Tema Festa da Uva

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29ª FESTA DA UVA 23ª FEIRA AGROINDUSTRIAL DE CAXIAS DO SUL

José Ivo Sartori Prefeito Municipal de Caxias do Sul

Gelson Palavro Presidente da Festa da Uva

Secretário: Antonio Roque FeldmannDiretor da Cultura da Comissão Comunitária da Festa da Uva

Ano Itáliano Brasil

Selo comemorativo do ano da Itália no Brasil 2011/2012

Propaganda de CIA. Marítima de

Viagem

As Companhias Marítimas

• As companhias marítimas faziam propaganda de seus vapores através de cartazes com dizeres

convincentes sobre as terras do Brasil,

convidando os campesinos italianos:• Terre brasiliane pergli italiene. • Navi partenenza tutte le setimanne dal Porto Di Genova.• Venite a construire i vostri sogni com la famiglia.• Um paese di oppotunitá. Clima tropicalle vito in

aboondanzza.Ricchezze minerali. In Brasile potete havere i vostro castello.Il governo dá terre ed

utensili a tutti.

As Promessas

Prometia-se transporte gratuito, hospedagem, instrumentos de trabalho, sementes, assistência médica, instrução para as crianças e crédito para comprar um lote de terras. Subsidiando a viagem dos imigrantes italianos para o Brasil, o governo do Império brasileiro trazia os mais pobres, aqueles que dificilmente teriam condições de repatriamento e de estabelecerem-se por conta própria.

Porto de Gênova

Angelo Tomasi – 1896 – Partida de Imigrantes – Galeria Nazionale di arte

Moderna - Roma

Partida da Itália

• Todas as semanas, dizia o cartaz aos colonos que partiam de suas aldeias no interior da Itália, embarcando no Porto de Gênova. E foram grandes levas de imigrantes, num episódico marketing bem sucedido, que tinha de uma lado, a necessidade dos colonos em imigrar e de outro, um apelo de terras dadas pelo governo e ainda a possibilidade de não serem mais arrendatários, mas donos da própria terra.

Desembarque no Brasil

Desembarque de Imigrantes no Porto de Santos – Arquivo Histórico do Espírito Santo

Fotógrafo desconhecido

Os Senhores da Terra

O historiador Mario Maestri, em Os Senhores da Serra, mostra que, de 1873 a 1881, 62 mil pequenas propriedades foram confiscadas na Itália porque não conseguiram pagar seus impostos. O emigrante na Itália era "mezzadro", ou seja, arrendatário, não tinha nada, era empregado. Já no Brasil, seria pequeno proprietário, não tendo patrões, tornando-se dono do seu pedaço de terra.

O início da Colonização Italiana 1875

Fotógrafo: Domingos Mancuso Av. Julio de Castilhos, Caxias do Sul- 1875 Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami

Primeiros Tempos

• Ao chegarem, os colonos eram denominados pelos intendentes de gringos, foram se estabelecendo. Logo podiam escrever aos seus, os que, da família, tinham ficado na Itália. As cartas foram, então, o primeiro meio de comunicação usado pelos colonos após a propaganda de sucesso das Cias. Marítimas. Elas eram escritas à mão, no dialeto de origem, e tratavam de dar notícias sobre os que aqui estavam e sobre a terra em que se estabeleciam, falando da abundância da produção agrícola.

As Cartas

A Cucagna

• Os agentes de imigração faziam uma grande propaganda na Itália a fim de aliciar os imigrantes. Anunciavam o Brasil como o paese de la cucagna. •A cucagna, que é o sinônimo de abundância de comida, é um mito medieval europeu sobre as terras do Novo Mundo, a América.•Dizia-se: na terra da cucagna corria o leite e o mel.•Mas, o principal fato de motivação era a propriedade da terra por parte dos imigrantes que não se sentiam mais escravos dos senhores feudais, donos das terras italianas.

