Teoria Da Imagem II Ensaio 1

15
Faculdade de Belas-Artes Interpretação Superbus Primeiro ensaio da cadeira de Teoria da Imagem II, da Licenciatura de Arte Multimédia Rúben Martins – nº 6071

description

ensaio 1

Transcript of Teoria Da Imagem II Ensaio 1

Faculdade de Belas-Artes

Interpretao Superbus

Primeiro ensaio da cadeira de Teoria da Imagem II, da Licenciatura de Arte Multimdia

Rben Martins n 6071

Professor docente: Vtor dos ReisLisboa, 1 de Maio de 2014

Interpretao Superbus

Primeiro ensaio da cadeira de Teoria da Imagem II, da Licenciatura de Arte Multimdia

Hybris

Rben Martins n 6071

Professor docente: Vtor dos ReisLisboa, 1 de Maio 2014

ndice

4. Introduo

5. Hybris Origem Tragdia Grega poca Moderna

6-8. Artista como Heri

Artista Hubristico

9. Psicanlise

Psicanlise na arte

10. Concluso

11. Referncias

Introduo

Neste primeiro ensaio pretendo visar o conceito e origem da Hybris de modo introdutria ao seguinte tema O artista como Heri.Neste capitulo irei abordar a relao do Heri Grego como artista de modo a relacionar o seu processo artstico com a Hybris. Para terminar encerro o ensaio com uma abordagem psicanlise de modo a entender e clarificar certos comportamentos humanos e artsticos em artistas e na arte em geral.

11

Hybris

OrigemA Hybris provm da Grcia Antiga que denota a indolncia e violncia. Em Atenas o termo mais utilizado era a arrogncia e violncia implcita para depreciar intencionalmente os outros. Durante o sc. VI a.C. durante o reinado do Rei Salomo a Hybris era considerada como um crime no qual se enquadrava acusaes como traio, violncia ou at violao sexual.

Tragdia GregaNas obras clssicas, a Hybris presente no Heris Gregos era a arrogncia extrema ao ponto de ofender mesmo os Deuses. Visto deste prisma, a arrogncia considerada como a Harmartia ou falta de carter que por sua vez se torna a causa da Nemesis que se abate sobre o personagem. O orgulho do Heri por vezes aumenta de tal modo que s possvel atravs do destino, uma punio digna de tal comportamento. A ao de caro que se aproxima demasiado, apesar da advertncia visto como um ato de arrogncia que por sua vez obteve uma devida retribuio.

poca ModernaO uso moderno de Hybris implica orgulho e excesso de confiana em um indivduo a quem falta o conceito de humildade bsica. A premissa bsica representado por uma pessoa exibindo o seu orgulho excessivo que se encontra cega pelos fatos que se depara, agindo assim, de uma forma que caminha contra o senso comum.A Hybris tambm considerada uma doena embora ainda no reconhecida pela cincia denominada: Hubris Syndrome. Esta encontra-se associada ao poder que se manifesta principalmente em indivduos que exercem cargos importantes na poltica, esse poder exercido durante um grande perodo de tempo tem efeitos secundrios aps o abandono do posto onde se encontravam.O artista como Heri

Heri, figura arquetpica, este rene em si mesmo os atributos necessrios para um determinado problema de dimenso pica. Normalmente o Heri sempre representado por uma figura guiada por nobres e altrustas, porm estes mesmos indivduos demonstram por vezes virtudes heroicas de natureza excessiva derivada de vaidade, orgulho e excesso de confiana.O mito do heri o mais comum e o mais conhecido em todo o mundo. Encontramo-lo na mitologia clssica da Grcia e de Roma, na Idade Mdia, no Extremo Oriente e entre as tribos primitivas contemporneas. () Ouvimos repetidamente a mesma histria do heri de nascimento notoriedade, sua luta triunfante contra as foras do mal, sua de sacrifcio heroico, onde sempre morre (HENDERSON, 2008, p.110)Este assume todo o resultado da sua batalha, tanto perda como proveito . O ato sempre acompanhado de sacrifcio e sofrimento, consistindo na extino do personagem em proveito de uma ao ou propsito. Ser Heri apesar de se assemelhar ao fardo de valorizar mais o prximo do que a si prprio, na verdade no final termina sempre por ser um ato de solipsismo.O artista por sua vez um interprete, este expressa os seus pensamentos, sentimentos e emoes para originar diversos gneros de linguagem. Ele proporciona uma exploso cerebral entre o criativo e o receptor. De maneira que no caso do Heri, o artista no tem rosto, ou seja no o protagonista. Este se sacrifica em nome de sua obra, que por sua vez o substitui mas transmite a sua mensagem, conceito e a sua interpretao do mundo e faz corresponder a sua linguagem.

