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Estudo da interação solo-geogrelha em testes dearrancamento e a sua aplicação na análise

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  • Estudo da interao solo-geogrelha em testes dearrancamento e a sua aplicao na anlise e

    dimensionamento de macios reforados

    Sidnei Helder Cardoso Teixeira

    Tese apresentada Escola de Engenhariade So Carlos, da Universidade de SoPaulo, como parte dos requisitos paraobteno do ttulo de Doutor emGeotecnia.

    ORIENTADOR: Prof. Dr. Benedito de Souza Bueno

    So Carlos2003

  • ii

    Esta tese dedicada minha me,minha primeira orientadora.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Ao Professor Benedito Bueno, pela amizade e excelente orientao.

    Ao Departamento de Geotecnia da EESC, por oferecer a estrutura fsica e

    humana necessria realizao deste trabalho.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo FAPESP, pela

    bolsa de estudos e outros auxlios financeiros concedidos.

    Ao professor Jorge Zornberg por me receber e orientar durante o estgio na

    Universidade do Colorado.

    s empresas HUESKER Ltda., OBER Geossintticos e a MACCAFERRI do

    Brasil, por fornecer as geogrelhas usadas nos testes.

    A todos os colegas, professores e funcionrios do Departamento de Geotecnia,

    pela amizade e colaborao.

    Aos amigos Osvaldo, Eduardo DellAvanzi e Amaro Lins pela amizade e apoio

    durante o estgio em Boulder.

    A Celimar, pelos sacrifcios pessoais feitos em nome deste trabalho.

  • iv

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS

    pg.

    vii

    LISTA DE QUADROS xi

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS xii

    RESUMO xvii

    ABSTRACT xviii1- INTRODUO 1

    1.1- Introduo 1

    1.2- Objetivos 2

    1.3- Organizao do trabalho 2

    2- REVISO DE LITERATURA 6

    2.1- Introduo aos geossintticos 6

    2.2- Geogrelhas 8

    2.3- Ensaios para avaliar a interao sologeogrelha 11

    2.3.1- ASPR 13

    2.3.2- Cisalhamento direto com reforo inclinado 14

    2.3.3- Ensaio de trao confinada com solo 15

    2.3.4- O ensaio de arrancamento 15

    2.3.5- Ensaios de arrancamento de grande porte e no campo 19

    2.4- Interao sologeogrelha 20

    2.4.1- Mecanismo de transferncia de carga geogrelhasolo 21

    2.4.2- Resistncias por atrito e adeso 23

    2.4.3- Resistncia passiva dos elementos transversais 24

    2.4.4- Efeito das propriedades da incluso 28

    2.4.5- Efeito do tipo de solo 29

    2.4.6- Efeitos do confinamento e da dilatncia 33

    2.5- Modelos do comportamento solo geogrelha 37

    2.5.1- Mtodo de Jewell et al. (1984) 38 2.5.2- O modelo hiperblico 40

    2.5.3- Modelo de Bergado & Chai (1994) 43

    2.6- Taludes e muros de conteno reforados 47

    3- MATERIAIS E MTODOS 52

  • v

    3.1- Equipamento de grande porte da EESC 52

    3.2- Procedimento de ensaio utilizado com o equipamento da EESC 55

    3.3- Equipamento de grande porte da Universidade do Colorado 57

    3.4- Procedimento de ensaio utilizado com o equipamento da Universidade

    do Colorado 58

    3.5- Equipamento de pequeno porte 61

    3.6- Procedimento de ensaio utilizado com o equipamento de pequeno porte 63

    3.7- Equipamento de ensaios em elemento 64

    3.8- Procedimento de ensaio utilizado com o equipamento de ensaios emelementos 67

    3.9- Solos 68

    3.10- Geogrelhas 70

    4- ESTUDO 1: AVALIAO EXPERIMENTAL DE FATORES QUE IN-FLUENCIAM NA RESISTNCIA AO ARRANCAMENO DEGEOGRELHAS

    75

    4.1- Introduo 75

    4.2- Programa de testes 75

    4.3- Resultados 77

    4.4- Anlise dos resultados 78

    4.5- Concluses 88

    4.6- Anexo do captulo 4 89

    5- ESTUDO 2: EFEITO DA PORO-PRESSO NO ARRANCAMENTO DEGEOGRELHAS SOB DISTINTAS CONDIES DE DRENAGEM 107

    5.1- Introduo 107

    5.2- Programa de testes 107

    5.3- Resultados 108

    5.4- Anlise dos resultados 118

    5.5- Concluses 120

    6- ESTUDO 3: AVALIAO DAS CONTRIBUIES DOS ELEMENTOSLONGITUDINAIS E TRANSVERSAIS NA RESISTNCIA AO ARRANCA-MENTO DE GEOGRELHAS

