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PAPER-IEL 04-10-2000 Tecnologia, Educação e Legislação: (Seus Impactos sobre o Emprego) José Pastore 1 Introdução O debate sobre a relação entre tecnologia e emprego tem sido constante. Virou lugar comum dizer-se que o mundo está passando por uma epidemia de automação, mecanização, informatização e robotização, alastrando-se, por causa disso, o chamado "desemprego estrutural". Nessa visão, a tecnologia seria causa do desemprego. De fato, nos últimos 20 anos, as máquinas ficaram muito baratas e excepcionalmente inteligentes. Nessas condições, elas passaram a competir com os seus criadores – os seres humanos. Ao longo da década de 90, o preço dos robôs na Europa baixou mais de 70%, enquanto que o custo do trabalho aumentou cerca de 30%, e com demandas crescentes no que tange a jornadas, turnos, formas de trabalhar, proteções contra acidentes, doenças profissionais, etc. Os robôs são operários muito especiais. Trabalham 24 horas por dia, com curtas paradas para manutenção. Não páram aos sábados, domingos e feriados; não tiram férias; não reclamam; não fazem greve; não ficam doentes; pegam cargas de 250 quilos, entram no meio de altos fornos, trabalham em ambientes ensurdecedores e não se acidentam. Quando algo acontece na sua estrutura, basta repor a peça avariada. E, quando se tornam obsoletos, basta trocá-los por outros melhores. A demografia dos robôs é bem diferente da demografia dos seres humanos. A taxa de crescimento das populações humanas vem caindo, enquanto que, a dos robôs vem aumentando. Na década de 50, a população mundial crescia mais de 3% ao ano; hoje cresce menos de 2%. Em contrapartida, a população de robôs, cresceu 45% ao ano na década de 80 e 74% na primeira metade da década de 90 (ONU, 1995). São diferenças impressionantes. Ao término do ano 2.000, estima-se que estoque de robôs em todo o mundo deve ultrapassar a casa dos 2 milhões. É comum dizer-se que, onde entra a máquina, sai o trabalhador. Dentro dessa perspectiva, a humanidade estaria destinada a ficar sem trabalho. Isso levou muitos autores a se tornarem “best sellers” com livros que tratam da morte do emprego e o fim do trabalho (Rifkin, 1994; 1996). Um triste destino. Outros, de igual popularidade, antevêem o nascimento da sociedade do ócio (De Masi, 1999a; 1999b). 1 Professor da Faculdade de Economia e Administração e pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, ambas da Universidade de Sâo Paulo.

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PAPER-IEL 04-10-2000

Tecnologia, Educação e Legislação:

(Seus Impactos sobre o Emprego)

José Pastore1

Introdução

O debate sobre a relação entre tecnologia e emprego tem sidoconstante. Virou lugar comum dizer-se que o mundo está passando por uma epidemiade automação, mecanização, informatização e robotização, alastrando-se, por causadisso, o chamado "desemprego estrutural". Nessa visão, a tecnologia seria causa dodesemprego.

De fato, nos últimos 20 anos, as máquinas ficaram muito baratas eexcepcionalmente inteligentes. Nessas condições, elas passaram a competir com osseus criadores – os seres humanos. Ao longo da década de 90, o preço dos robôs naEuropa baixou mais de 70%, enquanto que o custo do trabalho aumentou cerca de30%, e com demandas crescentes no que tange a jornadas, turnos, formas de trabalhar,proteções contra acidentes, doenças profissionais, etc.

Os robôs são operários muito especiais. Trabalham 24 horas por dia,com curtas paradas para manutenção. Não páram aos sábados, domingos e feriados;não tiram férias; não reclamam; não fazem greve; não ficam doentes; pegam cargas de250 quilos, entram no meio de altos fornos, trabalham em ambientes ensurdecedores enão se acidentam. Quando algo acontece na sua estrutura, basta repor a peça avariada.E, quando se tornam obsoletos, basta trocá-los por outros melhores.

