Tentação (1)

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TENTAÇÃO Clarisse Lispector CÍNTIA SARAIVA ÉLIDA DE JESUS GIULLIANA VIEIRA GUSTAVO BLEME MARCO

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Trabalhado baseado no conto Tentação de Clarice Lispector, baseado nos textos de DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou e BERGER, Jonh. Por que olhar os animais?

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TENTAÇÃOClarisse Lispector

• CÍNTIA SARAIVA • ÉLIDA DE JESUS

• GIULLIANA VIEIRA• GUSTAVO BLEME• MARCO

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TENTAÇÃOClarisse Lispector

Paralelo com os textos:

• “Porque olhar os animais” BERGER, Jonh

• “O Animal que logo Sou”, DERRIDA, Jacques

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INTRODUÇÃO

• A questão do cão no conto:– É construído com a imagem de uma menina

ruiva sentada em um degrau sobre forte sol;– Não se sabe pelo que ela espera

– Surge um cão que caminha à frente de sua dona:

“Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, arrastando seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.”.

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INTRODUÇÃO

• O cão se encontra com a menina e se fitam:

– “A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.”

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TENTAÇÃOClarisse Lispector

• Paralelo com o texto “O Animal que Logo Sou”:– A questão do olhar do animal: proposta de

reflexão sobre o que pensar sobre o gesto do animal.

– É um momento em que ambos se olham, se percebem e se assemelham:

“Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.”

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• Completude entre o animal e a menina: ambos são ruivos em um mundo classificado como “terra de morenos”.

• Afirmação do ser humano como um animal: a menina tem pêlos e não cabelos.

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TENTAÇÃOClarisse Linspector

• Paralelo com o texto “Porque olhar os animais” – Autenticidade no olhar / olhar “superficial”– Marginalização do ser humano /

marginalização dos animais– Linguagem / não linguagem– Nudez

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AUTENTICIDADE NO OLHAR / OLHAR “SUPERFICIAL”

• No conto, há um olhar genuíno/autêntico, um momento de “troca” entre o cão e a menina. – “Ambos se olhavam” ,“... se fitavam

profundos, entregues, ausentes de Grajaú”.

• Texto: “Porque olhar os animais” – Trata da superficialidade no modo de olhar

animal:

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AUTENTICIDADE NO OLHAR / OLHAR “SUPERFICIAL”

• “O zoológico só pode decepcionar. O objetivo público dos zoológicos é oferecer aos visitantes a oportunidade de olhar animais. Mas em parte alguma num zoológico o visitante pode encontrar o olhar de um animal. Quando muito, o olhar do animal bruxuleia brevemente e segue adiante. Eles olham de soslaio.” (pag.31)

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AUTENTICIDADE NO OLHAR / OLHAR “SUPERFICIAL”

• “Seja como for que se contemplem esses animais; mesmo se o animal se ergue contra as grades a menos de meio metro de nós, olhando para fora, para o público, estaremos olhando algo que se tornou marginalizado; e toda a concentração que possamos exercer jamais será suficiente para torná-lo central”.(pag.28)

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AUTENTICIDADE NO OLHAR / OLHAR “SUPERFICIAL”

• No conto, apesar de ter uma “dona”, o cão obtém um “momento” de liberdade manifesto por esse “querer olhar”;

• Há identificação mútua;• Em Derrida, também se promove uma

reflexão sobre a identificação.

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AUTENTICIDADE NO OLHAR / OLHAR “SUPERFICIAL”

• Abordagens finais de Derrida = a identificação:– Identificação da menina com o cão pelo olhar;– O olhar passa a ser um espelho onde a

menina se enxerga ruiva e deixa de ser única em um lugar onde o ruivo não é comum;

– Este olhar promove uma reflexão sobre os limites do humano, se é possível fazer uma distinção clara do que é o animal e o que é o homem.

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MARGINALIZAÇÃO DO SER HUMANO / MARGINALIZAÇÃO DOS ANIMAIS

• Sentimento de marginalização por ser ruiva;

• “Identificação” da menina com um basset ruivo;

• Equiparação do humano com o animal:– “Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos”

(itálico nosso)

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MARGINALIZAÇÃO DO SER HUMANO / MARGINALIZAÇÃO DOS ANIMAIS

• Texto: “Porque olhar os animais”– Marginalização do humano:

“Todos os locais de marginalização forçada – guetos, favelas, prisões, hospícios, campos de concentração – têm algo em comum com zoológicos. Mas é fácil e evasivo demais usar o zoológico como símbolo. O zoológico é uma demonstração das relações entre homem e animais; nada mais que isso” (pag. 31).

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LINGUAGEM / NÃO LINGUAGEM

• No conto, existe uma “comunicação” entre a menina e o cão;– “Que foi que se disseram? Não se sabe.

Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos”.

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LINGUAGEM / NÃO LINGUAGEM

• Não houve nenhum ato de fala, mas a comunicação se fez;

• O olhar foi suficiente para expressar o desejo momentâneo do cão em pertencer àquela menina e vice versa;

• A tentação se dá nesse desejo momentâneo, mas não é realizada.

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LINGUAGEM / NÃO LINGUAGEM

• O cão continua sua jornada:– “Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só

vez olhou para trás.”

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LINGUAGEM / NÃO LINGUAGEM

• No texto “Por que olhar os animais” a não linguagem “separa” humano e animal:

– “Mas há sempre a falta de uma linguagem comum, seu silêncio, que garantem sua distância, sua diferença, sua exclusão do homem e em relação ao homem” (pg.13).

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NUDEZ

• No conto: – Nudez como metáfora da inocência da

infância;– Perda da nudez com a transformação em

mulher.

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NUDEZ

• Em Derrida: – A nudez é algo próprio do animal, que não

precisa de vestes.

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BIBLIOGRAFIA

• DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou

• BERGER, Jonh. Por que olhar os animais?