    121

    6.1- Introduo 121

    6.2- Programa de testes 121

    6.3- Compactao do solo 122

    6.4- Resultados dos testes 124

    6.5- Modelo numrico para ensios em elementos 126

  • vi

    6.6- Simulaes 129

    6.7- Anlise dos resultados 133

    6.8- Concluses 136

    7- ESTUDO 4: USO DE ENSAIOS DE ARRANCAMENTO DE PEQUENOPORTE PARA TESTAR GEOGRELHAS EM SOLOS FINOS 137

    7.1- Introduo 137

    7.2- Programa de testes 137

    7.3- Resultados 138

    7.4- Modelo para testes de pequeno porte 142

    7.5- Simulaes 144

    7.6- Anlises paramtricas 148

    7.7- Anlise dos resultados 151

    7.8- Concluses 153

    8- ESTUDO 5: OBTENO DE PARMETROS DE RESISTNCIA AOARRANCAMENTO 154

    8.1- Introduo 154

    8.2- Programa de testes 154

    8.3- Resultados 155

    8.4- Anlise dos resultados 157

    8.5- Concluses 165

    8.6- Anexo do captulo 8 167

    9- MTODO PARA DETERMINAO DE ESFOROS DE TRAO NASINCLUSES DE MUROS EM SOLO REFORADO 185

    9.1- Introduo 185

    9.2- Hipteses do modelo 185

    9.3- Descrio do mtodo 187

    9.4- Simulaes 193

    9.4.1- Programa de simulaes 193

    9.4.2- Anlise das simulaes 194

    9.5- Concluses 204

    9.6- Anexo do captulo 9 205

    10- Concluses 209

    Referncias bibliogrficas 211

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 2.1- Elementos componentes de uma geogrelha

    pg.

    8

    FIGURA 2.2- Monmeros dos principais polmeros dos geossintticos 10

    FIGURA 2.3- Esquema ilustrativo dos ensaios de cisalhamento direto e dearrancamento

    12

    FIGURA 2.4- Movimentos relativos entre o solo e as incluses, em alguns caso insitu e o teste de laboratrio correspondente

    13

    FIGURA 2.5- Diagrama esquemtico do equipamento APSR 14

    FIGURA 2.6- Esquema ilustrativo do ensaio de cisalhamento direto com reforoinclinado

    14

    FIGURA 2.7- Esquema do ensaio de trao confinada com solo 15

    FIGURA 2.8- Representao de um ensaio de arrancamento no campo 20

    FIGURA 2.9- Relao entre a fora de arrancamento e o deslocamento de vriasjunes entre elementos transversais e longitudinais

    22

    FIGURA 2.10- Efeito dos elementos transversais na curva fora vs. deslocamento 26

    FIGURA 2.11- Mecanismo de ruptura por puncionamento 27

    FIGURA 2.12- Resistncia ao arrancamento em funo da tenso confinante 30

    FIGURA 2.13- Modelo do dente de serra para a dilatncia 33

    FIGURA 2.14- Mecanismo de interao conceitual para elementos da geogrelhas 35

    FIGURA 2.15- Variaes na tenso normal em funo dos deslocamentos duranteo ensaio de arrancamento

    36

    FIGURA 2.16- Correlao terica entre (b / v) e o 39

    FIGURA 2.17- Ajuste do modelo hiperblico a resultados de ensaios dearrancamento

    42

    FIGURA 2.18- Seo transversal da geogrelha 46

    FIGURA 2.19- Modos de ruptura de uma estrutura em solo reforado 48

    FIGURA 2.20- Zonas ativa e passiva de um muro reforado com geossinttico 50

    FIGURA 2.21- Componentes da fora de arrancamento 51

    FIGURA 3.1- Equipamento de grande porte da EESC 53

    FIGURA 3.2- Equipamento de ensaios de arrancamento da Universidade doColorado 57

    FIGURA 3.3- Sistema para medio dos deslocamentos 60

  • viii

    FIGURA 3.4- Caixa de testes de pequeno porte 62

    FIGURA 3.5- Caixa de ensaios de arrancamento em elementos longitudinais 65

    FIGURA 3.6- Caixa de ensaios de arrancamento em elementos transversais 66

    FIGURA 3.7- Curvas granulomtricas dos solos utilizados 69

    FIGURA 3.8- Curvas fora vs. deformao das geogrelhas Fortrac 72

    FIGURA 4.1- Efeito do comprimento na resistncia ao arrancamento e nodeslocamento frontal a 95% da fora mxima 79