A demografia dos robôs é bem diferente da demografia dos sereshumanos. A taxa de crescimento das populações humanas vem caindo, enquanto que,a dos robôs vem aumentando. Na década de 50, a população mundial crescia mais de3% ao ano; hoje cresce menos de 2%. Em contrapartida, a população de robôs,cresceu 45% ao ano na década de 80 e 74% na primeira metade da década de 90(ONU, 1995). São diferenças impressionantes. Ao término do ano 2.000, estima-seque estoque de robôs em todo o mundo deve ultrapassar a casa dos 2 milhões.

É comum dizer-se que, onde entra a máquina, sai o trabalhador. Dentrodessa perspectiva, a humanidade estaria destinada a ficar sem trabalho. Isso levoumuitos autores a se tornarem “best sellers” com livros que tratam da morte doemprego e o fim do trabalho (Rifkin, 1994; 1996). Um triste destino. Outros, de igualpopularidade, antevêem o nascimento da sociedade do ócio (De Masi, 1999a; 1999b).

1 Professor da Faculdade de Economia e Administração e pesquisador da Fundação Instituto dePesquisas Econômicas, ambas da Universidade de Sâo Paulo.

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A maioria dessas obras passou por cima da complexidade da relaçãoentre tecnologia e emprego. Tomemos o caso dos robôs, citado acima. Em 1996, haviacerca de um milhão de robôs em operação em todo o mundo2. Argumentava-se que,como cada robô desemprega, em média, quatro pessoas, nos próximos anos, os robôsprovocariam a destruição de 4 milhões de empregos.

Mas, o quadro foi outro. A expansão econômica trazida pelos robôs aolongo do período de 1996-98, permitiu a criação de mais de 2 milhões de postos detrabalho em atividades até então subdesenvolvidas devido às dificuldades do empregodo trabalho humano3. Outros 2 milhões de pessoas passaram a trabalhar direta eindiretamente na construção e manutenção de robôs4. O desastre previsto foisubstituído pela criação de 4 milhões de empregos (Pastore, 1998).

Os robôs, que eram artefatos de uso exclusivo da indústria nos anos 80,hoje em dia, entra com grande rapidez no setor de serviços tais como bancos, lazer(cinema e TV), laboratórios de pesquisa, etc. Os grandes hospitais dos EstadosUnidos, por exemplo, esperam adquirir cerca de 10 mil robôs nos próximos anos paraarrumar as camas, limpar os quartos, ajudar os pacientes a irem no banheiro e outrastarefas simples. No lar, espera-se a entrada de 50 mil robôs para ajudar a lavar a louça,limpar a casa e colaborar na cozinha (Port, 1997).

Isso não significa que as tecnologias são neutras no campo do emprego.Ao contrário, elas provocam uma grande revolução nas empresas que são levadas ademitir, admitir, treinar, retreinar, reciclar e reconverter seus trabalhadores. Certasprofissões são mais atingidas do que outras. Na indústria automobilística, porexemplo, cerca de 15% dos soldadores e 17% dos pintores foram deslocados pelaentrada de robôs.

Alguns autores acham que os robôs reduzem empregos de formadefinitiva. O seu impacto é maior ou menor dependendo do que acontece com oemprego indireto, no mesmo e em outros setores. Alguns pesquisadores simularam oque acontecerá com o emprego do setor automobilístico depois da entrada de tantosrobôs concluindo que (1) a introdução de robôs ao longo do tempo resulta, de fato,em uma redução do emprego; (2) essa redução é modesta no início, e se aceleradurante o processo de difusão; (3) mas, com os ganhos de produtividade, redução depreços, aumento de qualidade, diversificação dos produtos e expansão de outrossetores, a redução do emprego será mínima, podendo até crescer (Edler e Ribakova,1994).

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Só o Japão possuia mais de 400 mil robôs (Economist, 1996). O Brasil tinha números bastantemodestos naquele ano. As estimativas giravam em torno de apenas 2 mil robôs em todo o país (Terni,1996).3

Os robôs têm proporcionado não só uma redução do custo do fator trabalho mas,principalmente, a execução de tarefas perigosas com alta qualidade. Essas máquinas trabalhamtranquilamente com materiais radiotivos, tóxicos, corrosivos e em condições de altas tempuraturas, emminas, debaixo d’água e no espaço (Lugo, 1990).4

Só nos Estados Unidos, a indústria de robôs faturou US$ 1 bilhão em 1996. A previsão é a deque o mercado de robôs deverá se expandir extraordinariamente nos próximos dez anos. (Port, 1997).

