material aplicado.

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A4.I.6

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

a) Ter o cuidado de não desgastar as zonas contíguas à anomalia.

b) Evitar a aplicação da argamassa de reparação sob sol directo, ventos fortes e/ou chuva. Executar

a aplicação apenas em bases sãs e previamente preparadas. Não adicionar água, durante o

acabamento de superfície, uma vez que pode causar descoloração e fissuração.

Limitações

b) Para aplicação da argamassa de reparação, temperatura do substrato - mínima: +5 ºC / máxima:

+30 ºC; Temperatura ambiente - mínima: +5 ºC / máxima: +30 ºC.

Referências bibliográficas

CCAA T57 (2006); Weber (2015); Bosch (2015)

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A4.I.7

Ficha de reparação R-A4

Designação Regularização da superfície com

argamassas (rc)

Elemento Superfície do betão

Anomalias a reparar

A-E4 Desgaste / erosão;

A-E5 Bolhas de pele;

A-M4 Descasque;

A-C2 Ninhos de agregados /

chochos;

A-C3 Marcas de tiges.

Materiais a aplicar

Primário de aderência e argamassa não retráctil.

Equipamento necessário

Rebarbadora com disco de diamante, martelo de agulhas, pistola de ar comprimido, colher de

pedreiro e talocha.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e

outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

Em cada reparação, antes de iniciar a técnica, é necessário estudar e testar a formulação da

argamassa de reparação, de modo a compatibilizá-la esteticamente com as superfícies contíguas.

Neste sentido, devem ser utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas

substituindo até 40% de cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem

ser adicionados pigmentos à argamassa de reparação.

1. Delimitação de zonas danificadas, criando arestas vivas, de modo a que a argamassa fique com a

espessura mínima recomendada; 2. Picagem ligeira da superfície afectada, criando rugosidade; 3.

Limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência da

argamassa de reparação; 4. Aplicação de primário para melhorar a aderência ou, em alternativa,

saturar o substrato com água; 5. Aplicação da argamassa de reparação, devidamente compactada,

preenchendo a zona a reparar; 6. Execução de cura húmida da superfície; 7. Execução de

acabamento superficial, semelhante ao betão original das superfícies contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Regularização da superfície com argamassas - 1 pedreiro + 1 servente (1,64 a 1,96 m2/h).

Custo estimado1, 2

Regularização da superfície com argamassas - 21,0 a 25,0 €/m2, variando com a marca e tipo de

material aplicado.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

Evitar aplicar sob sol directo, ventos fortes e/ou chuva. Executar a aplicação apenas em bases sãs e

previamente preparadas. Não adicionar água, durante o acabamento de superfície, uma vez que

pode causar descoloração e fissuração.

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A4.I.8

Limitações

Temperatura do substrato - mínima: +5 ºC / máxima: +30 ºC. Temperatura ambiente - mínima: +5 ºC /

máxima: +30 ºC.

Referências bibliográficas

CCAA T57 (2006); Weber (2015); Cype (2015)

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A4.I.9

Ficha de reparação R-B1

Designação Preenchimento / injecção de fissuras

(rc)

Elemento Betão

Anomalias a reparar

A-M2 Fissuração direccionada:

a) Fissuras passivas

aI) dimensão da fissura < 0,3

mm;

aII) dimensão da fissura > 0,3 e

< 0,6 mm;

aIII) dimensão da fissura > 6,0

mm;

b) Fissuras activas com pequena

amplitude de movimentos.

Materiais a aplicar

a) e b) Selante de poliuretano à cor da superfície e fita de pintura;

aI) Resina epóxida ou de poliuretano; aII) Calda de cimento ou cal; ou resina epóxida ou de

poliuretano com adição de cargas; aIII) Calda de cimento ou cal;

b) Resina epóxida flexível (com resistência à tracção superior à do betão);

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro (com escopro e broca) ou martelo e escopro, pistola de ar comprimido, pistola

pneumática ou manual, injectores, equipamento de injecção.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e

outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

As técnicas de intervenção só devem ser executadas depois da eliminação da(s) causa(s)

associada(s) à anomalia correspondente.

