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2º Unidade

Capítulo VTema Objetivo e subjetivo___________________________________________________________3

Capítulo VIFormas Variáveis da Língua________________________________________________________7

Capítulo VIIFunção Metalinguística_____________________________________________________________12

Capítulo VIIICoesão e Coerência_______________________________________________________________13

Questões do ENEM______________________________________________________________16

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Organização: Apoio:

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Para entender a diferença entre um tema objetivo e um tema subjetivo, faz-se necessário, antes, relembrar que há mais de uma forma de usar as palavras: no sentido real ou no sentido figurado. Essa diferenciação não se faz apenas no uso da linguagem escrita ou falada, mas também ao se fazer uso de outras linguagens. Explico: quando se assiste a um filme, é possível associar seu enredo a outros significados que não apenas aquele aparente; você assistiu a “Matrix”, por exemplo? Será que aquela história de se viver um mundo falso, que alguém programa para nós, não é uma grande metáfora? Vemos tudo o que existe? O que existe é real ou nossos sentidos nos enganam? O verde que você vê é o verde que eu vejo? Como saber?

Você poderá pensar desta forma também ao admirar uma pintura, uma escultura, um grafite na rua, e se perguntar: o que será que se quis dizer com essa representação? Enfim, consegue perceber a possibilidade de mais de uma leitura nas diferentes linguagens? Os examinadores esperam que você seja analítico, que faça associações, que entenda não ser mundo algo estático sócio-econômico-política e culturalmente. Então, guarde esses conceitos:

Denotação - palavra usada em sentido literal: objetividade:Ex.: Meu coração está batendo acelerado.

Conotação - palavra usada em sentido figurado: subjetividade.Ex.: Meu coração galopa quando te vê...

Denotação Conotação

palavra com significação restrita palavra com significação ampla

palavra com sentido comum do dicionário

palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum

palavra usada de modo automatizado palavra usada de modo criativo

linguagem comum linguagem rica e expressiva

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Capítulo V

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Construindo um Texto a Partir de Um Tema Objetivo e Um SubjetivoVimos anteriormente que, o tema é a proposta para a redação. Você irá delimitar o

assunto e a partir dessa delimitação irá formular sua tese (a afirmação central sobre o assunto, que será desenvolvida e comprovada no texto). Observe que há uma tendência de os vestibulares apresentarem o tema e uma coletânea de textos, de todos os tipos: fragmentos filosóficos, excertos literários; poemas; reportagens ou notícias de jornais e revistas; cartuns ou pinturas. Normalmente, o avaliador não deseja um texto com visão limitada sobre o assunto. Caso tenha pela frente um tema subjetivo, haverá a necessidade de se interpretar a proposta.

Observe os seguintes modelos:Modelo com tema subjetivo

1º. Tema subjetivo: “Tudo o que é sólido desmancha no ar.” (Karl Marx )2º. Delimitação do Assunto:

• a observação de como a história elimina estruturas aparentemente eternas.• trata-se de uma referência às instituições, comportamentos, modelos

econômicos, que se modificam no tempo.3º. Tese: Nosso cotidiano parece cercado por estruturas fixas, imutáveis, sejam

instituições, relações de poder, formas de vida. Mas, se dermos um passo atrás e olhamos a história, o que encontramos é uma sucessão de transformações, em que estas estruturas, que pareciam eternas, são criadas e destruídas.

Esse foi um exemplo com tema subjetivo. Vejamos um exemplo de tema objetivo. Lê-se o tema e imediatamente se reconhece sobre o que se pode falar no texto.

Modelo com tema objetivo1º. Tema: Desenvolvimento e Meio Ambiente.2º. Delimitação do Assunto:

• como conciliar desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente?• estar o meio ambiente em estado de degradação é sinal de evolução da

sociedade capitalista ou “involução”?3º. Tese: Depois de as grandes potências econômicas passarem pelo período de

exploração da maior parte dos recursos naturais existentes, e pelo completo descuido com o meio ambiente, surge a preocupação em se controlar esse processo, antes desordenado, para que se possa falar em gerações futuras.

Título X TemaEnquanto o tema é a proposta; o título é o nome que se dá ao texto. Cada um que

escreve, escolhe um nome que pode ser a síntese do conteúdo ou, apenas, um chamariz original, que atraia o leitor para o texto. Por exemplo:

Tema - Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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Capítulo V

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Título - “Não verás país nenhum.” (Título de uma obra usado como título para a redação, por isso está entre aspas.)

