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    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

    Instituto de Geocincias e Cincias Exatas

    Campus de Rio Claro

    IMPACTOS E CONDIES AMBIENTAIS DA ZONA

    COSTEIRA DO ESTADO DO PIAU

    Agostinho Paula Brito Cavalcanti

    Orientador: Prof. Dr. Jos Carlos Godoy Camargo

    Tese de Doutorado apresentada junto ao Curso de Ps-Graduao emGeografia rea de Concentrao em Organizao do Espao para obteno doTtulo de Doutor em Geografia

    Rio Claro (SP)

    2000

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    NDICE

    ndice de cartas.................................................................................................... vii

    ndice de figuras................................................................................................... viii

    ndice de fotografias............................................................................................. x

    ndice de tabelas.................................................................................................. xiii

    ndice de quadros................................................................................................ xvii

    ndice de grficos................................................................................................. xix

    Captulo I INTRODUO.................................................................................. 1

    1.1. Consideraes gerais................................................................................. 1

    1.2. Identificao dos problemas....................................................................... 6

    1.3. Justificativas e objetivos............................................................................. 9

    1.4. Metodologia e tcnicas de anlise............................................................. 11

    Captulo II CONSIDERAES A RESPEITO DAS ZONAS COSTEIRAS........ 19

    2.1. Zonas costeiras: uma reviso de conceitos ............................................... 19

    2.2. Classificao da zona costeira do Estado do Piau.................................... 41

    Captulo III CARACTERIZAO GERAL DA REA DE ESTUDO................... 50

    3.1. Localizao e descrio geogrfica............................................................ 50

    3.2. Histrico da ocupao e processos antrpicos....................................... 58

    Captulo IV DIAGNSTICO AMBIENTAL......................................................... 68

    4.1. Processos da dinmica natural costeira..................................................... 69

    4.2. Diagnstico das potencialidades e limitaes............................................. 97

    4.2.1. Potencialidades naturais e antrpicas............................................ 98

    4.2.2. Limitaes naturais e antrpicas.................................................... 105

    4.3. Caracterizao das unidades ambientais costeiras................................... 111

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    Captulo V AVALIAO E ANLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS............ 125

    5.1. As praias e os campos de dunas dissipadas............................................. 133

    5.2. Os campos de dunas estabilizadas............................................................ 157

    5.3. As plancies fluviais.................................................................................... 174

    5.4. As plancies flvio-marinhas....................................................................... 194

    5.5. As plancies flvio-lacustres....................................................................... 218

    5.6. Os tabuleiros costeiros............................................................................... 237

    Captulo VI PERSPECTIVAS ATUAIS DE DESENVOLVIMENTO................... 256

    6.1. Programas de manejo e sustentabilidade das unidades ambientais.......... 259

    6.1.1. Programas de manejo das unidades ambientais........................... 260

    6.1.2. Propostas de sustentabilidade ambiental...................................... 271

    6.2. Proposta de zoneamento costeiro.............................................................. 2776.3. Plano de gesto ambiental......................................................................... 297

    Captulo VII CONSIDERAES FINAIS.......................................................... 313

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS........................................................... 324

    ANEXO 1 Fundamentao legal para ocupao do espao costeiro............... 332ANEXO 2 Dados climticos............................................................................... 337ANEXO 3 Dados scio-econmicos.................................................................. 348

    ANEXO 4 Vista area tomadas por sobrevo.................................................... 353

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    A meus pais Hamilton e Britinha emeus irmos Eudes e Anna.... por toda umavida de estmulo;

    A minha esposa Ftima e aos meus filhosAline, Alano e Alssio... como umacompensao pelo tempo que deixamos deficar juntos.

    v

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    AGRADECIMENTOS

    Este trabalho resultado da colaborao conjunta de diversas pessoas e

    instituies, que cooperaram permanentemente para a sua

    consecuo, aos quais agradeo, muito especialmente:

    Ao Professor Dr. Jos Carlos Godoy Camargo, do Departamento de Geografia

    do Instituto de Geocincias e Cincias Exatas IGCE da UNESP Campus de Rio

    Claro, pela valiosa orientao, crticas e sugestes proporcionadas em todas as fases

    desse estudo;

    A Professora Dra. Lvia de Oliveira, pelo estmulo permanente e amizade

    fraterna;

    Aos colegas professores e funcionrios do Departamento de Geografia e

    Histria da Universidade Federal do Piau UFPI, pela solicitude demonstrada

    durante meu afastamento;

    A Professora Ana Zlia C. Lima Castelo Branco, da Coordenao Geral deCapacitao de Docentes da UFPI, pelo estmulo e apoio dispensados;

    A Professora Doutoranda Marta Celina Linhares Sales da UFPI, ao Professor

    Dr. Luiz Botelho de Albuquerque da UFC e em especial ao Pedro Sales de

    Albuquerque pela amizade e ajuda constantes;

    Aos Professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do

    Cear UFC, em especial ao Dr. Edson Vicente da Silva, Dr. Jos Levi FurtadoSampaio e ao MSc. Raimundo Castelo Melo Pereira, pelo companheirismo e apoio

    ininterruptos;

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    Aos professores do Departamento de Geografia e Planejamento Regional do

    IGCE da UNESP Campus de Rio Claro, em especial ao Dr. Adler Guilherme

    Viadana, Dr. Antonio Carlos Tavares, Dr. Antonio Christofoletti (in memoriam), Dr.

    Helmut Troppmair, Dra. Iandara Alves Mendes, Dra. Maria Juraci Zani dos Santos, Dr.

    Miguel Cezar Sanchez e Dra. Ndia Regina do Nascimento, pelos ensinamentos nas

    disciplinas cursadas e apoio irrestrito;

    A Professora Dra. Celina Foresti, do Departamento de Biocincias da UNESP

    Campus de Rio Claro, pelas sugestes na rea de Sensoriamento Remoto;

    Aos Professores Dr. Jos Manuel Mateo Rodriguez e Dr. Arturo Rua de Cabo,

    da Universidade de Havana Cuba, pela oportunidade de convivncia e discusses

    de temas ligados cincia geogrfica;

    A Professora Doutoranda Lige de Souza Moura e a Professora MSc.

    Elisabeth Mary de Carvalho Baptista, do Departamento de Geografia da Universidade

    Estadual do Piau - UESPI, pela amizade e estmulo permanentes;

    Aos colegas do Curso de Geografia do IGCE / UNESP Campus de Rio Claro:

    Adriano Scalzitti, Ariclenes Polo Souza, Cristiano Len Martins, Maria de Ftima

    Santos Gomes, Ricardo Wagner Ad-Vncula, Rogrio Nomura , Renato dos Anjos

    Santos e Salvador Carpi Jnior, pelo apreo dispensado.

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    ndice de Cartas Pgina

    Carta 1 - Base cartogrfica e unidades ambientais...................................... 117

    Carta 2 - Dinmica natural e impactos ambientais....................................... 132

    Carta 3 - Zoneamento costeiro..................................................................... 278

    Carta-imagem 1 Zona costeira do Estado do Piau..................................... 14

    viii

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    ndice de Figuras Pgina

    Figura 1 - Diagrama esquemtico das fontes de energia e sedimentos para

    a zona costeira (1.1). Perfil esquemtico das zonas costeiras

    (1.2). Perfil esquemtico dos diversos setores da zona costeira

    do Estado do Piau (1.3)................................................................ 49

    Figura 2 - Localizao da rea de estudo no contexto do continente

    americano e da regio Nordeste do Brasil.................................... 51

    Figura 3 - Diagrama esquemtico da dinmica natural na zona costeira do

    Estado do Piau............................................................................. 71

    Figura 4 - Zona costeira do Estado do Piau.................................................. 74Figura 5 - Aspectos da dinmica natural costeira do Estado do Piau........... 76

    Figura 6 - Principais correntes martimas do Atlntico Sul............................. 79

    Figura 7 - Transporte de sedimentos efetuado pelos ventos com saltao

    dos gros de areia (7.1). Transporte de sedimentos efetuado

    pelos ventos com suspenso dos gros de areia (7.2)................. 84

    Figura 8 - Circulao das ondas e transporte de sedimentos........................ 87

    Figura 9 - Potencialidades da zona costeira do Estado do Piau................... 103

    Figura 10 - Limitaes da zona costeira do Estado do Piau........................... 109

    Figura 11 - Deslocamento de sedimentos arenosos na praia devido a ao

    dos ventos alsios de NE (11.1). Transporte de sedimentos pela

    atuao das ondas e ventos, com posterior deposio na praia

    (11.2). Transporte de sedimentos, com exposio durante a

    baixa-mar e acumulao em forma de dunas (11.3)..................... 134

    Figura 12 - Principais impactos e estado ambiental nas praias e dunas

    dissipadas...................................................................................... 155

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    Figura 13 - Campo de dunas estabilizadas mostrando os estgios de

    evoluo e os impactos ambientais. Incio da seqncia atravs

    das formaes pioneiras, seguidas pela vegetao

    subpereniflia arbustiva e arbrea, responsveis pela

    bioestabilizao do relevo dunar (13.1). Avano de sedimentos

    arenosos devido o desmatamento com introduo de culturas de

    subsistncia e pecuria extensiva (13.2)....................................... 158

    Figura 14 - Principais impactos e estado ambiental nas dunas estabilizadas.. 172

    Figura 15 - Blocos-diagrama mostrando a plancie fluvial do rio Parnaba

    (15.1); Igarassu (15.2); Camurupim (15.3) e Ubatuba (15.4)........ 177

    Figura 16 - Principais impactos e estado ambiental na plancie fluvial............ 192

    Figura 17 - Blocos-diagrama da plancie flvio-marinha do rio Parnaba(17.1) e dos rios Cardoso / Camurupim (17.2).............................. 196

    Figura 18 - Principais impactos e estado ambiental na plancie flvio-

    marinha......................................................................................... 216

