tendencias pedagógicas

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1 SEMINÁRIO DE TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NO BRASIL PROFª PATRICIA MANESCHY (2012) TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS NA PRÁTICA ESCOLAR Cipriano Luckesi Nos capítulos anteriores, fizemos um esforço para compreender a relação existente entre Pedagogia e Filosofia, mostrando, de um lado, que pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica definida; e, de outro lado, compreender as perspectivas das relações entre educação e sociedade. Verificamos que são três as tendências que interpretam o papel da educação na sociedade: educação como redenção, educação como reprodução e educação como transformação da sociedade. Neste capítulo, vamos tratar das concepções pedagógicas propriamente ditas, ou seja, vamos abordar as diversas tendências teóricas que pretenderam dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história humana. Desse modo, estaremos aprofundando a compreensão da articulação entre filosofia e educação, que, aqui, atinge o nível da concepção filosófica da educação, que se sedimenta em uma pedagogia. Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas. Essa discussão tem uma importância prática da maior relevância, pois permite a cada professor situar-se teoricamente sobre suas opções, articulando-se e autodefinindo-se. 1 O presente capítulo de autoria de José Carlos Libânco é a reprodução do capítulo 1 - "Tendências Pedagógicas na Prática Escolar" - do livro Democratização da escola pública: pedagogia crítico-social dos conteúdos, São Paulo, Loyola, 1985, autorizada pela Editora e pelo autor, aos quais agradecemos. Foram introduzidas modificações na Introdução do capítulo para articulá-lo com o conteúdo deste livro. Para desenvolver a abordagem das tendências pedagógicas utilizamos como critério a posição que cada tendência adota em relação às finalidades sociais da escola. Assim vamos organizar o conjunto das pedagogias em dois grupos, conforme aparece a seguir: l. Pedagogia liberal 1.1 tradicional 1.2 renovada progressivista 1.3 renovada não-diretiva 1.4 tecnicista 2. Pedagogia progressista 2.1 libertadora 2.2 libertária 2.3 crítico-social dos conteúdos É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras nem mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de classificação. Em alguns casos as tendências se complementam, em outros, divergem. De qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento de análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula. A exposição das tendências pedagógicas compõe-se de uma caracterização geral das tendências liberal e progressista, seguidas da apresentação das pedagogias que as traduzem e que se manifestam na prática docente. 1. Pedagogia liberal O termo liberal não tem o sentido de "avançado", "democrático", "aberto", como costuma ser usado. A doutrina liberal apareceu como justificação do sistema capitalista que, ao defender a predominância da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organi- [ASP1] Comentário: Esse é um estudo da relação entre edc e soc. [ASP2] Comentário: Compreender para ver o direcionamento, tomar decisões.

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1 SEMINRIO DE TENDNCIAS PEDAGGICAS NO BRASIL PROF PATRICIA MANESCHY (2012) TENDNCIAS PEDAGGICAS NA PRTICA ESCOLAR Cipriano Luckesi Nos captulos anteriores, fizemos um esforo para compreender a relao existente entre Pedagogia e Filosofia, mostrando, de um lado, que pedagogia se delineia a partir de umaposio filosfica definida; e, de outro lado, compreender as perspectivas das relaes entre educao e sociedade. Verificamos que so trs as tendncias que interpretam o papel da educao na sociedade: educao como redeno, educao como reproduo e educao como transformao da sociedade. Nestecaptulo,vamostratardasconcepespedaggicaspropriamenteditas,ouseja,vamos abordarasdiversastendnciastericasquepretenderamdarcontadacompreensoedaorientaoda prticaeducacionalemdiversosmomentosecircunstnciasdahistriahumana.Dessemodo,estaremos aprofundandoacompreensodaarticulaoentrefilosofiaeeducao,que,aqui,atingeonvelda concepofilosficadaeducao,quesesedimentaemumapedagogia.Genericamente,podemosdizer queaperspectivaredentorasetraduzpelaspedagogiasliberaiseaperspectivatransformadorapelas pedagogias progressistas. Essadiscussotemumaimportnciaprticadamaiorrelevncia,poispermiteacadaprofessor situar-se teoricamente sobre suas opes, articulando-se e autodefinindo-se. 1OpresentecaptulodeautoriadeJosCarlosLibncoareproduodocaptulo1-"Tendncias PedaggicasnaPrticaEscolar"-dolivroDemocratizaodaescolapblica:pedagogiacrtico-socialdos contedos,SoPaulo,Loyola,1985,autorizadapelaEditoraepeloautor,aosquaisagradecemos.Foram introduzidas modificaes na Introduo do captulo para articul-lo com o contedo deste livro. Para desenvolver a abordagem das tendncias pedaggicas utilizamos como critrio a posio que cadatendnciaadotaemrelaosfinalidadessociaisdaescola.Assimvamosorganizaroconjuntodas pedagogias em dois grupos, conforme aparece a seguir: l. Pedagogia liberal 1.1 tradicional 1.2 renovada progressivista 1.3 renovada no-diretiva 1.4 tecnicista 2. Pedagogia progressista 2.1 libertadora 2.2 libertria 2.3 crtico-social dos contedos evidentequetantoastendnciasquantosuasmanifestaesnosopurasnemmutuamente exclusivasoque,alis,alimitaoprincipaldequalquertentativadeclassificao.Emalgunscasosas tendnciassecomplementam,emoutros,divergem.Dequalquermodo,aclassificaoesuadescrio podero funcionar como um instrumento de anlise para o professor avaliar a sua prtica de sala de aula. Aexposiodastendnciaspedaggicascompe-sedeumacaracterizaogeraldastendncias liberal e progressista, seguidas da apresentao das pedagogias que as traduzem e que se manifestam na prtica docente. 1. Pedagogia liberal Otermoliberalnotemosentidode"avanado","democrtico","aberto",comocostumaser usado.Adoutrinaliberalapareceucomojustificaodosistemacapitalistaque,aodefendera predominncia da liberdade e dos interesses individuais da sociedade, estabeleceu uma forma de organi-[ASP1] Comentrio:Esse um estudo da relao entre edc e soc. [ASP2] Comentrio: Compreender para ver o direcionamento, tomar decises. 