TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE … Helena de... · Ao meu amado filho e amigo...

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO SETOR DE ENDOSCOPIA Aluna: Aparecida Helena de Souza Orientadora: Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá Linha de Pesquisa: Cuidado de Enfermagem para os grupos humanos Niterói Março, 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

NO SETOR DE ENDOSCOPIA

Aluna: Aparecida Helena de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá

Linha de Pesquisa: Cuidado de Enfermagem para os grupos humanos

Niterói

Março, 2017

TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO à ASSISTÊNCIA DE

ENFERMAGEM NO SETOR DE ENDOSCOPIA

Niterói, março de 2017

Autora: Aparecida Helena de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para a obtenção do Grau de Mestre.

Linha de pesquisa: Cuidado de Enfermagem para os grupos humanos

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MESTRADO PROFISSIONAL ENFERMAGEM ASSISTENCIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

NO SETOR DE ENDOSCOPIA

Linha de Pesquisa: Cuidado de Enfermagem para os grupos humanos

Autora: Aparecida Helena de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá

Banca: Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá/UFF – Presidente

Profa. Dra. Renata Jabour Saraiva/Universidade Estácio de Sá

Profa. Dra. Geilsa Soraia Cavalcante Valente /UFF

Suplentes

Profa. Dra. Ana Maria Domingos/UFRJ

Profa. Dra. Simone Cruz/UFF

S 729 Souza, Aparecida Helena de.

Tecnologia operacional visando à assistência de Enfermagem no setor de endoscopia. / Aparecida Helena de Souza. – Niterói: [s.n.], 2017.

115 f.

Dissertação (Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial) - Universidade Federal Fluminense, 2017.

Orientador: Profa. Selma Petra Chaves Sá.

1. Cuidados de Enfermagem. 2. Tecnologia. 3. Endoscopia. 4. Segurança do Paciente. I. Título.

CDD 610.73

AGRADECIMENTOS

Deixo registrados os meus sinceros agradecimentos a várias

pessoas, mas, em primeiro lugar, agradeço a Deus, por me

permitir concretizar mais esta etapa da minha vida, me dando

força, equilíbrio, serenidade e saúde para superar todos os

obstáculos que apareceram nesta caminhada.

Aos meus pais, Sebastião Candido de Souza (in memoriam) e

Geralda Alves de Souza, pelo exemplo que são em minha vida, e

por tudo que me ensinaram e ainda me ensinam.

Ao meu amado filho e amigo Rodrigo de Souza Lima pelo seu

apoio que foi incondicional. Você é minha maior conquista.

Obrigada por existir.

As equipes de Enfermagem do setor de Endoscopia do HUAP,

que tão gentilmente participaram deste estudo. Agradeço a

cooperação.

À Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá (UFF), minha orientadora

nesta caminhada, demonstrando disponibilidade e sabedoria.

Às professoras da banca examinadora, porque não é por acaso

que fazem parte da minha experiência de aprendizado num

momento tão especial.

Aos professores do Curso de Mestrado, pela competência que

proporcionaram durante os dois anos de curso.

Aos meus colegas de mestrado, pelas trocas e companheirismo,

que tornaram este período suave no decorrer dessa caminhada.

Às amigas Emília Cristina de Aguiar Vargas e Luciana Krauss

Rezende, que participaram na pesquisa como observadoras; Lídia

Marina do Carmo Souza e Patrocínia Gonçalves Delatorre, que

sabem o significado deste trabalho em nossas vidas.

Por fim, aos amigos que me acompanham por todos esses anos

da minha vida, por me fortalecerem nos momentos difíceis e por

estarem ao meu lado compartilhando alegrias.

Muito obrigada!

Se existe uma forma de fazer melhor, descubra-a.

Thomas Edison

RESUMO

Souza, AH. Tecnologia operacional visando à assistência de enfermagem no setor de endoscopia [dissertação de mestrado]. Niterói: Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Enfermagem; 2017. Introdução: a atuação do enfermeiro e da equipe de enfermagem no Centro de Diagnóstico por métodos endoscópicos deve estar embasada em conhecimentos científicos atualizados e em técnicas apropriadas e sistematizadas, de modo que promova a segurança, satisfação do paciente e a organização do processo de trabalho, na prestação de cuidados indiretos e diretos ao paciente, em todas as fases do Exame de Endoscopia Digestiva Alta (EDA). Objetivos: produzir uma tecnologia operacional para o setor de Endoscopia, tendo como enfoque as ações desenvolvidas pela equipe de enfermagem da endoscopia. Descrição metodológica: pesquisa com abordagem qualitativa, do tipo estudo de caso, realizada no setor de Endoscopia de um Hospital Universitário do RJ. Foi solicitado parecer prévio à Comitê de Ética em Pesquisa, atendendo as determinações da Resolução nº 166, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: das ações de enfermagem realizadas foram identificados cuidados indiretos e diretos ao paciente durante o exame de endoscopia: preparo do ambiente; verificação de sinais vitais; monitorização do paciente; retirada de próteses; medicação pré-anestésica; transporte do paciente; recuperação pós anestésica; e alta. Os cuidados relacionados à orientação sobre o exame, sistematização da assistência de enfermagem, preparo psicológico e acompanhamento da família foram citados com frequência pela equipe de enfermagem. Foram sugeridas adequação do ambiente arquitetônico e melhoria do relacionamento interpessoal na equipe multiprofissional. Conclusão: após análise dos dados houve a necessidade de elaboração de dois produtos do tipo tecnologia operacional em forma de banner e um portfólio impresso contendo recomendações para nortear as ações de enfermagem a serem realizados nas fases pré, trans e pós-EDA. As orientações foram sistematizadas, organizadas e respaldadas pelas diretrizes e estudos que preconizam as boas práticas aplicadas aos serviços de endoscopia e pelo resultado desta pesquisa, atendendo às necessidades identificadas pela equipe de enfermagem deste setor. Contribuições: Servirá como fonte de pesquisa para o serviço de endoscopia do hospital e para outras instituições contribuindo para organização das ações de enfermagem.

Descritores: Cuidado de Enfermagem; Endoscopia; Segurança do Paciente; Tecnologia.

ABSTRACT

Souza, AH. Operational technology aimed at nursing care in the endoscopy sector [dissertação de mestrado]. Niterói: Universidade Federal Fluminense, Faculdade de Enfermagem; 2017. Introduction: The nurse and nursing team's performance in the Diagnostic Center by endoscopic methods should be based on up-to-date scientific knowledge and appropriate and systematized techniques in order to promote safety, patient satisfaction and the organization of the work process, in the assistance of indirect and direct care to the patient, in all phases of the High Digestive Endoscopy Exam (DEE). Objectives: To produce an operational technology for the endoscopy sector, focusing on the actions developed by the endoscopy nursing team. Methodological description: Research with a qualitative approach, of the case study type, performed in the endoscopy department of a University Hospital of RJ. A prior opinion was requested from the Research Ethics Committee, in compliance with Resolution No. 166 of December 12, 2012, of the National Health Council. Results: From of the nursing actions performed were identified indirect and direct care to the patient during the endoscopy examination: preparation of the environment; verification of vital signs; patient monitoring; removal of prostheses; preanesthetic medication; transport of the patient; post anesthetic recovery; and discharged. Care related to guidance on the examination, systematization of nursing care, psychological preparation and family follow-up were frequently cited by the nursing team. The adaptation of the architectural environment and improvement of the interpersonal relationship in the multiprofessional team were suggested. Conclusion: after analyzing the data, it was necessary to elaborate two products of the type operational technology in the form of a banner and a printed portfolio containing recommendations to guide the nursing actions to be performed in the pre, trans and post phases of the DEE. The guidelines were systematized, organized and supported by guidelines and studies that advocate the good practices applied to endoscopy services and the result of this research, taking into account the needs identified by the nursing team in this sector. Contributions: It will serve as a research source for the endoscopy service of the hospital and for other institutions contributing to the organization of nursing actions.

Descriptors: Nursing care; Endoscopy; Patient Safety; Technology.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AMSP Aliança Mundial para Segurança do Paciente

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

BDENF Base de Dados de Enfermagem

BPFSE Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Endoscopia

BVS Biblioteca Virtual de Saúde

C.A. Certificado de Aprovação

CDI Centros de Diagnóstico por Imagem

CDME Centros de Diagnósticos por Métodos Endoscópicos

CDMG Centros de Diagnóstico por Métodos Gráficos

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

COREN Conselho Regional de Enfermagem

EAS Estabelecimentos assistenciais de saúde

EDA Endoscopia digestiva alta

EDB Endoscopia digestiva baixa

EEAAC Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa

EPI Equipamento de proteção individual

GEPDI Gerência de Procedimentos e Diagnóstico por Imagem

IBECS Índice Bibliográfico Español de Ciencias de la Salud

HU Hospital Universitário

HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro

LILACS Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MS Ministério da Saúde

NIC Nursing Interventions Classification

NR Normas Regulamentadoras

OMS Organização Mundial de Saúde

ONA Organização Nacional de Acreditação

OSD Observação sistemática direta

PNSP Programa Nacional de Segurança do Paciente

POP Protocolo operacional padrão

RH Recursos humanos

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

RT Responsável técnico

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

SEDR Serviços de Endoscopia Digestiva e Respiratória

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFF Universidade Federal Fluminense

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

Aproximação com a temática 11

A problemática e a construção do objeto de pesquisa 13

Questões norteadoras 13

Objetivos 13

Objetivo geral 13

Objetivos específicos 13

Relevância do estudo 14

Justificativa 14

Estudo da arte 15

CAPÍTULO I 18

1 REFERENCIAL CONCEITUAL E TEÓRICO 18

1.1 O que é endoscopia? 18

1.2 Procedimentos de enfermagem na EDA 19

1.3 Indicações clínicas para o exame da EDA 20

1.4 Origens das boas práticas em saúde 21

1.5 O processo de trabalho na Enfermagem 24

1.6 A SAE no setor de endoscopia 27

CAPÍTULO II 30

2 ABORDAGEM MÉTODOLÓGICA 30

2.1 Tipo de estudo 30

2.2 Trajetória metodológica 34

2.3 Tipo de pesquisa e os passos para a sua realização 35

2.4 Espaço da pesquisa 35

2.5 Participantes da pesquisa 36

2.6 Coletas de dados 36

2.7 Aspectos éticos de pesquisa 37

CAPITULO III 39

3 ANÁLISE DA PESQUISA 39

3.1 Observações realizadas no pré, trans e pós-exames 39

3.2 Perfil da equipe de enfermagem do setor de endoscopia do HUAP 44

3.3 Categorias emergidas nas entrevistas 46

3.4 Discussão das categorias 50

3.4.1 Ações de enfermagem no pré-exame de EDA 50

3.4.2 Ações de enfermagem no trans-exame de EDA 59

3.4.3 Ações de enfermagem no pós-exame de EDA 65

3.4.4 Proposta da equipe de enfermagem para o serviço de endoscopia 69

CAPITULO 4 77

4 SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA – ELABORAÇÃO DA TECNOLOGIA OPERACIONAL 77

4.1 Passos para elaboração da tecnologia operacional 77

CONSIDERAÇÕES FINAIS 79

REFERÊNCIAS 83

APÊNDICES 88

Apêndice 1. Roteiro de observação do campo 88

Apêndice 2. Roteiro de entrevista 89

Apêndice 3. Solicitação de autorização para realização de pesquisa no setor de endoscopia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) 90

Apêndice 4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 91

Apêndice 5. Termo de compromisso 92

Apêndice 6. Declaração de autorização para realização da pesquisa no HUAP 93

Apêndice 7. 94

ANEXOS 112

Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 112

11

INTRODUÇÃO

Aproximação com a temática

Trabalhando há alguns anos no Hospital Universitário Antônio Pedro

(HUAP) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e atuando como

enfermeira na organização de unidades hospitalares e, em especial, há seis

anos na gerência de enfermagem no Serviço de Procedimentos e Diagnóstico

por Imagem (GEPDI), trago a experiência profissional de 30 anos no hospital, e

a necessidade de aprofundar conhecimento na temática sobre segurança dos

pacientes submetidos aos exames de endoscopia digestiva alta (EDA), assim

como também, emerge a preocupação para com a qualidade da assistência de

enfermagem deste setor. Inquietude esta que motivou a realização desta

pesquisa.

A opção em abordar essa temática se faz relevante devido às ações

cotidianas da enfermagem em um setor de especificidades diretamente ligado

à realização de exames como a endoscopia, que perpassa pelas orientações

para prevenir complicações consideradas evitáveis no pré-exame, no agir

precocemente sobre as respostas do paciente no trans e pós-exame de

endoscopia, na administração correta de medicamentos e no que tange ao

processamento dos endoscópios e pinças de biopsias.

Os centros de diagnósticos por imagem tiveram evolução significativa no

século XX, caracterizando-se pelo alto nível tecnológico de complexidade e

dinamismo que exigem agilidade, atenção e observação na realização de seus

processos1. Esses centros estão classificados de acordo com o tipo e

característica dos exames realizados, de modo que existem os Centros de

Diagnóstico por Imagem (CDI); Centros de Diagnóstico por Métodos Gráficos

(CDMG); e os Centros de Diagnósticos por Métodos Endoscópicos (CDME)1,2,

cuja a assistência ao paciente deve estar voltada para sua segurança3.

Nos CDME são realizados os seguintes exames: endoscopia,

broncoscopia, cistoscopia, colonoscopia, laparoscopia, artroscopia1. Assim, a

atuação do enfermeiro no CDME, deve estar embasada em conhecimento

científico atualizado e em técnica apropriada, a fim de que se alcance o

12

resultado clínico desejado e se promova a segurança e a satisfação do

paciente.

O enfermeiro enquanto líder deverá conduzir e orientar a sua equipe em

todos os seus processos de trabalho, uma vez que a unidade de endoscopia se

trata de um setor que se subdivide em outras áreas, nas quais são realizados

procedimentos endoscópicos como os acima citados, em que são priorizadas

as condições de segurança para os pacientes e equipe multiprofissional de

saúde1.

Entretanto, o setor de endoscopia cenário deste estudo, apesar de

realizar, em média, 220 procedimentos endoscópicos por mês, apresenta

fragilidades referentes às rotinas de trabalho, que precisam passar por ajustes

no intuito de favorecer ainda mais a assistência de enfermagem, minimizando

desgastes desnecessários ao usuário, equipe de enfermagem e demais

profissionais envolvidos neste tipo de cuidado.

O setor em questão é composto por duas enfermeiras, cujas equipes se

revezam pela manhã e pela tarde; além de quatorze integrantes de nível

médio, da equipe de enfermagem, subdivididos em duas equipes composta por

sete profissionais cada, cumprindo escala em regime de plantão em dias

alternados, durante cinco dias por semana em horário diurno.

Em decorrência do expressivo número de atendimentos, torna-se

imprescindível que a gerência de enfermagem apresente soluções para o

melhor desempenho do processo de trabalho da equipe de enfermagem,

configurando como objeto de estudo a atuação da equipe de enfermagem no

cuidado ao paciente durante o pré, trans e pós-procedimento de EDA.

A evolução tecnológica das últimas décadas confere às unidades de

endoscopia, a importante missão de ser mais um recurso disponível para o

diagnóstico e terapêutica de doenças, cujo planejamento de ações deve cursar

em conformidade com as bases normativas do Ministério da Saúde (MS) e da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que versam sobre todos os

requisitos técnicos dos Serviços de Endoscopia Digestiva e Respiratória

(SEDR)4,5.

Os profissionais da enfermagem que atuam em unidades que

expressam, no seu cotidiano, a evolução tecnológica em exames, como a EDA,

estão inseridos em uma realidade que exige que estejam cientificamente

13

preparados para atuarem sob o paradigma humanizado e interdisciplinar, cujo

compromisso é o de buscar qualidade no atendimento e a excelência nos

resultados, participando, assim, de forma eficaz na gestão de recursos, na

elaboração e execução de protocolos de assistência para as soluções e

gerenciamento de problemas¹.

A problemática e a construção do objeto de pesquisa

A partir das observações vividas pela autora, vê-se a necessidade da

elaboração de um produto do tipo tecnologia operacional, com vistas a

favorecer e/ou reorganizar as ações da equipe de enfermagem no setor de

endoscopia, que contemple a diminuição de fatores de risco e melhoria da

qualidade da assistência de enfermagem.

Questões norteadoras

Frente ao problema exposto, foram elaboradas as seguintes questões a serem

respondidas com o desenvolvimento desta pesquisa:

1) Como se dá assistência de enfermagem ao usuário no pré, trans e pós-

exames no setor de endoscopia?

2) Quais atividades são desenvolvidas pela equipe de enfermagem ao usuário

do setor de endoscopia?

Objetivos

Objetivo geral

▪ Produzir uma tecnologia operacional para o Setor de Endoscopia com a

finalidade de subsidiar a organização da assistência de enfermagem,

promovendo a redução dos fatores de risco na realização dos exames e

a segurança do paciente e da equipe de enfermagem.

Objetivos específicos

▪ Identificar as ações da equipe de Enfermagem ao usuário no pré, trans e

pós-exames no setor de endoscopia;

14

▪ Elaborar uma tecnologia operacional de Enfermagem ao usuário no pré,

trans e pós-exames realizados no setor de endoscopia.

Relevância do estudo

A importância em realizar este estudo advém da necessidade de

reorganizar a assistência de enfermagem no setor de endoscopia de um

hospital universitário (HU) e apresenta a relevância de que tal reorganização

perpassa pela capacitação para o trabalho e do processo técnico dos membros

dessa equipe por fazerem toda a diferença na identificação precoce dos sinais

de reações adversas, sendo esses considerados itens decisivos na prevenção

de danos aos pacientes2. Além disso, a elaboração de uma tecnologia

operacional implicará na qualidade do cuidado de enfermagem prestado aos

usuários do setor.

O MS por meio da Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, considerando

a necessidade de se desenvolver estratégias, produtos e ações que

possibilitem a prevenção de ocorrência de eventos adversos na atenção à

saúde, instituiu o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)4,6.

Esse programa é direcionado aos gestores, profissionais e usuários de saúde e

tem como objetivo geral contribuir para qualificação do cuidado em saúde em

todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, abordando vários

aspectos da segurança do paciente4.

Para que os eventos adversos6 possam ser prevenidos e/ou

minimizados, é imprescindível a estruturação e a organização do processo de

trabalho e da assistência prestada pela equipe de enfermagem que atua no

setor de realização do exame de endoscopia. Assim, o objeto deste estudo

foca a atuação da enfermagem no cuidado ao paciente durante o pré, trans e

pós-procedimento de EDA.

Justificativa

Nesse sentido, buscando temporalizar toda a gama de especificidade

observada no setor de endoscopia frente à concepção dos autores em relação

a realidade, foi necessário proceder uma revisão da literatura no intuito de

15

reforçar, a partir dos conhecimentos já descritos, a organização do trabalho da

enfermagem no setor de endoscopia.

Estudo da arte

A utilização do método de revisão da literatura para aquisição do

conhecimento origina-se da necessidade de sintetizar os resultados obtidos em

várias pesquisas de maneira sistemática, ordenada e abrangente sobre um

assunto/problema, constituindo um corpo de conhecimentos7.

Figura 1. Fluxograma representativo do processo de busca bibliográfica. Niterói, 2016

Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016).

A busca pelas publicações datadas entre 2010 e 2015 sobre a atuação

profissional da equipe de enfermagem no setor de endoscopia resultou em 12

textos selecionados, sendo 8 (66%) disponíveis em português; 3 (25%) em

inglês e 1 (8%) em espanhol.

Quanto às bases consultadas, 6 (50%) provieram da base de dados

Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); 4

(33%) da base Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

(MEDLINE); 1 (8%) da Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e 1 (8%) no

16

Indice Bibliográfico Español de Ciencias de la Salud (IBECS). No que se refere

ao ano de publicação, foram encontrados 5 (41%) artigos de 2010; 1 (8%) de

2011; 2 (16%) de 2012; 1 (8%) de 2013; 2 (16%) de 2014 e 1 (8%) de 2015.

Quatro artigos abordaram o uso do equipamento de proteção individual

(EPI); a integridade do produto biocida para esterilização de endoscópios; os

fatores estruturais, os preditivos ao risco químico e biológico e a criação de um

espaço focado no acolhimento dos usuários e acompanhantes.

Dois artigos ressaltaram os benefícios dos procedimentos endoscópicos

para tratamentos, intervenções cirúrgicas menos invasivas e diagnósticos entre

crianças, jovens, adultos e idosos.

Seis artigos promoveram discussões sobre o uso de medicamentos

sedativos em razão da possibilidade de provocarem intoxicação e

consequentes alterações hemodinâmicas; também abordaram a aplicabilidade

da sedação em exames endoscópicos administrada por enfermeiras; os

indicadores de segurança envolvendo os erros de medicação; e a

disponibilidade dos sistemas de informação.

Assim, o estudo da arte demonstrou que a elaboração de tecnologias

orientadoras poderá auxiliar na promoção de boas práticas realizadas pela

enfermagem, na prevenção de eventos adversos e na melhoria da qualidade

do cuidado de enfermagem no setor endoscopia. Isto porque servirá de base

para consultores sobre como fazer os procedimentos e para organização de

rotina que favorece o desenvolvimento de normas e padrões globais para

reconhecer a importância da segurança do paciente6.

Nesta perspectiva, observamos a necessidade de construir instrumentos

operacionais, tendo como ponto de partida as ações de enfermagem que

correspondam à reorganização do trabalho no setor de endoscopia, em que

será abordada a fundamentação teórica sobre processo de trabalho em saúde,

o processo de trabalho em enfermagem, os procedimentos para realização da

endoscopia, a segurança do paciente e do profissional na endoscopia, além

das ações específicas de enfermagem neste referido setor.

A partir do enquadramento acima, vê-se a necessidade de elaborar um

referencial metodológico, agregado de informações fundamentais, que

priorizem a verificação, a correlação ou mesmo a ausência (lacuna de

conhecimentos) de abordagens sobre os fenômenos assinalados como tema

17

deste estudo, e que anteriormente tenham sido pesquisados por outros

autores. O que mais se espera deste referencial, ainda que de forma

preliminar, é poder dar mais um passo rumo ao conhecimento sobre os exames

por endoscopia e ampliar o entendimento do leitor a respeito do objeto da

pesquisa8.

