Tecnologia ou Metodologia? O grande desafio para o século XXI

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

    Pirozzi/SESI/CEUNSP

    Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013Página 1

    Tecnologia ou Metodologia?

    O grande desafio para o século XXI

    PIROZZI, Giani Peres1

     RESUMOO presente artigo tem como premissa explanar sobre o conceito de tecnologia, bem comoressaltar as diferentes tecnologias que cercam o ambiente escolar, sejam elas físicas,organizadoras e simbólicas. Além disso, por meio de uma pesquisa teórico-bibliográfica esseartigo tem como objetivo central compreender a evolução dos nativos e dos imigrantes digitaisna sociedade, além de expor diferentes recursos que o professor pode se utilizar na sua práticaeducativa, tendo como cerne que mais importante do que toda e qualquer tecnologia é o usoque se faz da mesma, ou seja, a didática que o professor tem para utilizar essas ferramentas, afim de otimizar o aprendizado dos alunos.

    Palavras-chave: tecnologia – didática – metodologia

     ABSTRACTThis articleis premisedon the concept ofexplainingtechnologyandhighlightthe differenttechnologiesthat surround theschool environment, whether physical, symbolicandorganizers. Additionally, through atheoretical andresearchliteraturethispaper aimsat understandingtheevolution ofdigitalnativesand immigrantsin society, besides exposingdifferentresourcesthatteacherscanuse in theireducational practice, with the coremoreimportant thananytechnology istheuse madeof it,ie, the teachingthat the teacher hasto usethese toolsin order tooptimizestudentlearning.

    keywords: technology-training-methodology

    Tecnologia ou Metodologia?

    O grande desafio para o século XXI

    “Meus filhos terão computadores, sim, mas antesterão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos

    filhos serão incapazes de escrever – 

    inclusive a sua própria história”.Bill Gates

    O grande desafio para os profissionais da educação no século XXI está

    na utilização da tecnologia no cotidiano da sala de aula, com o intuito de

    aprimorar a prática docente e otimizar o processo de ensino e aprendizagem

    1Giani Peres Pirozzi – Pedagoga formada pela UNICAMP, pós-graduada em Educação Física,Esporte e Lazer (UNICAMP) e pós-graduada em Educação Infantil e em Psicopedagogia.Contadora de Histórias. Coordenadora Pedagógica do SESI  –  Itu e professora universitária -CEUNSP.

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    Pirozzi/SESI/CEUNSP

    Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013Página 2

    dos alunos. Contudo, sendo um desafio, torna-se relevante lembrar que é algo

    difícil, porém possível de acontecer no âmbito escolar.

    Perrenoud (2000) nos traz que as inovações tecnológicas estão cada

    vez mais presentes e com mais intensidade em todos os âmbitos da sociedadee a escola não pode ficar alheia a essas mudanças. Faz-se mister incorporar

    no cotidiano escolar as modernizações, as inovações e o que se tem de mais

    atual no mundo contemporâneo. Hoje, mais do que nunca, o profissional do

    futuro necessita ter a competência de saber utilizar as novas tecnologias em

    seu favor.

    Desafiador, instigante, conflitante, inovador... Talvez sejam estas as

    definições sobre o que pensa o educador ao fazer uso das novas T.I.C.s

    (Tecnologias da Informação e da Comunicação) na Educação.

    Como diria o educador norte-americano Marc Prensky, o mundo de hoje

    conta com dois tipos de pessoas: os nativos digitais e os imigrantes digitais. Os

    nativos são a “nova geração” que já nasceram num ambiente cercado de

    tecnologia, podendo ser compreendida como uma geração que nasceu

    “apertando botões e clicando”. Já os chamados imigrantes digitais são

    compostos por pessoas que não nasceram na era digital, mas precisam

    incorporar as novas tecnologias e fazer uso delas em seu dia-a-dia.

    Pode-se dizer que grande parte dos professores do século XXI são

    imigrantes digitais que estão aprendendo a utilizar as novas tecnologias com o

    objetivo do aprimoramento da prática pedagógica. E os alunos, claro, são

    nativos digitais, em grande parte, dominam a tecnologia dos controles-remoto,

    dos I-pods, do celular, bluetooth, do msn, Orkut, facebook , twitter , entre outros,

    dando um show de habilidade e agilidade no domínio das T.I.C.s.

    E o que fazer para eliminar ou amenizar a distância entre esses nativos

    e esses imigrantes digitais? Quais os problemas que podemos enfrentar em

    educação relacionada com essa divergência de conhecimento? É possível tirar

    proveito dessa situação no ambiente escolar? Em que está pautada a

    Educação no século XXI? Esses são alguns questionamentos que podem tirar

    o sono de muitos educadores preocupados em oferecer o que há de melhor

    para seus alunos.

