TERMINAIS DE GRÃOS DA PONTA DA PRAIA: UM ESTUDO...

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Revista Ceciliana Dez 7(2): 1-4, 2015 ISSN 2175-7224 - © 2009/2015 - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana TERMINAIS DE GRÃOS DA PONTA DA PRAIA: UM ESTUDO DA PERCEPÇÃO DOS MORADORES DA REGIÃO Ana Paula dos Santos Nascimento¹ ¹Mestranda em Ecologia da Universidade Santa Cecília / UNISANTA- Santos – SP. Recebido em: 10/11/14 Aceito em: 29/05/15 Publicado em: 04/12/15 RESUMO Este estudo apresenta opinião e discussão entre o poder executivo da cidade de santos, o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) e o Ministério Público, para resolver as questões ambientais que surgiram com a expansão do Porto de Santos e o consequente aumento dos terminais de grãos no bairro da Ponta da Praia, que atualmente estão causando danos à saúde e na rotina dos trabalhadores das cercanias e diretamente ligados a produção de embarque e desembarque de produtos. Os moradores da região vêm sofrendo os efeitos mais visíveis da carga em que está submetido diariamente ao excesso de poeira e odores exalados dos grãos que caem na superfície do local e apodrecem. Em conseqüência dos ventos e pela proximidade do bairro com área de, descarregamento desses produtos, os munícipes dessa localidade são os mais afetados. Palavras-Chave: Porto de Santos, questões ambientais, Ponta da Praia, terminais de grãos. 1. Introdução O porto de Santos, inaugurado em 1892, (Benevolo, 1997) não parou de se expandir, atravessando todos os ci- clos de crescimento econômico do país. Com seus vários tipos de carga, como: Açúcar, café, algodão, adubo, carvão, trigo, sucos cítricos, soja, veículos, granéis líquidos diversos, em milhões de quilos, têm feito o cotidiano do porto, que já movimentou mais de l (um) bilhão de toneladas de cargas diversas, desde 1892, até os dias de hoje. Assim como em outras cidades portuárias, sofre as conseqüências do processo de industrialização que se iniciou desde a revolução industrial (1760-1840), Hobsbawm), onde o homem de uma forma ou de outra começou a poluir o planeta, causando prejuízos ao meio ambiente, poluindo as cidades com gases tóxicos, queima de combustíveis, causando doenças pela poluição atmosférica. Entre essas contaminações, a cidade de Santos também esta sendo vítima de vários acidentes ambientais, (Nascimento et AL., 2013) entre eles, desde maio do ano passado, os moradores da Ponta da Praia, bairro nobre de Santos, vêm sentindo os impactos por estarem próximos à área portuária. A poeira e o mau cheiro estão prejudicando a saúde e a rotina dos moradores (jornal A Tribuna). 2. Metodologia O trabalho foi realizado através de consultas a livros, mapa dos bairros do município de Santos, jornais que abordam a história da cidade e a história do Porto de Santos, alguns sites e conversas com moradores do bairro em questão. Foi realizada pesquisas no local e definidos 47 depoimentos de moradores do local. Fizemos um levantamento fotográfico do porto e do bairro. Foram ouvidos 30 homens, de profissões diversas (empresários, trabalhadores braçal, técnicos, professores, arquitetos, estudantes e engenheiros) e 17 mulheres, sendo elas donas de casas e profissionais libertais (professoras, arquitetas, bióloga, donas de casas e estudantes).

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Revista Ceciliana Dez 7(2): 1-4, 2015

ISSN 2175-7224 - © 2009/2015 - Universidade Santa Cecília Disponível online em http://www.unisanta.br/revistaceciliana

TERMINAIS DE GRÃOS DA PONTA DA PRAIA: UM ESTUDO DA

PERCEPÇÃO DOS MORADORES DA REGIÃO

Ana Paula dos Santos Nascimento¹

¹Mestranda em Ecologia da Universidade Santa Cecília / UNISANTA- Santos – SP.