No caso de pequenas fissuras passivas, pode-se realizar apenas uma reparação superficial, ou seja,

realizar os passos 1 a 4, mas, neste caso, no passo 4 a selagem será nivelada com a superfície

(Figura A4.I.1), uma vez que a fissura não será injectada.

Figura A4.I.1 - Abertura superficial e selagem de fenda (adaptado de ACI Committee 224, 2007)

Restantes casos (excepto fissuras activas com grande amplitude de movimentos):

a) e b) 1. Abertura superficial da fissura, com secção em “V”, em toda a sua extensão, com cerca de

15 mm de profundidade e 30 mm de largura; 2. Limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade

ou outros resíduos que dificultem a aderência do selante; 3. Delimitação da zona a selar com fita de

pintura; 4. Execução da primeira camada de selagem em toda a extensão da fissura (aconselha-se

selante de poliuretano), com auxílio de uma pistola (por extrusão). Esta selagem deve ficar rebaixada,

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A4.I.10

cerca de 7 mm, em relação à superfície; 5. Abertura de furos com diâmetro adequado aos tubos de

purga e injecção que serão inseridos nos mesmos. O espaçamento entre tubos deve estar

compreendido entre 5 e 50 cm, aumentando proporcionalmente com a pressão de injecção; 6.

Injecção da fissura (com o material indicado) no sentido ascendente (Figura A4.I.3), sendo que,

quando o material começa a sair pelo tubo imediatamente superior, se passa ao seguinte e se sela o

anterior. No caso de fendas horizontais, o processo é semelhante, embora se inicie a injecção por um

furo central e se prossiga alternadamente nos furos contíguos (Figura A4.I.4); 7. Remoção dos tubos

de injecção após 24 horas; 8. Período de cura do material injectado; 9. Aplicação da segunda camada

de selante, de forma semelhante à primeira, mas, desta vez, nivelada com a superfície, uma vez que

servirá de acabamento.

Os passos 4, 5, 6 e 9 encontram-se esquematizados na Figura A4.I.2.

Figura A4.I.2 - Esquema dos passos 4, 5, 6 e 9 da reparação

Figura A4.I.4 - Esquema de injecção de fendas

horizontais (Brito e Flores-Colen, 2005)

Figura A4.I.3 - Esquema de injecção de

fendas verticais (Brito e Flores-Colen, 2005)

Sempre que não seja possível compatibilizar esteticamente o selante com a restante superfície (cor e

relevo), originando reparações visíveis no betão à vista, é necessário recorrer a um revestimento

superficial. Todas as indicações são encontradas na ficha de reparação respectiva (R-A2).

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Alargamento da fissura - 1 operário (8,35 m/h); Limpeza da fissura - 1 operário (10,6 m/h); Selagem

da fissura + colocação de injectores (espaçamento de 35 cm) - 1 operário especializado + 1 ajudante

(3,15 m/h); Injecção da fissura - 1 operário especializado + 1 ajudante (7,45 m/h); Remoção de

injectores + selagem final - 1 operário especializado + 1 ajudante (4,40 m/h).

Custo estimado1, 2

Alargamento da fissura - 2,10 €/m; Limpeza da fissura - 2,60 €/m; Selagem da fissura + colocação de

injectores (espaçamento de 35 cm) - 20,9 €/m; Injecção da fissura (consumo considerado: 0,5 kg/m) -

16,8 €/m; Remoção de injectores + selagem final - 19,2 €/m.

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A4.I.11

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários. 2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2) ou equipamento de injecção alugado (720,5 €/Un./mês).

Recomendações e cuidados especiais

Caso se verifique consumo excessivo do material injectável, parar a injecção e determinar a causa,

sendo que pode estar associado à rotura da selagem ou comunicação da fissura com um vazio de

grandes dimensões.

Limitações

Depende do correcto diagnóstico da estabilidade e dimensão da fissura. Não adequado a fissuras

activas com grande amplitude de movimentos.