A primeira etapa recomenda o estabelecimento dos critérios de inclusão

e exclusão de artigos. Assim, neste estudo, foram considerados artigos com

textos completos ou com resumos consistentes, publicados no espaço temporal

2010-2015, disponíveis gratuitamente em português, inglês ou espanhol, que

apresentassem no título pelo menos um dos seguintes descritores: Cuidado de

Enfermagem; Endoscopia; Segurança do Paciente; Tecnologia. Foram

descartados os artigos em duplicata e que não apresentaram relevância aos

propósitos da pesquisa.

As buscas ocorreram junto à internet, utilizando os recursos da

Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), para acesso às bases de dados: BDENF;

IBECS; LILACS e MEDLINE. As buscas e seleção do material ocorreram entre

os meses de novembro de 2015 a março de 2016.

O trajeto percorrido, após o lançamento isolado ou conjunto dos

descritores supracitados, associados ao marcador booleano “AND”, propiciou a

apreensão do material disponível que, em seguida, foi submetido à leitura

exploratória dos títulos e resumos. Segundo autores8, a leitura exploratória é

assim denominada porque tem como objetivo nortear o pesquisador na seleção

do material adequado ao desenvolvimento da pesquisa. O fluxograma, disposto

na Figura 1, descreve o trajeto percorrido para a busca e o Apêndice 7

apresenta os textos selecionados após aplicação dos critérios de elegibilidade.

18

CAPÍTULO I

1 REFERENCIAL CONCEITUAL E TEÓRICO

1.1 O que é endoscopia?

A endoscopia trata-se de um procedimento dividido em dois tipos de

intervenções: EDA e endoscopia digestiva baixa (EDB). A primeira é realizada

através da boca e serve para visualizar se há alguma doença em nível de

esôfago, estômago ou na 1ª porção do duodeno, intestino delgado. Ela é

também utilizada para diagnósticos de gastrite, úlcera péptica, esofagite, hérnia

de hiato, câncer gástrico, varizes esofagianas, dentre outros. A EDA também

pode ser utilizada para fazer alguns procedimentos cirúrgicos minimamente

invasivos, como papilotomia ou gastrostomia por via endoscópica5.

Figura 2. Trajeto utilizado pela endoscopia digestiva alta

Fonte: Capturada da internet (2016)1.

A EDA é um procedimento bastante seguro, com baixo risco de

complicações para a maioria dos pacientes. A atual taxa de complicações é de

0,0002% nas endoscopias diagnósticas e 0,15% nas endoscopias em que uma

intervenção é realizada; o risco de perfuração do esôfago ou estômago é

menor que 0,03%.

1 http://www.andrebacelar.com.br/img/endoscopia-1.jpg

19

Se os aparelhos forem rigorosamente esterilizados conforme

recomendam os protocolos propostos e regras acordadas entre organismos

internacionais, MS e ANVISA, não existe a possibilidade de se contrair doenças

infectocontagiosas como hepatite ou HIV após a realização da EDA. Tais

regras constam na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 06/2013,

caracterizada como a primeira norma específica para os serviços de

endoscopia, por tratar de forma especial os processos de limpeza e

desinfecção dos equipamentos, já que a falha nestas etapas incorre em maior

risco de contaminação para os pacientes. Anteriormente os serviços de saúde

que realizavam este procedimento seguiam as regras gerais, relacionadas ao

processamento de equipamentos e acessórios4,5. Segundo essas regras, os

estabelecimentos deverão ter protocolos internos para o processamento dos

equipamentos após o uso, sendo que o intervalo de atendimento dos pacientes

deverá respeitar o tempo necessário para a limpeza e desinfecção4.

Nesse novo texto, os serviços de endoscopia estão separados em três

categorias, de acordo com o tipo de sedação e anestesia utilizadas1,9. Para as

categorias II e III, por exemplo, na sala de exame é obrigatório um desfibrilador,

tubo endotraqueal de várias numerações, sondas de aspiração, dentre outros

equipamentos. Isso porque os serviços dessas categorias são os que utilizam

algum tipo de sedação injetável. Já as endoscopias de categoria I utilizam

apenas anestesia tópica6,10.

1.2 Procedimentos de enfermagem na EDA

Na sala de exame o profissional da enfermagem posiciona o paciente

adequadamente sobre o decúbito lado esquerdo, em seguida, uma cânula

plástica (“chupeta”) será introduzida na cavidade oral do paciente - para manter

a sua boca aberta durante o procedimento, a aplicação de um anestésico

tópico (spray) será "borrifado" pelo médico endoscopista na garganta,

permitindo a passagem do aparelho sem provocar dor ou náuseas -,através do

lúmen da cânula plástica se introduz um tubo flexível, fino, a partir do esôfago,

passando pelo estomago e chegando ao duodeno.

Por meio dessa haste flexível, composta por uma câmera, o médico será

capaz de identificar qualquer anormalidade, inclusive coletar amostras de

tecido (biópsias) durante o exame, para análise laboratorial detalhada.

20

Alguns tratamentos podem ser realizados através da realização da EDA,

estes incluem a dilatação de uma área estreitada do esôfago, estômago e

duodeno, remoção de pólipos, objetos deglutidos e tratamento de vasos

sangrantes e úlceras por injeção interna ou aplicação de calor (usando corrente

elétrica diatermal, laser argônio ou heater probe)1,9. Em alguns casos, pode ser

utilizada uma medicação para relaxar, ou mesmo um anestésico poderá ser

aplicado na veia momentos antes de iniciar o procedimento, essa medicação

provoca sono e esquecimento por algum tempo6,10 Assim, uma das

recomendações da enfermagem é solicitar que o paciente venha

acompanhado, pois não se deve dirigir após o procedimento ou realizar tarefas

que necessitem de atenção, como operar máquinas ou tomar decisões

importantes, já que a sedação diminui reflexos e o raciocínio. O procedimento

dura, em média, 20 minutos e tende a cursar de forma indolor.

Após o procedimento, o paciente deverá permanecer no setor de

endoscopia em torno de 30 minutos, até a neutralização completa dos efeitos

do sedativo e/ou anestésico. A garganta pode ficar adormecida ou levemente

irritada, e, por isso, não se deve oferecer alimento ou água até que o reflexo de

deglutição esteja normalizado.

Após a completa recuperação, caso seja indicação médica, o paciente

submetido à EDA poderá retornar à sua dieta regular, a menos que seja

aconselhado do contrário. O paciente poderá apresentar gases ou uma

pequena distensão abdominal em razão do ar que foi introduzido através do

endoscópio; contudo, tais desconfortos tendem a passar rapidamente.

Como em quase todos os procedimentos, podem ocorrer complicações

que se mostram como eventos raros: menos de 1 para 1.000 procedimentos.

Dentre as complicações relatadas na literatura, encontram-se as reações aos

medicamentos anestésicos - por ventura utilizada; estimulação vagal,

perfurações (rasgos) e sangramentos, que necessitam de tratamento ou de

cirurgia. Tais complicações estão mais relacionadas aos procedimentos

terapêuticos realizados via EDA.

1.3 Indicações clínicas para o exame da EDA

Consideram-se indicações para a realização da EDA a dor abdominal

alta persistente, dor abdominal alta associada a sinais e sintomas sugestivos

21

de doença orgânica séria, como anorexia e perda de peso; disfagia e

odinofagia; sintomas de refluxo gastroesofágico que persistem ou recorrem

apesar de terapêutica apropriada; vômitos persistentes de causa

desconhecida; sangramento gastrointestinal oculto; acompanhamento de

malignidade; biópsia de intestino delgado; e avaliação de lesão aguda após

ingesta de cáusticos10,11.

As contraindicações para realização da EDA consideram o custo

benefício do procedimento, ou seja, quando os riscos à saúde e à vida do

paciente superam os benefícios do exame; a suspeita ou a evidência de

víscera perfurada; a presença de divertículo de Zenker; doença cardiopulmonar

descompensada; pacientes que apresentem coagulopatia (principalmente se

planejada biópsia ou procedimento terapêutico)5,10.

Decorrente do exposto, o enfermeiro, de modo geral, intermedia junto à

equipe de enfermagem a legislação vigente, de maneira a garantir a

continuidade da assistência, no melhor sentido de promover a segurança do

paciente e dos profissionais, além de favorecer o ensino e a pesquisa. Para tal,

necessário se faz conhecer o processo que deu início ao conceito mundial da

segurança do paciente e das boas práticas em saúde11.

1.4 Origens das boas práticas em saúde

Frente à realidade divulgada no ano 2000, pelo Institute of Medicine

Americano – “Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro”,

após pesquisa documental realizada nos prontuários de 30.121 pessoas que

haviam sido internadas, constatou-se que sérios prejuízos iatrogênicos

ocorreram em 3,7% das internações; dos quais 6,5% provocaram disfunções

permanentes e 13,6% envolveram a morte do paciente12-14.

Com base nestes resultados, estimou-se que os danos, provenientes do

cuidado, haviam contribuído com 180.000 óbitos por ano naquele país13.

Estima-se que, por ano, até 98 mil pessoas morrem em consequência de erros

médicos, representando mais do que as mortes causadas por acidentes

aéreos, câncer ou AIDS.

Por estas razões, em 2002, a Organização Mundial de Saúde (OMS),

com o apoio de todos os países afiliados, lançou a iniciativa de discutir a

problemática da segurança dos pacientes. Em 2004, por meio do programa da

22

Aliança Mundial para Segurança do Paciente (AMSP), foram criadas as

diretrizes e estratégias para incentivar e divulgar práticas que garantissem a

segurança do paciente1,2,15.

Esta aliança apresenta como objetivos: conscientizar a partir de

compromissos políticos pactuados em programas de projeção internacional;

lançar alertas sobre os aspectos sistêmicos e técnicos envolvidos na

segurança do paciente a partir de campanhas focadas, em recomendações

destinadas a garantir a segurança dos pacientes ao redor do mundo, além do

desenvolvimento de pesquisas baseadas em evidências cientificas, com

melhores práticas voltadas à segurança do paciente, bem como iniciativas de

pesquisas de maior impacto sobre os problemas de segurança1.

Nas unidades de endoscopia, a questão da segurança segue

prioritariamente as recomendações que dispõem sobre os requisitos de Boas

Práticas de Funcionamento para os Serviços de Endoscopia (BPFSE)1,4,16

como via de acesso ao organismo por orifícios exclusivamente naturais, que

englobam:

I - Acessório crítico ou produto para a saúde crítico: produto para a saúde

utilizado em procedimento invasivo com penetração de pele, mucosas,

espaços ou cavidades estéreis, tecidos subepiteliais e sistema vascular;

II - Data limite de uso do produto esterilizado: prazo estabelecido pelo

serviço de endoscopia ou pelo serviço responsável pela esterilização dos

produtos, baseado em um plano de avaliação da integridade das

embalagens, fundamentado na resistência destas, nos eventos

relacionados ao seu manuseio (estocagem em gavetas, empilhamento de

pacotes, dobras das embalagens), na segurança da selagem e na

rotatividade do estoque armazenado;

III - Evento adverso: agravo à saúde ocasionado a um paciente ou usuário

em decorrência do uso de um produto submetido ao regime de vigilância

sanitária, tendo a sua utilização sido realizada nas condições e

parâmetros prescritos pelo fabricante;

IV - Intercorrência: é a ocorrência de um evento inesperado em um

procedimento médico, que não poderia ser em geral previsto ou alertado

ao paciente;

23

V - Limpeza: remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas, com redução

da carga microbiana presente nos produtos para saúde, utilizando-se

água, detergentes, produtos e acessórios de limpeza, por meio de ação

mecânica (manual ou automatizada), atuando em superfícies internas

(lúmen) e externas, de forma a tornar o produto seguro para manuseio e

preparado para desinfecção ou esterilização;

VI - Produtos para saúde semicríticos: produtos que entram em contato

com pele não íntegras ou mucosas íntegras colonizadas;

VII - Produtos para saúde não críticos: produtos que entram em contato

com pele íntegra ou não entram em contato com o paciente;

VIII - Pré-limpeza: remoção da sujidade presente nos produtos para

saúde utilizando-se, no mínimo, água e ação mecânica;

IX - Produto para saúde de conformação complexa: produtos para saúde

que possuam lúmen inferior a cinco milímetros com fundo cego, espaços

internos inacessíveis para a fricção direta, reentrâncias ou válvulas;

X - Rastreabilidade: capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou a

localização de um item por meio de informações previamente registradas;

XI - Responsável técnico (RT): profissional de nível superior legalmente

habilitado que assume perante a vigilância sanitária a responsabilidade

técnica pelo serviço de saúde;

XII - Sedação consciente: nível de consciência obtido com o uso de

medicamentos, no qual o paciente responde ao comando verbal ou

responde ao estímulo verbal isolado ou acompanhado de estímulo tátil;

XIII - Sedação profunda: depressão da consciência induzida por

medicamentos, na qual o paciente dificilmente é despertado por

comandos verbais, mas responde a estímulos dolorosos;

XIV - Serviço de endoscopia autônomo: serviço de endoscopia com

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e alvará sanitário próprios,

funcionando física e funcionalmente de forma independente, podendo

estar inserido em outro estabelecimento de saúde;

XV - Serviço de endoscopia não autônomo: unidade funcional pertencente

a um estabelecimento de saúde; e

XVI - Serviços de endoscopia com via de acesso ao organismo por

orifícios exclusivamente naturais: serviços que realizam procedimentos

24

endoscópicos, diagnósticos e intervencionistas, com utilização de

equipamentos rígidos ou flexíveis, com via de acesso ao organismo

utilizando a cavidade oral, nasal, o conduto auditivo externo, o ânus, a

vagina e a uretra5.

Os procedimentos acima se estendem a todos os serviços de saúde

públicos e privados, civis e militares, que realizam procedimentos

endoscópicos, diagnósticos e intervencionistas, com utilização de

equipamentos rígidos ou flexíveis, como via de acesso ao organismo6,17.

Afora os procedimentos técnicos, outro ponto a ser considerado, nas

questões referentes à segurança do paciente, envolve a dinâmica operacional

do trabalho, motivo que nos leva a abordar o processo de trabalho na área da

enfermagem17,18.

1.5 O processo de trabalho na Enfermagem

O processo de trabalho na área da enfermagem costuma seguir as

atividades estabelecidas pelo gerenciamento de unidades de internação e/ou

de serviços, requisitando a compreensão da sua composição e finalidade. Os

sujeitos envolvidos no processo de trabalho em saúde e em enfermagem são

os profissionais, que adquirem competências e habilidades específicas19,20.

No processo de trabalho em enfermagem, a composição da equipe é

formada por técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e enfermeiros,

tendo estes últimos a atribuição, caracterizada como privativa pela Lei do

Exercício Profissional, o gerenciamento da equipe de enfermagem. O processo

de trabalho em saúde e em enfermagem propõe uma atenção à saúde com o

caráter de integralidade do cuidado a indivíduos e famílias21.

O processo de trabalho pode ser definido como a transformação de um

objeto determinado em um produto determinado, por meio da intervenção do

ser humano que, para fazê-lo, emprega instrumentos. Ou seja, o trabalho é

algo que o ser humano faz intencionalmente e conscientemente com o objetivo

de produzir algum produto ou serviço que tenha valor para o próprio ser

humano. Para entender melhor o que é processo de trabalho, é preciso

considerar os seus componentes: objeto, agentes, instrumentos, finalidades,

métodos e produtos21.

25

O objeto é aquilo pelo qual se trabalha, ou seja, algo que provem

diretamente da natureza, que sofreu ou não modificação decorrente de outros

processos de trabalho, e que contem em si a potencialidade do produto ou

serviço em que irá ser transformado pela ação do ser humano.

Os agentes são os seres humanos que transformam a natureza, ou seja,

são aqueles que, tomando o objeto de trabalho e nele fazendo intervenções,

são capazes de alterá-lo, produzindo um artefato ou um serviço. Os

instrumentos são utilizados para alterar a natureza. O ser humano emprega

instrumentos, por vezes esses instrumentos são os prolongamentos de suas

próprias mãos, como uma enfermeira que emprega uma agulha e seringa para

aplicar uma injeção intramuscular19.

Entretanto, nem sempre os instrumentos são tangíveis, isto é, nem

sempre se pode experimentá-los pelos órgãos dos sentidos. Por exemplo, uma

enfermeira que aplica uma injeção também utiliza, como instrumentos, seus

conhecimentos sobre Anatomia, Fisiologia, Farmacologia, Microbiologia, Ética,

Comunicação, Psicologia, Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem, entre

outros.

Instrumentos não são, portanto, apenas os artefatos físicos de que se

utiliza, mas também os conhecimentos, habilidades e atitudes combinadas de

maneira peculiar, voltados a uma necessidade específica que aquele sujeito e

situação singular apresentam que determina como será feito esse trabalho21.

O produto do trabalho de um ser humano pode ser o instrumento de

trabalho de outro ser humano ou dele próprio em momentos diferentes. Por

exemplo, a seringa foi o produto do trabalho de vários profissionais e, depois

de confeccionada, esterilizada e acondicionada, é instrumento de trabalho do

enfermeiro.

A finalidade do trabalho é a razão pela qual ele é feito. Ela vai ao

encontro da necessidade que o fez acontecer e que dá significado à sua

existência. Se algo é feito sem a consciência da necessidade humana que o

gerou, não é trabalho. O trabalho em saúde, por ser muito complexo e atender

a necessidades vitais literalmente, é compartilhado por vários agentes. Em

alguns momentos, os instrumentos de trabalho são os mesmos para diferentes

profissionais, a finalidade é a mesma e o objeto a ser transformado pode até

ser o mesmo, mas diferentes sempre são os métodos20,21.

26

Os métodos de trabalho são ações organizadas de maneira a atender à

finalidade, executadas pelos agentes sobre os objetos de trabalho,

empregando instrumentos selecionados, de forma a produzir o bem ou serviço

que se deseja obter. O enfermeiro emprega vários métodos para, por exemplo,

assistir um cliente. A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), na

qual o enfermeiro lê as necessidades que o cliente apresenta, emite um

julgamento sobre o que é necessário providenciar, planeja o que vai ser feito,

executa ou delega essas ações e avalia seus resultados, é um dos métodos de

trabalho que são empregados para assistir19.

Os produtos de um trabalho podem ser bens tangíveis, ou seja,

artefatos, elementos materiais que se pode apreciar com os órgãos dos

sentidos, ou serviços, que não têm a concretude de um bem, mas são

percebidos pelo efeito que causam. A Figura 3 sintetiza esse processo.

Figura 3. Ações orgânicas assistenciais

Fonte: Capturada da internet (2016)2

O processo do trabalho em saúde, ao mesmo tempo em que apresenta

uma identidade de processo com fins estabelecidos, é também composto por

processos orgânicos de trabalho, executado por seus diversos agentes como:

em que o processo de cuidar/assistir, se ancora ao processo de

investigar/pesquisar; para fundamentar cientificamente o processo de trabalho

ensinar/educar; o processo de trabalho gerenciar implica-se ao processo de

avaliar, testar, sistematizar e participar democraticamente seus achados19,21.

2 http://images.slideplayer.com.br/3/802088/slides/slide_31.jpg

27

1.6 A SAE no setor de endoscopia

Figura 4. Organograma da Sistematização da Assistência de Enfermagem

Fonte: Adaptado de COFEN (2009).

A SAE contribui para uma prática assistencial organizada e segura, que

pode ser entendida como uma das grandes buscas da enfermagem pelo saber

científico da profissão e da melhoria da qualidade do cuidado prestado22.

Toda a equipe de Enfermagem deve trabalhar com medidas que possam

aliviar a ansiedade e o estresse do paciente, geralmente presente, antes e

durante a realização do exame. Dentre essas atribuições, ressaltam-se o

preparo e a administração de medicações, a limpeza do endoscópio e o

acompanhamento do exame para posicionar a chupeta.

A atuação de toda a equipe de enfermagem neste setor inclui cuidados

executados nos atendimentos, exigindo do enfermeiro conhecimento das

tecnologias especializadas, habilidade, competência e tomada de decisão nas

situações problema, para orientar de forma adequada a equipe sob sua

responsabilidade1,2,11.

A competência dos enfermeiros em serviços por imagem foi estabelecida

pela Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 211/98, em

que se destaca, dentre outas funções do enfermeiro, planejar, organizar,

supervisionar, executar e avaliar todas as atividades de enfermagem em

pacientes submetidos aos exames endoscópicos23,24.

A visão holística do enfermeiro costuma se materializar nas ações de

cuidado que a equipe de enfermagem disponibiliza aos pacientes/clientes nos

variados cenários assistenciais; nesse cenário, instrumentos como a SAE e o

28

Processo de Enfermagem conferem maior autonomia ao enfermeiro, o que

tende a estreitar ainda mais a relação entre profissionais, clientes e familiares,

nas diversas abordagens que a enfermagem executa no setor de

endoscopia22,25.

A monitorização dos sinais vitais deve ser cuidadosa, atentando para

sinais iniciais de arritmias cardíacas; a avaliação de sinais de perfurações e

hemorragias durante a realização do exame também é fundamental para o bom

andamento do mesmo e para o bem-estar do paciente ao seu término11,26.

Após a realização do exame, o enfermeiro deve instruir sua equipe para

que não seja administrado quaisquer tipos de líquidos ao paciente até que se

restabeleça o reflexo de deglutição; é importante também orientar os familiares

ou acompanhantes do paciente quanto a este cuidado. Quanto ao desconforto

existente na região orofaríngea após o exame, a equipe pode utilizar pastilhas

que ajudam a aliviar, porém as condições físicas do paciente bem como o

estado mental do mesmo devem ser avaliados para evitar a possível

broncoaspiração1.

A equipe de Enfermagem deve avaliar, também, a presença de

sangramento ativo de grande quantidade, que se estiver presente a ingestão

oral é cancelada e só permitida novamente após a cessação do sangramento.

Se acaso o sangramento se intensificar, o paciente é preparado para outros

procedimentos diagnósticos e terapêuticos a fim de solucionar o problema.

Outro fator que envolve a equipe de enfermagem é a manutenção do

aparelho utilizado no exame e sua limpeza, o cumprimento das regras de

assepsia deve ser realizado pela equipe de enfermagem. Os endoscópios

digestivos flexíveis são aparelhos caros e frágeis que necessitam de

manutenção rigorosa e desinfecção específica1,5.