Recebido em: 10/11/14 Aceito em: 29/05/15 Publicado em: 04/12/15

RESUMO

Este estudo apresenta opinião e discussão entre o poder executivo da cidade de santos, o diretor da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) e o Ministério Público, para resolver as questões ambientais que surgiram com a expansão do Porto de Santos e o consequente aumento dos terminais de grãos no bairro da Ponta da Praia, que atualmente estão causando danos à saúde e na rotina dos trabalhadores das cercanias e diretamente ligados a produção de embarque e desembarque de produtos. Os moradores da região vêm sofrendo os efeitos mais visíveis da carga em que está submetido diariamente ao excesso de poeira e odores exalados dos grãos que caem na superfície do local e apodrecem. Em conseqüência dos ventos e pela proximidade do bairro com área de, descarregamento desses produtos, os munícipes dessa localidade são os mais afetados.

Palavras-Chave: Porto de Santos, questões ambientais, Ponta da Praia, terminais de grãos.

1. Introdução

O porto de Santos, inaugurado em 1892, (Benevolo, 1997) não parou de se expandir, atravessando todos os ci-clos de crescimento econômico do país. Com seus vários tipos de carga, como: Açúcar, café, algodão, adubo, carvão, trigo, sucos cítricos, soja, veículos, granéis líquidos diversos, em milhões de quilos, têm feito o cotidiano do porto, que já movimentou mais de l (um) bilhão de toneladas de cargas diversas, desde 1892, até os dias de hoje. Assim como em outras cidades portuárias, sofre as conseqüências do processo de industrialização que se iniciou desde a revolução industrial (1760-1840), Hobsbawm), onde o homem de uma forma ou de outra começou a poluir o planeta, causando prejuízos ao meio ambiente, poluindo as cidades com gases tóxicos, queima de combustíveis, causando doenças pela poluição atmosférica. Entre essas contaminações, a cidade de Santos também esta sendo vítima de vários acidentes ambientais, (Nascimento et AL., 2013) entre eles, desde maio do ano passado, os moradores da Ponta da Praia, bairro nobre de Santos, vêm sentindo os impactos por estarem próximos à área portuária. A poeira e o mau cheiro estão prejudicando a saúde e a rotina dos moradores (jornal A Tribuna).

2. Metodologia

O trabalho foi realizado através de consultas a livros, mapa dos bairros do município de Santos, jornais que abordam a história da cidade e a história do Porto de Santos, alguns sites e conversas com moradores do bairro em questão.

Foi realizada pesquisas no local e definidos 47 depoimentos de moradores do local. Fizemos um levantamento fotográfico do porto e do bairro. Foram ouvidos 30 homens, de profissões diversas (empresários, trabalhadores braçal, técnicos, professores, arquitetos, estudantes e engenheiros) e 17 mulheres, sendo elas donas de casas e profissionais libertais (professoras, arquitetas, bióloga, donas de casas e estudantes).

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A escolha dos depoentes se deu em função das proximidades do local e de pessoas que trabalham diretamente com o descarregamento dos produtos em questão. Foram ouvidos pessoas que residem na orla da praia, nas proximi-dades do porto e pessoas que trabalham e moram no centro do bairro.

Foi usado também para a credibilidade do estudo, edificações baixas, como casas térreas, sobrados, prédios de três andares e edificações acima de dez pavimentos, para saber o graus de incômodo desses moradores.

3. Resultados e discussões

Santos, atualmente com 421.042,(SEADE/IBGE, 2012) habitantes com o maior Porto da América Latina,teve significativas mudanças desde 1.808 com a abertura dos Portos (Arruda, 2008). Desde então começou a exercer um papel fundamental para a cidade, com toda sua circulação de mercadorias, com seus equipamentos e suas atividades portuárias.

Ao longo desses anos podemos observar seu crescimento, e junto com ele os impactos ambientais (Nascimen-to, 2013).

Hoje temos esta situação dos terminais de grãos no Bairro da Ponta da Praia, que esta afetando de alguma forma a vida dos moradores (A Tribuna, 2013)

Segundo informações dos jornais “ A Tribuna” e “O Globo” : No ano passado a Cetesb, reconheceu que a situa-

ção era difícil e para amenizar o problema continuou com o processo junto à Codesp e ao Ministério Público para que os terminais se adéqüem para evitar o problema. Disse também que tem autuado e multado os terminais que não seguem as normas e que mandaria um agente ambiental para verificar a situação.