    FIGURA 4.2- Efeito da sobrecarga aplicada na resistncia 95%, para distintosgraus de compactao do solo

    80

    FIGURA 4.3- Efeito da sobrecarga aplicada no deslocamento frontal, 95%, paradistintos grau de compactao do solo

    81

    FIGURA 4.4- Efeito do grau de compactao na resistncia 95% e nodeslocamento frontal, 95%

    82

    FIGURA 4.5- Curvas fora vs. deslocamento frontal das geogrelhas com e semelementos frontais

    83

    FIGURA 4.6- Efeito do espaamento entre elementos transversais na resistnciaao arrancamento 95%

    84

    FIGURA 4.7- Comparao entre os diferentes tipos de incluso 86

    FIGURA 5.1- Curva fora vs. deslocamento para o ensaio n. 1 Paragrid 110/15 110

    FIGURA 5.2- Curva fora vs. deslocamento para o ensaio n. 2 Paragrid 110/15 110

    FIGURA 5.3- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 3 Paragrid 110/15 111

    FIGURA 5.4- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 5 Paradrain 110/15 111

    FIGURA 5.5- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 6 Paradrain 110/15 112

    FIGURA 5.6- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 7 Paradrain 110/15 112

    FIGURA 5.7- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 4 Paragrid 110/15 113

    FIGURA 5.8- Presso neutra gerada durante o ensaio n. 4 Paragrid 110/15 114

    FIGURA 5.9- Curva fora x deslocamento para o ensaio n. 8 Paradrain 110/15 114

    FIGURA 5.10- Presso neutra gerada durante o ensaio n. 8 Paradrain 110/15 115

    FIGURA 5.11- Presses neutras geradas durante a aplicao da sobrecarga 116

    FIGURA 5.12- Medidas de suo matricial ao longo do tempo 117

    FIGURA 5.13- Envoltrias de resistncia em termos de tenses totais 118

    FIGURA 5.14- Envoltria de resistncia em termos de tenses efetivas 119

    FIGURA 6.1- Perfil de grau de compactao de uma camada com 75 mm dealtura 123

    FIGURA 6.2- Resultados do testes EL1 e EL2 125

    FIGURA 6.3- Resultados dos testes ET1, ET2 e ET3 126

  • ix

    FIGURA 6.4- Definio da geogrelha no modelo 127

    FIGURA 6.5- Comparao entre o teste GP1 e a simulao 130

    FIGURA 6.6- Comparao entre o teste GP2 e a simulao 130

    FIGURA 6.7- Comparao entre o teste GP3 e a simulao 131

    FIGURA 6.8- Comparao entre o teste GP4 e a simulao 131

    FIGURA 6.9- Comparao entre o teste GP5 e a simulao 132

    FIGURA 6.10- Comparao entre o teste GP6 e a simulao 132

    FIGURA 7.1- Curvas experimentais e ajustadas dos ensaios de pequenasdimenses 139

    FIGURA 7.2- Tenso ultima de arrancamento em funo da tenso normal 140

    FIGURA 7.3- Obteno dos parmetros adimensionais 141

    FIGURA 7.4- Definio da geogrelha no modelo 143

    FIGURA 7.5- Comparao entre o teste GP1 e a simulao 145

    FIGURA 7.6- Comparao entre o teste GP2 e a simulao 146

    FIGURA 7.7- Comparao entre o teste GP3 e a simulao 146

    FIGURA 7.8- Comparao entre o teste GP4 e a simulao 147

    FIGURA 7.9- Comparao entre o teste GP5 e a simulao 147

    FIGURA 7.10- Efeitos do comprimento e da rigidez da incluso sobre odeslocamento para uma tenso normal de 25kPa 149