2 zao social baseada na propriedade privada dos meios de produo, tambm denominada sociedade de classes. A pedagogia liberal, portanto, uma manifestao prpria desse tipo de sociedade. A educao brasileira, pelo menos nos ltimos cinqenta anos, tem sido marcada pelas tendncias liberais,nassuasformasoraconservadora,orarenovada.Evidentementetaistendnciassemanifestam, concretamente, nas prticas escolares e no iderio pedaggico de muitos professores, ainda que estes no se dem conta dessa influncia. Apedagogialiberalsustentaaidiadequeaescolatemporfuno preparar osindivduospara o desempenhodepapissociais,deacordocomasaptidesindividuais,porissoosindivduosprecisam aprenderaseadaptaraosvaloresesnormasvigentesnasociedadedeclassesatravsdo desenvolvimento da cultura individual. A nfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenas de classes, pois, embora difunda a idia de igualdade de oportunidades, no leva em conta a desigualdade de condies.Historicamente,aeducaoliberaliniciou-secomapedagogiatradicionale,porrazesde recomposiodahegemoniadaburguesia,evoluiuparaapedagogiarenovada(tambmdenominada escolanovaouativa),oquenosignificouasubstituiodeumapelaoutra,poisambasconviverame convivem na prtica escolar. Natendncia tradicional,apedagogialiberalse caracteriza poracentuaroensino humanstico,de culturageral,noqualoalunoeducadoparaatingir,peloprprioesforo,suaplenarealizaocomo pessoa.Oscontedos,osprocedimentosdidticos,arelaoprofessor-alunonotmnenhumarelao comocotidianodoalunoemuitomenoscomasrealidadessociais.apredominnciadapalavrado professor, das regras impostas, do cultivo exclusivamente intelectual. A tendncia liberal renovada acentua, igualmente, o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidesindividuais.Masaeducaoumprocessointerno,noexterno;elapartedasnecessidadese interessesindividuaisnecessriosparaaadaptaoaomeio.Aeducaoavidapresente,aparteda prpria experincia humana. A escola renovada prope um ensino que valorize a auto-educao (o aluno como sujeito do conhecimento), a experincia direta sobre o meio pela atividade; um ensino centrado no alunoenogrupo.Atendncialiberalrenovadaapresenta-se,entrens,emduasversesdistintas:a renovada progressivista2, ou pragmatista, principalmente na forma difundida pelos pioneiros da educao nova,entreosquaissedestacaAnsioTeixeira(deve-sedestacar,tambmainflunciadeMontessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); arenovada no-diretiva orientada para os objetivos de auto-realizao (desenvolvimentopessoal)eparaasrelaesinterpessoais,naformulaodopsiclogonorte-americano Carl Rogers. A tendncialiberal tecnicista subordina a educao sociedade, tendo como funo a preparao de"recursoshumanos"(mo-de-obraparaaindstria).Asociedadeindustrialetecnolgicaestabelece (cientificamente) as metas econmicas, sociais e polticas, a educao treina (tambm cientificamente) nos alunososcomportamentosdeajustamentoaessasmetas.Notecnicismoacredita-sequearealidade contmemsisuasprpriasleis,bastandoaoshomensdescobri-laseaplic-las.Dessaforma,oessencial noocontedodarealidade,masastcnicas(forma)dedescobertaeaplicao.Atecnologia (aproveitamento ordenado de recursos, com base no conhecimento cientfico) o meio eficaz de obter a maximizaodaproduoegarantirumtimofuncionamentodasociedade;aeducaoumrecurso tecnolgico por excelncia. Ela " encarada como um instrumento capaz de promover, sem contradio, o desenvolvimentoeconmicopelaqualificaodamo-de-obra,pelaredistribuiodarenda,pelama-ximizao da produo e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da conscincia polticaindispensvel manutenodoEstadoautoritrio3.Utiliza-sebasicamentedoenfoquesistmico,datecnologia educacional e da anlise experimental do comportamento. 2Adesignao"progressivista"vemde"educaoprogressiva",termousadoporAnsioTeixeirapara indicarafunodaeducaonumacivilizaoemmudana,decorrentedodesenvolvimentocientifico (idiaequivalentea"evoluo"embiologia).Estatendnciainspira-senofilsofoeeducadornorte-americano John Dewey. Cr. Ansio Teixeira, Educao progressiva. 3 Kuenzer, Accia A. e Machado, Luclia R. S. "Pedagogia tecnicista". In: Mello, Guiomar N. de (org.), Escola nova, tecnicismo e educao compensatria. 3 ed. So Paulo, Ed. Loyola, [1988]. p. 34. 3 1.1 Tendncia liberal tradicional Papeldaescola-Aatuaodaescolaconsistenapreparaointelectualemoraldosalunospara assumirsuaposionasociedade.Ocompromissodaescolacomacultura,osproblemassociais pertencem sociedade. Ocaminhocultural em direoaosabero mesmoparatodososalunos,desde queseesforcem.Assim,osmenoscapazesdevemlutarparasuperarsuasdificuldadeseconquistarseu lugar junto aos mais capazes. Caso no consigam, devem procurar o ensino mais profissionalizante. Contedos de ensino - So os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas geraes adultas e repassadosaoalunocomoverdades.Asmatriasdeestudovisamprepararoalunoparaavida,so determinadaspelasociedadeeordenadasnalegislao.Oscontedossoseparadosdaexperinciado alunoedasrealidadessociais,valendopelovalorintelectual,razopelaqualapedagogiatradicional criticada como intelectualista e, s vezes, como enciclopdica. Mtodos - Baseiam-se na exposio verbal da matria e/ou demostrao. Tanto a exposio quanto aanlisesofeitas pelo professor,observadososseguintespassos:a)preparao doaluno(definio do trabalho, recordao da matria anterior, despertar interesse); b) apresentao (realce de pontos-chaves, demonstrao);c) associao(combinaodo conhecimentonovo comoj conhecido por comparao e abstrao);d)generalizao(dosaspectosparticulareschega-seaoconceitogeral,aexposio sistematizada);e)aplicao(explicaodefatosadicionaise/ouresoluesdeexerccios).Anfasenos exerccios,narepetiodeconceitosoufrmulasnamemorizaovisadisciplinaramenteeformar hbitos. Relacionamento professor-aluno - Predomina a autoridade do professor que exige atitude receptiva dosalunoseimpedequalquercomunicaoentreelesnodecorrerdaaula.Oprofessortransmiteo contedo na forma de verdade a ser absorvida; em conseqncia, a disciplina imposta o meio mais eficaz para assegurar a ateno e o silncio. Pressupostosdeaprendizagem-Aidiadequeoensinoconsisteemrepassarosconhecimentos para o esprito da criana acompanhada de uma outra: a de que a capacidade de assimilao da criana idntica do adulto, apenas menos desenvolvida. Os programas, ento, devem ser dados numa progresso lgica,estabelecidapeloadulto,semlevaremcontaascaractersticasprpriasdecadaidade.A aprendizagem, assim, receptiva e mecnica, para o que se recorre freqentemente coao. A reteno domaterialensinadogarantidapelarepetiodeexercciossistemticoserecapitulaodamatria.A transferncia da aprendizagem depende do treino; indispensvel a reteno, a fim de que o aluno possa responderssituaesnovasdeformasemelhantesrespostasdadasemsituaesanteriores.A avaliaosedporverificaesdecurtoprazo(interrogatriosorais,exercciodecasa)edeprazomais longo(provasescritas,trabalhosdecasa).Oesforo,emgeral,negativo(punio,notasbaixas,apelos aos pais); s vezes, positivo (emulao, classificaes). Manifestaesnaprticaescolar-Apedagogialiberaltradicionalvivaeatuanteemnossas escolas.Nadescrioapresentadaaquiincluem-seasescolasreligiosasouleigasqueadotamuma orientao clssico-humanista ou uma orientao humano-cientfica, sendo que esta se aproxima mais do modelo de escola predominante em nossa histria educacional.

