Tema -1.668 - A Feiticeira e a Coruja

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A FEICEIRA E A CORUJA ESQUECE O MUNDO E COMANDA O MUNDO” RUMI 2 0 0 5 - 3 3 5 8 Porque a coruja é um dos símbolos ligado às feiticeiras? - Por encerrar em sua natureza quali- dades que são desejadas pelas pessoas que lidam com o lado oculto das coisas. A feiticeira atua no campo do mistério procurando descobrir e agir, como detentora de poderes incomuns. Esse poder pode ser direcionado em dois sentidos: negativo ou positivo. No sentido positivo encontram correspondência nos elementais (Fadas, silfos, elfos etc.), e no negativo nos elementares maléficos. Assim, quando se fala de feiticeira é preciso situar em qual dos campos ela atua, mas em ambas as qualidades são idênticas, o que uma busca e semelhante ao que a outra busca, apenas a utili- zação é que é totalmente distinta; o que as diferencia é o objetivo da ação. A palavra “feiticeira” recebeu conotação negativa a partir interpretação intencional da Igreja Ca- tólica, especialmente da “Santa Inquisição”, que catalogava toda pessoa de conhecimento, como sendo um bruxo (a) ou feiticeiro (o), uma pessoa notadamente má. Por isso, culturalmente, esse termo não é bem recebido pelas pessoas, mas independente do alvo de sua atuação, sem dúvidas, genericamente é uma pessoa de conhecimento, aquela que conhece leis ocultas da natureza e que tem capacidade de mobilizá-las. Trata-se de uma pessoa sabia, poderosa porque conhece o lado oculto da natureza, de leis ignoradas pela ciência. Uma pessoa que pode ver os dois pólos da natureza. Contudo, conhecer não é o que torna uma pessoa má ou boa, mas sim uso que ela fizer do poder é que lhe coloca numa ou noutra posição. Por isso o importante é o discernimento, pois mesmo uma atitude considerada boa pode ser prejudicial no desenvolvimento espiritual, como dizem os orientais, pode interferir no carma. Toda mulher, por sua própria natureza, tem grande facilidade em penetrar nos mistérios e de a- tuar no “mundo mágico”,por isso pode genericamente ser dado a ela a denominação de feiticeira, ape- nas cabe uma diferenciação no tocante à polaridade que ela assume. Feiticeiras são, na verdade, todas as curandeiras, e não se pode negar os benefícios que elas trazem às pessoas. Por outro lado também aquelas que exercitam suas habilidades para prejudicar, portanto tem que ser levado em conta a polari- dade no mundo, tudo tem dois pólos, o conhecimento em si não tem pólo, pois é algo transcendental, mas a sua aplicação no mundo que vivenciamos sim, ele é muito polarizado, o que leva a uma coisa ser ruim ou ser boa. Todo aquele que atua no caminho do oculto tem que ter um grande discernimento, a fim de que não enverede na trilha da negatividade. Por isso é preciso ter cuidados. Esses cuidados são refletidos em alguns animais, especialmente na coruja. Muitas características da coruja são fundamentais para as pessoas em geral, e para a feiticeira e bruxo em particular. T E M A 1. 6 6 8

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Tema hermético de José Laércio do Egito

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A FEICEIRA E A CORUJA “ESQUECE O MUNDO E COMANDA

O MUNDO”

RUMI

2 0 0 5 - 3 3 5 8

Porque a coruja é um dos símbolos ligado às feiticeiras? - Por encerrar em sua natureza quali-

dades que são desejadas pelas pessoas que lidam com o lado oculto das coisas.

A feiticeira atua no campo do mistério procurando descobrir e agir, como detentora de poderes

incomuns. Esse poder pode ser direcionado em dois sentidos: negativo ou positivo. No sentido positivo

encontram correspondência nos elementais (Fadas, silfos, elfos etc.), e no negativo nos elementares

maléficos. Assim, quando se fala de feiticeira é preciso situar em qual dos campos ela atua, mas em

ambas as qualidades são idênticas, o que uma busca e semelhante ao que a outra busca, apenas a utili-

zação é que é totalmente distinta; o que as diferencia é o objetivo da ação.