Título original - Quais as necessidades do homem moderno? (O uso de aspas ou grifos é desnecessário).

O ParágrafoInventário da Infância Perdida

Um homem é feito na infância, aperfeiçoado na adolescência e cristalizado na idade madura. Depois dos quarenta a existência humana, a não ser para os asiáticos, que têm o segredo da vida longeva e produtiva, assinala realmente uma decadência interminável, até que ela se torna insuportável: toda a razão da vida se concentra em algumas coisas muito específicas, em seres, sobretudo, e daí o conflito que se trava no interior de cada ser humano quando aquilo que ele quis ser para duas, três ou quatro pessoas — pois é nisso que se concentra a nossa vida — deixou de ser o que realmente se quis ser ou parecer.

Mas uma grande parte de nossa vida é desenhada muito cedo, quando se inicia o que alguns românticos chamam de aventura humana e que aos poucos vai-se transformando numa incansável continuidade de diminutas frustrações e pequenos embates corporais com a realidade, frustrações que depois se transformam em fontes de amargura. (...)

O que é a infância, no fundo, senão um período de nossa vida tal como nós o olhamos, depois de adultos: é a versão que se sobrepõe, poderosa, sobre a realidade, e essa versão, por mais suscetível de ser destruída pela análise fria, é a que prevalece e guia nossos passos, por anos intermináveis.

Todo mergulho na infância é ao mesmo tempo doloroso e doce, como aqueles diminutos pratos chineses que misturam gostos e odores. Assim, eu, por exemplo, me lembro, quando faço muita força, de trechos de minha infância: não consigo lembrá-la toda, ou largos períodos dela, talvez porque o que foi doloroso nela tenha sido mais abundante e mais avassalador do que o que foi doce.

(ABRAMO, Cláudio. In: A regra do jogo. São Paulo. Cia das Letras, p. 41, 1989.)

O parágrafo é marcado por um pequeno recuo com relação à margem esquerda da folha e possui tamanho variado: há parágrafos longos e parágrafos curtos. A unidade temática determina a extensão do parágrafo, já que cada ideia exposta na redação deve corresponder a um parágrafo.

Geralmente, as dissertações são estruturadas em quatro ou cinco parágrafos (um para a introdução, dois ou três para o desenvolvimento e um para a conclusão). Esssa divisão não é padronizada, pois, dependendo do tema que você escolher e da abordagem seguida, ela poderá sofrer alterações. Mas, o que você não pode esquecer é que a divisão do texto em parágrafos tem os objetivos de facilitar, a quem escreve, a estuturação coerente do texto e a quem lê, uma melhor compreensão do texto em sua totalidade.

O professor Othon M. Garcia nos ensina que:“O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais de um

período, em que se desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se

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Capítulo V

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agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.”

(GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 7 ed. Rio de Janeiro, FGV, 1978. p. 203)

É evidente que essa explicação não se aplica a todos os tipos de parágrafo: trata-se de uma sugestão, denominada parágrafo-padrão, que é utilizada por escritores e os alunos podem e devem imitar.

O parágrafo-padrão apresenta a seguinte estrutura:

• tópico frasal – período que traz a ideia central do parágrafo;

• desenvolvimento – explicação do tópico frasal;

• conclusão.Nem todos os parágrafos apresentam a estrutura acima. Em pequenos parágrafos e

naqueles cuja ideia central não apresenta grande complexidade, a conclusão normalmente não aparece.

No texto inicial “Inventário da infância perdida”, o autor apresenta o tópico frasal (ideia central) em mais de um período. O primeiro período “Um homem é feito na infância(...)” está baseado numa ideia crescente (gradação); já o segundo período “Depois dos quarenta(...) assinala realmente uma decadência interminável”, quebra o ritimo crescente do primeiro período e insere uma ideia oposta à anterior. Logo após, outras ideias se unem à ideia central: o conflito motivado pela distância entre o ser e o não-ser e a razão da vida.

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Treine bastante a construção de parágrafos, procurando redigir o tópico frasal de forma clara, pois como já vimos, é nele que a ideia central está contida.