Referências bibliográficas

Emmons (1993); ACI Committee 224 (2007); Brito e Flores-Colen (2005); Saraiva (2007); Pattanaik

(2011); Cype (2015)

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A4.I.12

Ficha de reparação R-B2

Designação Substituição parcial / total do betão

afectado (rc)

Elemento Betão

Anomalias a reparar

A-E1 Manchas;

A-E4 Desgaste / erosão;

A-E5 Bolhas de pele;

A-E6 Graffiti;

A-M1 Fissuração mapeada;

A-M2 Fissuração direccionada;

A-M3 Desagregação;

A-M4 Descasque;

A-C1 Defeitos de planeza;

A-C2 Ninhos de agregados /

chochos;

A-C4 Esbabaçado;

A-C5 Crostas.

Materiais a aplicar

Betão não retráctil (de qualidade superior ao existente) e primário de aderência.

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro ou hidrodemolidora, pistola de ar comprimido e máquina de projecção de

betão.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e

outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia correspondente.

Quando a reparação ocorre nos primeiros meses de vida do elemento, a composição do novo betão

deve ser igual à original. Caso contrário, é necessário estudar e testar a formulação do betão de

reparação, de modo a compatibilizá-lo esteticamente com as superfícies contíguas. Neste sentido,

devem ser utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas substituindo entre

5% a 50% cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem ser adicionados

pigmentos ao betão de reparação.

1. Delimitação de zonas danificadas, criando arestas vivas, de modo a que o betão fique com a

espessura mínima recomendada; 2. Remoção do betão afectado, deixando a superfície irregular e a

armadura exposta; 3. Limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que

dificultem a aderência do betão de reparação; 4. Aplicação de primário para melhorar a aderência ou,

em alternativa, saturar o substrato com água; 5. Aplicação do novo betão, por projecção ou através

de betão bombeado cofrado, preenchendo a zona a reparar; 6. Execução de cura húmida da

superfície; 7. Execução de acabamento superficial, semelhante ao betão original das superfícies

contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Remoção do betão afectado + limpeza - 1 operário (0,83 m2/h); Aplicação de primário de aderência

(consumo considerado: 1,7 kg/m2 com 1 mm de espessura) - 1 operário (20,0 m2/h); Aplicação de

betão (volume considerado: 0,5 m3) - 1 operário especializado + 1 servente (2,50 m2/h).

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A4.I.13

Custo estimado1, 2

Remoção do betão afectado + limpeza - 18,5 €/m2; Fornecimento e aplicação de primário de

aderência - 5,70€/m2; Fornecimento e aplicação de betão - 22,4 €/m2.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

É aconselhável que a área a reparar seja delimitada por arestas e/ou juntas para evitar qualquer tipo

de diferenciação das superfícies contíguas, por mínima que seja.

Limitações

Esta técnica tem um elevado custo associado, uma vez que compreende a substituição de todo o

revestimento ou de parte dele.

Referências bibliográficas

Nawy (2008); Emmons (1993); Brito e Flores-Colen (2005)

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A4.I.14

Ficha de reparação R-B3

Designação

Reparação de armadura corroída /

descasque do betão de recobrimento

(rc)

Elemento Betão

Anomalias a reparar A-E1 Manchas;

A-M4 Descasque.

Materiais a aplicar

Argamassa não retráctil ou microbetão não retráctil, produto anticorrosão para armaduras e primário

de aderência.

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro ou hidrodemolidora, pistola de ar comprimido, máquina de projecção de betão

e jacto de areia seco.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e

outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia correspondente.

Em cada reparação, antes de iniciar a técnica, é necessário estudar e testar a formulação do betão

de reparação, de modo a compatibilizá-lo esteticamente com as superfícies contíguas. Neste sentido,

devem ser utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas alterando entre 5%

a 50% cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem ser adicionados

pigmentos ao betão de reparação.

1. Remoção do betão de recobrimento deteriorado, deixando a armadura corroída completamente

exposta; 2. Limpeza da armadura, removendo produtos da oxidação e outro tipo de sujidade, com

recurso a esfregão de aço (pequenas áreas) ou jacto de areia (grandes áreas); 3. Limpeza com jacto

de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência do material de

reparação; 4. Caso exista perda de secção da armadura, realização de reforço através de novos

varões; 5. Aplicação de produto anticorrosão nas armaduras ou optar pela utilização de varões de aço

inox; 6. Aplicação de primário para melhorar a aderência ou, em alternativa, saturar o substrato com

água; 5. Aplicação do material de reparação manualmente, por projecção ou através de betão

bombeado cofrado, preenchendo a zona a reparar; 6. Execução de cura húmida da superfície; 7.