A palavra “feiticeira” recebeu conotação negativa a partir interpretação intencional da Igreja Ca-

tólica, especialmente da “Santa Inquisição”, que catalogava toda pessoa de conhecimento, como sendo

um bruxo (a) ou feiticeiro (o), uma pessoa notadamente má. Por isso, culturalmente, esse termo não é

bem recebido pelas pessoas, mas independente do alvo de sua atuação, sem dúvidas, genericamente é

uma pessoa de conhecimento, aquela que conhece leis ocultas da natureza e que tem capacidade de

mobilizá-las. Trata-se de uma pessoa sabia, poderosa porque conhece o lado oculto da natureza, de leis

ignoradas pela ciência. Uma pessoa que pode ver os dois pólos da natureza. Contudo, conhecer não é o

que torna uma pessoa má ou boa, mas sim uso que ela fizer do poder é que lhe coloca numa ou noutra

posição. Por isso o importante é o discernimento, pois mesmo uma atitude considerada boa pode ser

prejudicial no desenvolvimento espiritual, como dizem os orientais, pode interferir no carma.

Toda mulher, por sua própria natureza, tem grande facilidade em penetrar nos mistérios e de a-

tuar no “mundo mágico”,por isso pode genericamente ser dado a ela a denominação de feiticeira, ape-

nas cabe uma diferenciação no tocante à polaridade que ela assume. Feiticeiras são, na verdade, todas

as curandeiras, e não se pode negar os benefícios que elas trazem às pessoas. Por outro lado também

aquelas que exercitam suas habilidades para prejudicar, portanto tem que ser levado em conta a polari-

dade no mundo, tudo tem dois pólos, o conhecimento em si não tem pólo, pois é algo transcendental,

mas a sua aplicação no mundo que vivenciamos sim, ele é muito polarizado, o que leva a uma coisa ser

ruim ou ser boa.

Todo aquele que atua no caminho do oculto tem que ter um grande discernimento, a fim de que

não enverede na trilha da negatividade. Por isso é preciso ter cuidados. Esses cuidados são refletidos

em alguns animais, especialmente na coruja.

Muitas características da coruja são fundamentais para as pessoas em geral, e para a feiticeira e

bruxo em particular.

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A FEICICEIRA E A CORUJA - TEMA 1.668 2

A coruja está ligada ao elemento ar, ela voa silenciosamente. O mago deve ser volátil, deve sa-

ber voar com as asas da percepção. Ele não pode estar fixo, sua mente tem que ser muito móvel e essa

mobilidade deve ser feita silenciosamente. A feiticeira precisa ser assim, agir silenciosamente, sem

ostentação, agir em segredo. Suas ações devem ser levadas com a brisa até o seu objetivo.

A coruja tem um campo visual dos mais amplos no reino animal. Ela tem grandes olhos que lhes

permitem chegar a ter visão noturna, uma ave que vê no escuro, onde a maioria dos seres nada percebe,

ela pode perceber. A feiticeira precisa ser assim, ver nas sombras, não apenas na claridade. Precisa ver

coisas que normalmente seriam invisíveis. O mundo da magia não é visível naturalmente, para atuar

nele é preciso saber “ver na escuridão”, o que quer dizer, ver intenções ocultas. Ver o lado realista e

não o enganador, comum nas pessoas, especialmente no mundo da magia. Assim não pode ser atingido

tendo como escudo a escuridão. É preciso, além de ver na luz, poder ver nas trevas, onde os males, em

sua maioria, têm origem e chegam até a pessoa na escuridão, tanto física quanto mental. A pessoa de

conhecimento deve poder sentir aquilo que caminha na escuridão, fazer com que o tem origem na treva

não a atinja.

A coruja tem uma capacidade anatômica bem especial, ela consegue girar o seu pescoço em

quase 360º o que faz com que perceba aquilo que vem de detrás. Assim também deve ser a feiticeira,

perceber o que tenta atingi-la vindo de detrás.

Essas qualidades do enxergar possibilitam ver o lado oculto das coisas, penetrar nos segredos, tanto os

da natureza quanto os dos seres. Conhecer capacidades ocultas, descobrir intenções e mistérios.

Coruja é uma ave noturna, um ser que pode enxergar no escuro por isso através de sua magia a pessoa

pode ampliar muitos seus atributos, como o ver o lado oculto das coisas, perceber a intenção das pesso-

as, perceber acontecimentos ainda não revelados. Tudo isso uma feiticeira tem que saber, e as pessoas

em geral também.

A coruja é uma ave que se mantém quieta, só atua quando necessário e no momento preciso.

Não ataca, é dócil, apenas age como forma de alimentação. Seu lado destrutivo é muito equilibrado.