    Figura 19 - Principais impactos e estado ambiental na plancie flvio-lacustre 235

    Figura 20 - Principais impactos e estado ambiental no tabuleiro costeiro........ 254

    x

    ndice de Fotografias Pgina

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    Foto 1 - Movimento orbital da onda prximo praia (1.1) Mar alta

    prximo a localidade Pedra do Sal PI (1.2)................................ 89

    Foto 2 - Flecha costeira prxima a localidade Barra Grande PI.............. 93

    Foto 3 - Praias e dunas dissipadas com deposio de areias formadas

    por quartzo, em constante deslocamento devido a deflao

    elica, prximo praia de Atalaia.................................................. 137

    Foto 4 - Areias quartzosas marinhas depositadas na praia Peito de Moa

    (4.1). Dunas dissipadas, prximo a localidade Tatus (4.2). Dunas

    dissipadas com formao de reservatrios de gua, prximo a

    Ilha Grande (4.3). Dunas em formao com ocorrncia de ripple-

    marks, prximo a localidade Sobradinho (4.4).............................. 140Foto 5 - Ocorrncia dos recifes da Pedra do Sal (5.1). Praia de Itaqui

    (5.2) e localidade de Cajueiro da Praia (5.3)................................. 146

    Foto 6 - Impactos ambientais nas praias e dunas dissipadas. Construo

    de habitaes, prximo a Pedra do Sal (6.1). Turismo pontual e

    urbanizao na praia de Atalaia (6.2). Atividades comerciais e de

    recreao e lazer na praia do Macap (6.3). Turismo pontual e

    lazer na praia da Barra Grande (6.4)............................................. 150

    Foto 7 - Dunas estabilizadas com recobrimento vegetal e intensos

    processos de edafizao, prximo a praia da Pedra do Sal.......... 161

    Foto 8 - Avano de dunas devido o desmatamento com recobrimento de

    reas da plancie flvio-lacustre do lago Sobradinho (8.1). Dunas

    estabilizadas por espcies pioneiras e gramneo-herbceas,

    prximo a localidade Ilha Grande (8.2). Dunas em processo de

    estabilizao com proteo artificial devido o avano sobre reas

    residenciais, prximo a Lus Correia.............................................. 168

    Foto 9 - Plancie fluvial do rio Parnaba com ocorrncia de meandros em

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    reas de acumulao de sedimentos............................................. 179

    Foto 10 - Impactos ambientais na plancie fluvial. Navegao com

    derramamento de leo rio Parnaba (10.1). Urbanizao com

    atividades comerciais e industriais rio Igarassu (10.2).

    Extrativismo vegetal rio Camurupim (10.3). Desmatamento e

    eroso das margens rio Ubatuba (10.4)..................................... 189

    Foto 11 - Plancie flvio-marinha com deposio de sedimentos

    halomrficos, recobertos por manguezais no rio Parnaba (11.1),

    rio Igarassu (11.2), rio Camurupim (11.3) e rio Ubatuba (11.4)..... 201

    Foto 12 - Impactos ambientais na plancie flvio-marinha. Cultura de arroz

    rio Parnaba (12.1). Construo de salinas rio Igarassu

    (12.2). Espcies invasoras devido o desmatamento rioCamurupim (12.3). Pesca predatria rio Ubatuba (12.4)............ 211

    Foto 13 - Plancie flvio-lacustre em reas de sedimentao e solos

    hidromrficos na lagoa do Portinho (13.1) e no lago Sobradinho

    13.2)............................................................................................... 223

    Foto 14 - Impactos ambientais na plancie flvio-lacustre. Desmonte de

    dunas e construo de habitaes na lagoa do Portinho (14.1).

    Desmatamento e assoreamento das margens do lago

    Camurupim (14.2). Desmatamento e eroso das margens do

    lago Sobradinho (14.3).................................................................. 231

    Foto 15 - Superfcie aplainada dissecada do relevo tabuliforme, com

    sedimentos da Formao Barreiras e predomnio de material

    areno-argiloso, prximo a localidade Camurupim (15.1) e a

    localidade Jabuti (15.2).................................................................. 239

    Foto 16 - Impactos ambientais nos tabuleiros costeiros. Desmatamento e

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    compactao do solo para construo da via de acesso a

    localidade Barra Grande (16.1). Retirada de madeira para

    utilizao como combustvel na localidade Carapeba (16.2).

    Desmatamento e queimadas, prximo a localidade Queimadas

    (16.3). Desmatamento e deposio de resduos slidos, prximo

    a cidade de Cajueiro da Praia (16.4)............................................. 247

    Foto 17 - Desembocadura do rio Igarassu, prximo a cidade de Lus

    Correia (17.1). Plancie flvio-marinha do rio Igarassu (17.2).

    Campo de dunas dissipadas, prximo a lagoa do Portinho (17.3). 354

    Foto 18 - Plancie fluvial do rio Cardoso (18.1). Plancie fluvial do rio

    Camurupim (18.2). Campo de dunas dissipadas prximo a

    localidade Sobradinho (18.3)......................................................... 355Foto 19 - Campo de dunas dissipadas e estabilizadas prximo a

    localidade Pedra do Sal (19.1). Campo de dunas estabilizadas

    com recobrimento vegetal, prximo a cidade de Ilha Grande

    (19.2). Urbanizao cidade de Lus Correia (19.3)..................... 356

    xiii

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    ndice de Tabelas Pgina

    Tabela 1 - Correntes de mar...................................................................... 81

    Tabela 2 - Variaes do nvel das mars de acordo com as fases da Lua.. 91Tabela 3 - Dados quantitativos das unidades ambientais predominantes.... 124

    Tabela 4 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao pioneira

    das praias e dunas dissipadas.................................................... 142

    Tabela 5 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao gramneo-

    herbcea das praias e dunas dissipadas.................................... 142

    Tabela 6 - Levantamento preliminar das principais espcies da ictiofauna

    marinha........................................................................................ 144

    Tabela 7 - Levantamento preliminar das principais espcies de moluscos

    das praias e dunas dissipadas.................................................... 144

    Tabela 8 - Levantamento preliminar das principais espcies da avifauna

    das praias e dunas dissipadas.................................................... 145

    Tabela 9 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao gramneo-

    herbcea das dunas estabilizadas.............................................. 163

    Tabela 10 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao

    subpereniflia das dunas estabilizadas....................................... 164Tabela 11 - Levantamento preliminar das espcies da avifauna das dunas

    estabilizadas............................................................................... 165

    Tabela 12 - Levantamento preliminar das principais espcies de rpteis das

    dunas estabilizadas..................................................................... 166

    Tabela 13 - Levantamento preliminar das principais espcies de mamferos

    das dunas estabilizadas............................................................. 166

    Tabela 14 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao

    subpereniflia ribeirinha da plancie fluvial.................................. 183

    xiv

    Tabela 15 - Levantamento preliminar das principais espcies da avifauna

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    da plancie fluvial......................................................................... 184

    Tabela 16 - Levantamento preliminar das principais espcies da ictiofauna

    da plancie fluvial......................................................................... 185

    Tabela 17 - Levantamento preliminar das principais espcies de rpteis da

    plancie fluvial.............................................................................. 185

    Tabela 18 - Levantamento preliminar das principais espcies de mamferos

    da plancie fluvial......................................................................... 186

    Tabela 19 - Levantamento das principais espcies frutferas da plancie

    fluvial........................................................................................... 188

    Tabela 20 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao pereniflia

    de mangue da plancie flvio-marinha......................................... 203

    Tabela 21 - Levantamento preliminar das principais espcies da avifaunada plancie flvio-marinha............................................................ 204

    Tabela 22 - Levantamento preliminar das principais espcies da ictiofauna

    da plancie flvio-marinha............................................................ 205

    Tabela 23 - Levantamento preliminar das principais espcies de moluscos

    da plancie flvio-marinha........................................................... 206

    Tabela 24 - Levantamento preliminar das principais espcies de crustceos

    da plancie flvio-marinha........................................................... 207

    Tabela 25 - Dados quantitativos dos reservatrios de gua.......................... 224

    Tabela 26 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao

    subpereniflia ribeirinha e aqutica da plancie flvio-marinha... 226

    Tabela 27 - Levantamento preliminar das principais espcies da ictiofauna

    da plancie flvio-lacustre............................................................ 227

    Tabela 28 - Levantamento preliminar das principais espcies de crustceos

    e moluscos da plancie flvio-lacustre......................................... 228

    Tabela 29 - Levantamento preliminar das principais espcies da avifaunada plancie flvio-lacustre............................................................ 228

    xv

    Tabela 30 - Levantamento preliminar das espcies da vegetao

    subcaduciflia arbrea-arbustiva do tabuleiro costeiro................ 243

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    Tabela 31 - Levantamento preliminar das principais espcies da avifauna

    do tabuleiro costeiro.................................................................... 244

    Tabela 32 - Levantamento preliminar das principais espcies de rpteis do

    tabuleiro costeiro.......................................................................... 245

    Tabela 33 - Levantamento preliminar das principais espcies de mamferos

    do tabuleiro costeiro.................................................................... 245

    Tabela 34 - Levantamento preliminar das principais espcies forrageiras do

    tabuleiro costeiro......................................................................... 249

    Tabela 35 - Levantamento das principais espcies frutferas do tabuleiro

    costeiro........................................................................................ 251

    Tabela 36 - Propostas para a Zona de Proteo Permanente (ZPP)............. 281

    Tabela 37 - Propostas para a Zona de Compensao (ZCP)......................... 283Tabela 38 - Propostas para a Zona de Ecoturismo (ZEC).............................. 285

    Tabela 39 - Propostas para a Zona de Reserva Extrativista (ZRE)................ 288

    Tabela 40 - Propostas para a Zona de Urbanizao Prioritria

    (ZUP).............

