Teoria das Inteligências Múltiplas

22
EXTERNATO MARISTA DE LISBOA INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Margarita Garcia Garcia EDELVIVES (TRADUZIDO E ADAPTADO)

Transcript of Teoria das Inteligências Múltiplas

Page 1: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA

INTELIGÊNCIAS

MÚLTIPLAS

Margarita Garcia Garcia

EDELVIVES

(TRADUZIDO E ADAPTADO)

Page 2: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 1

ÍNDICE

1. A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ......................................................................2

2. COMO TRABALHÁ-LAS EM AULA? .................................................................................6

3. QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ......................................8

4. A CAIXA DE FERRAMENTAS .......................................................................................... 13

5. A AVALIAÇÃO.............................................................................................................. 18

6. EM CONCLUSÃO.......................................................................................................... 21

Page 3: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 2

1. A TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

De acordo com a teoria das Inteligências múltiplas, todo o ser humano possui oito tipos de

inteligência. São estes que lhe permitem perceber o mundo, estando todas estas inteligências

presentes em todas as pessoas, ainda que nem todas as desenvolvam de maneira igual, uma

vez que o fator cultural e ambiental facilitará, ou não, o seu desenvolvimento.

Há que também ter em conta que estas inteligências ou habilidades cognitivas são

independentes, isto é, ter uma boa capacidade musical não significa necessariamente ter uma

boa capacidade matemática. Não obstante isso, as inteligências estão relacionadas entre si, e

ao treinarmos uma delas, podemos melhorar outras sem que disso tenhamos intenção, já que

a nossa prática terá sempre consequências sobre a estruturação do pensamento.

As oito inteligências, segundo Gardner, são as seguintes:

.

É a capacidade de utilizar as palavras e a linguagem para expressar os pensamentos de um

modo adequado, gerando uma comunicação eficaz tanto a nível verbal como escrito. Também

contempla o uso de palavras e a linguagem com sentido de humor, habilidade para a retórica,

a poesia, a literatura, a oratória…, assim como a facilidade de aprender idiomas. Dispõem

desta capacidade os advogados, líderes, escritores, jornalistas…

É a habilidade de utilizar adequadamente o raciocínio lógico, a capacidade de utilizar os

números de um modo correto, assim como a de manipular todas as estratégias, abstrações,

leis matemáticas e aritméticas. Supõe a sensibilidade aos raciocínios indutivo e dedutivo, à

resolução de problemas e aos procedimentos científicos. Esta inteligência está muito

desenvolvida em cientistas, investigadores, filósofos…

É a capacidade de entender as relações entre as espécies (animais e plantas), os objetos (meio)

e as pessoas. Implica um processo científico no entendimento do mundo natural. As

habilidades de identificar, observar, discriminar e classificar espécies ou elementos da

Inteligência linguístico-verbal

Inteligência lógico-matemática

Inteligência naturalista

Page 4: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 3

natureza configuram esta inteligência. Transcende o mero respeito pelo mundo natural,

valorizando-o e buscando novas formas de relacionamento. Dispõem desta inteligência

oceanólogos, biólogos, gemólogos, geólogos, botânicos, …

É a capacidade de gerar e processar informação em três dimensões para obter um modelo

mental do mundo. Esta habilidade percebe e gera relações entre imagens, cores, espaços,

figuras… pelo que as pessoas que desenvolveram esta inteligência são hábeis em visualizar e

interpretar representações gráficas ou organizadores visuais. Arquitetos, cirurgiões,

marinheiros, escultores, decoradores… têm esta inteligência bastante desenvolvida.

É a capacidade que permite a expressão e a perceção das distintas formas musicais. Nela

podemos destacar a habilidade de tocar um instrumento musical, reproduzir uma peça,

compor melodias, distinguir diferentes sons musicais, a facilidade para discriminar os

diferentes tons, timbres e ritmos, e o talento para comunicar emoções com a linguagem

musical. É, em definitivo, uma sensibilidade para os sons. Dispõem desta inteligência os

músicos, cantores, compositores, bailarinos…

É a capacidade que permite que o corpo e a mente funcionem de um modo integrado, para

expressar ideias e sentimentos, comunicar pensamentos e gerar atividades com o próprio

corpo. O seu desenvolvimento vai deste o controlo postural até a um alto grau de

especialização física. Esta capacidade está presente em bailarinos, joalheiros, mecânicos,

artesãos, atores, desportistas.

É a capacidade de conhecer-se a si mesmo, de identificar, discriminar e expressar as diferentes

emoções e sentimentos, e de regular a própria conduta em função dessa valorização

emocional. Implica a habilidade de reconhecer as próprias metas, aspirações, crenças,

Inteligência visual-espacial

Inteligência musical

Inteligência cinestésica-corporal

Inteligência intrapessoal

Page 5: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 4

convicções, pensamentos. Este autoconhecimento requer que se conheçam potencialidades e

debilidades. Esta inteligência está especialmente desenvolvida em pensadores, pessoas

consagradas à vida religiosa…

É a habilidade de estabelecer relações adequadamente com os demais, compreender as suas

diferentes opiniões, estados de ânimo, desejos… e de adquirir papéis nos diferentes grupos

sociais, ainda que não só tenha a ver com a facilidade de estabelecer relações, mas também

com saber mantê-las ao longo do tempo, isto é, as pessoas que potencializaram esta

inteligência têm habilidades sociais eficazes como a empatia, a capacidade de negociação ou a

escuta ativa. Dispõem desta inteligência os políticos, os terapeutas, os comerciais…

Chegados a este ponto deveríamos perguntar onde está a inteligência emocional? Pois bem, a

teoria da inteligência emocional, iniciada por Leuner (1966) e posteriormente objeto de

investigação e desenvolvimento por Daniel Goleman (1995), é a conceção global da

inteligência intrapessoal e a inteligência interpessoal. Não estamos, portanto, a falar de teorias

paralelas ou contrapostas, mas de uma complementaridade e coerência das investigações

atuais acerca da neurociência e da inteligência. O alcance das habilidades que configuram a

inteligência emocional é tão intenso e transcendente que deve ser concebida desde a

inteligência intrapessoal e a inteligência interpessoal. Ambas possuem identidade e sentido

por si mesmas, configurando a inteligência emocional.

