Terapia Cognitiva e comportamental para dependência química

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Apostila reúne técnicas para o tratamento da dependência química com base na terapia cognitiva e comportamental

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  • TERAPIA EM GRUPO

    Para o tratamento da Dependncia Qumica

    ORGANIZADOR: ANDR LUIZ CHAVES YANG

    SOROCABA

    2014

  • [2]

    TERAPIA EM GRUPO

    Para o tratamento da Dependncia Qumica

  • [3]

    Introduo

    Nessa apostila ns iremos estudar a dependncia qumica naquilo que

    interessa ao indivduo que est tentando parar o consumo de substncia

    psicoativas.

    Existe real escolha quando no se tem informao? Quando so veiculados

    muito mais preconceitos e mitos sobre determinados assuntos do que fatos

    cientficos e estatsticas bem feitas? Ou ser que nesse caso trata -se de

    manipulao, travestida de escolha?

    So vrias as informaes que podem ajudar. As decises tendem a ter

    mais fora quando so fundamentadas, quando existem motivos claros e

    consistentes para sustentar a mudana e, esse estudo tem como funo

    principal trazer informaes cientficas, tornando conhecido os efeitos do

    lcool e outras drogas no corpo, mente e comportamento, para que o

    indivduo obtenha as informaes necessrias para tomar sua deciso. O

    objetivo fornecer informaes cientficas sobre uma rea dominada po r

    crenas e preconceitos.

    Dentro dessa perspectiva fica minha sugesto: aproveite suas reunies.

    Fique atento, aprenda, escute e pergunte, afinal a sua vida que est em

    jogo e voc tem o dever de decidir, conscientemente, como quer conduzi-

    la.

    Atenciosamente Andr Luiz Chaves Yang

  • [4]

    Um olhar para a Dependncia Qumica

    A Dependncia Qumica a manifestao de um sintoma e, desta forma apenas

    consequncia das causas bastante peculiares para cada um.

    Os aspectos individuais so determinantes na instalao do problema, no entanto, no

    podemos deixar de considerar o papel social em que o lcool e outras drogas esto

    inseridos. A humanidade cria suas prprias armadilhas, incentiva a criao de

    subterfgios para lidar com: angustia, a impotncia, o limite, a falta de identidade,

    entre outros, oferecendo produtos sedutores com promessas de resultados imediatos,

    na fantasia de outra condio de vida. Nas prticas do consumo contnuo e

    substitutivo, tudo h que se esperar do objeto, nada do sujeito, nem sequer a

    memria, menos ainda a crtica; o sujeito do consumo desaparece por trs do objeto

    que satisfaz e que, a partir de ento, o constitui.

    A dependncia se configura numa condio fsica, psicolgica e social, muitas vezes

    fruto da tentativa do indivduo de lidar com seus conflitos. Onde quer que a droga

    aparea, ela sempre busca apresentar-se como a questo essencial; contudo, quanto

    mais profundamente a encaramos, perceberemos a configurao de um sintoma, na

    tentativa de calar aspectos fundamentais da vida e da subjetividade nos nossos dias.

    A mudana se constitui na capacidade mnima de o indivduo lidar com as perdas,

    sejam estas da sensao de um refgio imediato ou mesmo da perda de uma ideia de

    companheira de todas as horas, encontrada no lcool, no tabaco e outras drogas.

  • [5]

    INTRODUO 3

    UM OLHAR PARA A DEPENDNCIA QUMICA 4

    PARTE 1 SNDROME DE ABSTINNCIA 6

    PARTE 2 O QUE A DEPENDNCIA QUMICA 9

    PARTE 3 FARMACOLOGIA 13

    PARTE 5 TERAPIA COGNITIVA E COMPORTAMENTAL 28

    MATRIZ DECISRIA 29

    SITUAES DE ALTO RISCO 30

    ASSERTIVIDADE 33

    HABILIDADE DE INICIAR CONVERSAES 36

    HABILIDADE DE FAZER E RECEBER CRTICAS. 39

    HABILIDADES DE RECUSA 46

    OUVIR E FALAR SOBRE SENTIMENTOS E OPINIES 48

    DAI - DECISES APARENTEMENTE IRRELEVANTES 52

    HABILIDADE DE RESOLUO DE PROBLEMAS 55

    AUMENTO DE ATIVIDADES AGRADVEIS 58

    MANEJO DO PENSAMENTO DISFUNCIONAL 60

    MANEJO DA RAIVA 64

    VERGONHA 67

    PLANEJAMENTO PARA EMERGNCIAS 78

    CONTATO: 81

  • [6]

    Parte 1 Sndrome de abstinncia

    Iniciamos nosso estudo pelo tema sndrome de abstinncia e isto no por acaso. A

    grande maioria dos indivduos que desenvolveram alguma dependncia, quando

    cessam o uso, iro sentir os sintomas da ausncia da substncia. No decorrer dos anos

    de trabalho percebi que de grande valor falar sobre a sndrome de abstinncia para

    que quando o indivduo sinta qualquer um desses sintomas possa agir de forma

    coerente.

    O processo de retirada das drogas desagradvel. Alguns podem sentir intensamente

    os sintomas, outros podem passar com menos perturbao, dependendo do tipo de

    droga, o nvel de dependncia e a reao de seu organismo retirada e ao

    medicamento disponvel. O mais importante saber que essa fase inevitvel, mas

    que com o tempo os sintomas iro diminuir e, eventualmente, desaparecer, ento

    vamos enfrent-los agora, no podemos mais adiar essa atitude.

    Afinal o que sndrome de abstinncia

    A palavra sndrome quer dizer: conjunto de sinais e sintomas e, abstinncia quer dizer:

    deixar de fazer algum comportamento, logo, uma interpretao vlida para sndrome

    de abstinncia, na dependncia qumica, : um conjunto de sinais e sintomas que

    aparece quando paramos de usar.

    Sndrome de abstinncia do lcool

    A sndrome de abstinncia inicia-se horas aps a interrupo ou diminuio do

    consumo. Tremores nas extremidades e nos lbios so sintomas mais comuns, alm de

    nuseas, vmitos, sudorese, ansiedade e irritabilidade.

    Casos mais graves podem evoluir para convulses, Alucinose alcolica e delirium

    tremens.

    Convulses

    A retirada ou diminuio da ingesto de lcool abrupta do organismo pode ocasionar

    convulses. Das convulses resultantes da cessao ou reduo do consumo de lcool

    90% ocorrem at 48h aps a interrupo do uso

    Delirium Tremens

  • [7]

    Delirium Tremens uma forma grave de abstinncia, geralmente iniciando-se entre

    um e quatro dias aps a interrupo do uso de lcool, com durao de at trs ou

    quatro dias. caracterizado pelo rebaixamento do nvel de conscincia, com

    desorientao, alteraes senso perceptivas, tremores e sintomas autonmicos

    (taquicardia, elevao da presso arterial e da temperatura corporal).

    Alucinose alcolica

    Alucinao mais tipicamente auditiva que ocorre aps um perodo de pesado consumo

    alcolico. uma complicao da abstinncia alcolica. As alucinaes so vvidas, e

    costumam ocorrer num cenrio de clara conscincia. Incluem som de tiques, rugidos,

    baladas de sinos, cnticos e vozes que normalmente ocorrem 48 horas aps a cessao

    ou reduo do consumo.

    Os paciente expressam medo, ansiedade e agitao decorrentes dessas experincias.

    Sndrome de abstinncia da Maconha

    Estudos demonstraram que sujeitos que haviam cessado o consumo dirio de

    maconha relataram esses sintomas algumas horas aps a ltima ingesto

    Desassossego interno

    Irritabilidade

    Calores repentinos

    Insnia

    Suores

    Inquietude

    Coriza

    Soluos

    Diminuio do apetite

    Nuseas

    Dores musculares

    Ansiedade

    Sensao de frio

    Diarreia

    Sensibilidade aumentada luz

    Vontade intensa de usar a droga

    Depresso

    Perda de peso

    Tremores discretos.

    Sndrome de abstinncia da Cocana/Crack

    A sndrome de abstinncia da cocana pode ser dividida em trs fases:

    1. Crash

    Ocorre uma drstica reduo do humor e da energia, 15 a 30 mim aps o ltimo uso.

    Experimentam craving fissura, depresso, ansiedade e paranoia. O craving diminui

  • [8]

    de 1 a 4 horas depois e substitudo por um forte desejo de dormir, consiste em

    hipersonolncia, que dura de 8 horas a 4 dias e normaliza o humor.

    2. Abstinncia

    Essa fase comea de 12 a 96 horas aps o crash e pode durar de 2 a 12 semanas.

    Decorre do aumento do nmero e da sensibilidade dos receptores de dopamina. A

    anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) importante nesse perodo e

    contrasta com as memrias eufricas do uso. A presena de fatores e situaes

    desencadeadoras de craving normalmente supera o desejo de se manter a abstinncia

    e as recadas so comuns nessa fase. Ansiedade, hiper/hipossonia, hiperfadiga e

    alteraes psicomotoras (tremores, dores musculares, movimentos involuntrios) so

    outros sintomas tpicos dessa fase.

    3. Extino

    Nessa fase, ocorre a resoluo completa dos sinais e sintomas fsicos. O craving

    sintoma residual que aparece eventualmente, condicionado a lembranas do uso e

    seus efeitos. Seu desaparecimento gradual e podem durar meses ou anos.

    Sndrome de abstinncia da nicotina

    Em um perodo que pode ser de poucos minutos alguns fumantes j comeam a

    apresentar os primeiros sintomas da sndrome de abstinncia. Seus sintomas e a

    intensidade destes podem persistir por meses, e, dependendo da gravidade, so pouco

    tolerados.

    Os sintomas psicolgicos relacionados falta de nicotina so humor disfricos ou

    deprimido, insnia, irritabilidade, frustrao, raiva, ansiedade e dificuldade de

    concentrao.

    J os sinais fsicos so taquicardia, hipertenso tremores e sudorese.

  • [9]

    Parte 2 O que a dependncia qumica

    Fundamentos

    ... Toda a nossa vida e nossos pensamentos estavam centrados em drogas, de uma forma ou de outra obtendo, usando e encontrando maneiras e meios de conseguir mais. Um adicto simplesmente um homem ou uma mulher cuja vida controlada pelas drogas. Estamos nas garras de uma doena progressiva, que termina sempre da mesma maneira: prises, instituies e morte. (Narcticos Annimos, 2006)

    O texto, retirado do texto bsico de Narcticos Annimos, ilustra o contexto no qual se encontra o indivduo que desenvolveu a dependncia qumica. Esse indivduo encontra-se gravemente perturbado pelos efeitos que o uso contnuo do lcool e outras drogas pode causar. Esclarecer sobre o que a dependncia qumica pode ajudar o indivduo que tem problemas devido ao abuso de substncias.

    O que so drogas?

    Drogas so substncias que produzem mudanas nas sensaes, no grau de conscincia

    e no estado emocional das pessoas. As alteraes causadas por essas substncias variam

    de acordo com as caractersticas de quem as usa. Da drogas escolhida, da quantidade,

    frequncia, expectativas e circunstncias em que consumida.