    FIGURA 7.11- Efeitos do comprimento e da rigidez da incluso sobre odeslocamento para uma tenso normal de 50kPa 149

    FIGURA 7.12- Efeitos do comprimento e da rigidez da incluso sobre odeslocamento para uma tenso normal de 100kPa. 150

    FIGURA 8.1- Correlao entre f e limite de liquidez do solo 159

    FIGURA 8.2- Correlao entre os valores de f * e 160

    FIGURA 9.1- Estrutura em solo reforado e movimentao da zona ativa. 186

    FIGURA 9.2- Foras atuantes na cunha ativa 187

    FIGURA 9.3- Polgono de foras atuantes na cunha ativa. 188

    FIGURA 9.4- Definio dos valores de Tmax e crit. 190

    FIGURA 9.5- Deslocamentos das pores da incluso inseridas nas zonas ativa eresistente 191

    FIGURA 9.6- Comparao dos resultados obtidos pelos mtodos clssico eproposto 196

    FIGURA 9.7- Efeito da coeso do solo na distribuio de esforos nas incluses 197

    FIGURA 9.8- Efeito da sobrecarga aplicada na superfcie do terrapleno nadistribuio de esforos nas incluses 198

  • x

    FIGURA 9.9- Efeito da rigidez do reforo na distribuio de esforos nasincluses 199

    FIGURA 9.10- Efeito do parmetro adimensional m na distribuio de esforosnas incluses 200

    FIGURA 9.11- Efeito do ngulo de atrito equivalente na distribuio de esforosnas incluses 201

    FIGURA 9.12- Efeito da inclinao do muro na distribuio de esforos nasincluses 202

    FIGURA 9.13- Efeito do comprimento total das incluses na distribuio deesforos 203

    FIGURA 9.14- Efeito do fator de segurana da obra na determinao dos esforosdas incluses 204

    Obs.: As figuras apresentadas nos anexos no fazem parte desta lista.

  • xi

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 2.1- Tipos de geossintticos e principais funes

    pg.

    7

    QUADRO 2.2: Propriedades de degradao dos principais polmeros queconstituem as geogrelhas 10

    QUADRO 2.3- Caractersticas de alguns dispositivos de ensaio de arrancamentoprojetado por alguns autores 16

    QUADRO 3.1- Propriedades dos solos 70

    QUADRO 3.2- Propriedades das geogrelhas Fortrac 71

    QUADRO 3.3- Propriedades das geogrelhas da Terram. 73

    QUADRO 3.4- Propriedades da geogrelha Fortgrid 73

    QUADRO 3.5- Propriedades mecnicas e geomtricas da geogrelha metlica. 74

    QUADRO 4.1- Programa de ensaios de grandes dimenses 76

    QUADRO 4.2- Resumo dos principais dados e resultados de ensaio 77

    QUADRO 5.1- Programa de testes executados 108

    QUADRO 5.2- Resumo dos principais dados e resultados de ensaio 109

    QUADRO 6.1- Programa de testes 122

    QUADRO 6.2- Resistncias ao arrancamento medidas e calculadas 135

    QUADRO 7.1- Programa de testes 138

    QUADRO 7.2- Resistncias e coeficientes de interao 152

    QUADRO 7.3- Resistncias e coeficientes de interao no pspico 152

    QUADRO 8.1- Programa de ensaios realizados 155

    QUADRO 8.2- Parmetros do modelo exponencial para testes de arrancamento 157

    QUADRO 8.3- Parmetros do modelo exponencial para testes de arrancamento 158

    QUADRO 8.4- Valores de f * para cada geogrelha 159QUADRO 8.5- Valores mdios de alguns parmetros 161

    QUADRO 9.1- Dados de entrada adicionais usados nas simulaes e parmetrosobtidos

    194

  • xii

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    a = adeso equivalente em termos de tenses totaisa = adeso equivalente em termos de tenses efetivasas = rea superficial dos membros paralelos direo do arrancamentoa1, a2 e a3 = parmetros ajustados curva fora de trao vs. deformaoA = rea plana da geogrelha inserida na zona passivaABNT = Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    APSR = Automated Plane Strain Reinforcement cell

    b = largura do corpo de provac = coeso do soloca = adesocu = resistncia no drenada do soloCTT = clula de tenso total

    dcr = deslocamento para mobilizar a mxima resistncia por atrito.D = dimetro dos elementos transversais da grelhaDr = densidade relativae = ndice de vaziosE = mdulo de rigidez da geogrelhaEESC = Escola de Engenharia de So Carlos

