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O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes Sua Inserção no Sector Informal Trabalho de Licenciatura Universidade Eduardo Mondlane Faculdade De Economia Curso De Gestão Yara Lúcia Salvador Maputo, 09 de Outubro de 2012

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  • O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes Sua Insero no Sector Informal

    Trabalho de Licenciatura

    Universidade Eduardo Mondlane

    Faculdade De Economia

    Curso De Gesto

    Yara Lcia Salvador

    Maputo, 09 de Outubro de 2012

  • i

    Declarao De Honra

    Declaro que este trabalho da minha autoria e resulta da minha investigao. Esta a

    primeira vez que o submeto para obter um grau acadmico numa instituio

    educacional.

    _________________, Aos _____ de __________________ de _________________

    Aprovao Do Jri

    Este trabalho foi aprovado no dia ______ de ___________ de 20___ por ns, membros

    do jri examinador nomeado pela Faculdade de Economia da Universidade Eduardo

    Mondlane.

    Presidente __________________________________

    Supervisor __________________________________

    Arguente ___________________________________

  • ii

    Dedicatria

    Em memria do meu pai, que esteve ao meu lado nos meus primeiros passos da vida

    dando fora, a minha me que incansavelmente esteve ao meu lado, aos meus queridos

    amigos e colegas de faculdade. Obrigado por tudo que fizeram por mim nestes 4 anos de

    faculdade, a eles dedico o meu trabalho com muito carinho e amor.

  • iii

    Agradecimentos

    1. Agradeo a Deus por ter me dado o dom da vida, e por ter iluminado o meu

    caminho dando muita fora, olhando por mim sempre.

    2. minha famlia, em particular a minha Me Gilberta, as minhas tias Percina,

    Martinha, Incia, Lusa e ao meu tio Lazro que tudo fizeram para que me

    dedicasse aos estudos e concretiza-se o meu sonho.

    3. Aos meus primos e amigas Iara e Milena que sempre deram-me fora e

    ajudaram-me a vencer esta batalha.

    4. As minhas colegas de carteira e amigas que sempre estiveram batalhando pelos

    mesmos sonhos e ajudando-me a no desistir mesmo quando o caminho era

    rduo, dando apoio para manter-me firme e acreditar em mim, nomeadamente:

    Catarina, Deyzes, Lavnia, Shaiza, Drcia e Naila.

    5. Ao meu supervisor, Professor Doutor Benjamim Alfredo, pela pacincia,

    dedicao e pela excelente orientao para tornar possvel este trabalho de

    licenciatura.

    6. Ao corpo docente da Faculdade de Economia que apoiaram na formao.

    7. Ao Sr. Marcos Miguel e Sr. Rafique pela pacincia e pela disponibilizao de

    material crucial para o meu estudo.

    8. Aos fiscais dos mercados escolhidos e aos presidentes das Associaes por

    terem dado o suporte necessrio para o estudo.

    De modo geral, agradecer a todos que contriburam nesta longa caminhada para o

    meu estudo. Agradeo por tudo.

  • iv

    Lista de Abreviaturas

    AT Autoridade Tributria de Moambique.

    CMCM Conselho Municipal da Cidade de Maputo.

    DAFs Direces de reas Fiscais.

    ICE Imposto de Consumo Especifico.

    INE Instituto Nacional de Estatitstica.

    IRPC Imposto sobre Rendimento de Pessoas Colectivas.

    IRPS Imposto sobre Rendimento de Pessoas Singulares.

    ISPC Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes.

    IVA Imposto sobre Valor Acrescentado.

    OIT Organizao Internacional do Trabalho.

    PIB Produto Interno Bruto.

    PRE Programa de Reabilitao Econmica.

  • v

    Sumrio

    Foco de Pesquisa: O presente trabalho tem como tema O Imposto Simplificado Para

    Pequenos Contribuintes no Sector Informal sua insero. Pretende-se demonstrar

    que se o ISPC for implementado para os operadores econmicos informais pode trazer

    benefcios palpveis tanto para o Estado como para os prprios operadores econmicos

    informais, fazendo com que estes possam passar a categoria de operadores formais com

    todos os benefcios que esse estatuto lhes trar.

    Mtodos de Pesquisa: O trabalho de pesquisa realizou-se utilizando mtodos de

    pesquisa bibliogrfica, pesquisa documental, pesquisa de levantamento e estudo de

    caso. Com base numa amostra no probabilstica fez-se um levantamento de dados

    atravs de questionrios destinados aos operadores econmicos informais dos mercados

    Zimpeto, Xipamanine, Central, Xiquelene, Estrela Vermelha e do Peixe.

    Principais concluses e recomendaes: Verifica-se que a implementao do Imposto

    Simplificado para Pequenos Contribuintes est numa fase de crescimento e que este

    imposto uma forma de formalizar as actividades do sector informal, tornando este

    sector contribuinte das Receitas Fiscais.

    Nota-se uma fraca cidadania fiscal por parte dos operadores econmicos informais, por

    um lado por falta de conhecimento das suas vantagens em ser contribuinte, e por outro

    lado pela falta de rendimentos suficientes para o seu pagamento. Embora, haja uma

    grande disparidade entre os mercados, em mdia verificam se cerca de 60% dos

    operadores informais que actuam nos mercados da cidade de Maputo ainda no pagam

    os impostos por acharem que sofreram uma reduo nos seus lucros.

    Deste modo, recomenda-se principalmente as seguintes aces:

    A intensificao nas campanhas de educao fiscal;

    Campanhas de divulgao do ISPC por via dos rgos de comunicao social;

    Simplificao no preenchimento dos formulrios e aumento das DAFs

    prximas dos mercados para descongestionamento de contribuintes.

  • vi

    Palavras-chaves: Impostos, Receitas Fiscais, Sector Informal, Pequenos Contribuintes,

    Operadores econmicos informais, educao fiscal, aplicao, actividade econmica,

    sistema tributrri.

  • INDICE Declarao De Honra i

    Aprovao Do Jri i

    Dedicatria ii

    Agradecimentos iii

    Lista de Abreviaturas iv

    Sumrio v

    I. INTRODUO 1 1.1. Problema De Pesquisa 3

    1.2. Hipteses 4

    1.3. Objectivos Do Trabalho 4

    1.3.1. Objetivo Geral 4

    1.3.2. Objectivos Especficos 4

    1.4. Metodologia 5

    1.4.1. Tipo de Pesquisa 5

    1.4.2. Delineamento da Pesquisa 5

    1.5. Justificao da Escolha do Tema 7

    1.6. Estrutura do Trabalho 8

    II. REVISO DE LITERATURA 9 2.1. Conceitualizao Sector Informal 9

    2.2. Diferenas entre o Sector Formal e Sector Informal 12

    2.3. Caractersticas do Sector Informal 14

    2.4. Expanso do Sector Informal em Moambique 16

    III. SISTEMA TRIBUTRIO MOAMBICANO 19 3.1. Perodo antes da Independncia 19

    3.2. Perodo data de Independncia 21

    3.3. Perodo aps a Independncia 23

    3.4. O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 28

    3.4.1. Regime Jurdico 28

    3.4.2. Natureza e mbito 29

    3.4.2. Excluso da Aplicao do IVA, IRPS e IRPC 29

    IV. ANLISE E AVALIAO DO SECTOR INFORMAL NO ISPC E O IMPACTO

    NAS RECEITAS FISCAIS. 31 4.1. Anlise do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes 31

    4.1.1. Vantagens 31

    4.1.2. Desvantagens 31

    4.2. Discusso de Resultados 39

    V. CONCLUSES E RECOMENDAES 41 5.1. Concluso 41

    5.2. Recomendaes 42

    V.I. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 44

    ANEXOS i

    ndice de Tabelas e Grficos

    Tabela 1: Diferenas entre o Sector Formal e o Informal .............................................. 12

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

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    I. INTRODUO

    O sector informal abrange uma vasta gama de actividades no mercado de trabalho que

    combinam dois grupos de natureza diferente. Por um lado, este sector formado por

    famlias que desenvolvem actividades econmicas de sobrevivncia, e, por outro, o

    sector informal um produto do comportamento racional de empresrios que desejam

    escapar das suas obrigaes fiscais.

    Em Moambique, registam-se altos nveis de pobreza aliados s altas taxas de

    analfabetismo. Grande parte da populao jovem e desempregada, razo pela qual se

    verifica uma tendncia de propagao da actividade informal. As regras aplicadas pelos

    operadores destes mercados baseiam-se no princpio da oferta e da procura que se

    assume como uma regulamentao do mercado, com operaes de pequena escala e de

    propriedade familiar. Porm, este sector encontra vrias dificuldades no mercado, com

    realce para a dificuldade de obteno de crditos bancrios dado que, os operadores

    informais no tm muita credibilidade no mercado financeiro dada a precariedade e a

    vulnerabilidade da sua actividade.

    Sabe se que o Estado tm como funo e fim a satisfao das necessidades colectivas,

    tais como segurana e ordem pblica, acesso educao e sade, e construo de infra-

    estruturas econmicas e sociais, bem como a garantia da estabilidade macroeconmica

    para que o Estado alcance os objectivos tendentes a criao do bem-estar social, este

    necessita de arrecadar receitas e estas podem ser fiscais, patrimoniais, donativos e

    emprstimos pblicos.

    Apesar da colecta destas receitas, o Estado ainda est muito aqum de reunir os fundos

    suficientes para fazer face as despesas pblicas, pelo que a contribuio dos operadores

    econmicos informais com o pagamento dos impostos seria de grande utilidade,

    podendo alargar de forma significativa a base tributria, factor que ajudaria no

    melhoramento do desempenho do Oramento do Estado.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

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    Assim, a aplicao do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes de grande

    utilidade no s na actividade empresarial bem como para o enquadramento do sector

    informal no sector formal.

