Tecnologias Da Informacao No Ensino de Educacao Fisica

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    Universit de PoitiersFaculdade de Motricidade Humana de Lisboa

    Universidad Nacional de Educacin a Distanciade Madrid

    Master Europen en Ingnierie des Mdias pour lducationMestrado em Engenharia de Mdias para a Educao

    Master en Ingeniera de Medios para la Educacin

    UTILIZAO DAS TECNOLOGIAS DA

    INFORMAO E COMUNICAO NOENSINO DE EDUCAO FSICA

    Dbora Cristina da Silva Sebriam

    Professor Dr. Ronaldo Jos Nascimento

    Madrid, Junho de 2009

    2009 Consortium Euromime

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    DBORA CRISTINA DA SILVA SEBRIAM

    UTILIZAO DAS TECNOLOGIAS DA

    INFORMAO E COMUNICAO NOENSINO DE EDUCAO FSICA

    Dissertao apresentada s Universidades

    pertencentes ao Mestrado Europeu em Engenharia

    de Mdias para a Educao EUROMIME

    Universidade Tcnica de Lisboa, Portugal,

    Universidade Nacional de Educao a Distncia,Espanha, Universidade de Poitiers, Frana para a

    obteno do ttulo de mestre.

    Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Jos Nascimento

    Universidade Estadual de Londrina Brasil

    Universidade Tcnica de Lisboa Portugal

    2009

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    No nasci marcado para ser um professor assim

    (como sou). Vim me tornando desta forma no corpo

    das tramas, na reflexo sobre a ao, na

    observao atenta a outras prticas, na leitura

    persistente e crtica. Ningum nasce feito. Vamos

    nos fazendo aos poucos, na prtica social de que

    tomamos parte. (Paulo Freire)

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    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Dr. Ronaldo Jos Nascimento, orientador deste trabalho, que tem me

    acompanhado desde a graduao pelo apoio, confiana, carinho e amizade ao longo

    destes anos de estudo, valorizando cada passo dado e enriquecendo o que foi

    construdo com sua experincia e sabedoria.

    Ao professor Dr. Carlos Ferreira, da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa

    Portugal e professor Dr. Juan de Pablos Pons, da Universidade de Sevilha

    Espanha, por sua inestimvel contribuio no planejamento deste trabalho e por

    suas palavras de incentivo.

    Aos coordenadores do EUROMIME, Jos Alves Diniz, Domingo Gallego e Jean

    Franois Cerisier pela oportunidade de realizar esse mestrado e a todos osprofessores que contriburam para a minha formao.

    A Secretaria de Educao do Municpio de Londrina Paran Brasil por ter

    autorizado a realizao deste estudo.

    A todos os colegas professores de Educao Fsica que aceitaram participar deste

    estudo e por suas palavras de incentivo e interesse demonstrado pelo objeto de

    estudo desta pesquisa.

    As companheiras Carolina Figueroa, Lourdes Martins e Desir Mazier por sua

    pacincia, apoio nos momentos mais difceis, companhia constante e principalmente

    pela bonita amizade que construmos ao longo destes 2 anos.

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    Aos amigos e companheiros do EUROMIME, aos colegas estudantes dos mestrados

    e aos amigos que se revelaram neste percurso pelos momentos que compartilhamos

    e pelo que juntos aprendemos.

    Aos meus pais Elias e Elisabete que acreditaram no meu potencial e me apoiaram

    nos momentos mais difceis desta fase de minha vida. Ao meu amado irmo Danilo

    e minhas primas Priscila e Aline por todo apoio.

    Aos meus avs Sebastio, Aparecida, Pedro e Maria por todo apoio que me deram

    nesses longos 10 anos de formao profissional.

    A Cristiane Yuki Minami, grande amiga e companheira por todo seu incentivo e por

    estar sempre presente em minha vida.

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    SEBRIAM, D.C.S. (2009). Utilizao das tecnologias da informao ecomunicao no ensino de educao fsica. (Dissertao de Mestrado).Programa Erasmus Mundus Mestrado em Engenharia de Midias para a Educao Portugal, Espanha e Frana.

    Resumo

    O objetivo deste estudo foi caracterizar a forma como as Tecnologias da Informaoe Comunicao (TIC) esto integradas no ensino de Educao Fsica das escolasmunicipais de Londrina Paran Brasil. A amostra foi composta por 75professores de Educao Fsica. Os dados foram coletados atravs de umquestionrio composto de vinto e cinco questes subdivididas em sete dimenses deestudo. A informao foi analisada mediante tcnicas quantitativas e qualitativas.Para a anlise quantitativa foi utilizada estatstica descritiva, atravs do clculo defrequncias e porcentagens e a aplicao dos testes Qui-quadrado e Teste Exato deFisher para avaliar as relaes de independncia entre variveis. Para anlisequalitativa foi utilizada a tcnica de anlise de contedo. Os principais resultadosindicam que os professores de Educao Fsica possuem um bom parqueinformtico e uma boa experincia de utilizao das TIC nvel pessoal e ematividades que vo de encontro as tarefas docente. No contexto pedaggico, osresultados indicam que somente 16% dos professores de Educao Fsica utilizam

    as TIC junto aos alunos. Os docentes no se sentem preparados para utilizar as TICem contexto educativo, somente 26,7% dos professores de Educao Fsicareceberam formao para utilizao das TIC junto aos alunos em sala de aula. Aaplicao mais utilizada em contexto educativo o CD-ROM/DVD, seguido deferramentas de produtividade como dispositivos de apresentao e produo detextos. Apesar do baixo nvel de utilizao das TIC junto aos alunos a maioria dosprofessores manifesta uma atitude positiva face s TIC, atribuindo importncia a suaintegrao no ensino de Educao Fsica. Atravs da anlise dos resultados desteestudo constatou-se que a integrao e utilizao das TIC no ensino de EducaoFsica parece ainda estar numa fase embrionria e os tipos de atividadesdesenvolvidas encontram-se ainda longe do potencial dos seus recursos.

    Palavras-Chave: Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC), Educao

    Fsica Escolar, Prtica Pedaggica.

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    SEBRIAM, D.C.S. (2009). Utilizacin de las tecnologas de la informacin y de lacomunicacin en la enseanza de la educacin fsica. (Tesina). ProgramaErasmus Mundus Master en Ingeniera de Medios para la Educacin Portugal,Espaa y Francia.

    Resumen

    El objetivo de esta investigacin, fue caracterizar cmo las tecnologas de lainformacin y de la comunicacin (TIC) estn integradas en la enseanza de laEducacin Fsica en las escuelas de la ciudad de Londrina Paran Brasil. La

    muestra incluy un total de 75 profesores de Educacin Fsica. Los datos fueronrecolectados a travs de un cuestionario de veinticinco preguntas divididas en sietedimensiones de estudio. La informacin fue analizada por tcnicas cuantitativas ycualitativas. Para el anlisis cuantitativo se utilizaron tcnicas de estadsticadescriptiva, a travs del clculo de las frecuencias, de los porcentajes, de laaplicacin de los testes Qui-Cuadrado y el Teste Exacto de Fisher para la evaluacinde independencia de algunas variables. Para el anlisis cualitativo se utiliz latcnica de anlisis de contenido. Los resultados principales indicaron que losprofesores de Educacin Fsica poseen una buena accesibilidad personal aequipamientos informticos y cuentan con una buena experiencia en la utilizacin delas TIC a nivel personal y en las actividades que van asociadas a las tareas

    docentes. En el contexto pedaggico, los resultados indican que solamente el 16%de los profesores de Educacin Fsica utilizan las TIC con sus estudiantes. Losdocentes no se sienten preparados para utilizar las TIC en el contexto educativo,solamente el 26,7% de los profesores tuvieron formacin en la utilizacin de las TICcon los estudiantes. Las aplicaciones ms utilizadas en el contexto educativo sonaquellas de CD-ROM/DVD, seguido de las herramientas de productividad, como losdispositivos de presentacin y de produccin de textos. A pesar de existir una bajautilizacin de las TIC entre los estudiantes, la mayora de los profesores expresaronuna actitud positiva con respecto al uso de las TIC, dando importancia a suintegracin en la enseanza de educacin fsica. Mediante el anlisis de losresultados de este estudio se puede decir, que la integracin y el uso de las TIC en

    la enseanza de la Educacin Fsica parece todava estar empezando y los tipos deactividades estn an muy lejos del potencial de sus recursos.

    Palabras-clave: Tecnologas de la Informacin y de la Comunicacin (TIC),

    Educacin Fsica, Prctica Pedaggica.

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    SEBRIAM, D.C.S. (2009). Utilisation des technologies de l'information et de lacommunication dans l'enseignement de l'ducation physique. (Mmoire).Programa Erasmus Mundus Master Europen en Ingnierie des Mdias pourlducation Portugal, Espagne et France.

    Resum

    L'objectif de cette tude est didentifier comment les technologies de l'information etde la communication (TIC) sont intgres dans l'enseignement de l'ducationPhysique des coles publiques de Londrina - Paran - Brsil. L'chantillon comprend

    75 professeurs d'ducation physique. Les donnes ont t recueillies au moyen d'unquestionnaire compos de vingt-cinq questions rparties en sept catgories d'tude.L'information a t analyse par des techniques quantitatives et qualitatives. Pourl'analyse quantitative, des statistiques descriptives (calcul de frquences et depourcentages) et aussi l'application du Test Chi-carr et le Test Exact de Fisher ontt utiliss afin dvaluer la relation dindpendance entre les variables. Pourl'analyse qualitative, cest la technique de l'analyse de contenu qui a t utilise. Lesprincipaux rsultats montrent que les enseignants d'ducation physique ont un bonaccs au hardware et une bonne exprience de l'utilisation des TIC au niveaupersonnel et dans leurs tches courantes. Dans le contexte ducatif, les rsultatsindiquent que seulement 16% des enseignants d'ducation Physique utilisent les TIC

    avec les lves. Les enseignants ne se sentent pas prts utiliser les TIC ;seulement 26,7% des enseignants d'ducation Physique ont t forms l'utilisationdes TIC avec les lves dans la classe. L'application la plus utilise dans lestablissements d'enseignement est le CD-ROM/DVD, suivis par les outils deproductivit comme les dispositifs pour la prsentation et la production de textes.Malgr la faible utilisation des TIC avec les lves, la plupart des enseignants ontexprim une attitude positive envers les TIC, en accordant l'importance de leurintgration dans l'enseignement de l'ducation Physique. L'analyse des rsultats decette tude a rvl que l'intgration et l'utilisation des TIC dans l'enseignement del'ducation Physique semble encore une phase embryonnaire et les typesd'activits sont encore loin du potentiel de ses ressources.