Estes aparelhos não podem ser esterilizados pelos métodos clássicos.

Atualmente, todos os aparelhos são imersíveis em água e permitem um

tratamento adequado de desinfecção. Por sua complexidade, o processo de

limpeza e de desinfecção de endoscópios não é somente uma preocupação da

enfermagem, ela se tornou multidisciplinar, pois exige discussão sobre riscos

físicos, biológicos e químicos, tanto para o paciente quanto para a equipe de

saúde4.

29

De acordo com a classificação de Spaulding, os endoscópios são

classificados em materiais semicríticos, pois entram em contato com mucosa

não estéril ou não intacta. O processo indicado é a esterilização, se possível,

caso contrário, a desinfecção de alto nível é necessária4.

Figura 5. Manejo de endoscópios

Fonte: Capturada da Internet em (2016)3.

Os endoscópios são equipamentos termossensíveis, não permitindo a

esterilização em autoclave. Assim, recomenda-se a esterilização em óxido de

etileno, mas seu processo é inviável, considerando o tempo de ausência do

aparelho no serviço de endoscopia devido ao processo ser concluído em 72

horas, conforme a RDC nº 024,5.

A limpeza consiste na remoção de sujidades visíveis e detritos dos

artigos, realizada com água adicionada de sabão ou detergente, de forma

manual ou automatizada, por ação mecânica, com consequente redução de

carga microbiana. Nesse sentido, os processos de desinfecção ou esterilização

devem ser executados.

A desinfecção é um processo físico ou químico que elimina a maioria

dos microrganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies e deve

ser realizado antes e após cada exame. A prática de desinfecção antes do

primeiro exame ainda é indicada, mas já vem sendo questionada em diferentes

países5.

3 http://drwerton.site.med.br/fmfiles/index.asp/::XPRLUQB::/endo_fig1.jpg

30

CAPÍTULO II

2 ABORDAGEM MÉTODOLÓGICA

Figura 6. Fluxograma representativo do processo de condução da pesquisa

Fonte: Criado pela pesquisadora em (2016).

2.1 Tipo de estudo

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, do tipo estudo de caso,

utilizando como técnicas de coleta de dados a entrevista semiestruturada e a

observação sistemática direta (OSD)27.

A abordagem qualitativa se preocupa nas Ciências Sociais, com um

nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o

Etapas da pesquisa

Elaboração do projeto

de pesquisa

Submissão à Plataforma Brasil

e Comitê de Ética do HUAP

Aprovação pelo CEP- CAAE Nº: 56256016.0.0000.5243 e

parecer de Nº 1.608.758.

Início da coleta de dados

1ª Etapa: Observação sistemática direta no setor de endoscopia do HUAP,

utilizando um roteiro estruturado

nas fases: Pré, Trans e Pós Exames de endoscopia.

2ª Etapa: Análise das observações realizadas na endoscopia por

duas observadoras em cada fase do exame

3ª Etapa: Entrevista semiestruturada realizada pela

pesquisadora

4ª Etapa: transcrição dos dados, categorização a partir da

análise temática de conteúdo

5ª Etapa- Elaboração da tecnologia operacional

(em forma de banner e um portfólio)

Revisão da

literatura

31

universo de significados, materiais, aspirações, crenças, valores e atitudes, o

que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e

dos fenômenos que não podem ser induzidos à operacionalização de

variáveis27.

A pesquisa se caracteriza como um esforço cuidadoso para a

descoberta de novas informações ou relações e para a verificação e ampliação

do conhecimento existente. A pesquisa do tipo estudo de caso se caracteriza

pela análise aprofundada do objeto. Ela visa ao exame detalhado de um

ambiente, de um sujeito ou de uma situação em particular; seu propósito

fundamental é analisar uma unidade social28,29. Torna-se a estratégia de

escolha quando os pesquisadores procuram responder “como” e “por que”

certos fenômenos ocorrem; quando há pouca possibilidade de controle sobre

os eventos estudados; e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais,

que só poderão ser analisados dentro de algum contexto vida real guiado por

uma temática de interesse29.

Para aplicação desse método, o pesquisador deve tomar uma série de

decisões: o enfoque do trabalho, que deverá ser centrado numa única

organização que se pretende desenvolver; deve-se decidir como observar; e

escolher as fontes de informação adequadas, que é fundamental para

obtenção dos dados requeridos.

Tomadas as decisões, pode-se partir para o trabalho em campo, que

envolve a obtenção e a organização de informações consideradas relevantes

para o estudo em questão. Neste estudo, os dados foram coletados por meio

de entrevista semiestruturada e observação sistemática direta29.

A observação tem um papel essencial no estudo de caso, pois quando

observamos, estamos procurando apreender aparências ou comportamentos, e

é frequentemente combinada com a entrevista.

Os estudos qualitativos do tipo estudo de caso, em particular, que

organizam e analisam todo o material obtido por meio da observação e

entrevista, exigem o domínio de uma metodologia bastante complexa da qual a

análise de conteúdo faz parte28,29.

A entrevista semiestruturada é definida como o “processo de interação

social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem como

objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”27,28.

32

A entrevista como técnica de coleta é a mais utilizada no processo de

trabalho de campo, pois busca obter informações de forma objetiva e subjetiva.

Os dados objetivos podem ser obtidos também por fontes secundárias, tais

como censos, estatísticas etc.; os subjetivos só poderão ser obtidos mediante

entrevista, pois eles se relacionam com os valores, as atitudes e as opiniões

dos participantes da pesquisa27.

Nesse sentido, a entrevista semiestruturada será o instrumento utilizado,

por combinar perguntas abertas e fechadas, onde o participante tem a

possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. O pesquisador deve seguir

um conjunto de questões previamente definidas, mas ele o faz em um contexto

muito semelhante ao de uma conversa informal.

Neste estudo, a pergunta básica foi: “Quais as suas ações enquanto

participante da equipe de enfermagem no Setor de Endoscopia na

assistência ao usuário no pré, trans e pós-exame, que você considera

importante para redução dos fatores de riscos e melhoria da qualidade da

assistência?”.

A partir daí o entrevistador deve ficar atento para dirigir, no momento

que achar oportuno, a discussão para o assunto que o interessa fazendo

perguntas adicionais para elucidar questões que não ficaram claras ou ajudar a

recompor o contexto da entrevista, caso o informante tenha se dispersado do

tema ou que apresente dificuldades para com ele. Esse tipo de entrevista é

muito utilizado quando se deseja delimitar o volume das informações, obtendo,

assim, um direcionamento maior para o tema, intervindo a fim de que os

objetivos sejam alcançados.

A principal vantagem da entrevista semiestruturada é que essa técnica

quase sempre produz uma melhor amostra da população de interesse. Ao

contrário dos questionários enviados por correio que têm índice de devolução

muito baixo, a entrevista tem um índice de respostas bem mais abrangente,

uma vez que é mais comum as pessoas aceitarem falar sobre determinados

assuntos30,31.

Outra vantagem diz respeito a dificuldade que muitas pessoas têm de

responder por escrito. Neste tipo de entrevista isso não gera nenhum problema,

podem-se entrevistar pessoas que não saibam ler ou escrever. Além do mais,

esse tipo de entrevista possibilita a correção de enganos dos informantes,

33

enganos que muitas vezes não poderão ser corrigidos no caso da utilização do

questionário escrito.

A entrevista semiestruturada também tem como vantagem a sua

elasticidade quanto à duração, permitindo uma cobertura mais profunda sobre

determinados assuntos. Além disso, a interação entre o entrevistador e o

entrevistado favorece respostas espontâneas. Elas também possibilitam uma

abertura e proximidade maior entre entrevistador e entrevistado, o que permite

ao entrevistador tocar em assuntos mais complexos e delicados, isto é, quanto

menos estruturada a entrevista maior será o favorecimento de uma troca mais

afetiva entre as duas partes32.

Desse modo, este tipo de entrevista colabora muito na investigação dos

aspectos afetivos e valorativos dos informantes que determinam significados

pessoais de suas atitudes e comportamentos. As respostas espontâneas dos

entrevistados e a maior liberdade que estes têm podem fazer surgir questões

inesperadas ao entrevistador, que poderão ser de grande utilidade em sua

pesquisa.

Na entrevista semiestruturada temos a possibilidade da utilização de

recursos visuais, como cartões, fotografias, o que pode deixar o entrevistado

mais à vontade e fazê-lo lembrar de fatos, o que não seria possível num

questionário, por exemplo27.

Vale lembrar que a qualidade das entrevistas depende muito do

planejamento feito pelo entrevistador. A arte do entrevistador consiste em criar

uma situação onde as respostas do informante sejam fidedignas e válidas27.

A situação em que é realizada a entrevista contribui muito para o seu

sucesso, o entrevistador deve transmitir, acima de tudo, confiança ao

informante. As entrevistas desta pesquisa foram realizadas em lugar reservado,

para que o mesmo se sinta à vontade, sem interrupção, e acolhido para que

possa responder as perguntas de forma mais favorável possível para atingir os

objetivos da pesquisa7.

Em concomitância às entrevistas foi utilizada a OSD. Essa técnica visa

captar informações e utilizar os sentidos na obtenção de determinados

aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em

examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar30,31.

34

Observar é um processo e possui partes para seu desenrolar: o objeto

observado, o sujeito, as condições, os meios e o sistema de conhecimentos, a

partir dos quais se formula o objetivo da observação. Diz-se que uma

observação é fidedigna quando o observador é preciso e seus registros são

confiáveis. Não basta apenas colocar-se próximo ao objeto de estudo e olhá-lo.

Deve-se olhar e registrar33.

A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a

respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas

que orientam seu comportamento. Desempenha papel importante nos

processos observacionais, no contexto da descoberta, e obriga o investigador a

um contato mais direto com a realidade. É o ponto de partida da investigação

social.

A observação sistemática utiliza instrumento para a coleta dos dados ou

fenômenos observados; realiza-se em condições controladas para responder a

propósitos preestabelecidos. Todavia, as normas não devem ser padronizadas

nem rígidas demais, pois tanto os objetos e objetivos da investigação podem

ser muito diferentes. Deve ser planejada com cuidado e sistematizada.

Na observação sistematizada, o observador sabe o que procura e o que

carece de importância em determinada situação, deve ser objetivo, reconhecer

possível erros e eliminar sua influencia sobre o que vê ou recolhe. Vários

instrumentos podem ser utilizados na observação sistemática: quadros,

anotações, escalas, dispositivos mecânicos, etc.

Especificamente nesta pesquisa foi utilizado um diário de campo como

caderno de anotações, no qual foram anotadas as ações que cada profissional

da equipe de enfermagem realiza antes, durante e após o exame de

endoscopia. Vale ressaltar que a observação sistemática ocorreu antes da

realização da entrevista semiestruturada e foi realizada por um profissional

treinado pela pesquisadora, já que esta se encontra em cargo de gerente do

setor, o que poderia interferir nos resultados no momento da observação7,27.

2.2 Trajetória metodológica

A construção da Tecnologia Operacional prevista para esta dissertação

ocorreu em cinco etapas que estão descritas no fluxograma da pesquisa. Todo

o conteúdo teórico, além da prática de enfermagem do serviço estudada dentro

35

do contexto em que se situa, ou seja, o trabalho da equipe de enfermagem

compreendido a partir de sua inserção no processo de trabalho coletivo

desenvolvido no setor de Endoscopia, foi significativo para a elaboração da

pesquisa.

2.3 Tipo de pesquisa e os passos para a sua realização

A modalidade da pesquisa realizada neste trabalho foi o estudo de caso,

pesquisa que requer uma investigação sobre uma situação em que se busca

um aprofundamento dos dados, sem a preocupação com a frequência de sua

ocorrência. Esta metodologia deve ser adotada quando se quer estudar algo

singular, que tenha valor em si mesmo29.

Afinal, tanto a pesquisa quanto a assistência sustentam identidade

própria, ou seja, cada uma tem suas fronteiras delimitadas no que se refere à

tipificação de conhecimento a que se vincula em seus aspectos éticos, no rigor

científico e na finalidade de suas respectivas atividades, tal como lhe é

pertinente28.

2.4 Espaço da pesquisa

O estudo foi desenvolvido no HUAP, unidade de referência

intermunicipal do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a pacientes

encaminhados pela Central Metropolitana II do estado do Rio de Janeiro, que

engloba os municípios de Niterói, São Gonçalo, Maricá, Silva Jardim, Tanguá,

Itaboraí e Rio Bonito.

O cenário foi o setor de endoscopia, localizado no 3º andar do prédio da

emergência, que atende, em uma única área física, os exames de endoscopia,

colonoscopia e broncoscopia; o ambiente é composto por recepção, uma sala

de espera, uma sala da broncoscopia, duas salas da endoscopia, duas salas

de limpeza dos aparelhos, uma sala de preparo de material, uma sala de

repouso para os pacientes submetidos à broncoscopia e um expurgo, além dos

espaços destinados aos funcionários, como sanitário, vestiário e copa.

Neste estudo foi abordado o exame de EDA utilizado para auxiliar nos

diagnósticos e consequentemente na escolha dos processos terapêuticos com

base nos resultados de exames, através de técnicas de imagens.

36

2.5 Participantes da pesquisa

Os participantes desta pesquisa foram os profissionais da equipe de

enfermagem lotados no setor de endoscopia: dois enfermeiros, oito técnicos de

enfermagem e seis auxiliares de enfermagem, totalizando 16 profissionais.

Os profissionais atuam em escala de rodízio, prestando assistência

direta e indireta ao paciente; foram excluídos os profissionais que se

encontraram em licença médica e em férias no momento da coleta de dados.

Os participantes serão identificados da seguinte forma: enfermeiros pela

abreviação “Enf”; os técnicos de enfermagem por “TE” e os auxiliares de

enfermagem por “AUX”.

2.6 Coletas de dados

A coleta de dados ocorreu segundo as etapas descritas na sequência.

1ª etapa: observação sistemática

A reflexão sobre o processo de trabalho na Enfermagem nos leva a uma

série de questionamentos de como agimos. Às vezes fazemos de uma forma

que todos sempre fizeram, sem parar para refletir antes. Parece que não há

uma sistematização, e provavelmente, quando algum evento adverso ocorre,

pensamos que foi por acaso, quando precisamos fazer uma reflexão

consciente sobre o nosso agir em enfermagem34.

A observação sistemática foi realizada por um profissional treinado pela

entrevistadora, através de anotações em um caderno de informações durante o

horário de trabalho dos entrevistados, que exercem suas atividades numa

escala de rodízio (12/36), perfazendo um total de 30 horas semanais. O roteiro

elaborado para as observações durante as ações da equipe de enfermagem

antes, durante e após o exame de EDA, está disposto no Apêndice 1.

2ª etapa: entrevistas

A coleta foi realizada com a equipe de enfermagem do referido setor,

que se disponha a participar da elaboração desta pesquisa, assinando o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 4).

37

As entrevistas foram realizadas em junho e julho de 2016, de acordo

com a disponibilidade dos participantes; tiveram duração média de 60 minutos;

ocorreram individualmente e em ambiente adequado. Os participantes tiveram

a liberdade de interromper a entrevista a qualquer momento.

Foram respeitados os aspectos ético-legais em consonância com a

Resolução 466/2012 que dispõe sobre as pesquisas envolvendo seres

humanos. As entrevistas foram gravadas com a permissão dos entrevistados e

se desenvolveram a partir da seguinte pergunta: Quais as suas ações

enquanto participante da equipe de enfermagem no setor de endoscopia

na assistência ao usuário no pré, trans e pós-exame que você considera

importante para redução dos fatores de riscos e melhoria da qualidade da

assistência? (Apêndice 2).

2.7 Aspectos éticos de pesquisa

Inicialmente solicitou-se a autorização à Diretoria Geral, à Diretoria de

Enfermagem e à Chefia do Serviço para a realização da pesquisa, a partir de

dois documentos distintos (Apêndices 3 e 6).

Em seguida, de posse dessas autorizações, foi submetido ao Comitê de

Ética em Pesquisa (CEP) do HUAP o projeto da pesquisa para avaliação, o

qual recebeu a aprovação sob o CAAE nº 56256016.0.0000.5243 e Parecer nº

número 1.608.758 (Anexo 1).

Ressalta-se que a pesquisa de campo atendeu estritamente as

determinações da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho

Nacional de Saúde que estabelece as normas regulamentadoras de pesquisa

envolvendo seres humanos. Todos os participantes assinaram o TCLE, e cada

um recebeu uma cópia deste documento (Apêndice 4).

Foi esclarecido aos participantes que a pesquisa em tela poderia

apresentar risco moderado devido a sua realização perpassar por uma

entrevista semiestruturada seguida de observação sistemática e, assim,

incorrer no risco de causar algum tipo de constrangimento.

Nesse sentido, caso o profissional de enfermagem pesquisado,

apresentasse instabilidade emocional ao ser questionado quanto ao seu

processo de trabalho no setor de endoscopia, a pesquisadora se encarregaria

dos devidos encaminhamentos, como acompanhamento psicológico, se

38

possível, assim como o seu desligamento da pesquisa, se essa fosse sua

vontade. Por esse motivo, a pesquisadora se incumbiu de assinar um termo de

compromisso, reafirmando a total isenção dos participantes, a proteção dos

seus dados e o direito à desistência da pesquisa, em qualquer momento de seu

desenvolvimento (Apêndice 5).

Após a coleta de dados, procedeu-se a preparação de todo o material

bruto advindo das entrevistas e das observações. Em seguida, procedeu-se a

redução dos dados, momento em que os mesmos são agrupados de acordo

com os pontos de convergência. E, finalmente, ocorreu o processo de

decodificação, no intuito de desvelar as categorias que emergiram das falas

bem circunscritas dos entrevistados e que foram corroboradas pela

observação, que apresentam uma grande unidade conceitual.

Os dados foram analisados pautados nos referenciais conceituais da

assistência de Enfermagem, entendidas como a identificação da finalidade do

trabalho, seus objetos, os instrumentos que intermediam as ações dos

profissionais e o produto pretendido e obtido. Também, as observações foram

referenciadas pelas orientações, contidas em documentos oficiais do MS sobre

a realização de exames, humanização dos serviços de saúde e segurança do

paciente.

A partir daí ocorreu a descrição e a interpretação crítica reflexiva, que

contribuiu com a elaboração de uma tecnologia operacional em forma de um

banner e um portfólio impresso contendo as ações de enfermagem a serem

realizadas nas fases pré, trans e pós-exame de endoscopia que serviu de

bases para a reorganização do trabalho de enfermagem, inclusive com as

recomendações operacionais para antes, durante e após a realização do

exame de endoscopia.

Assim, o produto do estudo apresenta-se em forma e um banner e um

portfolio impresso, abordando as ações de enfermagem no pré-exame; trans-

exame e pós-exame de endoscopia, onde se tem descritas claramente a

sequência do processo assistencial do paciente.

39

CAPITULO III

3 ANÁLISE DA PESQUISA

3.1 Observações realizadas no pré, trans e pós-exames

As observações foram feitas por duas pessoas que não a pesquisadora,

para que não houvesse interferência, evitando viés nos dados coletados. Teve-

se o cuidado de colocar profissionais de diferentes áreas de formação: uma

enfermeira e uma fisioterapeuta.

Enquanto enfermeira, a observação estaria valorizando principalmente

os procedimentos técnicos de enfermagem realizados pela equipe e o

profissional de outra área do conhecimento ficaria livre em suas observações,

se detendo aos itens considerados no formulário de observação.

Ressalta-se que as duas observadoras foram treinadas pela

pesquisadora e retirava dúvidas acerca do procedimento quando necessário.

Foram realizadas oito observações em dois momentos distintos para

cada equipe de plantão. As equipes são dividas em duas, em plantão ímpar e

plantão par. Desta forma, duas equipes diferentes foram observadas em dois

momentos diferentes.

As observadoras ficaram livres em relação ao tempo para observação,

ocorrendo, em média, por 3 horas em cada equipe.

Toda a assistência prestada pela equipe de enfermagem foi observada

no pré, trans e pós-exames no Setor de Endoscopia, a partir de um roteiro

elaborado para nortear as observações realizadas, contendo os seguintes itens

para cada etapa no pré, trans e pós exame de EDA.

Na etapa do pré-exame de EDA foi observado de que forma a equipe de

enfermagem organiza o setor; de que maneira realizam a recepção dos

pacientes e de como se dá o encaminhamento do paciente para a sala de

exame.

Na etapa trans-exame de EDA buscou-se observar de que maneira a

equipe de enfermagem prepara a sala para os procedimentos; como se dá a

atuação dos funcionários durante o procedimento; se os funcionários usam

40

adequadamente EPI; e se eles observam a reação dos pacientes durante o

exame.

Na etapa pós-exame da EDA, foi centrada a observação de como a

equipe de enfermagem observa a reação dos pacientes após o procedimento,

também de como realizam a limpeza dos endoscópios e a organização da sala

para receber o próximo paciente.

O serviço funciona com uma enfermeira manhista, que é a

coordenadora, e uma enfermeira tardista, duas equipes de técnicos e auxiliares

de enfermagem que se revezam de segunda a sexta-feira, nos horários de

07:00 as 19:00 h.

Cada equipe conta com sete funcionários, sendo que somente dois são

escalados para a endoscopia propriamente dita, os outros ficam na

colonoscopia (n=2), na broncoscopia (n=2) e nos mandados (n=1).

O setor tem um corredor que dá acesso a sala de exames, ali ficam os

pacientes em hidratação venosa aguardando a sua vez para realizarem os

procedimentos e também os pacientes no pós-exame, tanto da endoscopia

quanto da colonoscopia, aguardando o efeito da sedação terminar para

receberem alta do serviço. Neste espaço também tem cadeiras dispostas lado

a lado.

Na etapa pré-exame, nos dois plantões, o paciente é chamado pelo

nome na porta principal do setor e são acompanhados pelos técnicos de

enfermagem até a mesa de exame, que nesse caso é uma maca.