    Ei = mdulo de elasticidade inicial do soloEip = inclinao inicial da curva resistncia passiva

    f = coeficiente de interao; ; relao entre tan() e tan()F = fora de trao na incluso

    Far = fora de arrancamento referente ao deslocamento Fet = fora de arrancamento nos elementos transversaisFh = fora horizontalFi = fora de trao agindo na juno iFTmax = valor mximo da fora de arrancamento nos membros frontaisFr = parcela da fora de mxima de arrancamentoFS = fator de seguranah = altura de aterroG. C. = grau de compactao

  • xiii

    h = altura da estruturaH = altura de aterroi = nmero da incluso; nmero da interaoId = ndice de rigidez flexoI = momento de inrcia do elemento transversalIGS = International Geosynthetic Society

    J = rigidez do reforo; nmero do segmentoKa = coeficiente de empuxo ativok1 = coeficiente da rigidez no cisalhamento

    ki = inclinao inicial da curva vs. ksf = rigidez inicial ao cisalhamentoksb = rigidez passiva iniciall = comprimento da grelhalai = comprimento da incluso i na zona ativalbi = comprimento da incluso i na zona resistenteli = comprimento da incluso iL = comprimento de reforoLa = comprimento ancorado na zona resistenteLL = limite de liquidezLP = limite de plasticidadeLr = comprimento do reforo na regio ativa ou comprimento na rea efetivaLT = comprimento efetivo da geogrelhaLVDT = Linear Variable Differencial Transformer

    m1 = expoente da rigidez passivam = parmetro adimensional do modelo exponencialMIT = Massachusetts Institute of Techonogy

    n = nmero de camadas de reforo; parmetro adimensional do modelo exponencialn1 = expoente da rigidez ao cisalhamentoN = fora normal na base da cunha

    Nc = fator de capacidade de carga para o modo de ruptura geralNc1 = fator de capacidade de carga para o modo de ruptura por puncionamentoNBR = Norma brasileira registrada

    Nq = fator de capacidade de carga para o modo de ruptura geralNq1 = fator de capacidade de carga para o modo de ruptura por puncionamento

  • xiv

    Pa = presso atmosfricaPEAD = polietileno de alta densidade

    PET = polister

    Pt = resistncia total ao arrancamentoPf = parcela de resistncia por atrito na interfacePP = polipropileno

    Pp = parcela de resistncia passivaPVC = Policloreto de vinila

    q = sobrecarga distribuda no terraplenoq1 = coeficiente da rigidez passivaQ = resultante da cunha ativaRb = fator de ajuste da tensoRc = resultante devido a coeso do soloRio = relao entre as inclinaes iniciaisRmx = fora mxima de arrancamentoR95%.= fora de arrancamento referente a 95% da fora mxima de arrancamentoRf = razo de rupturaR = resultante devido ao atrito interno do soloS = espaamento dos elementos transversaisSv = espaamento vertical entre as camadas de reforoSt = espaamento entre elementos transversaisSl = espaamento entre elementos longitudinais,t = espessura de um elemento longitudinalTi = resistncia mobilizada na juno iT = esforo de trao no reforoTia e Tib = foras de trao nas pores da incluso i inseridas nas zonas ativa e resistenteTd = esforo na camada de reforo no ponto de mxima traoTf = resistncia ao arrancamento da camada de reforoTPP = transdutor de poropresso

    u = presso neutraW = comprimento dos elementos transversais da geogrelha; peso da cunha ativawot = umidade tima de compactaoz = altura do aterro acima do reforozi = altura do aterro acima da incluso i

