Tese Monique Souza - UFSC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS DESEMPENHO AGRONÔMICO E ESTUDO FITOQUÍMICO DE PLANTAS DE COBERTURA EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO AGROECOLÓGICO DE CEBOLA TÍT Monique Souza FLORIANÓPOLIS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM

AGROECOSSISTEMAS

DESEMPENHO AGRONÔMICO E ESTUDO FITOQUÍMICO

DE PLANTAS DE COBERTURA EM SISTEMA DE PLANTIO

DIRETO AGROECOLÓGICO DE CEBOLA

TÍT

Monique Souza

FLORIANÓPOLIS

2017

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Monique Souza

DESEMPENHO AGRONÔMICO E ESTUDO FITOQUÍMICO

DE PLANTAS DE COBERTURA EM SISTEMA DE PLANTIO

DIRETO AGROECOLÓGICO DE CEBOLA

Tese submetida como requisito final para a obtenção do grau de Doutor em Agroecos-sistemas pela Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas da Universidade Fede-ral de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Jucinei José Comin Co-orientadora: Prof.ª Dra. Shirley Kuhnen

FLORIANÓPOLIS

2017

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Progra-ma de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Souza, Monique Desempenho agronômico e estudo fitoquímico de plantas de cobertura em sistema de plantio direto agroecológico de cebola. /Monique Souza; orientador, Jucinei José Comin, coorientador, Shirley Kuhnen, 2017. 210 p. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Florianópolis, 2017. Inclui referências. 1. Agroecossistemas. 2. Compostos fenólicos. 3. alelopatia. 4. Allium cepa L. 5. adubação verde. I. José Comin, Jucinei . II. Kuhnen, Shirley. III. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas. IV. Título.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente na minha vida. Ao meu pai, Aurélio, e à minha mãe, Janete, pela educação, cari-

nho, amor e apoio recebidos durante toda a minha vida, amo vocês e serei eternamente agradecida por tudo o que fizeram e fazem por mim. Meus irmãos Marcos e Fábio, pelo apoio, conversas e momentos de descontração. A toda minha família, principalmente meus queridos avós Sady e Lucy, Sérgio e Amadora (in memoriam), pelo exemplo de vida e de sabedoria.

Ao Alexandre, grande companheiro e conselheiro, por todo o amor e carinho dedicado, pela ajuda nos momentos mais difíceis, pelas dicas, conselhos, ajuda nas correções e apoio durante toda a minha vida pessoal e acadêmica.

Ao meu orientador, segundo pai, amigo e professor, Dr. Jucinei José Comin, pela amizade, orientação e confiança depositados ao longo da vida acadêmica, do mestrado e do doutorado. Obrigada por há oito anos atrás me aceitar como orientada, pela confiança, por aguentar mi-nhas brabezas e piadas!

A minha co-orientadora, prof. Dra. Shirley Kuhnen, pela grande mulher, professora e pesquisadora, que com sua paciência e dedicação me ensinou e abriu muitas portas, para que eu pudesse crescer profissio-nalmente. Obrigada pela oportunidade e confiança.

Aos professores Paulo Lovato, Gustavo Brunetto, Arcângelo Loss e Cledimar Lourenzi por terem aberto a mim as portas do laboratório e da pesquisa. Ao professor Sandro Luis Schlindwein pelas conversas intelectuais e auxílio prestado na tese. Pelo exemplo de disciplina, ami-zade entre os alunos e por estarem sempre dispostos a ajudar. Ao Rodol-fo Moresco, que com sua paciência e disposição, me auxiliou, tirou minhas dúvidas e explicou o uso do R para o Estudo 4 fosse concretiza-do. À Química Fabrícia Gasparini, pelo treinamento no uso do NIR e por ter me auxiliado sempre e repassado seus conhecimentos em relação ao NIR e a quimiometria.

À Universidade Federal de Santa Catarina e ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas pelo ensino de qualidade e pela opor-tunidade. Serei eternamente grata pelos ensinamentos que aqui obtive. As secretárias do programa Marlene e Fabiana, por toda ajuda prestada. À FAPESC/CAPES, pela concessão da bolsa durante todo o doutorado. Aos departamentos de Eng. Rural, Zootecnia e Desenvolvimento Rural por terem disponibilizado os laboratórios de Solos e de Bioquímica e Morfofisiologia Animal (LABIMA).

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Aos grandes amigos e colegas que fiz nesses oito anos de labora-tório e NEPEA e 13 anos de UFSC, pelos momentos de descontração, conversas, ajudas, leituras e conselhos. Obrigada pela parceria nas saí-das de campo, cafés, bolos, almoços no RU em todos estes anos. A prof. Dra. Daniele Kazama e a Dra. Beatriz Valeirinho pela parceria e ajuda prestada.

Em especial, ao Dr. Claudinei Kurtz e a toda a equipe da Estação Experimental da EPAGRI de Ituporanga, sem vocês este trabalho não seria desenvolvido. Obrigada pela orientação, amizade e apoio durante toda a pesquisa.

Aos meus amigos da JUPAM e da faculdade, enfim, a todos que de certa forma me apoiaram e permitiram que eu estivesse aqui hoje.

Com a ajuda de todos vocês, cresci, amadureci e pude andar com minhas próprias pernas na área profissional e pessoal.

Muito obrigada!

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“Que Deus me dê serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar,

coragem para mudar as que posso e sabedoria para distinguir entre elas.”

(Reinhold Niebuhr)

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RESUMO

O cultivo e a deposição da massa seca de plantas de cobertura em siste-ma de plantio direto agroecológico podem contribuir para a melhoria dos atributos químicos do solo e da produção de cebola (Allium cepa L.). A massa seca produzida pelas plantas de cobertura pode tornar-se tanto uma barreira física como química. Neste caso, o efeito se dá pela produção de compostos com potencial alelopático, reduzindo a emer-gência e o desenvolvimento de plantas espontâneas. O objetivo do pre-sente trabalho foi avaliar o desempenho agronômico das plantas de co-bertura Avena strigosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L. e os seus efeitos sobre a emergência de plantas espontâneas, os atributos químicos do solo e a produtividade de cebola, bem como o perfil fenóli-co dessas espécies. Foram realizados estudos com amostras de solo e com as plantas de cobertura de um experimento conduzido a campo no município de Ituporanga (SC) entre os anos de 2009 a 2016. Os trata-mentos implantados foram: testemunha com vegetação espontânea (VE), cevada (2010)/aveia-preta (CV/AV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + ceva-da/aveia-preta (NF+ CE/AV). Aos 60, 80 e 100 dias após a sua semea-dura (DAS) a parte aérea foi coletada para a determinação da produção de massa seca. Em julho, as mudas de cebola foram transplantadas e em novembro foi avaliada a sua produtividade. Durante o cultivo da cebola, a produção de massa seca das plantas espontâneas foi determinada e as principais espécies identificadas. Após o acamamento das plantas de cobertura e da colheita da cebola, o solo da camada de 0-10 cm foi cole-tado e submetido à análise química. Em 2014 foi coletada a parte aérea das plantas de cobertura aos 60, 80 e 100 DAS e aos 15 e 30 dias após o acamamento das espécies (DAA) para a determinação do perfil fitoquí-mico com ênfase nos fenólicos, por meio de técnicas colorimétricas, cromatográficas e espectrofotométricas acopladas às análises quimiomé-tricas (análise de componentes principais e análise de agrupamento). A aveia-preta, o centeio e o nabo-forrageiro, solteiros e consorciados, con-tribuíram para o aumento e a manutenção dos atributos químicos do solo e a produtividade total de cebola ao longo dos anos. Os maiores valores de P disponível, K trocável e saturação da CTCpH7,0 por bases ao longo dos anos, principalmente após a colheita da cebola, foram observados nos tratamentos com o cultivo e deposição da massa seca de plantas de cobertura, principalmente após a colheita da cebola. Os maiores efeitos de supressão das espécies espontâneas foram observados aos 45 dias após o plantio das mudas, o que corresponde ao início do período crítico

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de desenvolvimento da cebola e de maior competição com as plantas espontâneas. Em todas as épocas de avaliação e em todos os anos, o tratamento com plantas espontâneas apresentou a menor produção de massa seca e a menor produtividade de cebola, quando comparado com os tratamentos com a presença e deposição de plantas de cobertura do solo. As principais espécies de espontâneas encontradas nos diferentes tratamentos foram: Amaranthus lividus, Rumex obtusifolius, Bidens pilosa, Galinsoga parviflora, Stachys arvensis, Sonchus olereaceus, Artemisia verlotorum, Cyperus spp., Oxalis corniculada, Ipomea gran-difolia, Sida glaziovii e Veronica pérsica. Em relação ao perfil fitoquí-mico, foram encontrados os ácidos trans-cinâmico, sinápico e 2-benzoxazolinona (BOA) na aveia-preta; os ácidos siríngico, sinápico e BOA no centeio; e o ácido sinápico e 6-metoxi-2,3-benzoxazolinona (MBOA) no nabo-forrageiro. Portanto, o consórcio de nabo-forrageiro com centeio ou com aveia-preta é recomendado, pois as três espécies apresentaram compostos químicos com potencial alelopático, sugerindo, em princípio, serem alternativas para o controle de plantas espontâneas. A análise exploratória dos espectros, por meio da aplicação da quimio-metria, discriminou a espécie nabo-forrageiro das espécies de plantas de cobertura aveia-preta e centeio em relação ao perfil químico, tanto via UV-vis quanto no infravermelho próximo. O nabo-forrageiro, que apre-sentou os maiores conteúdos de fenólicos totais antes e após o acama-mento, apresentou maiores teores quando as plantas já haviam floresci-do e encontravam-se em estádio de enchimento de grãos. O centeio apresentou maiores conteúdos no estádio de alongamento e a aveia-preta no estádio de florescimento. Entre os tempos de avaliação, a discrimina-ção do perfil fenólico foi mais evidente aos 15 dias, quando todas as espécies já haviam sido acamadas. A combinação da espectroscopia NIR e análise multivariada por regressão por mínimos quadrados parciais permitiu o desenvolvimento de modelos de previsão de conteúdo de fenólicos e flavonoides com erros associados em média de 10%. Por fim, em virtude do baixo custo, rapidez nas análises, fácil utilização e por dispensar o uso de reagentes, recomenda-se a espectroscopia NIR associada à quimiometria para a análise exploratória e discriminatória de amostras de plantas. Palavras-chave: Allium cepa L., Compostos fenólicos, Alelopatia, Adubação verde.

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ABSTRACT

Cover crop growth and the placement of their residues may improve soil attributes and increase onion (Allium cepa L.) yield. Residues of cover crops act both as a physical production as a chemical barrier. In the latter case, compounds with allelopathic potential may reduce weed emergence. This work aimed to evaluate the agronomic performance of cover crops (Avena strigosa L., Secale cereale L., and Raphanus sativus L.), their effect on weed emergence, soil chemical attributes, onion yield, as well as their phenolic profile. Studies were carried out with soil samples, and cover crop shoots from an experiment carried out between 2009 to 2016 in Ituporanga, Southern Brazil. Treatments were control (fallow); barley (2010) or black oats; rye; oilseed radish; oilseed radish with rye; oilseed radish with barley or black oats. Plant shoots were collected to quantify dry matter yield at 60, 80, and 100 days after sow-ing (DAS). Onion seedlings were transplanted in July, and their yield was measured in November. Weed dry matter was measured, and the main species were identified during onion growth. Soil samples (0-10 cm depth) were collected and submitted to chemical analysis after cover crops were rolled down and after onion harvest. Cover crops shoots were collected in 2014 at 60, 80, and 100 DAS, and at 15 and 30 days after rolling down (DAR). Shoot phytochemical profiles were deter-mined, with emphasis on phenolic compounds, using colorimetric, chromatographic and spectrophotometric techniques coupled with chemometric analyses (principal component analysis and cluster analy-sis). Black oats, rye and oilseed radish, single or intercropped, contrib-uted to the increase and maintenance of soil chemical attributes and total onion yield over the years. The highest values of available P, exchange-able K, and base saturation (CECpH7.0) were observed, over the years, in treatments with cover crops, especially after onion harvest. The great-est effects on weed suppression occurred 45 days after seedling planting. That corresponds to the beginning of the critical period in onion devel-opment and increased competition with weeds. In all evaluation periods, in all years, the fallow treatment had the lowest plant yield and the low-est onion yield, as compared to treatments with cover crops. The main weed species found in different treatments were: Amaranthus lividus, Rumex obtusifolius, Bidens pilosa, Galinsoga parviflora, Stachys arven-sis, Sonchus olereaceus, Artemisia verlotorum, Cyperus spp., Oxalis corniculada, Ipomea grandifolia, Sida glaziovii and Veronica persica. Phytochemical profiling found trans-cinnamic, synapic and 2-benzoxazolinone acids (BOA) in black oat; syringic acid, sinapic acid,

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and BOA in rye; and synapic acid, and 6-methoxy-2,3-benzoxazolinone (MBOA) in oilseed radish. Intercropping oilseed radish with rye or black oat is recommended since all three species had chemical com-pounds with allelopathic potential. They seem to be, therefore, alterna-tives for control of spontaneous vegetation. Exploratory spectra analysis of chemical profiles, using chemometrics, discriminated oilseed radish from black oats and rye by both UV-vis and near-infrared analyses. Oilseed radish, which presented the highest total phenolic content before and after cover crop rolling, showed higher levels when the plants had flowered and were in grain filling stage. On the other hand, rye had higher contents of phenolic compounds in the elongation stage, while black oats showed that behavior in the flowering stage. There was a phenolic profile sample discrimination between evaluation times, which was more evident at 15 days when all species had been rolled down. Combination of NIR spectroscopy and partial least squares regression multivariate analysis allowed prediction models development of phenol-ics and flavonoids content with associated errors averaging 10%. Final-ly, NIR spectroscopy associated with chemometrics low cost, short time for analysis, easy use, and no reagent use, lead to recommending those techniques for exploratory and discriminatory analysis of plant samples. Keywords: Allium cepa L., phenolic compounds, allelopathy, green manure.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Aleloquímicos de resíduos vegetais: processos, fatores que controlam e efeitos potenciais sobre os componentes do agroecossistema. .................................................................................... 49

Figura 2. Precipitação e temperatura média nas estações de 2009 a 2016, na área experimental. ................................................................... 66

Figura 3. Relação entre o componente principal 1 (PC1) e o componente principal 2 (PC2), do conteúdo médio de compostos fenólicos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento em sistema de plantio direto agroecológico. ..................................................................................... 100

Figura 4. Dendograma do conteúdo médio de fenólicos totais das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro, obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana. ............................................................................................................. 101

Figura 5. Relação entre o componente principal 1 (PC1) e o componente principal 2 (PC2) dos conteúdos médios de flavonoides de extratos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento em sistema de plantio direto agroecológico. ..................................................................................... 102

Figura 6. Dendograma do conteúdo médio de flavonoides das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro, obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana. .... 103

Figura 7. Loading do conteúdo médio de fenólicos (A) e flavonoides (B) dos extratos metanólicos das espécies de plantas de cobertura aos 60, 80, e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas. ..................................................................... 104

Figura 8. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea da aveia-preta solteira (A) e consorciada com nabo (B) aos 100 dias após semeadura e, aveia-preta + nabo aos 15 dias (C) e aveia-preta solteira aos 30 dias após o acamamento (D). ................................................... 106

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Figura 9. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do centeio solteiro coletada a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) e 30 (E) dias após o acamamento. ................ 108

Figura 10. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do centeio consorciado com nabo-forrageiro coletada a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) e 30 (E) dias após o acamamento. ....................................................................................... 109

Figura 11. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro coletado a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o acamamento. .............................. 114

Figura 12. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com centeio coletadas a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o acamamento. ....................................................................................... 118

Figura 13. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com a aveia-preta coletadas a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o acamamento. ....................................................................................... 118

Figura 14. Conjunto dos espectros originais de reflectância difusa na região do NIR, sem transformações matemáticas, da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura a campo e aos 15 e 30 dias após o acamamento. ....................................................................................... 128

Figura 15. Conjunto dos espectros de NIR da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. após o pré-processamento (segunda derivada) para a curva de calibração de fenólicos totais (A) e (1ª derivada Savitzky-Golay e normalização vetorial (SNV)) (janela de 17 pontos) para a curva de flavonoides totais (B). ...................................................................................................... 129

Figura 16. Curva de calibração dos valores preditos pelo NIR versus os valores experimentais pelo método de referência de compostos fenólicos totais (mg g-1) aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS)...................................................................................... 131

Figura 17. Curva de calibração dos valores preditos pelo NIR versus os valores experimentais pelo método de referência de flavonoides totais (mg g-1) aplicando o modelo de PLS................................................... 132

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Figura 18. Correlação entre os valores médios previstos pelo NIR versus valores médios obtidos pelo método de referência para o conjunto de validação externa do modelo para compostos fenólicos totais. ................................................................................................... 136

Figura 19. Correlação entre os valores médios previstos pelo NIR versus valores médios obtidos pelo método de referência para o conjunto de validação externa do modelo para flavonoides totais. ..... 137

Figura 20. Perfil espectral UV-vis (200-800 nm) dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro) (A) e perfil espectral nos diferentes tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento (B). .................. 144

Figura 21. Perfil espectral UV-vis entre 200 a 400 nm, sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro). . 145

Figura 22. Perfil espectral UV-vis entre 200 a 400 nm, sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L. aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento. ............................................... 146

Figura 23. Distribuição fatorial dos componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) dos perfis espectrais UV-vis na região dos compostos fenólicos (200 a 400 nm) com pré-processamento dos extratos metanólicos, em relação às espécies de plantas de cobertura (A), aos tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento das plantas (B), e ao sistema de cultivo (C). ....................................... 148

Figura 24. Dendograma dos espectros de UV-vis processados obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana, em relação às espécies (A) e em relação às épocas de coleta (B). ............ 150

Figura 25. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3600 a 12500 cm-1) da parte aérea de espécies das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro) (A) e perfil espectral nos diferentes tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento (B). ............................................................................................................. 153

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Figura 26. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), das amostras sólidas da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro). .......................................................................................... 154

Figura 27. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) antes (A) e após o pré-processamento (B), de amostras sólidas da parte aérea de espécies de plantas de cobertura aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento. ... 155

Figura 28. Distribuição fatorial dos componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) dos espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) das amostras sólidas, em relação às espécies de plantas de cobertura (A), em relação aos tempos de avaliação, aos 60, 80, 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento das plantas (B) e em relação ao sistema de cultivo (C). ................................................. 156

Figura 29. Dendograma dos espectros de reflectância obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana, em relação às espécies (A) e em relação às épocas de coleta (B). ......................... 159

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características químicas e bioquímicas das plantas de cobertura aos 100 dias após a semeadura e 15 dias após o acamamento em 2014. ................................................................................................ 69

Tabela 2. Estádios fenológicos das espécies de plantas de cobertura do solo aos 60, 80, 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento em 2015. ........................................................................... 70

Tabela 3. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura de aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2009 a 2011.............. 72

Tabela 4. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura de aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2012 e 2013.............. 73

Tabela 5. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2014 a 2016. ................................. 74

Tabela 6. Produção de massa seca das espécies de plantas de cobertura com vegetação espontânea (VE), aveia preta (AV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV) aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura, nas safras de 2009-2016. ........................................................................................ 76

Tabela 7. Produção de massa seca de plantas espontâneas sob resíduos de vegetação espontânea (VE), aveia-preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV) durante o ciclo da cebola nas safras de 2009-2015. ........................................................................................ 81

Tabela 8. Produção de cebola em sistema de plantio direto agroecológico com vegetação espontânea (VE), aveia preta (AV),

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centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2009-2015. ... 85

Tabela 9. Conteúdo médio de compostos fenólicos e flavonoides na parte aérea de espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto de agroecológico aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas. ............................................ 97

Tabela 10. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea da espécie aveia-preta e aveia-preta consorciada com nabo-forrageiro (A+N) coletados a campo aos 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento. .................................................. 107

Tabela 11. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do centeio coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento. ............................ 110

Tabela 12. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas dos compostos identificados nos extratos da parte aérea da espécie centeio consorciada com nabo-forrageiro, coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento. ............................................................................ 111

Tabela 13. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 dias após o acamamento. .................. 113

Tabela 14. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com centeio e aveia-preta coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 dias após o acamamento. ............................................................................ 116

Tabela 15. Conteúdo médio de compostos fenólicos identificados e detectados via cromatografia líquida de alta eficiência na parte aérea de espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto de agroecológico aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas. ......................................................... 120

Tabela 16. Parâmetros de ajuste e erro dos modelos escolhidos para o conjunto de calibração para quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais. ............................................................................... 130

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Tabela 17. Parâmetros de ajuste e erro dos modelos escolhidos para o conjunto de validação externa para quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais. ............................................................. 133

Tabela 18. Comparação dos resultados de compostos fenólicos totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtido pelo método de referência e NIR aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) de melhor ajuste obtido. .............. 134

Tabela 19. Comparação dos resultados de flavonóides totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtido pelo método de referência e NIR aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) de melhor ajuste obtido. ............................. 135

Tabela 20. Índices de acurácia e kappa dos modelos preditivos para classificação por espécies, tempo de cultivo e manejo das espécies dos espectros brutos e pré-processados dos extratos obtidos da parte aérea das espécies Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os algoritimos pls, knm e rf. ............................................... 151

Tabela 21. Contribuição relativa (%) dos dez comprimentos de onda, em UV-vis, mais relevantes à classificação por espécies, das amostras da parte aérea das plantas de cobertura Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os dados de espectros não processados e pré-processados. ............................................................................... 152

Tabela 22. Índices de acurácia e kappa dos modelos preditivos para classificação em espécies, tempo de cultivo e manejo das espécies dos espectros brutos e pré-processados dos extratos da parte aérea das espécies Secale cereale L., Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. utilizando os algoritimos pls, knm e rf. ............................................... 160

Tabela 23. Contribuição relativa (%) dos dez comprimentos de onda, em NIR, mais relevantes à classificação por espécies, das amostras da parte aérea das plantas de cobertura Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os dados de espectros não processados e pré-processados. ............................................................................... 161

Tabela 24. Principais espécies de plantas espontâneas encontradas em solos cultivados com cebola ao longo de 7 anos em sistema de plantio direto agroecológico. ........................................................................... 197

Tabela 25. Comparação dos resultados de compostos fenólicos totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtidos pelos métodos referência e NIR aplicando o modelo de regressão PLS. ...... 199

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Tabela 26. Comparação dos resultados de flavonoides totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtidos pelos métodos referência e NIR aplicando o modelo de regressão PLS. ..... 205

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIA – Ácido indolacético ARs - Alquilresorcinóis AV – Aveia-preta BOA- Benzoxaxolinona CE – Centeio CV – Cevada C/N – Relação Carbono/Nitrogênio Cfa – Subtropical mesotérmico úmido CLAE – Cromatografia líquida de alta eficiência CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento, Pesquisa e Tecnologia CTC – Capacidade de troca de cátions DAA – Dias após o acamamento DAP – Dias após o plantio DAS – Dias após a semeadura DIBOA - 2,4-dihidroxi-1,4-benzoxazolinona-3 DIMBOA – 2,4-dihidroxi-7-metoxi-1,4-benzoxazolinona-3. EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina HPLC – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência KCl – Ácido clorídrico Kmn – K vizinho mais próximo LABIMA – Laboratório Integrado de Bioquímica e Morfofisiolo-gia Animal MBOA – 6-metoxi-2,3-benzoxazolinona M.O. – Matéria Orgânica MS – Massa seca NEPEA – Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Agroecolo-gia NIR – Infravermelho próximo NF – Nabo-forrageiro PAL – Fenilalanina amônia liase PCA – Análise de componentes principais PC1 – Componente principal 1 PC2 – Componente principal 2 pH – Potencial hidrogeniônico PLS – Quadrados mínimos parciais

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POD – Peroxidase Rf – random forest RMN – Ressonância magnética nuclear RMSECV – Erro padrão de calibração RMSEP – Erro quadrático de validação SC – Santa Catarina SPC – Sistema de preparo convencional SPD – Sistema de Plantio Direto SPDH – Sistema de Plantio Direto de Hortaliças SNV – Normalização vetorial UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UV-vis – Ultravioleta-Visível VE – Vegetação espontânea

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LISTA DE SÍMBOLOS

P – Fósforo N – Nitrogênio K – Potássio Ca – Cálcio Mg – Magnésio Al – Alumínio C – Carbono H - Hidrogênio K2O – Óxido de potássio P2O5 – Pentóxido de fósforo

cmolckg-1 – Centimol de carga por quilograma de solo cm – Centímetros g – Grama(s) g ha-1 – Grama(s) por hectare g kg-1 – Grama(s) por quilograma h – hora kg ha-1 – Quilograma(s) por hectare mg dm-3 – Miligrama(s) por decímetro cúbico mol L-1 – Mol por litro mL – mililitros mL min-1 – Milímetro(s) por minuto

mm – Milímetro(s) m – Metro(s) m² – Metro(s) quadrado(s) mg – Miligrama(s) Mg ha-1 – Megagrama(s) por hectare µg g-1– Micrograma(s) por grama µg – Micrograma(s) µL – Micrograma(s) por litro MeOH – Metanol µgEAG ml-1– Micrograma(s) de equivalente de Ácido Gálico por mililitro mgEAG.g-1 MS – Miligrama(s) de equivalente de Ácido Gálico por grama de massa seca mgEQ.g-1 MS – Miligrama(s) de equivalente de Quercetina por grama de massa seca nm – nanômetro(s) t ha-1 – Tonelada(s) por hectare

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v/v – volume/volume rpm – rotações por minuto r - Coeficiente de correlação % – percentagem °C – Grau(s) Celsius

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APRESENTAÇÃO

Esta tese foi desenvolvida em experimento implantado em 2009 com a cultura da cebola (Allium cepa L.) na Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), localizada no município de Ituporanga, região do Alto Vale do Itajaí, estado de Santa Catarina (SC), e está inserido na proposta metodológica do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) como estratégia de transição agroecológica.

O trabalho está vinculado ao Núcleo de Ensino, Pesquisa e Ex-tensão em Agroecologia (NEPEA-SC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que desenvolve trabalhos com ênfase no sistema de plantio direto sem herbicidas desde 2005. No mesmo experimento do referido trabalho, já foram desenvolvidas nove dissertações de mestrado e estão em andamento duas teses de doutorado e uma dissertação de mestrado. Os títulos e autores dos trabalhos realizados no mesmo expe-rimento estão listados abaixo em ordem cronológica.

Trabalhos concluídos: 1) 2011 - Sistema de plantio direto de cebola: contribuições das

plantas de cobertura no manejo ecológico de plantas espontâneas. Cintia de Camargo Vilanova;

2) 2012 - Atributos químicos e biológicos do solo e rendimento da cebola em sistema de plantio direto após cultivo com diferentes plan-tas de cobertura de inverno. Mónica María Machado Vargas;

3) 2012 - Produção de Cebola e Dinâmica de Emergência de Plantas Espontâneas sob Plantas de Cobertura em Sistema Plantio Dire-to. Monique Souza;

4) 2013 - Decomposição e Mineralização de Nutrientes de Resí-duos de Plantas de Cobertura em Solo Cultivado com Cebola (Allium cepa L.). Roberta Pereira Martins;

5) 2013 - Aplicação de compostos polifenólicos de Canavalia en-siformis (L.) e Mucuna aterrima (Pipper & Tracy) Holland na germina-ção e na emergência de plantas espontâneas. Ana Paula Camargo;

6) 2015 - Decomposição de plantas de cobertura e efeito no ren-dimento da cebola e na biodisponibilidade de fósforo em sistema de plantio direto. Rodolfo Assis de Oliveira;

7) 2016 - Frações orgânicas e atributos químicos em agregados do solo sob sistemas de plantio direto e convencional de cebola. Luiz Henrique dos Santos;

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8) 2016 - Contribuição do nitrogênio de resíduos de plantas de cobertura para a cebola cultivada em sistema de plantio direto agroeco-lógico. Leoncio de Paula Koucher.

9) 2017 - Sistema de Plantio Direto Agroecológico de Cebola e Emissão de Gases de Efeito Estufa. Vilmar Muller Junior.

Trabalhos em andamento: 1) 2015 – Decomposição e liberação de nitrogênio de fontes or-

gânicas em plantio direto de cebola agroecológico, conduzido pelo dou-torando Rodolfo Assis de Oliveira;

2) 2016 – Frações químicas da matéria orgânica do solo influen-ciadas por plantas de cobertura em sistemas de cultivo de cebola, condu-zido pela mestranda Tais Morais Barbosa;

3) 2016 – Influência das plantas de cobertura de inverno nos atri-butos físicos, químicos e biológicos do solo em sistema plantio direto de cebola (Allium cepa L.), conduzido pela doutoranda Juliana Gress Bor-tolini.

Os estudos desenvolvidos se referem à geração de conhecimentos relacionados ao SPDH de cebola, visando eliminar o uso de herbicidas e outros agrotóxicos por meio do uso de plantas de cobertura, diminuir a necessidade de mecanização e os custos de produção, melhorar a cicla-gem de nutrientes, proteger e melhorar a estrutura do solo e aumentar o rendimento da cultura da cebola.

Esta tese foi desenvolvida com auxílio financeiro dos projetos “CONSOLIDAÇÃO E FORMALIZAÇÃO DO NÚCLEO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO EM AGROECOLOGIA – NEPEA-SC”, CNPq nº487492/2013-7, fruto da parceria entre o NEPEA, do Departa-mento de Engenharia Rural da UFSC, a EPAGRI de Ituporanga, SC e os laboratórios de Bioquímica e Morfofisiologia Animal (LABIMA) e Solos, Água e Tecidos Vegetais (LabSolos) da UFSC até o final de 2015; e pela Chamada Universal do CNPq MCTI/CNPq Nº 14/2014 até meados de 2017.

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ESTRUTURA DA TESE

Esta tese encontra-se dividida em quatro estudos, além da intro-

dução geral, com a justificativa para a realização do trabalho, e de uma revisão bibliográfica, com uma visão geral sobre o tema de estudo.

No primeiro estudo foram apresentados os resultados de um ex-perimento realizado em longo prazo em sistema de plantio direto agroe-cológico de cebola com as espécies de plantas de cobertura Avena stri-gosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L., que tinha como obje-tivo avaliar o efeito do cultivo e da quantidade de massa seca produzida por essas espécies sobre os atributos químicos do solo, emergência de plantas espontâneas e produtividade de cebola. A caracterização fito-química das plantas de cobertura foi investigada nos capítulos posterio-res, com ênfase na determinação do perfil fenólico e potencial alelopáti-co. Os conteúdos dos principais compostos fenólicos com potencial alelopático das espécies de plantas de cobertura são apresentados no segundo estudo da tese. O terceiro estudo, por sua vez, teve como obje-tivo validar o uso da espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) para a determinação do conteúdo de fenólicos e flavonoides totais em plantas de cobertura.

Por fim, no quarto estudo, os perfis espectrais das espécies de plantas de cobertura obtidos no segundo estudo, via UV-vis, e os espec-tros obtidos no terceiro estudo, via NIR, foram comparados por meio da aplicação de métodos quimiométricos. Este estudo permitiu identificar diferenças entre os perfis químicos das espécies estudadas, em quais estádios fenológicos e em qual tipo de manejo tais efeitos foram mais pronunciados.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ............................................................. 35 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................... 39

2.1. Uso de espécies de plantas de cobertura em sistema DE plantio direto ..................................................................................... 39

2.1.1. Efeitos das plantas de cobertura sobre o solo ............... 39 2.1.2. Efeito das plantas de cobertura sobre a emergência de plantas espontâneas no ciclo da cebola ........................................ 41

2.2. ALELOPATIA E ESTRATÉGIAS NO MANEJO DE PLANTAS ESPONTÂNEAS ........................................................... 44

2.2.1. Compostos alelopáticos ................................................ 44 2.2.2. Uso de espécies de plantas de cobertura com potencial alelopático no manejo de plantas espontâneas ............................. 48

2.3. Métodos analíticos utilizados para quantificação e caracterização de compostos fenólicos em plantas ........................... 56

3. HIPÓTESES ................................................................................. 59

4. OBJETIVOS ................................................................................ 61

4.1. Objetivo geral ....................................................................... 61

4.2. Objetivos específicos ............................................................ 61

5. ESTUDO 1 - Atributos químicos do solo, plantas espontâneas e produtividade de cebola ao longo de sete anos em sistema de plantio direto agroecológico com espécies de plantas de cobertura. ................. 63

5.1. INTRODUÇÃO .................................................................... 64 5.2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................. 65

5.2.1. Localização e delineamento experimental.................... 65 5.2.2. Avaliações .................................................................... 67 5.2.3. Análise estatística ......................................................... 70

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................... 70 5.3.1. Atributos químicos ....................................................... 70 5.3.2. Produção de massaa seca de plantas de cobertura ........ 75 5.3.3. Produção de massa seca de plantas espontâneas .......... 79 5.3.4. Produção de cebola....................................................... 84

5.4. CONCLUSÃO ...................................................................... 88

6. ESTUDO 2 – Composição fenólica da parte aérea das plantas de cobertura Secale cereale L., Raphanus sativus L. e Avena strigosa L., antes e após o acamamento via espectrofotometria UV-vis e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). ................................. 91

6.1. INTRODUÇÃO .................................................................... 92 6.2. MATERIAL E MÉTODOS .................................................. 93

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6.2.1. Amostras ...................................................................... 93 6.2.2. Extração e determinação do conteúdo de fenólicos e flavonoides totais por espectrofotometria UV-vis ....................... 94 6.2.3. Análise do perfil fenólico por cromatografia líquida de alta eficiência ............................................................................... 94

6.2.4. Análise estatística ......................................................... 95 6.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................... 96

6.3.1. Fenólicos e flavonoides totais via UV-vis ................... 96 6.3.2. Composição fenólica por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) ...................................................................... 105

6.4. CONCLUSÃO ................................................................... 121

7. ESTUDO 3 – Predição dos teores de compostos fenólicos e flavonoides na parte aérea das espécies Secale cereale L., Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. por meio de espectroscopia no infravermelho próximo (NIR). ............................................................ 123

7.1. INTRODUÇÃO ................................................................. 124 7.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................ 125

7.2.1. Amostras .................................................................... 125

7.2.2. Espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) e curvas de calibração ................................................................... 126

7.2.3. Método de referência ................................................. 126 7.2.4. Validação do método ................................................. 127 7.2.5. Análise dos dados e estatística ................................... 127

7.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................... 127 7.3.1. Curvas de calibração .................................................. 127

7.4. CONCLUSÃO ................................................................... 137

8. ESTUDO 4 - Análise exploratória e discriminatória da parte aérea das espécies Secale cereale L. Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. por espectroscopiça UV-vis e infravermelho próximo (NIR). ............ 139

8.1. INTRODUÇÃO ................................................................. 140 8.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................ 141

8.2.1. Amostras e análises de espectroscopia ....................... 141 8.2.2. Análise dos dados e estatística ................................... 142

8.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................... 143 8.3.1. Comparação dos perfis espectrais UV-vis dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura 143 8.3.2. Comparação dos perfis espectrais via infravermelho próximo (NIR) da parte aérea das espécies de plantas de cobertura 152

8.4. CONCLUSÃO ................................................................... 162

9. CONCLUSÕES GERAIS E CONSIDERAÇÕES FINAIS ....... 163

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................... 167 APÊNDICE A ..................................................................................... 197

APÊNDICE B ..................................................................................... 199

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35 1. INTRODUÇÃO GERAL

O estado de Santa Catarina (SC) é o maior produtor nacional de

cebola (Allium cepa L.) apresentando, em 2016, um rendimento médio de 30 t ha-1 e uma produção de 600.000 toneladas (EPAGRI, 2017). Essa hortaliça tem importância econômica e social para o estado em razão do número de empregos e renda gerados em toda sua cadeia pro-dutiva que, por conseguinte, gera a fixação do agricultor no meio rural, e por ser uma atividade predominantemente desenvolvida em regime fa-miliar (KURTZ, 2008). A região sul é responsável por 47% da produção nacional de cebola e, em SC, mais de 18 mil famílias de agricultores a têm como principal atividade com mais de 20.000 de hectares plantados, concentrando-se nas microrregiões de Ituporanga, Rio do Sul e Tabulei-ro (EPAGRI, 2000; IBGE, 2016; EPAGRI, 2017).

O sistema de preparo convencional do solo (SPC) nas principais regiões brasileiras de cultivo da cebola caracteriza-se pelo revolvimento do solo com aração e gradagem na ocasião do plantio, ocasionando de-gradação física, química (EPAGRI, 2013; LOSS et al., 2015) e biológica (CUNHA et al., 2012). Além disso, o SPC tem potencializado as perdas de água e nutrientes por erosão, o uso indiscriminado de fertilizantes e a dependência de herbicidas para o controle de plantas espontâneas (PA-NACHUKI et al., 2011; ALTIERI et al., 2011).

Alternativamente ao SPC, o sistema de cultivo de cebola e outras hortaliças tem sido realizado em sistema de plantio direto, denominado de sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH), conduzido com prin-cípios do manejo agroecológico. A mobilização do solo é restrita às linhas de plantio, e se usam plantas de cobertura, e outras práticas de manejo, ao invés de herbicidas para o controle das plantas espontâneas (KIELING et al., 2009; ALTIERI et al., 2011; BITTENCOURT et al., 2013).

No caso particular da cebola, que possui um número reduzido de folhas, porte baixo e um baixo índice de área foliar, o uso de espécies de plantas de cobertura solteiras ou consorciadas, e com potencial alelopático, é fundamental para que o SPDH seja iniciado com um alto aporte de resíduos. Dessa maneira, o cultivo e a deposição das plantas de cobertura podem inibir do crescimento das plantas espontâneas (ALTIERI et al., 2011), e viabilizar, inclusive, o aumento da produção de bulbos (SOUZA et al., 2013a, VILANOVA et al., 2014).

A diversidade de espécies de plantas de cobertura utilizadas, bem como a quantidade de massa seca (MS) produzida pelas mesmas, podem tornar-se uma barreira física (QUEIROZ et al., 2010) ou biológica

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36 (CUNHA et al., 2012), limitando o crescimento de outras plantas. Além disso, pode ocorrer a liberação de compostos químicos no solo, também conhecidos como compostos alelopáticos, produzidos pelas plantas de cobertura, que também dificultam ou impedem o desenvolvimento das plantas espontâneas (KHANH et al., 2005; LEWINSOHN e GIJZEN, 2009; HAGEMANN et al., 2010).

As plantas de cobertura também podem absorver nutrientes em camadas mais profundas do solo e acumulá-los nas raízes ou na parte aérea. Ocorre, portanto, a melhoria dos atributos químicos, por meio da decomposição da massa seca e liberação de nutrientes (EPAGRI, 2013; SOUZA et al., 2013a), físicos, pela manutenção e/ou aumento dos teores de carbono do solo (LOSS et al., 2015), e biológicos, por estimular a atividade microbiana (VARGAS, 2012).

As espécies de plantas de cobertura de inverno mais utilizadas em SPDH são as Poáceas aveia-preta (Avena strigosa L.) e centeio (Secale cereale L.), que podem produzir elevadas quantidades de massa seca e, em geral, possuem relação C/N superior a 22, o que aumenta a persistência dos seus resíduos sobre a superfície do solo (DONEDA et al., 2012; MARTINS, 2014). O consórcio dessas duas Poáceas com o nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) pode gerar um resíduo com relação C/N próximo de 13, possibilitando a cobertura da superfície do solo ao longo do tempo e, por consequência, a liberação gradual de nutrientes para o solo (CRUSCIOL et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2016).

Pela manutenção da MS no manejo agroecológico, busca-se eli-minar e/ou reduzir o uso do controle químico. Por meio da barreira físi-ca exercida pela presença das plantas sobre o solo, e por meio da libera-ção de compostos químicos das plantas de cobertura ao longo do ciclo, há a inibição do crescimento das plantas espontâneas (ALTIERI et al., 2011; CAMARGO, 2012; BITTENCOURT et al., 2013).

