Telessaúde Informa Março de 2013

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Fotos: retratos da Ambiência como organização dos espaços e suas funções páginas 4 e 5 Telessaúde Informa Boletim Informativo mensal do Núcleo de Telessaúde SC telessaude.sc.gov.br [email protected] Março de 2013 páginas 2 e 3 página 9 página Entrevista: Trazemos a polêmica da internação compulsória até você Novidade para Abril: Telessaúde SC começa 2013 com a estreia de novo serviço Saúde de pessoas em situação de rua: cidadania e igualdade páginas 6 e 7

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Na edição de março de 2013, o ''Telessaúde Informa'' traz a polêmica da internação compulsória em uma entrevista com Maria Cecília, coordenadora estadual de Saúde Mental de Santa Catarina. Na reportagem principal, abordamos a Saúde da população em situação de rua e a função da Atenção Básica, formando um debate sobre equidade e cidadania. No especial fotográfico, mostramos Centros de Saúde de Florianópolis que encontraram uma maneira de organizar os espaços para facilitar o acesso a informação e dinamizar melhor o processo de trabalho. Além das informações, trazemos também as tradicionais páginas dos serviços, como Teleconsultoria de Processo de Trabalho e Segunda Opinião Formativa, e dicas de filmes e publicações.

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Fotos: retratos da Ambiência como organização dos espaços e suas funções

páginas 4 e 5

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páginas 2 e 3 página 9

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Entrevista: Trazemos a polêmica da internação

compulsória até você

Novidade para Abril: Telessaúde SC começa 2013

com a estreia de novo serviço

Saúde de pessoas em situação de rua: cidadania e igualdadepáginas 6 e 7

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Maria Cecília Heckrath é coordenadora estadual de saúde mental em Santa Catarina

TI — Para quais casos a inter-nação compulsória é indica-da? O que diz a lei?

Maria Cecília — A lei 10.216, de 2001, ou lei da reforma psi-quiátrica, redireciona o modelo de assistência, possibilitando um atendimento voltado para os princípios do SUS. Um dos artigos dessa lei, que proíbe a internação de caráter asilar, diz que as internações só devem ser feitas quando todos os recursos ambulatoriais e extra hospitala-res tiverem se mostrado insufi-cientes.

A internação compulsória é feita através do poder judiciário, mas só pode acontecer a partir de um laudo médico circunstan-ciado (lei 10.216/2001 Art. 6º) — Esse artigo da lei não tem sido seguido. As pessoas são inter-nadas judicialmente, sem laudo circunstanciado, e há casos de pacientes que possuem alta mé-dica, mas não têm alta judicial e permanecem internados.

TI — E o que acontece em São Paulo, está de acordo com o que prevê a lei?

Maria Cecília — O que está acontecendo em São Paulo e no Rio de Janeiro é diferente. São decisões pontuais, e não fede-rais. Não fazem parte da políti-ca do MS, que propõe uma rede de serviços em que o hospital é apenas um ponto dessa rede, mas não o principal. Entretanto, há decisões como essas que de-terminam que aqueles que es-tão na rua usando crack devem ser internados, estamos focados nessa droga.

TI — Mas existe uma epidemia de crack?

Maria Cecília — O crack é usado há 20 anos. Não é novo, mas eles não usavam na rua, então ninguém se importava. Agora, nos locais onde ficam as cracolândias, o valor imobiliário caiu muito, já saíram vários ar-tigos sobre isso. Para aumentar,

os usuários de crack têm que sair. Internar indiscriminada-mente não me parece apropria-do. Hoje, morre-se menos pelo crack do que se morre pelo al-coolismo. As mortes pelo crack estão muito mais ligadas à vio-lência, ao tráfico e ao crime do que ao uso da droga, propria-mente dita.

