TESE Maria do Carmo 2 · 2020. 1. 7. · Fundamentos: A variabilidade das arritmias ventriculares...

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MARIA DO CARMO MAIA REIS AS ARRITMIAS VENTRICULARES NÃO SÃO FENÔMENOS REPRODUTÍVEIS EM MONITORIZAÇÕES DE CURTO PRAZO Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Doutor em Ciências. São Paulo 2014

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MARIA DO CARMO MAIA REIS

AS ARRITMIAS VENTRICULARES NÃO SÃO FENÔMENOS

REPRODUTÍVEIS EM MONITORIZAÇÕES DE CURTO PRAZO

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista

de Medicina, para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

São Paulo 2014

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MARIA DO CARMO MAIA REIS

AS ARRITMIAS VENTRICULARES NÃO SÃO FENÔMENOS

REPRODUTÍVEIS EM MONITORIZAÇÕES DE CURTO PRAZO

Tese apresentada à Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista

de Medicina, para obtenção do título de

Doutor em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Bráulio Luna Filho

São Paulo 2014

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Reis, Maria do Carmo Maia As Arritmias Ventriculares Não São Fenômenos Reprodutíveis em Monitorizações de Curto Prazo - São Paulo 2014. f.117 Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós–Graduação em Cardiologia. Título em Inglês: Ventricular arrhythmias are not a short-term reproducible phenomenon. 1. Arritmias ventriculares. 2. Monitorização ambulatorial pelo sistema Holter. 3. Teoria do Caos. 4. Método de Hurst

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CARDIOLOGIA

Chefe do Departamento de Medicina: Profa. Dra. Maria Teresa Zanella Chefe da Disciplina de Cardiologia: Prof. Dr. Ângelo Amato Vincenzo de Paola Chefe do Curso de Pós-graduação: Prof. Dr. Valdir Ambrósio Moisés

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MARIA DO CARMO MAIA REIS

AS ARRITMIAS VENTRICULARES NÃO SÃO FENÔMENOS

REPRODUTÍVEIS EM MONITORIZAÇÕES DE CURTO PRAZO

PRESIDENTE DA BANCA: Prof. Dr. Bráulio Luna Filho

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Celso Ferreira

Prof. Dr. Márcio Jansen de O. Figueiredo

Prof. Dr. Moacir Fernandes de Godoy

Prof. Dr. Paulo de Tarso Jorge Medeiros

SUPLENTES

Prof. Dr. João Aparecido Pimenta de Almeida

Prof. Dr. Rui Manoel dos Santos Póvoa

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DEDICATÓRIA

À minha família, porto seguro de todas as horas, dos momentos felizes e

inesquecíveis que compartilhamos e que estarão para sempre guardados em meu

coração.

Ao meu pai Mário Jurandyr Reis e minha mãe Cleonice Maia Reis,

exemplos de pais dedicados e amorosos, que me ensinaram os principais valores

inestimáveis à minha formação como ser humano, como honestidade, perseverança,

solidariedade e senso crítico. Com eles aprendi que tudo pode ser alcançado

através do esforço pessoal, e que, nos momentos de maior adversidade, devemos

ter fé e confiança de que nenhuma tormenta é eterna e nenhum obstáculo é

intransponível.

Aos meus irmãos Mário e Marcelo por grande parte desses momentos felizes

e inesquecíveis que vivemos em família, por sempre estarem dispostos a me ajudar

e incentivar.

À minha sobrinha Karoline que Deus colocou como um presente para nós.

À minha cunhada Tâmara, pela sua dedicação incondicional à nossa família.

Ao meu companheiro de todas as horas, Alexandre Exposto. Deus colocou

você na minha vida como uma surpresa maravilhosa, pela qual agradeço todos os

dias. Obrigada pelo incentivo, paciência e dedicação com a qual você contribuiu

para a realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Ao Prof. Dr. Bráulio Luna Filho por sua dedicação ímpar como

orientador, o que tornou possível a realização deste trabalho. Ao senhor, tudo devo.

Agradeço imensamente o privilégio e a oportunidade de aprender e evoluir a cada

dia com a sua sabedoria, experiência, paciência e senso crítico. Еυ posso dizer qυе

а minha formação, inclusive como profissional médico, nãо teria sido а mesma sеm

а sυа orientação.

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AGRADECIMENTOS

À UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP pela

oportunidade de realizar a minha formação como cardiologista nesta instituição e por

ter acolhido a proposta para realização desta tese.

Ao orientador, Prof. Dr. Bráulio Luna Filho, Livre Docente da Disciplina de

Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo.

Ao Prof. Dr. Ângelo Amato Vincenzo de Paola, chefe da Disciplina de

Cardiologia da UNIFESP, pela dedicação, paciência e incentivo aos Pós-

Graduandos do setor de arritmias, sempre conduzindo com sabedoria a formação de

novos discípulos ao mundo da ciência. Obrigada pelo meu aprendizado no Setor de

Eletrofisiologia Clínica.

Ao Prof. Dr. Valdir Ambrósio Moisés, Coordenador do Curso de Pós-

Graduação da UNIFESP.

Aos membros da Banca de Qualificação, Prof. Dr. Celso Ferreira, Prof. Dr.

Cláudio Cirenza e Prof. Dr. Dirceu Rodrigues de Almeida pela análise crítica,

essencial para a melhoria e conclusão desta tese.

À minha grande companheira de trabalho, a Estaticista Nancy Christiane

Ferreira Silva, amiga de fé, que triha junto comigo essa longa caminhada da

formação científica e compartilha a conclusão desta tese.

Às Secretárias do Setor de Eletrofisiologia Clínica, Gersina, Floriceia e Zélia,

que foram sempre muito solícitas com os Pós-Graduandos e dedicadas ao setor.

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Às Secretárias do Setor de ECG, Eliane, Eleonora e Neide sempre gentis,

pacientes e também muito dedicadas ao próximo.

À Secretária da Pós-Graduação Maria Cristina de Almeida pela

competência, paciência, disponibilidade e orientação.

À Cardios sistemas pela elaboração do Software que resgistrou em tempo

real as arritmias pelo sistema Holter, o que tornou possível a análise dos dados pelo

Método de Hurst.

A todos os Pacientes do Hospital São Paulo, especialmente aqueles do

ambulatório de Arritmias cardíacas que participaram desse estudo. São vocês,

verdadeiramente, a maior razão da nossa dedicação como seres humanos, médicos

e pesquisadores. Sem vocês, toda a nossa trajetória em busca do saber como

instrumento de doação ao próximo seria inútil.

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SUMÁRIO

Dedicatória....................................................................................................................v

Agradecimento Especial..............................................................................................vi

Agradecimentos.........................................................................................................viii

Lista de Gráficos...........................................................................................................x

Lista de Tabelas...........................................................................................................xi

Lista de Abreviaturas..................................................................................................xii

RESUMO ...................................................................................................................xiii

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1

1.1 Objetivos ................................................................................................................7

2 CASUÍSTICA E MÉTODOS .....................................................................................8

2.1 O Método de Análise R/S.......................................................................................9

2.2 Detalhamentos da Análise R/S.............................................................................10

2.3 ANOVA de Repetição ..........................................................................................12

3 RESULTADOS ALCANÇADOS ............................................................................13

4 DISCUSSÃO ..........................................................................................................23

5 CONCLUSÃO.........................................................................................................30

6 ANEXOS ................................................................................................................31

6.1 Concepção do Método de Hurst ..........................................................................31

6.2 Gráficos – Séries Originais dos Pacientes Analisados.........................................34

6.3 Parecer do Comitê de Ética Médica.....................................................................85

6.4 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................................86

6.5 Artigo Aceito para Publicação Internacional.........................................................88

7 REFERÊNCIAS.....................................................................................................111

Abstract

ix

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico I. Distribuição das Extrassístoles Ventriculares (EV) Pareadas, acumuladas

por horas, durante a monitorização pelo Holter de 98 horas do paciente n° 33........15

Gráfico II. Distribuição das Extrassístoles Ventriculares (EV) Isoladas, acumuladas

por horas, durante a monitorização pelo Holter de 98 horas. do paciente n° 33.......15

Gráfico III. Coeficiente de Hurst Médio por Paciente – Extrassístoles

Ventriculares Pareadas..............................................................................................16

Gráfico IV. Coeficiente de Hurst Médio por Paciente – Extrassístoles Ventriculares

Isoladas......................................................................................................................16

Gráfico V. Análise estatística pelo número de eventos arrítmicos durante os sete

dias de monitorização (ANOVA).................................................................................17

Gráfico VI. Análise dos eventos arrítmicos por nível de significância entre os

pacientes com diferenças durante os sete dias da monitorização pelo Holter

(ANOVA).....................................................................................................................17

x

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Ex. Dados de Extrassístoles Acumuladas por Hora do paciente n 01....18

Tabela 2. Ex. de Tabulação de Ocorrências em Tempo Real – Extrassístoles

Pareadas do paciente 02. .........................................................................................18

Tabela 3. Características Clínicas e Demográficas dos Pacientes ........................19

Tabela 4. Expoente de Hurst por Paciente: Extrassístoles Ventriculares Pareadas..