Execução de acabamento superficial, semelhante ao betão original das superfícies contíguas.

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A4.I.15

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Remoção do betão afectado + limpeza - 1 operário (0,83 m2/h); Limpeza de armaduras com jacto de

areia seco - 1 operário especializado (2,78 m2/h); Execução de reforços pontuais de armadura (Ø 12)

- 1 operário especializado (16,0 kg/h); Aplicação de produto anticorrosão para armadura - 1 operário

especializado + 1 servente (3,35 m2/h); Aplicação de primário de aderência (consumo considerado:

1,7 kg/m2 com 1 mm de espessura) - 1 operário (20,0 m2/h); Aplicação de betão (volume considerado:

0,5 m3) - 1 operário especializado + 1 servente (2,50 m2/h).

Custo estimado1, 2

Remoção do betão afectado + limpeza - 18,5 €/m2; Limpeza de armaduras com jacto de areia seco -

11,1 €/m2; Fornecimento e execução de reforços pontuais de armadura - 1,47 €/kg; Fornecimento e

aplicação de produto anticorrosão para armadura - 13,25 €/m2; Fornecimento e aplicação de primário

de aderência - 5,70€/m2; Fornecimento e aplicação de betão - 22,4 €/m2.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

É aconselhável que a área a reparar seja delimitada por arestas e/ou juntas para evitar qualquer tipo

de diferenciação das superfícies contíguas, por mínima que seja. No caso de se efectuar reforços de

armadura, é necessário continuar a garantir o recobrimento adequado da mesma.

Limitações

Esta técnica tem um elevado custo associado, uma vez que compreende a substituição de todo o

revestimento ou parte dele, bem como o reforço e tratamento da armadura.

Referências bibliográficas

Nawy (2008); Emmons (1993); Brito e Flores-Colen (2005)

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A4.I.16

Ficha de reparação R-B4

Designação Aplicação de camada de betão

adicional (rc / rp)

Elemento Betão

Anomalias a reparar

A-M2 Fissuração direccionada;

A-M4 Descasque;

A-C1 Defeitos de planeza.

Materiais a aplicar

Betão e primário de aderência.

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro, martelo de agulhas ou jacto de areia abrasivo, pistola de ar comprimido e

máquina de projecção de betão.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de zonas deterioradas, partículas em desagregação,

oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia correspondente.

No caso de esta nova camada ser aplicada em toda a superfície, é suficiente garantir que os

constituintes do betão de reparação são iguais aos do betão original, de modo a garantir uma

aparência e comportamento equivalentes. Por outro lado, se esta camada for apenas parcial, ou seja,

possua superfícies contíguas, é necessário estudar e testar a formulação do betão de reparação, de

modo a compatibilizá-lo esteticamente com as superfícies contíguas. Neste sentido, devem ser

utilizados os constituintes do betão original, na mesma proporção, mas alterando entre 5% a 50%

cimento cinza por cimento branco e, caso seja necessário, também podem ser adicionados

pigmentos ao betão de reparação.

0. Detecção de zonas deterioradas da superfície e consequente remoção do betão afectado; 1.

Picagem da superfície com martelo de agulhas, criando rugosidade (em alternativa, pode ser utilizado

jacto de areia abrasivo); 2. Limpeza da superfície com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou

outros resíduos que dificultem a aderência da nova camada de betão; 3. Aplicação de primário para

melhorar a aderência ou, em alternativa, saturar o substrato com água; 4. Aplicação da nova camada

de betão por projecção ou através de betão bombeado cofrado; 5. Execução de cura húmida da

superfície; 6. Execução de acabamento superficial semelhante ao betão original das superfícies

contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Picagem + limpeza da superfície - 1 operário especializado (1,25 m2/h); Aplicação de primário de

aderência (consumo considerado: 1,7 kg/m2 com 1 mm de espessura) - 1 operário (20,0 m2/h);

Aplicação de betão (espessura média de 2,5 cm; volume considerado: 0,55 m3) - 1 operário

especializado + 1 servente (2,50 m2/h).