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Os Impactos da Tecnologia sobre o Emprego

O principal impacto da automação é na composição da força detrabalho. A introdução de computadores nos processos produtivos, por exemplo, tendea aumentar a proporção de trabalhadores mais qualificados. Os computadoresestimulam a multiplicação de empresas de menor porte e que trabalham comosubcontratadas de empresas maiores – cadeias produtivas. As empresassubcontratadas diversificam seus produtos, testam suas experiências no mercado,introduzem elementos de flexibilidade na produção e administração e, finalmente,ampliam sua participação no comércio nacional e internacional. Tudo isso tem umforte impacto na quantidade e qualidade dos profissionais requeridos.

Afinal, no balanço final, as tecnologias empregam ou desempregam?Na literatura especializada há respostas para todos os gostos - desde as que vêm atecnologia como a grande responsável pelo desemprego e desigualdade de renda até asque a consideram como a grande saída para se criar novos postos de trabalho emelhorar o bem estar humano.

O tema é controvertido. Dizer que as tecnologias substituem trabalho éfácil. É só mostrar, por exemplo, que uma cortadeira de cana de açúcar substituiu 200lavradores. Mas provar que as tecnologias geram desemprego na sociedade, é muitodifícil. Mais especificamente, demonstrar que a elevação do nível tecnológico de umasociedade é a causa do desemprego é praticamente impossível.

A simples coincidência de avanços tecnológicos com aumento dedesemprego em alguns países do mundo não é suficiente para se concluir que asinovações tecnológicas são destruidoras de empregos.

As tecnologias têm os mais variados impactos sobre o trabalho. Essesimpactos podem ser quantitativos (número de trabalhadores afetados) e qualitativos(natureza das profissões). Além disso, há os impactos diretos e indiretos. No campodo emprego, uma tecnologia pode ter um impacto direto destrutivo e outro indiretoconstrutivo, através dos ganhos de produtividade.

Os impactos podem ser ainda imediatos (curto prazo) ou mediatos(longo prazo). Numa mesma empresa, uma tecnologia pode destruir empregos hoje ecriar amanhã. Tudo depende dos efeitos que ela provoca na saúde econômica daempresa. Quando uma tecnologia provoca redução de preços e melhoria de qualidade,ela tende a instigar a demanda, e gerar empregos. Vejamos alguns exemplos.

Em 1960, uma ligação telefônica de três minutos entre o Brasil e osEstados Unidos custava cerca de US$ 45.00 (em valores de 2000). No ano 2000,passou a custar US$ 3.50 e até menos. As telecomunicações passaram a ser usadas deforma intensiva o que, por sua vez, movimentou novos negócios, facilitou transações,melhorou processos, criou produtos e gerou oportunidades de trabalho.

Em 1960, a viagem aérea mais baixa entre São Paulo e New Yorkcustava US$ 3,000.00 (em valores de 2000). No ano 2000, custava US$ 600.00 e atémenos. O barateamento do transporte aéreo ampliou as oportunidades de trabalho naárea do turismo e de carga. Os pacotes turísticos explodiram nos últimos 30 anos, e a

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geração de empregos nesse setor foi imensa. O turismo emprega, em média, 10% daforça de trabalho do mundo. Nos países de grande vocação turística, como a França eo Caribe, por exemplo, o emprego nesse setor ultrapassa a casa dos 20% da força detrabalho.

Os empregos gerados pelo barateamento da carga aérea também foramenormes. Graças aos avanços da aviação, as flores da Cooperativa de Holambra, emJaguariúna, São Paulo, por exemplo, são embarcadas diariamente por avião, noAeroporto de Viracopos (Campinas), e chegam aos consumidores de New York emmenos de 24 horas. O mesmo ocorre com as frutas plantadas, colhidas e embarcadaspor via aérea em Petrolina, Pernambuco.

Nos dois casos, foram gerados muitos empregos. As oportunidades detrabalho em Jaguariúna e Petrolina seriam muito menores não fora a sua participaçãono comércio internacional. Toda vez que os ganhos de produtividade alavancamnovos negócios e facilitam a conquista de novos mercados, eles expandem asoportunidades de trabalho.