Estudos que visam melhorar a compreensão das mudanças advin-das da substituição do SPC do solo e do sistema de plantio direto (SPD) tradicional (com uso de herbicidas e adubos químicos) pelo SPDH, per-mitem que o sistema seja empregado gradualmente, observando os as-pectos quantitativos e qualitativos. Portanto, o SPDH, pelas suas carac-terísticas, constitui importante caminho de transição para uma agricultu-ra menos impactante ao ambiente, visando o manejo do solo e da cultura com base em princípios agroecológicos.

O entendimento da dinâmica de liberação dos nutrientes das plan-tas de cobertura, da caracterização química e fitoquímica dessas plantas, dos atributos químicos e da produtividade da cebola permitirão identifi-

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37 car a melhor estratégia de manejo do solo. Também será possível identi-ficar quais plantas de cobertura podem contribuir para a manutenção e fertilidade do solo e, consequentemente, propiciar uma produção susten-tável de cebola sob SPDH. A utilização de plantas de cobertura com potencialidades fitotóxicas pode reduzir o uso de herbicidas e/ou gerar produtos que possam substituir os agrotóxicos, além de melhorar a qua-lidade de vida dos agricultores familiares da região.

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39 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. USO DE ESPÉCIES DE PLANTAS DE COBERTURA EM

SISTEMA DE PLANTIO DIRETO

2.1.1. Efeitos das plantas de cobertura sobre o solo

Em sistemas conservacionistas de manejo do solo, o uso de plan-tas de cobertura em rotação ou sucessão com os cultivos comerciais apresenta-se como uma prática eficiente para proteger a superfície do solo contra os agentes erosivos (PANACHUKI et al., 2011; CARDOSO et al., 2012). Além disso, promove alterações benéficas nas propriedades físicas (LOSS et al., 2015), químicas (TEIXEIRA et al., 2012; BRES-SAN et al., 2013) e biológicas do solo (CUNHA et al., 2012), princi-palmente, na ciclagem de nutrientes, nos teores da matéria orgânica (BLANCO-CANQUI et el., 2012), na atividade e população microbiana (VARGAS, 2012) e na estabilidade dos agregados do solo (COUTINHO et al., 2010; LOSS et al., 2015).

A prática de rotação de culturas permite o controle de pragas, do-enças e plantas espontâneas e, também, aumenta a fertilidade do solo, pela capacidade das plantas de cobertura em absorver nutrientes do solo, inclusive, de profundidades não exploradas pelas raízes das culturas comercias, tais como a cebola (CUNHA et al., 2012; SEDIYAMA et al., 2014).

As exigências nutricionais das cultivares de cebola e a extração de nutrientes podem variar, bem como a sua relação com o crescimento pode ser diferente em razão do tipo de solo e do sistema de cultivo. Em geral, o acúmulo dos nutrientes é mais intenso durante a fase de bulbifi-cação e segue o seguinte comportamento de absorção: N>K>P>Ca>Mg (MENEZES JUNIOR et al., 2014; VIDIGAL et al., 2014; KURTZ, 2015). Com a decomposição dos resíduos vegetais das plantas de cober-tura, acontece a liberação dos nutrientes contidos no tecido vegetal, tais como N, P, K, Ca e Mg, incrementando os seus teores no solo, especi-almente, nas camadas mais superficiais (BORKERT et al., 2003; BO-NANOMI et al., 2011, TEIXEIRA et al., 2012).

Parte dos nutrientes derivados da decomposição dos resíduos de plantas de cobertura, entre eles, o N, pode ser aproveitado pelas plantas de cebola (MARTINS et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2016). Entretanto, se o suprimento de N for inferior às exigências desta hortaliça haverá redução na produtividade e, se houver excesso de N ou o suprimento ocorrer na época inadequada em relação às exigências da planta, a sani-

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40 dade e a qualidade dos bulbos serão afetados, aumentando as perdas de bulbos na pós-colheita (KURTZ, 2015). Koucher (2016), ao avaliar a contribuição do N de resíduos de plantas de cobertura do solo para a cebola cultivada em SPDH, observou que uma pequena parte do N acu-mulado nos órgãos de cebola foi derivado dos resíduos das plantas de cobertura depositados no solo. Assim, o N derivado dos resíduos de nabo-forrageiro, aveia-preta, bem como o consórcio, podem contribuir para a nutrição da cebola durante o cultivo.

No entanto, a decomposição dos resíduos vegetais e, por conse-quência, a liberação de nutrientes derivada dos resíduos depende de condições edafoclimáticas, como a temperatura, umidade, valores de pH, assim como da composição química da massa seca, a exemplo dos teores de celulose, lignina e das relações C/N, lignina/N e lignina/P (TRINSOUTROT et al., 2000; CORNWELL et al., 2008; TEIXEIRA et al., 2012).

Devido aos resíduos vegetais das culturas anteriores permanece-rem na superfície do solo e do preparo restrito às linhas de plantio, os nutrientes estarão concentrados de forma diferenciada no perfil do solo, em maiores quantidades na camada superficial (0-10 cm) e diminuindo em profundidade (MORETI et al., 2007; OLIVEIRA, 2015). Assim, o material orgânico é decomposto pelos organismos do solo, mineralizan-do-o e, posteriormente, auxiliando no crescimento das plantas.

Em SPDH de cebola, os nutrientes são disponibilizados lentamente para os bulbos, pela presença dos resíduos que estão presentes na superfície do solo. Além disso, o aumento da M.O. na camada superficial do solo com o decorrer do tempo se deve, principalmente, a ausência de preparo do solo que não fragmenta os resíduos, não destrói os agregados (PERIN et al., 2002; PAGLIAI et al., 2004; LOSS et al., 2009) e não estimula a oxidação acelerada da M.O. Isso contribui para a infiltração da água, as trocas gasosas e o desenvolvimento das raízes (KOCHHANN e DENARDIN, 2000).

Em relação aos teores de nutrientes, ocorrem grandes diferenças do SPDH para o SPC. No caso do fósforo (P) e do potássio (K), em razão da não mobilização do solo, de os fertilizantes serem adicionados na linha de plantio, das menores perdas por erosão e da ausência de incorporação da MS no solo no SPDH, há maior acúmulo desses elementos na superfície (OLIVEIRA, 2015). Ao avaliarem os atributos químicos de solo cultivado com diferentes plantas de cobertura em SPD, Silveira et al. (2010) encontraram maiores teores de P nas camadas subsuperficiais. Isso se deve à lenta e gradual mineralização dos resíduos orgânicos, proporcionando a formação de formas orgânicas de

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41 P menos suscetíveis às reações de adsorção. Além disso, o uso de dife-rentes espécies de plantas de cobertura com distintos sistemas radicula-res pode favorecer uma melhor distribuição do P no perfil do solo (OLIVEIRA, 2015).

2.1.2. Efeito das plantas de cobertura sobre a emergência de

plantas espontâneas no ciclo da cebola

Um dos maiores problemas enfrentados na transição da agricultu-ra convencional para a agricultura orgânica é o manejo das plantas es-pontâneas e o principal esforço é minimizar o surgimento de plantas espontâneas e a sua interferência no desenvolvimento e rendimento das culturas alimentícias e/ou comerciais (NORSWORTHY et al., 2007). Com o uso de abordagens ecológicas para manejo, é possível desenvol-ver sistemas de controle de plantas espontâneas sem o uso de produtos químicos sintéticos (BOND e GRUNDY, 2001), à partir do uso de cul-turas de cobertura em sistemas integrados de produção.

As plantas espontâneas também constituem um sério problema no cultivo da cebola, visto que essa planta apresenta porte baixo, desenvol-vimento inicial relativamente lento e um número reduzido de folhas, hábito de crescimento ereto e formato cilíndrico (SOUZA e RESENDE, 2002). Todos estes fatores proporcionam um baixo índice de área foliar e interceptação de luz durante o ciclo da cultura, causando baixo som-breamento do solo e, desta forma, permitindo a germinação de outras plantas em qualquer fase do seu desenvolvimento (BARBOSA, 2008).

A maioria das terras agrícolas contém grande quantidade de se-mentes de plantas espontâneas anuais e perenes, e parte delas são esti-muladas a germinar com os frequentes cultivos, competindo com a ce-bola. Por causa disso, procura-se manter as áreas de produção de cebola sempre livres de plantas espontâneas (EPAGRI, 2000). O controle de plantas espontâneas é fundamental, principalmente, a partir do primeiro mês após o transplantio das mudas de cebola (SOUZA e RESENDE, 2002; SOUZA, 2012; VILANOVA et al., 2014). A convivência de plan-tas de cebola com plantas espontâneas durante todo o ciclo da cultura pode reduzir o rendimento da cultura em até 95% (SOARES et al., 2004).

Muitas áreas da região do Alto Vale do Itajaí, em SC, têm sido infestadas com plantas espontâneas de difícil controle e alta competiti-vidade com a cultura da cebola. Dentre elas, destacam-se a tiririca (Cyperus rotundus L.), o capim-paulista (Cynodon dactylon L. Pers.), o pé-de-galinha (Poa annua L.), a língua-de-vaca (Rumex obtusifolius L.),

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42 a losna-brava (Artemisia verlotorum Lamotte), o caruru (Amaranthus lividus L.), a orelha-de-urso (Stachys arvensis L.) e a erva-de-passarinho (Stellaria media) (EPAGRI, 2000; 2013).

Embora o controle da comunidade infestante possa ser efetuado com a capina manual ou com a enxada, o controle químico com herbici-das é a opção mais utilizada pelos produtores da região. Isto se deve às grandes áreas plantadas com cebola na região, ao pequeno espaçamento entre linhas e ao ciclo relativamente longo da cultura, o que dificulta e encarece a capina manual e praticamente inviabiliza a prática mecaniza-da. Entretanto, quanto ao uso de herbicidas, diversas causas têm impedi-do a obtenção de resultados positivos no controle das plantas espontâ-neas, tais como a escolha e a utilização de quantidades erradas dos pro-dutos e erro na calibração dos equipamentos (SOUZA e RESENDE, 2002). Também merecem destaque os riscos de poluição ambiental e de intoxicação dos agricultores (PERES et al., 2007; SOARES, 2010; ALENCAR et al., 2013).

O controle de plantas espontâneas no SPD é dependente do uso de herbicidas, pois são realizadas pelo menos duas aplicações: a primei-ra 30-40 dias após o plantio das mudas de cebola (DAP), que correspon-de ao período crítico de desenvolvimento da cebola (EPAGRI, 2000), e outra ao final do ciclo (100-120 dias). Para reduzir as sucessivas aplica-ções de herbicidas é preciso estabelecer um conjunto de práticas, que vai desde a escolha adequada de uma área para a implantação do sistema, que receba sol o dia todo, evitando baixadas mal drenadas (EPAGRI, 2004), até o uso de plantas de cobertura para a recuperação da fertilida-de dos solos e, consequente, proteção da superfície contra o impacto da gota da chuva, diminuindo o selamento superficial e favorecendo a infil-tração de água no solo (BERTOL et al., 2011).

O uso de diferentes espécies de cobertura sobre o solo reduz a população de plantas espontâneas e, consequentemente, pode melhorar o rendimento das culturas agrícolas por meio da interferência física, alelo-pática e, também, pela melhoria da qualidade do solo (GOMES e CHRISTOFFOLETI, 2008; ALTIERI et al., 2011; VILANOVA et al., 2014). No SPD as sementes de plantas espontâneas demoram mais para iniciar o processo germinativo visto que, o revolvimento do solo em SPC estimula a germinação pela exposição das sementes a flutuações de temperaturas na superfície do solo. A eliminação de práticas de preparo do solo e o uso de culturas de cobertura permite reduzir a amplitude térmica do solo, limitar a qualidade da luz que incide na superfície e, consequentemente, dificultar e, ou reduzir a germinação e emergência de plantas espontâneas (LANA, 2007, BITTENCOURT, 2017).

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A grande diversidade de espécies de plantas espontâneas que emergem nas áreas de cultivos de hortaliças está normalmente associada a ambientes com perturbações. Variações como, flutuações de tempera-tura no solo e excesso de adubação, promovem o desequilíbrio e tornam o sistema solo-planta propenso ao surgimento de doenças, pragas e ao crescimento de plantas espontâneas (KHAUTOUNIAN, 2001). Quanto maior a diversidade biológica, em razão do uso de diferentes espécies de plantas de cobertura, maior a estabilidade do sistema, decorrente da sua maior capacidade em responder a eventuais perturbações nos sistemas de cultivo (KHAUTOUNIAN, 2001; SKOPURA et al., 2003; BEGON, 2005).

Ao avaliarem a emergência de plantas espontâneas e o banco de sementes em diferentes sistemas de preparo do solo, Santín-Montanyá et al. (2016) observaram maior densidade e diversidade de espécies no banco de sementes em sistema de preparo mínimo ou plantio direto. Segundo os autores, elas podem ter permanecido adormecidas por mais tempo, já que nestes sistemas há menor perturbação no solo que estimulam a germinação. Portanto, boa parte das perturbações podem ser evitadas ou controladas por meio da adoção de práticas de manejo, como o uso de plantas de cobertura, rotações de culturas, plantio direto e redução do uso de máquinas (SOUZA, 2012).

Existe um grupo de espécies com maiores aptidões para serem utilizadas como planta de cobertura do solo e não tornarem-se plantas espontâneas. São desejáveis plantas com crescimento rápido, grande produção de MS, maior permanência dos restos vegetais sobre a superfí-cie do solo do início ao fim do ciclo da cultura de interesse, facilidade na aquisição de sementes, com maior potencial para as condições locais, com efeitos alelopáticos e que não competem com as culturas em suces-são (NUNES et al., 2006; HAGEMANN et al., 2010). Neste âmbito, culturas com potencial alelopático podem minimizar alguns problemas na produção agrícola e auxiliar na redução de plantas espontâneas e patógenos (MACHADO et al., 2007; DIETRICH et al., 2011). Além disso, quando utilizada como planta de cobertura do solo, a massa seca da parte aérea após acamada, pode liberar substâncias alelopáticas pelos seus resíduos depositados sobre a superfície do solo (KONG et al., 2008; BITTENCOURT et al., 2013).

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2.2. ALELOPATIA E ESTRATÉGIAS NO MANEJO DE PLAN-

TAS ESPONTÂNEAS

2.2.1. Compostos alelopáticos

A alelopatia é um fenômeno biológico presente nos agroecossis-temas, e pode ser definida como um efeito direto ou indireto, danoso ou benéfico, que compostos produzidos e liberados no ambiente por uma planta exerce sobre a outra. Esses efeitos ocorrem a partir da produção e liberação de algumas substâncias advindas de rotas metabólicas secun-dárias, também denominadas aleloquímicos. Esses compostos químicos ou compostos secundários podem ser liberados no ambiente sob diversas formas, tais como lixiviação, volatilização, decomposição de resíduos e exsudação radicular (RICE, 1984). A atividade alelopática dos compos-tos depende do tipo de solo, da população microbiana, das condições climáticas e das plantas existentes no local (MONQUERO et al., 2009).

Historicamente, os compostos secundários eram considerados produtos finais do metabolismo sem função aparente. Entretanto, a partir do século XIX e início do século XX, houve um aprofundamento nos estudos envolvendo os metabólitos secundários pelos químicos orgâni-cos interessados nessas substâncias, com o seu uso em fitomedicamen-tos, venenos e aromatizantes. Além disso, muitos produtos do metabo-lismo secundário ou especializado têm funções ecológicas importantes nos vegetais, sendo, portanto, de grande relevância na agricultura (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Os mecanismos pelos quais os vegetais protegem-se da herbivo-ria, da infecção por microrganismos patogênicos, da competição de outras plantas e outras formas de defesa podem estar ligados ao metabo-lismo secundário e, os metabólitos produzidos podem ser responsáveis pela transmissão dessas informações das plantas para o seu entorno (OLIVEROS-BASTIDAS, 2008). As plantas investem grande quantida-de de recursos para sintetizar, acumular ou liberar metabólitos, que estão condicionados aos processos fotossintéticos, em que há o desvio de parte dos esqueletos carbônicos do metabolismo primário para a síntese dos compostos secundários (DEWICK, 2002; LEWINSOHN e GIJZEN, 2009; TAIZ e ZEIGER, 2009).

Os metabólitos secundários vegetais podem ser classificados em três grupos quimicamente distintos. O primeiro inclui os terpenos, que constitui a maior classe de metabólitos secundários, insolúveis em água e biossintetizados a partir da rota do ácido mevalônico e da rota do meti-

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45 leritriol fosfato; o segundo engloba os compostos fenólicos, que consti-tuem um grupo bem heterogêneo, com aproximadamente 10.000 com-postos, biossintetizados a partir da rota do ácido malônico e da rota do ácido chiquímico. O terceiro grupo inclui os compostos nitrogenados, sintetizados a partir de aminoácidos comuns. A despeito dessa classifi-cação, os metabólitos secundários apresentam suas interconexões com o metabolismo primário com distribuição específica e restrita a um grupo de espécies ou a uma espécie vegetal (TAIZ e ZEIGER, 2009). Por ocorrerem por diferentes vias bioquímicas, os conteúdos produzidos são regulados e suscetíveis às variações ambientais e a potenciais predado-res naturais (PAVARINI et al., 2012).

Os metabólitos secundários têm sido identificados como os gran-des responsáveis pelo efeito alelopático no ambiente, incluindo compos-tos do grupo dos fenólicos, terpenoides, alcaloides, cumarinas, taninos, xantonas, flavonoides, esterois, quininas, entre outros (PUTNAM, 1985; TREZZI, 2002; PATIL, 2007; LABBAFY et al., 2009). Os fenólicos, por exemplo, podem reduzir o crescimento de plantas espontâneas a campo, pois estes compostos estão diretamente relacionados à absorção de nutrientes, complexando os elementos químicos presentes no solo (BERTIN, et al., 2003). A aplicação de extratos de folhas de Solanum cernumm Vell (panacéia) na concentração de 100 mg L-1 reduziu em 69% o comprimento da parte aérea e em 88% o comprimento de raízes de Bidens pilosa L. (OLIVEIRA et al., 2013).

Existem vários exemplos de plantas com efeitos alelopáticos na natureza (LABBAFY et al., 2009; HAGEMANN et al., 2010). Entretan-to, existe uma grande dificuldade na identificação das substâncias quí-micas presentes nas plantas e na determinação da ação destas substân-cias no ambiente, principalmente em relação às respostas das plantas frente à aplicação destes compostos (BELZ, 2007).

Uma das técnicas mais utilizadas para estudar a alelopatia envol-ve o preparo de extratos aquosos foliares ou do sistema radicular de plantas, observando-se a influência desses extratos na germinação de sementes, emergência de plântulas e crescimento da parte aérea e radi-cular de outras plantas. Além disso, também são realizados bioensaios de germinação de sementes em condições controladas de laboratório e bioensaios de desenvolvimento em casa de vegetação e a campo (PUT-NAM, 1985; INDERJIT e CALLAWAY, 2003; SOUZA FILHO et al., 2010).

Um dos mais antigos exemplos de alelopatia envolve a exsudação radicular e a inibição do crescimento de plantas, causada pela presença da noz preta (Juglans nigra L.). Seu uso como árvore de sombra e, tam-

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46 bém, por sua madeira altamente valorizada foi relatada há anos atrás como uma espécie arbórea que interfere no crescimento das plantas vizinhas (RICE, 1984). Isso ocorre por conta de exsudatos radiculares que contém metabólitos específicos, frequentemente liberados em gran-des quantidades na rizosfera, afetando a macro e microbiota do solo e suas imediações (VIDAL e BAUMAN, 1997; BERTIN et al., 2003).

A noz preta fresca e seus frutos decompostos produzem substân-cias que são repelentes de moscas e formigas. Além disso, causam mur-chamento, escurecimento do tecido vascular, necrose e eventual morte de leguminosas, hortaliças, ornamentais, espécies herbáceas e lenhosas. A toxicidade da noz está associada à presença do metabólito secundário juglona (5-hidroxi-1, 4 - naptoquinona), que em tecidos vivos geralmen-te é encontrado em uma forma reduzida não tóxica, mas quando exposto ao ar pode oxidar e ser tóxico ou não para as plantas. O grau de toxici-dade depende da idade e do diâmetro do tronco da noz, bem como das condições ambientais. Estudos realizados por Willis (2000) e Bertin (2003) têm demonstrado que a radiação ultravioleta (UV) é necessária para a biossíntese deste composto, em que as maiores concentrações de juglona estão associadas às raízes e, principalmente na rizosfera, mas também são encontrados nos brotos e cascas das nozes e, em menores, quantidades nas folhas e nos caules.

O juglona é muito importante na proteção das plantas contra or-ganismos patogênicos e, por não ser facilmente lixiviado pelo perfil do solo, pode persistir por baixo da copa das árvores, onde as raízes estão localizadas. Tanto a fotossíntese como a respiração das plantas expostas são afetadas (JOSE e GILLESPIE, 1998), pois o metabólito produzido serve como um receptor e doador de elétrons e, portanto, um redutor na respiração e na fotossíntese, criando o potencial de gerar radicais livres que danificam as membranas celulares. Além disso, também tem sido relatado como um inibidor do movimento de cátions por meio das mem-branas e na divisão celular (WILLIS, 2000).

Outros exemplos de plantas que produzem exsudatos radiculares com conhecidas atividades alelopáticas são o trigo (Triticum aestivum) e o sorgo (Sorghum bicolor). A alelopatia do trigo está associada com a presença de compostos fenólicos, como os ácidos p-hidroxibenzóico, vanílico, p-cumárico, siríngico e ácido ferúlico, bem como a presença de ácidos hidroxâmicos. Estes são classificados como carbamatos cíclicos, e sintetizados na rota metabólica do ácido chiquímico, mais precisamen-te na produção do aminoácido triptofano (NIEMEYER, 1988).

O sorgo é uma das plantas que possui alelopatia comprovada, produzindo um complexo de substâncias lipídicas e proteínas denomi-

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47 nadas genericamente de sorgoleone, tendo como seu principal composto o 2-hidroxi-5--metoxi-3-[(Z,Z)-8’,11’,14’-pentadecatrieno]-p benzoqui-nona, que é naturalmente liberado para o solo a partir dos tricomas das suas raízes (SANTOS et al., 2012).

O sorgoleone tem sido caracterizado como um bioherbicida inibi-dor do crescimento de plantas espontâneas em concentrações de 10 µM (BERTIN et al., 2003). Este composto químico possui diferentes modos de ação nos sistemas vegetais, como por exemplo, inibidor do transporte de elétrons na fotossíntese e na respiração. Segundo Meazza et al. (2002), o sorgoleone inibe fortemente hidroxifenilpiruvato dioxigenase (HPPD), com maior atividade do que o juglona, produzido pela noz preta. A inibição desta enzima interrompe a biossíntese de carotenoides e resulta em branqueamento foliar, que também é observada em mudas tratadas com sorgoleone. Trezzi (2002) ao avaliar o potencial alelopático de genótipos de sorgo, observou que extratos hidrofóbicos de raízes inibiram o crescimento de alface e de plantas espontâneas.

Existem vários trabalhos envolvendo a alelopatia e seu efeito so-bre outras plantas, mas a maioria dos estudos têm sido realizado com plantas medicinais e com plantas espontâneas. Poucas espécies de plan-tas de cobertura do solo têm sido estudadas e, quando os estudos são realizados, o enfoque é na extração dos aleloquímicos e no efeito da aplicação do extrato sobre outras plantas, sem contemplar a quantifica-ção e a identificação dos principais compostos presente nos extratos (HAIDA et al., 2010; LOUSADA et al., 2012). São escassos estudos que contemplem a quantificação dos principais compostos presentes nos extratos e o seu comportamento ao longo do desenvolvimento das plan-tas submetidas à aplicação dos compostos.

Para compreender o modo de ação dos aleloquímicos sobre o crescimento de outras plantas é necessário a aplicação de técnicas analí-ticas, que permitam detectar e quantificar os compostos e, também, es-tabelecer as bases para a montagem de experimentos que simulem os processos que ocorrem a campo (BLAIR et al., 2009). Por isso, é neces-sário o uso de procedimentos experimentais que permitam o isolamento e a identificação de compostos químicos envolvidos na atividade alelo-pática das plantas, como a cromatografia (SOUZA FILHO et al., 2010). Também se faz necessário determinar as quantidades e as concentrações dos aleloquímicos presentes nos extratos, pois as plantas respodem variavelmente a diferentes concentrações (HAIDA et al., 2010).

Vários fatores abióticos induzem o gene ou a atividade enzimáti-ca na biossíntese de aleloquímicos, sua acumulação ou também libera-ção (BELZ, 2007). É importante, por exemplo, saber se um composto é

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48 instável, se pode oscilar ao longo do tempo ou se é sensível às condições ambientais, como a luz ultravioleta, o pH ou a temperatura (BLAIR et al., 2009). Segundo Pavarini et al. (2012), os metabólitos secundários das plantas são sintetizados por diferentes vias bioquímicas, e os seus conteúdos são regulados e suscetíveis às variações ambientais. Como essas informações ainda são limitadas, torna-se um desafio para muitos pesquisadores, tanto durante a coleta das amostras a campo, como na detecção e quantificação dos compostos, o desenvolvimento de técnicas analíticas precisas.

2.2.2. Uso de espécies de plantas de cobertura com potencial

alelopático no manejo de plantas espontâneas

Geralmente, as decisões relacionadas ao controle de plantas es-pontâneas em agroecossistemas estão baseadas nos problemas dos anos anteriores e no uso de herbicidas. Para que estas práticas não ocorram é preciso compreender como estas plantas atuam e de que forma elas se manifestam no ambiente. Assim, será possível propor estratégias de manejo que contribuirão para a criação de um programa de manejo fun-damentado em princípios ecológicos (LEGUIZAMÓN, 2005).

Os efeitos da cobertura morta sobre as plantas espontâneas devem ser analisados sob três aspectos distintos: físico, químico e biológico, bem como as interações entre eles. O efeito físico pode intervir na ger-minação e na taxa de sobrevivência das plântulas de algumas espécies de espontâneas. No processo germinativo, pode ocorrer a redução da germinação de sementes fotoblásticas positivas, as quais requerem de-terminado comprimento de onda para germinarem, e a redução da ger-minação de sementes que necessitam de grande amplitude térmica para iniciar o processo germinativo (BENECH-ARNOLD et al., 2000; MONQUERO et al., 2009). Além disso, o efeito físico reduz as chances de sobrevivência das plântulas de espécies com pequenas quantidades de sementes e reservas. Muitas vezes, estas reservas não são suficientes para garantir a sobrevivência da plântula sob a cobertura morta até que se tenha acesso à luz para iniciar o processo fotossintético (CARVA-LHO e CHRISTOFFOLETI, 2007).

A deposição de resíduos orgânicos sobre o solo e o aumento do teor de matéria orgânica, associados a menor vulnerabilidade dos mi-crorganismos no SPDH, criam condições para instalação de uma densa e diversificada microbiocenose na camada superficial do solo (MON-QUERO et al., 2009; CUNHA et al., 2012). Assim, dispõe-se de uma grande quantidade de organismos que pode utilizar sementes e plântulas

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49 espontâneas como fontes de energia. A cobertura morta cria também um abrigo seguro para inimigos naturais, como roedores, insetos e outros pequenos animais, que são consumidores de sementes e de plântulas de espécies espontâneas.

Em relação aos efeitos químicos, a cobertura morta pode ter in-fluência alelopática sobre as plantas espontâneas. Essa interação pode ocorrer entre microrganismos, entre microrganismos e plantas, entre plantas cultivadas, entre plantas espontâneas e entre plantas espontâneas e plantas cultivadas. A atividade alelopática depende do tipo de solo, da população microbiana, das condições climáticas, da qualidade e da quantidade do material vegetal depositado na superfície e da composi-ção de espécies da comunidade de plantas espontâneas de forma especí-fica (WU et al., 2000; MONQUERO et al., 2009). Ao se identificar os compostos produzidos pelas plantas e pelo extrato aquoso dos resíduos das plantas de cobertura (WU et al., 2000), pode-se fazer inferências sobre as características e o modo de ação destes compostos (inibição, estímulo ou nenhum efeito) sobre as outras plantas, revelando-se uma estratégia para o controle das plantas espontâneas nos sistemas de culti-vo (ZANATTA et al., 2006; PATIL, 2007).

O SPD evidencia a relação dos aleloquímicos com a produtivida-de das culturas, em que a concentração dos aleloquímicos na solução do solo é regulada por diversos fatores que estabelecessem seus efeitos sobre as plantas e os organismos, conforme Figura 1. Figura 1. Aleloquímicos de resíduos vegetais: processos, fatores que controlam e efeitos potenciais sobre os componentes do agroecossistema.

Fonte: Adaptado de Moreira e Siqueira, 2006.

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Dependendo da espécie, tanto em baixas concentrações de alelo-químicos como à medida que se elevam as concentrações, aparecem efeitos positivos para a cultura de interesse, em razão do efeito negativo que o aleloquímico exerce sobre as plantas espontâneas, mas também podem atingir condições de letalidade para a planta de interesse. Portan-to, o manejo das plantas e a dinâmica do ecossistema influenciam na concentração e nos efeitos das substâncias bioativas. Estudos com tal enfoque permitem constatar a existência de danos às plantas, dependen-do da espécie. Os aleloquímicos, especialmente os de natureza fenólica, podem ser facilmente degradados e liberados para o solo durante a de-composição dos resíduos (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006).

As plantas de cobertura em sistemas de manejo do solo têm des-pertado interesse pelo seu potencial no controle de plantas espontâneas em sistemas de manejo agroecológico (ALTIERI et al., 2011; BITTEN-COURT et al., 2013), em que o uso e a manutenção de resíduos sobre a superfície do solo podem ter efeito alelopático, inibindo o crescimento de outras plantas (KONG et al., 2008; CAMARGO, 2013). O controle eficiente de plantas espontâneas pode ser observado, por exemplo, pela presença de algumas leguminosas como o feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e a mucuna-preta (Stizolobium aterrimun) (CAMARGO, 2013), bem como das Poáceas aveia-preta (Avena strigosa L.) e centeio (Secale cereale L.), além da crucífera nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) (HAGEMANN et al., 2010; LABBAFY et al., 2009; BLAZEVIC e MASTELIC, 2009), revelando-se uma estratégia para o controle das plantas espontâneas.

O feijão-de-porco e a mucuna-preta possuem um crescimento in-determinado, rasteiro ou herbáceo prostrado, conferindo aos seus ramos e folhas maior capacidade de distribuição uniforme e mais próximo do solo. Por esta razão, há maior pressão de controle sobre as plantas es-pontâneas, uma vez que apresentam maior capacidade de abafamento e agressividade, e diminuem a sua população por causa da competição por fatores de crescimento, especialmente luz (FAVERO et al., 2001). Este potencial da mucuna-preta em reduzir a população de plantas espontâ-neas vem sendo estudado e a agressividade desta espécie ocorre pelo seu efeito alelopático, que inibe o crescimento de outras espécies e prevale-ce desde o início do ciclo até o final (CAMARGO, 2013).

O controle eficiente de plantas espontâneas pelo feijão-de-porco também é atribuído ao efeito alelopático (ALMEIDA e CÂMARA, 2012; CAMARGO, 2013). Além disso, a espécie exerce efeito de aba-famento sobre as plantas espontâneas mais no início do ciclo quando comparado com o final do ciclo, com a queda de folhas mais baixas

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51 sobre a superfície do solo, favorecendo a pressão de abafamento e dimi-nuindo a densidade de plantas espontâneas (FAVERO et al., 2001).

2.2.2.1. Potencial alelopático e metabolismo secundário do centeio (Secale cereale L)

O centeio exsuda vários compostos pelas raízes ou libera pela de-

composição de sua massa seca. Dentre eles, as benzoxazolinonas consti-tuem o mais importante grupo de metabólitos secundários já conhecidos nessa espécie. Estes metabólitos destacam-se nas plantas superiores, principalmente em cereais como, o trigo, o centeio e o milho (FRIEBE, 2001; SOUZA e FURTADO, 2002), exercendo efeitos como a inibição do crescimento e germinação de plantas espontâneas ou cultivadas e a proteção contra bactérias, fungos e insetos (ZANATTA et al., 2006). As benzoxazolinonas são ácidos hidroxâmicos cíclicos, também denomina-dos de carbamatos cíclicos, sintetizadas na rota metabólica do ácido chiquímico; as mesmas são responsáveis pela produção de aminoácidos aromáticos nas plantas, como a fenilalanina, a tirosina e o triptofano (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Os ácidos hidroxâmicos produzem compostos como: DIBOA (2,4-dihidroxi-1,4-benzoxazolinona-3), DIMBOA (2,4-dihidroxi-7-metoxi-1,4-benzoxazolinona-3) e produtos de sua degradação, descar-boxilado para a forma BOA (2-benzoxazolinona) e MBOA (6-metoxi-2,3-benzoxazolinona). Trabalhos realizados por Copaja et al. (2006) demonstram que o ácido hidroxâmico DIBOA é o principal ácido hi-droxâmico encontrado nas folhas do centeio, e está em pequenas con-centrações nas raízes. Estes estão diretamente ligados à defesa da planta, além de estarem envolvidos na inibição do crescimento de plantas es-pontâneas e na resistência a insetos e nematoides, como Meloidogyne incognita (ZASADA et al., 2005; YAMAUTI et al., 2012).

As benzoxazolinonas têm papel fundamental no metabolismo dos compostos fenólicos, interferindo na via dos fenilpropanoides, princi-palmente na atividade de suas principais enzimas, como a fenilalanina amônia liase (PAL) e a peroxidase (POD), que estão envolvidas na bios-síntese da maioria dos fenólicos (PARIZOTTO et al., 2011). A PAL situa-se entre o metabolismo primário e o secundário, e as benzoxazoli-nonas intervém nas reações importantes e reguladoras da enzima PAL, evitando a formação de muitos compostos fenólicos essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2009). Estudos realizados por Souza e Furtado (2002) demonstraram que dife-

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52 rentes densidades de plantio de centeio (50 e 100 kg de sementes ha-1) inibiram o desenvolvimento e o vigor de plantas de alface (Lactuca sativa), que foram analisados mediante sintomas visuais de fitotoxicida-de. Efeitos semelhantes foram observados quando as plantas foram tra-tadas com o composto benzoxazolinona e o herbicida atrazina.

A substância ativa benzoxazolinona, presente na espécie Secale cereale L., quando liberada no solo possui ação herbicida sobre as plan-tas vizinhas, diminuindo o número de plantas competidoras e fazendo com que o centeio aumente seu acesso à luz, à água e aos nutrientes, favorecendo a sua adaptação no sistema de cultivo (ALVES et al. 2001).

Reações semelhantes ocorrem com o glifosato, herbicida de am-plo espectro, que atua sobre os vegetais bloqueando uma etapa do meta-bolismo secundário das plantas e causando a sua morte. Esta etapa na rota metabólica do ácido chiquímico interfere também na biossíntese de compostos fenólicos que, por sua vez, estão diretamente envolvidos nos mecanismos de defesa das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Além de ter ação herbicida e de interferirem no metabolismo dos compostos fenólicos pela presença das benzoxazolinonas, as plantas de centeio também produzem ácidos fenólicos, que são sintetizados a partir do aminoácido fenilalanina, como o ácido ferúlico, o sinápico, o vaní-lico, o cafeico e o p-cumárico, que são encontrados, principalmente, em cariopses de centeio (TAIZ e ZEIGER, 2009; WEIDNER et al., 2000).

Estes ácidos fenólicos atuam como precursores de uma série de polímeros naturais, os quais fornecem proteção contra a luz ultravioleta, defesa contra herbívoros e patógenos, além de interferirem no balanço hormonal e nos níveis do ácido indolacético (AIA), que está envolvido no crescimento das plantas. Essa alteração pode vir tanto de forma su-pressora, com os ácidos clorogênico, cafeico e ferúlico, quanto estimu-lante, com os ácidos p-cumárico e vanílico (OLIVEIRA et al., 2009).

Os perfis de metabólitos secundários diferem em qualidade e quantidade, dependendo de vários fatores, incluindo as condições mete-orológicas, a idade da planta e os métodos de extração e análise (MA-CIAS et al., 2007). Trabalhos realizados por Weidner et al. (2000) apon-tam que o conteúdo de compostos fenólicos totais varia conforme o estádio fenológico do centeio, mostrando que os compostos fenólicos, bem como as suas relações com o hormônio AIA, podem ter influência sobre o desenvolvimento da planta.

Outros compostos bioativos estão presentes nos farelos de centeio e, principalmente, na camada cuticular (cutina e ceras) das folhas de centeio, como é o caso dos alquilresorcinóis (ARs). Os ARs pertencem a uma classe especial de fenóis, os lipídeos fenólicos não-isoprenoides,

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53 que são caracterizados pela presença do grupo fenol ligado a uma cadeia alquílica lateral com um número ímpar de carbonos, e sintetizados a partir da rota dos policetídeos aromáticos, em que a subunidade aromá-tica é formada por uma molécula de Acetil-CoA e três moléculas de malonil-CoA (CORREIA et al., 2006; GONZAGA, 2008). Os derivados do resorcinol, como os ARs, têm sido objeto de estudos por apresenta-rem atividades bactericida, herbicida, fungicida e antitumoral (KOZU-BECK e TYMAN, 1999), além de serem os grandes responsáveis pela entrada e saída de água da parte aérea das plantas, pela resistência à entrada de patógenos e pela sinalização e ativação de outros mecanis-mos, como indução de proteínas relacionadas à patogênese de plantas (proteínas RP) (JI e JETTER, 2008).

Outra forma de defesa, proteção e de adaptação evolutiva impor-tante presente nas plantas de centeio é a sustentação mecânica pela pro-dução de diferentes macromoléculas fenólicas complexas, chamadas de ligninas. As ligninas são polímeros de lignanas (dímeros ou trímeros de unidades C6 - C3) que desempenham funções primárias e secundárias no metabolismo da planta, e são formadas por três álcoois de fenilpro-panóides (coniferil, cumaril e sinapil), sintetizados a partir da fenilalani-na por derivados do ácido cinâmico (SALIBA et al., 2001; TAIZ e ZEIGER, 2009). Entre as principais lignanas identificadas no centeio estão: o siringaresinol, o pinoresinol, o lariciresinol, o secoisolariciresi-nol, o matairesinol e o medioresinol (BONDIS-PONS et al., 2009).

As lignanas estão presentes nas camadas exteriores do grão do centeio em concentrações de 2 mg/100g de grão, e são metabolizadas no intestino humano pelas bactérias intestinais, formando o enterodiol e a enterolactona, que são estruturas semelhantes ao estrógeno (BONDIS-PONS et al., 2009; CORDEIRO et al., 2009). Além disso, são compo-nentes chave dos tecidos de transporte de água, além de apresentarem funções protetoras e de resistência física, fortalecendo os caules e os tecidos vasculares (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Esses mecanismos de defesa e sustentação que as plantas possu-em, envolvendo a produção de compostos por diversas rotas metabóli-cas, são, na maioria das vezes, sintetizados na própria planta. Entretanto, as mesmas podem tornar-se intermediárias no processo de produção de compostos secundários. Na maioria das vezes, as plantas que fazem associação com fungos crescem mais rapidamente e são menos suscetí-veis ao ataque de insetos e mamíferos herbívoros do que aquelas sem os fungos simbiontes, constituindo, portanto, uma das defesas da planta. A resposta de defesa induzida pela associação do fungo com a planta de centeio é uma importante função ecológica que o metabólito produzido

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54 promove, favorecendo o crescimento vegetal e aumentando a sua resis-tência a estresses (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Os metabólitos secundários produzidos pelo centeio desempe-nham diversas atividades biológicas, principalmente contra herbivoria, microrganismos patogênicos e o desenvolvimento de outras plantas, representando assim uma evolução para a espécie. Portanto, a produção de compostos envolvendo diversas rotas metabólicas agrega diferentes funções fisiológicas e vantagens para a planta, como a rusticidade e a capacidade de adaptação em diferentes condições ambientais, garantindo a sobrevivência e a perpetuação da espécie Secale cereale L., destacan-do-a como uma planta com potencial alelopático e diferenciando-a dos demais cereais de inverno e outras espécies vegetais.