...................................................................................................................................20

Tabela 5. Expoente de Hurst por Paciente: Extrassístoles Ventriculares

isoladas......................................................................................................................21

Tabela 6. Frequência dos eventos arrítmicos em 34 pacientes com análise

estatística para 7 dias de monitorização pelo Sistema Holter

...................................................................................................................................22

xi

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LISTA DE ABREVIATURAS AV Arritmias ventriculares ANOVA Análise de Variância para medidas repetitivas BCRD Bloqueio Completo do Ramo Direito BCRE Bloqueio Completo do Ramo Esquerdo DCRD Distúrbio de Condução do Ramo Direito. DP Desvio-padrão ECG Eletrocardiograma EVs Extrassístoles ventriculares EVI Extrassístoles ventriculares isoladas EVP Extrassístoles ventriculares pareadas FC Frequência cardíaca FE Fração de ejeção do ventrículo esquerdo H Expoente H h Horas min Minutos Ptes Pacientes seg Segundos TVNS Taquicardia ventricular não sustentada ZI Zona Inativa

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RESUMO

Fundamentos: A variabilidade das arritmias ventriculares (AV) entre os diferentes dias da semana não é detectada pelo exame de Holter. Objetivos: Analisar a dinâmica temporal das arritmias ventriculares entre vários dias através de coleta fragmentada, com o intuito de se de observar se há um padrão de ocorrência que possa caracterizar um comportamento persistente ou efeito de memória de longo prazo. E, ainda, comparar os vários dias de monitorização para se avaliar se há diferença na frequência e padrão de distribuição das AV em longo período de gravação. Método: Foram realizadas gravações individuais de 14 horas diárias, das 8-22h, por 07 dias consecutivos, de segunda a domingo. O estudo do comportamento das arritmias ao longo de sete dias forneceu a construção de dados em forma de gráficos e tabelas, das extrassístoles (EVs) isoladas, pareadas e taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) acumuladas por hora, de cada paciente, para cada dia, totalizando 98 horas individuais de gravação. Para análise das diferenças entre os dias de monitorização, as 14h diárias foram comparadas entre si, consecutivamente, até o sétimo dia. Análise estatística: Os dados foram analisados através do Método de Hurst (Expoente H), empregado para o estudo de séries temporais com o intuito de provar se um fenômeno é aleatório ou não. Quando o H > 0,5 e ≤ 1 implica em um fenômeno não randômico e demonstra um efeito de memória de longo prazo. Considerando a variabilidade das arritmias, e, comparando a sua incidência entre os vários dias da semana, os dados também foram submetidos à ANOVA de repetição. Resultados: Gravações de Holter diárias em 34 indivíduos, idade média 60 ± 9 anos, 58,8% de homens. A análise revelou que o Expoente H foi significativamente > 0,5 em todos os 34 pacientes. ANOVA mostrou diferença na frequência e padrão de manifestação das EV isoladas (n =31, p <0,05), EV pareadas (n= 26, P < 0,05) e TVNS (n=19, p < 0,05). Conclusão: As arritmias cardíacas não são um fenômeno aleatório, mas sim, expressão de persistência de memória de longo prazo das células cardíacas. A ocorrência das arritmias ventriculares não apresentou similaridade entre os dias no período analisado. Detectaram-se, alternativamente, amplas variações de frequência e tipo de arritmias, tornando improvável que gravação de Holter de 24 h possa captar esse tipo de fenômeno. Palavras-chave: Arritmias ventriculares, Análise temporal das arritmias ventriculares, Monitorização Ambulatorial pelo Sistema Holter, Método de Hurst.

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1 INTRODUÇÃO

A estratificação de risco das arritmias cardíacas ainda representa um grande

desafio na prática clínica. Apesar do relevante impacto ocasionado pela introdução

de técnicas não invasivas na identificação de indivíduos com pior prognóstico, a

morte por arritmias fatais permanece como um dos maiores problemas de saúde

pública mundial (Anastasiou-Nana , 1998 e 2001; Bigger, 1996).

Atualmente, ainda há grande dificuldade em se obter métodos para avaliação

de risco que tenham elevado valor preditivo positivo, visto que 50% desses

indivíduos têm morte inesperada. Para aumentar ainda mais a complexidade da

questão, inúmeros fatores contribuem para um substrato arritmogênico maligno por

desordens isquêmicas, metabólicas, canaliculares e autonômicas. Mesmo com o

grande arsenal disponível, nenhuma técnica individualmente apresenta sensibilidade

ou especificidade suficiente para definir com precisão o risco para eventos maiores.

Sendo, então, muitas vezes necessário um conjunto de técnicas invasivas e não

invasivas para elucidação dos casos (Bayes de Luna et al., 1993; Dimarco et

al.,1990).

Nesse contexto a monitorização ambulatorial do eletrocardiograma pelo

sistema Holter, há mais de 40 anos, é amplamente utilizada como instrumento eficaz

de diagnóstico e seguimento desses indivíduos. Normalmente, é realizada através

de gravação única de 24 horas, que permite documentar, quantificar e associar a

presença de eventos e sintomas, além de analisar a eficácia de dispositivos

implantáveis e de drogas antiarrítmicas (Brugada et al., 1989; DiMarco, 1990; Holter,

1961).

Durante muitos anos, o parâmetro mais utilizado para determinar a eficácia da

supressão das arritmias ventriculares pelo sistema Holter foi a redução quantitativa

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desses eventos para determinado nível específico. Por exemplo, redução de cerca

de 75% das formas isoladas e 90 % das taquicardias ventriculares (Kortas, 1993;

Morganroth, 1984).

Vários estudos foram publicados em diferentes populações demonstrando

relação direta entre a presença de arritmias complexas e morte súbita. Por exemplo,

em população portadora de doença coronariana que apresentava frequência de

extrassístoles ventriculares superior a 10 batimentos prematuros por hora e arritmias

ventriculares complexas foram relatadas associações com incremento no risco de

morte súbita (Bayes de Luna et al., 1989; Bigger, 1996; Mukharji, 1984).

No estudo MILIS (Multicenter Investigation of Infarct Size) que abrangeu 533

indivíduos em seguimento de 18 meses, a presença de complexos ventriculares

prematuros, taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) e disfunção ventricular

esquerda identificou uma incidência total de morte súbita de 5,4%, sendo que 79%

sucederam até o sétimo mês de seguimento (Mukharj et al., 1984).

A presença de taquicardia ventricular nas primeiras horas após o infarto do

miocárdio, também, estaria associada a um risco significante de morte. Todavia, os

estudos com monitorização pelo sistema Holter mostraram que menos de 10%

desses indivíduos morriam subitamente. O baixo valor preditivo positivo desse

achado levaria à necessidade de combinação com outras variáveis de risco (Bigger,

1996).

Já nos indivíduos portadores de miocardiopatia dilatada, TVNS era achado

comum (19 a 48%) e a relação entre a incidência desses complexos prematuros e

morte súbita mostrava-se controversa. Dois estudos clássicos dessa época

apresentaram resultados conflitantes. O primeiro, GESICA, que abrangeu 516

pacientes com disfunção ventricular severa (média de fração de ejeção 19% com 20

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% de pacientes não isquêmicos) mostrou a presença de TVNS como fator

independente de risco de morte súbita. Este resultado foi oposto ao observado no

estudo The Veterans Administration Trial (Doval et al., 1994; Singh et al., 1993).

Diante da controvérsia dos resultados em diferentes populações, o sistema

Holter passou a ser instrumento fundamental no seguimento de amostras tão

heterogêneas (Bayes de Luna et al.,1989; Buckles et al., 2004; Dimarco et al., 1990;

Kennedy et al., 1978).

A partir da década de 90, alguns autores evidenciaram que o registro desses

fenômenos por períodos mais prolongados de gravação, entre dias, não era linear

ou constante, e sim que havia ampla variabilidade espontânea cujo comportamento

imprevisível ainda permanecia pouco explorado. Essa variabilidade ocorria no

mesmo indivíduo até mesmo entre curtos intervalos de horas (Anderson et al., 1990;

Anastasiou-Nana et al.,1988, Kennedy et al., 1978).

Isso demandaria a criação de uma nova tecnologia de coleta de dados, com o

intuito de melhorar a acurácia da análise desses fenômenos, através da

monitorização das arritmias cardíacas por longos períodos de gravação (Michelson,

1980; Morganroth, 1984).

Recentemente, a evolução tecnológica pelos sistemas de telemetria

possibilitou o uso de gravadores digitais que utilizam cartões de memória, coletando

dados continuamente por períodos variáveis, superiores a uma semana, e que

podem ser transmitidos via internet em tempo real. Tal tecnologia representa uma

grande evolução na coleta e diagnóstico, principalmente, nos pacientes com

episódios infrequentes de arritmias, mas sintomáticos. Esses pacientes não

raramente apresentam morte súbita por arritmias malignas que não foram

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detectadas pelo exame de Holter tradicional de 24 horas (Rothman, 2007; Wood

1995; Zimetbaum et al., 2010).