Este é orientado a deitar-se e é ajudado a se acomodar, onde é

posicionado em decúbito lateral esquerdo. Em seguida se realiza a punção

venosa para obtenção de um acesso para administração de anestésico para

sedação. Esse acesso é feito com scalp. Após, é fixado um dedal para

oximetria e monitoramento da pressão parcial de oxigênio (pO2).

Imediatamente antes do exame, é instalado na cavidade oral do paciente

um bocal para facilitar a introdução do endoscópio e o técnico ou auxiliar de

enfermagem se posiciona atrás do paciente para sustentá-lo e fica segurando o

bocal. Nesse ponto, o exame é iniciado após o início da sedação anestésica.

O técnico de enfermagem, neste período, manipula as pinças para

coleta de tecido para realização de exame histopatológico. Coloca o material

coletado nos potes com formol e assim que termina o exame, os potes são

41

identificados com o nome e número de prontuário e são encaminhados para

patologia.

Durante todo o procedimento, o técnico de enfermagem fica sustentando

o paciente e segurando o bocal. Muitos se queixam de dores lombares pelo

tempo que ficam nessa posição. Eles também monitoram a oximetria até o

término do exame.

Com relação aos EPI usados, todos os profissionais de enfermagem

vestem capote, usam luvas e máscaras. Alguns usam touca descartável ou de

tecido. Os técnicos ou auxiliares de enfermagem que são escalados na lavação

do aparelho deveriam usar óculos de proteção e avental plástico, mas nem

todos usam.

No pós-exame de EDA, o funcionário retira o paciente da sala em

cadeira de rodas e o encaminha para o corredor de espera e solicita a

presença do acompanhante para ficar junto dele.

A enfermeira responsável pelo setor se encarrega de avaliar as

condições do paciente para ser liberado. Assim que o paciente se encontra

bem acordado, lúcido e orientado é liberado com o acompanhante; e o laudo é

entregue a ambos pela equipe de enfermagem.

Neste momento são realizadas as devidas orientações pele equipe de

enfermagem. Muitos pacientes, principalmente os de primeira vez, manifestam

dúvidas quanto à dieta e retorno ao médico, e essas são respondidas. Após o

paciente se levantar da maca de exame, é realizada a limpeza com álcool 70%

pela equipe de enfermagem.

O endoscópio também é encaminhado para a lavação e limpeza

mecânica com escovação dos canais de trabalho. Após essa limpeza, ele é

imerso em solução de ácido peracético por 10 minutos para desinfecção de alto

nível. Passados os 10 minutos, o aparelho é enxaguado em água corrente,

secado e encaminhado para novo uso.

Os insumos ficam dentro da sala e é de rotina, ao final de cada plantão,

serem repostos. As medicações controladas são prescritas diariamente pelos

médicos residentes e também são repostas. Os pacientes internados têm

prioridade no atendimento para realização do exame.

42

Conforme formulário específico para esta etapa da pesquisa, apresenta-

se as observações feitas no pré, trans, e pós-procedimento seguindo um roteiro

para o que observar.

Foi identificado, através do relato de ambas as observadoras, que no

pré-exame de EDA, a secretária recebe os pedidos na chegada do paciente na

recepção, tem divisão das tarefas entre si; preparam a sala de exame; organiza

o local onde o paciente aguarda o exame e liberação da alta (corredor); o

paciente é puncionado neste local (corredor); o profissional de enfermagem

pergunta se o paciente usa prótese; o profissional médico se reporta ao

paciente para saber porque está fazendo o exame e quem o solicitou.

A recepção dos pacientes pelos funcionários da equipe de enfermagem

do setor é uma acolhida profissional (Bom dia! Fez o preparo? Está com

acompanhante? Está sentindo alguma coisa?).

Na etapa trans-exame da EDA foi observado que o encaminhamento

do paciente para a sala de exame é realizado pela equipe de enfermagem, o

paciente é chamado pelo nome na porta principal do setor e encaminha-o até a

sala. O profissional da enfermagem encaminha o paciente, ora andando ora em

cadeira de rodas, posiciona-o na maca em (decúbito lateral esquerdo);

punciona o paciente (scalp); e instala a oximetria digital. Foi percebido por

ambas as observadoras que a sala onde se realiza o exame é pequena.

Observando o aspecto de como é a atuação dos funcionários

durante o procedimento, foi identificado que a equipe de enfermagem

utiliza os EPI (luvas máscara, toucas e capotes). Auxiliam o paciente e a

equipe médica durante o exame segurando o bocal para facilitar a introdução

do endoscópio no paciente (posicionando-se atrás do paciente).

O profissional de enfermagem é quem manipula as pinças para a

biópsia, monitoram os sinais vitais (oximetria digital), acompanha o exame

durante todo o período, observa as reações do paciente durante todo o exame,

sustenta o paciente durante todo o exame e administra o medicamento

anestésico para a sedação.

Durante o exame, ambas as observadoras notaram dificuldades em

achar alguns materiais para procedimento (agulhas).

Na observação durante a etapa pós-exame da EDA, o profissional de

enfermagem que está escalado na endoscopia e que acompanhou o

43

exame observa a reação do paciente após o procedimento, encaminha o

paciente em cadeira de rodas para o corredor de espera, solicita o

acompanhante para ficar com o paciente, identifica os potes com material de

biópsia com o nome e prontuário e encaminha o aparelho para a lavação

(limpeza mecânica).

Após concluir estes cuidados o profissional de enfermagem entrega o

laudo para o paciente e acompanhante. O enfermeiro fica responsável para

observar as condições do paciente para liberação.

Quanto aos cuidados com a limpeza do endoscópio, o profissional

de enfermagem escalado para esta atividade dá inicio ao processo de

limpeza, realiza escovação dos canais do endoscópio com detergente

enzimático e o endoscópio também é lavado com o detergente; após a limpeza

é imerso em solução de ácido peracético por 10 minutos para desinfecção de

alto nível; após esse tempo é enxaguado em água corrente, secado com ar

comprimido e encaminhado para o próximo exame. Durante todo esse

procedimento, o profissional de enfermagem encontra-se devidamente

paramentado.

Terminando o exame, o profissional de enfermagem escalado na

sala realiza a organização da mesma para receber o próximo paciente,

retiram o lençol usado colocando-o no hamper, procede a limpeza da maca

com álcool 70%, em seguida, chama pelo nome o próximo paciente para o

exame.

Com relação à rotina de exames, os procedimentos são realizados da

mesma forma pelos dois plantões de enfermagem (par e ímpar). O diferencial

está na forma do atendimento. Uma das equipes expressa um pouco mais de

carinho e atenção ao lidar com os pacientes. Em uma das observações, a

equipe estava reduzida pela ausência de profissionais, o que prejudicou um

pouco o atendimento, gerando um grau de estresse e sobrecarga de serviço. O

volume de exames e atendimento é grande, exigindo bastante atenção da

equipe. Observou-se, também, certo grau de estresse pela falta de alguns

insumos no setor em razão da falta dos mesmos no almoxarifado. A equipe

médica também é bem diversificada pelo número de residentes que se somam

ao staff e aos professores, o que também exige adaptação por parte da equipe

de enfermagem.

44

Observou-se que, apesar das dificuldades, a equipe de enfermagem lida

bem com isso e quando as exigências ultrapassam os seus limites, eles se

reportam a enfermeira responsável do setor.

3.2 Perfil da equipe de enfermagem do setor de endoscopia do HUAP

A entrevista seguiu um roteiro (Apêndice 2) semiestruturado, contendo

as seguintes variáveis: nome, idade, sexo, estado civil, profissão, função,

tempo de formação, tempo de trabalho na instituição, tempo de atuação no

setor de endoscopia e vínculos de trabalho.

Foi formulada a seguinte pergunta: Quais as suas ações enquanto

participante da equipe de enfermagem no setor de endoscopia na

assistência ao usuário no pré, trans e pós-exame, que você considera

importante para a redução dos fatores de risco e melhoria da qualidade

da assistência?

As entrevistas ocorreram no período de junho a julho de 2016. Das treze

(13) entrevistas realizadas, todas aconteceram durante o período de trabalho

nos dois plantões respectivos e a pesquisadora esteve presente em toda essa

etapa da pesquisa.

As entrevistas duraram, em média, uma hora, pois os funcionários

realizavam alguns questionamentos e compartilhavam suas experiências de

trabalho.

A Tabela 1 apresenta o perfil sociodemográfico dos participantes: dentre

os dezesseis membros da equipe de enfermagem que compõem o plantão de

profissionais no setor de endoscopia, 13 participaram da pesquisa; foram

excluídos três participantes, pois um encontrava-se em licença médica; um em

gozo de férias e o se aposentou.

45

Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos participantes do estudo. Niterói, 2016

Variável Característica Nº participantes n %

Idade

30 a 40 01 08% 41 a 50 03 23% 51 a 60 08 62% 61 a 70 01 8%

Gênero Feminino 12 92% Masculino 01 08%

Profissão Enfermeiro 02 15% Técnico de Enfermagem 06 46% Auxiliar de Enfermagem 02 15%

Tempo de formação 15 a 20 02 15% 21 a 30 11 85%

Tempo de trabalho na instituição

01 a 10 04 31% 11 a 20 01 08% 21 a 30 06 46% 31 a 40 02 15%

Tempo de trabalho na endoscopia

01 a 05 09 69% 06 a 10 03 23% 11 a 15 01 08%

Outro vínculo empregatício Sim 04 31% Não 09 69%

Fonte: Criada pela pesquisadora (2016).

Os treze participantes possuem capacitação profissional para

desenvolver suas atividades laborais. O referido setor apresenta um

quantitativo de 09 (69%) indivíduos com idades entre 51 e 70 anos; apesar da

idade avançada de alguns trabalhadores, esses desenvolveram suas

atividades com esmero. Por se tratar de um serviço público, as pessoas

envelhecem trabalhando até alcançarem o tempo oportuno para a

aposentadoria.

A vivência profissional permite identificar que a faixa etária não está

relacionada necessariamente com produtividade. Outros fatores, que não a

idade, são mais significativos no desempenho das pessoas, como: o vínculo do

profissional com a empresa, o grau de satisfação com o seu trabalho, o desafio

proposto pelo trabalho e a valorização que é dada ao profissional37. Quanto ao

nível de formação profissional, 46% (n=6) são técnicos de enfermagem; 85%

(n=11) referem ter tempo de formação entre 21 a 30 anos, convergindo com o

46

tempo de trabalho na instituição que variou entre 21 e 30 anos para 46% (n=6)

dos respondentes, sendo que o tempo de exercício profissional no setor de

endoscopia para 69% (n=9) dos entrevistados é de 1 a 5 anos, em que também

69% (n=9) dos participantes referem não possuir outro vínculo empregatício.

3.3 Categorias emergidas nas entrevistas

A entrevista seguiu um roteiro (Apêndice 2) semiestruturado, contendo a

identificação do participante e a seguinte pergunta: Quais as suas ações

enquanto participante da equipe de enfermagem no setor de endoscopia

na assistência ao usuário no pré, trans e pós-exame que você considera

importante para a redução dos fatores de risco e melhoria da qualidade

da assistência?

Para o procedimento de análise e interpretação dos achados, incluiu-se

a transcrição dos dados para iniciar o processo de categorização a partir da

análise temática de conteúdo, com vistas a buscar as unidades de registro e de

contexto para sistematizar as categorias e posteriores discursões5.

As categorias temáticas serviram de subsídio para a elaboração da

Tecnologia Operacional e de eixo para a produção textual, articulou-se a

fundamentação teórica levantada nesta pesquisa, a análise e a discussão dos

resultados.

Para cada pergunta emergiram achados quanto às ações de

enfermagem desenvolvidas durante o processo de trabalho na endoscopia,

surgindo as seguintes categorias:

▪ Ações de enfermagem no pré-exame de EDA, e suas subcategorias: 1 -

Ações indiretas com o paciente - Preparo do ambiente para o exame; 2 -

Ações diretas com o paciente;

▪ Ações de enfermagem no trans-exame de EDA e sua subcategoria: 1 -

Observações diretas ao paciente; 2 - Ajuda durante o procedimento; 3 -

Uso de EPI.

▪ Ações de enfermagem no pós-exame de EDA, e suas subcategorias: 1-

Cuidados com o paciente e familiar; 2 - Higiene do ambiente pós-exame;

▪ Proposta da equipe de enfermagem para o serviço de endoscopia: 1 -

Organização do serviço; 2 - Integração multiprofissional; 3 - Gestão de

recursos humanos (RH); 4 - Humanização da assistência de

47

Enfermagem; 5 - Estrutura arquitetônica e organização do ambiente; 6 -

Limpeza endoscópio com ácido peracético; 7 - Treinamento em serviço.

No Quadro 1 encontra-se a frequência das ações relatadas pelos

profissionais da enfermagem acerca dos procedimentos no pré, trans e pós-

exame de endoscopia, este apresenta as categorias, subcategorias e as

unidades de análise que emergiram das entrevistas e a frequência das

menções relatadas pelos funcionários da endoscopia acerca dos

procedimentos no pré, trans e pós-exame, das quais se originaram as unidades

geradoras de discussão e análise.

Vale ressaltar que as ações diretas citadas no estudo, são aquelas que o

profissional da enfermagem executa em contato direto com o paciente; as

ações indiretas são as que ocorrem junto ao ambiente de trabalho, como

organização do espaço, reposição de material, higienização e limpeza de

equipamentos, relações junto aos acompanhantes, profissionais da própria

equipe de enfermagem e equipe multidisciplinar de saúde, orientação do

paciente quanto aos riscos.

48

Quadro 1. Categorias, subcategorias e as respectivas unidades de análise emergidas da análise dos dados. Niterói, 2016

Categorias Subcategorias Unidade de análise F (%)

Ações de Enfermagem no pré-exame de EDA

1 - Ações indiretas com o paciente: preparo do ambiente para o exame

Preparo da sala de exames 23%

2 - Ações diretas com o paciente

Instalar a monitorização 62%

Orientar o paciente 54%

Chamar o Paciente 38%

Posicionar o paciente na maca 31%

Tranquilizar o paciente 31%

Encaminhar o paciente à sala de exame

31%

Perguntar se já fez o exame antes 23%

Verificar o uso de prótese dentária pelo paciente

15%

Confirmar a presença do acompanhante

15%

Ações de Enfermagem no trans – Exame de EDA

1- Observações diretas ao paciente

Observar qualquer intercorrência do paciente

70%

Observar a monitorização/Auxiliar durante o procedimento de biopsia

70%

2 - Ajuda durante o procedimento

Ajudar o paciente a se virar na maca/manter a segurança do paciente

70%

Verificar a permeabilidade do acesso periférico, administrar corretamente a medicação prescrita

46%

Encaminhar o paciente em maca ou cadeira para junto do acompanhante;

15%

3 - Uso de EPI

Existe EPI no setor 15%

Falta de consciência para o uso de EPI

8%

Uso de luvas e mascaras 8%

Os EPI adequados não ficam disponíveis na sala

8%

Ações de Enfermagem no Pós-Exame de EDA

1 - Cuidados com o paciente e familiar

Retirar paciente da sala com segurança (cadeira de rodas ou maca)

38%

Orientar o paciente e o familiar quanto ao que comer após exame e esperar laudo

31%

Verificar nível de consciência do paciente

31%

Ficar atento/observar reações e respostas

15%

Liberar paciente para alta 8%

Solicitar ao acompanhante, que chame a enfermagem sempre que precisar

8%

Entregar Laudo do Exame 8%

2 - Higiene do ambiente pós -exame

Reiniciar o preparo e higienização da sala, substituir o material utilizado, higienização e limpeza do aparelho

8%

Continua...

49

...continuação

Categorias Subcategorias Unidade de análise F

(%)

Proposta da Equipe de Enfermagem para o Serviço de Endoscopia

1 - Organização do serviço

Comprometimento 23%

Separar o serviço de Broncoscopia e/Endoscopia

15%

Escala diária de atividades /todos devem ser capazes de desenvolver qualquer atividade

15%

Uniformizar as equipes/ Sistematizar as atividades

15%

Ambiente físico inadequado (claridade, pequeno, desconfortável, calor)

15%

2 - Integração multiprofissional

Falta de entrosamento da equipe/ companheirismo/coesão

15%

Fundamental é a integração com a equipe medica

8%

Respeito entre as equipes 8%

3 - Gestão de RH

Falta de Pessoal 23%

Divisão do trabalho de acordo com a preferência do funcionário /rodizio participativo

23%

Quantitativo de pessoal é suficiente Excesso de trabalho (quantidade diária de exames)

15% 15%

Temos que atender a necessidade do serviço

08%

Funcionário com problema de saúde

08%

Falta de reunião com a equipe e chefia do setor

8%

4 - Humanização da assistência de enfermagem

Ambiente físico inadequado (claridade, pequeno, desconfortável, calor)

54%

Não falar alto na sala/ manter ambiente arejado, limpo e calmo

15%

Relação com o paciente é boa 8%

5 - Estrutura arquitetônica e organização do ambiente

Falta de uma sala adequada para o paciente (paciente aguarda no corredor)

23%

As macas não são adequadas - falta de material/armazenamento não apropriado do mesmo

15%

Balcão é baixo (pia) 8%

6 - Limpeza do endoscópio com ácido peracético

Faço a escovação do aparelho/Imersão 10 minutos no ácido peracético

15%

Cumpro o protocolo 15%

7 - Treinamento em serviço

Cheiro forte do ácido (apesar de existir o exaustor

8%

Sou alérgica 8%

Falta treinamento para essa atividade;

8%

Fonte: Elaborada pela pesquisadora (2016).

50

3.4 Discussão das categorias

3.4.1 Ações de enfermagem no pré-exame de EDA

Para que as ações de enfermagem corroborem para o sucesso na

realização da EDA, é necessário que o estabelecimento de saúde conte com

uma equipe bem estruturada, reduzindo dessa maneira os índices de

insucessos possíveis, decorrentes do procedimento1,9,11.

Ações indiretas com o paciente: preparo do ambiente para o exame

Quanto às ações indiretas de enfermagem ao paciente, o preparo da

sala para o exame de endoscopia foi citado por 23% dos entrevistados. A

eficácia do procedimento realizado está diretamente associada ao empenho de

qualidade na organização pré-exame, e o enfermeiro é o profissional que está

envolvido no cuidado indireto aos pacientes, nos processos gerenciais e

administrativos do hospital e em todas suas unidades de atendimento35.

O MS, por intermédio da ANVISA e da Organização Nacional de

Acreditação (ONA), tem incentivado a melhoria na gestão das instituições

hospitalares, com uma assistência aprimorada, tendo o enfermeiro como o

profissional a serviço de pessoas sadias ou não36.

Para que seja suprido o ambiente para a realização da EDA é

necessário que a sala de exame seja preparada com os seguintes materiais,

conforme protocolo operacional padrão (POP).

✓ Fibro Endoscópio

✓ Cuba redonda com água destilada;

✓ Bocal;

✓ Seringas (20; 10; 05 ml);

✓ Frascos contendo formol para biópsia;

✓ Xilocaína gel e spray;

✓ Agulha de aspiração;

✓ Pinças de biopsia gástrica;

✓ Cuba rim com detergente enzimático;

✓ Frasco dimeticona gotas;

✓ Frasco de aspiração

51

Recomenda-se também que sejam mantidos em sala os seguintes

insumos:

✓ Cateter de O2;

✓ Sondas de aspiração;

✓ Pacotes para guarda de próteses e objetos de uso pessoal do paciente;

✓ Agulhas 40x12, 2x8, 25x7

✓ Material para punção venosa (Scalp, Jelco no 20, 22, 24, garrote, fita

microporada)

✓ Etiquetas para identificação de medicações

✓ Luvas de procedimento;

✓ Frasco com clorexidine alcoólica 0,5%

✓ Caixa de descarte para perfuro-cortante;

✓ Maca

✓ Suporte de soro;

✓ Escada de dois degraus;

✓ Monitor multiparâmetro;

✓ Esfigmomanometro;

✓ Estetoscópio;

✓ Relógio de parede;

✓ Mesa auxiliar;

✓ Medicação especifica para EDA (conforme protocolo vigente)

No setor da pesquisa foi observado e até mesmo percebido nas falas

dos participantes a falta de algum material de consumo, ora pela não

organização do setor ora pela falta no almoxarifado temporariamente, mas

sendo suprido por outro material ou sendo improvisado pela equipe de

enfermagem para que o exame seja realizado com segurança. A fala abaixo

apresenta o dado:

“O que eu penso é na questão de material, de material... armazenamento das coisas, nem tudo, às vezes você não tem as coisas que você precisa, ‘ah!, quero uma macro, não tem, ah!, quero uma borracha de aspiração, não tem’. Entendeu? Não tem aquele negócio de você... está sempre faltando alguma coisa.” (TE)

52

A preocupação com a estrutura funcional de atendimento ao cliente deve

ter como principal meta oferecer aos pacientes um atendimento eficiente e de

qualidade no serviço prestado; a qualidade dos RH deve ter como meta os

aspectos técnicos, científicos e humanizados.

A realização da EDA demanda atenção e atuação da Enfermagem em

todos os momentos. Desde o momento do preparo de materiais, instrumentais,

equipamentos e ambiente, perpassando pelo acolhimento do usuário e seu

acompanhante, até o momento da realização do exame e das práticas de

educação em saúde e em serviço11.

Fatores como a aquisição de equipamentos, o conhecimento acerca de

problemas ligados e provocados por aparelhos endoscópicos, as implicações

legais decorrentes destes riscos demanda a necessidade de planejar a

assistência de enfermagem de forma mais segura11,37.

De acordo com a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC –

Nursing Interventions Classification), uma intervenção de assistência direta é

um tratamento realizado por meio da interação com os pacientes, ações

assistenciais diretas e de aconselhamento.

Uma intervenção de assistência indireta é um tratamento realizado

distante do paciente, mas em seu benefício, ou em benefício de um grupo de

pacientes, sendo que essas ações dão suporte à efetividade das intervenções

de assistência direta22.

Ações diretas com o paciente

Dentre as ações diretas que emergiram nas entrevistas e que são

realizadas no pré-exame, encontram-se:

✓ Instalar a monitorização

Esta ação surgiu em 62% das falas dos entrevistados, o que se atribui a

este cuidado um alto grau de importância, pois a equipe de Enfermagem deve

estar atenta ao grau de ansiedade e de estresse do paciente antes e durante a

realização do exame e que não é raro acontecer.