Capítulo V

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As variações de linguagem ocorrem de acordo com o receptor, o contexto em que ele está inserido e o tipo de informação que desejamos transmitir. Os linguistas (especialistas em linguística, que é a ciência, estudo da linguagem e gramática das diferentes línguas, de sua história, bem como da aplicação dos resultados obtidos na solução de problemas práticos) afirmam que não há expressão “certa” ou “errada”, ou erro e acerto. Todos nascemos com a competência necessária para aprendermos as regras da gramática normativa, porém, nem sempre temos o desempenho esperado para aprender e colocar em prática em nossos diálogos cotidianos. Vale ressaltar que o fato de uma pessoa naõ ter o desempenho adequado na fala e escrita, não quer dizer que ela não se faça entender pelos que estão ao seu redor.

Sobre esse tema, leia um trecho de palestra proferida, na Academia Brasileira de Letras, por um dos maiores gramáticos brasileiro, o professor e imortal Evanildo Bechara:

“E agora, para terminar, retomemos o nosso tema inicial que é o saber, a normal culta na democratização do ensino. O que vem a ser isso? Vem a ser o seguinte. O professor deve convencer-se de que uma língua histórica (português, francês, espanhol), não é uma realidade homogênea e unitária; ela está dividida em várias línguas, de acordo com as variedades regionais, as variedades sociais e as variedades estilísticas. Cada variedade dessas tem uma tradição linguística e essa tradição é um modo correto, é uma maneira de correção da linguagem.

Agora, todas essas variedades linguísticas confluem na língua exemplar, que é a língua de cultura. Então, a língua exemplar não é nem correta, nem incorreta, porque correto na língua é o que está de acordo com uma tradição. Se existe, por exemplo, uma tradição coloquial que diz "chegar em casa", esse é o padrão de correção na língua exemplar. Agora, o "chegar à casa" já é uma eleição cultural, que é exclusiva da língua exemplar. De modo que quando os consultórios gramaticais dos nossos jornais falam: isto está certo, isto está errado - na realidade, não é isso. Cada modo de dizer tem o seu padrão de correção; entretanto, todos esses padrões convergem, por eleição, a uma forma exemplar. Essa forma exemplar é a forma que está na língua literária, quando o escritor sabe trabalhá-la artística, cultural e idiomaticamente.

Então, o que acontece? A democratização do ensino consiste em que o professor não acastele o seu aluno na língua culta, pensando que só a língua culta é a maneira que ele tem para se expressar; nem tampouco aquele professor populista que acha que a língua deve ser

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Capítulo VI

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livre, e portanto, o aluno deve falar a língua gostosa e saborosa do povo, como dizia Manuel Bandeira. Não, o professor deve fazer com que o aluno aprenda o maior número de usos possíveis, e que o aluno saiba escolher e saiba eleger as formas exemplares para os momentos de maior necessidade, em que ele tenha que se expressar com responsabilidade cultural, política, social, artística etc.

E isso fazendo, o professor transforma o aluno num poliglota dentro da sua própria língua. Como, de manhã, a pessoa abre o seu guarda-roupa para escolher a roupa adequada aos momentos sociais que ela vai enfrentar durante o dia, assim também, deve existir, na educação linguística, um guarda-roupa linguístico, em que o aluno saiba escolher as modalidades adequadas a falar com gíria, a falar popularmente, a saber entender um colega que veio do Norte ou que veio do Sul, com os seus falares locais, e que saiba também, nos momentos solenes, usar essa língua exemplar, que é o patrimônio da nossa cultura e que é o grande baluarte que esta Academia defende.“

O que o grande professore quer dizer neste texto, é que o aluno precisa ter a capacidade de adaptar sua linguagem de acordo com o local e a situação em que está inserido.

Hoje, consideram-se as variações linguísticas como absolutamente aceitáveis, sempre com a ressalva de que a norma culta deve ser conhecida e observada em situações formais:

• Culta - A norma culta é aquela que deve ser empregada, quando em situações formais, ou em textos científicos e acadêmicos. Não se permite ambiguidade na linguagem formal: a objetividade deve ser o principal traço desse uso da língua. Exemplo:

“A superioridade da civilização ocidental, representada pelo império norteamericano, carece de medidas e atitudes de nível planetário que evitem ao máximo o rastro de destruição deixado em seu curso expansionista. Há a urgência de uma racionalidade outra que a do americanizado mundo contemporâneo.”

(Revista Cult, dezembro de 2001)

• Coloquial - Os objetivos na linguagem coloquial são totalmente opostos à culta: desejamos simplesmente conversar ou escrever como se estivéssemos conversando. Verificamos a descontração presente no uso da língua, contudo, não se trata de cometer barbarismos contra a língua culta e, sim, adaptá-la, deixando-a mais pessoal.