Artista Hubristico

O Homem manifesta uma sensibilidade extrema, convulsiva, obcecada, irada e mudanas atrozes de humor, ele transporta consigo uma fonte permanente de delrio, acreditando na virtude de sacrifcios impiedosos, sacrificando inclusive a sua prpria carne, existindo em si uma Hybris, a desmesura dos gregos. A Hybris pode ser traduzida como um ato de violncia, impetuosidade, orgulho, e arrogncia, indicando o excesso, do homem honesto, da pureza, da busca de perfeio.O heri quando exerce um ato heroico no se encontra satisfeito. Salvar uma pessoa representa salvar a humanidade. Cometer o dito ato heroico traz uma efmera sensao de consolo interior que precisa ser saciada constantemente, apresentando-se como um vcio. J o artista para saciar esse vcio apenas pode exercer mais obras, porm esta fome nunca completamente extinguida pois uma obra feita a partir de conceitos e ideologias internas que por muitas vezes no so possveis transmitir aos espetadores.

A chave para o tipo criativo est em que ele fica separado do conjunto comum de significados compartilhados. Existe algo, em sua experincia de vida, que o faz entender o mundo como um problema; em consequncia, tem que entend-lo pessoalmente. Isso verdadeiro para todas as pessoas criativas, em maior ou menor grau, mas especialmente existncia tal como ele o entende no apenas a existncia do mundo exterior, mas especialmente a sua prpria existncia: quem ele como pessoa dolorosamente separada, sem coisa alguma partilhada em que se apoiar (BECKER, 1995 ,p.171)

O artista faz da sua criao um espelho, onde o Homem, aterrorizado ao confrontar o seu reflexo, tenta de um modo quase frentico tornar a sua obra perfeita sem qualquer falhas. A perfeio no existe logo este ir se sentir frustrado consigo mesmo e com o mundo que o rodeia, esta procura interminvel leva muitas vezes ao quebrar de barreiras impostas pela sociedade e at a ideolgicas pessoais. Deste modo o artista transforma-se num personagem narcisista a nvel artstico que apenas segue as suas prprias intenses afastando-se cada vez mais do que o rodeia.Na instalao realizada por Damien Hirst intitulada: In and Out of Love", o artista recria um ciclo de vida: a primeira sala apresenta telas monocromticas onde foram coladas borboletas mortas e uma mesa com cinzeiros cheios de beatas, fsforos e pastilhas elsticas. Na segunda sala apresenta telas brancas com crislidas, no interior das quais se desenvolvem borboletas. Os insectos adultos voam pelo espao e alimentam-se de frutas colocadas numa mesa central, como os cinzeiros da sala anterior.

fig.1 In and Out of Love, Damien Hirst, 1991, TATE

Hirst reconhecido por suas obras que evolvem morte e animais, porm neste seu trabalho consegue quebrar e revolucionar toda a sua obra, o facto de ser uma obra que composta por seres vivos e que o artista tem o controlo sobre os mesmos, reflete a excentricidade e imoralidade do mesmo. Hirst ao colocar as borboletas num determinado lugar e possuir o controlo das suas existncias, coloca-se a si prprio como uma figura divina, um deus, algum que capaz de dar e retirar vida a seu belo prazer. Este comportamento doentio e melanclico atingiu limites que no foram bem aceites pela sociedade em geral e por consequncia chegou a ser ameaado por diversas entidades de defesa dos animais, colocando a sua carreira como artista em risco.Mas a questo coloca-se: porque que o artista chega a este extremo? A resposta possivelmente s ser encontrada aps a uma psicanlise do mesmo para entender este comportamento de arrogncia e excentricidade.