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013Página 3

    Todavia, a questão central está em questionar o que é tecnologia? E a

    resposta é bem simples: tudo é tecnologia. Tudo aquilo que serve para auxiliar

    o ser humano em seu trabalho e em sua vida faz parte da tecnologia. Na

    educação temos algumas tecnologias que permeiam o trabalho pedagógicocomo: o livro, a lápis, o giz, a lousa, o retroprojetor, o projetor de slides, as

    enciclopédias... Numa evolução e numa perspectiva mais recente: os

    computadores, e-books, as esferográficas, a lousa digital, o notebook,  os

    projetores multimídia, os sites da internet, etc...

     Antes de considerar o conceito de tecnologia, faz-se necessário

    dissociar: técnica de tecnologia. Segundo Zawislak apud Perini (2009): "técnica

    é a ação ou conjunto de procedimentos e de objetos que constituem uma

    atividade, não incluindo, porém, o estudo das razões de funcionamento da

    suposta ação". Nesta mesma perspectiva tem-se Freitas apud Perini (2009)

    que menciona que: "tecnologia é a técnica evoluída, fruto de ideias surgidas no

    passado e que ao longo dos anos foram modificadas, atualizadas e

    aprimoradas".

    Nesta visão tem-se que tecnologia é a técnica mais aprimorada,

    envolvendo um conjunto organizado de conhecimentos que visem a facilitação

    e o uso de incrementos na vida do ser humano.

    Pode-se dizer que tudo que está a nossa volta é tecnologia. Num sentido

    mais amplo (BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006) conceituam a tecnologia como

    "um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que

    se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando, melhorando,

    aprimorando os "produtos" oriundos do processo de interação dos seres

    humanos com a natureza e destes entre si."

    Segundo (SANCHO apud BRITO, PURIFICAÇÃO, 2006, p.19). Pode-se

    classificar a tecnologia em três tipos: Físicas, Organizadoras e Simbólicas.

    Com esta classificação, entende-se que as tecnologias físicas são os

    instrumentos materiais utilizados diariamente, como por exemplo: uma caneta,

    um livro, um telefone, um computador, o quadro-negro, o satélite... Assim,

    considera-se que todo objeto é uma tecnologia física utilizada cotidianamente

    com o intuito de aprimoramento, sendo um recurso prático aos seus usuários.

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     As tecnologias simbólicas, por sua vez, compreendem toda linguagem

    humana, como por exemplo: os signos e símbolos, a linguagem, a escrita, a

    representação icônica, vocabulário... Também com o objetivo de

    aperfeiçoamento da comunicação humana.E as tecnologias organizadorassão aquelas que compreendem os

    modos de como nos relacionamos com o mundo, sempre buscando agilidade e

    rapidez nos processos.

    Diante desse prisma, tudo que está ao nosso alcance envolve a

    tecnologia. Desde a nossa fala até os últimos aparatos tecnológicos. Assim,

    com o intuito de resgatar o histórico das tecnologias, constatou-se que a

    tecnologia é tão antiga quanto ao próprio homem, ou seja, desde que a

    antiguidade, quando os primeiros hominídeos já se utilizam de uma pedra para

    caçar, para cortar... ele já estava fazendo uso da tecnologia, pois aprimorava a

    técnica e facilitava o seu trabalho, trazendo-lhe melhorias.

     Assim, pode-se observar que a tecnologia, muitas vezes, acaba sendo

    confundida com a “informática”  o que vem a ser um equívoco, sendo esse

    pensamento reforçado por muitos professores.

    Uma grande inquietação dessa pesquisa consiste em questionar como a

    tecnologia pode estar presente no âmbito educacional auxiliando o trabalho

    pedagógico de toda equipe escolar.

    Desse modo, ao buscarmos na história as primeiras salas de aulas, por

    mais simples e arcaicas que fossem já eram dotadas de tecnologia. Quando se

    fala em educação, mais especificamente a escola, muitas vezes, tem-se ainda

    a imagem de uma sala de aula com um quadro-negro, uma mesa para o

    professor e várias carteiras para os alunos, dispostas em fileiras. Algumas

    escolas, mais tradicionais, ainda adotam um tablado elevado no qual o

    professor (detentor do conhecimento) fica sobre este e ensina / transmite

    conhecimento a seus alunos. Infelizmente, essa imagem é bem comum ainda

    no século XXI. Pode ser que o tablado tenha desaparecido (embora em

    algumas escolas ainda predomine seu uso), mas no geral, muitas vezes, ainda

    encontramos um professor, a lousa e o giz e os alunos em filas.

