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31/01/2019
TermodeReferência
Programa de Recomposição Florestal na Área de
Preservação Permanente do Reservatório
UHETIBAGIMONTANTE
UHE Tibagi Montante - Termo de Referência – Programa de Recomposição Florestal na Área de Preservação Permanente do Reservatório
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ÍNDICE
1. OBJETIVO .............................................................................................................................................. 3
2. CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................................... 3
3. ESCOPO .................................................................................................................................................. 8
4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PREVISTAS ............................................................................ 29
5. DISCRIMINAÇÃO DE DESPESAS .................................................................................................... 31
6. DOCUMENTAÇÃO A SER EMITIDA ............................................................................................... 36
7. ACOMPANHAMENTO AMBIENTAL ............................................................................................... 36
8. CONDIÇÕES DA PROPOSTA E PRAZO PARA EXECUÇÃO DOS ESTUDOS ............................ 36
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 37
10. ANEXOS ............................................................................................................................................... 38
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1. OBJETIVO
Este documento tem como objetivo conceituar e dar as diretrizes para a execução de atividade de
reflorestamento na Área de Preservação Permanente (APP) da UHE Tibagi Montante, totalizando
uma área de 183,95 hectares, conforme previsto no Plano Básico Ambiental (Anexo 1) e na
condicionante ambiental 18 da Licença de Instalação (LI) n° 23038/2017 (Anexo 2), emitida pelo
Instituto Ambiental do Paraná (IAP). A recomposição florestal (ou reflorestamento) deverá ser
realizada em duas etapas, sendo a primeira correspondente a 30,00 hectares, a ser implantada antes
do enchimento do reservatório, com início de implantação em março de 2019, e a segunda etapa,
correspondente a 153,95 hectares, a ser implementada após a formação do lago.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
A UHE Tibagi Montante é um empreendimento hidrelétrico gerenciado pela empresa Minas PCH
S.A. que está sendo implantado no rio Tibagi, com capacidade instalada de geração de 32MW.
Localiza-se imediatamente a montante da área urbana do município de Tibagi, com eixo de
barramento localizado 3,00 km montante da ponte da rodovia PR-340, a 363,00 km da foz do rio
Tibagi, no rio Paranapanema, e a 210,00 km de Curitiba. Outras cidades importantes da região são
Telêmaco Borba e Ponta Grossa, conforme apresentado no mapa da Figura 2-1.
O reservatório a ser formado terá uma área total de 7,20 km2 (720,00 hectares) estabelecido na cota
de 721,00 m, correspondente ao Nível de Água (NA) Máximo Normal do referido reservatório. As
obras do empreendimento foram iniciadas em 01/12/2017, com previsão de enchimento do
reservatório em 14/06/2019.
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Figura 2-1: Localização da UHE Tibagi Montante.
O acesso à área do reservatório e seu entorno pode ser feito a partir da sede municipal de Tibagi,
seguindo para sul por uma estrada municipal conhecida como Rodovia do Passatempo, ou pela BR-
153 e pela PR-340, conforme ilustra a Figura 2-2, a seguir.
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Figura 2-2: Croqui de localização e acessos ao reservatório da UHE Tibagi Montante.
A cobertura vegetal da área em estudo caracteriza-se pela predominância da Floresta Ombrófila
Mista, prevalecendo o estágio médio de sucessão e também pequenos trechos de Estepe Gramíneo-
lenhosa, que correspondem aos Campos Naturais, sob influência de atividades antrópicas.
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O relevo é caracterizado por colinas suaves e vertentes retilíneas, com topos aplainados na área do
empreendimento, mas com vale encaixado, não sendo previstas áreas significativas de alagamentos
provocados pela variação do nível do rio quando da formação do futuro reservatório (Figura 2-3).
Figura 2-3: Forma de relevo característico da área da UHE Tibagi Montante.
O clima é Subtropical Úmido Mesotérmico, com temperaturas médias no verão inferiores a 22°C e inverno
com médias inferiores a 18°C, sendo frequente a ocorrência de geadas. Não há estação seca definida, já que,
em média, os índices pluviométricos médios são elevados, superiores a 70 mm por mês, conforme indicado no
gráfico a seguir (Figura 2-4), para a Estação Tibagi.
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Figura 2-4: Precipitação total mensal média, máxima e mínima (em mm), e número total de dias de chuva – estação
Tibagi. Fonte: adaptado de POENTE ENGENHARIA & CONSULTORIA (2011).
Em relação ao uso e ocupação do solo, de um total de 568,67 hectares que irão compor a APP do
reservatório a ser criado, 183,95 hectares (32,35%) são utilizados de forma intensiva para atividades
destinadas especialmente à agricultura, além de pecuária e silvicultura. Essas áreas deverão ser
recuperadas com o plantio de espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista. Outros 384,72 hectares
(67,65%) estão cobertos por vegetação nativa, o que inclui remanescentes florestais em estágios
inicial e médio de regeneração e campo natural.
Em relação aos 183,95 hectares previstos para a recuperação, 30,00 hectares deverão ser implantados
antes do início do enchimento do reservatório, com previsão de execução imediata, a partir de março
de 2019. As demais áreas deverão ser reflorestadas após a formação do lago, totalizando um período
total de cinco anos para a implementação de todo o processo de recuperação. Este prazo inclui a
restauração inicial de 30,00 ha, o complemento de implantação das demais áreas de recuperação e as
atividades de manutenção a serem realizadas durante dois anos.
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3. ESCOPO
Os trabalhos deverão ser desenvolvidos de acordo com as orientações apresentadas no presente Termo
de Referência (TR), elaborado à luz das diretrizes estabelecidas no PBA, no âmbito do Programa de
Recomposição Florestal na Área de Preservação Permanente do Reservatório, de condicionantes da
LI do empreendimento, bem como da legislação ambiental em vigor, com destaque para as seguintes:
o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 1912);
o Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 302 e nº 303,
ambas de 2002, que preveem a conservação de APP de corpos de água e reservatórios
artificiais;
o Resolução CONAMA nº 429, de 28 de fevereiro de 2011, que considera, entre outros,
o método a ser utilizado para conservação supracitada, que pode ser por meio de (i)
condução da regeneração natural de espécies nativas; (ii) plantio de espécies nativas
conjugado com a regeneração natural; ou (iii) plantio de espécies nativas.