    Contudo, h que analisar as formas e os efeitos deste imposto no sector informal tendo

    em conta os principos e as regras fiscais. De referir que, sendo este um imposto directo

    que se aplica s pessoas singulares ou colectivas que exercem, no territrio nacional,

    actividades agrcolas, industriais ou comerciais de pequena dimenso, incluindo a

    prestao de servios, ento a sua aplicao no sector informal implica, necessariamente

    a avaliao tcnica e prtica da sua aplicabilidade. , pois, neste contexto, e tendo em

    ateno a problemtica, que despoletou o interesse da abordagem do presente tema, que,

    de forma singela, pretende ser um contributo para a academia, e talvez para a fiscalidade

    moambicana.

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    1.1. Problema De Pesquisa

    O sector informal congrega a maioria da populao moambicana em 75,2%1 que no

    encontra emprego no sector formal e so praticantes da actividade informal. A procura

    pelo sector informal vem aumentando a cada dia que passa e, por consequncia deste

    facto, o nvel de marginalizao tambm aumenta pois, no h um controlo rigoroso

    sobre os operadores que praticam a sua actividade econmica neste sector.

    Visto que o sector informal um dos sectores que gera rendimentos elevados e contm

    um grande nmero de operadores econmicos informais que no se encontram

    registados formalmente, e atravs da sua actividade existe matria colectvel que escapa

    ao fisco o que implica, ao Estado a perda de muita receita comprometendo assim, a sua

    funo e fim. Por isso, a implementao de um imposto, ou a insero dos informais

    como sujeitos passivos do imposto para os pequenos operadores, traria um benefcio

    para o Estado, pelo menos em matria de colecta de um volume de receitas ajudando

    tambm no alargamento da base tributria. Para os operadores deste sector a curto

    prazo, tem a possibilidade de obter crditos bancrios, ajudando-lhes a ampliar os seus

    negcios e a longo prazo tem como benefcios a construo de escolas, hospitais,

    melhoramento das condies sanitrias e outras infra-estruturas.

    Neste contexto, as questes que se colocam so:

    At que ponto a aplicao do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes

    contribui para tornar o sector informal pagante deste Imposto?

    At que ponto a insero do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes

    contribuiria para o melhoramento das Receitas Pblicas e o alargamento da base

    tributria?

    E, porque o Estado atende as necessidades colectivas no mbito dos seus fins e funes

    e como agente re-distribuidor da riqueza, utiliza o seu poder de soberania para arrecadar

    a receita pblica afim de afecta-la a despesa pblica, sendo esta receita maioritariamente

    1 Ver tabela 2 em anexo extrado do INE, O Sector Informal em Moambique: Estudos Temticos. Maro

    de 2009. Maputo. Pp 22.

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    obtida atravs da colecta dos impostos impe-se, pois que se encontre mecanismos

    visando a arrecadao de impostos aos operadores do sector informal.

    1.2. Hipteses

    H1: Com a aplicao do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes aos

    operadores do sector informal, ir permitir que os contribuintes do sector informal

    passem a contribuir no aumento do volume de receitas fiscais e, consequentemente, o

    alargando da base tributria.

    H2: A aplicao do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes aos operadores

    do sector informal, poder ajudar no processo de transformao do sector informal em

    formal, permitindo assim a gesto da actividade dos pequenos operadores econmicos,

    facilitando-lhes o acesso aos mercados financeiros.

    1.3. Objectivos Do Trabalho

    1.3.1. Objetivo Geral

    Estudar a possibilidade de aplicao do Imposto Simplificado para Pequenos

    Contribuintes aos operadores econmicos informais que actuam no sector

    informal, tornando-os contribuintes do fisco.

    1.3.2. Objectivos Especficos

    Definir e caracterizar o Sector Informal;

    Diferenciar o Sector Informal do Formal;

    Descrever o Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes,

    apresentando as suas vantagens e desvantagens;

    Analisar como esta sendo feita a aplicao do Imposto Simplificado para

    Pequenos Contribuintes no sector informal.

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    1.4. Metodologia

    Segundo Gil (2002:161) os critrios de classificao de pesquisa dum trabalho podem se

    realizar tendo em conta:

    1.4.1. Tipo de Pesquisa

    a) Pesquisa Exploratria que tem como objectivo primordial proporcionar maior

    familiaridade com o problema em causa, mostrando alguns aspectos que tm

    certa relevncia para um estudo. Por exemplo, o aprofundamento e a

    contribuio do Sector Informal atravs da aplicao do imposto cujo impacto

    poder ter para a sociedade em geral.

    b) Pesquisa Descritiva tem como objectivo descrever as caractersticas do ISPC e

    sua relao com as variveis existentes, utilizando tcnicas padronizadas como

    por exemplo os questionrios e as entrevistas.

    c) Pesquisa Explicativa a preocupao na identificao dos factores que

    determinam ou contribuem para que o ISPC ao ser aplicado no sector informal

    possa trazer benefcios para o Estado e para a Sociedade no geral.

    1.4.2. Delineamento da Pesquisa

    a) Populao

    Num universo de 1.094.6282 habitantes na Cidade de Maputo, 19.432

    3 actuam no sector

    informal da economia. Alguns dos operadores do sector informal fazem parte das

    associaes reguladoras deste sector tais como Amim, Assosti e Mukhero.

    2 Dado extraido do site www.ine.gov.mz

    3 INE, O Sector Informal em Moambique: Estudos Temticos. Maro de 2009. Maputo.

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    b) Amostra

    A pesquisa no abrange toda a populao devido a sua amplitude, deste modo o estudo

    ter duas amostras nomeadamente: uma amostra que est direccionada para as

    entrevistas e outra amostra direccionada aos questionrios.

    1. Amostra destinada as Entrevistas

    O tipo de amostra usada foi a no probabilistica por tipicidade, onde foram

    entrevistados os Presidentes das Associaes, os fiscais dos mercados escolhidos por

    serem estes que esto ligados ao imposto.

    2. Amostra destinada aos Questionrios

    O tipo de amostra usada foi a no probabilistica por convenincia ou acessibilidade

    em alguns mercados escolhidos, onde foram entrevistados alguns vendedores dos

    mercados escolhidos.

    c) Colecta de Dados

    Para que os objectivos do trabalho sejam alcanados, usou-se os seguintes mtodos e

    tcnicas:

    Pesquisa Bibliogrfica, que consiste no uso de material doutrinrio,

    constitudo por: obras cientficas ou tcnicas, jornais, teses ou relatrios de

    pesquisa e pginas na internet.

    Pesquisa Documental, tambm considerada uma fonte importante, abrange

    todo material que no recebeu ainda um tratamento analtico que poder ser

    modificado de acordo com o objecto de pesquisa. So eles: leis e relatrios de

    pesquisa.

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    Pesquisa de Levantamento, caracteriza-se pela interrogao directa das

    pessoas que detm conhecimento sobre o sector informal, atravs de

    questionrios e entrevistas.

    Estudo de Caso, caracteriza-se por um estudo exaustivo e profundo de um ou

    mais objectos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.

    Sendo o universo muito extenso optou-se por trabalhar-se com uma amostra

    no probabilstica (89 inquiridos), debruando sobre os operadores

    econmicos informais que operam nalguns mercados da cidade de Maputo

    (Zimpeto, Xipamanine, Central, Xiquelene, Estrela Vermelha e do Peixe),

    para o alcance dos resultados esperados.

    d) Anlise de Dados

    Para anlise e interpretao dos dados, utilizou-se ferramentas informticas como o

    Microsoft Excel com o objectivo de facilitar os clculos estatsticos necessrios para

    inferir concluses sobre a amostra escolhida, o que permitiu testar as hipteses

    definidas.

    1.5. Justificao da Escolha do Tema

    Desde os anos 80 que o Sector Informal vem se expandido de forma progressiva,

    principalmente como consequncia de algumas crises econmicas vividas no pas

    nomeadamente: a guerra civil que originou um fluxo permanente de pessoas que

    migravam das zonas rurais para as capitais onde no conseguiam um emprego formal; o

    regresso ao pas de moambicanos que se encontravam a trabalhar e a viver na ex-

    Repblica Democrtica Alem que tambm enfrentavam dificuldades ao encontrar

    empregos no sector formal e o encerramento de vrias unidades econmicas por

    abandono dos colonos, deixando vrios trabalhadores desempregados e sem fonte de

    rendimento.

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    O sector informal tem se propagado, constituindo assim um sector privilegiado pela

    arrecadao de receitas privadas. Por isso, de extrema importncia o presente estudo

    por forma a avaliar a possibilidade de aumentar o nmero de contribuintes fiscais, e

    consequentemente o alargamento da base tributria. Alis, quanto maior o nmero de

    contribuintes pagantes de impostos maior podero ser as receitas arrecadadas.

    Pretende-se com a escolha deste tema, e com algumas das suas constataes melhorar a

    educao fiscal4 para os operadores informais tornarem-se pagantes do imposto em

    anlise, sabendo quais os seus benefcios com o imposto, contribuindo para as receitas

    fiscais e alargando a base tributria.

    1.6. Estrutura do Trabalho

    O trabalho constitudo por 5 partes. A primeira parte trata da introduo do tema,

    destacando o problema de pesquisa, os objectivos gerais e especficos a serem

    alcanados, a metodologia usada para o alcance dos objectivos e as motivaes para

    escolha do tema.

    A segunda parte do trabalho trata da reviso de literatura sobre o sector informal e

    aspectos ligados a ele, sua conceitualizao, diferenas entre o sector formal e o

    informal, sua emergncia e as suas caractersticas em Moambique.

    A terceira parte trata da abordagem sumria sobre o sistema tributrio moambicano, a

    sua histria e os tipos de imposto que foram criados e implementados nos ltimos anos.

