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Tem algo de muito tenebroso a esconder Perillo é preso por propina de 12 milhões da Odebrecht Pág. 3 Produção industrial de SP cai 0,9% em agosto sobre julho Bolsonaro debocha de eleitor fugindo de debate com atestado Após bater continência à bandeira americana, adotou o lema da CIA olsonaro anunciou que não vai ao primeiro de- bate do segundo turno, supostamente por razões de saúde. Apesar disso, dá entrevistas na TV, gra- va quilômetros de vídeos para a Internet, aparece em pé e sentado – e não diríamos que também planta bananeiras e dá cambalhotas, porque seria, pro- vavelmente, um certo exagero. Bolsonaro usa o esfaqueamen- to, acontecido há mais de um mês, para fugir à qualquer dis- cussão sobre qualquer coisa. O problema é que nada do que diz ou propõe se sustenta, diante de eleitores que não sejam uma trupe de fanáticos. Página 3 12 a 16 de Outubro de 2018 ANO XXIX - Nº 3.675 Márcio França recebe o apoio de Paulo Skaf Nas bancas toda quarta e sexta-feira 1 REAL BRASIL “Aqui não vai ter carteirada”, diz Paes a Witzel, que o ameaçou de prisão na TV O candidato bolsonarista ao governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ameaçou, dar “voz de prisão” ao seu rival, Eduardo Paes (DEM). “Será a primeira prisão ao vivo”, disse. Eduardo Paes advertiu o des- preparado: “Estamos aqui pro debate eleitoral Aqui não vai funcionar carteirada, não”. P. 4 Partido Pátria Livre decide por apoio crítico a Haddad PDT vai dar “voto crítico” em Haddad Com a presença de Ciro, a Executiva Nacional do PDT, reunida na quarta-feira, em Brasília, declarou “apoio crítico à candidatura de Fernando Haddad para evitar a vitória das forças mais reacionárias e atrasa- das do Brasil e a derrocada da democracia”. Pág. 3 O Ministério Público Fede- ral em Brasília está investi- gando suspeitas de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais praticadas pelo eco- nomista Paulo Guedes – que já foi anunciado por Jair Bolso- Guru de Bolsonaro é investigado pelo MPF por fraude em fundos de pensão junto com PT e MDB naro (PSL) como seu ministro da Fazenda, caso seja eleito. Informações divulgadas pela “Folha” revelam que Guedes captou ao menos R$ 1 bilhão de entidades como a Previ (BB), Petros, Funcef etc. Pág. 2 A produção industrial pau- lista recuou, de julho para agosto, 0,9%, segundo dados do IBGE. Além do tombo mensal, o resultado revelou que a indústria de São Paulo, que responde por 34% da pro- dução nacional, operava em agosto 18,5% abaixo do pico da série histórica, registrado em março de 2011. A retração Em resposta à articulação de Dória para expulsá-lo do PSDB, o ex-presidente e membro da di- reção nacional Alberto Goldman disse: “Será que ele tem o AI-5 na mão e eu não sabia? Tem Para Goldman, Dória acha que está na ditadura e é o ditador gente que está pensando que está na ditadura e que ele é o di- tador”, disse. “Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”, arrematou. Pág. 4 também teve impacto sobre outras indústrias regionais: Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%) - todos com queda superior à média nacional, onde o recuo da atividade industrial ficou em 0,3% no mês de agosto sobre o mês anterior. Página 2 José Serra cita “o padrão Dória de truculência” A Executiva Nacional do Partido Pátria Livre (PPL) divulgou nota, após sua reu- nião na terça-feira, dia 9, em São Paulo, sobre a posição do partido no segundo turno das eleições presidenciais. A decisão do PPL, depois de analisar a situação política e eleitoral, foi a de, contra a candidatura de Bolsonaro e a tentativa de restaurar a ditadura, “dar apoio crítico ao candidato Fernando Ha- ddad”. Página 3 O candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, recebeu o apoio de Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado nas eleições de domingo, para disputar o segundo turno contra João Dória (PSDB). O anúncio foi feito durante uma visita ao SESI de Suzano, na quarta-feira (10). “O que nós queremos é um governador que fale a verdade, que tenha caráter, personalidade e se preocu- pe, acima de tudo, com o estado de São Paulo”, afir- mou Skaf. “Se alguém tem dúvida sobre o caráter do João Dória, é só perguntar ao Alckmin”, disse. Pág. 3 José Serra, senador tu- cano e membro da direção nacional do PSDB, ridicula- rizou a iniciativa de Dória contra Goldman e outros 16 tucanos. Segundo ele a expulsão segue “o padrão Dória de truculência”. “As medidas são descabidas até porque não houve nem direito de defesa. A dire- ção nacional do PSDB não vai deixar isso acontecer”, acrescentou. Página 4 Fotoarena - Folhapress Reprodução Facebook

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Tem algo de muito tenebroso a esconder

Perillo é preso por propina de 12 milhões da OdebrechtPág. 3

Produção industrial de SP cai 0,9% em agosto sobre julho

Bolsonaro debocha de eleitor fugindo dedebate com atestado

Após bater continência à bandeira americana, adotou o lema da CIA

olsonaro anunciou que não vai ao primeiro de-bate do segundo turno, supostamente por razões de saúde. Apesar disso, dá entrevistas na TV, gra-va quilômetros de vídeos

para a Internet, aparece em pé e sentado – e não diríamos que também planta bananeiras e dá

cambalhotas, porque seria, pro-vavelmente, um certo exagero. Bolsonaro usa o esfaqueamen-to, acontecido há mais de um mês, para fugir à qualquer dis-cussão sobre qualquer coisa. O problema é que nada do que diz ou propõe se sustenta, diante de eleitores que não sejam uma trupe de fanáticos. Página 3

12 a 16 de Outubro de 2018ANO XXIX - Nº 3.675

Márcio França recebe o apoio de Paulo Skaf

Nas bancas toda quarta e sexta-feira

1REAL

BRASIL

“Aqui não vai ter carteirada”, diz Paes a Witzel, que o ameaçou de prisão na TV

O candidato bolsonarista ao governo do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ameaçou, dar “voz de prisão” ao seu rival, Eduardo Paes (DEM). “Será a primeira prisão ao vivo”, disse. Eduardo Paes advertiu o des-preparado: “Estamos aqui pro debate eleitoral Aqui não vai funcionar carteirada, não”. P. 4

Partido Pátria Livre decidepor apoio crítico a Haddad

PDT vai dar “voto crítico” em Haddad

Com a presença de Ciro, a Executiva Nacional do PDT, reunida na quarta-feira, em Brasília, declarou “apoio crítico à candidatura de

Fernando Haddad para evitar a vitória das forças mais reacionárias e atrasa-das do Brasil e a derrocada da democracia”. Pág. 3

O Ministério Público Fede-ral em Brasília está investi-gando suspeitas de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais praticadas pelo eco-nomista Paulo Guedes – que já foi anunciado por Jair Bolso-

Guru de Bolsonaro é investigado pelo MPF por fraude em fundos de pensão junto com PT e MDB

naro (PSL) como seu ministro da Fazenda, caso seja eleito. Informações divulgadas pela “Folha” revelam que Guedes captou ao menos R$ 1 bilhão de entidades como a Previ (BB), Petros, Funcef etc. Pág. 2

A produção industrial pau-lista recuou, de julho para agosto, 0,9%, segundo dados do IBGE. Além do tombo mensal, o resultado revelou que a indústria de São Paulo, que responde por 34% da pro-dução nacional, operava em agosto 18,5% abaixo do pico da série histórica, registrado em março de 2011. A retração

Em resposta à articulação de Dória para expulsá-lo do PSDB, o ex-presidente e membro da di-reção nacional Alberto Goldman disse: “Será que ele tem o AI-5 na mão e eu não sabia? Tem

Para Goldman, Dória acha que está na ditadura e é o ditador

gente que está pensando que está na ditadura e que ele é o di-tador”, disse. “Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”, arrematou. Pág. 4

também teve impacto sobre outras indústrias regionais: Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%) - todos com queda superior à média nacional, onde o recuo da atividade industrial ficou em 0,3% no mês de agosto sobre o mês anterior. Página 2

José Serra cita “o padrão Dória de truculência”

A Executiva Nacional do Partido Pátria Livre (PPL) divulgou nota, após sua reu-nião na terça-feira, dia 9, em São Paulo, sobre a posição

do partido no segundo turno das eleições presidenciais. A decisão do PPL, depois de analisar a situação política e eleitoral, foi a de, contra

a candidatura de Bolsonaro e a tentativa de restaurar a ditadura, “dar apoio crítico ao candidato Fernando Ha-ddad”. Página 3

O candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, recebeu o apoio de Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado nas eleições de domingo, para disputar o segundo turno contra João Dória (PSDB). O anúncio foi feito durante uma visita ao SESI de Suzano, na quarta-feira (10). “O que nós queremos é um governador que fale a verdade, que tenha caráter, personalidade e se preocu-pe, acima de tudo, com o estado de São Paulo”, afir-mou Skaf. “Se alguém tem dúvida sobre o caráter do João Dória, é só perguntar ao Alckmin”, disse. Pág. 3

José Serra, senador tu-cano e membro da direção nacional do PSDB, ridicula-rizou a iniciativa de Dória contra Goldman e outros 16 tucanos. Segundo ele a expulsão segue “o padrão Dória de truculência”. “As medidas são descabidas até porque não houve nem direito de defesa. A dire-ção nacional do PSDB não vai deixar isso acontecer”, acrescentou. Página 4

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Além de São Paulo, o IBGE registrou queda ainda no Rio de Janeiro, Santa Catarina Espírito Santo, Pará e Amazonas

ANTT prevê multa de R$ 5 mil para quem não cumprir tabela do frete

Acre foi o estado que mais sofreu com descaso

Produção industrial de SP cai e puxa queda nacional

A produção industrial do maior e mais desen-volvido parque fabril do Brasil voltou a cair em agosto. Segundo os dados regionais da pesquisa mensal da indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca (IBGE), o volume de produção da indústria paulista recuou, de julho para agosto, 0,9%.

Além do tombo mensal, o resultado revelou que a indústria de São Paulo, que responde por 34% da produção nacional, operava em agosto 18,5% abaixo do pico da série histórica, registrado em março de 2011.

Com esse peso sobre a produção, não é a toa que o resultado de São Paulo tenha tido impacto sobre outras indústrias regio-nais: registraram quedas significativas também Rio de Janeiro (-0,3%), Santa Catarina (-0,7%), Espírito Santo (-0,9%), Pará (-1,1%) e Amazonas (-5,3%) - todos acima da média nacional, de que-da de 0,3% sobre o mês anterior.

Assim como o total do Brasil, São Paulo também ficou no vermelho pelo segundo mês seguido na comparação com ajus-te sazonal, com queda de -1,2% em julho ante junho. Seu nível de pro-dução em agosto estava 3% abaixo daquele do de dezembro de 2017, isto é, três vezes pior que o total Brasil.

“Não restam dúvidas de que, com ou sem greve dos caminhoneiros, o per-curso que o setor indus-trial vem trilhando em 2018 não o levará muito longe. O esperado ganho de vitalidade na primeira metade do ano não veio e, agora, as incertezas deri-vadas da esfera política se associam à morosidade do restante da economia impondo dificuldades adi-

cionais à indústria”, ava-lia o Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Sendo ass im: “Não cabe creditar este pífio resultado a efeitos remi-niscentes da paralisação, dado que já se passa-ram três meses do forte distúrbio da produção ocorrido em maio e mais do que compensado em junho. O que temos é um retorno ao padrão insa-tisfatório de desempenho que tem caracterizado 2018 desde seu início. A indústria não consegue ir adiante”.

ATIVIDADE ECONÔMICA

Com a atividade in-dustrial parada, a con-sequência óbvia é que a economia continua pa-t inando na lama. No segundo trimestre do ano, a indústria regis-trou queda de 0,6%, con-tr ibuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) alcançasse cresci-mento de apenas 0,2% sobre os três meses an-teriores. Ambos índices contribuíram para que o “mercado” tivesse uma percepção mais clara da realidade: a projeção do boletim Focus, do Banco Central, já aposta em um resultado do PIB abaixo de 1% - muito menos da metade do que era espe-rado no começo do ano.

Enquanto isso, o país amarga na situação de 12,7 milhões de desem-pregados e 27,5 milhões de subempregados - sem contar o arrocho aos salá-rios e o congelamento dos investimentos.

E na efervescência das eleições, há quem pregue “mudança” dizendo que cortará o salário mínimo e dizendo que os brasi-leiros deverão escolher entre o emprego e seus direitos.

PRISCILA CASALE

França superou Skaff e foi ao 2º turno com 4,2 milhões de votos

Ministério Público Federal investiga economista de Bolsonaro por fraudes

Na terça-feira (9), após reunião de sua Comissão Executiva Nacional, o presidente do PSB, Car-los Siqueira, declarou que o partido apoiará a candidatura de Fernando Haddad (PT) na disputa de segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL). No primeiro turno, após acordo firmado com o PT, o PSB não apoiou nenhum candidato à pre-sidência da República.

Em declaração à im-prensa, Carlos Siqueira afirmou que com o apoio a Haddad, o PSB está “propondo que se forme

uma frente democráti-ca contra uma candi-datura que representa o extremo oposto da candidatura das forças democráticas”.

Segundo a resolução do partido, é necessária a “formação de uma frente democrática am-pla, composta por todos os democratas, nacio-nalistas; lideranças e instituições engajadas com um projeto de de-senvolvimento soberano e inclusivo; instituições partidárias do campo democrático”. Segundo a nota, Haddad não mais

é representante de um partido ou coligação, mas “das forças demo-cráticas de nosso país”.

Foram apresentados pelo PSB ao PT dez pon-tos que são essenciais de um projeto nacio-nal de desenvolvimen-to. Alguns deles são: priorização da política de segurança pública; investimentos massivos em ciência, tecnologia e inovação; recuperação e ampliação da infraestru-tura; defesa das políticas sociais de Estado; e uni-versalização da educação de qualidade.

O Ministério Público Federal (MPF) em Brasília instaurou um procedimento investigativo criminal a fim de apurar suspeitas de fraudes em negócios com fundos de pensão de estatais praticadas pelo economista Paulo Guedes – que já foi anunciado por Jair Bolsonaro (PSL) como seu ministro da Fazenda, caso seja eleito.

Segundo as investigações, existem indícios de associação entre o guru de Bolsonaro e gestores de fundos de pensão, ligados ao PT e ao MDB, com o objetivo de cometer “crimes de gestão fraudulenta ou temerária de institui-ções financeiras e emissão e negociação de títulos sem lastro ou garantias”.

Informações divulgadas pelo jornal “Folha de S.Paulo” revelam que Guedes captou ao menos R$ 1 bilhão de enti-dades como a Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás), Funcef (Caixa), Postalis (Correios) e BNDESPar, braço de investimentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social).

As transações foram feitas a partir de 2009 com executivos indicados pe-los dois partidos, que, atualmente, são investigados por desvio de recursos dos fundos. Na época, a Previ era gerida por Sérgio Rosa, e o Petros, por Wagner Pi-nheiro – ambos militantes do PT ligados a Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto o Postalis estava sob o comando de Alexej Predtechensky, cujos padrinhos políti-cos eram do MDB.

Os negócios foram feitos pela BR Educacional Gestora de Ativos, de pro-priedade de Paulo Guedes, que lançou dois fundos de investimento. Entre 2009 e 2013, um deles – o Fundo de Investimento em Participações (FIP) BR Educacional – obteve 400 milhões de reais para projetos educacionais. Os investigadores apuram se o negócio foi aprovado sem análise adequada e gera-do ganhos excessivos.