Na LI N° 23038 destaca-se, a título de condicionante, o item 18 – Implantar o Projeto de Recuperação
de Áreas de Preservação Permanente – APP apresentado, para a faixa de no mínimo 80 metros ao
redor do reservatório, contemplando o isolamento da área.
A execução dos serviços de plantio ora propostos deverá contar com a adoção da seguinte estrutura
metodológica, indicada na
Figura 3-1.
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Figura 3-1: Estrutura metodológica a ser adotada para a recuperação da APP do reservatório da UHE Tibagi Montante.
Programa de Recomposição Florestal na Área de Preservação
Permanente do Reservatório
Cercamento e placas educativas
Demarcação da área deIntervenção em APP
Medidas de preparação do terreno
Plantio e Adubação
Escolha das espécies e aquisição de mudas
Coroamento
Adubação e plantio
Controle de formigas
Replantio
Adubação de cobertura
Relatório de Monitoramento
Controle de formigas
Manutenção de cercas e poleiros
Manutenção
Piqueteamento
Abertura de aceiro
Roçada
Sulcamento
Coveamento
Transposição de galhadas
Implantação de poleiros
Demarcação das áreas de cercamento
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3.1 - Demarcação da área de intervenção em APP
A primeira etapa de restauração a ser implementada encontra-se demarcada na Figura 3-2 que,
conforme antes mencionado, corresponde a 30,00 hectares. A atividade inicial a ser realizada será a
demarcação de seus limites em campo com a utilização de piquetes e, preferencialmente, com a
abertura de uma faixa de aceiro (3,00 metros), que também será utilizada como apoio para acesso e
transporte de insumos e instalação de cercamento, quando necessário.
As demais áreas de restauração, a serem implementadas na etapa 2, estão apresentadas na Figura 3-3
e correspondem aos cerca de 154,00 hectares restantes. O procedimento para a demarcação da área
será o mesmo descrito para a primeira etapa. Importante lembrar que a faixa de APP considerada para
a restauração corresponde a uma largura de 80,00 metros delimitada, em projeção horizontal, a partir
do NA Máximo Normal do reservatório a ser criado.
De acordo com o mapeamento de uso do solo na APP de 80,00 m no entorno do futuro reservatório
da UHE Tibagi Montante, o reflorestamento da área inicial (30,00 ha) deverá se desenvolver em áreas
atualmente utilizadas exclusivamente para agricultura.
Para a área complementar, referente a 153,95 ha, serão contempladas áreas atualmente utilizadas para
agricultura, pastagem, silvicultura (identificada no mapa da Figura 3-3 pela classe reflorestamento)
e usos antrópicos.
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Figura 3-2: Áreas iniciais de reflorestamento em APP de 80,00 m no entorno do reservatório da UHE Tibagi Montante.
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Figura 3-3: Uso do solo e delimitação das áreas de reflorestamento em APP de 80,00 m no entorno do reservatório da
UHE Tibagi Montante.
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3.2 - Modelo de Nucleação
O processo de restauração a ser utilizado será o de associação de práticas de nucleação e plantio em
faixas, associando três práticas distintas, conforme ilustrado na
Figura 3-4 e discriminado a seguir:
a. Plantio em Núcleos: esta prática consiste na implantação de pequenos grupos de plantios de
espécies florestais, utilizando espécies pioneiras e secundárias/clímax na proporção de 3:1,
com o objetivo de estabelecer núcleos arbóreos que aumentem as alternativas de abrigo e
alimentação da fauna local, contribuindo para a dispersão de sementes. Os grupos serão
estabelecidos em áreas de 1.000 m2 (50 metros x 20 metros), com plantios realizados no
espaçamento de 3,00 metros x 3,00 metros (9,00 m2/planta). Serão implantados quatro Grupos
de Plantio por hectare, equivalendo ao plantio de 111 mudas/grupo ou 444 mudas/hectare.
b. Transposição de galharias: na transposição das galharias, os resíduos da exploração
florestal serão dispostos em montes aleatórios (ilhas de galhadas), distantes 20,00 metros entre
eles e ocupando uma área cerca de 20,00 m2 (circunferências de aproximadamente 5,00 metros
de diâmetro). Além de criarem condições microclimáticas especiais, esses materiais trarão
consigo sementes e outros micro-organismos e, com o passar do tempo, entrarão em
decomposição e incorporarão a matéria orgânica ao solo afetado. A adoção deste método
possibilitará a rebrota e a germinação de espécies vegetais, além de servir de abrigo para fauna
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e auxiliar a dispersão natural de sementes. Essas ilhas deverão ocupar 10% da área a ser
restaurada, em média 50 ilhas/hectare.
c. Instalação de poleiros: Diversos grupos de animais possuem o hábito de pousar sobre
determinadas superfícies, como, por exemplo, poleiros. Este hábito está relacionado ao
território, entre outros fatores. Nesse processo, estas aves costumam defecar e este
comportamento poderá enriquecer a área com novas espécies de plantas. Como algumas
dessas aves possuem voo consideravelmente longo, poderão trazer propágulos de regiões
longínquas. Os Poleiros podem ser artificiais, naturais (poleiros vivos) secos (bambus, galhos,
etc.) e sua constituição pode ser bastante simples.
Figura 3-4: Modelo ilustrativo para implantação do projeto de recuperação em faixas, alternado faixas de
plantio e nucleação.
Fonte: Adaptado de Duarte (2015)1.
3.3 – Metodologia de Implantação
3.3.1 – Preparo do Solo
1 Duarte W. R. (2015). Avaliação do método de nucleação na recuperação da paisagem em 565 hectares de áreas de preservação permanente degradadas. Revista On‐Line Ipog.
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Considerando o modelo de restauração a ser adotado, o preparo do solo deverá ser bastante simples,
limitando-se a uma roçada geral da área, caso a mesma esteja ocupada por espécies invasoras ou
forrageiras exóticas. Esta roçada poderá ser realizada de forma mecânica ou manual em função da
área total e do relevo da parcela a ser restaurada.