  • xv

    = alongamento do segmento inicial

    = fator de adeso superficial; inclinao da superfcie de deslizamento

    crit = valor de equivalente a Tmax

    * = fator de adeso aparente

    b = frao da rea transversal da geogrelha que desenvolve resistncia passiva

    s = frao slida da rea da geogrelha

    = ngulo da zona de ruptura rotacional; inclinao da face do muro

    = ngulo de atrito da interface; deslocamento da incluso; deslocamento da zona ativa

    ia = deslocamento frontal sofrido pela poro da incluso i inserida na zona ativa

    ib = deslocamento frontal sofrido pela poro da incluso i inserida na zona resistente

    b = deslocamento relativo referente resistncia passiva

    s = deslocamento relativo referente ao cisalhamento

    95% = deslocamento frontal da incluso a 95% da fora mxima

    ksb = tangente instantnea da rigidez passiva

    ksf = rigidez ao cisalhamento

    = deformao na incluso

    = ngulo de atrito interno do solo

    = ngulo de atrito aparente de interface

    vc = ngulo de atrito a volume constante

    e ,= ngulos de atrito equivalentes em termos de tenses totais e efetivas

    = peso especfico do solo

    d = peso especfico seco

    w = peso especfico da gua

    = densidade de elementos transversais

    = relao entre adeso equivalente e coeso do solo

    1 e 3 = tenses principais maior e menor

    b = resistncia passiva em termos de termos de tenso normal

    b = tenso horizontal nos elementos transversais

    n = tenso normal na interface

    = tenso normal

    = tenso normal efetiva

  • xvi

    ult = resistncia passiva deslocamento infinito

    = tenso cisalhante; tenso de arrancamento

    at = resistncia ao cisalhamento de interface

    i = resistncia ao arrancamento mobilizada na geogrelha

    md = resistncia mdia ao arrancamento

    ult = tenso cisalhante a uma deformao infinita; valor mximo assinttico para afuno exponencial

    95% = tenso cisalhante a 95% da fora mxima

    a = somatrio das reas dos elementos normais direo do arrancamento

    as = somatrio das reas superficiais dos elementos paralelos direo do arrancamento

    T = somatrio das foras de trao nas incluses

    Tmax = mximo valor do somatrio de foras nas incluses

  • xvii

    RESUMO

    TEIXEIRA, S. H. C. (2003). Estudo da Interao solo-geogrelha em testes de arrancamento e a suaaplicao na anlise e dimensionamento de macios reforados. So Carlos, 2003. 214p. Tese deDoutorado submetida Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de SoPaulo.

    O conhecimento dos mecanismos de interao entre o solo e os geossintticos

    fundamental para o dimensionamento de obras em solo reforado. Entretanto, em funo

    das diferentes formas geomtricas das superfcies das incluses, a interao pode ocorrer

    de maneiras distintas. Para as geogrelhas, o arrancamento representa o mecanismo de

    interao que, em alguns casos, melhor retrata as situaes que ocorrem no campo. Esta

    tese apresenta uma anlise dos principais fatores que influenciam na interao entre o solo

    e as geogrelhas quando solicitadas ao arrancamento, utilizando equipamentos de teste de

    portes grande e pequeno, bem como um equipamento que testa isoladamente os

    elementos longitudinais e transversais das geogrelhas. Apresenta-se ainda dois modelos

    numricos que permitem avaliar o comportamento de geogrelhas de comprimento

    qualquer a partir de resultados de ensaios de arrancamento de pequeno porte ou dos

    ensaios nos elementos isolados da geogrelha. Os resultados dos ensaios realizados so

    comparados entre si, sugerindo a viabilidade de se utilizar equipamentos de pequenas

    dimenses para executar ensaios de arrancamento em geogrelhas em meio a solos finos,

    em detrimento dos testes de grande porte que demandam uma grande quantidade de solo

    e de mo-de-obra para serem executados. Por fim, apresenta-se um mtodo que,

    utilizando os resultados obtidos dos testes de pequeno porte, pode ser usado para

    determinar os esforos de trao nas incluses de estruturas em solo reforado,

    considerando aspectos como a interao soloreforo e a rigidez trao das incluses.

    Palavraschave: geossintticos; geogrelhas; arrancamento; dimensionamento; taludes.

  • xviii

    ABSTRACT

    TEIXEIRA, S. H. C. (2003). A soil-geogrid interaction study on pullout tests and its application onanalysis and designing of reinforced soil structures. So Carlos, 2003. 214p. Tese deDoutorado submetida Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de SoPaulo.