Diziam que o crack mataria em até seis meses, mas seis me-ses passaram e os usuários não morreram, então parou-se de falar isso. O crack, na verdade, é muito menos usado do que imaginamos, mas tem impacto: a cocaína cheirada tem glamour, o álcool tem glamour, o crack não tem. O crack deixa as pesso-as feias, sujas. E ninguém quer uma pessoa feia e suja morando na rua na frente da sua casa.

TI — É por isso que a ideia da internação compulsória é tão bem aceita?

Maria Cecília — Essa ideia é muito compartilhada com a so-ciedade. Muitos, até mesmo da área da saúde, são a favor da internação. Perguntam como vão viver sabendo que podem ser roubados por um usuário de crack e acham que tem que in-ternar. A internação por questão de saúde mudou para a interna-ção por motivo de não se querer a rua suja, nem se querer correr o risco de ser assaltado por um usuário.

Enquanto o crack for respon-

Vício em Crack X Internação CompulsóriaCom a internação compulsória de pessoas usuárias de crack liberada no RJ e em SP, nós levantamos a dúvida: quais os vários lados da moeda? Será que esta é a medida mais apropriada?

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“Internação passou a ser por motivos de não se querer riscos”

sável por todos os problemas que acontecem na nossa so-ciedade, nós estaremos numa posição muito cômoda. Tudo o que acontece é culpa do crack, aí a gente não precisa mexer nas questões sociais, econômicas, políticas. E não se olha a pessoa que está por trás do crack. Não se vê que 85% dos usuários que estão na rua não tem o 1º grau completo. Essas pessoas vêm de famílias pobres, desestrutura-das, e sofreram violência desde a infância. Existe a prostituição infantil em larga escala no país, meninas de 10 anos na beira das estradas, prostituídas. Quem se-rão essas meninas dentro de dois ou três anos? Provavelmen-te usuárias de crack.

TI — E com essas pessoas que são internadas e tratadas, o que acontece depois?

Maria Cecília — O que as es-pera fora da internação? Como foi resolvida a questão da inclu-são social dessas pessoas? Que projeto de vida elas vão ter? Ou será que a internação é tão mila-grosa que ela vai sair dali linda, com um baita projeto de vida e vai trabalhar numa empresa dessas terceirizadas, incluída no nosso modelo econômico? Essa pessoa vai sair da internação sem projeto de vida, sem esco-laridade, sem inclusão social e vai voltar a usar a droga.

TI — Mas então quais são os caminhos possíveis? Por onde começar na prática se a base é mudar a sociedade?

Maria Cecília — Em Florianó-polis, por exemplo, há uma tria-gem, não para internação com-pulsória, mas para tratamento — e muita gente está procu-rando. As pessoas querem se tratar, elas não estão ali porque querem. Mas o que vamos ofe-recer a elas? Das comunidades terapêuticas, pouquíssimas são boas, e muitas pessoas que são internadas poderiam fazer tra-tamento em nível ambulatorial.

Agora existe um ponto de atenção, um dispositivo da rede, chamado Consultório na Rua. É uma equipe volante que vai tra-balhar com as pessoas que es-

tão em situação de rua e tratar vários aspectos — não só o uso de droga — porque ela pode ter uma tuberculose, uma hepatite, ou outras doenças que preci-sam ser tratadas. Muitos preci-sam de uma internação, quando têm uma crise de abstinência ou estão correndo risco de vida. Eu discordo é do fato de que por usar crack tenha que ser inter-nado. Tem que internar porque está precisando realmente ou porque se está usando crack e sujando a rua?