O único preparo especial de solo deverá ser realizado nas áreas dedicadas as Faixas de Plantio. Nestas
áreas, sempre que possível, deverão ser abertos sulcos de plantio, com distância de 3,00 metros entre
eles, utilizando-se de um sulcador ou subsolador (Figura 3-75). Esta prática permitirá a eliminação da
compactação do solo e a redução da competição das mudas a serem plantadas com outras espécies
que colonizam a área. Caso a área esteja propensa a processos erosivos, o plantio deverá ocorrer em
curvas de nível, disciplinando a drenagem pluvial, com possível adoção de terraceamento em áreas
pontuais.
Nos casos em que as parcelas de plantio possuam áreas muito reduzidas que não permitam a utilização
de equipamentos mecanizados, o preparo deverá ser realizado de forma manual, limitando-se à
abertura de covas e coroamento.
Figura 3-5: Sulcamento das linhas de plantio para posterior coveamento.
3.3.2 Coveamento
Para as faixas onde foram realizados os sulcamentos mecânicos, o coveamento deverá ser realizado
de forma manual, com aprofundamento de cerca de 0,20 m em relação ao fundo do sulco. Para os
núcleos onde este sulcamento não for possível, as covas deverão ser abertas com as dimensões de
0,50 x 0,50 x 0,60 m (profundidade). A terra retirada será utilizada em parte para incorporação do
adubo e recolocação no fundo da cova, e parte para o preenchimento da cova pós-plantio.
3.3.3 Coroamento
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O coroamento será manual e consistirá na retirada de todas as ervas daninhas em um raio de 0, 80 m
da cova, quando tal operação se fizer necessária.
3.3.4 Plantio e Adubação
De acordo com o Programa de Recomposição Florestal na Área de Preservação Permanente do
Reservatório, foi escolhido o método de plantio de espécies nativas em faixas alternadas com o
procedimento de nucleação, ou seja, faixas de plantio intercalados com faixas de nucleação
compostas por galhadas e poleiros.
O plantio será realizado de forma manual, com a retirada total da embalagem da muda e sua
acomodação na cova com o posterior preenchimento e compactação com a terra. O coleto das plantas
(parte imediatamente acima do sistema radicular) deverá estar acima do nível do solo. O espaçamento
será de 3,00 metros entre linhas e 3,00 metros entre plantas.
Para a correção de fertilidade do solo (adubação), deve ser considerado que, para espécies arbóreas
nativas, pouco se conhece sobre suas exigências nutricionais. Assim, com base nas experiências
empíricas disponíveis e tratando-se áreas localizadas no estado do Paraná (bioma Mata Atlântica) já
bastante antropizadas por atividades agropecuárias, recomenda-se as seguintes dosagens de aplicação
de fertilizantes, considerando que a aplicação de fertilização nitrogenada e potássica deverá ser
realizada de forma parcelada:
a) Adubação de Base
Calagem: aplicação de 1,50 toneladas/ha de calcário dolomítico distribuídas ao longo dos
sulcos de plantio;
Fosfatagem: aplicação de 1,00 tonelada/ha de fosfato natural ao longo do sulco de plantio;
Adubação Nitrogenada: aplicação de 60,00 gramas de Sulfato de Amônia – (NH4)2SO4 - por
cova no ato do plantio; e
Adubação Potássica: aplicação de 80,00 gramas de Cloreto de Potássio – KCl – por cova no
ato de plantio.
Observações:
o adubo nitrogenado e potássico deverá ser colocado no fundo da cova, misturado à terra
resultante do coveamento; e
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nas áreas onde não seja possível o sulcamento mecanizado, o calcário e o fosfato natural
deverão ser adicionados à terra da cova na proporção de 500,00 g e 200,00 g respectivamente
por cova.
b) Adubação de Cobertura
Adubação Nitrogenada: aplicação de 60,00 gramas de Sulfato de Amônia – (NH4)2SO4 - por
cova 120 a 180 dias após o plantio, em filetes ao redor da cova, preferencialmente no limite
externo projeção da copa; e
Adubação Potássica: aplicação de 80,00 gramas de Cloreto de Potássio – KCl – por cova 120
a 180 dias após o plantio, em filetes ao redor da cova, preferencialmente no limite externo da
projeção da copa.
O plantio das mudas deverá respeitar o esquema de linhas de preenchimento (pioneiras e secundárias
iniciais) e diversidade (secundárias tardias e clímax). Porém, tendo em vista que em plantios de matas
ciliares é recomendado um número maior de pioneiras, nesses locais a linha de diversidade deverá
ser alternada com espécies de preenchimento, resultando, assim, numa proporção de 3:1 entre
espécies de preenchimento e diversidade. O plantio na linha deverá ocorrer de forma aleatória,
devendo-se evitar concentrar indivíduos de mesma espécie lado a lado (Figura 3-6).
Figura 3-6: Esquema de plantio a ser adotado.
3.3.5 Transposição de Galhadas (Ilhas de Galhadas)
As “ilhas de galhadas” serão formadas com a transposição do material lenhoso oriundo das áreas de
supressão do reservatório. Neste processo deverão ser aproveitados todos os resíduos oriundos do
processo de supressão, tais como toras, galhos, ramos e, eventualmente, a serapilheira e parte do solo
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orgânico que puder ser transportado no conjunto deste material (Figura 3-75). Os galhos e toras
deverão ser desdobrados para comprimentos de cerca de 2,00 metros.
Esse material será disposto em montes (ilhas) distribuídas ao longo das faixas intercaladas com as
Faixas de Plantio.
Figura 3-75: Modelo de nucleação com galhada2.
3.3.6 Poleiros Artificiais
Ao longo das faixas de nucleação (galhadas) deverá ser realizada a implantação de poleiros artificiais
(para atração da fauna nativa dispersora de sementes). Os poleiros deverão ser implantados com
espaçamento entre 20,00 a 25,00 metros, correspondendo uma densidade de cerca de 12 (doze)
poleiros/ha. O poleiro artificial visará a atração de aves, que auxiliarão na dispersão de sementes de
fragmentos florestais vizinhos, formando núcleos de diversidade. Na literatura são identificados
alguns tipos de poleiros que poderão ser adotados, conforme apresentado na Figura 3-.
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a b c d
Figura 3-: Modelos de poleiro artificial2. a- poleiro com três varas de bambu (de 3 a 10m); b- cabos aéreos; c-torres de
cipó; e d- poleiros secos.