Tecnologia, Instituições e Emprego

Os impactos das tecnologias sobre o nível de emprego dependemtambém do ambiente institucional em que operam. Tecnologias que enfrentam leistrabalhistas inflexíveis, mais destroem do que criam empregos. Tecnologias queentram em quadros legais flexíveis, mais geram do que destroem postos de trabalho.

A maior prova disso é dada pelos países do Primeiro Mundo. Todosusam intensamente as novas tecnologias. Mas os impactos sobre o emprego são bemdiferentes.

Nos países onde as instituições trabalhistas são flexíveis, o desempregoé baixíssimo. Esse é o caso dos Estados Unidos onde, no início do ano 2000, odesemprego atingiu apenas 4,1%). E do Japão que, no mesmo ano, apresentou umataxa de 4,0% assim como dos Tigres Asiáticos que tiveram uma desocupação de 5%,em média5.

Nos países onde as instituições do trabalho são mais rígidas, odesemprego, naquele ano, manteve-se em patamares elevados: Alemanha (11%);França (10%); Itália (13%); Espanha (15%).

Mas, na própria Europa, os países que flexibilizaram as leis trabalhistase os contratos coletivos de trabalho, tiveram uma taxa de desemprego inferior a 4% noinício do ano 2000 como foi o caso da Inglaterra e Holanda.

A natureza das instituições do trabalho, portanto, afeta a capacidade degeração de empregos. Nos Estados Unidos, para cada 1% do crescimento do PIB háum crescimento de 0,5% no emprego. Na média da Europa, para o mesmo 1%, oemprego cresce apenas 0,06%. É uma diferença enorme e que não tem nada a ver com

5 Notem que o Japão e os Tigres Asiáticos passaram por verdadeiros terremotos financeiros nos anos de1996-98.

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as tecnologias ou com a educação (que é igualmente alta entre americanos e europeus)– mas sim, com as instituições do trabalho.

Em ambientes flexíveis e competitivos, as tecnologias se expandem,transformam os mercados de trabalho e ampliam o emprego. Trata-se de um processocomplexo, mas de compreensão intuitiva. Vejamos mais alguns exemplos.

A indústria dos Estados Unidos começou nas margens dos rios da NovaInglaterra (costa leste) porque ali havia energia hídrica e facilidades de transporte. Amudança da energia hídrica para a energia do vapor - e mais tarde para a eletricidade -tornou as indústrias mais produtivas e mais móveis geograficamente.

As inovações tecnológicas que transformaram o transporte hídrico emtransporte ferroviário e, finalmente, em transporte rodoviário e aéreo provocaram umgrande deslocamento de empresas e trabalhadores. A interiorização da indústria, porsua vez, facilitou o desenvolvimento da agricultura nas mais variadas regiões do pais.O telégrafo ajudou na mesma direção, ao facilitar as comunicações e promover aexpansão das ferrovias no interior dos Estados Unidos.

Trata-se, assim, de um somatório de transformações geradas pelasnovas tecnologias, dentro de um ambiente de liberdade econômica e instituiçõesflexíveis, cujo impacto sobre o emprego é notável. Ao longo das transformaçõescitadas, as novas tecnologias destruíram e criaram empregos. Por exemplo, entre1909-19, os produtores de carruagem nos Estados Unidos caíram de 70 mil para 26mil. Em contrapartida, os trabalhadores das indústrias automobilísticas passaram de85 mil para 394 mil. Entre 1930-70, os trabalhadores ligados à telegrafia caíram de 87mil para 24 mil e a telefonia gerou 536 mil novos empregos.

Tecnologia e Migração de Empregos

As tecnologias têm um grande impacto na criação de novos processose, em conseqüência, novos tipos empregos. Essas tecnologias elevam a eficiênciaprodutiva através da redução de custos e da economia de componentes da produção,desde a energia e matéria prima, até o trabalho e organização. Numa palavra, astecnologias de processos permitem melhorar a produtividade que, por sua vez, liberauma série de forças que acabam gerando novas oportunidades de trabalho no setoronde entram ou em outros setores.