    290

    Tabela 41 - Levantamento das principais espcies de hortalias

    recomendveis para a zona de agricultura.................................. 294

    Tabela 42 - Propostas para a Zona de Aquicultura e Agricultura (ZAA)......... 296

    Tabela 43 - Levantamento das principais instituies pblicas e privadas..... 299

    Tabela 44 - Levantamento preliminar das espcies vegetais utilizadas para

    fins medicinais............................................................................. 302

    Tabela 45 - Banco de dados pluviomtricos................................................... 339

    Tabela 46 - Balano hdrico segundo Thornthwaite e Mather (1955)............ 347

    Tabela 47 - Domiclios rurais e urbanos......................................................... 349

    Tabela 48 - Populao urbana-rural, rea e densidade demogrfica............. 349

    Tabela 49 - Populao em idade escolar segundo o nvel de ensino e taxade analfabetismo de crianas e adultos...................................... 350

    xvi

    Tabela 50 - Agricultura permanente rea plantada (Ha)............................. 350

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    Tabela 51 - Agricultura temporria rea plantada (Ha)................................ 351

    Tabela 52 - Efetivo dos rebanhos Cabeas................................................. 351

    Tabela 53 - Nmero de unidades de sade e leitos segundo municpio........ 352

    Tabela 54 - Proporo de chefes de domiclios com renda mensal at

    salrio mnimo e analfabetos....................................................... 352

    xvii

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    ndice de Quadros Pgina

    Quadro 1 - Sntese das unidades ambientais com seus respectivos

    indicadores naturais.................................................................... 116Quadro 2 - Sntese das unidades ambientais, com determinao dos

    indicadores naturais, potencialidades, limitaes e impactos

    ambientais................................................................................... 122

    Quadro 3 - Seqncia do processo de degradao das unidades

    ambientais................................................................................... 126

    Quadro 4 - Caractersticas naturais e antrpicas dominantes e seus

    respectivos ndices de artificializao, uso da terra e

    recomendaes para ocupao................................................... 129

    Quadro 5 - Caractersticas dos solos das praias e dunas dissipadas............ 139

    Quadro 6 - Sntese do diagnstico ambiental Praias e dunas dissipadas.. 152

    Quadro 7 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Praias e dunas

    dissipadas.................................................................................... 152

    Quadro 8 - Caractersticas dos solos das dunas estabilizadas..................... 162

    Quadro 9 - Sntese do diagnstico ambiental Dunas estabilizadas............ 169

    Quadro 10 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Dunasestabilizadas................................................................................ 170

    Quadro 11 - Caractersticas dos solos da plancie fluvial................................ 181

    Quadro 12 - Sntese do diagnstico ambiental Plancie fluvial..................... 190

    Quadro 13 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Plancie fluvial. 191

    Quadro 14 - Caractersticas dos solos da plancie flvio-marinha................... 200

    Quadro 15 - Sntese do diagnstico ambiental Plancie flvio-marinha........ 213

    Quadro 16 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Plancie flvio-

    marinha.......................................................................................

    215

    Quadro 17 - Caractersticas dos solos da plancie flvio-lacustre................... 220

    xviii

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    Quadro 18 - Sntese do diagnstico ambiental Plancie flvio-lacustre........ 232

    Quadro 19 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Plancie flvio-

    lacustre........................................................................................ 233

    Quadro 20 - Caractersticas dos solos do tabuleiro costeiro........................... 241

    Quadro 21 - Sntese do diagnstico ambiental Tabuleiro costeiro............... 248

    Quadro 22 - Sntese da avaliao dos impactos ambientais Tabuleiro

    costeiro........................................................................................ 253

    Quadro 23 - Potencialidades e fragilidades para aplicao da

    sustentabilidade ambiental na zona costeira do Estado do

    Piau............................................................................................ 273

    Quadro 24 - Sntese da gesto ambiental Infra-estrutura urbana e dos

    servios....................................................................................... 301Quadro 25 - Sntese da gesto ambiental Potencial natural........................ 312

    xix

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    ndice de Grficos

    Pgina

    Grfico 1 - Direo e velocidade dos ventos Mdia mensal (m/s).............. 86

    Grfico 2 - Precipitao Total anual (mm).................................................. 340

    Grfico 3 - Precipitao Mdia mensal (mm)............................................. 341

    Grfico 4 - Temperatura mdia (mxima, mdia e mnima) mensal (oC)...... 342

    Grfico 5 - Umidade relativa do ar Mdia mensal (%)................................ 343

    Grfico 6 - Evaporao Mdia mensal (mm).............................................. 344

    Grfico 7 - Direo e velocidade dos ventos Mdia mensal (m/s).............. 345

    Grfico 8 - Insolao mensal (horas)............................................................. 346

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    RESUMO

    ABSTRACT

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    CaptuloI

    INTRODUO

    1.1. CONSIDERAES GERAIS

    A cincia geogrfica necessita atualmente elaborar novos critrios conceituais,

    novas tcnicas e meios mais eficientes para estudar as relaes que ocorrem entre

    os fenmenos naturais e sociais. Isto s ser conseguido atravs de trabalhos

    constantes e intensivos de carter especfico, em setores ou aspectos particulares da

    Geografia.

    Considerando-se que a organizao do espao tarefa primordial do gegrafo,

    e que este espao composto por diferentes ambientes naturais e antrpicos, deve-

    se avaliar as estruturas e processos atuantes na sua dinmica, de conformidade com

    o carter interdisciplinar requerido pela cincia geogrfica.

    A difuso de mtodos e tcnicas adequadas de manejo do meio ambiente, comoestratgia de utilizao plena e equilibrada dos recursos naturais cumpre seu papel

    nos processos de desenvolvimento e planejamento.

    A civilizao contempornea, atravs da urbanizao e de inovaes

    tecnolgicas, trouxe consigo uma srie de transformaes no meio natural e, se

    resultados benficos tm advindo para a humanidade, problemas vm se

    acumulando ao longo do tempo.

    A formao de uma conscincia ambiental sobre as necessidades de

    preservao e da procura do equilbrio ecolgico, no decorre simplesmente de uma

    ordenao de leis ou de normas, mas que se d nfase a uma ampla e persistente

    pesquisa cientfica, aliada a uma efetiva ao educativa, atravs dos quais se

    disseminem valores e atitudes em relao aos recursos naturais.

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    A ocupao de extensas reas naturais, o aproveitamento e utilizao dos seus

    recursos de forma predatria, constituem atualmente a nvel mundial, um sinal

    desalentador da expanso das fronteiras econmicas da atividade produtiva.

    Nas zonas costeiras ocorrem a maior concentrao da produtividade biolgicado planeta, localizada ao longo de uma faixa relativamente estreita, formada pelas

    plataformas continentais e limites das plancies costeiras.

    Encontram-se ainda os habitats mais produtivos e diversos, vitais para a

    proteo da costa e fornecedora de alimento e abrigo para uma variedade de

    espcies, inclusive o homem.

    Na utilizao dos recursos fornecidos pelo ambiente costeiro, com o intuito de

    atingir os objetivos de desenvolvimento, sem a simultnea degradao da qualidade

    do meio ambiente, preciso novos mecanismos que possibilitem a avaliao

    adequada desses recursos. Estes mecanismos abrangem atitudes conscientes e

    aes objetivas, onde procura-se analisar a importncia das zonas costeiras,

    determinando as necessidades de cada setor e como integrar a conservao ao

    desenvolvimento.

    No territrio brasileiro, as aes governamentais, a legislao pertinente e osetor privado no tem levado em considerao os danos resultantes da apropriao

    indevida dos recursos naturais disponveis e nem sempre renovveis.

    De acordo com SILVEIRA (1968), a anlise das costas brasileiras, considerados

    seus tipos, caractersticas e articulaes, deve constituir preocupao fundamental

    para aqueles que desejam interpretar a evoluo do Brasil e compreender os

    complexos geogrficos que em seu territrio se formam. Se o litoral brasileiro, em si,

    j representa vasto campo de estudos, as relaes dessa poro do pas com ointerior so chaves para explicaes de numerosas questes, cujo esclarecimento

    fundamenta a interpretao da Geografia e da Histria brasileiras.

    Faz-se necessrio compreender que o ambiente costeiro brasileiro composto

    por sistemas naturais que esto relacionados atravs de seus componentes fsicos,

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    biolgicos e antrpicos, e que o estado atual de sua ocupao esto indicados pela

    alterao de reas representadas principalmente pela especulao imobiliria.

    Os impactos ambientais induzidos pela presso humana so extremamente

    significativos nas reas costeiras, trazendo srios problemas, sendo muitas vezessuperior a capacidade de assimilao dos sistemas naturais.

    Pelo fato de um significativo contingente populacional habitarem estas reas,

    ocorrem intensas presses, com a capacidade de suporte de seus recursos sendo

    excedida.

    A populao um importante indicador das mudanas, com sua composio e

    amplitude, afetando diretamente o carter do desenvolvimento ou a imposio dos

    impactos sobre os sistemas naturais.

    As atividades humanas interferem nos processos naturais e a proteo do

    sistema ambiental costeiro necessria para a continuidade da vida. Os ambientes

    terrestres e marinhos so sistemas totalmente integrados e suas partes esto

    interrelacionadas e dependentes, onde a alterao de um componente influi em

    outras partes e na disfuno do sistema como um todo.

    As presses exercidas pela presena do homem produzem necessidades como

    a construo de moradias, hotis, restaurantes, lojas, etc., requerendo uma infra-

    estrutura bsica (estradas, pontes, saneamento, loteamentos, eletrificao, etc.),

    cada um exercendo presses no ambiente ou produzindo vrios impactos negativos,

    como a locao de materiais imprprios, suporte da infra-estrutura e modificao do

    escoamento superficial e a drenagem subterrnea.

    O impacto acumulativo devido ao uso da gua provoca mudanas no potencial

    hidrolgico, resultando em intruses de gua salgada, pela contaminao orgnica e

    inorgnica e pela disposio do lixo.

    Os impactos advindos de um simples projeto podem ser minimizados em uma

    certa extenso; poder tornar-se parte de um problema ecolgico, principalmente em

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    reas que possuem recursos sensveis (praias, campo de dunas, plancies fluviais,

    plancies flvio-marinhas, plancies flvio-lacustres e tabuleiros costeiros), sendo

    particularmente vulnerveis a acumulao dos impactos.

    Para o estudo dos impactos ambientais necessita-se de uma metodologia capazde integrar diferenciadas consideraes sobre os recursos naturais e os fatores

    antrpicos, garantindo a proteo e aproveitamento de acordo com os objetivos

    propostos, devido principalmente ao avano do conhecimento cientfico dos recursos

    naturais e o aperfeioamento de novos mtodos e tcnicas.