Portanto, para a área inicial do projeto (30,00 ha), caracterizada por áreas de uso agrícolae portanto
sem cobertura florestal, são previstos 15 hectares de plantio, em faixas de 20 metros de largura, com
1111 mudas/ha, totalizando 16.665 mudas plantadas, e 15 hectares de faixas de nucleação, também
com 20 metros de largura, com e 180 poleiros artificiais.
Na área restante, correspondente a 153,95 ha, a estimativa de quantitativos previstos para
reflorestamento contou com a avaliação dos diferentes estágios de sucessão florestal, bem como as
características de espaçamentos anteriormente apresentadas. Nas áreas de APP compreendidas pelas
áreas atualmente destinadas à agricultura, pecuária, silvicultura e outros usos antrópicos, o método
de restauração deverá envolver práticas de plantio de mudas em faixas, alternadas com práticas de
nucleação (galhadas e poleiros), conforme descrito para a Etapa 1, equivalentes a 130 ha. Nas áreas
onde foram identificadas presença presença significativa de indivíduos arbóreos isolados, formações
herbáceas e estágio de sucessão florestal inicial, correspondentes a 23,95 ha, não estão previstas
atividades de plantio de mudas, sendo utilizadas apenas as práticas de nucleação, com a instalação de
“ilhas de galhadas” e poleiros.
Assim, para a restauração prevista para a Etapa 2 (153,95 ha), será adotada apenas das técnicas de
nucleação com galhadas e formação de poleiros em 23,95 ha, onde são previstos 287 poleiros
distribuídos de modo alternado, com espaçamentos de 20 m. Nos demais 130,00 ha, de uso antrópico
intensivo (agropecuária) são previstas intervenções completas com atividades de plantio de mudas
2 REIS, A.; BECCHARA, F.C.; ESPÍNDOLA, M.B.; VIEIRA, N.K.; SOUZA, L.L. Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessionais. Natureza & Conservação, 2003.
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alternadas com faixas de nucleação, distribuição de galhadas e instalação de poleiros, sendo previstos
65 ha de plantio com espaçamentos de 3,00 x 3,00 metros entre as mudas, totalizando 72.215 mudas,
e 65 há de faixas com distribuição de galhadas e 780 poleiros distribuídos de modo alternado, com
espaçamentos de 20,00 m.
Figura 3-9: Distribuição de ilhas de galhadas em faixas, para formação de faixas de nucleação alternadas com
faixas de plantio.
O mapa da Figura 3-106, a seguir, representa a distribuição geográfica das áreas anteriormente
mencionadas, destinadas ao reflorestamento na APP da UHE Tibagi Montante.
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Figura 3-106: Tipo de reflorestamento a ser adotado na APP com 80,00 m de largura, da UHE Tibagi Montante.
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3.4 Escolha de Espécies e Aquisição das Mudas
A escolha das espécies a serem plantadas na recomposição vegetal de APP deverá ser realizada de
acordo com a formação florestal típica da região (Floresta Ombrófila Mista) e disponibilidade de
mudas na região, em viveiros municipais, particulares e do IAP.
Deverão ser consideradas as espécies indicadas na lista da flora arbórea-arbustiva registrada na Área
Diretamente Afetada (ADA) da UHE Tibagi Montante, apresentada no Programa de Recomposição
Florestal, que compõe o PBA do empreendimento, de dezembro de 2015, e que encontram-se listadas
no Quadro 3-1.
Salienta-se que, caso não sejam encontradas determinadas espécies recomendadas, estas poderão ser
substituídas por outras de mesmo grupo ecológico que tenham ocorrência natural na região e estejam
disponíveis nos viveiros ali localizados. Da listagem das espécies ocorrentes na área do
empreendimento indica-se, para utilização nos trabalhos de restauração, as que se encontram
assinaladas na Tabela 1, a saber, pioneiras (*), secundárias (**) e clímax (***)
Quadro 3-1: Lista da flora arbóreo-arbustiva registrada na ADA da UHE Tibagi Montante.
Família Nome científico Nome popular
Anacardiaceae Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Bugreiro
Anacardiaceae Schinus terebinthifolia Raddi*** Aroeira
Annonaceae Annona emarginata (Schltdl.) H.Rainer** Ariticum
Annonaceae Guatteria australis A.St.-Hil. Envira-preta
Aquifoliaceae Ilex dumosa Reissek Congonha-graúda
Aquifoliaceae Ilex theezans Mart. ex Reissek Caúna
Araliaceae Schefflera calva (Cham.) Frodin & Fiaschi Mandiocão
Araucariaceae Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze*** Araucária
Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Jerivá
Asteraceae Moquiniastrum polymorphum (Less.) G. Sancho** Cambará
Asteraceae Piptocarpha axillaris (Less.) Baker Pau-toucinho
Asteraceae Vernonanthura tweediana (Baker) H.Rob.* Vassourinha
Asteraceae Vernonia discolor (Spreng.) Less.* Vassourão-preto
Bignoniaceae Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex DC.) Mattos*** Ipê-amarelo
Bignoniaceae Jacaranda puberula Cham. Caroba
Boraginaceae Cordia americana (L.) Gottschling & J.S.Mill. Guajuvira
Boraginaceae Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre
Cactaceae Cereus hildmannianus K.Schum. Cacto
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Família Nome científico Nome popular
Celastraceae Maytenus gonoclada Mart. s.n.
Clethraceae Clethra scabra Pers. Carne-de-vaca
Cyatheaceae Alsophila setosa Kaulf. Xaxim-de-espinho
Erythroxylaceae Erythroxylum argentinum O.E.Schulz s.n.