Nesse plano da Imanência todo ser é predador, o que diferencia é que muitos são predadores por prazer

(o ser humano, por exemplo), ou por outras razões. Muitos animais, entre eles a coruja, só atacam a sua

presa como fonte de alimentação. A feiticeira do caminho da mão direita, não usa os seus poderes para

atacar, somente no faz naquilo que é absolutamente necessário. Assim deve agir a pessoa em geral e

muito especialmente a feiticeira.

É uma ave que pacientemente sabe esperar o momento certo, jamais age precipitadamente,

quando o faz é para fugir e não para atacar, o inverso de muitos animais. A feiticeira age assim, não faz

de sua magia instrumento de ataque, e sim de defesa, e como forma de escapar dos ataques.

A coruja como animal noturno, quando a maioria das outras aves estão dormindo ela está a-

cordada, mesmo no escuro ela está sempre de atalaia, sempre vigilante, atenta, procurando observar o

meio ambiente em detalhes. Pacientemente espera até o momento preciso para entrar em ação. A pes-

soa sábia também age assim, ela deve ser a principal sentinela de si mesmo, e as feiticeiras em particu-

lar por lidarem com poderes fascinantes capazes de empurrá-la pelo vale da vaidade, orgulho, do ciú-

me, da injustiça, em sua de tudo aquilo que consideram maldade.

Por tudo isso é justo que a coruja sem símbolo da sabedoria. É símbolo da sabedoria por ter a

capacidade de ver no escuro, por isso ela pode desvendar o oculto, por ser paciente, por não atacar inu-

tilmente, por saber ficar em silencio, por ter acuidade de ver – perceber – por ser limpa, etc.

Com as qualidades da coruja, a pessoa pode penetrar no inconsciente, conhecer os mistérios,

vencer o temor e aprender a qualidade do existir em todos os níveis e do fluir da vida. Por ver na escu-

ridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, permitindo chegar às di-

versas realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte.

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A FEICICEIRA E A CORUJA - TEMA 1.668 3

No mundo mágico a coruja ocupa o quadrante oeste, é considerada “Senhora da Iniciação”.

Por perceber nas trevas e por permitir que a pessoa possa penetrar no seu lado oculto, ela é tida como

guardiã do outro mundo. Tendo como base a sabedoria da coruja a pessoa acessa sua sabedoria inata e

vem a ter percepção dos mistérios do outro mundo, pode enxergar as intenções ocultas, a mesquinhez, e

coisas assim. Diz-se que essa ave zela pela “porta da morte” e é quem separa as almas puras que devem

passar deste para outro mundo. Isso a liga à idéia de morte razão pela qual as pessoas tanto a rechaçam

e temem.

A sabedoria da coruja mostra como pode ser feito o trabalho com as profundezas do ser; os

mistérios podem ser desvendados, entender a importância do movimento silencioso, ter visão do oculto,

ver por detrás das máscaras; visão aguçada, ser mensageira de segredos e presságios, ligação entre a

escuridão – mundo invisível – e o mundo da luz, da maneira como sair das sombras. Ela nos ensina

como viver a liberdade de poder voar sem perigos, de ter como companhia o vento. Reflete o desco-

nhecido, trazendo à tona a antiga sabedoria, o mistério, o lado feminino estrutura dor do desconhecido.

Meditar sobre um animal é tido pelas religiões como sendo uma, mas dizem assim por ignora-

rem o que há por detrás disso. Na verdade o animal não exerce nenhum poder sobre a pessoa, mas me-

ditar sobre ele provoca uma introjeção da mente a níveis profundo de percepção. A pessoa age de ma-

neira especial não porque o animal esteja exercendo algum poder diretamente, mas apenas o poder de

servir de modelo. Toda criação é una, assim todo o universo está em cada ser, cabe apenas despertar

algo que se pretenda. A imagem do animal atua como um gatilho que faz eclodir aquilo que já faz parte

da pessoa, mas que está adormecido.

Costumam dizer que o feiticeiro é uma pessoa má, perversa, que vive envenenando, destruin-

do, causando danos. Visto por esse lado as pessoas ditas civilizadas devem ser consideradas feiticeiras

das trevas por viverem agredindo, destruindo, envenenando, tentando matar sua genitora primordial, o

maior e mais importante ser do seu mundo habitacional – a mãe terra. O homem vem ocasionando to-

dos os malefícios possíveis a ela, e sem dúvidas isso é feitiçaria no pior sentido negativo.

A coruja é símbolo do discernimento, devemos tomá-la como modelo do como agir. A huma-

nidade deveria se espelhar na sabedoria da Coruja, especialmente no destruir, só destruir o necessário

para sua subsistência.