Mas, é claro, que o ambiente precisa ser favorável. Essas tecnologiaselevam o nível de emprego quando (1) reduzem os preços dos bens e serviços; (2)estimulam o aumento dos investimentos; (3) aumentam a renda das pessoas; (4)ampliam a demanda dos consumidores; (5) e introduzem máquinas e equipamentosque necessitam novos trabalhadores (Vivarelli, 1995).

A eficiência desses mecanismos, outra vez, depende da situação emque as tecnologias entram. A redução de preços só funciona quando há um aumentodo poder de compra, o que significa uma boa distribuição dos rendimentos pessoais. Oaumento de renda só se traduz em aumento de investimentos e empregos quando, noagregado, os novos projetos (em outros setores) permitem o uso de mais mão-de-obra(Vivarelli, 1997). Nas economias abertas e competitivas, essas condições geralmente

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estão presentes e, apesar de toda a destruição de empregos que as tecnologias causamno setor onde entram, o balanço final acaba sendo positivo.

As tecnologias são responsáveis também pela criação de novosprodutos, contribuindo para a expansão do emprego nesses setores. O mundo atualestá repleto de casos de tecnologias que criaram novos produtos e geraram novasdemandas e novas oportunidades de trabalho. A televisão, o videocassete, o CDplayer, o tênis, a calça jeans, o McDonald's, o telefone celular, as academias deginástica, etc. são exemplos de inovações bem recebidas pelos consumidores e quegeraram uma grande quantidade de postos de trabalho - diretos e indiretos. Quando osganhos de produtividade são bem distribuídos, as tecnologias ajudam o emprego.Caso contrário, atrapalham.

Mas, tanto as tecnologias de processos quanto as tecnologias deproduto tendem a provocar mudanças profundas nos modos de produzir e vender,dentre elas, a redução dos quadros de pessoal que trabalham de maneira direta eampliação dos que trabalham de forma indireta através de terceirização, subcontratos,teletrabalho – no mesmo e em outros setores.

Por exemplo, o emprego no setor bancário do Brasil encolheu 50% noperíodo de 1986-96. O avanço da automação teve grande responsabilidade nesseprocesso6. Juntamente com a automação, os bancos introduziram inúmeras inovaçõesde processos para melhorar a sua eficiência naquilo que é o seu “business” central, ouseja, as atividades financeiras.

Em conseqüência, as instituições bancárias passaram para fora umagrande variedade de serviços de apoio que nada tinham a ver com as atividadesfinanceiras como, por exemplo, a produção de refeições para funcionários; aimpressão de cheques; as atividades de manutenção elétrica e hidráulica; os serviçosde transporte de valores, limpeza e segurança; e até mesmo as operações decompensação bancária.

Assim, a redução dos empregos de bancários foi bem menor do que os50% indicados. A maioria dos profissionais dispensados não foi de bancários.Ademais, a sua atividade não terminou. Houve apenas um deslocamento. O que eraproduzido dentro dos bancos passou a ser produzido fora deles. Os empregosmigraram, e os trabalhadores foram atrás deles, passando a exercer suas ocupações emoutros setores e empresas, como empregados ou como autônomos. deixando deintegrar o setor financeiro.

Ao lado disso, as novas tecnologias das telecomunicações e informáticaforam responsáveis pelo forte crescimento das atividades de crédito realizadas porinstituições não-bancárias - empresas comerciais, de cartão de crédito, consórcios –assim como das atividades conexas ao setor financeiro como é o caso das tradings,seguradoras e comércio eletrônico.

6Estima-se que até o fim da década a categoria dos bancários perderá mais 30% de seu contingentedevido aos avanços da automação e modificação da estrutura e funcionamento dos bancos no Brasil(Scholz, 1996).

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Em suma, nos últimos anos a destruição de empregos decorrente daintrodução de novas tecnologias no setor bancário foi parcialmente compensada pelacriação de trabalho em outros setores sendo que, em muitos casos, assistiu-se a umaexpansão das oportunidades de trabalho7.

O mesmo fenômeno ocorreu nos setores da indústria, transporte,comércio, hospitais, escolas, etc. As tecnologias modernas permitiram melhorar osprocessos de produção, administração e comercialização, o que provocou uma extensarealocação da mão-de-obra e modificação do relacionamento subordinado entreempresa-empregado. Países que usam intensamente as novas tecnologias, por teremexpandido suas economias, apresentam baixos níveis de desocupação como é o casodos Estados Unidos, Japão e Tigres Asiáticos.