De acordo com a “Folha”, no primei-ro ano de aporte, o dinheiro aplicado pelos fundos de pensão (cerca de R$ 62 milhões) foi injetado em uma única empresa, a HSM Educacional S.A., que também tinha Guedes como controlador.

A HSM Educacional S.A. adquiriu de um grupo argentino 100% de participação em outra companhia, a HSM do Brasil, cujas ações não eram negociadas em Bolsa e, por isso, foram precificadas por um laudo. Nessa operação, foram pagos R$ 16,5 milhões de ágio pelas ações, embora a empresa não estivesse em operação no país e fosse apenas uma marca.

O objetivo do empreendimento era obter lucros com projetos educacio-nais. A empresa, porém, apresentou prejuízos, principalmente por causa das remunerações dessas palestras. Na época, Paulo Guedes fazia conferências promovidas pela HSM. Os investigado-res tentam rastrear o dinheiro desses eventos para saber quem os recebeu.

O percentual de famílias que vivem em extrema po-breza - ou seja, com renda per capita de até R$ 85 por mês - aumentou em 25 es-tados brasileiros, segundo estudo feito pela Tendências Consultoria.

Na média nacional, a miséria subiu de 3,2% para 4,8% da população entre 2014 e 2017. Nestes quatro anos, ela só não aumentou em dois dos 27 estados brasileiros, Tocantins e Paraíba.

Para Adriano Pitoli, dire-tor do órgão de consultoria, há uma forte correlação entre a crise econômica e a evolução da pobreza nes-ses últimos 4 anos. “Não surpreende que os estados que mais sofreram com a recessão foram os que tive-ram maior piora na pobreza extrema”, afirma.

Entre a região mais afeta-da está a do Nordesde, onde

7 estados tiveram uma piora da situação. Entre esses, Bahia, Sergipe e Piauí foram os estados da região com o maior crescimento da pobre-za extrema. No Maranhão, ela chegou a 12% em 2017, o pior resultado do país.

Segundo Pitoli, a redução de gastos públicos afetou projetos de investimento do governo e pegou em cheio a região.

No conjunto, o estado que mais sofreu com a o aumento da pobreza extre-ma foi o Acre, com 5,6% da população. Enquanto isso, estados do Sul e Sudeste estão entre os menos preju-dicados pela crise, apesar da piora generalizada.

O estudo ainda não le-vantou os dados de 2018, mas a expectativa, segundo Pitoli, é de que os índices continuem altos, já que não há sinais evidentes de recuperação da economia.

Encerrou-se na quarta-feira (10), o prazo para o envio de contribuições à implementação das medi-das administrativas, coer-citivas e punitivas neces-sárias ao cumprimento da Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas.

O processo de audi-ência pública tinha sido aberto há um mês atrás. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apresentou um entendimento prevendo uma multa de R$ 5 mil

para a contratação de frete abaixo da tabela e de R$ 3 mil para quem intermediasse uma con-tratação nesses termos.

Em audiência, reali-zada no dia anterior, os caminhoneiros presen-tes se posicionaram a favor das medidas apre-sentadas. Propuseram, ainda, para o aperfeiço-amento da fiscalização, a criação de um sistema informatizado, que emi-tiria um Certificado de Transporte Eletrônico (CT-e) somente com a

aplicação do frete míni-mo definido na tabela.

O presidente da União Nacional dos Caminho-neiros (Unicam), José de Araújo disse que “pre-cisamos avançar nesse debate. Já estamos dis-cutindo isso há cinco ou seis meses, e nada aconteceu”.

A Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, expressa na Lei 13.703 de 2018, deve refletir os custos opera-cionais totais do transpor-te, com prioridade para os custos referentes ao óleo diesel e aos pedágios.

Prevê, também, que uma nova tabela com fre-te mínimo deve ser publi-cada toda vez que houver oscilação superior a 10% no preço do óleo diesel no mercado nacional. Foi uma das reivindicações dos caminhoneiros na paralisação de maio.

R e p r e s e n t a n t e d e embarcadores, como a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), a Confedera-ção Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abio-ve), pediram o adiamento na aplicação da regra.

PSB defende frente nacional ampla contra a candidatura de Bolsonaro

Pobreza extrema subiu em todo o país, afirma estudo

Capitou R$ 1 bi de fundos estatais

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, declarou apoio a Haddad

Frete mínimo foi pauta da greve em maio

3POLÍTICA/ECONOMIA12 A 16 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Bolsonaro foge de debate eleitoral pela segunda vez

Novamente apelou para atestado médicoPaulo Skaf declara seu apoio a Márcio França

O candidato do PSL a presidente durante entrevista no Jornal Nacional

Bolsonaro usa a Bíblia para mentir na TV

Reprodução/TV Globo

Skaf grava vídeo com Márcio França

Eleito senador, Major Olímpio pede voto em Márcio França

Ex-governador Marconi Perillo é preso pela PF

Camilo propõe autocrítica do PT e que Haddad seja ele mesmo

Reprodução

PPL aprova apoio crítico a Haddad

O candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Márcio França, recebeu o apoio de Paulo Skaf (MDB), terceiro colocado nas eleições de domingo, para disputar o segundo turno contra João Dória (PSDB). O anúncio foi feito durante uma visita ao SESI de Suzano, na quarta-feira (10).

França, que assumiu o cargo de governador do estado em abril, quando Geraldo Alckmin (PSDB) se afastou para disputar a presidência da República, tinha menos de 5% das inten-ções de voto no começo da campanha eleitoral. Porém, as pesquisas registraram uma forte arrancada e, no domingo, passando para o segundo turno com 4,36 milhões de votos.

Dória ficou em primeiro e Skaf ficou em terceiro.

Paulo Skaf, que é presidente da Federa-ção das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), gravou um vídeo para a internet ao lado de Mário França dizendo que “o que nós queremos é um governador que fale a verdade, que tenha caráter, personalidade e se preocupe, acima de tudo, com o estado de São Paulo”.

Dada a aliança, França disse se inspirar no modelo SESI, que foi criado pela FIESP, para a educação pública de São Paulo, com a diferen-ça de que não seriam cobradas mensalidades. “O grande desafio da gente é conseguir fazer isso para todo mundo, fazer esse padrão que possa ser para todo mundo”, disse.

O candidato do PSB afirmou que a proximi-dade com Skaf vem de outros tempos, “quan-do a primeira vez ele entrou na vida pública, do ponto de vista eleitoral, foi a um convite meu. A gente tem essa relação de amizade, que tem a ver com sinceridade”, explicou.

Nos discursos dados durante a visita, Dória foi muito criticado por ambos. “Se alguém tem dúvida sobre o caráter do Do-ria, pergunta ao Alckmin”, disse Skaf. Ver matéria na página 4.

A Executiva Nacio-nal do PDT, reunida na quarta-feira (10) na sede nacional do partido, em Brasília, declarou seu “apoio crítico à candida-tura de Fernando Haddad para evitar a vitória das forças mais reacionárias e atrasadas do Brasil e a derrocada da demo-cracia”. “Nossa posição é muito mais contra o Bolsonaro do que a favor do Haddad”, disse, em entrevista, o presidente do partido, Carlos Lupi.

“As nossas divergên-cias são várias, mas agora não é hora de olharmos as nossas divergências. É

PDT: ‘Bolsonaro é a derrocada da democracia’hora de olhar para o Bra-sil. Na nossa opinião está em risco a democracia brasileira. Nós já sofre-mos 1964, nós sabemos o que foi 68. Nós somos filhos e netos dos que sofreram por causa da ditadura. Nós somos um partido dos cassados, dos oprimidos, dos exilados e dos mortos. Nós não es-quecemos essa memória”, afirmou Lupi.

“É em nome dessa me-mória que nós queremos alertar o povo brasileiro do risco que o Brasil corre elegendo essa personali-dade que hoje engana o povo brasileiro”, destacou

o dirigente pedetista. A decisão foi anunciada em uma nota, divulgada pelo partido após a reunião da executiva.

No último domingo (7), logo após a confirma-ção o resultado do primei-ro turno, Ciro Gomes já havia sinalizado também que se somaria contra Bolsonaro ao afirmar que a história dele é de “defe-sa da democracia e contra o fascismo”. Questionado sobre quem apoiaria no segundo turno e respon-deu “ele, não”, uma re-ferência ao movimento #EleNão, contrário a Jair Bolsonaro.

O deputado federal Major Olímpio, que acaba de se eleger sena-dor pelo PSL, declarou apoio à candidatura de Márcio França (PSB), no segundo turno da disputa pelo gover-no paulista. “O voto do Major Olímpio e a quem eu puder me ma-nifestar será no Márcio França e não no João Doria, não no PSDB”, disse ele, em entrevista à rádio Cruzeiro FM.

Também em entre-vista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Olímpio disse que não há a “me-nor chance” de Bol-sonaro apoiar Doria. “Achei extremamente

antiético da parte do pessoal de campanha dele plantar o voto ‘BolsoDoria’ quando nós, apoiadores de Bol-sonaro, tínhamos um candidato, o Rodrigo Tavares (PRTB)”, de-clarou Olímpio.

Em vídeo divulgado no final do primeiro turno, o Major Olímpio já havia dito que “quem vota no Bolsonaro não vota no PSDB e nem no João Doria. Em cir-cunstância nenhuma”. “Me causa indignação ver o candidato João Doria e sua equipe pro-pondo e divulgando voto bolsodoria”, acres-centou Olímpio.

Em sua entrevista no Jornal Nacional, da TV Globo, na segunda-feira (08/10), Bolsonaro afir-mou que “o nosso com-promisso, a nossa plata-forma, a nossa bandeira, baseia-se em João 8:32: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

A frase, de Jesus Cris-to, no Evangelho Segundo João é, por coincidência, o lema da CIA, que a colo-cou, em letras douradas, na parede do saguão de entrada, na sua sede, em Langley, Virginia.

Deve ser uma coin-cidência que uma cen-tral de mentiras – para não falar do terrorismo, torturas, assassinatos e golpes de Estado – tenha por lema a mesma frase citada por Bolsonaro.

Mas, também no caso de Bolsonaro, a frase serve para introduzir a

mentira – por atacado e a varejo.

Na entrevista, Bolso-naro disse que “desauto-rizou” (sic) seu candida-to a vice-presidente, Ha-milton Mourão, nos seus ataques à Constituição (inclusive a afirmação de que não eram neces-sários “representantes do povo” para fazer uma outra Constituição) e quando “admitiu a pos-sibilidade do presidente da República perpetrar um autogolpe”.

Disse Bolsonaro: “se-remos escravos da nossa Constituição”.

A frase poderia ter alguma credibilidade na boca do presidente Euri-co Gaspar Dutra (1946-1951), de quem Bolsonaro a plagiou.

Mas não na boca de Bolsonaro, que, logo de-pois, diz o seguinte: “o

que falta um pouco ain-da ao general Mourão é um pouco de tato, um pouco de vivência com a política”.

Mourão atacou a Cons-tituição e falou em “auto-golpe” – o que, com certe-za, não é um contragolpe para garantir o cumpri-mento da Constituição, já que ele quer mudá-la.

Portanto, Mourão expressou uma posi-ção política. Não é uma questão de “tato”, pouco ou muito, nem é uma questão de “ vivência com a política”. Essa é a sua opinião, da mesma forma que também disse que o melhor governo que o país teve foi o go-verno Médici, que não é lembrado por seu zelo pela democracia.

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C. L.

A Executiva Nacional do Partido Pátria Livre (PPL) divulgou nota, após sua reunião na terça-feira, dia 9, em São Paulo, sobre a posição do partido no se-gundo turno das eleições presidenciais.

A decisão do partido, depois de analisar a situ-ação política e eleitoral, foi a de, contra a candi-datura de Bolsonaro e a tentativa de restaurar a ditadura, “dar apoio crítico ao candidato Fer-nando Haddad”.

Abaixo, transcrevemos a íntegra da nota do PPL:

“O Partido Pátria Li-vre (PPL), através de sua Executiva Nacional, reu-nida no dia 09/10/2018 em São Paulo, resolve dar apoio crítico ao candidato Fernando Haddad, do PT, no segundo turno das eleições presidenciais.

“Haddad e seu par-tido, do ponto de vista das questões econômicas fundamentais para o cres-cimento do país e a saída da crise, não são muito di-ferentes de seu adversário.

“Nenhum deles pre-tende dar fim à política neoliberal de “ajuste”, nenhum dos dois preten-de acabar com a sangria do país através dos juros; nenhum deles pretende aumentar substancial-mente o salário mínimo

real, isto é, o piso dos salários do país, condição para tirar o país da crise; todos os dois querem, de um jeito ou de ou-tro, atacar a previdência pública; nenhum deles pretende uma política de independência e desen-volvimento para o país.

“No entanto, há uma diferença decisiva entre os dois.

“A candidatura de Jair Bolsonaro, do PSL, é, claramente, a tentativa de instalar no país uma ditadura obscurantista, atrasada, retrógrada, an-tipopular, antinacional – e corrupta. Pois, uma dita-dura não será um regime menos corrupto que o atual – ou do que os gover-nos do PT. Ao contrário, é próprio das ditaduras aba-far os casos de corrupção e reprimir aqueles que os denunciam.

“Sobre isso, não fal-tam, ao povo brasileiro, experiências – nos 21 anos da ditadura insta-lada em 1964.

“A ditadura que Bol-sonaro quer restaurar é, portanto, uma tentativa de retroceder na Histó-ria – tentativa confessa, inclusive, pela suposta elevação de facínoras, covardes, assassinos, ao status de heróis; tentativa confessa no propósito de

rasgar a Constituição, que condensou as conquis-tas democráticas do povo brasileiro após 21 anos de luta contra a ditadura tão elogiada por Bolsonaro.

“É assim, através de uma ditadura, que Bolso-naro e sequazes querem impor um arrocho sala-rial ainda mais brutal do que existe hoje, a privatização de todas as estatais, a destruição da Previdência Social, o aumento da drenagem de recursos públicos, dos trabalhadores e dos empresários nacionais produtivos para os ban-cos, fundos e demais ren-tistas, a título de juros.

“A candidatura de Ha-ddad, em si, não é uma esperança para o Brasil, para o povo brasileiro.

“Esta esperança re-side na luta do povo, na luta de toda a Nação.

“Neste sentido, as condições de luta do povo serão melhores com a eleição de Haddad, do que com a eleição de Bolsonaro e a instalação de uma ditadura contra o povo e contra a Nação.

“Daí, nosso apoio crí-tico à candidatura de Haddad.

“São Paulo, 09 de ou-tubro de 2018,

Executiva Nacional do Partido Pátria Livre”

Em entrevista na segunda-feira (08/10), o governador do Cea-rá, reeleito no primei-ro turno das eleições, Camilo Santana (PT), afirmou que Fernando Haddad deve deixar de colar sua imagem à do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, con-denado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

“Haddad agora tem de se apresentar como ele. Corrigir os erros, superar”. Disse Camilo. E enfatizou:

“Acho que tem de se apresentar como ele. Ele, Haddad. Tem que estar acima do PT. Não retro-ceder, mas corrigir dis-torções, erros e superar. Dar essa sinalização.”

Para Camilo, o PT “cometeu erros quando se afastou das bases so-ciais, quando fez alianças com alguns segmentos partidários para garan-tir a governabilidade.

Então, acho que precisa rever um pouco isso. Rever e reconhecer que teve equívocos, erros, que algumas pessoas do partido se desviaram da sua conduta e sinalizar que é preciso construir um novo momento. Por-que na população, há uma imagem muito forte de corrupção”.

O governador do Ce-ará concedeu a entre-vista ao site UOL.

Em São Paulo, Fer-nando Haddad, em pronunciamento no Hotel Pestana, disse que deseja “unir os democratas do Brasil”.

Haddad disse que conversara com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Guilher-me Boulos (PSOL).