Observe que, no primeiro quadrinho desta tirinha de Hagar - o Horrível - , sua esposa usa a linguagem coloquial para iniciar sua pergunta: “Tá legal, espertinho!...”.

Na linguagem do dia-a-dia, por exemplo, podemos, usar frases como “Você pegou o que eu te pedi?. Formalmente essa construção em que se misturam as pessoas gramaticais está inadequada, pois você indica terceira pessoa e “te” é um pronome oblíquo que se refere a segunda pessoa ; o correto seria dizer "Você pegou o que eu lhe pedi?". Observe outro exemplo retirado da Folhateen, de fevereiro de 2002:

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Capítulo VI

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“A Jô e a irmã dela acreditam que um vizinho antropólogo mora em frente ao prédio delas. Quando fazemos coisas absurdas, tipo ficar brincando de tocar percussão ou pulamos sem parar gritando às 2h da manhã, alguma delas sempre disse. O vizinho não deve estar entendendo nada. Ou... essa cena deve estar sendo super importante para a tese de mestrado dele. Na verdade, elas nunca pensaram que poderia ser tipo um tarado se divertindo com duas loucas pulando pela sala de camisola.”

• Regional – Existem expressões que são usadas apenas em alguns lugares do país, como formas diferentes de nomear um mesmo objeto ou uma mesma situação. Observe que, em uma conversa numa roda de amigos, existem diferenças linguísticas ao falar com uma pessoa de outro estado ou, às vezes, no interior, na zona rural de um estado em relação à linguagem daquele que mora na zona urbana. Leia mais um pouco da conferência de Evanildo Bechara sobre o aspecto das variantes linguísticas:

“Afora essa dimensão no tempo, esse saber idiomático identifica variedades que ocorrem numa língua histórica, isto é: variedades regionais, que são os dialetos; variedades sociais, que são os estratos sociais falados pelos diversos integrantes de uma sociedade; e o falar regional, vale dizer, se um ato linguístico (palavra, expressão ou frase) é típico de uma região (por exemplo, o que no Brasil é trem, em Portugal é comboio; o que em Portugal se opta por "estar a almoçar", no Brasil preferimos "estar almoçando"; o que no Rio de Janeiro se chama "sinal luminoso de trânsito", em São Paulo é "farol", mais para o Sul, "semáforo", e em Porto Alegre, "sinaleira").”

Vejamos outras variações: a média em São Paulo é “café com leite”; em Santos, é um “pãozinho”. Pãozinho, em Itu- SP, é filão; em São Paulo, capital é um “pão grande”.Bem, vamos ler um exemplo literário, um fragmento do conto “Bicho Mau” de Guimarães Rosa:

“Se o Quinquim olhou, também. Teria por gosto aproveitar uma curta folga. Colher um ananás? Não, dava muito trabalho. E estão azedos, decerto, apertam na língua, piores do que o gravatás. Seo Quinquim se mostra alegre,. Às vezes banzativo, ora a dar um ar de riso, ele está nos dias de ser pai. Não tardava mais uma semana...”

Na linguagem literária, especialmente nos textos de Guimarães Rosa, é bastante comum a mistura entre linguagem culta, coloquial e o falar regional. Aliás, em Guimarães, há também arcaísmos, o que demonstra um conhecimento profundo da linguagem. Você deve saber identificar essas variações e entender quais foram os objetivos do autor ao fazer uso dessas diferentes expressões da língua.

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Nos concursos públicos e vestibulares são utilizados textos literários de autores brasileiros. Para manter-se atualizado: leia suas principais obras e resenhas. Alguns sites na internet, fornecem estes materiais gratuitamente. Acesse nosso site www.simonsen.br/eja e confira os links!

Capítulo VI

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• Gíria – É uma forma de expressão oral de determinados grupos, que teem afinidades quanto à ideologia, ou à faixa etária, ou à condição sócio-econômica, enfim, algum tipo de traço característico, que também é tranferido para a forma de expressão lingüística. Algumas palavras da gíria passaram a compor nosso vocabulário, perdendo a identidade antes conferida apenas a um grupo. Veja um exemplo, retirado de uma excelente questão de Vestibular, na qual se explorava os diferentes níveis de linguagem:

Massa“Pô, Erundina, massa! Agora que o maneiro Cazuza virou nome num pedaço aqui na

Sampa, quem sabe tu te anima e acha aí um point pra botá o nome de Magdalena Tagliaferro, Cláudio Santoro (...) e Radamés Gnattali. Esses caras não foi cruner de banda a la “Trogloditas do Sucesso”, mas se a tua moçada não manjar quem eles foi, dá um look aí na Enciclopédia Britânica ou no Groves International e tu vai sacá que o astral do século 20 musical deve muito a eles.”