    Essa definio inclui produtor ilegais (cocana, maconha, ecstasy, herona...) e tambm

    produtos como bebidas alcolicas, cigarros, remdios, que so legais, apesar de haver

    restries em sua comercializao. Por exemplo: proibida a venda de bebidas

    alcolicas para menores de idade.

    reas afetadas pelo consumo de drogas

    BIO: biolgica.

    Sabemos que as drogas causam uma srie de danos sade do indivduo, isso inclui, principalmente, danos ao corao, pulmo, rins, estmago, fgado e crebro. Apesar do grande prejuzo, normalmente, quando no h danos irreversveis, a parte fsica a mais rpida de se recuperar. a primeira parte a ser tratada atravs, principalmente, da cessao da ingesto da substncia, de uma alimentao nutritiva, atividade fsica, o sono regular e todos os cuidados mdicos necessrios. Em cerca de dois a trs meses j

    no se percebe que o indivduo fazia o uso de lcool eou outras drogas.

    PSICO: Psicolgica.

    Baixa autoestima, descontrole emocional, pensamento distorcido, depresso e ansiedade so alguns dos danos que a droga e o estilo de vida do dependente qumico causam na mente.

  • [10]

    SOCIAL: a vida social, ou seja, trabalho, escola, famlia, relacionamentos, etc.

    Com a progresso da doena o indivduo comea, naturalmente, a selecionar ambientes que aprovam seu consumo, se afastando de ambiente saudveis. Com o aumento do tempo necessrio para uso, decorrente do desenvolvimento de tolerncia, ele prejudica sua capacidade de trabalhar, estudar ou manter qualquer atividade que exija pontualidade e disciplina. O relacionamento familiar piora no mesmo padro em que a doena progride, a famlia s vezes se torna um inimigo, um obstculo entre o dependente e a droga.

    Caractersticas comuns em pacientes que desenvolveram a dependncia

    qumica. O Quadro abaixo mostra algumas caractersticas comuns, mas no

    regras, em pessoas que desenvolveram a dependncia qumica. A presena

    ou no desses fatores na vida de um dependente pode variar em quantidade

    e intensidade.

    Abuso na infncia, doenas psiquitricas

    associadas (comorbidades), consumo como

    forma de resoluo de conflito, apreo

    pelos efeitos vivenciados.

    Predisposio gentica, sistema de

    recompensa cerebral do SNC, resistncia

    aos efeitos da substncia

    Baixa escolaridade, Excluso Social, Famlia desestruturada, Ambientes permissivos,

    Estimulo ao consumo.

  • [11]

    Uso, Abuso e Dependncia.

    No existe uma fronteira clara entre uso, abuso e dependncia. Podemos definir uso

    como qualquer consumo de substncias, seja para experimentar, seja espordico ou

    episdico; uso nocivo definido como consumo de substncia j associado a algum

    tipo de prejuzo (biolgico psicolgico ou social); e, por fim dependncia como

    consumo sem controle, geralmente associado a srios danos para o usurio.

    Uma coisa a pessoa intoxicar-se. Outra coisa , por estar intoxicada ou intoxicar-se

    frequentemente, sofrer um acidente, desenvolver uma cirrose, brigar com o patro ou

    com os familiares, ser detida por policiais, etc. a figura a seguir mostra essas diferenas

    e dimenses. No eixo horizontal temos a dimenso Dependncia. No eixo vertical,

    est representada a ampla variedade de problemas associados ao uso de drogas,

    incluindo os de natureza fsica, psicolgica, familiar e social.

    A figura abaixo nos d uma boa ideia sobre uso abuso e dependncia:

    Quadrante A: neste quadrante, localizamos os indivduos que, independentemente de

    seus padres de uso, no apresentam indicao alguma de dependncia, nem

    problemas associados ao uso. Pensando no lcool, seriam os chamados bebedores

    sociais.

    Quadrante B: aqui encontramos os indivduos cujo

    padro de uso j lhes traz algum tipo de dano,

    prejuzo, complicao, ou problema que afeta seu

    funcionamento fsico, psquico, familiar, ou social.

    No entanto, no evidenciam o menor grau de

    dependncia. Seriam os usurios nocivos

    Quadrante C: representa os indivduos cujos

    padres de ingesto acham-se evidentemente,

    associados a danos, prejuzos, complicaes, ou problemas e que apresentam,

    inequivocamente, algum grau de dependncia. Esses indivduos so os dependentes

    propriamente ditos.

    Quadrante B: uma possibilidade inexistente, uma vez que inconcebvel um

    indivduo com algum grau de dependncia, mesmo que mnimo, sem que ao menos o

    prprio diagnstico de dependncia no seja considerado um problema.

    B C

    D A

  • [12]

    Veja quais so os critrios para diagnosticar uma pessoa como dependente qumico ou

    usurio nocivo:

    Critrios da Classificao Internacional de Doenas Dcima edio (CID-10) para dependncia de substncias

    CID-10 Critrios para dependncia de substncias

    O diagnstico de dependncia deve ser feito se trs ou mais dos seguintes critrios so experincia dos ou manifestos durante os ltimos 12 meses:

    Um desejo forte ou senso de compulso para consumir a substncia

    Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substncia em termos de incio, trmino e nveis de consumo.

    Estado de abstinncia fisiolgica, quando o uso da substncia cessou ou foi reduzido, como evidenciado por: sndrome de abstinncia caracterstica para substancia, ou o uso da mesma substncia (ou de uma intimamente relacionada) com a inteno de aliviar ou evitar os sintomas de abstinncia.

    Evidncia de tolerncia, de tal forma que doses crescentes da substncia psicoativa so requeridas para alcanar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas

    Abandono Progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso da substncia psicoativa: aumento da quantidade de tempo necessrio para obter ou tomar a substncia ou recuperar-se de seus efeitos

    Persistncia no uso da substncia, a despeito de evidncia clara de consequncias manifestamente nocivas, tais como danos ao fgado por consumo excessivo de bebidas alcolicas, estados de humor depressivos como consequncia do consumo excessivo da substncia, ou comprometimento do funcionamento cognitivo relacionado com a droga: deve-se procurar determinar se o usurio estava realmente consciente da natureza e extenso do dano

    Critrios da classificao estatstica internacional de doenas dcima edio (CID-10) para uso nocivo de substncias

    CID 10 Critrios para o uso nocivo de substncias

    O diagnstico requer que um dano real tenha sido causado sade fsica e mental do usurio

    Padres nocivos de uso so frequentemente criticados por outras pessoas e esto associados a consequncias sociais adversas de vrios tipos

    A intoxicao aguda ou a ressaca no por si mesma evidncia suficiente do dano sade requerido para codificar o uso nocivo

    Uso nocivo no deve ser diagnosticado se a sndrome de dependncia, um distrbio psictico ou outra forma especfica de distrbio relacionado com lcool ou drogas estiver presente.

  • [13]

    Parte 3 Farmacologia

    Conceito

    Farmacologia a cincia que estuda como as substncias qumicas interagem com os

    sistemas biolgicos.

    Farmacologia da Cocana/Crack

    O uso da cocana comeou nos pases andinos (Peru, Bolvia, Equador e Colmbia) h

    mais de 2.000 anos. Seu isolamento qumico foi feito por um alemo, chamado Albert

    Niemann.

    Koller, mdico oftalmologista austraco, descreveu as propriedades anestsicas da

    cocana e introduziu seu uso em cirurgias oftalmolgicas

    O uso de cocana apresentou vrios danos sade, e tal fato levou a proibio e ela

    quase desapareceu no comeo do sculo XX. Seu reaparecimento foi em 1960, como

    droga de elites econmicas.

    Formas de Consumo

    A cocana pode ser injetada, inalada ou fumada (crack). Assim, o crack no uma

    droga nova: uma forma de cocana que pode ser administrada via pulmonar. A

    diferena que a absoro mais rpida e produz, aparentemente, um efeito mais

    intenso.

    Na farmacologia ela tem trs efeitos principais:

    1. Anestsico local

    2. Vasoconstritor

    3. Um poderoso psicoestimulante

    Principais efeitos cardiovasculares:

    1. Taquicardia

    2. Aumento da presso arterial

    Ao mesmo tempo em que o corao est sendo estimulado, a vasoconstrio privam o

    msculo cardaco do sangue necessrio. Essa combinao pode causar grave arritmia

    ou ataque cardaco (mesmo em jovens usurios). Alm disso a vasoconstrio pode

    causar danos a outros rgos: aos pulmes de indivduos que fumam cocana;

    destruio da cartilagem nasal de quem inala e danos ao trato gastrointestinal

    Efeitos sobre o SNC

  • [14]

    Com o uso continuado, esses sistema passa a necessitar da droga para exercer suas

    funes e os estmulos naturais para ativ-lo tornam-se insuficientes. O uso crnico de

    estimulantes resulta no esvaziamento dos neurotransmissores que produzem a

    sensao de prazer.

    As sinapses operam usando um sistema de feedback negativo. Logo, mudanas

    compensatrias ocorrem pra permitir que os neurnios se adaptem s alteraes

    causadas (tolerncia).

    Alm da dependncia, a intoxicao do SNC pode causar dores de cabea, perda de

    conscincia temporria, convulses e morte; Alguns desses efeitos so decorrentes do

    aumento da temperatura corporal.

    Efeitos Psicoativos que favorecem a Dependncia

    Os efeitos estimulantes da cocana parecem aumentar as habilidades fsica e mentais

    dos usurios. Experimentam euforia, exaltao da energia e da libido, diminuio do

    apetite, exacerbao do estado de alerta e aumento da autoconfiana. Altas doses da

    cocana intensificam a euforia, a agilidade, a verbosidade e os comportamentos

    estereotipados e alteram o comportamento sexual. Esses efeitos positivos encorajam o

    uso e a dependncia dessa droga. Esses sentimentos de alegria e confiana causados

    pela cocana podem transformar-se facilmente em irritabilidade, inquietude e

    confuso. O uso da cocana aumenta o risco de suicdio, traumas maiores e crimes

    violentos.

  • [15]

    Os diversos efeitos do uso agudo so descritos no quadro a seguir;

    Sistema Efeitos do uso agudo

    Geral: Psicolgicos

    Euforia

    Sensao de bem-estar

    Estimulao mental e motora (ficar Ligado)

    Aumento da autoestima

    Agressividade

    Irritabilidade

    Inquietao

    Sensao de anestesia

    Geral: Fsico

    Aumento do tamanho das pupilas

    Sudorese

    Diminuio do apetite

    Diminuio da irrigao sangunea dos rgos

    Neurolgico Tiques (coordenao motora diminuda)

    Derrame cerebral

    Convulso

    Dor de cabea

    Desmaio

    Tontura

    Tremores

    Tinido no ouvido

    Viso embaada

    Psquico

    Depresso (efeito rebote da intensa excitao)

    Desconfiana e sentimento de perseguio (Noia)

    Cardiovascular

    Aumento dos batimentos cardacos

    Batimento cardaco irregular

    Aumento da presso arterial

    Ataque cardaco

    Respiratrio Parada respiratria

    Tosse

    Social

    Isolamento

    Falar muito

    Desinibio

  • [16]

    Efeitos do uso Crnico

    O uso prolongado da cocana faz com que o SNC promova algumas modificaes para

    adaptar-se nova situao.