A Terra daCucagna

Cartaz do mito da cucanha, terra onde escorre o leite e o mel – propaganda das terras no Brasil e no Novo MundoCartografia Medieval

Valores: A Fé e a Religiosidade

• Dentre os valores eu fundamentaram a colonização está a Fé. A Igreja Católica foi responsável pela unificação da colônia, pelo convívio social que estabeleceu através das missas, rezas, novenas, etc., e das quermesses, uma vez que as famílias se viam aos domingos. A Igreja foi a responsável pelos limites morais ensinados aos colonos, o que resultava em um padrão de comportamento social e familiar.

Fé e ReligiosidadeIgreja Matriz de Santa Tereza

Fotoógrafo: Domingos MancusoArquivo Histórico Municipal João Spadari Adami

O Trabalho da Famíliana Safra da Uva

Fotógrafo: desconhecidoF

O Trabalho: a Safra da Uva

• O trabalho era componente da vida dos imigrantes. Fundamentado na semana de seis dias - não havendo o sábado inglês - e na agricultura familiar de subsistência, permitiu aos colonos estabelecerem o pequeno comércio, primeiro de trocas e depois na moeda corrente, o que se expandiria pela chegada do trem e com ele o escoamento dos produtos da agricultura, dos grãos e das pipas de vinho, permitindo ainda o surgimento da primeira indústria na cidade.

Trabalho:A Safra da Uva

Fotógrafo desconhecidoA Safra da Uva

Trabalho Manual

• O trabalho era manual e permanente. A uva era colhida com as mãos desde o plantio das mudas das parreiras, das sementes dos grãos, até a colheita da safra, bem como os utensílios de uso cotidiano em casa ou na roça, - da cestaria à construção da casa, todo trabalho era feito pelas mãos dos colonos. O universo do trabalho era ocupação de toda a família: os homens, as mulheres e as crianças participavam integralmente do esquema tradicional do trabalho.

A Safra da Vida

Fotógrafo: Aldo Toniazzo

A Safra da Vida

• A safra é o conjunto dos produtos agrícolas de um ano; a colheita, aqui associada ao trabalho aos grãos, especialmente aos grãos de uva. A safra de grãos da uva se dá na temporada do verão, envolvendo toda a família, sendo basicamente uma cultura familiar que se estende, mais recentemente, aos safreiros ou safristas que são trabalhadores de temporada, e aos turistas que praticam a colheita no turismo ecológico.

• (cont.) A metáfora da safra da vida leva ao entendimento da colheita dos resultados naturais, o crescimento das empresas, os lucros maiores, o crescimento da cidade de Caxias do Sul e da região, os filhos, os amigos, isto é, os frutos, plantados ao longo da vida que têm o seu momento de celebração na safra durante toda a Festa da Uva.

Família de ImigrantesRetrato da família de Timóteo Dalmonech - Acervo Arquivo Histórico do Espírito Santo

A Língua e o Dialeto

• Outro valor que acompanhava os imigrantes quase todos pobres era a sua língua, mesclada de influências culturais.

• A língua da Divina Comédia era o dialeto da Toscana, região comercialmente avançada, o que permitiu que se sofisticasse em relação às outras 300 regiões da Itália que possuíam diferentes dialetos. A língua oficial da escrita era o latim.

(cont.) Dante escreveu A Divina Comédia na linguagem popular, o que fortaleceu a imagem da fé dos campesinos italianos, além de língua ser difundida e disseminada e que no Brasil foi preservada pelos dialetos como força de unidade dos colonos.

Dante Alighieri escreveu seu poema em dialeto macarrônico, isto é, na linguagem popular da época. Isto o aproximou dos campesinos que modificavam seus versos contados oralmente de vila em vila, de região em região.

A LínguaE o Dialeto

Estátua de Dante – Galeria

degli Uffizi - Florenza

• (cont.) É sabido que a língua, então, unificava as famílias e a religiosidade que era passada pelos versos de Dante através dos sermões da Igreja. Assim diluídos, os dialetos diferentes assimilaram o poema de Dante e a língua italiana se fortaleceu.

• Quando os Imigrantes aportaram no Brasil e viajaram até as colônias, além da religiosidade e do trabalho, as famílias tinham a língua em comum, o dialeto, isto é, falavam a mesma língua, o que ajudou a colônia a ter o mesmo discurso. Para os Imigrantes, a derivação dos versos de Dante foi incorporada pela cultura do dialeto.