Este trecho está contido na carta escrita pelo maestro Júlio Medaglia que foi publicada no Painel do Leitor do jornal Folha de S.Paulo. Ele faz uso de uma linguagem que certamente não é a dele, para fazer criticar a decisão da então prefeita Luiza Erundina (melhor dizendo, aos administradores públicos em geral) que, em nome do populismo, preocupam-se em dar nomes de ídolos populares aos logradouros públicos.

Ao “navegar na rede” (veja aí um exemplo de neologismo: criação de novas palavras), você encontrará o site http://www.cowboysdoasfalto.com.br que contém um link com gírias utilizadas pelos caminhoneiros entre si. Observe algumas, por curiosidade, verificando a apropriação que esse grupo fez da linguagem:

água de eloquência – cachaça;anzol – polícia rodoviária; batom a batom - pessoalmente (ela/ela);bigode a bigode - pessoalmente (ele/ele); capacete – sogro;casa de beijo – motel;

chuva artificial - banho;cristalina – filha; cristalíssima/primeiríssima – mãe;cristalografia – família; cristalórde - filho;feijão queimado – amante.

Será que existe algum erro nesse vocabulário específico dos caminhoneiros? Não! Por isso, o aluno precisa ter a habilidade de reconhecer essas variantes linguísticas e entender o contexto em que são usadas.

Poesia e ProsaAntes de terminarmos este capítulo, acrescentamos que existem diferentes linguagens

também na escrita, por exemplo, em prosa ou em poesia. Na poesia, a linguagem é subjetiva e pode-se quebrar a estrutura lógica das frases, contrariar a gramática, usar palavras em sentido figurado, enfim, escrever sem muitas “regras”. Já na prosa, produzimos frases

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Capítulo VI

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organizadas em parágrafos e utilizamos completamente as linhas, enfim, o que chamaríamos “convencional”.

Lembre-se que a língua transforma-se ao longo do tempo. Procure lembrar um texto da época do Trovadorismo (na apostila de Produção Textual e Literatura), um texto do século XVIII ou do XIX. Você também ouve músicas, vê propagandas, lê tirinhas de jornal, vê quadros que são diferentes formas de expressão. Um aluno produtor de textos precisa aguçar sua visão, para conseguir interpretar a mensagem contida na obra e perceber por exemplo, diferenças na escolha do vocabulário e na estrutura das frases, que fazem total diferença no resultado final de uma produção.

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Capítulo VI

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Observe os quadrinhos acima. Eles fazem parte do acervo do genial cartunista argentino Quino e sua personagem Mafalda. Neles, Susanita, amiga de Mafalda nos dá um belo exemplo de um texto metalinguístico ao “explicar” a fala do primeiro quadrinho.

Nosso objetivo neste capítulo é tratar sobre a função metalinguística da linguagem que concentra-se no próprio código, ou seja, o código é o assunto da mensagem ou serve para explicar o próprio código. Por exemplo, se um filme tem como tema principal o próprio cinema ou se um poema fala sobre a poesia, ambos contêm a função metalinguística.

Quando um professor explica um conteúdo e o aluno pergunta: “Professor, o senhor pode repetir a explicação?”, com certeza a resposta do mestre será um texto metalinguístico. Esse fato também acontece com as definições. As gramáticas e dicionários ao utilizarem palavras para explicar palavras, exemplificam a utilização da função metalinguística.

Também ressaltamos que as expressões explicativas do tipo “ou seja” e “isto é”, introduzem textos metalinguísticos. Por isso, consideramos como metalinguístico todo o texto que faz referência a outro texto. Alguns escritores utilizam a função metalinguística para reafirmar ideias, questionar ou mesmo parodiar produções anteriores.

O estudante muito utiliza a função metalinguística da linguagem no decorrer de sua vida acadêmica: na análise de um texto, quando elaboramos definições em trabalhos escolares e nas avaliações quando “explicamos com as nossas palavras”.

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Capítulo VII

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Coesão e Coerência formam uma dupla de heróis muito conhecida nos vestibulares, concursos e aulas de produção textuais. Assim como na ficção a presença de grandes heróis é imprenscindível, na montagem de um bom texto não podem faltar coesão e coerência! Vamos conhecê-los melhor e saber como eles nos protegem da “má nota”...