    Tolerncia

    a necessidade de doses cada vez maiores para se obter o efeito esperado. No caso da

    cocana, a tolerncia aparece para os efeitos euforizantes e cardiovasculares.

    A sensao de EUFORIA desaparece completamente com o uso de doses regulares.

    A TOLERNCIA CARDIACA parcial: com o uso repetido, h a diminuio da frequncia

    cardaca, apesar de ainda manter-se acima da mdia.

    Sensibilizao

    a exacerbao da atividade motora e dos comportamentos fixos aps a exposio a

    doses repetidas de cocana. A depleo dopaminrgica, resultado do uso crnico de

    cocana, provoca alteraes anatmicas e funcionais nos receptores neurais: h um

    aumento do nmero e da sensibilidade dos receptores ps-sinpticos de dopamina.

    Com a administrao de cocana, a dopamina liberada na fenda, alm de permanecer

    mais tempo por ali, encontrar um nmero maior de receptores mais sensveis para

    estimular.

    Kindling

    O processo de sensibilizao pode levar ao aparecimento de convulses.

    Neurnios de determinadas regies do crebro expostos intermitentemente s

    propriedades anestsicas da cocana tornam-se mais sensveis aos seus efeitos e

    disparam com maior rapidez a cada exposio. Com o uso crnico, a resposta neural

    intensa, mesmo perante baixas doses da substncia. O sistema lmbico tem seu

    funcionamento eltrico alterado e essa disfuno pode se espalhar, causando

    convulses generalizadas.

    Overdose

    Uma dose suficientemente alta pode levar a falncia de um ou mais rgos do corpo,

    provocando overdose, que pode acometer qualquer tipo de usurio (crnico, eventual

    ou iniciante). Os principais sistemas envolvidos na overdose so o circulatrio, o

    nervoso central, o renal e o trmico.

    A overdose acontece em duas fases:

    A excitao inicial seguida por fortes dores de cabea, vmitos e convulses graves.

  • [17]

    Perda de conscincia, depresso respiratria e falha cardaca, levando morte.

    Complicaes Psiquitricas

    Altas doses podem provocar alteraes graves de comportamento devido ao prejuzo

    na capacidade de julgamento, da memria e do controle do pensamento.

    A sensao intensa de medo e paranoia pode levar o indivduo a recorrer de violncia.

    Formigamento e sensao de insetos rastejando sob a pele podem levar a escoriaes

    na pele.

    Ansiedade, insnia e depresso so exacerbadas com o uso.

    Entre uma ingesto e outra os usurios ficam irritveis e disfricos.

    Complicaes sociais

    Nas dcadas de 1960 e 1970 pensava-se que os estimulantes promoviam o convvio e

    eram utilizados como drogas de festas. As pessoas os usavam inicialmente para

    reduzir a inibio social e promover a comunicao interpessoal.

    No entanto, o uso continuado provoca paranoia. Logo, os usurios passam a evitar

    aqueles que julgam poder prejudic-los.

    Consequncias sociais

    Menor participao social

    Menor capacidade de julgamento, resultando em dificuldades profissionais,

    familiares, sociais e comportamentos de risco.

    Prejuzo da capacidade para o trabalho

    Comportamento violento a principal causa de morte entre usurios

    (acidentes, suicdio, homicdio).

    Atividade criminosa Roubo para manuteno do uso

    Prostituio como moeda de troca.

    Comportamento sexual de risco sexo desprotegido e com mltiplos parceiros.

    Disseminao de doenas e infeces (HIV Seringas e sexo)

    Efeitos sobre as crianas maus tratos, maus cuidados, abuso, prejuzos no

    desenvolvimento...

    Rompimento de vnculos familiares.

    Custos econmicos: internaes, tratamento do usurio e familiares.

  • [18]

    Farmacologia lcool

    Introduo

    O uso do lcool detectado desde os tempos pr-bblicos, mas somente na virada do

    sculo XVIII para o sculo XIX, aps a revoluo industrial inglesa, que aparece, na

    literatura, o conceito do beber nocivo.

    A produo do lcool at o sculo XVIII era artesanal. Com a revoluo industrial

    inglesa, passou-se a produzi-las em larga escala, reduzindo o seu custo. Soma-se a isso

    o fato de que, com a urbanizao, o perfil das relaes sociais foi modificado e o lcool

    tem um importante papel nessas relaes.

    Todas essas mudanas permitiram que um nmero muito maior de pessoas passassem

    a consumir o lcool com maior frequncia. Foi a partir da que alguns mdicos

    comearam a observar uma srie de complicaes fsicas e mentais, decorrentes desse

    uso excessivo.

    Frases da poca

    Beber comea com um ato de liberdade, caminha para o habito e, finalmente, afunda

    na necessidade

    Benjamim Rush mdico 1790

    O hbito da embriaguez uma doena da mente.

    Thomas Trotter, mdico, sc. XIX

    Transtornos fsicos

    Transtornos

    Gastroenterolgicos

    Transtornos

    Musculoesquelticos

    Transtornos Endcrinos

    Cncer

    Doenas cardiovasculares

    Doenas respiratrias

    Transtornos metablicos

    Transtornos hematolgicos

    Transtornos do SNC e

    perifricos

    Doenas hepticas

    Os danos ao fgado constituem as consequncias mais srias do consumo excessivo do

    lcool. Mudanas irreversveis tanto na estrutura quanto no funcionamento do fgado

    so comuns. A maioria das mortes (75%) atribudas ao alcoolismo causada por

    cirrose.

    So elas:

  • [19]

    Fgado gorduroso

    Hepatite alcolica

    Cirrose alcolica

    Transtornos Psiquitricos

    Intoxicao alcolica aguda

    Convulses

    Delirium tremens

    Alucinose alcolica

    Intoxicao patolgica

    Blackouts alcolicos

    Depresso

    Suicdio

    Hipomanaca

    Ansiedade

    Cime patolgico

    Transtornos de personalidade

    Transtornos alimentares

    Esquizofrenia

    Complicaes sociais

    Intoxicao Aguda

    A intoxicao aguda quando o indivduo ingere uma grande quantidade da

    substncia. As alteraes de comportamento decorrentes da intoxicao alcolica

    aguda incluem comportamento sexual inadequado, agressividade, diminuio do

    julgamento crtico e funcionamento social e ocupacional prejudicados.

    Intoxicao Patolgica

    Incio sbito de comportamento agressivo e frequentemente violento, no tpico do

    indivduo quando sbrio, que ocorre logo aps a ingesto do lcool. Existe

    classicamente uma amnsia para o evento e o que se alega que o agressor estava em

    um estado de transe ou automatismo. O episdio normalmente seguido por um

    longo perodo de sono.

    Blackouts alcolicos

    Referem-se a perda de memria induzida pela intoxicao. Essas ocorrncias so

    relatadas em 1/3 dos indivduos dependentes e, tambm, so relativamente comuns

    em usurios sociais, aps um episdio de uso pesado. Podem ser em bloco (densa e

    total) ou fragmentria (fragmentos de amnsia). Durante um blackout, uma pessoa

    pode realizar qualquer tipo de atividade sem parecer estar num estado mental

    alterado.

    Complicaes sociais

    Uma complicao social implica no fracasso em cumprir adequadamente um papel

    social desejado, ser pai/me, marido/esposa, filho/filha, profissional, estudante,

    motorista, etc. e que resulta em prejuzos para si mesmo e, quase que

    inevitavelmente, para outras pessoas. O indivduo alcoolista geralmente perde sua

    reputao e a maneira como as outras pessoas pensam ou regem em relao a ele

    acaba reforando seu novo papel como alcoolista

    reas mais afetadas:

    Funcionamento familiar

  • [20]

    Problemas no trabalho

    Habitao

    Dificuldades financeiras

    Crimes

    Dirigir alcoolizado

    Vitimizao

    Funcionamento familiar e violncia domestica

    O uso abusivo do lcool (e outras drogas) est frequentemente associado a mau

    funcionamento familiar, violncia domstica e abuso fsico e sexual de crianas.

    Problemas no trabalho

    So muitas as influncias adversas que o uso abusivo do lcool pode ter sobre o

    trabalho acometem desde a presidncia ao cho da fbrica. Os perigos e prejuzos

    variam de acordo com a profisso.

    Habitao

    Nas reas urbanas, os problemas de habitao e os problemas com uso abusivo de

    lcool geralmente caminham juntos. So eles:

    M manuteno da casa

    Problemas com os vizinhos

    Falta de pagamento de aluguis e taxas

    Muitas mudanas de endereo

    Dificuldades financeiras

    Beber excessivamente um ato dispendioso. Alm das despesas com si prprios,

    muitos usurios gastam dinheiro com amigos, taxis para voltar pra casa, almoos fora

    de casa, consumo aumentado de cigarros, jogos uma demisso de emprego, etc.

    Crimes

    Com muita frequncia o lcool parece ser o responsvel pela desinibio e liberao

    de comportamentos violentos ou sexualmente agressivos, mas isso no prova que o

    lcool causou o comportamento criminoso, apesar de estar cada vez mais comprovada

    essa ligao genuna.

    Dirigir alcoolizado

    Apesar da legislao atual o ndice de pessoas que dirigem alcoolizadas de 16%

    Vitimizao

    Uma pessoa embriagada torna-se alvo fcil de ladres e pessoas violentas.

  • [21]

    Farmacologia Tabaco

    Introduo

    A organizao mundial da sade (OMS) estima que um tero da populao mundial

    seja fumante. 1.200.000.000 pessoas fumantes.

    No Brasil, segundo pesquisa do centro brasileiro de informaes sobre drogas

    psicotrpicas (CEBRID) o nmero de pessoas que j experimentaram tabaco de 44%,

    sendo que 10,1% so dependentes da nicotina

    O Tabagismo uma pandemia (epidemia que atinge propores mundiais) responsvel

    pela segunda causa principal de morte. Atualmente , responsvel pela morte de 1 a

    cada 10 adultos no mundo (aproximadamente 5 milhes de mortes a cada ano).

    Acredita-se que metade das pessoas que fumam hoje morrer eventualmente em

    decorrncia de doenas relacionadas ao tabaco.

    Farmacologia

    A nicotina uma droga vasoconstritora (reduz o tamanho das veias/ artrias),

    hipertensora e agregante plaquetria (acumula placas de gordura).

    O tabagismo fator de risco para mais de 50 doenas. Entre elas podemos citar:

    Doenas cardiovasculares

    Angina

    Infarto agudo do miocrdio

    Acidente vascular cerebral

    Tromboangiite obliterante

    Cnceres

    Pulmo

    Boca

    Laringe

    Esfago

    Rim

    Bexiga

    tero

    Fgado

    Faringe

    Pncreas

    Doenas pulmonar obstrutiva crnica:

    Bronquite/ enfisema

    Citam-se ainda:

    Hipertenso arterial

    Leucemia

    Catarata

    Menopausa precoce

    lcera pptica

    Disfuno ertil

    Impotncia sexual

  • 22

    Farmacologia Maconha

    Introduo

    O primeiro registro do uso de Cannabis Aparece no Book os Drugs, escrito em 2737

    a.C. pelo imperador chins Shen Nung: prescrevia Cannabis para tratamento de gota,

    malria, dores reumticas e doenas femininas. Aparentemente os chineses tinham

    muito respeito pela planta. Durante milhares de anos, utilizavam-na medicinalmente e

    dela extraam fibras para fabricao de tecido. Porm, foi somente no incio do sculo

    XX que o uso da Cannabis como medicamento praticamente desapareceu no mundo

    ocidental, em razo da descoberta de drogas sintticas.