2.2.2.2. Potencial alelopático e metabolismo secundário em Avena strigosa L.

A aveia-preta, além de ser fonte de alimento para os seres huma-

nos, também é utilizada para a produção de forragem e planta de cober-tura do solo, com grande efeito na melhoria das condições químicas do solo (SANTI et al., 2003).

Esta espécie é fonte de fitoquímicos, em especial, os compostos fenólicos, que apresentam atividade antioxidante e alelopática (JACOBI e FLECK, 2000; HAGEGEMANN et al., 2010). O primeiro estudo rea-lizado com a aveia foi realizado por Fay e Duke (1977), que buscavam genótipos com maior potencial alelopático e maior produção do com-posto escopoletina, que é conhecido por inibir o crescimento vegetal.

Os principais ácidos fenólicos encontrados na aveia são os ácidos cafeico, siríngico, ferúlico e sinápico e, a grande maioria destes compos-tos, são concentrados na parte externa dos grãos, que é rica em compos-tos fenólicos (PETERSON, 2001; KLAJN et al. 2012). Além disso, a aveia também é conhecida por produzir o ácido hidroxâmico, como o BOA. Esses compostos possuem efeito alelopático sobre outras plantas e podem ser encontrados em exsudados nas raízes da aveia (SICKER e SCHULZ, 2002).

Os flavonoides, principalmente as antocianinas, também estão presentes na aveia-preta, conferindo pigmentação e defesa à planta (PE-RES, 2004; ZHANG et al., 2012). Os flavonoides são uma ampla classe de substâncias aromáticas com 15 átomos de carbono no seu esqueleto básico de origem natural, sendo compostos fenólicos C6-C3-C6, consti-tuídos por dois anéis aromáticos C6 (A e B) e um anel intermediário C3

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55 (anel C), que geralmente contém um átomo de oxigênio (LOPES et al., 2000).

A aveia-preta também produz triterpenoides, que nas raízes são as avenacinas, e na parte aérea os avenacosídeos, importantes compostos que conferem resistência à planta ao ataque de patógenos (LUIS JUNI-OR, 2011).

2.2.2.3. Potencial alelopático e metabolismo secundário em Raphanus sativus L.

O nabo-forrageiro, da família das Brassicaceas (=Cruciferae). É

uma planta rica em nutrientes como vitaminas (carotenoides, tocoferois, ácido ascórbico, ácido fólico), minerais (Ca, P, Mg), carboidratos, ami-noácidos (fenilalanina e triptofano), taninos e, principalmente, compos-tos fenólicos como antocianinas e os ácidos cafeico, p-cumárico, ferú-lico, sinápico e vanílico (JAHANGIR et al., 2009).

Esta espécie também produz flavonoides, que estão ligados a de-fesa da planta e é componente bioativo com função antioxidante, anti-cancerígena e anti-inflamatória (MOTA et a., 2009; SANGTHONG et al., 2017). Papetti et al. (2014), detectaram diferentes ácidos fenólicos e flavonoides ao analisarem o extrato polifenólico de Raphanus sativus L.

Outro grupo de compostos derivado da PAL e que está presente em concentrações elevadas na epiderme das folhas do nabo são os fla-vonoides, principalmente a quercetina e o caempferol, envolvidos em processos como a proteção UV, pigmentação e resistência a doenças (PEREIRA et al., 2009).

Esta espécie também é conhecida por sintetizar grandes quantida-des de glucosinolatos (MALDINI et al., 2017), que são compostos ni-trogenados pertencentes ao grupo de glicosídeos, ficando armazenados nos vacúolos celulares dos vegetais (SILVA, 2014). Os glucosinolatos são metabólitos secundários contendo enxofre e nitrogênio, com a estru-tura básica consistindo-se de um grupo β-D-tioglicosídeo, um grupo sulfonado e uma cadeia variável (R-), a qual inclui os grupos alquil, alquenil, hidroxialquil, hidroxialquenil, metiltioalquil, metilsulfinilal-quil, metilsulfonilalquil, arilalquil e indol (BLAZEVIC et al., 2010).

Quando as células da planta são rompidas, os glucosinolatos ali presentes são hidrolisados pela enzima mirosinase, originando compos-tos como os isotiocianatos, os tiocianatos, as nitrilas e os indóis, os quais são conhecidos por seus efeitos alelopáticos e biocidas naturais (EDI-AGE et al., 2011; NEVES, 2005).

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Trabalhos realizados por Norsworthy et al. (2007) com extratos de diferentes espécies de Brassicas spp., produtoras de glucosinolatos, cultivadas como plantas de cobertura em sistema orgânico de pimentão, mostraram a inibição da germinação e a redução da emergência das plântulas e do tamanho das espécies de plantas espontâneas Digitaria sanguinalis e Amaranthus palmeri. Já Jafariehyazdi e Javidfar (2011), ao avaliarem o efeito alelopático de diferentes concentrações de extratos das espécies Brassica napus, B. rapa e B. Juncea sobre a germinação de sementes e emergência de plântulas de girassol, observaram que todos os extratos afetaram negativamente o crescimento da mesma.

Os glucosinolatos podem ser encontrados nas raízes, sementes, folhas e caule das plantas de nabo, estando em maiores concentrações quando a planta é mais jovem. Estes compostos atuam em defesa da planta contra doenças fúngicas e infestação de pragas, no metabolismo do nitrogênio e na regulação do crescimento das plantas (BLAZEVIC e MASTELIC, 2009).

2.3. MÉTODOS ANALÍTICOS UTILIZADOS PARA

QUANTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS EM PLANTAS

Os estudos químicos de plantas (fitoquímica) estão relacionados ao

desenvolvimento de técnicas rápidas e precisas, que permitem o isola-mento de compostos de interesse, geralmente presentes em pequenas quantidades (FERRI, 1996). Em geral, os procedimentos analíticos para determinação dos compostos ativos envolvem três passos principais, que são o preparo do extrato, a separação analítica e a quantificação (GO-MEZ-CARAVACA et al., 2006).

Os compostos fenólicos podem ser quantificados, por exemplo, por métodos espectrofotométricos via UV-vis pelo método de Folin-Ciocalteau, que se baseia em reações de oxidação-redução entre os compostos e íons metálicos (SILVA et al., 2010) ou via cromatografia.

A cromatografia é uma das técnicas utilizadas para a separação ou isolamento dos constituintes dos extratos vegetais, pela análise do perfil e dos picos obtidos (FALKENBERG et al, 2003; JI et al., 2015; STYLOS et al., 2017). Os picos cromatográficos podem ser identifica-dos e quantificados por comparação dos seus espectros de massa e tem-po de retenção com padrões de referência (DOWNEY e ROCHFORT, 2008). Esta separação dos compostos ocorre por passagem de uma mis-tura por uma fase estacionária, tendo como intermediário um fluido que será considerado a fase móvel, sabendo que estas duas serão miscíveis

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57 (KENNDLER, 2004). Devido à diversidade de combinações entre estas duas fases, existem diferentes técnicas de cromatografia, estando a cro-matografia líquida de alta eficiência (CLAE) entre as mais utilizadas para fins quantitativos e qualitativos (SILVEIRA, 2013; STYLOS et al., 2017).

Para se obter a identidade de um composto fenólico, compara-se o tempo de retenção de um composto particular com o padrão desse mesmo composto. Ao verificar que o tempo de retenção obtido coincide com o tempo de retenção do padrão pode-se presumir que o composto possa estar identificado (SILVEIRA, 2013). Por meio dessa técnica físico-química de separação dos compostos é possível identificar e quan-tificar os compostos de interesse (TONHI et al., 2002; JI et al., 2015). Assim, é possível determinar a composição química das espécies estu-dadas, bem como analisar diferentes compostos presente em várias amostras.

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59 3. HIPÓTESES

O cultivo em SPDH e a deposição da massa seca das espécies de plantas de cobertura aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro, por não re-volver o solo e a massa seca dessas plantas permanecer na superfície do solo, reduzem a emergência de plantas espontâneas, melhoram os atribu-tos químicos e físicos do solo e, por consequência, aumentam a produti-vidade de cebola ao longo dos anos, em comparação ao cultivo de cebo-la com vegetação espontânea.

Como a composição fenólica dos extratos da parte aérea das es-

pécies Avena strigosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L. varia ao longo do ciclo de cultivo, devido às características químicas e bio-químicas da planta e estádios fenológicos, ocorre maior produção dos compostos quando essas plantas estão na fase reprodutiva ou início do florescimento.

As Poáceas Secale cereale L. Avena strigosa L. produzem maio-

res conteúdos de compostos fenólicos com potencial alelopático, em comparação ao nabo forrageiro, por serem espécies de diferentes famí-lias e, também, devido a sua rusticidade e capacidade de adaptação em diferentes condições ambientais.

A espectroscopia no infravermelho próximo, associada à análise

quimiométrica pode ser utilizada para a predição do conteúdo de com-postos fenólicos.

A produção diferenciada de compostos nos diferentes estádios fe-

nológicos permitirá diferenciar as espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. quanto ao perfil fitoquímico.

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61 4. OBJETIVOS

4.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o desempenho agronômico das plantas de cobertura Avena strigosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L. e seus efei-tos sobre a emergência de plantas espontâneas, os atributos químicos do solo e a produção de cebola, bem como o perfil fenólico dos extratos das espécies cultivadas sob sistema de plantio direto agroecológico.

4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Avaliar a quantidade de massa seca produzida pelas espécies de plantas de cobertura e os efeitos sobre os atributos químicos do solo e produtividade de cebola;

• Identificar e quantificar a produção de massa seca das princi-

pais espécies de plantas espontâneas em cultivo de cebola e a influência das plantas de cobertura sobre a emergência dessas espécies;

• Determinar a composição fenólica via espectrofotometria UV-vis e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) da parte aérea de plantas de cobertura Avena strigosa L, Secale cereale L. e Raphanus sativus L. em diferentes estádios fenológicos e após o seu acamamento.

• Validar a técnica da espectroscopia no infravermelho próximo

(NIR) para a predição do conteúdo de compostos fenólicos e flavonoi-des totais em amostras de Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Ave-na strigosa L. pela elaboração de curvas de calibração;

• Comparar os perfis fitoquímicos das espécies de plantas de co-

bertura Secale cereale L. Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. obti-dos via espectroscopia UV-vis e NIR por meio da aplicação da quimio-metria.

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63 5. ESTUDO 1 - Atributos químicos do solo, plantas espontâneas e

produtividade de cebola ao longo de sete anos em sistema de plantio direto agroecológico com espécies de plantas de cobertu-ra.

RESUMO O tempo de cultivo e a quantidade de massa seca de plantas de cobertura depositadas na superfície do solo em sistema de plantio direto podem modificar os atributos químicos do solo, influenciar o aparecimento e desenvolvimento de plantas espontâneas e a produtividade de cebola ao longo do tempo. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do cultivo e da quantidade de massa seca produzida por diferentes espécies de plan-tas de cobertura sobre estes aspectos, durante oito anos em sistema de plantio direto agroecológico. O experimento foi conduzido no período de 2009 até 2015, em Ituporanga, Santa Catarina, região Sul do Brasil. Os tratamentos foram controle com vegetação espontânea (VE), cevada (2010)/aveia-preta (CV/AV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + cevada/aveia-preta (NF+ CE/AV). Aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) das es-pécies foi coletada e mensurada a produção de massa seca da parte aé-rea. No mês de julho de todos os anos as plantas de cobertura foram acamadas e as mudas de cebola foram transplantas. Em novembro de cada ano a cebola foi colhida e mensurada a produtividade. Amostras de solo foram coletadas na camada de 0-10 cm após o acamamento das plantas de cobertura e a colheita da cebola. O solo foi preparado e sub-metido à análise de atributos químicos. Os maiores valores de P dispo-nível, K trocável e saturação da CTCpH7,0 por bases foram observados ao longo dos anos nos tratamentos com o cultivo e deposição de resíduos de plantas de cobertura, principalmente, após a colheita da cebola. O cultivo e a deposição sobre o solo de resíduos de plantas de cobertura, aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro, solteiros e consorciados, contri-buíram para o aumento e a manutenção dos atributos químicos do solo e a produtividade total de cebola ao longo dos anos. Os resíduos das plan-tas de cobertura apresentaram os maiores efeitos quanto à supressão das espécies espontâneas aos 45 dias após o plantio das mudas, o que cor-responde ao início do período crítico de desenvolvimento da cebola e de maior competição com as plantas espontâneas. As menores produtivida-des de bulbos de cebola foram observadas no solo com presença de vegetação espontânea. Palavras-chave: adubação verde, ciclagem de nutrientes, Allium cepa L.

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5.1. INTRODUÇÃO

O sistema de preparo convencional do solo (SPC) realizado nas principais regiões produtoras de cebola (Allium cepa L.) do mundo se caracteriza pelo revolvimento do solo com aração e gradagem antes do plantio. Este sistema favorece a degradação física e química do solo (LABRIÈRE et al., 2015; LOSS et al., 2015), perdas de água e nutrien-tes pela erosão e potencializa o crescimento de plantas espontâneas, o que não é desejável (ALTIERI et al., 2011).

Alternativamente ao SPC, o sistema de cultivo de cebola e outras hortaliças tem sido realizado em sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH), conduzido com princípios do manejo agroecológico, em que a mobilização do solo é restrita às linhas de plantio e espécies de plantas de cobertura são semeadas durante o inverno para proteção da superfície do solo, a ciclagem de nutrientes e o controle da incidência de plantas espontâneas (BITTENCOURT et al., 2013; OLIVEIRA et al., 2016).

Algumas espécies de plantas de cobertura de inverno utilizadas em SPDH, como as Poáceas aveia-preta (Avena strigosa L.) e centeio (Secale cereale L.), podem produzir elevadas quantidades de massa seca com relação C/N superior, de 22, o que favorece a persistência dos seus resíduos sobre a superfície do solo (MOHANTY et al., 2013; MAR-TINS et al., 2014) e menor mineralização de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2016). O consórcio dessas duas Poáceas com o nabo-forrageiro (Ra-phanus sativus L.) pode gerar um resíduo com relação C/N próximo de 13, possibilitando a cobertura da superfície do solo ao longo do tempo e mineralização gradual de nutrientes, contribuindo para a absorção destes pelas plantas de cebola e na produtividade de bulbos (CICEK et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2016).

O uso de plantas de cobertura solteiras e consorciadas em SPDH também é eficiente na recuperação e aumento dos teores de carbono orgânico total (COT) e, por consequência, da matéria orgânica do solo. Esta matéria orgânica pode ser fonte de energia à população microbiana, de N-orgânico, que quando mineralizado pode aumentar os teores de N mineral no solo (BRUNETTO et al., 2014; LOSS et al., 2015).

As plantas de cobertura também podem aumentar a capacidade de troca de cátions do solo (CTC), por conta da massa seca produzida pelas espécies, que contribui para o aumento da matéria orgânica do solo e a adsorção de elementos, como o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg) e a com-plexação de elementos tóxicos, como o alumínio (Al) (NASCENTE et al., 2015) Além disso, podem absorver nutrientes das camadas mais profundas do solo, como o fósforo (P) e o potássio (K) e acumulá-los na

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65 parte aérea, e quando estas são depositadas sobre o solo e decompostas, ocorre a mineralização dos nutrientes nas camadas mais superficiais do solo, onde é encontrada a maior densidade de raízes da cebola (BAS-SEGIO et al., 2015; HUBBARD et al., 2013).

Por isso, o uso de plantas de cobertura pode promover a melhoria do ambiente químico do solo, favorecendo o crescimento de raízes da cebola, o que estimula a absorção de água e nutrientes, e reflete positi-vamente na produtividade de bulbos de cebola (BUSARI et al., 2015). Porém, esses efeitos podem ser dependentes da espécie de planta de cobertura, do tempo de cultivo, das condições ambientais e da quantida-de e qualidade de resíduos depositados no solo (CICEK et al., 2015).

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do cultivo e da quantida-de de massa seca produzida por diferentes espécies de plantas de cober-tura sobre atributos químicos do solo, plantas espontâneas e produtivi-dade de cebola, durante sete anos em sistema de plantio direto agroeco-lógico.

5.2. MATERIAL E MÉTODOS

5.2.1. Localização e delineamento experimental

O trabalho foi conduzido na Estação Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), no município de Ituporanga, região do Alto Vale do Itajaí, Santa Catari-na (Latitude 27º 24' 52" S, Longitude 49º 36' 9" W e altitude de 475 m). O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é subtropical mesotérmico úmido (Cfa), temperatura média anual de 17,6 oC e preci-pitação anual média de 1.400 mm. Os valores médios de temperatura e precipitação durante a condução do experimento são apresentados na Figura 2. O solo foi classificado como Cambissolo Húmico (EMBRA-PA, 2013).

O experimento foi instalado em uma área com histórico de vinte anos de cultivo de cebola em SPC (aração e gradagem) até 1996. A partir desse ano foi implantado o sistema de cultivo mínimo de cebola com rotações de culturas de plantas de cobertura aveia-preta (Avena strigosa Schreb), mucuna preta (Mucuna aterrima Piper e Tracy), milhe-to (Pennisetum glaucum L.), crotalária (Crotalaria juncea L.) e ervilha-ca (Vicia sativa L.). Esse sistema permaneceu de 1996 até 2009. A partir de então, instalou-se o experimento com SPDH de cebola. A vegetação espontânea foi dessecada somente em abril de 2009, no momento da instalação do experimento, usando herbicida. Na instalação do experi-

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66 mento, na camada de 0-10 cm, o solo apresentava: 380 g kg-1 de argila, 40 g kg-1 de matéria orgânica, pH em água 6,2; 26,6 mg dm-3 de P dis-ponível e 145,2 mg dm-3 de K trocável (extraídos por Mehlich-1); Al trocável 0,0 cmolc kg-1, Ca trocável 7,2 cmolc kg-1 e Mg trocável 3,4 cmolc kg-1 (extraídos por KCl 1 mol L-1); Capacidade de Troca de Cá-tions (CTC) 14,3 cmolc kg-1 e saturação da CTCpH7,0 por bases (V) 76%. Figura 2. Precipitação e temperatura média nas estações de 2009 a 2016, na área experimental.

Ano

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Pre

cipi

taçã

o (m

m)

0

200

400

600

800

1000

1200

Tem

pera

tura

(o C)

0

12

15

18

21

24

verão outono inverno primavera Os tratamentos implantados foram: testemunha com vegetação

espontânea (VG); aveia-preta (120 kg ha-1 de semente) (AV); centeio (Secale cereale L.) (120 kg ha-1 de semente) (CE); nabo-forrageiro (Ra-phanus sativus L.) (20 kg ha-1 de semente) (NF); nabo-forrageiro (10 kg ha-1 de semente) + centeio (60 kg ha-1 de semente) (NF + CE) e nabo-forrageiro (10 kg ha-1 de semente) + aveia-preta (60 kg ha-1 de semente) (NF + AV). No mês de abril de cada ano, as espécies de inverno foram novamente semeadas. No entanto, em abril de 2010, a aveia-preta dos tratamentos AV e NF + AV foi substituída pela cevada (Hordeum vul-gare L.) e, em abril de 2011 a cevada foi substituída pela aveia-preta

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67 novamente, pela dificuldade em adquirir sementes de cevada. As espé-cies de inverno foram semeadas a lanço sobre a superfície do solo e, em seguida, uma máquina semeadora de cereais foi passada duas vezes na área para promover uma leve incorporação das sementes no solo. Não foram realizadas adubações, irrigações ou tratos culturais durante o ciclo das plantas de cobertura. As quantidades de sementes por hectare foram calculadas com base nos valores mais elevados da recomendação de Monegat (1991) + 50% para garantir a germinação das sementes e a formação de maior massa seca durante o ciclo da cebola. O delineamen-to experimental foi o de blocos ao acaso com oito repetições. Cada uni-dade experimental possuía 5 x 5 m, totalizando 25 m².

Em julho de todos os anos, desde a implantação do experimento, todas as espécies de inverno foram acamadas usando um rolo-faca. Em seguida, foi aplicado na área 96 kg de P2O5 ha-1, na forma de fosfato natural de Gafsa e 175 kg de P2O5 ha-1, 125 kg de K2O ha-1, 100 kg de N ha-1 na forma de dejetos de aves, metade no momento do plantio das mudas e o restante 45 dias após. A partir da safra de 2011, não foi apli-cado fosfato natural, pois os teores foram interpretados como muito altos. Posteriormente, foram abertos sulcos usando uma máquina de plantio direto e foram transplantadas manualmente as mudas de cebola. A produção das mudas de cebola foi realizada sob o preparo convencio-nal, em canteiros, com sementes da cultivar Empasc 352 - Bola Precoce. O espaçamento usado foi de 0,40 m nas entre linhas e 0,10 m entre plan-tas, com 10 linhas de cebola por parcela. Foram realizadas capinas aos 40 e 90 dias após o plantio das mudas (DAP) de cebola para diminuir o estande de plantas espontâneas. Esses procedimentos foram repetidos todos os anos. Em 2011, 30 DAP foi realizada uma capina para o con-trole da aveia-preta, que havia rebrotado após o seu acamamento.

5.2.2. Avaliações

Em maio, junho e julho de cada ano (2009-2016), o que corres-

ponde a 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) das espécies de plan-tas de cobertura, respectivamente, foram coletadas três subamostras de MS das plantas de cobertura por parcela em cinco blocos, usando um quadro de 0,5 x 0,5 m.

Para a determinação da produção de MS e identificação das espé-cies de plantas espontâneas foram instaladas três subparcelas fixas (0,5 m x 0,5 m) em cada parcela, totalizando 0,75 m² de área avaliada. Nos anos de 2009 e 2010, aos 40, 60 e 100 dias após o plantio (DAP) das mudas de cebola, nos anos de 2011 e 2012 aos 90, 120 e 145 DAP e de

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68 2013 a 2016 aos 60, 80 e 100 DAP, as plantas espontâneas que emergi-ram dentro das subparcelas tiveram suas partes vegetativas cortadas rente ao solo, considerando todas as fases fenológicas, identificadas de acordo com o nome popular, nome científico e família (LORENZI, 1991; 2006). Em 2013 não foram realizadas coletas de plantas espontâ-neas a campo. A massa verde das plantas de cobertura e das plantas espontâneas foram armazenadas, secas em estufa com ventilação de ar forçado a 65 °C até massa constante e, logo depois, pesadas para quanti-ficar a produção de MS, expressa em toneladas por hectare (t ha-1).

No mês de julho de cada ano, após o acamamento das plantas de cobertura e antes da aplicação da fonte de P e do dejeto de aves e, em dezembro, depois da colheita da cebola, foi coletado solo na camada de 0-10 cm em cinco blocos da área experimental. O solo foi seco, moído, passado em peneira com malha de 2 mm e submetido à análise de maté-ria orgânica pelo método de Walkley-Black (EMBRAPA, 1997); pH em água; Ca, Mg e Al trocáveis (extraídos por KCl 1 mol L -1); P disponível e K trocável (ambos extraídos por Mehlich-1) (TEDESCO et al., 1995). Em seguida, foram calculadas a CTCpH7,0 e a saturação da CTCpH7,0 por bases (CQFS-RS/SC, 2004).

Em novembro, foi realizada manualmente a colheita da cebola em seis linhas centrais de cada parcela e os bulbos permanecem na superfí-cie do solo por 10 dias para a cura (secagem e perda de água das folhas). Posteriormente, os bulbos foram pesados e classificados em calibres, de acordo com o Hortibrasil (2010): classe 0 (menor que 15 mm); classe 1 (maior que 15 até 35 mm), classe 2 (maior que 35 até 50 mm), classe 3 (maior que 50 até 60 mm), classe 4 (maior que 70 até 90 mm), classe 5 (maior que 90 mm), além dos bulbos com podridão e florescidos.

Os valores totais de C, N, P, K, Ca e Mg da parte aérea das plantas de cobertura aos 100 dias após a semeadura e aos 15 dias após o acamamento no ano de 2014 foram determinados segundo Tedesco et al. (1995) e, os valores de lignina e celulose, foram determinadas de acordo com Aber e Martin (1999) (Tabela 1). Os estádios fenológicos das plantas de cobertura em cada período de coleta foram determinados de acordo com a escala de Large (1954) e Embrapa Trigo (2011) (Tabela 2).

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69 Tabela 1. Características químicas e bioquímicas das plantas de cobertura aos 100 dias após a semeadura e 15 dias após o acamamento em 2014.

Componentes da

planta

Aveia-preta

Centeio

Nabo-forra-geiro

Nabo-forrageiro + aveia-preta

Nabo-forrageiro +

centeio

----------------------------100 dias após a semeadura---------------------------- Lignina % (1) 7,79 9,99 6,57 7,67 9,42 Celulose % 39,03 30,11 46,00 42,96 44,63 Carbono orgânico total % (2)

24,96 24,54 38,73 35,58 30,25

N total % (2) 1,85 1,84 4,67 3,21 3,25 Relação lignina/N 4,92 4,23 2,14 2,70 2,90 Relação C/N 17,83 13,34 8,29 11,08 9,31 Cálcio total % (2) 1,27 1,96 2,13 2,77 2,06 Magnésio total % (2) 0,03 0,03 0,04 0,04 0,03 Potássio total % (2) 1,31 1,12 0,99 1,29 1,51 Fósforo total % (2) 1,23 1,31 2,27 1,49 1,59 ----------------------------15 dias após o acamamento--------------------------- Lignina % (1) 6,37 8,70 4,15 6l,12 8,26 Celulose % 18,28 15,25 25,18 25,09 21,37 Carbono orgânico total % (2)

40,98 41,46 38,70 38,4 37,93

N total % (2) 1,82 1,83 1,28 1,05 1,02 Relação lignina/N 2,28 3,48 6,80 7,73 8,10 Relação C/N 22,51 22,66 30,23 36,57 37,19 Cálcio total % (2) 1,57 1,23 2,29 1,48 1,65 Magnésio total % (2) 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 Potássio total % (2) 0,70 0,65 0,95 1,45 1,09 Fósforo total % (2) 1,01 0,98 1,11 1,81 1,59 (1) Segundo metodologia proposta por Aber e Martin (1999). (2) De acordo com metodo-logia proposta por Tedesco et al. (1995).

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70 Tabela 2. Estádios fenológicos das espécies de plantas de cobertura do solo aos 60, 80, 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento em 2015.

Planta de cobertura

60 80 100 15 30 ------------------dias após a semeadura---------------- --dias após o

acamamento-- Centeio Alongamento

(8-9)* Espigamento

(10.1)** Florescimento

(10.5)*** Senescência

Nabo-forrageiro

Desenvolvimento Vegetativo (2)

Florescimento (3)

Enchimento de grãos (3)

Senescência

Aveia-preta

-

-

Florescimento (10.5)***

Senescência

*lígula da última folha visível; ** primeiras espigas recém visíveis; *** todas as espigas fora das bainhas.

5.2.3. Análise estatística

Os dados de produção de massa seca das plantas de cobertura de

inverno, espontâneas, produção de cebola e atributos químicos do solo foram submetidos a análise de variância e, quando os efeitos foram sig-nificativos, as médias foram separadas pelo teste de comparação de médias Tukey a 5%.

5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.3.1. Atributos químicos

Os valores de matéria orgânica (MO), pH em água, P disponível, Al, Ca e Mg trocáveis e CTCpH7,0, em todas as safras, após o acamamen-to das plantas de cobertura de inverno e após a colheita da cebola, não diferiram estatisticamente entre os tratamentos com o cultivo e deposi-ção dos resíduos das plantas de cobertura solteiras e consorciadas, e com VE (Tabelas 3, 4 e 5). Por outro lado, em todas as safras, os valores de P e K disponíveis e saturação da CTCpH7,0 por bases variaram entre as épocas de avaliação (Tabelas 3, 4 e 5).

Nas safras de 2010 a 2016, em todos os tratamentos, os valores de P e K disponíveis e saturação da CTCpH7,0 por bases foram maiores após a colheita da cebola, comparativamente aos valores observados após o acamamento das plantas de cobertura de inverno (Tabelas 3, 4 e 5). Exceção foi o valor de P disponível no solo coletado na safra de 2015,

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71 que foi interpretado como muito alto (P >24,0 mg dm-3 para solos com 21-40% de argila), logo após o acamamento das plantas. Os maiores valores de P e K disponíveis e CTCpH7,0 após a colheita de cebola podem ser atribuídos às aplicações de dejetos de aves realizadas após o acama-mento das plantas de cobertura, que contribuem para o aumento dos valores de P e K disponíveis, bem como o incremento dos teores de carbono orgânico total no solo, e de MO, aumentando os valores de CTC (LOURENZI et al., 2016). Por outro lado, os menores valores de teores de nutrientes no solo após o acamamento das plantas de cobertura também podem ser explicados por causa da sua absorção pelas plantas de cobertura (OLIVEIRA et al., 2016).

Em 2010, o solo do tratamento com consórcio NF + CV após o acamamento das plantas de cobertura de inverno e após a colheita da cebola apresentou os maiores teores K disponível no solo (Tabela 3). Isso pode ser explicado, provavelmente, por causa da tendência dessas espécies em produzir maior quantidade de massa seca da parte aérea em comparação com as demais (Tabela 3), o que estimula o maior acúmulo de K no tecido (BASSEGIO et al., 2015). Mas também, porque essas espécies possuem maior habilidade em absorver K e, por isso, absorvem quantidades de K inclusive acima de sua necessidade metabólica, que é acumulado em organelas da célula vegetal (KAMINSKI et al., 2007). Após a deposição dos resíduos sobre a superfície do solo, o K é rapida-mente liberado, por ser encontrado na forma de K+ no tecido, mantendo ou até incrementando o seu teor no solo ao longo do tempo (BASSEGIO et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2016). Além disso, o cultivo e deposição de resíduos de NF e CV consorciados, podem ter contribuído com o aumento dos valores de Ca e Mg trocáveis no solo, bem como de K disponível, incrementando o valor de soma de bases, o que se reflete em maiores valores da saturação da CTCpH7,0 por bases (Tabela 3) (NAS-CENTE et al., 2015).

Em 2012 os teores de K trocável no solo foram maiores no trata-mento VE, quando comparado com aqueles com plantas de cobertura, refletindo a capacidade das espécies de plantas espontâneas de ciclarem nutrientes, associado à decomposição mais acelerada dos seus resíduos (OLIVEIRA et al., 2016).

Page 72: Tese Monique Souza - UFSC

72

Tabela 3. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura de aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2009 a 2011.

Tratamentos Matéria orgânica

%

pH em água

Ca Mg Al ---------- cmolc kg-1 -----------

P K ---------- mg dm-3 ----------

CTCpH7,0

cmolc kg-1

V %

-----------------------------------------------------------------------------2009--------------------------------------------------------------------- ------------------------Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno----------------------------

VE 2,9a(1) 5,6 a 4,9 a 2,6 a 0,0 a 36,5 a 273,5 a 13,6 a 61,4 a

AV 3,1 a 5,6 a 5,0 a 2,6 a 0,0 a 34,8 a 268,3 a 14,2 a 58,7 a

CE 3,0 a 5,6 a 4,9 a 2,6 a 0,0 a 40,1 a 295,0 a 13,7 a 60,6 a

NF 3,0 a 5,6 a 5,3a 2,7 a 0,0a 39,0 a 262,8 a 13,6 a 63,5 a

NF + CE 3,0 a 5,7a 5,1 a 2,4 a 0,0 a 37,4 a 281,0 a 13,9 a 60,0 a

NF + AV 3,1 a 5,6 a 5,0 a 2,7 a 0,0 a 35,3 a 261,8 a 13,8 a 61,4 a -------------------------------------------------------------------2010--------------------------------------------------------------------- ------------------------Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno------------------------

VE 3,3 aA 5,8 aA 5,7 aA 2,9 aA 0,0 aA 58,9 aA 406,8 abA 14,1 aA 66,7 aA

AV 3,2 aA 5,7 aA 5,4 aA 2,7 aA 0,0 aA 59,1 aA 339,8 bB 13,8 aA 65,5 aA

CE 3,3 aA 5,8 aA 5,9 aA 2,8 aA 0,0 aA 52,9 aB 405,3 abB 14,6 aA 66,6 aA

NF 3,4 aA 5,8 aA 5,9 aA 2,7aA 0,0 aA 58,9 aB 412,3 abB 14,3 aA 67,5 aA

NF + CE 3,3 aA 5,7aA 5,9 aA 2,7 aA 0,0 aA 50,3 aB 382,5 abB 14,3 aA 66,7 aA

NF + AV 3,3 aA 5,9 aA 5,8 aA 2,9 aA 0,0 aA 58,5 aB 464,0 aB 14,4 aA 68,6 aA

----------------------------------------Após a colheita da cebola----------------------------------------

VE 4,0 aA 5,6 aA 5,5 aA 3,1 aA 0,0 aA 62,3 aA 468,5 abA 14,8 aA 65,9abA

AV 4,1 aA 5,5 aA 5,4 aA 3,0 aA 0,0 aA 68,9 aA 449,0 bA 14,6 aA 65,2bA

CE 4,1 aA 5,7aA 5,6aA 3,2 aA 0,0 aA 72,5 aA 517,5 abA 14,8 aA 67,8abA

NF 4,0 aA 5,8 aA 5,7 aA 3,3aA 0,0 aA 73,3 aA 524,5 abA 14,8 aA 69,6aA

NF + CE 4,3 aA 5,6 aA 5,7 aA 3,3 aA 0,0 aA 98,1 aA 502,5 abA 15,5 aA 66,3abA

NF + AV 4,0 aA 5,7 aA 5,6 aA 3,3 aA 0,0 aA 70,1 aA 527,5 aA 15,0 aA 68,6abA -----------------------------------------------------------------------2011--------------------------------------------------------------------

------------------------- Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno -----------------------

VE 3,4 aA 5,3 aA 5,5 aA 3,2 aA 0,2 aA 28,3 aB 341,0 aB 15,2 aA 62,7 aB

AV 3,5 aA 5,4 aA 5,7 aA 3,5 aA 0,1 aA 34,0 aB 304,0 aB 16,3 aA 61,7 aA

CE 3,5 aA 5,5aA 5,8 aA 3,2 aA 0,0 aA 37,0 aB 311,5 aB 16,3 aA 59,5 aB

NF 3,5 aA 5,5 aA 6,0 aA 3,5aA 0,0 aA 37,5 aB 315,0 aB 15,5 aA 66,4 aB

NF + CE 3,4 aA 5,5 aA 6,1 aA 3,5 aA 0,1 aA 33,3 aB 337,5 aB 16,1 aA 64,8 aB

NF + AV 3,3 aA 5,5 aA 5,7 aA 3,1 aA 0,1 aA 36,7 aB 307,5 aB 15,7 aA 61,6 aB

------------------------------------ Após a colheita da cebola ---------------------------------------

VE 3,6 aA 5,7 aA 6,5 aA 3,8 aA 0,0 aA 47,2 aA 437,0 aA 15,9 aA 71,4 aA

AV 3,5 aA 5,6 aA 5,9 aA 3,3 aA 0,0 aA 50,8 aA 385,3 aA 14,7 aA 67,4 aA

CE 3,5 aA 5,6 aA 6,4 aA 3,6 aA 0,0 aA 46,8 aA 425,8 aA 15,7 aA 70,3 aA

NF 3,7 aA 5,7 aA 7,1 aA 3,9 aA 0,0 aA 46,0 aA 417,3 aA 16,2 aA 74,2 aA

NF + CE 3,7 aA 5,6 aA 6,9 aA 4,0 aA 0,0 aA 45,1 aA 418,5 aA 16,5 aA 72,0 aA

NF + AV 3,7 aA 5,7 aA 7,0 aA 3,8 aA 0,1 aA 47,5 aA 405,0 aA 16,1 aA 73,4 aA (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula (entre tratamentos) e maiúscula (entre épocas) na coluna não

diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

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Tabela 4. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura de aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2012 e 2013.

Tratamentos Matéria orgânica

%

pH em água

Ca Mg Al -------- cmolc kg-1 -----------

P K ------ mg dm-3 -------

CTCpH7,0

cmolc kg-1

V %

---------------------------------------------------------------2012-------------------------------------------------------------- -----------------------Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno------------------------------

VE 3,4aA(1) 5,3 aA 5,5 aA 3,2 aA 0,2 aA 28,3 aB 341,0 aB 15,2aA 62,7aB

AV 3,5 aA 5,4 aA 5,7 aA 3,5 aA 0,1 aA 34,0 aB 304,0 aB 16,3 aA 61,7 aA

CE 3,5 aA 5,5 aA 5,8 aA 3,2 aA 0,0 aA 37,0 aB 311,5 aB 16,3 aA 59,5 aB

NF 3,5 aA 5,5 aA 6,0 aA 3,5 aA 0,0 aA 37,5 aB 315,0 aB 15,5 aA 66,4 aB

NF + CE 3,4 aA 5,5 aA 6,1 aA 3,5 aA 0,1 aA 33,3 aB 337,5 aB 16,1 aA 64,8 aB

NF + AV 3,3 aA 5,5 aA 5,7 aA 3,1 aA 0,1 aA 36,7 aB 307,5 aB 15,7 aA 61,6 aB

------------------------------------ Após a colheita da cebola ---------------------------------------

VE 2,5 aA 5,9 aA 6,6 aA 2,0 aA 0,0 aA 91,1 aA 476,6 aA 14,1 aA 69,3 aA

AV 2,6 aA 5,7 aA 5,9 aA 1,8 aA 0,0 aA 122,8 aA 458,1 bA 13,9 aA 63,8 aA

CE 2,6 aA 5,8 aA 6,3 aA 1,8 aA 0,0 aA 97,2 aA 464,1 bA 13,8 aA 66,5 aA

NF 2,5 aA 5,9 aA 7,1 aA 2,1 aA 0,0 aA 112,2 aA 407,9 bA 14,4 aA 71,4 aA

NF + CE 2,6 aA 5,8 aA 6,4 aA 1,9 aA 0,0 aA 129,8 aA 441,6 bA 13,6 aA 68,8 aA

NF + AV 2,6 aA 5,9 aA 6,7 aA 1,9 aA 0,0 aA 100,2 aA 434,0 bA 14,3 aA 67,9 aA ----------------------------------------------------------------2013----------------------------------------------------------------- -------------------------- Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno ----------------------

VE --- 6,1 aA 6,7 aA 2,3 aA 0,0 aA 156,7 aA 562,9 aA 13,8 aA 76,0 aA

AV --- 5,9 aA 6,6 aA 2,2 aA 0,0 aA 150,1 aA 535,7 aA 14,5 aA 71,2 aA

CE --- 6,1 aA 6,6 aA 2,3 aA 0,0 aA 153,1 aA 530,8 aA 13,4 aA 77,4 aA

NF --- 6,1 aA 6,6 aA 2,2 aA 0,0 aA 159,5 aA 489,5 aA 13,4 aA 75,3 aA

NF + CE --- 6,0 aA 6,8 aA 2,3 aA 0,0 aA 174,1 aA 541,2 aA 14,3 aA 74,4 aA

NF + AV --- 6,1 aA 6,9 aA 2,3 aA 0,0 aA 153,6 aA 513,3 aA 14,5 aA 72,6 aA

------------------------------------- Após a colheita da cebola --------------------------------------

VE 3,4 a 5,8 aA 7,2 aA 2,3 aA 0,0 aA 74,9 aB 369,0 aB 14,9 aA 70,1 aA

AV 3,6 a 5,8 aB 7,2 aA 2,6 aA 0,0 aA 76,3 aB 381,5 aB 15,2 aA 71,5 aA

CE 3,5 a 5,9 aB 7,0 aA 2,4 aA 0,0 aA 74,4 aB 403,5 aB 14,7 aA 70,9 aA

NF 3,4 a 5,8 aA 7,1 aA 2,3 aA 0,0 aA 77,2 aB 320,8 aB 14,9 aA 71,5 aA

NF + CE 3,7 a 5,9 aA 8,1 aA 2,5 aA 0,0 aA 86,1 aB 385,0 aB 15,4 aA 75,6 aA

NF + AV 3,7 a 5,9 aA 7,5 aA 2,5 aA 0,0 aA 82,1 aB 390,5 aB 14,9 aA 73,6 aA

(1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula (entre tratamentos) e maiúscula (entre épocas) na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

Page 74: Tese Monique Souza - UFSC

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Tabela 5. Atributos químicos do solo, na camada de 0-10 cm, em um Cambissolo Húmico com vegetação espontânea (VE) e o cultivo de plantas de cobertura aveia preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2014 a 2016.