TI — Pensando na APS como porta de entrada, qual a abor-dagem que pode ser feita nes-

se nível de atenção?Maria Cecília — A gente sabe

que o governo está investindo muito na Atenção Básica. Isso porque a APS é porta de entrada e ordenadora da rede. As Equi-pes de Saúde da Família ainda não têm a formação suficiente para trabalhar, as pessoas têm medo. Então, a primeira coisa é preparar. O Agente Comunitá-rio de Saúde é importantíssimo nessa situação. Ele conhece as famílias de perto, conhece as casas, conhece as pessoas que estão em situação de risco. Eles não vão lá tratar, mas eles po-dem identificar, podem ter esse olhar para encaminhar. O pa-pel da Atenção Básica é tratar a pessoa na sua integralidade. A APS precisa identificar e aco-lher, pois a maioria das pessoas que usa droga, até o alcoolista, não procura o serviço de saúde porque não compartilha da for-ma rígida como ele lida com as situações. “Se você não parar de usar droga, não pode usar o ser-viço”, assim o serviço não precisa existir. Eu tenho que frequentar o serviço mesmo que eu use droga, é ali que vou me tratar para ter outros caminhos, para identificar outras possibilidades de vida além da droga que, no momento, é a única coisa que está me dando prazer. A APS en-tra aí, como um serviço que vai enxergar essas pessoas na in-tegralidade, acolhê-las, tratar o que precisa ser tratado e enca-minhar aqueles que precisarem para serviços especializados es-tratégicos.

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A organização do espaço faz a diferença

Mural dos funcionários (1) e de informações (2), mapa da comunidade feito a mão (3) e das regiões separadas por cores (4), identificação da porta do consultório (5) e na chegada do Centro (6). Elevador adaptado e espaços bem distribuídos (7), área de lazer para crianças (8) e cantinho da amamentação para gestantes (9).

“No Centro de Sáude

há diversos componentes

que modificam e qualificam o

espaço, criando ambientes onde

o usuário possa se sentir acolhido.

No Itacorubi, as informações estão dispostas de maneira, acessível, com linguagem clara e identificando os espaços e suas funções.

Os CS do Itacorubi e da Tapera, em Florianópolis, são exemplos de práticas de ambiência

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(Na página seguinte) Blog do Centro (1), cartão de visitas dos profissionais de saúde (2), identificação da porta dos consultórios (3) e das regiões separadas por cores (4). Identificação dos consultórios com cores diferentes para cada equipe (4,5,6,7) e dos espaços de atendimento comuns de todas as equipes e NASF (8).

Itacorubi Tapera

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Reportagem FotográficaTexto: Luise Lüdke, Marina Veshagem e Thaine Machado Fotos: Thaine Machado

Entrevistamos a arquiteta e consultora da Política Nacional de Humanização (PNH), Mirela Pessetti, sobre temas que abordam ambiência.

TI - Como começou a discussão sobre ambiência na saúde?

MP - Em 2003, durante o debate sobre a humanização na saúde, nos debruçamos mais sobre a questão do espaço físico, não para olhar apenas a qualidade enquanto dimensão estética do bonito, do funcional, mas para pensar também a adequação desses espaços aos processos de trabalho. Precisamos trabalhar com acolhimento, com classificação de risco, clínica ampliada, cuidado integral, equipes multiprofissionais, e adequar os espaços às diretrizes de saúde do SUS, de acesso universal

e integralidade, e ver o quanto as unidades estavam favorecendo a implantação dessas diretrizes. Então trouxemos um novo olhar para questão da ambiência, entendendo que o espaço físico não é só parede, piso, porta, mas também um espaço social, um espaço de relações interpessoais e que era necessário dar foco para essas questões subjetivas.

TI - Como trabalhar a diretriz da ambiência?

MP - Uma das coisas que tentamos fortalecer muito é a produção coletiva do espaço, porque quando você vai pensar e discutir uma mudança no espaço físico e, se isso é feito de forma coletiva com o trabalhador, com o usuário e com o gestor, é um momento bem oportuno também

para você rediscutir processos de trabalho.

TI - Como um profissional pode buscar ajuda para trabalhar com ambiência?