    Recentemente voltou-se a discutir o uso teraputico da maconha, gerando

    considervel controvrsia a respeito. Por um lado, estudos j demonstraram que o

    princpio ativo puro da maconha [delta-9-tetra-hidrocanabinol (THC)] til no alvio de

    nuseas e vmitos e na estimulao do apetite. Os efeitos analgsicos,

    antiespasmdicos, anticonvulsivantes, de bronco dilatao em casos de alvio da

    presso intraocular em casos de glaucoma requerem mais pesquisas. Porm, por outro

    lado, existem medicamentos sintetizados, para essas finalidades, mais seguros e

    eficazes, no justificando a utilizao de uma droga que pode gerar dependncia e

    cujos efeitos nocivos ainda no so completamente conhecidos.

    A maconha a droga ilcita mais consumida no mundo. Em, 2006, o United Nations

    Office on Drugs na Crime (UNODC) estimou que 166 milhes de pessoas ou 3,9% da

    populao mundial, de idades entre 15 e 64 anos, consumiram maconha.

  • 23

    Efeitos do uso agudo

    Gerais Relaxamento

    Euforia

    Aumento do prazer sexual

    Pupilas dilatadas/ conjuntivas vermelhas

    Boca seca

    Aumento do apetite

    Alvio da dor

    Dores de cabea

    Tontura

    Nusea reduzida

    Risco maior de acidentes

    Cansao

    Psquicos Ansiedade, leve grave

    Ataques de pnico

    Risco aumentado de sintomas psicticos

    Pensamentos profundos / mudanas de nvel de conscincia

    Sentidos mais aguados

    Neurolgios Ateno e memria alteradas

    Lentido

    Coordenao motora alterada

    Respiratrios Rinite/faringite

    Tosse, asma, etc.

    Cardiovasculares Palpitao, agitao/tenso

    Aumento da presso arterial

    Efeitos do uso crnico

    Dependncia

    Fadiga crnica e letargia (moleza)

    Dor de cabea

    Irritabilidade

    Dor de garganta crnica

    Problemas respiratrios (bronquite, piora da asma, tosse, etc.)

    Diminuio a coordenao motora

    Alteraes da ateno, concentrao e memria

    Depresso

    Ansiedade

    Mudanas rpidas de humor

    Isolamento social

    Afastamento das atividades escolares e de trabalho, lazer e outras atividade sociais

    Sndrome amotivacional

    Ataques de pnico

    Mudanas de personalidade

  • 24

    Problemas Associados ao Uso de Maconha

    1. Uso precoce

    Estudos recentes mostram evidncias que o uso precoce da maconha um preditor de

    uso nos anos subsequentes: um estudo com jovens australianos mostra que de cada 5

    indivduos que fizeram o uso de maconha em algum momento da vida quatro

    continuaro depois. Alm disso, quanto mais precoce for o incio maiores os prejuzos

    da droga no organismo.

    2. Dependncia

    A dependncia da maconha diagnosticada, h algum tempo, nos mesmos padres

    que outras substncias. Muitos estudos comprovam que estes critrios de

    dependncia aplicam-se to bem dependncia da maconha quanto a outras drogas.

    Comparada outras drogas, um entre dez indivduos que usaram maconha na vida se

    torna dependente num perodo de quatro a cinco anos de consumo pesado. Este risco

    comparvel ao risco de dependncia do lcool (15%) do que de outras drogas

    (tabaco 32% e opiides 23%).

    3. Sndrome de abstinncia

    Verificar parte 1, sndrome de abstinncia de maconha.

    4. Alterao das funes cognitivas

    O uso prolongado de maconha pode acarretar alteraes sutis na memria, ateno,

    organizao e interao de informaes complexas. Apesar de sutis, essas alteraes

    podem afetar o funcionamento do dia-a-dia. Chegou-se a observar que usurios de

    maconha tendem a obter resultados inferiores a no usurios em testes que medem a

    capacidade intelectual (QI).

    No se sabe ainda se os danos podem ser completamente revertidos aps a cessao

    do uso de maconha, mas os principais sintomas tendem a desaparecer com a

    continuidade da abstinncia.

    5. Prejuzo das vias respiratrias

    O uso crnico da maconha est associado bronquite crnica, provocando danos a

    longo prazo s vias respiratrias, o que pode levar, em ltima instncia, ao cncer de

    pulmo e destas vias.

    6. Sndrome amotivacional

    Dentre os efeitos negativos do uso da maconha mais mencionados na prtica clnica e

    em estudos, a sndrome amotivacional, que a perda de vontade, energia e motivao

  • 25

    para realizar as atividades rotineiras, a amais evidente. Os usurios de maconha no

    abandonam suas ocupaes, compromissos sociais e familiares, mas se sentem muito

    estagnados e paralisados para perseguir outros objetivos ou mesmo modificar algo

    que, nesta situao, os incomoda.

    Mitos e verdades

    MITO: A maconha pode deixar o usurio louco

    VERDADE: A maconha pode induzir a uma psicose aguda (desorganizao mental

    grave), com os seguintes sintomas: confuso mental, perda da memria, delrio,

    alucinaes, ansiedade, agitao. Este quadro est muito associado ao perodo de

    intoxicao. A maconha pode precipitar quadros psicticos como a esquizofrenia em

    pessoas vulnerveis. Pode tambm exacerbar sintomas naquelas pessoas que j

    apresentaram alguma doena mental, como esquizofrenia e depresso.

    MITO: Fumar maconha durante a gravidez no to perigoso

    VERDADE: Estudos sugerem que o uso da maconha durante a gravidez, principalmente

    no primeiro semestre, gera dificuldades de desenvolvimento fetal e nascimento de

    bebs abaixo do peso, pois esta droga estimula parto prematuro, aumenta a

    possibilidades de defeitos no nascimento, os bebs podem apresentar distrbios de

    comportamento e desenvolvimento durante as primeira semanas aps o nascimento e

    mais tarde dos 4 aos 12 anos.

    MITO: A maconha no gera dependncia

    VERDADE: A maioria das pessoas que experimenta esta droga no se torna usurio

    regular e, destes, poucos se tornam dependentes. Um estudo recente nos Estados

    Unidos mostrou que 10% dos que experimentam maconha se tornam dependentes,

    15% dos que experimentam lcool se tornam dependentes e 17% dos que

    experimentam cocana se tornam dependentes, ela possui sndrome de abstinncia

    (ver parte 1 sndrome de abstinncia de maconha) e evidncia de tolerncia. Hoje em

    dia, a dependncia de maconha vista da mesma forma que a de outras drogas.

    MITO: Fumar maconha faz menos mal que cigarro

    VERDADE: No porque o cigarro uma droga considerada legal que faa menos mal

    que a maconha. O cigarro de maconha possui tambm o alcatro, entre outra

    substncias, que um dos mais nocivos componentes que o cigarro possui. Mas a

    maconha e o cigarro compartilham alguns efeitos tanto agudos como crnicos, dentre

    eles os efeitos irritativos nos pulmes e efeitos estimulantes, tanto na nicotina como

    no THC, no corao, principalmente para indivduos com algum problema prvio neste

    rgo. No que se refere aos efeitos crnicos, tanto cigarro quanto a maconha geram

    distrbios respiratrios crnicos, tipo bronquite, cncer de pulmo, boca, esfago e

  • 26

    estmago. A quantidade de cigarros de tabaco fumadas maior que a mdia dos que

    fumam maconha, mas o tempo que o usurio de maconha retm a fumaa nos

    pulmes e o fato de fumarem sem filtro, o que faz com que sua fumaa tenha 50%

    mais substncias cancergenas que o tabaco, facilita ainda mais o aparecimento de

    irritao e cncer nas vias respiratrias.

    MITO: Fumar maconha faz menos mal que lcool.

    VERDADE: O uso agudo da maconha traz pelo menos os mesmo riscos do que a

    intoxicao pelo lcool. As duas drogas produzem:

    1. Dependncia.

    2. Alteraes mentais significativas.

    3. Comprometimento do desempenho profissional.

    4. Aumento da mortalidade por acidentes, suicdio e violncia.

  • 27

    REFERNCIA BIBLIOGRFICAS

    - FLIGIE, Neliana Buzi; Bordin, Selma; LARANJEIRA, Ronaldo. Aconselhamento em

    dependncia qumica. Segunda edio. So Paulo: Roca, 2010.

    - ZANELATTO, Neide A.; LARANJEIRA, Ronaldo. O tratamento da dependncia

    qumica e as terapias cognitivo-comportamentais. Terapia Cognitivo-

    Comportamental em Grupos. Porto Alegre: Artmed, 2013.

    - Bieling, Peter J.; McCABE, Randi E.; ANTONY, Martin M.; Terapia Cognitivo-

    Comportamental em Grupos. Traduo Ivo Haun de Oliveira Porto Alegre:

    Artmed, 2008.

    - BECK, Judith S.; Terapia Cognitiva: teoria e prtica. Tradutora Sandra Costa.

    Porto Alegre: Artmed, 1997.

    - JUNGERMAN, Flvia S.; SILVA, Neide A. Zanelatto da. Tratamento psicolgico do

    usurio de maconha e seus familiares: uma manual para terapeutas So

    Paulo: Roca, 2007.

    - BRASIL. Presidncia da Repblica. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas.

    Drogas: cartilha sobre tabaco. Braslia: Presidncia da Repblica. Secretaria

    Nacional de Polticas sobre Drogas, 2010.

    - BRASIL. Presidncia da Repblica. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas.

    Drogas: cartilha sobre maconha, cocana e inalantes. Braslia: Presidncia da

    Repblica. Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas, 2010.

  • 28

    Parte 5 Terapia Cognitiva e

    Comportamental

    Introduo

    Esse captulo foi elaborado para treinar os indivduos que tentam deixar o uso de

    drogas com tcnicas eficientes no tratamento da dependncia qumica. As tcnicas

    utilizadas so baseadas na terapia cognitivo-comportamental (TCC) em grupos. A TCC

    tem uma enorme quantidade de estudos atestando sua eficcia, o que a levou ao

    status de mais importante e mais bem validadas entre as abordagens psicoterpicas.

    A TCC em grupo uma abordagem respeitosa e colaborativa que fomenta a auto

    eficcia do paciente. compatvel com os tratamentos mais amplamente disponveis

    como os 12 passos. Em virtude de seu forte foco em habilidades, a TCC grupal ideal

    para pessoas que carecem de habilidades especficas de manejo tanto na relao

    direta com o uso da droga (por exemplo, capacidade de recusar bebidas e outras

    drogas, manejo emocional) quanto ao ato de lidar com as circunstncias de vida que

    podem desencadear o uso.