Tratamentos Matéria orgânica

%

pH em água

Ca Mg Al ------------ cmolc kg-1 ---------

P K ------ mg dm-3 ------

CTCpH7,0

cmolc kg-1

V %

-------------------------------------------------------------------2014-------------------------------------------------------------------- -----------------------Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno-----------------------

VE 3,7 aA(1) 5,8 aA 7,2 aA 2,4 aA 0,0 aA 79,7 aB 469,6 aA 16,0 aA 66,7 aB

AV 3,6 aA 5,8 aA 6,8 aB 2,0 aA A

0,0 aA 79,2 aB 469,6 aA 15,2 aB 65,2 aB

CE 3,7 aA 6,0 aA 7,1 aA 2,5 aA 0,0 aA 72,8 aB 443,2 aA 15,6 aA 67,9 aA

NF 3,8 aA 5,9 aA 7,2 aA 2,2 aA 0,0 aA 73,0 aB 576,0 aA 16,1 aA 67,4 aA

NF + CE 3,8 aA 5,8 aA 6,8 aA 2,1 aA 0,0 aA 71,7 aB 456,8 aA 15,3 aA 65,6 aA

NF + AV 3,6 aA 5,9 aA 6,7 aA 2,3 aA 0,0 aA 90,2 aB 572,2 aA 15,5 aA 65,8 aA

------------------------------------ Após a colheita da cebola ---------------------------------------

VE 4,5 aA 6,2 aA 7,3 aA 3,4 aA 0,0 aA 213,4 aA 518,7 aA 16,1 aA 74,4 aA

AV 4,5 aA 6,2 aA 8,7 aA 2,7 aA 0,0 aA 200,6 aA 525,6 aA 16,8 aA 75,5 aA

CE 4,6 aA 6,2 aA 8,1 aA 2,7 aA 0,0 aA 216,2 aA 472,5 aA 16,4 aA 73,4 aA

NF 4,7 aA 6,3 aA 8,7 aA 2,8 aA 0,0 aA 227,5 aA 518,6 aB 16,9 aA 76,1 aA

NF + CE 4,7 aA 6,2 aA 8,0 aA 3,5 aA 0,0 aA 177,4 aA 557,3 aA 17,4 aA 74,3 aA

NF + AV 4,5 aA 6,1 aA 7,8 aA 3,0 aA 0,0 aA 183,2 aA 498,9 aA 16,6 aA 72,8 aA

----------------------------------------------------------------------2015---------------------------------------------------------------------- -------------------------- Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno ----------------------

VE 4,5 aA 6,1 aA 8,8 aA 1,8 aB 0,0 aA 148,3 aA 417,4 aB 19,4 aA 60,5 aB

AV 4,7 aA 6,0 aA 8,0 aA 1,8 aB 0,0 aA 177,1 aA 360,7 aB 17,8 aA 67,0 aB

CE 4,8 aA 6,0 aA 8,0 aA 2,0 aB 0,0 aA 168,6 aA 394,2 aB 18,1 aA 62,8 aB

NF 4,9 aA 6,0 aA 8,9 aA 2,0 aB 0,0 aA 162,2 aA 360,2 aB 17,6 aA 63,7 aB

NF + CE 4,7 aA 6,3 aA 8,6 aA 2,0 aB 0,0 aA 167,8 aA 355,2 aB 19,7 aA 61,3 aB

NF + AV 4,6 aA 6,0 aA 8,7 aA 1,9 aB 0,0 aA 164,3 aA 356,2 aB 18,6 aA 61,1 aB

------------------------------------- Após a colheita da cebola --------------------------------------

VE 4,1 aA 6,1 aA 8,8 aA 2,6 aA 0,0 aA 117,7 aA 516,8 aA 16,6 aA 77,0 aA

AV 4,2 aA 6,3 aA 8,7 aA 2,8 aA 0,0 aA 122,7 aB

540,0 aA 16,0 aA 79,6 aA

CE 4,1 aA 6,2 aA 8,8 aA 2,6 aA 0,0 aA 107,3 aA 530,4 aA 16,3 aA 78,4 aA

NF 4,2 aA 6,2 aA 9,1 aA 2,6 aA 0,0 aA 133,1 aA 501,2 aA 16,5 aA 78,9 aA

NF + CE 4,2 aA 6,2 aA 8,9 aA 2,7 aA 0,0 aA 113,6 aB 498,4 aA 16,6 aA 78,2 aA

NF + AV 4,1 aA 6,1 aA 9,1 aA 2,7 aA 0,0 aA 110,9 aB 540,8 aA 16,9 aA 78,0 aA

------------------------------------------------------------------2016--------------------------------------------------------------------- -------------------------- Após o acamamento das plantas de cobertura de inverno ----------------------

VE 4,7 aA 6,3 aA 6,3 aB 2,0 aB 0,0 aA 155,4 aA 399,3 aA 13,0 aA 70,1 aB

AV 4,5 aA 6,1 aA 6,5 aB 2,0 aB 0,0 aA 146,1 aA 370,0 aB 13,4 aA 70,0 aB

CE 4,7 aA 6,1 aA

6,1 aB 1,9 aB 0,0 aA 140,5 aA 432,0 aA 13,0 aA 70,6 aB

NF 4,5 aA 6,0 aA 6,6 aB 2,0 aB 0,0 aA 146,0 aA 352,0 aA 14,0 aA 70,0 aB

NF + CE 4,5 aA 6,3 aA 6,3 aB 1,9 aB 0,0 aA 142,3 aA 347,3 aA 13,0 aA 70,2 aB

NF + AV 4,6 aA 6,1 aA 6,4 aB 2,0 aB 0,0 aA 142,4 aA 390,0 aA 13,1 aA 71,3 aB

------------------------------------- Após a colheita da cebola --------------------------------------

VE 4,3 aA 5,7 aA 8,5 aA 3,0 aA 0,0 aA 171,5 aA 472,0 aA 16,0 aA 78,4 aA

AV 4,7 aA 6,0 aA 9,5 aA 3,0 aA 0,0 aA 173,8 aA 580,0 aA 17,5 aA 82,4 aA

CE 4,3 aA 5,7 aA 9,1 aA 3,0 aA 0,0 aA 153,0 aA 520,0 aA 16,5 aA 81,9 aA

NF 4,0 aA 5,7 aA 8,4 aA 2,9 aA 0,0 aA 153,3 aA 492,0 aA 15,6 aA 76,2 aA

NF + CE 4,5 aA 5,8 aA 8,9 aA 3,0 aA 0,0 aA 162,4 aA 505,3 aA 16,3 aA 82,4 aA

NF + AV 4,4 aA 5,7 aA 9,0 aA 3,0 aA 0,0 aA 145,4 a A 490,7 aA 17,1 aA 77,0 aA (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula (entre tratamentos) e maiúscula (entre épocas) na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

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75

Em 2013, os valores de P e K disponíveis foram maiores no solo coletado após o acamamento das plantas de cobertura (Tabela 4). Em 2014 e 2015 houve um incremento nos valores de Ca trocável, P dispo-nível, K disponível, CTCpH7,0 e de saturação da CTCpH7,0 por bases no solo em todos os tratamentos, quando comparado com as outras safras (Tabela 5), o que acabou refletindo também em maior produtividade de cebola em 2015 (Tabela 8).

Em todos os tratamentos e em todas as épocas de avaliação, os valores de P e K disponíveis foram interpretados como muito alto (P >24,0 mg dm-3 para solos com 21-40% de argila e K disponível >180,0 mg dm-3 para solos com CTCpH7,0 7,6-15,0 cmolc dm-3) e os teores de Ca e Mg trocáveis como alto (Ca >4,0 cmolc dm-3; Mg >1,0 cmolc dm-3) (CQFS-RS/SC, 2016). Por outro lado, os valores de pH em água e de saturação da CTCpH7,0 por bases foram interpretados como médio (pH 5,5-6,0; CTCpH7,0 60-80 cmolc dm-3) (Tabelas 3, 4 e 5) (CQFS-RS/SC, 2004).

Assim constata-se que as plantas de cobertura promoveram ao longo dos anos, pela ciclagem dos nutrientes, incrementos dos teores de nutrientes na superfície e no perfil do solo, promovendo a manutenção do sistema de cultivo. As taxas de liberação de C, N, P, Ca e Mg estão associadas à decomposição da MS e são distintas de acordo com as es-pécies (GAMA-RODRIGUES et al., 2007). Ademais, as plantas de co-bertura são eficientes na ciclagem dos nutrientes por explorarem diver-sas camadas do solo, protegerem a superfície do impacto das gotas da chuva, reduzirem variações de temperatura e manterem a umidade, con-tribuindo para a manutenção e aumento da fertilidade do solo (MELO et al., 2011).

5.3.2. Produção de massaa seca de plantas de cobertura

A produção de massa seca foi maior, em todas as épocas de

avaliação de todos os anos, nos tratamentos que continham plantas de cobertura, enquanto a menor produção foi observada no tratamento VE (Tabela 6). Em todos os anos avaliados, as maiores produções de massa seca de plantas de cobertura foram verificadas aos 100 DAS, seguido de 80 DAS e, posteriormente, 60 DAS (Tabela 6), resultados decorrentes do crescimento e desenvolvimento das plantas de cobertura e, consequentemente, ao aumento da produção de massa seca ao longo do tempo (ALTIERI et al., 2011).

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76 Tabela 6. Produção de massa seca das espécies de plantas de cobertura com vegetação espontânea (VE), aveia preta (AV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV) aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura, nas safras de 2009-2016.

Dias Após Semeadura Tratamentos Ano 60 80 100

----------------------------Mg ha------------------------- VE 0,05 bB(1) 0,98 bA - AV 0,57 aB 4,92 aA - CE 2009 0,47 abB 4,96 aA - NF 0,73 aB 4,64 aA - NF + CE 0,73 aB 4,90 aA - NF + AV 0,64 aB 4,73 aA - -------------------------------------------------------------- VE 0,43 bB 1,31 bA - CV * 1,23 aB 2,63 abA - CE 2010 0,64 bB 2,95 aA - NF 1,60 aB 4,15 aA - NF + CE 1,21 abB 4,28 aA - NF + CV 1,83 aB 4,59 aA - -------------------------------------------------------------- VE 0,71 cA 0,93 cA 0,84 cA AV 1,99 abB 3,01 abA 3,27 abA CE 2011 2,20 aB 2,79 bA 3,44 aA NF 2,16 aB 3,23 aA 3,51 aA NF + CE 1,93 abB 3,29 aA 3,39 abA NF + AV 1,72 bB 3,25 aA 3,01 bA -------------------------------------------------------------- VE 0,15 bC 0,79 cB 1,62 cA AV 0,47 aC 2,21 aB 3,14 abcA CE 2012 0,51 aB 2,39 aA 2,61 bcA NF 0,39 aC 1,56 bB 3,58 abA NF + CE 0,48 aC 1,95 abB 4,44 aA NF + AV 0,48 aC 2,43 aB 4,58 aA -------------------------------------------------------------- VE -** 0,86 bA 1,01 cA AV 1,58 bB 3,07 aA 3,44 abA CE 2013 1,75 abB 3,69 aA 3,91 aA NF 2,17 abA 2,77 aA 2,76 bA NF + CE 2,32 aA 2,53 aA 2,37 bcA NF + AV 1,89 abB 2,67 aA 1,94 bcA *cevada no ano agrícola 2010; **perda de material em laboratório; (1)Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

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77 Continuação da Tabela 6.

Dias Após Semeadura Tratamentos Ano 60 80 100

------------------------Mg ha-------------------------- VE 1,10 aB(1) 1,40 cB 3,27 aA AV 1,23 aB 3,49 aA 3,82 aA CE 2014 1,49 aB 3,12 abA 3,03 aA NF 1,43 aB 2,27 bcB 3,61 aA NF + CE 1,58 aB 2,59 abAB 3,55 aA NF + AV 1,52 aB 2,37 abcB 4,05 aA ----------------------------------------------------------- VE 0,30 bC 0,61 cB 0,93 bA AV 1,95 aB 2,48 bB 4,60 aA CE 2015 1,99 aB 3,64 abA 4,42 aA NF 1,80 aB 3,33 abA 4,13 aA NF + CE 1,97 aB 4,13 aA 4,29 aA NF + AV 2,28 aC 3,14 abAB 4,09 aA ----------------------------------------------------------- VE 0,45 bB 0,65 bB 1,41 bA AV 1,75 aB 2,40 aB 3,79 aA CE 2016 1,82 aB 2,22 aB 4,13 aA NF 1,23 abB 1,46 abB 3,77 aA NF + CE 1,83 aB 2,17 aB 4,62 aA NF + AV 1,90 aB 2,19 aB 3,92 aA (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste deTukey (α= 0,05).

A menor produção de massa seca no tratamento VE aconteceu, provavelmente, porque as plantas que predominaram ao longo dos anos foram a língua de vaca (Rumex obtusifolius), o caruru (Amaranthus lividus), a tiririca (Cyperus spp.), a azedinha (Oxalis corniculada), o picão preto (Bidens pilosa) e o picão branco (Galinsoga parviflora) (VILANOVA et al., 2014). Estas espécies possuem, em geral, crescimento inicial lento e baixa produção de massa seca da parte aérea, em relação às plantas de cobertura implantadas (BITTENCOURT et al., 2013; MARTINS et al, 2016). Isso ressalta a importância da inclusão de plantas de cobertura de inverno em sistemas de cultivo, não somente por conta da adição de C e N ao solo, e ciclagem de nutrientes, mas também, por causa da proteção do solo contra os processos erosivos e a redução da emergência de plantas espontâneas (DONEDA et al., 2012; HUBBARD et al., 2013; RUEDA-AYALA et al., 2015).

Nos anos 2009, 2012, 2014, 2015 e 2016 aos 60 DAS não foram verificadas diferenças significativa na produção de MS nos tratamentos que continham espécies de plantas de cobertura. De forma semelhante, não ocorreram diferenças na produção de MS entre estes tratamentos em

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78 2009, 2010, 2013 e 2016 aos 80 DAS, e aos 100 DAS nos anos de 2014, 2015 e 2016.

Em 2010, aos 60 DAS, as maiores produções de massa seca foram observadas nos tratamentos AV, NF e NF + AV. No ano de 2011, nesta mesma época as maiores produções foram verificadas nos tratamentos solteiros CE e NF, enquanto aos 80 DAS o tratamento NF solteiro e consorciado apresentou as maiores produções (Tabela 6). Em 2012, aos 60 DAS, a ocorrência de temperaturas mais baixas que o normal durante o inverno (Figura 2) prejudicou o crescimento e desenvolvimento inicial das plantas, e todos os tratamentos obtiveram menor produção de massa seca quando comparados com as demais safras (Tabela 6). Entretanto, aos 80 e 100 DAS, as plantas de cobertura já apresentaram recuperação, incrementando a produção de massa seca.

Já no ano de 2013, o CE se destacou e apresentou maior produção de massa seca aos 100 DAS e, em 2014, a AV aos 80 DAS produziu as maiores quantidades de massa seca, comparativamente aos demais tratamentos. Isto aconteceu provavelmente porque o CE e AV possuem alta capacidade de perfilhamento e sistema radicular profundo, permitindo a absorção de água e nutrientes de camadas mais profundas do solo (SOUZA et al., 2013a; OLIVEIRA et al., 2016).

Além disso, essas espécies por produzirem mais massa seca que aquelas que compõem a vegetação espontânea da área, e possuírem maior teor inicial de lignina e valores das relações C/N e Lig/N, fornecem resíduos que permanecerão mais tempo sobre a superfície do solo, o que auxiliará na redução da incidência de plantas espontâneas e consequente competição com as plantas de cebola (OLIVEIRA et al., 2016). Ao avaliarem a densidade populacional e o nível de infestação de plantas espontâneas em plantio direto orgânico de milho (Zea mays) com plantas de coberturas, Favarato et al. (2014) observaram a produção de 5,6 t ha-1 massa seca de aveia-preta solteira e de 7 t ha-1 massa seca quando em consórcio com o tremoço branco, o que reduziu o percentual de infestação e a densidade de plantas espontâneas emergidas.

Além das Poáceas, aveia-preta e centeio, apresentarem maior produção de massa seca em alguns anos e épocas de avaliação, o nabo-forrageiro solteiro e consorciado, também obteve, no geral, elevadas produções de massa seca, tanto no início do ciclo como no seu final ao longo dos anos (Tabela 6). Isso pode ser atribuído ao seu rápido crescimento inicial e a uma maior ramificação da parte aérea da espécie em comparação com as Poáceas (DONEDA et al., 2012). Giacomini et al. (2003), ao avaliarem a produção de MS da parte aérea de cultivos solteiros e consorciados, observaram maiores valores de produção de

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79 MS para o nabo-forrageiro solteiro, com 5,0 Mg ha-1, quando compara-do com a ervilhaca e a aveia-preta. Porém, após a deposição dos resí-duos das espécies nabo-forrageiro, centeio e aveia-preta sobre a superfí-cie do solo, ocorre uma menor taxa de decomposição dos resíduos das Poáceas comparativamente ao do nabo-forrageiro, devido aos maiores teores de lignina e valores da relação C/N das Poáceas, o que reflete em uma menor taxa de mineralização de nutrientes (HEINZ et al., 2010).

Ao longo dos anos, principalmente em sistemas conservacionistas como o sistema de plantio direto é de se esperar que a medida que o sistema se consolida, a produção de massa seca das plantas de cobertura aumenta ao longo dos anos, por conta da liberação gradual dos nutrientes no perfil do solo (PAVINATO e ROSOLEM, 2008) e, também, se mantenha com pequenas variações de produção de massa seca entre os tratamentos (ALTIERI et al., 2011). Isto vem sendo observado ao longo dos anos, com destaque para os últimos anos de avaliação (2014 a 2016), quando foram observadas produções em torno de 3,5 a 4 t ha-1 para todos os tratamentos com plantas de cobertura solteiras ou consorciadas no final do ciclo (Tabela 6).

As menores produtividades de massa seca das plantas de cobertura observada, se comparado com médias obtidas em outros sistemas de plantio direto com rotações de culturas, que obtiveram valores entre 6 a 11 t ha-1 (COSTA et al., 2014; BASSEGIO et al., 2015), decorrem do acamamento precoce das espécies de cobertura no presente experimento. A época de acamamento das plantas de cobertura é definida pela época mais adequada de plantio das mudas de cebola da cultivar Empasc 352 - Bola Precoce, que ocorre na segunda quinzena de julho.

5.3.3. Produção de massa seca de plantas espontâneas As espécies de plantas espontâneas com maior ocorrência em todos os tratamentos e, ao longo dos 7 anos de avaliação, foram: o caru-ru (Amaranthus lividus), a língua-de-vaca (Rumex obtusifolius), o picão-preto (Bidens pilosa), o picão-branco (Galinsoga parviflora), a orelha-de-urso (Stachys arvensis), a serralha Sonchus olereaceus), a losna (Ar-temisia verlotorum), a tiririca (Cyperus spp.), a azedinha (Oxalis corni-culada) e (Oxalis latifolia), a corda-de-viola (Ipomea grandifolia), a guanxuma (Sida glaziovii), a mentinha (Veronica pérsica), entre outras espécies que estão listadas na Tabela 24 do Apêndice A. Estas são espécies comumente encontradas em estudos de plantas espontâneas em sistemas de produção, principalmente por conta das

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80 suas estratégias de disseminação (BAKER, 1974; CHANCELOR, 1985; ZANIN et al., 1997; LORENZI, 2000; CAVIGELLI et al., 2008). Se-gundo Rowe (2006); Epagri (2013), estas espécies estão entre as princi-pais plantas espontâneas ocorrentes nos canteiros de cebola no Alto Vale do Itajaí. Soares et al. (2004), ao estudarem os períodos de interferência das plantas espontâneas em cultivo de cebola, observaram que as princi-pais espécies emergidas foram o Amaranthus hybridus, o Coronopus dydimus e o Cyperus rotundus. Verificou-se ao longo dos anos uma redução na diversidade de espécies de plantas espontâneas (Apêndice A). O revolvimento do solo restrito às linhas de plantio promoveu modificações na comunidade das plantas espontâneas ao longo do tempo. Essas modificações envolvem aspectos da biologia e ecologia das espécies, e que podem ser alteradas pelas condições de manejo do solo e das culturas utilizadas (VOLL et al., 2005). Algumas espécies, como o picão branco, o picão preto, a corda-de-viola e o amendoim-bravo, que estavam presentes nas primei-ras safras de avaliação, atualmente não são encontradas ou tiveram a sua ocorrência diminuída tanto nos tratamentos com plantas de cobertura como naquele com vegetação espontânea. Sementes como a do amen-doim-bravo e do picão preto apresentam, de modo geral, alta taxa de germinação e emergência, exaurindo-se no solo em cerca de 3 a 4 anos (VOLL et al., 2001).

Em geral, em todos os anos avaliados, as menores produções de MS de plantas espontâneas foram encontradas nas primeiras épocas de avaliação, em todos os tratamentos com plantas de cobertura de inverno (Tabela 7). Isso pode ser atribuído à maior presença da MS das plantas de cobertura sobre a superfície do solo, pois ao longo do ciclo da cebola ocorre a degradação desse material (MARTINS, et al. 2014; OLIVEIRA et al., 2016), deixando o solo exposto e favorecendo o crescimento das plantas espontâneas. Além disso, a presença de plantas espontâneas nestas parcelas ao longo ciclo das plantas de cobertura de inverno per-mite que grande parte destas espécies de espontâneas atinjam o estágio adulto e produzam sementes que, posteriormente, retornam ao banco de sementes do solo e emergem durante o ciclo da cebola.

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81 Tabela 7. Produção de massa seca de plantas espontâneas sob resíduos de vegetação espontânea (VE), aveia-preta (AV), cevada (CV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV) durante o ciclo da cebola nas safras de 2009-2015.

Tratamentos

Dias após o plantio das mudas

40 60 100 ---------------------------Mg ha-¹--------------------------

----------------------------2009------------------------- VE 0,69 bB - 1,28 aA AV 0,88 aB - 1,34 aA CE 0,26 dB - 1,40 aA NF 0,22 dB - 1,03 aA NF + CE 0,16 fB - 1,07 aA NF + AV 0,52 cB - 1,30 aA -----------------------------2010-------------------------- VE 11,27 aA(1) 9,56 aA 4,69 bA CV 5,93 bcA 4,18 bA 2,73 bB CE 7,15 bA 4,71 abB 2,92 abC NF 3,42 bcA 3,22 bA 2,33 bA NF + CE 2,47 cB 4,09 bA 1,94 bB NF + CV 2,57 cB 6,93 aA 1,97 bB

90 120 145 -------------------------2011----------------------------

VE 0,84 aA(1) 0,91 aA 1,10 aA AV 0,11 bB 0,49 bA 0,48 cA CE 0,09 bB 0,43 bA 0,73 bcA NF 0,07 bB 0,57 bA 1,03 abA NF + CE 0,07 aB 0,56 bA 0,83 abA NF + AV 0,06 bB 0,64 bA 0,88 abA

---------------------------2012-------------------------- VE 0,10 bB(1) 0,13 aB 0,21 aA AV 0,09 bB 0,21 aA 0,13 aB CE 0,11 abB 0,17 aAB 0,19 aA NF 0,09 bB 0,21 aA 0,14 aB

NF + CE 0,16 aA 0,18 aA 0,13 aA NF + AV 0,14 abA 0,12 aA 0,13 aA (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

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82 Continuação da Tabela 7.

Tratamentos

Dias após o plantio das mudas

45 75 100 -------------------------Mg ha-¹-----------------------

------------------------2014--------------------------- VE 2,13 aA(1) 2,28 aA 2,18 bA AV 0,60 bC 1,65 aB 2,11 bA CE 1,52 abB 2,08 aA 2,00 bA NF 0,91 abB 1,97 aA 2,43 bA NF + CE 0,97 abC 1,90 aB 3,56 aA NF + AV 1,48 abB 1,02 aB 2,59 abA ----------------------------2015------------------------ VE 1,49 aA(1) 1,70 aA 1,28 aA AV 0,81 bA 1,39 aA 1,05 aA CE 0,78 bA 1,03 aA 0,85 aA NF 0,83 bA 1,66 aA 1,08 aA NF + CE 0,61 bA 1,08 aA 0,95 aA NF + AV 0,72 bA 1,39 aA 0,86 aA ----------------------------2016------------------------ VE 1,76 aB 1,34 aAB 2,95 aA AV 0,75 abB 1,00 aB 1,78 abA CE 0,56 bA 0,78 aA 1,17 bA NF 0,54 bB 0,87 aB 2,07 abA NF + CE 0,54 bA 0,72 aA 1,29 abA NF + AV 0,81 abA 0,99 aA 1,36 abA (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05); Em 2009, a maior produção de massa seca das plantas espontâ-neas aos 40 DAP ocorreu no tratamento AV e a menor no consórcio NF + CE (Tabela 7). A menor produção de MS das plantas espontâneas no consórcio pode ser atribuída ao intenso abafamento causado pela forma-ção de barreira física da massa seca destas duas espécies, que reduziu a incidência de luz e impediu a germinação das sementes e o desenvolvi-mento das plântulas (GOMES JR e CHRISTOFOLETI, 2008). Já aos 100 DAP, não houve diferenças entre os tratamentos (Tabela 7). Em 2010, a maior produção de MS de plantas espontâneas, em todas as épocas de avaliação, foi encontrada na testemunha (VE), quan-do comparado com os demais tratamentos que continham espécies de plantas de cobertura. E aos 145 DAP, as menores produções de MS de plantas espontâneas foram encontradas nos tratamentos com resíduos de aveia-preta e centeio (Tabela 7). Em 2012 houve uma baixa produção de

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83 MS de plantas espontâneas em todos os tratamentos, pois foram realiza-das mais capinas ao longo do ciclo, além das duas previstas para o expe-rimento, inclusive na área demarcada para a identificação e coleta de espécies de plantas espontâneas, o que prejudicou a análise dos dados (Tabela 7). Em 2014, a menor produção de MS de espontâneas aos 45 DAP foi observada no tratamento AV, enquanto aos 75 DAP não se verifica-ram diferenças entre os tratamentos, e aos 100 DAP, os tratamentos consorciados NF + AV e NF + CE obtiveram maiores produções, quan-do comparado com os tratamentos com Poáceas solteiras. Já em 2015, a testemunha aos 45 DAP apresentou a maior produção de MS e aos 75 e 100 DAP não houve diferenças entre os tratamentos (Tabela 7). Houve uma redução na produção de MS das plantas espontâneas no ano de 2015 e 2016 quando comparado com 2014, que em decorrência do au-mento da precipitação na região acabou degradando mais rapidamente a MS das plantas de cobertura e favoreceu o crescimento das plantas es-pontâneas.

A menor incidência de plantas espontâneas no final do ciclo da cebola nos tratamentos contendo resíduos de espécies solteiras de aveia-preta e centeio se deve à quantidade de MS produzida por estas espécies durante o ciclo de inverno, e à persistência da MS destas Poáceas duran-te o ciclo da cebola. Rowe (1997), em experimento realizado em Itupo-ranga (SC) com diferentes plantas de cobertura em SPD, constatou que o centeio apresentou maior supressão das plantas espontâneas.

Trabalhos realizados por Gatiboni et al. (2009) em Chapecó (SC) demonstram que 88 dias após o acamamento das plantas, a aveia-preta e o centeio apresentavam, respectivamente, 58 e 60% das quantidades iniciais de MS sobre o solo. Os mesmos autores estimaram que aos 109 dias após o acamamento, 50% da MS do centeio ainda permanecia sobre o solo. Oliveira et al. (2016), ao avaliarem a decomposição das plantas de cobertura em SPDH de cebola no mesmo experimento do presente estudo, observaram que os resíduos de centeio permaneceram por mais tempo na superfície do solo. Aos 90 dias após o acamamento, ainda existia massa seca do centeio sobre a superfície do solo, enquanto a vegetação espontânea permaneceu por apenas 30 dias. O efeito alelopá-tico da aveia-preta e do centeio também pode ter contribuído para a redução da incidência de plantas espontâneas (PESTER, 1998; JACOBI e FLECK, 2000; HAGEMANN et al., 2010). Por conta da decomposi-ção da MS ou exsudação das raízes, estas espécies podem ter liberado substâncias que exerceram efeito inibitório nas sementes ou nas plântu-las de plantas espontâneas (ALVARENGA et al., 2001).

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As menores produções de MS de plantas espontâneas nos trata-mentos que continham resíduos de espécies de plantas de cobertura solteiras e consorciadas podem ser atribuídas à barreira física exercida pela MS das plantas de cobertura, que dificulta a germinação das semen-tes de plantas espontâneas durante o ciclo da cebola. A emergência de espécies espontâneas como a Euphorbia heterophylla (leiteiro) e a Mu-cuna cinerum (mucuna-cinza) foi reduzida com o aumento das quanti-dades de MS de cana-de-açúcar (1, 2, 4, 8 e 16 Mg ha-1), que atuou co-mo uma barreira física para as sementes (YAMAUTI et al., 2012).

5.3.4. Produção de cebola A maior produtividade de bulbos total em todas as safras foi ob-

servada nos tratamentos com espécies de plantas de cobertura solteiras e consorciadas (Tabela 8). As Poáceas, como a aveia e o centeio absorvem K e P das camadas mais profundas do solo, acumulando-os na parte aérea e, por possuírem uma decomposição mais lenta, proporcionam uma mineralização dos nutrientes gradual durante o ciclo da cebola (OLIVEIRA et al., 2016). Já o nabo-forrageiro possui maior quantidade de N presente no tecido, que é liberado rapidamente para o solo, aumen-tando a oferta deste nutriente para as culturas em sucessão (DONEDA et al, 2012).

A menor produtividade total de bulbos foi observada no trata-mento VE em todos os anos e, para as classes 2 e 3, na maioria dos anos, quando comparado ao solo com histórico de cultivo com plantas de cobertura. A menor produtividade de cebola com o tratamento VE pode ser atribuída à menor produção e deposição de resíduos sobre a superfí-cie do solo, o que potencializa as perdas de solo, água e nutrientes (HUBBARD et al., 2013). Oliveira et al. (2016) ao avaliarem a decom-posição e liberação de nutrientes de resíduos de plantas de cobertura e espontâneas no mesmo experimento do presente trabalho, observaram que os resíduos de plantas espontâneas permaneceram por menos tempo sobre a superfície do solo, obtendo menor liberação de nutrientes e re-duzindo a produtividade de bulbos cebola em 2 até 6 t ha-1. Além disso, a maior incidência de plantas espontâneas no tratamento VE, principal-mente na fase inicial de cultivo da cebola (Tabela 7), reduziu a produti-vidade por conta da competição por água, luz e nutrientes.

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85 Tabela 8. Produção de cebola em sistema de plantio direto agroecológico com vegetação espontânea (VE), aveia preta (AV), centeio (CE), nabo-forrageiro (NF), nabo-forrageiro + centeio (NF+CE) e nabo-forrageiro + aveia preta (NF+AV), nas safras de 2009-2015.

Tratamentos

Classe 4

Classe 3

Classe 2

Bulbos Po-dres/

Florescidos Total ----------------------------------------- t ha-1 ---------------------------------------------- ---------------------------------- 2009 -------------------------------- VE - 1,0 c(1) 8,8 a 0,0 a 9,8 c AV - 1,3 bc 8,9 a 0,1 a 10,3 bc CE - 2,1 abc 9,6 a 0,1 a 11,8 bc NF - 3,4 a 9,0 a 0,3 a 12,7 a NF + CE - 2,6 ab 9,3 a 0,2 a 12,1 ab NF + AV - 2,1 ab 8,8 a 0,1 a 11,0 abc ---------------------------------- 2010 -------------------------------- VE 0,1 a 2,1 b 7,3 a 0,1 a 9,6 b CV* 0,1 a 5,2 a 7,3 a 0,2 a 12,8 a CE 0,3 a 4,8 a 6,4 a 0,5 a 12,5 a NF 0,3 a 5,7 a 7,0 a 0,5 a 13,5 a NF + CE 0,2 a 6,2 a 6,7 a 0,2 a 13,3 a NF + CV 0,3 a 5,0 a 7,7 a 0,4 a 13,4 a ---------------------------------- 2011 -------------------------------- VE - 0,7 d 10,1 c 0,1 a 10,9 c AV - 6,6 a 11,5 b 0,2 a 18,3 a CE - 4,5 bc 12,0 b 0,1 a 16,6 b NF - 3,7 c 13,2 a 0,3 a 17,2 ab

NF + CE - 5,1 abc 12,3 ab 0,2 a 17,6 ab NF + AV - 6,0 ab 12,4 ab 0,1 a 18,4 a ---------------------------------- 2012 -------------------------------- VE - - 4,8 b 0,1 a 4,8 c AV - 0,6 a 10,3 a 0,2 a 11,0 a CE - 0,5 a 9,5 a 0,3 a 10,2 ab NF - 0,2 a 9,0 a 0,2 a 9,3 b NF + CE - 0,3 a 9,8 a 0,3 a 10,4 ab NF + AV - 0,3 a 9,8 a 0,1 a 10,2 ab ---------------------------------- 2013 -------------------------------- VE - 0,7 a 8,9 b 0,1 a 9,6 b AV - 1,7 a 10,9 a 0,3 a 12,9 a CE - 1,1 a 10,7 a 0,2 a 11,9 a NF - 0,8 a 10,6 a 0,2 a 11,6 a NF + CE - 1,0 a 10,6 a 0,3 a 11,9 a NF + AV - 1,3 a 11,0 a 0,2 a 12,5 a

*cevada no ano agrícola 2010; (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

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86 Continuação da Tabela 8.

Tratamentos

Classe 4

Classe 3

Classe 2

Bulbos Po-dres/

Florescidos Total ------------------------------------- t ha-1 ---------------------------------------------- ---------------------------------- 2014 -------------------------------- VE 0,0 a(1) 4,4 b 9,4 a 0,9 a 14,7 b AV 0,6 a 8,0 a 7,3 b 2,0 a 17,9 a CE 0,6 a 7,8 a 8,1 ab 1,0 a 17,5 a NF 0,4 a 6,3 ab 9,0 a 1,5 a 17,2 a NF + CE 0,3 a 7,6 a 8,3 ab 2,0 a 18,2 a NF + AV 0,6 a 7,0 a 8,4 ab 1,5 a 17,5 a ---------------------------------- 2015 -------------------------------- VE - 0,2 b 8,3 b 0,6 b 9,1 b AV - 1,7 a 10,4 a 1,9 a 14,0 a CE - 1,6 a 10,6 a 1,1 ab 13,3 a NF - 1,6 a 10,5 a 2,0 a 14,1 a NF + CE - 1,7 a 10,9 a 1,6 ab 14,2 a NF + AV - 1,6 a 10,5 a 2,0 a 14,1 a ---------------------------------- 2016 -------------------------------- VE - 6,6 c 9,6 a 0,2 a 16,4 c AV - 16,2 ab 5,0 b 0,3 a 21,5 ab CE - 16,0 ab 5,3 b 0,4 a 21,7 ab NF 0,2 b 12,5 b 6,1 b 0,5 a 19,3 bc NF + CE 0,7 a 15,0 ab 5,6 b 0,1 a 21,4 ab NF + AV 0,9 a 18,6 a 4,1 b 0,2 a 24,4 a (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

Na safra de 2009 foram identificadas duas classes de bulbos de

cebola (Tabela 8). As maiores produtividades na classe 3 e produtivida-de total de bulbos foram observadas no tratamento NF, não diferindo dos tratamentos consorciados NF + CE e NF + AV. Em 2010, houve um aumento na produtividade total de bulbos e obteve-se bulbos maiores, da caixa 4, além das classes de bulbo 2 e 3, e o tratamento VE continuou apresentando as menores produtividades de bulbos (Tabela 8). Na safra de 2011 houve variação na produtividade de cebola nas classes 2, 3 e na produtividade total (Tabela 8).

Maiores produtividades totais foram observadas nos tratamentos NF + AV e AV, não diferindo estatisticamente dos tratamentos NF e NF + CE. A produtividade de cebola verificada do tratamento CE solteiro foi intermediária em relação aos outros tratamentos (Tabela 8). Em 2012, a maior produtividade total foi observada no tratamento com AV solteira, que diferiu estatisticamente daquele com NF (Tabela 8).

Na safra de 2013, as produtividades de bulbos das classes 2, 3 e total não diferiram estatisticamente entre os tratamentos com plantas de

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87 cobertura. Em 2016, assim como na safra de 2010 e 2014, foi identifica-da novamente a classe 4 de bulbos, que são bulbos com maior calibre, além das classes 2 e 3, que são normalmente encontradas na aérea expe-rimental. Entretanto, na safra de 2014 e 2016, a classe 3 foi aquela com maior produtividade de bulbos em todos os tratamentos, quando compa-rado com as demais safras, o que acabou se refletindo em uma maior produtividade total de bulbos, com aproximadamente, 17 t ha-1 em 2014 e 24 t ha-1 em 2016.

Em 2015, após 7 anos de experimento, mesmo tendo uma produ-tividade maior de massa seca das plantas de cobertura (~ 4 t ha-1) (Tabela 6), quando comparado com os outros anos, não ocorreram dife-renças na produtividade de cebola entre os tratamentos com plantas de cobertura nas classes 2 e 3 e na produtividade total. Entretanto, houve uma maior produtividade de bulbos podres, refletindo em redução na produtividade total de cebola, quando comparado com a safra de 2014 (Tabela 8). Isso pode ser explicado pelo volume de água de frequentes precipitações que ocorreram ao longo do cultivo da cebola (Figura 2), estimulando a incidência de doenças tanto na parte aérea como no bulbo. As chuvas intensas desde o mês de junho fizeram com que o rendimento médio estimado fosse reduzido em 23% em Santa Catarina (IBGE, 2015). Bulbos podres ou florescidos foram observados em todos os tratamentos e safras, sem que fossem verificadas diferenças significati-vas entre os tratamentos. Isso se deve às constantes chuvas e umidade elevada na região (Figura 2), o que compromete parte da produtividade em todas as safras (Tabela 8).

Os resíduos das espécies de plantas de cobertura em SPDH tanto solteiras como consorciadas contribuíram para o aumento da produtivi-dade de cebola ao longo dos anos, iniciando em 10 t ha-1 e, após 7 anos, proporcionando produtividade de 15 até 24 t ha-1 (Tabela 8). Por outro lado, no SPC essa produtividade se situa entre 20-25 t ha-1 em manejo com aplicações de fungicidas e herbicidas (MENEZES et al., 2014; IBGE, 2015). Decorrente da incidência do míldio (Peronospora destruc-tor) nas plantas de cebola e da ausência de produto para controle da doença em sistemas de produção agroecológicos, tem-se impacto direto sobre o desenvolvimento e a produtividade da cebola (GONZÁLES et al., 2011). Esse, além da competição com as plantas espontâneas pode ser considerado o principal fator de entrave para o aumento da produti-vidade no SPDH.

Embora a classe 2 tenha contribuído para o aumento da produção total de cebola em todas as safras, são as classes 3 e 4 que representam os bulbos comercializáveis e mais aceitos no mercado. Já os bulbos da

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88 classe 2 são muito utilizados pelas indústrias de conservas e por consu-midores de produtos de sistemas orgânicos de produção. A menor pro-dução de cebola da classe 3, em todas as safras e em todos os tratamen-tos, quando comparado com a produção da classe 2, pode ser atribuída à a incidência de míldio e presença das plantas espontâneas durante o ciclo da cebola, pois não são realizadas aplicações de fungicidas e herbi-cidas durante o cultivo, e as capinas são realizadas aos 40 e 90 dias após o plantio das mudas. Por causa disso, pode ocorrer a competição por nutrientes, água e espaço físico com a cebola, como observado por Vila-nova (2011) e Souza et al. (2013a), além da proliferação da doença nos canteiros, comprometendo o desenvolvimento das plantas ao longo do ciclo.