Todos os cuidados de enfermagem relacionados são imbuídos de

especificidades e necessidades de avaliação e de monitoramento do paciente

53

que será submetido ao exame EDA, a fim de se evitar riscos e danos ao

paciente.

A monitorização dos sinais vitais deve ser cuidadosa, atentando para

sinais de arritmias cardíacas, e a avaliação de sinais vitais é de total

importância, pois alguns riscos podem ocorrer durante o exame, como

perfurações e hemorragias. Assim, a observação constante do paciente é de

fundamental importância para o bom andamento do exame e para o bem-estar

do paciente26,38.

Os sinais vitais indicam a condição hemodinâmica do individuo. A

observação rigorosa destes parâmetros fundamenta intervenções rápidas e

eficientes, no intuito de se conseguir o retorno à condição basal do paciente.

Além disso, podem ser definidos como parâmetros regulados por órgãos vitais,

portanto, revelam o estado funcional dos mesmos26.

São parâmetros importantes: temperatura, pulso, pressão arterial,

respiração, eletrocardiograma, oximetria de pulso e monitorização cardíaca40. A

mensuração destes parâmetros é relevante nos períodos pré, trans e pós-

exame de EDA, dentre tantos outros procedimentos, pois permite a detecção

imediata das condições clínicas, identificação de problemas, bem como

avaliação das respostas do paciente frente aos cuidados que está sendo

submetido. Os sinais vitais devem ser checados, registrados na ficha do

paciente e comunicados a equipe médica, caso ocorra qualquer alteração

apresentada pelo paciente.

✓ Orientar o paciente

Esta ação foi citada em 54% das entrevistas, ação que vai ao encontro

dos princípios da Política Nacional de Humanização e no que diz respeito à

participação do usuário e sua rede de relações em seu processo de saúde-

doença; o paciente deve ser orientado sobre os procedimentos a que serão

submetidos e sobre suas condições de saúde e riscos36.

O enfermeiro tem que ser ativo ao realizar todas as suas ações, visando

garantir que suas práticas não sejam ineficientes ou ausentes. Além disso, tem

o dever de verificar junto ao paciente ou responsável se foi orientado em

relação ao tratamento ou procedimento, de forma detalhada, em linguagem

clara e de fácil entendimento. Nos casos em que o paciente não entenda a

54

equipe que o assiste, deve-se explicar todas as etapas do procedimento até a

eliminação de suas dúvidas.

Segundo o art. 38 do Código de Ética do Enfermeiro, ele deve

responsabilizar-se por falta cometida em atividades profissionais, independente

de ter sido praticada individualmente ou em equipe. E que ele deve participar

da orientação sobre benefícios, riscos e consequências decorrentes de exames

e de outros procedimentos, na condição de membro da equipe de saúde39.

Embora orientar o paciente tenha sido referida em 54% das falas, nem

todas as equipes trabalham da mesma forma. Alguns participantes da pesquisa

demonstram que a conduta de enfermagem não é padronizada.

“A informação do procedimento a ser realizado. Aqui nós recebemos o paciente e orientamos ele sobre o que vai ser feito, se ele já fez alguma vez o exame, seja de endoscopia ou colonoscopia, puncionamos o paciente, acomodamos ele na maca, e ficamos aguardando o médico para fazer a anamnese dele, do paciente, entendeu?”.(TE)

“Olha só, é bem complicado isso aí, porque cada um tem uma forma de trabalhar, cada um tem uma forma de pensar. No meu caso, chegava no plantão no horário certo, botava os pacientes para dentro, conversava com os pacientes, puncionava veia em quem fosse fazer colono, e às vezes a gente não vê acontecer isso, sempre tenho que intervir, entrar de frente.” (AUX)

“Eu não... eu acho que... você tem que sistematizar, né? A coisa é... porque cada pessoa trabalha de uma forma, de um jeito, né?” (TE)

✓ Chamar o paciente

Esta ação foi relatada por 38% dos entrevistados, o que reafirma a

responsabilidade assumida pela equipe de enfermagem em chamar o paciente

para realização do exame de acordo com a organização do trabalho.

Desta forma, a identificação correta do paciente, neste momento, é de

suma importância, pois é o processo pelo qual assegura ao paciente, que a ele

é destinado determinado tipo de procedimento ou tratamento, prevenindo a

ocorrência de erros e enganos que o possam lesar36,37,40.

Erros de identificação do paciente podem ocorrer, desde a admissão até

a alta do serviço e em todas as fases do diagnóstico e do tratamento. Alguns

fatores podem potencializar os riscos na identificação do paciente, como:

estado de consciência do paciente, mudanças de leito, setor ou profissional

dentro da instituição e outras circunstâncias no ambiente37.

55

A identificação do paciente é prática indispensável para garantir a

segurança do paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde, incluindo,

por exemplo, unidades de pronto atendimento, coleta de exames laboratoriais,

atendimento domiciliar e em ambulatórios40.

Falhas na identificação do paciente podem resultar em erros de

medicação, erros durante a transfusão de hemocomponentes, em testes

diagnósticos, procedimentos realizados em pacientes errados e/ou em locais

errados, entrega de bebês às famílias erradas, entre outros.

Para assegurar que o paciente seja corretamente identificado, todos os

profissionais devem participar ativamente do processo de identificação, da

admissão, da transferência ou recebimento de pacientes de outra unidade ou

instituição, antes do início dos cuidados, de qualquer tratamento ou

procedimento, da administração de medicamentos e soluções.

A identificação deve ser feita por meio de pulseira de identificação,

prontuário, etiquetas, solicitações de exames, com a participação ativa do

paciente e familiar, durante a confirmação da sua identidade.

✓ Posicionar o paciente na maca

Ação referida por 31% da equipe entrevistada, o que denota importância

quanto ao conforto e segurança do paciente e à valorização da segurança

assistencial, que é definida como a condição de reduzir a um mínimo aceitável

o risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde37,40.

O paciente deve ser encaminhado de modo que se sinta confortável, protegido,

seguro e confiante.

✓ Tranquilizar o paciente (31%)

A ansiedade e o medo que os indivíduos sentem no período que

antecede a realização de um procedimento não é raro de ser vivenciado. A

ansiedade é, simultaneamente, uma adaptação e um estressor. Funciona como

adaptação no sentido de resposta a um desequilíbrio do sistema e,

inicialmente, reduz o nível da tensão, obscurecendo a natureza do estressor.

Contudo, sua existência é um sinal de que o sistema está tendo dificuldades

em manter o equilíbrio e, nesse sentido, desempenha uma função preciosa41.

56

É de grande valia a realização de uma reflexão crítica da prática

profissional em saúde, especialmente pelo enfermeiro, a fim de procurar

humanizar a assistência aos pacientes, valorizando os aspectos emocionais

com relação ao medo da dor, da anestesia, de ficar desfigurado ou

incapacitado, do medo de mostrar o medo e o medo de morrer41.

“A minha assistência com o paciente no pré? Eu acho importante a forma como a gente trata o paciente, como a gente entra com o paciente, porque é uma forma de você já estar acalmando o paciente, porque ele chega nervoso, e eu já considero isso uma forma de você estar amenizando, vamos dizer assim, o trauma do paciente com relação ao exame, então, eu acho que o primeiro contato é a base de tudo com o paciente.” (AUX)

✓ Encaminhar o paciente à sala de exame

Ação reportada por 31% da equipe, a qual desempenha importante

papel no serviço de diagnóstico por imagem, atuando no cuidado ao paciente

antes, durante e após o procedimento.

Na recepção do paciente no setor de endoscopia, a equipe de

enfermagem já manteve o primeiro contato e já fez a identificação do paciente,

neste momento, ambos se sentem mais confortáveis, pois já tiveram o primeiro

contato. A equipe percebe o comportamento do paciente se ansioso ou

tranquilo, grau de dependência e de ajuda.

No momento que o profissional de enfermagem encaminha o paciente

até a sala, é o momento de demonstrar envolvimento competente e humano

com a pessoa que está necessitando de cuidados e de atenção.

O ser humano quando afetado por uma enfermidade se torna vulnerável,

razão pela qual merece ser olhado com muito respeito, haja vista ser um

doente e não uma máquina43. Portanto, se faz necessário repensar a forma de

tratamento que normalmente se dá ao doente, pois ele está temporariamente

afetado pela doença, sentindo-se ameaçado pela dor, pela morte. Isto faz

surgir um sentimento de insegurança, solidão, medo e desamparo, levando-o a

buscar na equipe de enfermagem não apenas a sua cura, mas também

segurança, afeto e solidariedade36,41.

57

Erro! Indicador não definido.

✓ Perguntar se já fez o exame antes

Esta ação surgiu em 23% das entrevistas realizadas. Esta pergunta tem

o intuito de descobrir se o paciente já teve alguma experiência com o exame a

ser realizado ou se precisa de mais informações e orientações, além de ser um

bom motivo para se iniciar uma comunicação.

O paciente não é apenas um doente no hospital, pois tem uma história

de vida, é rodeado por um lar, pelo trabalho, por parentes, alegrias, tristezas,

esperanças e temores.

Para que a equipe de enfermagem, particularmente o enfermeiro, possa

se relacionar adequadamente com o paciente, ele deve saber se comunicar,

pois a comunicação é uma exigência da própria natureza humana41.

A comunicação deve ser entendida como um processo que compreende

e compartilha as mensagens enviadas e recebidas, facilitando, assim, a

interação entre as pessoas, estabelecendo um intercâmbio entre elas e seu

meio41.

É, neste contexto, que a enfermagem é desafiada a oferecer uma

assistência com qualidade no período pré, trans e pós-exame da EDA,

preparando o paciente para o exame, tanto física como psicologicamente, com

cuidados individualizados, fazendo compreender o cuidado de enfermagem a

ser prestado e qualquer possível desconforto que possa surgir durante esses

cuidados prestados, atento as suas dúvidas, perguntas e observações.

Os pacientes ficam bastante vulneráveis ao ambiente hospitalar.

Estudos apontam que o paciente ao se internar não deixa sua essência

humana na portaria do hospital, ele traz consigo sua inteligência, seus

sentimentos e seus mitos em relação à doença, vêm com numerosas

percepções desenvolvidas na sua cultura, educação e toda bagagem de vida41.

✓ Verificar o uso de prótese dentária pelo paciente

Esta ação foi reportada por 15% dos entrevistados. Estudos apontam

que qualquer tipo de prótese pode facilmente se perder ou danificar durante um

procedimento, desta maneira, elas devem ser removidas e guardadas em local

58

seguro, incluindo as próteses dentárias, membros artificiais, lentes de contato,

aparelhos de audição e óculos5.

As próteses dentárias devem ser removidas, dada a possibilidade de

deslizarem para as vias aéreas inferiores durante a indução anestésica. Devem

ser guardadas de acordo com o protocolo da instituição de saúde ou entregues

aos membros da família.

Pelo desconforto causado ao paciente, seria indicado que as próteses

fossem retiradas na sala de exames, mas é rotina em muitas instituições estas

serem retiradas pela equipe de enfermagem no quarto do paciente antes de ser

encaminhado para cirurgias ou exames, ou retirado em todos os procedimentos

que o paciente for sedado ou se submeter à anestesia10.

✓ Confirmar a presença do acompanhante

Esta ação foi referida por 15% da equipe. Iniciativas como a Política

Nacional de Humanização do MS têm proposto à adoção de novas práticas nos

espaços hospitalares, com o direito a acompanhante para pacientes adultos

internados, e a visita aberta aos familiares no hospital, fato este que visa à

humanização do cuidado e à aproximação da família junto ao doente

hospitalizado. Verifica-se que algumas instituições ainda não possuem uma

estrutura física e organizacional propícia para acolher o familiar. Diante dessa

situação, o hospital tende a ser percebido como um ambiente frio, impessoal,

gerador de dor e sofrimento, pelo doente e sua família4,5,38.

A aprovação de leis e decretos que regulamentam o direito à

permanência de acompanhante para alguns grupos específicos tem

possibilitado a humanização do ambiente hospitalar. De acordo com as Leis nº

8.069/905, 10.741/036 e 11.108/057, a criança, o adolescente, o idoso e a

parturiente têm direito a acompanhante durante a hospitalização.

Em relação ao adulto, a Política Nacional de Humanização recomenda a

presença do acompanhante, no entanto, a permissão deste fica na

dependência de acordos e liberações institucionais cujo cumprimento, na

maioria das vezes, é decidido pelo enfermeiro.

Entende-se que a família comprometida com o cuidado ao doente

possibilita uma melhor adesão e colaboração do doente ao tratamento. Estudos

revelam ainda que a atuação do familiar como mediador entre a equipe de

59

enfermagem e o doente na realização do cuidado permite melhores resultados

para a sua recuperação42.

Quando pensamos na concretização de um cuidado humanizado,

acolhedor e seguro para o serviço de saúde, devemos considerar as

particularidades e complexidades do indivíduo que nos procura, principalmente

quando decidimos adotar novas formas de organização da estrutura, dos

processos de trabalho13,19-21.

3.4.2 Ações de enfermagem no trans-exame de EDA

Assim, os entrevistados emitiram suas posições referentes à fase trans-

exame de EDA, em que se verificou as ações diretas e de ajuda ao paciente

foram, respectivamente:

Observações diretas ao paciente

✓ Observar qualquer intercorrência do paciente

Ação referida por 70% das entrevistas. Sobre isso, está atribuída ao

enfermeiro a responsabilidade da monitorização do paciente durante a sedação

para o exame endoscópico. A monitorização deve detectar alterações no pulso,

pressão arterial, estado ventilatório, atividade elétrica cardíaca, estado clínico e

neurológico antes que eventos clinicamente significativos ocorram26.

Para sedação moderada e profunda, o nível de consciência deve ser

periodicamente avaliado, além do registro da frequência cardíaca, pressão

arterial, frequência respiratória e saturação de oxigênio40. Estes parâmetros

fisiológicos devem ser avaliados e registrados em uma frequência que depende

do tipo e quantidade de medicação administrada, a extensão do procedimento

e as condições gerais do paciente.

Etapas do monitoramento: (1) antes do início do procedimento, (2) após

a administração dos agentes sedativos, (3) em intervalos regulares durante o

procedimento, (4) durante a recuperação inicial, e (5) antes da alta.

Equipamentos e medicamentos de ressuscitação de emergência devem estar

imediatamente disponíveis quando a sedação e analgesia estão sendo

administrados. Outro indivíduo, além do médico que realiza a endoscopia, que

compreende os estágios da sedação, com capacidade para monitorar e

60

interpretar os parâmetros fisiológicos do paciente e habilidades para iniciar

intervenções adequadas em situação de sedação adversa, deve monitorar o

paciente durante o procedimento.

Fatores de risco relacionados à sedação, profundidade da sedação e a

urgência e tipo de procedimento endoscópico desempenham papeis

importantes na determinação da necessidade de assistência de um

anestesiologista.

Os fatores de risco incluem condições médicas significantes, tais como

extremos de idade, doenças pulmonares, cardíacas, renais ou hepáticas

graves, gravidez, abuso de drogas ou álcool, pacientes não cooperativos,

dificuldade potencial para ventilação por pressão positiva e indivíduos com

dificuldade anatômica para intubação.

✓ Observar a monitorização/auxiliar durante o procedimento de biopsia

Ação citada por 70% dos entrevistados, como se observa na fala a

seguir:

“E durante o exame: a médica vai me solicitar a sedação, esse paciente vai ficar com a máscara de O2, monitorizado, eu vou ficar prestando atenção na saturação de oxigênio desse paciente, na frequência cardíaca dele, quando ele entra, eu já percebo se ele for bradicárdico, eu já falo com a médica: − Ó ele é bradicárdico! Porque durante a sedação, nesses casos, o paciente acaba bradicardizando um pouco mais, sempre verifico se na sala, nesses casos, tem adrenalina, tem atropina, né? Porque pode precisar eventualmente de fazer alguma medicação assim, graças a Deus nunca precisou, mas acompanho nesse sentido. No caso, quando o paciente começa a dessaturar após a sedação, eu procuro posicioná-lo corretamente, para que ele venha a obter melhor saturação e é isso, né? Então, terminando o exame, eu vou tomar o cuidado, e claro, de não deixar o paciente sozinho na sala, na mesa, né? Ou acordar o paciente, despertar ele.” (TE)

Ajuda durante o procedimento

✓ Ajudar o paciente a se virar na maca/manter a segurança do paciente

Essa ação se apresentou em 70% nas falas dos entrevistados.

Esta ação também é afirmada nas observações realizadas na primeira

etapa da pesquisa, que atribui essas atividades a equipe de enfermagem que

se encontra escalada para prestar cuidados durante o exame de endoscopia.

Preservar a segurança do paciente no setor de endoscopia é uma preocupação

61

constante de toda a equipe, porém esses encontram dificuldades devido à

deficiência de alguns equipamentos:

“Olha, entenda assim, em termos de benefício para o paciente, por exemplo, as macas não são adequadas, porque não são aquelas macas que levantam, que sobem, que descem, nós, por exemplo, quando levamos o paciente muito sedado, tem problema, dificuldade para sair ali da maca que ele está para a maca onde ele vai ficar aguardando se estabelecer, entendeu? Então, acho que deveria ter uma maca adequada, entendeu? E aparelhos até mais adequados, que eu vejo os médicos reclamarem muito, ah se aparelho é horrível, esse aparelho é isso é aquilo, sei lá.” (AUX)

✓ Verificar a permeabilidade do acesso periférico e administrar

corretamente a medicação prescrita

Essa ação foi referida em 46% das falas. Frequentemente, em hospitais,

acontecem erros envolvendo medicamentos. Esses erros são classificados

como eventos adversos preveníveis, que podem ou não provocar danos aos

pacientes43.

A enfermagem costuma ser responsável pela administração de

medicamentos, que se entende como o ato de dar ou aplicar ao paciente um

medicamento previamente prescrito, utilizando-se técnicas específicas

previamente recomendadas43.

Dessa forma, este tema tem chamado a atenção dos profissionais de

saúde, principalmente porque um erro neste processo de tratamento do

paciente pode diminuir a segurança ao paciente e a eficácia terapêutica dos

medicamentos. O que podemos observar nesta pesquisa é o grau de

importância que a equipe de enfermagem atribui a esta ação:

Bom, no pré, quando eu recebo um paciente, a primeira coisa que faço é perguntar se ele está acompanhado, se veio acompanhado, depois pergunto a ele, se ele já fez o exame, se não fez, se está nervoso, ou preocupado; eu procuro tranquilizar o paciente, é... encaminho ele ao banheiro para ele trocar de roupa, né? Informo a ele que vou puncionar uma veia para poder fazer um soro, para fazer hidratação e também por onde vai entrar a sedação para esse paciente durante o exame (TE)

62

✓ Encaminhar o paciente em maca ou cadeira para junto do

acompanhante

Esta ação apareceu em 15% das falas. Esta é uma atribuição da equipe

de enfermagem e essa ação é realmente constatada nas observações

realizadas, os profissionais de enfermagem participam do processo de

transporte do paciente em ambiente interno aos serviços de saúde, embora no

hospital exista o serviço de maqueiros, no setor fechado quem realiza essa

transferência de uma sala para outra é a equipe de enfermagem.

Na etapa de planejamento, o enfermeiro da unidade de origem deverá:

avaliar o estado geral do paciente; antecipar possíveis instabilidades e

complicações no estado geral do paciente; prover equipamentos necessários à

assistência durante o transporte; prever necessidade de vigilância e

intervenção terapêutica durante o transporte; avaliar distâncias a percorrer,

possíveis obstáculos e tempo a ser despendido até o destino; selecionar o

meio de transporte que atenda as necessidades de segurança do paciente;

definir os profissionais de enfermagem que assistirão o paciente durante o

transporte44.

A etapa de transporte é compreendida como sendo a mobilização do

paciente da unidade de origem até sua retirada e transporte para a unidade

receptora ou de origem.

Monitorar o nível de consciência e as funções vitais, de acordo com o

estado geral do paciente; utilizar medidas de proteção (grades, cintos de

segurança, entre outras). Para assegurar a integridade física do paciente e

redobrar a vigilância nos casos de transporte de pacientes obesos, idosos,

prematuros e sob sedação é função de todos que atuam no ambiente de

saúde, porém a equipe de enfermagem faz parte permanente desse cuidado26.

Uso de equipamentos de proteção individual

✓ Existe EPI no setor

Essa afirmativa foi obtida em 15% das respostas dos entrevistados.

63

O trabalho ocupa um espaço muito importante na vida de todos os

indivíduos. Entretanto, diante da exigência cada vez maior relacionada à

execução das tarefas, muitas pessoas ainda adoecem em função do trabalho,

sofrem acidentes que poderiam ser evitados se houvesse o seguimento das

normas de proteção de acidentes no ambiente de trabalho45.

Através do trabalho, o homem potencializa sua criatividade, consegue

desenvolver suas atividades de transformação, a qual se apresenta essencial

para o seu crescimento como agente transformador46.

Os acidentes de trabalho são definidos como sendo resultados de ações

inapropriadas realizadas no ambiente laboral, os quais podem ocasionar

prejuízos tanto para os empregados, provocando o seu afastamento temporário

ou permanente, quanto para as empresas, as quais perdem mão de obra, além

de gerar custos em relação ao tratamento dos trabalhadores acidentados, e

redução de sua produtividade42,47.

Porém, um fato consolidado entre os diferentes estudiosos configura-se

na questão de que, independente do porte da organização, os riscos referentes

aos acidentes de trabalho são presentes e necessitam ser combatidos por meio

da prevenção, podendo ser realizados de diferentes formas, ou seja, através do

treinamento e da utilização dos EPI ou coletivos e que é obrigatório a sua

utilização nas empresas e principalmente no ambiente hospitalar.

Um dos fatores que justificam os índices ainda apresentados de

acidentes configura-se na ausência ou modo incorreto de uso dos EPI por parte

dos trabalhadores que ainda insistem em não os usar, afirmando que os

mesmos, para muitos, prejudicam o desenvolvimento de suas atividades, como

no caso da utilização das luvas.

Foi observado que algumas pessoas que atuam no serviço de

endoscopia não utilizam todo EPI que é necessário e obrigatório usar. O que

permite sugerir que o serviço precisa ser sensibilizado quanto à importância

dessas práticas de segurança.