    Por mais que tenhamos sido abarrotados com tanto aparato tecnológico

    (aparelhos multimídia, celulares, computadores, i-pods, i-pads, notebooks,

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    lousa digital, pen-drive, retroprojetor, projetor de slides, entre outros), ainda há

    pouca inovação na sala de aula. O professor, mantém sua didática e acaba

    fazendo uso em sua aula do velho giz e lousa e da sua própria sala.

     A tarefa do professor diante dessas grandes mudanças não é nada fácil.Sendo um imigrante digital sofre aos buscar novas formas para dar aquela aula

    que já conhece, já domina o conteúdo, mas precisa inovar em suas estratégias.

    Por que precisa inovar? Por que, os professores do mundo moderno

    concorrem, deslealmente, com a televisão, com os DVDs, com o cinema 3D,

    com os programas de computadores, com a internet,  com os chats, MSN,

    redes sociais... e necessitam compreender as classificações dessa tecnologia

    para melhorar sua prática educativa.

    Reforçando esse pensamento tem-se Tiba (2006) que:

     Atualmente o professor não é a única fonte de aprendizagem.(...) O professor deixou de ser o responsável único e exclusivode informações, porque os alunos estão conectados atelevisão, canais a cabo, internet, multimídia. Aos poucos jovens que ainda não estão globalizados, falta maisoportunidade do que desejo [pelo aprender]. (TIBA, 2006, p.28).

    O professor, numa perspectiva de pesquisador, é o profissional que

    como exemplo para seus alunos, não pode deixar de estudar, se aprimorar e

    conhecer e dominar as novas tecnologias, objetivando tornar suas aulas mais

    atrativas e motivadoras, resgatando a atenção dos alunos e fazendo com que

    os mesmos se interessem pelo conteúdo de sua matéria.

    Numa perspectiva dialógica, o professor ensina e aprende e o aluno

    também aprende e ensina. Hoje, mais do que ter acesso à informação é

    preciso selecionar a informação que deseja, transformá-la em conhecimento e

    aplicá-la no cotidiano de modo a tomar decisões e agir com propriedade.

    Sendo assim, o professor necessita estar atualizado sempre e ter a humildade

    de dizer quando não sabe e também estar à disposição para uma busca

    constante. Com esta postura esse profissional reforçaria o que Tiba (op.cit.)

    retrata: “O professor estaria passando (ensinando) ao aluno o prazer de

    aprender – com o professor aprendendo  – e o prazer de ensinar – com o aluno

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    Se a forma de aprender mudou, com certeza o perfil do aluno também

    se modificou. Os alunos não esperam mais do professor. Como diria Augusto

    Cury2, temos cada vez mais alunos com a denominada SPA  – Síndrome do

    Pensamento Acelerado, que fazem várias coisas ao mesmo tempo e queapresentam dificuldade de se concentrar num único aspecto. E aí surge mais

    um desafio para o professor, profissional polivalente, que deve encarar seu

    trabalho como algo em constante processo de mudança, antenado às

    novidades, primando pela máxima do “aprender a aprender”, para poder

    ensinar mais e melhor.

    Carece ao professor levar em conta a realidade da escola onde se dá

    aula. Muitas vezes, não é o profissional que não quer inovar, mas as condições

    de trabalho que lhe são oferecidas não possibilitam que o mesmo apresente

    mudanças.

    O que se pretende esclarecer é que, como já foi abordado, tudo é

    tecnologia, desde uma simples folha de papel, um jogo, uma calculadora,

    enfim, todos são recursos que possibilitam a viabilização de um trabalho de

    mais qualidade, inovando e primando por uma aprendizagem significativa, ou

    seja, aprendizagem que o aluno apreenda o que está sendo desenvolvido e

    saiba fazer uso em seu cotidiano.

    Muitas vezes, o professor fica preocupado em inovar, em seus aparelhos

    e recursos tecnológicos e, apresentando muitas dificuldades, ocorre um efeito

    contrário. A aula que seria muito boa, sem a utilização de tais recursos, acaba

    por se tornar não muito proveitosa em virtude de não se saber explorar o que a

    tecnologia pode oferecer.

    Outras vezes, a escola dispõe de diferentes recursos que acabam por

    ocupar espaços em armários, ficando empoeirados, não sendo utilizados pelo

    corpo docente, ou por falta de conhecimento do recurso, ou pelo simples medo

    de danificar o aparelho.

     Ao professor, cabe, como diria o educador francês Freinet fazer uso da

    “Pedagogia do Bom-senso”, não fazendo apologia às tecnologias, mas também

    2  Cury, em sua obra: “Pais brilhantes, professores fascinantes”, descreve esse fenômeno

    conhecido com SPA  –  Síndrome do Pensamento Acelerado, como sendo um mal da nossaépoca.