A maior produtividade total de cebola e das classes 2 e 3 ao lon-go dos anos em todos os tratamentos com resíduos de espécies de plan-tas de cobertura, comparativamente ao tratamento VE, pode ser explica-da pela maior competição das plantas espontâneas durante o ciclo com as plantas de cebola (Tabela 7) e a produtividade de massa seca (Tabela 8). A presença dos resíduos aumenta a proteção da superfície do solo contra o impacto da gota da chuva, e, por consequência, diminui a perda de solo, água e nutrientes por escoamento superficial (BUSARI et al., 2015). Além disso, a presença destas espécies auxilia na ciclagem de nutrientes, uma vez que os resíduos na superfície do solo em decompo-sição liberam nutrientes (OLIVEIRA et al., 2016) e parte deles pode ser absorvida pelas plantas de cebola ao longo do seu ciclo.

A presença das plantas de cobertura em sistema de plantio direto e, por consequência, a proteção da superfície do solo, pode contribuir para a manutenção dos teores de nutrientes e favorecer a produção total de bulbos e aumento das classes de bulbos ao longo dos anos, como já vem sendo observado ao longo dos anos e à medida que o sistema se estabiliza.

5.4. CONCLUSÃO

Os maiores valores de P disponível, K trocável e saturação da

CTCpH7,0 por bases, principalmente após a colheita da cebola, foram observados no solo dos tratamentos com o cultivo e a deposição de resí-duos de plantas de cobertura ao longo dos anos.

O cultivo e a deposição sobre o solo de resíduos das plantas de cobertura aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro, solteiros e consorcia-das, contribuíram para o aumento e a manutenção dos atributos quími-cos do solo e a produtividade total de cebola ao longo dos anos.

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Os resíduos das plantas de cobertura apresentaram os maiores efeitos quanto a supressão das espécies espontâneas nos 45 dias avalia-ção, o que corresponde ao início do período crítico de desenvolvimento da cebola e de maior competição com as plantas espontâneas.

As menores produtividades de bulbos de cebola foram observadas no tratamento com presença de vegetação espontânea.

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91 6. ESTUDO 2 – Composição fenólica da parte aérea das plantas de

cobertura Secale cereale L., Raphanus sativus L. e Avena strigo-sa L., antes e após o acamamento via espectrofotometria UV-vis e cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).

RESUMO A determinação dos compostos produzidos pelas plantas de cobertura pode auxiliar na seleção de espécies com potencial alelopático para fins de manejo de plantas espontâneas. O objetivo deste estudo foi determi-nar a composição fenólica da parte aérea de plantas de cobertura em diferentes estádios fenológicos e após o acamamento. Em um experi-mento de campo em sistema de plantio direto agroecológico de cebola, em Ituporanga, Santa Catarina foram coletadas amostras da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. aos 60, 80 e 100 dias após a sua semeadura (DAS) e, após o seu acama-mento (DAA), aos 15 e 30 dias. Os extratos metanólicos das três espé-cies foram submetidos à análise de compostos fenólicos e flavonoides via ensaios colorimétricos. Os extratos também foram analisados via cromatografia líquida de alta eficiência para a identificação e quantifica-ção dos compostos de interesse. Os maiores conteúdos de fenólicos e flavonoides foram encontrados nos extratos de nabo-forrageiro em culti-vo solteiro e consorciado, antes e após o acamamento da espécie. O nabo-forrageiro apresentou maiores conteúdos quando as plantas já haviam florescido e encontravam-se em estádio de enchimento de grãos, o centeio no estádio de alongamento e a aveia-preta no estádio de flores-cimento. Em relação ao perfil fenólico, foram encontrados: os ácidos trans-cinâmico, sinápico e 2-benzoxazolinona (BOA) na aveia-preta; os ácidos siríngico, sinápico e BOA no centeio; e o ácido sinápico e 6-metoxi-2,3-benzoxazolinona (MBOA) no nabo-forrageiro. Recomenda-se o consórcio do nabo-forrageiro com o centeio ou com a aveia-preta, pois as três espécies apresentaram compostos químicos com potencial alelopático, sugerindo, em princípio, serem alternativas para o controle de plantas espontâneas. Palavras-chave: ácidos fenólicos, flavonoides, aleloquímicos, BOA, MBOA.

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6.1. INTRODUÇÃO

As espécies aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro vêm sendo utilizadas como plantas de cobertura em sistemas de plantio direto (SPD) para controle da emergência de plantas espontâneas, devendo exercer efeito físico, químico e/ou biológico (HAGEMANN et al., 2010; CUNHA et al., 2012; VARGAS, 2012; BITTENCOURT et a., 2013; VILANOVA et al., 2014). No que diz respeito ao efeito químico dessas plantas de cobertura sobre outras espécies, é ainda necessário aprofundar o conhecimento sobre a síntese, o acúmulo e a liberação de compostos pela massa seca durante o ciclo de cultivo. Sabe-se que existe uma di-versidade de compostos químicos que possuem ação alelopática, com destaque para o potencial dos compostos fenólicos para o manejo de pragas e doenças (MEYER et al., 2009; TANWIR et al., 2017) e contro-le biológico de plantas espontâneas (RUEDA-AYALA et al., 2015).

Os compostos fenólicos são metabólitos secundários biossinteti-zados pelas plantas a partir da rota do ácido malônico e da rota do ácido chiquímico, que desempenham diversas funções ecológicas, como defe-sa contra herbívoros e patógenos, absorção de nutrientes ou ainda a redução do crescimento e do estabelecimento de outras plantas (TAIZ e ZEIGER, 2009; INDERJIT et al., 2011). De maneira geral, a liberação dos compostos secundários das plantas para o ambiente ocorre por ex-sudação pelas raízes (BERTIN et al., 2003), por decomposição dos seus resíduos depositados na superfície do solo, por lixiviação ou volatiliza-ção, variando de acordo com a espécie e o ambiente (INDERJIT e CALLAWAY, 2003).

Sobre as espécies em estudo, sabe-se que o centeio exsuda vários compostos pelas raízes e/ou ao longo da decomposição de sua massa seca. Os ácidos hidroxâmicos e os produtos de sua degradação constituem o mais importante grupo de metabólitos secundários produ-zido por esta espécie (HANHINEVA et al., 2014; TANWIR et al., 2017). A aveia, que também possui efeito alelopático, tem na sua com-posição fenólica os ácidos cafeico, p-cumárico, siríngico, ferúlico e sinápico (PETERSON, 2001; ZHANG et al., 2012; KLAJN et al. 2012). Na espécie nabo-forrageiro, além dos flavonoides, também são encontrados os ácidos vanílico, ferúlico, sinápico, cafeico, p-cumárico (JAHANGIR et al., 2009; REHMAN et al., 2013; PAPETTI et al., 2014).

O uso dessas espécies em sistemas de rotação ou consorciação com outras culturas (FAVARATO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2016) vem sendo estudado com o objetivo de maximizar o controle de plantas

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93 espontâneas a campo, permitindo reduzir, eliminar ou substituir herbici-das (HAGEMANN, et al., 2010; ALTIERI et al., 2011; SOLTYS et al., 2013). Portanto, o estudo da composição e da ação dos compostos produzidos pelas plantas poderá subsidiar o desenvolvimento de novas estratégias que possibilitem a promoção de uma agricultura menos impactante ao ambiente (KONG et al., 2008), além de diminuir a depen-dência dos agricultores por produtos químicos tóxicos a eles e ao ambi-ente (BOHNER et al., 2014; NOBRE et al., 2015), pelo uso de plantas com potencialidades fitotóxicas (HAGEMANN et al., 2010).

A determinação da composição fenólica produzida pelas plantas de cobertura, considerando seu potencial alelopático, poderá auxiliar na seleção das espécies utilizadas nos sistemas de cultivo, proporcionar um melhor entendimento sobre em qual estádio fenológico e em qual situa-ção de cultivo, solteiro ou consorciado, ocorre maior produção de com-postos.

Desse modo, o objetivo do presente estudo foi determinar a composição fenólica via espectrofotometria UV-vis e cromatografia líquida de alta eficiência da parte aérea de plantas de cobertura Avena strigosa L, Secale cereale L. e Raphanus sativus L. em diferentes estádios fenológicos e após o seu acamamento em cultivo de cebola.

6.2. MATERIAL E MÉTODOS 6.2.1. Amostras

Para a determinação da composição fenólica, em 2014, foram

realizadas coletas da parte aérea das espécies centeio, nabo-forrageiro e aveia-preta no experimento implantado a campo, conforme descrito no item 5.2.1, na Estação Experimental da EPAGRI, no município de Itu-poranga, região do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina (Latitude 27º 24' 52"S, Longitude 49º 36' 9"W e altitude de 475 m). O clima da região, segundo a classificação de Köeppen, é subtropical mesotérmico úmido (Cfa), temperatura média anual de 17,6 oC e precipitação anual média de 1.400 mm. O solo foi classificado como Cambissolo Húmico (EMBRA-PA, 2013).

O centeio e o nabo-forrageiro solteiros e consorciados foram co-letados aos 60, 80 e 100 dias após a sua semeadura (DAS) e, após o seu acamamento (DAA), aos 15 e 30 dias, o que corresponde aos dias após o plantio das mudas de cebola. A espécie aveia-preta solteira e consorcia-da foi coletada aos 100 DAS e aos 15 e 30 DAA. Foram coletadas três subamostras aleatoriamente de cada parcela para compor uma única

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94 amostra composta. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com três repetições e sete tratamentos. As amostras foram identificadas e acondicionadas em tubos do tipo falcon (50 mL), colocadas em uma caixa de isopor e transportadas em gelo seco para o laboratório. As amostras foram liofilizadas (modelo L101, Liotop, São Paulo, Brasil) até total remoção da umidade a -54 ºC e, em seguida, trituradas em moi-nho, peneiradas (0,42 mm) e, posteriormente, acondicionadas a -20 ºC para posterior análise.

6.2.2. Extração e determinação do conteúdo de fenólicos e

flavonoides totais por espectrofotometria UV-vis

Para a extração dos compostos fenólicos, 10 mL de metanol 80% (v/v) foram adicionados à 0,1g de amostra, seguido de agitação por 2 h, filtração sob vácuo e centrifugação a 4.000 rpm por 15 min. No sobre-nadante foram determinados os conteúdos de fenólicos e flavonoides totais. O conteúdo de fenólicos totais foi determinado pelo método de Folin-Ciocalteau (SINGLETON e ROSSI, 1965), utilizando-se uma curva padrão externa de ácido gálico (Sigma-Aldrich). Os valores foram expressos em mg de equivalentes de ácido gálico por grama de massa seca (mg EAG g-1 MS). O conteúdo de flavonoides totais foi determina-do pela metodologia descrita por Popova et al. (2004), utilizando-se uma curva padrão externa de quercetina (Sigma-Aldrich). Os valores foram expressos os valores em mg de equivalentes de quercetina por grama de massa seca (mg EQ g-1 MS). As extrações foram realizadas em triplica-tas e as leituras foram realizadas a 425 nm para flavonoides e 765 nm para fenólicos em espectrofotômetro Uv-vis, modelo UV-5300PC, Po-wer Supply (China).

6.2.3. Análise do perfil fenólico por cromatografia líquida de

alta eficiência

Os extratos obtidos da parte aérea do centeio, da aveia-preta e do nabo-forrageiro foram também analisados por cromatografia líquida de alta eficiência. Somente para os extratos da espécie Raphanus sativus L. foi realizado um pré-tratamento por meio de extração em fase sólida com cartucho SPE C18/18, 500 mg/6 mL, para reter a clorofila dos ex-tratos. O cartucho foi acondicionado com 1 mL de MeOH, seguido de 1 mL de água Milli-Q, em seguida, foi adicionado ao cartucho 1 mL do extrato metanólico da espécie Raphanus sativus L., coletada essa solu-

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95 ção para posterior injeção no cromatógrafo e, por fim, 1 mL de uma solução de MeOH:água Milli-Q (9:1) (v/v) para a lavagem do cartucho.

Posteriormente, para todas as espécies, alíquotas (60 µL) dos ex-tratos metanólicos foram injetadas em cromatógrafo líquido (Thermo Fisher Scientific, Dionex UltiMate 3000). A eluição foi realizada à 30 ºC em fluxo de 1 mL min-1, em coluna C18 de fase reversa (Acclaimtm 120, 5 µm C18, 4,6 x 250 mm, Thermo Fisher Scientific) e pré-coluna (Acclaimtm, 5 nm, 4.6 x 10 mm), operando em 240, 260, 280 e 320 nm. A eluição consistiu de um gradiente das soluções A (metanol) e B (água Milli-Q/ pH 2,3), na proporção 15% da solução A e 85% da solução B (5 min), 15 à 100% da solução A (5 à 45 min) e de 85 à 0% de solução B (40 à 60 min).

A identificação dos compostos de interesse, incluindo os ácidos trans-cinâmico, ferúlico, p-cumárico, sinápico, cafeico, vanílico, gálico, siríngico, p-hidroxibenzóico, 2-benzoxazolinona (BOA) e 6-metoxi-2-benzoxazolinona (MBOA) e a quercetina foram obtidos baseando-se nos tempos de retenção e nos valores máximos de λ, determinados a partir da análise de compostos padrões (Sigma-Aldrich) sob as mesmas condi-ções experimentais.

Para quantificação dos compostos identificados foi utilizada a área sob o cromatograma no tempo de retenção ótimo. A quantificação dos ácidos fenólicos foi feita utilizando-se curva padrão externa de ácido gálico (y = 1,0301x, r2 = 0,99), MBOA (y = 0,0976x, r2 =0,96), BOA (y = 0,3166x, r2 =0,99) e quercetina (y = 0,08671x, r2 =0,98) tomando como base a área dos picos de interesse. Os valores apresentados corres-pondem à média de 2 injeções/amostra, a partir de análises realizadas em triplicata. Os resultados foram representados como abundância rela-tiva (%) de cada pico, dividindo a área do pico pela área total de todos os picos registrados no cromatograma.

6.2.4. Análise estatística

Os dados dos conteúdos de compostos fenólicos e flavonoides to-tais via UV-vis e os conteúdos médios dos compostos detectados via CLAE foram testados quanto à normalidade utilizando o método de Kolmogorov-Smirnov e, após, submetidos a análise de variância. Quan-do os efeitos foram significativos, as médias foram comparadas pelo teste de comparação de médias Tukey, a 5% de probabilidade.

Os teores de compostos fenólicos e flavonoides totais determina-dos via UV-vis também foram submetidos a análise de componentes principais (PCAs) e análise de cluster hierárquico.

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6.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.3.1. Fenólicos e flavonoides totais via UV-vis

Os conteúdos de compostos fenólicos totais das espécies de plan-tas de cobertura avaliadas variaram de 1,84 a 21,31 mg EAG g-1 MS e de flavonoides totais de 0,48 a 11,20 mg EAG g-1 MS (Tabela 9).

Ao longo do ciclo das plantas, os teores de fenólicos e flavonoi-des não aumentaram exponencialmente e não seguiram o mesmo padrão para todas as espécies. De maneira geral, os conteúdos de fenólicos e flavonoides totais foram maiores antes do acamamento para todas as espécies (Tabela 9). O nabo-forrageiro apresentou os maiores conteúdos de compostos fenólicos totais em todas as épocas de avaliação, quando comparado com o centeio e a aveia-preta, obtendo os maiores conteúdos de fenólicos aos 80 dias e de flavonoides aos 100 dias de avaliação. Para o centeio, os maiores teores de fenólicos e flavonoides foram aos 60 DAS quando consorciado com o nabo-forrageiro. Já para a aveia-preta foram encontrados maiores conteúdos aos 100 DAS, quando compara-dos com as avaliações realizadas aos 15 e 30 DAA (Tabela 9). De acor-do com Chew et al. (2011), o conteúdo de fenólicos totais das plantas pode ser classificado em quatro classes: alto (> 50 mg EAG g-1), médio-alto (30-50 mg EAG g-1), médio baixo (10-30 mg EAG g-1) e baixo (<10 mg EAG g-1). Nas espécies estudadas, os conteúdos foram classificados como médio baixo, para o nabo-forrageiro, e baixo tanto para o centeio quanto para a aveia-preta (Tabela 9).

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97 Tabela 9. Conteúdo médio de compostos fenólicos e flavonoides na parte aérea de espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto de agroecológico aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas.

Tratamentos Fenólicos Flavonoides mg EAG g-1 MS mg EQ g-1 MS

-----------------------------60 dias--------------------------------- Aveia-preta - - Aveia + Nabo - - Centeio 8,6 dA 4,53 cA Centeio + Nabo 11,08 cA 6,28 bcA Nabo-forrageiro 15,15 abB 5,88 bcA Nabo + Centeio 13,25 bcC 7,34 bA Nabo + Aveia 15,98 aB 8,82 aB

CV(%) 13,07 19,55 ------------------------------80 dias-------------------------------- Aveia-preta - - Aveia + Nabo - - Centeio 6,80 bB 2,09 bB Centeio + Nabo 7,43 bA 2,72 bB Nabo-forrageiro 20,04 aA 6,71 aA Nabo + Centeio 20,73 aA 6,25 aA Nabo + Aveia 21,31 aA 6,78 aC

CV(%) 13,06 19,41 ------------------------------100 dias------------------------------

Aveia-preta 7,15 bA 2,45 cA Aveia + Nabo 6,23 bA 2,16 cA Centeio 4,63 cC 1,91 cB Centeio + Nabo 3,79 cC 1,79 cBC Nabo-forrageiro 17,07 aAB 6,37 bA Nabo + Centeio 16,54 aB 6,53 bA Nabo + Aveia 17,28 aB 11,20 aA

CV(%) 14,68 24,97 --------------------------------15 dias------------------------------

Aveia-preta 3,54 bcB 0,82 bcB Aveia + Nabo 3,80 bcB 1,17 cB Centeio 3,18 bcC 0,92 bcC Centeio + Nabo 2,82 cCD 1,35 bcCD Nabo-forrageiro 4,24 bC 2,18 bB Nabo + Centeio 6,50 aD 1,70 aB Nabo + Aveia 4,52 bC 1,44 bD

CV(%) 23,66 41,68 -------------------------------30 dias------------------------------- Aveia-preta 2,50 aC 0,93 aB Aveia + Nabo 2,03 bC 0,48 cC Centeio 2,51 aD 0,69 bC Centeio + Nabo 1,84 bD 0,52 bcD Nabo-forrageiro - - Nabo + Centeio - - Nabo + Aveia - -

CV(%) 14,22 20,90 (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula (entre tratamento) e pela mesma letra maiúscula (entre épocas) não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

Page 98: Tese Monique Souza - UFSC

98

Os conteúdos de fenólicos e flavonoides totais foram muito simi-lares quando a espécie foi manejada solteira ou consorciada (Tabela 9). Entretanto, a espécie nabo-forrageiro solteira e os consórcios apresenta-ram valores maiores em algumas épocas avaliadas (Tabela 9). Aos 60 DAS, os tratamentos nabo + aveia e nabo-forrageiro solteiro apresenta-ram maiores teores para fenólicos e flavonoides. Aos 80 e 100 DAS, os consórcios nabo + aveia e nabo + centeio mostraram os maiores conteú-dos, tanto de fenólicos como flavonoides. Já aos 15 DAP esse efeito foi mais pronunciado no tratamento nabo + centeio (Tabela 9).

Ao estudar o extrato seco das folhas da espécie Raphanus sativus L., Silva (2014) encontrou teores de até 47,02 mg EAG g-1 MS para fenólicos e 20,36 mg EAG g-1 MS para flavonoides. Já Beegamashi (2010), ao quantificar o conteúdo de fenólicos do extrato aquoso dos resíduos de folhas e talos de nabo-forrageiro, encontrou em média 17,7 mg EAG mL-1 e, para o extrato hidroetanólico, valores de 8,68 mg EAG mL-1, resultados esses semelhantes aos encontrados neste estudo.

Os maiores teores de compostos fenólicos e flavonoides dos ex-tratos do nabo-forrageiro podem ser atribuídos às características da es-pécie, que pertence à família das Brassicaceae, conhecida por sua atividade alelopática e pela sua produção de compostos fenólicos (CARTEA et al., 2011; REHMAN et al., 2013). Além disso, o nabo concentra maior quantidade de compostos fenólicos na parte aérea (BLAZEVIC e MASTELIC, 2009), quando comparado às Poáceas, que podem ter concentrado os compostos nas raízes ou em outros órgãos da planta. No presente estudo, o centeio encontrava-se no estádio de alon-gamento e espigamento aos 60 e 80 DAS, respectivamente, e o nabo-forrageiro em desenvolvimento vegetativo e início do florescimento (Tabela 2).

Mesmo apresentando conteúdos de compostos fenólicos e flavonoides inferiores, quando comparados ao nabo-forrageiro, o centeio e a aveia também são conhecidos pela produção de compostos com propriedades alelopáticas. Tokura e Nóbrega (2006), ao avaliarem o potencial alelopático da aveia-preta, verificaram que o controle das espécies de plantas espontâneas Brachiaria plantaginea e Artemisia verlotorum foi mais eficiente com a aveia-preta, quando comparada à colza (Brassica napus), ao nabo-forrageiro e ao milheto (Pennisetum americanum).

Nos estudos realizados por Weidner et al. (2000), foi verificado que o conteúdo de compostos fenólicos e de cinco ácidos fenólicos vari-aram conforme o estádio fenológico do centeio, com os maiores conteú-

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99 dos (44,24 µg g–1 de peso seco) na fase inicial, aos 22 dias após a flora-ção, diminuindo consideravelmente no final do estádio de maturação dos grãos (6,5 µg g–1 de peso seco), aos 57 dias após a floração.

A qualidade do material vegetal avaliado também pode ter influ-enciado os resultados, como, por exemplo, o teor de lignina e a relação C/N do material (Tabela 1), os quais acabam favorecendo a liberação dos compostos presentes no tecido vegetal (MARTINS et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2016). O centeio, por apresentar uma relação C/N mais alta e um material mais fibroso, quando comparado ao nabo-forrageiro (Tabela 1), tem uma liberação mais lenta dos nutrientes e, provavelmente, dos compostos contidos no tecido vegetal. Além disso, a fitotoxidade das substâncias químicas com potencial alelopático pode ser influenciada pelo tipo de solo, nutrição das plantas, pH, fatores climáticos, microbiota e seu estádio fenológico (INDERJIT e WEINER, 2001; MONQUERO et al., 2009). Algumas dessas características estiveram iguais para as três espécies avaliadas, conforme apresentado nas Tabelas 3, 4 e 5 do Estudo 1, referentes aos dados de atributos químicos do solo. Entretanto, os estádios fenológicos das espécies e a microbiota do solo podem ter influenciado a produção de compostos (WEIDNER et al.,2000; BERTIN et al., 2003; CECCHIN, 2015). Segundo Czelusniak et al. (2012), a produção de metabólitos secundários pode variar de acordo com o desenvolvimento da planta, incluindo o desenvolvimento foliar, surgimento de novos órgãos, processos bioquímicos, fisiológicos, ecológicos e evolutivos.

Aos 15 e 30 DAA, todos os tratamentos apresentaram uma redu-ção nos teores de compostos (Tabela 9) por causa da decomposição dos resíduos vegetais após o acamamento das plantas. Para a espécie nabo-forrageiro, aos 15 DAA, o conteúdo de compostos foi reduzido quando comparado com os conteúdos encontrados antes do acamamento. Já para a aveia-preta e o centeio os teores foram similares mesmo após o aca-mamento, inclusive aos 30 DAA. Além disso, as Poáceas apresentaram uma degradação do material vegetal mais lenta, permanecendo sobre a superfície do solo ao longo do cultivo da cebola, conforme estudo reali-zado por Oliveira et al. (2016), na mesma área experimental. O nabo-forrageiro, por apresentar uma relação C/N e lignina/N menor (Tabela 1), e uma maior taxa de mineralização do material, foi degradado mais prontamente, logo nos 15-20 primeiros dias (MARTINS et al, 2014).

Aos 15 DAA, as plantas já haviam sido acamadas, tendo iniciado o seu processo de decomposição. Portanto, o conteúdo de compostos

Page 100: Tese Monique Souza - UFSC

100 fenólicos, apresentado aos 60, 80 e 100 dias de avaliação, e de outros nutrientes contidos no tecido vegetal dessas espécies estudadas, podem ter sido liberados para o solo por diversas formas, como lixiviação, volatilização e decomposição da MS pelos microrganismos do solo (RICE, 1984; BERTIN et al., 2003; CRUSCIOL, et al. 2005). Na Tabela 1, do Estudo 1, é possível observar que dos 100 DAS para os 15 DAA, houve uma redução dos nutrientes contidos no material vegetal, como o N, P, K, Ca e Mg, bem como dos teores de carbono orgânico, lignina e celulose. Esse comportamento também foi verificado por Martins et al. (2014) e Oliveira et al. (2016) ao avaliarem a decomposição e liberação de nutrientes pelas mesmas espécies em SPDH de cebola.

Por meio da análise multivariada, aplicando a análise de PCA para o conteúdo de compostos fenólicos totais, verificou-se, por meio da relação entre a componente principal 1 (PC1) e a componente principal 2 (PC2), a separação das espécies em três grupos (Figura 3). O PC1 e o PC2, que explicaram 73,28% e 15,34% dos dados, respectivamente, separaram os extratos da parte aérea de centeio e centeio + nabo, dos extratos de nabo-forrageiro solteiro e consorciado e dos extratos de aveia e aveia + nabo (Figura 3).

Figura 3. Relação entre o componente principal 1 (PC1) e o componen-te principal 2 (PC2), do conteúdo médio de compostos fenólicos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento em sistema de plantio direto agroecológico.

AveiaAveiaAveia

Aveia

Aveia

AveiaAveiaAveia

AveiaA+NA+NA+N

A+NA+NA+N

A+NA+NA+N

N+AN+A

N+A N+AN+AN+A

N+AN+A

N+A

C+NC+N

C+NC+N

C+NC+N

C+NC+NC+N

NaboNaboNabo

Nabo

NaboNabo

Nabo

NaboNabo

N+C

N+C

N+C

N+CN+CN+C

N+CN+C

N+C

Centeio

Centeio

CenteioCenteio

CenteioCenteio

Centeio

CenteioCenteio

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

PC1: 73,28%

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

PC

2:

15

,34

%

15 dias

100 dias

80 dias

60 dias

30 dias

Page 101: Tese Monique Souza - UFSC

101

A análise de agrupamento (clusters) dos extratos obtidos da parte aérea dessas espécies também resultou na discriminação de três grupos (Figura 4). De acordo com a análise, a variável que mais contribuiu para essa separação foi a avaliação aos 80 DAS (Figura 4), isso porque para o nabo-forrageiro foram encontrados os maiores conteúdos de compostos fenólicos nessa época quando comparado ao centeio e à aveia-preta (Tabela 9). Figura 4. Dendograma do conteúdo médio de fenólicos totais das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro, obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana.

N+

CN

+C

N+

CN

+C

N+

CN

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bo

Na

bo

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bo

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CN

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teio

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veia

Ave

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+N

A+

NA

veia

Ave

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veia

Espécies

0

2

4

6

8

10

12

14

Dis

tân

cia

Eu

clid

ian

a

Ao avaliarem a emergência de plantas espontâneas durante 105

dias em experimento em casa de vegetação, com amostras de solo e resíduos de plantas de cobertura da mesma área experimental, Souza et al. (2017, no prelo) observaram que os resíduos de centeio e aveia-preta solteiros sobre a superfície do solo apresentaram maior capacidade de supressão da emergência de plantas espontâneas, principalmente até os 45 primeiros dias de avaliação, pois permaneceram por mais tempo sobre o solo, quando comparado com o nabo.

Portanto, além da barreira físíca exercida pelas espécies aveia-preta e centeio e da permanência do material vegetal por mais tempo no campo, principalmente no período crítico de desenvolvimento da cebola

Page 102: Tese Monique Souza - UFSC

102 e de maior competição com as plantas daninhas (OLIVEIRA et al., 2016; SOUZA et al., 2017, no prelo), essas espécies podem ter uma composição química diferenciada (FINNEY et al., 2005). Todavia, em relação aos teores, a espécie nabo-forrageiro apresentou maiores conteúdos de compostos fenólicos totais, podendo, em princípio, ter maior potencial alelopático.

De forma similar ao que foi verificado para os compostos fenóli-cos, também houve a separação dos extratos das Poáceas para o conteúdo de flavonoides quando comparado com o nabo-forrageiro. Entretanto, houve a separação dos extratos de nabo + aveia dos demais extratos de nabo (Figura 5). Isso ocorreu porque o conteúdo de flavonoides foi maior em todas as épocas de avaliação neste tratamento (Tabela 9), com exceção aos 15 DAA, o que acabou contribuindo para essa separação. Figura 5. Relação entre o componente principal 1 (PC1) e o componente principal 2 (PC2) dos conteúdos médios de flavonoides de extratos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento em sistema de plantio direto agroecológico.

AveiaAveiaAveia

AveiaAveiaAveia

AveiaAveiaAveiaN+A

N+AN+A

N+A

N+AN+A

N+A

N+AN+A

CenteioCenteio

Centeio

CenteioCenteio

CenteioCenteio

CenteioCenteioC+NC+N

C+N

C+NC+N

C+N

C+NC+NC+N

NaboNaboNabo

Nabo

Nabo

Nabo

Nabo

NaboNabo

N+CN+CN+C

N+CN+CN+C

N+CN+CN+C

A+NA+N

A+N

A+NA+NA+N

A+NA+NA+N

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5

PC1: 71,11%

-3,5

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

PC

2:

14

,23

%

100 dias

80 dias60 dias

15 dias

30 dias

A relação entre o eixo componente principal 1 (PC1) e o eixo

componente principal 2 (PC2) revelou a separação entre as espécies em

Page 103: Tese Monique Souza - UFSC

103 estudo (Figura 5). O PC1, que explicou 71,11% e o PC2 14,23% dos dados, separou os extratos de nabo-forrageiro solteiro e consorciado dos extratos de centeio e centeio + nabo, dos extratos de aveia e aveia + nabo. A análise de agrupamento também discriminou esses extratos em quatro grupos (Figura 6). Figura 6. Dendograma do conteúdo médio de flavonoides das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro, obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana.

Na

bo

Na

bo

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bo

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teio

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N+

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Ave

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Ave

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A+

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Ave

iaA

veia

Ave

iaA

veia

Ave

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veia

Espécies

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

Dis

tân

cia

Eu

clid

ian

a

Como havia um grande conjunto de dados, com diferentes espé-

cies e épocas de avaliação, a análise de PCA, conjuntamente com a aná-lise de variância, auxiliou na interpretação dos resultados. Por meio da análise de PCA ficou evidente que não existiam diferenças entre o sis-tema de cultivo, ou seja, quando estavam cultivadas solteiras ou consor-ciadas quanto ao conteúdo de fenólicos e flavonoides totais, mas há diferenças entre as espécies, corroborando a análise de variância (Tabela 9).

A Figura 7, que mostra os resultados de loading da análise de PCA do conteúdo médio de fenólicos e flavonoides de todas as espécies, indicou que as amostras de nabo-forrageiro foram discriminadas em PC1(-), já o centeio e a aveia-preta em PC1(+).

Page 104: Tese Monique Souza - UFSC

104 Figura 7. Loading do conteúdo médio de fenólicos (A) e flavonoides (B) dos extratos metanólicos das espécies de plantas de cobertura aos 60, 80, e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas.

Page 105: Tese Monique Souza - UFSC

105

Explicando em média 72% dos dados obtidos, a análise conjun-ta dos gráficos de distribuição fatorial e de loading separa a espécie nabo-forrageiro, em cultivo solteiro e consorciado, das demais espécies, com a formação de grupos situados à esquerda do gráfico (Figuras 3 e 5) e na parte inferior do gráfico (Figura 7), isso porque o nabo-forrageiro está correlacionado com os maiores conteúdos de fenólicos e flavonoi-des.

6.3.2. Composição fenólica por cromatografia líquida de

alta eficiência (CLAE) Os extratos das espécies em estudo também foram analisados via

CLAE visando um aprofundamento analítico, que permitisse detectar possíveis diferenças nas composições dessas espécies em estudo, nos diferentes estádios fenológicos. Com a técnica utilizada foi possível identificar alguns dos principais compostos fenólicos, principalmente aqueles com potencial alelopático descritos previamente na literatura.

Os perfis cromatográficos dos extratos de plantas de cobertura aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro, coletadas nas diferentes épocas de cultivo no ano de 2014, estão mostrados nas Figuras 8, 9, 10, 11, 12 e 13.

Para a aveia-preta e para o centeio, foram identificados seis e oito compostos fenólicos, respectivamente. (Tabelas 10, 11 e 12). Para o nabo-forrageiro solteiro foram identificados dez compostos e quando consorciado com o centeio e a aveia-preta, 11 compostos (Tabelas 13 e 14). É importante destacar que estas espécies e gêneros, apesar de serem estudadas quanto ao seu perfil químico (ZHANG et al., 2012; PAPETTI et al., 2014; TANWIR et al., 2017), possuem muitos compostos que ainda não foram identificados. Mesmo com elevada complexidade química das matrizes das espécies em estudo, os compostos com potencial alelopático descritos na literatura foram identificados via CLAE.

Para a especie aveia-preta, a análise via CLAE permitiu a identificação e a detecção dos ácidos trans-cinâmico, gálico, p-hidroxibenzóico e sinápico, BOA e MBOA (Figura 8). Aos 100 DAS, esses compostos representaram 52 e 47% da área total do cromatograma nos extratos de aveia-preta solteira e consorciada, respectivamente (Tabela 10).

Page 106: Tese Monique Souza - UFSC

106 Figura 8. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea da aveia-preta solteira (A) e consorciada com nabo (B) aos 100 dias após semeadura e, aveia-preta + nabo aos 15 dias (C) e aveia-preta solteira aos 30 dias após o acamamento (D).

Page 107: Tese Monique Souza - UFSC

107 Tabela 10. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea da espécie aveia-preta e aveia-preta consorciada com nabo-forrageiro (A+N) coletados a campo aos 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Composto químico

Tempo de

retenção (min)

Aveia-preta 100 dias

Aveia-preta

15 dias

Aveia-preta

30 dias

A+N 100 dias

A+N 15

dias

A+N 30

dias

Ácido trans-cinâmico

2,90 1,34* 9,57 27,51 6,97 11,27 25,50

Ácido gálico 6,06 2,71 n.d n.d 1,33 n.d n.d Ácido p-hidroxibenzóico

15,17 1,80 n.d n.d 1,74 n.d n.d

BOA 19,77 18,56 n.d n.d 29,13 n.d n.d Ácido sinápico 21,51 26,30 n.d n.d 1,96 3,73 n.d MBOA 22,48 1,47 n.d n.d 7,43 n.d n.d

n.d=não detectado; *média de triplicatas. Foram identificados os mesmos compostos fenólicos nos extratos

de aveia-preta solteira e de aveia-preta consorciada com o nabo-forrageiro aos 100 DAS e os compostos mais abundantes foram o ácido sinápico e BOA (Tabela 10). Tais compostos têm sido estudados como aleloquímicos e são comumente encontrados em plantas da família Poa-ceae e do gênero Avena (NIEMEYER, 1988; SICKER E SCHULZ, 2002; HANHINEVA et al., 2014).

Os compostos BOA e MBOA, que reconhecidamente possuem efeito alelopático (FINNEY et al., 2005; TANWIR et al., 2017), apre-sentaram maiores concentrações quando a aveia-preta estava consorcia-da com o nabo, aumentando em 10 e 6% a sua área relativa, respectiva-mente. Já aos 15 e 30 DAA, o único composto detectado foi o ácido trans-cinâmico, com exceção dos extratos de aveia + nabo aos 15 DAA, que também continha o ácido sinápico após o acamamento (Tabela 10). A área relativa do ácido trans-cinâmico nos extratos de aveia-preta au-mentou em torno de 7% aos 15 DAA e 21% aos 30 DAA em relação ao extrato de aveia aos 100 DAS. De maneira geral, o cultivo consorciado da aveia-preta com o nabo-forrageiro apresentou maiores áreas relativas para os compostos com potencial alelopático, inclusive 15 DAA.

Para o centeio solteiro e consorciado com o nabo-forrageiro, a análise via CLAE permitiu a identificação dos ácidos trans-cinâmico, gálico, p-hidroxibenzóico, siríngico, p-cumárico, sinápico, BOA e MBOA (Figuras 9 e 10).

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108 Figura 9. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do centeio solteiro coletada a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a se-meadura e aos 15 (D) e 30 (E) dias após o acamamento.

Page 109: Tese Monique Souza - UFSC

109 Figura 10. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do centeio consorciado com nabo-forrageiro coletada a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) e 30 (E) dias após o acama-mento.

Page 110: Tese Monique Souza - UFSC

110

Nos extratos de centeio solteiro e consorciado, todos os oito compostos fenólicos identificados foram detectados aos 60, 80 e 100 DAS, ou seja, enquanto as plantas não haviam sido acamadas. Esses compostos representaram, em média, 63% da área total do cromatograma nos extratos de centeio solteiro e consorciado aos 60 DAS, 40% aos 80 DAS e 27% aos 100 DAS (Tabelas 11 e 12).

Tabela 11. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do centeio coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Composto químico

Tempo de

retenção (min)

Centeio 60 dias

Centeio 80 dias

Centeio 100 dias

Centeio 15 dias

Centeio 30 dias

Ácido trans-cinâmico

2,91 2,01* 4,44 5,38 23,21 17,31

Ácido gálico 6,12 6,87 2,25 1,13 n.d n.d Ácido p-hidroxibenzóico

15,72 0,37 5,36 3,51 n.d n.d

Ácido siríngico 17,40 15,66 7,05 2,96 n.d n.d BOA 19,63 10,32 7,09 3,76 n.d n.d Ácido p-cumárico

20,65 3,11 3,14 2,22 n.d n.d

Ácido sinápico 21,70 21,75 8,35 6,59 n.d n.d MBOA 22,56 2,93 2,95 1,35 n.d n.d

n.d=não detectado; *média de triplicatas. Após o acamamento, somente o ácido trans-cinâmico foi

detectado nos extratos. Sua área relativa, assim como na espécie aveia-preta, aumentou aos 15 e 30 DAA quando comparada com as demais épocas de avaliação (Tabelas 11 e 12). O ácido cinâmico é produzido na via do ácido chiquímico pela enzima fenilalanina amônio liase (PAL). Esse composto é precursor das ligninas, que são polímeros de fenilpropanos altamente ramificados (PERES, 2004). No Estudo 1 foi realizada a caraterização química e bioquímica das plantas de cobertura utilizadas nesse estudo (Tabela 1) e observaram-se maiores teores de lignina na aveia-preta e no centeio quando comparados com o nabo-forrageiro, tanto aos 100 DAS como aos 15 DAA das plantas, corroborando com os dados aqui apresentados. Isso também foi observado por Martins et al. (2014) e Oliveira et al. (2016), ao caracterizarem as mesmas espécies da mesma área experimental. Os

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111 maiores teores de ácido cinâmico na aveia-preta e no centeio, no presente estudo, estão correlacionados com os maiores teores de lignina, consequentemente houve maior produção do ácido cinâmico por estas espécies e, quanto mais lignificado estava o material, maiores foram as áreas relativas nos cromatogramas desse composto.