Na manhã de se-gunda-feira, Haddad visitou Lula, em sua prisão, na Polícia Fede-ral (PF), em Curitiba.

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O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi preso na quar-ta-feira (10), enquanto prestava depoimento à Polícia Federal na Opera-ção Cash Delivery – que investiga pagamento de propinas em campanhas eleitorais dos tucanos.

Perillo foi preso ao che-gar na superintendência da PF, em Goiânia, para pres-tar depoimento sobre as revelações de ex-executivos da Odebrecht em acordo de colaboração premiada. Nos depoimentos, eles re-lataram o pagamento ao tucano de R$ 2 milhões em

2010 e R$ 10 milhões em 2014 em troca de favore-cimento à empreiteira em contratos no Estado.

A PF informou que o mandado é de prisão pre-ventiva, ou seja, por tempo indeterminado.

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DF: Ibaneis recebe o apoio de Rosso, terceiro colocado

No Distrito Federal, o primeiro colocado nas eleições distritais, Ibaneis Rocha (MDB), recebeu na terça-feira (9) o apoio do terceiro colocado Rogério Rosso (PSD) para disputar o segundo turno con-tra o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

O emedebista, que não declarou apoio a nenhum candidato à presidência nem no primeiro turno nem no segundo, começou a corrida eleitoral com

4% das intenções de voto.

O candidato Rogério Rosso disse que a alian-ça no segundo turno com Ibaneis se dá por proximidade progra-mática. “Na política, você tem de ter lado: o da população. Apoiamos Ibaneis graças à con-cordância sobre pontos que consideramos fun-damentais”, afirmou. Os partidos listaram 25 propostas de comum acordo.

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O candidato Bolsonaro consegue dar entre-vistas na TV; consegue gravar vídeos (após o

primeiro turno, nós assistimos a cinco, um dos quais, com aquele senhor de escravos da Havan, com 1 hora e 59 minutos de duração); consegue ficar em pé muito bem – e também conse-gue ficar sentado.

Mas não consegue ir a um debate. No único em que apa-receu, apanhou como boi la-drão, para usar uma expressão adequada. Tentou folgar com Marina Silva e esta, com sua verve amazônica e conhecimen-to bíblico, desmontou-o.

Com dúvidas sobre o estado de saúde de Bolsonaro, nós resolvemos recorrer a uma con-sultoria médica, composta por competentes e renomados pro-fissionais. Todos, depois de ver o desempenho de Bolsonaro nos vídeos, deram seu parecer de que ele poderia perfeitamente ir ao debate. No máximo, poderiam ser tomados alguns cuidados – todos perfeitamente possíveis.

No último debate do primeiro turno, na TV Globo, Bolsonaro não foi – mas fez um programa eleitoral de 26 minutos (aliás, totalmente ilegal), preparado e veiculado pela Record, levado ao ar no horário em que começava o debate da Globo (v. Bolsonaro desrespeita a lei e faz encenação na TV).

Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora no dia 6 de setembro. Portanto, há mais de um mês.

No momento, se esconde atrás do esfaqueamento, para não com-parecer ao debate da Band.

O problema é que nenhuma posição sua resiste a debate. A nenhum debate. Além do fato, até por isso mesmo, de que ele não quer debater nada.

Por exemplo, ele publicou, em uma “rede social”, na quar-ta-feira: “Em eu chegando lá, daí eu vou procurar o Governo para gente aprovar uma Refor-ma da Previdência, que tenha aceitação do Parlamento e a população entende como sendo justa e necessária. Eu acredito que a proposta do Temer, como está, se bem que ela mudou dia após dia, dificilmente ela vai ser aprovada. Seria bom nós conter-mos aqui os ralos, acabar com as incorporações. Quem sabe aumentar mais um ano o tempo de serviço para o trabalhador do serviço público. Eu acho que seria um grande passo no final do governo Temer”.

Ele não tem problemas em procurar o governo – um governo corrupto até o último fio de cabelo do Temer – para fazer o mal.

Sua primeira preocupação, se for eleito, é atacar as apo-sentadorias.

O país cheio de problemas – mas ele acha que a prioridade é atacar as aposentadorias para encher mais ainda os cofres dos bancos, fundos e outros rentistas.

Quanto ao jeito de apresen-tar a proposta, ele é, em uma palavra, mentiroso. Mais men-tiroso do que Collor falando que ia combater os “marajás” (por sinal, até hoje não apareceu um que ele tenha caçado).

O que está em seu programa, registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é o seguinte: “A grande novidade será a introdu-ção de um sistema com contas individuais de capitalização”.

O que significaria o fim da Previdência Social, da Previ-dência pública, tal como a dita-dura de Pinochet fez no Chile, com um resultado trágico (v. Sem previdência pública, Chile tem suicídio recorde entre idosos com mais de 80 anos).

No programa de Bolsonaro, quem decide se o trabalhador continua no regime anterior de Previdência, ou vai para a “capi-talização”, é o patrão: “aqueles que optarem pela capitalização merecerão o benefício da redu-ção dos encargos trabalhistas”.

Portanto, a suposta suavida-

de da “reforma da Previdência” de Bolsonaro, que seria (segun-do suas palavras) mais leve que a de Temer, é outra impostura.

Para completar, a “reforma da Previdência” de Bolsonaro é cópia de uma das versões do Banco Mundial – aliás, uma das piores.

A ideia é entregar a Previ-dência ao setor financeiro, aos rentistas, e colocar os proven-tos dos aposentados abaixo do salário mínimo (v. o documento do Banco Mundial, A Fair Ad-justment: Efficiency and Equity of Public Spending in Brazil, World Bank, November, 2017).

PROPOSTASBolsonaro não quer ir a deba-

tes porque teria (ou poderia ter) que explicar questões desse tipo.

Explicar suas propostas para o país é tudo o que ele não quer. É, também, tudo que ele não sabe explicar.

Aqui, temos outro aspecto de Bolsonaro: o sujeito é uma besta, exceto por alguma ca-pacidade de manipulação dos incautos – embora, somente dos mais grosseiros, dos mais toscos, dos mais obtusos.

Ele não consegue explicar nada mais complexo do que “filho precisa de tapa no bum-bum” (disse ele, sobre a ordem da ditadura para matar opo-sicionistas: “Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho?”).

Assim, por exemplo, adotou como lema o mesmo da CIA, retirado do Evangelho Segundo João: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (v. Bolsonaro usa a Bíblia para mentir na TV).

Como Bolsonaro não parece chegado à leitura, muito menos do Evangelho (talvez tenha lido, quando era jovem, o Almanaque do Capivarol ou alguns dos Catecismos de Carlos Zéfiro), é lícito indagar: onde será que ele leu isso? Teria sido no saguão da CIA, em Langley, Virginia?

Não estamos insinuando nada. Apenas perguntando, como cabe ao bom jornalismo.

Mas, como Bolsonaro arranjou um atestado médico para não ir ao debate, essa e outras perguntas possíveis, ficarão em suspenso.

BENEFICIADOO estranho – talvez nem

tanto – em toda essa história é a insistência de Bolsonaro em que seu esfaqueamento foi devido a uma conspiração, com acusações ao delegado da PF que conduziu o inquérito, concluindo que o esfaqueador agiu sozinho.

A presepada é o terreno de Bolsonaro. É claro que ele iria aproveitar esse ato insano para fazer propaganda e incitar se-quazes à violência.

No entanto, o principal be-neficiado, até agora, do esfa-queamento, foi Bolsonaro, que conseguiu fugir dos debates e de qualquer discussão sobre o que pretende para o Brasil.

Antes que algum espiroque-ta apareça para dizer que nós estamos sugerindo que foi Bol-sonaro que armou seu próprio esfaqueamento, esclarecemos que não. Esse tipo de raciocí-nio – que não passa da versão de Bolsonaro invertida - seria muito fácil de encontrar em fascistas e outros imbecis.

Mas não em nós. Aqui, esta-mos apenas registrando que Bol-sonaro está usando o esfaquea-mento para fugir de qualquer discussão sobre qualquer coisa.

Nesse sentido, ele foi o maior beneficiado, pois é claro que, como alguns antecessores, ele não resiste a qualquer discussão séria.

Mas o problema, é claro, não é, mais de um mês depois, a fa-cada que levou, mas o uso que Bolsonaro faz dela para fugir ao escrutínio das suas propostas.

No fundo, a questão se re-sume a que, além de instalar uma ditadura para reprimir o povo, em benefício da oligarquia financeira externa, ele não tem mais proposta alguma.

C.L.

4 POLÍTICA/ECONOMIA HP 12 A 16 DE OUTUBRO DE 2018

Durante reunião fechada da executiva nacional do PSDB, em Brasília, nesta terça-feira (9), o presi-

dente do partido e ex-candidato à Presidência da República, Geraldo Alckmin, confrontou o ex-prefeito de São Paulo, João Doria, pela traição à sua candidatura. Em áudio divulgado à imprensa por um dos tucanos presentes na reu-nião, Alckmin, se compara a Dória. “Traidor, eu não sou”, exclamou o ex-governador de São Paulo. “Nem falso”, emendou outro tucano presente.

Durante a discussão, Alckmin chamou João Dória Jr. de “teme-rista”, em alusão ao seu apoio ao governo de Michel Temer. E afir-mou: “Traidor eu não sou”. Em referência à punhalada recebida nas costas nesta eleição com o apoio informal e já no primeiro turno, de Dória à candidatura de Bolsonaro (PSL) à Presidência da República a despeito da candidatura tucana, encabeçada por Alckmin.

A interrupção de Alckmin foi feita em um momento em que Doria pedia mais dinheiro para dis-putar o 2º turno das eleições contra o atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB). Ele disse ter sido informado pelo tesoureiro do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), de que não havia previsão de novas liberações de recursos para os can-didatos no segundo turno. “Eu me espantei quando vi que isso não estava previsto”, disse Doria.

A reunião aconteceu a portas fechadas, mas o entrevero veio a público com um áudio “vazado” ao jornal “O Estado de São Paulo”.

Silvio Torres, que é amigo pes-soal e braço direito de Alckmin, negou a afirmação de Doria. “Des-de o início todos sabiam a previsão financeira”, disse. “Dos R$ 43 milhões previstos para Alckmin, ele gastou R$ 25 milhões. A campanha dele foi a mais barata de todas até agora. O resto foi distribuído para outros candidatos”, disse.

Ao deixar a reunião, Doria dis-se a jornalistas que discutiu com Alckmin porque a legenda não se programou financeiramente para o segundo turno nas disputas esta-duais e foi irônico ao se referir ao presidenciável derrotado.

Visivelmente irritado, Alckmin se recusou a comentar o episó-

dio. “Divergências são naturais e elas não se fazem pela imprensa, se fazem dentro do partido”, se limitou a dizer. “Aprendi com Mário Covas, política não se faz pela imprensa. Se outros fazem, eu não o farei”.

O deputado Sílvio Torres disse que “cada um poderia ter guardado seu recurso para o segundo turno”, afirmou, ironizando, em seguida, o candidato de São Paulo. “Talvez ele esteja se vendo com dificuldades para fazer o segundo turno”.

Doria está em uma ofensiva para tirar Alckmin e outros tuca-nos tradicionais do comando nacio-nal do PSDB. O ex-governador, po-rém, deu sinais a correligionários de que não abrirá mão do posto. Foi Alckmin o responsável pela ascen-são de Doria dentro do PSDB. O ex-presidenciável tucano comprou uma briga interna pesada para lan-çar o então aliado à Prefeitura de São Paulo, em 2016. Há dois anos e meio, João Doria, do ponto de vista político, era um zero à esquerda. Seu negócio era alugar horários na TV, promover encontros de endinheirados em Comandatuba, paraíso visual baiano – e puxar o saco de grã-finos.

Um dia, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, resolveu lançá-lo a prefeito de São Paulo. Basta dizer, quanto a Doria, Alckmin foi contra a cúpula do PSDB – inclusive Fer-nando Henrique e Serra, além de outros, para lançá-lo prefeito. O que Alckmin fez por Doria, portanto, não foi pouca coisa. Sem Alckmin, Doria estaria até hoje puxando o saco de grã-finos.

Após vencer a disputa pela pre-feitura da capital paulista, Doria passou a articular uma candidatura própria à Presidência da República.

Alckmin se impôs, saiu candi-dato ao Planalto e Doria deixou a Prefeitura para disputar o go-verno. Ao longo da campanha, porém, com o padrinho político passando por dificuldades, o ex--prefeito passou a flertar discreta-mente com Jair Bolsonaro (PSL). No domingo (7), logo após a vo-tação do primeiro turno, quando Alckmin já havia saído da disputa e o PSDB amargava o pior resultado desde sua fundação, Doria declarou apoio ao candidato do PSL, sem qualquer discussão com outros dirigentes partidários.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu por unanimidade nesta terça-feira (9), instaurar um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra a desembargadora do Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJ-MS) e presidente do Tribunal Re-gional Eleitoral do estado (TRE-MS), Tânia Garcia de Freitas Borges.

O CNJ viu indícios de uso da condição de desembargadora para exercer influência sobre juízes, diretor de unidade prisional e servidores da administração penitenciária, com o objetivo de acelerar o cumprimento de habeas corpus que garantia a transferência da cadeia para uma clínica psiquiátrica, de seu filho, Breno Fernandes Solo Borges, de 37 anos, preso em abril do ano passado com uma pistola nove milímetros, 130 quilos de maconha e 200 munições de fuzil.

O colegiado determinou também o afas-tamento preventivo da magistrada até o julgamento final do PAD, bem como a ins-tauração de reclamação disciplinar contra Fernando Paes de Campos, juiz auxiliar da corregedoria do tribunal estadual à época dos fatos, e remessa de cópia dos autos à corregedoria da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul para adoção das providências cabíveis quanto ao delegado regional da Polícia Civil Ailton Pereira de Freitas.

De acordo com o presidente do Supre-mo Tribunal Federal e do CNJ, o ministro Dias Toffoli, como a desembargadora participou da organização e coordenação da eleição no primeiro turno no estado, o afastamento dela é para garantir a isenção no processo eleitoral. “Até pela confiabilidade das eleições é necessário este afastamento”, disse o ministro.

CNJ afasta presidente do TRE-MS por favorecer filho preso por tráfico

Após trair Alckmin, Dória ataca fundadores do PSDB

RJ: W. Witzel quer ganhar eleição dando voz de prisão a adversário

“Um sujeito com ambições sem limites e conduta reprovável”, afirmou Goldman

Lobista candidato ao governo paulista está em uma ofensiva contra Alckmin e tucanos tradicionais

O candidato bolsonarista ao Governo do Rio de Janeiro, Wil-son Witzel (PSC), ameaçou, em um vídeo transmitido ao vivo nas redes sociais, dar “voz de prisão” ao seu rival no pleito, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), por ele estar cometendo injúrias contra a sua candidatura.

Sem citar nomes, Witzel ame-açou Paes e disse que no próximo debate eleitoral, ira mandar prendê-lo. “Será a primeira prisão ao vivo”, ameaçou.

Paes respondeu: “Estava ven-do um vídeo que circulou ontem na internet do candidato Witzel dizendo que ia me prender, dar voz de prisão no debate se eu fizer qualquer tipo de xingamento ou injúria. Eu fiquei curioso porque no primeiro turno, em duas opor-tunidades, o Romário chamou ele de ‘frouxo’ e eu não vi ele dando voz de prisão nenhuma. E vi o Indio chamando ele de ‘mentiro-so’. Também não vi dando voz de prisão nenhuma. Depois eu vi o candidato Garotinho dizendo que ele ofereceu, o Witzel, ofereceu a ele, Garotinho, favores na Justiça Federal. E, mais uma vez, não vi ele dando voz de prisão para ninguém. Não entendi. Será que ele concordou com tudo o que disseram? Não se sentiu injuria-do? Nós estamos aqui pro debate eleitoral. Nós vamos apresentar

Além de mais essa apunhalada, Doria, que controla o diretório municipal do PSDB em São Paulo, orquestrou a expulsão de Alberto Goldman, ex-governador de São Paulo, do secretário estadual de Governo, Saulo de Castro, e mais 15 filiados por não apoiarem João Doria para o governo de São Paulo.