MP - Hoje na política de humanização, nós temos apoiadores em praticamente todos os estados de diferentes regiões. Santa Catarina teve curso de formação de apoiadores, então há bastante gente já apropriada da temática. Um caminho para identificar essas pessoas é via a rede HumanizaSus, em que os profissionais perguntam e alguém sempre vai dar um retorno e viabilizar os contatos necessários na sua rede local ou nacional. Na própria rede tem as cartilhas e várias experiências que dá pra ir se apropriando.

Na Tapera, informações de fácil acesso (através do blog, por exemplo), propiciam o contato entre profissionais e comunidade. Os profissionais investiram na adaptação

dos espaços visando facilitar o processo de trabalho.

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Acostumadas a viver à margem da sociedade, pessoas em situação de rua não sabem como ou para quem pedir ajuda ou buscar acesso à saúde. Qual a função da Atenção Básica, como ajudá-los e como repensar toda a questão de cidadania e direitos iguais?

Saúde em situação de rua: impasse?

Há mais ou menos cinco anos, Thiago, 25 anos, brigou com a família e

resolveu sair de casa para nunca mais voltar. Sem ter conseguido um emprego e por se recusar a pedir ajuda aos seus pais, hoje ele mora nas ruas do centro de Florianópolis. Nesse meio tem-po, começou a fumar e a beber compulsivamente. Envolveu-se com drogas ilegais e não demo-rou muito para que o consumo evoluísse para um vício e Thiago precisasse procurar ajuda espe-cializada.

O problema aqui salta aos olhos: por estar em situação de rua, Thia-go não tem mais seus documentos. Ainda assim, chegou a ser interna-do na Colônia Santana e con-seguiu ajuda em outras ca-sas de recu-peração.

Quando questionado sobre a razão para estar de volta às ruas, Thiago respondeu, cabisbaixo:

— A gente não tem opção... Passa lá o tempo que precisa, mas continua sem saber trabalhar ou escrever direito. Não consegue trabalho, não tem uma casa para voltar, não tem roupas, não tem nada. A gente acaba sempre de volta às ruas.

Embora não exista maneira de saber com precisão, estima-se que outras 50 mil pessoas vivam em situação similar a de Thiago, em todo o Brasil. Um levanta-

mento feito pelo Ministé-rio da Saúde aponta os

principais motivos pelos quais essas pessoas passaram

a viver na rua. O álcool e ou-

tras dro-gas

l i -

deram a lista, com 35,5%. Em seguida, vem o desemprego (29,8%) e as desavenças com a família (29,1%).

O mesmo estudo também lista os problemas de saúde identificados com maior frequência. Em destaque, as doenças de pele e os problemas nos pés, comuns pelo uso de calçados inadequados e pela falta de proteção contra o chão bruto, o sol e, em alguns casos, a longa exposição à umidade.

No Manual sobre o cuidado à saúde junto a população em situação de rua, cada doença vira um item sobre o qual há instruções de como agir em atendimentos, direcionadas aos profissionais de saúde.

Marcelo Pedra, psicólogo e membro da Coordenação de Gestão da Atenção Básica Nacional, fala um pouco sobre os seus dois anos de experiência em Consultórios na Rua (CnaR) no estado do Rio de Janeiro:

— Trabalhar com pessoas em situação de rua nos provoca a repensar e reconstruir as ideias de cidadania e acesso. Por que aquela pessoa que está na rua e não tem documentos tem menos

direito à saúde pública do país do que qualquer outra

pessoa? Por que ela

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A História

Nas décadas de 70 e 80, nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte, um movimento de or-ganização de pessoas em situação de rua começa a tomar forma. A iniciativa da Pastoral do Povo da Rua conseguiu, enfim, implantar casas de as-sistência aos moradores de rua. Mas foi em Belo Horizonte que essas iniciativas ultrapassaram as barreiras da religião e chegaram à prefeitura. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social assumiu, em 1993, a responsabilidade de realizar o Fórum da População em Situação de Rua e de ten-tar integrar vários segmentos sociais para discutir e elaborar políticas públicas que fossem capazes de reverter o quadro de exclusão dessas pessoas.