    Mots-cls: Technologies de lInformation et de la Communication, ducation

    Physique, Pratique Pdagogique.

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    SEBRIAM, D.C.S. (2009). The use of information and communicationtechnology in the teaching of physical education. (Dissertation) - ProgramErasmus Mundus European Master in Media Engineering for Education Portugal,Spain and France.

    Abstract

    The objective of this study is to characterize the way by which the Information andCommunication Technologies (ICTs) are integrated into the teaching of PhysicalEducation in the schools of the public sector in Londrina, Paran, Brazil. The samplewas composed by 75 teachers of Physical Education. The data was collected

    through a questionnaire with twenty five questions subdivided into seven studydimensions. The information was analyzed quantitatively and qualitatively. For thequantitative analysis, descriptive statistics was used, through the calculation offrequencies and percentages and the application of the Chi-square test and theFishers Exact Test to evaluate the interdependence relations among variables. Forthe qualitative analysis, the content analysis technique was used. The main resultsindicate that the Physical Education teachers have a good computer technology bankand good experience in the use of the ICTs both on a personal level and for teachinggeared tasks. In the pedagogical context, the results indicate that only 16% of thePhysical Education teachers use the ICTs with their students. The teachers do notfeel prepared to make use of the ICTs in an educational context, as only 26,7 % of

    the PE teachers have received formal instruction in the use of ICTs with students inthe classroom. The most frequent application in an educational context is the CDROM/DVD, followed by productivity tools such as presentations and text productiondevices. Despite the low ICT use level with students, the majority of the teachersdemonstrate a positive attitude towards the ICTs, conferring importance to itsintegration in the teaching of Physical Education. The analysis of the results of thisstudy ratifies the fact that the integration and use of the ICTs in the teaching ofPhysical Education appear to be in an embryonic phase, and the types of activitiesdeveloped are far from the full potential of its resources.

    Keywords: Information and Communication Technology (ICT), Physical Education,

    Pedagogical Practice.

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    Resumo . 6

    Lista de Figuras .. 15

    Lista de Grficos 16

    Lista de Quadros 18

    Lista de Tabelas . 19

    Lista de Siglas .... 20

    CAPTULO I - INTRODUO ... 21

    1 Contextualizao e definio do problema .......... 21

    2 Objetivos ... 23

    2.1 Objetivo Geral .. 23

    2.2 Objetivos Especficos .. 23

    3 Justificativa do Estudo . 23

    4 Questes a Investigar .. 25

    5 Limitaes do Estudo ... 25

    6 Definio Conceitual de Termos 26

    CAPTULO II - REVISO DE LITERATURA .. 27

    1. As TIC e a Educao .. 27

    1.1 Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) 27

    1.2 As TIC e a Educao: Percurso no Contexto Brasileiro 30

    1.3 Possibilidades que se abrem com as TIC ....... 34

    2. As TIC e a Educao Fsica .. 38

    2.1 Educao Fsica e suas implicaes no contexto escolar:

    percurso histrico 38

    2.2 Uma Educao Fsica para uma nova escola: aproximaes iniciaisentre TIC e Educao Fsica... 43

    10

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    2.3 Utilizao das TIC na Educao Fsica Brasileira... 49

    2.4 Utilizando as TIC em Educao Fsica Escolar: quais as

    possibilidades? . 56

    2.4.1 Aplicaes informticas no desenhadas especificamente a

    Educao Fsica 57

    2.4.2 Software educativo direcionado a Educao Fsica 58

    2.4.3 Internet . 60

    2.5 Em busca de uma utilizao consciente das TIC em Educao Fsica

    Escolar ... 65

    CAPTULO III - CONTEXTO DE ESTUDO . 74

    1 Contextualizando a Populao de Estudo .. 74

    2 Sistema Municipal de Ensino 74

    3 Acessibilidade TIC 77

    4 Projetos TIC em Londrina 77

    4.1 Computador na escola: a construo do conhecimento atravs de

    aprendizagens significativas .. 77

    4.2 Formao de educadores para uso da Informtica Educativa no

    atendimento aos alunos com necessidades especiais.. 78

    4.3 Grupos de estudos para professores dos laboratrios de Informtica .. 78

    4.4 Informtica educativa na educao de jovens e adultos: construindo

    aprendizagens atravs do recurso computacional . 79

    4.5 Formao de educadores para o uso da Informtica Educativa noatendimento de alunos no contraturno . 80

    CAPTULO IV METODOLOGIA 81

    1 Tipo de estudo .. 81

    2 Populao e amostra ... 82

    3 Instrumento de Observao ....... 83

    4 Elaborao e Adaptao do Questionrio .............. 84

    11

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    4.1 Variveis de Caracterizao .......... 89

    4.2 Validao do Questionrio ...... 96

    4.3 Instrues de Preenchimento do Questionrio ... 97

    5 Procedimentos de Coleta de Dados . 98

    6 Tratamento dos dados ........ 98

    CAPTULO V - APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS 101

    1. Dimenso 1 - Identificao Pessoal e Profissional 102

    1.1 Gnero ... 102

    1.2 Faixa etria ... 103

    1.3 Titulao acadmica ............. 104

    1.4 Etapa de ensino ............. 106

    1.5 Tempo de experincia docente ................ 107

    1.6 Carga horria semanal 109

    2. Dimenso 2 - Acessibilidade e Uso Pessoal das TIC 110

    2.1 Acessibilidade TIC............... 110

    2.2 Local de acesso a Internet 111

    2.3 Utilizao do computador .. 111

    2.4 Utilizao do E-mail . 113

    2.5 Nmero de horas ao computador 114

    3. Dimenso 3 - Formao para Utilizao das TIC em Contexto Educativo 114

    3.1 Iniciao a informtica ............... 1153.2 Capacitao para utilizao das TIC junto aos alunos ......... 116

    4. Dimenso 4 Uso e formatos TIC em contexto educativo .. 119

    4.1 Utilizao do computador para preparar aulas ... 119

    4.2 Utilizao do computador junto aos alunos ................... 120

    4.3 Frequncia de utilizao do computador ....................... 121

    4.4 Aplicaes informticas e tipo de atividade realizada ..................... 122

    5. Dimenso 5 - Necessidades de formao para utilizao das TIC em 124

    12

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    contexto educativo ...

    6. Dimenso 6 - Obstculos sentidos para Integrao das TIC em Contexto

    Educativo ................ 125

    7. Dimenso 7 - Atitudes perante s TIC . 126

    7.1 Atitudes Positivas . 129

    7.2 Atitudes Negativas ................. 130

    7.3 Integrao das TIC no Ensino de Educao Fsica ... 131

    8. Fatores que favorecem o uso pedaggico das TIC 136

    8.1 Influncia dos fatores pessoais e profissionais na utilizao

    pedaggica das TIC . 136

    8.2 Influncia da acessibilidade pessoal ao computador e internet na

    utilizao pedaggica das TIC ... 137

    8.3 Influncia da formao na utilizao pedaggica das TIC 138

    CAPTULO VI CONCLUSES E RECOMENDAES FINAIS .. 140

    1. Sntese do estudo 140

    2. Recomendaes de formao de professores ... 143

    3. Perspectivas de estudos futuros ... 146

    REFERNCIAS 148

    1 Bibliografia ..... 149

    2 Webgrafia ... 155

    3 Sites consultados .. 162

    ANEXOS 164

    Anexo A Questionrio .. 165

    Anexo B - Solicitao e obteno da autorizao de adaptao do

    questionrio ..... 170

    Anexo C - Prova Pilto: Prova de Alpha Cronbach ........ 172Anexo D - Carta enviada a Secretaria de Educao 173

    13

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    Anexo E - Carta enviada aos professores .. 175

    Anexo F - Matriz de Codificao de Dados para entrada no SPSS ... 176

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    Lista de Figuras

    Figura . PE Central ....... 44

    Figura . Edusport 45

    Figura . ducnet . 46

    Figura . Centro Esportivo Virtual . 47

    Figura . Boletim Brasileiro de Educao Fsica ....... 48

    Figura . Mdias na Educao. .. 69

    Figura . Banco Internacional de Objetos Educacionais .. 71

    Figura . Portal do Professor . 71

    Figura . Localizao de Londrina ....... 74

    15

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    Lista de Grficos

    Grfico 1. Distribuio dos professores por gnero ... 103

    Grfico 7. Distribuio dos professores por tempo de experincia em relao

    Grfico 18. Distribuio dos professores que utilizam o computador para

    Grfico 20. Distribuio dos professores que utilizam o computador junto aos

    Grfico 2. Distribuio dos professores por faixa etria 103

    Grfico 3. Distribuio dos professores por faixa etria em relao ao gnero 104

    Grfico 4. Distribuio dos professores por titulao acadmica 105

    Grfico 5. Distribuio dos professores por etapa de ensino ... 107

    Grfico 6. Distribuio dos professores por tempo de experincia docente .. 108

    ao gnero .. 109

    Grfico 8. Distribuio dos professores em relao a acesso a perifricos .. 110

    Grfico 9. Local de acesso a internet ....... 111

    Grfico 10. Distribuio dos professores que trabalham com o computador ... 112

    Grfico 11. Atividades realizadas com o computador 113

    Grfico 12. Utilizao do e-mail pelos professores ........... 114

    Grfico 13. Distribuio do nmero de horas dirias ao computador . 114Grfico 14. Iniciao a Informtica 115

    Grfico 15. Forma como realizou a iniciao a informtica .. 116

    Grfico 16. Capacitao para utilizao das TIC junto aos alunos ............ 117

    Grfico 17. Tipos de capacitao recebida . 118

    preparar aulas ................................... 119

    Grfico 19. Utilizao do computador para preparar aulas ...... 120

    alunos . 121

    Grfico 21. Frequncia de utilizao do computador pelos professores 122

    Grfico 22. Aplicaes Informticas utilizadas junto aos alunos . 123

    Grfico 23. Atividades realizadas com as aplicaes informticas . 123

    Grfico 24. Necessidades de formao sentidas pelos professores .. 124

    16

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    Grfico 25. Obstculos identificados pelos professores para integrao das