Portanto, a pergunta que se impõe é: até que ponto um sistema de gravação

única de 24h é suficiente para analisar esses fenômenos arrítmicos em populações

tão heterogêneas? (Winkle, 1978; Wood, 1995; Zimetbaum et al., 2010).

Ao se desprezar a mutabilidade desse fenômeno entre os vários dias de

monitorização, adota-se uma abordagem mecanicista já que desse ponto de vista

seu comportamento é considerado linear, porquanto não sofreria variações ao longo

do tempo.

A monitorização tradicional de 24 horas pode não captar determinados

episódios de arritmias de alta malignidade. Por isso, a coleta de dados de

monitorização por longos períodos representa um método alternativo na melhoria da

detecção dessas variáveis, quando comparado com análise única de 24 horas (Stein

et al., 1995; Toivonen, 1987; Vlay, 1990).

Esse problema persiste até os dias atuais porque o comportamento das

arritmias entre os vários dias da semana permanece não sendo avaliado pelo exame

de Holter tradicional de 24 horas (Michelson et al., 1980; Schmidt et al., 1998;

Toivonen, 1987; Zimetbaum, 2010).

Na natureza, a maioria dos sistemas biológicos tem comportamento não

linear. Nesse sentido, ao se analisar o organismo humano como um sistema

composto de várias partes em interação, conclui-se que esse também representa

um sistema complexo cuja harmonia depende da integridade de todas as partes. O

comportamento de sistemas complexos pode ser parcialmente explicado por outros

princípios matemáticos que lidam com eventos não lineares (Godoy, 2003).

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Esse raciocínio obedece ao que se denomina de Teoria do Caos que tenta

provar que um sistema aparentemente aleatório, em contraposição ao que o

conceito mais tradicional imaginava, tem características de ordem e previsibilidade -

a ordem dentro da aparente desordem. O estudo de sistemas biológicos

complexos tem contribuído para o melhor entendimento de vários fenômenos,

inclusive, aqueles relacionados às bases celulares e moleculares dos eventos

arrítmicos (Liebovich et al., 1999; Nóbrega, 1998; Pallikari, 1999; Paiva, 2001;

Plsek, 2001).

Existe uma clara diferença entre um fenômeno randômico e um caótico. O

primeiro, por definição, mostra-se totalmente imprevisível enquanto que no segundo,

observa-se um determinismo que implica em certa ordem do processo. Os sistemas

biológicos muitas vezes têm qualidade de auto-similaridade em que certos padrões

se repetem em diferentes escalas de espaço e tempo (Godoy, 2003).

Uma das características mais marcantes dos sistemas caóticos é a sensível

dependência das condições iniciais, onde pequenas perturbações nessa fase podem

levar a resultados totalmente diferentes no longo prazo, metáfora conhecida como

“Efeito Borboleta”, segundo a qual o bater de asas de uma borboleta no Brasil

poderia desencadear uma sequência de fenômenos meteorológicos que

provocariam um tornado no Texas.

Um dos modelos proposto ao estudo de sistemas biológicos complexos

ligados à Teoria do Caos é a análise R/S, método desenvolvido pelo Hidrologista

britânico Harnold Edwin Hurst (Hurst, 1951). Ele tem sido utilizado em outras áreas

para o estudo de fenômenos não lineares.

Este modelo tem como objetivo provar que um fenômeno, a pesar de

aparentemente se comportar de maneira aleatória e sem possibilidade de previsão

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quanto a sua periodicidade, poderia apresentar certa persistência ou dependência

de longa duração. Isso faria supor que em algum momento no futuro aquele

fenômeno se repetiria, não ao acaso, mas dentro de certo ciclo. No entanto, isso

ocorreria sem periodicidade definida, simulando uma memória de longo prazo.

Assim, o método de Hurst seria útil em caracterizar a memória de longo prazo em

séries temporais (Hurst, 1951).

Em seu trabalho de análise de coleta de dados por longos períodos, o referido

autor provou a existência de ciclos não periódicos ao longo do tempo e conseguiu

detectar um evento “persistente” (ou evento de “memória longa”) presente nessa

série temporal. Hurst estudou a periodicidade das enchentes do rio Nilo durante 847

anos. Concluindo, assim, que haveria a possibilidade de previsibilidade dos mesmos

(Hurst, 1951).

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1.2 Objetivos

1. Analisar a dinâmica temporal das arritmias ventriculares entre vários dias,

com intuito de observar se há um padrão de ocorrência que possa caracterizar um

comportamento persistente ou efeito de memória de longo prazo.

2. Também analisaremos, na comparação entre os vários dias de

monitorização, se os fenômenos arrítmicos do tipo extrassístole ventricular isolada,

acopladas e taquicardia ventricular são reprodutíveis.

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2 Casuística e Método

Metodologia de Coleta de Dados

Quarenta pacientes foram selecionados, consecutivamente, pela

monitorização ambulatorial pelo sistema Holter de 24 horas, realizada no

ambulatório de Arritmias Cardíacas da Universidade Federal de São Paulo. Todos

assinaram o consentimento informado do estudo aprovado pelo comitê de ética.

Critérios de inclusão:

Foram elegíveis para esse estudo pacientes que apresentavam ao Holter de

24 horas EVs isoladas, pareadas e TVNS.

Critérios de exclusão:

Foram excluídos pacientes que: estivessem em uso de drogas antiarrítmicas,

incluindo betabloqueadores; interferência elétrica no traçado superior a 5%; sinais

clínicos de insuficiência cardíaca; uso de dispositivos implantáveis (marcapasso e

cardiodesfibriladores).

Para a realização desse estudo, os gravadores eram instalados às segundas-

feiras e retirados nos domingos. Dessa maneira, cada indivíduo era submetido às 14

horas diárias de gravações, que se iniciavam às 08 horas e eram interrompidas às

22h para descanso da pele até o dia seguinte. Foram utilizados gravadores

analógicos que registraram na fita o sinal eletrocardiográfico de três canais.

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A análise do comportamento das arritmias ao longo de sete dias forneceu a

construção de dados em forma de gráficos e tabelas das extrassístoles ventriculares

isoladas (EVI), pareadas (EVP) e taquicardia ventricular não sustentada (TVNS)

acumulada por hora. As informações foram separadas por paciente, em banco de

dados, o que possibilitou a obtenção dos gráficos das séries individuais. Assim, cada

paciente realizou 98 horas de gravação no total. A monitorização pelo sistema Holter

registrou o número acumulado por hora das arritmias supracitadas, como observado

nos gráficos 1 e 2.

Foi desenvolvido um programa de análise computadorizada, especialmente,

para o registro do evento arrítmico no momento exato de sua ocorrência. Por

exemplo: EVP foi registrada às 15h: 30min: 26 s para que a metodologia de coleta

fragmentada fosse passível de interpretação – Cardios sistemas sofware. Ver Tabela

1 e 2.

A partir desses dados, utilizou-se de ferramenta estatística, considerando a

hipótese das arritmias serem um fenômeno repetitivo, subordinado às causas de

ordem temporal recente ou tardia. Nesse contexto, foi utilizado o método de Hurst.

Este método já era empregado em outras áreas que lidam com fenômenos não

lineares (Hurst, 1951).

O método em questão baseia-se na média, desvio-padrão e escala de

determinados intervalos de dados não sobrepostos, ao longo da série temporal. O

resultado final é um número associado à série, o Expoente de Hurst (H). A

concepção do método de Análise R/S está explicitada no Anexo 6.1.

2.1 O Método de Análise R/S – Rescaled Range

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10

A Análise R/S (Rescaled Range), Intervalo Reescalonado, surgiu em 1951

como resultados dos estudos no Nile River Dam Project. Esse método distingue

séries temporais aleatórias de séries temporais fractais e foi apresentado no artigo:

“The Long-Term Storage Capacity of Reservoirs” (Hurst , 1951).

A questão crucial do estudo de Hurst era decifrar o comportamento das

enchentes do Rio Nilo que apresentavam médias dos volumes de enchentes

crescentes. Ou seja, a média do volume de cada enchente seguinte era maior que

as anteriores. Inesperadamente, o processo mudava para enchentes abaixo da

média que eram sucedidas, também, por enchentes cada vez menores. Resumindo,

as informações pareciam estar em ciclos, mas seu comprimento não era periódico.

Interpretação para o Expoente de Hurst (H).

De acordo com as simulações efetuadas por Hurst, H é igual a 0,50 quando

um sistema é, independentemente, distribuído em relação a intervalos de tempo não

sobrepostos. Para o Rio Nilo, foi encontrado H= 0,91. A partir dessa informação,

observou-se que de alguma forma as enchentes anuais do Rio Nilo tinham que estar

correlacionadas, uma vez que a Rescaled Range estava aumentando. Após

desenvolvimento de método de simulação que confirmou seus achados, propôs a

seguinte interpretação do Expoente de Hurst (H) em termos de aleatoriedade e

persistência:

� 0,50 <<<< H ≤≤≤≤ 1 implica em uma série temporal persistente, características dos efeitos

de memória longa, e que ocorre quando todas as mudanças diárias são

correlacionadas com mudanças diárias futuras, e todas as mudanças semanais são

correlacionadas com mudanças semanais futuras. Teoricamente, o que acontece

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11

hoje influencia o futuro para sempre. Em termos de dinâmica caótica, há uma

dependência sensível das circunstâncias iniciais.