Mesmo assim, de lá para cá, poucas dessas políticas ficaram conhecidas. Um levantamento feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em 2008 (o estudo mais recente até agora), mostrou que a grande maioria da pop-ulação em situação de rua (95,5%) não participa de qualquer movimento social ou atividade de asso-ciativismo.

A maioria (61,6%) também não exerce o direi-to de cidadania elementar que é o voto, uma vez que não possui título de eleitor. São pessoas que vivem completamente à margem da sociedade e, embora, tenham algumas formas de auxílio na saúde, não possuem estrutura para conseguir efe-tivamente sair das ruas.

Levantamento mostra que 82% dos moradores de rua são homens

deve ser tratada diferente? E ainda que saibamos que não devemos, por que tratamos?

Os desafios dos consultórios na rua (CnaR)Em geral, as equipes que trabalham em CnaRs

podem ser formadas por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, médicos, agentes sociais, técnicos ou auxiliares de enfermagem e técnico em saúde bucal. A recomendação do MS, entretanto, é que no máximo dois profissionais da mesma categoria componham a mesma equipe. Assim, o alcance dos tratamentos é maior.

Cada diagnóstico e cada consulta feita, segundo Marcelo, é um novo desafio profissional. Para ele, toda a maneira de se clinicar deve ser repensada.

— Pessoas em situação de rua raramente estão presos a horários. Elas comem quando têm fome, e é basicamente isso. Quando você faz um diagnóstico e tenta dar início a um tratamento, precisa ter em mente essa característica: eles não vão respeitar as horas exatamente do remédio, se ele for recomendado, então é preciso adaptar o tratamento.

No Manual publicado pelo Ministério, há o alerta: “Acolher é compreender a sua demanda para além da queixa principal apresentada, é perceber esse cidadão no seu contexto social e inserí-lo em uma rede de atenção à saúde em que a Atenção Básica é a coordenadora do cuidado”. Em Santa Catarina, por enquanto, quatro cidades possuem Consultórios em fase de migração e adaptação à Atenção Básica: Joinville, Criciúma, Blumenau e Florianópolis.

A dificuldade é saber como abordar e acolher uma parcela da população que está habituada a ser ignorada e, por vezes, tem medo de procurar ajuda. Marcelo Pedra resume bem a situação: “É preciso abrir a cabeça”.

Link interessanteManual Sobre o Cuidado à Saúde Junto a População em Situação de Rua, disponível pelo endereço http://migre.me/dlNtw

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Após a adesão ao PMAQ, a equipe do ESF Centro I — “Unidade Básica de Saúde Clóvis José Fluck”, de Maravilha — implantou as matrizes de intervenção como propostas de mudanças importantes para a organização diária de atendimento e rotina de atividades com prazos determinados. Uma destas matrizes recebeu maior ênfase pela necessidade avaliada pela equipe, que via na fitoterapia uma estratégia para promover a desmedicalização dos usuários e uma nova proposta terapêutica, inovando e inserindo as PICs (Práticas Integrativas e Complementares) na atenção ofertada. O foco de atuação ficou nos grupos já desenvolvidos pela equipe e nas Agentes Comunitárias de Saúde, para que tenham conhecimentos para repassar nas visitas mensais às famílias atendidas.

O trabalho com a fitoterapia foi desenvolvido com a parceria da fitoterapeuta e membro do Conselho Municipal de Saúde, Elza Filiphsen, que voluntariamente trouxe a fitoterapia como alternativa e olhar diferente, fugindo da medicação excessiva: “Todas as indicações são preventivas e agem como terapia de ajuda. Em casos de doenças graves, é necessário acompanhamento médico, mas na hora da dor de barriga é bom sabermos quais as nossas alternativas”, afirma a fitoterapeuta.