    TIC .. 126

    Grfico 26. Atitudes positivas em relao as TIC ...... 130

    Grfico 27. Atitudes negativas em relao as TIC . 131

    Grfico 28. Importncia da integrao das TIC na Educao Fsica .. 132

    17

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    Lista de Quadros

    Quadro 1. Questes retiradas do instrumento original .. 86

    Quadro 2. Questes adaptadas com retirada e insero de itens .. 87

    Quadro 3. Questes inseridas no instrumento adaptado ................ 88

    Quadro 4. Dimenses de Estudo .. 89

    Quadro 5. Dimenso 1 - Identificao pessoal e profissional .. 90

    Quadro 6. Dimenso 2 - Acessibilidade e uso pessoal das TIC ............. 90

    Quadro 7. Dimenso 3 - Formao para utilizao das TIC em contexto

    educativo ......................... 92

    Quadro 8. Dimenso 4 - Uso e formatos TIC em contexto educativo ........ 92

    Quadro 9. Dimenso 5 - Necessidades de formao para utilizao das TIC

    em contexto educativo 94

    Quadro 10. Dimenso 6 - Obstculos sentidos para utilizao das TIC em

    contexto educativo ... 94

    Quadro 11. Dimenso 7 - Atitudes perante as TIC 95

    Quadro 12. Atitudes positivas perante as TIC . 127

    Quadro 13. Atitudes negativas perante as TIC . 127

    18

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    Lista de Tabelas

    Tabela 1. Tipos de escola .. 76

    Tabela 2. Nmero de alunos por curso 76

    Tabela 3. Titulao acadmica dos professores em relao ao gnero e faixa

    etria .. 106

    Tabela 4. Distribuio da carga horria semanal dos professores .................... 109

    Tabela 5. Oferecimento das capacitaes realizadas pelos professores .. 118

    Tabela 6. Utilizao do computador junto aos alunos por gnero ... 121

    Tabela 7. Atitudes dos professores em relao as TIC . 128

    Tabela 8. Professores que comentaram resposta .. 132

    Tabela 9. Anlise de independncia uso das TIC junto aos alunos x

    caractersticas pessoais e profissionais ... 137

    Tabela 10. Anlise de independncia uso das TIC junto aos alunos x

    acessibilidade pessoal ao computador e internet ... 138

    Tabela 11. Anlise de independncia uso das TIC junto aos alunos x formao

    TIC .. 139

    19

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    Lista de Siglas

    BIOE: Banco Internacional de Objetos Educacionais

    CEV: Centro Esportivo Virtual

    DITEC: Departamento de Infra-Estrutura Tecnolgica

    EIAD: Educao com Informao Distncia

    IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    PROINFO: Programa Nacional de Informtica na Educao

    MEC: Ministrio da Educao

    NET: Ncleos de Tecnologia Educacional

    NIB: Ncleo de Informtica Biomdica

    OCDE: Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OEI: Organizao dos Estados Ibero-americanos

    RELPE: Rede Latinoamericana de Portais Educacionais

    SEED: Secretaria de Educao a Distncia

    SPSS: Statistical Package for the Social Sciences

    TIC: Tecnologias da Informao e Comunicao

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    CAPTULO I - INTRODUO

    1 Contextualizao e definio do problema

    A educao alvo de preocupaes, debates e investimentos por parte dos

    governos, empresrios e da sociedade como um todo. Atualmente, discutida a

    importncia de se repensar as prticas pedaggicas para enfrentar os desafios

    provenientes da globalizao, da revoluo nas tecnologias de informao e

    comunicao e do encaminhamento para uma sociedade independente.

    A forma como hoje contactamos uns com os outros, foi o resultado de vrias

    inovaes que permitiram que cada vez mais pessoas tenham computadores e

    ligaes internet, se chegue cada vez mais longe, cada vez mais depressa e a

    preos cada vez mais acessveis. Certo , sem dvida, que estas tecnologias se

    assumiram, em poucas dezenas de anos, como ferramentas poderosas de

    informao e comunicao que vieram para ficar e para modificar o nosso dia a dia

    em todas as dimenses. Ningum pode j afastar-se desta realidade, nem mesmo a

    escola, os alunos ou os professores, num momento em que o nosso pas e os

    governos esto a implementar polticas, e a realizar um esforo significativo para

    conquistar um lugar na frente da Sociedade da Informao e do Conhecimento.

    Segundo Adell (1997) as tecnologias de informao e comunicao no so mais

    uma ferramenta didctica ao servio dos professores e alunos... elas so e esto no

    mundo onde crescem os jovens que ensinamos....

    Nascimento (2003) aponta que dentro do processo de formao do Profissional deEducao Fsica, no podemos esquecer que h um processo emergente de

    21

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    aprendizagem permanente, pois h uma rpida obsolescncia dos conhecimentos

    tcnicos, devido aos constantes avanos de todas as reas de estudo. At a dcada

    de 80 era comum as universidades serem vistas como locais de instruo definitiva,

    exatamente como foram concebidas. Hoje o profissional que no se mantem

    atualizado, com a profuso dos novos meios tecnolgicos e conhecimentos que vo

    surgindo no dia a dia, corre o risco de antes de concluir os seus estudos, de ter

    estes conhecimentos totalmente defasados, tal a velocidade da informao e das

    infovias que a mesma utiliza.

    Com a emergncia de novas tecnologias educacionais, que buscam novas maneiras

    de promover o processo de ensino e aprendizagem, preocupa-nos a utilizao

    destas tecnologias no ensino dentro da rea de Educao Fsica Escolar.

    Este estudo surge na sequncia destas preocupaes e tem com problema de

    pesquisa:

    Como esto integradas as Tecnologias da Informao e Comunicao naprtica pedaggica dos professores de Educao Fsica da Rede Municipal de

    Ensino de Londrina?

    Ao buscar compreender a percepo e a prtica dos professores com relao

    incorporao dos computadores ao ensino, no se pode prescindir de investigar a

    realidade em que estes sujeitos esto inseridos, especialmente sua prtica

    pedaggica, formao, experincias e a relao que mantm com o computadordentro e fora da escola, uma vez que esses elementos so determinantes na medida

    em que os objetivos e expectativas pela incorporao das novas tecnologias podem

    vir a modificar a ao docente.

    Cremos que, ao investigar a prtica docente e a formao continuada do professor,

    bem como aquela direcionada para o uso das tecnologias na escola, seja possvel

    encontrar subsdios para direcionar futuras formaes, que propiciem avanos naincorporao das tecnologias e contribuam com mais um passo a caminho do novo,

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    da mudana e da renovao, levando o professor a compreender a transformao

    ocorrida com o conhecimento na sociedade atual e a explorar em sua prtica as

    novas relaes com o conhecimento propiciado por essa tecnologia.

    2 Objetivos

    2.1 Objetivo Geral

    O presente estudo tem como objetivo geral caracterizar a forma como asTecnologias da Informao e Comunicao (TIC) esto integradas no ensino de

    Educao Fsica das escolas municipais de Londrina Paran Brasil.

    2.2 Objetivos Especficos

    Caracterizar a acessibilidade s TIC pelos professores;

    Identificar o modo como feita a formao dos professores para a utilizaodas TIC;

    Identificar o uso e os formatos das TIC em contexto educativo;

    Identificar os aspectos das TIC nos quais os professores sentem maiores

    necessidades de formao;

    Identificar as atitudes dos professores em relao s TIC;

    Identificar os obstculos sentidos pelos professores de Educao Fsica facea utilizao pedaggica das TIC;

    3 Justificativa do Estudo

    No atual panorama educativo brasileiro verificamos a existncia de grandes esforos

    governamentais a nvel federal, estadual e municipal para integrao das

    Tecnologias da Informao e Comunicao nas escolas, verificamos tambm, aexistncia de muitos trabalhos de investigao relacionados com as TIC,

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    nomeadamente ao nvel da sua aplicao no processo de ensino eaprendizagem, e

    da sua importncia ao nvel de questes metodolgicas e didticas, teorias de

    aprendizagem, no entanto, constatamos a inexistncia de estudos que clarifiquem a

    relao, a aplicabilidade, a utilizao e recurso que os professores de Educao

    Fsica do ensino fundamental fazem das TIC. Este fato, refora a importncia de

    realizar a presente investigao.

    Concordamos com Romero (2007) que aponta que a Educao Fsica escolar uma

    das reas que mais desenvolvimento curricular apresentou nos ltimos anos,

    caracterizando-se pelas inquietudes de seus profissionais sob um foco da renovao

    metodolgica que ultrapasse a antiga viso tecnicista.

    As novas concepes e finalidades educativas da Educao Fsica no sistema

    educativo apontam para uma metodologia mais construtivista, onde se relaciona

    prtica e teoria, onde se busca alcanar aprendizagens significativas atravs das

    vivncias motoras, onde se discuti novos contedos orientados a sade, qualidade

    de vida, trabalho autnomo, etc.

    O fato de a Educao Fsica se tratar de uma disciplina que possui uma prxis

    sumariamente prtico-terica, consideramos que as recentes e aceleradas

    transformaes das condies de aprendizagem, com destaque para o

    desenvolvimento das TIC, as quais vieram trazer um novo nimo sala de aula,

    dinamizando e apoiando novas formas de ensinar e aprender, fcil ser perceber

    que necessrio conferir ateno especial para que o ensino da Educao Fsica

    Escolar se realize com maior sucesso, de modo a favorecerem-se aprendizagens

    ativas, significativas, integradas e socializadoras.

    Neste mbito, este estudo visa averiguar a realidade atual entre a disciplina de

    Educao Fsica face s novas tecnologias, pretendendo-se constatar as dinmicas

    e os contextos da utilizao das TIC, ao nvel das escolas de ensino fundamental do

    municpio de Londrina-Paran- Brasil.

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    Partindo deste ponto, pensamos, e nossa convico, que os dados coletados e

    posteriormente analisados podem ajudar a entender melhor esta problemtica,

    assim como podem contribuir para que outros colegas avancem e mantenham

    atualizados estes dados, alm de gerar uma viso geral para futuros planos de

    capacitao desse professorado.

    4 Questes a Investigar

    Com base nos objetivos definidos, determinaram-se as seguintes questes de

    investigao orientadoras do trabalho:

    Os professores de Educao Fsica utilizam as TIC na sua prtica

    pedaggica?

    Que uso pedaggico das TIC feito pelos professores de Educao Fsica?

    Quais fatores favorecem o uso pedaggico das TIC pelos professores de

    Educao Fsica?