    Nas ltimas dcadas tem havido modificaes na zona costeira piauiense,

    devido as transformaes mais amplas que atingem toda a sociedade, tais como os

    processos de urbanizao e demanda de servios.

    H uma busca permanente por uma maior ocupao do espao costeiro

    piauiense, com a populao avanando sobre esta rea ampliando o domnio das

    atividades indiretas de explorao do solo, atravs do incremento de novas

    edificaes; da expanso de obras para recreao e lazer e da crescente

    transformao da terra.

    Este o quadro geral da zona costeira do Estado do Piau, onde os estudosmais detalhados podero mostrar a dinmica natural e os impactos ambientais,

    devendo ser entendido como um detalhamento das potencialidades e limitaes para

    uso em gerenciamento dos recursos naturais e formas de utilizao, tanto a nvel de

    conhecimento da costa piauiense, como tambm pelos encaminhamentos

    metodolgicos utilizados neste estudo.

    Neste sentido, ao se propor aes sistemticas visando a conservao do meio

    ambiente e a implantao de mtodos de desenvolvimento em bases sustentveis, oestudo dos impactos e da sustentabilidade ambiental, consubstancia a cidadania,

    onde os segmentos da sociedade costeira piauiense sero responsveis pela

    qualidade de vida, cabendo-lhes decidir sobre esta questo no cotidiano e de forma

    permanente.

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    Este estudo preocupa-se essencialmente em fomentar aes que levem

    relao equilibrada do ser humano com seu ambiente, objetivando a sustentabilidade

    do processo de desenvolvimento, incentivando atitudes de respeito s comunidades

    tradicionais e s culturas locais.

    Um diagnstico obtido da anlise dos recursos naturais com a integrao das

    caractersticas dos mesmos e as condies de degradao da superfcie permitiro a

    tomada de decises sobre a capacidade de uso. Baseando-se em informaes

    agregadas pela integrao de cartas, representando os aspectos naturais do espao

    e as atividades scio-econmicas, recorrendo a um conjunto de medidas que possam

    ser utilizadas de acordo com um amplo trabalho de difuso dos princpios tericos e

    prticos da cincia geogrfica.

    Este trabalho de pesquisa, sob o ttulo Impactos e condies ambientais da

    zona costeira do Estado do Piau, corresponde a tese de Doutorado do curso de

    Ps-Graduao em Geografia, da Universidade Estadual Paulista UNESP /

    Campus de Rio Claro SP, onde foi possvel desenvolver estudos e pesquisas na

    rea de Organizao do Espao, com professores e estudantes brasileiros e

    estrangeiros, de diferentes setores no mbito da cincia geogrfica.

    Com a viso interdisciplinar efetivada durante o curso, pode-se ampliar a

    atuao profissional e desenvolver novos mtodos de investigao, direcionados ao

    uso, planejamento, manejo e gesto do espao.

    A opo da rea de pesquisa na zona costeira piauiense, deve-se ainda a

    significativa importncia ecolgica e econmica para o Estado e para a Regio.

    As investigaes tiveram por objetivo, obter resultados e alternativas aplicveis

    em benefcio da populao e do espao local, incluindo a harmonia das relaes dasociedade com o meio natural, permitindo uma convivncia equilibrada a longo prazo.

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    1.2. IDENTIFICAO DOS PROBLEMAS

    A identificao dos problemas uma questo que decorre de situaes

    especficas da rea a ser estudada, estando relacionada aos fenmenos ou variveis

    que sero investigadas na pesquisa.

    As variveis propostas so decorrentes da ao dos ventos, ondas, mars,

    correntes marinhas e atividades antrpicas, todas contribuindo para a evoluo da

    rea, seja atravs da dinmica natural e/ou impactos ambientais.

    A partir do reconhecimento das condies existentes, experimentados ao longo

    do processo histrico de ocupao e das atividades antropognicas, responsveispelas transformaes dos fluxos de energia e matria e pelas modificaes na

    estrutura e funcionamento do ambiente costeiro e seus componentes, foram

    identificados os principais problemas, assim estabelecidos:

    1. Transformao dos processos naturais, responsveis pela determinao do

    clima, do ar e das guas, da reciclagem de elementos essenciais e da

    gnese e regenerao dos solos.

    2. Reduo da diversidade biolgica e conseqente diminuio da variedade de

    ecossistemas e do potencial gentico das espcies.

    3. Avano de dunas provocado pela deflao elica, com transporte de

    sedimentos arenosos, favorecendo o recobrimento da vegetao,

    soterramento dos canais fluviais, reas residenciais e de cultivos.

    4. Modificaes ambientais no meio hdrico, devido a inundaes peridicas,

    formao de lagoas e solapamento das margens dos cursos de gua.

    5. Intensificao da ocupao dos ncleos populacionais, com crescente

    especulao imobiliria, provocando emigrao dos nativos, aumento do

    custo de vida e conflitos da terra.

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    Estes problemas expressam relaes entre duas ou mais variveis, implicando

    na possibilidade de testes e obtendo-se evidncias reais sobre as relaes

    apresentadas, inerente a prpria natureza da cincia geogrfica, que consiste em

    testar relaes entre os fenmenos naturais e antrpicos..

    Como resultado, numa ampla rea de pesquisa, como nos estudos geogrficos,

    interessante fornecer um banco de dados bsicos, que possa ser utilizado no futuro

    para gerao e testes de hipteses.

    Na formulao das idias para a contextualizao de uma hiptese, algumas

    dificuldades tornam-se considerveis, pois a identificao dos problemas e os seus

    estudos em potencial requerem uma certa objetividade, geralmente trabalhando-se

    com uma ou mais hipteses.

    Estas idias devero ser trabalhadas e complementadas com a utilizao de

    documentos, tais como: mapas, fotografias areas, cartas temticas e imagens

    orbitais, que estabelecem os padres de mudanas em um passado recente;

    derivando um conhecimento prvio, leitura contnua das fontes de dados, intuio e

    familiaridade com a questo proposta, aliada a disponibilidade de estudos especficos

    e tcnicas adequadas.

    O resultado de uma interpretao em termos de hiptese original, depende

    ainda da amplitude das mudanas ambientais ocorridas durante um dado perodo e

    os efeitos das atividades humanas antes das fases citadas, durante e depois da

    ocupao da rea.

    Seguindo-se estes procedimentos, pode-se testar as hipteses relacionadas a

    zona costeira do Estado do Piau, a partir:

    - do papel exercido como ponto de redimensionamento da interao oceano-

    continente;

    - do relacionamento entre a localizao geogrfica e as caractersticas

    naturais em funo dos ventos, mars, ondas e correntes;

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    - do poder dos impactos ambientais exercidos sobre as unidades

    componentes, em funo das interferncias humanas.

    O redimensionamento da interao oceano-continente refere-se a zona costeira

    dentro de seus limites atuais, definida como a superfcie compreendida entre osnveis da mxima preamar e a mnima baixamar, acrescida no continente a rea

    influenciada pelas foras marinhas, havendo portanto, uma penetrao entre os

    domnios submarino e terrestre.

    A relao entre a localizao geogrfica e as caractersticas naturais refere-se

    ao posicionamento da rea no contexto regional e a dinmica natural, atravs das

    aes que intervem os ventos, mars, ondas e correntes martimas como fatores

    responsveis pela morfologia costeira atual.

    A gerao dos impactos ambientais atravs das interferncias antrpicas,

    refere-se ao diagnstico e avaliao com um sistemtico processo de reviso e

    controle ambiental.

    Estas hipteses enunciam relaes que devero ser estudadas e que sero

    testadas na pesquisa, tornando-se necessrio identificar clara e inteiramente suas

    variveis e deduzir suas implicaes no contexto da rea.

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    1.3. JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS

    Devido a complexidade natural e a intensidade da interveno do homem na

    organizao do espao costeiro, merecendo especial ateno quanto a manuteno

    de seu equilbrio, utilizao racional e conhecimento detalhado de sua estrutura e

    funes, dentro de uma viso geogrfica, justifica-se esta pesquisa pelo fato de:

    estabelecer critrios tcnicos e cientficos entre os atributos naturais e

    humanos, visando um planejamento coerente com a legislao ambiental,

    com as perspectivas polticas e administrativas e com os anseios da

    comunidade;

    fornecer uma anlise de carter geogrfico, proporcionando subsdios

    tericos e metodolgicos para a abordagem da dinmica natural, avaliao

    de impactos ambientais e elaborao de prognstico em reas costeiras;

    propor medidas objetivas ao planejamento integrado, estabelecendo

    critrios para seu pleno desenvolvimento e efetivao.

    Trata-se, portanto, de um estudo que procura desenvolver um modelo das

    relaes entre os sistemas naturais e antrpicos, tendo como ponto fundamental a

    dinmica natural e os impactos provenientes das interferncias humanas, sob a tica

    da cincia geogrfica.

    Considerando de fundamental importncia nos estudos geogrficos a viso

    integrada do espao, direcionada ao conjunto dos fatores naturais e suas

    interdependncias, aliados a fatores de ordem scio-econmica e poltico-

    administrativas, esta pesquisa tem como objetivo principal o estudo das unidades

    ambientais da zona costeira do Estado do Piau, fundamentado atravs da anlise

    das condies naturais; dos impactos decorrentes das atividades antrpicas e na

    identificao de suas potencialidades e problemas, com o intuito de oferecer

    subsdios para a organizao do espao.

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    Como objetivos especficos, considerados a partir de uma concepo de anlise

    geogrfica, foram relacionados os seguintes:

    1. Inventrio e caracterizao geogrfica da rea considerando-se a anlise da

    literatura, do material cartogrfico e trabalho de campo;

    2. Avaliao do processo histrico de ocupao, servindo para determinar a

    evoluo originada pelas interferncias humanas;

    3. Levantamento e anlise dos aspectos naturais do espao, visando o

    conhecimento de suas potencialidades e limitaes;

    4. Localizao e anlise dos impactos ambientais, correlacionando suas

    causas, efeitos e conseqncias para a rea;

    5. Propostas e alternativas de manejo, considerando o atual estado de

    utilizao e proteo ambiental;

    6. Prognstico e zoneamento ambiental, oferecendo efetiva contribuio para o

    desenvolvimento em bases sustentveis.