    A quarta parte vai dedicar-se a anlise do Imposto Simplificado para Pequenos

    Contribuintes nas receitas fiscais, e aos aspectos ligados ao Imposto como suas

    vantagens, desvantagens.

    A quinta parte apresenta as concluses e recomendaes.

    4 o processo de sensibilizao e informao dos direitos e deveres de cidado para poder exerc-los

    em sua plenitude, visando uma melhor qualidade de vida para toda a populao. http://www.educacaoliteratura.com.br/index%20169.htm, extrado no dia 26 de Junho de 2012 s 10:23h

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    II. REVISO DE LITERATURA

    2.1. Conceitualizao Sector Informal

    Existem muitos conceitos associados a terminologias alternativas para designar a

    economia no formal, e que formam j um lxico bastante complexo de expresses tais

    como subterrnea, paralela, oculta, no estruturada, autnoma, ilegal, no

    contabilizveis, no observada, informal, transitria, clandestina, submersa. (Abreu,

    1996:1)

    Segundo Stearns, citado por Masse (1994:14) o termo sector informal refere a parte da

    economia constituda por pessoas que trabalham em negcios muito pequenos, no

    reconhecidos pelo governo, sem qualquer registo sistemtico, sem acesso ao crdito

    comercial bancrio, com muito baixos nveis de rendimento e sem emprego formal.

    Segundo a OIT (1993), citado por Muendane (2000:10) o Sector Informal agrupa as

    unidades econmicas envolvidas na actividade de produo de bens e servios,

    desenvolvida em pequena escala, de forma artesanal, sem separao a nvel de

    propriedade de factores de produo (trabalho e capital); baixo nvel de organizao e

    tendo por objectivo a criao de emprego e rendimento. As unidades de produo que

    integram este sector assumem as caractersticas familiares em que no h lugar a um

    patrimnio prprio da unidade de produo.

    De acordo com Santos (1994) na definio do sector informal no se pode afirmar que

    o tipo de actividade constitui algum critrio para sua delimitao, embora se possam

    observar certas actividades que por natureza so caractersticas do sector familiar.

    Porm, nas outras, a agricultura, pescas, txteis, podem coexistir os dois sectores, o que

    leva a concluir que a observao estatstica dever incidir sobre as unidades econmicas

    de produo, indivduos e actividades. A anlise estatstica deve basear-se nas unidades

    econmicas de produo, tendo como principal quadro de referncia as caractersticas

    destas e a sua funo principal (Santos 1994:19)

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 10

    A definio de Vito Tanzi, citada por Abreu (1996:3) o sector informal o produto

    nacional bruto que por causa da sua no declarao ou declarao abaixo da realidade,

    no medido pelas estatsticas oficiais. Os dois importantes grupos de factores que

    criam uma economia subterrnea so os impostos (carga fiscal e contribuies para

    segurana social) e as restries (leis, regulamentaes, licenas e barreiras). Por um

    lado, os operadores deste sector incorrem com custos altos para aquisio das

    mercadorias e por ausncia de informao sentem que pagando os impostos so mais

    custos a incorrer, e por outro lado a falta de honestidade dos operadores ao declarar os

    seus rendimentos para serem tributados concorre para uma medio nas estatsticas

    oficiais incorrecta a realidade.

    O relatrio do Banco Mundial (1990:137), define o sector informal como sendo um

    sector onde operam pequenas empresas dirigidas pelo proprietrio e que no se

    encontram dentro do contexto regulamentar oficial.

    Claude de Miras (1991), define o sector informal como o "conjunto de actos

    econmicos mercantis que escapam s normas legais em matria fiscal, social, laboral

    ou de registo estatstico e que engloba a pequena produo mercantil, o pequeno

    comrcio, os mercados paralelos e as actividades financeiras informais; so actividades

    realizadas geralmente a uma escala reduzida, com tecnologias adaptadas, com

    competncias frequentemente adquiridas fora do sistema formal de ensino, com recurso

    a mo-de-obra intensiva e no assalariada, as mais das vezes realizadas como forma de

    obteno dos recursos indispensveis sobrevivncia dos agentes econmicos e

    respectivas famlias".

    Segundo Chichava (1998:6), alguns autores buscam a sua base de definio do sector

    informal em aspectos jurdico-legais (os que definem o sector informal como fora da lei,

    ilegal, clandestina, subterrnea, etc.), outros olham para os aspectos estatsticos - legais

    (sector informal como aquele que caracterizado por actividades no registadas nas

    contas nacionais). Outros autores do nfase aspectos econmicos (sector informal

    como uma economia secundria, alternativa, marginal, etc.), ou aqueles que,

    politicamente, vm o sector informal como uma alternativa de desenvolvimento.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 11

    Segundo Lopes (1999), o sector informal todo um variado leque de actividades

    orientadas para o mercado e realizadas com uma lgica de sobrevivncia pelas

    populaes que habitam os centros urbanos dos pases em desenvolvimento.5

    Na ptica de Santos (1994), a definio do sector informal independente da

    configurao do espao fsico em que as actividades de produo tm, do volume de

    capital mobilizado para o processo produtivo, das caractersticas temporais da produo

    (contnua, sazonal, ocasional) e finalmente, da actividade se constituir como principal

    ou secundria na perspectiva do proprietrio.

    Referir que a definio dos Santos (1994), servir de base para a anlise, segundo a qual

    o Sector Informal aquele que engloba actividades que se desenvolvem margem do

    controle oficial institudo e da regulamentao econmica, carecem de registos fiscais e

    administrativos, de segurana social e estatsticos, sem acesso ao crdito formal,

    constitudas por pequenas empresas que operam de forma, muitas vezes, irregular, com

    capital muito limitado e com um reduzido nmero de trabalhadores, actividades que

    colocam problemas de consistncia na informao estatstica e na avaliao econmica

    criando distores no clculo das variveis macroeconmicas como o PIB, Rendimento

    Disponvel, Inflao, Taxa de Desemprego, entre outras.

    De salientar que no h uma nica definio e nenhum consenso na designao do

    sector informal, as definies variam de autor para autor de acordo com os interesses a

    serem analisados e certos aspectos em funo do seu enfoque em anlise.

    No entanto, existem aspectos em que os autores convergem, na medida em que neste

    sector h produo de bens e servios para auto-consumo e, tambm a produo para a

    comercializao. Por sua vez, este sector torna-se uma forma de fuga ao fisco por estes

    no estarem registados, o que torna difcil a sua tributao.

    5 LOPES, C. (1999), O sector Informal e desenvolvimento: estudo de caso em Luanda, in

    http://www.multiculturas.com/angolanos/carlos_lopes_sector_informal.htm, extrado da internet no dia 18 de Maro as 22:17h.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 12

    2.2. Diferenas entre o Sector Formal e Sector Informal

    O Sector Informal difere do Sector Formal em alguns aspectos, alguns dos quais so

    citados por 2 autores abaixo mencionados.

    Segundo Navalha (2000:17), uma actividade que no proibida por lei, a entidade que

    pratica pode estar no Sector Formal se:

    Tiver procedido ao seu registo;

    Tiver obtido o devido licenciamento;

    Produzir e prestar informao contabilstica;

    Prestar informao estatstica segundo a norma;

    Pagar imposto.

    Enquanto uma actividade no proibida por lei a entidade que a pratica pode estar no

    Sector Informal se:

    No tiver procedido ao seu registo;

    No tiver obtido licenciamento;

    No prestar informao contabilstica;

    No prestar informao estatstica;

    No pagar impostos.

    Segundo Chichava, (1998:9), as diferenas entre o Sector Formal e o Sector Informal

    so basicamente as seguintes:

    Tabela 1: Diferenas entre o Sector Formal e o Informal

    Sector Formal Sector Informal

    Barreiras para inicio da actividade; De fcil entrada;

    Usa muito capital estrangeiro; Tem como base os recursos nacionais;

    Empresa capitalista; Empresa famliar;

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    Actividade de mdia e larga escala; Actividade de pequena escala;

    Usa tecnologias importadas, normalmente

    de capital intensivo;

    Mo de obra intensiva e tecnologias

    adaptadas s circunstncias;

    Exige formao e treinamento

    profissional;

    Os conhecimentos so adquiridos fora da

    educao e treinamento formal;

    Regulamentado e s vezes intervindo em

    mercados previlegiados e/ou

    concorrencias;

    Sem regulamentos, mas muito

    competitivos;

    Actua dentro das politcas e controlo do

    Governo;

    Actua fora de qualquer controle

    Governamental;

    Tributvel; No tributvel ou de dficil tributao;

    A sua produo est reflectida nas Contas

    Nacionais;

    A sua actividade no expressa pelas

    Contas Nacionais;

    Baseado em contratos rgidos e no

    funcionais;

    Os acordos informais, verbais, funcionais

    e flexveis;

    Mundo dominado por homens

    machismo. Sector denominado por mulheres.

    Na base das caractersticas acima descritas e as diferenas encontradas entre os dois

    sectores, o formal e o informal, constata-se que as prticas na economia moambicana

    quanto ao sector informal esto muito distintas do sector formal que mais complexo e

    mais exigente nas suas actividades em relao ao sector informal.

    Considera-se que as diferenas encontradas entre os dois sectores so significativas e,

    tornar o sector informal no formal ser uma tarefa que requer muito esforo por parte da

    Autoridade Tributria, pois muita das vezes a falta de honestidade ao declarar os seus

    rendimentos e de cumprimento de obrigaes fiscais por parte dos operadores informais

    dificulta o processo para a arrecadao de receitas.

    O contributo que estes autores do ao diferenciar estes dois sectores, serve de anlise

    no comportamento as economias dos pases e como estas manifestam-se, ajudando

    assim as instncias competentes na avaliao do contributo destes sectores, criando

    impostos para este sector melhorando as suas contas nacionais.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 14

    De salientar que quando se refere ao sector informal, algumas das diferenas que este

    apresenta ao sector formal o facto de no ter uma regulamentao, ser uma empresa

    familiar o que torna o volume de capitais reduzido, a inexistncia de uma contabilidade

    organizada, nmero de trabalhadores reduzido e no cumprimento das obrigaes

    fiscais.