Esse comportamento também foi observado por Xuan et al. (2004) ao avaliarem a fitotoxicidade de nim (Azadirachta indica. A. Juss) sobre plantas espontâneas, que detectaram maiores concentrações de ácido trans-cinâmico na casca da árvore (3,49 mg g-1), parte mais lignificada da planta, quando comparado com as folhas (0,65 mg g-1). Tabela 12. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas dos compostos identificados nos extratos da parte aérea da espécie centeio consorciada com nabo-forrageiro, coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Composto químico

Tempo de

retenção (min)

Centeio + nabo 60 dias

Centeio + nabo 80 dias

Centeio + nabo

100 dias

Centeio + nabo 15 dias

Centeio + nabo 30 dias

Ácido trans-cinâmico

2,85 2,75* 2,24 5,94 15,11 17,42

Ácido gálico 6,20 7,17 3,73 n.d n.d n.d Ácido p-hidroxibenzóico

15,52 0,54 1,06 1,06 n.d n.d

Ácido siríngico 17,70 11,25 7,86 5,05 n.d n.d BOA 19,62 10,71 10,73 2,99 n.d n.d Ácido p-cumárico

20,65 3,68 3,19 2,88 n.d n.d

Ácido sinápico 21,70 25,65 18,00 6,34 n.d n.d MBOA 22,53 3,17 2,21 2,34 n.d n.d

n.d=não detectado; *média de triplicatas. Em relação aos demais compostos encontrados nos extratos de

centeio solteiro e consorciado, as maiores áreas relativas foram dos ácidos siríngico, sinápico e BOA. Para esses compostos foi possível verificar uma redução dos seus teores à medida que as plantas se desenvolviam, ou seja, as maiores áreas foram encontradas aos 60 DAS (Tabelas 11 e 12), quando as plantas estavam no estádio de alongamento (Tabela 2). De maneira similar, ao avaliarem os teores do metabólito cumarina em plantas de guaco (Mikania glomerata Spreng.), Castro et al. (2006) observaram maiores teores do composto em folhas jovens

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112 (5,20 mg g-1 de MS), seguido das flores (1,04 mg g-1 de MS), caules (1,05 mg g-1 de MS) e raízes (0,11 mg g-1 de MS). Os maiores valores, portanto, foram encontrados em partes superiores da planta, o que indica a relação com o crescimento e processo de desenvolvimento das plantas. Já Tanwir et al. (2017), ao estudarem a biossíntese e a transformação química de BOA em centeio, observaram que, durante a germinação, a semente apresentou maiores níveis de expressão do gene ligado ao composto e maiores teores (8,5 µmol g-1 MS), enquanto que no desenvolvimento inicial de plântulas houve uma diminuição (4,5 µmol g-1 MS).

Nos extratos de centeio solteiro e consorciado aos 60 DAS, as áreas de ácidos siríngico, sinápico e BOA representaram em média 47% da área total do comatograma. Já aos 80 e 100 DAS essas áreas reduziram, respectivamente, para 23 e 13% suas áreas relativas quando cultivado solteiro, e 37 e 14% quando consorciado com o nabo (Tabelas 11 e 12). Os resultados encontrados no presente estudo são relevantes, uma vez que os efeitos fitotóxicos de DIMBOA, DIBOA e seus principais produtos de degradação (BOA e, MBOA) estão descritos na literatura. Macias et al. (2005) observaram que estes compostos foram fitotóxicos para as raízes de diferentes espécies alvo, como Triticum aestivum L. Lepidium sativum L., Lactuca sativa L. e Lycopersicon esculentum, mas a cebola foi a espécie mais afetada, com 70 a 90% de inibição no comprimento de raiz.

Os ácidos siríngico e sinápico também são compostos que atuam na defesa das plantas. São derivados do ácido cinâmico, produzidos pela via do ácido chiquímico, produtos da ação da enzima PAL (TAIZ e ZEIGER, 2009). No presente estudo, o ácido cinâmico foi identificado nos extratos de centeio, podendo, portanto, ser utilizado como precursor dos ácidos siríngico e sinápico (Tabelas 11 e 12). O ácido sinápico é um dos ácidos mais abundantes no centeio e pequenas quantidades de áci-dos vanílico, cafeico e p-hidroxibenzóico são encontrados em grãos e outras partes do centeio (WEIDNER et al., 2000; MATTILA et al., 2005; HEINIO et al., 2008; BONDIA-PONS et al., 2009), corroborando com os dados obtidos nesse estudo. Entretanto, esses mesmos autores identificaram altos teores de ácido ferúlico em amostras de grãos de centeio via CLAE, variando de 22 a 200 mg/100g. De fato, o ácido ferú-lico é comumente encontrado nos grãos de centeio (ANDREASEN et al., 2000; HEINIO et al., 2008). Já nesse estudo, este ácido fenólico não foi detectado, pois foi utilizada a parte aérea das plantas de centeio, e estas não apresentavam grãos.

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A análise do perfil fenólico do centeio consorciado com o nabo-forrageiro foi similiar ao cultivo do centeio solteiro. Portanto, não houve diferença em relação à parte química para essa espécie quanto ao sistema de cultivo (Tabelas 11 e 12).

Para o nabo-forrageiro solteiro foram identificados e detectados os ácidos trans-cinâmico, p-hidroxibenzóico, vanílico, siríngico, p-cumárico, ferúlico, sinápico, BOA e MBOA, além do flavonoide quercetina (Tabela 13). Tabela 13. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 dias após o acamamento.

Composto químico

Tempo de retenção

(min)

Nabo 60 dias

Nabo 80 dias

Nabo 100 dias

Nabo 15 dias

Ácido trans-cinâmico

2,89 1,34* 4,50 1,22 7,27

Ácido p-hidroxibenzóico

15,31 0,24 n.d 0,34 n.d

Ácido vanílico 16,84 0,16 n.d 1,13 n.d Ácido siríngico 17,69 0,40 0,11 1,04 2,15 BOA 19,23 3,74 4,43 3,95 n.d Ácido p-cumárico 20,82 4,30 0,57 0,29 2,64 Ácido ferúlico 21,01 1,10 2,37 2,94 1,93 Ácido sinápico 21,39 3,20 3,07 4,80 4,05 MBOA 22,60 13,70 15,53 9,05 6,07 Quercetina 27,76 0,15 n.d 0,49 0,97

n.d=não detectado; *média de triplicatas.

Foi identificado 28% da área total do cromatograma nos extratos

de nabo-forrageiro aos 60 DAS, 31% aos 80 DAS, 25% aos 100 DAS e 15 DAA, o restante não foi identificado, evidenciando a complexidade química dessa espécie (Figura 11).

Além dos compostos químicos identificados nos extratos de cen-teio e de aveia-preta, com exceção do ácido gálico, também foram de-tectados os ácidos vanílico, ferúlico e a quercetina nos extratos de nabo-forrageiro (Tabela 13).

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114 Figura 11. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro coletado a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o acamamento.

Entretanto, mesmo apresentando maior número de compostos, a área relativa dos compostos identificados no nabo-forrageiro foi menor aos 60 e 80 DAS, diferentemente do que ocorreu com os extratos de centeio solteiro e consorciado, nas mesmas épocas de avaliação. As

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115 somas das áreas relativas dos compostos identificados no centeio nessas datas foram de 64% e 50%, enquanto que no nabo-forrageiro foi 28% e 31%, respectivamente (Tabelas 11, 12 e 13). O composto químico detec-tado com maior área relativa nos cromatogramas de nabo-forrageiro, em todas as épocas de avaliação, foi o MBOA (Tabela 13). Os ácidos sirín-gico, sinápico, trans-cinâimico e quercetina, aumentaram suas áreas relativas com o passar do tempo, mesmo após o acamamento das plantas (15 DAA), o que não aconteceu com as espécies centeio e aveia-preta (Tabelas 10, 11, 12). Ao caracterizarem os compostos dos extratos de Raphanus sativus L. via CLAE, Papetti et al. (2014) detectaram a pre-sença de 14 derivados de ácidos fenólicos, como o ácido vanílico, e 12 flavonoides, entre eles a quercetina. Segundo Jahangir et al. (2009), as Brassicáceas são conhecidas por apresentarem os ácidos ferúlico, siná-pico, cafeico, p-cumárico e quercetina.

Em relação à análise via CLAE para os extratos dos consórcios de nabo-forrageiro com centeio e com a aveia-preta, foram identificados e detectados os ácidos trans-cinâmico, gálico, p-hidroxibenzóico, vanílico, siríngico, p-cumárico, ferúlico, sinápico, BOA e MBOA, além do flavonoide quercetina (Figuras 12 e 13). Os flavonoides são compos-tos envolvidos, principalmente, na sinalização entre plantas e outros organismos e na proteção contra o UV (PERES, 2004). A presença de quercetina nos extratos de nabo-forrageiro solteiro e consorciado já era esperada, pois o gênero Raphanus é conhecido pela produção de fla-vonoides (MOTTA et al., 2009; SANGTHONG et al., 2017).

De maneira geral, o cultivo do nabo-forrageiro consorciado com a aveia-preta e com o centeio apresentaram áreas relativas muito similares ao nabo-forrageiro quando cultivado solteiro. Entretanto, o ácido gálico, que não foi detectado nos extratos de nabo-forrageiro solteiro, apareceu nos consórcios, mas em baixa concentração. Por outro lado, o composto MBOA, que é produto da degradação do ácido hidroxâmico e possui potencial alelopático (COPAJA et al., 2006), novamente foi o composto majoritário nos extratos dos consórcios, antes e após o acamamento das plantas (Tabela 14). Os ácidos p-cumárico, ferúlico e sinápico continuaram presente nos extratos dos consórcios, mesmo após o acamamento das plantas (Tabela 14).

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116 Tabela 14. Áreas relativas (%), em relação à área total dos cromatogramas, dos compostos identificados nos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com centeio e aveia-preta coletados a campo aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura das plantas e aos 15 dias após o acamamento. Composto químico Tempo

de retenção

(min)

Nabo + centeio

60 dias

Nabo + centeio 80 dias

Nabo + centeio 100 dias

Nabo + centeio 15 dias

Ácido trans-cinâmico

2,94 5,39* 4,52 1,09 3,08

Ácido gálico 5,34 n.d 0,04 n.d n.d Ácido p-hidroxibenzóico

15,17 n.d 0,26 0,90 n.d

Ácido vanílico 16,86 0,36 0,75 0,75 n.d Ácido siríngico 17,79 n.d 2,31 1,76 n.d BOA 19,18 3,99 0,80 2,83 n.d Ácido p-cumárico 20,65 0,50 1,61 0,72 1,76 Ácido ferúlico 21,08 2,98 2,49 3,27 2,91 Ácido sinápico 21,49 4,34 3,53 6,12 6,43 MBOA 22,59 11,25 10,30 12,64 10,39 Quercetina 27,49 n.d 0,40 n.d n.d Tempo

de retenção

(min)

Nabo + aveia

60 dias

Nabo + aveia

80 dias

Nabo + aveia

100 dias

Nabo + aveia

15 dias

Ácido trans-cinâmico

2,93 4,75* 1,09 0,97 9,46

Ácido gálico 5,46 0,07 0,08 n.d n.d Ácido p-hidroxibenzóico

15,27 0,23 0,33 0,59 n.d

Ácido vanílico 16,80 0,99 1,02 0,94 n.d Ácido siríngico 17,80 0,09 0,94 0,94 n.d BOA 19,21 4,48 3,15 2,12 n.d Ácido p-cumárico 20,71 1,63 0,32 1,11 1,86 Ácido ferúlico 21,00 3,30 2,03 3,59 2,19 Ácido sinápico 21,39 5,14 4,06 5,83 3,10 MBOA 22,59 9,34 8,28 13,11 7,79 Quercetina 27,82 0,31 0,35 0,14 n.d

n.d=não detectado; *média de triplicatas.

Mesmo que tenha sido detectado o composto BOA nos extratos de nabo-forrageiro solteiro e consorciado, suas áreas relativas foram menores quando comparadas com aquelas do centeio e da aveia-preta,

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117 isso porque esse composto não é característico dessa espécie, mas nas Poáceas é majoritário. A espécie nabo-forrageiro é mais conhecida por produzir compostos nitrogenados, como os glucosinolatos (NORSWORTHY et al., 2007; EDIAGE et al., 2011; KIM et al., 2013; SILVA, 2014; MALDINI et al., 2017).

O composto BOA vem sendo estudado há muito tempo pelo seu potencial alelopático, inibindo a germinação de diversas plantas (SICKER e SCHULZ, 2002; FOMSGAARD et al., 2004; FINNEY et al., 2005; COPAJA et al., 2006; ALVES et al., 2007; TANWIR et al., 2017). Ao caracterizarem os aleloquímicos e avaliarem o potencial alelopático das plantas de centeio, Souza e Furtado (2002) observaram efeitos fitotóxicos sobre outras plantas quando utilizaram diferentes densidades de plantio do centeio. Resultados semelhantes foram observados quando as plantas receberam pulverizações do composto BOA e do herbicida atrazine. Segundo os autores, embora tenham obtido resultados estatisticamente inferiores ao atrazine, o produto BOA e o centeio mostraram sintomas visuais semelhantes ao herbicida atrazine, ou seja, amarelecimento entre nervuras das folhas, progredindo para clorose e necrose foliar.

Em geral, nos cromatogramas de nabo-forrageiro consorciado com centeio e aveia-preta, os 11 compostos químicos detectados aos 60 DAS também foram encontrados aos 80 e 100 DAS e, em grande parte deles, suas áreas relativas aumentaram à medida que a espécie se desen-volvia, com exceção do ácido gálico e da quercetina (Tabela 14).

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118 Figura 12. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com centeio coletadas a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o acama-mento.

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119 Figura 13. Perfis cromatográficos dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro consorciado com a aveia-preta coletadas a campo aos 60 (A), 80 (B) e 100 (C) dias após a semeadura e aos 15 (D) dias após o aca-mamento.

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Mesmo apresentando similaridade no perfil fenólico entre as es-pécies aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro solteiras e consorciadas, analisadas no presente estudo, diferenças quantitativas foram encontra-das (Tabela 15).

Tabela 15. Conteúdo médio de compostos fenólicos identificados e detectados via cromatografia líquida de alta eficiência na parte aérea de espécies de plantas de cobertura em sistema de plantio direto de agroe-cológico aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento das plantas. Tratamentos Fenólicos (mg g-1 MS)

60 dias 80 dias 100 dias 15 dias 30 dias CV(%)

Aveia-preta - - 2,97 cdA 0,09 cB 0,17 aB 19,3 Aveia + Nabo - - 4,85 cA 0,17 cB 0,15 aB 19,6 Centeio 9,34 bA 3,21 dB 1,62 dC 0,21 cD 0,13 abD 10,1 Centeio + Nabo 8,83 bA 4,24 dB 1,43 dC 0,11 cC 0,09 bC 17,9 Nabo-forrageiro 16,68 aB 21,30 aA 14,48 bB 3,38 bC - 7,2 Nabo + Centeio 10,00 bB 10,08 cB 16,84 bA 5,69 aC - 8,7 Nabo + Aveia 15,14 aB 14,39 bB 21,79 aA 5,95 aC - 8,1

CV(%) 8,5 8,4 9,4 15,5 13,0 (1) Médias seguidas pela mesma letra minúscula (entre tratamento) e pela mesma letra maiúscula (entre épocas) não diferem entre si pelo teste de Tukey (α= 0,05).

Os maiores conteúdos de compostos fenólicos identificados via

CLAE foram observados nos extratos da espécie nabo-forrageiro soltei-ro e consorciado aos 60, 80 e 100 DAS e após o acamamento das espé-cies (15 DAA), e os menores conteúdos no centeio (Tabela 15). Aos 60 e 80 DAS os maiores conteúdos foram encontrados nos extratos de na-bo-forrageiro solteiro, enquanto aos 100 DAS e aos 15 DAA os maiores teores foram observados no tratamento consorciado nabo-forrageiro + aveia (Tabela 15).

Em relação às épocas de avaliação, o nabo-forrageiro solteiro e consorciado apresentou os maiores conteúdos aos 80 e 100 DAS, quan-do estava no estádio de enchimento de grãos e o centeio aos 60 DAS, no estádio de alongamento das folhas (Tabelas 2 e 15). Resultados seme-lhantes foram observados e discutidos no estudo preliminar de quantifi-cação total de compostos fenólicos via UV-vis, apresentado na Tabela 9, no item 6.3.1.

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6.4. CONCLUSÃO

Os maiores conteúdos de fenólicos e flavonoides foram encontra-dos nos extratos de nabo-forrageiro em cultivo solteiro e consorciado, antes e após o acamamento, e essa espécie teve maiores conteúdos quando as plantas já haviam florescido e encontravam-se em estádio de enchimento de grãos. Isso ocorreu para o centeio no estádio de alonga-mento e para a aveia-preta no estádio de florescimento.

Recomenda-se o consórcio do nabo-forrageiro com o centeio ou com a aveia-preta, pois as três espécies apresentaram compostos quími-cos com potencial alelopático. Na aveia-preta foram encontrados os ácidos trans-cinâmico, sinápico e BOA, no centeio os ácidos siríngico, sinápico e BOA e no nabo-forrageiro o ácido sinápico e MBOA, suge-rindo, em princípio, serem alternativas para o controle de plantas espon-tâneas.

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123 7. ESTUDO 3 – Predição dos teores de compostos fenólicos e fla-

vonoides na parte aérea das espécies Secale cereale L., Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. por meio de espectroscopia no infravermelho próximo (NIR).

RESUMO A espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) associada à análise quimiométrica é uma técnica rápida que vem sendo utilizada como mé-todo não destrutivo das amostras para a predição do conteúdo de com-postos fenólicos. O objetivo do trabalho foi aplicar a espectroscopia NIR para a predição do conteúdo de compostos fenólicos e flavonoides totais em amostras da parte aérea das plantas de cobertura centeio (Secale cereale L.), nabo-forrageiro (Raphanus sativus L.) e aveia-preta (Avena strigosa L.). Foram coletadas amostras da parte aérea do nabo-forrageiro e do centeio aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) das plantas de cobertura e, após o seu acamamento (DAA), aos 15 e 30 dias, em experimento implantado a campo, no município de Ituporanga, Santa Catarina. A aveia-preta foi coletada somente aos 100 DAS e aos 15 e 30 DAA. As amostras foram identificadas e transportadas em gelo seco para o laboratório. Posteriormente foram liofilizadas, trituradas em moi-nho, peneiradas e conservadas a -20ºC para a análise de compostos fenó-licos e flavonoides via UV-vis. Para a construção das curvas de calibra-ção via NIR foram utilizadas 84 amostras da parte aérea das espécies. Para a validação do método foram utilizadas 10 amostras da parte aérea das plantas de cobertura solteiras e consorciadas da mesma área experi-mental. A combinação da espectroscopia NIR e análise multivariada por regressão por mínimos quadrados parciais permitiu o desenvolvimento de modelos de previsão de fenólicos e flavonoides com erros associados em média de 10%. Recomenda-se a espectroscopia NIR para o desen-volvimento dos modelos de calibração, pois esta técnica consegue inferir de forma não destrutiva os teores de fenólicos e flavonoides totais, com alta frequência analítica, sem a necessidade do uso de reagentes de alto custo e outros insumos requeridos pelo método de referência, com resul-tados muito próximos aos obtidos em laboratório. Palavras-chave: quimiometria, reflectância difusa, análise multivariada, plantas de cobertura.

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7.1. INTRODUÇÃO

A quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais pode ser realizada via cromatografia ou espectrofotometria UV-vis pelo mé-todo de Folin-Ciocalteau (SILVA et al., 2010), porém ambas são análi-ses demoradas, destrutivas e geram resíduos químicos (LIU et al., 2010; MAZUR et al., 2014). Métodos que empregam técnicas que proporcio-nam rápida quantificação de compostos, como por exemplo o infraver-melho próximo (NIR), têm sido utilizados em diversas aplicações em análises químicas (NEVES et al., 2012; FRIZON et al., 2015).

Por meio da espectroscopia no infravermelho próximo, juntamen-te com métodos quimiométricos, é possível separar os compostos fenó-licos, pois obtêm-se informações qualitativas e quantitativas dos consti-tuintes químicos do material (PASQUINI, 2003). Além disso, é uma alternativa rápida, precisa, não destrutiva da amostra, de baixo custo e que dispensa o uso de reagentes (FRIZON et al., 2015; SÁNCHEZ et al., 2017). O setor agrícola foi o primeiro a fazer uso intensivo da espectroscopia NIR e, atualmente, esta tem sido aplicada à agricultura de precisão, análise de solos e indústrias químicas (PASQUINI, 2003).

De acordo com uma pesquisa recente da literatura, até o momento nenhuma pesquisa foi relatada usando NIR para a determinação de com-postos fenólicos com o foco em espécies de plantas de cobertura, utili-zadas no manejo e adubação de solos. Existem diversos estudos que utilizaram essa técnica para discriminação de plantas, mas todos volta-dos para a indústria alimentícia (ROHMAN et al., 2011; KIM et al., 2013; MARASCHIN et al., 2015; FERREIRA et al., 2015; JANDRIC et al., 2017). Trabalhos realizados na área de solos utilizando NIR têm contemplado, por exemplo, as determinações de nitrogênio total e maté-ria orgânica em plantas, fósforo e carbono do solo (LIMA et al., 2008; FELIX et al., 2016; LUCA et al., 2017)

Por meio desta ferramenta, a partir do sinal medido e de combi-nações de métodos estatísticos com dados químicos obtidos em labora-tório, é possível construir um modelo de calibração e validação (NETO et al., 2006). Com o desenvolvimento de uma equação de calibração, torna-se possível a construção de uma relação entre os espectros e a propriedade analisada, ou seja, esta equação pode ser usada na predição da composição de amostras desconhecidas, mas pertencentes à popula-ção que originou a calibração, com adequado grau de confiabilidade (PIRES e PRATES, 1998; LUCA et al., 2017).

Além de construir os modelos de calibração para posterior quanti-ficação do conteúdo de compostos fenólicos, com os espectros obtidos

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125 via NIR e com a análise quimiométrica, é possível inferir se há diferen-ças entre amostras e em quais regiões espectrais elas diferenciam-se quimicamente.

Neste contexto, a obtenção de espectros e a construção de curvas de calibração para a predição dos teores de compostos fenólicos com diferentes espécies de plantas de cobertura podem ser uma alternativa para redução de custos e tempo de análise em laboratório. O uso do NIR, conjuntamente com métodos quimiométricos, permite classificar as amostras em relação à época de plantio e práticas agronômicas, pois os compostos fenólicos estão ligados à defesa das plantas (TAIZ e ZEI-GER, 2009). Em sistemas de cultivo, estas informações são relevantes para a identificação de qual época a planta produz mais compostos, já que algumas espécies produzem compostos fenólicos com efeito alelo-pático (FINNEY et al., 2005; LABBAFY et al., 2009; EDIAGE et al., 2011).

O objetivo deste trabalho foi aplicar a técnica da espectroscopia no infravermelho próximo para a predição do conteúdo de compostos fenólicos e flavonoides totais em amostras de parte aérea de plantas de cobertura Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura a campo e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

7.2. MATERIAL E MÉTODOS

7.2.1. Amostras

Em 2014 foram realizadas coletas da parte aérea das espécies

centeio, nabo-forrageiro e aveia-preta, em experimento implantado a campo, conforme descrito no item 5.2.1, na Estação Experimental da EPAGRI, no município de Ituporanga, região do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina (Latitude 27º 24' 52", Longitude 49º 36' 9"e altitude de 475 m).

O centeio e o nabo-forrageiro solteiros e consorciados foram co-letados aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) das plantas de cobertura de inverno e, após o seu acamamento (DAA), aos 15 e 30 dias, o que corresponde aos dias após o plantio das mudas de cebola. A espé-cie aveia-preta foi coletada somente aos 100 DAS e aos 15 e 30 DAA. Foram coletadas 3 subamostras aleatoriamente de cada parcela para compor uma única amostra composta. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 3 repetições e sete tratamentos (centeio; centeio

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126 + nabo-forrageiro; nabo-forrageiro; nabo + centeio; nabo + aveia-preta; aveia-preta e aveia + nabo).

As amostras foram identificadas e acondicionadas em tubos do tipo falcon (50 mL), colocadas em uma caixa de isopor e transportadas em gelo seco para o laboratório. As amostras foram liofilizadas (modelo L101, Liotop, São Paulo, Brasil) até total remoção da umidade a -54ºC e, em seguida, trituradas em moinho, peneiradas (0,42 mm) e, posteri-ormente, acondicionadas novamente em tubos falcons (50 mL) e con-servadas a -20ºC para posterior análise. Nos consórcios, as espécies foram analisadas separadamente.

7.2.2. Espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) e

curvas de calibração Para a construção da curva de calibração foram analisadas por

NIR 84 amostras da parte aérea das espécies nabo-forrageiro, centeio e aveia-preta. Os espectros de reflectância difusa na região do infraverme-lho foram obtidos em um espectrômetro modelo FT-NIR MPA Bruker (Alemanha), em triplicata na região espectral de 3600 a 12500 cm-1. Foram realizadas 64 varreduras para cada amostra sólida, com resolução de 16 cm-1.

7.2.3. Método de referência

O método de referência utilizado para a determinação do conteú-

do de compostos fenólicos foi o de Folin-Ciocalteau (SINGLETON e ROSSI, 1965) e, para flavonoides, a metodologia descrita por Popova et al. (2004).

Para extração dos compostos de interesse, à 0,1 g de amostra foi adicionada a solução de metanol 80% (v/v), seguido de agitação por 2 h, filtração sob vácuo e centrifugação a 4.000 rpm por 10 minutos, cole-tando-se o sobrenadante. Para determinação do conteúdo de fenólicos totais utilizou-se uma curva padrão externa de ácido gálico (Sigma-Aldrich), tendo sido os valores expressos em mg de equivalentes de ácido gálico por grama de massa seca (mg EAG g-1 MS). Do mesmo sobrenadante, foi determinado o conteúdo de flavonoides totais utilizan-do-se uma curva padrão externa de quercetina (Sigma-Aldrich) e ex-pressos em mg de equivalentes de quercetina por grama massa seca (mg EQ g-1 MS). As análises foram realizadas em triplicatas e as leituras foram realizadas a 425 nm para flavonoides e 765 nm pra fenólicos em espectrofotômetro Uv-vis, modelo UV-5300PC, Power Supply (China).

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127

7.2.4. Validação do método

Para a validação do método, em 2015 foram coletadas 10 amos-

tras aleatórias da parte aérea das plantas de cobertura solteiras e consor-ciadas na mesma área experimental. As amostras foram acondicionadas em tubos do tipo falcon (50 mL), colocadas em uma caixa de isopor e transportadas em gelo seco para o laboratório, liofilizadas (modelo L101, Liotop, São Paulo, Brasil) até total remoção da umidade a -54ºC e, em seguida, trituradas em moinho, peneiradas (0,42 mm) e acondicio-nadas novamente em tubos falcon (50 mL) e conservadas a -20ºC para posterior análise no NIR. Os espectros foram obtidos em triplicata na região espectral de 3600 a 12500 cm-1, com 64 varreduras para cada amostra sólida e resolução de 16 cm-1.

7.2.5. Análise dos dados e estatística

Para a importação, pré-tratamento dos dados e para a construção

dos modelos quimiométricos (curvas de calibração e validação) foi utili-zado o software Opus Lab Bruker© (v. 7.5). As calibrações foram reali-zadas a partir dos espectros originais, e utilizado o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) no qual foi estabelecida uma relação matemática quantitativa entre os dados obtidos pelo método de referência e os dados obtidos pelo NIR.

Para avaliar a precisão da curva, foi calculado o coeficiente de correlação (r) e o erro padrão de calibração (RMSECV) entre os dados obtidos pelo de referência (UV-vis) e NIR.

As amostras classificadas como outliers no gráfico foram detec-tadas e excluídas dos modelos. Os espectros foram pré-processados empregando os métodos de normalização vetorial (SNV), 1ª derivada Savitzky-Golay e segunda derivada.

7.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.3.1. Curvas de calibração

Inicialmente foi avaliado o conjunto dos espectros originais na

região de 3600 a 12500 cm-1 do NIR da parte aérea das espécies aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura a campo e aos 15 e 30 dias após o acamamento (Figura 14).

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128

A análise dos espectros via NIR revelou perfis similares entre as amostras e maiores valores de absorbância na região em torno de 3600 a 8000 cm-1. Isso ocorre porque essas espécies apresentaram bandas tipi-camente largas, resultado da ocorrência de bandas de combinação e sobretons oriundos das ligações dos grupos C-H, N-H e O-H, o que faz com que seu espectro seja intenso nesta região do NIR (PASQUINI, 2003; SOUZA et al., 2013b) (Figura 14). Também é possível observar na Figura 14 a similaridade entre os espectros das diferentes espécies. Esta sobreposição pode indicar, inicialmente, uma semelhança na com-posição química das espécies, havendo a necessidade de se fazer um pré-processamento dos espectros e o emprego da análise multivariada para uma análise exploratória e discriminatória das amostras para detec-tar possíveis diferenças, conforme realizado no Estudo 4. Além disso, esta sobreposição espectral impede a calibração univariada, requerendo um método de calibração multivariada.

Figura 14. Conjunto dos espectros originais de reflectância difusa na região do NIR, sem transformações matemáticas, da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura a campo e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Os espectros também apresentaram ruídos instrumentais e desvi-os de linha de base, que provocaram o deslocamento do espectro na vertical e espalhamentos multiplicativos. Portanto, foi necessária a apli-cação de métodos de pré-processamento e suavizações para estes perfis espectrais. Variações sistemáticas nos espectros de reflectância podem mascarar o parâmetro de interesse e, assim, uma técnica de pré-

Número de onda (cm-1)

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129 processamento para os espectros deve ser empregada antes da constru-ção dos modelos quimiométricos (SOUSA, 2013).

Para a construção do modelo de fenólicos foi utilizado para o conjunto de espectros o alisamento ou suavização por 2a derivada (Figu-ra 15A), e 1ª derivada (Savitzky-Golay) e normalização vetorial (SNV) para flavonoides totais (Figura 15B). Figura 15. Conjunto dos espectros de NIR da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. e Avena strigosa L. após o pré-processamento (segunda derivada) para a curva de calibração de fenólicos totais (A) e (1ª derivada Savitzky-Golay e normalização vetorial (SNV)) (janela de 17 pontos) para a curva de flavonoides totais (B).

A remoção desses ruídos instrumentais aleatórios aumentou a ra-zão sinal/ruído, auxiliando na análise dos dados e na construção das curvas de calibração (NEVES et al., 2012). A partir dos dados obtidos

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130 via NIR e da aplicação de modelos matemáticos e estatísticos, foi possí-vel encontrar nos espectros as regiões em que, em princípio, se encon-tram os maiores teores de fenólicos e flavonoides. Os maiores picos de absorbância foram detectados nas regiões entre 3500 e 5500 cm-1 (Figu-ra 15A) e entre 7500 e 9000 cm-1 (Figura 15B).

Após a etapa de pré-processamento espectral da matriz dos dados, foram desenvolvidos, juntamente com os valores fornecidos pelo méto-do de referência, os modelos de calibração multivariada. Foi utilizado o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS), no qual foi estabelecido uma relação matemática quantitativa entre os dados obtidos pelo método de referência e os dados obtidos pelo NIR.

Para a construção dos modelos de regressão de fenólicos totais, foram utilizados os valores médios dos teores obtidos pelo método de Folin-Ciocalteau. Dos 252 espectros, correspondentes a 84 amostras das espécies de plantas de cobertura centeio, nabo-forrageiro e aveia-preta, foram utilizados 231 espectros na etapa de calibração (Tabela 16). Para flavonoides, foram utilizados os valores médios dos teores obtidos pela metodologia descrita por Popova et al. (2004) e, dos 252 espectros, fo-ram utilizados 234 espectros para a construção da calibração (Tabela 16).

Tabela 16. Parâmetros de ajuste e erro dos modelos escolhidos para o conjunto de calibração para quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais.

Modelo Conjunto de calibração Nº

amostras Nº

espectros Nº espectros calibração

Variáveis latentes

RMSECV (mg g-1)

r Outliers

Fenólicos 84 252 231 4 1,53 0,93 7 Flavonoides 84 252 234 2 1,06 0,83 6

O conjunto de calibração, para os parâmetros químicos fenólicos

e flavonoides totais aplicando o método PLS, foi otimizado por causa do número de variáveis latentes, do coeficiente de correlação (r) e do erro médio quadrático do conjunto de calibração (RMSECV). O melhor mo-delo PLS obtido para o parâmetro fenólicos totais foi obtido utilizando 4 variáveis latentes, o coeficiente de correlação de 0,93 e 1,53 de RMSECV (Tabela 16).

Ao determinarem o conteúdo de compostos fenólicos em 85 amostras de plantas de erva mate (Ilex paraguariensis) via NIR, Frizon et al. (2015) obtiveram, nos diferentes modelos propostos, coeficientes de correlação próximos ao obtido neste estudo, entre 0,80 a 0,90, e erros

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131 em torno de 20 a 22 mg g-1, dez vezes maior ao erro encontrado neste trabalho.

Em relação ao número de outliers, foram excluídas em média de 7 a 8% do total das amostras avaliadas (Tabela 16). A maioria dos traba-lhos que utilizaram o NIR para a construção de curvas excluíram em torno de 2 a 8% do total de amostras (VIANA, 2008; SANTOS et al., 2009; MAZUR et al, 2014). Foram eliminadas, portanto, as amostras que sofreram algum tipo de contaminação na obtenção dos espectros ou que se encontraram fora do intervalo previsto para os dados em questão (VIANA, 2008).

Na calibração, a relação entre as concentrações obtidas pelo mé-todo de referência versus as concentrações preditas de fenólicos está na faixa de calibração de 0,4 a 21,0 mg g-1 (Figura 16). Figura 16. Curva de calibração dos valores preditos pelo NIR versus os valores experimentais pelo método de referência de compostos fenólicos totais (mg g-1) aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS).

*verde: nabo-forrageiro; vermelho: centeio; preto: aveia-preta.

As amostras analisadas apresentaram concentrações mais fre-quentes na região inferior, em torno de 0,4 a 9,0 mg g-1, que são princi-palmente as espécies analisadas aos 15 e 30 dias após o acamamento e as Poáceas aveia-preta e centeio. Na região superior, de 15 a 21 mg g-1, encontra-se predominantemente a espécie nabo-forrageiro (Figura 16). As maiores concentrações encontradas no nabo-forrageiro podem ser atribuídas às características da espécie, que é conhecida por sua ativida-

Valores experimentais (mg g-1)

Va

lore

s p

red

itos

(mg

g-1)

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132 de alelopática e pela sua produção de compostos fenólicos (CARTEA et al., 2011; REHMAN et al., 2013).

Para o parâmetro flavonoides foram utilizadas 2 variáveis laten-tes, o coeficiente de correlação de 0,83 e 1,06 de RMSECV (Tabela 16). Trabalhos realizados por Sousa (2013) e Yong et al. (2012), ao determi-narem o conteúdo de flavonoides via espectroscopia NIR combinada ao método de calibração multivariada em algodão e em folhas de Ginkgo biloba, também utilizaram o método PLS para a análise exploratória e construção de modelos, e obtiveram, respectivamente, concentrações de 80,3 a 383,5 µg/10 mL e 2,73 a 36,68 mg g-1, e erros em torno de 2,30 mg g-1 e 32,7 mg/10 mL, com coeficientes de correlação de 0,82 e 0,90. Entretanto, observa-se que os erros foram mais altos quando compara-dos com os resultados obtidos neste estudo. Segundo Morgano et al. (2005), para minimizar os erros de previsão e obter um RMSECV baixo, ou seja, diminuir a diferença entre os dados obtidos pelo método de referência e no NIR, é preciso escolher a região do melhor conjunto de número de onda do perfil espectral.

As concentrações obtidas pelo método de referência versus as concentrações preditas para flavonoides foram encontradas na faixa de calibração de 0,1 a 9,5 mg g-1. Na calibração, as amostras analisadas apresentaram concentrações mais frequentes no limite inferior, em torno de 0,1 a 3,5 mg g-1 e, no limite superior, de 6,0 a 9,5 mg g-1, encontra-se predominantemente a espécie nabo-forrageiro (Figura 17).

Figura 17. Curva de calibração dos valores preditos pelo NIR versus os valores experimentais pelo método de referência de flavonoides totais (mg g-1) aplicando o modelo de PLS.

*verde: nabo-forrageiro; vermelho: centeio; preto: aveia-preta.

Valores experimentais (mg g-1)

Va

lore

s p

red

itos

(mg

g-1)

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133

Tanto para fenólicos como para flavonoides, os valores medidos e preditos das amostras com maior concentração do composto são oriun-dos da espécie nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após o cultivo. Sousa (2013), ao utilizar a espectroscopia NIR para construção de cur-vas de calibração de flavonoides em amostras de algodão, observou que as amostras também se agrupavam em determinadas faixas de concen-tração da curva, neste caso, de acordo com a pigmentação.

Os resultados das amostras obtidos pelo método de referência e NIR, para a construção do modelo de regressão PLS de calibração para fenólicos e flavonoides totais, estão na Tabela 25 e na Tabela 26 do Apêndice B.

7.3.2 Validação do modelo

Após a construção dos modelos de calibração para fenólicos e

flavonoides totais, foi utilizado um conjunto de amostras não incluídas na calibração, mas semelhante ao conjunto de calibração, para a escolha do melhor modelo para validação. Foram utilizados um conjunto de 10 e 9 amostras e analisadas em triplicata para a quantificação de fenólicos e flavonoides, respectivamente (Tabela 17).

Tabela 17. Parâmetros de ajuste e erro dos modelos escolhidos para o conjunto de validação externa para quantificação de compostos fenólicos e flavonoides totais.

Modelo Curva de validação externa Nº amos-

tras Nº espec-

tros Nº espectros

validação RMSEP (mg g-1)

r

Fenólicos 10 30 30 1,44 0,96 Flavonoides 9 27 27 0,77 0,95

Para fenólicos totais, o erro médio quadrático do conjunto de va-

lidação (RMSEP) foi de 1,44 e o coeficiente de correlação de 0,95 (Tabela 17). Para flavonoides, o RMSEP foi de 0,77 e o coeficiente de correlação de 0,94 (Tabela 17). Yong et al. (2012), ao analisarem os teores de flavonoides em folhas de Ginkgo biloba, obtiveram um RMSEP de 2,62 mg g-1, enquanto Frizon et al. (2015), ao determinarem os teores de compostos fenólicos totais em folhas de erva mate, obtive-ram o melhor modelo com um RMSEP de 12,12 mg g-1 e um coeficiente de 0,81.

Nas Tabelas 18 e 19 apresentam-se, para fins comparativos, os valores obtidos pelo método de referência, os valores obtidos pelo NIR,

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134 o resíduo e o erro percentual (%) para os teores de fenólicos e flavonoi-des totais das amostras do conjunto de validação externa, respectiva-mente. Tabela 18. Comparação dos resultados de compostos fenólicos totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtido pelo método de referência e NIR aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) de melhor ajuste obtido.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

----------------------mg g-1---------------------- % A+N 80d 8,9179 10,5310 -1,6131 18,1 A+N 80d 8,0012 10,5383 -2,5371 31,7 A+N 80d 8,4595 10,4524 -1,9929 23,6

Aveia 60 d 14,0714 15,4382 -1,3668 9,7 Aveia 60 d 15,619 15,4111 0,2079 1,3 Aveia 60 d 12,2857 15,5568 -3,2711 26,6 Aveia 80 d 8,6560 10,4429 -1,7869 20,6 Aveia 80 d 8,1976 11,0707 -2,8731 35,0 Aveia 80 d 7,7393 10,8302 -3,0909 39,9 C+N 60d 12,3700 12,4109 -0,0409 0,3 C+N 60d 12,2300 12,3679 -0,1379 1,1 C+N 60d 10,5900 12,2141 -1,6241 15,3

Centeio 60d 11,0000 10,1699 0,8301 -7,5 Centeio 60d 11,2700 10,3378 0,9322 -8,3 Centeio 60d 9,9000 10,4397 -0,5397 5,5 Centeio 100 4,2600 4,4997 -0,2397 5,6 Centeio 100 4,7200 4,8970 -0,177 3,8 Centeio 100 5,3200 5,0965 0,2235 -4,2 N+A 80d 17,7100 16,8399 0,8701 -4,9 N+A 80d 16,6200 16,8047 -0,1847 1,1 N+A 80d 18,8100 16,7693 2,0407 -10,8 N+A 100d 13,7600 13,7474 0,0126 -0,1 N+A 100d 14,0600 13,7693 0,2907 -2,1 N+A 100d 13,9100 13,7922 0,1178 -0,8 Nabo 60d 15,7200 15,8615 -0,1415 0,9 Nabo 60d 17,8300 15,8432 1,9868 -11,1 Nabo 60d 14,3600 15,7185 -1,3585 9,5 Nabo 80d 18,6700 18,8015 -0,1315 0,7 Nabo 80d 18,8100 18,7529 0,0571 -0,3 Nabo 80d 18,5300 18,6351 -0,1051 0,6

Page 135: Tese Monique Souza - UFSC

135 Tabela 19. Comparação dos resultados de flavonóides totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtido pelo método de referência e NIR aplicando o modelo de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) de melhor ajuste obtido.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-------------------------mg g-1------------------- % Aveia 60d 5,2800 6,6739 -1,3939 26,4 Aveia 60d 5,0943 6,7272 -1,6329 32,1 Aveia 60d 5,4717 6,6739 -1,2022 22,0 C+N 60d 5,1200 5,3099 -0,1899 3,7 C+N 60d 5,3700 5,2045 0,1655 -3,1 C+N 60d 4,4500 5,1625 -0,7125 16,0

Centeio 60d 4,6100 4,6443 -0,0343 0,7 Centeio 60d 4,9500 4,4264 0,5236 -10,6 Centeio 60d 4,6100 4,5403 0,0697 -1,5 Centeio 100 1,2500 1,4670 -0,217 17,4 Centeio 100 1,7600 1,7170 0,043 -2,4 Centeio 100 1,9200 1,8897 0,0303 -1,6 N+A 80d 8,2300 8,5042 -0,2742 3,3 N+A 80d 8,9800 8,6010 0,379 -4,2 N+A 80d 8,3900 8,5638 -0,1738 2,1 N+A 100d 4,5500 3,8157 0,7343 16,1 N+A 100d 4,0300 3,7781 0,2519 6,3 N+A 100d 4,0400 3,7851 0,2549 6,3 Nabo 60d 6,9700 6,8587 0,1113 -1,6 Nabo 60d 8,2300 7,0015 1,2285 -14,9 Nabo 60d 7,6000 6,9974 0,6026 -7,9 Nabo 80d 9,190 7,9375 1,2525 -13,6 Nabo 80d 8,710 8,0136 0,6964 -8,0 Nabo 80d 8,230 7,9595 0,2705 -3,3 N+C 80d 6,710 4,9756 1,7344 25,8 N+C 80d 6,210 5,2831 0,9269 14,9 N+C 80d 5,030 5,3499 -0,3199 6,4

Na Figura 18 é possível observar as curvas de calibração escolhi-da (linha azul) e de validação externa (linha verde). Após a aplicação de métodos matemáticos e estatísticos, a curva de calibração foi escolhida considerando o menor erro obtido e de acordo com as regiões do NIR nas quais existiam as maiores diferenças entre os espectros e as amos-tras. Além disso, também foram observados os gráficos gerados pelo software, como a distância entre os espectros, rankings e o RMSECV.