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A4.I.17

Custo estimado1, 2

Picagem + limpeza da superfície - 12,4 €/m2; Fornecimento e aplicação de primário de aderência -

5,70€/m2; Fornecimento e aplicação de betão - 22,5 €/m2.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

É aconselhável que a área a reparar seja delimitada por arestas e/ou juntas para evitar qualquer tipo

de diferenciação das superfícies contíguas, por mínima que seja.

Limitações

Dificuldade de execução, uma vez que a espessura de betão aplicado varia ao longo da superfície, de

modo a corrigir os alinhamentos / defeitos de planeza da mesma.

Referências bibliográficas

Nawy (2008); Emmons (1993); Brito e Flores-Colen (2005)

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A4.I.18

Ficha de reparação R-C1

Designação Reparação de fenda activa (rc)

(Adaptado de Warner, 1981)

Elemento Juntas / descontinuidades

Anomalias a reparar A-M2 Fissuração direccionada.

Materiais a aplicar

Placa de polietileno expandido, enchimento elástico de poliuretano (à cor pretendida), primário de

aderência e fita de pintura.

Equipamento necessário

Martelo eléctrico ligeiro ou martelo e escopro, rebarbadora com disco de diamante e pistola de ar

comprimido, pistola pneumática ou manual.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de zonas deterioradas, partículas em desagregação,

oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia correspondente.

1. Abertura do entalhe no betão sobre a fenda com recurso a martelo eléctrico ligeiro ou martelo e

escopro; 2. Definir as faces inclinadas do entalhe com auxílio de rebarbadora com disco de diamante;

3. Limpeza com jacto de ar de toda a poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência

do material de enchimento; 4. Delimitação da zona a reparar com fita de pintura; 5. Aplicar o primário

de aderência sobre as faces do entalhe; 6. Aplicar uma placa de polietileno expandido, sobre a fenda,

a toda a extensão e largura do entalhe; 7. Aplicar imediatamente o enchimento elástico de

poliuretano, com pistola (por extrusão), de forma suave, pressionando-o contra as faces do entalhe;

8. Período de secagem e execução de acabamento final, de modo a compatibilizar a reparação com

as superfícies contíguas.

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Reparação de fenda activa - 1 operário especializado (2,0 a 3,0 m/h).

Custo estimado1, 2

Reparação de fenda activa - 17,65 €/m.

1 O custo apresentado inclui os materiais necessários. 2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

O entalhe deve ter largura suficiente para acomodar o movimento esperado entre as faces da fenda.

Limitações

Requer a monitorização da amplitude de movimentos da fissura.

Referências bibliográficas

Warner (1981); Pattanaik (2011); Nawy (2008); Emmons (1993); Brito e Flores-Colen (2005)

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A4.I.19

Ficha de reparação R-C2

Designação Substituição do material de

preenchimento (rc / m)

Elemento Juntas / descontinuidades

Anomalias a reparar A-M2 Fissuração direccionada.

Materiais a aplicar

Material de preenchimento (à cor pretendida) e primário de aderência.

Equipamento necessário

Serra de imersão com lâmina e pistola pneumática ou manual.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de zonas deterioradas, partículas em desagregação,

oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada depois da eliminação da(s) causa(s) associada(s) à

anomalia correspondente.

1. Remoção do material de preenchimento danificado / desgastado, com auxílio de uma serra de

imersão; 2. Limpeza da junta com jacto de ar; 3. Aplicação de primário de aderência; 4. Aplicação do

novo material de preenchimento, com recurso a pistola (por extrusão).

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Substituição do material de preenchimento - 1 operário especializado (2,5 a 3,0 m/h).

Custo estimado1, 2

Substituição do material de preenchimento - 26,10 €/m.

1 O custo apresentado inclui os materiais necessários. 2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

O entalhe deve ter largura suficiente para acomodar o movimento esperado entre as faces da fenda.

Limitações

Pode ser necessário corrigir falhas detectadas, como perda de aderência, que obriga à criação de

rugosidade na junta através de ferramentas mecânicas, bem como a incompatibilidade entre

materiais ou material não adequado ao meio em causa, que obriga à escolha de um novo material

com características adequadas.