    Sendo assim, ser que pode se assumir que uma empresa que esta registada e tem a

    regulamentao organizada, somente por no obedecer as obrigaes fiscais pertence ao

    sector informal ou ao sector formal?

    Esta questo merece a devida ateno por parte das autoridades competentes, pois na

    sociedade existem regras e todas elas tem que ser cumpridas. Contudo, a empresa ao

    assumir as suas obrigaes fiscais, j tem a contabilidade organizada, a sua

    regulamentao esta organizada, os seus trabalhadores provavelmente esto a aumentar,

    isto mostra que esta empresa pertence ao sector formal.

    2.3. Caractersticas do Sector Informal

    O sector informal tem servido como tbua de salvao para muitos moambicanos, pois

    serve como forma de sobrevivncia as dificuldades que eles encontram no dia-a-dia.

    Neste contexto, o sector informal em Moambique hoje um conjunto de operadores

    dinmicos e economicamente agressivos que buscando a sua sobrevivncia, tem

    ocupado e proporcionado rendimentos alternativos muitas famlias moambicanas.

    Pela sua importncia e dinmica, vale a pena referir algumas das suas caractersticas

    (CHICHAVA 1998:18):

    Existe em quase todo o Pas mas com maior intensidade nos centros urbanos;

    formado por pequenas unidades econmicas e familiares;

    de fcil entrada e integrao mas com muitos riscos de se extinguir;

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 15

    No beneficia de crdito bancrio oficial, mas depende de poupanas pessoais,

    de amigos, familiares, normalmente atravs de colectas monetrias (xitique =

    principal fonte de financiamento do sector informal);

    um mercado competitivo mas irregular, e sem exclusividade no exerccio de

    actividades;

    Emprega mo-de-obra barata, jovem, e com predominncia do sexo feminino em

    certas actividades como venda de produtos hortcolas, vegetais e outros produtos

    agrcolas, confeco de comida, comes e bebes, cabeleireiro, etc.;

    Comercializa uma vasta gama de produtos e presta servios diversos que no

    envolvem grande tecnologia ou equipamento: reparao de viaturas, canalizao,

    electricidade, carpintaria, construo e reparao de imveis, vendas

    ambulantes, transporte de passageiros e carga, engraxadores, polidores de carros,

    curandeirismo, guardas, prostituio, etc.;

    A formao profissional reduzida ou inexistente, privilegiando-se as prticas

    de aprendizagem no processo de trabalho;

    No existe qualificao acadmica alguma, bastando s vezes, o grau de

    argumentao e malandrice perante as autoridades e os colegas;

    Normalmente, pratica preos mais competitivos que o do sector formal mas, s

    vezes, o seu sistema flexvel de venda ao retalho (consoante a procura) que o

    torna preferido pelas famlias mais carentes;

    Ele substitui de certa forma o cantineiro da esquina dada a sua mobilidade e

    flexibilidade;

    No tem horrios fixos, nem dias fixos de trabalho, o que torna-o sempre til

    qualquer momento;

    Utiliza tecnologia rudimentar, artesanal e adaptada s necessidades do seu tipo

    de mercado;

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 16

    Sendo a sua produtividade baixa, os salrios so, em geral, exguos e pagos

    irregularmente;

    Usa insumos obtidos nas unidades do sector informal e s vezes, abastece

    tambm o sector formal;

    No observa os procedimentos legais e certas vezes pode perigar a sade pblica

    e o meio ambiente, para alm de ser um foco potencial de prtica de crimes

    diversos e abuso de menores;

    No contribui para as receitas do Oramento Geral do Estado, embora s vezes

    esteja sujeito pagamentos de taxas e multas diversas.

    Dadas as caractersticas acima descritas e as questes culturais, este sector no norte e

    centro do pas composto na maioria por Homens, porm no sul do pas verifica se o

    contrrio so as mulheres que dominam este sector (ver tabela n 1 no anexo). Embora,

    as actividades por eles desempenhadas tenham implicaes sociais, polticas, e

    econmicas, constata-se que estas podem manifestar-se de forma negativa e positiva.

    2.4. Expanso do Sector Informal em Moambique

    O sector informal faz parte da economia moambicana em mais de um tero. A adopo

    de hipteses quanto ao nvel e evoluo de preos neste sector permitiu confirmar que o

    sector informal mais dinmico na economia moambicana.6

    Aps a independncia nacional de Moambique, em 25 de Junho 1975, o movimento

    das pessoas do campo para cidade, no foi acompanhado por um ordenamento adequado

    e uma expanso de infra-estruturas urbansticas e imobiliria, adequados s novas

    necessidades. (INE, 2009: 63)

    6 Abreu, S. E. Abreu A. 1996. O Sector informal em Mocambique: Uma abordagem Monetria. Staff

    Paper (5). Banco Moambique. Maputo.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 17

    Nos anos 80, o pas encontrava-se mergulhado numa grande falta de bens de consumo

    devido a crises econmicas que o Pas atravessava, o que de certa forma contribuiu para

    o desenvolvimento de mercados paralelos e para subida dos preos dos bens essenciais.

    Esta crise aumentou a vulnerabilidade das famlias mais pobres. O consequente

    incremento da sua fraca capacidade de sobrevivncia neste perodo, exigia a procura das

    mais diversas estratgias para fazer face ao dia a dia. O nvel de degradao econmica

    e social das populaes sofreu um aceleramento ao longo dos anos 80 e durante a

    dcada de 90, devido7:

    Situao de guerra e a economia ps guerra, que levou a destruio de unidades

    produtivas e consequente migrao da populao para os centros urbanos;

    Regresso ao pas dos deslocados imigrantes retornados dos pases vizinhos e da

    ex-repblica Democrtica Alem, o que dificultou o enquadramento dos

    imigrantes em termos de emprego;

    Privatizaes que levaram ao despedimento de muitos trabalhadores, facto que

    criou um aumento considervel do nmero de desempregados que no tendo

    solues ingressam para as actividades do sector informal.

    Por um lado, a questo da informalidade aumentou por factores referenciados acima,

    mas segundo o INE (2009:63), olha para a informalidade como uma questo que

    devida ao tipo de instituies, ou regras estabelecidas e dominantes na sociedade

    moambicana. Assim, a maior ou menos informalidade resulta, por um lado, das

    barreiras que dificultam ou impedem as pessoas de exercer com eficcia e eficincia as

    suas actividades econmicas, com vista a melhorarem o seu bem-estar e aumentarem a

    sua proteco social. Por outro lado, a informalidade ilegtima deriva da fraqueza e

    7 Cruz, Teresa. 2005. A organizao dos trabalhadores do sector informal dos mercados de Maputo e sua

    aco na promoo de melhores condies de vida e de trabalho.Bureau Internacional de Trabalho.

    Genebra. Pp 2.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 18

    dificuldade das instituies, em impor uma legalidade eficiente atravs dum combate

    explcito impunidade.

    Com a introduo do Programa de Reabilitao Econmica (PRE) d-se um mpeto ao

    desenvolvimento das actividades informais na economia. O PRE deu origem a um

    amplo e profundo processo de reformas institucionais e de todo modelo da economia de

    Moambique, permitindo que a economia informal sasse da clandestinidade a que

    estava remetida, essencialmente por imposio legal e determinao poltica do Estado.

    Os programas de aco social introduzidos pelo Estado a partir de finais de 1980, que

    vieram a constituir os programas de proteco social para apoio s populaes mais

    desfavorecidas no pas, bem como os programas ligados aos planos de aco na

    estratgia nacional de reduo da pobreza, introduzidos ao longo da dcada de 1990, so

    manifestamente insuficientes para conter os efeitos das crises econmica e social que o

    pas atravessava, situao agravada pelas cheias que afectaram as zonas sul e centro em

    2000 e 2001.8

    O termo sector informal inicialmente utilizada para se referir a actividades ilegais ou

    ilcitas, popularmente designadas por candonga (que significa actividade ilegal ou

    ilcita) ou dumba nengue (uma expresso que em Tsonga, falado no sul de

    Moambique, significa textualmente: confia nas tuas pernas), para alm de outras

    expresses utilizadas ao longo do pas, em lnguas locais, o conceito sector informal,

    enquadra os novos tipos de actores que operando na rea do comrcio, no so

    reconhecidos pelos regulamentos vigentes, e por isso so reprimidos pelas autoridades

    policiais, no exerccio das suas actividades. Apesar destas circunstncias, hoje, esse

    mesmo termo utilizado na linguagem das organizaes, agncias doadoras e governo,

    e representa formas novas ou ajustadas do exerccio da actividade comercial, resultantes

    das experincias da guerra e ps-guerra, e influenciadas pelo processo de liberalizao

    da economia (Bowen, 2000:23).

    8 Cruz, Teresa. 2005. A organizao dos trabalhadores do sector informal dos mercados de Maputo e

    sua aco na promoo de melhores condies de vida e de trabalho.Bureau Internacional de Trabalho.

    Genebra. Pp 3.

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    III. SISTEMA TRIBUTRIO MOAMBICANO

    3.1. Perodo antes da Independncia

    Segundo Ibraimo (2002), mesmo antes da chegada dos portugueses j existia o imposto

    em Moambique e era pago em forma de roupa, gado, escravos e outros bens. Mas uma

    das principais evidncias da existncia do imposto em Moambique, foi com o

    surgimento dos prazos da Zambzia, em que utilizou o tributo tradicional pela primeira

    vez.