O Prefeito de Santos Paulo Alexandre Barbosa quer evitar mais terminais de grãos na Ponta da Praia. Segundo o prefeito, medidas estão sendo tomadas porque já está comprovado que os terminais estão poluindo a região. “Nós temos uma estação de monitoramento da qualidade do ar instalada na Ponta da Praia que tem o 3º pior indicador do Estado de São Paulo, em função dessa operação”, afirma.

Paulo Alexandre Barbosa quer evitar mais terminais de grãos na Ponta da Praia, disse que fará o possível para que a expansão do Porto de Santos, não cause impactos para a população que vive na região. Deixou claro durante um discurso proferido no Santos Export realizado este ano, Fórum Internacional para Expansão do Porto de Santos, que é contra a expansão do Porto, sem pensar na qualidade de vida da população da Baixada Santista.

O Prefeito levará estudos técnicos, análises de especialistas, o impacto na vida das pessoas e no ambiente para que ele possa rever essa decisão. “Nós esperamos que haja sensibilidade, principalmente do governo federal, nesse caso, para que o cidadão santista não seja penalizado pelo impacto da atividade portuária.

Os depoentes relataram as conseqüências dos odores e poeiras que sofrem por motivo do transporte dos grãos nos terminais do porto, como mostra os gráficos apresentados abaixo:

Homens=17.209 Mulheres=14.364 Total=31.573 Resultados do universo do Censo De-

mográfico 2010

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Foto – Google Foto – Google

Durante a movimentação de grãos e farelos, a poeira forma uma espécie de fumaça que o vento acaba levando

para as edificações do bairro. De acordo com a vistoria feita no local, foi observado como é o sistema de transporte dos grãos. Existe um cor-

redor de exportação, onde se localizam os terminais (armazéns 38, 39, 40). O produto é transportado por caminhão ou trem, os quais não têm nenhum fechamento adequado, pois os grãos caem ao longo do percurso até o armazém. Depois ele é transportado para as esteiras que leva o produto até o “Ship Loader” (equipamento que permite o carre-gamento sem movimentação do navio) e é colocado nos porões dos navios à céu aberto. Tal processo faz com que os grãos e as pellets da soja caem sobre o piso do porto que é revestido de bloquetes e paralelepípedos. Tal piso em alguns trechos necessita urgente de uma reforma, pois encontra-se danificado. Desta forma os peletts de soja caem nas fissuras e vãos desses pisos dificultando a limpeza do mesmo. Assim, fica no tempo e acaba apodrecendo e quan-do o vento sopra espalha o cheiro por toda a região.

Transporte dos grãos para o porão do navio através do “Ship Loader”

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4. Conclusão

Face a tudo o que foi exposto acima, se conclui que o problema é bastante complexo pois existem opiniões muito diferentes acerca deste tema. Tudo indica que o que vem ocorrendo é causado pela forma como é feito o em-barque dos grãos, ou seja, a granel. O processo de embarque consiste no despejo dos grãos para dentro dos porões dos navios, o que propicia a dispersão do pó existente no material para a atmosfera, sendo então o mesmo transpor-tado pelos ventos vindo a contaminar o meio ambiente em toda a região da Ponta da Praia ou até mesmo em outros bairros da cidade. Talvez a solução seja a implementação de um processo mais adequado para o embarque dos grãos de tal forma que não ocorra a contaminação do meio ambiente.

5. Referências Bibliográficas

Aquino, Italo de Souza. Como escrever artigos científicos: sem “rodeio” e sem medo da ABNT – São Paulo – Ed. Saraiva, 2010.

Benevolo, Leonardo. A história da Cidade - São Paulo - Ed. Perspectiva, 1997.

www.portodesantos.com.br

www.santos.sp.gov.br

WWW.investsantos.com.br/demografia/demografia

Jornal - G1 – Portal de Notícias da Globo – 2013-04-29 – 15:34:53

Jornal A Tribuna – A tarde - 2013-11-12 - 15:53:13

Nascimento, Luiz Carlos Teixeira do. Análise da percepção de mídia dos cidadãos de Santos e Cubatão/ SP: ecologia, questões ambientais e seus impactos, no período de 2005 a 2012 - Santos, 2013.

Hobsbawm, Eric J. A Era das Revoluções - São Paulo - Ed. Paz e Terra, 1997.

Grãos de milho e Pellets de soja caídos sobre o piso do Porto de Santos