1.2 Tendncia liberal renovada progressivista Papel da escola - A finalidade da escola adequar as necessidades individuais ao meio social e, para isso,eladeveseorganizardeformaaretratar,oquantopossvel,avida.Todoserdispedentrodesi mesmodemecanismosdeadaptaoprogressivaaomeioedeumaconseqenteintegraodessas formasdeadaptaonocomportamento.Talintegraosedpormeiodeexperinciasquedevem satisfazer,aomesmotempo,osinteressesdoalunoeasexignciassociais.escolacabesuprirasex-perincias que permitam ao aluno educar-se, num processo ativo de construo e reconstruo do objeto, numa interao entre estruturas cognitivas do indivduo e estruturas do ambiente. Contedos de ensino - Como o conhecimento resulta da ao a partir dos interesses e necessidades, oscontedosdeensinosoestabelecidosemfunodeexperinciasqueosujeitovivenciafrentea desafioscognitivosesituaesproblemticas.D-se,portanto,muitomaisvaloraosprocessos mentais e 4 habilidadescognitivasdoqueacontedosorganizadosracionalmente.Trata-sede"aprendera aprender", ou seja, mais importante o processo de aquisio do saber do que o saber propriamente dito. Mtodo de ensino - A idia de "aprender fazendo" est sempre presente. Valorizam-se as tentativas experimentais,apesquisa,adescoberta,oestudodomeionaturalesocial,omtododesoluode problemas. Embora os mtodos variem, as escolas ativas ou novas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet eoutros)partemsempredeatividadesadequadasnaturezadoalunoesetapasdoseu desenvolvimento.Namaioriadelas,acentua-seaimportnciadotrabalhoemgruponoapenascomo tcnica, mas como condio bsica do desenvolvimento mental. Os passos bsicos do mtodo ativo so: a) colocar o aluno numa situao de experincia que tenha um interesse por si mesma; b) o problema deve serdesafiante,comoestmuloreflexo;c)oalunodevedispordeinformaeseinstruesquelhe permitampesquisaradescobertadesolues;d)soluesprovisriasdevemserincentivadase ordenadas, com a ajuda discreta do professor; e) deve-se garantir a oportunidade de colocar as solues prova, a fim de determinar sua utilidade para a vida. Relacionamentoprofessor-aluno-Nohlugarprivilegiadoparaoprofessor;antes,seupapel auxiliar o desenvolvimento livre e espontneo da criana; se intervm, para dar forma ao raciocnio dela. Adisciplinasurgedeumatomadadeconscinciadoslimitesdavidagrupal;assim,alunodisciplinado aquelequesolidrio,participante,respeitadordasregrasdogrupo.Parasegarantirumclima harmonioso dentro da sala de aula indispensvel um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma forma de instaurar a "vivncia democrtica" tal qual deve ser a vida em sociedade. Pressupostos de aprendizagem - A motivao depende da fora de estimulao do problema e das disposies internas e interesses do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta, uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio estimulador. retido o que se incorpora atividade doalunopeladescobertapessoal;oqueincorporadopassaacomporaestruturacognitivaparaser empregado em novas situaes. A avaliao fluida e tenta ser eficaz medida que os esforos e os xitos so pronta e explicitamente reconhecidos pelo professor. Manifestaes na prtica escolar - Os princpios da pedagogia progressivista vm sendo difundidos, emlargaescala,noscursosdelicenciatura,emuitosprofessoressofremsuainfluncia.Entretanto,sua aplicaoreduzidssima,nosomenteporfaltadecondiesobjetivascomotambmporquesechoca comumaprticapedaggicabasicamentetradicional.Algunsmtodossoadotadosemescolas particulares,comoomtodoMontessori,omtododoscentrosdeinteressedeDecroly,omtodode projetosdeDewey.OensinobaseadonapsicologiagenticadePiagettemlargaaceitaonaeducao pr-escolar.Pertencem,tambm,tendnciaprogressivistamuitasdasescolasdenominadas "experimentais", as "escolas comunitrias" e mais remotamente (dcada de 60) a "escola secundria mo-derna", na verso difundida por Lauro de Oliveira Lima. 1.3 Tendncia liberal renovada no-diretiva Papel da escola - Acentua-se nesta tendncia o papel da escola na formao de atitudes, razo pela qualdeveestarmaispreocupadacomosproblemaspsicolgicosdoquecomospedaggicosousociais. Todoesforoestemestabelecerumclimafavorvelaumamudanadentrodoindivduo,isto,auma adequaopessoalssolicitaesdoambiente.Rogers4consideraqueoensinoumaatividade excessivamentevalorizada;paraeleosprocedimentosdidticos,acompetncianamatria,asaulas, livros,tudotemmuitopoucaimportncia,faceaopropsitodefavorecerpessoaumclimade autodesenvolvimentoerealizaopessoal,oqueimplicaestarbemconsigoprprioecomseus semelhantes. O resultado de uma boa educao muito semelhante ao de uma boa terapia. Contedosdeensino-Anfasequeestatendnciapenosprocessosdedesenvolvimentodas relaesedacomunicaotornasecundriaatransmissodecontedos.Osprocessosdeensinovisam maisfacilitaraosestudantesosmeiosparabuscaremporsimesmososconhecimentosque,noentanto, so dispensveis. Mtodos de ensino - Os mtodos usuais so dispensados, prevalecendo quase que exclusivamente o esforodoprofessoremdesenvolverumestiloprprioparafacilitaraaprendizagemdosalunos.Rogers explicitaalgumasdascaractersticasdoprofessor"facilitador":aceitaodapessoadoaluno,capacidade 5 deserconfivel,receptivoeterplenaconviconacapacidadedeautodesenvolvimentodoestudante. Sua funo restringe-se a ajudar o aluno a se organizar, utilizando tcnicas de sensibilizao onde os senti-mentosdecadaumpossamserexpostos,semameaas.Assim,oobjetivodotrabalhoescolarseesgota nos processos de melhor relacionamento interpessoal, como condio para o crescimento pessoal. Relacionamentoprofessor-aluno-Apedagogiano-diretivapropeumaeducaocentradano aluno,visandoformarsuapersonalidadeatravsdavivnciadeexperinciassignificativasquelhe permitam desenvolver caractersticas inerentes sua natureza. O professor um especialista em relaes humanas,aogarantiroclimaderelacionamentopessoaleautntico."Ausentar-se"amelhorformade respeito e aceitao plena do aluno. Toda interveno ameaadora, inibidora da aprendizagem. Pressupostos de aprendizagem - A motivao resulta do desejo de adequao pessoal na busca da auto-realizao;,portantoumatointerno.Amotivaoaumenta,quandoosujeitodesenvolveo sentimentodequecapazdeagiremtermosdeatingirsuasmetaspessoais,isto,desenvolvea valorizao do "eu". Aprender, portanto, modificar suas prprias percepes; da que apenas se aprende oqueestiversignificativamenterelacionadocomessaspercepes.Resultaquearetenosedpela relevncia do aprendido em relao ao "eu", ou seja, o que no est envolvido com o "eu" no retido e nemtransferido.Portanto,aavaliaoescolarperdeinteiramenteosentido,privilegiando-sea autoavaliao. Manifestaes na prtica escolar - Entre ns, o inspirador da pedagogia no-diretiva C. Rogers, na verdademaispsiclogoclnicoqueeducador.Suasidiasinfluenciamumnmeroexpressivode educadoreseprofessores,principalmenteorientadoreseducacionaisepsiclogosescolaresquese dedicamaoaconselhamento.Menosrecentemente,podem-secitartambmtendnciasinspiradasna escola de Summerhill do educador ingls A. Neill.4 Cf. Rogers, Carl. Liberdade para aprender. 