    Segundo alguns historiadores, citados por Ibraimo (2002), o vale do Zambeze em

    meados do sc. XVII estava organizado politicamente e tradicionalmente por vrios

    chefes em cada regio. O governador do distrito era designado por mambo que era

    assistido por um chefe local npfumu, e pelo chefe das povoaes. Uma das

    atribuies do pfumu era de cobrar o imposto.

    Dentro dos prazos, todos os habitantes estavam sujeitos ao pagamento de um imposto

    anual designado por mussoco, que era pago como forma de afirmar o poderio do

    mambo sobre a terra. O contedo, a taxa e o montante do mussoco atribudo a cada

    famlia no era fixo nem estabelecido, variava de prazo a prazo e de regio para regio.

    Os camponeses atravs do mussoco, renda em gneros, canalizavam parte dos seus

    excedentes agrcolas para a elite dos prazos, sendo, muitas das vezes, utilizados para

    alimentao. Com a penetrao crescente do capitalismo colonial, o mussoco passou a

    ser cobrado em trabalho e, depois, em dinheiro, o que exprime uma mudana profunda

    nas relaes sociais de produo.9

    Segundo Carlos Serra (2000:318), o imposto de palhota foi introduzido ao abrigo do

    decreto de 9 de Julho de 1982 e cobrado luz do Regulamento do Imposto de Palhota

    de 30 de Julho de 1892. Os proprietrios das palhotas situadas no interior ficavam

    obrigados ao pagamento anual de 900 Reis por palhota utilizada como habitao. Nos

    dois primeiros anos, o imposto de palhota podia ser cobrado em dinheiro ou gnero, mas

    9 SERRA, Carlos (2000). Historia de Mocambique, Volume 1. Livraria Universitria. Maputo. Pp 318.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 20

    em 1894 passou a ser obrigatoriamente recebido em dinheiro. Aquele que no

    cumprisse com esta obrigao era punido com trabalho forado durante os dias

    necessrios do valor do salrio oficial local acrescentado 50 por cento no valor aps a

    finalizao do trabalho forado. Como o salrio era fictcio, esta medida tornou se um

    mecanismo de angariao de mo-de-obra gratuita. Nota se, que tal como o mussoco,

    o imposto de palhota no era simples mecanismo tributrio com carcter simblico, pelo

    contrrio, um e outro eram a objectivao duma relao social fundamental, concreta e

    historicamente determinada entre o campons e o capital um mecanismo de

    dominao do capital sobre o trabalho.

    Salienta-se que a Administrao Directa durou at 1892, e era feita atravs dos agentes

    da autoridade, cuja funo no constitua apenas em cobrar o mussoco mas, tambm

    em controlar os chefes locais.

    Como forma de obter dinheiro para pagamento do imposto de palhota a maior parte dos

    homens moambicanos residentes na zona sul do pas emigravam para frica de Sul

    para trabalhar nas minas, o que facilitava a cobrana.

    Segundo Ibraimo, o fenmeno de imigrao no sul do nosso pas influenciou a poltica

    fiscal porque, fez com que o Estado colonial encarasse duas questes que no lhe

    agradava:

    Com a emigrao, o nmero de trabalhadores para as Companhias reduzia;

    Os salrios praticados na frica do Sul eram substancialmente mais elevados

    que os da Companhias que operavam em Moambique. Este facto anulava a

    poltica existente de elevar os impostos para obrigar os trabalhadores a

    permanecerem mais tempo nas suas terras.

    Este fenmeno causava problemas no prprio oramento do Estado colonial e na

    balana de pagamentos. Por um lado, necessitava de promover a emigrao, de obter o

    imposto em libras - ouro, e por outro lado necessitava da mo-de-obra.

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    Aps o imposto de palhota a outra forma de tributao introduzida foi a tributao

    indirecta, que incidia sobre os bens de consumo produzidos pelos indgenas, como

    forma de os levar a concorrer para as despesas pblicas. E, foram criados alguns

    impostos directos, nomeadamente:

    Impostos prediais que incidiam sobre os prdios rsticos e urbanos situados na

    baixa da cidade, dentro do territrio das companhias;

    Tributao das actividades comerciais e industriais que eram tributados por

    taxas variveis, em funo do valor das mercadorias importadas por cada

    contribuinte, a legislao e a cobrana deste imposto era feito com base nas

    declaraes dos contribuintes;

    Contribuio de Juros que consistia num imposto sobre o crdito e sobre a

    aplicao de capitais, com base numa taxa fixa;

    Sisa que incide sobre os actos de transmisso da propriedade de bens imveis a

    ttulo oneroso;

    Imposto sucessrio que incide sobre os actos de transmisso de propriedade

    mvel a ttulo gratuito.

    3.2. Perodo data de Independncia

    Segundo Ibraimo (2002), nesta poca vigorava um sistema tributrio adequado aos

    objectivos do Estado que estava dimensionado as necessidades oramentais deste

    mesmo Estado. Para tal, estava organizado um sistema administrativo adequado e

    dotado de pessoal apropriado, convenientemente treinado.

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    Era um sistema fiscal com uma legislao complexa e quase inacessvel grande

    maioria dos contribuintes, e no respeitava os princpios de justia social10

    , onde todos

    deviam pagar impostos independentemente da sua condio social e financeira.

    Para Ibraimo (2002), o Estado Portugus em Moambique tinha um oramento que

    integrava as receitas por um lado e as despesas por outro lado. E, a tabela de despesas

    procurava responder s necessidades dos gastos do Estado na altura.

    Para fazer face as despesas, o Estado Portugus tinha uma tabela de receitas correntes

    alimentada em 82% pelas receitas fiscais. O conjunto das receitas destes impostos

    equilibrava o oramento corrente do Estado Portugus em Moambique.

    De acordo com Ibraimo (2002), os impostos indirectos por exemplo como o imposto de

    consumo e direitos aduaneiros, tinham algumas taxas proteccionistas para a importao

    de produtos que aparentemente eram suprfluos e taxas mais pesadas para outros

    produtos considerados essenciais para consumo da populao, mas que beneficiavam se

    de taxas aduaneiras preferenciais, quando importadas de certos pases.

    O sistema fiscal data da independncia caracterizava se por11:

    Um sistema concebido e dimensionado de acordo com a poltica do

    Estado e suficiente para fazer face correspondente tabela de despesas.

    O nvel de receitas era suficiente para fazer face s despesas de

    funcionamento do seu aparelho administrativo.

    O conjunto de pequenas taxas e impostos de nvel local ou regional cujas

    caractersticas e fim a que as receitas se destinavam - despesas das instituies

    locais e autnomas - estavam em perfeita consonncia com a forma de

    10 Critrio de Justia Social, (i) permitia uma tributao diferenciada de rendimentos de trabalho e de

    capital, a sua personalizao progressiva do imposto, Ibraimo Ibraimo 2002 pp 99 e (ii) ... visa garantir uma justa repartio dos rendimentos e da riqueza artigo 90 da Constituio da Repblica de Moambique de 2004.

    11 IBRAIMO, Ibraimo. 2002. O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o DireitoFiscal

    Moambicano. ART C. Pagina 83.

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    organizao administrativa e eram dotados de processos oramentais que

    permitiam estipular as cobranas.

    Ibraimo menciona (2002), que os principais impostos12

    vigentes nessa altura eram:

    Contribuio Industrial que incidia sobre os lucros das actividades

    industriais e comerciais;

    Contribuio Predial Urbana que incidia sobre o lucro das exploraes

    agrcolas, silvcolas, pecurias, ficando sujeitas todas as pessoas singulares ou

    colectivas nacionais ou no, desde que se desenvolvessem actividades em

    terrenos, prdios ou concesses no territrio nacional;

    Imposto Profissional que incidia sobre os rendimentos de trabalho, e

    este por sua vez eram sujeitos a imposto quando auferidos por pessoas

    singulares, nacionais ou estrangeiras, que em Moambique exerciam qualquer

    actividade por conta de outrem ou por conta prpria;

    Imposto sobre aplicao de capitais que incidia sobre os rendimentos

    provenientes da simples aplicao de capitais;

    Imposto Complementar que incidia sobre o rendimento global das

    pessoas singulares e colectivas.

    3.3. Perodo aps a Independncia

    Aps a independncia ocorreram vrias reformas no sistema fiscal:

    a) Reforma Fiscal de 1978

    Segundo Ibraimo (2002), aps a independncia nacional, verificava - se uma imediata

    inadequao do sistema tributrio por um lado e a debilidade da mquina de

    administrao fiscal, por outro.

    12 Imposto uma prestao coactiva, pecuniria, definitiva e unilateral, estabelecida por lei, sem caracter

    de sano, a favor do estado, para realizaao de fins pblicos (Ibraimo 2002)

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 24

    Esta situao caracterizava-se pela queda de produo industrial pois, as unidades

    econmicas de cujos lucros dependiam do xito da contribuio industrial foram

    abandonadas pelos seus proprietrios e algumas sofreram sabotagens. Este facto

    associado debilidade verificada na administrao originou a quebra da matria

    colectvel e consequente ineficcia da contribuio industrial.

    As poucas empresas privadas tais como: Dionsio Almeida, Casa Coimbra, Vidreiras13

    que ainda produziam lucros tinham contabilistas mais competentes em relao aos

    funcionrios dos impostos pelo que, o controle do fisco passou a ser quase inexistente.

    Portanto, no havendo lucros logo no existiam dividendos e, consequentemente, no

    haveria imposto de aplicao de capitais.

    Com a Resoluo 5/1977 da Assembleia Popular definiram-se princpios fundamentais a

    observar no sistema tributrio, fixando taxas progressivas e outras medidas que visavam

    realizar os objectivos de justia social. Permitindo que os impostos adoptados se

    enquadrassem na poltica oramental do pas, assentes em objectivos mais gerais da

    poltica econmica ento preconizada e fazendo desta forma com que os impostos

    estivessem ao servio de um Estado preocupado com a soluo dos problemas sociais

    tais como o bem-estar do povo e a defesa da soberania na nao Moambicana.