    Estes objetivos permitiro chegar a concluses que contribuiro para aumentar

    o conhecimento cientfico e fornecer informaes aos rgos pblicos, que efetuam o

    planejamento regional e a prpria comunidade, que ter um modelo de

    aproveitamento e preservao, resultado da anlise da dinmica e do diagnstico

    ambiental, necessrios para um adequado desenvolvimento da rea.

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    1.4. METODOLOGIA E TCNICAS DE ANLISE

    A anlise da metodologia em Geografia, no sentido de uma compreenso mais

    clara da natureza desta cincia, passa necessariamente pelo estabelecimento de um

    avano entre a preocupao descritiva e contemplativa do passado e a preocupao

    crtica e/ou de interveno na organizao do espao no presente.

    Os mtodos de investigao cientfica apresentam-se como um conjunto de

    normas e de passos lgicos que devem ser satisfeitos, caso se deseje que a

    pesquisa seja adequadamente conduzida e capaz de levar a concluses racionais.

    Os gegrafos comumente utilizam mtodos de relaes especficas edirecionais entre os fenmenos naturais e sociais. De acordo com este procedimento,

    os dados necessrios para o desenvolvimento da pesquisa sero levantados atravs

    da observao direta, medies de campo e anlise de dados, que serviro para a

    resoluo dos problemas encontrados.

    Com relao a nossa pesquisa procuramos adotar o denominado Mtodo

    Cientfico determinando a ordem que os estgios de pesquisa normalmente ocorrem:

    o desenvolvimento da proposta, os processos de coleta de dados e anlise, a

    elaborao do trabalho e concluses.

    A esse respeito, SILVA (1978) trabalha a questo do mtodo cientfico e a

    observao em Geografia, ressaltando que os procedimentos percorrem as seguintes

    etapas:

    - Seleo e definio de condies e problemas, essenciais em qualquer

    pesquisa, requerendo um relativo nvel de conhecimento prvio da rea,onde ocorrem problemas, procurando explicit-los e defini-los de acordo com

    os mtodos e tcnicas utilizadas;

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    - Observao, coleta de dados e seus registros, atravs de mtodos, tcnicas e

    instrumentos adequados, que servem para o exame direto dos fatos ou

    costumes do local, estando acompanhados do interrogatrio imediato

    (entrevistas), procurando maiores detalhes para o aprofundamento da anlise;

    - Anlise e classificao dos dados, onde so agregadas as informaes

    adquiridas, analisadas e classificadas de acordo com os objetivos propostos.

    Seguindo-se estes critrios procurou-se adequar a metodologia aplicada

    segundo a necessidade de alcanar os objetivos previamente estabelecidos, de

    maneira seqencial, sendo correlacionados com os problemas e finalidades, como

    tambm da realidade das condies existentes.

    As tcnicas utilizadas na realizao desta pesquisa esto relacionadas a uma

    seqncia de operaes para se chegar a uma determinada finalidade e ficou assim

    composta:

    1. Pesquisa de reconstruo histrica, referida a coleta de dados sobre

    fenmenos ocorridos em um passado prximo ou remoto, procurando

    elementos para a compreenso do presente. Procedeu-se uma pesquisa

    bibliogrfica, com o intuito de se obter dados e informaes sobre as formasde ocupao e povoamento, onde foram avaliadas as primeiras

    interferncias antrpicas.

    2. Pesquisa de campo, destinada a obteno de dados a respeito de

    fenmenos que ocorrem no presente. As observaes serviram para o

    exame atento dos acontecimentos, fatos e costumes diretamente no local de

    ocorrncia, acompanhando os detalhes dos objetos de estudo, sendo

    complementadas pelas entrevistas, obtendo-se maiores subsdios noaprofundamento da anlise. As entrevistas foram fundamentais, pois

    possibilitam o registro das observaes na sua aparncia e na sua natureza,

    sendo importantes na anlise e interpretao dos dados coletados. Nesta

    fase da pesquisa foram entrevistados os habitantes das diversas

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    comunidades da zona costeira, o que facilitou a compreenso e evoluo de seu

    desenvolvimento. Percorreram-se as vias de acesso (estradas pavimentadas ou

    no, caminhos e trechos significativos como a linha da costa, dunas, reas com

    vegetao nativa e reas agrcolas). Para os trechos de difcil acesso

    (manguezal e desembocaduras dos cursos de gua), utilizou-se embarcaes

    dos pescadores. Todas as observaes e coletas de material foram

    devidamente transcritas e plotadas em carta plani-altimtrica bsica e anotadas

    em caderneta de campo, proporcionando um conhecimento real da rea.

    Paralelamente fizeram-se registros fotogrficos, que permitiu preservar detalhes

    para um estudo mais intenso, em pocas posteriores. Saliente-se que as

    pesquisas de campo foram efetivadas em perodos distintos (chuvoso e seco),

    entre os anos de 1998 a 2000, o que propiciou um maior conhecimento da rea,preferencialmente nos meses de maro/abril (perodo chuvoso) e

    outubro/novembro (perodo seco).

    3. Pesquisa de gabinete, com a elaborao das cartas temticas, anlise das

    informaes pertinentes a reviso bibliogrfica e cartogrfica, da

    interpretao dos dados colhidos em campo e da redao final da tese.

    Este procedimento permitiu a caracterizao, o diagnstico, o zoneamento e o

    monitoramento dos processos naturais e das atividades antrpicas da zona costeira,

    fundamentais para o planejamento e conhecimento das mudanas ocorridas e das

    tendncias atuais.

    Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais:

    imagem em papel do sensor TM (Thematic Mapper) do satlite LANDSAT-5, rbita

    WRS 219/62, quadrantes E e W, com passagem em 08/11/91, na escala de 1:50.000,

    reproduzida nas bandas espectrais do visvel e infravermelho prximo: TM3 (0,63 a0,69 ); TM4 (0,76 a 0,90 ) e TM5 (1,55 a 1,75 ) formando composio colorida 5

    (Vermelho), 4 (Verde), 3 (Azul), fornecida pelo INPE.

    Tivemos ainda como suporte tcnico para interpretao visual as imagens em

    papel do sensor HRV1 do satlite SPOT, rbita 716-356/0, com passagem em

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    07/09/95 e do sensor HRV2, rbita 717-356/3, com passagem em 22/08/95, na escala

    de 1:100.000, fornecida pela SPOT IMAGE / CNES 1995 (Carta-imagem 1).

    As informaes extradas das imagens orbitais foram interpretadas e registradas

    quando da confeco dos overlays, sendo posteriormente lanadas na basecartogrfica e nas cartas temticas.

    Para identificao dos aspectos geogrficos, orientao de trabalho de campo e

    informaes gerais sobre a rea de estudo, foram utilizados ainda os seguintes

    materiais:

    - Fotografias areas em preto e branco, datadas de novembro/1982, na escala

    de 1:30.000, fornecidas pela TERRAFOTO.

    - Mosaico aerofotogramtrico semi-controlado, datado de novembro/1982, na

    escala de 1:100.000, fornecido pela TERRAFOTO.

    - Folhas sistemticas plani-altimtricas da DSG / SUDENE, na escala de

    1:100.000.

    Folha PARNABA: SA.24-Y-A-IV Folha CHAVAL: SA.24-Y-C-II Folha BITUPIT: SA.24-Y-A-V Folha COCAL: SA.24-Y-C-I

    - Carta nutica Brasil Costa Norte: Porto de Lus Correia da DHN

    Marinha do Brasil, na escala de 1:250.000.

    - Produtos fotogrficos em papel e diapositivos, obtidos durante o trabalho de

    campo.

    Outro aspecto metodolgico importante trata da aplicao de tcnicas deextrao de dados para mapeamento, onde inclui-se os materiais disponveis (mapas

    e cartas preexistentes, fotografias areas convencionais e imagens orbitais) e a

    utilizao de tcnicas de anlise visual.

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    Neste processo faz-se necessria a recuperao de informaes passadas, que

    possam fornecer dados para o encaminhamento da pesquisa, servindo como

    complemento no entendimento da dinmica da organizao espacial.

    A seguir sero descritas as etapas de coleta e extrao de dados que foramutilizados para o mapeamento:

    1. Delimitao da rea de estudo e definio de objetivos, que serviram para

    orientar o desenvolvimento do trabalho e a localizao e delimitao da rea

    de estudo em uma carta-base.

    2. Coleta de dados gerais da rea atravs de reviso cartogrfica (aquisio de

    mapas e cartas j existentes) e reviso bibliogrfica (aquisio de trabalhos

    j realizados na rea ou que se relacionam com os objetivos propostos).

    3. Aquisio de fotografias areas e imagens orbitais obtidas nos rgos

    pblicos que dispunham de vos aerofotogramtricos da rea (fotografias

    areas) e no Instituto de Pesquisas Espaciais INPE (imagens orbitais TM /

    LANDSAT-5 e HRV / SPOT).

    4. Aplicao de tcnicas de anlise visual que consistiu na comparao entre

    as propriedades espectrais e texturais, que cada fenmeno espacial assumiu

    nas diversas cenas registradas, associando diferentes nveis de reflectncia

    aos diversos fenmenos, poca de tomada das imagens, relacionadas com

    os alvos espectrais. A partir da, confeccionou-se as chaves de interpretao,

    com as unidades de mapeamento, compatvel ao nvel de detalhamento e

    determinao da legenda.

    5. Inspeo de campo, que possibilitou estabelecer com segurana as

    informaes fornecidas pelos padres das fotografias areas e imagens

    orbitais dos diferentes objetos, servindo para a eliminao de dvidas em

    reas que no se ajustaram aos padres estabelecidos nas chaves de

    interpretao.

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    6. Interpretao final onde aferiu-se a verdade terrestre e estabelecida a

    legenda definitiva, elaborando-se a base cartogrfica na escala de

    1:100.000.

    7. Elaborao das cartas temticas onde foram expostos os resultados finais dainterpretao, contendo informaes necessrias para a identificao e

    localizao geogrfica dos elementos bsicos de mapeamento (ncleos

    urbanos, vias de acesso, hidrografia, escala, coordenadas e legenda) e os

    diversos temas abordados, (unidades ambientais, dinmica natural, impactos

    ambientais e zoneamento costeiro) na escala de 1:100.000.