A direção nacional do PSDB emitiu nota sobre a “expulsão” de-sautorizando o diretório municipal. “A decisão é arbitrária e inócua”, diz a nota do PSDB nacional.

Goldman é ex-presidente nacio-nal do PSDB e membro da direção nacional do partido. Ele, aliás, jamais escondeu sua opinião sobre João Doria: “Doria é um sujeito com ambições sem limites e conduta reprovável. Um cidadão sem escrú-

“Traidor eu não sou”, disse Alckmin em referência ao seu apadrinhado

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Rodrigo Leste

A TEIA DA ARANHA

DOURADA

É sábado, por volta das duas da tarde. A segunda semana de produção está ter-minando. A equipe está no apartamento de Jane dando inicio à filmagem de uma nova cena que começa com esta denúncia: “A coletiva de imprensa do Governador Fernando Pimentel aconteceu na sede da Samarco. O Centro de Operações de busca e resgate fica dentro da empresa também, sem acesso da população, dos trabalha-dores ou da imprensa. A gestão de uma tragédia imensa está sendo feita entre as quatro paredes da mineradora. Impossível não haver intromissão da empresa nas decisões do governo. Mostra apenas que o governo é responsável pelas mortes e danos junto às mineradoras.” (Flávia, pro-fessora de Contagem e dirigente do MRT)

— Agora é hora do senhor segurar esse rabo, governador — cochicha o presidente da Samarco, “interpretado” por Renato. — Sei que foi um desastre, um acidente, mas não podemos sacrificar ninguém.

— É, meu caro, compreendo — sus-surra o governador, “interpretado” por Evandro, amigo de Marco, pego meio “no laço” para fazer esse papel. — Mas o assunto ganhou relevância nacional e internacional. É um prato cheio para a mídia mundial nos atacar com armas de grosso calibre. As mortes, o lamaçal, a destruição, tudo colabora para a criação do cenário ideal de uma tragédia. É o calvário, vão precisar crucificar alguém.

— Aconteceu, governador, infelizmente — diz o presidente. O que não adianta ago-ra é querer encontrar culpados. É a mesma coisa de um... de um navio que naufraga. Houve revisão, manutenção, os respon-sáveis estavam cientes dos riscos, mas de uma hora para outra vem um imprevisto e o naufrágio acontece. Fa-ta-li-da-de. Não adianta ficar chorando o leite derramado. (Enquanto profere a sua última fala, o presidente da Samarco pensa:) “Porra, que incompetência! Cansei de avisar que essa barragem não era segura. Sabia que esse troço não ia aguentar (ao mesmo tempo em que “se ouve” o pensamento do presidente, surgem imagens de Bento Rodrigues e do Rio Doce tomados pela lama). Agora, eu, eu é que fico entre a cruz e a espada, se vierem com esse negócio de culpado, vai acabar sobrando pra mim, cacete; pode dar até cadeia! Por outro lado, como eu me explico com o pessoal da Vale. O prejuízo é monstro, uma fábula, eles vão querer minha cabeça”.

— OK. Corta, corta! — ordena Alfre-do. — Uma salva de palmas pro Evandro. Fez exatamente o que preparamos nos ensaios. Bravo!

A equipe toda comemora.

Fim do Episódio 9

Vimos no episódio 8 a cena escrita por Alfredo sobre o surto psicótico do senador “Cheiroso” ao lidar com a sua derrota na eleição presidencial de 2014

Episódio 9

propostas para o Estado e falar sim das características de cada candidato. Aqui não vai funcionar carteirada, não!”.

Para o presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB--RJ, Breno Melaragno, que a hipótese de prisão por crime de injúria é inexistente. Ele afirma que o caso pode ser levado à delegacia, como ameaçou o juiz. Mas será registrado num termo circunstanciado, para análise posterior no Juizado Especial Criminal —que analisa casos de baixo potencial ofensivo. “Ele está claramente se fazendo valer do fato de ter ocupado um cargo de juiz”, afirmou Melaragno.

MARIELLEWitzel também prometeu pro-

cessar quem o ligar a um evento no qual estava de fato presente, como mostram imagens: o momento em que um deputado eleito, Rodrigo Amorim, depreda uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco. Witzel aparece ao lado de Rodrigo, discursando. “Não falei em meu discurso sobre a placa, fui surpreendido com sua apresentação e qualquer pessoa que venha a imputar a mim qual-quer coisa relativa a ela sofrerá as sanções penais cabíveis”.

Porém as imagens mostram Witzel muito confortável e apro-vando a ação dos deputados eleitos.

pulo. Quem conhece João Doria não vota nele. Para o Doria não importa se é amigo, não é amigo. Importa o interesse dele”.

Goldman chegou a afirmar sobre o caso: “será que ele tem o AI-5 na mão e eu não sabia? Tem gente que está pensando que está na ditadura e que ele é o ditador”, afirmou. “Não tem nenhum panaca nesse partido que tenha condição moral de pedir a minha expulsão”, disparou.

José Serra, também criticou a iniciativa de Dória contra Goldman e os outros tucanos. Segundo ele a expulsão segue “o padrão Doria de truculência”. “As medidas são descabidas até porque não houve nem direito de defesa. A direção nacional do PSDB não vai deixar isso acontecer”, acrescentou.

Ilustração: Eri Gomes

Bolsonaro afirma que não tem como conter ‘excessos’ de seus seguidores“Quem tomou a facada fui eu”, disse o candidato comparando-se a Moa

O candidato à Presi-dência pelo PSL, Jair Bol-sonaro, disse nesta terça--feira (9) que seu apoiador, que matou um mestre de capoeira na Bahia “come-teu um excesso”.

Ao comentar o as-sassinato, Bolsonaro disse lamentar a morte do mestre capoeirista e compositor Moa do Katendê, que foi golpe-ado com 15 facadas após uma discussão com um bolsonarista em um bar de Salvador. O candida-

to disse não ter controle sobre os seus apoiadores.

“Pô, cara! Foi lá per-gunta essa invertida... quem tomou a facada fui eu, pô! O cara lá que tem uma camisa minha, come-te lá um excesso. O que eu tenho a ver com isso? Eu lamento. Peço ao pessoal que não pratique isso. Eu não tenho controle so-bre milhões e milhões de pessoas que me apoiam”, disse o candidato.

Ainda em seu comentá-rio sobre a trágica morte

do mestre, que é refe-rência cultural baiana, Bolsonaro faz uma com-paração com a sua si-tuação. Segundo ele, a violência “veio do outro lado”. Como se a morte de Moa fosse justificada já que Bolsonaro sofreu um ataque em Juiz de Fora.

“A violência veio do outro lado, a intolerân-cia veio do outro lado. Eu sou a prova, graças a Deus, viva disso aí”, disse.

Ato em repúdio ao assassinato do mestre capoeirista no Pelourinho

Na tarde desta segunda--feira (8), o corpo do mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Cos-ta, de 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, foi enterrado sob clima de co-moção e revolta, no cemité-rio Quinta dos Lázaros, no bairro da Baixa de Quintas, em Salvador.

O capoeirista foi assas-sinado a facadas após uma discussão na madrugada desta segunda-feira, quan-do se mostrava contrário à posição política de um eleitor do candidato à Pre-sidência Jair Bolsonaro (PSL). De acordo com o irmão da vítima, Reginaldo Rosário, 68, Moa estava be-bendo com ele e Germinio, no Bar do João, quando o autor da facada come-çou a defender ideias do candidato do PSL e ouviu críticas do capoeirista. Após a discussão, o capoeirista foi esfaqueado, recebendo 12 golpes e vindo a falecer na hora.

O enterro do capoeirista reuniu mais de 500 pessoas en-tre familiares e amigos, sendo marcado por gritos de salvas de palmas intensas e gritos de “Ele Não” e “Nós não vamos parar, nós não vamos parar, nós não vamos parar”.

Amigo de Moa, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente e fundador do bloco Ilê Ayê comentou a trajetória do artista morto. “Moa era uma referência de nossa cultura. Fundou o Afoxé Badauê em 1978 e contribuiu muito com o Ilê e toda comunidade negra”, lembrou o anfitrião do Ilê, acrescentando que a música Badauê foi um dos maiores sucessos do grupo na déca-da de 70.

O autor das facadas, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, preso em flagran-

Comoção e revolta no enterro de Mestre Moa do Katendê, morto por bolsonarista

te, teve a prisão preventiva decretada na tarde desta ter-ça-feira (9). A decisão foi do juiz Horácio Pinheiro. Agora, o suspeito será encaminhado para o sistema prisional, onde vai aguardar o julgamento.

REPUDIOO cantor e compositor

Caetano Veloso postou um vídeo em uma rede social de-monstrando sua indignação com o assassinato de Moa do Katendê. Ele já havia se de-clarado “de luto” pela morte de Moa, seu amigo, “uma das figuras centrais na história do crescimento dos blocos afro de Salvador”.

“Ele (Moa) foi assassinado por causa de uma discussão política. Isso dá a impressão que a mente brasileira está num estado que precisa ser superado. É verdade que todo mundo precisa colocar pra fora um monte de coisa pra ver se muda o modo de ser da mente do brasileiro, do inconsciente coletivo. Pra isso acontecer, a gente tem de se reconhecer que a gente está maduro o suficiente para não se entregar a coisas como essa. porque isso é muito simbólico do que está se esbo-çando no Brasil”, prossegue Caetano.

“A mente de todos os bra-sileiros que são capazes de pensar, acalmar a cabeça para receber as coisas, o coração para metabolizar os sentimentos humanos, pre-cisa reconhecer que não pode reduzir o Brasil a essa coisa bárbara”, diz, irritado. “O assassinato de Moa do Katen-dê é um sinal de que a gente não deve seguir com força no caminho que as pessoas ilusoriamente pensam que é superação, quando é atraso, é volta, é medo da responsabi-lidade da civilização”,

Gilberto Gil também pu-blicou mensagem em que lamenta o episódio. “Mestre

Moa do Katendê foi morto ontem, em Salvador, por um homem tomado de fúria assassina em meio a uma discussão sobre as eleições que acabavam de acontecer. (...) Ele, homem de dedicada atuação entre as comuni-dades da cultura popular da cidade, foi o idealizador do bloco Afoxé Badauê que encantou os carnavais de rua da Bahia, alguns anos atrás. Torna-se uma das primeiras vítimas fatais dessa devastadora onda de ódio e intolerância que nos assalta nesses dias de hoje”, escreveu.

“Nosso luto e nossa espe-rança de que a sua imolação não tenha sido em vão e que nos ajude a encontrar a pa-cificação logo ali adiante!”, conclui Gil.

INTOLERÂNCIANa noite desta terça-fei-

ra (9), um aluno da Univer-sidade Federal do Paraná (UFPR), que usava um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) foi violentamente agredido por um grupo da torcida da Império, do Co-ritiba. O grupo de cerca de 15 agressores que portavam a camisa do time gritavam: “Aqui é Bolsonaro”. Houve depredação da sede do Di-retório Central dos Estu-dantes da UFPR e também foram quebrados vidros da biblioteca da universidade.

Em Porto Alegre, a polí-cia investiga uma agressão de três homens a uma jovem de 19 anos que vestia uma camiseta do movimento “#EleNão”. No boletim de ocorrência realizado pela jovem, ela afirma ter sido agredida e que, além de receber socos e pontapés, foi agarrada por dois homens e uma suástica nazista foi marcada na sua pele com um canivete.

5GERAL12 A 16 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Indicador que antecipa os resultados sobre mercado de trabalho e situação das empresas foi divulgado pela FGV

Continuação da edição anterior

Continuação da página 8

Para a FGV, “queda reflete elevada incerteza na economia futura”

Acidentes na Petrobrás crescem com terceirização, denunciam sindicatos

Compra da Fibria pela Suzano pode ser anulada pela Justiça - Parte 3 Indicador de emprego recua 3,3

pontos de agosto para setembro

“Carteira verde e amarela” de Bolsonaro é para tirar direitos dos trabalhadores

O caminho até a Constituinte: a oposição derrota a ditadura em 1974 - (parte 2)

Acidentes aumentaram 10% em três meses

Em 2015, conforme reportagem publica-da na revista Época, o Ministério Público apontou que o Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social (BNDES) recebeu, de forma supostamente irregu-lar, cerca de R$ 500 bilhões do Tesouro Nacional por um período de seis anos. O documento contém uma análise preliminar do MP, que pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) a investigação dos repasses, com sinalização de que o dinheiro público pode ter sido destinado às contas de empre-sas que receberam empréstimos no Brasil e no exterior.

Os repasses considerados irregulares pelo MP tiveram início em 2008, no segundo mandato do governo Lula, e foram feitos até 2014, no mandato de Dilma. “A operação foi desenhada como um subterfúgio para lançar mão de recursos que, por lei, não poderiam ser destinados a empréstimos ao BNDES […]. Configura verdadeira fraude à administração financeira e orçamentária da União”, diz a representação do MP, apon-tando os fatos investigados como “graves”.

Hoje, boa parte da economia brasileira roda com dinheiro das empresas que en-chem o tanque no posto do BNDES. É gaso-lina batizada, segundo o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União.

Os repasses considerados irregulares pelo MP começaram em 2008, no segundo mandato de Lula, e prosseguiram até 2014, no primeiro mandato de Dilma. Em 2008, o governo passou a usar dinheiro da conta única do Tesouro – uma espécie de cofrinho de emergência do país – para financiar as operações do BNDES. A conta única é abastecida com dinheiro de operações feitas pelo Banco Central. Quando, por exemplo, o BC tem lucro com a compra ou a venda de moedas, esse dinheiro vai para a conta única. O cofrinho só pode ser quebrado, se-gundo o MP, para que o governo pague suas dívidas. Para quebrá-lo, o governo fez uma malandragem: passou a emitir títulos de dívida ao banco estatal. Com eles, o BNDES conseguia pegar o dinheiro e emprestá-lo às empresas.

Assim, segundo o MP, o BNDES virou credor e o Tesouro, devedor, o que é proibi-do, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. O correto seria o Tesouro captar recursos no mercado ou arrecadar impos-tos com os contribuintes e repassar esse dinheiro para o BNDES, contabilizando em seu orçamento. Mas não foi o que ocorreu.

Em dezembro de 2014, o governo liberou R$ 60 bilhões BNDES, através da emissão, pelo Tesouro Nacional, de títulos da dívida pública, impactando a dívida do país. Em 2009, o aporte do governo federal ao BN-DES foi de 100 bilhões de reais e, em 2010, 80 bilhões de reais. Em 2011 e em 2012, os volumes baixaram para 55 e 45 bilhões de reais, respectivamente, e, em 2013, soma-ram 39 bilhões de reais.

Entre 2008 e 2014, o governo federal emprestou ao BNDES cerca de R$ 450 bilhões para que o banco pudesse injetar esse dinheiro na economia por meio de empréstimos subsidiados a empresas. Ao longo dos anos, foram dezenas de contratos e renegociações entre ambos.

Economistas, políticos de oposição e jornalistas – inclusive os da conceituada revista The Economist – afirmam que seu grande volume de desembolsos, viabilizado por crescentes aportes do Tesouro Nacional, tem elevado de forma perigosa a dívida bruta do país, que hoje ultrapassa os 60% do PIB.