O Dicionário Aurélio define coesão como “união íntima das partes de um todo, dois mecanismos: retomada de elementos; encadeamento de segmentos do texto”. Portanto, a ligação, a relação entre as palavras, frases, ou mesmo entre os parágrafos é chamada coesão textual. Saber ligar as ideias é muitíssimo importante para que o texto tenha unidade e consequentemente, com qualidade.

O fragmento a seguir foi retirado do Editorial do jornal Folha de S.Paulo (14 de março de 2002), no qual se comenta uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de uma proposta feita pelos EUA da criação de um Estado Palestino:

“Pode-se argumentar ainda que o interesse dos EUA é circunstancial. O governo norteamericano teria dois objetivos: criar condições favoráveis à missão de paz de seu enviado à região do conflito e obter apoio árabe para um eventual ataque ao Iraque”. Nada disso, porém, deveria minimizar a importância da resolução. Afinal, ela foi bem recebida por ambos os lados.(...) Não é o caso, por outro lado, de alimentar expectativas de que a resolução da ONU, por si, contenha a onda de violência que já dura 17 meses.”

Observe que destacamos os elementos de coesão presentes no texto. A escolha dos elementos de coesão dependerá do sentido que você pretende dar às orações: oposição, adição, explicação etc. Dentre os elementos de coesão disponíveis temos: conjunções, pronomes, advérbios, verbos, substantivos ou expressões. Em uma prova, é avaliada sua capacidade de empregar adequadamente os recursos (vocabulares, sintáticos e semânticos).

Outra questão importante é a da coerência entre as ideias (encadeamento) expostas no texto. Você deve escolher os elementos de coesão para ligar as partes, sempre observando a coerência textual.

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Capítulo VIII

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Coerência e Coesão RelacionadasA relação da coesão com a coerência existe porque a coerência é estabelecida a partir

da sequência linguística que constitui o texto, isto é, os elementos da superfície lingUística é que servem de ponto de partida para o estabelecimento da coerência.

Vamos ler um texto em que um trecho, propositadamente, foi alterado e tornou-se incoerente:

“Apesar dos benefícios, nem sempre os derivados de soja são a opção mais saudável. Na hora de fazer frituras, vale a pena trocar o óleo de soja pelo azeite de oliva. A manteiga leva vantagem sobre o azeite de oliva. Esse derivado do leite é rico em gordura saturada, que tem um efeito perverso no sistema circulatório. Ela aumenta a taxa do colesterol ruim e reduz o nível do bom (HDL). Assim, facilita a agregação de placas nos vasos sanguíneos, contribuindo para problemas como o infarto.”

Fonte: http://sites.uol.com.br/angelicarissi/textual.htm.

Esse texto foi extraído de uma reportagem sobre nutrição, com o título “Trocas Inteligentes” – e, claro, você percebeu que ele se tornou incoerente quando foi trocada a frase original “O azeite de oliva leva vantagem também sobre a manteiga” por “A manteiga leva vantagem sobre o azeite de oliva”.

Ambiguidade e Paráfrase

AmbiguidadeJá falamos bastante sobre texto dissertativo e a necessidade de se usar uma

linguagem clara, objetiva e coesa. O aluno precisa atentar para a seleção do vocabulário e das estruturas frásicas, para que não haja falha no entendimento do texto ou até a compreensão de um sentido diferente daquele que se esperava. É possível, inclusive, que o texto, ou uma parte dele, torne-se ambíguo. E o que quer dizer ambíguo? Ambiguidade é o que se pode entender em mais de um sentido. Ela pode ser casual, isto é, ocorre sem que se tenha a intenção de construí-la; ou também pode ser propositadamente construída, o que acontece com frequência em textos publicitários, cartuns, músicas, enfim – às vezes, com o objetivo de criar um texto com humor. Analise os exemplos:

Você poderia entender este enunciado de duas formas:1ª. alguém viu um acidente que ocorreu com um carro;2ª. alguém estava no carro e viu um acidente.

Afinal, onde estava o observador? A informação não é clara!