O erro relativo médio entre a análise quimiométrica e o método de referência foi de ± 10% (Tabela 18), o que indica uma boa previsão dos teores fenólicos totais pelo método proposto comparando-se com

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136 outros trabalhos (SOUSA, 2013; MAZUR et al., 2014; FRIZON et al., 2015). Entretanto, algumas amostras apresentaram diferenças significa-tivas um pouco maiores entre os valores obtidos pelo método de refe-rência e o método proposto, como a espécie aveia aos 80 dias e quando consorciada com o nabo aos 80 dias de avaliação (A+N 80d), que apre-sentaram erros de 18 até 39% (Tabela 18). Estas amostras não foram retiradas da validação externa, pois os valores de RMSEP e o coeficiente de correlação pouco se alteraram quando retiradas da curva. Além disso, estas amostras foram analisadas novamente em laboratório e os valores permaneceram os mesmos.

Figura 18. Correlação entre os valores médios previstos pelo NIR versus valores médios obtidos pelo método de referência para o conjunto de validação externa do modelo para compostos fenólicos totais.

Para flavonoides, os erros relativos médios entre a análise quimi-

ométrica e o método de referência foram de ±10%, exceção foi a amos-tra aveia 60d que apresentou erros maiores, de 22 a 32% (Tabela 19). Como se tratam de valores baixos, de 1,5 a 9 mg g-1, quaisquer erros obtidos nas menores concentrações serão mais perceptíveis do que quando comparados com valores mais altos, como 18 e 20 mg g-1. Fri-zon et al. (2015), ao determinarem o conteúdo de compostos fenólicos em erva mate via NIR e método de referência, também obtiveram maio-res discrepâncias em relação às amostras com menores concentrações.

Na Figura 19 é possível observar a correlação entre os valores médios do teor de flavonoides do conjunto de amostras obtidos pelo NIR e os valores experimentais dos 27 espectros utilizados no conjunto

Valores experimentais (mg g-1)

Va

lore

s p

red

itos

(mg

g-1)

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137 de validação externa. Ao avaliarem os teores de nitrogênio total em amostras de folhas de trigo para um modelo de validação externa, Lima et al. (2008) obtiveram um erro médio de ± 3%. Nos trabalhos realiza-dos por Morgano et al. (2005), ao determinarem o teor de proteína total em amostras de café cru via NIR e pelo método PLS, os autores obtive-ram o melhor modelo PLS com um erro médio de 7% entre a análise quimiométrica e o método de referência. Mazur et al. (2014) também obtiveram um erro médio de 7% entre o método NIR e o de referência para a quantificação de metilxantina em erva mate. Figura 19. Correlação entre os valores médios previstos pelo NIR versus valores médios obtidos pelo método de referência para o conjunto de validação externa do modelo para flavonoides totais.

Dentre as amostras utilizadas no teste de validação, dois terços apresentaram um erro de previsão inferior a 10%, e baixa dispersão dos valores de previsão em torno das curvas, utilizando-se apenas 9 e 10 amostras para a validação externa, o que auxiliou na construção dos modelos de previsão. Contudo, as maiores discrepâncias ocorreram em relação à amostra aveia.

7.4. CONCLUSÃO

Recomenda-se a espectroscopia NIR para o desenvolvimento dos

modelos de calibração por permitir inferir, de forma não destrutiva, os teores de fenólicos e flavonoides totais, com alta frequência analítica, sem o uso de reagentes de alto custo e de outros insumos requeridos, com resultados muito próximos aos obtidos pelo método de referência.

Valores experimentais (mg g-1)

Va

lore

s p

red

itos

(mg

g-1)

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138

A combinação da espectroscopia NIR e análise multivariada por regressão por mínimos quadrados parciais permitiu o desenvolvimento de modelos de previsão de fenólicos e flavonoides com erros associados em média de 10%.

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139 8. ESTUDO 4 - Análise exploratória e discriminatória da parte

aérea das espécies Secale cereale L. Avena strigosa L. e Ra-phanus sativus L. por espectroscopia UV-vis e infravermelho próximo (NIR).

RESUMO Métodos quimiométricos associados a técnicas complementares de quantificação e detecção de compostos, como as espectrometrias, são ferramentas que podem auxiliar na caracterização e distinção de amos-tras quanto ao perfil químico. O objetivo do estudo foi realizar uma análise exploratória e discriminatória de dados obtidos por espectrosco-pia no ultravioleta e visível (UV-vis) e via infravermelho próximo (NIR), com o uso da ferramenta R, com ênfase na discriminação dos perfis fenólicos da parte aérea das espécies Secale cereale L. Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. Foram coletadas amostras da parte aérea das espécies Raphanus sativus L., Secale cereale L. aos 60, 80 e 100 dias após a sua semeadura (DAS) e, após o seu acamamento (DAA), aos 15 e 30 dias, em experimento implantado a campo, no mu-nicípio de Ituporanga, Santa Catarina. A espécie Avena strigosa L. foi coletada somente aos 100 DAS e aos 15 e 30 DAA. As amostras foram identificadas e transportadas em gelo seco para o laboratório. Posterior-mente foram liofilizadas trituradas em moinho, peneiradas e conserva-das a -20ºC para a análise de compostos fenólicos e flavonoides e perfis espectrais via UV-vis e NIR. Para a análise exploratória e discriminató-ria os dados obtidos foram submetidos à análise não-supervisionada de componentes principais (PCAs), análise de agrupamentos e análise de variância. Nas análises supervisionadas, os algoritmos pls, knn e rf fo-ram aplicados ao conjunto de dados à determinação do melhor modelo preditivo de classificação amostral. A análise exploratória dos espectros, por meio da aplicação da quimiometria, discriminou a espécie nabo-forrageiro das espécies de plantas de cobertura aveia-preta e centeio em relação aos perfis químicos, tanto via UV-vis quanto NIR. Entre os tem-pos de avaliação, houve uma discriminação das amostras, com maior evidência aos 15 dias de avaliação, quando todas as espécies já tinham sido acamadas no campo. Em virtude do baixo custo, rapidez nas análi-ses, fácil utilização e por dispensar o uso de reagentes, a espectroscopia NIR associada à quimiometria é recomendada para a análise explorató-ria e discriminatória de amostras de plantas. Palavras-chave: quimiometria, plantas de cobertura, análise multivari-ada, pacote R.

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140

8.1. INTRODUÇÃO As plantas de cobertura aveia-preta, centeio e nabo-forrageiro

podem ser utilizadas em sistemas de cultivo para cobertura do solo tanto como fonte de nutrientes como estratégia para controle de plantas espon-tâneas (PATIL, 2007; ZANATTA et al., 2006). Alguns autores têm demonstrado que essas espécies ao longo do seu ciclo de cultivo podem produzir diferentes compostos que possuem efeito inibitório sobre o crescimento de outas plantas (JACOB e FLECK, 2000; UREMIS et al., 2005; COPAJA et al., 2006; HAGEMANN et al., 2010). Dentre esses, estão os compostos fenólicos, os quais estão diretamente envolvidos nos mecanismos de defesa das plantas (TAIZ e ZEIGER, 2009).

Para a quantificação e identificação destes compostos, diferentes metodologias analíticas têm sido empregadas, mas normalmente envol-vem técnicas com o uso de reagentes, demoradas e destrutivas (EFRAIM et al., 2006; LIU et al., 2010; MAZUR et al., 2014). Por outro lado, existem técnicas instrumentais de análise de compostos mais rápi-das e não destrutivas das amostras, entretanto geram uma grande quanti-dade de dados, havendo, assim, a necessidade de utilização de técnicas matemáticas para auxiliar na interpretação e detecção de possíveis seme-lhanças em um conjunto amostral (SABIR et al., 2017).

A análise quimiométrica é um método que utiliza dados de ori-gem química, especificamente de natureza multivariada, para a constru-ção de um método de identificação e discriminação de amostras, ou seja, é uma análise exploratória de um conjunto de dados (SOUZA e POPPI, 2012). Portanto, o uso de métodos matemáticos e estatísticos associado a técnicas complementares de quantificação e detecção de compostos, como as espectrometrias (UV-vis, NIR, RMN) e a cromatografia (HPLC e GC) são ferramentas úteis para auxiliar na caracterização e distinção de amostras no campo da química (SABIR et al., 2017).

Existem diversos estudos que utilizam essas técnicas para discri-minação de plantas, como por exemplo, arroz, feijão, milho e soja, pro-dutos de origem vegetal, como azeite de oliva e frutas, como citros (ROHMAN e MAN, 2011; FERREIRA et al., 2015; KIM et al., 2013; MARASCHIN et al., 2015; JANDRIC e CANNAVAM, 2017). Com o uso dessas técnicas não se obtêm um resultado final, mas sim, muitos sinais (curvas e picos) que devem ser tratados para uma possível deter-minação quantitativa das várias espécies químicas presentes na amostra (FERREIRA et al.,1999). A quantificação e obtenção de espectros, que pode ser entendida também como uma impressão digital do material que está sendo analisado, é utilizada para detectar associações no conjunto

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141 de dados, a partir dos quais se pode estabelecer relações entre as amos-tras avaliadas e variáveis, além de agrupar ou discriminar as amostras em estudo (NETO et al., 2006; SABIR et al., 2017).

No Estudo 2 foi demonstrado que os teores totais de compostos fenólicos e flavonoides variaram de acordo o estádio fenológico das plantas. Com o objetivo de aprofundar esta análise, técnicas multivaria-das supervisionadas e não supervisionadas podem ser aplicadas para o reconhecimento de modelos de classificação das amostras. O conjunto de dados que foi obtido nos estudos 2 e 3, via espectrofotometria de varredura UV-vis e NIR das amostras, pode auxiliar na compreensão das relações existentes entre as variáveis estudadas, como as diferenças nos perfis químicos das espécies, entre os tempos de cultivo e o manejo adotado. Além disso, pode-se identificar em quais épocas ou em quais espécies analisadas os efeitos são mais pronunciados e diferem dentro do conjunto de dados.

O objetivo do presente estudo foi realizar uma análise explorató-ria e discriminatória de dados obtidos por espectroscopia UV-vis e in-fravermelho próximo, com o uso da ferramenta R, com ênfase na dis-criminação dos perfis fenólicos da parte aérea das espécies Secale cerea-le L. Avena strigosa L. e Raphanus sativus L.

8.2. MATERIAL E MÉTODOS

8.2.1. Amostras e análises de espectroscopia Foram realizadas coletas da parte aérea das espécies centeio, na-

bo-forrageiro e aveia-preta no experimento implantado a campo, con-forme descrito no item 5.2.1, na Estação Experimental da EPAGRI, no município de Ituporanga, região do Alto Vale do Itajaí, Santa Catarina (Latitude 27º 24' 52", Longitude 49º 36' 9"e altitude de 475 m).

O centeio e o nabo-forrageiro solteiros e consorciados foram co-letados aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) das plantas de cobertura de inverno e após o seu acamamento (DAA), aos 15 e 30 dias, o que corresponde aos dias após o plantio das mudas de cebola. A espé-cie aveia-preta foi coletada somente aos 100 DAS e aos 15 e 30 DAA. Foram coletadas 3 subamostras aleatoriamente de cada parcela para compor uma única amostra composta. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com 3 repetições e sete tratamentos. As amostras foram identificadas e acondicionadas em tubos do tipo falcon (50 mL), colocadas em uma caixa de isopor e transportadas em gelo seco para o laboratório. As amostras foram liofilizadas (modelo L101, Liotop, São

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142 Paulo, Brasil) até total remoção da umidade a -54ºC e, em seguida, tritu-radas em moinho, peneiradas (0,42 mm) e, posteriormente, as amostras sólidas foram acondicionadas novamente em tubos falcons (50 mL) e conservadas a -20ºC para posterior análise.

Para a preparação dos extratos, adicionou-se 10 mL de metanol 80% (v/v) a 0,1g de amostra, seguido de agitação por 2 h, filtração sob vácuo e centrifugação a 4.000 rpm por 15 minutos, coletando-se o so-brenadante, o qual foi submetido à espectrofotometria UV-vis, modelo UV-5300PC, Power Supply (China), para a determinação do perfil es-pectral (200-800 nm).

Os espectros de reflectância na região do NIR foram obtidos das amostras sólidas, em espectrômetro FT-NIR MPA Bruker (Alemanha), em triplicata na região espectral 3600 a 12500 cm-1. Foram realizadas 64 varreduras para cada amostra sólida, com resolução de 16 cm-1.

8.2.2. Análise dos dados e estatística

Os dados obtidos dos perfis espectrais UV-vis e NIR foram sub-

metidos à análise não-supervisionada de componentes principais, análise de agrupamentos a partir de matrizes de correlação, análise de variância e teste de comparação de médias Tukey a 5% de probabilidade, utilizan-do o software R© (R Core Team, 2010).

As análises supervisionadas, utilizando os algoritmos de classifi-cação pls, knn e rf, foram aplicados ao conjunto de dados à determina-ção do melhor modelo preditivo de classificação amostral. O método de estimação de erros foi repetido por validação cruzada com 10 folds e 10 repetições.

Os scripts foram escritos em linguagem R (v. 3.3.1) e disponíveis no pacote specmine (COSTA, MARASCHIN e ROCHA, 2015). Todos os scripts R, os dados brutos e análises adicionais estão disponíveis no Apêndice C, bem como o relatório de análise de dados gerados automa-ticamente a partir dos scripts R utilizando os recursos fornecidos pelo R Markdown.

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143

8.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

8.3.1. Comparação dos perfis espectrais UV-vis dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura

Os perfis espectrais UV-vis (200-800 nm) dos extratos metanó-

licos obtidos da parte aérea das espécies de plantas de cobertura centeio, aveia-preta e nabo-forrageiro aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura (DAS) e aos 15 e 30 dias após o acamamento (DAA) estão ilustrados nas Figuras 20A e 20B.

A análise dos 84 espectros revelou, inicialmente, perfis simila-res entre as amostras e maiores valores de absorbância na região entre 200 e 400 nm (Figuras 20A e 20B), característica para compostos fenó-licos, sugerindo a sua presença em todos os extratos. Os compostos fenólicos e flavonoides, em sua maioria, apresentam banda de absorção próximas a 280 nm (SILVA et al., 2012; PAGANOTTI et al., 2014). Entretanto, houve uma tendência de separação dos perfis em termos quantitativos considerando os tempos de coleta, conforme mostra a Fi-gura 20B, para 15 e 30 dias de avaliação, ou seja, depois que as plantas tinham sido acamadas no campo.

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144 Figura 20. Perfil espectral UV-vis (200-800 nm) dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro) (A) e perfil espectral nos diferentes tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento (B).

As pequenas discrepâncias entre os perfis, embora existam, são

difíceis de ser identificadas em um primeiro momento. Essas variações sistemáticas nos espectros podem mascarar os dados, justificando o pré-tratamento e o emprego da análise multivariada dos dados (SOUZA et al., 2013b). Portanto, no presente estudo, o pré-processamento dos es-pectros tanto por espécie (Figura 21B) quanto por época de avaliação foi realizado (Figura 22B) aplicando-se o método de alisamento ou suaviza-ção e correção da linha de base, na região com maiores absorbâncias, entre 200 e 400 nm (Figuras 21A e 22A).

A

B

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145

Figura 21. Perfil espectral UV-vis entre 200 a 400 nm, sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro).

A

B

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146 Figura 22. Perfil espectral UV-vis entre 200 a 400 nm, sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), dos extratos metanólicos da parte aérea das espécies Avena strigosa L., Secale cereale L. e Raphanus sativus L. aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Embora as análises confirmem a presença de compostos bioativos

de natureza fenólica, comumente encontrados na aveia-preta, no centeio e no nabo-forrageiro (WEIDNER et al., 2000; KLAJN et al., 2012; REHMAN et al., 2013), é possível observar que as absorbâncias foram bastante intensas na faixa destes compostos (Figuras 21 e 22), o que pode causar distorções de leitura, afetando a qualidade das análises (PAGANOTTI et al., 2014). O pré-processamento melhorou a interpre-tação destes espectros por reduzir a dimensionalidade, remover informa-ções irrelevantes do ponto de vista químico e outliers (LASCH, 2012;

A

B

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147 SOUZA e POPPI, 2012). Foi possível verificar novamente uma tendên-cia de separação dos perfis das espécies entre as épocas de cultivo.

Como as diferenças nos perfis UV-vis entre as épocas de avalia-ção e entre espécies de plantas de cobertura para cada um dos extratos não apresentaram um comportamento definido, optou-se pela utilização da distribuição fatorial dos dados com base na análise dos componentes principais (PCA) (Figura 23) para detectar possíveis diferenças entre as espécies. A análise de PCA permite agrupar amostras de acordo com suas diferenças e similaridades, com base nos dados espectrais gerados pelo UV-vis e NIR, reduzindo a dimensionalidade do conjunto de dados, preservando a informação e calculando combinações lineares das variá-veis originais (BARROS NETO et al., 2006).

Essas ferramentas de análise multivariada, em especial a PCA, têm sido utilizadas para distinguir perfis espectrais UV-vis, de infraver-melho ou de ressonância magnética nuclear de matrizes complexas (KUHNEN et al., 2010a; KUHNEN et al., 2010b; MARASCHIN et al., 2015), como as deste estudo. O PCA permite a identificação, na estrutu-ra dos dados, de padrões de similaridade, representados pela localização próxima aos eixos dos componentes principais (LEARDI, 2003). Desse modo, no presente estudo foi aplicada a análise de PCA aos perfis es-pectrais UV-vis a partir dos espectros pré-processados na região entre 200 e 400 nm, para investigar a ocorrência de agrupamentos e/ou dife-renças de composição fenólica entre as amostras.

A análise dos perfis espectrais usando PCA (PC1 e PC2) explicou 55,4% a variância total dos dados, separando a espécie nabo-forrageiro solteira e consorciada das Poáceas aveia-preta e centeio. Isso sugere uma distinção dessas espécies quanto à sua composição fenólica e de outros compostos que também absorvem o UV (Figura 23A). Na PC1(-) do gráfico de escores está a maioria das amostras de nabo em todas as épocas de avaliação e as amostras de centeio e aveia aos 60, 80 e 100 DAS na PC1(+). Nos PC1(+) e PC2(-) estão as amostras de centeio e aveia-preta após o seu acamamento (Figura 23A).

Os comprimentos de onda que mais contribuíram para a separa-ção observada foram 252, 257, 282, 352, 392 e 397 nm (Apêndice C). Tais resultados sugerem a distinção da composição fenólica das espé-cies, as quais podem ser evidenciadas no Estudo 2, onde estão apresen-tados os resultados de quantificação dos compostos fenólicos pelo mé-todo de Folin-Ciocateau e via CLAE.

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148 Figura 23. Distribuição fatorial dos componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) dos perfis espectrais UV-vis na região dos compostos fenólicos (200 a 400 nm) com pré-processamento dos extratos metanólicos, em relação às espécies de plantas de cobertura (A), aos tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento das plantas (B), e ao sistema de cultivo (C).

A

B

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149

Em relação às épocas de coleta, também foi possível perceber uma separação das espécies aos 30 DAA, diferindo das espécies avalia-das aos 60, 80 e 100 DAS e 15 DAA (Figura 23B). A sobreposição das amostras entre as épocas de avaliação na PC2(+) do gráfico aponta uma similaridade entre as amostras quando analisadas via UV-vis, com exce-ção aos 30 DAA, que se separou das demais em PC2 (-) (Figura 23B).

Os comprimentos de onda que mais contribuíram para esta sepa-ração foram 237, 242, 287, 297, 302 e 312 nm (Apêndice C). Tal resul-tado pode ter ocorrido devido às mudanças na composição química do material vegetal após o maior período de avaliação após o acamamento (30 dias), quando se tem a degradação do material vegetal e, provavel-mente, a liberação dos compostos fenólicos. A espécie nabo-forrageiro, por apresentar uma menor relação C/N (Tabela 1) e maior taxa de mineralização do material, é degradado nos 15 primeiros dias, conforme observado a campo por Martins et al. (2014) e Oliveira et al. (2016). Por outro lado, quando as amostras foram analisadas em relação ao sistema de cultivo, não foi possível observar a sua discriminação quando culti-vadas solteiras e/ou consorciadas (Figura 23C).

Na Figura 24 estão apresentados os dendogramas relativos às si-milaridades entre as amostras. Uma maior similaridade entre as espécies aveia-preta e centeio foi encontrada, as quais diferiram do nabo-forrageiro (Figura 24A). Em relação ao agrupamento hierárquico entre as épocas de coleta avaliadas, é possível observar na Figura 24B, nova-mente, apenas a separação das amostras coletadas aos 30 DAA.

C

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150 Figura 24. Dendograma dos espectros de UV-vis processados obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana, em relação às espécies (A) e em relação às épocas de coleta (B).

Além do método de PCA, que detectou as direções de maiores variâncias na matriz dos dados, foi aplicado nos espectros brutos e pré-processados, na região de 200 a 800 nm, a análise supervisionada de aprendizado de máquina (machine learning), utilizando três algoritmos de predição. Foi aplicado o algoritmo pls (mínimos quadrados parciais),

A

B

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151 knm (k-vizinhos mais próximos) e rf (random forest), com o intuito de verificar os valores de acurácia e kappa às classificações propostas em: espécies, tempo e manejo das espécies. Os índices obtidos com essas análises suportam a tomada de decisões a partir dos modelos de previsão e eventos (Tabela 20). Tabela 20. Índices de acurácia e kappa dos modelos preditivos para classificação por espécies, tempo de cultivo e manejo das espécies dos espectros brutos e pré-processados dos extratos obtidos da parte aérea das espécies Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os algoritimos pls, knm e rf. Espectros brutos Espécie Tempo Manejo espécies Acurácia Kappa Acurácia Kappa Acurácia Kappa pls 75,68 61,08 66,19 56,92 56,46 3,32 kmn 72,23 56,71 67,84 59,30 52,98 1,66 rf 61,32 40,76 57,34 45,62 53,24 4,80 Espectros pré-processados Espécie Tempo Manejo espécies Acurácia Kappa Acurácia Kappa Acurácia Kappa pls 75,54 56,55 63,56 53,80 55,04 5,29 kmn 75,13 60,82 63,77 53,68 44,80 1,59 rf 68,23 49,06 60,50 50,00 55,96 1,16

Os resultados obtidos com os algoritmos de aprendizado de má-quina indicaram que a classificação das amostras, de acordo com as espécies utilizadas no sistema de cultivo SPDH, obtiveram índices de acurácia superiores ao tempo de cultivo destas espécies e ao manejo adotado, independentemente do pré-processamento dos dados (Tabela 20). Diante disso, conclui-se que os perfis fenólicos diferem, principal-mente, em relação à espécie de planta de cobertura utilizada no sistema e menos em relação ao tempo ou estádio fenológico da planta e se estas espécies são cultivadas solteiras ou consorciadas. Por meio da constru-ção de modelos preditivos via pls, rmn e rf, sabe-se o quão precisa é a classificação previamente proposta (WORLEY; POWERS, 2013).

Quando os espectros foram classificados por espécie, a acurácia de predição foi, em média, 75%, superior ao observado para o tempo de cultivo, que foi de 62% e para o manejo das espécies, de 52% (Tabela 20). Ressalta-se que o modelo de classificação das amostras segundo as espécies, utilizando o algoritmo pls, propiciou o maior índice de acurá-cia aos dados brutos e pré-processados. Os comprimentos de onda que

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152 mais contribuíram para esse resultado situaram-se na faixa de absorção dos compostos fenólicos (200 a 400 nm) (Tabela 21).

Tabela 21. Contribuição relativa (%) dos dez comprimentos de onda, em UV-vis, mais relevantes à classificação por espécies, das amostras da parte aérea das plantas de cobertura Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os dados de espectros não processados e pré-processados.

Espectros brutos % Espectros pré-processados % C.O* Aveia Centeio Nabo C.O* Aveia Centeio Nabo 200 53,84 86,96 100 202 42,98 56,68 78,15 201 26,30 82,85 76,55 222 48,47 29,73 39,12 202 15,25 84,69 70,64 242 41,21 27,90 60,16 203 11,95 69,57 57,16 272 72,08 27,70 54,41 204 12,49 62,18 53,24 277 87,40 68,20 100 275 32,7 47,08 56,30 282 60,65 43,21 69,86 276 34,67 49,30 59,05 332 26,74 39,23 59,35 277 34,67 49,30 59,90 342 42,32 46,23 72,10 278 33,09 47,14 57,35 347 44,18 36,25 62,22 279 32,28 45,36 55,91 352 30,53 37,48 49,66 *C.O: comprimento de onda (nm)

A aplicação do algoritmo rf aos dados brutos e pré-processados,

apesar de ter diminuído a acurácia dos modelos de classificação amos-tral, ainda indicou a classificação de acordo com a espécie. O índice kappa apresentou valores menores para as classificações quando compa-rado com a acurácia (Tabela 21).

Por fim, é importante destacar que outras análises foram feitas, não tendo havido a discriminação das amostras quando a análise de PCA foi realizada utilizando-se toda a região do espectro UV-vis (200 a 800 nm). O mesmo ocorreu quando a análise dos tempos 60, 80 e 100 dias, ou dos 15 e 30 dias após o acamamento, foi feita separadamente, tanto para toda região do espectro quanto para a região dos fenólicos (Apên-dice C).

8.3.2. Comparação dos perfis espectrais via infravermelho

próximo (NIR) da parte aérea das espécies de plantas de cobertura

Os espectros de reflectância do infravermelho próximo (3600 a

12500 cm-1) da parte aérea das espécies centeio, aveia e nabo-forrageiro

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153 aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o aca-mamento estão mostradas nas Figuras 25A e 25B.

Figura 25. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3600 a 12500 cm-1) da parte aérea de espécies das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro) (A) e perfil espectral nos diferentes tempos de avaliação, 60, 80 e 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento (B).

A análise dos 252 espectros via NIR revelou perfis similares entre

as amostras e maiores valores de absorbância na região em torno de 3700 a 8700 cm-1 (Figuras 26A e 27A).

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154 Figura 26. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) sem pré-processamento (A) e após o pré-processamento (B), das amostras sólidas da parte aérea das espécies Avena strigosa L. (aveia), Secale cereale L. (centeio) e Raphanus sativus L.(nabo-forrageiro).

As pequenas discrepâncias entre os espectros indicam, previa-mente, uma distinção nos perfis da espécie nabo-forrageiro com relação às demais espécies (Figura 26A) e, em relação às épocas, houve uma distinção, principalmente aos 15 dias após o acamamento das plantas (Figura 27A). Entretanto, essas diferenças são difíceis de ser identifica-das, justificando uma análise exploratória com o pré-processamento dos espectros e o emprego da análise multivariada dos dados para posterior discriminação das amostras, conforme foi feito anteriormente para os espectros de UV-vis (SOUZA et al., 2013b; BARROS NETO et al., 2006). O pré-processamento dos espectros, tanto por espécie (Figura

A

B

Número de onda (cm-1)

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155 26B) quanto por época de avaliação (Figura 27B), foi realizado aplican-do-se o método de alisamento ou suavização e correção da linha de base. Figura 27. Espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) antes (A) e após o pré-processamento (B), de amostras sólidas da parte aérea de espécies de plantas de cobertura aos 60, 80 e 100 dias após a semeadura e aos 15 e 30 dias após o acamamento.

Após o processamento dos espectros ainda foi possível observar

algumas diferenças entre os tempos de coleta, sendo mais evidente aos 15 dias após as plantas terem sido acamadas (Figura 27B). Na Figura 26B vê-se a diferença da espécie nabo-forrageiro, mais ou menos entre 5.500 e 7000, em relação às demais, indicando que provavelmente é essa região que vai discriminar o nabo na análise de PCA.

Após a análise preliminar utilizando toda a região dos espectros,

A

B

Número de onda (cm-1)

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156 na região com maiores absorbâncias e após o pré-processamento, proce-deu-se com a distribuição fatorial dos dados com base na análise de PCA, tanto para os espectros pré-processados quanto para os espectros sem processamento (Apêndice C), para detectar possíveis diferenças entre as espécies e entre as épocas de avaliação. A aplicação da PCA à matriz dos espectros não processados resultou nos valores apresentados nas Figuras 28A, 28B e 28C. Figura 28. Distribuição fatorial dos componentes principais 1 (PC1) e 2 (PC2) dos espectros de reflectância na região do infravermelho (3757 a 8663 cm-1) das amostras sólidas, em relação às espécies de plantas de cobertura (A), em relação aos tempos de avaliação, aos 60, 80, 100 dias após a semeadura e 15 e 30 dias após o acamamento das plantas (B) e em relação ao sistema de cultivo (C).

A

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157

Os eixos PC1 e PC2 explicaram, em média, 83 e 16% da variabi-

lidade dos dados, respectivamente. Observa-se com a análise de PCA, juntamente com a análise cluster hierárquico (Figura 29), que ocorreu a separação da espécie nabo-forrageiro em relação às Poáceas aveia-preta e centeio, quando analisadas na região de 3757 a 8663 cm-1. Essa região foi escolhida a partir dos resultados obtidos no Estudo 3 após a aplica-

B

C

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158 ção de métodos quimiométricos dos dados obtidos via NIR para a cons-trução da curva de fenólicos totais. Nessa região do espectro, que foi detectado por meio de métodos matemáticos, encontravam-se as maiores diferenças nos perfis dessas espécies, principalmente em relação aos compostos fenólicos.

Os comprimentos de onda que mais contribuíram para a separa-ção dessas espécies, de acordo com a análise univariada e das análises multivariadas, foram entre 4998 e 5068 cm-1 (Apêndice C). Essa sepa-ração não ficou tão evidente como quando analisada via UV-vis (Figura 23A), pois as análises realizadas no UV-vis já se tratavam de um produ-to da extração dos compostos com metanol, podendo evidenciar mais as diferenças entre as espécies quando comparado com o NIR.

Em relação às épocas avaliadas, houve uma separação das espé-cies aos 15 e aos 30 DAA, diferindo das espécies avaliadas aos 60, 80 e 100 DAS (Figura 28B). Em relação ao agrupamento hierárquico entre as épocas avaliadas, também foi possível observar na Figura 28B a separa-ção das amostras avaliadas aos 15 e aos 30 DAA.

A sobreposição das amostras entre as épocas de avaliação 60, 80 e 100 DAS, em PC2(-) (Figura 28B) aponta uma similaridade entre essas amostras quando analisadas via NIR, sugerindo que os perfis fenó-licos das espécies centeio, nabo-forrageiro e aveia-preta, que se encon-travam em estádio de desenvolvimento vegetativo e florescimento, po-dem ser mais semelhantes, quando comparados com os perfis obtidos após estas plantas serem acamadas. Além disso, outros elementos estru-turais da planta podem ter contribuído para essa separação nas épocas analisadas, como a celulose, a relação C/N, a lignina, entre outros ele-mentos presente nas plantas (Tabela 1). Isso porque aos 15 e 30 DAA o material vegetal depositado sobre a superfície do solo já estava em pro-cesso de degradação, conforme observado a campo e na análise realiza-da em laboratório com as amostras (Tabela 1), mas também é provável que os fenólicos já haviam sido liberados ou degradados (MOREIRA e SIQUEIRA, 2006). Os comprimentos de onda que mais contribuíram para esta separação foram entre 7907 e 8655 cm-1 (Apêndice C).

Quando as amostras foram analisadas em relação ao sistema de cultivo, não houve diferenças entre as espécies, seja cultivada solteira seja consorciada, para o perfil fenólico (Figura 28C).

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159 Figura 29. Dendograma dos espectros de reflectância obtido pela análise de cluster hierárquico utilizando distância euclidiana, em relação às espécies (A) e em relação às épocas de coleta (B).

Em relação à análise supervisionada de aprendizado de máquina

(machine learning), utilizando os algoritmos pls, rmn e rf, aplicado nos espectros brutos e pré-processados, na região de 3600 a 12500 cm-1, os resultados obtidos indicaram que todas as classificações utilizadas apre-sentaram valores de acurácia e kappa altos, independentemente do pré-processamento dos dados ou não (Tabela 22).

A

B

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160 Tabela 22. Índices de acurácia e kappa dos modelos preditivos para classificação em espécies, tempo de cultivo e manejo das espécies dos espectros brutos e pré-processados dos extratos da parte aérea das espécies Secale cereale L., Avena strigosa L. e Raphanus sativus L. utilizando os algoritimos pls, knm e rf. Espectros brutos Espécie Tempo Manejo espécies Acurácia Kappa Acurácia Kappa Acurácia Kappa pls 95,12% 92,33% 84,50% 80,41% 71,53% 39,82% kmn 95,77% 93,40% 91,48% 89,25% 88,28% 75,97% rf 85,65% 77,65% 79,10% 73,68% 64,73% 28,28% Espectros pré-processados Espécie Tempo Manejo espécies Acurácia Kappa Acurácia Kappa Acurácia Kappa pls 91,03% 85,91% 72,87% 65,87% 65,49% 28,78% kmn 95,03% 92,25% 94,51% 93,07% 88,06% 75,23% rf 81,33% 70,80% 69,67% 62,06% 58,82% 58,82%

Quando os espectros foram classificados por espécie, a acurácia de predição atingiu em média 91%, para o tempo em torno 81% e 72% para o manejo das espécies, indicando uma boa predição na discrimina-ção dos espectros quando utilizada a técnica de NIR (Tabela 22). O modelo de classificação utilizando o algoritmo kmn propiciou, no geral, maior índice de acurácia aos dados brutos e pré-processados. Segundo Ferraz (2009), a análise via NIR, por apresentar um potencial maior para o mapeamento de C e N presente nas amostras, detecta ligações fortes entre as moléculas, podendo extrair mais informações sobre a amostra como um todo. Entretanto, como se trata de uma amostra bruta, sua análise também é muito mais complexa do ponto de vista químico.

Os resultados dispostos na Tabela 23 indicam os comprimentos de onda de maior contribuição, relevantes em relação à classificação das amostras quanto às espécies, sendo que em um comprimento de onda atingiu 100% de predição para a espécie centeio. Ao avaliar o efeito da sazonalidade e da origem geográfica no perfil espectroscópico UV-vis da própolis, Zeggio (2016), aplicando a análise quimiométrica no reco-nhecimento de padrões, também obteve comprimentos de onda com 100% de predição para algumas regiões.

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161 Tabela 23. Contribuição relativa (%) dos dez comprimentos de onda, em NIR, mais relevantes à classificação por espécies, das amostras da parte aérea das plantas de cobertura Secale cereale L, Avena strigosa L. e Raphanus sativus L., utilizando os dados de espectros não processados e pré-processados.

Espectros brutos % Espectros pré-processados % C.O* Aveia Centeio Nabo C.O* Aveia Centeio Nabo 3594 48,85 86,24 60,82 3606 74,86 81,25 82,18 3602 48,84 67,67 52,94 3679 51,80 89,29 13,33 3610 42,67 63,36 49,06 3718 42,05 77,43 19,07 3618 29,98 47,78 42,69 3988 50,20 49,80 38,04 3672 39,94 72,78 13,84 4836 36,65 73,12 25,31 3679 43,47 84,43 14,30 4875 39,44 96,85 31,68 3687 42,94 94,50 15,99 4914 37,09 100 39,83 3695 44,05 100 16,76 4952 22,43 71,79 42,52 3102 42,49 92,12 14,86 5184 44,91 71,69 21,72 3710 38,26 74,97 11,20 5222 41,44 77,74 27,33 *C.O: comprimento de onda (cm-1)

Os estudos realizados não permitem definir exatamente quais classes de compostos são as responsáveis pela diferenciação das espé-cies, porém, os maiores picos de absorbância foram detectados na região de 3500 a 5000 cm-1 (Tabela 23), com combinações C-H e C-C que é típico da estrutura química dos compostos fenólicos e flavonoides, res-pectivamente (BURNS et al., 2001).

Embora o pré-processamento tenha melhorado a acurácia, tanto para os espectros do UV-vis quanto para o NIR, ele pode ter desconside-rado alguma região no momento da análise dos espectros. Portanto, além do processamento dos dados, segundo Zeggio (2016), a etapa de aquisição dos espectros é de suma importância para a extração do má-ximo de informações precisas à classificação e discriminação das amos-tras.

Em relação ao perfil químico, os resultados revelam que os mo-delos propostos conseguiram classificar melhor as amostras de plantas de cobertura do solo conforme as espécies utilizadas, comparativamente ao tempo de avaliação (estádio fenológico) e ao sistema de manejo das espécies (solteiras ou consorciadas).

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162

8.4. CONCLUSÃO

Os perfis fenólicos diferiram, principalmente, em relação à espé-cie de planta de cobertura utilizada no sistema de cultivo e menos em relação ao tempo ou estádio fenológico das plantas e, se estas espécies foram cultivadas solteiras ou consorciadas.

A análise exploratória dos espectros, por meio da aplicação da quimiometria, discriminou a espécie nabo-forrageiro das espécies de plantas de cobertura aveia-preta e centeio em relação ao perfil químico, tanto via UV-vis quanto NIR.

Entre os tempos de avaliação houve uma discriminação das amostras, sendo mais evidente aos 15 dias de avaliação, quando todas as espécies já haviam sido acamadas no campo em comparação aos tempos em que as plantas encontravam-se em estádio de desenvolvimento vege-tativo e florescimento.

Por fim, em virtude do baixo custo, rapidez nas análises, fácil uti-lização e por dispensar o uso de reagentes, recomenda-se a espectrosco-pia NIR associada à quimiometria para a análise exploratória e discrimi-natória de amostras de plantas.

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163 9. CONCLUSÕES GERAIS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O foco da tese foi o uso dos princípios da agroecologia com uma

abordagem integrada dos aspectos físicos, químicos e biológicos do sistema, envolvendo o solo e as plantas cultivadas. Dessa maneira, o solo foi manejado de forma que a produtividade de cebola fosse susten-tada a longo prazo e de maneira constante, ao invés da busca pela má-xima produtividade em curto prazo. Atingiram-se, portanto, rendimentos estáveis e com potencial de crescimento ao longo dos anos, o controle de plantas espontâneas sem o uso de herbicidas, com a realização de duas capinas durante o ciclo da cebola, bem como a manutenção e/ou melhoria da fertilidade do solo.