Tecnologia, Produtividade e Emprego

Quando analisados em perspectiva histórica, os dados mostram umaforte associação entre aumento de produtividade e aumento de emprego. Mesmo ondeé nítida a destruição de empregos, esta é mais grave nos setores de baixaprodutividade. Esse foi o padrão do passado e continua no presente – apesar danatureza revolucionária das novas tecnologias. Vejamos alguns exemplos recentes.

No caso do Brasil, entre 1990-95, a indústria destruiu cerca de 450 milempregos por força de modernização tecnológica e abertura da economia. Mas,mesmo aí, os impactos negativos foram menores onde a produtividade era mais alta.Os setores que registraram produtividade elevada, de 8,5% ao ano (exemplos: materialelétrico, comunicações, plásticos, bebidas, mobiliário, material de transporte, produtosalimentícios) dispensaram a metade dos empregados que foram dispensados pelossetores de que apresentaram ganhos de produtividade pequenos, da ordem de 2% aoano (exemplos: madeira, fumo, têxtil, vestuário, calçados, artefatos de tecidos, courose peles), Em outras palavras, os setores de baixa produtividade destruíram o dobro deempregos quando comparados com os setores de alta produtividade (Pastore, 1998).

Nos anos mais recentes, o fenômeno está se repetindo. Por exemplo,laboratórios de análise clínica (por exemplo, o Laboratório Fleury em São Paulo), querealizaram investimentos pesados em robótica e tecnologia da automação eaumentaram a sua produtividade, ampliaram substancialmente a sua capacidade deatendimento. Tais laboratórios passaram a fazer parte de grandes redes de postos decoleta e análise de material, o que ampliou em 30% o quadro de empregados.

Na Embraer, graças aos avanços tecnológicos, a empresa passou aarrecadar, no ano 2000, uma receita de US$ 300 mil por empregado, enquanto que em1995, arrecadava US$ 71 mil. Isso permitiu à empresa reduzir o preço das aeronavesque fabrica, aumentar a qualidade, ganhar novos mercados e ampliar o seu quadro depessoal em 100% naquele período (Camargo, 2000).

7Esse fenômeno é mundial. As novas tecnologias reduziram os postos de trabalho dos bancosamericanos e criaram inúmeras novas oportunidades em setores que lidam com crédito fora do sistemabancário (USDL, 1993).

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Tecnologia, Educação e Emprego

O principal impacto das mudanças tecnológicas é na composição daforça de trabalho. De um modo geral, as novas tecnologias demandam trabalhadoresmais qualificados. Um bom nível educacional facilita a readaptação da mão-de-obra emantém alto o nível de emprego. Uma educação precária, dificulta a readaptação eprovoca desemprego.

Educação não gera postos de trabalho de forma direta. Mas, educaçãoatrai capitais e investimentos produtivos que, por sua vez, geram muito trabalho. OBrasil está em 37o. lugar no "ranking" mundial de trabalho qualificado - o quecompromete severamente a adoção de novas tecnologias e a elevação dacompetitividade. Nossa força de trabalho possui apenas 5 anos de escola – e máescola. A dos Tigres Asiáticos, tem 10 anos de boa escola. A do Japão tem 11 e a dosEstados Unidos e Europa tem 12. Isso é essencial para o deslocamento e adaptaçãodos trabalhadores de um setor para outro ou de uma profissão para outra.

No Brasil, já nos primeiros meses da retomada do crescimentoeconômico, no ano 2000, notaram-se os primeiros sinais de falta de mão-de-obraqualificada. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, no primeiro semestredaquele ano, 66% das pequenas empresas e 53% das grandes estavam enfrentandodificuldades para contratar trabalhadores qualificados.

A carência atingia também os setores de comércio e serviços. Os novoshotéis de cinco estrelas, por exemplo, estavam recrutando pessoal qualificado atravésda “rapinagem” junto aos seus concorrentes. Esse caso ilustra de que forma atecnologia muda a qualidade da mão-de-obra demandada. Os equipamentos damoderna hotelaria são completamente diferentes do que eram há 15 ou 20 anos atrás.Eles requerem funcionários que saibam lidar com controles remotos, aparelhos de arcondicionado centralizados, fax e "power-points" para palestrantes, que tenham odomínio de línguas e que conheçam um mínimo da geografia e a história locais.