    Para o desenvolvimento dos aplicativos de geoprocessamento, foram utilizados

    os seguintes equipamentos:

    - Microcomputador: processador central (500 Mhz), co-processador e memriaprincipal de 32 Mgbytes;

    - Perifricos: Winchester de 1.2 Gbytes, floppy de disco de 3,5 polegadas,terminal de vdeo SVGA, teclado alfanumrico;

    - Terminal grfico: unidade visualizadora de imagens;

    - Controlador grfico VGA: terminal grfico de alta resoluo (utiliza a prpria

    tela do microcomputador);

    - Mesa digitalizadora: Digigraf Van Gogh formato A1;

    - Plotadora: plotter Digicon formato A0.

    Como suporte a elaborao dos aplicativos, foi desenvolvido no INPE Instituto

    de Pesquisas Espaciais o Sistema Geogrfico de Informaes SGI, que permite a

    criao de um banco de dados geogrficos, podendo-se adquirir, armazenar,

    combinar, analisar e recuperar informaes codificadas espacialmente.

    Tais sistemas apresentam um enorme potencial, baseados em tecnologias de

    custo relativamente baixo, tornando possvel a automatizao de tarefas antes

    realizadas manualmente e facilita a realizao de tarefas complexas, atravs da

    integrao de dados geocodificados.

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    As cartas geradas neste trabalho tiveram por objetivo, integrar, numa nica base

    de dados, as informaes espaciais provenientes de dados cartogrficos adquiridos

    da combinao de cartas topogrficas, fotografias areas convencionais, imagens de

    satlite e aferies da verdade terrestre em pesquisas de campo.

    A partir destas operaes o SGI armazenou a topologia dos diversos elementos

    geogrficos, levando em considerao a diferente natureza dos dados.

    A identificao taxonmica da flora e da fauna seguiu os seguintes

    encaminhamentos. Com relao a anlise florstica foram coletadas amostras em

    reas representativas de vegetao com distintos graus de conservao, atravs de

    trabalho de campo, com complementao do estudo taxonmico das espcies,

    processada atravs de consulta a bibliografia especfica. Com relao a anlise doscomponentes faunsticos, a coleta e observao sistemtica foram a base dos

    levantamentos realizados. As espcies coletadas foram identificadas por sua

    denominao popular com a colaborao dos habitantes da rea, atravs de

    informaes e entrevistas, complementadas em sua nomenclatura cientfica, com

    consultas a bibliografia especializada.

    A anlise das condies scio-econmicas da populao e a infra-estrutura das

    localidades, foi efetuada atravs das observaes e levantamentos dos ncleos

    populacionais, utilizando-se questionrios e avaliando-se a infra-estrutura das

    residncias e logradouros pblicos, complementadas com consultas aos registros

    demogrficos e revises bibliogrficas especficas.

    A localizao e avaliao da dinmica natural foi efetuada atravs de estudos

    sistemticos, apoiados em entrevistas e observaes diretas, complementadas com

    consultas a bibliografia existente.

    A localizao e avaliao dos impactos ambientais foi efetivada atravs de

    observaes sistemticas e levantamentos qualitativos dos componentes naturais,

    permitindo avaliar as causas e conseqncias dos agentes impactantes.

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    Para as perspectivas de desenvolvimento optou-se pela afirmao de valores e

    aes que contribuam para a transformao econmica e social e proteo

    ambiental, onde as comunidades implementem suas prprias alternativas, buscando

    uma melhor qualidade de vida.

    Com base nos estudos da integrao dos elementos acima citados, torna-se

    possvel realizar previses ou prognsticos das consequncias sobre o meio

    ambiente, recorrendo-se utilizao de indicadores componentes das caractersticas

    ambientais a serem identificadas no diagnstico, permitindo uma classificao

    qualitativa dos impactos.

    A avaliao dos impactos ficar condicionada ao nvel de conhecimento dos

    indicadores, atravs da identificao e interpretao dos impactos, podendo-sechegar definio de medidas capazes de atenuar os principais efeitos negativos.

    O conjunto dos elementos expostos dever indicar o conhecimento da evoluo

    espacial da rea, sendo possvel estabelecer o diagnstico scio-ambiental,

    indicando-se alternativas de manejo, propostas de sustentabilidade e o zoneamento e

    prognstico ambiental.

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    Captulo II

    CONSIDERAES A RESPEITO DAS ZONAS COSTEIRAS

    2.1. ZONAS COSTEIRAS: UMA REVISO - CONCEITOS E INTERPRETAES

    Foram relacionados trabalhos especficos por ordem cronolgica, resultados de

    pesquisas em ambientes costeiros ou mesmo artigos que abordam descries mais

    detalhadas de determinadas reas, realizando uma coleta dos principais trabalhos em

    lngua portuguesa e estrangeira, relatando as contribuies publicadas no exterior, no

    Brasil e na Regio Nordeste.

    A indicao de trabalhos clssicos, contemporneos e mesmo inditos,

    compreendem textos temticos de anlise, discursivos e de apoio referencial. Os

    trabalhos de outra natureza tais como dados censitrios, mapas e cartas, j esto

    devidamente registrados como fontes ou base de dados na elaborao de cartas

    bsicas e temticas, grficos, tabelas, figuras e quadros, alm das fotografias

    registradas pelo autor.

    Foram selecionadas publicaes que diretamente contriburam ou trouxeram

    subsdios para o entendimento do tema proposto, sem contudo ter a pretenso de

    esgotar o assunto, procurando aqueles que nos fornecessem um apoio terico e

    metodolgico no mbito de ambientes costeiros.

    Contribuio de autores estrangeiros

    Em termos de bibliografia clssica referente a ambientes costeiros, cabe-nos

    ressaltar a obra de JOHNSON (1938), sob o ttulo: Shore Processes and Shoreline

    Development, onde estudou exaustivamente os princpios fundamentais e os

    processos atuantes nas zonas costeiras, incuindo desenvolvimento da linha da costa

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    Atravs de uma anlise detalhada tratou a questo da ao e do trabalho das

    ondas e correntes marinhas nos captulos iniciais. A seguir aborda o desenvolvimento

    da linha da costa, detendo-se desde os estgios iniciais at os de maturidade,

    observando os efeitos de transgresso e regresso marinha no tempo histrico.

    Sobre este assunto, pode-se citar tambm o trabalho de GUILCHER (1957), sob

    o ttulo: Morfologia Litoral y Submarina, cujo objetivo foi apresentar os aspectos das

    formas ligadas a presena e atividade das zonas costeiras. O autor aborda as aes

    que intervm na morfologia das costas, relatando o trabalho das ondas, correntes e

    ventos. A questo das formas ligadas a proximidade com o oceano, como as praias e

    dunas, esturios e deltas, so tambm revistas.Especial ateno foi tambm

    dispensada sobre a evoluo costeira atravs de conceitos clssicos, de acordo com

    as categorias iniciais (primrias) e conseqentes (secundrias).

    O trabalho de KING (1962) intitulado: Oceanography for Geographers, teve por

    finalidade estudar os aspectos oceanogrficos levando-se em conta os fatores fsicos

    e biolgicos de forma integrada. Foram reunidas importantes informaes para o

    estudo das caractersticas dos oceanos, especialmente aquelas de relevante

    interesse para os gegrafos que no desejam se aprofundar em estudos especficos,

    mas que necessitam conhecer e descobrir as tendncias atuais deste vasto campo

    de conhecimento.

    Todos os captulos foram revistos, especialmente aqueles que tratam da

    circulao das guas dos oceanos, do trabalho das mars e ondas, das

    caractersticas dos sedimentos e principalmente o captulo IX, que aborda o

    significado geogrfico dos oceanos, reportando-se a interao destes com a

    atmosfera, as mudanas do nvel do mar, as mudanas costeiras influenciadas pelas

    foras marinhas, os oceanos vistos como meios de explorao, atravs de fonte derecursos para alimentao e como meio de transporte de mercadorias.

    Estudo mais especfico foi elaborado por OTTMANN (1965), onde trabalha com

    a geologia marinha e litornea, tornando-se um estudo oceanogrfico de considervel

    valor. Foi dada especial ateno ao captulo IV, que trata das costas arenosas,

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    especialmente as praias, dunas e cordes, atravs de estudos da morfologia das

    praias; os aspectos geolgicos e a instabilidade das costas arenosas.

    Uma anlise mais detalhada foi realizada no captulo V, que discorre sobre os

    esturios, marismas e deltas. Os esturios e marismas foram vistos atravs deestudos especficos de sua sedimentao, morfologia e evoluo; j os deltas,

    atravs de sua formao e evoluo, sedimentos e morfologia.

    Um estudo importante para o conhecimento de ambientes costeiros foi realizado

    por ZENKOVICH (1967) onde destaca-se o estudo das formas e processos de

    acumulao, relatando os fatores gerais, sua origem e desenvolvimento sob

    condies naturais e uma classificao adotando os critrios morfolgicos e

    dinmicos. Considerou ainda a influncia dos cursos dgua na evoluo das costas,tratando sobremaneira dos fatores gerais e dos processos, da desembocadura, dos

    terraos aluviais e marinhos e das costas deltaicas. Abordou tambm os processos

    elicos costeiros, atravs das caractersticas regionais e a conexo entre a formao

    de dunas e a dinmica geral das costas, o mecanismo da ao do vento e a

    morfologia das dunas costeiras.

    Uma obra de carter tcnico-cientfico e de importncia para o conhecimento da

    geomorfologia, foi publicada por TRICART (1968). Trata-se de um livro em que

    dada relevncia geomorfologia estrutural, abordando a construo geral do globo

    terrestre. Os tpicos de interesse para este trabalho tratam especificamente das

    variaes do nvel do mar e posio do litoral; mecanismos do eustatismo; oscilaes

    quaternrias do nvel marinho; correlao dos antigos nveis marinhos e variaes

    quaternrias do nvel geral dos mares.