    5 Limitaes do Estudo

    Uma primeira limitao deste estudo est relacionada com o prprio carater da

    pesquisa, que est enquadrada em uma perspectiva quantitativa. Apesar de ser

    possvel compreender e explicar o objeto de estudo no possvel realizar uma

    anlise com profundidade.

    Uma segunda limitao deste estudo est relacionada a prpria natureza do

    instrumento de recolha de dados. Como se sabe, uma das caractersticas do

    questionrio que os dados recolhidos so declarados e no observados. Para

    alm disso, um questionrio, aplicado num dado momento, a determinada amostra,

    implica sempre que os dados coletados digam respeito a um perodo delimitado de

    tempo.

    Uma terceira limitao refere-se a tendncia para se responder de acordo com o que

    se associa a uma maior aprovao social.

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    E finalmente, consideramos tambm uma limitao o processo de amostragem que

    se deu de forma no-probablistica, fato que em suma, diminui a possibilidade de

    generalizao dos resultados.

    6 Definio Conceitual de Termos

    O conceito mais importante e mais utilizado neste estudo o Tecnologias da

    Informao e Comunicao (TIC). Define-se por TIC todo e qualquer suporte que

    armazene, recupere, manipule, receba e transmita informao eletrnica de forma

    digital, incluindo as telecomunicaes, computadores e tecnologia multimdia(Cabero, 2000; Hughes et al., 2002 apud Sobrinho, 2007).

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    CAPTULO II - REVISO DE LITERATURA

    1 As TIC e a Educao

    1.1 Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC)

    As tecnologias da informao e comunicao e seus impactos na educao, sade,

    organizaes sociais e polticas, so tema de uma multiplicidade de artigos

    cientficos, dissertaes, teses e livros publicados recentemente nas mais variadas

    reas do conhecimento. difcil encontrar qualquer forma de organizao ou de

    processo organizacional que no tenha sido alterado pelas novas tecnologias.

    Desde um ponto de visto terminolgico, Marqus (2000) define:

    Tecnologia: a aplicao dos conhecimentos cientficos para facilitar a

    realizao das atividades humanas, supe a criao de produtos,

    instrumentos, linguagens e mtodos ao auxlio das pessoas.

    Informao: dados que tem significado para determinados grupos. A

    informao fundamental para as pessoas, uma vez, que a partir do

    processo cognitivo da informao que obtemos continuamente com nossos

    sentidos tomamos decises que do lugar a todas as nossas aes.

    Comunicao: transmisso de mensagens entre pessoas. Como seres sociais

    as pessoas, alm de receber informao dos demais necessitam comunicar-

    se para saber mais deles, expressar seus sentimentos e desejos, coordenar

    os comportamentos dos grupos de convivncia, etc.

    Tecnologias da informao e comunicao (TIC): quando uni-se estas trs

    palavras fazemos referncia ao conjunto de avanos tecnolgicos que

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    proporcionam a informtica, as telecomunicaes e as tecnologias

    audiovisuais que compreendem o desenvolvimento relacionados com os

    computadores, a internet, a telefonia, os mass media, as aplicaes

    multimdia e a realidade virtual. Estas tecnologias basicamente proporcionam

    informao, ferramentas para seu processo e canais de comunicao.

    Para Cabero (2000) as novas tecnologias so os meios eletrnicos que criam,

    armazenam, recuperam e transmitem a informao de forma rpida e em grande

    quantidade e o fazem combinando diferentes tipos de cdigos em uma realidade

    hipermdia.

    Ponte (2000), diz que as TIC referem-se a trs domnios distintivos embora

    interligados entre si, sendo eles, o processamento, armazenamento e pesquisa de

    informao realizadas pelo computador; controle e automatizao de mquinas,

    ferramentas e processos, incluindo em particular a robtica; e a transmisso e

    circulao de informao.

    A sociedade pode entrar num processo acelerado de modernizao tecnolgica

    capaz de mudar o destino das economias e do bem-estar social em perodos de

    tempo bastante reduzidos. O domnio de tecnologias em determinados perodos

    um dos fatores dominantes da evoluo histrica e da transformao social.

    Os aspectos centrais do paradigma da tecnologia da informao podem ser

    classificados, segundo Castells (2000), a partir de cinco caractersticas a saber:

    1. a informao sua matria-prima. Neste paradigma a tecnologia age sobre a

    informao e no apenas a informao age sobre ela;

    2. a informao constitui-se em parte integral da atividade humana, moldando os

    processos de nossas atividades individuais e coletivas, resultando na

    penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias;

    3. utilizao das novas tecnologias da informao em qualquer sistema ou

    conjunto de relaes atravs da lgica de redes. Devido aos avanos na

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    telemtica, a topologia de redes pode ser implementada em todos os tipos de

    processos e organizaes, garantindo a flexibilidade, considerada pelo autor

    como a ...fora motriz da inovao na atividade humana. (Castells, 2000, p.

    78);

    4. por fundamentar-se na flexibilidade, o paradigma da tecnologia da informao

    garante s organizaes e instituies a capacidade de reconfigurao;

    5. convergncia de tecnologias especficas para um sistema altamente

    integrado, onde a microeletrnica, as telecomunicaes, a optoeletrnica e os

    computadores integram-se em sistemas de informao.

    Na viso de Freire e Freire (1998), se o uso da impresso revolucionou a sociedade

    renascentista, principalmente as formas de transmisso do conhecimento,

    preparando o cidado para a revoluo industrial, o uso das novas tecnologias da

    informao na educao promover a revoluo dos prximos sculos.

    A educao o elemento-chave na construo de uma sociedade baseada na

    informao, no conhecimento e no aprendizado. A dinmica da sociedade dainformao requer educao continuada ao longo da vida, que permita ao indivduo

    no apenas acompanhar as mudanas tecnolgicas, mas sobretudo inovar.

    No Brasil, at mesmo a educao bsica ainda apresenta deficincias marcantes.

    Particularmente nos segmentos sociais de baixa renda e em regies menos

    favorecidas, o analfabetismo permanece como realidade nacional. O desafio,

    portanto, duplo, ou seja, superar antigas deficincias e criar as competnciasrequeridas pela nova economia. Nesse sentido, as tecnologias de informao e

    comunicao podem prestar enorme contribuio para que os programas de

    educao ganhem maior eficcia e alcancem cada vez maior nmero de

    comunidades e regies (Livro Verde Sociedade da Informao no Brasil 2000).

    29

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    1.2 As TIC e a Educao: Percurso no Contexto Brasileiro

    Educar em uma sociedade da informao significa muito mais que treinar as

    pessoas para o uso das tecnologias de informao e comunicao: trata-se deinvestir na criao de competncias suficientemente amplas que lhes permitam ter

    uma atuao efetiva na produo de bens e servios, tomar decises

    fundamentadas no conhecimento, operar com fluncia os novos meios e

    ferramentas em seu trabalho, bem como aplicar criativamente as novas mdias, seja

    em usos simples e rotineiros, seja em aplicaes mais sofisticadas (Livro Verde

    Sociedade da Informao no Brasil 2000).

    A histria da Informtica na Educao no Brasil data de mais de 20 anos, nasceu no

    incio dos anos 80, sendo considerada por rgos governamentais como um fator

    para promover o avano cientfico e tecnolgico da sociedade e se estabeleceu

    atravs de diversas atividades e programas, permitindo que essa rea hoje tenha

    uma identidade prpria e razes slidas.

    De acordo com Valente (1999) a Informtica na Educao no Brasil nasceu a partir

    do interesse de educadores de algumas universidades brasileiras motivados pelo

    que j vinha acontecendo em outros pases como nos Estados Unidos da Amrica e

    na Frana. Porm a disseminao das Tecnologias da Informao e da

    Comunicao (TIC) nas escolas brasileiras tem tomado caminhos diferentes dos

    outros pases. Apesar disto, os avanos pedaggicos conseguidos atravs da

    informtica so similares.

    A implantao do programa de informtica na educao no Brasil inicia-se com

    primeiro e segundo Seminrio Nacional de Informtica em Educao, realizados,

    respectivamente, na Universidade de Braslia em 1981 e na Universidade Federal da

    Bahia em 1982. Esses seminrios estabeleceram um programa de atuao que

    originou o projeto EDUCOM, com o objetivo de realizar estudos e experincias em

    Informtica na Educao, e uma sistemtica de trabalho diferente de quaisquer

    outros programas educacionais iniciados pelo MEC (Valente, 1999).

    30

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    O EDUCOM teve um papel fundamental no processo insero das novas

    tecnologias nas escolas brasileiras, atravs do desenvolvimento de pesquisas, da

    formao de recursos humanos, alm da produo de artigos, teses, dissertaes e

    softwares educativos. Alm do EDUCOM outros projetos contriburam para o

    processo de informatizao, como o FORMAR. O EDUCOM possibilitou a

    implementao do FORMAR Curso de Especializao em Informtica na

    Educao (realizados em 1987 e 1989) , e a implantao nos estados dos CIEds

    Centros de Informtica em Educao, iniciados em 1987 (Valente, 1999).

    Em 1997, foi criado o Programa Nacional de Informtica na Educao (Proinfo),

    vinculado Secretaria de Educao a Distncia (SEED), do MEC e tem por objetivo

    promover o uso da telemtica como ferramenta de enriquecimento pedaggico no

    ensino pblico fundamental e mdio. Seu funcionamento se d de forma

    descentralizada, em cada unidade da Federao existe uma Coordenao Estadual

    ProInfo, cujo trabalho principal introduzir as Tecnologias de Informao e

    Comunicao (TIC) nas escolas pblicas, alm de articular os esforos e as aes

    desenvolvidas no setor sob sua jurisdio, em especial as aes dos Ncleos de

    Tecnologia Educacional (NTE). Os NTE's so locais dotados de infra-estrutura de

    informtica e comunicao que renem educadores e especialistas em tecnologia de

    hardware e software. O ProInfo desenvolvido pela Secretaria de Educao

    Distncia, por meio do Departamento de Infra-Estrutura Tecnolgica - DITEC, em

    parceria com as Secretarias Estaduais e algumas Municipais de Educao.

    Em 2000, atravs da iniciativa do Ministrio de Cincia e Tecnologia lanado o

    livro Sociedade da Informao no Brasil Livro Verde, que contm as metas de

    implementao do Programa Sociedade da Informao e constitui uma smula

    consolidada de possveis aplicaes de Tecnologias da Informao. Esse livro

    contempla um conjunto de aes para impulsionar a Sociedade da Informao no

    Brasil em todos os seus aspectos: ampliao do acesso, meios de conectividade,

    formao de recursos humanos, incentivo pesquisa e desenvolvimento, comrcio

    eletrnico, desenvolvimento de novas aplicaes.