� 0 ≤≤≤≤ H <<<< 0,50 significa antipersistência. Isso significa que o sistema tem uma média

estável.

2.2 Detalhamentos da Análise R/S para Séries Temporais de Arritmias

Cardíacas

Observando as séries temporais de arritmia cardíaca pudemos reconhecer a

semelhança com os padrões das séries descritas por Hurst. Guardadas as devidas

proporções e considerando as particularidades de cada estudo, a Análise R/S foi

aplicada para determinar o Expoente de Hurst nas séries, de acordo com a

sequência descrita a seguir:

1. Estabelecemos a série temporal de amplitude N (número de eventos) construída a

partir dos intervalos em segundos das ocorrências de extrassístoles pareadas e

isoladas. Dividimos esse período de tempo em subperíodos A (blocos, fatias)

contínuos de amplitude n (n representa o número de ocorrências em cada bloco).

Dessa maneira, A*n=N. Chamamos cada subperíodo de Ia, sendo a=1,2,3...,A. Cada

elemento em Ia é denominado Nk,a, para k=1,2,3...,n. Para cada Ia de amplitude n, o

valor médio é definido por:

=

=

n

k

akaNne

1

,*)/1(

onde ea é o valor médio dos Ni contidos no subperíodo Ia de amplitude n.

A série temporal de desvios em relação à média acumulada (Xk,a), para cada

subperíodo Ia é definida por:

nkeNX

k

i

aaiak,...,3,2,1,)(

1

,, =−=∑=

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1) A escala (range) é definida como o valor máximo menos o valor mínimo de

Xk,a, dentro de cada subperíodo Ia:

)min()max( ,, akakIXXR

a

−= , onde 1 ≤ k ≤ n.

2) O desvio-padrão da amostra calculado para cada subperíodo Ia é:

=

−=

n

k

aakIeNnS

a

1

50,02

, ))(*)/1((

3) Cada escala RIa é normalizada, dividindo-se pelo SIa correspondente.

Conseqüentemente, o "intervalo reescalonado" para cada subperíodo de Ia é

igual a RIa/SIa. Na etapa 1 acima, tivemos subperíodos contíguos de A de amplitude

n. Conseqüentemente, o valor médio de R/S, para a amplitude n, é definido por:

=

=

A

a

IIn aa

SRASR

1

)/(*)/1()/(

4) A amplitude n é incrementada ao valor seguinte mais elevado, onde N/n é um

valor inteiro. Usamos os valores de n que incluem os pontos de começo e fim da

série temporal e as etapas de 1 a 5 são repetidas até n= N/2. Aplicamos as

equações A e B, apresentadas a seguir, executando uma regressão linear simples

para log2(n) como a variável independente e o log2(Rn/Sn) como a variável

dependente. O intercepto é a estimativa para o log(c) (a constante). A inclinação da

equação é a estimativa de H (o Expoente de Hurst).

Equação A:

Equação B:

2 2 2log ( / ) log ( ) *log ( )n n

R S c H n= +

Os valores para o Expoente H foram obtidos através do software CDA

2.1(Chaos Data Analyzer) (19) que implementa a seqüência definida por Hurst.

H

nncSR *)/( =

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13

2.3 Análise de Variância para Medidas Repetitivas (ANOVA de Repetição)

As informações de cada paciente foram comparadas entre os vários dias da

semana via análise de variância para medidas repetidas (ANOVA de repetição).

Esse procedimento tinha o objetivo de detectar se o padrão arrítmico se comportava

de maneira estável ou não durante as 98 h de gravação. Para cada paciente o

registro de 14 horas diárias foi comparado entre si. Ou seja, 14 horas do primeiro dia

foram confrontados com os registros dos dias subsequentes até o sétimo dia.

Para ANOVA de repetição foi aplicado o software SPSS versão 19. Neste

estudo o nível de significância considerado foi de p ≤ 0,05.

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14

3 Resultados

Os 40 pacientes desse estudo tinham idades entre 25 e 68 anos, distribuídas

entre ambos os sexos. Seis foram excluídos em virtude de interferência elétrica no

traçado eletrocardiográfico, permanecendo elegíveis para análise 34 indivíduos.

Nenhum fazia uso de drogas antiarrítmicas Os dados demográficos da amostra

estão resumidos na Tabela 3. A maioria dos pacientes era hipertenso, coronariopata

e apresentava fração de ejeção média de 0,60 (DP±0,15), variando entre 0,35 a

0,70. Destaca-se que todos foram encaminhados para avaliação porque

apresentavam palpitações e arritmias no Holter de 24h. Esses pacientes

encontravam-se clinicamente estáveis e sem manifestações clínicas de falência

cardíaca. Quinze indivíduos estavam em uso de inibidores da Eca, 08 em uso de

diuréticos e 06 em uso de bloqueadores de canais de cálcio. O nível médio de

potássio era de 4,2 mEq/L.

As extrassístoles ventriculares nas formas pareadas e nas isoladas foram

analisadas durante 7 dias, construindo-se gráficos individuais com um total de 98

horas de gravação para cada paciente. De acordo com a ferramenta estatística

utilizada, obtiveram-se as médias diárias (tabelas 4 e 5) e semanais do Expoente de

Hurst (gráficos 3 e 4).

Inicialmente, ao analisar os gráficos individualmente, os dados mostraram

uma curva de ocorrências que sugeriam que as EVs isoladas, pareadas e TVNS

tinham padrão temporal repetitivo, o que poderiam indicar uma distribuição aleatória.

Todavia, como será demonstrado, isso não era verdadeiro. Exemplos de distribuição

de extrassístoles ventriculares por hora, durante a monitorização Holter de mais de

98 horas, a partir de um paciente, são apresentados nos gráficos 1 e 2.

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15

O Expoente H analisado ao longo de 07 dias tanto nas formas ventriculares

isoladas quanto pareadas de todos os 34 pacientes foi significativamente > 0,5. Ou

seja, houve padrão de persistência ou dependência de longa duração nos dados

analisados. Gráficos 3 e 4.

A observância dos dados mostrou características similares às séries

estudadas por Hurst: recorrência de episódios sem periodicidade definida, indicando

estar em ciclos, mas sem evidenciar períodos.

Os dados também foram analisados considerando-se somente a fração de

ejeção (FE). Dez pacientes apresentavam FE < 50 e 24 FE > 50. Os resultados

mostraram um H médio superior a 0,50, independente do grau de disfunção

ventricular. Dessa maneira, nos paciente com FE < 50%, o H médio foi de 0,71.

Comportamento semelhante foi observado quando a FE foi maior do que 50% (H

médio de 0,70).

A ANOVA para medidas repetitivas foi estatisticamente significante entre os

diferentes dias em 31 pacientes com EVI; em 26 pacientes com EVP e 19 com

TVNS, o que significa que o comportamento dessas arritmias não foi semelhante

entre os vários dias, como visto na tabela 6 e gráfico 5.

No Gráfico 6 as frequências das EVI, EVP e TVNS foram classificadas para

diferentes níveis de significância. Dos 31 pacientes com resultados significantes

para as formas isoladas de EV, 19 apresentaram p< 0,01; 11 p< 0,02 e 05 pacientes

tiveram p< 0,05. Resultados similares foram encontrados para as formas pareadas e

TVNS. Os casos com comportamentos não significantes foram excluídos desse

gráfico: 3 relacionados com EVI; 8 com EVP e 15 para TVNS.

De acordo com o nível de significância entre os diversos pacientes, nos

diferentes dias da semana, submetidos a monitorização ambulatorial pelo sistema

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Holter, os eventos arrítmicos mostraram claramente que o padrão das ocorrências

não mostrou similaridade entre os dias da semana.

Gráfico 1. Distribuição das Extrassístoles Ventriculares (EVs) Pareadas, acumuladas por horas, durante a monitorização pelo Holter de 98 horas do paciente n° 33.

Gráfico 2. Distribuição das Extrassístoles Ventriculares (EVs) Isoladas, acumuladas por horas,

durante Holter de 98h do pte 33.

0

20

40

60

80

100

120

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 5 61 64 67 70 73 76 79 82 85 88 91 94 97

Horas Monitoradas

Extrassístoles Isoladas

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 7073 76 79 82 85 88 91 94 97

Horas Monitoradas

Ocorrências

Ocorrências

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Gráfico 3. Expoente de Hurst Médio por Paciente – Extrassístoles Ventriculares Pareadas

Todos os pacientes apresentaram Expoentes H > 0,64, expressando um padrão de persistência ou memória de

longo prazo para as Extrassístoles Ventriculares (EVs) Pareadas. Isto significa que os eventos futuros guardam

correlação com os eventos passados.