    Com a publicao sob o ttulo: Beaches and Coasts, KING (1972) estudou as

    formaes costeiras e seus processos atuantes, considerando os aspectos

    geomorfolgicos, hidrolgicos, climticos e oceanogrficos. Deteve-se especialmente

    nos ambientes praiais, onde foram revistas o desenvolvimento, evoluo e os efeitos

    dos organismos, sedimentos, ondas e correntes.

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    O trabalho de NONN (1972) sob o ttulo: Gographie des littoraux, teve por

    finalidade o estudo dos aspectos fisionmicos, gnese e modalidades de evoluo do

    litoral, distinguindo entre litoral de submerso e emerso. O captulo III, importante

    para nosso trabalho, aborda a diversidade das costas de acumulao, com referncia

    as praias, flechas e dunas costeiras. Trata ainda dos esturios, marismas, lagunas e

    deltas, atravs de suas condies de formao, classificao e zonao.

    De forma genrica contribuiu para o presente suporte terico-conceitual, a obra

    de GARNER (1974), sob o ttulo: The origin of landscapes, onde atravs de uma

    sntese geomorfolgica so relatados os conceitos, objetivos e mtodos aplicados em

    geomorfologia. Trata ainda dos elementos tectnicos, dos sistemas exgenos e dos

    sistemas geomorfolgicos midos e ridos. Especial ateno foi dada aos captulos

    IX e XII, que relatam respectivamente os sistemas costeiros e a geomorfologia

    ambiental.

    Com relao aos sistemas costeiros foram vistos o desenvolvimento e evoluo

    da geomorfologia marinha; as condies das guas, dos organismos e os efeitos dos

    sedimentos, das ondas e das correntes costeiras. J no tocante aos problemas

    ambientais referidos geomorfologia, o autor identifica a complexidade da histria

    ambiental relativa aos desequilbrios causados pelos processos erosivos acelerados,

    com nfase na eroso costeira.

    Ao apresentar uma reviso nos estudos sobre manguezais WALSH (1974),

    prope algumas teorias para explicar a disperso das espcies de mangue no litoral

    tropical.

    Ao estudarem a ecologia dos manguezais, LUGO e SNEDAKER (1974),

    classificaram estas reas segundo os tipos fisiogrficos, baseados nas caractersticas

    estruturais e funcionais, refletindo a interao existente entre eles e as condies

    locais presentes.

    Uma coletnea de artigos publicada por GEHU em 1975, tratou da vegetao

    das dunas martimas. Este trabalho foi originado de um colquio fitossociolgico

    realizado em Paris no ano de 1971, sob os auspcios da Associao Internacional de

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    Fitossociologia. Foram apresentados trabalhos que abordaram aspectos originais

    para o conhecimento da vegetao das dunas, sua ecologia e sua dinmica.Os

    ensaios, geralmente de sntese e de informaes fitossociolgicas, forneceram

    numerosas discusses, principalmente quanto a degradao acelerada das dunas em

    vrias regies do mundo.

    CHAPMAN (1976) apresentou uma abordagem bibliogrfica concernente ao

    ponto de origem dos manguezais, objetivando explicar a disperso das espcies e

    sua evoluo na superfcie terrestre.

    BLOOM (1978) faz tambm referncia ao estudo das zonas costeiras, quando

    trabalha com as trocas de energia na costa, os sedimentos e paisagens costeiras.

    Neste trabalho o autor relata a dinmica das ondas, mars e organismos,responsveis pela energia do ambiente costeiro. As fontes e o transporte de

    sedimentos costeiros foram tambm revistos. Com relao as paisagens costeiras,

    trabalha com uma srie de parmetros responsveis por sua evoluo: tempo;

    assoreamento e eroso; submergncia e emergncia.

    Como parte integrante da fundamentao terica na elaborao do presente

    trabalho, deve-se salientar a publicao de WARREN (1979), sob o ttulo : Process in

    geomorphology. Nesta obra o autor realiza um estudo genrico sobre os processos

    geomorfolgicos, relatando os processos endogenticos e exogenticos.

    Especificamente para nosso trabalho foi revisto o captulo X, que trata dos processos

    elicos, principalmente aqueles referentes a eroso, transporte e deposio de

    sedimentos.

    nfase especial deve ser dada a publicao de EMBLETON e THORNES

    (1979), principalmente nos captulos X, XI e XII, que mais de perto correspondem aos

    objetivos do presente trabalho. Estes captulos descrevem, respectivamente, temas

    relativos aos processos elicos e marinhos, e aos processos e inter-relaes entre a

    dinmica e modificaes nas zonas costeiras.

    Todos estes processos so causados por agentes como os ventos e as chuvas,

    ondas e mars, cursos dgua e relao sol-gua, referentes as foras exercidas pela

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    resistncia desses sistemas naturais, nas mudanas ocorridas na estrutura fsica e

    pela localizao, procurando entender as relaes entre as formas e os processos ou

    a cadeia causa-efeito.

    Sob o ponto de vista geomorfolgico, DERBYSHIRE, GREGORY e HAILS(1979), publicaram uma obra cujo objetivo bsico foi estudar os processos

    geomorfolgicos e seus efeitos, dando nfase a natureza desses processos e seu

    controle. Procuraram compreender os processos e mecanismos da paisagem,

    incluindo a influncia do homem e os princpios teorticos, ressaltando a

    operacionalizao dos processos individuais. Tiveram tambm a oportunidade de

    trabalhar com cronologia do relevo no passado e com aplicaes para o

    conhecimento adquirido, procurando compreender as futuras tendncias dos

    processos.

    Deve-se salientar para nossa fundamentao terica, o captulo III, que trata dos

    processos costeiros: o trabalho das ondas e mars, transporte de sedimentos,

    configurao da linha de praia, planejamento e proteo das zonas costeiras; e o

    captulo IV, que aborda questes relativas aos processos elicos, com ateno para o

    transporte dos gros de areia, abraso e deflao e formas de acumulao de

    sedimentos.

    Estudo mais especializado foi elaborado por DAVIES (1980), atravs da obra

    intitulada: Geographical Variation in Coastal Developmment, que versou sobre os

    aspectos gerais da estrutura geolgica, aspectos litolgicos, anlise climtica,

    trabalho das ondas e mars e os efeitos dos fatores biolgicos, procurando uma

    explicao para o desenvolvimento morfolgico costeiro. De acordo com o autor, as

    zonas costeiras tm sido trabalhadas independentemente do clima, contrariando o

    que de modo geral ocorre com os processos geomorfolgicos continentais,mostrando ser possvel identificar significativos ambientes sob a influncia das mars,

    atravs da distino das zonas climticas.

    Uma obra de carter metodolgico e de importncia para o conhecimento dos

    princpios das investigaes do campo e o mapeamento geomorfolgico, foi realizada

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    por SPIRIDONOV (1981). Seu objetivo neste trabalho foi introduzir uma metodologia

    de estudos geomorfolgicos aplicados, com base nos mtodos gerais das pesquisas

    de campo.

    Na primeira parte, o autor analisa a organizao e a metodologia das pesquisase os mtodos de registro dos resultados obtidos durante as observaes, sobretudo

    os mtodos de confeco dos mapas geomorfolgicos. A segunda parte relata a

    metodologia de anlise geomorfolgica geral e inclui uma srie de concluses

    especiais de anlise do relevo e os sedimentos que o integram.

    Especial interesse foi reservado aos captulos XIV e XV, que tratam,

    respectivamente, do relevo elico, com estudo dos fatores de formao, formas e

    representao; e das costas marinhas, com estudo das formas e representao dorelevo de origem marinha.

    Ainda referente a geomorfologia pode-se acrescentar a obra de CLOWES e

    COMFORT (1982), que trata dos processos e formas do relevo, apresentando no

    captulo IX, um esboo da geomorfologia contempornea relativa aos ambientes

    costeiros. Os autores trabalham neste captulo, com a eroso costeira, as praias, as

    formas construtivas, as mudanas no nvel do mar, os esturios e dunas, e finalmente

    adotam uma classificao para as zonas costeiras e critrios para sua proteo.

    KOMAR (1983) organizou uma coletnea de trabalhos referentes aos ambientes

    costeiros. Os estudos referem-se aos processos fsicos das ondas e correntes nas

    costas, responsveis pela formao das praias, via transporte de sedimentos,

    resultando na mudana da morfologia costeira.

    Deve-se salientar o trabalho de BIRD (1984), que estudou as formaes

    costeiras atravs de sua evoluo, processos e mudanas ao longo do tempo.Convm ressaltar os captulos VI, VII e VIII, que tratam respectivamente das dunas

    costeiras e seu papel na formao de depsitos de sedimentos arenosos; dos

    esturios e lagoas costeiras, com descrio dos aspectos fsicos da desembocadura

    dos rios e formao de manguezais; e das plancies deltaicas, com a abordagem das

    formas e estruturas destes ambientes.

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    PETHICK (1984) estudou os processos geomorfolgicos costeiros, descrevendo

    trs tpicos principais: o primeiro trata dos inputs de energia na mecnica das costas;

    o segundo examina a maneira como esta energia transformada em movimento da

    gua e dos sedimentos; e o terceiro estuda o movimento gua-sedimentos dos

    ambientes costeiros.

    Ao estudar os impactos sobre a evoluo do litoral, PASKOFF (1985) trata

    especificamente das transformaes provocadas pelas atividades antrpicas nos

    diferentes ambientes costeiros: praias, dunas, lagunas, esturios, deltas e falsias.

    Neste trabalho o autor destaca os impactos das intervenes humanas e os efeitos

    sobre o comportamento e evoluo, sugerindo uma nova concepo na proteo

    destes ambientes.

    Especialmente ligada a ambientes costeiros, foi publicada uma obra de

    incontestvel valor intitulada: Coastal Sedimentary Environments, por DAVIS Jr.

    (1985), contando com a colaborao de autores de vrias especialidades. Nesta

    coletnea foram descritos aspectos da morfologia e distribuio dos sedimentos, com

    nfase nos processos fsicos e suas interaes com os sedimentos.

    Os dez captulos que compem a obra so de fundamental importncia para

    estudos de zonas costeiras, apresentados por especialistas de considervel

    experincia prtica neste setor do conhecimento. Foram contempladas as reas

    deltaicas e estuarinas, com detalhamento de suas caractersticas, ocorrncia e

    distribuio, processos de formao; mecanismos de transporte e acumulao;

    sistemas, seqncias e modelos deposicionais.