É necessário assinalar que, atualmente, existem linhas de investigação acerca da existência de

outras inteligências.

Desde o ponto de vista pedagógico, as repercussões desta teoria são muito significativas, já

que a transformação na concetualização da inteligência supõe também uma mudança na

prática docente que gera inovações a todos os níveis /relação estudante -docente, recursos,

atividades, procedimentos…)

Sem dúvida, a pergunta que gera toda esta reflexão não deveria ser relativa ao que deve

corrigir-se no marco atual da educação para poder mudar a prática docente, mas antes à

mudança que deve produzir-se na prática docente para dar resposta a este novo paradigma

pedagógico. Isto supõe que nós, educadores e professores, nos questionemos e reflitamos

acerca da pedagogia e da metodologia empregada atualmente, designadamente se funciona,

se deveria ser melhorada, até onde queremos caminhar e qua formação nos faz falta para

chegar onde pretendemos.

Talvez como resultado desta reflexão sintam os profissionais da educação a necessidade

profunda de que o sistema educativo se transforme, exatamente como os líderes empresariais

e todos os que pretendem que a gente jovem desenvolva destrezas não conte mpladas pelo

atual sistema de ensino, de modo a que venhamos a reduzir o abismo entre a realidade da aula

e a realidade social.

Inteligência interpessoal

Page 6: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 5

Confrontamo-nos com uma sociedade onde as crianças e os jovens reclamam novas respostas,

pois são fruto da sociedade do conhecimento e da informação 2.0, que deu lugar a novas

linguagens e a novos comportamentos, já que alterou por completo a sociedade que proveio

da industrialização. Os nossos alunos reclamam uma educação onde sejam os estudantes os

autênticos protagonistas da sua aprendizagem e onde os professores sejam os orientadores

que apoiem os caminhos que percorram. Pedem uma educação em que sejam agentes ativos,

atores principais dos seus processos, ainda que por vezes não o saibam transmitir. O docente é

um líder educativo que anima, guia, interpela e o estudante desenvolve, pensa, crê, transfere.

Por isso, devem as nossas aulas reconverterem-se (se queremos dar resposta proativa a esta

geração) em autênticos laboratórios de experiências educativas, cujo húmus seja esse

exercício constante de aprender a aprender como atitude frente à vida e frente a esta

sociedade nova que está emergindo, e que dentro de muito pouco substituirá a do 2.0. Esta

habilidade de aprender capacita-nos para estar num constante processo de crescimento

pessoal, em que a metacognição seja protagonista na aprendizagem em cada um dos nossos

alunos

Ora bem, esta transformação necessita de novos espaços em que desenhemos junto dos

nossos alunos, áreas de aprendizagem originadas neles mesmos, em que unicamente os

elementos linguísticos e lógico-matemáticos não centrem os esforços da programação e

condicionem a metodologia e a evolução, já que a nossa sociedade não quer produtos mas

processos.

Sustenta Gardner, o que é reiterado por Robinson, que o nosso sistema educativo unicamente

contempla a inteligência linguística e a lógico-matemática, ficando as restantes relegadas para

outra categoria, como se fossem menos importantes ou fossem menos relevantes para o

desenvolvimento integral da pessoa. Ao contrário, e como vimos, temos oito maneiras de

perceber o mundo, devendo, por isso, a aprendizagem gerar uma autonomia real nos nossos

jovens: autonomia no raciocínio para que sejam eles mesmos os geradores de problemas

(evidentemente, problemas reais e coerentes) , e para que sejam capazes de formulá-los,

expressá-los, pensá-los, antecipá-los e, finalmente, redesenhá-los, até encontrar, não a

solução, mas as diferentes possibilidades para a sua resolução. Para isso, é necessário que em

todas e cada uma das intervenções educativas marquemos caminhos que lhes permitam

aprender a localizar e relacionar a informação e transformá-la em conhecimento ótimo; que

lhes proporcionemos espaços onde aprendam a pensar de forma interdisciplinar e integradora

para poder perceber as diversas dimensões dos problemas: aulas onde se respire o trabalho

cooperativo, já que sozinhas não podem alcançar a excelência total. Lugares onde a

curiosidade seja a linha que marque as diferentes ações educativas e que os incite a atividades

concretas e pertinentes que, além disso, ajudem a melhorarem o mundo em que vivem.

Esta difícil tarefa deve iniciar-se desde os primeiros anos de vida, porque, precisamente,

sabemos que não estamos definidos nem predestinados: somos educáveis cognitiva,

emocional, social e moralmente, inclusivamente suscetíveis neurologicamente (Amstrong,

2102). Os cientistas demonstraram que a plasticidade cerebral dos 0 aos 6 anos é um facto

irrefutável: esta plasticidade condiciona inclusivamente o desenvolvimento cognitivo da

pessoa. Acentuar-se-á, portanto, a responsabilidade que possuímos como educadores e, muito

Page 7: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 6

especialmente, no período da primeira infância, já que geraremos as estruturas cerebrais mais

significativas para as aprendizagens posteriores.