1.4 Tendncia liberal tecnicista Papeldaescola-Numsistemasocialharmnico,orgnicoefuncional,aescolafuncionacomo modeladoradocomportamentohumano,atravsdetcnicasespecficas.educaoescolarcompete organizar o processo de aquisio de habilidades, atitudes e conhecimentos especficos, teis e necessrios para que os indivduos se integrem na mquina do sistema social global. Tal sistema social regido por leis naturais(hnasociedadeamesmaregularidadeeasmesmasrelaesfuncionaisobservveisentreos fenmenosdanatureza),cientificamentedescobertas.Bastaaplic-las.Aatividadeda"descoberta" funodaeducao,masdeveserrestritaaosespecialistas;a"aplicao"competnciadoprocesso educacionalcomum.Aescolaatua,assim,noaperfeioamentodaordemsocialvigente(osistema capitalista),articulando-sediretamentecomosistemaprodutivo;paratanto,empregaacinciada mudanadecomportamento,ouseja,atecnologiacomportamental.Seuinteresseimediatoode produzirindivduos"competentes"paraomercadodetrabalho,transmitindo,eficientemente, informaesprecisas,objetivaserpidas.Apesquisacientfica,atecnologiaeducacional,aanlise experimentaldocomportamentogarantemaobjetividadedaprticaescolar,umavezqueosobjetivos instrucionais (contedos) resultam da aplicao de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam. Contedos de ensino - So as informaes, princpios cientficos, leis etc., estabelecidos e ordenados numaseqncialgicaepsicolgicaporespecialistas.matriadeensinoapenasoqueredutvelao conhecimento observvel e mensurvel; os contedos decorrem, assim, da cincia objetiva, eliminando-se qualquer sinal de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado nos manuais, nos livros didticos, nos mdulos de ensino, nos dispositivos audiovisuais etc. Mtodos de ensino - Consistem nos procedimentos e tcnicas necessrias ao arranjo e controle nas condiesambientaisqueassegurematransmisso/recepodeinformaes.Seaprimeiratarefado professormodelarrespostasapropriadasaosobjetivosinstrucionais,aprincipalconseguiro comportamentoadequadopelocontroledoensino;daaimportnciadatecnologiaeducacional.A tecnologia educacional a "aplicao sistemtica de princpios cientficos comportamentais e tecnolgicos aproblemaseducacionais,emfunoderesultadosefetivos,utilizandoumametodologiaeabordagem 6 sistmicaabrangente"5.Qualquersistemainstrucional(humagrandevariedadedeles)possuitrs componentesbsicos:objetivosinstrucionaisoperacionalizadosemcomportamentosobservveise mensurveis,procedimentosinstrucionaiseavaliao.Asetapasbsicasdeumprocessoensino-aprendizagemso:a)estabelecimentodecomportamentosterminais,atravsdeobjetivosinstrucionais; b)anlisedatarefadeaprendizagem,afimdeordenarseqencialmenteospassosdainstruo;c) executaroprograma,reforandogradualmenteasrespostascorretascorrespondentesaosobjetivos.O essencialdatecnologiaeducacionalaprogramaoporpassosseqenciaisempregadanainstruo programada, nas tcnicas de microensino, multimeios, mdulos etc. O emprego da tecnologia instrucional naescolapblicaaparecenasformasde:planejamentoemmoldessistmicos,concepode aprendizagem como mudana de comportamento, operacionalizao de objetivos, uso de procedimentos cientficos(instruoprogramada,audiovisuais,avaliaoetc.,inclusiveaprogramaodelivros didticos)6. Relacionamento professor-aluno - So relaes estruturadas e objetivas, com papis bem definidos: oprofessoradministraascondiesdetransmissodamatria,conformeumsistemainstrucional eficienteeefetivoemtermosderesultadosdaaprendizagem;oalunorecebe,aprendeefixaas informaes.Oprofessorapenasumelodeligaoentreaverdadecientficaeoaluno,cabendo-lhe empregar o sistema instrucional previsto. O aluno um indivduo responsivo, no participa da elaborao doprogramaeducacional.Ambossoespectadoresfrenteverdadeobjetiva.Acomunicaoprofessor-alunotemumsentidoexclusivamentetcnico,queodegarantiraeficciadatransmissodo conhecimento. Debates, discusses, questionamentos so desnecessrios, assim como pouco importam as relaes afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no processo ensinoaprendizagem. Pressupostosdeaprendizagem-Asteoriasdeaprendizagemquefundamentamapedagogia tecnicista dizem que aprender uma questo de modificao do desempenho: o bom ensino depende de organizareficientementeascondiesestimuladoras,demodoaqueoalunosaiadasituaode aprendizagem diferente de como entrou. Ou seja, o ensino um processo de condicionamento atravs do uso dereforamento dasrespostas quese quer obter.Assim, ossistemasinstrucionaisvisamao controle do comportamento individual face objetivos preestabelecidos. Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centradonocontroledascondiesquecercamoorganismoquesecomporta.Oobjetivodacincia pedaggica, a partir da psicologia, o estudo cientfico do comportamento: descobrir as leis naturais que presidem as reaes fsicas do organismo que aprende, a fim de aumentar o controle das variveis que o afetam.Oscomponentesdaaprendizagem-motivao,reteno,transferncia-decorremdaaplicao docomportamentooperanteSegundoSkinner,ocomportamentoaprendidoumarespostaaestmulos externos,controladospormeiodereforosqueocorremcomarespostaouapsamesma:"Sea ocorrncia de um (comportamento) operante seguida pela apresentao de um estimulo (reforador), a probabilidadedereforamentoaumentada".Entreosautoresquecontribuemparaosestudosde aprendizagem destacam-se: Skinner, Gagn, Bloon e Mager7. Manifestaesnaprticaescolar-Ainflunciadapedagogiatecnicistaremonta2metadedos anos50(PABAEE-ProgramaBrasileiro-americanodeAuxlioaoEnsinoElementar).Entretantofoi introduzidamaisefetivamentenofinaldosanos60comoobjetivodeadequarosistemaeducacional orientao poltico-econmica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionalizao do sistema de produo capitalista. quando a orientao escolanovista cede lugar tendncia tecnicista, pelo menos no nvel de poltica oficial; os marcos de implantao do modelo tecnicista so as leis 5.540/68 e 5.692/71, que reorganizam o ensino superior e o ensino de 1 e 2 graus. A despeito da mquina oficial, entretanto, no h indcios seguros de que os professores da escola pblica tenham assimilado a pedagogia tecnicista, pelomenosemtermosdeiderio.Aaplicaodametodologiatecnicista(planejamento,livrosdidticos programados, procedimentos de avaliao etc.) no configura uma postura tecnicista do professor; antes, oexerccioprofissionalcontinuamaisparaumaposturaeclticaemtornodeprincpiospedaggicos assentados nas pedagogias tradicional e renovada8. 5Auricchio, Lgia O. Manual de tecnologia educacional, p. 25.6 Cf. Kuenzer, Accia e Machado,Luclia R.S.,op.cit.,p.47. 