    As condies de ocorrncia das costas de inundao e dunas costeiras foram

    revistas atravs de estudos especficos, onde tratou-se das caractersticas dos

    sedimentos, da zonao ambiental, dos processos fsicos da sedimentao elica e

    das estruturas sedimentares.

    A zona da praia, com sua distribuio, geometria, materiais, processos e

    estruturas sedimentares; o trabalho das mars, sua gnese, formas e modelos

    deposicionais; as seqncias estratigrficas costeiras, com os processos de

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    mudanas na linha da costa e no nvel do mar; as costas transgressivas e regressivas

    e as seqncias costeiras no tempo e no espao compem o restante da obra.

    Com o objetivo de difundir os conhecimentos referente ao mapeamento

    temtico, OZENDA (1986) ofereceu importante contribuio, com a publicaointitulada: La cartographie ecologique et ses applications. Percebe-se nesta obra

    uma forma de representao cartogrfica onde os fatores biolgicos aparecem como

    meios de trabalho na procura de uma metodologia prpria, na formulao dos

    problemas e na maneira como trat-los. A partir da explicao dos princpios do

    mapeamento da vegetao, tomando os agrupamentos vegetais atravs da anlise e

    da tipologia dos ecossistemas, o autor elabora alguns mtodos para o

    desenvolvimento e execuo de documentos cartogrficos.

    TRENHAILE (1987) ao publicar sua obra Geomorfologia Costeira, faz referncia

    aos processos mecnicos da eroso das obras e a durao das mars, as mudanas

    relativas ao nvel do mar e aos movimentos de massa. Especial ateno foi

    dispensada ao captulo IX, onde o autor trabalha com as plataformas continentais,

    atravs de sua morfologia, os efeitos dos fatores geolgicos, modelos de

    desenvolvimento e taxas de eroso.

    Outro estudo geomorfolgico tambm de importncia relevante para o

    conhecimento dos ambientes costeiros foi realizado por SUMMERFIELD (1991), onde

    trata no captulo X, dos processos elicos, o relevo e as formas deposicionais,

    especialmente as dunas. O captulo XIII, aborda os processos que ocorrem nas

    costas e sua relao com o relevo, observando o trabalho das ondas, mars e

    correntes; a eroso (processos destrutivos) e a deposio (processos construtivos).

    As plancies deltaicas foram tambm estudadas, atravs de suas formas, localizao,

    configurao, morfologia e estrutura sedimentar.

    Como fundamento terico para a execuo do presente trabalho, convm

    ressaltar a obra de TRICART e KIEWIETDEJONGE (1992) que trata da Ecogeografia,

    atravs de estudos do ambiente natural, com nfase no manejo do ambiente rural.

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    O livro est dividido em duas partes. A primeira refere-se a elucidao do ponto

    de vista ecogeogrfico, com uma apresentao de pesquisas e propostas que

    buscam um conhecimento do ambiente natural, baseados nos fluxos de energia que

    atuam na estrutura dos ecossistemas e determinam sua dinmica e portanto, sua

    sensibilidade. A segunda parte trata do manejo racional dos ambientes naturais, em

    sua maior parte formados por ecossistemas transformados pelo homem, na busca de

    sua sobrevivncia.

    Os autores expuseram suas idias atravs de trs principais nveis de

    organizao acerca das questes ambientais. O nvel da matria, caracterizado pelo

    arranjo das partculas e sua composio; o nvel do mar, que trazem consigo uma

    atitude de reproduo, acompanhado pelas tendncias das formas de evoluo e o

    nvel social, baseado nas formas criadas pela scio-economia, aliadas ao trabalho e a

    cultura.

    Sob o ponto de vista ecogeogrfico estudaram como os homens esto

    integrados aos ecossistemas e como esta relao diversificada em funo do

    espao. Salientam ainda que esta integrao assume dois importantes aspectos: a

    demanda humana impe uma participao no ambiente fsico (uso da gua, do ar e

    dos minerais); e as modificaes humanas, voluntariamente ou no incluem os

    fatores fsicos: ecossistemas artificiais (agricultura) e poluio de toda ordem.

    O trabalho de BEATLEY, BROWER e SEHWAB (1994) intitulado: Coastal Zone

    Management, teve por finalidade estudar as presses exercidas nas zonas costeiras

    e o gerenciamento de reas crticas. Propem ainda o planejamento e gesto do

    sistema costeiro, dando nfase aos problemas jurdicos, tcnicos e financeiros na

    execuo de um desenvolvimento em bases sustentveis.

    Um importante trabalho que trata dos problemas relacionadas as zonas

    costeiras, foi elaborado por VILES e SPENCER (1996). Os autores trabalham a

    questo do uso e gerenciamento das costas, ressaltando as pesquisas para o estudo

    e soluo dos problemas. Especial ateno foi dada ao captulo III, que trata das

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    costas arenosas: praias e dunas, relatando os problemas que afetam estes

    ambientes e as principais medidas de gesto.

    CARTER e WOODROFFE (1997) organizaram a obra Coastal evolution,

    tratando dos processos morfodinmicos das costas no perodo Quaternrio. Foramrealizados estudos sistemticos de vrios autores, compondo uma coletnea que

    abrangem diferentes temas relacionados as zonas costeiras. Destacam-se as

    contribuies que tratam da evoluo e desenvolvimento das costas, onde os autores

    examinam as razes da posio e a natureza das costas no tempo.

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    Contribuies relacionadas aos ambientes costeiros no Brasil

    Estando includo na obra clssica e de significativa importncia para o

    conhecimento da Geografia brasileira, denominada Brasil A Terra e o Homem,de

    AROLDO DE AZEVEDO, deve-se ressaltar o trabalho de SILVEIRA (1964), intitulado

    Morfologia do Litoral cap. IV, onde realiza uma anlise da costa brasileira,

    considerando seus tipos, caractersticas e articulaes. Neste trabalho o autor relata

    os aspectos gerais do litoral; movimento das mars, correntes martimas e

    deslocamento de sedimentos; as condies climticas e influncia da drenagem; as

    alteraes do nvel costeiro e relaes do relevo continental com o litoral.

    Aborda tambm a modelagem atual, sedimentao / abraso e suas formas.

    Finalmente prope uma diviso do litoral brasileiro em vrios seccionamentos de

    acordo com os elementos oceanogrficos, climticos e continentais.

    Uma importante contribuio sobre estudos costeiros foi elaborado por

    ZENKOVICH (1970). Este artigo, publicado no Caderno de Cincias da Terra, do

    IGEO-USP, traz algumas consideraes sobre os trabalhos levados a efeito em

    setores da zona costeira. O autor argumenta da necessidade de que cada estudoenglobe pontos essenciais como: relevo, estrutura, composio e distribuio dos

    sedimentos e das rochas, dados quantitativos sobre os principais fatores e caracteres

    dos processos atuais.

    Conclui afirmando que esta descrio contm os principais pontos de uma

    pesquisa em zonas costeiras e que permite elaborar um programa vivel de ser

    realizado.

    Sobre este assunto, pode-se citar tambm o trabalho de MEDEIROS,

    SCHALLER e FRIEDMAN (1971) que elaboraram um estudo especfico sobre fcies

    sedimentares, tendo como objetivo principal a anlise e critrios para o

    reconhecimento de ambientes deposicionais.

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    Dentre os temas abordados, deve-se salientar como referencial terico, os

    relativos a fcies elica com anlise dos tipos, formas e estruturas das dunas; a

    fcies de plancie de inundao com nfase nas feies morfolgicas dos cursos de

    gua; a fcies deltaica com abordagem nos complexos deltaicos em algumas

    reas; a fcies de mar atravs de observaes em ambientes e estruturas de

    sedimentao; e finalmente a fcies de praia e areias litorneas com uma anlise

    das estruturas sedimentares e distribuio granulomtrica.

    Ao apresentar uma contribuio Geomorfologia litornea tropical, estudando a

    Serra do Mar e o litoral de Caraguatatuba SP, CRUZ (1974), observou que os

    processos geomorfognicos atuais leva ao estudo e compreenso da dinmica da

    paisagem e o entendimento da evoluo fisiolgica no espao. A partir de situaes

    de tempo, de ndices climticos e hdrolgicos, de dados geolgicos de formaes

    superficiais e de declividade, pde determinar quando e como as vertentes serranas

    sofrem movimentos coletivos de solos, por processos acelerados de desgaste.

    Tratando da terminologia aplicada aos processos e a morfologia litornea,

    PIRES NETO (1978), publicou um artigo onde aborda a nomenclatura adotada para

    as subdivises das formas praiais: perfil da praia e zoneamento do mar em guas

    rasas; descrio e mecnica das ondas: ondas geradas pelo vento e transformaes

    energticas das ondas em guas; interferncias sofridas pelas ondas e seu reflexo na

    incidncia de energia; ao das ondas e a movimentao de sedimentos ao longo da

    praia e finalmente a formao dos depsitos sedimentares praiais: mecanismos e

    variaes cclicas do desenvolvimento das praias.

    SUGUIO e BIGARELLA (1979) elaboraram um trabalho sobre Ambientes de

    Sedimentao, tratando dos ambientes fluviais, atravs de estudos sobre a

    sedimentao, sua interpretao e importncia para a histria geolgica. Nestapublicao os autores discorrem sobre o significado das correntes fluviais, no papel

    que desempenham no s pela escultura do modelado da superfcie terrestre, como

    tambm no condicionamento ambiental da prpria vida do homem.

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    O estudo dos manguezais do recncavo da Baa de Guanabara, foi assunto de

    pesquisas de ARAJO e MACIEL (1979), onde foi feito um levantamento das

    caractersticas deste ambiente, considerado como a interface que liga a zona

    terrestre acima da influncia das mars e o ecossistema estuarino costeiro. Segundo

    as autoras, trs caractersticas demonstram o valor do manguezal: a grande

    quantidade de nutrientes que exporta para o esturio; o papel que exerce na fixao

    de sedimentos e os habitats utilizados pelas populaes de peixes, cr