Ao aceitarmos que não existe una única inteligência, muda obrigatoriamente o sentido da

aprendizagem e, portanto, o da avaliação. Toda a pessoa dispõe de capacidade em todas as

inteligências e esta capacidade pode desenvolver-se até alcançar um nível de competência

razoável em cada uma delas.

Estamos preparados para levar a cabo sessões de aprendizagem baseadas nas Inteligências

múltiplas? Não nos referimos às programações, mas aos nossos recursos tanto pessoais como

docentes. Sabemos quais são as nossas próprias inteligências? Como podemos saber quais são

os pontos fortes dos nossos alunos se desconhecemos os nossos? Se os alunos são diferentes,

também o são os educadores e cada um de nós transmite e educa com esses pontos fortes que

nos caracterizam. Se o educador distingue a natureza das suas inteligências, poderá identificar

os pontos fortes e fracos ao desenvolver a sua prática docente.

2. COMO TRABALHÁ-LAS EM AULA?

Para dar resposta a esta pergunta, vamo-nos fixar em vários pontos: objetivos, inteligências

múltiplas versus competências básicas; questionários de avaliação de inteligências múltiplas,

ferramentas com as que contamos e novos modelos de avaliação.

Os alunos aprendem de formas diferentes porque percebem de maneira distinta o mundo que

os rodeia.

Referimos que as pessoas possuem capacidades distintas, com potencialidades que lhes

permitem processar a informação de um modo significativo para cada uma delas; portanto, a

educação deveria ser personalizada, atendendo à heterogeneidade do grupo e entendida

como fonte de riqueza e complementaridade.

A educação personalizada implica, portanto, uma quantidade bastante heterogénea de

atividades, estratégias e desempenhos que dão resposta às necessidades de cada um dos

estudantes, alheando-se de um currículo homogéneo e rígido.

Ao aceitar que todos somos diferentes e aprendemos de distintos modos, é óbvio que a

inclusão é a maneira em que se trabalha a diversidade, transcendendo a tradicional exclusão

ou integração escolar.

Ao referirmos a inclusão e de inovação pedagógica mais não fazemos do que falar das duas

faces da mesma moeda que nos conduzem a uma reflexão e revisão constante de nossas

práticas educativas para garantir a coerência de nossa conceção pedagógica. A inclusão,

portanto, não é uma maneira de atender os alunos com dificuldades, mas a opção para

garantir o melhor desenvolvimento das inquietações e interesses de todos os nossos alunos e

fortalecer as suas precaridades e dificuldades. Portanto, a diversidade e a inclusão devem

Page 8: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 7

articular o eixo vertical e transversal sobre o que se constituem as práticas educativas, os

planos e os programas da escola, convertendo-se numa conceção não só pedagógica da pessoa

mas também social (laboral, cultural, familiar…).

A escola como instituição social deve ser uma comunidade educativa de todos e para todos,

com uma atitude de abertura e de acolhimento.

Melhorar a convivência em sala de aula

O centro educativo é um cenário multicultural, no qual convivem diferentes realidades,

culturas e religiões e em que se geram conflitos que muitas vezes se originam no

desconhecimento real dos alunos.

Se atendermos às diferenças, aproximamo-nos do conhecimento da realidade de nossos

alunos, facilitando processos de mediação e de negociação, caracterizados por

comportamentos empáticos, resolvendo-se eventuais conflitos de um modo maduro, isto é,

baseado no respeito mútuo e nos direitos de todos.

Gerar novos espaços de trabalho na sala de aula onde caibam novas

metodologias

Ao gerarmos novos espaços e ao utilizarmos diferentes metodologias, fazemos com que os

papéis dos alunos e do professor adquiram uma significação diferente.

Neste novo ambiente, desenvolvem-se no sujeito que aprende habilidades cognitivas que

transcendem os conteúdos e os resultados: o estudante é um agente ativo do processo de

ensino-aprendizagem que tem a capacidade de pensar por si mesmo com critério, sendo o

docente o agente fundamental deste processo: é um guia, um mentor que facilita esta

descoberta.

Os modelos de ensino-aprendizagem são modelos em que os alunos aprendem de um modo

participativo, deixando-se, pois, de conceber o estudante como um recipiente vazio que há

que encher. Esta autonomia na aprendizagem permite também um maior autoconhecimento

por parte do estudante, não devendo este novo paradigma, ao contrario do tradicional,

centrar-se nos erros que o estudante comete, mas nos seus pontos fortes, valorizando as suas

potencialidades e sucessos para maximizar o processo de aprendizagem.

A aprendizagem cooperativa constitui uma metodologia muito adequada para trabalhar as

inteligências múltiplas, já que para além de contemplar todos os elementos assinalados e

Page 9: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 8

valorizados nesta perspetiva pedagógica, oferece oportunidades de desenvolvimento

emocional de modo rigoroso e regulamentado.

Este paradigma defende a aprendizagem mediante atividades da vida real, não através de

memorizações carentes de compreensão e generalização na realidade dos alunos; portanto,

pugna-se por uma aprendizagem significativa que requeira uma metodologia experimental e

vivencial.

Estas metodologias devem transmitir a cultura do centro, isto é, entendemos a escola como

um sistema dinâmico, flexível e recetivo à mudança e à realidade social, onde a vida real

conflui com as aprendizagens, pelo que a nossa maneira de trabalhar deva responder às

necessidades reais dos alunos.