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“Ele viu o acidente do carro”“Ele viu o acidente do carro”

Eu-lírico

Capítulo VIII

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Já nesta segunda construção, veiculada como propaganda educativa com o objetivo de aumentar a conscientização da necessidade do capacete, vê-se uma ambiguidade intencional:

1ª. "cabeça" com significado óbvio: só usa capacete quem tem uma cabeça (se o motociclista quer preservar sua integridade física, deve fazer uso desse item de segurança);

2ª. "cabeça" como o símbolo da consciência, da reflexão: quem "é cabeça" (como se diz na gíria), quem pensa sobre as consequências de seus atos, irá usar o capacete.

Esse duplo sentido pode advir das palavras escolhidas para a mensagem, da estruturação frásica ou do emprego da pontuação (neste último caso, trata-se apenas da escrita).

ParáfraseContinuemos a falar sobre interpretação e linguagem, sob outro aspecto. A partir da

leitura de um texto, procuraremos entendê-lo e reescrevê-lo sem que seja modificado o conteúdo. O objetivo é escolher uma linguagem adequada, respeitando- se o texto original, e reproduzir as ideias nele contidas. O nome desse processo é paráfrase. Confira o exemplo:

Fragmento Original: “Agora os parlamentares concluem sua obra com anuência

unânime àquele dispositivo inconstitucional.”Leia o fragmento parafraseado:

“Todos os parlamentares aprovaram, sem exceção, aquele dispositivo inconstitucional.”

Talvez você tenha de fazer uma paráfrase, ou, ainda, identificar um trecho, em que se manteve a ideia apresentada no enunciado da questão - isso em questões de múltipla escolha. Ou, de forma indireta, você poderá fazer uso da paráfrase quando tiver de ler uma coletânea de textos - oferecida em alguns vestibulares junto com o tema - para se apropriar de alguma ideia presente nesses textos que estejam representando seu posicionamento, servindo, então, para justificar sua tese. Claro que você não deve copiar trechos mas poderá parafraseá-lo: portanto, reescreva-os, com sua linguagem, com o seu estilo. É isso! Treine e aprimore sua linguagem.

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Capacete - quem tem cabeça usa.

Capítulo VIII

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(PUC-RJ adaptados) A partir de diferentes temas, pense quais assuntos que poderiam ser abordados. Não há uma resposta padronizada ou única. Há temas objetivos e temas subjetivos, faça como os exemplos desenvolvidos em aula: delimite o assunto e faça o primeiro parágrafo. Reflita, pense e escreva!

A) "As estruturas estatais no mundo moderno se construíram em torno de um território nacional. Esse foi o parâmetro básico da atuação dos Estados, embora não o único. O Estado desenvolvimentista brasileiro não fugiu a essa regra e delineou o perfil do Brasil atual. Mal ou bem, criou-se por conta da arquitetura estatal um conjunto de interesses nacionais que por vezes se opõem, mesmo que de modo frágil, aos interesses estrangeiros. Na verdade, isso é comum a todas as nações modernas”.

(OLIVA, Jaime. GIANSANTI, Roberto,Temas da Geografia do Brasil. São Paulo: Atual,1999)

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

B) "O continente condenado"

"África em chamas"

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

C)

Na leiteria a tarde se reparte

em iogurtes, coalhadas, copos

de leite

e no espelho meu rosto. São

quatro horas da tarde, em maio.

Tenho 33 anos e uma gastrite. Amo

a vida

que é cheia de crianças, de flores

e mulheres, a vida,

esse direito de estar no mundo,

ter dois pés e mãos, uma cara

e a fome de tudo, a esperança.

Esse direito de todos

que nenhum ato

institucional ou constitucional

pode cassar ou legar.

Maio 1964

(fragmento)

Mas quantos amigos presos!

quantos em cárceres escuros

onde a tarde fede a urina e terror.

Há muitas famílias sem rumo esta tarde

nos subúrbios de ferro e gás

onde brinca irremida a infância da classe

operária.

GULLAR, Ferreira. Dentro da noite veloz. São

Paulo: Círculo do Livro, s/d, p. 53.

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Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

D) Inferno

"Lasciate ogni speranza voi ch'entrate"

Aqui a asa não sai do casulo, o azul

não sai da treva, a terra

não semeia, o sêmen

não sai do escroto, o esgoto

não corre, não jorra

a fonte, a ponte

devolve ao mesmo lado, o galo

cala, não canta a sereia, a ave

não gorjeia, o joio

devora o trigo, o verbo envenena

o mito, o vento

não acena o lenço, o tempo

não passa mais, adia,

a paz entedia, pára

o mar, sem maremoto,

como uma foto, a vida,

sem saída, aqui,

se apaga a lua, acaba

e continua.