    Uma sesso aps a outra, o indivduo ir conhecer as tcnicas necessrias para

    conquistar e manter a abstinncia. O Desenvolvimento dessas habilidades no

    adquirido como mgica e muitas vezes pode no ocorrer naturalmente. algo que

    precisa ser praticado com persistncia. Por tanto, existe a necessidade de

    comprometimento, pacincia e muito treino.

  • 29

    Matriz Decisria

    Nesta reunio iremos discutir sobre os prs e contras de alterar o comportamento de

    uso da droga. Para isso iremos utilizar um instrumento que ajuda a tomar decises

    chamado matriz decisria. Este instrumento pode ser usado para outras finalidades

    como mudar ou no de um emprego, afastar-se ou no de um amigo...

    Instrues:

    1- Preencher no primeiro espao os prs de continuar usando

    2- Preencher no segundo quadro os contras de continuar usando

    3- Preencher no primeiro espao os prs de manter a abstinncia

    4- Preencher no segundo quadro os contras de manter a abstinncia

    Prs de continuar usando Contras de continuar usando

    De que voc gosta na droga? De que voc no gosta na droga?

    De que voc gosta em si mesmo quando usa? De que voc no gosta em si mesmo

    Consequncia na famlia, trabalho, sade... Consequncia na famlia, trabalho,

    sade...

    Prs de manter a abstinncia Contras de manter abstinncia

    De que voc gosta em si mesmo De que voc no gosta em si

    mesmo

    Quando no usa? Quando no usa?

    Consequncia na famlia, trabalho, sade... Consequncia na famlia, trabalho,

    sade...

  • 30

    Situaes de Alto Risco

    Fundamentos

    Uma anlise de 311 episdios de recada, Cummins, Gordon e Marlett

    identificaram trs situaes primrias de alto risco associadas a 75% de todas as

    recadas:

    I. Estados emocionais negativos = 35%

    II. Presso social = 20%

    III. Conflito interpessoais = 16%

    Sendo assim fica evidente a importncia de identificarmos as situaes que podem

    oferecer risco nossa meta de manter a abstinncia. Nessa sesso iremos aprender

    somente a identifica-las e na prxima sesso iremos conhecer algumas tcnicas para

    lidar com essas situaes.

    Mas afinal o que uma situao de alto risco (SAR)?

    Uma SAR aquela que impe uma ameaa ao indivduo e o impede de se controlar.

    Exemplos de situaes de alto risco

    Estados emocionais negativos (35%):

    Frustrao

    Raiva

    Depresso

    Medo

    Solido...

    Estados fsicos e fisiolgicos negativos:

    Abstinncia

    Dor

    Contuso

    Estados emocionais positivos:

    Teste de controle pessoal: expor-se a situaes de alto risco para testar sua habilidade

    de controlar-se

    Conflito com companheiro, famlia ou amigos que gera (16%):

  • 31

    Frustrao ou Raiva;

    Outros sentimentos (ansiedade, apreenso, etc.).

    Presso social (20%):

    Direta: Ex. quando amigos insistem para que entre na roda de maconha.

    Indireta: Ex. quando cede ao uso ao pensar no pai, que seu modelo e tem o

    habito de beber.

    Tcnicas para identificar situaes de alto risco

    As situaes de alto risco so diferentes para cada pessoa, por isso cada um

    deve aplicar as tcnicas aqui apresentadas para definir com maior clareza

    quais so as suas prpria situaes de alto risco.

    1 Tcnicas do auto monitoramento

    Mtodo: Registro da compulso, e desejos de uso. Anotar tambm as

    habilidades usada para evit-los e se foram bem sucedidas ou no.

    2 Avaliaes de auto eficcia

    Mtodo: fazer uma lista de situaes de alto risco.

    1. Numerar de 0 a 10 o grau de tentao que sentir;

    2. Numerar de 0 a 10 o grau de segurana para lidar com a situao.

    3. O que voc realmente faria nessa situao?

    Objetivo: verificar as quais as habilidades de enfrentamento eu preciso para

    manter a abstinncia e o quanto eu estou preparado para lidar com ela.

    3 Descries de episdios anteriores ou fantasias de recada

    Mtodo: Analisar as recadas pelas quais passou, ou teme passar, pode ser

    uma fonte de informao e aprendizado.

    Para conduzir sua reflexo nessa tcnica, voc pode responder as perguntas

    que seguem, como um roteiro:

    1. Quais foram as circunstancia que culminaram ou culminariam com o

    uso inicial?

    2. Que habilidades seriam necessrias para enfrentar essa situao?

    3. De que maneira o uso inicial evolui para uma recada?

    4. O que pensou a respeito do uso inicial?

  • 32 | P g i n a

    Tarefa

    1. Identifique duas situaes que representam alto risco para sua

    recuperao e diga qual foi o mtodo utilizado para identific-las.

  • 33 | P g i n a

    Assertividade

    Fundamento

    Assertividade a habilidade social de fazer afirmao dos prprios direitos e expressar

    pensamentos, sentimentos e crenas de maneira direta, clara, honesta e apropriada ao

    contexto, de modo a no violar o direito das outras pessoas. A postura assertiva uma

    virtude, pois se mantm no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um

    por excesso (agresso), outro por falta (submisso). Ser assertivo dizer "sim" e "no"

    quando for preciso

    Direitos significam:

    - Expressar sua opinio

    - Falar sobre seus sentimentos

    - Pedir que outros mudem o comportamento que o afeta

    - Aceitar ou recusar qualquer coisa que peam

    H quatro estilos de comportamento ou resposta: passivo, agressivo, passivo-

    agressivo e assertivo.

    Passivo: pessoas que tendem a abrir mo de seus direitos, quando acreditam na

    possibilidade de que para defend-los precisam entrar em conflito com algum.

    Normalmente no deixam os outros saberem o que pensam ou sentem, escondendo

    seus sentimentos, mesmo quando isso no necessrio. Consequentemente esto

    sempre se sentindo ansiosas ou com raiva. s vezes ficam deprimidas com sua falta de

    efetividade, ou magoadas com os outros. As pessoas no tm como saber o que esse

    indivduo pensa ou deseja e acabam fazendo as coisas do jeito que querem. Alm

    disso, podem ficar ressentidas por no dizerem o que desejam.

    Agressivo: so aquelas que agem para proteger os seus direitos, mas ao fazerem isso

    acabam subestimando o direito dos outros. Apesar de terem suas necessidades

    imediatas satisfeitas, os resultados da agressividade so frequentemente negativos em

    longo prazo. Como desconsideram as necessidades alheias para conseguirem o que

    querem, acabam por entrar em suas listas negras e podero sofrer retaliaes no

    futuro.

    Passivo-agressivo: so pessoas cujo comportamento exteriorizado no corresponde

    exatamente quilo a que pensam ou sentem. Podem indicar o que querem, fazendo

    comentrios sarcsticos ou murmurando coisas, sem dizer diretamente o que est em

    suas mentes. Ou, ento, podem dizer o que sentem batendo portas, agindo com

    indiferena com relao pessoa, atrasando-se... s vezes, podem conseguir o que

    querem sem negociar diretamente. No entanto, as pessoas ao redor normalmente no

  • 34 | P g i n a

    intendem a mensagem e se sentem confusas ou com raiva e o passivo-agressivo acaba

    se sentindo frustrado e vtima da situao.

    Assertivo: a pessoa assertiva decide o que quer, planeja uma forma de conseguir e

    age. Normalmente, o plano mais eficaz deixar claro suas opinies e sentimentos e

    solicitar ao outros as mudanas que gostaria que fizesse, diretamente, evitando

    ameaas e declaraes negativas. No entanto uma pessoa assertiva pode decidir que

    uma resposta passiva a melhor (com um chefe insensvel), ou que uma resposta

    agressiva necessria (com pessoas que inmeras solicitaes feitas de maneira

    assertiva no tenham funcionado). tpico da pessoa assertiva que adapte seu

    comportamento situao. Geralmente, sentem-se satisfeitas e so bem vistas. A

    assertividade o modo mais efetivo de fazer com que as pessoas saibam o que se

    passa com voc ou que efeito o comportamento dele tem sobre voc. Ao se expressar

    assertivamente voc pode resolver sentimentos desconfortveis que, de outra

    maneira, permaneceriam e cresceriam e geralmente resulta na soluo de problemas e

    em sentir o controle da prpria vida. A pessoa assertiva no se sente vtima das

    circunstncias. No entanto, importante deixar claro que suas metas no podem ser

    atingidas em todas as situaes, uma vez que nunca se pode controlar a resposta dos

    outros.

    Tcnicas de manejo

    Pensar antes de falar. Identifique aquilo a que voc est reagindo. O que a outra

    pessoa lhe fez? Tente no tirar concluses sobre as intenes dela. No assume que

    ela deve saber o que se passa em sua mente.

    Planeje melhor o jeito de falar. Seja direto e especfico naquilo que disser. Evite

    misturar outros assuntos. Seja positivo, sem pedir desculpas ou fazer apologias. No

    deixe a outra pessoa mal. Culpa-la somente ir provocar uma reao defensiva e

    diminuir probabilidade de que ela o oua.

    Preste ateno sua linguagem corporal. Contato visual, gestos, postura, expresses

    faciais e tom de voz. Suas palavras e expresses devem levar a mesma mensagem. Fale

    firmemente.

    Mostre vontade de ser compreensivo. As pessoas ouviro se souberem que voc

    trabalhar para resolver a situao. Ningum quer sair com a sensao de fracasso.

    Tente achar um jeito para que ambos ganhem. Tente compreender seu ponto de vista

    e pea esclarecimentos, se forem necessrios. Se discordar de algo, fale sobre isso.

    No domine, nem submeta. Busque um senso de igualdade no relacionamento.

  • 35 | P g i n a

    Insista. Se voc achar que no est sendo ouvido, precisar agir novamente. Em

    algumas circunstncias, persistncia e consistncia sero necessrias assertividade.

    Mudar uma forma habitual de responder requer esforos conscientes e o desejo de

    conviver com o no natural por certo perodo. Algum no assertivo ter que se

    esforar inicialmente, j que a resposta no assertiva ocorrer quase

    automaticamente. O primeiro passo ficar atento sua forma habitual de responder e

    fazer um esforo consciente de mudana

    Lembre-se tenha sempre em mente ao praticar a assertividade:

    Pense um pouco antes de falar.

    Seja especfico e direto naquilo que disser.

    Preste ateno sua linguagem corporal.

    Esteja disposto a se comprometer.

    Repita novamente, se achar que no foi ouvido.

    Exerccio prtico

    Este exerccio tem a finalidade de ajud-lo a identificar o estilo que voc tem usado

    nas vrias situaes sociais. Eleja trs situaes sociais diferentes antes da prxima

    reunio, descreva-as e a forma como voc respondeu.

    Exemplo:

    Situao Um:

    _______________________________________________________________________

    Sua Resposta:

    _______________________________________________________________________

    Qual foi o estilo utilizado? ( ) Passivo ( ) Agressivo ( ) Passivo-Agressivo ( ) Assertivo

    Como voc poderia ter respondido assertivamente a cada uma dessas trs situaes

    (caso no tenha sido)?