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    reconhecendo que a simplicidade, bem desenvolvida, pode trazer frutos muito

    proveitosos para o andamento escolar dos alunos.

    O ensino precisa ser modificado. Para isso, faz-se necessário discernir

    duas palavras que, corriqueiramente, são utilizadas como sinônimos, mas queenvolvem conceitos e implicações de grande diferenciação: INFORMAÇÃO x

    CONHECIMENTO.

    Na escola, mais especificamente, em sala de aula trabalha-se com

    dados, informações, conhecimentos... Entretanto, alguns autores esmiúçam

    tais itens, retratando que os dados são registros, fatos, soltos que estão

    aleatoriamente dispostos em nosso meio. Para Côrtes (2008) apud Perini

    (2009): “A informação é gerada quando os dados passam por algum tipo de

    relacionamento, avaliação, interpretação e organização”. Isto é a informação  

    que é composta por um conjunto de dados, organizados entre si, que passam a

    dar sentido / significado diante da compreensão de fatos.

     Assim, a escola de ontem, tinha na função do professor, o foco de

    transmissor do conhecimento, isto é, indo além da informação. Rememorando

    Côrtes (op.cit.) o conhecimento é mais amplo. O autor faz a seguinte analogia:

    “... o dado é um tijolo, a informação é uma parede construída por vários tijolos e

    o conhecimento é um cômodo construído a partir da organização e correto

    relacionamento de várias paredes”. O professor que transmite conhecimento é

    aquele que trabalha com informações organizadas e que permite utilizá-las de

    modo significativo no cotidiano por meio de uma aprendizagem.

     A escola, tendo como essência o trabalho com conhecimento, avança

    também. No século XXI a transmissão do conhecimento já não dá mais conta

    do trabalho escolar. O professor necessita propor a construção do

    conhecimento em que o aluno é co-autor do processo educativo, ou seja, a

    aprendizagem torna-se interativa e o aluno também constrói conhecimento com

    as intervenções de seus professores.

    Nesse prisma os recursos tecnológicos são essenciais para que a aula

    dos professores possa ser atualizada. O professor (transmissor de

    conhecimento) fazia uso da lousa e do giz e os alunos em filas, absorviam toda

    informação/conhecimento do professor. Essa metodologia está ficando

    defasada, pois por mais recursos que os alunos se deparam fora da escola, o

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    educando acaba concebendo a sala de aula como um local antiquado, sem

    atrativos, e não consegue mais ficar passivo.

    Diante da mudança de perfil de aluno (que como já foi dito, não é mais

    passivo, mas que necessita ser ativo no processo educativo), o professornecessita atualizar sua aula. O papel do professor deixa de ser transmissor

    para ser co-construtor de conhecimento junto com seus alunos. As tecnologias,

    entretanto, amparam a sociedade do conhecimento, dinamizando a aula e

    modificando a dinâmica escolar. O professor, buscando inovar, pode fazer uso

    do computador (informática), dos recursos multimídia (datashow ), do rádio, da

    TV, utilizar fragmentos de filmes de DVD, retroprojetor, livros variados etc,

    sempre com o intuito de enfatizar que a aula produz conhecimento, ou seja,

    organiza os dados, atraindo os alunos, e proporcionando aos mesmos a

    utilização destes na vida.

     Assim, tornado a aprendizagem mais significativa, isto é, utilizando-a

    além dos muros escolares, o professor pretende corroborar como que foi

    pretendido por Côrtes numa pirâmide da hierarquia da informação. O trabalho

    da escola deve ir além do trabalho com dados, informação e conhecimento. A

    escola deve trabalhar com mais dois degraus da pirâmide que é a inteligência,

    visando à sabedoria. A sociedade atual não necessita somente de pessoas

    modernizadas que saibam apertar botões. A demanda maior está em formar

    cidadãos que aprendam significativamente, ou seja, que saibam fazer uso no

    dia a dia dos conhecimentos aprendidos em sala de aula.

    Para Libâneo (1994):

     A aprendizagem escolar é, assim, um processo de assimilaçãode determinados conhecimentos e modos de ação física emental, organizados e orientados no processo de ensino. Os

    resultados da aprendizagem se manifestam e modificações naatividade externa e interna do sujeito, nas suas relações com oambiente físico e social.

    Vale ressaltar que Libâneo especifica que a aprendizagem só acontece

    de fato quando há uma assimilação ativa ou uma apropriação de

    conhecimentos e demais habilidades.