Euphorbiaceae Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg.* Laranjeira-brava
Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Tapiá
Euphorbiaceae Croton floribundus Spreng. * Capixingui
Euphorbiaceae Gymnanthes klotzschiana Müll.Arg. Branquilho
Euphorbiaceae Sebastiania brasiliensis Spreng.* Leiteirinho
Fabaceae Albizia edwallii (Hoehne) Barneby & J.W.Grimes Angico
Fabaceae Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart** Farinha-seca
Fabaceae Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan** Angico-branco
Fabaceae Bauhinia forficata Link Pata-de-vaca
Fabaceae Copaifera langsdorffii Desf.*** Copaíba
Fabaceae Dalbergia brasiliensis Vogel*** Jacarandá-branco
Fabaceae Inga striata Benth.* Ingá
Fabaceae Lonchocarpus subglaucescens Mart. ex Benth. Embira-de-sapo
Fabaceae Machaerium brasiliense Vogel Pau-sangue
Fabaceae Machaerium nyctitans (Vell.) Benth.** Bico-de-pato
Fabaceae Machaerium paraguariense Hassl.*** Jacarandá-branco
Fabaceae Machaerium stipitatum Vogel Sapuva
Fabaceae Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan Gurucaia
Lamiaceae Aegiphila sellowiana Cham.* Tamanqueira
Lauraceae Aiouea sellowiana (Nees & Mart.) R.Rohde Canela-raposa
Lauraceae Cryptocarya aschersoniana Mez Canela-fogo
Lauraceae Endlicheria paniculata (Spreng.) J.F.Macbr. Canela-de-veado
Lauraceae Nectandra grandiflora Nees Canela-fedida
Lauraceae Nectandra lanceolata Nees** Canela-amarela
Lauraceae Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez Canela
Lauraceae Ocotea bicolor Vattimo-Gil Canela-fedida
Lauraceae Ocotea diospyrifolia (Meisn.) Mez*** Canela-louro
Lauraceae Ocotea indecora (Schott) Mez** Canela-preta
Lauraceae Ocotea nutans (Nees) Mez* Canelinha
Lauraceae Ocotea porosa (Nees & Mart.) Barroso Imbuia
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Família Nome científico Nome popular
Lauraceae Ocotea puberula (Rich.) Nees Canela-guaicá
Lauraceae Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez Canela-lajeana
Lauraceae Ocotea silvestris Vattimo-Gil* Canela
Lauraceae Persea willdenovii Kosterm. Pau-de-andrade
Lythraceae Lafoensia pacari A.St.-Hil.* Dedaleiro
Malvaceae Luehea divaricata Mart. & Zucc.** Açoita-cavalo
Melastomataceae Miconia collatata Wurdack* Pixirica
Melastomataceae Miconia inconspicua Miq.* Pixirica
Melastomataceae Miconia sellowiana Naudin Pixirica
Meliaceae Cabralea canjerana (Vell.) Mart.*** Canjerana
Meliaceae Cedrela fissilis Vell.*** Cedro
Meliaceae Guarea macrophylla Vahl. Marinheiro-do-brejo
Monimiaceae Mollinedia clavigera Tul.* Pimenteira
Moraceae Ficus cf. luschnathiana (Miq.) Miq. Figueira-vermelha
Moraceae Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger et al. Xinxo
Myrtaceae Calyptranthes concinna DC. Guamirim
Myrtaceae Campomanesia xanthocarpa (Mart.) O.Berg* Guavirova
Myrtaceae Eugenia blastantha (O.Berg) D.Legrand Guamirim
Myrtaceae Eugenia involucrata DC. Cerejeira
Myrtaceae Eugenia ligustrina (Sw.) Willd. Guamirim
Myrtaceae Eugenia oeidocarpa O.Berg* Guamirim
Myrtaceae Myrceugenia myrcioides (Cambess.) O.Berg Guamirim
Myrtaceae Myrcia cf. guianensis (Aubl.) DC. Guamirim
Myrtaceae Myrcia hatschbachii D.Legrand Caingá
Myrtaceae Myrcia pulchra (O.Berg) Kiaersk. Guamirim
Myrtaceae Myrcia selloi (Spreng.) N.Silveira Guamirim
Myrtaceae Myrcia splendens (Sw.) DC. Guamirim
Myrtaceae Myrcia subcordata DC. Guamirim
Myrtaceae Myrciaria floribunda (H.West ex Willd.) O.Berg Guamirim
Myrtaceae Myrciaria tenella (DC.) O.Berg Guamirim
Myrtaceae Plinia cf. brachybotrya (D. Legrand) Sobral Guamirim
Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Maria-mole
Peraceae Pera glabrata (Schott) Baill. Tabocuva
Primulaceae Myrsine gardneriana A.DC. Capororoca
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Família Nome científico Nome popular
Primulaceae Myrsine parvula (Mez) Otegui Capororoca
Primulaceae Myrsine umbellata Mart. Capororocão
Primulaceae Myrsine venosa A.DC. Capororoca
Proteaceae Roupala montana var. brasiliensis (Klotzsch) K.S.Edwards Carvalho-brasileiro
Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunb. Uva-do-japão
Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. Pessegueiro-bravo
Rubiaceae Chomelia obtusa Cham. & Schltdl. Falso-guamirim
Rubiaceae Coussarea contracta (Walp.) Müll.Arg. Maria-mole
Rubiaceae Rudgea jasminoides (Cham.) Müll.Arg. Café-do-mato
Rutaceae Esenbeckia grandiflora Mart. Pau-de-cotia
Rutaceae Metrodorea nigra A.St.-Hil. Carrapateira
Rutaceae Pilocarpus pennatifolius Lem.* Jaborandi
Rutaceae Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. Mamica-de-porca
Salicaceae Banara tomentosa Clos Cambroé-mirim
Salicaceae Casearia decandra Jacq. Guassatunga
Salicaceae Casearia lasiophylla Eichler Cambroé
Salicaceae Casearia obliqua Spreng. Guassatunga-preta
Salicaceae Casearia sylvestris Sw. Cafezeiro-do-mato
Salicaceae Xylosma pseudosalzmanii Sleumer Sucará
Sapindaceae Allophylus edulis (A.St.-Hil. et al.) Hieron. ex Niederl. Vacum
Sapindaceae Cupania vernalis Cambess. Camboatá
Sapindaceae Diatenopteryx sorbifolia Radlk. Maria-preta
Sapindaceae Matayba elaeagnoides Radlk. Miguel-pintado
Sapotaceae Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. Aguaí
Solanaceae Solanum bullatum Vell.* Fumeiro
Solanaceae Solanum mauritianum Scop. Fumo-bravo
Styracaceae Styrax latifolius Pohl s.n.
Symplocaceae Symplocos laxiflora Benth. Cravo-do-mato
Symplocaceae Symplocos tenuifolia Brand Cravo-do-mato
Theaceae Laplacea fruticosa (Schrad.) Kobuski Santa-rita
No Programa de Recomposição Florestal na Área de Preservação Permanente do Reservatório
também foram destacadas três espécies citadas como ameaçadas de extinção, segundo a Lista Oficial
de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Paraná (SEMA, 2008) e Lista de Espécies da Flora
Brasileira Ameaçada de Extinção (MMA, 2014), indicadas no Quadro 3-2. Deverá ser priorizado o
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plantio de mudas das três espécies referidas, todas pertencentes ao grupo de secundárias tardias ou
clímax, com vistas a estabelecer populações a médio e longo prazo.