Em todas as épocas de avaliação, e em todos os anos, os cultivos de plantas de cobertura obtiveram maiores produtividades de matéria seca e cebola quando comparado com a testemunha apenas com vegeta-ção espontânea. As espécies de plantas espontâneas com maior ocorrên-cia em todos os tratamentos, e ao longo dos 7 anos de avaliação a cam-po, foram: caruru (Amaranthus lividus), língua-de-vaca (Rumex obtusi-folius), picão-preto (Bidens pilosa), picão-branco (Galinsoga parviflo-ra), orelha-de-urso (Stachys arvensis), serralha Sonchus olereaceus), losna (Artemisia verlotorum), tiririca (Cyperus spp.), azedinha (Oxalis (corniculada), azedinha (Oxalis latifolia), corda-de-viola (Ipomea gran-difolia), guanxuma (Sida glaziovii) e mentinha (Veronica pérsica).

Algumas espécies, como o picão-branco, o picão-preto, a corda-de-viola e o amendoim-bravo, que estavam presentes nas primeiras sa-fras de avaliação, atualmente não são encontradas, ou então diminuíram a sua ocorrência nos tratamentos com plantas de cobertura solteiras e consorciadas. Por outro lado, outras espécies tornaram-se dominantes no experimento em todos os tratamentos, como o caruru, a língua-de-vaca e a orelha-de-urso. Muitas sementes de plantas espontâneas podem ter permanecido dormentes no perfil do solo, por causa do manejo adotado e do revolvimento restrito do solo ao longo dos 7 anos de cultivo.

De modo geral, o manejo do solo restrito às linhas de plantio as-sociado ao uso das plantas de cobertura diminuiu ao longo dos anos a germinação e a emergência de muitas espécies de plantas espontâneas. Isso pode ser atribuído também à quantidade de massa seca produzida pelas plantas de cobertura que permanecem na superfície do solo duran-te o cultivo da cebola, além do sombreamento e de compostos fenólicos com potencial alelopático produzidos pelas mesmas.

O uso da cromatografia líquida de alta eficiência auxiliou na identificação de compostos fenólicos com potencial alelopático nos

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164 diferentes estádios fenológicos e após o acamamento das espécies. A espécie que apresentou os maiores conteúdos totais de fenólicos, detec-tados via UV-vis e CLAE, foi o nabo-forrageiro em todas as épocas de avaliação, ou seja, durante o seu ciclo e após o seu acamamento. Da mesma forma, a espécie manteve os maiores conteúdos quando consor-ciada com as Poáceas centeio e aveia-preta. O nabo-forrageiro teve mai-ores conteúdos quando as plantas já haviam florescido e encontravam-se em estádio de enchimento de grãos, o centeio no estádio de alongamento e a aveia-preta no estádio de florescimento.

A campo, os resíduos das três espécies diminuíram a emergência de plantas espontâneas quando comparados com a testemunha, princi-palmente aos 45 dias após o transplante das mudas cebola. Isso porque, além da produção e manutenção da massa seca sobre a superfície do solo, atuando com uma barreira física, o nabo-forrageiro, a aveia-preta e o centeio produziram compostos químicos com potencial alelopático. Foram encontrados os ácidos trans-cinâmico, sinápico e BOA na aveia-preta, os ácidos siríngico, sinápico e BOA no centeio, e o ácido sinápico e MBOA no nabo-forrageiro.

A PCA aplicada aos espectros UV-vis e NIR das plantas de co-bertura foi eficiente para observar a tendência de formação de classes entre os tratamentos. Os perfis fenólicos diferiram, principalmente, em relação à espécie de planta de cobertura utilizada no sistema de cultivo e menos em relação ao tempo ou estádio fenológico das plantas, e se estas espécies foram cultivadas solteiras ou consorciadas. A análise de PCA dos perfis via UV-vis e via NIR sugeriu uma composição química distinta dos extratos da parte aérea do nabo-forrageiro solteiro e consorciado em relação às demais espécies. Entre os tempos de avalia-ção, essa discriminação ficou mais evidente aos 15 dias, quando todas as espécies já haviam sido acamadas no campo, corroborando com os da-dos obtidos via UV-vis e CLAE, pois muitos compostos já tinham sido degradados e/ou liberados para o ambiente e para o solo.

As espectrofotometrias UV-vis e NIR associadas às análises qui-miométricas foram eficientes para discriminação e classificação das amostras. Além disso, a análise via NIR também proporcionou vanta-gens como: menor custo operacional, maior simplicidade e rapidez nas análises, pouca manipulação e não destruição das amostras, além de dispensar o uso de reagentes quando comparada a ensaios colorimétri-cos.

A construção de curvas de calibração via NIR a partir dos dados de varredura obtidos via UV-vis foi uma alternativa desenvolvida que poderá ser utilizada, posteriormente, para determinação do conteúdo de

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165 fenólicos e flavonoides totais em amostras desconhecidas de forma não destrutiva e mais rápida.

Dessa maneira, o conjunto de resultados dos diferentes experi-mentos conduzidos nesta tese evidenciam que o sistema de plantio dire-to agroecológico de hortaliças, mesmo com a baixa entrada de insumos e sem o uso de agroquímicos, por conta do uso contínuo das espécies de plantas de cobertura, aumentou o rendimento da cebola, melhorou os atributos químicos do solo e reduziu a emergência de plantas espontâ-neas no período crítico de desenvolvimento da cebola. Além disso, nas espécies de plantas de cobertura utilizadas no SPDH foram encontrados compostos fenólicos com potencial alelopático, e o conteúdo desses compostos variou de acordo com o estádio fenológico das plantas, sendo mais evidente aos 80 e 100 DAS para o nabo-forrageiro, aos 60 DAS para o centeio e aos 100 DAS para a aveia-preta.

Como sugestão para a continuidade do experimento, propõem-se a redução das quantidades de adubos fosfatados e de origem animal que estão sendo adicionados ao sistema de produção ou a instalação de outro experimento com diferentes doses de adubos, visto que os atributos químicos do solo, principalmente os teores de matéria orgânica, K tro-cável e P disponível, podem estar sendo mascarados pela adubação de base da cebola, não refletindo de fato a ciclagem dos nutrientes por parte das espécies de plantas de cobertura.

Para os trabalhos futuros, poderiam ser realizados experimentos que simulem as interações entre os compostos químicos identificados nos extratos de centeio, nabo-forrageiro e aveia-preta, tanto em ambien-te controlado quanto no solo. Com isso, seria possível verificar as quan-tidades que limitam o desenvolvimento de plântulas e/ou a germinação de sementes de plantas espontâneas. Recomendam-se, ainda, experimen-tos com a aplicação de extratos das espécies e de padrões comerciais com potencial alelopático em sementes de plantas espontâneas.

Sugere-se o estudo de compostos fenólicos produzidos por essas espécies, tanto da parte aérea como das raízes, em outros estádios feno-lógicos e simulando condições de estresse para estas plantas, como o déficit hídrico, aplicação de herbicidas, diferentes luminosidades, altera-ções nos atributos químicos e entre outros, para observar qual o efeito dessas variações nos teores desses compostos.

Neste sentido, com esta pesquisa buscou-se gerar informações pa-ra eliminar a dependência de insumos químicos e minimizar os riscos de contaminações por agrotóxicos. Estas mudanças são importantes para o processo de transição do sistema de produção convencional para o de produção mais rentável e baseada nos princípios agroecológicos. O es-

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166 tudo gerou conhecimento e informações sobre a produção de cebola em sistema de plantio direto e conhecimentos sobre a fitoquímica das espé-cies de plantas de cobertura utilizadas no experimento e na região do Alto Vale do Itajaí (SC).

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197

APÊNDICE A

Tabela 24. Principais espécies de plantas espontâneas encontradas em solos cultivados com cebola ao longo de 7 anos em sistema de plantio direto agroecológico. Nome científico Nome popular Família

Amaranthus lividus Caruru Amaranthaceae Oxalis spp. Oxalis Oxalidaceae Cyperus spp. Tiririca Cyperaceae Cynodon spp. Capim Poaceae Stachys arvensis Orelha-de-urso Lamiaceae Rumex obtusifolius Língua-de-vaca Polygnaceae Veronica spp. Mentinha Plantaginaceae Galinsoga parviflora Picão-branco Asteraceae Euphorbia heterophylla Leiteiro Euphorbiaceae Apium leptophylum Mastruço Apiaceae Silene galica Alfinete Caryophyllaceae Stellaria media Erva-de-passarinho Caryophyllaceae Sonchus oleraceus Serralha Asteraceae Artemisia verlotorum Losna Asteraceae Sonchus oleraceus Serralha Asteraceae Phyllanthus corcovadensis Quebra-pedra Euphorbiaceae Ipomea grandifolia Corda-de-viola Convolvulaceae Gnaphalium spicatum Macela Asteraceae Plantago berroi Plantago Plantaginaceae Sida spp. Guanxuma Malvaceae Euphorbia brasiliensis Erva-andorinha Euphorbiaceae Spermacoce latifolia Erva-quente Rubiaceae Bidens pilosa Picão-preto Asteraceae Erechtites hieraciifolius Caruru amargoso Asteraceae

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APÊNDICE B

Tabela 25. Comparação dos resultados de compostos fenólicos totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtidos pelos métodos referência e NIR aplicando o modelo de regressão PLS.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % Aveia 15d 2,7926 2,329 0,4636 -16,6 Aveia 15d 3,1654 3,087 0,0784 -2,5 Aveia 15d 2,8444 3,26 -0,4156 14,6 Aveia 30d 2,6339 2,759 -0,1251 4,7 Aveia 30d 2,4205 2,914 -0,4935 20,4 Aveia 30d 2,2402 2,797 -0,5568 24,9 Aveia 100d 8,2938 6,869 1,4248 -17,2 Aveia 100d 7,2370 6,894 0,343 -4,7 Aveia 100d 7,7654 6,819 0,9464 -12,2 C+ N 15d 2,7827 2,473 0,3097 -11,1 C+ N 15d 2,8753 2,635 0,2403 -8,4 C+ N 15d 3,4259 2,559 0,8669 -25,3 N+C 15d 7,4024 6,749 0,6534 -8,8 N+C 15d 4,9333 6,77 -1,8367 37,2 N+C 15d 7,6494 6,716 0,9334 -12,2 C+N 30d 1,3649 1,392 -0,0271 2,0 C+N 30d 1,3570 1,45 -0,093 6,9 C+N 30d 1,5409 1,571 -0,0301 2,0 C+N 60d 7,7913 10,12 -2,3287 29,9 C+N 60d 8,9565 10,15 -1,1935 13,3 C+N 60d 8,3739 10,24 -1,8661 22,3 N+C 60d 12,6695 13,07 -0,4005 3,2 N+C 60d 15,7391 13,18 2,5591 -16,3 N+C 60d 14,2043 13,2 1,0043 -7,1 C+N 80d 7,5333 7,246 0,2873 -3,8 C+N 80d 6,2272 7,06 -0,8328 13,4 C+N 80d 7,5951 7,118 0,4771 -6,3 N+C 80d 19,4568 17,02 2,4368 -12,5 N+C 80d 19,7037 16,69 3,0137 -15,3 C+N 100d 3,8468 3,313 0,5338 -13,9 C+N 100d 4,1928 3,809 0,3838 -9,2 C+N 100d 3,5342 4,285 -0,7508 21,2 A+N 15d 4,0284 4,562 -0,5336 13,2 A+N 15d 3,7049 4,82 -1,1151 30,1 A+N 15d 3,6481 4,912 -1,2639 34,6 N+A 15d 5,0222 3,466 1,5562 -31,0 N+A 15d 5,2654 3,828 1,4374 -27,3

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200 Continuação da Tabela 25.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+A 15d 4,7666 4,046 0,7206 -15,1 A+N 30d 1,8224 2,726 -0,9036 49,6 A+N 30d 1,4149 2,673 -1,2581 88,9 A+N 30d 2,1766 2,468 -0,2914 13,4 N+A 60d 18,4869 18,53 -0,0431 0,2 N+A 60d 18,2000 18,46 -0,26 1,4 N+A 60d 18,7739 18,46 0,3139 -1,7 A+N 100d 5,5235 6,257 -0,7335 13,3 A+N 100d 5,8123 6,198 -0,3857 6,6 A+N 100d 5,9259 6,126 -0,2001 3,4 N+A 100d 13,4414 16,79 -3,3486 24,9 N+A 100d 15,3333 16,66 -1,3267 8,7 N+A 100d 17,2252 16,66 0,5652 -3,3

Centeio 15d 3,5907 1,956 1,6347 -45,5 Centeio 15d 3,0642 2,516 0,5482 -17,9 Centeio 15d 4,1273 2,582 1,5453 -37,4 Centeio 30d 3,4757 3,436 0,0397 -1,1 Centeio 30d 2,2897 3,703 -1,4133 61,7 Centeio 30d 2,7485 3,567 -0,8185 29,8 Centeio 60d 8,3243 9,207 -0,8827 10,6 Centeio 60d 8,4234 9,498 -1,0746 12,8 Centeio 60d 8,3693 9,389 -1,0197 12,2 Centeio 80d 5,2395 5,719 -0,4795 9,2 Centeio 80d 7,9827 5,787 2,1957 -27,5 Centeio 80d 7,9136 5,681 2,2326 -28,2 Centeio 100d 3,8900 4,563 -0,673 17,3 Centeio 100d 3,0459 4,726 -1,6801 55,2 Centeio 100d 4,1369 4,827 -0,6901 16,7

Nabo 60d 13,4865 16,31 -2,8235 20,9 Nabo 60d 15,4144 16,33 -0,9156 5,9 Nabo 60d 17,4144 16,34 1,0744 -6,2 Nabo 80d 19,0493 16,42 2,6293 -13,8 Nabo 80d 18,7901 16,76 2,0301 -10,8 Nabo 80d 20,4691 16,69 3,7791 -18,5 Nabo 100d 17,1150 15,97 1,145 -6,7 Nabo 100d 18,3274 15,82 2,5074 -13,7 Nabo 100d 19,5398 15,77 3,7698 -19,3 C+ N 15d 3,4123 1,809 1,6033 -47,0 C+ N 15d 4,1975 2,107 2,0905 -49,8 C+ N 15d 3,8049 2,253 1,5519 -40,8

Page 201: Tese Monique Souza - UFSC

201 Continuação da Tabela 25.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+C 15d 5,0506 5,598 -0,5474 10,8 N+C 15d 5,1543 5,687 -0,5327 10,3 N+C 15d 5,1593 5,695 -0,5357 10,4 C+N 30d 2,1514 2,288 -0,1366 6,3 C+N 30d 2,1990 2,458 -0,259 11,8 C+N 30d 2,1037 2,48 -0,3763 17,9 C+N 60d 12,3217 10,58 1,7417 -14,1 C+N 60d 13,1478 10,51 2,6378 -20,1 C+N 60d 11,6695 10,46 1,2095 -10,4

Centeio 60d 6,8108 9,485 -2,6742 39,3 Centeio 60d 7,8198 9,41 -1,5902 20,3 Centeio 60d 7,3153 9,331 -2,0157 27,6

N+C 60d 11,8035 14,92 -3,1165 26,4 N+C 60d 11,9374 14,78 -2,8426 23,8 N+C 60d 11,1243 14,53 -3,4057 30,6 C+N 80d 7,1185 8,044 -0,9255 13,0 C+N 80d 7,2741 8,04 -0,7659 10,5 C+N 80d 7,2000 7,948 -0,748 10,4 N+C 80d 20,9629 17,14 3,8229 -18,2 C+N 100d 3,6802 4,878 -1,1978 32,5 C+N 100d 3,2919 5,255 -1,9631 59,6 C+N 100d 3,7432 5,483 -1,7398 46,5 N+C 100d 16,6372 18,21 -1,5728 9,5 N+C 100d 16,2832 17,96 -1,6768 10,3 N+C 100d 17,3451 18,02 -0,6749 3,9

Centeio 15d 4,3271 2,765 1,5621 -36,1 Centeio 15d 4,0444 2,844 1,2004 -29,7 Centeio 15d 4,2123 2,901 1,3113 -31,1 Centeio 30d 2,6636 1,109 1,5546 -58,4 Centeio 30d 2,2800 1,273 1,007 -44,2 Centeio 30d 2,3181 1,364 0,9541 -41,2 Centeio 80d 6,3802 7,12 -0,7398 11,6 Centeio 80d 6,4914 7,206 -0,7146 11,0 Centeio 80d 7,1012 7,103 -0,0018 0,0 Centeio 100d 4,5180 5,798 -1,28 28,3 Centeio 100d 5,3018 5,818 -0,5162 9,7 Centeio 100d 5,0630 5,9 -0,837 16,5

A+N 15d 4,6037 4,777 -0,1733 3,8 A+N 15d 4,7383 5,314 -0,5757 12,1 A+N 15d 4,8061 5,628 -0,8219 17,1 N+A 15d 3,9963 5,054 -1,0577 26,5 N+A 15d 4,3407 5,008 -0,6673 15,4 N+A 15d 4,4926 4,406 0,0866 -1,9 A+N 30d 2,1084 2,871 -0,7626 36,2

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202 Continuação da Tabela 25.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % A+N 30d 2,0598 3,126 -1,0662 51,8 A+N 30d 2,3280 3,194 -0,866 37,2 N+A 60d 13,4696 16,33 -2,8604 21,2 N+A 60d 15,6609 16,16 -0,4991 3,2 N+A 60d 14,6609 16,25 -1,5891 10,8 N+A 80d 18,2099 17,81 0,3999 -2,2 N+A 80d 20,5061 17,67 2,8361 -13,8 N+A 80d 20,5061 17,51 2,9961 -14,6 A+N 100d 5,4913 6,687 -1,1957 21,8 A+N 100d 5,9580 6,833 -0,875 14,7 A+N 100d 6,5802 6,751 -0,1708 2,6 N+A 100d 15,4864 17,13 -1,6436 10,6 N+A 100d 20,1081 16,91 3,1981 -15,9 N+A 100d 16,2882 16,85 -0,5618 3,4 Nabo 15d 5,7913 4,922 0,8693 -15,0 Nabo 15d 6,7049 5,272 1,4329 -21,4 Nabo 15d 6,2383 5,914 0,3243 -5,2 Nabo 60d 14,4054 16,52 -2,1146 14,7 Nabo 60d 14,4414 16,65 -2,2086 15,3 Nabo 60d 14,4774 16,55 -2,0726 14,3 Nabo 80d 16,5308 15,93 0,6008 -3,6 Nabo 80d 18,1851 15,93 2,2551 -12,4 Nabo 80d 14,8642 15,65 -0,7858 5,3 Nabo 100d 18,3539 16,94 1,4139 -7,7 Nabo 100d 19,2389 16,82 2,4189 -12,6 Nabo 100d 19,5309 16,76 2,7709 -14,2 Aveia 15d 4,2844 2,068 2,2164 -51,7 Aveia 15d 3,2383 2,266 0,9723 -30,0 Aveia 15d 4,0765 2,355 1,7215 -42,2 Aveia 30d 2,5645 2,511 0,0535 -2,1 Aveia 30d 2,5664 2,554 0,0124 -0,5 Aveia 30d 2,8168 2,488 0,3288 -11,7 Aveia 100d 6,4691 8,02 -1,5509 24,0 Aveia 100d 6,1506 8,083 -1,9324 31,4 Aveia 100d 6,5506 8,126 -1,5754 24,0 A+N 15d 2,7481 2,938 -0,1899 6,9 A+N 15d 2,9605 3,749 -0,7885 26,6 A+N 15d 3,0086 3,98 -0,9714 32,3 N+A 15d 3,9753 6,359 -2,3837 60,0 N+A 15d 3,9432 6,629 -2,6858 68,1 N+A 15d 4,8740 6,873 -1,999 41,0 A+N 30d 2,1859 1,621 0,5649 -25,8 A+N 30d 2,1336 1,811 0,3226 -15,1 A+N 30d 2,0093 1,892 0,1173 -5,8

Page 203: Tese Monique Souza - UFSC

203 Continuação da Tabela 25.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+A 60d 15,2434 18,7 -3,4566 22,7 N+A 80d 19,4938 16,95 2,5438 -13,0 N+A 80d 20,0000 16,87 3,13 -15,7 A+N 100d 6,2148 7,324 -1,1092 17,8 A+N 100d 7,4568 7,309 0,1478 -2,0 A+N 100d 7,1062 7,309 -0,2028 2,9 N+A 100d 20,4054 16,49 3,9154 -19,2 N+A 100d 19,7477 16,56 3,1877 -16,1 N+A 100d 17,4684 16,55 0,9184 -5,3 Aveia 15d 3,8605 2,451 1,4095 -36,5 Aveia 15d 3,6950 2,667 1,028 -27,8 Aveia 15d 4,0284 2,877 1,1514 -28,6 Aveia 30d 2,4136 2,466 -0,0524 2,2 Aveia 30d 2,5056 2,488 0,0176 -0,7 Aveia 30d 2,3215 2,448 -0,1265 5,4 Aveia 100d 7,3802 7,352 0,0282 -0,4 Aveia 100d 7,2123 7,457 -0,2447 3,4 Aveia 100d 7,3012 7,373 -0,0718 1,0 Nabo 15d 4,4025 2,365 2,0375 -46,3 Nabo 15d 3,2703 2,398 0,8723 -26,7 Nabo 15d 3,5284 2,311 1,2174 -34,5 Nabo 60d 13,9279 17,1 -3,1721 22,8 Nabo 60d 15,5946 17,01 -1,4154 9,1 Nabo 60d 17,1531 17 0,1531 -0,9 Nabo 100d 16,4026 17,8 -1,3974 8,5 Centeio 15d 4,1679 1,497 2,6709 -64,1 Centeio 15d 3,6666 1,933 1,7336 -47,3 Centeio 15d 3,4000 2,115 1,285 -37,8 Centeio 30d 2,2486 2,345 -0,0964 4,3 Centeio 30d 2,0346 2,604 -0,5694 28,0 Centeio 30d 2,5327 2,68 -0,1473 5,8 Centeio 60d 9,9913 10 -0,0087 0,1 Centeio 60d 10,1304 9,811 0,3194 -3,2 Centeio 60d 10,2782 9,754 0,5242 -5,1 Centeio 80d 6,7555 5,293 1,4625 -21,6 Centeio 80d 6,6975 6,275 0,4225 -6,3 Centeio 80d 6,6395 6,527 0,1125 -1,7 Centeio 100d 5,2396 6,171 -0,9314 17,8 Centeio 100d 6,1928 6,076 0,1168 -1,9 Centeio 100d 4,3243 6,241 -1,9167 44,3

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204 Continuação da Tabela 25.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

----------------------mg g-1----------------------- % C+ N 15d 1,5061 3,457 -1,9509 129,5 C+ N 15d 1,8037 4,028 -2,2243 123,3 C+ N 15d 1,5370 4,087 -2,55 165,9 N+C 15d 7,5247 7,29 0,2347 -3,1 N+C 15d 7,4136 7,731 -0,3174 4,3 N+C 15d 8,1975 7,645 0,5525 -6,7 C+N 30d 1,8473 2,569 -0,7217 39,1 C+N 30d 2,0499 2,706 -0,6561 32,0 C+N 30d 1,9486 2,677 -0,7284 37,4 C+N 60d 12,5304 11,43 1,1004 -8,8 C+N 60d 11,8609 11,69 0,1709 -1,4 C+N 60d 13,0956 11,84 1,2556 -9,6 N+C 60d 13,7043 16,67 -2,9657 21,6 N+C 60d 13,6608 16,6 -2,9392 21,5 N+C 60d 14,3913 16,65 -2,2587 15,7 C+N 80d 7,3654 6,345 1,0204 -13,9 C+N 80d 7,9333 6,231 1,7023 -21,5 C+N 80d 8,6346 6,15 2,4846 -28,8 N+C 80d 18,0864 16,83 1,2564 -6,9 C+N 100d 3,1621 3,751 -0,5889 18,6 C+N 100d 4,6757 4,427 0,2487 -5,3 C+N 100d 4,0315 4,479 -0,4475 11,1 N+C 100d 16,7257 17,56 -0,8343 5,0 N+C 100d 17,2566 17,57 -0,3134 1,8 N+C 100d 16,6372 17,52 -0,8828 5,3

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205 Tabela 26. Comparação dos resultados de flavonoides totais (mg g-1) para as amostras do conjunto de validação externa obtidos pelos métodos referência e NIR aplicando o modelo de regressão PLS.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % Aveia 15d 0,8279 1,958 -1,1301 136,5 Aveia 15d 0,8481 1,328 -0,4799 56,6 Aveia 15d 0,6817 1,368 -0,6863 100,7 Aveia 30d 1,0912 1,284 -0,1928 17,7 Aveia 30d 0,8346 1,606 -0,7714 92,4 Aveia 30d 0,9102 1,524 -0,6138 67,4 Aveia 100d 2,4327 2,394 0,0387 -1,6 Aveia 100d 2,3212 2,382 -0,0608 2,6 Aveia 100d 1,7519 2,511 -0,7591 43,3 C+ N 15d 0,7182 0,9737 -0,2555 35,6 C+ N 15d 0,6279 0,7427 -0,1148 18,3 C+ N 15d 0,8721 1,066 -0,1939 22,2 N+C 15d 0,8764 1,21 -0,3336 38,1 N+C 15d 0,8884 1,337 -0,4486 50,5 N+C 15d 0,8644 1,169 -0,3046 35,2 C+N 30d 0,3916 -0,8247 1,2163 -310,6 C+N 30d 0,5317 -0,2158 0,7475 -140,6 C+N 30d 0,4336 -0,2069 0,6405 -147,7 C+N 60d 4,6068 4,051 0,5558 -12,1 C+N 60d 5,5384 3,976 1,5624 -28,2 C+N 60d 5,3418 4,031 1,3108 -24,5 N+C 60d 5,5777 5,16 0,4177 -7,5 N+C 60d 7,3846 5,007 2,3776 -32,2 N+C 60d 4,8974 5,222 -0,3246 6,6 C+N 80d 1,9846 2,344 -0,3594 18,1 C+N 80d 2,1500 2,149 0,001 0,0 C+N 80d 2,3154 2,192 0,1234 -5,3 N+C 80d 5,6346 6,808 -1,1734 20,8 N+C 80d 5,7308 6,715 -0,9842 17,2 N+C 80d 4,9615 6,668 -1,7065 34,4 C+N 100d 1,7591 1,733 0,0261 -1,5 C+N 100d 1,9461 1,944 0,0021 -0,1 C+N 100d 1,5700 2,035 -0,465 29,6 A+N 15d 1,0298 1,012 0,0178 -1,7 A+N 15d 0,9250 0,9073 0,0177 -1,9 A+N 15d 1,1798 0,9357 0,2441 -20,7 N+A 15d 1,8663 2,782 -0,9157 49,1 N+A 15d 2,1461 3,016 -0,8699 40,5

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206 Continuação da Tabela 26.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+A 15d 2,0062 3,053 -1,0468 52,2 A+N 30d 0,5598 0,5828 -0,023 4,1 A+N 30d 0,5583 0,3993 0,159 -28,5 A+N 30d 0,5168 0,786 -0,2692 52,1 N+A 60d 8,9231 7,637 1,2861 -14,4 N+A 60d 9,2905 7,713 1,5775 -17,0 N+A 80d 7,8654 7,49 0,3754 -4,8 N+A 80d 7,1731 7,411 -0,2379 3,3 A+N 100d 2,0096 2,319 -0,3094 15,4 A+N 100d 2,3115 2,386 -0,0745 3,2 A+N 100d 2,0692 2,242 -0,1728 8,4 N+A 100d 8,6239 6,238 2,3859 -27,7 N+A 100d 8,6154 6,113 2,5024 -29,0 N+A 100d 8,4188 6,208 2,2108 -26,3

Centeio 15d 0,7538 0,5996 0,1542 -20,5 Centeio 15d 0,7067 0,5533 0,1534 -21,7 Centeio 15d 1,5557 0,8003 0,7554 -48,6 Centeio 30d 0,9308 0,8219 0,1089 -11,7 Centeio 30d 0,9635 1,586 -0,6225 64,6 Centeio 30d 0,8981 1,562 -0,6639 73,9 Centeio 60d 4,6147 3,752 0,8627 -18,7 Centeio 60d 4,6147 3,58 1,0347 -22,4 Centeio 60d 4,6311 3,65 0,9811 -21,2 Centeio 80d 1,7269 1,864 -0,1371 7,9 Centeio 80d 2,3692 1,824 0,5452 -23,0 Centeio 80d 2,4346 1,882 0,5526 -22,7 Centeio 100d 1,5949 1,765 -0,1701 10,7 Centeio 100d 1,4777 1,696 -0,2183 14,8 Centeio 100d 1,3607 1,624 -0,2633 19,4

Nabo 15d 2,5307 4,207 -1,6763 66,2 Nabo 15d 2,5096 4,708 -2,1984 87,6 Nabo 15d 2,5981 4,966 -2,3679 91,1 Nabo 60d 5,9672 6,466 -0,4988 8,4 Nabo 60d 6,0737 6,389 -0,3153 5,2 Nabo 60d 5,8114 6,353 -0,5416 9,3 Nabo 80d 6,5769 6,24 0,3369 -5,1 Nabo 80d 7,6731 6,573 1,1001 -14,3 Nabo 80d 6,3750 6,581 -0,206 3,2 Nabo 100d 6,2522 6,343 -0,0908 1,5 Nabo 100d 7,1565 6,389 0,7675 -10,7 Nabo 100d 8,0609 6,265 1,7959 -22,3 C+ N 15d 0,4980 0,3083 0,1897 -38,1 C+ N 15d 0,6230 -0,01069 0,63369 -101,7 C+ N 15d 1,3356 0,2461 1,0895 -81,6

Page 207: Tese Monique Souza - UFSC

207 Continuação da Tabela 26.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+C 15d 1,8846 4,547 -2,6624 141,3 N+C 15d 1,7711 4,224 -2,4529 138,5 C+N 30d 0,5200 0,3792 0,1408 -27,1 C+N 30d 0,5495 0,04755 0,50195 -91,3 C+N 30d 0,4906 0,2518 0,2388 -48,7 C+N 60d 7,4701 3,862 3,6081 -48,3 C+N 60d 6,1196 3,872 2,2476 -36,7 C+N 60d 6,1196 3,787 2,3326 -38,1

Centeio 60d 2,9672 3,69 -0,7228 24,4 Centeio 60d 3,6148 3,716 -0,1012 2,8 Centeio 60d 3,6557 5,798 -2,1423 58,6

N+C 60d 5,2931 5,817 -0,5239 9,9 N+C 60d 6,5248 5,832 0,6928 -10,6 N+C 60d 5,8666 2,285 3,5816 -61,1 C+N 80d 3,3000 2,243 1,057 -32,0 C+N 80d 3,5385 2,202 1,3365 -37,8 C+N 80d 3,4000 6,544 -3,144 92,5 N+C 80d 7,7403 6,561 1,1793 -15,2 N+C 80d 8,0096 6,484 1,5256 -19,0 N+C 80d 8,5288 1,394 7,1348 -83,7 C+N 100d 1,2419 1,63 -0,3881 31,3 C+N 100d 1,1906 1,586 -0,3954 33,2 C+N 100d 3,2094 7,222 -4,0126 125,0 N+C 100d 7,8261 7,235 0,5911 -7,6 N+C 100d 8,1739 7,076 1,0979 -13,4 N+C 100d 8,0000 0,9952 7,0048 -87,6

Centeio 15d 1,0769 0,9037 0,1732 -16,1 Centeio 15d 0,9807 1,034 -0,0533 5,4 Centeio 15d 0,8702 -0,09589 0,96609 -111,0 Centeio 30d 0,6393 0,0659 0,5734 -89,7 Centeio 30d 0,6011 -0,1595 0,7606 -126,5 Centeio 30d 0,4879 2,248 -1,7601 360,8 Centeio 80d 2,7557 2,345 0,4107 -14,9 Centeio 80d 2,4462 2,181 0,2652 -10,8 Centeio 80d 2,6846 1,896 0,7886 -29,4 Centeio 100d 1,5444 1,866 -0,3216 20,8 Centeio 100d 1,6932 1,874 -0,1808 10,7 Centeio 100d 1,8906 1,188 0,7026 -37,2

A+N 15d 1,5009 1,154 0,3469 -23,1 A+N 15d 1,5403 1,301 0,2393 -15,5 A+N 15d 1,5163 3,548 -2,0317 134,0 N+A 15d 1,1692 3,269 -2,0998 179,6 N+A 15d 0,9634 3,55 -2,5866 268,5 N+A 15d 0,9336 1,932 -0,9984 106,9 A+N 30d 0,665 4,547 -3,882 583,8

Page 208: Tese Monique Souza - UFSC

208 Continuação da Tabela 26.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % A+N 30d 0,4609 2,703 -2,2421 486,5 A+N 30d 0,5697 2,207 -1,6373 287,4 N+A 60d 8,4359 6,461 1,9749 -23,4 N+A 60d 7,9658 6,376 1,5898 -20,0 N+A 80d 5,2596 6,514 -1,2544 23,8 N+A 80d 8,3365 7,443 0,8935 -10,7 N+A 80d 7,3557 7,523 -0,1673 2,3 A+N 100d 2,1057 7,317 -5,2113 247,5 A+N 100d 1,925 2,972 -1,047 54,4 A+N 100d 2,3942 2,791 -0,3968 16,6 Nabo 15d 2,6894 2,811 -0,1216 4,5 Nabo 15d 3,0634 3,324 -0,2606 8,5 Nabo 15d 2,8461 3,573 -0,7269 25,5 Nabo 60d 5,918 3,533 2,385 -40,3 Nabo 60d 4,4836 6,52 -2,0364 45,4 Nabo 60d 5,2951 6,445 -1,1499 21,7 Nabo 80d 6,3462 6,423 -0,0768 1,2 Nabo 80d 6,5576 5,507 1,0506 -16,0 Nabo 80d 7,1154 5,5 1,6154 -22,7 Nabo 100d 5,9652 5,467 0,4982 -8,4 Nabo 100d 6,4086 7,089 -0,6804 10,6 Nabo 100d 6,8522 6,992 -0,1398 2,0 Aveia 15d 0,8750 7,02 -6,145 702,3 Aveia 15d 0,7519 0,129 0,6229 -82,8 Aveia 15d 0,8923 0,3895 0,5028 -56,3 Aveia 30d 0,8794 0,2475 0,6319 -71,9 Aveia 30d 0,9504 1,005 -0,0546 5,7 Aveia 30d 0,9019 1,285 -0,3831 42,5 Aveia 100d 2,4615 0,9086 1,5529 -63,1 Aveia 100d 2,2192 2,753 -0,5338 24,1 Aveia 100d 3,1115 2,806 0,3055 -9,8 A+N 15d 0,9046 2,735 -1,8304 202,3 A+N 15d 0,9542 0,6395 0,3147 -33,0 A+N 15d 0,9681 0,6584 0,3097 -32,0 N+A 15d 1,4105 0,6722 0,7383 -52,3 N+A 15d 1,0971 3,5 -2,4029 219,0 N+A 15d 1,3990 3,667 -2,268 162,1 A+N 30d 0,3458 3,583 -3,2372 936,1 A+N 30d 0,3766 0,6248 -0,2482 65,9 A+N 30d 0,3000 0,9229 -0,6229 207,6 N+A 60d 9,0085 0,7519 8,2566 -91,7 N+A 60d 8,7179 7,37 1,3479 -15,5

Page 209: Tese Monique Souza - UFSC

209 Continuação da Tabela 26.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % N+A 60d 8,8632 7,244 1,6192 -18,3 N+A 80d 6,9038 6,482 0,4218 -6,1 N+A 80d 6,6923 6,355 0,3373 -5,0 N+A 80d 6,6923 6,502 0,1903 -2,8 A+N 100d 2,4288 2,676 -0,2472 10,2 A+N 100d 2,298 2,567 -0,269 11,7 A+N 100d 1,9115 2,516 -0,6045 31,6 Aveia 15d 0,9769 0,5759 0,401 -41,0 Aveia 15d 0,7106 0,5309 0,1797 -25,3 Aveia 15d 0,8423 0,7104 0,1319 -15,7 Aveia 30d 0,9191 0,5566 0,3625 -39,4 Aveia 30d 1,0588 0,2847 0,7741 -73,1 Aveia 30d 0,7794 0,2884 0,491 -63,0 Aveia 100d 2,9096 3,069 -0,1594 5,5 Aveia 100d 2,4269 2,969 -0,5421 22,3 Aveia 100d 2,4481 2,91 -0,4619 18,9 Nabo 15d 1,3163 2,565 -1,2487 94,9 Nabo 15d 0,9365 2,675 -1,7385 185,6 Nabo 15d 1,1264 2,431 -1,3046 115,8 Nabo 60d 6,418 6,983 -0,565 8,8 Nabo 60d 6,0401 6,918 -0,8779 14,5 Nabo 60d 6,8688 7,013 -0,1442 2,1 Nabo 80d 6,4038 7,436 -1,0322 16,1 Nabo 80d 6,6923 7,264 -0,5717 8,5 Nabo 80d 6,6923 7,537 -0,8447 12,6 Nabo 100d 6,313 7,122 -0,809 12,8 Nabo 100d 5,8347 7,192 -1,3573 23,3 Centeio 15d 0,6279 0,3196 0,3083 -49,1 Centeio 15d 0,9038 0,4715 0,4323 -47,8 Centeio 15d 0,7654 0,6752 0,0902 -11,8 Centeio 30d 0,6916 0,4628 0,2288 -33,1 Centeio 30d 0,4009 1,048 -0,6471 161,4 Centeio 30d 0,6149 0,9358 -0,3209 52,2 Centeio 60d 5,0256 4,049 0,9766 -19,4 Centeio 60d 6,094 4,03 2,064 -33,9 Centeio 60d 5,5555 4,005 1,5505 -27,9 Centeio 80d 1,6173 1,791 -0,1737 10,7 Centeio 80d 1,2288 1,938 -0,7092 57,7 Centeio 80d 1,5635 2,126 -0,5625 36,0 Centeio 100d 2,1821 1,746 0,4361 -20,0 Centeio 100d 2,9359 1,973 0,9629 -32,8 Centeio 100d 2,5588 1,844 0,7148 -27,9

Page 210: Tese Monique Souza - UFSC

210 Continuação da Tabela 26.

Amostra Valor obtido pelo método de referência

Valor previsto pelo NIR

Resíduo Erro

-----------------------mg g-1---------------------- % C+ N 15d 2,4154 0,909 1,5064 -62,4 C+ N 15d 2,5404 1,065 1,4754 -58,1 C+ N 15d 2,5106 0,9642 1,5464 -61,6 N+C 15d 2,3154 4,083 -1,7676 76,3 N+C 15d 2,4865 4,394 -1,9075 76,7 N+C 15d 2,4869 4,458 -1,9711 79,3 C+N 30d 0,5181 0,07516 0,44294 -85,5 C+N 30d 0,4955 0,5503 -0,0548 11,1 C+N 30d 0,7834 1,088 -0,3046 38,9 C+N 60d 6,9461 4,743 2,2031 -31,7 C+N 60d 6,4017 4,764 1,6377 -25,6 C+N 80d 2,3346 2,037 0,2976 -12,7 C+N 80d 2,4654 2,197 0,2684 -10,9 C+N 80d 2,9635 2,057 0,9065 -30,6 N+C 80d 6,4134 7,088 -0,6746 10,5 N+C 80d 4,5673 6,928 -2,3607 51,7 N+C 80d 4,6346 6,911 -2,2764 49,1 C+N 100d 1,4077 2,128 -0,7203 51,2 C+N 100d 2,1863 2,277 -0,0907 4,1 C+N 100d 1,6316 2,368 -0,7364 45,1 N+C 100d 6,5217 7,212 -0,6903 10,6 N+C 100d 7,3043 7,159 0,1453 -2,0 N+C 100d 7,2174 7,037 0,1804 -2,5