    31

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    No contexto educativo, fazendo meno a educao frente a sociedade da

    informao, este livro alm de apontar para necessidade de infraestrutura

    informtica das escolas, sugere os seguintes desafios a serem vencidos:

    a) A alfabetizao digital precisa ser promovida em todos os nveis de ensino,

    do bsico ao superior, por meio da renovao curricular para todas as reas

    de especializao, de cursos complementares, de extenso e na educao de

    jovens e adultos.

    b) A gerao de novos conhecimentos diz respeito sobretudo formao em

    nvel de ps-graduao. Mas tambm viabilizada pela formao profissional

    em nvel de graduao em reas diretamente relacionadas com tecnologias

    de informao e comunicao e sua aplicao em outras reas

    c) A aplicao de tecnologias de informao e comunicao pode ser objeto

    de formao desde o nvel mdio, sobretudo no mbito de cursos tcnicos em

    informtica, eletrnica etc. Ela certamente o foco central de cursos de

    graduao que tratam de tecnologias de informao e comunicao. E

    tambm preocupao dos cursos de ps-graduao em tecnologias de

    informao e comunicao e reas correlatas, especialmente quando a

    aplicao de conhecimentos se refere produo ou aperfeioamento de

    bens e servios na prpria rea, o que exige o domnio dos fundamentos e

    conceitos bsicos associados aos nveis mais elevados de ensino.

    d) Finalmente, a aplicao de tecnologias de informao e comunicao em

    quaisquer outras reas (no prximas de tecnologias de informao e

    comunicao), tais como sade, transportes, biologia etc.,

    Em 2008, o Governo Federal lanou duas medidas importantes rumo a integrao

    das tecnologias da informao e comunicao nas escolas pblicas brasileiras, O

    Guia de Tecnologias Educacionais e o Programa Banda Larga nas Escolas.

    O Ministrio da Educao, atravs da Secretaria de Educao Bsica lana o Guia

    de Tecnologias Educacionais, que busca oferecer aos sistemas de ensino uma

    32

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    ferramenta a mais que os auxilie na deciso sobre a aquisio de materiais e

    tecnologias para uso nas escolas brasileiras de educao bsica.

    A importncia dada a integrao das tecnologias da informao e comunicao nas

    escolas advm da implementao do Plano de Metas Compromisso Todos pela

    Educao, pela Unio Federal, em regime de colaborao com Municpios, Distrito

    Federal e Estados, alm da participao das famlias e da comunidade e busca

    alavancar o ndice brasileiro na educao da atual mdia de 3,8 para 6 que o

    ndice estabelecido pela Organizao para Cooperao e Desenvolvimento

    Econmico (OCDE) at o ano de 2022.

    No ms de abril de 2008, o governo brasileiro anunciou o Programa Banda Larga

    nas Escolas, a meta que at 2010, todas as escolas pblicas com mais de 50

    alunos tero laboratrios de informtica com internet banda larga. O programa

    atingiu no ano de 2008, 56 mil escolas pblicas localizadas em reas urbanas - 40%

    de todas as escolas pblicas brasileiras, prev at o fim de 2009 contemplar mais

    40% das escolas, e os 20% restantes sero contempladas em 2010. A magnitude

    deste programa visa elevar as condies de conectividade das escolas brasileiras

    aos patamares dos pases mais desenvolvidos do mundo. Segundo o Ministrio da

    Educao, o novo projeto tem trs frentes de ao. A primeira a instalao dos

    laboratrios de informtica no mbito do Proinfo. A segunda a conexo de internet

    em banda larga, que as operadoras telefnicas levaro gratuitamente s escolas at

    2025, atualizando a velocidade periodicamente. A terceira frente do programa Banda

    Larga nas Escolas a capacitao dos professores. Para tanto, sero oferecidos

    cursos a distncia, que sero acompanhados pela Secretaria de Educao a

    Distncia do MEC.

    Nota-se que um grande percurso tem sido percorrido no sentido de informatizar as

    escolas brasileiras, entretanto Valente (1999) aponta que embora a mudana

    pedaggica tenha sido o objetivo de todas as aes dos projetos de Informtica na

    Educao, os resultados obtidos no foram suficientes para sensibilizar ou alterar o

    sistema educacional como um todo. Os trabalhos realizados nos centros do Educom

    e nos outros centros de Informtica na Educao tiveram o mrito de elevar a

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    compreenso do estado zero para o estado atual, possibilitando entender e discutir

    as grandes questes da rea.

    Segundo o mesmo autor, atualmente tem-se diversas experincias instaladas no

    Brasil que apresentam mudanas pedaggicas fortemente enraizadas e produzindo

    frutos. No entanto, essas idias no se alastraram e isso aconteceu, principalmente,

    pelo fato de termos subestimado as implicaes das mudanas pedaggicas

    propostas no sistema educacional como um todo: a transformao na organizao

    da escola, na dinmica da sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na

    relao com o conhecimento.

    1.3 Possibilidades que se abrem com as TIC

    Desde nosso ponto de vista a utilizao de recursos tecnolgicos significa uma

    ferramenta para aproximao entre professores e alunos no acesso ao

    conhecimento, neste sentido, as TIC disponveis para esta tarefa contribuem como

    material a disposio do docente para sua pratica pedaggica.

    Segundo Cabero (2000) as novas tecnologias se diferenciam das tradicionais pelas

    possibilidades de criao de novos contextos comunicativos e expressivos que

    facilitam aos receptores a possibilidade de desenvolver novas experincias

    formativas, expressivas e educativas. Nesta linha, o autor aponta que as novas

    tecnologias so as que giram em torno de quatro meios bsicos: a informtica, a

    microeletrnica, as multimdias e as telecomunicaes e no apenas giram de formaisolada, mas de maneira interativa e interconexionada, fato que, permite conseguir

    novas realidades comunicativas.

    As novas tecnologias no vo apenas incorporar-se a formao como contedos a

    aprender ou como destrezaz a adquirir, mas sero utilizadas de modo crescente

    como meio de comunicao a servio de informao, ou seja, como uma mais valia

    no que concerne o processo ensino e aprendizagem.

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    A construo de novas aprendizagens com recurso s TIC, implica mudanas

    culturais que rompam com os paradigmas mecanicistas que ainda hoje so

    caractersticos dos nossos sistemas escolares. Segundo Brito et al. (2004) da

    decorre para a escola e para os professores um novo papel, nomeadamente ao nvel

    da criao de ambientes de aprendizagem, onde as TIC constituam uma parte

    integrante e significativa, propcios ao desenvolvimento de aprendizagens

    significativas, quando integradas em desafios que s o professor ser capaz de

    fazer.

    Segundo Adell (1997) a misso do professor em entornos ricos em informao de

    ser facilitador, guia e conselheiro sobre as fontes apropriadas de informao, criador

    de hbitos e destrezas de busca, seleo e tratamento de informao.

    Neste sentido, Alonso e Gallego (2000) apontam que o professor j no mais o

    detentor e transmissor da informao e passam a desempenhar outras funes mais

    valiosas como:

    diagnosticar as necessidades e qualidades do aluno, criar novas experincias de aprendizagem,

    ajudar os alunos a aprender a aprender,

    personalizar a aprendizagem,

    motivar o aluno,

    implicar ao aluno a criatividade e experincias.

    Ainda, segundo os autores para confrontar este novo papel o docente deve estar

    familizarizado com a tecnologia educativa em seus aspectos de meios de

    comunicao de massa e meios audivuais e informticos, alm de desenhos de

    instruo.

    As TIC proporcionam uma nova relao dos atores educativos e o saber, um novo

    tipo de interao do professor com os alunos, uma nova forma de integrao doprofessor na organizao escolar e na comunidade profissional. Mais do que intervir

    35

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    numa esfera bem definida de conhecimentos de natureza disciplinar, os professores

    passam a assumir uma funo educativa primordial e tm de o fazer mundando a

    sua forma de agir: de (re)transmissores de contedos, passam a ser co-aprendentes

    com os seus alunos, com os seus colegas, com os outros atores educativos e com

    elementos da comunidade em geral. Esse deslocamento da nfase essencial da

    atividade educativa, ou seja, da transmisso de saberes para a (co)aprendizagem

    uma das consequncias fundamentais da nova ordem social potencializada pelas

    TIC e constitui uma revoluo educativa de grande alcance (Ponte, 2000).

    Para Patrocnio (2004), as TIC apresentam a caracterstica nica de serem

    universais e de proporcionarem novas possibilidades de conhecimento, uma

    comunicao interativa bidirecional intensa, quer na escala do local, quer na escala

    do global e, sobretudo, com o desenvolvimento da Internet e das redes mveis de

    comunicao digital, so responsveis pelo fato de termos todos os espaos e

    tempos nas nossas mos, quer nos aspectos mais positivos quer nos mais negativos

    que essa circunstncia acarreta.

    No entanto, Cabero (2000:19) refere que ser importante potencializar essas novas

    tecnologias no para se fazer o mesmo de uma forma mais rpida, mas para se

    entender que se podem realizar coisas novas e criarem-se alternativas claramente

    diferenciadoras. Isso ser possvel graas s caractersticas que se nos apresentam

    e que so inerentes s novas TIC, e que o mesmo autor as menciona de uma forma

    geral, realando as mais significativas, e que ns passamos a transcrever no sentido

    de melhor se perceber e entender esta questo:

    Imaterialidade,

    Interconexo,

    Interatividade,

    Instantaneidade,

    Elevados parmetros de qualidade de imagem e som,

    Digitalizao,

    Mais influncia sobre os processos que sobre os produtos,

    Inovao,

    36

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    Penetrao em todos os setores (culturais, econmicos, educativos,

    industriais, etc.),

    Criao de novas linguagens expressivas ruptura da linearidade expressiva,

    Potencializao da audincia segmentaria e diferenciada,

    Tendncia para a automatizao,

    Diversidade,

    Capacidade de armazenamento.