Referências bibliográficas

Sika (2013)

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A4.I.20

Ficha de reparação R-D1

Designação Correcção de pormenores

construtivos (rp)

Elemento Elementos periféricos

Anomalias a reparar A-E1 Manchas;

A-E3 Colonização biológica.

Materiais a aplicar

aI) Mastique de poliuretano multiusos (à cor do capeamento metálico) ou buchas metálicas;

aII) e b) Cimento cola flexível e de grande aderência, primário de aderência e mastique de poliuretano

multiusos (à cor do capeamento e/ou peitoril);

aI) Capeamento metálico ou aII) Capeamento em betão polímero pré-fabricado com pingadeira; b)

Peitoril em betão polímero pré-fabricado com pingadeira.

Equipamento necessário

Pistola de ar comprimido, pistola pneumática ou manual, berbequim, régua de nível, martelo, colher

de pedreiro, talocha e trincha.

Exigências do suporte

A superfície deve-se apresentar minimamente nivelada. Além disso, deve estar limpa, sã, isenta de

zonas deterioradas, partículas em desagregação, oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

Os pormenores construtivos devem ser executados da seguinte forma:

a) Platibandas ou topos de muros

aI) 1. Limpeza da superfície de apoio do capeamento, através de jacto de ar, para remover toda a

poeira / sujidade ou outros resíduos; 2. Ensaio e marcação da disposição das peças; 3. Colocação do

capeamento através de fixação mecânica (Figura A4.I.5) ou, em alternativa, mastique de poliuretano

multiusos, tendo o cuidado de aprumar, nivelar e alinhar as diferentes peças; 4. Vedação das juntas

entre peças com mastique de poliuretano multiusos.

Figura A4.I.5 - Capeamento metálico (à esquerda (Weber, 2015b)) e dimensões (à direita)

aII) 1. Limpeza da superfície de apoio do capeamento, através de jacto de ar, para remover toda a

poeira / sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência do cimento cola; 2. Ensaio e

marcação da disposição das peças; 3. Aplicação do capeamento com cimento cola, tendo o cuidado

de aprumar, nivelar e alinhar as mesmas; 4. Aplicação do primário de aderência nas juntas entre

peças; 5. Vedação das juntas com mastique de poliuretano multiusos.

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A4.I.21

O capeamento em betão deve possuir as características apresentadas na Figura A4.I.6.

Figura A4.I.6 - Capeamento em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (Cype, 2015)

b) Peitoris

1. Limpeza da superfície de apoio do peitoril, através de jacto de ar, para remover toda a poeira /

sujidade ou outros resíduos que dificultem a aderência do cimento cola; 2. Ensaio da peça e

respectiva pendente; 3. Aplicação do peitoril com cimento cola, tendo o cuidado de aprumar, nivelar e

alinhar o mesmo; 4. Aplicação do primário de aderência nas juntas entre o peitoril e a superfície de

betão; 5. Vedação das juntas com mastique de poliuretano multiusos.

Os peitoris devem possuir as características apresentadas na Figura A4.I.7.

Figura A4.I.7 - Peitoril em betão polímero pré-fabricado com pingadeira (Cype, 2015)

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

aI) Aplicação de capeamento metálico - 1 pedreiro + 1 servente (3,0 m/h); aII) Aplicação de

capeamento em betão polímero pré-fabricado - 1 pedreiro + 1 servente (4,7 m/h); b) Aplicação de

peitoril em betão polímero pré-fabricado - 1 pedreiro + 1 servente (4,7 m/h).

Custo estimado1, 2

aI) Fornecimento e aplicação de capeamento metálico (23,0 x 0,08 cm) - 55,3 €/m2; aII) Fornecimento

e aplicação de capeamento em betão polímero pré-fabricado (25,0 x 2,5 cm) - 21,2 €/m2; b)

Fornecimento e aplicação de peitoril em betão polímero pré-fabricado (34,0 x 2,5 cm) - 32,7 €/m2.

1 Os custos apresentados incluem os materiais necessários.

2 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

Deve-se garantir a pendente adequada a cada caso e assegurar a estanqueidade das juntas.

Limitações

Possíveis condicionantes estéticas ou de projecto.