Quadro 3-2: Espécies registradas que são citadas como Ameaçadas de Extinção no Paraná, segundo listas da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) do estado do Paraná e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Nome científico Nome popular Lista SEMA Lista MMA
Araucária angustifolia (Bertol.) Kuntze Araucária Vulnerável Em perigo
Machaerium paraguariense Hassl. Jacarandá-branco Rara -
Cedrela fissilis Vell. Cedro - Vulnerável
3.5 Combate a formigas
O combate a formigas deverá ser iniciado antes do plantio das mudas, uma vez que as formigas são
consideradas as principais pragas florestais, com os maiores danos ocorrendo na fase inicial do
plantio. No Brasil, as espécies de formigas cortadeiras de importância são aquelas conhecidas como
saúvas (Atta spp) e quenquéns (Acromyrmex spp)
Em toda a área e adjacências deverá ser feita uma avaliação da presença de formigueiros. Os métodos
e produtos a serem utilizados dependerão do tipo de formiga e da época do ano, devendo o combate
ser realizado em todas as etapas da restauração.
Recomenda-se a utilização de isca com princípio ativo à base de sulfuramida ou fipronil, cuja
quantidade dependerá de uma avaliação prévia da infestação. A dose recomendada é de 10,00 g/m².
Atenção especial deverá ser dada à aplicação de iscas formicidas nos períodos de alta umidade. Neste
periodo, as iscas somente deverão ser utilizadas com o uso de “porta-iscas”, que evitam o contato do
produto com o solo úmido.
3.6 Implantação de cercas e placas educativas
Após o plantio e da implantação das demais práticas de nucleação, deverá ser realizado o cercamento
das áreas destinadas à restauração das áreas de APP, conforme estabelecido na condicionante 18 da
LI. As cercas deverão ser dispostas no limite da APP, com faixa de 80,00 m de largura, definida a
partir do NA Máximo Normal até o encontro de áreas com formações florestais no entorno.
Deverá ser orçado o cercamento de 3,82 km para a Etapa 1 (30,00 ha) e 26,77 km para a Etapa 2
(153,95 ha) - incluindo materiais, insumos e mão de obra) -, cujos valores deverão ser apresentados
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de modo separado na proposta, seja em relação a outras atividades previstas, bem como às referidas
etapas.
As cercas deverão ter a função de delimitação da área de recuperação ambiental, prevenção de
invasão de animais de grande e médio porte que possam pisotear e predar as mudas, além de limitar
o acesso de máquinas, pessoas e outros animais domésticos que possam interferir ou causar danos ao
processo de restauração. Deverão ser consideradas cercas de arame farpado, de quatro fios e, sempre
que possível, a utilização de moirões e estacas das áreas de supressão no interior do reservatório. As
cercas serão mantidas ao longo do período de atividades de manutenção.
Também é indicada a adoção de placas educativas, a serem dispostas no limite da APP em áreas onde
forem implantadas atividades de restauração da vegetação. As placas deverão ser dispostas em pontos
com maior possibilidade de visualização pela população do entorno e transeuntes, como nas
proximidades de vias de acesso. São previstas para a área de reflorestamento inicial (30,00 ha), quatro
placas, sendo duas a serem alocadas na área da margem esquerda e duas nos dois fragmentos da
margem direita (uma para cada área).
Nas demais áreas (153,95 ha) são previstas mais seis placas a serem colocadas em ambas as margens,
adotando-se os mesmos critérios previstos para a Etapa 1.
O modelo de placa recomendado é indicado na Figura 3-10, a seguir:
Figura 3-10: Modelos de placas educativas indicando a atividade de reflorestamento em APP.
3.7 Manutenção (dois anos)
A manutenção da recomposição vegetal deverá ser realizada por dois anos após o plantio das mudas,
de modo que as mesmas não sejam mais prejudicadas pela competição com as espécies gramíneas
forrageiras ou invasoras e pela ação das formigas cortadeiras. A manutenção consiste das atividades
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de replantio, adubação de cobertura, coroamento, controle de formigas e manutenção de cercas,
conforme descrito a seguir.
3.4.1 Replantio (45 dias após o plantio)
Após 45 (quarenta e cinco) dias de realização dos plantios deverá ser feita a avaliação das áreas
plantadas e realizado o replantio das falhas verificadas, seja por morte natural, ataques de predadores
(formigas e outros) e injurias diversas, observando-se os possíveis motivos associados às perdas
verificadas para sua correção futura.
Deverá ser mantido o índice de sobrevivência superior a 80% das mudas introduzidas. Caso contrário,
o Contratado deverá desenvolver nova(s) campanha(s) de replantio. Para a realização do replantio
deverão ser utilizadas as covas originais e não haverá nova fertilização.
3.4.2 – Coroamento
O coroamento será manual e consistirá na retirada de todas as ervas daninhas no raio de 0,80 m da
cova, com enxadas de ponta ou arranque simples. O objetivo desta medida é eliminar ou reduzir a
competição com espécies indesejadas ao longo da linha de plantio e deverá ser realizada em todas as
manutenções programadas.
3.4.3 - Controle de Formigas
O controle de formigas deverá ser realizado de forma sistemática, com verificação da ocorrência de
colônias no interior ou entorno das áreas de restauração. Além do controle a ser realizado durante as
manutenções programadas, deverá ser prevista uma ronda semanal a todas as áreas, visando a
identificação de eventuais ocorrências e seu combate imediato
3.4.4 - Adubação de Cobertura
Conforme descrito no item 3.3.4, deverá ser realizada uma adubação de cobertura para a
complementação da aplicação de N e K2O, utilizando o (NH4)2SO4 (Sulfato de Amônia) e KCl
(Cloreto de Potássio). Esta aplicação deverá ser realizada após 180 dias de plantio na forma de filetes
contínuos ao redor da cova, não devendo coincidir com os períodos de chuvas intensas e/ou quando
os níveis de umidade do solo estiverem muito baixos.