3. QUESTIONÁRIOS DE AVALIAÇÃO DE INTELIGÊNCIAS

MÚLTIPLAS

Tal como foi referido anteriormente, é necessário reconhecer as potencialidades dos nossos

alunos para poder desenvolver as inteligências múltiplas como um meio de aprendizagem.

Esta necessidade supõe que, para detetar quais são os seus pontos fortes e fracos, devemos

em primeiro lugar saber quais são as inteligências mais desenvolvidas que nós, enquanto

educadores, possuímos, já que isso condicionará o nosso modo de programar as aulas.

Para conhecer este grau de desenvolvimento, podemos utilizar vários questionários. O que

aqui propomos é uma versão do elaborado por Thomas Amstrong (Amstrong, 2006).

Para realizar o teste, temos que pontuar de 0 a 3 segundo nos identifiquemos com cada

afirmação, tendo em conta que esta identificação tem que ter como preocupação a maior

aproximação possível ao que realmente somos e não o que gostaríamos de ser.

Façamo-lo segundo a seguinte escala:

Uma vez atribuída a respetiva classificação a cada afirmação, somaremos o total e dividiremos

por 10 para conhecer a pontuação de cada inteligência e conhecer assim qual delas temos

mais desenvolvida e, portanto, quais são os nosso pontos fortes e quais são os que devemos

melhorar.

0 = Nunca 1 = Às vezes 2 = Quase nunca 3 = Sempre

Page 10: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 9

Inteligência linguístico-verbal Pontuação Os livros são muito importantes para mim.

Oiço as palavras na minha cabeça antes de ler, falar ou escrever. São para mim mais eficazes a rádio ou uma gravação do que a televisão ou os filmes.

Gosto de jogos de palavras como o Scrabble, Anagramas ou Password. Gosto de me entreter ou entreter os outros com trava-línguas, rimas absurdas ou jogos de palavras.

Em algumas situações, as pessoas pedem-me que lhes explique o significado das palavras que utilizo.

Na escola assimilo melhor a Língua e Literatura, as Ciências Sociais e a História que a Matemática e as Ciências Naturais.

Aprender a falar ou a ler outra língua (inglês, francês…) é -me relativamente simples.

A minha conversação inclui referências a dados que li ou escutei.

Recentemente escrevi algo de que estou particularmente orgulhoso/a ou que me trouxe o reconhecimento dos outros.

Inteligência lógico-matemática Pontuação Sou capaz de calcular operações mentalmente sem esforço

A Matemática ou as Ciências Naturais figuram entre as minhas disciplinas favoritas.

Gosto de jogos ou adivinhas que requeiram um pensamento lógico

Gosto de realizar experiências do tipo “ Que aconteceria se…?” A minha mente busca padrões, regularidades ou sequências lógicas nas coisas.

Os progressos científicos interessam-me Creio que quase tudo tem uma explicação racional.

Em algumas situações penso em conceitos claros, abstratos, sem palavras nem imagens.

Gosto de detetar defeitos lógicos nas coisas que as pessoas dizem e fazem.

Sinto-me mais confortável quando as coisas estão medidas, categorizadas, analisadas ou quantificadas de algum modo.

Page 11: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 10

Inteligência naturalista Pontuação Gosto de fazer excursões, de fazer caminhadas ou simplesmente, passear em plena natureza.

Pertenço a uma associação de voluntários relacionada com a natureza e tento ajudar no combate à destruição do planeta.

Gosto muito de ter animais em casa. Tenho uma prática relacionada de algum modo com a natureza (por exemplo, a observação de aves).

Assisti a cursos relacionados com a natureza. Agrada-me descrever as diferenças entre os distintos tipos de árvores, cães, pássaros ou outras espécies de flora ou fauna.

Gosto de ler livros ou revistas, ou ver programas de televisão ou películas em que a natureza está presente.

Quando estou de férias, prefiro os ambientes naturais (parques, campings, caminhadas) aos hotéis/complexos turísticos e aos destinos urbanos ou culturais.

Agrada-me visitar zoos, aquários e outros lugares onde se estude o mundo natural.

Tenho um jardim e gosto de cuidá-lo.

Inteligência visual-espacial Pontuação Quando fecho os olhos percebo imagens visuais claras. Sou sensível à cor.

Habitualmente utilizo uma máquina fotográfica ou uma câmara de vídeo para captar o que vejo à minha volta.

Gosto muito de quebra-cabeças, labirintos e outros jogos visuais.

À noite tenho sonhos muito intensos. Em geral, sou capaz de me orientar num lugar desconhecido.

Gosto de desenhar ou rabiscar. O que gosto mais na Matemática é a geometria.

Posso imaginar sem nenhum esforço o aspeto que as coisas teriam vistas de cima.

Prefiro o material de leitura com muitas ilustrações.

Page 12: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 11

Inteligência cinestésico-corporal Pontuação Pratico pelo menos um desporto ou algum tipo de atividade física de forma regular.

Custa-me permanecer quieto durante muito tempo. Gosto de trabalhar com as mãos em atividades concretas como coser, tecer, talhar, trabalhar em carpintaria, ou construção de maquetas.

Em geral, as melhores ideias ocorrem-me quando estou passeando ou correndo, ou enquanto realizo alguma atividade física.

Gosto de passar os meus períodos de ócio ao ar livre.

Costumo gesticular muito ou utilizar outras formas de linguagem corporal quando falo com alguém.

Necessito tocar nas coisas para saber mais sobre elas.

Gosto das atrações fortes e as experiências físicas emocionantes.

Creio que sou uma pessoa com uma boa coordenação. Não me basta ler informação ou ver um vídeo sobre uma nova atividade: necessito de praticá-la.