Gráfico 4. Expoente de Hurst Médio por Paciente > 0,71 – Extrassístoles Ventriculares Isoladas

(EVI). Expressando padrão de persistência ou memória de longo prazo. Isso significa que as EVI

isoladas futuras guardam correlação com as EVI futuras.

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18

31

26

19

3

8

14

Isoladas Pareadas Taquicardias*

Significância Estatística nas Ocorrências (n)

Significantes Não Significantes

Gráfico 5. Análise estatística pelo número de eventos arrítmicos durante os sete dias de

monitorização (ANOVA): demonstra que houve diferenças significativas entre os dias. As

ocorrências diárias das EVs isoladas e pareadas foram diferentes entre si, mas isso não foi

observada em relação à taquicardia, possivelmente pelo menor frequência desse último evento. *

TVNS ausente para o paciente 34.

1917

8

11

7 7

12

4

0

5

10

15

20

Isoladas Pareadas Taquicardias

Significância (n)

p<0,001 p<0,02 p<0,05

Gráfico 6. Análise dos eventos arrítmicos por nível de significância entre os pacientes (ptes)

com diferenças durante os sete dias da monitorização pelo Holter (ANOVA). Dos 31 pacientes

com significância estatística nas formas isoladas, 19 obtiveram o p<0,01; em 11 ptes o p<0,02 e em 1

pte p<0,05. Nas formas pareadas, 26 ptes obtiveram significância; 17 ptes com p<0,01; 7 ptes com

p<0,02 e 2 ptes p<0,05. Já nas taquicardias, 19 ptes apresentaram resultado significante: 8 com

p<0,01; 7 com p<0,02 e 4 com p<0,05.

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Tabela 1 – Exemplo de Dados de Extrassístoles Acumuladas por Hora do

paciente n 001.

Hora F.C. Total Ventriculares

Min Med Max QRS TV Acopl Iso Total

¦ ¦ 8 62 74 110 5591 7 59 1140 1206

¦ ¦ 9 59 68 97 4037 0 22 1480 1502

¦ ¦10 59 77 121 4583 2 23 1506 1531

¦ ¦11 60 74 114 4347 14 46 1451 1511

¦ ¦12 61 78 135 4482 19 152 557 728

¦ ¦13 60 74 150 4467 2 167 732 901

¦ ¦14 60 74 98 4467 1 256 598 855

¦ ¦15 55 67 113 4010 4 40 410 454

¦ ¦16 57 71 106 4249 4 66 469 539

¦ ¦17 62 77 108 4622 11 114 698 823

¦ ¦18 62 77 107 4670 15 187 669 871

¦ ¦19 58 74 105 4464 7 159 1226 1292

¦ ¦20 57 73 103 4350 7 70 1261 1338

¦ ¦21 63 70 88 3167 2 2 1503 1507

¦_______________________________________________________

Tabela 2 – Exemplo de Tabulação de Ocorrências em Tempo Real –

Extrassístoles Pareadas do paciente 02

08:04:36 08:31:43 09:22:58 09:45:46 10:47:47 12:03:07

08:07:08 08:35:40 09:27:10 09:47:32 10:50:25 12:08:06

08:08:43 08:45:26 09:29:35 09:50:42 11:24:02 12:09:05

08:12:02 08:52:36 09:30:29 09:54:34 11:29:17 12:09:21

08:12:32 08:53:03 09:32:22 09:55:49 11:30:19 12:15:35

08:16:15 08:58:12 09:36:28 09:56:27 11:36:44 12:17:21

08:20:25 09:17:14 09:39:45 10:13:16 11:49:23 12:20:44

08:27:11 09:18:00 09:39:49 10:24:54 11:51:20 12:21:36

08:29:12 09:18:48 09:40:28 10:26:05 11:51:58 12:26:51

08:29:19 09:22:14 09:44:37 10:28:44 12:00:29 12:31:23 Horas: Minutos:Segundos

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Tabela 3 – Características Clínicas e Demográficas dos Pacientes

Número de Pacientes 34 Idade (DP) – anos 60 (9) Sexo Masculino - no.(%) 20 (58,8) Palpitações – no.(%) 34 (100) Síncope - no. (%) 3 (8,8) Eletrocardiográficas BCRD, DCRD - no.(%) 14 (41,2) BCRE, DCRE - no.(%) 10 (29,4) ZI Antero-Septal - no.(%) 4 (11,8) ZI Inferior - no.(%) 1 (2,9) NL .(%) 5 (14,7) Frequência Cardíaca (DP) 75 (9) EcoDopplercardiograma Fração de Ejeção (DP) 0,60 (0,15)

EV=Extrassístoles Ventriculares; ZI=Zona Inativa; BCRE= Bloqueio Completo do Ramo Esquerdo;

DCRE =Distúrbio de Condução do Ramo Esquerdo; BCRD= Bloqueio Completo do Ramo Direito;

DCRD= Distúrbio de Condução do Ramo Direito. DP=Desvio-Padrão.

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Tabela 4 – Expoente de Hurst por Paciente – Extrassístoles Ventriculares

Pareadas

Código do

Paciente 1º dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 7º dia H Médio DP

P 001 0,8791 0,7880 0,6050 0,7709 0,6341 0,5724 0,5367 0,6837 0,1191

P 002 0,8241 0,8714 0,8372 0,6442 0,6629 0,5830 0,7442 0,7381 0,1025

P 003 0,5637 0,7936 0,8213 0,5559 0,8655 0,7931 0,8362 0,7471 0,1207

P 004 0,5904 0,7656 0,7786 0,5866 0,5495 0,8406 0,7008 0,6875 0,1046

P 005 0,7283 0,8309 0,7873 0,8731 0,6525 0,5242 0,8330 0,7471 0,1139

P 006 0,8198 0,5056 0,6101 0,5902 0,7783 0,5064 0,5563 0,6238 0,1171

P 007 0,6354 0,7644 0,6826 0,6597 0,5664 0,5276 0,6993 0,6479 0,0745

P 008 0,5032 0,8535 0,7455 0,8668 0,8376 0,5473 0,8692 0,7461 0,1455

P 009 0,8018 0,8093 0,6241 0,5511 0,7415 0,7340 0,5556 0,6882 0,1021

P 010 0,7232 0,7026 0,5931 0,7618 0,6108 0,5667 0,6814 0,6628 0,0678

P 011 0,7107 0,7823 0,6817 0,8784 0,8665 0,5256 0,7517 0,7424 0,1117

P 012 0,7953 0,5209 0,6800 0,6008 0,7204 0,8024 0,7285 0,6926 0,0947

P 013 0,7938 0,8454 0,6850 0,8035 0,5299 0,8095 0,7265 0,7419 0,1001

P 014 0,8791 0,7417 0,7838 0,8000 0,6916 0,6781 0,7541 0,7612 0,0634

P 015 0,8053 0,7301 0,8891 0,5993 0,7497 0,7841 0,5328 0,7272 0,1135

P 016 0,8629 0,6218 0,8266 0,5793 0,8606 0,8419 0,6768 0,7529 0,1135

P 017 0,5879 0,8203 0,7648 0,8613 0,8708 0,6537 0,7215 0,7543 0,0988

P 018 0,7200 0,6464 0,5725 0,6016 0,6186 0,6994 0,8728 0,6759 0,0939

P 019 0,6513 0,7673 0,5869 0,6224 0,6774 0,7795 0,7340 0,6884 0,0684

P 020 0,8135 0,7708 0,8696 0,6240 0,7337 0,7852 0,6763 0,7533 0,0770

P 021 0,7266 0,8892 0,6432 0,6402 0,7736 0,6416 0,8448 0,7370 0,0952

P 022 0,8683 0,5788 0,6683 0,6789 0,7203 0,5710 0,7047 0,6843 0,0925

P 023 0,8098 0,5672 0,8195 0,8246 0,7112 0,8257 0,5734 0,7331 0,1094

P 024 0,7106 0,7472 0,7249 0,6618 0,6491 0,5342 0,6893 0,6739 0,0653

P 025 0,5303 0,5533 0,7554 0,7406 0,8422 0,5256 0,8364 0,6834 0,1322

P 026 0,5295 0,5301 0,8846 0,6157 0,6646 0,8378 0,7334 0,6851 0,1303

P 027 0,6845 0,5354 0,8463 0,5324 0,7432 0,6842 0,6842 0,6729 0,1029

P 028 0,7072 0,5289 0,7201 0,8407 0,7721 0,5764 0,7390 0,6978 0,1011

P 029 0,6841 0,6066 0,7310 0,8292 0,8225 0,5272 0,5196 0,6743 0,1192

P 030 0,6009 0,7699 0,6146 0,8839 0,6239 0,8619 0,6157 0,7101 0,1160

P 031 0,7932 0,5978 0,7659 0,5391 0,7820 0,7652 0,6764 0,7028 0,0932

P 032 0,6268 0,5679 0,7861 0,5872 0,6107 0,8518 0,8822 0,7018 0,1237

P 033 0,6064 0,6063 0,6220 0,7963 0,5602 0,8697 0,7287 0,6842 0,1071

P 034 0,5795 0,5067 0,7254 0,5525 0,7035 0,6419 0,8125 0,6460 0,0999

DP: Desvio-Padrão; H médio= média do Expoent de Hurst dos setes dias pra cada paciente.