     A discussão inicial entre Informação x Conhecimento de nada cabe se

    não for levado em conta o objetivo primordial que é a aprendizagem. Por mais

    recursos tecnológicos a escola disponha, por mais inovações o professor

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    procure fazer uso, tudo deve culminar na aprendizagem do educando. Assim, a

    tecnologia, vem a ser, como em sua essência, somente um aparato que facilite

    a aprendizagem na escola, tendo em vista o que propôs Libâneo no processo

    de assimilação ativa:

    O processo de assimilação ativa é um dos conceitosfundamentais da teoria da instrução e do ensino. Permite-nosentender que o ato de aprender é um ato de conhecimento peloqual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relaçõesdo mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo dasmatérias de ensino. Nesse sentido, podemos dizer que aaprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito e osobjetos de conhecimento. (LIBÂNEO, 1994, P. 83).

    Não se pretende com este artigo sobrecarregar o papel do professor,

    nem retratar que o profissional da educação deva jogar fora tudo aquilo que

    aprendeu e que domina e se engajar nos artefatos tecnológicos e dominar com

    propriedade a informática. Ao profissional cabe, antes de jogar fora a velha

    “camiseta surrada”, precisa de uma nova camiseta, que seja confortável e que

    seja agradável, mas com um layout moderno. Isto significa que antes de

    abraçar novos métodos, novas tecnologias, o professor também precisa de um

    tempo para incorporar as mudanças, para digerir o número excessivo deinformações para só então, refletindo sobre sua prática, inovar buscando a

    atenção do aluno, tornando suas aulas mais atrativas e, sobretudo, que haja

    aprendizagem significativa.

    Como diria Moran (2007):

     As tecnologias são meio, apoio, mas com o avanço das redes,da comunicação em tempo real e dos portais de pesquisa,

    transformaram-se em instrumentos fundamentais para amudança na educação. Há uma primeira etapa, que é adefinição de quais tecnologias são adequadas para o projetode cada instituição. Depois, vem a aquisição delas. (...) Emseguida, vem o domínio técnico-pedagógico, saber usar cadaferramenta como ponto de vista gerencial e didático, isto é, namelhoria de processos administrativos e financeiros e noprocesso de ensino e aprendizagem.

     Antes de qualquer coisa, torna-se necessário levar em conta a realidade

    da escola onde se dá aula. Muitas vezes, não é o profissional que não quer

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    inovar, mas as condições de trabalho que lhe são oferecidas não possibilitam

    que o mesmo apresente mudanças.

    Conforme expõe Silva e Vizim (2003):

     As tecnologias remontam a tempos primitivos no campoeducacional, muito embora não reconheçamos, por força daidéia de “novas” tecnologias, um velho “quadro-negro” comouma ferramenta tecnológica, ou mesmo um pedaço de giz,mas podemos dizer que os homens continuam recriandoaparelhos, ferramentas, técnicas e tecnologias instrumentais,aperfeiçoando o que chamamos de tecnologias simbólicas,como a linguagem, a escrita, as representações simbólicas eicônicas, e muito mais. (SILVA; VIZIM, 2003 p. 203).

    O que acontece frequentemente no ramo educacional é a confusão entre

    tecnologia e informática. O professor, em grande parte das vezes, associa o

    uso da tecnologia como atrelado ao mundo da informática e as questões

    digitais, esquecendo, ou melhor, não distinguindo que todo instrumento a

    serviço da melhoria da qualidade dos serviços e do aprimoramento da ação

    humana é considerado uma tecnologia.

    DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DO PROFESSOR

    O professor pode fazer uso de diferentes tecnologias para inovar em

    sala de aula, além de contar com diferentes tecnologias que facilitem o seu

    trabalho, bem como possibilite uma maior acessibilidade do aluno com

    necessidades educativas especiais. Existe uma infinidade de recursos à

    disposição do professor, alguns deles serão expostos a seguir:

    Usar um DVD ou um Vídeo  – com propósito educativo  – preparando a

    turma para essa atividade, discutindo, analisando, explorando diferentes

    habilidades e competências como (analisar, criticar, interpretar, aplicar...)

    evitando, assim, como diria Moran (2007), a banalização do vídeo, ou seja, o

    vídeo pelo vídeo ou o vídeo como tapa-buraco, sem finalidade pedagógica e

    também o encantamento pelo vídeo, utilizando vídeos para substituir a

    explicação do professor e a interação com seus alunos por meio da discussão.

    Dessa forma, o recurso ao invés de auxiliar, acaba por comprometer a vivência

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    e deixa de ser produtivo, sendo encarado pelos alunos como um mero

    passatempo.

    Utilização de Projetores Multimídia, conhecidos como datashow , que

    reproduzem o que o computador traz na tela. Um recurso interessante,queconta com aparato visual e auditivo, pode muito bem ser explorado pelo

    professor, fornecendo informações, diferentes gêneros textuais, apresentações

    de diferentes assuntos elaboradas em PowerPoint, elaboração de Quiz  3  – jogo

    de perguntas e respostas (virtuais), isto é, realizados no computador que

    poderá ser um elemento mobilizador da aprendizagem para os alunos. Caso a

    escola não possua tal recurso, o professor precisa ser criativo, podendo

    explorar recursos que a escola disponibiliza como um projetor de slides, um

    retroprojetor, um rádio, etc.