Inteligência musical Pontuação Tenho uma voz agradável. Percebo quando uma nota musical está desafinada.

Estou sempre a ouvir música. Toco um instrumento musical.

Sem a música, a minha vida seria mais triste.

Em algumas ocasiões, quando vou pela rua, surpreendo-me cantando mentalmente a música de um anúncio de televisão ou alguma outra melodia.

Posso seguir facilmente o ritmo e um tema musical com um instrumento de percussão.

Conheço as melodias de numerosas canções ou peças musicais.

Basta que escute uma seleção musical uma ou duas vezes, já sou capaz de reproduzi-la com bastante acerto.

Costumo reproduzir sons rítmicos com pequenas pancadas ou a cantar melodias enquanto estou a trabalhar, a estudar ou aprendendo algo novo.

Page 13: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 12

Inteligência intrapessoal Pontuação Habitualmente dedico tempo a meditar, refletir ou pensar em questões importantes da vida.

Assisti a sessões de assessoria ou seminários de crescimento pessoal para aprender a conhecer-me mais.

Sou capaz de enfrentar os contratempos com força moral.

Tenho uma inclinação especial ou uma atividade que guardo para mim.

Tenho alguns objetivos vitais importantes em que penso de forma habitual. Mantenho uma visão realista dos meus pontos fortes e fracos (confirmados mediante o contraste com outras fontes).

Preferiria passar um fim de semana só numa cabana, no bosque, que num lugar turístico de luxo cheio de gente.

Considero-me uma pessoa com muita força de vontade ou independente.

Escrevo um diário pessoal em que recolho pensamentos relacionados com a minha vida interior.

Quando for maior, gostaria de ter o meu próprio negócio.

Inteligência interpessoal Pontuação Sou do tipo de pessoas a quem os outros pedem opinião e conselho. Prefiro os desportos de equipa aos deportos solitários.

Quando tenho um problema, tento buscar a ajuda de outra pessoa em vez de tentar resolver por mim mesmo.

Tenho, pelo menos, três amigos íntimos. Gosto mais dos jogos socias, como o Monopoly ou as cartas, do que dos jogos individuais, como os videojogos.

Gosto muito de ensinar a uma pessoa ou a grupo de pessoas algo que sei fazer. Considero-me um líder (os outros dizem-me que o sou).

Sinto-me bem numa multidão. Gosto de participar em atividades sociais relacionadas co o meu trabalho, com a paróquia ou com a comunidade.

Prefiro passar uma tarde numa festa animada do que sozinho em casa.

Page 14: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 13

4. A CAIXA DE FERRAMENTAS

Ora bem, uma vez realizados os questionários e conhecidas as inteligências dos nossos alunos

e as nossas, como deveremos transmitir os conteúdos, tendo em conta que devemos

desenvolver também as inteligências?

Tudo o que foi exposto até aqui supõe que não podemos programar só atividades que

atendam à inteligência linguístico-verbal e à lógico-matemática, como se tem feito, mas que

devemos contemplar toda a variedade de estilos de aprendizagem para chegar a essas metas,

e para isso falaremos de desempenhos. Os desempenhos permitem-nos alcançar os objetivos

a que nos tínhamos proposto, pelo que deveremos definir o que queremos que compreendam

os nossos alunos e como pretendemos gerar a compreensão dessas aprendizagens. E isto

supõe programar para lé do verbal linguístico e do lógico-matemático, ou seja, contemplando

as oito inteligências.

Como poderemos fazer isto?

Imaginemos que queremos que os alunos aprendam o aparelho digestivo. Para idealizar

desempenhos que envolvam todas as inteligências, faremos uma paleta de inteligências

múltiplas e escreveremos ao lado de cada uma delas um desempenho, tal como se mostra no

seguinte gráfico.

Page 15: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 14

Aparelho

Digestivo

Cinestésico-corporal Representa, com uma

dramatização, o processo do aparelho digestivo, de maneira que cada aluno represente

um órgão.

Visual-espacial Cria uma colagem de

imagens de alimentos com alto valor calórico e explica que queres transmitir

com o teu trabalho. Naturalista Observa a natureza, escolhe um animal e explica as semelhanças e as

diferenças que existem entre a sua alimentação e a tua.

Musical Compõe uma canção que trate do processo da digestão e dos

órgãos que intervêm nela.

Lógico-matemática Calcula o número de calorías que ingeriste ao longo do dia de ontem

.

Intrapessoal Reflete sobre como gostarias de a preservar a saúde

dos órgãos do aparelho digestivo e elabora uma lista com cinco hábitos

saudáveis.

Interpessoal Pesquisa acerca de uma

personalidade que tenha contribuído para o conhecimento do aparelho digestivo

E redige uma entrevista com perguntas sobre a sua descoberta.

Linguístico-verbal Imagina que és uma

maçã e que uma criança te come. Descreve a fascinante viagem pelo interior do

seu corpo.

Page 16: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 15

Linguístico-Verbal Lógico-matemática

1. Escrita criativa: escrever textos originais sem limites. 2. Falar de maneira formal: realizar apresentações orais perante os outros; 3. Humor-piadas: criar jogos de palavras, pareados humorísticos, piadas sobre temas académicos... 4. Improvisações: falar de forma improvisada sobre um tema escolhido ao acaso. 5. Diário-agenda: recolher e anotar todos os pensamentos, ideias… 6. Poesia: criar uma poesia própria e apreciar as dos outros 7. Leitura: estudar matérias escritos sobre um conceito, ideia ou processo. 8. Criar-narrar histórias: inventar e contar histórias sobre um tema. 9. Debate verbal: apresentar um tema desde ambas as perspetivas de um modo convincente. 10. Vocabulário: aprender novas palavras e aplicá-las numa comunicação.