✓ Falta de consciência para o uso de EPI

Apareceu em 8% das falas. É um percentual pequeno, mas que significa

o não cumprimento das leis de segurança.

64

✓ Uso de luvas e máscaras

Essa afirmativa foi referida por 8% dos entrevistados.

Preocupa-se com a necessidade para a utilização desses EPI que

podem salvar vidas de diversos tipos de doenças e agravos à saúde. Esses

EPI protegem a saúde do trabalhador e reduzem os riscos de acidente. São

indicados, principalmente quando as medidas de proteção coletiva não forem

viáveis, eficientes e suficientes para combater os acidentes e/ou doenças

ocupacionais.

O Ministério do Trabalho atesta a qualidade e eficácia dos EPI

disponíveis no mercado através da emissão do Certificado de Aprovação

(C.A.). O não cumprimento da legislação trabalhista brasileira e suas Normas

Regulamentadoras (NR) quanto ao fornecimento e uso de EPI poderá acarretar

em ações de responsabilidade civil e penal ao empregador.

É recomendado que o fornecimento de EPI, bem como treinamentos

ministrados, seja registrado através de documentação apropriada. Essa

documentação é essencial para eventuais esclarecimentos em causas

trabalhistas e fiscalizações.

É obrigação do empregador fornecer os EPI adequados às atividades,

instruir e treinar os funcionários quanto ao seu uso, fiscalizar e exigir sua

utilização e repor os EPI quando danificados. Quanto ao empregado, é

obrigação deste usar e conservar seus EPI.

✓ Os EPI adequados não ficam disponíveis na sala

Essa afirmativa foi relatada por 8% dos entrevistados, seja por não ter sido

abastecido o setor ou por estar em falta no almoxarifado, fato este observado

anteriormente.

Conforme dispõe a NR 6 do Ministério do Trabalho e do Emprego,

considera-se EPI todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo

trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a

segurança e a saúde no trabalho42,47.

A segurança do trabalho é a parte do planejamento, organização,

controle e execução do trabalho que objetiva reduzir permanentemente as

65

possibilidades de ocorrência de acidentes, proporcionando maior qualidade de

vida a todos os empregados.

Quando indagados acerca da importância do uso de EPI, dos 13

profissionais da equipe de enfermagem entrevistados, todos acham importante

a sua utilização.

A utilização dos EPI é de suma importância para os profissionais da

equipe de enfermagem, uma vez que os mesmos estão expostos às doenças

durante o manuseio das secreções dos pacientes e dos dejetos humanos, das

roupas de cama sujas e de superfícies contaminadas, colocando os

profissionais em risco mais elevado de se contaminar.

Os acidentes com agulhas, scalps e outros objetos perfurantes

contaminados constituem um risco contínuo à segurança desses profissionais.

A equipe de enfermagem vive o tempo todo em contato com o paciente.

O empregador, no que diz respeito à segurança, é obrigado a cumprir e

fazer cumprir as disposições legais e regulamentares referentes a prevenir atos

inseguros no desempenho do trabalho, mantendo os profissionais informados

dos riscos profissionais que possam originar-se no local de trabalho, e os

meios para prevenir e limitar tais riscos42,47.

3.4.3 Ações de enfermagem no pós-exame de EDA

Cuidados com o paciente e familiar

✓ Retirar o paciente da sala com segurança (cadeira de rodas ou maca)

Esta ação foi citada por 38% da equipe de enfermagem entrevistada, o

que torna essa atividade realizada pelos profissionais de enfermagem uma

ação desenvolvida durante o processo de trabalho dessa equipe.

A enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser

humano e está presente em todas as etapas da vida. A enfermagem encontra-

se inserida no cuidado do usuário submetido a procedimentos diagnósticos e

terapêuticos nos serviços de radiologia e diagnósticos por imagem. Tendo

como atividades o preparo do usuário em exames, na orientação antes e após,

no preparo do ambiente e dos materiais a serem utilizados1.

66

A presença de uma equipe de enfermagem é fundamental para

realização dos exames radiológicos. Para isso, é preciso que estes

profissionais estejam preparados e qualificados para tal função, que envolve

inúmeras responsabilidades48.

✓ Orientar o paciente e o familiar quanto ao que comer após o exame e

esperar laudo

Esta ação foi citada por 31% da equipe de enfermagem.

O paciente pode e deve contribuir para a qualidade dos cuidados à sua

saúde, recebendo informações necessárias da equipe de saúde e, por sua vez,

fornecendo informações importantes a respeito de si mesmo e interagindo com

os profissionais da saúde.

O paciente deve ser estimulado a participar da assistência prestada e

encorajado a fazer questionamentos, uma vez que é ele quem tem o

conhecimento de seu histórico de saúde, da progressão de sua doença e dos

sintomas e experiências com os tratamentos aos quais já foi submetido.

Além disso, desenvolver um ambiente que proporcione cuidados

centrados no paciente, tornando-o, bem como seus familiares, agentes ativos

na busca de sua segurança e, como consequência, a satisfação com o cuidado

prestado pela equipe de enfermagem45.

✓ Verificar o nível de consciência do paciente

Esta ação apareceu em 31% das entrevistas, o que permitiu identificar o

nível de consciência do paciente pela equipe de enfermagem.

Essa avaliação é um dos parâmetros mais importantes para se

determinar as necessidades assistenciais de um paciente, enfatiza-se a

importância desse cuidado, principalmente daqueles com distúrbios

neurológicos ou sobre condições de sedação, o que leva a uma vulnerabilidade

do nível de consciência35.

✓ Ficar atento, observar reações e respostas

Esta ação, que foi referido por 15% dos entrevistados, torna-se essencial

não só para o diagnóstico de possíveis transtornos, como oferece indícios

67

importantes de transtornos neurológicos, metabólicos, intoxicações ou de

efeitos de drogas, como, por exemplo, anestésicos.

O estado de lucidez ou de alerta em que a pessoa se encontra após o

exame de EDA pode variar, por isso, observar as reações do paciente frente

aos estímulos, se sua reação é rápida ou lenta, se encontra-se sonolento ou

não, é de suma importância na sua recuperação após a realização do exame.

Caso o paciente esteja lúcido, percebe-se através da conversa com o

paciente se há alguma alteração do nível de consciência e a equipe de

enfermagem se utiliza de estímulos verbais e ou táteis. Por vezes é necessário

falar alto ou tocá-lo para que responda a solicitação. Durante as observações

não participantes e as respostas das entrevistas, percebe-se que toda equipe

de enfermagem atenta para este cuidado e, desta forma, envolvendo os

familiares que se encontram enquanto acompanhante neste processo.

✓ Solicitar ao acompanhante que chame a enfermagem sempre que

precisar

Esta ação apareceu em 8% das entrevistas. Nestes termos, as parcerias

entre equipe de enfermagem e acompanhante podem propiciar momentos de

diálogo fundamentais, pois ao compartilhar a preocupação com o familiar sobre

o paciente e sobre o que pode ou não fazer no espaço hospitalar, para melhor

confortar seu familiar, é de suma importancia36,43.

Há momentos em que a equipe de enfermagem compartilha da

concepção do cuidado, quando integra o familiar nas ações do cuidado ao

paciente. Inserido nesse contexto, o familiar sente-se acolhido, confortado e

seguro, o que resulta em colaboração e apoio emocional e afetivo ao paciente.

Ademais, o cuidado humano é calcado nos princípios da ética13,23.

✓ Liberar o paciente para alta

Esta ação foi mencionada por 8% da equipe de enfermagem, sendo tal

ação observada no cotidiano dessa equipe. Estudos mostram que os

pacientes, durante o período da alta, buscam conhecimentos necessários

sobre cuidados, mas somente este comportamento não suprirá a manutenção

da saúde desses indivíduos43.

68

Os profissionais de enfermagem necessitam fornecer aos pacientes as

orientações necessárias para a prevenção, controle da doença, promoção e

manutenção da saúde no ambiente hospitalar.

O enfermeiro é o profissional de saúde que durante a sua formação

profissional é preparado para realizar ações educativas. Essa realidade exige

dos enfermeiros o comprometimento e a preocupação com o preparo dos

familiares, assim, orientar, ensinar, treinar as técnicas e cuidados necessários

que serão dispensados ao paciente em seu domicílio é uma tarefa não só do

enfermeiro, mas de toda a equipe de saúde.

✓ Entregar laudo do exame

A entrega do laudo do exame aos pacientes e familiares no momento da

alta do paciente foi reportado em 8% das falas. Os resultados dos exames

fornecem detalhes do estado de saúde do paciente e auxiliam a avaliação de

diagnósticos clínicos. Além disso, fornecem dados e resultados que irão nortear

o monitoramento do tratamento, assim, a responsabilidade na entrega de

laudos é de total relevância, principalmente na conferência dos dados corretos

do paciente.

Higiene do ambiente pós-exame EDA

✓ Reiniciar o preparo e higienização da sala, substituir o material utilizado,

higienização e limpeza do aparelho

Esta ação foi reportada por 8% dos participantes, os quais apresentaram

as suas considerações acerca do preparo de materiais para a realização da

endoscopia. Observa-se que tais considerações estiveram voltadas para o

preparo do fibroendoscópio propriamente dito.

69

3.4.4 Proposta da equipe de enfermagem para o serviço de

endoscopia

Organização do Serviço

✓ Comprometimento (23%)

Este resultado permitiu compreender a visão dos profissionais de

enfermagem acerca de seu comprometimento, como o serviço e o objeto de

suas ações, identificando alguns fatores que influenciam na qualidade do

processo do cuidado.

Entre os problemas apontados pelos profissionais em seu ambiente de

trabalho está a carência de recursos de materiais e humanos, por interferir no

resultado. Destacamos a sobrecarga de trabalho, a falta de entrosamento com

a equipe médica, a conduta de cuidados de enfermagem que não são

padronizadas, gerando desmotivação e falta de compromisso dos profissionais

envolvidos25.

Outro fator é a necessidade de serem valorizados, não apenas como

força de trabalho, mas como pessoas, responsáveis pelo trabalho realizado.

Um feedback e um reconhecimento positivo das ações do profissional poderão

proporcionar estímulo e valorização da equipe, influenciando em seu

compromisso com o trabalho.

Mostrou-se necessário que cada membro da equipe de enfermagem

reflita acerca de seu compromisso com o trabalho, buscando avaliar o cuidado

prestado direta e indiretamente ao paciente e planejando ações de modo a

garantir a qualidade da assistência de enfermagem25.

✓ Separar o serviço de Broncoscopia e/Endoscopia (15%)

Essa questão traz muita angústia para a equipe de enfermagem, pois

são pacientes e cuidados diferenciados, além do ambiente não ser adequado e

confortável para manter o paciente em observação pós-exame, pois esse fica

no corredor, as equipes são diferentes e as ações também.

✓ Escala diária de atividades/todos devem ser capazes de desenvolver

qualquer atividade (15%)

70

A realidade nos mostra que o pessoal de enfermagem se constitui no

maior percentual de servidores numa instituição de saúde, o que representa a

necessidade contínua de treinamento e aperfeiçoamento para melhoria da

qualidade da assistência de enfermagem.

Nos serviços de enfermagem, o dimensionamento de pessoal nem

sempre é favorável às necessidades reais de cada unidade de trabalho.

A imaturidade gerencial, os fatores internos e o estilo adotado pelas

chefias de enfermagem do hospital têm interferido diretamente nesta questão.

É necessário considerar que a enfermagem apresente, também, características

que a diferencie de outros serviços: continuidade ininterrupta de suas

atividades; diversidade de necessidades; contingências a intensidade de

emoção entre outros.

A questão central que se coloca é a assistência à saúde qualificada e

humanizada, o que está relacionado de forma direta com a quantidade e

principalmente com a qualidade de pessoal disponível, de forma que as ações

possam ser desenvolvidas em conformidade com as características exigidas

pela clientela e os serviços oferecidos, para que se trabalhe em condições

dignas de atendimento à pessoas13,26.

De acordo com a Resolução COFEN 293/2004, determinar o quadro de

pessoal de enfermagem depende de vários fatores, e é recomendável um

estudo preliminar para diagnosticar as peculiaridades de cada serviço e

instituição de saúde onde estão inseridos, podendo sofrer adequações

regionais e/ou locais, de acordo com realidades epidemiológicas: 1. Missão; 2.

Porte; 3. Estrutura organizacional; 4. Estrutura física; 5. Tipos de serviços e/ou

programas; 6. Tecnologia e complexidade dos serviços e/ou programas; 7.

Política de pessoal; 8. Política do RH; 9. Política financeira; 10. Atribuições e

competências dos integrantes dos diferentes serviços e/ou programas; 11.

Indicadores tanto do Ministério da Saúde quanto institucionais. O serviço de

enfermagem deve ser também considerado quanto à fundamentação legal do

exercício profissional (Lei nº 7.498/86 e Decreto nº 94.406/87), do Código de

Ética dos Profissionais de Enfermagem, Resoluções COFEN e decisões dos

Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), além dos aspectos técnico-

administrativos49.

71

✓ Uniformizar as equipes/sistematizar as atividades (15%)

O processo de enfermagem é a dinâmica das ações sistematizadas que

viabilizam a organização da assistência de enfermagem. Representa a

abordagem de enfermagem ética e humanizada dirigida à resolução de

problemas, atendendo às necessidades de cuidados de saúde e de

enfermagem de uma pessoa.

No Brasil, é uma atividade regulamentada pela Lei do Exercício

Profissional da Enfermagem, constituindo, portanto, uma ferramenta de

trabalho do enfermeiro. Na literatura, podemos encontrar outras denominações

para o processo de enfermagem e, entre elas, a SAE22,50.

A equipe de enfermagem sugeriu, nas entrevistas, a importância de

sistematizar as ações de enfermagem, pois cada um atua de um jeito, mesmo

que o objetivo seja de realizar o trabalho da melhor forma possível.

✓ Ambiente físico inadequado (claridade, pequeno, desconfortável, calor)

foi reportado por 15%

Embora a equipe se esforce em realizar um cuidado de enfermagem de

qualidade e uma assistência humanizada, o setor em seu ambiente apresenta

essas fragilidades e necessidade de manutenção e adaptação em sua

estrutura arquitetônica, buscando por recursos físicos e ambientais adequados

para esse estabelecimento de saúde.

Quanto aos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS),

compreendem-se as áreas internas e externas desses serviços, bem como as

condições ambientais que tem um importante papel na prevenção de acidentes

e riscos a saúde dos trabalhadores, bem como dos pacientes e usuários.

Para construção e ambientação de EAS são indispensáveis para atender

aos requisitos estabelecidos pelas leis municipais e estaduais, pelo MS e por

outros órgãos governamentais, como a ANVISA. E, com o objetivo de estar

normatizando a elaboração de projetos físicos de EAS, está em vigor a RDC nº

50, de 21 de fevereiro de 2002, da ANVISA, que dispõe sobre o regulamento

técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos

físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde51.

72

Neste contexto, o enfermeiro deve participar do gerenciamento de recursos

físicos e ambientais, no planejamento do espaço físico, na alocação e

dimensionamento dos recursos, tendo como objetivos a organização do

espaço, a promoção de segurança, conforto e privacidade aos usuários, além

de condições de trabalho adequadas51.

Desta forma, é função do enfermeiro, ao analisar as condições de

trabalho e os fatores de risco a que estão expostos usuários e a equipe de

saúde, solicitar a instituição o cumprimento das exigências de segurança no

trabalho, como: estado de uso e manutenção de equipamentos, instalação

elétrica, iluminação, ventilação, temperatura e umidade adequadas, planos de

emergência, plano de combate a incêndio, mapa de fuga, extintores, placas e

símbolos, e aos profissionais o uso correto de EPI, tendo como finalidade a

qualidade da assistência51.

✓ Integração multiprofissional

✓ Falta de entrosamento da equipe/companheirismo/coesão (15%)

✓ Fundamental integração com a equipe medica (8%)

✓ Respeito entre equipe (8%)

Entende-se por equipe multiprofissional a junção de esforços e

interesses de grupos de profissionais que reconhecem a interdependência com

os outros componentes e se identificam com o trabalho de caráter cooperativo

e não competitivo, com o fim de alcançar um objetivo comum, cuja atividade

sincronizada e coordenada, caracteriza grupo estritamente ligado. O trabalho

em equipe é a integração de cada elemento que compõe este grupo, em uma

reunião de técnicos de várias especialidades profissionais, desempenhando

funções harmônicas em verdadeira intercomplementação.

Neste sentido, as seguintes vantagens podem ser obtidas: assegurar a

participação de toda equipe, através de trabalho integrado; propiciar

assistência mais condigna e humana ao paciente, por meio da interação

multiprofissional; centrar responsabilidades, por meio do trabalho copraticado;

fortalecer relações entre os profissionais, pacientes e familiares para o alcance

73

dos objetivos; aumentar o aproveitamento da capacidade profissional pela

coesão do trabalho; favorecer o relacionamento interprofissional.

Para se obter um trabalho em equipe, deve-se buscar constante

interesse para alcançar os objetivos propostos, onde cada elemento necessita

do trabalho do outro por meio da estreita colaboração. É imprescindível que os

participantes da equipe apresentem requisitos como: espírito de equipe - é o

desejo de unir forças para obtenção do objetivo comum; participação, acreditar

e se esforçar para realizar alguma coisa; intercomunicação ocorre quando há

um perfeito conhecimento e segurança no campo específico de ação e, geral

nas outras áreas, capacidade de assumir responsabilidade é aceitação total do

trabalho com o esforço contínuo para desempenhar as funções; satisfação que

é o sentimento de segurança, de amplitude em fazer parte de um trabalho que

reflita satisfação íntima52.

Gestão de RH

Essa subcategoria revela o aspecto gerencial da enfermagem, dada a

importância de se atender às necessidades gerais do serviço, por elencar

necessidades a serem atendidas no setor de endoscopia e intervenções no

processo de trabalho devido à falta de pessoal; a sugestão para a divisão do

trabalho/rodízio participativo; de uma escala diária de atividades, em que todos

devem ser capazes de desenvolver qualquer atividade e a quantidade diária de

exames emergiram em 100% das opiniões dos participantes.

✓ Falta de pessoal (23%)

✓ Divisão do trabalho de acordo com a preferência do funcionário/rodízio

participativo (23%)

✓ Quantitativo de pessoal é suficiente (15%)

✓ Excesso de trabalho (quantidade diária de exames) (15%)

✓ Temos que atender a necessidade do serviço (8%)

✓ Funcionário com problema de saúde (8%)

74

✓ Falta de reunião com a equipe e chefia do setor (8%)

Humanização da assistência de enfermagem

Quando pensamos na concretização de um cuidado humanizado,

acolhedor e seguro para o serviço de saúde, deve-se considerar as

particularidades e complexidades do indivíduo que nos procura, principalmente

quando decidimos adotar novas formas de organização da estrutura, dos

processos de trabalho existentes e da prática assistencial diferenciada. Tais

ações são desenvolvidas desde o momento da recepção do usuário no serviço,

onde ele é encaminhado para a consulta de enfermagem.

Parte da equipe (54%) apontou para o fato de o ambiente físico ser

inadequado (claridade, pequeno, desconfortável, calor). Isso nos permitiu

propor reestruturações e soluções dos problemas apresentados, como: manter

o ambiente calmo para todos, não falar alto na sala, e manter o ambiente

arejado, limpo e calmo.

Ressalta-se que a relação com o paciente é boa segundo a opinião da

equipe de enfermagem.

Estrutura arquitetônica e organização do ambiente

✓ Falta de sala adequada para o paciente (paciente aguarda no corredor) -

23%

✓ As macas não são adequadas - falta de material/armazenamento não

apropriado do mesmo - 15%

✓ Balcão é baixo (pia) - 8%

Limpeza do endoscópio com ácido peracético

✓ Escovação do aparelho/imersão por 10 minutos no ácido peracético -

15%

✓ Cumpro o protocolo - 15%

75

Treinamento em serviço

✓ Cheiro forte do ácido (apesar de existir o exaustor) - 8%

✓ Sou alérgica 8%

✓ Falta treinamento para essa atividade 8%

Existem fragilidades relacionadas quanto ao treinamento em serviço, o

que justifica os argumentos feitos pela equipe de enfermagem. Razão pela qual

a elaboração das discussões será composta a partir das subcategorias que

emergiram das experiências e contribuições provenientes dos funcionários da

equipe de enfermagem do setor de endoscopia, além dos resultados obtidos

via observação sistemática direta, no intuito de contribuir com o produto da

dissertação, que será uma Tecnologia Operacional em forma de banner e um

portfólio, contendo orientações de cuidados de enfermagem para nortear as

ações nas fases pré, trans e pós-EDA.

Com a elaboração destes produtos, a enfermeira estará lançando mão

de uma tecnologia educacional, focada na construção de indicadores de

segurança do paciente, para nortear o trabalho da equipe de enfermagem, ou

de qualquer outro profissional da equipe multidisciplinar que realiza o exame de

EDA, assim, espera-se contribuir com os usuários e acompanhantes no setor

de endoscopia.

76

Quadro 1. Ações de Enfermagem nas fases pré, trans e pós-exame da EDA

1ª Ações de Enfermagem no pré-exame de endoscopia digestiva alta: acolhimento e cuidados de enfermagem ao paciente e seu acompanhante, a partir de sua admissão no setor de endoscopia até o seu preparo para o exame.

1 - Preparo do ambiente para o exame.

2 - Ações diretas com o paciente

✓ Preparar a sala ✓ Orientar o paciente ✓ Posicionar o paciente na maca ✓ Tranquilizar o paciente ✓ Encaminhar o paciente até a sala ✓ Perguntar se já fez o exame antes ✓ Verificar se o paciente está com

prótese ✓ Confirmar a presença do

acompanhante

2ª Ações de enfermagem no trans-exame de EDA. Período que transcorre o exame de EDA: com o paciente já preparado pela equipe de enfermagem para ser submetido à endoscopia. Serão descritos os cuidados de enfermagem e procedimentos realizados até o final do exame.