DÍVIDA COBRADA

Em fevereiro de 2018, o BNDES infor-mou que, após quitar parte dos juros e principal das dívidas, ainda deve ao governo R$ 513,6 bilhões em valores corrigidos pela inflação.

Os empréstimos a juros baratos acaba-ram beneficiando grandes empresas em sua maioria e deixou uma outra dívida de subsídio estimada em R$ 214 bilhões que o governo paga por essas operações.

Para o governo, os R$ 100 bilhões – que seriam pagos R$ 40 bilhões em 2016 e R$ 30 bilhões em cada um dos próximos dois anos – poderiam ser usados para abater a dívida bruta do setor público, já que o go-verno emitiu títulos da dívida para repassar recursos ao banco.

Mas o atual presidente do Banco Nacio-nal de Desenvolvimento (BNDES), Paulo Rabello de Castro, já disse que a devolução de todo o dinheiro exigido do banco pelo Te-souro Nacional em 2018 é “materialmente muito improvável”. Este montante é consi-derado exagerado pelo banco, que acredita que a devolução poderia comprometer sua capacidade de empréstimo, justamente no momento em que a economia dá sinais de retomada.

O MOVIMENTO MONOPÓLIO, NÃO!, pretende estimular seus membros a en-trarem na justiça para impedir este crime contra os acionistas minoritários, sobretudo ao poder público e contra a livre concorrên-cia, aos trabalhadores, aos fornecedores, aos consumidores e sociedade em geral. São dois milhões de hectares envolvidos, área maior que alguns países do mundo. Essa concentração fundiária será importante tema da eleição presidencial deste ano. O suposto ESCÂNDALO DA SUZANO come-çou a ganhar espaço da mídia e a estranha relação desta empresa com o BNDES pode chegar às páginas policiais se provar a simi-laridade com a fraude da JBS e o evidente tráfico de Influência perante as instituições financeiras.

(OpovoNews, 01/08/2018)

O SR. ALENCAR FURTADO : O aparte de V. Exa. denuncia uma trama internacional, que deve ser constante contra os países em desenvolvi-mento. Os grupos econô-micos multinacionais que assaltam a economia des-ses países dominam-nos também politicamente, em regra. Agrava-se e até se qualifica o delito polí-tico- econômico, quando sabemos que não têm interesse na preservação dos princípios éticos da vida. Seu Deus e sua pá-tria é seu lucro. Por isso mesmo, a denúncia que V. Exa traz e apenas a reiteração de um compor-tamento que tem muito de delinquente no trato des-ses grupos com os países em desenvolvimento.

Vou concluir, Sr. Pre-

sidente.As Forças Armadas do

Brasil têm tradição lega-lista e formação eminen-temente nacionalista. Já se recusaram a servir de capitães-do-mato em defesa do regime escra-vagista. Não se prestam a pretorianismo meramen-te policial, até porque sua verdadeira função precípua consiste em serem guardiãs dos inte-resses nacionais.

To d o s c o n t r a í m o s grandes responsabili-dades: Partidos, Gover-nos e Forças Armadas. O povo exige mudança de comportamento do Governo, o revolver de estruturas alienadas e uma diretriz filosófica nacionalista.

A Nação é organismo vivo, e nas suas palpi-tações anseia por se-gurança voltada para a valorização do homem no processo do desenvol-

vimento e por Liberdade assegurada pelo Estado de Direito.

O Governo, à sua vez, há de submeter os grupos econômicos multinacio-nais à vontade e aos inte-resses do povo brasileiro.

Necessita oxigenar as liberdades, oferecendo inclusive à imprensa car-ta de alforria, em face do guante da censura prévia.

Precisa palmilhar os caminhos das instituições democráticas, banindo-se tanto a super como a sub-legalidade.

São propósitos, suges-tões e análises que pa-trioticamente oferecemos acordes com as posições com que sempre nos iden-tificamos, demonstrando desarmamento de espí-rito na disponibilidade em que nos encontramos permanentemente, para servir ao Brasil.

Era o que tinha a dizer. (Palmas.)

ALENCAR FURTADO

Com milhões de traba-lhadores desempregados e em situação de subem-prego, a única proposta de Bolsonaro para resolver o problema do desemprego no país, a “carteira verde e amarela”, aumentará a informalidade e a vulne-rabilidade do trabalhador, em oposição à carteira de trabalho tradicional. Depois de afirmar em rede nacional de televisão durante entre-vista no Jornal Nacional da rede Globo que “o trabalha-dor terá que escolher entre ter empregos e direitos”, o programa de Bolsonaro para os trabalhadores ficou ainda mais claro. Diz no programa: “Assim, todo jovem que ingresse no mer-cado de trabalho poderá escolher entre um vínculo empregatício baseado na carteira de trabalho tradi-cional (azul) – mantendo o ordenamento jurídico atual –, ou uma carteira de trabalho verde e amarela (onde o contrato individu-al prevalece sobre a CLT, mantendo todos os direitos constitucionais)”.

Nessas atuais condições, onde os desempregados procuram emprego durante meses, com suas reservas financeiras se esgotando, o

que vai nortear as contrata-ções é a vontade do patrão e o quanto ele está disposto a pagar.

Na realidade “não é o trabalhador que vai escolher. Vai ser uma imposição da vontade da empresa, do em-pregador, que vai determinar a condição de contratação”, disse a pesquisadora do Cen-tro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Ce-sit) da Universidade Estadu-al de Campinas (Unicamp), Marilane Teixeira.

“É óbvio que nessa atual situação, muita gente vai cair nessa. Querem criar oficialmente a classe do sub-trabalhador, que informal-mente já existe. O trabalho informal atinge 33 milhões”, diz a professora do Departa-mento de Economia e da pós graduação da Universidade de São Paulo, Leda Paulani.

Desse modo, o que a fle-xibilização da legislação tra-balhista, aprovada no ano passado, já previa que os acordos valessem mais que a lei, mas ainda com a neces-sidade de aval dos sindicatos das respectivas categorias, a “carteira verde e amarela” coloca o trabalhador para “negociar” individualmente com a empresa, ou seja, com o trabalhador em situação

mais vulnerável, ela será um instrumento para coa-gir o trabalhador a “abrir mão” de seus direitos para conseguir o emprego.

“Não se contentam em ter feito uma reforma que já flexibiliza formas de con-tratação, que dá liberdade para o empregador contra-tar com jornadas e salários diferenciados. Ainda inven-tam uma carteira verde e amarela para constranger o trabalhador em nome de uma ideia de que é ele que está escolhendo”, diz Marilane.

As pesquisadoras apon-tam que os direitos perdi-dos com a “carteira verde e amarela” de Bolsonaro, como abono de férias e ho-ra-extra, representam uma importante queda no poder de consumo da população, então mesmo com a mão de obra mais barata o empre-sário não vai contratar, pois não terá para quem vender seus produtos. Apontam que quando a economia está aquecida o empresário é uns dos principais interes-sados no vínculo trabalhista com a carteira tradicional, pois garante a permanên-cia do trabalhador em sua empresa.

RODRIGO LUCAS

A perspectiva sobre geração de em-prego no Brasil apresentou queda

pelo sétimo mês conse-cutivo e atinge o menor nível desde dezembro de 2016, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), na terça-feira (09).

O Indicador Antece-dente de Emprego (IA-Emp), que antecipa os resultados sobre merca-do de emprego, de acordo com a situação atual das empresas e grau de oti-mismo dos empresários para os próximos seis meses registrou queda 3,3 pontos em setembro na comparação com o mês anterior. Com o re-sultado, o indicador atin-giu 91 pontos (em uma escala de 0 a 200 pontos), menor nível desde de-zembro de 2016, quando atingiu 90 pontos.

Para o economista da Ibre/FGV, Fernando de Holanda Barbosa Filho, a queda no indicador “re-flete a elevada incerteza quanto ao crescimento da atividade econômica futura do Brasil e, por-tanto, quanto à geração do emprego”, avaliou em nota oficial.

O indicador IAEmp, é construído por uma combinação de dados ex-

traídos de sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. De acordo com a sondagem divul-gada pela fundação, está é a sétima queda conse-cutiva apresentada pelo indicador. E que em seis dos sete indicadores que o compõem a pesquisa, o indicador emprego local futuro da Sondagem do Consumidor, foi o que mais se destacou, com recuo de 6,8 pontos para o período analisado.

A percepção das fa-mílias com relação ao emprego e ao mercado de trabalho também piorou. O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) de-monstrou um aumentou 1,3 pontos em setembro na comparação a agosto, para 97,3 pontos, maior nível desde dezembro passado, quando estava em 100,3 pontos. O ICD é um indicador que tam-bém varia de 0 a 200, no mesmo sentido na taxa de desemprego, ou seja, quanto maior a pontuação pior é o resultado.

"O Indicador Coinci-dente de Desemprego (ICD) encontra-se es-tável, porém em nível elevado. Isto sinaliza o momento de dificulda-de no mercado de tra-balho enfrentado pelos trabalhadores, apesar da lenta redução observada na taxa de desemprego",

Devido à contratação de mão de obra terceiri-zada, o índice de acidentes na Petrobrás aumentou 10%, entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano, denuncia levanta-mento, realizado no mês passado, por sindicatos de petroleiros.

Segundo a categoria, a direção da Petrobrás está manipulando os nú-meros de acidentes para não prejudicar o Plano de Negócios da estatal, que prevê meta de um acidente a cada 1 milhão de horas trabalhadas. Os petroleiros alegam que, desde que a chamada Taxa de Acidentados Registrá-veis (TAR) vigora como requisito do plano, muitas ocorrências não estão sen-do notificadas, pois os ter-ceirizados não comunicam os acidentes com medo de serem demitidos, já que as empresas responsáveis pela mão de obras tercei-rizada são multadas pela Petrobrás.

De 1995 até agora, 81,48% das mortes no sistema Petrobrás foram de terceirizados, contra 18,52% entre os traba-lhadores contratados di-retamente pela estatal, segundo o estudo dos Sin-dipetros divulgado pela Federação Única dos Pe-troleiros (FUP).

Os petroleiros denun-ciam que faltam treina-mento e condições ade-

quadas de trabalho para garantir a segurança dos trabalhadores terceiriza-dos. “Há sempre o risco de uma lesão permanente e amputação do dedo. Ima-gine o que isto pode causar na vida de um trabalha-dor”, afirmou o diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sin-dipetro-NF), Tadeu Porto.

No dia 19 de setembro, um supervisor terceirizado de produção da Alphatec, foi mais uma foi vítima de acidente na estatal. O supervisor foi atingido na mão direita e passou por cirurgia no Hospital Unimed de Macaé para suturar o dedo indicador, quando estava ensinando o trabalho a sua equipe na Plataforma P-25, na Bacia de Campos, disse Tadeu, afirmando que este é só mais um dos acidentes que vêm ocorrendo nas plataformas da Petrobras.

Além dos acidentes, os trabalhadores terceiriza-dos têm seus salários e direitos reduzidos a cada novo contrato de traba-lho, denuncia a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). “As empresas ter-ceirizadas estão a cada novo contrato reduzin-do salários e direitos dos trabalhadores, pegando carona na reforma traba-lhista e na exigência da Petrobrás por contratos mais enxutos”, afirma a entidade.

INTERNACIONAL 12 A 16 DE OUTUBRO DE 2018HP6

Envolvida em lavagem de dinheiro, Keiko Fujimori tem prisão preventiva decretada

Feudais sauditas seguem sem esclarecer sumiço de Khashoggi no seu consulado em Istambul

Bolívia terá maior crescimento na América do Sul em 2018, segundo a previsão do Banco Mundial

Crianças palestinas em ato contra o fechamento de centros da ONU em Gaza

Na Segunda Intifada, tropas de Israel atiraram com balas de borracha nos olhos de crianças palestinas

Anad

olu

Colômbia: 71 integrantes das Farc já foram assassinados após assinatura de acordo de paz

Paramilitares detêm jovem opositor na porta do emprego na Nicarágua

Ao ser detido, Mairena conclamou colegas a persistirem

“Atirar para matar”, pede o ministro da Educação de Israel, que considera limitado o morticínio (205 palestinos assassinados) que os soldados das tropas de ocupação já perpetraram de março a outubro

Ministro israelense: atirem até em crianças palestinas; ‘são terroristas’

Paramilitares prenderam nesta terça-feira o jovem Gen-nsy Mairena, de 25 anos, quando saía do emprego em uma empresa de telefonia em Matagalpa. Conforme descreveram seus colegas, ninguém pôde impedir a ação daqueles que, sem ordem de captura e com muita violência, o levaram em uma camionete particular.

Segundo a ativista Fran-cella Zelaya, Mairena partici-pou da última manifestação de protesto convocada pelo Movimento 19 de Abril na cidade, condenando os assas-sinatos e prisões arbitrárias realizadas pelo governo de Daniel Ortega e sua vice (e esposa) Rosario Murillo.

“Os homens que prende-ram Gennsy Mairena dirigiam uma camioneta vermelha e as pessoas que se encontravam no local tentaram detê-los, mas foram ameaçadas de que estavam obstruindo a justiça. Inclusive alguns foram agredi-dos”, informou o movimento oposicionista.

De acordo com Zelaya, diante dos insultos feitos por orteguistas, “Genssy levantou sua voz para dizer que nossa luta não é deste tipo e que con-

tinuássemos entoando nossas palavras de ordem”. “Então, tiraram fotos enquanto ele falava e hoje o sequestraram”, relatou a ativista.

O Centro Nicaragüense de Direitos Humanos (Cenidh) denunciou que as prisões e sequestros não param e alertou para a detenção ilegal de ao me-nos 12 pessoas em todo o país.

Nos últimos três dias, 7 manifestantes foram de-tidos pela polícia na ilha de Ometepe, incluindo um jovem baleado na perna quando tentava fugir da captura em sua própria casa. Em Masaya, Ruth Matute foi detida quando ia

entregar comida ao mar-dio, Danny García, preso dias atrás. Em Matagalpa, foi encarcerado Oneal Granados.

A Comissão Interame-ricana de Direitos Huma-nos (CIDH) qualificou de “alarmante” a retomada de práticas de criminalização de protestos, perseguição judicial e de manifestantes, e esclareceu que os detidos não são informados de seus direitos nem do que são acu-sados, sendo presos sem que tenham acesso à ordem judicial e nem que seus fami-liares saibam para onde estão sendo levados.

Um relatório recentemen-te divulgado pelo Alto Co-missariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) apontou que pelo menos 71 ex-integrantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) foram mortos após o acordo de paz firmado com o governo de Juan Manuel Santos em 2016.

Os dados da carnificina fo-ram apresentados pelo secre-tário-geral da ONU, Antônio Guterres, durante o quarto informe da Missão de Verifi-cação das Nações Unidas na Colômbia, ação que fiscaliza eventuais problemas em as-suntos de segurança nacional.

“Todas as fontes, incluin-do a Oficina da Acnudh na Colômbia, atestam que os assassinatos e ameaças contra líderes sociais e defensores dos direitos humanos não acabaram”, revelou Guterres.

A Unidade Especial de

Investigação relatou que os crimes contra ex-combatentes foram registrados em 12 dos 32 departamentos, em todo o território colombiano , mas que “três quartos dos assas-sinatos se concentram em cinco departamentos: Nariño (16), Antioquia (14), el Cauca (12), Caquetá (8), Norte de Santander (7)”.

“O processo de paz não está isento de sérios desafios e ainda que tenha sido marcada por controversas políticas, a importância do acordo para o futuro do país tem ainda mais validade agora”, escreveu o representante da ONU.

"Neste mesmo alerta, destacamos a existência de múltiplos fatores por trás desses assassinatos, incluindo a participação das vítimas na defesa da terra e dos recursos naturais", disse Guterres.