Nas cozinhas dos modernos hotéis, a demanda é por pessoas que, alémde dominar bem o seu ofício, tenham satisfação em cozinhar e ornamentar. Nosrestaurantes, a demanda é por maitres e garçons que tenham prazer em servir.

Esses ingredientes atitudinais fazem parte da qualificação dos novosprofissionais, e não são fáceis de serem encontrados. No entanto, são esses hotéis -montados com tecnologias sofisticadas - que mais precisam de funcionáriosqualificados, provando que as tecnologias não destroem empregos, mas criam novostipos de empregos.

No setor de pesquisa de petróleo, outro exemplo, onde entraramgrandes empresas estrangeiras no final da década de 90, os pesquisadores da Petrobráspassaram a ser assediados por salários e benefícios sedutores. A pirataria de mão-de-obra avançou de forma expressiva, com ofertas muito atraentes, refletindo um nítidoaumento de demanda por qualificação.

Esse fenômeno ocorre também nos níveis mais baixos de qualificação.O Centro de Solidariedade, ligado à Força Sindical (que faz o trabalho de intermediar

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informações sobre mão-de-obra em São Paulo), no meio de forte desemprego,dispunha, em meados do ano 2000, de 900 vagas, que estavam em aberto, há váriosmeses, devido à falta de candidatos qualificados: representantes comerciais,eletricistas de edifícios, mecânicos de refrigeração, técnicos em telefonia, engenheirosmecânico e outros.

A maioria das vagas possuía requisitos ligados às novas tecnologias.Quem estava preparado, era empregável e conseguia preencher a vaga. Quem nãoestava, ficava “inempregável”. Mas isso não foi por culpa da tecnologia e sim porfalta de empregabilidade – educação e formação profissional adequadas.

Os investimentos estrangeiros realizados nos últimos anos no Brasilconcentraram-se em setores intensivos em capital, com grandes aportes de tecnologiasavançadas – o que passou a requer pessoas treinadas, criativas, versáteis,conhecedoras de sua profissão e com espírito construtivo. As atitudes tornaram-se tãoimportantes quanto os requisitos cognitivos. Para os possuidores dessascaracterísticas, há dias promissores pela frente. Para os carentes, só resta sereciclarem. Nesse interim, ficarão desempregados ou subempregados. Mas, outra vez,isso não decorre das tecnologias – e sim da pobreza do capital humano.

Com o amadurecimento dos pesados investimentos que serãorealizados no Brasil no início dos anos 2000 nas áreas de agrobusiness, energia, infra-estrutura em geral, mineração, metalurgia, comunicações, construção de aeronaves,shopping centers, supermercados, informática, engenharia médica, prevê-se ummercado de trabalho apertado para a mão-de-obra qualificada8.

A raiz do problema da “inempregabilidade” está na má qualidade daeducação geral. O Brasil ocupa o 74º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano.Trata-se de uma posição desvantajosa e devida, basicamente, à má qualidade da nossamão-de-obra.

Em vista desse quadro e de mudanças tão rápidas no campo datecnologia, a reciclagem e a reconversão profissionais são inevitáveis. Ocorre que aeducação de má qualidade dificulta a tarefa de reciclar e reconverter as pessoas - o quereduz o ajuste da oferta de trabalhadores empregáveis às novas demandas de trabalho.

Por isso, tendo vencida a batalha da quantidade no ensino de primeirograu, o Brasil tem de realizar mutirão nacional de grande envergadura em favor daexpansão do ensino de segundo e terceiro graus e, sobretudo, em favor da qualidadeem todos os níveis. Nunca a vinculação entre produção de ciência, tecnologia,educação e emprego foi tão estreita como nos dias atuais. E assim deve continuar paraas próximas décadas. No mundo atual, não há a menor possibilidade das empresascompetirem fora dos avanços tecnológicos. Se a situação do emprego é difícil comtecnologia, ela será catastrófica sem ela.