7 7 Para maiores esclarecimentos, cr. Auricchio, Lgia de O. Manual de tecnologia educacional; Oliveira, J. G. A. Tecnologia educacional: teorias da instruo. 8SobreaintroduodapedagogiatecnicistanoBrasil,cf.Freitag,Brbara.Escola,EstadoeSociedade; Garcia,LaymertG.S.Desregulagens-Educao,planejamentoetecnologiacomoferramentasocial; Cunha, Luis A. Educao e desenvolvimento social no Brasil entre outros. 2. Pedagogia progressista O termo "progressista", emprestado de Snyders9, usado aqui para designar as tendncias que, partindo deumaanlisecrticadasrealidadessociais,sustentamimplicitamenteasfinalidadessociopolticasda educao.Evidentementeapedagogiaprogressistanotemcomoinstitucionalizar-senumasociedade capitalista; da ser ela um instrumento de luta dos professores ao lado de outras prticas sociais. Apedagogiaprogressistatem-semanifestadoemtrstendncias:alibertadora,maisconhecida como pedagogia de Paulo Freire; a libertria, que rene os defensores da autogesto pedaggica; a crtico-socialdoscontedosque,diferentementedasanteriores,acentuaaprimaziadoscontedosnoseu confronto com as realidades sociais. As verses libertadora e libertria tm em comum o antiautoritarismo, a valorizao da experincia vvida como base da relao educativa e a idia de autogesto pedaggica. Em funo disso, do mais valor aoprocessodeaprendizagemgrupal(participaoemdiscusses,assemblias,votaes)doqueaos contedos de ensino. Como decorrncia, a prtica educativa somente faz sentido numa prtica social junto ao povo, razo pela qual preferem as modalidades de educao popular "no-formal". Atendnciadapedagogiacrtico-socialdoscontedospropeumasntesesuperadoradas pedagogiastradicionalerenovada,valorizandoaaopedaggicaenquantoinseridanaprticasocial concreta. Entende a escola como mediao entre o individual e o social, exercendo a a articulao entre a transmisso doscontedoseaassimilaoativaporpartede umalunoconcreto(inseridonumcontexto de relaes sociais); dessa articulao resulta o saber criticamente reelaborado. 9 Cf. Snyders, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 2.1 Tendncia progressista libertadora Papel da escola - No prprio da pedagogia libertadora falar em ensino escolar, j que sua marca aatuao"no-formal".Entretanto,professoreseeducadoresengajadosnoensinoescolarvm adotandopressupostosdessapedagogia.Assim,quandosefalanaeducaoemgeral,diz-sequeela uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da qual extraem o contedodeaprendizagem,atingemumnveldeconscinciadessamesmarealidade,afimdenela atuarem, num sentido de transformao social. Tanto a educao tradicional, denominada "bancria" - que visaapenasdepositarinformaessobreoaluno-,quantoaeducaorenovada-quepretenderiauma libertao psicolgica individual - so domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a realidade socialdeopresso.Aeducaolibertadora,aocontrrio,questionaconcretamentearealidadedas relaes do homem com a natureza e com os outros homens, visando a uma transformao - dai ser uma educao crtica10. Contedosdeensino-Denominadostemasgeradores",soextradosdaproblematizaoda prtica devida doseducandos.Oscontedos tradicionaisso recusados porque cadapessoa, cada grupo envolvidonaaopedaggicadispeemsiprprio,aindaquedeformarudimentar,doscontedos necessrios dos quais se parte. O importante no a transmisso de contedos especficos, mas despertar uma nova forma da relao com a experincia vivida. A transmisso de contedos estruturados a partir de foraconsideradacomo"invasocultural"oudepsitodeinformaoporquenoemergedosaber popular. Se forem necessrios textos de leitura estes devero ser redigidos pelos prprios educandos com a orientao do educador. EmnenhummomentooinspiradorementordapedagogialibertadorPauloFreire,deixade mencionarocarteressencialmentepolticodesuapedagogia,oque,segundosuasprpriaspalavras, impedequeelasejapostaemprticaemtermossistemticos,nasinstituiesoficiais,antesda transformao da sociedade. Da porque sua atuao se d mais a nvel da educao extra-escolar. O que 8 notemimpedido,poroutrolado,queseuspressupostossejamadotadoseaplicadospornumerosos professores. Mtodosdeensino-"Paraserumatodeconhecimentooprocessodealfabetizaodeadultos demanda, entre educadores e educandos, uma relao de autntico dilogo; aquela em que os sujeitos do atodeconhecerseencontrammediatizadospeloobjetoaserconhecido"(...)"Odilogoengaja ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-educador". Assimsendo,aformadetrabalhoeducativoo"grupodediscussoaquemcabeautogerira aprendizagem,definindoocontedoeadinmicodasatividades.Oprofessorumanimadorque,por princpio,devedesceraonveldosalunos,adaptando-sessuascaractersticasaodesenvolvimento prpriodecadagrupo.Devecaminhar"junto",interviromnimoindispensvel,emboranosefurte, quando necessrio, a fornecer uma informao mais sistematizada. Os passos da aprendizagem - Codificao-decodificao, e problematizao da situao - permitiro aoseducandosumesforodecompreensodo"vivido",atchegaraumnvelmaiscrticode conhecimento e sua realidade, sempre atravs da troca de experincia em torno da prtica social. Se nisso consisteocontedodotrabalhoeducativo,dispensamumprogramapreviamenteestruturado, trabalhos escritos,aulasexpositivasassimcomoqualquertipodeverificaodiretadaaprendizagem,formasessas prpriasda"educaobancria",portanto,domesticadoras.Entretantoadmite-seaavaliaodapratica vivenciadaentreeducador-educandosnoprocessode grupoe,svezes, aautoavaliaofeitaemtermos dos compromissos assumidos com a pratica social. Relacionamentoprofessor-aluno-Nodilogo,comomtodobsico,arelaohorizontal,onde educadoreeducandosseposicionamcomosujeitosdoatodeconhecimento.Ocritriodebom relacionamento a "' total identificao com o povo, sem o que a relao pedaggica perde consistncia. Elimina-se,porpressuposto,todarelaodeautoridade,sobpenadeestainviabilizarotrabalhode conscientizao,de"aproximaodeconscincias".Trata-sedeuma"no-diretividade",masnono sentidodoprofessorqueseausenta(comoemRogers),masquepermanecevigilanteparaassegurarao grupo um espao humano para "dizer sua palavra" para se exprimir sem se neutralizar. Pressupostosdeaprendizagem-Aprpriadesignaode"educaoproblematizadora"como correlata de educao libertadora revela a fora motivadora da aprendizagem. A motivao se d a partir dacodificaodeumasituao-problema,daqualsetomadistnciaparaanalis-lacriticamente."Esta anlise envolve o exerccio da abstrao, atravs da qual procuramos alcanar, por meio de representaes da realidade concreta, a razo de ser dos fatos". Aprenderumatodeconhecimentodarealidadeconcreta,isto,dasituaorealvividapelo educando, e s tem sentido se resulta de uma aproximao crtica dessa realidade. O que aprendido no decorre de uma imposio ou memorizao, mas do nvel crtico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de