Em carta enviada à Co-missão de Paz do Congresso

da Colômbia, Iván Márquez e Óscar Montero, dirigentes das Farc (hoje o partido Força Alternativa Revolucionária do Comum) condenaram “três atos de insensatez” que estão levando o processo de paz ao abismo: “a insegurança jurídi-ca, as modificações do texto ori-ginal e o descumprimento de aspectos essenciais do acordo”.

Segundo ambas lideran-ças das Farc, a Jurisdição Especial de Paz (JEP) que existe atualmente não foi a acordada, mas a que que-riam o promotor geral, Nés-tor Humberto Martínez, e os “inimigos da concórdia”, como o embaixador dos Estados Unidos no país. “Estamos diante de um descarado abuso no exercí-cio do poder, mesclado com uma rendição inaceitável da nossa soberania jurídica a uma potência estrangeira”, denunciaram.

"A maioria das crianças foi baleada na cabeça ou na parte superior do corpo. Os alvos mais comuns das balas de aço revestidas com borracha foram os olhos das nossas crianças", descreveu a então ministra da Educação Superior Palestina, Hanan Ashrawi, denunciando em 2000 [período do levante palestino denomi-nado 2ª Intifada] a "violência indiscriminada e o reinado do terror" promovido por Israel nos territórios ocupados.

Quase 20 anos se passaram desde que estive na Palestina pela primeira vez, acompa-nhando como jornalista da Hora do Povo uma delegação da Federação Mundial das Juventudes Democráticas (FMJD), entidade consultiva da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo da visita era ver de perto, na Cisjordânia e em Gaza, a barbárie promovida por Israel e dar um testemunho pessoal.

Nos olhos das crianças? Infelizmente era isso o que queria dizer a presença nos hospitais de tantos meninos com os olhos vendados. De um lado, um soldado israelense com mira telescópica e a mais avançada tecnologia made in USA; mãos insurgentes de outro, jogando pedras no inva-sor, carregadas de esperança. Como punição, tiros certeiros.

O que havia então era uma preferência por atirar contra as crianças palestinas – que eram 30% das vítimas - balas de aço revestidas com borracha, para cinicamente cegar e mutilar, sem o ônus da morte.

Naqueles dias, as 52 víti-mas infantis mais graves só puderam ser encaminhadas à Alemanha em um vôo de emer-gência após ampla pressão da comunidade internacional em apoio à reivindicação da Auto-ridade Nacional Palestina.

Em meio à grave crise eco-nômica, que somava então centenas de milhares de de-sempregados, hospitais lotados de feridos, ausência de medica-mentos e equipamentos, corre-corre nas enfermarias em meio ao cheiro da morte... Fotografei ambulâncias crivadas de balas, um sem número de crianças alvejadas, o caos materializado em poças de sangue, urros de dor e lágrimas da perda de entes queridos.

Recordo de uma conversa com psicólogas, em Ramalah, e a descrição do impacto do ter-ror e da incerteza das crianças palestinas quando ouviam as diárias movimentações mili-tares israelenses. Um temor plenamente justificável, racio-nal, perfurando a pureza com ponta de baioneta, antecipando o fim da infância.

Na partida, próximos à Fai-xa de Gaza, bombas explodiam próximas e podíamos ouvir as balas de fuzis e metralhado-ras. Ocorrências do mesmo tipo haviam vitimado naque-les dias a três jornalistas: um foi morto e outros dois encon-travam-se hospitalizados, um francês e o representante da CNN em Gaza.

Inevitável pensar na neces-sidade de relatar ao mundo a experiência vivida.LEONARDO W. SEVERO

Multiplicam-se as versões sobre o que acon-teceu com o jornalista saudita que publicava textos críticos sobre o regime imperante no seu país.

Jamal Khashoggi, que escreve para o jornal Washington Post, está desaparecido desde o dia 2 de outubro. Ele entrou no consulado da Arábia Saudita naquela terça-feira, às 13:00 h, e desde então não foi mais visto. Autoridades turcas suspeitam de que ele teria sido assas-sinado no interior do consulado, em Istambul.

É o que apontam jornalistas das agências Reuters, AP e do portal Middle East Eye, re-ferindo-se a fontes de dentro da polícia turca. No dia de seu suposto assassinato, 15 sauditas desembarcaram em Istambul a bordo de dois aviões de carreira. Eles estavam no consulado no mesmo dia em que o jornalista foi ao prédio. Logo depois, no mesmo dia, deixaram o país.

O jornal norte-americano "The New York Times", que cita uma fonte turca próxima às investigações, divulgou que Khashoggi teria sido esquartejado com uma serra por agentes de Riad. Os restos mortais teriam sido levados por uma minivan preta.

De acordo com o site britânico "Middle East Eye", pelo menos três dos 15 agentes dos serviços secretos sauditas que foram ao consu-lado no dia do desaparecimento do jornalista fazem parte da unidade de elite encarregada da proteção do príncipe herdeiro Mohammad bin Salman, o líder "de fato" do país.

Numa outra versão o jornalista teria sido retirado em um Mercedes de dentro do con-sulado para embarcar em um jato particular e voado para Dubai e dali para Riad.

Kashoggi era próximo da família real saudita mas, desde que a monarquia foi assu-mida por Bin Salman, começou a apresentar divergências. Teria dito que “as autoridades sauditas podiam e com razão ficar nervosas com Donald Trump na presidência”.

Foi o suficiente para que ele começasse a ser ameaçado e proibido de escrever a qualquer mídia, inclusive de tuitar. Sentindo-se sufo-cado e acuado saiu do país em 2017. Em seus artigos, Kashoggi, entre outras denúncias, se posicionava contra a agressão da Arábia Saudita ao Iêmen.

“Acima e além da perseguição de ativistas, escritores, clérigos, acadêmicos, e homens de negócios, há um roteiro que tem se tornado comum na Arábia Saudita, onde o governo não procura nem simular legalidade”, decla-ra Sarah Leah Whitson, diretora executiva da divisão da Human Rights Watch’s para o Oriente Médio.

Depois de passar pelos Estados Unidos, estava na Turquia e organizava seu segun-do casamento. Pelas leis turcas, para casar novamente era preciso a certidão de divórcio e foi isto o que Kashoggi procurava. Ele manifestou receio e pediu que a sua noiva avisasse às autoridades turcas caso ele não retornasse. A noiva esperou por 11 horas antes de informar do desaparecimento às autoridades turcas.

Apesar dos sauditas terem dito que Kasho-ggi entrou e saiu do prédio, isso não é corro-borado pelas câmeras que existem em torno do edifício.

Yasin Atkay, ex-deputado e agora assessor do presidente turco, Erdogan, disse que o crime não ficará sem solução. “Enganam-se os que pensam que estamos na Turquia de 50 anos atrás”.

O Secretário-Geral da ONU, António Gu-terres, declarou que está “muito preocupado” com o desaparecimento do jornalista saudita e a violência contra outros jornalistas.

O Washington Post chamou a atenção para o desaparecimento de Kashoggi afirmando que se sua morte for confirmada, “isso marca-ria uma alarmante escalada no esforço saudita de calar dissidência”.

O diretor da página editorial do jornal norte-americano, Fred Hiatt, declarou que “se as informações sobre o assassinato de Jamal forem verdadeiras, estamos diante de um ato monstruoso e incomensurável”.

A Justiça peruana ordenou a prisão pre-ventiva por 10 dias de Keiko Fujimori, do partido Força Popular, por não ter respondi-do às citações judiciais no bojo de uma inves-tigação por lavagem de dinheiro.

Uma semana depois da Justiça anular o in-dulto de seu pai, o cor-rupto ditador Alberto Fujimori, a ordem de prisão contra a líder do FP inclui outras 19 pessoas, entre elas os ex-ministros Jaime Yoshiyama e Augusto Bedoya, investigados por receberem fundos da Odebrecht para a campanha presidencial de Keiko em 2011.

Em maio de 2017, Marcelo Odebrecht confirmou ter feito contribuições a Keiko Fujimori e ao Partido Aprista Peruano para a campanha. Segundo reportagem do jorna-lista Gustavo Gorriti publicado no portal IDL-Reporteros, a declaração foi feita durante um interro-

gatório de duas horas na sede da Polícia Fe-deral em Curitiba.

Keiko foi detida ao comparecer na sede da Procuradoria após ser chamada para dar decla-rações pelas contribui-ções recebidas por seu partido para as eleições vencidas por seu adver-sário Ollanta Humala, também apontado por corrupção e que se en-contra fora do país.

O procurador respon-sável por casos de lava-gem de dinheiro, José Domingo Pérez, atri-buiu a Keiko o comando de uma "organização criminosa" dentro do seu partido, que domina o Congresso peruano. A quadrilha seria especia-lizada na receptação de valores ilícitos.

O pedido de prisão baseou-se em uma nova informação recebida pela Procuradoria pe-ruana da instituição correlata brasileira, que provaria que o partido de Keiko recebeu con-tribuições de 1,2 milhão de dólares para a sua campanha de 2011.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, comemorou o primei-ro lugar que seu país ocupa em crescimento econômico na América do Sul. "O Banco Mundial assinalou que a Bolívia crescerá 4,5% neste ano, que novamente ficará em primeiro lugar no Sul e em segundo em todo o continente americano em crescimento econômico", afirmou Evo durante a inaugu-ração de um centro educativo no estado de Panco, no dia 8.

Realçou que os avanços têm sido produto da naciona-lização dos recursos naturais, a sua industrialização e a recuperação das empresas es-tratégicas,. Isso tem permitido a libertação econômica do país em prol de melhores condições de vida do povo boliviano e das gerações emergentes.

"Antes era toda uma luta, (...) para mudar esse modelo econômico de saque permanen-te de nossos recursos naturais, a economia estava em mãos

dos estrangeiros e temos sabido como recuperá-los (...) Graças à luta, nacionalizamos, investi-mos e agora batemos recordes na economia", sublinhou o presidente.

Lamentou que outras na-ções da região não tenham con-seguido avançar em matéria de desenvolvimento social nem superação da desigualdade, referindo-se especificamente ao Brasil e Argentina, países onde há governos que insistem em instaurar políticas neoliberais, fracassadas em todos os lugares onde se impuseram.

"Eles são privatizadores e nós nacionalizadores, essa é nossa profunda diferença. (...) A Bolívia é respeitada porque deixou de mendigar. Antes precisávamos importar tudo que consumíamos, agora trabalhamos para produzir aqui. Agora até nos pedem dinheiro", concluiu Evo.

De acordo com o BM, o desenvolvimento econômico

da Bolívia é um dos mais signi-ficativos da região baseado na economia produtiva, e iguala países cujo PIB está ancorado em atividades financeiras e comerciais como o Panamá e a República Dominicana.

O governo afirma que é aplicado um modelo inclusi-vo, baseado em seis alicerces: retenção dos excedentes eco-nômicos que gera o país para o reinvestimento em projetos de desenvolvimento; redistri-buição da renda e reativação do mercado interno; crescente investimento público; elevada poupança interna; articulação do capital financeiro com o ca-pital produtivo e a diversificação econômica, com o investimento em obras de infraestrutura e novas empresas estatais.

“Acredito que o fundamental para o nosso desenvolvimento é a retenção do excedente para que a riqueza não se vá, seja investida no país”, acrescentou o vice-pre-sidente Álvaro García Linera.

“Devemos atirar para matar”, declarou o mi-nistro da Educação de Israel, Naftali Bennett,

referindo-se aos palestinos que, em manifestações desde o mês de março, se aproxi-mam da cerca levantada por Israel na fronteira exigindo o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. Diante da declaração, o en-trevistador, da rádio Ondas do Exército (Galei Tzahal) perguntou: “Inclusive as crianças?”

“Não são crianças, são terroristas. Não vão nos fazer de bobos”, foi a resposta do ministro.

A entrevista com Bennett, que integra o Gabinete de Se-gurança do governo de Bibi Netanyahu, se deu no bojo de uma divergência deste com o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, sob cujo coman-do já morreram 140 manifes-tantes palestinos e mais mil ficaram feridos, desde que as manifestações denominadas “Grande Marcha do Retor-no” tiveram início em março.

Para Bennett, que diverge “em tudo de Lieberman”, o exército de Israel estaria sendo suave demais. Uma das medi-das ‘educativas’ sugeridas pelo ministro seria a destruição sumária das casas dos tais ‘terroristas’ mortos nas ma-nifestações, o que serviria de lição aos familiares, mais de 100, que ficariam sem teto da noite para o dia.

Depois que as manifesta-ções foram reprimidas com munição viva e as mortes começaram a se avolumar, os palestinos de Gaza avan-çaram na disposição de re-sistir de forma mais efetiva lançando pipas em fogo, coquetéis molotov sobre os soldados israelenses e pneus em chamas na direção da cerca que isola Gaza do mun-do. Uma fustigação que tem mais de simbolismo, de que os israelenses , entre os mais bem armados do mundo, não terão a paz enquanto a ocupação permanecer.

É o pretexto suficiente para o regime de apartheid israelense denominar de ‘terroristas’ os palestinos que resistem - com os meios que podem - ao terror e à ocupação israelense em ter-ritórios palestinos de Gaza e

Cisjordânia, lembrando que Israel ocupa ainda territórios árabes ao sul do Líbano e no alto do Golã, sírio.

Para Bennett, os soldados israelenses devem seguir matando palestinos, “como temos feito [desde março] só que com juros”.

O ministro disse também que a Autoridade Nacional Palestina deveria ser proibi-da de fornecer (como faz atu-almente) ajuda de custo para os palestinos encarcerados por Israel, por resistirem à ocupação e que contam mais de 3.000 hoje.

A Grande Marcha teve início quando Trump deci-diu transferir a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém, premiando a ane-xação da Jerusalém Oriental (árabe) a Israel, passando por cima de todos os acordos entre Israel e Palestina e do entendimento internacional sobre o destino comparti-lhado de Jersualém, capital histórica da Palestina.

Enquanto isso, o massa-cre, que o ministro do regime de usurpação e apartheid de Israel (país tão idolatrado por Bolsonaro e seu séquito) acha pequeno, tirou a vida de mais 14 palestinos, incluindo 4 crianças, somente no perí-odo das manifestações de 23 de setembro a 6 de outubro, de acordo com o informe da Organização Mundial de Saúde, que tem acompanha-do e registrado os números desta mais recente tragédia palestina.

O informe revela que do dia 30 de março, até 6 de ou-tubro, 205 palestinos foram mortos, 1434 feridos, dos quais 737 foram hospitaliza-dos, incluindo 150 crianças e 32 mulheres. Destes, 12 estão em condição crítica. Entre os feridos houve 81 amputações, incluindo 15 crianças.

Na matéria abaixo, de Leonardo Severo, temos o testemunho da agressão que atingiu os olhos das crian-ças palestinas no período do levante palestino, há 20 anos. De lá para cá, a sanha do regime de apartheid só aumentou, os tiros são com munição viva e há elementos como Bennet que querem mais sangue sobre o solo palestino.

NATHANIEL BRAIA

INTERNACIONAL12 A 16 DE OUTUBRO DE 2018 HP

Franceses voltam às ruas contrao retrocesso social de Macron

ANTONIO PIMENTA

Manifestações em Paris: “Todas e todos unidos contra Macron e seu mundo “

Ato de Solidariedade a imigrantes em Nova Iorque

Terremoto e tsunami na Indonésia deixam mais de 2 mil mortos e 5 mil desaparecidos

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AFP

AP

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EUA: Juízes freiam sanha xenófoba de Trump

Otan cria centro de guerra cibernética e ainda requenta provocação contra a Rússia

Porta-desatinos de Trump na ONU anuncia demissão

300 mil pessoas participaram de protestos em todo o país na terça-feira contra o arrocho de Macron, que pretende reduzir pensões e seguro-desemprego e restringir o acesso às universidades

A cada hora que passa aumenta mais o número de vítimas do caos causado pelo terremoto e do tsunami que varreram a Indonésia, deixando mais de 2 mil mor-tos, 5 mil desaparecidos e 10 mil feridos. Conforme o chefe do Conselho Nacional de Gestão de Desastres, Wil-lem Rampangilei, o número ainda não é oficial, que tem crescido à medida em que chegam novas informações dos representantes de aldeia.