  • 36 | P g i n a

    Habilidade de Iniciar Conversaes

    Fundamentos

    Conversar o primeiro passo para estabelecer contatos casuais ou ntimos com outras

    pessoas. uma habilidade de comunicao bsica.

    Algumas pessoas tm mais facilidade e outras, mais dificuldade. De qualquer forma

    sempre podemos melhorar.

    As pessoas, de uma maneira geral, sentem-se mal quando uma conversa vazia e bem

    quando agradvel e interessante.

    H uma grande relao entre habilidade e conforto em estabelecer conversaes e

    problemas com lcool/drogas:

    Algumas pessoas usam lcool/drogas porque acreditam que isso as ajuda a conversar

    com as pessoas em festas e encontros e se sentem desconfortveis ou incapazes sem o

    uso.

    Algumas pessoas evitam se socializar ou encontrar pessoas em virtude dessa

    dificuldade, o que contribui para solido, tdio e isolamento (situao de risco).

    Frequentemente pessoas que usam drogas tm amigos que tambm usam drogas. As

    pessoas que decidem parar de usar podem se sentir solitrias e muito importante

    comear a conhecer novas pessoas e construir novas amizades, como alternativa para

    reduzir a tentao de retornar aos lugares e amizades anteriores.

    Tcnicas de manejo

    Falsas percepes que podem ser obstculo no incio de conversaes:

    Que se deva apenas falar de assuntos importantes, srios e de grande relevncia.

    No necessrio iniciar uma conversa sobre a fome do mundo ou sobre as polticas

    nacionais. No precisamos resolver os problemas do mundo na primeira conversa com

    algum. A conversa deve ser divertida, uma forma de compartilhar ideias, ou de

    conhecer pessoas de uma maneira confortvel. Logo, no h problema em comear

    uma conversa com assuntos pequenos e menos relevantes. Esportes, o clima, as

    pessoas conhecidas em comum so boas e simples portas de acesso a conversas.

    Que voc totalmente responsvel por manter uma conversa. Conversar um

    processo de duas vias, em que cada pessoa contribui igualmente. Assim, comece com

    um assusto que proporciona que a outra pessoa possa responder fcil e

    confortavelmente.

  • 37 | P g i n a

    Que voc nunca deve falar de voc mesmo. Alguns aprendem que falar sobre si

    mesmo no polido e geralmente se sentem desconfortveis nessas situaes. Alguns

    estudos de psicologia social mostra que pessoas gostam de pessoas que tem interesses

    e atitudes semelhantes. A nica maneira de conseguir saber quais so as ideias e os

    gostos que compartilhamos falar sobre isso, de forma a estimular que o outro fale

    tambm. Falando de ns abrimos a porta para que o outro fale sobre ele. D o

    exemplo. bom falar sobre ns mesmos. Voc pode falar sobre si mesmo enquanto

    conversa sobre coisas simples. Se a conversa tiver como tema automveis, voc pode

    dizer, por exemplo, por que gosta de determinado modelo. O nvel das revelaes

    varia de situao a situao, de pessoa a pessoa.

    Aqui esto algumas sugestes que ajudam no incio de uma conversa.

    Oua e observe. As pessoas do pistas que podem ajud-lo a decidir sobre o assunto

    que da conversa. Essas pistas esto nas conversas que esto tendo com outras pessoas

    ou nas coisas em que esto interessadas. Como voc percebe se as pessoas esto

    interessadas ou aborrecidas? Aproxime-se de algum quando este no em alguma

    atividade, com pressa, ou no meio de uma conversa. Se essa pessoa estiver em meio a

    um grupo, espere at que haja uma brecha no assunto. No hesite nem interrompa.

    Deixe que a pessoa saiba que voc quer falar. Estabelea contato visual e dizendo

    algo primeiro, em vez de permanecer ali e esperar que ele fale. Perceba se sua xcara

    de caf est vazia e sugira que completem sua xcara juntos. Pergunte se conhece

    algum ali. Lembre-se a conversa no tem que ser de peso.

    Use questes de final aberto. Essa uma tcnica simples e muito efetiva em manter

    uma conversao. Uma pergunta de final aberto encoraja uma discusso, enquanto

    uma fecha pode ser respondida com um simples sim ou no. Por exemplo: o que voc

    achou do filme? versus voc gostou do filme?. Perguntas abertas sinalizam que

    voc quer conversar.

    Checar se a conversa est sendo bem recebida. Como o outro est respondendo? As

    respostas s suas perguntas esto sendo curtas? A pessoa est devolvendo perguntas

    e comentrios? Est olhando para o relgio, olhando para outros pontos, ou por trs

    de voc? Ou est mantendo contato visual posicionado sua frente? Se parecer que a

    pessoa no est interessada, termine a conversa. Voc no tem de dizer tudo na

    primeira conversa. Lembre-se que a conversa deve ser divertida e fcil. Se alguma das

    partes no tiver aproveitando, termine a conversa de maneira delicada. As conversas

    podem ser longas ou breves. preciso ter cuidado para no sobrecarregar o

    interlocutor. Se achar que o assunto no est interessante ou est desconfortvel para

    o outro, mude-o.

    Termine a conversa delicadamente. Quando a conversa tiver chagando a um final ou

    algum tiver que ir embora, voc pode terminar a conversa de maneira educada,

  • 38 | P g i n a

    dizendo algo agradvel a respeito do quanto aproveitou ou gostou da conversa. Voc

    pode mencionar que tem de sair ou que percebe que ela tem de ir embora e talvez se

    encontrem mais tarde. Basicamente, o apropriado aqui deixar seu convite com a

    sensao de que voc gostou da conversa e que seu sentimento sincero. Terminar de

    forma agradvel aumenta a probabilidade de que a pessoa queira voltar a falar com

    voc.

  • 39 | P g i n a

    Habilidade de fazer e receber crticas.

    1- Fazer crticas: Fundamentos

    s vezes desaprovamos ou achamos desagradveis algumas coisa que outras pessoas

    fazem. importante saber dizer-lhes isso e pedir-lhes que mudem, sem, no entanto,

    mago-las ou causar discusses.

    Fazer isso pode ser muito difcil. Muitas pessoas falham por diversas razes

    - Acham que fazer isso feio.

    - Querem evitar magoar a outra pessoa.

    - Tm medo de perder a pessoa ou de serem rejeitadas.

    - Tm medo de comear uma briga.

    Essa relutncia normalmente, resultado de anos de experincia com a crtica

    destrutiva. As habilidades a serem praticadas aqui se referem a como fazer uma

    crtica construtiva.

    H muitas razes para aprender a fazer crticas construtivas:

    - Muitas vezes, as pessoas fazem coisas que irritam as pessoas sua volta e nem

    mesmo percebe e isso pode limitar sua habilidade de interagir com sucesso. Ao

    dizermos que seu comportamentos desagradvel (interromper quem fala estar

    sempre muito atrasado, no cumprir o que promete, etc.) estaremos ajudando-

    as.

    - Se ficarmos durante muito tempo evitando fazer uma crtica necessria,

    provavelmente acabaremos nos sentindo estressados e desconfortveis com o

    relacionamento. Depois de algum tempo, sentiremos raiva, frustrao ou

    ressentimento e esses sentimentos se refletiro no dia a dia no nosso

    comportamento com essa pessoa.

    - Alm de mudanas positivas, nossa habilidade em fazer crticas construtivas nos

    ajudar (e ao outro) a nos sentirmos bem sobre nossas capacidades de discutir e

    resolver nossas dificuldades.

    - Uma crtica destrutiva no traz resultados positivos, pois percebida como

    ataque pessoal. Diante de um ataque a pessoa tem duas opes, fugir

    (ressentida) ou atacar (defender-se). O resultado um distanciamento ou uma

    sria discusso.

  • 40 | P g i n a

    Muitos usurios relatam que fazem o uso de drogas quando se sentem frustrados ou

    com raiva de outras pessoas por causa de conflitos interpessoais. Esses conflitos

    podem ser gerados por crticas colocadas de maneira destrutiva.

    Tcnicas de manejo

    Acalme-se. Se estiver com raiva ou a ponto de explodir, espere alguns minutos at

    sentir-se calmo, antes de falar.

    Ao fazer uma crtica, fale sobre seu sentimento e no sobre o comportamento do

    outro. Por exemplo, imagine que seu filho no telefonou como disse que faria. Ao

    invs de lhe dizer voc nunca cumpre o que promete, voc no se importa com

    ningum, diga-lhe senti-me ignorada, desprezada e muito aflita por voc no ter

    telefonado como disse que faria. Isso tem menos probabilidade de gerar um

    comportamento de defesa e de provocar uma discusso. Uma boa forma de lembrar-

    se disso usar o seguinte tipo de frase: quando voc faz X, eu me sinto Y. Perceba

    como isso diferente de X uma coisa rui de se fazer.

    Faa uma crtica com um tom de voz firme e claro, mas no raivoso. Se a crtica for

    recebida em um contexto de exploso emocional, ser menor a probabilidade de ser

    internalizada. O sarcasmo, a raiva e a ironia podem ser efetivos para punir e esse no

    o objetivo da crtica construtiva.

    Dirija sua crtica ao comportamento da pessoa e no a pessoa como um todo. Todos

    ns aceitamos o fato de que, s vezes, fazemos coisas que aborrecem as outra

    pessoas. No entanto, muito provvel que nos tornemos defensivos e argumentativos

    se nos fizerem uma crtica pessoal ou nos ofenderem. Um comportamento que

    aborrece no faz de ningum uma m pessoa. Por exemplo: imagine que tenha usado

    a calculadora de uma pessoa e que tenha se esquecido de coloc-la no lugar. Ao

    chegar, lhe diz ele: como voc burro, no sabe que no para deixar minhas coisas

    por a?. Como voc se sentiria? Como reagiria? E se a crtica fosse colocada dessa

    maneira: voc no guardou minha calculadora e isso me incomoda. Como voc se

    sentiria? Como reagiria?

    Solicite uma mudana de comportamento especfica. s vezes, presumimos que o

    outro sabe o que deve ser feito para nos agradar. Mas, geralmente, no sabe. Aquilo

    que pode ser completamente obvio para uma pessoa pode no ser para outra. Assim,

    ao fazer uma crtica sobre determinado comportamento, diga, especificamente, o que

    voc gostaria que tivesse sido feito. No exemplo do segundo item, devemos

    acrescentar crtica formulada senti-me ignorada, desprezada e muito aflita por voc

  • 41 | P g i n a

    no ter telefonado como disse que faria. Gostaria que tivesse cumprido o combinado.

    O exemplo do quarto item ficaria assim: voc no guardou minha calculadora e isso

    me incomoda. Eu gostaria de encontr-la no lugar quando precisar dela.