• (cont.) A língua propõe a metáfora da fluidez através dos versos de Dante, que, escritos na fala popular da época e disseminados entre os camponeses, ao lado da música de Verdi ajudaram a unificar a Itália e unir os Imigrantes.

• Neste sentido, deve-se guardar os valores dos imigrantes e deve-se guardar da relação com o dialeto, herança cultural das mais fortes, e que foi responsável pela unidade da comunidade em sua formação, o que foi acrescido posteriormente pelo trabalho e pela religiosidade da família e da comunidade.

Os Jornais Históricos impressos da Cidade de Caxias do Sul

Jornal do começo do século XX

A Influência da Comunicação na História dos Imigrantes Italianos

• Se as cartas foram o primeiro meio de comunicação dos imigrantes, a cultura da comunicação é historicamente um meio muito utilizado pelos italianos para fazer seus projetos e realizar seus negócios. O exemplo disso são os mais de 70 jornais que existiram ao longo da história da cidade e da região. Guardados os limites de tempo e de lugar, a comunicação se expandiu para eles, paralelamente às comunicações do mundo.

JORNAIS HISTÓRICOS DE CAXIAS DO SUL/RSA Encrenca (1914-1915) A Época (1938-1958) A Luneta (1933) A Pérola (1918) A Resistência (1922) A Tribuna (1920)A Vanguarda (1922) A Vanguarda (1964) Alvorada (1959)Assessôr (1965-1970) Atlântico Notícias (1998-2003) Aurora Jornal (1965)Boletim Eberle (1956-1965) Brasilino (1963-1964) Caxias (1927-1932)Caxias Jornal (1932-1934) Caxias Magazine (1958-1970) Caxias Notícias (1998-2000)Cidade de Caxias (1911-1912) Cittá de Caxias (1915-1922) Correio Colonial (1924-1925) Correio do Município (1909) Correio dos Bairros (1995-1999) Correio Riograndense (1976-1998) Despertar (1947-1954) Diário do Nordeste (1951-1954) Ecos do Mundo (1962-1964)Evolucionista (1915-1916) Folha de Caxias (1988-1989) Folha de Hoje (1989-1994)Folha do Nordeste (1937) Folha do Sul (2000-2001) Folha Popular (1981-1982)Folha Regional (1982-1983) Gazeta Colonial (1906-1908) Gazeta de Caxias (1997-2009)II Colono Italiano (1898) II Gionarle Dell Agricoltore (1934-1939)Indústria e Commercio (1917) Jornal da Câmara (1985-1990) Jornal da Mocidade (1957)Jornal de Caxias (1973-1989) Jornal do Município (1992-2009) Jornal do Progresso (1970)Jornal dos Bairros (1993-2009) La Libertá (1909-1910) Nosso Mundo (1968)O Assombro (1937-1938) O Brazil (1909-1924) O Caxiense (1897-1898)O Cosmopolita – O 14 de Julho (1902-1908) O Debate Esportivo (1949)O Democrata (1922-1923) O Estímulo (1916-1918) O Estudante (1954-1955)O Jornal (1931-1932) O Momento (1931-1932) O Pellegrino (1987-1997)O Pissilone (1931-1932) O Popular (1927-1930) O Prático (1951)O Regional (1926-1928) Panorama (1958-1962) Parnazo (1913)Pioneiro (1948-2002) Ponto Inicial (2001-2009) Tempo Todo (2002-2009)Uno Fato (1997-2009)Vida Esportiva (1954-1955) Voz do Povo (1945-1953)

Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami - Câmara Municipal de Vereadores – Biblioteca Nacional -

Correios Telégrafos 1913 1920 – Cidade1950 – Colônia

Escritóriosda cidade

A Influência da Comunicação na História dos Imigrantes Italianos

Acompanhando a História

• Se tinham jornais, agora os imigrantes começavam a lidar com novos meios de comunicação. Aristides Germani compra o primeiro telefone da região em 1913, e os motores de seu moinho começam a operar com a eletricidade no mesmo ano, motivando outros comerciantes e empresários a fazê-lo.

• Ao que se seguiriam os outros meios como a máquina de escrever manual, o rádio, mais tarde a televisão e recentemente o celular, o computador, e a linguagem digital.