Conforme organizações humanitárias, centenas de milhares de pessoas estão de-sabrigadas, muitas dormindo em tendas ou ao ar livre. Os hospitais estão transbordan-do e os suprimentos médicos são escassos.

Neste momento, disse Willem, a preocupação mais grave é a ameaça de epi-demias, diante do grande número de corpos em adian-tado grau de decomposição. Há zonas remotas das quais ainda não se conhece sequer

a dimensão dos danos e os primeiros helicópteros apenas começam a chegar.

Segundo as autoridades, a maioria das pessoas mo-rava em Petobo e Balaroa, as duas áreas mais afetadas de Palu (capital da provín-cia de Sulawesi) e áreas adjacentes. Em Petobo, onde havia mais de 2 000 pessoas antes do terremo-to, o solo foi “liquefeito”, transformado numa mistu-ra de água e lama que levou tudo pela frente. Os que não conseguiram escapar a tempo foram tragados por esta “terra macia”, que em alguns lugares ainda cede, tornando o resgate ainda mais arriscado.

“Francamente, não te-mos a capacidade de orga-nizar e concentrar nossos esforços agora”, declarou Jumriani, chefe de serviços de saúde do departamento provincial, em uma ten-da montada em frente ao escritório danificado pelo

terremoto. “Os campos de evacuação estão espalhados por toda parte e nossos vo-luntários também”, disse ela. “Inicialmente, estáva-mos lidando principalmente com lesões. Agora nossas principais preocupações são diarreia, gripe, doenças de pele, principalmente por causa da falta de água limpa e exposição”, acrescentou.

Frente ao descalabro rei-nante, crescem os protestos contra o governo do pre-sidente Joko Widodo, que coordenou a operação de socorro de forma descoorde-nada e totalmente inadequa-da. Prova disso, denunciam, é que Joko buscou inicial-mente minimizar os efeitos catastróficos da tragédia, recusando-se até mesmo a declarar o fato como um “desastre nacional”. Mesmo com a multiplicação dos mor-tos, com a falta de água e de luz, sua administração não pediu ajuda internacional por três dias.

Cerca de 50 mil pessoas foram às ruas de Pa-ris, e 300 mil por toda a França, atendendo

à convocação das centrais sin-dicais CGT, Solidaires e Force Ovriére, dos estudantes e dos aposentados, na terça-feira (9) para repudiar o ‘presidente dos ricos’ Emmanuel Macros e a “regressão social” sob seu go-verno. A manifestação ocorreu na véspera da apresentação, pelo regime, de sua deletéria ‘reforma da previdência’, que penalizará ainda mais os trabalhadores e arrochará o seguro-desemprego.

Aos brados de “não esta-mos reclamando, estamos nos revoltando”, uma mul-tidão percorreu o centro de Paris, partindo de Mon-tparnasse para encerrar na Place d’Italie. Como de costume, a polícia e alguns black blocs tentaram atra-palhar o protesto que, nas palavras do secretário geral da CGT, Philippe Martinez, expressa a “cólera do povo francês” contra o desmonte de direitos e a concentração desmedida de riqueza. As centrais exigem o aumento dos salários, das pensões e dos gastos sociais, como úni-ca saída para efetivamente fazer a economia deslan-char. Os atos ocorreram em uma centena de cidades.

A mobilização também foi convocada pelas entidades estudantis Unel (ensino mé-dio) e Unef (universitários), responsáveis por semanas seguidas de ocupações nas es-colas, em repúdio à elitização do acesso às universidades cometida com o malsinado ‘Parcoursup’. Partidos de oposição, como os comunistas, a França Insubmissa, verdes e outros, apoiaram o ato, reforçando a conclamação a “deter Macron”.

Sobre o ex-banqueiro Macron – e sua notória ar-rogância -, o secretário geral da FO, Pascal Pavageau, respondeu que este vai aca-bar descobrindo que “não pode ficar sozinho, o tempo todo, contra todos”. “300 anos de república e 120 anos de modelo social são mais fortes que uma decisão ju-piteriana” daquele que acha que recebeu um “mandato de cinco anos para aniqui-lar e destruir 120 anos de modelo social”, advertiu. Pavageau convocou ainda a restaurar o direito de nego-ciação coletiva, rasgado por Hollande e Macron.

A convocatória das cen-trais sindicais também de-nunciou a desigualdade social e imensa concentra-ção de renda que a política pró-bancos está acarre-tando. “Em uma década, as dez maiores fortunas francesas viram sua riqueza quadruplicar, enquanto são necessárias seis gerações para que uma família pobre alcance a renda média”. Os sindicatos acusaram o governo Macron de estar a serviço exclusivo dos in-teresses das corporações e conclamaram os mani-festantes a expressarem “a recusa a essa política,

que está destruindo tijolo por tijolo o modelo social [francês]”.

Assim, passadas as férias de verão, a França volta a ferver com as manifesta-ções. Passado um ano de governo, a popularidade de Macron – e o ministério - vem definhando, e já há quem considere suicídio político manter-se no seu avariado barco. A mais recente demissão foi de seu ministro de Interior, Gerard Collomb, que consi-derou que é mais negócio ir tentar a sorte na candida-tura a prefeito de Lyon. A debandada - meia dúzia de ministros já se foi - forçou Macron a anunciar uma “remodelação” do governo.

Pesquisas sinalizaram que só 6% dos entrevistados acreditam que a política de Macron irá melhorar sua situação econômica e que o apoio a ele desabou para 31%. Grandes manifesta-ções não cessaram desde a posse de contestar sua polí-tica pró-bancos – “a França não está à venda” - e os ferroviários empreenderam durante meses uma enorme resistência à privatização da estatal SNCF.

A tal postura ‘jupiteria-na” de Macron foi ampla-mente debochada nas “Fes-tas para Macron”, muito diferente do ronronar dele diante de Trump na Casa Branca ou do deleite com Ângela Merkel. Recente-mente, sua resposta a um desempregado, dizendo que “se atravessasse a rua” conseguiria um emprego, causou grande indignação no país inteiro.

O crescimento da econo-mia francesa continua anê-mico, na rabeira da União Europeia, e este ano, até setembro, só haviam sido criados 137 mil empregos, contra 320 mil durante todo o ano passado. As centrais sindicais – menos a CFDT, vagamente ‘socialista’ à moda Mitterrand no passa-do e agora entusiasta do ne-oliberalismo – denunciaram que a política de arrocho sa-larial e concentração de ren-da, ao reduzir o consumo, bloqueia o desenvolvimento.

Na quarta-feira, a CGT se mostrou contrária ao plano de desmanche da previdência -apresentado pelo governo de Macron, que pretende levá-lo à votação no ano que vem -, posição respaldada na manifestação que exigiu “direito à aposen-tadoria integral para todos os assalariados a partir dos 60 anos”, idade mínima que foi aumentada para 62 anos em 2010 pelo governo Sarkozy. Macron quer 62 anos de idade mínima para se aposentar, e mais anos ainda se alguém quiser rece-ber aposentadoria integral: 65 anos. Conforme Cathe-rine Perret, “a CGT não é favorável a este projeto que reduzirá as pensões futuras a um nível próximo da linha de pobreza para muitos”.

Em seu encontro com o Papa Francisco no Vati-cano, que ocorrerá no pró-ximo dia 18, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, irá transmitir a ele convite do líder da Coreia Popular, Kim Jong Un, para que vá a Pyongyang, revelou porta-voz da Casa Azul, o palácio presidencial de Seul, segundo a Reuters.

O convite de Kim – que o porta-voz chamou de “ar-dente desejo” – foi feito du-rante a cúpula Kim-Moon de setembro, em encontro em que também participou o arcebispo sul-coreano Hyginus Kim Hee-joong. Moon é católico.

Conforme a agência de notícias sul-coreana Yo-nhap, Moon irá pedir o

Moon levará ao Papa Francisco convite de Kim para visitar Coreia

apoio do papa às negocia-ções de paz na península coreana. Em várias outras ocasiões, a Igreja Católica se pronunciou a favor da paz na Península coreana. Em 2014, quando esteve pela primeira vez na Coreia do Sul, o Papa Francisco rezou uma missa especial pela reunificação coreana.

Um juiz federal da Cali-fórnia anulou na sexta-feira passada uma lei de imigração que o governo do presidente Donald Trump usou para pu-nir cidades e estados que res-trinjam sua cooperação com as autoridades de imigração. A decisão do juiz William Orrick também ordenou que o Departamento de Justiça devolva os US$ 2,8 milhões que haviam sido retidos da Califórnia como sanção às po-líticas migratórias do estado.

Esta é a terceira decisão recente na qual um juiz federal declara inconsti-tucional a lei migratória. No entanto, nenhuma das três decisões revoga de imediato a aplicação da lei a nível nacional, manten-do a obrigação de que os departamentos de polícia de estados e municípios informem às autoridades federais o status de imi-gração das pessoas.

A decisão de Orrick em relação aos processos mo-vidos pela Califórnia e San Francisco pode ser a mais importante até o momento, uma vez que se mina um dos principais objetivos do governo em sua luta contra as jurisdições santuário. Orrick proibiu o Procura-dor Geral Jeff Sessions de aplicar a lei de imigração

contra a Califórnia ou qualquer uma das suas cidades ou condados.

A alegação de Trump, movida pela xenofobia, intenso preconceito e vio-lência contra os imigran-tes, é que a resistência dos estados e cidades santu-ário em não compactuar com a sua política permite que perigosos criminosos voltem às ruas.

Em sua defesa, San Francisco e outras cida-des santuário alegam que utilizar a polícia local em tarefas migratórias mina a confiança da população para que informe e denun-cie ações criminosas.

“A Califórnia expressou sua legítima preocupação de que o envolvimento com

as autoridades federais afete a confiança que as comuni-dades de latinos e imigrantes não documentados têm nas agências de segurança”, acrescentou o juiz.PROGRAMA DE ACOLHIDA

Diante das reiteradas transgressões e violações à legislação e à própria Cons-tituição, um juiz impediu na última quarta-feira que o governo federal expul-sasse 300 mil imigrantes que contam com proteção temporal do Estado. O juiz de Distrito, Edward Chen, determinou que a admi-nistração Trump respeite o Programa de Acolhida Especial (TPS) que benefi-cia pessoas de El Salvador, Haiti, Nicarágua e Sudão que chegarem aos EUA.

A embaixadora de Trump na ONU, Nikki Haley, inesperadamente anunciou que estava deixando o cargo até o final do ano, notícia que surpreendeu a todos os que têm acompanhado sua performance como porta-desatinos da Casa Branca no fórum maior do planeta. Ao contrário da demissão do secretário de Estado Rex Tiller-son, pelas redes sociais, Halley fez o comunicado ao lado – e sob elogios - do presidente Trump.

O embaixador russo na ONU, Vassily Neben-zia, lamentou a saída de Halley, que disse ser uma “pessoa carismática” e com quem tinha “um bom relacionamento pessoal e profissional, apesar de todas as diferenças que tivemos e temos”. “Era uma amiga para todos nós”.

Pelo relato, parece que quando o papo era sobre fitness, como as crianças estavam indo na escola, férias na praia ou último filme do Homem Aranha, não faltava entendimento e até simpatia. Agora, quando a ex-governadora abria a boca, para expressar os ‘conceitos’ trumpianos das relações entre povos e entre Estados ...

Com toda a boa vontade de Nebenzia, vivia culpando a Rússia por quase tudo, defendendo o atropelo dos EUA às normas internacionais, ainda mais em relação ao Irã, e reclamando do “viés crô-nico anti-Israel” nos órgãos de direitos humanos da ONU. Chamava as condenações pró-forma da ONU ao massacre rotineiro de palestinos como “foco desproporcional” e “motivado por tendên-cias políticas, não por direitos humanos”.

Nebenzia disse que a decisão de deixar o cargo é de Haley e deve ser respeitada, acrescentando que a Rússia “está pronta para trabalhar com qualquer embaixador que o presidente [dos EUA] nomear e o Senado aprovar”.

Analistas apressados ligaram sua saída às denúncias na mídia norte-americana sobre ter aceitado mimos como sete viagens de ja-tinho particular – mas isso, na alta cúpula do trumpismo, não é nem pecado venial. Trump prometeu indicar um substituto em duas ou três semanas. Foi a 11ª figura do mais alto escalão do governo Trump a cair fora.

Francisco já visitou Seul

Proposta do chance-ler russo, Sergei Lavrov, de assinatura de um tratado internacional sobre o ciberespaço, no âmbito da ONU, apre-sentada na Assembleia Geral de setembro, em meio ao silêncio total de Washington e seus satélites, foi afinal res-pondida em coro pela Otan, acusando, sem apresentar qualquer prova, de que seria a Rússia que estaria hackeando tudo, da Organização Mundial Anti-doping à Opaq (Armas Químicas). A provocação, por notá-vel coincidência, veio a público na véspera de reunião da aliança im-perial que oficializou novo departamento da Otan de guerra ciber-nética.

As acusações contra a Rússia são ainda mais cínicas, levan-do-se em conta que, desde as assombrosas denúncias de Edward Snowden, é ampla-mente sabido que quem grampeia tudo – de presidentes, ins-tituições, empresas a gente comum – 24 horas por dia são os EUA, através da NSA, sem falar, no terreno ‘civil’, que os gigantes que monopolizam a in-ternet são norte-ame-ricanos e de conheci-dos vínculos com a in-teligência norte-ame-ricana. Ou que, como revelou o vazamento CIA Vault Seven, feito pelo WikiLeaks, é a CIA que promove a guerra cibernética e inclusive desenvolveu uma tecnologia para implantar pegadas falsas para atribuir a outros países os ata-ques cibernéticos que comete. (Sem falar que a maior parte dos ha-ckers que operam nos EUA estão na folha do FBI).

Então, de uma só sacada, a Holanda re-quentou uma provoca-ção de abril seis meses depois, para dizer que expulsara quatro rus-sos que “iriam hackear a rede wifi da Opaq” – no dia em que uma instituição de proibi-ção de armas químicas depender de wifi para manter sigilo, será o fim da picada. Eles também planejariam ir até um laboratório da Opaq na Suíça – “onde estaria sendo testado o ‘novichok’ do caso Skripal” -, de acordo com tais alegações.

R a p i d a m e n t e ,

Londres engrossou a provocação, com seu embaixador em Ams-terdã, Peter Wilson, asseverando que um dos expulsos também teria “tentado roubar os dados da investiga-ção sobre a derrubada do MH17 da Malásia Airlines na Ucrânia em 2014. Mais tarde a Alemanha se somou, asseverando que quem estava por trás do gru-po de hackers conheci-do como ‘Fancy Bear’ era a ‘inteligência militar russa’. Mais declarações, e os “ata-ques russos” também teriam supostamen-te atingido a Agência Mundial Anti-Doping.

ELUCUBRAÇÕESA cada hora que

passava, as elucubra-ções iam mais longe, a ponto da porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, ter ironizado a mixórdia resultante. “Sem ne-nhuma distinção, em um só frasco – ou tal-vez, um frasco de per-fume Nina Ricci – se misturou tudo: o GRU, os espiões cibernéticos, os hackers do Kremlin e a Agência Anti-Do-ping [Wada]. É uma mescla de perfume infernal”. “A prolífera imaginação de nossos colegas do Reino Uni-do realmente não tem limite”. A inclusão da Agência Anti-Doping provavelmente se deve a que esta, assim como o Comitê Olímpico In-ternacional, restabe-leceram o status da agência russa corres-pondente. E, como Zakharova notou, tudo sem qualquer prova, só na base do “altamente provável” - ou, como agora, nem isso.