1. Símbolos abstratos-fórmulas: designar esquemas de anotação esquemática (fórmula) para um processo ou conteúdo temático. 2. Cálculo: empregar passos específicos, operações, processos, fórmulas e equações para resolver problemas. 3. Decifrar códigos: compreender e comunicar com linguagem de símbolos. 4. Forçar relações: criar conexões significativas entre ideias incoerentes. 5. Organizadores gráficos cognitivos: trabalhar com redes, diagramas de Venn, matrizes, escalas, mapas concetuais… 6. Jogos de lógica-padrões: criar puzzles que contenham um desafio para encontrar um padrão escondido. 7. Sequências / padres numéricos: investigar factos numéricos e analisar estatísticas sobre um tema. 8. Esquemas: explicar un tema de forma lógica ponto por ponto. 9. Resolução de problemas: procurar os procedimentos apropriados para situações que implicam resolução de problemas. 10. Silogismos: criar hipóteses e deduções lógicas sobre um tópico (se…então…)

Page 17: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 16

Naturalista Visual-espacial

1. Padrões arquetípicos: descobrir as repetições, padrões estandardizados e desenhos da natureza em todo o universo. 2.Cuidar de plantas e animais: realizar projetos que incluam o cuidado, tratamento de animais, insetos, plantas ou outros organismos. 3. Práticas de conservação: participar em projetos de cuidado e de preservação do meio ambiente. 4. Reações do meio-ambiente: compreender e adaptar-se ao meio e a suas reações naturais. 5. Laboratórios naturais: criar experiências ou atividades nos quais se empreguem objetos do mundo natural. 6. Trabalhos de campo: ir fora para poder experimentar com a natureza à aula através de vídeos, animais, plantas… 7. Observação da natureza: participar em atividades de observação como, por exemplo, atividades geológicas, explorações, diários de natureza… 8. Simulações do mundo natural: recriar ou representar a natureza com formas (dioramas, montagens, fotografias, desenhos…) 9. Classificação das espécies: trabalhar com matrizes de classificação para compreender as características dos objetos naturais. 10. Estimulação sensorial: expor os sentidos aos sons da natureza, odores, gostos, texturas e coisas visíveis.

1. Imaginação activa: encontrar ligações entre desenhos visuais e experiências (ou conhecimentos) já vividos. 2. Esquemas de cor-textura: associar cores e texturas com conceitos, ideias ou processos. Desenhar: criar gráficos representativos de conceitos, ideias ou processos que estejam a estudar (diagramas de fluxo, ilustrações… 4. Visualização guiada: criar imagens mentais de um conceito, ideia ou processo (personalidades históricas, processos científicos…). 5. Mapas mentais: criar mapas Concetuais com a informação 6. Collage: desenhar uma coleção de imagens para mostrar diferentes aspetos ou dimensões de una ideia, conceito ou processo. 7. Pintar: utilizar pinturas ou marcadores de cor para expressar a compreensão de ideias, conceitos ou processos. 8. Esquemas de desenhos: criar padres abstratos para representar relações entre diferentes conceitos, ideias ou processos. 9. Simular-fantasiar: criar cenários divertidos na mente tendo como base uma informação ou uns dados. 10. Esculpir: criar modelos de barro para demonstrar a compreensão de conceitos, ideias ou processos.

Page 18: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 17

Musical Cinestésico-corporal

1. Sons do meio-ambiente: empregar os sons ambientes que estejam relacionados com um objeto, conceito ou processo anteriormente estudado. 2. Sons instrumentais: utilizar instrumentos musicais que produzam sons para uma lição (por exemplo, acompanhamento) 3. Composição musical: compor e criar música para a compreensão de um conceito, ideia ou processo. 4. Atuação musical: criar apresentações ou informações em que a música e o ritmo tenham um papel importante. 5. Vibrações-percussão: empregar vibrações ou ritmos para comunicar um conceito, ideia ou processo para outros e para si mesmo. 6. Rap: utilizar raps para facilitar a comunicação ou para recordar certos conceitos, ideias ou processos. 7.Padrões rítmicos: produzir ritmos e tempos para demonstrar os diferentes aspetos de um conceito, ideia ou processo. 8. Cantar – cantarolar: criar canções sobre um tema académico ou buscar canções para completar um tema. 9. Esquemas tonais: os temas associados a um tom. 10. Sons ou tons vocais: produzir sons com as cordas vocais para ilustrar um conceito, ideia ou processo.

1. Linguagem corporal: representar o significado com o corpo. Interpretações ou composições de uma ideia com movimento físico. 2. Escultura corporal / tabela: ordenar (como uma escultura) um grupo de pessoas para expressar uma ideia, conceito ou processo. 3. Representação dramática: criar um minidrama que mostre a relação dinâmica entre diferentes conceito, ideias ou processos. 4. Folk-dança criativa: criar a coreografia de um baile que demonstre a compreensão de um conceito, ideia ou processo. 5. Rotinas gímnicas: desenhar um fluxo orquestrado de movimentos físicos que incorpore relações com um tema. .6. Gráfico humano: traçar uma linha contínua e dispor num lado o que estão de acordo com um tema e do outro os que não, para expressar a compreensão de um conceito. 7. Inventar: fabricar algo que demonstre um conceito, ideia ou processo (um modelo para demonstrar como funciona algo…) 8. Exercício físico: criar rotinas físicas que outros realizam para aprender conceitos, ideias ou processos. 9. Jogo de papéis-mimo: representar um jogo de papéis para expressar a compreensão de uma ideia, conceito ou processo. 10. Jogos desportivos: criar jogos de competição ou concursos baseados no conhecimento específico de um conceito, ideia ou processo.