“É importante destacar o apoio das teleconsultoras do Telessaúde que contribuiram na discussão do tema até a orientação para sua aplicação”, relata a enfermeira Sandra, responsável pela equipe.

Equipe Centro I: Laércio Fornasari (médico), Sandra Mara Bortolanza (enfermeira), Lovani Drago (aux. administrativo), Liziane Rostirola, Leandro Marion, Géssica Salmin (téc. Enfermagem), Luciane Rossa, Joelma Vieira, Lisane Vargas, Terezinha Bortoncello, Claudia Frank, Lucila da Silva Pinto, Lourdes Bonaseski, Marcia Gudiel, Gerusa de Oliveira, Elenir da Costa, Dirce Ebert (ACS).

Relato das teleconsultoras Gisele Damian e Luana Nilson

Ação do Conselheiro na ABA Teleconsultoria de Organi-zação de Processo de Traba-lho (TOPT) é um serviço de apoio às equipes e gestão de APS, de caráter educativo a distância, pautado nos prin-cípios da Atenção Primária à Saúde e inserido no próprio trabalho da equipe. Este apoio é construído entre o teleconsultor do Telessaúde e os membros da equipe e gestão de APS. Basea-se na realidade e na singularidade de cada equipe e tenta des-pertar sua corresponsabilida-de para melhorar a qualidade do acesso e fortalecimento da APS.O objetivo é viabilizar um diálogo problematizador re-gistrado entre profissionais e gestores da APS e um tele-consultor do Telessaúde via Skype. Como solicitar uma Tele-consultoria de Organização de Processo de Trabalho?Solicite a ficha de inscrição pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone (48) 3212 3505. Pré-requisitos:Recomenda-se às equipes ospré-requisitos técnicos:::: Computador com acesso à internet;::: Programa de Skype instala-do já com conta para contato (disponível no site: http://mi-gre.me/d3n8b);::: Sistema de som (microfone e caixa de som ou headset).

Teleconsultoria

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Palestra sobre Plantas Medicinais no grupo de hipertensão e diabetes, ministrada por Elza

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Em 2013, a Segunda Opinião Formativa volta com tudo! Para quem não conhece, este é um serviço de respostas sis-tematizadas para suporte às dúvidas que o profissional da APS possa ter na sua rotina de trabalho. É construída com base em revisão bibliográfi-ca nas melhores evidências científicas disponíveis, adap-tada para as realidades locais e princípios do SUS e da APS.As demandas variam: existem desde dúvidas clínicas ou con-dutas profissionais até rela-ções entre os indivíduos, suas famílias e comunidades. Mas, é claro, o Processo de Trabalho das equipes de saúde de APS também pode fazer parte do acervo.

Como solicitar?É preciso possuir um cadas-tro no nosso site. Para novos cadastros, entre em contato com nossa equipe pelo e-mail [email protected] você já possuir login e se-nha, basta entrar no acesso restrito do site. As perguntas podem ser en-viadas por todos os profissio-nais. As respostas são envia-das ao solicitante em até 72h úteis.

Existe acervo de perguntas?É possível verificar se a dúvida já está na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Basta acessar o site http://migre.me/dq3ZC e clicar no item “Perguntas e res-postas da atenção primária”.

Segunda Opinião

Com estreia programada para Abril deste ano, a ideia da Teleconsultoria Clínica (TC) em tempo real existe no Telessaúde SC desde 2012. O foco deste novo serviço se mantém nos profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS).

Como funciona?Um teleconsultor médico fica disponível em um chat feito pelo

Skype. O objetivo é fazer uma interação profissional especializada em tempo real para tirar dúvidas clínicas de médicos e enfermeiros. Tais dúvidas podem envolver desde casos clínicos de pacientes, até questões de saúde mais complexas e interdisciplinares. O contato do teleconsultor com o profissional durante a TC pode gerar encaminhamentos de perguntas ao serviço de Segunda Opinião Formativa (SOF).