    Esteja disposto a firmar um compromisso com a pessoa. A meta no ganhar uma

    batalha, mas alcanar uma soluo mutuamente satisfatria. Por exemplo, voc pode

    estar insatisfeito com seu irmo por que este frequentemente traz amigos para fazer

    festa em casa, que geralmente termina muito mais tarde que o combinado. Ao

    contrrio de ficar insistindo para que ele termine no horrio permitido, ou brigar para

    no ter mais festas, voc pode fazer um compromisso de concordar com longas festas,

    mas num intervalo de dois meses e num dia que lhe seja adequado.

    Inicie a conversa com comentrio positivos. A melhor crtica aquela que contm um

    elogio. Podemos reforar um ponto forte da pessoa que poder ajudar a reforar um

    ponto fraco. Por exemplo: filho voc sempre respeitou a privacidade minha e de seu

    pai, consultando-nos sobre as pessoas que pretendia traze a nossa casa. No entanto,

    hoje de manh, surpreendi-me quando dei de cara com uma garota em nosso

    banheiro. Fiquei assustada, a princpio, e depois zangada. Gostaria de ter sido

    consultada antes. Estou certa de que uma pessoa to zelosa, como voc, tomar essa

    precauo da prxima vez.

    2- Receber crticas Fundamentos

    As crticas so frequentes na vida de todas as pessoas, todos os dias, e recebe-las de

    forma educada uma das coisas mais difceis em nossa interao com os demais.

    As crticas, quando feitas e recebidas apropriadamente, nos fornecem uma chance

    valiosa de aprender sobre ns mesmos e sobre a forma como afetamos as outra

    pessoas. Sempre h o que ser melhorado e o feedback construtivo de outras pessoas

    nos ajuda a melhorar.

    Outra razo para praticar a habilidade de receber uma crtica educadamente que isso

    nos ajuda a evitar argumentos desnecessrios e permite s outras pessoas saber que

    estamos abertos a ouvir seu ponto de vista. A pessoa que responde agressivamente a

    uma crtica desencoraja o outro a voltar a falar numa prxima vez, o que pode levar a

    uma consequncia mais danosa (um empregado que no sabe receber uma crtica

    educadamente pode perder o emprego ou uma oportunidade de crescer

    profissionalmente; um marido que no pode aceitar uma crtica de maneira apropriada

    prejudica uma conversao que pode contribuir para um relacionamento satisfatrio).

    As crticas podem ser feitas de duas formas distintas: construtivas (assertivas) ou

    destrutivas (passivas e agressivas):

  • 42 | P g i n a

    - As crticas construtivas so dirigidas ao comportamento e no as pessoas. Nesse

    caso a pessoa descreve os sentimentos que se relacionam a algo que voc fez e

    solicita a mudana.

    - As crticas destrutivas ocorrem quando algum nos crtica como pessoas, ai invs

    de criticar nosso comportamento. Este tipo de crtica est mais frequentemente

    relacionado ao estado emocional do outro ou a uma provocao para a discusso

    do que para o seu comportamento.

    Tanto para o caso da crtica construtiva quanto da crtica destrutiva, vale a pena estar

    atento reao emocional que a sucede. Brigas e discusses, de um modo geral, no

    conduzem a qualquer caminho positivo.

    Relao entre essa habilidade e o problema com lcool e drogas:

    - Conflitos interpessoais e a raiva ou outros sentimentos negativos resultantes

    deles so situaes de alto risco para recadas. Falhar em responde efetivamente

    s crticas pode levar a srios conflitos interpessoais, ao passo que responder de

    uma maneira efetiva pode reduzir os conflitos e a probabilidade de fazer o uso

    das substncias.

    - O problema com lcool e drogas provoca rupturas no funcionamento da pessoa

    de vrias maneiras (com os pais, cnjuge, colegas de trabalho, etc.) e torna o

    usurio suscetvel a uma variedade de crticas a respeito de seu comportamento.

    Esse aumento da probabilidade de receber crticas torna essa habilidade

    especialmente importante.

    Receber crticas a respeito do beber/usar

    Em funo do contexto em que feita, a crtica do beber/uso pode tomar a

    forma de acusao ou interrogatrio (voc est atrasado e sei que voc estava

    usando de novo), ainda que a pessoa que receba a crtica esteja

    comprometida com a deciso de parar de usar e aderida ao tratamento. A

    confiana perdida demora para ser restabelecida e a vigilncia reduzida. O

    excesso de vigilncia poder gerar uma percepo distorcida da situao,

    levando a crticas infundadas, no entanto, em determinadas situaes a crtica

    ser pertinente. Em ambos os casos, importante ser capaz de responder s

    crticas de modo a permitir uma comunicao produtiva, ao invs de iniciar

    uma relao agressiva.

    A crtica sobre beber pode se focar no passado e tanto poder ser destrutiva

    (voc foi horrvel durante os anos em que bebia, arruinou nosso lar e a nossa

    famlia) quanto construtiva (estou feliz com suas mudanas, mas algumas

    vezes fico frustrada com tudo o que sofremos no passado. Penso que me

    sentiria melhor e mais esperanosa sobre ns se voc voltasse a jantar conosco

  • 43 | P g i n a

    novamente e ouvisse das crianas como foi seu dia na escola). Nem sempre

    quem faz crticas consegue manter-se focado no aqui e agora.

    Durante a fase inicial da abstinncia, possvel que as crticas sobre o beber

    sejam ocasionadas por outros comportamentos associados ao uso e que

    incomodam outras pessoas, como por exemplo, uma esposa que se ressente

    com o isolamento ou o comportamento instvel do marido e, ao invs de

    manifestar este sentimento, pode focar-se no passado ou no risco presente de

    voltar a usar. Essa crtica mal dirigida pode ocorrer porque o comportamento

    de beber esteve associado a esses outros comportamentos no passado e talvez

    por ser mais fcil ou automtico criticar o uso do que abordar outro problema.

    Uma postura aberta no defensiva, com perguntas esclarecedoras sobre o

    contedo da crtica, permitir uma melhor compreenso da percepo e do

    sentimento de quem lhe dirige a crtica.

    Tcnicas de manejo

    O principal objetivo do treino da habilidade em receber crticas (sejam construtivas ou

    no) manter uma postura assertiva. Sempre que possvel, uma segunda meta

    poderia ser tentada: a de mudar a natureza da crtica e ajudar a outra pessoa a se

    comunicar de maneira mais produtiva. Mesmo um crtica destrutiva, colocada da pior

    maneira possvel, pode conter alguma informao til.

    No fique na defensiva, no entre numa discusso e no contra-ataque. Fazer

    isso s aumentar a argumentao e diminuir a chance de uma comunicao

    efetiva entre voc e o outro. Considere a seguinte situao: um marido que

    est indo pescar e recebe crticas da esposa a respeito do seu ato de pescar. O

    marido replica: Quem voc para dizer se pescar bom ou no? Voc no

    entende nada de pescaria. Esse tipo de colocao absolutamente ofensivo e

    agrava os sentimentos entre o marido e a sua esposa, levando a esse tipo de

    argumentao.

    Faa pergunta outra pessoa para tentar, sinceramente, esclarecer e

    especificar melhor a crtica para que voc perceba seu contedo e propsito.

    Fazendo mais perguntas sobre a colocao da crtica, voc encoraja o outro a

    formul-la de uma forma mais provvel de melhorar a comunicao mtua.

    Continuando com o exemplo anterior, uma resposta no defensiva e que

    ajudaria a esclarecer a crtica poderia ser: percebo que o fato de eu ir pescar

    est te incomodando, mas no sei como. Poderia me dizer?.

    Encontra algo na crtica com o que voc concorde e apresente ao seu

    interlocutor de forma mais direta. Isso particularmente importante quando a

    crtica est 100% correta. Ao invs de responder com culpa ou hostilidade,

    aceite-a de modo assertivo e admita se for negativo. Voltando ao exemplo

    anterior: Voc est certa. Estou deixando-a sozinha com muita frequncia nas

  • 44 | P g i n a

    ltimas semanas. Essa abordagem retira grande parte do impacto negativo da

    crtica e ajuda a quem faz a crtica a ser mais objetivo em seus feedbacks.

    Proponha um compromisso que voc possa assumir. Isso significa propor

    alguma mudana de comportamento adequada crtica. No exemplo anterior,

    essa proposta poderia ser, por exemplo, ir pescar essa semana e ir ao cinema

    com a esposa (ou alternativa que a agradasse) na outra semana.

    Rejeite uma crtica injusta. Muitas vezes, uma crtica no tem justificativa.

    Nessas situaes, importante rejeit-la de maneira polida, porm firme. Por

    exemplo, o marido chega em casa e diz agressivamente para a esposa: parece

    que um ciclone passou por esta casa e as crianas ainda no jantaram. s vezes

    acho que a nica coisa que voc faz ficar sentada dentro de casa, enquanto

    estou trabalhando. Uma resposta apropriada da esposa seria dizer, de

    maneira firme e no raivosa: de fato, a casa hoje est uma baguna e eu estou

    atrasada com o jantar das crianas. Mas hoje eu no me senti bem durante o

    dia todo e no gosto da maneira como est falando comigo.

    Exerccios prtico - Habilidade de fazer crticas

    Lembre-se

    Primeiro: acalme-se.

    Coloque a crtica em termos de seus sentimentos, no em termos de fatos

    absolutos.

    Critique comportamento, no a pessoa.

    Solicite uma mudana de comportamento especfica.

    Esteja aberto a negociar um compromisso.

    Inicie e comece de maneira positiva.

    Use um tom de voz claro e firme e no raivoso. Exerccio prtico

    Aproxime-se de uma pessoa a qual tenha a intenso de dizer algo negativo. Faa

    crticas construtivas. Tente seguir as recomendaes aqui apresentadas.

    Antes de terminar a reunio responda:

    I. Identifique o problema:

    II. Qual sua meta nessa situao?

    Depois de ter conversado com a pessoa registre o que aconteceu:

    I. O que disse a ele/ela?

    II. Como ele/ela respondeu?

    III. Quais sugestes anteriores voc utilizou?

    Exerccio prtico - Habilidade de receber crticas

  • 45 | P g i n a

    Lembre-se

    - No fique na defensiva, no discuta no contra-ataque.

    - Encontre algo com que concordar.

    - Faa perguntas para esclarecimentos.

    - Proponha um compromisso realizvel.

    Exerccio prtico

    Fique atento, at nossa prxima reunio, a qualquer crtica que venha a receber e

    tente responder a ela de acordo com os parmetros discutidos aqui e depois faa suas

    anotaes:

    Descreva a situao:

    Descreva sua resposta:

    Verifique:

    - Voc se comportou como se a crtica no valesse a pena? ( ) SIM ( ) NO

    - Voc encontrou algo com o que concordar? ( ) SIM ( ) NO

    - Voc fez perguntas para esclarecer a crtica? ( ) SIM ( ) NO

    - Voc props um compromisso? ( ) SIM ( ) NO

  • 46 | P g i n a

    Habilidades de recusa

    Fundamentos

    Receber convite ou presso para beber/usar uma situao de alto risco comum.

    Ser capaz de recusar um convite para o uso requer muito mais do que uma sincera

    deciso de parar de beber. Requer assertividade especfica para agir de acordo com

    essa deciso.