Page 19: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 18

Intrapessoal Interpessoal

1. Estados alterados de consciência: aprender a mudar o próprio humor ou estado anímico para chegar a um estado ótimo. 2. Processamento emocional: reconhecer as dimensões afetivas sobre algo que se estude. 3. Habilidades de concentração: aprender a habilidade de concentrar a mente numa ideia ou tarefa. 4. Raciocínio de ordem superior: progredir da memorização à síntese, integração e aplicação. 5. Projetos independentes: trabalhar só para exprimir sentimentos e pensamentos sobre um tema. 6. Autoconhecimento: encontrar as implicações e aplicações pessoais dos temas aprendidos na aula para a vida pessoal de cada um. 7. Técnicas de metacognição: refletir sobre o próprio pensamento. 8. Práticas de consciência: prestar atenção à experiência própria da vida. 9. Métodos de reflexão silenciosa: trabalhar com instrumentos de reflexão como diários de pensamentos, diários pessoais. 10 Estratégias de pensamento: aprender que técnicas de pensamento utilizar para realizar cada uma das tarefas.

1. Habilidades de colaboração: reconhecer e aprender habilidades sociais para iniciar uma relação afetiva entre duas pessoas. 2. Aprendizagem cooperativa: realizar trabalho em equipa estruturado para as diferentes aprendizagens académicas. 3. Práticas de empatia: expressar a compreensão desde o ponto de vista ou experiências pessoais de outra pessoa.. 4. Oferecer feedback: dar uma resposta honesta à atuação ou opinião de alguém. 5. Projetos de grupo: investigar um tema Com outros, trabalhando em equipas. 6. Intuir sentimentos do outro: adivinhar o que está a sentir ou experimentar outra pessoa numa situação determinada. 7. Quebra-cabeças: dividir a aprendizagem de um tema em diferentes partes de maneira que os alunos possam aprender uns com os outros. 8. Comunicação pessoa-pessoa: entender como as pessoas se relacionam e como se poderia melhorar essa relação. 9. Receber feedback de outro: aceitar a relação, opinião… de outra pessoa sobre o que o grupo está a fazer. 10. Motivações dos outros: explorar um tema para descobrir porque é que os outros atuaram de um determinado modo.

5. A AVALIAÇÃO

A forma de perceber o processo de avaliação tem vindo progressivamente a evoluir e a

afastar-se da conceção que utilizava os exames ou provas escritas como único recurso. Não

obstante isso, é inegável que continuam a ter um papel fulcral em todo o processo de

avaliação.

Page 20: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 19

Ora, o que é verdade é que não seria de todo coerente, sob o ponto de vista pedagógico,

impor modificações procedimentais, metodológicas, atitudinais, etc., e não variar a forma de

avaliação. Nesse sentido, deveremos falar da necessidade de gerar uma nova cultura

avaliativa, onde o respetivo sistema adotado deva dar reposta à multiplicidade e diversidade

cognitiva, oferecendo espaços em que todos os alunos possuem as mesmas possibilidade s de

demonstrar o que sabem e o que aprenderam.

Tratar-se-á de um processo e que, portanto, não deve iniciar-se no términus das

aprendizagens, mas que deve começar no mesmo momento em que se iniciam. O estudante

deve consciencializar-se do que é que já conhece, do que é que gostaria de saber e, ao finalizar

o processo de ensino-aprendizagem, questionar-se sobre o que sabe e que antes não sabia.

Tudo isto requer, como é óbvio, uma evolução constante e contínua.

Esta nova cultura de avaliação parte, como eixo fundamental, da valorização do processo de

aprendizagem do estudante. A ênfase não recai numa quantificação dos resultados obtidos

como medida dos conteúdos aprendidos, mas, ao contrário, naquilo que é realmente

significativo. Nesse sentido, deverá constituir-se como o centro da avaliação o própria

processo de aprendizagem que o aluno leva a cabo. Por isso, e em convergência com a teoria

das inteligências múltiplas, é fundamental uma educação personalizada e uma avaliação tanto

qualitativa como quantitativa.

Por outro lado, deverão produzir-se mudanças não só em como se avalia mas em quem avalia.

Tradicionalmente, o peso da avaliação recaiu na sua totalidade no docente, que, através dos

exames e demais provas quantitativas, gerava a avaliação final do estudante. Dado que os

papéis do docente e do estudante mudaram, também mudam as suas funções, de modo que o

estudante começa a converter-se em agente ativo desta avaliação.

É fundamental gerar espaços e recursos em que os alunos possam valorizar o seu próprio

processo de aprendizagem (autoavaliação), e inclusivamente podem envolver-se na avaliação

dos seus colegas (coavaliação). Neste sentido podemos assinalar, entre outros, a importância

do portefólio do estudante, das rubricas, e das produções e apresentações feitas pelo

estudante.

O portefólio é um documento pessoal reconhecido pelo Organismo Autónomo de

Programas Educativos Europeus (OAPEE). Consiste num registo de experiências de

aprendizagem dos alunos e de suas vivências com outras culturas, que inicialmente se

utilizava nas áreas de língua e línguas estrangeiras.

O portefólio recolhe todos os êxitos que o estudante alcança desde o início do

processo de ensino-aprendizagem, mas também as aprendizagens prévias que possui,

entendendo por êxitos não só os conteúdos, mas também os esforços pessoais,

iniciativas, hábitos, reflexões, etc.. Dado que é uma avaliação contínua, leva

informação sobre o processo que levou a cabo o aluno ao longo da aprendizagem.