Como solicitar?A solicitação de agendamento para a TC pode ser feita pelo

e-mail [email protected]. É importante que na mensagem conste quem é o profissional solicitante, o melhor horário para o encontro e, é claro, a dúvida, que deve ser descrita contendo dados pertinentes para o caso, como a descrição dos sujeitos (sexo, idade, peso, altura, hábitos pessoais, etc.); as características do caso (informações clínicas — história pessoal e familiar pregressa, quando e como iniciou o problema em questão, características específicas, etc); as condutas já estabelecidas; os exames realizados e as medicações em uso.

É importante salientar que a Teleconsultoria Clínica não atende a discussão de casos de urgência e emergência e cabe ao profissional inserido na ESF a responsabilidade pela tomada de decisão e conduta nos casos discutidos. Ambos os serviços — SOF e TC — são complementares, e têm como objetivo ampliar a capacidade resolutiva de quem os solicita. A estreia está prevista para 10 de Abril.

Mais informações estão disponíveis na nossa página http://telessaude.sc.gov.br.

Novidade programada

para Abril

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Ano novo, fôlego novo: bem-vindos

É com grande satisfação que o Núcleo Telessaúde de Santa Catarina dá as boas-vindas a

todas as Equipes da Saúde da Fa-mília do estado.

Iniciamos nossas atividades com muita disposição. Nossa missão é oferecer apoio aos profissionais da saúde da família de Santa Catarina, sempre orientados pelos princípios do SUS, a fim de destacar o protago-nismo das equipes no fortalecimen-to da Atenção Primaria à Saúde no Estado.

A busca do aperfeiçoamento é um dos caminhos diante das neces-sidades do cotidiano de trabalho. Por isso, o Núcleo Telessaúde de SC vem desenvolvendo, ao longo dos anos, ações de Teleducação e Te-leassistência para transformar os processos de trabalho das equipes

de Saúde da Família, apoiando-as na qualificação de suas práticas de saúde.

Reforçamos a importância da sua participação e apoio para a conti-nuidade deste serviço em seu mu-nicípio. Sabemos das dificuldades que envolvem a reorganização do processo de trabalho e disponibili-dade das equipes para fazer parte dos nossas atividades. Ressaltamos, entretanto, que este é um investi-mento que, a longo prazo, deve re-tornar em qualidade para o próprio município.

Atualmente, o Núcleo Telessaú-de SC trabalha com alguns servi-ços principais: Webconferências, Segunda Opinião Formativa, Te-leconsultorias, síncronas e assín-cronas, de processo de trabalho e clínica, com estreia prevista para

abril deste ano, e Cursos a Distân-cia, conforme disposto na Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011.

CadastroPara cadastro no Telessaúde, o

profissional deverá entrar em conta-to com a equipe de monitoramento, pelo telefone (48) 3212-3505 ou por e-mail [email protected], falar com Mirtes, informando também o nome completo; CPF; e-mail pessoal; número do conse-lho de trabalho e função; nome do município; nome da unidade e da equipe e número do CNES.

Poderão fazer o cadastro os se-guintes profissionais: médicos, en-fermeiros, técnicos e auxiliares, dentistas, assistentes sociais, fi-sioterapeutas, ACS, ACD, farma-cêuticos, psicólogos, nutricionis-tas e gestores.

Revista Radis, nº 123 — Autora: Marina Cotrim / Disponível pelo link hthttp://www.ensp.fiocruz.br/radis/multimidia/cartuns/123#conteudo

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O Caderno de Aten-ção Domiciliar tem o objetivo de trazer ao profissional uma re-alidade crescente no Brasil: com o envelhe-cimento da população, há aumento da carga de doenças crônicode-

generativas e do número de pessoas que necessitam de cuidados continuados e mais intensivos.