8 Aliás, esse fenômeno ocorre também nos países onde a educação e a qualidade da mão-de-obra sãosuperiores às do Brasil. A Alemanha, Inglaterra e Holanda flexibilizaram suas leis de imigração nosúltimos dois anos, para atrair profissionais estrangeiros em vários setores. Nos Estados Unidos, nomesmo o período, a entrada de imigrantes legais aumentou 17%.

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A história contemporânea mostra que as tecnologias têm pouco a vercom o desemprego quando caem em ambientes concorrenciais, com boas instituiçõestrabalhistas, com oferta abundante de mão-de-obra qualificada e com crescimentoeconômico. Por isso, para se avaliar o efeito final das tecnologias e dos sistemas deprodução não basta examinar a destruição líquida de emprego que geralmente ocorrenos locais em que entram. É preciso examinar os efeitos de deslocamento de mão-de-obra e de criação de novas atividades e postos de trabalho em outros setores eempresas, assim como a qualidade da educação e das instituições do trabalho.

Tecnologia, Legislação e Emprego

Durante muito tempo, as tecnologias encontraram um tripé perverso noBrasil: (1) crescimento econômico anêmico; (2) educação de má qualidade; (3) elegislação trabalhista inflexível. A combinação desses três fatores conspirou, econtinua conspirando contra o emprego, reduzindo a nossa capacidade de criar epreencher bons postos de trabalho.

No que tange ao crescimento econômico, o Brasil passou mais de dezanos com uma taxa média de 2% ao ano. Isso é muito pouco. No ano 2000,finalmente, o País retomou a trajetória de um crescimento mais acelerado, comperspectivas de ultrapassar a taxa dos 4%.

Os dados indicavam que seriam investidos, naquele ano, mais de US$200 bilhões no setor produtivo. Um fato alentador. Mas o Brasil precisa muito maisdo que isso para atender as necessidades da população economicamente ativa. Mesmoassim, um maior volume de investimentos na produção seria uma condição necessáriapara a geração de empregos – mas não suficiente. Para tudo se transformar emcrescimento sustentado, o Brasil teria de contar com uma série de outros fatores,dentre eles, energia, matérias primas, embalagens, transporte, portos e, também,facilidade para contratar, descontratar e remunerar o fator trabalho, ou seja, umalegislação trabalhista moderna, flexível e ajustada às características da novaeconomia.

No Brasil, em decorrência de dispositivos constitucionais e legais, acontratação legal de um trabalhador impõe despesas da ordem de 102% de encargossociais, que são compulsórios e inegociáveis (Pastore, 1997). Isso tem sido umdesestímulo para a contratação formal, e um estímulo para o trabalho informal. Ainformalidade desprotege o trabalhador e o Estado pois este continua com suasresponsabilidades nos campos da educação, saúde e previdência sem nada arrecadarna rubrica da seguridade social.

Ademais, as novas formas de trabalhar, assim como inúmeras dasnovas profissões não encontram abrigo na legislação atual. A sua contratação legal édifícil, senão impossível. Esse é o caso, por exemplo, de consultores, técnicos quetrabalham por projetos, pessoal que exerce atividades intermitentes, gente que trabalhaem tempo parcial, em múltiplas empresas, etc. As nossas leis trabalhistas foram feitaspara um tempo de economia fechada (anos 40), onde a concorrência internacional erainexistente, e a única forma de trabalhar era através do emprego por prazoindeterminado. No entanto, o mundo do trabalho passou por uma vasta revolução, que

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não foi acompanhada por uma modernização das nossas instituições do trabalho –CLT, Justiça do Trabalho, organização sindical, sistemas de negociação, etc.

Tudo isso dificulta a geração de empregos formais e tem pouco a vercom tecnologia. A CLT é um caso típico de fadiga institucional. Afinal, ela trabalhoupor mais de meio século e, por isso, exauriu-se.

O Brasil precisa de flexibilidade nas leis trabalhistas e qualidade naeducação (Pastore, 1993). Já foi o tempo em que as empresas tinham de se tornarcompetitivas. Hoje, elas têm de se manter competitivas. E, para tanto, precisam disporde tecnologias eficientes e mão-de-obra preparada. Sem esses ingredientes, osproblemas de emprego se agravarão. Jamais haverá trabalho sem empresascompetitivas.

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