    Segundo Lvy (2000) as novas tecnologias precipitam o Homem num novo universo

    comunicacional, onde se processa a circulao do saber, que o autor designa como

    inteligncia coletiva, com profundas implicaes no reforo das competncias e

    dos laos comunitrios estabelecidos entre os agentes sociais. O problema que se

    coloca aos socilogos consiste em saber se a vivncia do Homem nas comunidades

    designadas virtuais, inaugura novas formas de sociabilidade, novas formas de

    interao entre os agentes sociais que partilham entre si um novo espao de

    contornos muito especiais: o ciberespao. Esta convivncia s possvel aps o

    Homem se apropriar da tcnica e do conjunto de dispositivos tecnolgicos que lhe

    permitam aceder a este universo. A tcnica interfere, inevitavelmente, no quotidiano,

    assim como o quotidiano se apropria da prpria tcnica. j consensual que

    estamos no limiar de uma nova Era.

    Neste sentido, Cabero (2000) diz que as tecnologias podem ser integradas no

    ensino desde diferentes perspectivas: como recurso didtico, objeto de estudo,

    elemento para a comunicao e expresso, como instrumento para a organizao,

    gesto e administrao educativa, e como instrumento para a investigao.

    No h dvida que as Tecnologias da Informao e Comunicao abrem novas

    perspectivas sociedade do futuro, na medida em que, oferecem potencialidades

    imprescindveis educao e formao, permitindo um enriquecimento contnuo dos

    saberes, o que leva a que o sistema educativo e a formao ao longo da vida sejam

    reequacionados luz do desenvolvimento destas tecnologias.

    37

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    No entanto, a nosso ver, mesmo quando aqui nos referimos a algumas das

    importantes caractersticas e possibilidades das TIC, queremos deixar clara nossa

    posio, de que as mesmas no vo resolver todos os problemas da escola, mas

    concordamos que suas enormes potencialidades podero ajudar a melhorar

    substancialmente o processo ensino e aprendizagem e consequentemente o ensino

    de Educao Fsica Escolar, foco de nosso estudo.

    2 As TIC e a Educao Fsica

    Levando-se em considerao que este trabalho trata da Educao Fsica aqui

    entendida como um componente curricular da educao bsica, a primeira vista

    pode-se ter a impresso de uma escassez de conexo da mesma com as TIC,

    sobretudo quando se reflete sobre seus contedos: conhecimentos sobre o corpo,

    jogos, lutas, atividades rtmicas e expressivas, ginstica, esportes (BRASIL, 1997).

    Todos estes contedos adquirem diferentes nveis de importncia para cada um dos

    ciclos educativos e segue uma lgica onde o aluno levado a experimentar,

    organizar e reorganizar informao, refletir sobre a ao. Faz-se ento a

    necessidade de se fazer uma pequena explanao das intencionalidades da

    Educao Fsica na escola antes de definir conexo e as possibilidades existentes

    em relao as TIC.

    2.1 Educao Fsica e suas implicaes no contexto escolar:

    percurso histrico

    Para que se compreenda o momento atual da Educao Fsica necessrio

    considerar suas origens no contexto brasileiro, abordando as principais influncias

    que marcam e caracterizam esta disciplina e os novos rumos que esto se

    delineando.

    Darido (2003) descreve o percurso histrico da Educao Fsica no Brasilorganizando os fatos marcantes:

    38

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    Iniciando por sua incluso no mbito escolar no sxulo XIX, com a reforma

    Couto Ferraz em 1851.

    Em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto 224 Reforma

    Lencio de Carvalho, no qual defendeu a incluso da ginstica nas escolas e

    a equiparao dos professores de ginstica aos das outras disciplinas. Nesse

    parecer, ele destacou e explicitou sua idia sobre a importncia de se ter um

    corpo saudvel para sustentar a atividade intelectual.

    A partir de 1920 a Educao Fsica, ainda sob o nome de ginstica foi

    includa nos currculos de diversos estados brasileiros. A Educao Fsica que

    se ensinava nesse perodo era baseada nos mtodos europeus o sueco, o

    alemo e, posteriormente, o francs que se firmavam em princpios

    biolgicos. Faziam parte de um movimento mais amplo, de natureza cultural,

    poltica e cientfica, conhecido como Movimento Ginstico Europeu, e foi a

    primeira sistematizao cientfica da Educao Fsica no Ocidente.

    Na dcada de 30, no Brasil, dentro de um contexto histrico e poltico

    mundial, com a ascenso das ideologias nazistas e fascistas, ganham fora

    novamente as idias que associam a eugenizao da raa Educao

    Fsica. O exrcito passou a ser a principal instituio a comandar um

    movimento em prol do ideal da Educao Fsica que se mesclava aos

    objetivos patriticos e de preparao pr-militar. O discurso eugnico logo

    cedeu lugar aos objetivos higinicos e de preveno de doenas, estes sim,

    passveis de serem trabalhados dentro de um contexto educacional.

    Na dcada de 70, a Educao Fsica ganhou, mais uma vez, funes

    importantes para a manuteno da ordem e do progresso. O governo militar

    investiu na Educao Fsica em funo de diretrizes pautadas no

    nacionalismo, na integrao nacional (entre os Estados) e na segurana

    nacional, tanto na formao de um exrcito composto por uma juventude forte

    e saudvel como na tentativa de desmobilizao das foras polticas

    oposicionistas. As atividades esportivas tambm foram consideradas como

    fatores que poderiam colaborar na melhoria da fora de trabalho para o

    milagre econmico brasileiro.

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    Na dcada de 80, surge o modelo esportivista, que tinha como foco a

    formao de atletas nas escolas com o intuito de tornar o Brasil uma nao

    olmpica.

    Os efeitos do modelo esportivista comearam a ser sentidos e contestados: o Brasil

    no se tornou uma nao olmpica e a competio esportiva da elite no aumentou o

    nmero de praticantes de atividades fsicas. Iniciou-se ento uma profunda crise de

    identidade nos pressupostos e no prprio discurso da Educao Fsica, que originou

    uma mudana significativa nas polticas educacionais: a Educao Fsica Escolar,

    que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava sries do

    primeiro grau, passou a priorizar o segmento de primeira a quarta sries e tambm a

    pr-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando

    da escola a funo de promover os esportes de alto rendimento (BRASIL, 1997).

    Esta mudana nas polticas educacionais referentes a Educao Fsica foi reforada

    pela Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 20 de dezembro de 1996 que busca

    transformar o carter que a Educao Fsica assumiu nos ltimos anos ao explicitar

    no art. 26, 3o, que a Educao Fsica, integrada proposta pedaggica da

    escola, componente curricular da Educao Bsica, ajustando-se s faixas etrias

    e s condies da populao escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. Dessa

    forma, a Educao Fsica deve ser exercida em toda a escolaridade de primeira a

    oitava sries, no somente de quinta a oitava sries, como era anteriormente.

    Segundo BRASIL (1997) as relaes entre Educao Fsica e sociedade passaram

    a ser discutidas sob a influncia das teorias crticas da educao, questionando-se

    seu papel e sua dimenso poltica. Ocorreu ento uma mudana de enfoque, tanto

    no que dizia respeito natureza da rea quanto no que se referia aos seus

    objetivos, contedos e pressupostos pedaggicos de ensino e aprendizagem. No

    primeiro aspecto, se ampliou a viso de uma rea biolgica, reavaliaram-se e

    enfatizaram-se as dimenses psicolgicas, sociais, cognitivas e afetivas,

    concebendo o aluno como ser humano integral. No segundo, se abarcaram objetivos

    educacionais mais amplos (no apenas voltados para a formao de um fsico que

    pudesse sustentar a atividade intelectual), contedos diversificados (no s

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    exerccios e esportes) e pressupostos pedaggicos mais humanos (e no apenas

    adestramento).

    Atualmente se concebe a existncia de algumas abordagens para a Educao

    Fsica escolar no Brasil que resultam da articulao de diferentes teorias

    psicolgicas, sociolgicas e concepes filosficas e buscam dar corpo ao objeto de

    estudo desta disciplina.

    Darido (2003) apresenta as concepes de Educao Fsica que buscam que

    procuram romper com o modelo tradicional e tecnicista. As atuais abordagens so:

    desenvolvimenta, psicomotricidade, crtico-interacionista, crtico-superadora, crtico

    emancipatria, sistmica e sade renonada.

    A abordagem desenvolvimenta defende a idia de que o movimento o principal

    meio e fim da Educao Fsica. uma tentativa de caracterizar a progresso normal

    do crescimento fsico, do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em

    relao faixa etria. Sua base terica essencialmente a psicologia dodesenvolvimento e da aprendizagem (Bracht, 1999; Darido, 2003).

    A abordagem da psicomotricidade, ou educao psicomotora, exerceu grande

    influncia na Educao Fsica brasileira nas dcadas de 70 e 80. Nessa perspectiva

    o movimento mero instrumento, no sendo as formas culturais de movimentar-se

    humano consideradas um saber a ser transmitido na escola (Bracht, 1999).

    A abordagem crtico-interacionista possibilita uma maior integrao com uma

    proposta pedaggica ampla e integrada a Educao Fsica nos primeiros anos de

    educao formal (Freire, 1989). A inteno a construo do conhecimento a partir

    da interao do sujeito com o mundo, respeitar o universo cultural do aluno,

    explorando as diversas possibilidades educativas de atividades ldicas espontneas,

    propondo tarefas cada vez mais complexas e desafiadoras com vistas construo

    do conhecimento. Tem como seu contedo brincadeiras populares, jogo simblico ejogo de regras (Freire, 1989; Darido, 2003).

    41

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    As abordagens crtico-superadora e crtico emancipatria sugerem procedimentos

    didtico-pedaggicos que possibilitem, ao se tematizarem as formas culturais do

    movimentar-se humano (os temas da cultura corporal e do movimento), propiciar um

    esclarecimento crtico a respeito, desvelando suas vinculaes com os elementos da

    ordem vigente, desenvolvendo concomitantemente, as competncias para tal: a

    lgica dialtica para a crtica-superadora, e o agir comunicativo para a crtica

    emancipatria. Assim, conscientes os sujeitos podero agir autnoma e criticamente

    na esfera da cultura corporal ou de movimento e tambm agir de forma

    transformadora como cidados polticos (Bracht, 1999).

    A abordagem sistmica reside no entendimento de que um sistema aberto onde

    sofre e interage influenciando a sociedade. Procura na definio de vivncia corporal

    o movimento de introduzir o aluno nos contedos oferecidos na escola,

    oportunizando a experincia da cultura de movimentos (Darido, 2003). Alicera-se

    nos princpios da no excluso e da diversidade de atividades, propondo

    Educao Fsica a valorizao de uma maior diversidade de vivncias esportivas,

    atividades rtmicas e de expresso.