    O Retroprojetor como o próprio nome já diz projeta na lousa ou na

    própria parede as transparências elaboradas pelo professor (o professor pode

    scannear  um livro e lê-lo para os alunos, projetando as ilustrações na tela; O

    professor pode contar histórias utilizando esse recurso; Pode trabalhar com

    aspectos matemáticos, mostrando na tela operações no concreto com material

    dourado, por exemplo; Pode também utilizar a mesma a apresentação feita em

    PowerPoint   e imprimir em transparências e apresentar para a turma; Além

    disso, pode também fazer um teatrinho de sombras; Enfim o que não falta são

    maneiras inusitadas de se utilizar o mesmo recurso em classe).

    Se a escola possui um Laboratório de Informática  ou uma sala com

    alguns computadores pode-se explorar esse recurso ensinando o aluno a

    pesquisar online. Oferecer diferentes bases de dados e sites interessantes que

    tenham credibilidade científica, explorando a leitura por meio dos diferentes

    hiperlinks  apresentados nestes sites. Além de enfatizar o uso consciente do

    computador (Internet ) para a pesquisa, diferenciando a pesquisa da cópia ou

    pescópia (cópia da Internet ), sem reflexão e também abolindo e alertando

    sobre o plágio que é, antes de tudo, um crime moral.

     A tecnologia está a disposição de todos, contudo o mais importante, é

    saber fazer uso dessa tecnologia para o bem da Educação. Além disso, os

    Computadores  podem ser utilizados em matemática com tabelas, gráficos,

    3 Expressão de origem norte-americana que implica num jogo de perguntas e respostas.

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

    Pirozzi/SESI/CEUNSP

    Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013Página 13

    porcentagem... como editor de textos, em arte, enfim, tudo vai de “como” se

    pensa essa tecnologia e como a explora.

     Ainda utilizando os computadores contando com o apoio ou suporte

    pedagógico, as WebQuests são uma forma inteligente de instigar à pesquisano universo escolar. Bernie Dodge4, em 1995, foi o criador do conceito de

    WebQuest. Conforme o exposto pelo Portal Educared, a WebQuest é uma

    proposta metodológica para usar a Internet de modo criativo. Desse modo, o

    Portal Educared traz que:

     A WebQuest é uma atividade didática para os ensinos Fundamental,Médio e Superior para incluir nas aulas a Internet, em especial abusca de informação na Rede. Pode desenvolver o pensamento

    reflexivo e crítico dos alunos, como também estimular a suacriatividade. (EDUCARED, 2006).

    Em se tratando de pesquisa, a premissa de Dodge era que “o principal

    objetivo da WebQuest é desenvolver a pesquisa dos alunos em sites  da

    Internet com critérios e perguntas especificadas pelos professores”. 

     A pesquisa, na perspectiva desse autor, assume um caráter

    construtivista, pautado em alguns passos essenciais como: introdução

    (indicação da pesquisa); tarefa (problemática da pesquisa); processo (passosnecessários para a realização da tarefa); recursos ( links e dispositivos que

    podem direcionar o aluno a selecionar as informações necessárias para o

    cumprimento da tarefa); avaliação e conclusão (demonstrando como esse

    trabalho pode ser avaliado e melhor direcionado, bem como é um espaço de

    reflexão sobre o processo de pesquisa da WebQuest). Assim, a ferramenta

    “computador” pode ser utilizada para contribuir de modo eficiente na realização

    de uma pesquisa em sala de aula, indo além da pescópia. Para tal, aWebQuest é uma forma de gerenciar a pesquisa do aluno. Parafraseando um

    ditado popular: “Não é dar o peixe, mas ensinar a pescar”. A orientação

    implícita nas WebQuests facilitam o uso de fontes seguras, bem como

    direcionam o “saber -fazer”, isto é, aplicar em situações concretas as

    informações disponíveis na rede.

    4  Bernie Dodge  –  desenvolveu a metodologia de trabalho da WebQuest em  San Diego

    StateUniversity (EUA), em 1995. Para este autor as WebQuests utilizam problemas ousituações do mundo real e tarefas autênticas para despertar o interesse dos alunos.

     

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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     A Lousa  –  do simples Quadro Negro à Lousa Digital ou Quadro

    Interativo. Que grande avanço. O professor necessita urgentemente dominar

    tais recursos. Sendo um imigrante digital, não é preciso ter vergonha em dizer,

    não conheço tal recurso, mas, sobretudo, é preciso ter humildade em quereraprender e buscar sempre mais.