3.5 – Manutenção de Cercas e Poleiros
Em todas as manutenções programadas deverão ser avaliadas as condições das cercas de isolamento,
com a substituição de moirões e esticadores eventualmente danificados e o reparo de pontos de
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rompimento dos fios de arame. O mesmo procedimento deverá ser realizado em relação aos poleiros,
com a reparação ou substituição daqueles que estiverem danificados.
3.6 Elaboração de Relatórios de Acompanhamento
Devem ser elaborados relatórios de andamento das atividades trimestrais no primeiro semestre (dois
relatórios) e semestrais nos três semestres posteriores, totalizando cinco relatórios. No item 6 do
presente TR são apresentadas outras orientações a respeito da metodologia e do conteúdo a ser
abordado nos relatórios.
4. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES PREVISTAS
A seguir é apresentado no Quadro 4-1 o cronograma previsto para as atividades discriminadas no
presente TR, o qual poderá ser aplicado tanto para a Etapa 1 (antes do enchimento) quanto para a
Etapa 2 (pós-enchimento).
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Quadro 4-1: Cronograma de atividades proposto.
ATIVIDADE Ano 1 Ano 2
1 2 3* 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
1. Demarcação da área de intervenção em APP
1.1 Piqueteamento
1.2 Abertura de aceiro
2. Medidas de preparação do terreno 2.1 Roçada
2.2 Sulcamento 2.3 Coveamento
3. Plantio e adubação
3.1 Escolha de espécie e aquisição de mudas
3.2 Controle de formigas
3.3 Adubação e plantio
3.4 Transporte de galhadas
3.5 Implantação de poleiros
4. Cercamento e placas educativas
5. Manutenção** 1 2 3 4 5 5.1. Coroamento
5.2. Combate a formiga
5.3. Correção da Fertilidade dos Solos
5.4. Replantio
6. Elaboração de relatórios*** *Para a etapa inicial (30ha), o mês 3 corresponde ao mês de junho de 2019, quando deverá ocorrer o enchimento do reservatório.
**A numeração apresentada nas quadrículas corresponde ao número da campanha de manutenção.
*** Em azul escuro são indicados relatórios a serem encaminhados ao órgão ambiental.
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31
5. DISCRIMINAÇÃO DE DESPESAS
Deve-se apresentar, de acordo com o formato da Erro! Fonte de referência não encontrada., os
preços unitários da mão-de-obra adotados para a realização dos trabalhos, individualizados por
categoria profissional e unidade de medida.
Quadro 5-1: Preços unitários da mão-de-obra a ser alocada por categoria profissional.
Categoria Profissional Preço
Unitário (R$)
Unidade de Medida
(Ex.: R$/hora ou
R$/mês)
Coordenador
Sênior
Pleno
Júnior
Técnico
Auxiliar de campo
Também deverão ser discriminadas no Quadro 5-2 e Quadro 5-3 as despesas operacionais e com
alocação de mão de obra necessárias à execução das intervenções apresentadas para os 30,00 ha
iniciais (a serem iniciados em março de 2019) e 153,95 ha restantes (a serem iniciados após o
enchimento do reservatório), respectivamente. Deverão ser apresentados, em detalhe, as unidades de
medida, os quantitativos previstos e o item orçado.
Quanto às atividades de reflorestamento dos 153,95 ha, as mesmas poderão ser realizadas (opcional)
por um período de quatro anos, ou seja, em etapas.
Vale ressaltar também que todos os materiais e insumos (exceto os produtos derivados da supressão
florestal na área do reservatório da UHE Tibagi Montante), serviços e logística necessários à execução
dos trabalhos supracitados deverão ser providos pela empresa a ser contratada.
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Quadro 5-2: Planilha de orçamentos por atividades previstas para o reflorestamento de 30,00 ha iniciais.
ATIVIDADE
Materiais/Equipamentos/Outros Serviços (I) Recursos Humanos (II)
Preço Total I +II
(R$) Descrição Preço
Unitário (R$)
Unidade
Preço Total I
(R$)
Categoria profissiona
l
Quantitativo
de
profissionais
(por categoria)
Unidade de
Medida (Ex.:
R$/hora ou
R$/mês)
Preço Total II
(R$)
1. Demarcação da área de intervenção em APP
1.1 Piqueteamento Material 1
Material 2
1.2 Abertura de Aceiro Material 1
Material 2
Material 3
2. Medidas de preparação do terreno
2.1 Roçada
2.2 Sulcamento
2.3 Coveamento
3. Plantio e adubação
3.1. Escolha das espécies e aquisição de mudas
3.2. Controle de formigas
3.3. Adubação e plantio
3.4. Transposição de galhadas
3.5 Implantação de poleiros
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ATIVIDADE
Materiais/Equipamentos/Outros Serviços (I) Recursos Humanos (II)
Preço Total I +II
(R$) Descrição Preço
Unitário (R$)
Unidade
Preço Total I
(R$)
Categoria profissiona
l
Quantitativo
de
profissionais
(por categoria)
Unidade de
Medida (Ex.:
R$/hora ou
R$/mês)
Preço Total II
(R$)
4. Cercamento e placas educativas
4.1 Demarcação das áreas de cercamento
5 Atividades de manutenção
5.1. Replantio
5.2. Adubação de cobertura
5.3. Coroamento
5.4. Controle de formigas
5.5 Manutenção de cercas e poleiros
6. Elaboração de relatórios
Total - - - - - -
Obs.: Inserir linhas no quadro visando especificar os diferentes materiais/equipamentos/outros serviços e recursos humanos orçados, por atividade.
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Quadro 5-3: Planilha de orçamentos por atividades previstas para o reflorestamento de 153,95 ha durante a Etapa de Operação.