    O uso social do lcool muito comum em nossa cultura e podemos encontra-lo em

    uma grande variedade de lugares e situaes. Assim, mesmo aquela pessoa que evita

    todos os bares se encontrar em situaes em que outras pessoas estaro bebendo ou

    fazendo planos para beber em encontros familiares, festas no escritrio, restaurantes,

    jantares na casa de amigos etc. Muitas pessoas podero oferecer-lhe um drinque

    (parentes, amigos, encontros de negcios etc.) e esses convites podero ser casuais ou

    at mesmo repetitivos ou argumentativos. Diferentes situaes sero mais ou menos

    difceis para diferentes pessoas.

    Praticar a recusa uma habilidade que permite responder mais rpida e efetivamente

    quando essas situaes reais ocorrem.

    Tcnicas de manejo

    A natureza especfica de uma resposta assertiva a um convite para beber varivel,

    dependendo de quem o est oferecendo e de como a oferta feita. Muitas vezes, um

    simples no, obrigado ser o suficiente. Compartilhar um problema com outras

    pessoas poder ser til em alguns momentos e em outros no.

    Comportamentos no verbais Fale de maneira clara, firme e com voz no hesitante. Caso contrrio, deixar a pessoa

    em dvida sobre o que voc realmente quer dizer.

    Olhe nos olhos da pessoa. Isso aumenta a efetividade de sua mensagem.

    No se sinta culpado. Voc no magoa ningum por no querer beber/usar e, em

    muitas situaes as pessoas nem vo saber se voc bebeu ou no. Voc tem o direito

    de no beber.

    Comportamentos Verbais

    No deveria ser a sua primeira palavra, pois termina logo com o assunto. Se voc

    hesitar em dizer no, as pessoas ficaro em dvida sobre o que realmente quer dizer.

    Voc pode sugerir uma alternativa: um caf, um sorvete, um suco, um lanche, uma

    caminhada, uma volta de carro, etc.

  • 47 | P g i n a

    Solicite uma mudana de comportamento. Se a pessoa estiver repetidamente

    insistindo, pea-lhe que no mais lhe oferea um drinque/dose. Por exemplo se a

    pessoa disser vamos l s essa pela nossa amizade, uma resposta apropriada seria

    se voc quiser ser meu amigo, no me oferea mais isso.

    Depois de dizer no, mude de assunto para algo que evite entrar em uma longa

    discusso sobre o uso. Por exemplo no, obrigado, eu no bebo. Estou feliz por ter

    vindo a esta festa. H muitas pessoas que no via h muito tempo, inclusive voc. O

    que tem feito?.

    Evite desculpas (como estou tomando remdios) e o uso de respostas vagas (hoje

    no). Querem dizer que outro dia voc aceitar. Apesar de ser prefervel evitar as

    desculpas, em algumas circunstncias podero ser teis.

    Lembre-se

    Sua primeira palavra dever ser no.

    Sua voz deve ser clara, firme e no hesitante.

    Olhe diretamente nos olhos.

    Sugira uma alternativa (algo a fazer ou algo para comer/beber).

    Pea pessoa que pare de lhe oferecer bebida.

    Mude de assunto.

    Evite o uso de respostas vagas.

    No se sinta culpado.

    Exerccio prtico

    1. Faa uma lista de pessoas que possam lhe oferecer drogas no futuro. Pense a

    seguir na maneira como voc ir respond-las, elabore uma dramatizao para

    apresentar ao grupo e descreva qual tcnica voc usou.

    Colega de trabalho:_______________________________________________________

    Chefe:_________________________________________________________________

    Uma pessoa que voc acaba de conhecer:_____________________________________

    Garom (com outras pessoas presentes):_____________________________________

    Parente, numa festa de famlia:_____________________________________________

  • 48 | P g i n a

    Ouvir e Falar sobre Sentimentos e

    Opinies

    Fundamentos

    Algo que todos temos em comum so os sentimentos. Todos ns j experimentamos raiva, tristeza, frustao, alegria, realizao, medo etc. Experimentamos sentimentos diferentes em situaes diferentes e cada um sua maneira. Experimentamos esses sentimentos de forma mais ou menos intensa. Mas todos j experimentamos uma grande variedade de sentimentos. H duas habilidades relacionadas expresso de sentimentos: a de compartilhar sentimentos, opinies atitudes com outras pessoas; e de ouvir outras pessoas, de forma, a saber, que so importantes e que entendemos o que compartilham conosco. Apesar de muitas pessoas terem dificuldades em compartilhar e ouvirem ativamente, estas so habilidades de comunicao que podem ser melhoradas com prtica. H muitos benefcios em compartilhar emoes com outras pessoas: - Intensifica o relacionamento com familiares e outras pessoa que queremos conhecer

    melhor. a melhor maneira de construir afeto e confiana entre pessoas. - Facilita o conhecimento do outro, pois a melhor forma de conhecer mais sobre algum

    compartilhando sentimentos sobre alguma coisa (como se sente sobre crescer numa cidade pequena? O que achou daquele filme? O que achou da sua viagem? E como est no trabalho? Como se sente em relao ao uso de drogas?). Compartilhar sentimentos com outros, ajudando-o a se sentir mais prximo de voc possibilita a ambos a descoberta de coisas em comum. Quanto mais voc souber sobre o outro, maior ser o sentimento de amizade. E isso verdadeiro tanto para desconhecidos quanto para os prprios familiares: apesar de muita gente estar junta todos os dias, os sentimentos podem ficar fora das conversas. Quanto menos se fala sobre sentimentos, mais distantes uns dos outros nos sentimos.

    - Permite ao outro saber que ode compartilhar algo importante com voc. Falar sobre si mesmo contem a mensagem falar sobre sentimentos bom.

    - Compartilhar sentimentos com algum pode ser uma importante forma de dar apoio a algum (ou a si mesmo). Frequentemente, pessoas ficam aliviadas ao saberem que no esto sozinhas ao sentirem algo.

    Ouvir atentamente quando algum compartilha algo conosco e importante, se quisermos conhecer ou nos aproximarmos dessa pessoa. O uso dessa habilidade tem vrias consequncias positivas: permite que o outro saiba que estamos interessados e queremos atend-los; encoraja-o a falar mais sobre si mesmo; e nos permite saber mais a seu respeito. Relao dessas habilidades e o uso de drogas: - Os adictos, na tentativa de se livrarem de sentimentos desagradveis, descobrem que a

    abstinncia traz, inicialmente, uma intensificao dos mais variados sentimentos. Conversar com os amigos ou familiares favorece o recebimento de apoio e o senso de proximidade.

    - Alguns usurios relatam que usam drogas para ajuda-los a expressar sentimentos positivos (afeto, carinho, proximidade). Para essas pessoas, compartilhar sentimentos positivos, sem drogas, ser uma valiosa ajuda para manter a abstinncia.

    - O uso da droga prejudica a habilidade de ouvir, mesmo naquele que eram bons nisso, por terem perdido sua capacidade de concentrao. E essa habilidade pode demorar a retornar, mesmo aps a abstinncia. Assim, a prtica importante, tanto para quem est aprendendo quanto para quem est reaprendendo.

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    - Muitos usurios relatam sentimentos de solido e, muitas vezes, a droga utilizada para acabar com ela. Outras vezes, esse sentimento pode vir com o prprio uso, porque o distancia de amigos e familiares. Em ambos os casos, aprender a resolver a solido ajudar a prevenir a recada. E as habilidades de ouvir e falar so importantes para isso.

    Tcnicas de manejo

    Habilidade de falar sobre sentimentos:

    - bom falar sobre sentimentos. Todos ns temos bons e maus sentimentos. - importante compartilhar tano os bons quanto os maus sentimentos. Alguns se

    sentem mais confortveis falando sobre os positivos e outros sobre os negativos. Mas as pessoas nos conhecero melhor se falarmos tanto de um quanto do outro.

    - Raiva, tristeza, e medo esto sempre presentes em familiares e usurios de drogas. E importante saber comunica-los diretamente, evitando a comunicao indireta, amis prejudicial. Tambm importante deixarmos claros os comportamentos que nos despertam sentimentos negativos.

    Por exemplo: Sinto-me... quando voc...:

    Sinto-me ansioso quando voc demora a chegar.... Sinto raiva quando voc no cumpre o que prometeu. Fico triste quando voc no me ouve. Tenho medo que voc se prejudique por usar maconha. Fico feliz, quando voc chega a casa cedo. Sinto-me orgulhosa pelos seus resultados na escola.

    Habilidade de ouvir:

    - Ouvir mais do que simplesmente sentar e ouvir passivamente enquanto o outro fala. Ouvir uma habilidade ativa porque envolve uma tentativa de compreender o que o outro est comunicando e no apenas esperar sua vez de falar.

    - Seu comportamento no verbal pode dar um apoio para que o outro continue falando. Manter o olhar, acenar com a cabea, dar um toque simptico ou murmurar so expresses que indicam que voc est interessado e que est ouvindo. Olhar para o relgio, ou para outras coisas distrai quem est falando e revela que voc no est realmente interessado no que est sendo dito. O comportamento no verbal a primeira coisa que as pessoas notam, quando esto monitorando a forma como esto sendo recebida.

    - Reconhecer o comportamento no verbal de quem fala outra caracterstica importante dos bons ouvintes. Estes esto afinados com os sentimentos do outros; ouvem a mensagem que est por trs da palavra. O tom de voz e a expresso facial fornecem vrias informaes, alm daquela que esto sendo expressas em palavras. Por exemplo, algum falando sobre uma casamento pode falar sobre o vestido, a recepo, a comida etc., mas com um comportamento

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    no verbal pode transmitir um sentimento de tristeza. O bom ouvinte pode perguntar sobre suas recordaes em relao ao casamento, sobre seus sentimentos ou diretamente sobre a tristeza, ajudando-a a falar sobre o que a experincia significou para ela.

    - Fazer perguntas, parafrasear o que foi dito, ou acrescentar comentrio (puxa que legal!) so formas verbais de dizer: estou ouvindo, estou ligado.

    - Um bom ouvinte compartilha sentimentos semelhantes. Faz parte do dar e receber da conversa. Mas conveniente esperar que o outro tenha terminado. Interromp-lo prejudica a comunicao.

    Exerccios

    Importante

    - Essas habilidades demandam tempo para serem aprimoradas. - Voc no mudar de um momento para o outro, mas aos poucos. E o outro pode

    demorar a perceber que voc mudou. - Conte com o insucesso inicialmente. Persista como aprender a andar. No

    samos andando simplesmente, comeamos nos agarrando em mveis, que nos suporta apenas alguns segundos... Camos muitas vezes, antes de aprender. Erramos muito antes de acertar.

    Lembre-se

    Ao falar:

    - bom falar sobre seus sentimentos, tanto positivos quanto negativos.

    - Defina aquilo que dir (uma parte do que quer compartilhar).

    - Voc compartilhar mais com aquela pessoa de quem se sente mais

    prximo do que com aquela pessoa que acabou de conhecer.

    Ao ouvir:

    - Use a expresso corporal para mostrar que est ouvindo (olhar nos

    olhos, acenar a cabea).

    - Preste ateno ao tom de voz, expresso facial e linguagem corporal

    da outra pessoa, para