    O sistema no permitia a captao dos excedentes financeiros gerados pelos agentes

    econmicos, tal situao fazia com que do lado da procura aumentasse cada vez mais o

    dinheiro disponvel e, do lado da oferta, os preos reais no correspondiam ao valor

    ofertado, da que surgem os mercados paralelos.

    b) Reforma Fiscal de 1987 (PRE)

    Segundo Ibraimo (2002), em princpios de 1987 foi lanado um Programa de

    Reabilitao Econmica (PRE), destinado a corrigir os desequilbrios da economia

    nacional. Este programa consistia na reabilitao da economia atravs de uma srie de

    13

    Fonte Oral: Indivduos que viveram a situao pr e ps colonial

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 25

    aces nas reas de formao de preos, de taxas de cmbio, de poltica fiscal e outras

    estruturais e administrativas visando melhorar a eficincia dos agentes econmicos,

    aumentar o abastecimento e a produo, ajudar a restabelecer o equilbrio financeiro.

    Dentre estas aces pretendia se algumas alteraes legislao fiscal.

    Com esta reforma fiscal, revogou-se a Resoluo 5/1977 pela Lei 3/1987, que passou a

    fixar os novos princpios em que o sistema tributrio devia assentar se com o objectivo

    de aumentar a elasticidade das receitas em relao ao crescimento do Produto Interno

    Bruto (PIB) e alargar a base tributria.

    O sistema tributrio definido na Lei 3/1987 integrava impostos directos e indirectos. A

    tributao directa dos rendimentos era feita com base no seguinte sistema de impostos14

    :

    Contribuio Industrial, incidente sobre os lucros da actividade comercial e

    industrial;

    Imposto sobre o Rendimento do Trabalho Seco A, incidente sobre as

    remuneraes do trabalho;

    Imposto sobre o Rendimento do Trabalho Seco B, incidente sobre o valor da

    produo das cooperativas de produo e das exploraes individuais agrcolas,

    silvcolas ou pecurias de pequena dimenso;

    Imposto Complementar, incidente sobre o rendimento global de pessoas

    singulares e sobre os rendimentos de capital;

    Contribuio Predial, incidente sobre os rendimentos prediais.

    A tributao indirecta, que integrava os impostos sobre as despesas, com base no

    seguinte sistema de impostos:

    14

    IBRAIMO, Ibraimo. 2002. O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o DireitoFiscal

    Moambicano. ART C. Pagina 102.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 26

    Imposto sobre valor acrescentado, que incide sobre o valor das transmisses de

    bens e prestaes de servios realizados no Pas;

    Imposto sobre Consumos Especficos, que tributa, de forma selectiva, o

    consumo de determinados bens;

    Imposto especial sobre combustveis, que incide sobre qualquer combustvel

    comercializado no territrio nacional.

    c) Reforma Fiscal de 2002

    Segundo Ibraimo (2002), em 26 de Junho a Assembleia da Repblica aprovou a Lei

    15/2002 em substituio da Lei 3/1987. Esta reforma fiscal iniciou com a introduo do

    IVA em 1998 e a alterao do Imposto de Consumo em Imposto de Consumo

    Especifico, tinha como objectivos:

    O alargamento da base tributria;

    A reduo da carga fiscal no conjunto da tributao directa;

    O aumento no nvel de receitas fiscais;

    A simplificao de procedimentos;

    A modernizao do sistema de impostos; e

    A racionalizao do sistema de benefcios fiscais.

    O sistema tributrio de Moambique passou a integrar impostos nacionais e autrquicos.

    Os impostos autrquicos passaram a ser definidos em Lei prpria. De acordo com a

    nova Lei de Bases, os impostos do sistema tributrio nacional, classificam-se em

    impostos directos e impostos indirectos, nomeadamente:

    Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas IRPC: um imposto

    directo que incide sobre os rendimentos obtidos, ainda que provenientes de

    actos ilcitos no perodo de tributao pelo sujeito passivo;

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 27

    Imposto Sobre o Rendimento de Pessoas Singulares IRPS: um imposto

    directo que incide sobre o valor global anual dos rendimentos das pessoas

    singulares, mesmo quando provenientes de actos ilcitos, aplicvel tendo em

    conta vrias categorias bem como as dedues e os respectivos abatimentos;

    Imposto sobre o Valor Acrescentado IVA: um imposto indirecto que incide

    sobre o valor das transmisses de bens e prestao de servios realizados no

    territrio nacional, a ttulo oneroso, por um sujeito passivo agindo como tal,

    bem como sobre as importaes de bens. aplicvel a uma taxa de 17%, que s

    confere a deduo o imposto mencionado em facturas, documentos equivalentes

    e bilhetes de despacho de importaes passados em forma legal, na posse do

    sujeito passivo;

    Imposto de Consumo de Produtos Especficos ICE: um imposto indirecto

    que incide sobre determinados bens, considerados de luxo produzidos ou

    importados em territrio nacional ou estrangeiro;

    Direitos Aduaneiros: tambm um imposto indirecto que incide sobre as

    mercadorias importadas e exportadas nos termos estabelecidos na pauta

    aduaneira e as taxas nelas previstas.

    Como forma legislativa de harmonizar o sector informal, onde prev se aspecto como

    contratos que demonstrem claramente as obrigaes e direitos das partes, onde a matria

    colectvel torna-se tributvel, foi criado o Imposto Simplificado para Pequenos

    Contribuintes com base na Lei n5/2009 de 12 de Janeiro que considera este sector uma

    parcela significativa da actividade econmica em Moambique, pelo que, atrair os

    informais para o sistema tributrio constituir um avano significativo para o Fisco no

    que respeita ao alargamento da base tributria, potenciando dessa forma a capacidade de

    colecta de receita.

    Segundo o INE (2009:64), um dos sinais do reconhecimento da importncia do sector

    informal na economia nacional, pelo governo, apresentao de uma legislao que

    abrange os operadores do sector informal que o Imposto Simplificado para Pequenos

    Contribuintes (ISPC) com o objectivo de:

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 28

    1. Reduzir os custos de cumprimento das obrigaes tributrias por parte destes

    contribuintes;

    2. Diminuir os custos de fiscalizao e controlo de pequenos contribuintes por

    parte da Administrao Tributria, atravs da simplificao das obrigaes

    declarativas e contabilsticas;

    3. Promover a passagem para o sector formal dos sujeitos passivos que operam no

    sector informal.

    Com este imposto, pretende-se ampliar a formalizao dos negcios por meio da

    simplificao de requisitos de funcionamento, pela aplicao consistente e transparente

    da legislao e pela reduo dos custos de transaco, mas pode estar subestimado o

    facto de que grande parte da informalidade decorrente da incapacidade de muitos

    empreendimentos informais suportarem os custos associados a impostos e contribuies

    sociais.

    3.4. O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes

    O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes aplica-se s pessoas singulares ou

    colectivas que desenvolvam, em territrio nacional, actividades agrcolas, industriais ou

    comerciais, tais como a comercializao agrcola, o comrcio ambulante, o comrcio

    geral a grosso, a retalho e misto, e o comrcio rural, incluindo em bancas, barracas,

    quiosques, cantinas, lojas e tendas bem como a prestao de servios de pequena

    dimenso.

    3.4.1. Regime Jurdico

    Havendo necessidade de introduzir no sistema tributrio um imposto simplificado para

    pequenos contribuintes, com o objectivo de reduzir os custos de cumprimento das

    obrigaes tributrias e os encargos de fiscalizao e controlo atravs da simplificao

    dos procedimentos, propiciando, assim, o alargamento da base tributria, a Assembleia

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 29

    da Repblica, ao abrigo do disposto no n2 do artigo 127, conjugado com a alnea o) do

    n2 do artigo 179, ambos da Constituio, determinou a criao do Imposto

    Simplificado para Pequenos Contribuintes que passou a fazer parte do sistema tributrio

    nacional.

    3.4.2. Natureza e mbito

    O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes um imposto directo que se

    aplica s pessoas singulares ou colectivas que exercem, no territrio nacional, as

    actividades agrcolas, industriais ou comerciais, de pequena dimenso, incluindo a

    prestao de servios.

    Para efeitos deste imposto, consideram-se actividades de pequena dimenso, aquelas

    cujo volume de negcios anual igual ou inferior a 2.500.000,00MT.

    O ISPC pago anualmente a uma taxa de 75.000,00MT, alternativamente, aplicada a

    taxa de 3% sobre o volume de negcio desse ano. Os sujeitos passivos que optam pela

    primeira vez pelo ISPC, beneficiam-se da reduo da taxa de imposto em 50% no

    primeiro ano do exerccio da sua actividade15

    .

    A tributao dos sujeitos passivos no Imposto Simplificado para Pequenos

    Contribuintes de carcter optativo, pois estes podem optar por pagar outros tipos de

    impostos j referenciados como por exemplo o IVA.

    3.4.2. Excluso da Aplicao do IVA, IRPS e IRPC

    Para os sujeitos passivos que optem pela tributao em ISPC, sobre as transmisses de

    bens e prestaes de servios que realizem no h lugar ao Imposto sobre Valor

    Acrescentado e, sobre os rendimentos obtidos, no incide Imposto sobre Rendimentos

    das Pessoas Singulares ou Imposto sobre Rendimento da Pessoas Colectivas, todos

    previstos na Lei n15/2002, de 26 de Junho.

    15

    N1,2, e 3 do artigo 8 da Lei n 5/2009 de 12 de Janeiro.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 30

    Os sujeitos passivos do ISPC que aufiram outros rendimentos, para alm de redimentos

    classificados como da Segunda Categoria tais como rendimentos prediais, rendimentos

    de capitais do IRPS, so tributados em ISPC apenas relativamente aos rendimentos

    desta categoria, devendo os restantes rendimentos serem declarados para efeitos de

    tributao em IRPS.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 31

    IV. ANLISE E AVALIAO DO SECTOR INFORMAL NO ISPC

    E O IMPACTO NAS RECEITAS FISCAIS.