    Guedes e Guedes (1995) e Nahas (1997) com a abordagem da sade renovada

    apresentam a Educao Fsica dentro de uma matriz temtica referente a sade e

    qualidade de vida. O professor estrutura as aulas com prticas de atividades fsicas

    vivenciadas durante a infncia e a adolescncia que influenciam o desenvolvimento

    das atitudes, habilidades e hbitos que podem contribuir na adoo de um estilo de

    vida ativo na idade adulta.

    Todas essas correntes tm ampliado os campos de ao e reflexo para a rea e a

    aproximado das cincias humanas, e, embora contenham enfoques cientficos

    diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, tm em comum a

    busca de uma Educao Fsica que articule as mltiplas dimenses do ser humano.

    42

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    2.2 Uma Educao Fsica para uma nova escola: aproximaes

    iniciais entre TIC e Educao Fsica

    Como destacado anteriormente, as diferentes abordagens da Educao Fsicaintroduzem principalmente uma nova significao na maneira de ensinar esta

    disciplina na escola, que se traduz sobretudo na preocupao em uma incorporao

    de aspectos tericos e no mais somente a prtica pela prtica. Neste sentido,

    dentro das exigncias do mundo atual se encontra a necessidade de formar

    acadmica e profissionalmente os profissionais com as novas tecnologias e os

    avanos cientficos, ou seja, se cria a necessidade de instruir-se na informtica e

    telemtica que a sociedade maneja como ferramenta cotidiana. Entretanto, para issoa Educao Fsica deve replanejar seus objetivos, suas metas e sua didtica.

    Relativamente a sua aproximao com as TIC, pode-se dizer que as relaes da

    tecnologia com o esporte e a atividade fsca, na maioria de suas manifestaes:

    treinamento de alto rendimento, biomecnica, medicina esportiva, etc, j esto

    presentes a dcadas. Romero, Capllonch e Latorre (2005) destacam sua utilizao

    como instrumento de organizao e gesto da prtica e dos espaos desportivos aoservio da investigao, do marketing ou do ensino. De Pablos (2004c e 2007)

    destaca que as TIC tm sido utilizadas no mbito desportivo na gesto de

    instalaes, organizao de atividades, eventos, documentao, reabitao

    esportiva, a histria da Educao Fsica, apoio audivisual para tomada de deciso

    na arbitragem esportiva.

    Autores como De Pablos (2004a; 2004b; 2007), Barqun y Pla (2003), Andrade de

    Melo (1998), Guterman (1996 e 1998) descrevem vinculaes que vo desde as

    revistas divulgativas na investigao das cincias sociais e cincias do esporte at

    uma exaustiva lista de softwares e programas especficos que permitem salvar

    dados e analisar progresses das diversas etapas da condio fsica, apresentar

    informes e ciclos de treinamento, ter arquivos de atividades e/ou sesses aplicveis

    a Educao Fsica ou criar atividades diversas em programas informticos que tem

    representado uma ajuda eficaz na ao docente.

    43

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    A chegada da internet representou uma grande evoluo no compartilhamento de

    informao e conhecimento em Educao Fsica. Apareceram as primeiras pginas

    web, onde os docentes passaram a expor seus conhecimentos e experincias.

    Romero, Capllonch e Latorre (2005) apontam que seguido deste fenmeno,

    surgiram as revistas eletrnicas e a organizao de comunidades em rede que

    colocaram ao alcance de qualquer profissional as novas ferramentas existentes:

    fruns, chats, listas de distribuio especficas, etc.

    Como exemplos deste fenmeno pode-se citar a pgina PE Central: The premier web

    site for health and Physical Education, um site estado-unidense direrecionado a

    professores de Educao Fsica e comunidade em geral, contm muitos links para

    outros programas na rea de Educao Fsica. A Figura 1, demonstra a tela inicial

    do site, composta por vrios temas: Educao Fsica adaptada, Educao Fsica

    pr-escolar, informaes profissionais, recursos instrutivos, livros, msica, central de

    empregos, pesquisas em ao, sugestes se pginas, uso do pedmetro, desafios,

    etc.

    Figura1. PE Central. Fonte: http://www.pecentral.org/

    Na Espanha, tem-se a Web EDUSPORT, que foi patrocinada pelo Ministrio da

    Educao, Cultura e Esporte atravs do antigo Centro Nacional de Informao e

    44

    http:///reader/full/http://www.pecentral.orghttp:///reader/full/http://www.pecentral.org
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    Comunicao Educativa (CNICE), atual ISFTIC Instituto Superior de Formao em

    Rede para o Professorado. Em sntese, esta pgina prope o desenvolvimento

    pedaggico dos contedos bsicos da rea de Educao Fsica, baseando-se em

    uma concepo aberta que contempla diferentes nveis de interatividade e que

    diversifica suas propostas visando trs tipos de destinatrios: professores de

    Educao Fsica de todos os nveis, alunos de ESO e bacharelado e os cidados em

    geral.

    Figura 2. Edusport. Fonte: http://recursos.cnice.mec.es/edfisica/

    Na Frana, tem-se a Web ducnet, patrocinada pelo Ministrio de Educao

    Nacional um site dirigido a professores de todas as disciplinas do currculo voltadoao ensino permeado pelas tecnologias da informao e comunicao. O link

    referente a Educao Fsica oferece aos docentes uma vasta lista de opes de

    ferramentas, recursos, softwares, pginas acadmicas de Educao Fsica,

    atividades em contexto nacional atravs de redes de interlocutores, alm de textos e

    programas oficiais.

    45

    http://recursos.cnice.mec.es/edfisicahttp://recursos.cnice.mec.es/edfisica
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    Figura 3. ducnet. Fonte: http://www.educnet.education.fr/eps

    No Brasil existem dois casos de grande acesso entre os profissionais de Educao

    Fsica, tem-se o Centro Virtual Esportivo (CEV) e o Boletim Brasileiro de Educao

    Fsica.

    O CEV uma pgina de Gesto do Conhecimento em Educao Fsica, Esportes e

    Lazer. Ela tem o objetivo de ser a porta de entrada para a informao esportiva

    nacional e internacional, atendendo desde esportistas e estudantes com interesse

    geral at pesquisadores e profissionais da rea. Foi criada no Ncleo de Informtica

    Biomdica (NIB) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) em janeiro de1996, como parte de um trabalho de Ps-Graduao da Faculdade de Educao

    Fsica. Ela tem o apoio do Ministrio do Esporte, por meio da Secretaria Nacional de

    Esporte, com parte da tecnologia em multimdia e Internet com os projetos do NIB,

    especialmente o Hospital Virtual, de onde herdou a estrutura inicial. Constitui-se num

    importante centro de informaes para o suporte de programas de Educao com

    Informao Distncia (EIAD) participando dos esforos de preparao e

    atualizao profissional em Educao Fsica.

    46

    http://www.educnet.education.fr/epshttp://www.educnet.education.fr/eps
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    Figura 4. Centro Esportivo Virtual. Fonte: http://cev.org.br/

    O Boletim Brasileiro de Educao Fsica um peridico eletrnico, de periodicidade

    bimestral, enviado gratuitamente por e-mail aos assinantes. Todos os nmeros do

    Boletim so armazenados no site e podem ser acessados atravs da seo

    "Arquivo". O Boletim nasceu da necessidade de divulgao do conhecimento

    cientfico e cultural produzido pela Educao Fsica brasileira, juntamente com a

    idia do editor de auxiliar os pesquisadores e estudantes da rea. Tendo iniciado

    sua publicao, ininterrupta, desde abril de 2001 na cidade de Campo Grande, Mato

    Grosso do Sul. Atualmente o Boletim editado na cidade de Braslia, Distrito

    Federal.

    O Boletim construdo pelo editor atravs de pesquisas realizadas na internet e dos

    contatos com vrias instituies, alm disso, os leitores freqentemente enviam

    informaes ou seus trabalhos para serem disponibilizados atravs deste peridico.

    Todas as pessoas que quiserem podem colaborar com a construo do Boletim.

    Atravs do Boletim so divulgados publicaes e lanamentos de livros, revistas e

    outros trabalhos de interesse da rea. H tambm links de sites relacionados com as

    temticas da Educao Fsica e rea correlatas, em todos os nmeros do Boletim. A

    principal seo do Boletim a Biblioteca Digital Brasileira de Educao Fsica, onde

    47

    http://cev.org.br/http://cev.org.br/
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    disponibilizado para download arquivos de trabalhos na ntegra e gratuitamente.

    Os trabalhos so divulgados atravs do Boletim e armazenados no site. Existe um

    vasto acervo de artigos, teses, dissertaes, livros, revistas cientficas, anais de

    congressos, monografias, leis, entre outros.

    Figura 5. Boletim Brasileiro de Educao Fsica. Fonte: www.boletimef.org

    As relaes entre TIC e Educao Fsica escolar tm sido bem mais escassas do

    que o quadro exposto anteriormente. Segundo Capllonch (2005, 2007) e Romero

    (2007) a maioria das atuais relaes entre tecnologia e Educao Fsica se

    centralizam na considerao de que a mesma um meio imprescndivel para a

    formao e o trabalho dos professores e um recurso de apoio a docncia.

    A partir da ltima dcada do sculo XX, diversos pesquisadores ao redor do mundo

    voltaram seus esforos para apronfudar esta aproximao entre TIC e Educao

    Fsica Escolar. Dentro desta linha de atuao investigativa, na Amrica do Norte

    podemos citar autores como Nie e Madison (2008), Woods (2008), Ince et al. (2007),

    Liang, et al. (2006), Woods et al. (2004), Finkenberg et al. (2002), Van Damme

    (2001), Ellery (1997). Na Europa, autores como Papastergiou (2008), Tearle e

    Golder (2008), Yaman (2008), Miniot (2008), Lemeray (2008), Perissinotto (2008),

    Katona (2007), Colas, Romero e De Pablos (2007), Salinas e Viciana (2006),

    48

    http:///reader/full/www.boletimef.orghttp:///reader/full/www.boletimef.org
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    Thomas e Stratton (2006), Capllonch (2005), Moreno (2005), Wood (2005), Bush

    (2004), Gordejo (2004), Martinez e Zagalas (2004), Pennington et al. (2004), Morieux

    et al. (2000), Sanchez e Romance (2000) e na Oceania, Lockyer e Patterson (2007).