A Rússia chamou o embaixador holandês, que só tergiversou. Como apontou Lavrov, trata-se de uma “ma-nobra diversionista”, não houve qualquer queixa formal a Mos-cou em abril, os dois russos não se escon-deram em momento algum, nem quando se hospedaram em um hotel nem quando foram até a embaixa-da russa. No início da provocação, estão os EUA, cujo Depar-tamento de Justiça havia “denunciado” sete agentes militares russos por hackearem a Wada e agências an-tidoping de várias na-ções e a divisão nucle-ar da Westinghouse.

A.P.

O caminho até a Constituinte: a oposição derrota a ditadura em 1974 - (parte 2)

ESPECIALALENCAR FURTADO

Nesta Pátria que todos estremecemos, umGoverno jamais pode ser tido como Comitê Executivo do capitalismo internacional, nem ser concebido como o braço armado das oligarquias

s poderosas oligar-quias , un idas ao capital forâneo, in-fluenciam, doutri-nam, controlam e sustentam o regime. Os grandes grupos econômicos multina-cionais apropriaram-

se dos pontos estratégicos da nossa economia oferecendo riscos à segurança do País e transformando-se, inexo-ravelmente, na maior força antinacional.

O SR. JG DE ARAÚJO JORGE: Permita-me, nobre companheiro, congratular-me com V. Exa. pelo seu pro-nunciamento. V. Exa. analisa as projeções dos resultados do último pleito. Acompa-nhando as ideias que acaba de expender, concluo que o povo brasileiro, a 15 de no-vembro, não nos elegeu ape-nas simples Deputados, mas deu-nos, com a força com que se manifestou nas urnas, o direito de nos considerarmos Deputados constituintes. Uma das teses levantadas pelo nosso partido e um dos temas debatidos durante a campanha foi a de que o povo nos desse nesta Casa aquele terço necessário para que tivéssemos condições de apresentar emendas à Constituição e de requerer a constituição de Comissões Parlamentares de Inquérito, quando houvesse necessi-dade. E o povo nos ouviu. Devemos concluir, com os re-sultados das urnas, que para a próxima legislatura, com o MDB amplamente fortaleci-do, o povo não elegeu apenas Deputados, mas Deputados constituintes, com a função de modificar a própria Cons-tituição, no sentido de torná-la realmente um documento democrático, pleno de conte-údo social, capaz de atender às reivindicações populares e de responder às necessida-des reinstitucionalização do País. V. Exa. chamou a aten-ção para o problema básico de que o Governo colocou o povo como pedinte do estran-geiro. O nobre colega refe-riu-se também às multina-cionais. Disponho de dados que provam que apenas seis grandes firmas estrangeira instaladas no Brasil tiveram um faturamento de 3 bilhões e 300 milhões de cruzeiros no ano de 1973; que apenas 20 firmas estrangeiras têm um faturamento correspondente a 50% das 2.345 principais empresas brasileiras. A posi-ção que o Governo ocupa, de costas para o povo, a solicitar cada vez mais empréstimos ao estrangeiro, a atitude de deixar o País e a população trabalhadora asfixiada com o achatamento salarial, levou-nos à situação de descalabro em que nos encontramos. E como consequência desse quadro tivemos o aumento assustador da mortalidade infantil. Segundo o IBGE, morreram anualmente, nos últimos 10 anos, de 64 para cá, cerca de 500 mil crianças brasileiras de 1 a 5 anos de idade. E desapareceram por-que subnutridos, sem con-dições de sobrevivência. A Comissão de Saúde da OEA, pesquisando em São Paulo, chegou à conclusão de que 69% das mortes das crianças decorriam de seu estado de subnutrição. Todas as con-sequências sócio-políticas podem ser tiradas do pleito que se realizou, como lições para que o Governo e nós, do MDB, unidos, partamos para uma nova tese, a da anistia, a do perdão, a fim de que todos os brasileiros possam participar da vida política do País. Não nos podemos dar ao luxo de alijar do qua-

dro político da Nação tantos homens sem que se lhes tivesse dado sequer o direito de defesa e a possibilidade de saberem as razões por que fo-ram banidos da vida pública, num ostracismo perpétuo, incompatível com qualquer processo democrático.

O SR. ALENCAR FUR-TADO: Muito obrigado pelo precioso e oportuno aparte de V. Exa.

Prossigo, Sr. Presidente.Nesta Pátria que todos

estremecemos, um Governo jamais pode ser tido como Comitê Executivo do capi-talismo internacional, nem ser concebido como o braço armado das oligarquias.

Urge conter-se o acelerado processo de desnacionaliza-ção das nossas riquezas, bem como o clamoroso e preocupa-dor empobrecimento popular.

Nesta década, a tese da concentração de riquezas, para só depois pensar-se em distribuição de renda, trans-formou-se em filosofia do Governo, condenada pela Opo-sição. Destacamos, por isso, a nova postura do Governo no II Plano Nacional de Desen-volvimento, repelindo aquela teoria nos termos candentes seguintes:

“… o Governo não aceita a colocação de esperar que o crescimento econômico, por si, resolva o problema da distri-buição de renda, ou seja a teo-ria de ‘esperar o bolo crescer’.

“Há necessidade de, man-tendo acelerado o crescimento, realizar políticas redistribu-tivas ‘enquanto o bolo cres-ce’. A verdade é que, de um lado, o crescimento pode não resolver o problema da ade-quada distribuição de renda, se deixado à simples evolução dos fatores de mercado. E, de outro lado, a solução através do crescimento, apenas, pode demorar muito mais do que a consciência social admite, em temos de necessidade de me-lhorar rapidamente o nível de bem-estar de amplas camadas da população.

“A estrutura da distribui-ção de renda é insatisfatória e com ela a Revolução não se solidariza”.

MARGINALIZAÇÃO

É o novo pensamento filosó-fico do Governo que veio, em parte, ao encontro das teses oposicionistas, que sempre pregaram o humanismo do desenvolvimento econômico.

Em verdade, incorporar 80 milhões de brasileiros à sociedade de consumo seria a grande meta de um Governo em termos de valorização do homem e de recuperação do mercado interno.

Desenvolvimento é feito com trabalho e participação e não com trabalho e marginalização.

De 1960 a 1970, a partici-pação dos 50% mais pobres da população caiu para 14% enquanto a dos 5% mais ricos subiu para 36%.

A renda total cresceu 34%, mas já em 1970 os 80% mais po-bres ficaram com 8,4% da renda, enquanto 5% mais ricos ficaram com 77,6%. A locupletação nem sóbria é, porém sobeja.

A concentração da renda nacional encontra-se, majo-ritariamente, em mãos dos grupos econômicos, que nesses dez anos remeteram de lucros para o exterior cerca de três bilhões de dólares, mais do que toda a moeda em circulação neste País.

A distribuição de renda não é problema econômico, mas dependente dele, é problema político e a ele submisso. Stuart Mill já ensinava, em 1848, “que a distribuição das rendas cons-titui matéria de decisões políti-

Alencar Furtado, na tribuna da Câmara, durante a ditadura

cas e não de leis econômicas”.Os interesses do Brasil não

se podem submeter aos donos do poder econômico, educados e conduzidos para a permanente consolidação dos capitalistas internacionalizados.

A ação do Governo é impe-riosa e urgente.

Uma política nacionalista fortaleceria o poder econômico nacional, garantido a inde-pendência política da Nação, compatibilizando o interesse estrangeiro com o desenvol-vimento integrado do homem brasileiro e com a dignidade nacional.

A luta não seria contra país algum, mas contra o atraso nacional e em favor do Brasil.

O nacionalismo que prega-mos é protetor da soberania na esfera política e do desenvolvi-mento no campo econômico.

Os grupos dominantes ne-cessitam de matérias-primas da economia dependente, esquivando-se, portanto, de oferecer dinâmica de cresci-mento a esta. Daí o domínio colonial fascista, impeditório de mudanças sociais, as quais para terem uma economia autônoma necessariamente procurariam liberta-se do jugo colonial locupletador, antipro-gressista e absorvente.

Há, assim, um conflito de estruturas: a colonial contra a nacional, fornecendo im-passes formidáveis e desvãos terríveis.

A desproteção da estrutura econômica autóctone, subju-gada a um sistema político-e-conômico-militar poderoso, a não ser os surdos clamores dos milhões de desajustados, não haverá reação estrutural, salvo se o patriotismo político-militar vier em seu auxílio.

O SR FREITAS NOBRE: Nobre Deputado, não fala V. Exa. apenas em seu nome, mas no de muitos outros com-panheiros; fala em nome de muitos se não de todos aqueles eleitores que confiaram o voto aos representes da Oposição. Caberia um longo aparte ao discurso brilhante e dentro da realidade brasileira que V. Exa. pronuncia. Cabe-me no entanto, não interromper a fala inteligente, combativa e real com que V. Exa. coloca esses problemas, lembrando apenas que, quando cuida V. Exa. do crescimento do País,

o distingue bem nos dados que traz. Não há desenvolvimento que exclua o homem. Quando o chamado desenvolvimento exclui o homem, não há de-senvolvimento: há crescimen-to, há inchação. Demonstra ainda V. Exa. a realidade de sua análise quando estuda a mensagem presidencial, reconhecendo a necessidade de uma tomada de posição quanto aos aspectos social político e econômico, que se englobam na interpretação que traz V. Exa. neste discur-so. Trago o aparte para dizer que V. Exa. não fala só – por muitos, e o Brasil ouve, na sua palavra, a voz de todos aqueles que souberam colocar, a 15 de novembro, as suas esperanças em um outro Brasil.

O SR. ALENCAR FUR-TADO: Prestigia-nos V. Exa. com a sua solidariedade e o seu aparte.

Continuo.A nossa economia, portanto,

está garroteada e submissa. Os nossos produtos não po-derão competir nos mercados mundiais se o cruzeiro não se desvalorizar continuamente. E a cada perda de substância da nossa moeda entregamos mais sacas de café e mais toneladas de minérios, em troca do que precisamos adquirir, a par da erosão salarial interna e dos reflexos psicológicos sobre o custo de vida.

Estamos transferindo para o estrangeiro os benefícios do esforço que fazemos para progredir.

Exportar não está sendo mais do que trabalharmos para dar a outros povos o conforto que a nós mesmos devemos. Compramos lá fora sapatos e veículos fabricados aqui e até o nosso café, a preço menor que o mesmo vendido no Brasil.

O esforço que temos realiza-do para aumentar as exporta-ções é econômica e socialmente penoso. Exportar é uma im-posição, mas não em prejuízo das necessidades internas, pois ensinam os economistas que só se deve vender o que excede do consumo doméstico.

Nem por isso a nossa ba-lança comercial deixa de ser deficitária, e neste exercício o deficit excede de 5 bilhões de dólares, fato de suma gra-vidade e indicador de maior desequilíbrio financeiro.

Nesse consórcio Gover-no-grupos multinacionais, povo e Nação se prejudicam e a própria segurança nacio-nal é afrontada.

ENDIVIDAMENTO

O Governo exibe índices de crescimento nacional à base de um endividamento de 20 bilhões de dólares, de emprés-timos compensatórios onerosos ou de outros impositórios que nos chegam de forma de bens duráveis de interesse dos gru-pos externos para competirem ou esmagarem a indústria na-cional. Indústria nacional que, em verdade, é predominante-mente estrangeira, como sejam: a de veículos automotores e seus acessórios, a indústria de minérios, de alta importância militar, que está, preponde-rantemente, sob o controle de grupos internacionais; a petro-química, a do vidro, a da soda cáustica, a da construção de máquinas, a naval, a do aço, ci-mento, metais não ferrosos, po-tássio, maquinaria leve, farma-cêutica, eletrotécnica, química, telecomunicação, borracha, papel e celulose, alimentícia, plástica, securitária, comercial, hoteleira, cinematográfica, armazenagem, exportação de produtos agropecuários, sem falarmos na distribuição de gasolina, na influência no se-tor financeiro, investimentos e serviços públicos. São ainda fa-voritos dos financiamentos dos nossos organismos de créditos e manipuladoras da poupança popular.

A nosso ver, a economia nacional sob tal domínio é o maior problema que enfrenta o Brasil.

Num mundo em depres-sões, crises ou recessões, país em desenvolvimento, como o Brasil, não pode submeter a sua economia ao domínio de outros países, sob pena de padecer guerra psicológica adversa por parte de terro-ristas do imperialismo, que atam violando fronteiras sem tropas visíveis, mas através do endividamento do país, da opressão econômico-financei-ra, do controle do comércio exterior, do estrangulamento da indústria nacional, da des-nacionalização das riquezas, da remuneração à grande imprensa, da opressão política

e da repressão policial. Se tais fatos acontecem, em perigo se encontra a soberania nacio-nal, e não havendo um sentido de libertação contra esse jugo, ficam interditados os cami-nhos do desenvolvimento, as crises sociais se aprofundam e a mística nacional é destruída.

O SR. LISÂNEAS MA-CIEL: Nobre Deputado, mes-mo não desejando interrom-per a magnífica análise que V. Exa. está fazendo, desnu-dando o verdadeiro panorama econômico e seus reflexos político-sociais no País, não me posso furtar, no entanto, de dar uma informação ao ilustre colega. Quando V. Exa. mostra as garras das multina-cionais sobre todos os setores da vida nacional, gostaria apenas de lembrar um detalhe da máxima importância. Há pouco tempo, foi realizada, nos Estados Unidos, uma reunião da “American Mana-gement Association” ou seja, uma organização que reúne todas as grandes companhias multinacionais, notadamen-te as norte-americanas. E o Presidente nessa entidade colocou tranquilamente em seu curriculum vitae: formado em Harvard, representante do Grupo ULTRA do Brasil e de outros organismos multi-nacionais e também – vejam V. Exa. – assessor da CIA norte-americana. E no seu discurso inaugural, proferido na presença de representantes das grandes multinacionais para estudar o ambiente de negócios na América Latina, notadamente no Brasil, o Sr. H. L. Hoffemberg defendeu claramente, na presença do Embaixador brasileiro, do embaixador argentino, de vários representantes diplo-máticos, do Sr Daniel Szabo, Subsecretário de Estado e do Secretário de Comércio Norte-americano e até de um observador da União Sovié-tica, o ponto de vista de que, em nível governamental, Wa-shington deveria considerar a hipótese de intervenção militar nesses países, ainda que ainda que mantivessem reputação de nação repressiva, desde que eles conservassem razoável desenvolvimento econômico. Nível governamental… Ve-jam V. Exas. a gravidade do que foi dito na presença de representantes diplomáticos de diversos países da América Latina e também do repre-sentante oficial do Governo norte-americano: intervenção para manter a repressão. E o mais grave, Srs. Deputados, é que aquela reunião foi pre-cedida de ampla distribuição de material sobre a repres-são, a tortura, a violação dos direitos humanos no Brasil. Tal distribuição não foi feita pela imprensa socialista ou européia, mas pela imprensa norte-americana, a insuspeita imprensa norte-americana. Aquelas decisões, portanto, que determinaram estarem as autoridades brasileiras submissas aos interesses in-ternacionais, não foram sequer tomadas em nosso País. Foram objeto de discussão num plano quase oficial em outra Nação. Decisões que nos afetaram e nos estão afetando profunda-mente, ao ponto de vermos, por exemplo, no mesmo dia em que se condecorava o chefe dos ban-didos do “Esquadrão da Morte “, o Delegado Fleury, de São Paulo, dar entrada na prisão o Deputado Francisco Pinto.

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