    Muitas vezes, o problema não está na tecnologia, mas recai na forma ou

    modo de como o profissional usa essa tecnologia. E aí, são encontradas

    também muitas práticas extremamente tradicionais fazendo uso de tecnologias

    de ponta. Desse modo, a tecnologia não deve ser vista como a panaceia para

    as práticas educativas, mas é preciso atualizar a metodologia e complementá-

    la com os recursos tecnológicos, viabilizando, de fato, novas práticas

    pedagógicas.

    Enfim, essas são algumas formas de utilizar os recursos tecnológicos

    com a preocupação central de almejar sucesso às práticas educativas e

    aproximar os nativos e os imigrantes digitais, diminuindo a distância entre

    ambos e fortalecendo o vínculo professor-aluno, sempre com o intuito de que

    haja aprendizagem, que essa seja significativa e que traga melhores índices na

    Educação.

    A DIDÁTICA COMO GRANDE ALIADA AO PROCESSO EDUCACIONAL

    O grande cerne para que o processo educativo dê certo, isto é, gere

    aprendizagem efetiva, não está no quanto de tecnologia possui a escola, muito

    menos, se estas tecnologias são de última geração. O diferencial está na ação

    / uso damesma. A isso está atrelada a ação do professor e,

    consequentemente, sua didática. O professor que tem didática é aquele que

    sabe dar aulas, sabe conduzir sua turma, questiona, desafia e utiliza-se de

    diferentes estratégias para atingir seus objetivos, escolhendo diferentes

    caminhos para que haja a aprendizagem significativa. Dessa forma, o professor

    que tem didática sabe utilizar a tecnologia como um meio e não como um fim

    no processo educacional.

    Não almejo colocar a tecnologia como a solução para todos os males da

    sociedade e da educação moderna, mas ela pode e deve contribuir com a ação

    do professor, pois, como propriamente está em seu conceito, a tecnologia

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    serve para aprimorar a ação humana, otimizando, no caso na educação, a

    aprendizagem dos indivíduos.

    Para Silva e Vizim (2003):

    O ato de educar, como ação dialógica, é uma relaçãoprivilegiada e insubstituível, que traz, em seu bojo, outrasformas não visíveis de tecnologias educacionais em ação,aquelas que são instituídas com e pelas pessoas,simbolicamente. Neste encontro e incorporação de novastecnologias aos educandos com necessidades educativasespeciais é que é necessário um exaustivo estudo das suas

    características, peculiaridades, potencialidades e,principalmente, de suas limitações (203-204).

    Perrenoud (2000) traz as dez novas competências para ensinar, como

    sendo um guia para o educador do século XXI. Uma das competências exposta

    por este autor suíço é “Utilizar novas tecnologias”. Assim, o diferencial está em

    saber fazer uso com competência do aparato tecnológico à disposição do ser

    humano.

     Além disso, propõe estratégias de como utilizar a informática na escola,

    explorar editores de textos (facilitando o trabalho do professor ao preparar sua

    aula e ministrá-la), explorar as potencialidades didáticas dos programas que

    estão no mercado, relacionando-os aos objetivos de ensino, comunicar-se à

    distância por meio da telemática5 e saber utilizar as ferramentas multimídia no

    ensino.

    Perrenoud ainda expõe que:

    Uma cultura tecnológica de base também é necessária para

    pensar as relações entre a evolução dos instrumentos(informática e hipermídia), as competências intelectuais e arelação com o saber que a escola pretende formar. Pelomenos sob esse ângulo, as tecnologias novas não poderiamser indiferentes a nenhum professor, por modificarem asmaneiras de viver, de se divertir, de se informar, de trabalhar ede pensar. Tal evolução afeta, portanto, as situações que osalunos enfrentam e enfrentarão, nas quais eles pretensamentemobilizam e mobilizarão o que aprenderam na escola.(PERRENOUD, 2000, p. 138-9).

    5 Telemática – corresponde à fusão dos termos telecomunicações com informática.

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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     A ação do professor é o aspecto essencial para a aprendizagem do

    aluno. Esta deve vir acompanhada da tríade: Ação  –  Reflexão  – Nova Ação,

    sempre tendo como finalidade a busca de alternativas para a aprendizagem,

    fazendo-se valer das novas tecnologias que estão à disposição no mundomoderno.

    Desse modo, retratando a importância da didática no processo

    educativo, cabe ressaltar que todo educador para ser completo, deve ter em

    suas ações a eficiência e eficácia.

    Um bom professor precisa ser eficiente, isto é, necessita seguir os

    passos adequados para uma boa ação educativa, pensando no processo. Deve

    preparar a aula, ser organizado, fazer a chamada, atentar-se para quais

    recursos e estratégia irá fazer uso, prevendo antecipadamente, de modo a

    evitar imprevistos.