    4.1. Anlise do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes

    Este imposto foi criado h sensivelmente 3 anos como forma de tornar o sector informal

    contribuinte das receitas do Estado, evitando deste modo a fuga ao fisco e a evaso

    fiscal. De notar porm que, para algumas pequenas empresas, at o ISPC poder ser um

    imposto pesado porque esta taxa de 3% aplica-se ao volume de vendas, e no aos

    rendimentos ou lucros. O risco que se coloca que muitas empresas informais, em

    especial as que tm rendimentos variveis de um ano para o outro continuaro a ter

    incentivos para evitar o registo no ISPC.

    Nem todo o sector informal e as pequenas empresas se encontram dentro deste regime

    fiscal, porm o seu crescimento tem ido de encontro com as expectativas da Autoridade

    Tributria. E este imposto tem as seguintes vantagens e desvantagens:

    4.1.1. Vantagens

    Os pagamentos deste imposto so feitos trimestralmente;

    A contabilidade do contribuinte no precisa ser totalmente organizada;

    No 1 ano do seu pagamento, o contribuinte tem reduo de 50% no valor a

    pagar;

    Os procedimentos so simples para tornar se contribuinte deste imposto;

    Possibilidade de adquirir o recibo para melhor controle de suas vendas;

    Serve de caminho para que os operadores do sector informal faam parte de um

    regime tributrio.

    4.1.2. Desvantagens

    Dos 89 inquiridos 57% no tem informao dos benefcios deste imposto;

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 32

    A taxa aplicada ao volume de vendas do operador informal;

    Falta de honestidade por parte dos operadores econmicos informais ao declarar

    os seus rendimentos nas finanas.

    Conforme visto anteriormente, as Receitas do Estado so constitudas por (i) receitas

    fiscais; (ii) outros impostos; (iii) receitas no fiscais e (iv) receita de capital. As receitas

    fiscais so compostas por: (a) impostos directos, onde as taxas incidem directamente

    sobre os rendimentos das pessoas e (b) os impostos indirectos, onde as taxas se aplicam

    sobre o consumo de bens e servios na economia.

    Sendo as receitas fiscais a fonte mais importante para realizao das despesas pblicas e

    destas receitas, os principais impostos que mais contribuem para o oramento do Estado

    so: IRPC, IRPS, IVA e Taxa sobre Combustveis. Conclui-se, que a implementao do

    ISPC pode ajudar o Estado a incrementar a cobrana de receitas, por meio de estratgias

    bem claras e sustentveis.

    Com base nas entrevistas feitas algumas associaes dos operadores econmicos

    informais e fiscais, dizem que a eles s lhes compete a responsabilidade de divulgao

    do ISPC fazendo com que os operadores econmicos informais adiram ao imposto,

    sensibilizando os mesmos e mostrando os seus benefcios. Estas mesmas associaes

    tm o papel de ajudar os comerciantes informais no melhoramento das condies em

    que estes operam.

    Com base na pesquisa feita atravs dum inqurito que consta no anexo E, durante o ms

    de Julho e Agosto de 2012, foram inquiridos 89 vendedores informais de vrios

    mercados da cidade de Maputo e arredores.

    Constata-se, com base na pesquisa feita que a implementao do ISPC ainda no tem os

    resultados desejados, por vrias razes como: falta de recursos humanos suficientes para

    um trabalho no campo eficaz; falta de cometimento, pois a maioria regista-se como

    pagante deste imposto mas poucos destes realmente pagam o imposto; e ausncia de

    esperana que a situao de vida possa mudar.

    Analisando as entrevistas e as pesquisas feitas constatou-se o seguinte:

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 33

    a) Aplicao do ISPC

    Quanto ao sector informal no possvel fazer uma anlise da adeso do ISPC uma vez

    que a AT no os tm devidamente identificado no sistema, pois no grupo de sujeitos

    passivos pagantes deste imposto esto inclusos, sem distino alguma tanto os

    operadores econmicos informais como as pequenas e mdias empresas registadas

    (portanto as consideradas formais). Contudo com base nos dados do INE no inqurito

    do sector informal de 2005, conclui-se que h uma maior percentagem de trabalhadores

    do sector informal (75,2%) do que o sector formal (7.9%), o que a partida a haver uma

    adeso massiva dos operadores informais ao pagamento do ISPC fariam uma diferena

    substancial e positiva nas receitas do Estado.

    Nota-se uma falta de conhecimento e de divulgao das leis que faz com que muitos dos

    operadores informais paguem impostos sem saber o que esto a pagar e quanto devem

    pagar, e em alguns casos sem saberem que ao pagar a prestao de um servio esto a

    pagar um imposto que posteriormente lhes ser til.

    De acordo com o Inqurito informal levado a cabo pelo INE em 2006, a percepo dos

    operadores informais nas zonas urbanas de Moambique mais de 2/3 dos operadores

    informais, 68%16

    tm esperana que o Estado possa ajudar para o melhoramento das

    condies em que praticam as suas actividades, como por exemplo, melhoramento das

    condies sanitrias, melhoramento dos espaos de venda e oficializao de alguns

    mercados para dar continuidade aos seus negcios. Alguns dos operadores informais,

    salientam que devido a reduo do poder de compra de alguns clientes e a expanso

    deste sector nos ltimos anos os seus rendimentos decresceram drasticamente.

    Estas constataes so confirmadas atravs do inqurito feito pelo INE em 2006, em

    que os clientes tm a tendncia de decrescerem em 50%17

    , e consequentemente os seus

    lucros tem decrescido tambm em 54%18

    .

    16

    Ver grfico 2 no anexo A 17

    Ver grfco 1 no anexo A 18

    Ver grfico 3 no anexo A

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 34

    Constatou se que com a aplicao do ISPC em 2009 migraram para este sistema 486

    contribuintes e no ano seguinte migraram 425 contribuintes. Entretanto, para o ano 2009

    foram registados 9.040 contribuintes e cobrada uma receita no valor 2,1 milhes de

    meticais. No ano de 2010 foram registados 33.130 contribuintes e cobrada a receita de

    23,6 milhes de meticais. E no ano de 2011 foram registados 46.341 contribuintes e

    cobrada a receita de 48,1 milhes de meticais. O nmero de contribuintes e o valor

    cobrado o total de todas as regies do pas, e nota-se que a maioria dos contribuintes

    prefere o modelo de pagamento de 3% em relao ao pagamento de 75.000 Mt.19

    Alguns dos operadores econmicos informais preferem o modelo de pagamento de 3%,

    por um lado por ser trimestral o valor a pagar e por outro lado, por pensar que ao pagar

    trimestralmente nunca vo chegar ao valor anual de 75.000 Mt, porm podem at

    ultrapassar esse valor.

    Para melhor apuramento de um imposto necessrio que exista um documento de

    suporte que a factura de compra e venda, acompanhado de um registo em cada

    transaco, mas a Administrao no dispe de capital humano e financeiro para o

    redimensionamento das reas fiscais para um controlo mais eficiente aos contribuintes

    que violam as leis, facilitando a fuga ao fisco.

    b) Funcionamento e caractersticas do Sector Informal atravs do Estudo de

    Caso

    i. Gnero e Mdia de Idade

    O intervalo de idade dos inquiridos dentro dos mercados analisados est entre 18 aos

    47 anos de idade. Constata-se que em alguns mercados mais de 50% so mulheres

    vocacionadas venda de alimentos j confeccionados, com excepo do mercado

    Estrela e Xiquelene. Nestes mercados, predomina maioritariamente operadores

    econmicos informais jovens do sexo masculino vocacionados a venda de

    acessrios de carro, material de construo e alguns electrodomsticos que por vezes

    19

    Relatrio da AT em relao ao ISPC

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 35

    so contrabandeados, e que est fora do controlo fiscal. Entretanto, no mercado

    grossista do Zimpeto, os vendedores do sexo masculino esto ligados a venda de

    bens alimentares usando os seus camies para transporte e como banca para venda

    dos seus produtos.

    Grfico 1 Gnero

    ii. Nvel de Escolaridade

    A maior parte dos operadores informais, em particular na cidade de Maputo possui

    um nvel de escolaridade primrio e sem nenhuma formao profissional, embora

    existam alguns que esto a fazer o ensino secundrio geral e com intenes de um

    dia possurem uma formao profissional.

    iii. Motivaes na actividade

    Dos 89 inquiridos em alguns mercados na cidade de Maputo, alegam que

    desenvolvem este negcio para garantir o sustento deles e das suas famlias. Muitos

    dos operadores informais so chefes de famlia e no tm emprego no mercado

    formal. Sendo esta actividade praticada maioritariamente por mulheres, algumas

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 36

    delas so vivas ou separadas e as outras fazem-no para reforar a renda familiar

    para uma melhor estabilidade na famlia.

    iv. Concesso de crditos

    Para este sector a concesso de crdito o maior problema para o incremento dos

    seus negcios. Este grupo tem enfrentado muitas dificuldades na sua insero no

    mercado, isto por falta de capital inicial, e muitas vezes recorrem mais a

    emprstimos familiares ou entre os prprios vendedores com base nas boas relaes

    existentes. Isto porque, este sector no tem garantias reais para contrapartida o que

    lhes dificulta a concesso de crditos por parte das instituies financeiras.

    v. Provenincia das mercadorias

    Em alguns mercados no foi possvel ter a informao relativa a provenincia das

    suas mercadorias, assim como o volume mdio de vendas mensais realizadas, com

    vista a apurar o nvel de exigibilidade do imposto, a maioria afirmou que esta

    matria cabia ao seu patro, alegando que eles eram somente trabalhadores e terem

    medo de sofrerem sanes, como foi o caso do mercado Xiquelene. Nos restantes

    mercados, os vendedores informais responderam que algumas mercadorias

    adquirem no mercado interno, em algumas Ferragens, Armazns de Maputo e com

    algumas senhoras vulgarmente conhecidas como Mukheristas, e em alguns distritos

    nomeadamente: Boane, Chokw, Moamba, Catuane, Albazine e Matutuine como

    caso das mercadorias do mercado Zimpeto. No mercado externo adquirem na frica

    do Sul e na Suazi, e que pagam os impostos cobrados nestas fronteiras, que varia de

    acordo com a quantidade e o tipo de mercadoria importada.

