Terceira oficina

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Reflexões e práticas de ensino da História da África e da Cultura Afro- brasileira nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) em Jaguariaíva

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Reflexões e práticas de ensino da História da África e da Cultura Afro-

brasileira nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) em

Jaguariaíva

3ª OficinaLivros didáticos,

paradidáticos e o ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira.

Chimamanda Ngozi Adichie: ‘É impossível falar sobre racismo sem causar desconforto’

Escreveu“Hibisco roxo” (2003),“Meio sol amarelo” (2006)

e“Americanah” (214). Nasceu em Enugu, no sudeste nigeriano, foi estudar nos Estados

Unidos aos 19 anos e hoje vive entre Lagos e

Baltimore.

Como a educação pode combater estereótipos?

Os estereótipos estão na mídia, no senso comum, nos livros...

1. A África é o berço da humanidade.

SIM NÃO

2. Por não terem desenvolvido escrita, os antigos povos africanos ao sul do Saara não possuem história que possa ser estudada pelos pesquisadores ou trabalhada em sala de aula.

SIM NÃO

3. A porção da África localizada abaixo do Saara sempre foi habitada por povos que, apesar de numerosos, tinham tradições muito parecidas.

SIM NÃO

4. A África era formada por impérios poderosos e organizados – e não apenas por pequenas tribos – quando os europeus passaram a explorá-la.

SIM NÃO

5. Os europeus foram os responsáveis por escravizar os africanos.

SIM NÃO

6. O uso da mão de obra africana escravizada se deu unicamente pela crença dos europeus de que esse povo era uma raça inferior.

SIM NÃO

Mapa italiano do século XIV mostrando o rei mansa Musa.

Vincular a história da África à História do Brasil. A história dos africanos escravizados não começou no Brasil. Há história antes e depois da escravidão. O negro também é protagonista da História.

Qual é o papel do livro didático em suas práticas pedagógicas?

O que uma informação errada presente em um livro didático pode

ocasionar?

O que um livro paradidático deve apresentar para ser eficaz nas

práticas educativas?

Discórdia. Em Caçadas de Pedrinho, Lobato descreve Tia Nastácia como uma "macaca de carvão"

Caçadas de Pedrinho, usado em duas ocasiões pelo PNBE, teve sua distribuição ameaçada em 2010 por um parecer do Conselho Nacional de Educação, que, em resposta à ouvidora da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), recomendava que o livro com teor racista não fosse selecionado – e, caso o fosse, que contivesse uma ressalva. O motivo: racismo.

Livro 'Caçadas de Pedrinho', obra escrita porMonteiro Lobato em 1933,

distribuído a escolaspúblicas no PNBE.

(Foto: Divulgação/ MEC)

“Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que

parecia nunca ter feito outra coisa na vida...”

“Não vai escapar ninguém, nem tia Nastácia, que tem carne preta”.

Ministro do STF rejeita incluir nota sobre racismo em livro de LobatoInstituto entrou com a ação para adicionar notas no 'Caçadas de

Pedrinho'.Ainda pode haver recurso da decisão

de Luiz Fux no plenário do STF.

23/12/2014

http://g1.globo.com/educacao/noticia/2014/12/ministro-do-stf-rejeita-incluir-nota-sobre-racismo-em-livro-de-lobato.html

Há evidências suficientes para afirmar que (...) Monteiro Lobato era de fato racista (...) foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo e amigo pessoal de expoentes da eugenia no Brasil, como os médicos Renato Kehl (1889-1974) e Arthur Neiva (1880-1943). Uma carta escrita por Lobato a Neiva, em 1928, desmancha dúvidas dos mais intransigentes. Eis um trecho dela, conforme o original: “Paiz de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan, é paiz perdido para altos destinos. André Siegfried resume numa phrase as duas attitudes. ‘Nós defendemos o front da raça branca – diz o Sul – e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brazil’. Um dia se fará justiça ao Klux Klan (...) que mantem o negro no seu lugar”.

http://www.cartacapital.com.br/revista/749/monteiro-lobato-racista-empedernido

AS BONECAS DE FERNANDA

Fernanda tem duas bonecasUma é linda de se ver,A outra coitadinha,É feinha de doer.

A bonita se chama Teresa.Tem olhos grandes olhos azulados,Usa vestido de seda clarinhoCom botõezinhos dourados.

A feia não tem nome,Nem mesmo um apelido,O vestido que usa é velho,Rasgado e encardido. [...]

Mas na hora de brincar,Veja só o que acontece:A Fernanda pega a feiaE da bonita se esquece.