ATIVIDADE
Materiais/Equipamentos/Outros Serviços (I) Recursos Humanos (II)
Preço Total I +II
(R$) Descrição Preço
Unitário (R$)
Unidade
Preço Total I
(R$)
Categoria profissiona
l
Quantitativo
de
profissionais
(por categoria)
Unidade de
Medida (Ex.:
R$/hora ou
R$/mês)
Preço Total II
(R$)
1. Demarcação da área de intervenção em APP
1.1 Piqueteamento Material 1 Material 2
1.2 Abertura de Aceiro Material 1
Material 2
Material 3
2. Medidas de preparação do terreno
2.1 Roçada
2.2 Sulcamento
2.3 Coveamento
3. Plantio e adubação
3.1. Escolha das espécies e aquisição de mudas
3.2. Controle de formigas
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ATIVIDADE
Materiais/Equipamentos/Outros Serviços (I) Recursos Humanos (II)
Preço Total I +II
(R$) Descrição Preço
Unitário (R$)
Unidade
Preço Total I
(R$)
Categoria profissiona
l
Quantitativo
de
profissionais
(por categoria)
Unidade de
Medida (Ex.:
R$/hora ou
R$/mês)
Preço Total II
(R$)
3.3. Adubação e plantio
3.4. Transposição de galhadas
3.5 Implantação de poleiros
4. Cercamento e placas educativas
4.1 Demarcação das áreas de cercamento
5 Atividades de manutenção
5.1. Replantio
5.2. Adubação de cobertura
5.3. Coroamento
5.4. Controle de formigas
5.5 Manutenção de cercas e poleiros
6. Elaboração de relatórios
Total - - - - - -
Obs.: Inserir linhas no quadro visando especificar os diferentes materiais/equipamentos/outros serviços e recursos humanos orçados, por atividade.
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6. DOCUMENTAÇÃO A SER EMITIDA
Deverá ser emitido Relatório de Atividades de acordo com o cronograma apresentado no item 3.6
deste TR, considerando as seguintes particularidades:
Adoção de modelo de relatório a ser validado/aprovado pelo contratante;
Apresentação de registro histórico das atividades desenvolvidas e previsão de atividades a
serem desenvolvidas;
Registros fotográficos e georreferenciados das atividades de campo; e
Disponibilização da base de dados cartográficos georreferenciados evidenciando as ações e
respectivos quantitativos associados;
Deverão ser emitidas e anexadas junto aos relatórios técnicos previstos, as respectivas Anotações de
Responsabilidade Técnica (ART) a serem geradas pelo profissional responsável pela execução das
atividades discriminadas neste Termos de Referência.
7. ACOMPANHAMENTO AMBIENTAL
Para a execução das atividades a serem contratada a empresa deverá, sempre que necessário:
Revisar e adequar aos questionamentos ou complementações solicitadas pelos órgãos ambientais
referentes a implantação dos programas contratados;
Participar de reuniões com a contratante para discutir assuntos relacionados com o serviço contratado;
Participar, sempre que solicitado, de reuniões e/ou vistorias do órgão ambiental relacionadas ao serviço
contratado (os valores para esta atividade deverão ser apresentados a parte, por evento); e
Identificar a necessidade de rever ações ou promover inclusão, de comum acordo com a contratante.
8. CONDIÇÕES DA PROPOSTA E PRAZO PARA EXECUÇÃO DOS ESTUDOS
Para a etapa inicial (restauração de 30,00 ha), a proposta deverá considerar o início das atividades no
mês de março de 2019 e término das etapas de plantio até o dia 30 de maio de 2019, estendendo-se
por um período de até dois anos para a realização das manutenções previstas, de acordo com o
cronograma de atividades previsto. Para a etapa complementar (restauração de 153,95 ha), as
atividades poderão ser iniciadas logo após o enchimento do reservatório, previsto para o mês de junho
de 2019, podendo estender-se por quatro anos.
A proposta técnica e comercial deverá ser apresentada de acordo com os seguintes marcos associados
à implantação da UHE Tibagi Montante:
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Início de obra - 01/12/2017;
Desvio do rio – 05/01/2019;
Início das escavações na margem direita 26/01/2019;
Pedido de Autorização para Enchimento do Reservatório – 90 (noventa) dias antes do
enchimento do reservatório;
Enchimento do reservatório – 14/06/2019;
Pedido de Licença Ambiental para Operação: 30 (trinta) dias antes do enchimento do
reservatório;
Entrada em operação da máquina 1 – 31/07/2019;
Entrada em operação da máquina 2 – 15/08/2019; e
Entrada em operação da máquina 3 – 31/08/2019.
As propostas deverão ser encaminhadas impreterivelmente até o dia 08 de fevereiro de 2019.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE et.al. A Nucleação como técnica auxiliar para a recuperação de áreas degradadas da Mata
Atlântica. Ecodebate - Site de informações, artigos e notícias socioambientais. 2012. Disponível em:
<https://www.ecodebate.com.br/2012/03/05/a-nucleacao-como-tecnica-auxilir-para-a-recuperacao-
de-areas-degradadas-da-mata-atlantica-artigo-de-andrea-christine-oliveira-andrade-alexandre-
marques-jose-renato-dos-anjos-e-tony-masser-oliveira/>.
DUARTE W. R. Avaliação do método de nucleação na recuperação da paisagem em 565 hectares de
áreas de preservação permanente degradadas. Revista On-line IPOG. 2015. Disponível em:
<https://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online/edicao-n10-2015/avaliacao-do-metodo-de-
nucleacao-na-recuperacao-da-paisagem-em-565-hectares-de-areas-de-preservacao-permanente-
degradadas/>.
EMBRAPA. Estratégia de recuperação | Regeneração Natural com Manejo Nucleação. Disponível
em: <https://www.embrapa.br/codigo-florestal/nucleacao>.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Restauração Ecológica - Sistemas de Nucleação. 2011
Disponível em: <
http://www.sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/repositorio/222/documentos/nucleacao.pdf>.
UHE Tibagi Montante - Termo de Referência – Programa de Recomposição Florestal na Área de Preservação Permanente do Reservatório
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REIS A. et. al. Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os
processos sucessionais. Revista Natureza & Conservação. Vol. 1. 2013.
TRES D.R. et al. Poleiros Artificiais e Transposição de Solo para a Restauração Nucleadora em Áreas
Ciliares. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 312-314. 2007.
10. ANEXOS
Serão disponibilizados pela contratante os seguintes documentos para subsidiarem a execução dos
serviços pela Contratada:
Anexo 1 - Plano Básico Ambiental
Anexo 2 - Licença de Instalação N° 23038
Anexo 3 - Delimitação em meio cartográfico da área a ser utilizada para reflorestamento, a
ser conferida em campo com auxílio de GPS pela Contratada.
Outros dados e informações eventualmente considerados pertinentes pela Contratada deverão ser
requeridos à Contratante por meio de e-mail ou ofício, mediante justificativas técnicas.