Referências bibliográficas

Weber (2015b); Cype (2015)

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A4.I.22

Ficha de reparação R-D2

Designação Protecção de arestas salientes

(rp)

Uperfil (2015)

Elemento Juntas / descontinuidades

Anomalias a reparar A-E4 Desgaste / erosão.

Materiais a aplicar

Cantoneiras ou perfis (metálicos ou plásticos), mastique de poliuretano multiusos e primário de

aderência.

Equipamento necessário

Pistola de ar comprimido e pistola pneumática ou manual.

Exigências do suporte

A superfície deve estar limpa, sã, isenta de zonas deterioradas, partículas em desagregação,

oxidação, gorduras, óleos e outros contaminantes.

Descrição da técnica de intervenção

A técnica de intervenção só deve ser executada após a reparação da superfície, quando necessário.

1. Limpeza da superfície, através de jacto de ar, para remover toda a poeira / sujidade ou outros

resíduos que prejudiquem a aderência do material; 2. Aplicação do primário de aderência; 3. Colagem

de cantoneira ou perfil, aplicando o mastique de poliuretano multiusos conforme indicado

representado na Figura A4.I.8.

Figura A4.I.8 - Esquema de aplicação do cordão de mastique

Mão-de-obra e prazo de execução estimado

Aplicação de cantoneira ou perfil com mastique de poliuretano multiusos - 1 operário (7,0 a 7,5 m/h).

Custo estimado1

Aplicação de cantoneira ou perfil com mastique de poliuretano multiusos - 3,10 €/m; Fornecimento de

cantoneira em alumínio (30x30x2 mm) - 8,15€/m; Fornecimento de cantoneira em PVC (25x25x3 mm)

- 2,40 €/m.

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A4.I.23

1 Este custo pode variar caso seja necessário recorrer a meios auxiliares à reparação, tais como

andaimes (para uma área média de 250 m2 de fachada: aluguer mensal = 4,5 €/m2 + montagem e

desmontagem = 10,0 €/m2).

Recomendações e cuidados especiais

Não deve ser colocado mastique em excesso para evitar que este se espalhe na envolvente do perfil /

cantoneira, manchando assim a superfície.

Limitações

Em certos casos, a reparação pode-se tornar inestética.

Referências bibliográficas

Sika (2013); Uperfil (2015)

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A5.I.1

ANEXO 5.IA - ZONAMENTO TÉRMICO

Zonamento térmico (EC1 - Parte 1.5)

Inverno

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A5.I.2

Verão

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A5.I.3

ANEXO 5.IB - ZONAMENTO DO TERRITÓRIO EM TERMOS DA ACÇÃO DO VENTO

(EC1 - Parte 1.4)

zona A - generalidade do território, excepto zona B;

zona B - arquipélago dos Açores e da Madeira e regiões do

continente situadas numa faixa costeira com 5 km de largura ou

altitudes superiores a 600 m.

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A5.I.4

Rugosidade aerodinâmica (EC1 - Parte 1.4)

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A5.I.5

ANEXO 5.IC - CLASSES DE EXPOSIÇÃO AMBIENTAL

(LNEC E464)

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A5.I.6

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A5.II.1

ANEXO 5.II - LISTAGEM DOS EDIFÍCIOS INSPECCIONADOS

Código do

edifício Localização

Tipo de

utilização

Ano de

construção

N.º de

superfícies

Ed. 1 Centro Social Paroquial, Mira-Sintra Serviços 1982 1

Ed. 2 Jardim de Infância Popular, Cacém Serviços 2005 2

Ed. 3 Hospital Lusíadas, Lisboa Serviços 2008 2

Ed. 4 Regimento de Sapadores Bombeiros de

Lisboa, Benfica Serviços 2004 2

Ed. 5 Feira Internacional de Lisboa Serviços 1998 3

Ed. 6 Igreja Paroquial de S. Francisco de Assis, Mira-

Sintra Serviços 1982 1

Ed. 7 Restaurante Sakura Sushi, Parque das

Nações, Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 8 MEO Arena, Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 9 República da Cerveja, Parque das Nações,