Arnaldo Antunes

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

E)

Dolores

Hoje me deu tristeza,

sofri três tipos de medo

acrescido do fato irreversível:

não sou mais jovem.

Discuti política, feminismo,

a pertinência da reforma penal,

mas ao fim dos assuntos

tirava do bolso meu caquinho de espelho

e enchia os olhos de lágrimas:

não sou mais jovem.Adélia Prado

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

F) Charge extraída do site oficial de Millor (www.uol.com.br/millor/)

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

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G) Charge extraída do site da Revista “Bundas” www.bundasnet.com.br/

Assunto proposto por você: ____________________________________________________________

(Fazles-SP) “A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.” (Alcântara Machado)Indique o termo que denota ambiguidade:

A)suasB)vizinhançaC)benzinaD)comE) limpou

(UF-VIÇOSA) Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho respeitosamente solicitar-lhe se digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se assemelha à atitude do indivíduo que:

A) comparece ao baile de gala trajando “smoking”;

B) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta;

C) vai à praia de terno e gravata;

D) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados;

E) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.

(FUVEST) Você pode dar um rolê de bike, lapidar o estilo a bordo de um skate, curtir o sol tropical, levar sua gata para surfar. Considerando-se a variedade lingüística que se pretendeu reproduzir nesta frase, é correto afirmar que a expressão proveniente de variedade diversa é

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A) ”dar um rolê de bike”.

B) ”lapidar o estilo”.

C) ”a bordo de um skate”.

D) ”curtir o sol tropical”.

E) ”levar sua gata para surfar”.

As aspas marcam o uso de uma palavra ou expressão de variedade linguística diversa da que foi usada no restante da frase em:

A) Essa visão desemboca na busca ilimitada do lucro, na apologia do empresário privado como o “grande herói” contemporâneo.

B) Pude ver a obra de machado de Assis de vários ângulos, sem participar de nenhuma visão “oficialesca”.

C) Nas recentes discussões sobre os “fundamentos” da economia brasileira, o governo deu ênfase ao equilíbrio fiscal.

D) O prêmio Darwin, que “homenageia” mortes estúpidas, foi instituído em 1993.

E) Em fazendas de Minas e Santa Catarina, quem aprecia o campo pode curtir o frio, ouvindo “causos” à beira da fogueira.

(Unicamp) O trecho seguinte foi extraído do debate que se seguiu à palestra do poeta Paulo Leminski, Poesia : a paixão da linguagem, proferida durante o curso Os Sentidos da Paixão (Funarte, 1986):

Estudei durante seis anos muito a vida de um paulista e fiz um filme sobre ele, que é o Mário de Andrade, um puta poeta muito pouco falado pelas ditas vanguardas modernistas (...) Hoje em dia, felizmente, já existem vários trabalhos, há muita gente reavaliando a poética de Mário, que ela é muito mais importante e profunda do aparentemente pareceu nestes últimos anos. Estudando o Mário, eu descobri um exemplo do cara que morreu de amor, mas de amor pelo seu povo, pelo seu país, pela sua cultura (...) Um outro cara que eu também fiz um filme é o Câmara Cascudo. Um cara como o Câmara Cascudo morre, os jornais dão uma notinha desse tamaninho, escondidinho, um cara que deveria ter estátua em praça pública, devia ser lido, recitado. (Os sentidos da paixão, p.301)

Observe que nesse trecho é possível identificar palavras e construções características da linguagem coloquial oral. Reescreva-o de forma a adequá-lo à modalidade escrita culta.

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

(Unicamp-SP) O terceto abaixo é a estrofe inicial de um dos poemas mais conhecidos de Carlos Drummond de Andrade, “Poema de 7 faces”:

“Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

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disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida”(Gauche: termo francês que significa, entre outras coisas, “desajeitado”; pronuncia-se [gôche].)

Adélia Prado, inspirada nesses versos de Drummond, escreveu o poema abaixo:

Com licença poéticaQuando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anuciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

essa espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

Após ler os dois textos:

A) Transcreva as duas passagens do poema de Adélia Prado que remetem diretamente aos versos de Drummond.

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B) Quais as diferenças entre o anjo do poema de Drummond e o anjo do poema de Adélia Prado?

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C) No poema de Adélia Prado, a postura do “eu-lírico” diante da vida é determinada pela apresentação do anjo. Justifique, com base no poema, essa afirmação.

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