O Telefone - 1913Moinhos Aristides Germani

Fotógrafo: desconhecidoProfissão: Telefonista

A TV no Brasil a partir da década de 50

Foto de museuFotógrafo: desconhecido

Chegada da Televisão

• A Televisão entra na vida dos brasileiros e dos caxienses em 1960, em preto e branco. Na cidade de Caxias do sul os aparelhos não eram numerosos, o que agregava, a princípio, os vizinhos. As famílias que se reuniam nos corredores externos das casas para conversar, passaram a se reunir na sala diante da TV. São dessa época os festivais de MPB, no Brasil, e os de São Remo na Itália, seguidos da Bossa Nova e da construção de Brasília.

TV: O Fusca e o ViolãoFestivais de Música de MPBSão Remo e a Bossa Nova

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Chegada das cores

• A primeira transmissão da TV em cores no Brasil, realizada no dia 19 de Fevereiro de 1972, com a presença de vários autores globais, do Ministro das Comunicações Higino Corsetti.

Transmissão da TV a CoresFesta da Uva 1972

AS CORES

A Vivência das Coresna Cidade e na Colônia

• As cores renovam a visão das coisas. Pelas cores vemos as mudanças de estação, se a água é água, se o vinho é vinho. As cores identificam os objetos e produtos. As cores colorem o mundo, em todos os segmentos, permitindo a distinção dos objetos, tecidos, tintas, etc., e mesmo há quem veja cor em notas musicais tocadas. As cores estão presentes em todos os objetos de produção, permeando todo amplo campo da existência humana e sua relação objetual e emocional.

(cont.) Além da evocação das cores em todos os processos autênticos da criação de arte, na pintura, há ainda a evocação das cores nos produtos industriais e em todo o aparato de publicidade comercial que evidenciamos hoje, por meio das mídias. As cores vivificam e intensificam as emoções e dão colorido à vida.

Os Computadores - Década de 90A Internet - A informação se Dissemina

A Safra dasNovas Tecnologiasde Comunicação

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A Safra das NovasTecnologias de Comunicação

• Das cartas ao suporte das novas tecnologias como o celular e o computador e seus elementos integrados como o e-mail, o facebook, traduzimos hoje a linguagem virtual do mundo globalizado na qual a estamos inseridos com as redes sociais. Passado, presente e futuro convivem Celebrar o estágio de avanço na vida dos que vivem em Caxias do sul é continuar com o processo de comunicação iniciado pelas cartas manuscritas em dialeto pelos imigrantes, pioneiros na forma e no conteúdo da comunicação da região. A magia fica por conta da Festa da Uva.

Tecnologias ContemporâneasRedes Sociais

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Nesse instante, um raio luminoso feito um grande arco-íris desceu à Terra e se estendeu feito um tapete pela rua Sinimbu no centro de Caxias. Por sobre ele desfilou o corso alegórico de nossa Festa maior...Nossa história, nosso orgulho, a vida de nossa gente era exibida de uma forma diferente a partir daquele instante. A Festa da Uva foi a primeira transmissão a cores da TV brasileira, antecedendo em cerca de 40 dias o lançamento dessa tecnologia no país. A mão rude de nosso colono acenava a força, a conquista de um povo valente e heróico... O delicado sorriso de nossas soberanas traduziam a beleza e a alegria desse lugar...

19 de fevereiro de 1972Neste dia alguém gritou: LUZ, CÂMERA, AÇÃO!

...o trabalho, o progresso alcançado, revelando uma safra de valores e virtudes de nossos imigrantes. Pela vastidão desse país continental, olhos inebriados de surpresa contemplavam o surgimento das cores na TV.Pessoas se acotovelavam em frente às poucas lojas que já detinham aparelhos compatíveis com a nova tecnologia. O sonho trazido no coração de nossos antepassados, qual semente fora plantado no Campo dos Bugres... E floresceu...E dessa semente, veio a videira e dela, a uva.E da uva, a cor primeira que o Brasil conheceu na TV.E isso precisa ser dito em alto e bom som e claro, com todas as cores!

Cesar Dambros