compreenso, reflexo e crtica. O que o educando transfere, em termos de conhecimento, o que foi incorporado como resposta s situaes de opresso - ou seja, seu engajamento na militncia poltica. Manifestaes na prtica escolar - A pedagogia libertadora tem como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas idias pessoalmente em diversos pases, primeiro no Chile, depois na frica. Entre ns, tem exercido uma influencia expressiva nos movimentos populares e sindicatos e, praticamente, seconfundecomamaiorpartedasexperinciasdoquesedenomina"educaopopular".Hdiversos grupos desta natureza que vm atuando no somente no nvel da prtica popular, mas tambm por meio depublicaes,comrelativaindependnciaemrelaosidiasoriginaisdapedagogialibertadora. EmboraasformulaestericasdePauloFreireserestrinjameducaodeadultosoueducao popular em geral, muitos professores vm tentando coloc-las em prtica em todos os graus de ensino formal.10Cf.Freire,Paulo.Aoculturalcomoprticadeliberdade;PedagogiadoOprimidoeExtensoou comunicao? 2.2 Tendncia progressista libertria Papeldaescola-Apedagogialibertriaesperaqueaescolaexeraumatransformaona personalidade dos alunos num sentido libertrio e autogestionrio. A idia bsica introduzir modificaes institucionais,apartirdosnveissubalternosque,emseguida,vo"contaminando"todoosistema.A 9 escolainstituir,combasenaparticipaogrupal,mecanismosinstitucionaisdemudana(assemblias, conselhos, eleies, reunies, associaes etc.), de tal forma que o aluno, uma vez atuando nas instituies "externas", leve para l tudo o que aprendeu. Outra forma de atuao da pedagogia libertria, correlata primeira,-aproveitandoamargemdeliberdadedosistema-criargruposdepessoascomprincpios educativosautogestionrios(associaes,gruposinformais,escolasautogestionrios).H,portanto,um sentidoexpressamentepoltico,medidaqueseafirmaoindivduocomoprodutodosocialequeo desenvolvimento individual somente se realiza no coletivo. A autogesto , assim, o contedo e o mtodo; resumetantooobjetivopedaggicoquantoopoltico.Apedagogialibertria,nasuamodalidademais conhecidaentrens,a"pedagogiainstitucional",pretendeserumaformaderesistnciacontraa burocracia como instrumento da ao dominadora do Estado, que tudo controla (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia11. Contedos de ensino - As matrias so colocadas disposio do aluno, mas no so exigidas. So uminstrumentoamais,porqueimportanteoconhecimentoqueresultadasexperinciasvividaspelo grupo,especialmenteavivnciademecanismosdeparticipaocrtica."Conhecimento"aquinoa investigao cognitiva do real, para extrair dele um sistema de representaes mentais, mas a descoberta de respostas as necessidades e s exigncias da vida social. Assim, os contedos propriamente ditos so os queresultamdenecessidadeseinteressesmanifestospelogrupoequenoso,necessrianem indispensavelmente, as matrias de estudo. Mtodo de ensino - na vivncia grupal, na forma de autogesto, que os alunos buscaro encontrar asbasesmaissatisfatriasdesuaprpria"instituio",graassuaprpriainiciativaesemqualquer forma de poder. Trata-se de "colocar nas mos dos alunos tudo o que for possvel: o conjunto da vida, as atividadeseaorganizaodotrabalhonointeriordaescola(menosaelaboraodosprogramasea deciso dos exames que no dependem nem dos docentes, nem dos alunos)". Os alunos tm liberdade de trabalhar ou no, ficando o interesse pedaggico na dependncia de suas necessidades ou das do grupo. Oprogressodaautonomia,excludaqualquerdireodeforadogrupo,sednum"crescendo": primeiramenteaoportunidadedecontatos,aberturas,relaesinformaisentreosalunos.Emseguida,o grupocomeaaseorganizar,demodoquetodospossamparticipardediscusses,cooperativas, assemblias,isto,diversasformasdeparticipaoeexpressopelapalavra;quemquiserfazeroutra coisa, ou entra em acordo com o grupo, ou se retira. No terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, finalmente, no quarto momento, parte para a execuo do trabalho. Relaoprofessor-aluno-Apedagogiainstitucionalvisa"emprimeirolugar, transformararelao professor-aluno no sentido da no-diretividade, isto , considerar desde o incio a ineficcia e a nocividade detodososmtodosbasedeobrigaeseameaas".Emboraprofessorealunosejamdesiguaise diferentes, nada impede que o professor se ponha a servio do aluno, sem impor suas concepes e idias, semtransformaroalunoemobjeto".Oprofessorumorientadoreumcatalisador,elesemisturaao grupo para uma reflexo em comum. Se os alunos so livres frente ao professor, tambm este o em relao aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em silncio). Entretanto, essa liberdade de decisotemumsentidobastanteclaro:seumalunoresolvenoparticipar,ofazporquenosesente integrado,masogrupotemresponsabilidadesobreestefatoevaisecolocaraquesto;quandoo professorsecaladiantedeumapergunta,seusilnciotemumsignificadoeducativoquepode,por exemplo,seruma ajudapara que o grupoassumaarespostaouasituao criada.Nomais,aoprofessor cabeafunode"conselheiro"e,outrasvezes,deinstrutor-monitordisposiodogrupo.Emnenhum momento esses papis do professor se confundem com o de "modelo", pois a pedagogia libertria recusa qualquer forma de poder ou autoridade. Pressupostos de aprendizagem - As formas burocrticas das instituies existentes, por seu trao de impessoalidade, comprometem o crescimento pessoal. A nfase na aprendizagem informal, via grupo, e a negaodetodaformaderepressovisamfavorecerodesenvolvimentodepessoasmaislivres.A motivaoest,portanto,nointeresseemcrescerdentrodavivnciagrupal,poissupe-sequeogrupo devolva a cada um de seus membros a satisfao de suas aspiraes e necessidades. 10 Somenteovivido,oexperimentadoincorporadoeutilizvelemsituaesnovas.Assim,o critrioderelevnciadosabersistematizadoseupossvelusoprtico.Porissomesmo,nofazsentido qualquer tentativa de avaliao da aprendizagem, ao menos em termos de contedo. Outrastendnciaspedaggicascorrelatas-Apedagogialibertriaabrangequasetodasas tendnciasantiautoritriasemeducao,entreelas,aanarquista,apsicanalista,adossocilogos,e tambm a dos professores progressistas. Embora Neill e Rogers no possam ser considerados progressistas (conformeentendemosaqui),nodeixamdeinfluenciaralgunslibertrios,comoLobrot.Entreos estrangeiros devemos citar Vasquez c Oury entre os mais recentes, Ferrer y Guardia entre os mais antigos. Particularmente significativo o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estudado entre ns, existindo inclusive algumas escolas aplicando seu mtodol2. Entreosestudiososedivulgadoresdatendncialibertriapode-secitarMaurcioTragtenberg, apesardatnicadeseustrabalhosnoserpropriamentepedaggica,masdecrticadasinstituiesem favor de um projeto autogestionrio.11 Cf. Lobrot, Michel. Pedagoga institucional, la escuela hacia la autogestin. 12 Cf., a esse respeito, Snyders, G. Para onde vo as pedagogias no-diretivas? 