Alexandre Azevedo

Em 04 de março de 2013, a professora de prenome Regina, declarou o que pensa sobre o material no site da revista “Caros Amigos”, “O texto pode parecer inocente – e talvez a intenção de seu autor não tenha sido discriminatória, mas quem está numa sala de aula com 99% de crianças extremamente pobres e negras, sabe que este texto provoca sensação de inferioridade em várias crianças. O estereótipo da boneca “feia” casa totalmente com o pobre: em várias passagens, as crianças se identificam com a boneca feia – ela não tem nada (“não tem corda”, “tem pouco cabelo”)!!! É o estereótipo do pobre em pessoa! Por que a boneca loira é a bonita?? Estas coisas reforçam o sentimento de inferioridade de nossos alunos. Estou em sala de aula e sei bem do que estou falando! Dentro da realidade escolar, vemos as crianças se dizerem feias, porque são “pretas”…ou criticarem-se mutuamente por conta de sua condição social. Não sei como é o livro original de Alexandre Azevedo na íntegra, mas o texto que está [no livro] o qual tive acesso porque sou educadora da rede municipal de Salvador e afirmo, sim, que existem fortes estereótipos ali”.

PNLD 2013-2014

Português e ArteNo Ensino Fundamental, as abordagens, quando são feitas, ocorrem de maneira indireta, por meio de desenhos e narrativas que expressão a diversidade étnica. As obras também destacam que o professor deve complementar o conteúdo com materiais que ele julgue necessários.

História e geografiaCom relação às obras do ensino fundamental 1, a análise presente no Guia do MEC afirma: “para muitas obras, nos momentos históricos subsequentes à colonização, em relação ao movimento abolicionista, por exemplo, o tratamento dispensado ao tema valoriza as concepções tradicionais, que secundarizam a participação dos afro-brasileiros no processo histórico”.A contribuição dos negros africanos brasileiros para a cultura nacional aparece associada à música, à dança, à alimentação, à religião, às festas e a termos incorporados à língua portuguesa.Já o material usado nas aulas de Geografia aborda a cultura afro-brasileira e a diversidade étnica do Brasil de forma genérica e não estrutural nos conteúdos específicos de cada série. Nas análises das obras do ensino fundamental 1, por exemplo, o MEC ressalta que: “a maior parte dos livros em questão trata essa contribuição — indígena e afrodescendente — como sendo parte de um momento específico da formação territorial e não como constituinte do espaço geográfico na atualidade”.

Como escolher um livro adequado para a Educação para as Relações Étnico-raciais?

• Ler o Guia PNLD com atenção;• Discutir com os professores;• Refletir sobre a adequação do livro à proposta

pedagógica da escola e do professor;• Observar se o livro apresenta conteúdos de

História da África e dos africanos no Brasil, destacando o protagonismo do negro.

• Observar se há ludicidade;• As atividades estimulam a comparação entre passado e

presente e relacionam diferentes temas;• Analisar a qualidade dos textos e das ilustrações (as

imagens mostram a diversidade?)• Observar a linguagem e a qualidade dos mitos, letras de

músicas, poemas, pinturas, mapas e fotografias.• Em suma, refletir se o livro está de acordo com as Diretrizes

Curriculares e as necessidades de trabalho da escola numa educação antirracista e que valoriza a diversidade étnico-racial.

EXEMPLOS

Quais livros você utiliza e recomenda?

Negro escravo ou negro escravizado?Violência na escravidão...

SUGESTÕES DE TRABALHO

• PALAVRAS DE ORIGEM AFRICANA• ADINKRAS• MÁSCARAS AFRICANAS

Palavras de origem africana...

Adinkras criados pelos povos akan, presentes

em Gana, Costa do Marfim e no Togo, países da África do

Oeste. Os Adinkras

constituem um sistema de escrita

pictográfica e de ideias comprometidas com a

preservação e transmissão de

valores fundamentais.

O fotógrafo Hans Silvester registrou imagens de membros de duas tribos

africanas que têm um gosto em comum: a pintura corporal e o uso de adereços extravagantes encontrados

na natureza.Silvester viajou várias vezes pela região do vale do Omo em outros trabalhos e ficou fascinado pelo

modo como os representantes das tribos Mursi e Surma se decoravam.

Estes indígenas do sul da Etiópia, que vivem principalmente do pastoreio de grandes rebanhos de gado no vale do Omo, também se dedicam à agricultura de cereais, sorgo, milho e sobretudo são coletores de mel. Calcula-se

que restam uns 9.000 indígenas Mursi e uns 45.000 Surma.

Máscaras africanas

Máscara de boi com mandíbula móvel. Arte ibibia. Museu do Homem, Paris.

Máscara de dança. Arte ioruba-nagô. Museu do Homem, Paris.

Máscara. Arte pendê. Museu da África Central, Tervuren.

Máscaras africanas

Máscara do século XVI, Nigéria, Edo, Corte de Benin, marfim, Metropolitan Museum of Art

Por que trabalhar com as máscaras africanas?

• Desenvolver habilidades motoras e de apreciação artística;

• Conhecer a diversidade cultural, religiosa e artesanal da África;

• Estimular a dramatização e demais habilidades em Arte;

• Vincular Arte e História africanas;• Promover atividades lúdicas, interdisciplinares e

significativas.

EDNA MARIA DA SILVA - NATAL - RN NUCLEO EDUCACIONAL INFANTIL - NEI

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22762

PRÓXIMA OFICINA: DICAS DE FILMES, MÚSICAS , FOTOS, QUADRINHOS E PINTURAS.