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Tabela 5 – Expoente de Hurst por Paciente – Extrassístoles Ventriculares

Isoladas Código do

Paciente 1º dia 2º dia 3º dia 4º dia 5º dia 6º dia 7º dia H Médio DP

P 001 0,6784 0,8882 0,8155 0,9069 0,8602 0,8983 0,7246 0,8246 0,0836

P 002 0,7586 0,6324 0,8329 0,6632 0,7450 0,7664 0,7065 0,7293 0,0627

P 003 0,8088 0,7636 0,6837 0,8546 0,7120 0,7718 0,8085 0,7719 0,0547

P 004 0,7003 0,8065 0,6228 0,6746 0,7996 0,8790 0,6879 0,7387 0,0842

P 005 0,8973 0,8600 0,6021 0,6124 0,6009 0,7789 0,8911 0,7489 0,1296

P 006 0,6072 0,7833 0,6444 0,7982 0,8668 0,7884 0,7320 0,7458 0,0848

P 007 0,6478 0,7131 0,7505 0,9097 0,7565 0,7757 0,8383 0,7702 0,0783

P 008 0,8684 0,7860 0,7968 0,9032 0,8620 0,7347 0,6519 0,8004 0,0807

P 009 0,7424 0,7135 0,6269 0,9103 0,8403 0,8961 0,8789 0,8012 0,1000

P 010 0,7646 0,8769 0,6624 0,7061 0,7546 0,7586 0,8182 0,7631 0,0649

P 011 0,7151 0,8745 0,6107 0,6259 0,7268 0,8254 0,8028 0,7402 0,0925

P 012 0,8740 0,8162 0,6126 0,6665 0,7325 0,6384 0,7951 0,7336 0,0914

P 013 0,6236 0,7079 0,6938 0,8785 0,7594 0,7190 0,7107 0,7275 0,0722

P 014 0,7025 0,6865 0,8859 0,9014 0,8051 0,7115 0,8791 0,7960 0,0879

P 015 0,7027 0,6587 0,8534 0,8656 0,9073 0,8287 0,8768 0,8133 0,0875

P 016 0,8467 0,7474 0,8110 0,7273 0,8031 0,8536 0,6923 0,7831 0,0571

P 017 0,7509 0,8619 0,6640 0,6602 0,6569 0,8652 0,7960 0,7507 0,0862

P 018 0,8844 0,6633 0,8531 0,8595 0,7230 0,6439 0,8300 0,7796 0,0929

P 019 0,7260 0,6858 0,7747 0,6307 0,6003 0,7773 0,7856 0,7115 0,0692

P 020 0,8726 0,7713 0,6185 0,9012 0,8511 0,6006 0,6206 0,7480 0,1224

P 021 0,7812 0,6530 0,7770 0,8211 0,8984 0,7158 0,7398 0,7695 0,0725

P 022 0,7349 0,7202 0,6922 0,9031 0,8328 0,8509 0,8684 0,8004 0,0767

P 023 0,7875 0,8760 0,6736 0,8897 0,7492 0,6814 0,8711 0,7898 0,0853

P 024 0,7837 0,7295 0,6875 0,6951 0,7641 0,8833 0,9102 0,7790 0,0812

P 025 0,8371 0,7800 0,6802 0,6212 0,7311 0,8772 0,8083 0,7622 0,0835

P 026 0,6474 0,9118 0,7791 0,8250 0,8934 0,8188 0,7367 0,8017 0,0844

P 027 0,8331 0,8800 0,6158 0,7791 0,7276 0,7697 0,6883 0,7562 0,0820

P 028 0,8379 0,8435 0,8681 0,8011 0,6590 0,6567 0,6135 0,7543 0,0989

P 029 0,8263 0,8374 0,8897 0,6555 0,6748 0,6877 0,8314 0,7718 0,0884

P 030 0,8916 0,8868 0,6925 0,7429 0,6263 0,6479 0,6374 0,7322 0,1058

P 031 0,6696 0,7416 0,8327 0,6033 0,8151 0,8348 0,7102 0,7439 0,0825

P 032 0,7686 0,8048 0,6394 0,7124 0,7813 0,6314 0,8994 0,7482 0,0881

P 033 0,8704 0,8099 0,7205 0,6339 0,7134 0,8717 0,8885 0,7869 0,0912

P 034 0,7280 0,8816 0,7914 0,6609 0,6204 0,8302 0,8170 0,7613 0,0880

DP: Desvio-Padrão. H médio= média do Expoent de Hurst dos setes dias pra cada paciente.

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Tabela 6 – Frequência dos eventos arrítmicos em 34 pacientes com análise

estatística para sete dias de monitorização pelo Sistema Holter

Pacientes EV isoladas EV pareadas Taquicardia

Número de

pacientes, resultado

significante (%) 31 (91) 26 (76) 19 (56)

Número de

pacientes, ausência

de resultado

significante (%) 3 (9) 8 (24) 14 (41)

Análise para medidas repetitivas detectando diferenças estatisticamente

significantes (p< 0,05) para extrassístoles ventriculares isoladas, pareadas e TVNS

(taquicardia ventricular não sustentada).

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4 Discussão

Em relação ao tratamento das arritmias ventriculares, na prática clínica, ainda

persiste o conceito de que seu comportamento seja repetitivo, errático e não

previsível. Neste estudo contestamos essa visão.

Em pacientes submetidos a períodos prolongados de monitorização (98

horas), observou-se ampla variabilidade na frequência e padrão das arritmias

ventriculares. As médias e a variabilidade do número de extrassístoles ventriculares

não foram estáveis, mas apresentaram uma grande oscilação em diferentes

períodos de tempo. Isso nos faz sugerir uma natureza fractal desse fenômeno e

corrobora o conceito mais recentemente introduzido na ciência - a Teoria do Caos -

que tenta explicar o comportamento de vários fenômenos biológicos através de uma

visão não-linear (De Petrillo,1999; Ditto 1993; Garfinkel et al.,1992; Joshi et al.,

2005; Nishi, 2001).

Este trabalho avaliou em pacientes com arritmias ventriculares se essas

apresentavam ou não comportamento errático. Para tanto, selecionou-se a

ferramenta estatística Análise R/S utilizada em outras áreas do conhecimento, como

Modelos de Tráfego em Redes Multimídia de Alto Desempenho, Teoria do Caos e

Sistemas Biológicos (Ditto 1993; Hagiwara et al., 2001; Paiva et al., 2001; Pallikari et

al.,1999; Plsek et al., 2001; Ross1993).

De acordo com essa ferramenta, o fenômeno estudado apresenta

comportamento que obedece ao chamado movimento Browniano Fracionado, onde

há influência de longo alcance quando incrementos passados estão relacionados

com incrementos futuros (Nóbrega, 1998; Paiva et al., 2001).

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Interessantemente, a amostra de pacientes estudada apresentou, de maneira

homogênea, Expoente H acima de 0,5, independente das doenças de base (HAS,

Coronariopatia, Valvopatia) ou disfunção ventricular. Isso sugere que essas arritmias

também obedecem aos princípios da Teoria do Caos. Ou seja, apresentam

comportamento compatível com memória de longo alcance, já que as arritmias de

ontem tendem a se repetir no futuro. De outra maneira, poderíamos dizer, o futuro

de alguma forma está correlacionado com o que já aconteceu (Garfinkel, 1992;

Liebovich et al., 1997).

Assim, tentar representar um fenômeno de ocorrência não randômica por uma

única amostragem de 24hs, que capta um único ciclo arrítmico, pode não refletir o

seu real comportamento, Já que ciclos arrítmicos com maior complexidade ou

malignidade podem estar se encerrando ou iniciando e mostrarem apresentação

diferente no dia monitorado. Consequentemente, a simples diminuição ou aumento

numérico da ocorrência de arritmia em poucos ciclos ou intervalos de 24hs não é

suficiente para prever desfechos futuros (Anderson et al.,1990; Anastasiou-nana et

al.,1998; Dagres, et al., 2010; Kortas, 1993; Liebovich, 1999).

Dessa maneira, a observação de um comportamento randômico, em curto

intervalo de tempo, pode não expressar uma correlação determinística

alternativamente quando esse mesmo fenômeno é avaliado no longo prazo. Seria

similar ao restringir a visão para um pequeno quadrante do cosmo e extrapolar essa

observação para o restante não visualizado (Brugada et al, 1993; Kennedy et al,

1978; Kortas, 1993; Lown, 1979).

Apesar do grande avanço alcançado no entendimento das bases

eletrofisiológicas das arritmias cardíacas ventriculares, o manuseio clínico desses

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pacientes ainda constitui um grande desafio à prática clínica (Plsek et al., 2001;

Pratt, 1995; Schmidt, 1988).