A publicação Melhor em Casa tem dois volumes que esclarecem o que é, e qual a importância de Atenção Domiciliar em casa, tanto para o paciente quanto para as vagas em leitos de hospitais públicos.

Para mais informações, os dois volumes do caderno estão disponíveis, capítulo por capítulo, para acesso on-line e download pelo link: http://migre.me/drKjD

O I Congresso Inter-nacional de Atenção à Saúde acontece em maio e o período de inscrições vai até 16 de abril deste ano. Para profissionais do

PROVAB, ela é gratuita. No evento, serão dis-cutidos temas como a educação no trabalho e na saúde, os direitos das pessoas com defi-ciências e as redes de atenção à saúde. O con-gresso será realizado em Teresina, no Piauí, e a inscrição é gratuita. O quê? I Congresso Internacional de Atenção à SaúdeQuando? De 02/05 a 04/05 de 2013Onde? Teresina, PiauíMais informações: http://www.nuepes.ufpi.br

Film

es

O Solista (2009)Steve Lopez é um colunista em busca de

uma história incomum. Já Nathaniel Ayers é um morador de rua esquizofrênico que toca violino apenas com duas cordas em Los Angeles. Em um dia, Lopez ouve o som de violino na praça e eles se encontram. É o início de uma amizade que pode mudar para sempre suas vidas. O filme O Solista retrata também as formas de se ver uma doença como a esquizofrenia.

O Vencedor (2010)Micky Ward é um lutador de boxe treinado

pelo irmão, Dick — um ex-lutador cuja carreira foi arruinada pelo vício em crack. Empolgado com um documentário em produção que fala sobre sua vida e retorno aos ringues, Dick enfrenta a decepção de descobrir que, na verdade, o filme fala sobre como o crack acabou com sua carreira. Baseado em fatos reais, O Vencedor retrata uma história de superação.

Eventos

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blic

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Expediente: Jornalista Responsável: Marina Veshagem // Texto, edição e diagramação: Camila Garcia, Camila Peixer // Reportagem Fotográfica: Thaine Machado // Ilustração: Vanessa de Luca // Orientação: Luise Lüdke e Gisele Damian // Revisão: Marina Veshagem

Programação das webs de março

Workshop do mês Opinião!

13/03

20/03

06/03

27/03

28/03

Papel da APS nos transtornos mentais, 15hPalestrante: Luana Nilson — Enfermeira Especialista em Saúde da FamíliaResumo: Nessa web vamos falar da inserção das ações de saúde mental no trabalho das equipes de Atenção Primária à Saúde e Saúde da Família, dando foco à interação entre os profissionais e a possíveis estratégias de atuação multiprofissional.

APS em situações de desastre, 15hPalestrante: Paula Thais Ávila do Nascimento —Médica de Família e Comunidade Resumo: Nesta web, vamos refletir sobre as possibilidades que o trabalho na APS oferece para intervenções no campo da saúde pública em situações de desastre, trazendo a experiência da palestrante de atuação na tragédia de Santa Maria.

Do-in — A técnica milenar chinesa na Atenção Primária à Saúde, 15hPalestrante: Renato Figueiredo — Médico de Família e ComunidadeResumo: Do-in é uma técnica curativa e preventiva, de origem milenar chinesa, perfeitamente aplicável no cotidiano da APS a partir da orientação individual ou em grupos terapêuticos.

Manejo das principais medicações em saúde mental — Enfoque para a AB, 15hPalestrante: Igor T Chaves — Médico de Família e Comunidade Resumo: Abordaremos as principais classes terapêuticas usadas para tratamentos em saúde mental. Nosso enfoque serão aquelas frequentemente utilizadas em UBS.

Risco cardiovascular (HAS e DM), 15h

Público alvo: Profissionais Médicos da APS de SCPalestrante: Marcelo Suderius — Médico de Família e Comunidade Tema: Risco cardiovascular (HAS e DM)

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