1 - Observações diretas ao paciente

2 - Ajuda durante o procedimento

3 - Uso de EPI

✓ Verificar se a sala está equipada ✓ Observar qualquer intercorrência

com o paciente ✓ Ajudar o paciente a se virar na

maca/manter a segurança do paciente

✓ Observar a monitorização/auxiliar durante o procedimento de biópsia

✓ Punção está pérvia/administrar medicação corretamente

✓ Encaminhar o paciente em maca ou cadeira para junto do acompanhante

✓ Não falar alto na sala/manter o ambiente arejado, limpo, calmo

✓ Usar luvas e máscara

3ª Ações de enfermagem no pós-exame de EDA: nesta fase temos os cuidados dispensados na recuperação do paciente pós-exame até a alta do serviço endoscópico com o seu acompanhante, inclui-se também a limpeza e desinfecção dos equipamentos.

1 - Cuidados com o paciente e familiar

2 - Cuidados com o ambiente

✓ Retirar paciente da sala com segurança (cadeira de rodas ou maca)

✓ Orientar o paciente e o familiar quanto ao que comer após exame e esperar laudo

✓ Verificar nível de consciência do paciente

✓ Liberar paciente para alta ✓ Entregar laudo do exame, preparo

DA sala, material e aparelho

77

CAPITULO 4

4 SEGUNDA ETAPA DA PESQUISA – ELABORAÇÃO DA TECNOLOGIA

OPERACIONAL

4.1 Passos para elaboração da tecnologia operacional

Tecnologia operacional vai além de um simples produto ou um

procedimento técnico. Assim como outros pesquisadores, entendemos esta

tecnologia como o resultado de processos concretizados a partir da experiência

cotidiana e da pesquisa, cooperando para o aumento de conhecimentos

científicos na construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de

provocar intervenções sobre uma determinada situação prática, ou seja, em

uma determinada realidade53.

As tecnologias podem se apresentar de diversos tipos, tais como as

Tecnologias Operacionais compreendidas como dispositivos utilizados nos

processos de ensinar e aprender por educadores e educando, nos vários

processos de educação formal e acadêmica, e tecnologias assistenciais que

são dispositivos utilizados nos processos de cuidar, aplicadas por profissionais

com os usuários dos sistemas de saúde, podendo ser na atenção primária,

secundária e terciária.

Aponta-se para o fato de que são realizadas pesquisas em enfermagem

que abordam esses tipos de tecnologia, fazendo referência quanto à

elaboração e validação ou até mesmo avaliação, no entanto, ainda não

alcançaram um número expressivo na área da enfermagem.

Optou-se pela elaboração de uma tecnologia operacional impressa em

forma de banner e portfólio, com o mesmo conteúdo, como estratégia de

ensino-aprendizagem com ênfase nas ações de enfermagem nas fases pré,

trans e pós-exame de EDA.

A tecnologia operacional produzida terá registro de autoria, por

representar a materialidade de ideias e o conhecimento prévio da equipe de

enfermagem do setor de endoscopia, identificados na entrevista e na

observação de campo, sobre o assunto em questão, tendo como resultado a

78

colaboração desse conhecimento para com essa pesquisa e com a elaboração

dessa tecnologia.

A tecnologia elaborada em forma de manual tem como proposta servir

de guia para a equipe de enfermagem e para profissionais da equipe

multiprofissional. Tem a forma de um portfólio, não sendo, desta forma, fácil de

ser descartado, ficando, assim, guardado no setor para ser consultado e

compartilhado sempre que for necessário. Este material será distribuído

gratuitamente, cooperando no processo de educação em saúde e

disseminação do conhecimento.

A tecnologia foi elaborada a partir do conhecimento prévio da equipe de

enfermagem, identificados na observação não participante e nas entrevistas

que ocorreu na 1ª e 2ª etapas deste estudo e após análise temática de

conteúdo, estudos profundos e da fundamentação teórica pesquisada.

O quadro irá contribuir na identificação desses resultados.

A tecnologia elaborada teve como título: Ações de enfermagem no pré,

trans e pós-exame de EDA.

Respondeu-se, desta forma, a questão da pesquisa, qual seja: como

desenvolver assistência de enfermagem no pré, trans e pós-exame no setor de

endoscopia, visando à redução de fatores de riscos e melhoria da qualidade da

assistência de enfermagem do usuário?

79

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Frente à grande demanda por exames de endoscopia digestiva, torna-se

primordial a realização de pesquisas voltadas para a melhoria da qualidade da

assistência de enfermagem nos serviços de endoscopia, gerando, desta forma,

necessidades de favorecer e/ou reorganizar ações da equipe de enfermagem

nesse setor, que contemplem a diminuição de fatores de risco e melhoria da

qualidade da assistência. Diante deste fato, a pesquisa tornou-se possível e

motivadora.

O tema que norteou a elaboração desta dissertação foi a assistência de

enfermagem prestada no setor de endoscopia de um HU. A opção em abordar

essa temática se justifica em razão das ações cotidianas da enfermagem em

um setor de especificidades como a endoscopia, que incluem orientações para

prevenir complicações consideradas evitáveis no pré-exame, para agir

precocemente sobre as respostas do paciente no trans e pós-exame de

endoscopia. Para tal, foi realizado alguns questionamentos: Como se dá a

assistência de enfermagem ao usuário no pré, trans e pós-exame no setor de

endoscopia? Quais atividades são desenvolvidas pela equipe de enfermagem

ao usuário do setor de endoscopia?

O enfermeiro tem o papel de prestar assistência ao paciente em todas

as fases do exame de EDA. São realizados cuidados indiretos e diretos ao

paciente, objetivando o preparo da sala e do ambiente para receber paciente e

realizar o exame de maneira organizada e eficiente, além de intencionar o

preparo físico e psicológico do paciente para que o procedimento transcorra da

melhor maneira possível.

O paciente submetido ao exame de EDA apresenta desconforto,

ansiedade, estresse físico e emocional antes do procedimento. Desta forma, os

cuidados de enfermagem devem ser realizados e planejados seguindo a

singularidade de cada um, para que as ansiedades apresentadas nesta fase

sejam amenizadas.

A pesquisa realizada procurou enfocar os cuidados de enfermagem no

período pré, trans e pós-exame de EDA realizados ao paciente no setor de

endoscopia do hospital e que recebem os cuidados da equipe de enfermagem.

80

Os cuidados realizados e considerados diretos foram: verificação de

sinais vitais, monitorização do paciente, retirada de próteses, medicação pré-

anestésica, transporte do paciente até a sala de exame. Os cuidados como

orientação sobre o exame, sistematização da assistência de enfermagem,

preparo psicológico, além de acompanhamento da família foram realizados

com frequência pela equipe de enfermagem.

Verificou-se que a equipe de enfermagem vem se empenhando para

desenvolver o cuidado de enfermagem necessário ao paciente, que será

submetido ao exame de EDA. Porém, esse cuidado é realizado de maneira

diferente entre as equipes de plantão.

Percebeu-se que, na maioria das vezes, são os técnicos e auxiliares de

enfermagem que realizaram orientações aos pacientes. Pode-se considerar

que o enfermeiro, pela necessidade, se envolve mais com atividades

administrativas, mantendo-se muitas vezes distante dos pacientes.

Os enfermeiros que participaram do estudo demonstraram, por meio de

suas respostas, que a assistência de enfermagem com qualidade ao paciente

submetido ao exame de EDA não é realizada de maneira uniforme e constante.

Os motivos relacionados foram: a falta de profissionais, grande número

de pacientes, estrutura arquitetônica inadequada, falta de entrosamento entre

as equipes, necessidade de treinamento em serviço, não sistematização da

assistência de enfermagem.

Verificou-se, ainda, que os profissionais têm o conhecimento para a

realização de todos os cuidados de enfermagem realizados durante o exame

de endoscopia, porém demonstram interesse e conhecimento, o qual fora

adquirido com a prática.

Nesse sentido, considera-se importante para o trabalho da enfermagem

o resgate da base científica sobre os cuidados realizados em todas as fases do

exame, compreendendo a necessidade de aprimoramento de determinadas

técnicas para se desenvolver os cuidados.

Destacou-se, neste estudo, a necessidade de avaliar o número reduzido

de profissionais de enfermagem que trabalham no setor de endoscopia, pois

estes fatores interferem diretamente na qualidade da assistência de

enfermagem, além da provisão adequada de recursos humanos e materiais e o

desenvolvimento de pessoas.

81

Hoje em dia fala-se muito na efetividade e tudo que gere rentabilidade e

eficácia. A tecnologia e a ciência avançaram, mas o fator humano não

acompanhou essa evolução. Muitos profissionais de saúde, como os

enfermeiros participantes do estudo, identificam essa situação, pois apontam

sugestões que cooperem para com o serviço.

Nesta perspectiva de buscar mudanças, deve-se ter urgência em

repensar o trabalho da enfermagem e a assistência prestada ao paciente,

reduzindo riscos para garantir a segurança do paciente, reduzindo a distância

entre o conhecimento teórico e a prática assistencial a partir da busca por

evidências científicas para que os cuidados de enfermagem prestados aos

pacientes não sejam baseados em práticas impensadas.

Desta maneira, torna-se necessário incentivar e valorizar a busca

contínua pela melhoria do processo de cuidar, desenvolvendo competências e

sistematizando as ações de enfermagem com embasamento em evidências

sobre as melhores práticas.

Para tanto, o profissional deve refletir sobre o comportamento crítico

para que seu processo de trabalho seja organizado, tendo como principal

finalidade o paciente, e, com isso, melhorar o cuidado, dedicando mais atenção

ao paciente, utilizando a sistematização da assistência de enfermagem para o

planejamento de cuidados individualizados no período pré, trans e pós-exame

de EDA.

Em relação ao paciente, a enfermagem deve buscar meios de realizar

uma avaliação criteriosa do paciente, orientá-lo sobre cuidados, esclarecer

suas dúvidas, evitando que procure o conhecimento empírico, e para que, no

momento do exame, possua conhecimento em relação aos cuidados científicos

no pré, trans e pós EDA.

Pretendeu-se, com este estudo, influenciar positivamente o agir e pensar

dos profissionais para a necessidade de incorporar novas práticas e melhorias

em favor dos pacientes, pois estes têm direito de receber uma assistência de

enfermagem com qualidade.

Esta pesquisa apresenta contribuições relevantes, visto que possibilitou

planejar e elaborar uma tecnologia operacional voltada para ações de

enfermagem no periodo pré, trans e pós-exame de EDA. Essa tecnologia foi

elaborada após a realização das entrevistas e análise de conteúdo; a escolha

82

do conteúdo educativo utilizada teve respaldo nas análises das entrevistas com

a equipe de enfermagem, momento em que emergiram as categorias e

subcategorias de análise.

Desta forma, a elaboração da tecnologia operacional se materializou na

forma de dois produtos, um banner e um portfólio, com orientações de

enfermagem para nortear as ações de enfermagem nas fases pré, trans e pós-

exame de EDA, visando o cuidado seguro e de qualidade do paciente que

realiza exames de endoscopia neste serviço.

Embora a tecnologia operacional tenha sido elaborada, a presente

pesquisa não se esgota neste estudo, possibilitando, deste modo, novas

pesquisas voltadas para o cuidado de enfermagem no setor de endoscopia.

Contudo, este estudo terá como desdobramento a implementação

dessas orientações em forma de banner e portfólio na endoscopia do HUAP,

que irá nortear as ações e o trabalho da equipe de enfermagem do referido

setor.

Esta investigação não se encerra nesta etapa da pesquisa, servirá como

modelo para a realização de outros trabalhos, e como referência para outras

discussões, práticas e cenários onde se realiza o cuidado de enfermagem.

Desta maneira, é desejável o prosseguimento deste trabalho para

produção de conhecimentos sobre os cuidados de enfermagem, pois cuidar é

muito mais que um ato, é uma atitude de ocupação, preocupação, de

responsabilização, e de envolvimento afetivo com o outro.

83

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49. Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo – COREN-SP.

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50. Ministério do Trabalho e Emprego (BR). Portaria nº 3.214, de 08 de junho

de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II,

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Trabalho. NR32: Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de

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53. Teixeira E, Mota VMSS. Tecnologias educacionais em foco. São Caetano

do Sul: Difusão; 2011.

88

54. APÊNDICES

Apêndice 1. Roteiro de observação do campo

Será observada toda a assistência prestada pela equipe de enfermagem no

pré, trans e pós-exames no setor de endoscopia:

- Pré-procedimento

1) Como os funcionários organizam o setor;

2) Como é a recepção dos usuários pelos funcionários da equipe de

enfermagem do setor;

3) Como é o encaminhamento do usuário para a sala de exame;

- Trans-procedimento

4) Como os funcionários preparam a sala para os procedimentos;

5) Como é a atuação dos funcionários durante o procedimento;

- Se os funcionários usam adequadamente os EPI;

- Se eles observam a reação dos pacientes durante o exame;

- Pós-procedimento

6) Como os funcionários observam a reação dos pacientes após o

procedimento;

7) Como os funcionários realizam a limpeza dos endoscópios;

8) Como os funcionários realizam a organização da sala para receber o

próximo paciente.

89

Apêndice 2. Roteiro de entrevista

IDENTIFICAÇÃO DO PARTICIPANTE

Nome:

Idade:

Sexo:

Estado civil:

Profissão:

Função:

Tempo de Formação:

Tempo de trabalho na instituição:

Tempo de atuação no setor de endoscopia:

Outro vínculo de trabalho:

QUESTÃO

Quais as suas ações enquanto participante da equipe de enfermagem no setor

de endoscopia na assistência ao usuário no pré, trans e pós-exame, que você

considera importante para a redução dos fatores de risco e melhoria da

qualidade da assistência?

90

Apêndice 3. Solicitação de autorização para realização de pesquisa no

setor de endoscopia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP)

Aos cuidados do Setor de Endoscopia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP). O setor localiza-se no 3º andar do prédio da emergência.

Venho através desta solicitar autorização para desenvolver o projeto de

pesquisa na reconhecida instituição com o título: TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO SETOR DE ENDOSCOPIA, que dará origem a uma dissertação de Mestrado Profissional do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC) da Universidade Federal Fluminense (UFF), no âmbito da linha de pesquisa O cuidado de enfermagem para os grupos humanos. A coleta de dados só terá início após autorização da Diretoria desta instituição e de seu Comitê de Ética em Pesquisa.

Esta pesquisa tem como objetivo geral produzir uma tecnologia operacional para o setor de endoscopia com a finalidade de subsidiar a reorganização da assistência de enfermagem, promovendo a redução dos fatores de risco na realização dos exames e a segurança do paciente e da equipe de enfermagem. A pesquisa apresenta risco moderado já que se pretende realizar entrevista semiestruturada e observação sistemática e, por isso, o profissional de enfermagem pode se sentir constrangido ou instável emocionalmente por ser questionado acerca do seu processo de trabalho no setor de endoscopia. Caso o profissional expresse tais condições, a pesquisa será suspensa imediatamente e a pesquisadora fará os devidos encaminhamentos, como acompanhamento psicológico, se possível.

A pesquisa terá como participantes todos os profissionais da equipe de enfermagem do setor de endoscopia do HUAP, que é composta por dois enfermeiros, oito técnicos de enfermagem e seis auxiliares de enfermagem, totalizando 16 profissionais, que atuam em escala de rodízio prestando assistência direta e indireta aos usuários. Serão excluídos os profissionais que se encontrarem em licença médica e em férias no momento da coleta de dados.

Certa de contar com o apoio de V.S.ª, coloco-me a disposição para os esclarecimentos que forem necessários.

Os participantes da pesquisa e comunidade em geral poderão entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do Hospital Universitário Antônio Pedro, para obter informações específicas sobre a aprovação deste projeto ou demais informações: E-mail: [email protected] / Tel: (21) 2629-9189

OBS: Anexo o Projeto de Dissertação

Atenciosamente,

___________________________________________ Aparecida Helena de Souza Enfermeira/Mestranda ________________________________________________ Profa. Dra. Selma Petra Chaves Sá Professora Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF

91

Apêndice 4. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Projeto: Tecnologia operacional visando à assistência de enfermagem no

setor de endoscopia

Pesquisador responsável: Aparecida Helena de Souza Telefone para contato: (21) 996015410, sob orientação da Professora Dra. Selma Petra Chaves Sá. Telefone para contato: (21) 2629-9619. Instituição: Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Telefone: (21) 2629-9414. Nome do voluntário: _______________________________________________ Idade: __________anos RG: ___________________________________ Responsável legal: __________________________________ R.G: _________

O Sr. (a) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO SETOR DE ENDOSCOPIA, de responsabilidade da pesquisadora Aparecida Helena de Souza, sob orientação da Dra. Selma Petra Chaves Sá.

O objetivo da pesquisa é produzir tecnologia operacional para o setor de endoscopia com a finalidade de subsidiar a reorganização da assistência de enfermagem, promovendo a redução dos fatores de risco na realização dos exames e a segurança do paciente e da equipe de enfermagem.

Sua participação é voluntária, não oferece riscos à continuidade do seu trabalho e se dará por meio de aplicação da entrevista semiestruturada contendo pergunta referentes às ações da equipe de enfermagem no setor de endoscopia.

Enfatizamos que, se depois de consentir sua participação o (a) Sr (a) desistir de continuar participando, tem o direito e a liberdade de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo. O (a) Sr (a) não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração. Os resultados da pesquisa serão analisados e publicados, mas sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo.

A pesquisa apresenta risco moderado já que se pretende realizar entrevista semiestruturada e observação sistemática e, por isso, o profissional de enfermagem pode se sentir constrangido ou instável emocionalmente por ser questionado acerca do seu processo de trabalho no setor de endoscopia. Caso o profissional expresse tais condições, a pesquisa será suspensa imediatamente e a pesquisadora fará os devidos encaminhamentos, como acompanhamento psicológico, se possível.

Os participantes da pesquisa poderão entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina / Hospital Universitário Antônio Pedro, para obter informações específicas sobre a aprovação deste projeto ou demais informações. E-mail: [email protected] Telefone: (21) 2629-9189 Eu, _________________________________________________________________, RG nº__________________, li e entendi todas as informações sobre este estudo e todas as minhas perguntas e/ou dúvidas foram respondidas a contento. Portanto consinto voluntariamente participar desta pesquisa.

Niterói, ______ de _____________________________ de _______ ____________________

Participante ____________________ Responsável por obter o

consentimento

____________________ Testemunha

92

Apêndice 5. Termo de compromisso

TERMO DE COMPROMISSO

Eu, Aparecida Helena de Souza, mestranda do Programa de Mestrado

Profissional em Enfermagem Assistencial, da Escola de Enfermagem Aurora de

Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense, CPF 72225017700,

comprometo-me, enquanto pesquisadora responsável, a cumprir com os

princípios éticos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde quanto à

preservação dos participantes da pesquisa, mantendo seu anonimato e

suspendendo a pesquisa, caso sejam identificados riscos potenciais ou

quaisquer danos aos sujeitos.

Niterói, ______ de _____________________________ de _______

__________________________________________________________

Aparecida Helena de Souza

93

Apêndice 6. Declaração de autorização para realização da pesquisa no

HUAP

DECLARAÇÃO

Eu, Endérson Hernandes Castilho, portador do SIAPE/UFF 306946, Diretor de

Enfermagem do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP), declaro para os

devidos fins, que Aparecida Helena de Souza, Enfermeira/Mestranda no

Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem Assistencial, da Escola de

Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense,

CPF 72225017700, está autorizada a coletar os dados de sua pesquisa de

Mestrado “TECNOLOGIA OPERACIONAL VISANDO À ASSISTÊNCIA DE

ENFERMAGEM NO SETOR DE ENDOSCOPIA”, à Rua Marquês do Paraná,

303, Centro, Niterói/RJ CEP 24033-900.

Niterói, ______ de _____________________________ de _______

________________________________________________

Nome do Diretor

94

Apêndice 7. Produto da dissertação: Tecnologia operacional

Universidade Federal Fluminense

Hospital Universitário Antônio Pedro

TECNOLOGIA OPERACIONAL: RECOMENDAÇÕES PARA AS AÇÕES DE

ENFERMAGEM NO EXAME DE ENDOSCOPIA

Aparecida Helena de Souza

Niterói

Março/2017

95

Elaborado como Produto da Dissertação de Mestrado Intitulado “Tecnologia

operacional: recomendações para as ações de enfermagem no exame de

endoscopia” do Mestrado Profissional Enfermagem Assistencial da Escola de

Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF. Março, 2017

Autora: Aparecida Helena de Souza

Orientadora: Profa. Dra. Selma Petra chaves

Examinadoras: Profa. Dra. Renata Jabour e Profa. Dra. Geilsa Soraia

Cavalcante Valente

96

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO 97

2 O QUE É ENDOSCOPIA? 98

3 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ENDOSCOPIA 100

4 ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA ENDOSCOPIA (TÉCNICOS DE ENFERMAGEM E AUXILIAR DE ENFERMAGEM) 101

5 SEGURANÇA DO PACIENTE NA REALIZAÇÃO DO EXAME DE ENDOSCOPIA 103

6 PRODUTOS DA PESQUISA 106

6.1 Recomendações para as ações da Equipe de Enfermagem no pré-exame de endoscopia digestiva alta 106

6.2 Recomendações para as ações da Equipe de Enfermagem no trans-exame de endoscopia 107

6.3 Recomendações para as ações da equipe de enfermagem no pós-exame de endoscopia 107

6.4 Limpeza e preparo do endoscópio 108

6.5 Preparo e arrumação da sala de exame 109

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 109

BIBLIOGRAFIA 111

97

1 APRESENTAÇÃO

A elaboração da pesquisa teve como foco as ações de enfermagem

realizadas durante os exames de endoscopia no Hospital Universitário Antônio

Pedro, da Universidade Federal Fluminense, e, como missão, apresentar um

cuidado de enfermagem de qualidade com intuito de prevenir complicações

consideradas evitáveis, promovendo a segurança do paciente nas fases pré,

trans e pós-exame de endoscopia.

Objetivou-se cooperar com a sistematização do processo de trabalho de

enfermagem deste setor, tendo como estratégia a elaboração de uma

tecnologia operacional que ofereça informações valiosas para o cuidado

pautado em conhecimento técnico cientifico e humanizado.