    Nota-se que muito destes operadores informais no emitem facturas no acto de

    compra, simplesmente fazem um pequeno registo nos seus cadernos para o seu

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 37

    devido controlo, mas alguns usam os cadernos de recibos20

    que ajuda tanto aos

    operadores como a Autoridade Tributria quando vo declarar os seus rendimentos

    nas finanas.

    vi. Taxas pagas

    Em relao as taxas afirmam que pagam uma taxa fixa que depende do tipo de

    negcio, espao que o mesmo ocupa e que podem em alguns casos pagar

    diariamente como mensalmente ao Conselho Municipal, as taxas dirias variam

    entre 3 Mt 100 Mt e as taxas mensais variam entre 200 Mt 1500 Mt. No caso da

    barraca ser alugada, paga-se uma taxa mensal ao proprietrio pelo valor do

    arrendamento do imvel que variam de 1.000 Mt 2.000 Mt.

    vii. Nvel de satisfao quanto aos impostos

    Nota-se que muito dos operadores informais pagam o imposto e as taxas sem saber

    para e porqu deste pagamento, o que faz com que estes estejam insatisfeitos com o

    facto de estarem a pagar algo que no vm qual o seu benefcio. Alis, uns pagam

    por serem condies impostas pelos mercados para continuar dentro deles, e outros

    pagam por saber realmente quais os benefcios que tem ao cumprir os seus deveres

    como cidados. Verifica-se que a maioria no paga o ISPC com excepo do

    mercado Zimpeto e Central que tem conscincia de quanto importante o

    pagamento deste imposto, no obstante aos outros mercados que alegam no ter

    condio para o pagamento do imposto e sentirem desvantagem em paga l.

    20

    Ver anexo D

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 38

    Grfico 2 Nvel de pagamento do ISPC

    viii. Dificuldades dentro dos mercados

    Na anlise feita nos mercados seleccionados, verifica-se que a maioria dos

    operadores econmicos informais operam as suas actividades em condies no

    desejveis dentro do mercado, prejudicando em grande os seus rendimentos.

    So inmeras as dificuldades que estes operadores vivem:

    Inexistncia de gua canalizada;

    Ausncia dum sistema de drenagem;

    Falta de guardas para melhor zelo das suas mercadorias;

    Falta de espao para conservao e armazenamento das mercadorias;

    Falta de condies higinicas para confeco dos alimentos.

    Algumas das condies criadas hoje em dia nos mercados, foram financiadas pelos

    comerciantes para seu melhoramento.

    Entretanto, para uma implementao do ISPC eficaz h que comear por avaliar as

    infra-estruturas existentes nos mercados neste caso, e conclui-se que melhorando as

    condies dos mercados h uma maior possibilidade de satisfazer os operadores

    econmicos informais, o que implica mudana de comportamento dos contribuintes.

    Nota-se que, a maioria dos operadores econmicos informais querem sentir se

    prestigiados e desta forma eles sentem necessidade de ajudar o pas a crescer.

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 39

    4.2. Discusso de Resultados

    Para uma aplicao do ISPC eficaz, necessrio que os operadores econmicos

    informais saibam dos seus benefcios atravs da educao fiscal e que o Estado crie

    condies para que estes continuem as suas actividades em locais fixos com melhores

    condies como forma de motiv-los a fazer parte dum sistema fiscal que lhes d maior

    segurana para o negcio por eles exercem.

    Porm existe uma necessidade de redimensionar os postos de cobrana com vista a

    encurtar a distncia entre o Contribuinte e a Direco da rea Fiscal, uma vez que estes

    acabam percorrendo longas distncias e enfrentam longas filas de espera para

    cumprimento das suas obrigaes fiscais, devendo criar melhores condies, tais como:

    Simplificao e reduo dos custos de cumprimento das obrigaes fiscais para

    os contribuintes;

    Melhorar os mecanismos de controlo e de gesto da carteira tributria por forma

    a que esteja de forma distinta o quanto o sector informal contribui;

    Alargar a base tributria, com vista a aumentar o nvel de colecta de receitas

    fiscais.

    Contudo, a baixa taxa de cumprimento fiscal no nosso pas como os dados mostram que

    59% no paga os impostos, agravada pela percepo vigente, que tanto as empresas

    como os indivduos, que o pagamento de impostos lhes traz poucas vantagens em

    termos de servios pblicos. Para alm disso, tendem a considerar que o custo da fuga

    dos impostos e o risco de serem responsabilizados so baixos, o que corri a

    legitimidade do sistema, uma vez que os contribuintes individuais e as empresas que

    pagam, os seus impostos se queixam de uma tributao injusta, quando vem outros que

    no cumprem as suas obrigaes.

    Entretanto, com base na anlise feita nos mercados escolhidos conclui-se que a maior

    parte dos operadores econmicos informais conseguem acumular rendimentos

    considerveis por forma a ajudarem no aumento de receitas do estado, porm os

    operadores econmicos tornam-se relutantes ao pagamento do imposto por vrios

    motivos, nomeadamente:

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 40

    Filas nas reas fiscais,

    Preenchimento de modelos ficais,

    Sentirem que os seus rendimentos esto a reduzir;

  • O Imposto Simplificado Para Pequenos Contribuintes no Sector Informal Sua Insero

    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 41

    V. CONCLUSES E RECOMENDAES

    5.1. Concluso

    O sector informal tem contribuindo de forma significativa em Moambique para criao

    de emprego, aliviando deste modo as famlias mais vulnerveis, porm importante que

    o Governo regule esta actividade.

    Com a anlise feita atravs do estudo de caso constatou-se que, o Sector Informal vem

    crescendo de forma desordenada, isto porque, a medida que vai operando vai

    aumentando a sua rea de servios, ampliando as instalaes mas sem perspectivas, pois

    a qualquer momento pode deixar de existir, tanto por razes legais (por determinao

    das autoridades legais competentes), como por razes meramente operacionais (o

    espao tornar se insuficiente para continuar com o negocio). Esta instabilidade faz com

    que o investimento, por exemplo na ampliao das instalaes, seja apenas para

    acomodar as necessidades do negcio sem nenhum cuidado com outros factores, como

    as exigncias ambientais, a postura camarria da zona onde se faz a obra

    (particularmente no caso das cidades) e o ordenamento territorial no geral. Porm, a

    medida que o tempo vai passando sem que haja interveno das autoridades

    competentes, os operadores vo ampliando os seus negcios e quando chegar a vez de

    serem removidos o problema poder ter contornos sociais mais graves com a

    necessidade de indemnizao dos operadores provavelmente, para alm da imagem

    desagradvel que apresenta perante os cidados que praticam esta actividade para sua

    sobrevivncia.

    O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes vem para tornar o sector informal

    pagante de um imposto contribuindo de forma significativa para as Receitas Fiscais. A

    aplicao deste imposto tem tido algumas dificuldades, particularmente na insuficincia

    recursos humanos por parte da AT para o registo dos contribuintes em diversas regies

    ainda no abrangidas, o que torna moroso o processo de arrecadao de contribuintes.

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 42

    Apesar de existir uma disparidade entre os mercados, em mdia, verifica se cerca de

    60% dos operadores econmicos informais que actuam nestes mercados da cidade de

    Maputo ainda no pagam os impostos por sentirem uma reduo nos seus lucros, o que

    dificulta o aumento das receitas ficais para o melhoramento do oramento do Estado.

    5.2. Recomendaes

    Para melhoramento das medidas de implementao do Imposto Simplificado para

    Pequenos Contribuintes, alargando deste modo a base tributria recomenda-se:

    5.2.1. Melhoria da gesto do ISPC nos operadores econmicos informais

    Harmonizao entre o CMCM e AT para melhoramento das condies de

    mercado, e consequentemente com as condies melhoradas seriam mais

    pessoas contribuindo de forma cvica e ciente dos seus deveres como cidado

    para as receitas do Estado, isto , quanto melhor as infra-estruturas melhor a

    satisfao dos contribuintes;

    Harmonizao e coordenao entre a AT e o INE para obteno de dados

    estatsticos recentes e fiveis para um maior conhecimento dos operadores

    econmicos informais pagantes deste imposto;

    Cedncia de locais fixos, especialmente concebidos para exerccio destas

    actividades mediante pagamento de uma renda subsidiada nos primeiros dois

    anos e normal nos anos subsequentes;

    Maior controlo por parte dos fiscais dos mercados quanto ao nmero de

    contribuintes dentro do mercado e se estes esto a cumprir com as suas

    obrigaes fiscais;

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    Trabalho de Licenciatura - Yara Lcia Salvador 43

    5.2.2. Sensibilizao e educao dos potenciais contribuintes no sector informal

    Aumento de campanhas educativas bem definidas e bem executadas, utilizando

    os mdias e as novas tecnologias;

    Suporte tcnico para preenchimento dos documentos no local de actividade dos

    beneficirios nas campanhas;

    Maior divulgao e educao dos potenciais contribuintes sobre o ISPC trazendo

    benefcios para cobrana de impostos, contribuindo deste modo para a

    construo de uma relao de legitimidade e confiana