    Em sntese, estes pesquisadores procuram traar a integrao das TIC no ensino de

    Educao Fsica no mbito escolar, investigam como se d a utilizao das

    tecnologias, quais aplicaes e recursos utilizam os professores, quais suas

    opinies e percepes em relao as TIC, quais as dificuldades encontradas por

    este corpo docente, quais as atitudes destes professores frente ao computador,

    como se d a formao deste corpo docente para utilizao das TIC.

    2.3 Utilizao das TIC na Educao Fsica Brasileira

    O desenvolvimento e o avano tecnolgico, bem como o aparecimento de modernos

    meios de telecomunicaes, esto reconfigurando as atuais formas de espao e

    tempo, levando-nos a constantes e rpidas transformaes nas formas de

    representao sobre ns mesmos, sobre as formas de trabalho e sobre a maneira

    como se concebem e constroem as qualificaes. Essas mudanas interferem e

    modificam o modo como se processa e as formas como se desenvolve as pesquisas

    em todas as reas do conhecimento cientfico, entre elas, a Educao Fsica, que

    integra as reas da sade e da educao (Bianchi e Hatje, 2007).

    As possibilidades de uso das TICs so diversas. Dependendo da criatividade do

    usurio e de sua capacidade cognitiva, podemos multiplicar o j elevado nmero de

    alternativas de uso. Essas mudanas no modo de interagir com as informaes e o

    conhecimento vem ao encontro dos objetivos de aprendizagem crtica e permitem o

    desenvolvimento de aes educacionais, a partir de concepes de aprendizagem

    que visam formar sujeitos autnomos (Nascimento, 2003).

    Infelizmente, no Brasil nota-se uma grande carncia de estudos que visem a

    utilizao das tecnologias da informao e comunicao na rea de Educao Fsica

    Escolar. Foram encontrados estudos sobre diversas perspectativas, desde estudosque traam o perfil dos utilizadores at a aplicao das tecnologias da informao e

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    comunicao em contexto de pesquisa aplicada e de ensino. Em continuao

    faremos uma breve explanao destas investigaes.

    Ferreira et al. (2005) no intuito de verificar o perfil dos alunos do curso de Educao

    Fsica quanto ao uso de tecnologias de informao e comunicao, realizaram uma

    pesquisa na Universidade Catlica de Braslia com 350 alunos. Os participantes do

    estudo responderam um questionrio composto de sete questes fechadas, as quais

    contemplam os seguintes aspectos: utilizao de novas tecnologias, como lida com

    elas ao estudar e para se comunicar, quais as expectativas ao utiliz-las,

    perspectiva de aprendizagem, quais os recursos utilizados e como a universidade

    contribui para esse aprendizado. De acordo com os dados levantados, existe uma

    parcela significativa de entrevistados que demonstram conhecimentos satisfatrios

    relacionados s novas tecnologias. Estes destacaram as TIC como instrumento

    indispensvel na aquisio e transposio dos saberes.

    Em um outro direcionamento, Costa et al. (2005) e Nunes et al. (2006) descrevem

    estudos de acompanhamento de disfunes crnico degenerativas atravs da

    internet.

    Costa et al. (2005) avaliaram o uso da internet no tratamento da obesidade em uma

    amostra de adultos da cidade de Lagoa dos trs Cantos, RS, onde 58,6% dos

    habitantes tinha IMC acima de 25kg/m. Os indivduos com excesso de peso (n=

    532) foram submetidos a um programa de emagrecimento via internet com dieta

    hipocalrica e auxlio de tcnicas comportamentais, onde uma equipe de

    nutricionistas recebiam via internet os resultados das avaliaes, avaliavam os

    resultados e orientavam individualmente por e-mail cada participante como deveriam

    continuar. Foi observada diminuio do peso mdio em relao ao inicial aos 2, 5,

    8 e 13 meses, respectivamente: 354 indivduos (66,6%) perderam mais do que 5%,

    sendo que 106 (20%) perderam mais do que 10% do peso inicial. Estes resultados

    demonstram que o acompanhamento pela internet pode ser til no combate ao

    excesso de peso e obesidade.

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    Nunes et al. (2006) verificaram os efeitos de um programa de condicionamento fsico

    no-supervisionado e acompanhado via internet, por um perodo de seis meses, na

    presso arterial e composio corporal de 135 indivduos divididos em dois grupos,

    respectivamente: normotensos e pr-hipertensos. Verificou-se no grupo dos

    normotensos reduo significativa na circunferncia da cintura. No grupo dos pr

    hipertensos reduo significativa na presso arterial sistlica, presso arterial

    diastlica, peso corporal, ndice de massa corporal e circunferncia da cintura. Os

    autores concluram que a utilizao da Internet um estratgia segura e de baixo

    custo na preveno de doenas cardiovasculares e melhoria da condio de sade

    da populao.

    Em outra perspectiva Silva (2003) descreve a experincia da construo da revista

    eletrnica Boletim Brasileiro de Educao Fsica, que tem como objetivo, alm de

    publicao de artigos inditos, fazer um trabalho amplo de democratizao das

    informaes cientficas e culturais da Educao Fsica de uma forma geral, que s

    possvel atravs do uso das novas tecnologias da informao.

    No sentido de criar novos componentes tecnolgicos para auxlio no ensino-

    aprendizagem de modalidades esportivas, tem-se os estudos de (Nascimento, 2003;

    Sobrinho, Nascimento e Marchessou, 2004; Mendes, 2007 e Missaka, 2007).

    Nascimento (2003) buscou verificar as condies de processo, de contexto, e de

    programa que conferem maior eficcia ao ensino a distncia e ao ensino

    convencional, utilizando-se os meios tecnolgicos de ensino a distancia, no contexto

    de formao inicial de professores de Educao Fsica, num mdulo de basquetebol.

    Os resultados apontam haver diferenas significativas entre o grupo que utilizou os

    meios tecnolgicos em relao ao grupo controle, confirmando a hiptese que os

    meios de ensino a distncia traz vantagens na qualidade da formao incial do

    professor. Quando considerado se os alunos apresentam resultados distintos com a

    utilizao dos meios tecnolgicos de ensino a distncia, em funo das suas

    caractersticas individuais e das condies de contexto, de processo e de programas

    que lhes so proporcionados, no houveram diferenas significativas, entretanto foi

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    constatado um progresso superior no grupo com acesso aos meios tecnlogicos

    entre a avaliao incial e final, em relao ao grupo controle.

    Sobrinho, Nascimento e Marchessou (2004) em seu estudo compararam os nveis

    de desempenho motor e cognitivo nas aulas de Educao Fsica em 58 alunos de

    terceira srie do ensino fundamental inserindo a internet como meio didtico de

    ensino do voleibol. A amostra foi distribuda em dois grupos, respectivamente grupo

    controle e grupo experimental onde o grupo controle foi exposto ao mtodo

    convencional presencial de ensino e o grupo experimental foi exposto ao mtodo

    convencional presencial com utilizao da Internet. Neste estudo, concluram que os

    alunos que tiveram acesso a Internet tiveram desempenho acadmico superior em

    relao aos alunos que no tiveram acesso a mesma, tanto no aspecto motor

    quanto no aspecto cognitivo.

    Mendes (2007) enfatizando a emergncia de novas tecnologias educacionais na

    Educao Fsica, que buscam novas maneiras de promover o processo ensino-

    aprendizagem em iniciantes da modalidade esportiva Jud, desenvolveu uma

    componente telematica multimdia (CD-ROM); destacando a teoria, histria, filosofia,

    nomenclaturas e significados de palavras, e a execuo das tcnicas especficas

    desta modalidade.

    Missaka (2007) procurou verificar se crianas praticantes de jud faixa branca, que

    utilizaram CD-ROM como matria de apoio, teriam notas melhores que as crianas

    que utilizaram o mtodo tradicional de ensino, no exame para faixa cinza.

    Participaram do estudo 12 crianas da faixa etria compreendida entre 9 e 10 anos

    de idade aptas ao exame para faixa cinza. A amostra foi dividida em dois grupos:

    grupo controle e gurpo experimental. Os dois grupos foram expostos a treinamento

    convencional por um perodo de seis meses e a partir do stimo ms foi utilizado um

    CD-ROM para reforar o aprendizado no grupo experimental. Conclui-se que o

    grupo experimental obteve nostas superiores tanto no exame escrito quanto no

    exame prtico em relao ao grupo controle.

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    Figueira Jnior (2000) destaca o papel das mdias na promoo de um estilo de vida

    ativo e conquista da qualidade de vida enfatizando pesquisas que demonstram que

    a mdia televisa, radiofnica e os jornais impressos se configuram em importantes

    meios de promoo da atividade fsica. Apresenta tambm estudos que prope

    novos direcionamentos, como uma maior utilizao da Internet para divulgao de

    informaes que visem conscientizao de diferentes populaes (adolescentes,

    adultos, idosos) e mudana de comportamento.

    Em contextos de ensino e construo de conhecimento atravs das novas

    tecnologias da informao e comunicao tem-se os estudos de (Geremias, 2000;

    Zamai, 2000; Zylberberg, 2000; Santos, 2001; Vilela Jnior, 2004; Possamai, 2005;

    Souza, 2007; Ribeiro, 2007).

    Geremias (2000) descreve em sua pesquisa diversas formas de utilizao da

    educao a distncia e relata o estudo de caso realizado no Curso de Gesto para

    Qualidade na Administrao Desportiva, que utilizou a videoconferncia com apoio

    de recursos da Internet, experincia realizada, em 5 (cinco) cidades do Estado de

    Santa Catarina, simultaneamente, e oferecido pelo Centro de Educao Fsica,

    Fisioterapia e Desportos CEFID da Universidade do Estado de Santa Catarina

    UDESC em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina UFSC,

    atravs de seu Laboratrio de Ensino a Distncia - LED. O curso transcorreu dentro

    de uma certa normalidade, embora alguns alunos relutassem at a concluso do

    mesmo contra o uso da Internet, e mesmo sabendo da modalidade

    videoconferncia e de posse de um Manual produzido pelo LED / UFSC, tiveram

    muitas dificuldades para o uso da mesma. Foram aplicados alguns questionrios

    durante o curso para saber da aceitao, da modalidade e do apoio que foi oferecido

    via Internet, onde 45% consideraram que o apoio da Internet deveria ter sido melhor

    trabalhado.

    Zamai (2000) com o objetivo de levantar, analisar e discutir o conhecimento e

    abordagem de professores de Educao Fsica do ensino fundamental o E