Trata-se de estudo de caso com abordagem qualitativa cujos

procedimentos adotados para a coleta de dados foram: a observação

sistemática direta do trabalho de enfermagem durante a realização do exame

de endoscopia e a entrevista semiestruturada com a equipe de enfermagem, a

partir da seguinte pergunta: “Quais as suas ações enquanto participante da

equipe de enfermagem no Setor de Endoscopia na assistência ao usuário

no pré, trans e pós-exame que você considera importante para redução

dos fatores de riscos e melhoria da qualidade da assistência?”.

Os questionamentos que nortearam esse trabalho foram:

▪ Em quais condições transcorre a assistência de enfermagem no pré,

trans e pós-exames no setor de endoscopia?

▪ Quais atividades são desenvolvidas pela equipe de enfermagem ao

usuário no setor de endoscopia?

A partir da descrição e da interpretação crítica reflexiva da pesquisa

realizada, elaborou-se uma tecnologia operacional em forma de banner e

portfólio impresso, com o intuito de contribuir para a reorganização do trabalho

de enfermagem, com as recomendações operacionais para antes, durante e

após a realização do exame de endoscopia, descrevendo-se a sequência do

processo assistencial do paciente.

Destaca-se a importância dessa ferramenta que será capaz de auxiliar a

promoção de boas práticas e a prevenção de eventos adversos no setor de

98

endoscopia, tendo-se a pretensão de que o produto dessa pesquisa possa

servir de base para consultas, uma vez que consiste em instrumento orientador

que apresenta momentos operacionais das ações de enfermagem articuladas à

segurança do paciente.

2 O QUE É ENDOSCOPIA?

Trata-se de procedimento dividido em dois tipos de intervenções:

endoscopia digestiva alta (EDA) e endoscopia digestiva baixa (EDB). A

primeira é realizada através da boca e serve para visualizar se há alguma

doença em nível de esôfago, estômago ou na primeira porção do duodeno,

intestino delgado. Ela também é usada para diagnósticos de gastrite, úlcera

péptica, esofagite, hérnia de hiato, câncer gástrico, varizes esofagianas, dentre

outros. A EDA também pode ser usada para fazer alguns procedimentos

cirúrgicos minimamente invasivos, como a papilotomia ou gastrostomia por via

endoscópica.

Trajeto utilizado pela EDA

Fonte: http://www.andrebacelar.com.br/img/endoscopia-1.jpg (2016).

A EDA é um procedimento bastante seguro, com baixo risco de

complicações para a maioria dos pacientes. A atual taxa de complicações é de

0,0002% nas endoscopias diagnósticas e 0,15% nas endoscopias em que uma

intervenção é realizada; o risco de perfuração do esôfago ou estômago é

menor que 0,03%.

Se os aparelhos forem rigorosamente esterilizados conforme

recomendam os protocolos propostos e regras acordadas entre organismos

99

internacionais, Ministério da Saúde (MS) e Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), não existe a possibilidade de se contrair doenças

infectocontagiosas como hepatite ou HIV após a realização da EDA. Tais

regras constam na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 06/2013,

caracterizada como a primeira norma específica para os serviços de

endoscopia, por tratar de forma especial os processos de limpeza e

desinfecção dos equipamentos, já que a falha nestas etapas incorre em maior

risco de contaminação para os pacientes. Anteriormente os serviços de saúde

que realizavam este procedimento seguiam as regras gerais, relacionadas ao

processamento de equipamentos e acessórios.

Segundo essas regras, os estabelecimentos deverão ter protocolos

internos para o processamento dos equipamentos após o uso, sendo que o

intervalo de atendimento dos pacientes deverá respeitar o tempo necessário

para a limpeza e desinfecção. Nesse novo texto, os serviços de endoscopia

estão separados em três categorias, de acordo com o tipo de sedação e

anestesia utilizadas. Para as categorias II e III, por exemplo, na sala de exame

é obrigatório um desfibrilador, tubo endotraqueal de várias numerações,

sondas de aspiração, dentre outros equipamentos. Isso porque os serviços

dessas categorias são os que utilizam algum tipo de sedação injetável. Já as

endoscopias de categoria I utilizam apenas anestesia tópica.

Consideram-se indicações para a realização da EDA a dor abdominal

alta persistente, dor abdominal alta associada a sinais e sintomas sugestivos

de doença orgânica séria, como anorexia e perda de peso; disfagia e

odinofagia; sintomas de refluxo gastroesofágico que persistem ou recorrem

apesar de terapêutica apropriada; vômitos persistentes de causa

desconhecida; sangramento gastrointestinal oculto; acompanhamento de

malignidade; biópsia de intestino delgado; e avaliação de lesão aguda após

ingesta de cáusticos.

As contraindicações para realização da EDA consideram o custo

benefício do procedimento, ou seja, quando os riscos à saúde e à vida do

paciente superam os benefícios do exame; a suspeita ou a evidência de

víscera perfurada; a presença de divertículo de Zenker; doença cardiopulmonar

100

descompensada; pacientes que apresentem coagulopatia (principalmente se

planejada biópsia ou procedimento terapêutico).

Decorrente do exposto, o enfermeiro, de modo geral, intermedia junto à

equipe de enfermagem a legislação vigente, de maneira a garantir a

continuidade da assistência, no melhor sentido de promover a segurança do

paciente e dos profissionais, além de favorecer o ensino e a pesquisa. Para tal,

necessário se faz conhecer o processo que deu início ao conceito mundial da

segurança do paciente e das boas práticas em saúde.

3 ATRIBUIÇÕES DO ENFERMEIRO NA ENDOSCOPIA

Considerando o Decreto n° 94.406, de 08 de junho de 1987 que

regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o

Exercício da Enfermagem, e dá outras providências:

Art. 8º – Ao enfermeiro incumbe:

I – Privativamente:

✓ Organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas

atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses

serviços;

✓ Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação

dos serviços da assistência de enfermagem; consulta de

enfermagem;

✓ Prescrição da assistência de enfermagem; cuidados diretos de

enfermagem a pacientes graves com risco de vida;

✓ Cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que

exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de

tomar decisões imediatas.

Cabe ainda ao enfermeiro

✓ Supervisionar e coordenar a equipe de enfermagem;

✓ Realizar consulta de enfermagem, que contemple a

Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em sua

integridade, proporcionando apoio emocional ao paciente (desde

a acolhida para a realização do exame até a alta);

101

✓ Identificar, controlar e reduzir as reações adversas e

intercorrências pós-realização de exames;

✓ Realizar reuniões sistemáticas para a discussão de problemas,

implementação de medidas preventivas para as reações

adversas, divulgação de indicadores de qualidade;

✓ Implementar protocolos operacionais padrão (POP) para a

execução de técnicas de enfermagem, tais como higienização das

mãos, reprocessamento de equipamentos videoendoscópios e

insumos relacionados, identificação de amostras de

anatomopatológicos coletados;

✓ Incentivar a participação da equipe de enfermagem em programas

oferecidos pela educação permanente na instituição, (palestras,

estudos em grupo, dinâmicas, vídeos);

✓ Coletar dados para a geração, interpretação e divulgação de

indicadores de qualidade, tais como índices e tipos de reações

adversas, número de exames realizados/mês, taxa de

faltas/cancelamentos;

✓ Trabalhar junto ao gerenciamento de risco do hospital;

✓ Atuar de junto ao Núcleo de Segurança ao Paciente.

II – como integrante da equipe de saúde:

✓ Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos

assistenciais de saúde; participação na elaboração de medidas de

prevenção e controle sistemático de danos que possam ser

causados aos pacientes durante a assistência de enfermagem;

✓ Participação nos programas de treinamento e aprimoramento de

pessoal de saúde, particularmente nos programas de educação

continuada.

4 ATRIBUIÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NA ENDOSCOPIA

(TÉCNICOS DE ENFERMAGEM E AUXILIAR DE ENFERMAGEM)

O técnico de enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível

médio técnico, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-lhe:

102

✓ Assistir ao enfermeiro na prestação de cuidados diretos de

enfermagem a pacientes em estado grave;

✓ Na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam

ser causados a pacientes durante a assistência de saúde;

✓ Executar atividades de assistência de enfermagem, excetuadas

as privativas do enfermeiro.

O auxiliar de enfermagem executa atividades auxiliares, de nível

médio, de natureza repetitiva, atribuídas à equipe de enfermagem, cabendo-

lhe:

✓ Preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;

✓ Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de

sua qualificação;

✓ O executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina,

além de outras atividades de enfermagem;

✓ Circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;

✓ Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua

segurança, inclusive;

✓ Zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de

dependência de unidades de saúde;

✓ As atividades relacionadas aos técnicos de enfermagem e

auxiliares de enfermagem somente poderão ser exercidas sob

supervisão, orientação e direção de enfermeiro.

103

FLUXO DE ATENDIMENTO NO SETOR DE ENDOSCOPIA DO HUAP

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

5 SEGURANÇA DO PACIENTE NA REALIZAÇÃO DO EXAME DE

ENDOSCOPIA

Nas unidades de endoscopia, a questão da segurança segue

prioritariamente as recomendações que dispõem sobre os requisitos de Boas

Práticas de Funcionamento para os Serviços de Endoscopia (BPFSE)1,4,17

como via de acesso ao organismo por orifícios exclusivamente naturais, que

englobam:

Solicitação do exame pelo médico

Solicitação de autorização do

exame na Central de Regulação

Exame autorizado é agendado

na secretaria da endoscopia.

Na secretaria da endoscopia: o exame é agendado, neste

momento são realizadas todas as orientações verbais e por escrito

sobre o preparo para a realização do exame.

VÉSPERA DO EXAME: Fazer refeições leves - É necessário jejum de 8h para alimentos

sólidos, e 6h para alimentos líquidos, antes do exame; - Jejum absoluto a partir das 00hs. -

Chegar 15 minutos antes do horário marcado. - Vir com acompanhante. - Trazer

documentos e o pedido autorizado.

No dia do exame o paciente ao chegar na secretaria da endoscopia

apresenta o pedido de exame e lá é confirmado o agendamento do exame

no sistema do HUAP (Nome, data e hora). É orientado a aguardar na

sala de espera da endoscopia

As ações de enfermagem no pré, trans e pós-exame estão descritas

nos quadros a seguir

A equipe de enfermagem, ciente da presença do paciente na sala de

espera, o recepciona, acolhe e o encaminha até a sala de exames.

Paciente

encaminhado para

a endoscopia

104

I - Acessório crítico ou produto para a saúde crítico: produto para a

saúde utilizado em procedimento invasivo com penetração de pele,

mucosas, espaços ou cavidades estéreis, tecidos subepiteliais e

sistema vascular;

II - Data limite de uso do produto esterilizado: prazo estabelecido

pelo serviço de endoscopia ou pelo serviço responsável pela

esterilização dos produtos, baseado em um plano de avaliação da

integridade das embalagens, fundamentado na resistência destas,

nos eventos relacionados ao seu manuseio (estocagem em gavetas,

empilhamento de pacotes, dobras das embalagens), na segurança

da selagem e na rotatividade do estoque armazenado;

III - Evento adverso: agravo à saúde ocasionado a um paciente ou

usuário em decorrência do uso de um produto submetido ao regime

de vigilância sanitária, tendo a sua utilização sido realizada nas

condições e parâmetros prescritos pelo fabricante;

IV - Intercorrência: é a ocorrência de um evento inesperado em um

procedimento médico, que não poderia ser em geral previsto ou

alertado ao paciente;

V - Limpeza: remoção de sujidades orgânicas e inorgânicas, com

redução da carga microbiana presente nos produtos para saúde,

utilizando-se água, detergentes, produtos e acessórios de limpeza,

por meio de ação mecânica (manual ou automatizada), atuando em

superfícies internas (lúmen) e externas, de forma a tornar o produto

seguro para manuseio e preparado para desinfecção ou

esterilização;

VI - Produtos para saúde semicríticos: produtos que entram em

contato com pele não íntegras ou mucosas íntegras colonizadas;

VII - Produtos para saúde não críticos: produtos que entram em

contato com pele íntegra ou não entram em contato com o paciente;

VIII - Pré-limpeza: remoção da sujidade presente nos produtos para

saúde utilizando-se, no mínimo, água e ação mecânica;

IX - Produto para saúde de conformação complexa: produtos para

saúde que possuam lúmen inferior a cinco milímetros com fundo

105

cego, espaços internos inacessíveis para a fricção direta,

reentrâncias ou válvulas;

X - Rastreabilidade: capacidade de traçar o histórico, a aplicação ou

a localização de um item por meio de informações previamente

registradas;

XI - Responsável técnico (RT): profissional de nível superior

legalmente habilitado que assume perante a vigilância sanitária a

responsabilidade técnica pelo serviço de saúde;

XII - Sedação consciente: nível de consciência obtido com o uso de

medicamentos, no qual o paciente responde ao comando verbal ou

responde ao estímulo verbal isolado ou acompanhado de estímulo

tátil;

XIII - Sedação profunda: depressão da consciência induzida por

medicamentos, na qual o paciente dificilmente é despertado por

comandos verbais, mas responde a estímulos dolorosos;

XIV - Serviço de endoscopia autônomo: serviço de endoscopia com

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e alvará sanitário

próprios, funcionando física e funcionalmente de forma

independente, podendo estar inserido em outro estabelecimento de

saúde;

XV - Serviço de endoscopia não autônomo: unidade funcional

pertencente a um estabelecimento de saúde; e

XVI - Serviços de endoscopia com via de acesso ao organismo por

orifícios exclusivamente naturais: serviços que realizam

procedimentos endoscópicos, diagnósticos e intervencionistas, com

utilização de equipamentos rígidos ou flexíveis, com via de acesso

ao organismo utilizando a cavidade oral, nasal, o conduto auditivo

externo, o ânus, a vagina e a uretra.

Os procedimentos acima se estendem a todos os serviços de saúde

públicos e privados, civis e militares, que realizam procedimentos

endoscópicos, diagnósticos e intervencionistas, com utilização de

equipamentos rígidos ou flexíveis, como via de acesso ao organismo.

106

Afora os procedimentos técnicos, outro ponto a ser considerado, nas

questões referentes à segurança do paciente, envolve a dinâmica operacional

do trabalho, motivo que nos leva a abordar o processo de trabalho na área da

enfermagem.

6 PRODUTOS DA PESQUISA

6.1 Recomendações para as ações da Equipe de Enfermagem no pré-

exame de endoscopia digestiva alta

1ª Ações de Enfermagem no pré-exame de endoscopia digestiva alta: acolhimento e

cuidados de enfermagem ao paciente e seu acompanhante, a partir de sua admissão

no setor de endoscopia até o seu preparo para o exame.

1 - Preparo do

ambiente para o

exame.

2 - Ações diretas com

o paciente

✓ A equipe de enfermagem chama o paciente e seu acompanhante para realizar o exame.

✓ A equipe de enfermagem confere a presença do acompanhante, se não estiver, o exame será remarcado.

✓ Verificar se está 8 horas de jejum, se não estiver, será remarcado o exame.

✓ Solicitar que o paciente faça a leitura, preencha e assine o termo de consentimento para realização do exame, se ele não tiver condições solicitará que o acompanhante faça.

✓ Os registros deverão ser preenchidos nos impressos próprios do hospital.

✓ Preparar a sala de exame ✓ Orientar o paciente sobre o exame a ser realizado e

perguntar se já fez o exame antes. ✓ Verificar se o paciente está com prótese ✓ Encaminhar o paciente até a sala de exames

conforme sua condição clínica (andando, de cadeiras de rodas ou maca), para evitar risco de quedas.

✓ Posicionar o paciente na maca ✓ Tranquilizar o paciente

107

6.2 Recomendações para as ações da Equipe de Enfermagem no trans-

exame de endoscopia

2ª Ações de enfermagem no trans-exame de EDA. Período que transcorre o exame

de EDA: com o paciente já preparado pela equipe de enfermagem para ser submetido

à endoscopia. Serão descritos os cuidados de enfermagem e procedimentos

realizados até o final do exame

1 - Observações diretas

ao paciente

2 - Ajuda durante o

procedimento

3 - Uso de EPI

✓ Verificar se a sala está equipada ✓ Verificar sinais vitais ✓ Instalar monitorização cardíaca ✓ Observar qualquer intercorrência com o paciente ✓ Ajudar o paciente a se virar na maca/Manter a

segurança do paciente. ✓ Observar a monitorização/auxiliar durante o

procedimento de biópsia. ✓ Puncionar acesso venoso verificando

permeabilidade/administrar medicação corretamente.

✓ Após o exame encaminhar o paciente em maca ou cadeira para junto do acompanhante.

✓ Não falar alto na sala/manter o ambiente arejado, limpo, calmo.

✓ Usar luvas e máscara

6.3 Recomendações para as ações da equipe de enfermagem no pós-

exame de endoscopia

3ª Ações de enfermagem no pós-exame de EDA: nesta fase temos os cuidados

dispensados na recuperação do paciente pós-exame até a alta do serviço

endoscópico com o seu acompanhante, inclui-se também a limpeza e desinfecção

dos equipamentos.

1 - Cuidados com o paciente e familiar

2 - Cuidados com o ambiente

✓ Retirar paciente da sala com segurança (cadeira de rodas ou maca)

✓ Orientar o paciente e o familiar quanto ao que comer após exame e esperar laudo

✓ Verificar nível de consciência do paciente

✓ Liberar paciente para alta ✓ Entregar laudo do exame,

preparo da sala, material e aparelho

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6.4 Limpeza e preparo do endoscópio

Outro fator que envolve a equipe de enfermagem e suas ações é a

manutenção e esterilização do endoscópio, esse fator mostra-se relevante em

qualquer fase do atendimento no setor de exames por imagens em razão do

aumento de certas doenças infecciosas. O cumprimento das normas de

assepsia devem ser realizadas pela equipe de enfermagem.

Os endoscópios digestivos flexíveis são aparelhos caros e frágeis que

necessitam de manutenção rigorosa e desinfecção específica. Estes aparelhos

não podem ser esterilizados pelos métodos clássicos. Atualmente todos os

aparelhos são imersíveis em água e permitem um tratamento adequado de

desinfecção.

O processo indicado é a esterilização, se possível. Caso não seja, a

desinfecção de alto-nível é necessária. Os endoscópios são termossensíveis,

não podem ser esterilizados em autoclave, sendo recomendada a esterilização

em óxido de etileno, mas seu processo é inviável considerando a demanda do

setor e o tempo de ausência do aparelho no serviço de endoscopia, já que

esse processo leva, em média, 72 horas.

A limpeza consiste na remoção de sujidades visíveis e detritos dos

artigos, realizada com água adicionada de sabão ou detergente, de forma

manual ou automatizada, por ação mecânica, com consequente redução de

carga microbiana.

A desinfecção é o processo físico ou químico que elimina a maioria dos

microrganismos patogênicos de objetos inanimados e superfícies e deve ser

realizada antes e após cada exame. A prática de desinfecção antes do primeiro

exame ainda é indicada, mas já vem sendo questionada em diferentes países.

Verificou-se que a partir da evolução tecnológica – que contribui com

equipamentos delicados, a equipe de enfermagem precisou reavaliar as

práticas em esterilização, para além da qualidade dos cuidados, por

desconhecimento técnico, para não vir a danificar o aparelho de endoscopia. O

POP para limpeza do endoscópio encontra-se disponível no setor, em caso de

necessidade de consulta.

109

6.5 Preparo e arrumação da sala de exame

Na área de endoscopia, após ser realizado o último exame, o

profissional deverá proceder com a limpeza e organização da sala da seguinte

forma:

✓ Proceder a limpeza e desinfecção de materiais (bocal,

endoscópio, pinça)

✓ Descartar sobras de medicações em recipiente próprio.

✓ Proceder à limpeza da torre de endoscopia com álcool 70%.

✓ Repor materiais como: seringa, agulha, gaze, acessórios, cateter

de oxigênio, umidificador e outros.

✓ Retirar vidro de aspiração e encaminhar até a sala de limpeza de

materiais, repondo frasco limpo.

✓ Trocar borrachas de aspiração do sistema à vácuo.

✓ Fazer a pré-limpeza imediata do endoscópio com gaze e

aspiração de solução enzimática.

✓ Encaminhar os frascos de biópsia ou outros exames devidamente

identificados ao serviço de patologia protocolado.

✓ Transportar o tubo endoscópico para área de limpeza e

desinfecção de materiais em caixas plásticas apropriadas

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tecnologia operacional vai além de um simples produto ou um

procedimento técnico. Assim como outros pesquisadores, entendemos esta

tecnologia como o resultado de processos concretizados a partir da experiência

cotidiana e da pesquisa, cooperando para o aumento de conhecimentos

científicos na construção de produtos materiais, ou não, com a finalidade de

provocar intervenções sobre uma determinada situação prática, ou seja, em

uma determinada realidade.

A tecnologia operacional elaborada em forma de manual tem como

proposta ser um guia para a equipe de enfermagem e os outros profissionais

da equipe multiprofissional. Tem a forma de portfólio, não sendo, desta forma,

fácil de ser descartado, ficando, assim, guardado no setor para ser consultado

e compartilhado sempre que for necessário. Este material será distribuído

110

gratuitamente, cooperando com o processo de educação em saúde e

disseminação do conhecimento.

Nesse sentido, esta tecnologia operacional foi elaborada a partir do

conhecimento prévio da equipe de enfermagem identificado na observação não

participante e nas entrevistas realizadas com a equipe de enfermagem.

111

BIBLIOGRAFIA

Cezaretti IUR et al. Estudos preliminares do conhecimento do paciente a respeito de esôfago-gastroduodenoscopia como base para orientação de enfermagem. Acta Paul 1988;1(2):42-7.

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Ministério da Saúde (BR). Acolhimento e classificação de risco nos serviços de urgência. Brasília: Ministério da Saúde; 2009.

Ministério da Saúde (BR). Cartilha Humaniza SUS. Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. Brasília: MS; 2004.

Ministério da Saúde (BR). Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Vol. 1. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2010. Ministério de Saúde (BR). Portaria nº 529, de 01 de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2013. SelhorstI ISB, Bub MBC, Girondi JBR. Protocolo de acolhimento e atenção para usuários submetidos a endoscopia digestiva alta e seus acompanhantes. Rev Bras Enferm 2014;67(4):575-80

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Teixeira E, Mota VMSS. Tecnologias educacionais em foco. São Caetano do Sul: Difusão; 2011.

112

ANEXOS

Anexo 1. Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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