2.3 Tendncia progressista crtico social dos contedos Papel da escola - A difuso de contedos a tarefa primordial. No contedos abstratos, mas vivos, concretose,portanto,indissociveisdasrealidadessociais.Avalorizaodaescolacomoinstrumentode apropriaodosaberomelhorservioqueseprestaaosinteressespopulares,jqueaprpriaescola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torn-la democrtica. Se a escola parte integrante do todo social, agir dentro dela tambm agir no rumo da transformao da sociedade. Se o que define uma pedagogiacrticaaconscinciadeseuscondicionanteshistrico-sociais,afunodapedagogia"dos contedos"darumpassofrentenopapeltransformadordaescola,masapartirdascondiesexis-tentes.Assim,acondioparaqueaescolasirvaaosinteressespopularesgarantiratodosumbom ensino, isto , a apropriao dos contedos escolares bsicos que tenham ressonncia na vida dos alunos. Entendida nesse sentido, a educao "uma atividade mediadora no seio da prtica social global", ou seja, uma das mediaes pela qual o aluno, pela interveno do professor e por suaprpria participao ativa, passadeumaexperinciainicialmenteconfusaefragmentada(sincrtica)aumavisosinttica,mais organizada e unificada13. Emsntese,aatuaodaescolaconsistenapreparaodoalunopara,omundoadultoesuas contradies, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisio de contedos e da socializao, para uma participao organizada e ativa na democratizao da sociedade. Contedosdeensino-Sooscontedosculturaisuniversaisqueseconstituramemdomniosde conhecimentorelativamenteautnomos,incorporadospelahumanidade,maspermanentemente reavaliadosfacesrealidadessociais.Emboraseaceitequeoscontedossorealidadesexterioresao aluno, que devem ser assimilados e no simplesmente reinventados eles no so fechados e refratrios s realidadessociais.Nobastaqueoscontedossejamapenasensinados,aindaquebemensinados, preciso que se liguem, de forma indissocivel, sua significao humana e social. Essamaneirade conceberoscontedos dosabernoestabeleceoposioentreculturaeruditae cultura popular, ou espontnea, mas uma relao de continuidade em que, progressivamente, se passa da experincia imediata e desorganizada ao conhecimento sistematematizado. No que a primeira apreenso darealidadesejaerrada,masnecessriaaascensoaumaformadeelaboraosuperior,conseguida pelo prprio aluno, com a interveno do professor. A postura da pedagogia "dos contedos" - Ao admitir um conhecimento relativamente autnomo - assumeosabercomotendoumcontedorelativamenteobjetivo,mas,aomesmotempo,introduza possibilidadedeumareavaliaocrticafrenteaessecontedo.ComosintetizaSnyders,aomencionaro papeldoprofessor,trata-se,deumlado,deobteroacessodoalunoaoscontedos,ligando-oscoma experinciaconcretadele-acontinuidade;mas,deoutro,deproporcionarelementosdeanlisecrtica queajudemoalunoaultrapassaraexperincia,osesteretipos,aspressesdifusasdaideologia dominante - a ruptura.11 Dessasconsideraesresulta claroquesepodeirdosaberaoengajamento poltico,mas noo inverso, sob o risco de se afetar a prpria especificidade do saber e at cair-se numa forma de pedagogia ideolgica, que o que se critica na pedagogia tradicional e na pedagogia nova. Mtodosdeensino-Aquestodosmtodossesubordinadoscontedos:seoobjetivo privilegiaraaquisiodosaber,edeumsabervinculadosrealidadessociais,precisoqueosmtodos favoream a correspondncia dos contedos com os interesses dos alunos, e que estes possam reconhecer nos contedos o auxlio ao seu esforo de compreenso da realidade (prtica social). Assim, nem se trata dos mtodos dogmticos de transmisso do saber da pedagogia tradicional, nem da sua substituio pela descoberta,investigaooulivreexpressodasopinies,comoseosaberpudesseserinventadopela criana, na concepo da pedagogia renovada. Osmtodosdeumapedagogiacrtico-socialdoscontedosnopartem,ento,deumsaber artificial,depositadoapartirdefora,nemdosaberespontneo,masdeumarelaodiretacoma experinciadoaluno,confrontadacomosabertrazidodefora.Otrabalhodocenterelacionaaprtica vivida pelos alunos com os contedos propostos pelo professor, momento em que se dar a "ruptura" em relaoexperinciapoucoelaborada.Talrupturaapenaspossvelcomaintroduoexplcita,pelo professor,doselementosnovosdeanliseaseremaplicadoscriticamenteprticadoaluno.Emoutras palavras,umaaulacomeapelaconstataodaprticareal,havendo,emseguida,aconscinciadessa prticanosentidodereferi-laaostermosdocontedoproposto,naformadeumconfrontoentreaex-perincia e a explicao do professor. Vale dizer: vai-se da ao compreenso e da compreenso ao, at a sntese, o que no outra coisa seno a unidade entre a teoria e a prtica. Relaoprofessor-aluno-Se,comomostramosanteriormente,oconhecimentoresultadetrocas queseestabelecemnainteraoentreomeio(natural,social,cultural)eosujeito,sendooprofessoro mediador, ento a relao pedaggica consiste no provimento das condies em que professores e alunos possamcolaborarparafazerprogrediressastrocas.Opapeldoadultoinsubstituvel,masacentua-se tambmaparticipaodoalunonoprocesso.Ouseja,oaluno,comsuaexperinciaimediatanum contextocultural, participana buscadaverdade,aoconfront-la comos contedose modelosexpressos pelo professor. Mas esse esforo do professor em orientar, em abrir perspectivas a partir dos contedos, implica um envolvimento com o estilo de vida dos alunos, tendo conscincia inclusive dos contrastes entre suaprpriaculturaeadoaluno.Nosecontentar,entretanto,emsatisfazerapenasasnecessidadese carncias;buscardespertaroutrasnecessidades,aceleraredisciplinarosmtodosdeestudo,exigiro esforodoaluno,proporcontedosemodeloscompatveiscomsuasexperinciasvividas,paraqueo aluno se mobilize para uma participao ativa. Evidentementeopapeldemediaoexercidoemtornodaanlisedoscontedosexcluiano-diretividadecomoformadeorientao dotrabalhoescolar,porqueodilogoadulto-alunodesigual.O adultotemmaisexperinciaacercadasrealidadessociais,dispedeumaformao(aomenosdeve dispor) para ensinar, possui conhecimentos e a ele cabe fazer a anlise dos contedos em confronto com asrealidadessociais.Ano-diretividadeabandonaosalunosaseusprpriosdesejos,comoseeles tivessemumatendnciaespontneaaalcanarosobjetivosesperadosdaeducao.Sabemosqueas tendnciasespontneasenaturaisnosonaturais,antessotributriasdascondiesdevidaedo meio. No so suficientes o amor, a aceitao, para que os filhos dos trabalhadores adquiram o desejo de estudar mais, de progredir: necessria a interveno do professor para levar o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a ir mais longe,a prolongar a experincia vivida. Pressupostosdeaprendizagem-Porumesforoprprio,oalunosereconhecenoscontedose modelos sociais apresentados pelo professor; assim, pode ampliar sua prpria experincia.O conhecimento novo se apia numa estrutura cognitiva j existente, ou o professor prov a estrutura de que o aluno ainda no dispe. O grau de envolvimento na aprendizagem dependa tanto da prontido e disposio do aluno, quanto do professor e do contexto da sala de aula. Aprender,dentrodavisodapedagogiadoscontedos,desenvolveracapacidadedeprocessar informaeselidarcomosestmulosdoambiente,organizandoosdadosdisponveisdaexperincia.Em conseqncia, admite-se o princpio da aprendizagem significativa que supe, como passo inicial, verificar aquiloqueoalunojsabe.Oprofessorprecisasaber(compreender)oqueosalunosdizemoufazem,o 12 aluno precisa compreender o que o professor procura dizer-lhes. A transferncia da aprendizagem se d a partir do momentoda sntese, isto , quando o aluno supera sua viso parcial e confusa e adquire uma viso mais clara e unificadora. Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avaliado, no como julgamento definitivo e dogmtico do professor, mas como uma comprovao para o aluno deseu progresso em direo a noes mais sistematizadas. Manifestaesnaprticaescolar-Oesforodeelaboraodeumapedagogiadoscontedosestempropormodelosdeensinovoltadosparaainteraocontedos-realidadessociais;portanto, visando avanar em termos de uma articulao do poltico e do pedaggico, aquele como extenso deste, ouseja,aeducao"aserviodatransformaodasrelaesdeproduo".Aindaqueacurtoprazose esperedoprofessormaiorconhecimentodoscontedosdesuamatriaeodomniodeformasde transmisso, a fim de garantir maior competncia tcnica, sua contribuio "ser tanto mais eficaz quanto mais seja capaz de compreender os vnculos de sua prtica com a prtica social global", tendo em vista (...) "ademocratizaodasociedadebrasileira,oatendimentoaosinteressesdascamadaspopulares,a transformao estrutural da sociedade brasileira"14. Dentro das linhas gerais expostas aqui, podemos citar a experincia pioneira, mas mais remota do educador e escritor russo, Makarenko. Entre os autores atuais citamos B. Charlot, Suchodolski, Manacorda e,demaneiraespecial,G.Snyders,almdosautoresbrasileirosquevemdesenvolvendoinvestigaes relevantes,destacando-seDemervalSaviani.Representamtambmaspropostasaquiapresentadasos inmerosprofessoresdaredeescolarpblicaqueseocupam,competentemente,deumapedagogiade contedos articulada com a adoo de mtodos que garantam a participao do aluno que, muitas vezes sem saber avanam na democratizao do ensino para as camadas populares. 13 Cf. Saviani, Dermeval. Educao: do senso comum conscincia filosfica, p. 120; Mello, Guiomar N. de. Magistrio do 1..., p. 24; Cury, Carlos R. J. Educao e contradio:elementos..., p. 75. 14 Saviani. Dermeval. Escola e democracia, p. 83. 2.4 Em favor da pedagogia crtico-social dos contedos Haversempreobjeesdequeestasconsideraeslevamaposturasantidemocrticas,ao autoritarismo, centralizao no papel do professor e submisso do aluno. Mas o que ser mais democrtico: excluir toda forma de direo, deixar tudo livre expresso, criar um clima amigvel para alimentar boas relaes, ou garantir aos alunos a aquisio de contedos, a anlise de modelos sociais que vo lhes fornecer instrumentos para lutar por seus direitos? No seroas relaes democrticasnoestilono-diretivoumaformasutildeadestramento,quelevariaareivindicaessem contedo?Representamaasrelaesno-diretivasasreaiscondiesdomundosocialadulto?Seriam capazes de promover a efetiva libertao do homem da sua condio de dominado? Um ponto de vista realista da relao pedaggica no recusa a autoridade pedaggica expressa na sua funo de ensinar. Mas no deve confundir autoridade com autoritarismo. Este se manifesta no receio do professor em ver sua autoridade ameaada; na falta de considerao para com o aluno ou na imposio do medo como forma de tornar mais cmodo e menos estafante o ato de ensinar. Almdomais,soincongruentesasdicotomias,difundidaspormuitoseducadores,entre "professor-policial" e "professor-povo, entre mtodos diretivos e no-diretivos, entre ensino centrado no professor e ensino centrado no estudante. Ao adotar tais dicotomias, amortece-se a presena do professor como mediador pelos contedos que explicita, como se eles fossem sempre imposies dogmticas e que nada trouxessem de novo. Evidentemente que ao se advogar a interveno do professor, no se est concluindo pela negao darelaoprofessor-aluno.Arelaopedaggicaumarelaocomumgrupoeoclimadogrupo essencialnapedagogia.Nessesentido,sobem-vindasasconsideraesformuladaspela"dinmicade grupo",queensinamoprofessorarelacionar-secomaclasse;aperceberosconflitos;asaberqueest lidandocomumacoletividadeenocomindivduosisolados,aadquiriraconfianadosalunos. Entretanto,maisdoquerestringir-seaomalfadado"trabalhoemgrupo",ocairnailusodaigualdade 13 professor-aluno,trata-sedeencararogrupoclassecomoumacoletividadeondesotrabalhados modelos de interao como a ajuda mtua, o respeito aos outros, os esforos coletivos, a autonomia nas decises, a riqueza da vida em comum, e ir ampliando progressivamente essa noo (de coletividade) para a escola, a cidade a sociedade toda. Por fim, situar o ensino centrado no professor e o ensino centrado no aluno em extremos opostos quase negar a relao pedaggica porque no h um aluno, ou grupo de alunos, aprendendo sozinho, nem um professor ensinando para as paredes. H um confronto do aluno entre sua cultura e a herana cultural dahumanidade,entreseumododevivereosmodelossociaisdesejveisparaumprojetonovode sociedade. E h um professor que intervm, no para se opor aos desejos e necessidades ou a liberdade e autonomiadoaluno,masparaajud-loaultrapassarsuasnecessidadesecriaroutras,paraganhar autonomia, para ajud-lo no seu esforo de distinguir a verdade do erro, para ajud-lo a compreender as realidades sociais e sua prpria experincia. 3. Procedimentos de estudo e ensino 1Questes para estudo e compreenso do texto a) Como se caracteriza a tendncia liberal da pedagogia? b) Como se caracteriza cada uma das pedagogias classificadas como liberais? c) Como se define a tendncia pedaggica denominada progressista?d) Como se caracteriza cada uma das pedagogias denominadas progressistas? e)Comoscritriosestabelecidosquedefinemtendnciaspedaggicasepedagogias,analisesua experinciapessoaldeescolaridade,verificandoquepedagogiacaracterizououdirecionousuavida escolar, fazendo uma anlise crtica dessa situao. 2. Sugestes de temas para dissertao ou discusso em grupo a) Uma anlise crtica da sua experincia de escolaridade, do ponto de vista da orientao pedaggica. b) Uma opo pedaggica para a sua prtica docente. c) A direo pedaggica principal presente na prtica escolar brasileira. 3. Sugestes bibliogrficas para estudos complementares Gadoti, Moacir. Pensamento pedaggico brasileiro.So Paulo,tica, 1987. SAVIANI,Dermeval.Escolaedemocracia.l7ed.SPaulo,Cortez/AutoresAssociados,1988,veros captulos " Escola e democracia I" e "Escola e democracia II".