Isso porque a fisiopatologia na formação de ectopias ventriculares é

extremamente heterogênea. Tais arritmias podem resultar de estados persistentes

de isquemia miocárdica, alterações hidroeletrolíticas, desequilíbrio autonômico, além

de padrões alterados de repolarização, dispersão do intervalo QT ou consumo de

oxigênio. Todos podem interagir de maneira dinâmica e fugaz, por minutos, horas ou

dias. Por conseguinte, poderíamos afirmar que o padrão dessas arritmias não teria

comportamento linear ao longo do tempo (Anderson et al, 1990; Bigger, 1993;

Dagres, et al, 2010; De Petrillo et al, 1999).

Estudos que analisaram monitorizações de 24 h com o intuito de observar a

complexidade (bigeminismo, acopladas, origem multifocal e taquicardia ventricular) e

frequência das ectopias ventriculares isoladas encontraram elevada prevalência de

complexidade entre os pacientes com episódios infrequentes de ectopia isolada,

definido como < 30\24h. Esse achado corrobora os fatos descritos nessa tese e

aponta para a visão de que as complexidades das arritmias são fenômenos

multifatoriais (Brugada et al., 1993; Kennedy et al., 1978; Kerlinger et al., 1999).

Na década de 80 do século XX, enfatizava-se a associação entre o

incremento do número de extrassístoles ventriculares por hora e o risco aumentado

de morte súbita, especialmente, em população coronariana. A abordagem racional

era tentar eliminar as atividades ectópicas ventriculares. Com esse intuito, surgiram

vários ensaios clínicos com diversas drogas. Esses estudos estabeleciam que o

sucesso da intervenção terapêutica era obtido quando se reduzia, quantitativamente,

em cerca de 70% as EV isoladas e em 90%, os episódios de taquicardia ventricular

(Morganroth, 1984; Kortas, 1993).

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Após ampla investigação, os resultados de ensaios clínicos randomizados,

com quase todas as classes de drogas antiarrítmicas, mostraram-se pouco

promissores. O estudo CAST, que utilizou encainida e flecainida, falhou em reduzir o

risco de morte súbita e, surpreendentemente na época, aumentou a mortalidade.

Esse resultado mudou o manuseio clínico dos pacientes e diminuiu o entusiasmo da

intervenção farmacológica nessa população (The Cardiac Arrythymia Suppression

Trial (CAST) Investigators, 1989).

Um fato que possivelmente contribuiu para a perda de eficácia da terapêutica

antiarrítmica em reduzir morte súbita foi, possivelmente, a grande variabilidade das

arritmias entre dias. Fato que não era valorizado, já que, o parâmetro usado como

eficácia nesses estudos era, simplesmente, uma redução numérica desses eventos

em monitorização de curto período. Isso não levava em conta que havia uma

distribuição não aleatória dos episódios de taquicardia ventricular ao longo do

tempo, com uma clara tendência para agrupamento episódico e temporal das

mesmas (Kennedy et al., 1978; Liebovich et al., 1994).

Essa variabilidade era observada mesmo em curtos períodos de

monitorização. Assim, foi demonstrado que variava amplamente quando se utilizava

monitorização de 24 h em diferentes períodos de dias (Winkle, 1978).

Outro fator a ser considerado é que certas drogas antiarrítmicas apresentam

excessivo potencial proarrítmico, com perda transitória de eficácia, que se traduz em

aumento expressivo do número de ectopias e até ocorrência de arritmias fatais,

como taquicardia ventricular sustentada ou fibrilação ventricular (Toivonen, 1987;

Vlay, 1990).

A avaliação da terapêutica antiarrítmica através da monitorização por um

único período de 24 horas, não leva em consideração essa variabilidade, o que pode

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mascarar a eficácia do tratamento. Portanto, ajustar a dose de um agente

antiarrítmico baseado nesse período de gravação pode não refletir o real

comportamento desse fenômeno. Gravações por períodos mais prolongados

poderiam deteminar com maior segurança tanto a eficácia como possíveis efeitos

próarrítmicos das drogas (Winkle, 1978).

A partir de então, documentar a variação acentuada na frequência da

atividade ectópica ventricular por um período mais longo de observação passou ser

objeto de pesquisa de vários autores (Michelson, 1980, Nadenname, 1990).

O problema é que a maioria dos estudos raramente excedia 48 horas de

monitorização. Limitações tecnológicas impediam a investigação de padrões

temporais de longo prazo na detecção de recorrências das arrritmias ventriculares

(Anastasiou-Nana, 1978; Bigger, 1993; Pratt, 1987).

Na década de 90, o tema da análise fractal de arritmias foi abordado. No

entanto, diferentemente do presente trabalho, a teoria do Caos foi aplicada para

estudar a variabilidade de extrassístoles ventriculares sob a influência do sistema

nervoso autonômico. Foi concluído que a baixa dimensão fractal estaria relacionada

às mudanças na variabilidade da freqüência cardíaca que são consistentes com

aumentos transitórios no tônus simpático cardíaco (Stein, 1995).

A monitorização ambulatorial por longos períodos tem, também, sido usada

em pacientes com fibrilação atrial (FA). Ao se investigar a influência do tempo de

monitorização pelo sistema Holter na detecção de recorrências após a ablação da

FA nas primeiras 24h, seguidas de 48h, 72 h, etc, até o total de 7 dias, todas as

gravações com menos de 4 dias detectaram, estatisticamente, menos pacientes com

recidiva de FA do que as gravações completas de 7 dias (Dagres, 2010).

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Quando analisamos os dados deste trabalho sobre a ótica da análise da

variância para medidas repetitivas (ANOVA de repetição) e comparamos os

diferentes dias da semana entre os doentes, observamos ausência de similaridade

entre os dias no período de 7 dias. Alternativamente, foram detectadas grandes

variações de frequência e tipo de arritmias, especialmente, quando utilizados

diferentes níveis de significância. (Figura 6).

Observamos, assim, que as gravações de longo prazo demonstraram grande

variação no comportamento das referidas arritmias. Esse fato não é, habitualmente,

observado em uma única análise de 24 horas. Esses resultados levaram-nos a

afirmar que uma única gravação de Holter de 24 horas pode não capturar esse

fenômeno.

Conforme descrito na seção de métodos, todos os dados foram coletados

antes de qualquer intervenção farmacológica. Nenhum paciente fazia uso de anti-

arrítmicos. Isso nos faz questionar se o tratamento medicamentoso poderia ou não

modificar o padrão dessas arritmias quando submetidos a monitorização por longos

períodos.

O fato do Expoente H estar alterado em todos os pacientes indica um

comportamento não-linear das arritmias isoladas e acopladas entre os vários dias de

monitorização. Isso ocorreu, independentemente, da doença de base ou grau de

disfunção ventricular. Levantamos a hipótese que o tipo de arritmias analisadas

neste trabalho apresenta um comportamento de um fenômeno organizado em ciclos,

porém com periodicidade não definida.

Identificar os períodos em que essas arritmias torna-se-iam mais organizadas,

com maior potencial de malignidade e risco de recorrências, trariam contribuições

relevantes na eficácia do tratamento antiarrítmico, quer seja por via oral ou por

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dispositivos implantados, como os cardiodesfibriladores. Infelizmente, ainda hoje,

com as técnicas utilizadas isso não é avaliado com frequência (Rothman et al., 2007;

Wood et al., 2005).

Em síntese, esta dissertação abrange uma abordagem alternativa à simples

monitorização tradicional de 24 horas. Para isso, utilizamos um longo período de

gravação com objetivo de analisar o comportamento temporal, dinâmico e a

reprodutibilidade das arritmias ventriculares. Como resultado, encontramos uma

ampla variação na frequência e distribuição desse fenômeno entre os dias da

semana. Entretanto, esse tipo de ocorrência não representa um padrão aleatório. De

acordo com os resultados da análise do Expoente de Hurst, a arritmia cardíaca se

enquadraria em um tipo especial de eventos com “aparente desorganização” e

aleatoriedade nas análises de curto prazo, mas que em verdade expressam

fenômenos de organização mais complexa, com periodicidade de reprodução em

ciclos longos não definidos.

Limitações

Infelizmente, o método estatístico empregado – Expoente de Hurst – não tem

poder para fazer predição sobre a ocorrência do evento arrítmico. Pensamos que

será necessária monitorização por período de tempo mais longo, talvez semanas,

meses, e desenvolvimento de instrumento estatístico mais poderoso.

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5 Conclusões

1- Este é o primeiro trabalho na literatura que, ao analisar a ocorrência das arritmias

ventriculares sob forma isolada e pareada durante vários dias, observou que esse

comportamento é melhor descrito pelos princípios da Teoria do Caos. Isso significa

que o fenômeno da arritmia ventricular não é randômico nem errático, mas

expressão de uma memória de longo prazo das células cardíacas.