PsicanlisePsicanlise na arteEstudiosos e artistas sempre tentaram conectar a psicologia e arte de modo a que a psicanlise fosse uma forma de interpretar e criar peas artsticas. A psicanlise representa uma forma moderna de olhar para o comportamento humano durante uma determinada poca.A prtica artstica e o seu consequente resultado, a obra de arte, todo o tipo de material pode servir de suporte para um artista expressar as particularidades das suas fantasias, ao transform-los num objecto artstico, isto , em uma composio com o poder de despertar o encanto e arrebatar a ateno de outras pessoas. principalmente na arte pictrica que revolucionada por mudanas sensacionais, que os pintores resolvem procurar em si mesmos, ou seja, em razes subjetivas, as leis que acreditam que passariam a orientar seu trabalho, e no mais considerar que os olhos se incumbissem desta funo.O experincia esttica fundamentalmente algo em constante destruio, ele manifesta a verdade em seu esplendor procurando a representao do belo. O belo o que mais se aproxima do campo de destruio que est no centro do desejo, pois o desejo preciso que se o diga no nada do que dele se nomeia. Ele muito mais o que se sustenta deste anteparo, desta tela para o real que a fantasia, e por isso que esta da mesma natureza que o belo. O belo no uma imagem, mas o afeto ligado fantasia que permite que toda obra de arte insulte prazer, satisfaes de desejos inconscientes, o trabalho artstico entendido como uma atividade de expresso sublimada de desejos proibidos. E o artista, nessa medida, concebido como um ser talentoso o bastante para transformar impulsos primitivos, sexuais e agressivos, em formas simblicas, isto , culturais. Como os sonhos e os jogos de linguagem, o trabalho artstico facilita a expresso, o reconhecimento e a elaborao de sentimentos contidos, tanto para os artistas quanto para os espectadores que, por sua vez, compartilham com os primeiros a mesma insatisfao com as renncias exigidas pela realidade e, por intermdio da obra, a experincia esttica. Aquilo que a psicanlise foi capaz de fazer consistiu em captar as relaes entre as impresses da vida do artista, as suas experincias pessoais e as suas obras e, a partir delas, reconstruir a sua constituio e os impulsos que se movem dentro de si mesmo.Concluso

Apesar de a Hybris ser um elemento principalmente presente na Tragdia Grega possvel encontrar indcios da mesma presente na arte, consequentemente no artista. O artista sendo um ser humano, detm capacidade de determinar as suas aes, porm estas encontram-se retratadas em vrios aspetos da psicanlise. O artista heroico que procura quebrar os limites e desse modo obter assim o belo consequentemente a obra perfeita apenas um individuo que se encontra em conflito em si prprio afastando-se do mundo que o rodeia. O ser humano um universo muito complexo que apenas compreendido atravs de ferramentas como a psicanlise ou os elementos da Tragdia Grega, todos eles se intersetam conseguindo assim ter uma percepo mais ampla do ser humano e o seu comportamento.

6Referncias

BECKER, Ernest.A negao da morte. Rio de Janeiro: Record,1995.

HENDERSON, Joseph L.; (2008), Os mitos antigos e o homem moderno

HENES, Gerhard; (2006), Hybris, AuthorHouse

GRANDE, Carlo; (1947), Hybris, colpa e castigo..., Napoli: R. Ricciardi

MORIN, Edgar; (2005), Introduo ao Pensamento Complexo, Eliane Lisboa - Porto Alegre: Ed. Sulina

STRACHEY, James; (1996), Sigmund Freud, edio standard brasileira das obras de sigmund Freud 24 V. RJ, Imago

RAPAPORT, David; (1982), A estrutura da teoria psicanaltica (Estudos n 75). SP, Perspectiva

URL disponvel em:

http://www.artnet.com/magazine/features/kuspit/kuspit7-23-02.asp, [consult. 2014.04.10]

http://www.oswego.edu/Documents/wac/Art%20History,%20Honorable%20Mention%203.pdf, [consult. 2014.04.10]

http://pt.wikipedia.org/wiki/Psican%C3%A1lise#Refer.C3.AAncias, [consult. 2014.04.10

http://www.uva.br/mestrado/dissertacoes_psicanalise/o_fazer_artistico_para_a_psicanalise_pdf.pdf, [consult. 2014.05.1]

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062013000100005, [consult. 2014.05.1]

http://sobrearteeeducacao.blogspot.pt/2012/11/resenha-cap-2-os-mitos-antigos-e-os.html, [consult. 2014.05.1]