Page 21: Teoria das Inteligências Múltiplas

EXTERNATO MARISTA DE LISBOA Página 20

Outro instrumento de avaliação que é muito eficaz e consistente para valorizar

as competências e inteligências múltiplas é as rubricas. Trata-se de um

instrumento de avaliação baseado numa escala qualitativa e/ou quantitativa

associada a uns critérios preestabelecidos que medem as ações do estudante

sobre o nível de desempenho ou das tarefas sobre as que será avaliado. Este

sistema permite que tanto os professores como os alunos possam avaliar por

igual, e gera um marco de reflexão, autoavaliação e onde se inclui o trabalho a

pares. As rubricas constituem uma ferramenta imprescindível para avaliar de

um modo quantitativo aspetos de natureza mais qualitativa, pelo que

permitem objetivar tanto as aprendizagens como o processo. Na rubrica

divide-se por níveis, mediante a definição de critérios intermédios, o grau de

aquisição dos objetivos finais que se devem alcançar.

Tal e como se expôs anteriormente, a inovação pedagógica aprofunda-se no processo

metacognitivo do estudante, e estas medidas de avaliação pretendem facilitar um maior

conhecimento de si mesmo e do seu próprio processo de aprendizagem, revelando também

aquilo que lhe falta aprender. Neste sentido, resulta de muita utilidade a Escada metacognitiva

desenhada pelo professor Robert Swartz. A metacognição é o processo pelo qual o estudante

se torna consciente do seu próprio processo de aprendizagem. Para isso, deve conhecer os

seus pontos fortes, as suas habilidades, mas também as suas debilidades e limitações: deste

modo, será capaz não só de valorizar as suas metas e sucessos alcançados, mas de descrever

como o fez. Para isso, enquadramos a metacognição numa escada na que cada degrau está

composto por umas perguntas sobre o que já conhece o estudante, o que gostaria de

conhecer, o que aprendeu através do processo de aprendizagem, como conseguiu aprender e

como poderia melhorar em futuras ocasiões. A escada é uma ferramenta aberta ao

autoconhecimento e ao crescimento pessoal dos alunos.

Esta nova cultura avaliativa permite uma valoração mais objetiva e consistente; exige por parte

dos docentes, uma maior concreção dos critérios de avaliação, de maneira que o aluno saiba o

que se espera dele de um modo mais específico, e como se vai quantificar. Desta forma gera-

se uma retroalimentação constante do processo de aprendizagem e os alunos aprendem a ser

críticos do seu próprio trabalho e com os colegas, já que se pode valorizar o progresso dos

alunos mediante a constituição de indicadores válidos e fiáveis.

Desde o ponto de vista pedagógico, não podemos avaliar todos os alunos de um modo

quantitativo mediante práticas de avaliação linguístico-verbais e lógico-matemáticas, mas

devemos avaliar centrando-nos nos pontos fortes do alunos (Gardner, 2005) e tendo em conta

o diferente nível de desenvolvimento em que cada um se encontra.

O sistema educativo tradicional não é neutro: não valoriza da mesma forma todas as

inteligências. Teremos agora, quando se começam a valorizar a dança, a música ou a

Page 22: Teoria das Inteligências Múltiplas

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Tradução e adaptação do texto de Margarita Garcia Garcia Página 21

capacidade naturalista, de saber gerar espaços de desenvolvimento e de avaliação de todas as

inteligências.

A inclusão é uma das características deste novo paradigma, já que, ao aceitar a diversidade

intelectual como uma norma, esta valoriza-se como um elemento enriquecedor, de maneira

que aqueles alunos que têm dificuldades já nãos serão excluídos do resto do grupo. Ao evitar

mais a exclusão, evita-se a etiquetagem dos alunos por eles próprios e por parte dos

professores.

A avaliação não se centrará, portanto, nos erros e debilidades dos alunos, mas nas suas

potencialidades e êxitos para melhorar as aprendizagens. Também não se castigarão os erros,

já que estes não são a base da aprendizagem, pretendendo-se, pelo contrário, a

consciencialização destes para poder assimilá-los e superá-los. Isto é, a avaliação deve ser

vivida como um processo de revisão constante em que o estudante sabe o que se exige, o que

se espera dele e o que deve adquirir para poder dar resposta a esse processo.

6. EM CONCLUSÃO

Em jeito de conclusão, podemos extrair as seguintes reflexões acerca da teoria das

inteligências múltiplas:

1. Dá resposta a novas necessidades educativas dos alunos que formam as nossas aulas;

2. Permite atender à diversidade dos alunos e aos diferentes estilos de aprendizagem

sem criar diferenças;

3. Contribui para que os alunos se «compreendam» a si mesmos e conheçam os seus

pontos fortes e fracos, sabem que ambas devem aperfeiçoar-se para poder crescer

como pessoas que estão em contínua aprendizagem, ao longo da vida;

4. Favorece a implementação de outras metodologias ativas que partilham o mesmo

sentido pedagógico;

5. Ajuda a desenhar uma sociedade onde se valoriza a pluralidade como riqueza, onde as

nossas diferentes habilidades se complementam e onde compreendemos a

necessidade e o potencial de trabalhar com outras pessoas;

6. Gera a oportunidade de abrir as nossas aulas à criatividade, dotando os nossos alunos

de possibilidades profissionais mais atuais, reias e inovadoras, e corrigindo o

reducionismo em que permanecemos durante décadas na educação.