Lisboa Serviços 1998 1

Ed. 10 Hotel MYRIAD, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2012 1

Ed. 11 Pavilhão do Conhecimento Ciência Viva,

Parque das Nações, Lisboa Serviços 1998 3

Ed. 12 Edifício Visconde de Alvalade, Lisboa Serviços 2002 1

Ed. 13 Edifício NOS, Campo Grande, Lisboa Serviços 2012 3

Ed. 14 ISCTE - IUL, Edifício II, Lisboa Serviços 2002 3

Ed. 15 ISCTE - IUL, Ala Autónoma, Lisboa Serviços 1995 2

Ed. 16 Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa Serviços 1990 2

Ed. 17 Fórum Luís de Camões, Amadora Serviços 2006 2

Ed. 18 Avenida Professor Aníbal Bettencourt, 5A Habitação 2004 1

Ed. 19 FCUL, Edifício C8, Lisboa Serviços 1999 4

Ed. 20 Colégio Oriente, Parque das Nações, Lisboa Serviços 2009 1

Ed. 21 Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, Parque

das Nações, Lisboa Serviços 2014 2

Ed. 22 Ginásio Kalorias Tejo, Parque das Nações,

Lisboa Serviços 2000 2

Ed. 23 Creche Saídos da Casca, Parque das Nações,

Lisboa Serviços 2010 1

Ed. 24 Subestação Eléctrica Exponorte, Sacavém Serviços 1998 2

Ed. 25 Complexo Art's Business & Hotel Centre,

Parque das Nações, Lisboa Serviços 2004 2

Ed. 26 Campus de Justiça, Edifício I, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 27 Campus de Justiça, Edifício B, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 28 Campus de Justiça, Edifício D, Lisboa Serviços 2008 1

Ed. 29 Campus de Justiça, Edifício G, Lisboa Serviços 2008 2

Ed. 30 Centro Interpretativo do Mosteiro de Santa

Clara-a-Velha, Coimbra Serviços 2009 3

Ed. 31 Paróquia de São Martinho de Cedofeita, Porto Serviços 1994 1

Ed. 32 Antigo Hotel Tivoli, Porto Serviços 1975 1

Ed. 33 Paróquia Nossa Senhora da Boavista, Porto Serviços 1979 2

Ed. 34 Hotel Casa do Conto, Porto Serviços 2012 4

Ed. 35 Casa da Música, Porto Serviços 2005 3

Ed. 36 Edifício Vodafone, Porto Serviços 2009 3

Ed. 37 Empreendimento Living Boavista, Porto Serviços 2011 3

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A5.I.2

ANEXO 5.II (Continuação) - LISTAGEM DOS EDIFÍCIOS INSPECCIONADOS

Código do

edifício Localização

Tipo de

utilização

Ano de

construção

N.º de

superfícies

Ed. 38 Instituto de Investigação e Inovação em Saúde,

Universidade do Porto Serviços 2009 3

Ed. 39 Edifício UPTEC TECH, Universidade do Porto Serviços 2012 3

Ed. 40 Escola Básica Dr. Augusto César Pires de

Lima, Bonfim, Porto Serviços 1994 3

Ed. 41 Hospital Dr. José de Almeida, Cascais Serviços 2010 5

Ed. 42 Casa das Histórias Paula Rego, Cascais Serviços 2008 3

Ed. 43 Portas da Cidade, Montijo Monumento 2003 2

Ed. 44 Edifício Comercial, Praça São João Baptista,

Almada

Comércio 2008 2

Ed. 45 Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa Serviços 1969 2

Ed. 46 Edifício Vodafone, Lisboa Serviços 2002 2

Ed. 47 Museu Nacional dos Coches, Lisboa Serviços 2015 3

Ed. 48 Paróquia de S. Francisco Xavier, Alto do

Restelo, Lisboa

Serviços 2011 2

Ed. 49 BAPS Shri Swaminarayan Mandir, Lisboa Serviços 2013 1

Ed. 50 Estado-Maior da Força Aérea, Benfica, Lisboa Serviços 1983 2

Ed. 51 Escola Superior de Tecnologia do Barreiro Serviços 2007 2

Ed. 52 Museu de Ciência do Café - Delta, Campo

Maior

Serviços 2014 2

Ed. 53 Hospital de Braga Serviços 2011 2