2- Pensamos que o encontro de um expoente H > 0,5 em portadores de arritmias

ventriculares tem interesse não apenas fisiopatológico como também clínico, na

medida em que representa a constatação de um comportamento persistente – não

randômico - desse fenômeno. Esse fato significa que os eventos arrítmicos de hoje

irão se repetir e influenciar as manifestações futuras.

3- A análise por medidas repetitivas (ANOVA) também demonstrou que o

comportamento das arritmias não é igual entre os vários dias da semana.

4- Acreditamos que dessa maneira, descortina-se uma nova ferramenta de

investigação com implicação na redefinição de critérios de avaliação, risco e

possível controle das arritmias ventriculares. Muito possivelmente essa visão

diferenciada do fenômeno arrítmico cardíaco possa contribuir para novas

abordagens fisiológicas e terapêuticas.

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6 ANEXOS

6.1 Concepção do Método de Análise R/S

No início observamos uma série temporal X=x1,x2,x3,...,xn que representa os

valores consecutivos de X, onde n é o número ocorrências de eventos arrítmicos

(extrassístoles pareadas e posteriormente, isoladas). O valor médio en e o desvio

padrão Sn, da série temporal X, são definidos respectivamente por:

1 2 3( , , ,..., ) /n n

e x x x x n= e 2 0,5

1

((1/ )* ( ))n

n k n

k

S n x e

=

= −∑

Uma série de desvios em relação à média é usada então para obter os

valores correspondentes ao intervalo reescalonado (Rescaled Range) ou à análise

R/S. Primeiramente, redefinimos ou “normalizamos” os dados, através da subtração

da média, e na sequencia criamos uma série temporal acumulada Y, assim definida:

1

( ), 1,2,3,...,k

k i n

i

Y x e k n

=

= − =∑

Pela construção da série gerada, o último valor de Y (Yn) sempre será zero. A

escala ajustada Rn corresponde ao valor máximo menos o valor mínimo de Y:

1 1max( ,..., ) min( ,..., )n n n

R Y Y Y Y= −

O índice n para Rn significa que esta é a escala ajustada para X=x1,x2,x3,...,xn.

Pela própria definição de Y, temos que seu valor máximo será sempre maior ou igual

a zero e seu valor mínimo será sempre menor ou igual a zero. Assim sendo a escala

ajustada Rn será sempre não negativa. Essa escala ajustada Rn é a distância

percorrida pelo sistema no índice de tempo n.

Destacamos que o processamento acima será executado para A subperíodos

(blocos, fatias) da série original com N elementos. Esses subperíodos serão

determinados de acordo com a relação A*n=N, onde n representa a amplitude dos

subperíodos.

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O modelo de Análise R/S utiliza a propriedade descrita no trabalho de Einstein

(1908) sobre o movimento Browniano (séries temporais que possuem média zero e

variância igual a um), que se transformou no modelo preliminar para o processo de

passeio aleatório. Ele descobriu que a distância percorrida por uma partícula

aleatória aumenta com a raiz quadrada do tempo:

5,0TR =

onde R representa a distância percorrida pela partícula, e T o índice de tempo

associado a isso.

Tomando T=n podemos aplicar a equação acima contanto que a série

temporal seja independente para valores crescentes de n. Entretanto devemos

respeitar a restrição de aplicá-la apenas a séries temporais que tem média 0 (zero) e

variância 1 (um). Para aplicar esse conceito a séries temporais que não estão em

movimento Browniano, precisamos de uma generalização para tal equação.

Após estudar uma construção, baseada em subperíodos independentes entre

si, que possibilitasse a utilização da propriedade citada a séries temporais que não

estão em movimento Browniano, Hurst chegou à forma geral expressa abaixo, que

descreve o comportamento de muitas séries temporais de ocorrência natural:

H

nncSR *)/( =

O índice n de (R/S)n corresponde ao quociente R/S (Rn= range, Sn= desvio-

padrão) da série temporal X=x1,x2,x3,...,xn; c é uma constante e H representa o

Expoente de Hurst a ser encontrado. Já esta equação pode ser aplicada a séries

temporais que não estão em movimento Browniano, diferentemente do resultado de

Einstein.

Portanto, a equação apresentada a seguir permite-nos a obtenção de H

desejado, a partir da aplicação de uma regressão linear simples.

log( / ) log( ) * log( )n n

R S c H n= +

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A partir dessa regressão obtemos o gráfico log(n), log(Rn/Sn) denominado

gráfico R/S ou diagrama de pox. O intercepto será a estimativa para log(c) (a

constante), e a inclinação da equação que será a estimativa para H, o expoente de

Hurst.

O detalhamento da Análise R/S, desde a determinação dos n’s até a obtenção

do valor de H, encontra-se apresentado no item 2.1.

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6.2 GRÁFICOS – SÉRIES ORIGINAIS DOS PACIENTES

ANALISADOS. EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES ISOLADAS

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6.2 GRÁFICOS – SÉRIES ORIGINAIS DOS PACIENTES

ANALISADOS. EXTRASSÍSTOLES VENTRICULARES PAREADAS

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6.2 GRÁFICOS – SÉRIES ORIGINAIS DOS PACIENTES

ANALISADOS. TVNS

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6.3 PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA INSTITUCIONAL

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6.4 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO Eu, -----------------------------------------------------------------------------------------------------------,

Portador do RG ------------------------------------------, aceito participar da pesquisa: “AS

ARRITMIAS CARDÍACAS NÃO SÃO FENÔMENOS REPRODUTÍVEIS EM

AVALIAÇÕES DE CURTO PRAZO”. Declaro, ainda, estar ciente de todo o conteúdo

da carta informativa.

São Paulo, -----------------------de-------------------------de--------

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Consentimento Livre e esclarecido

Carta Informativa

1. Você procurou assistência médica e foi informado por seu médico que você

possui “arritmia ventricular complexa” (extrassístoles ventriculares frequentes e

formas repetitivas).

2. Por tal motivo, você está sendo convidado (a) a participar de um trabalho de

pesquisa cujo objetivo é analisar uma alternativa de investigação que tem se

mostrado muito útil na melhoria diagnóstica para um controle mais minucioso da

frequência e ocorrência das arritmias complexas. Estas, na maioria das vezes,

necessitam de um acompanhamento mais rigoroso, em intervalos de tempo mais

curtos, pois, há a possibilidade das mesmas tornarem-se mais graves.

3. Trata-se de uma estratégia de investigação para arritmias ventriculares através da

monitorização ambulatorial pelo sistema Holter, aparelho que se destina a

monitorizar os batimentos do coração e registrar as arritmias em períodos mais

prolongados, entre 12-24 horas. Serão fixados 04 eletrodos na região anterior do

tórax e conectados a um gravador com fita cassete. O mesmo será acomodado na

cintura com a utilização de um cinto adaptado. Os sintomas ocorridos durante a

gravação serão anotados em um diário.

4. Serão realizadas gravações diárias de 14 horas (8-20h), por um período de sete

dias, de segunda a domingo. Toda informação técnica será fornecida para que o

paciente aprenda a manipular e trocar as fitas e pilhas do aparelho. Dessa maneira,

a gravação se iniciará na segunda e o paciente devolverá o gravador na segunda-

feira seguinte.

5. Pesquisas científicas recentes têm mostrado que para um manuseio clínico e

entendimento mais adequado dessas arritmias é necessário que se investigue se o

comportamento das mesmas pode variar de um dia para o outro, a chamada

“variabilidade espontânea das arritmias”. Isso nos leva a questionar o real valor de

uma única gravação de 24 horas em diagnosticar o comportamento das arritmias, já

que, a variabilidade da sua ocorrência entre os vários dias da semana não é

investigada pela tecnologia atual.

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6.5 ARTIGO ACEITO PARA PUBLICAÇÃO

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ABSTRACT

Background: The variability of ventricular arrhythmias (VA) among different days of the week is not well detected by one-day Holter monitoring. Aims: To evaluate whether there are difference in VA distribution pattern during long recording period. Methods: The EKG was recorded for 14 h per day during 7 day by Holter system in 34 consecutive patients (mean age 60 ± 9 years; males, 58.8%). We analyzed the isolated premature ventricular contraction (PVC), ventricular couplets and non-sustainded ventricular tachycardia (NSVT). The Hurst method (H Exponent) was applied, which evaluates whether a repetitive phenomenon is random or not. When the H is > 0.5 and <1 means it is not random and imply a long-term memory effect. Considering the arrhythmic variability, the data were also analyzed by repetitive ANOVA comparing incidence of arrhythmias among the days. Results: The H Exponent was significantly > 0.5 for all patients. Repeated ANOVA showed statistic difference among days in 31 patients with isolated PVCs; in 26 with ventricular couplets and 19 with NSVT when analyzed per hour during week days (p <0.05). Conclusion: PVCs, ventricular couplets and NSVT are not a random phenomenon. Our data suggest the occurrence of ventricular arrhythmias had no similarity among the days, making unlikely that a single Holter recording for 24 hours may capture this phenomenon. Keywords: Premature ventricular complexes (PVCs), Temporal pattern of ventricular arrhythmias, Ambulatory Holter monitoring, Chaos theory, Method of Hurst.