     Atrelado a isso, o professor também necessita ser eficaz (atingir um fim

    máximo), ou seja, carece trazer resultados à prática educativa e demonstrar

    que, fez com que seus alunos apreendessem o conteúdo, ou melhor,

    aprendessem de modo significativo e que os mesmos levem tais

    conhecimentos para o restante de suas vidas, incorporando-os em suas ações

    cotidianas.

     Assim, teremos uma educação de qualidade, com ações eficientes e

    eficazes, que complementem o processo educativo e professores com didática,

    primando pela práxis pedagógica, estabelecendo uma ponte entre a “teoria

    praticante” e a “prática teorizante”, no qual o discurso seja substituído por

    práticas educativas que façam a diferença.

    Em suma, este trabalho buscou clarificar o que representa a expressão

    tecnologia para os profissionais da Educação, procurando desmitificar que

    tecnologia não necessariamente precisa estar associada à informática. Sendo

    assim, tecnologia é tudo aquilo que o ser humano faz uso para se beneficiar e

    melhorar sua qualidade de vida e suas ações.

    Dessa forma, este trabalho busca compreender o ser humano como ser

    humano integral (biopsicossocial), que aprende de diferentes modos,

    priorizando a existência da diversidade, pois é na diferença que se cresce.

     Assim, a tecnologia surge como recurso imprescindível para atingir a todos os

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    educandos, inclusive os que apresentam problemas ou eventuais dificuldades

    de aprendizagem.

    O grande desafio, como bem frisou Moran é compreender que:

    É importante humanizar as tecnologias: [estas] são meios,caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. Éimportante também inserir as tecnologias nos valores, nacomunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo doensino-aprendizagem. (MORAN, 2007. p. 38).

    Sob esse prisma a tecnologia não é a “salvadora da educação do século

    XXI”, mas, se bem empregada, com consciência do educador, ela pode ser

    otimizada e pode também trazer sucesso no âmbito escolar, buscando sanar e

    ou amenizar as dificuldades de aprendizagem, contribuindo com a educação

    sendo um elemento mobilizador, isto é, um chamariz para a aprendizagem

    significativa.

    Enfim, em pleno século XXI, estamos em busca de uma sociedade que

    prime pelo Conhecimento, que vá além do mero conjunto de Informações, e

    que faça uso das diferentes tecnologias em favor da Educação, da Cultura e da

     Aprendizagem. Assim, almeja-se uma sociedade que respeite o próprio em

    suas potencialidades e suas limitações e que inclua a todos no processo

    educacional.

    Cabe, sobretudo, a todos os educadores, força de vontade, iniciativa

    (para buscar aproximação dos alunos) já que grande parte dos educadores são

    “imigrantes digitais” e criatividade, pois com muito pouco é possível fazer

    acontecer uma aula que os alunos jamais se esquecerão.

     Às vezes, nos deparamos com muita parafernália eletrônica e o

    professor não capacitado para utilizar as mesmas. O que é precisourgentemente é saber como reconhecer essas tecnologias e adaptá-las as

    nossas finalidades educacionais.

    Como já foi dito, reforço a ideia de que tecnologia é tudo, desde uma

    simples folha de papel, um quadro, um giz, uma TV, etc. E essa tecnologia

    ligada à ação docente (didática), juntamente com “bom senso” fará o diferencial

    no aprendizado das futuras gerações, que aprendem por diferentes canais

    (auditivo, visual, cinestésico-corporal...), principalmente dos indivíduos que

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    apresentam dificuldades de aprendizagem.

    Referências:

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    MORAN, José Manoel. A integração das tecnologias na educação.Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm.  Acesso em03/05/2008.

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    Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI  –  Giani Peres

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    Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013Página 19

    PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants.Nativos digitais, imigrantesdigitais. Tradução de Roberta de Moraes Jesus de Souza. NCB UniversityPress, Vol. 9 No. 5, Outubro, 2001. Disponível em:http://api.ning.com/files/EbPsZU1BsEN0i*42tYn-d650YRCrrtIi8XBkX3j8*2s_/

    Texto_1_Nativos_Digitais_Imigrantes_Digitais.pdf. Acesso em 12/03/2010.

    SILVA, Shyrley; VIZIM, Marli (Orgs.). Políticas públicas: Educação,Tecnologias e Pessoas com Deficiências. Campinas, SP: Mercado deLetras/Associação de Leitura do Brasil (ALB), 2003. (Coleção Leituras noBrasil.)

    TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: Novos paradigmas na educação. SãoPaulo: Integrare Editora, 2006.

     Artigo recebido em 01/2013. Aprovado em 02/2013.