    The knowledge of interaction mechanisms between soil and geosynthetics is

    fundamental for designing reinforced-soil structures. However, due the variety of surface

    geometry found in commercially available geosynthetics, the interaction between soil and

    inclusions can occur on different ways. For the geogrids, the pullout interaction

    mechanism is the one that, in some cases, best represents the field situations. This thesis

    presents an analysis of the main factors influencing the soil-geogrid interaction during

    pullout phenomena, using large and small-scale test boxes, as well as an device that tests

    longitudinal and transversal geogrid elements isolated. Two numerical models for

    evaluating the pullout behavior of large geogrid samples using small-scale and on element

    tests are also presented. The results of different tests are compared, showing the viability

    of using small-scale tests for testing geogrids embedded in fine soils instead of large-scale

    tests, that demand large quantities of soil and labor to be done. On the penultimate

    chapter, a method for evaluating the maximum tensile effort of reinforced slopes and

    walls is presented. This method uses the results obtained from small-scale pullout tests

    and considers some important aspects as soil-geogrid interaction and reinforcement

    rigidity.

    Wordkey: geosynthetics; geogrids; pullout; designing; reinforced-soil.

  • C a p t u l o 1

    INTRODUO

    1.1- INTRODUO

    Taludes em solo compactado e muros de conteno so comuns em todo o

    territrio brasileiro, principalmente em lugares de topografia acidentada. Estas estruturas

    no raro apresentam problemas de instabilidade, fato que se intensifica nos meses mais

    chuvosos do ano. Uma das formas utilizadas para solucionar estes problemas geotcnicos

    consiste em melhorar as caractersticas mecnicas dos solos. H vrios mtodos de

    melhoria de solos efetivamente testados, sendo que cada um se adequa melhor

    determinadas situaes. Dentre os mtodos de melhoria de solos mais utilizados na

    atualidade podem-se citar as misturas solocal e solocimento e as incluses de fitas de

    ao ou mantas de geossintticos em meio ao solo, dentre outros.

    Nas ltimas dcadas vem-se percebendo um rpido crescimento na demanda dos

    geossintticos nos mercados mundial e nacional. Esse fato induz simultaneamente um

    esforo contnuo dos pesquisadores para adequar as potencialidades destes novos

    materiais s necessidades do mercado consumidor. Para tal, vm se desenvolvendo

    esforos no sentido de caracterizar as propriedades destes materiais, de se adequar ensaios

    s finalidades a que se destinam e de elaborar mtodos de dimensionamento que

    consideram as caractersticas das obras e dos materiais utilizados.

    As geogrelhas e os geotxteis so os tipos de geossintticos comumente

    empregados como elemento de reforo de solo e se mostram eficazes principalmente

    porque oferecem boa resistncia trao e por promoverem uma adequada interao com

    o solo circundante.

    O elemento de reforo presente no interior do macio de solo capaz de

    mobilizar um adicional de resistncia ao cisalhamento do conjunto que s se torna efetivo

  • 2

    quando surge uma fora de trao na incluso. Desta forma, a resistncia ao arrancamento

    dos elementos de reforo uma propriedade essencial para o funcionamento das

    estruturas de solos reforados e condiciona a ao da incluso no solo.

    Arrancamento e cisalhamento direto so os ensaios de laboratrio mais usados

    para mensurar a resistncia da interface soloincluso. Em algumas ocasies, entretanto,

    somente o ensaio de arrancamento avalia convenientemente bem o comportamento das

    incluses imersas em um macio de solo. Dessa forma, importante que os resultados

    obtidos destes ensaios sejam utilizados para se avaliar o comportamento de estruturas em

    solo reforado de forma racional e realstica.

    1.2- OBJETIVOS

    Para esta tese, foram executados diversos testes de arrancamento, utilizando os

    mais variados tipos de equipamento, de solo e de geogrelhas com o objetivo de se obter

    informaes qualitativas e quantitativas a respeito do mecanismo de interao entre solo e

    geogrelha para diversas condies possveis de ocorrerem na prtica da engenharia

    geotcnica. Alm disso, a partir das observaes e resultados obtidos, foram

    desenvolvidos alguns modelos numricos com o objetivo de tornar os resultados de testes

    de arrancemento mais aplicveis no dimensionamento de estruturas de solo reforado do

    que so atualmente.

    1.3- ORGANIZAO DO TRABALHO

    No Captulo 2, apresenta-se uma reviso de literatura que enfoca os principais

    aspectos do comportamento mecnico de geogrelhas quando solicitadas ao arrancamento.

    Este trabalho de reviso bibliogrfica divide-se em temas que tm relao direta com o

    fenmeno do arrancamento de geossintticos. Inicialmente, se faz uma breve introduo

    aos principais aspectos relacionados aos geossintticos. Em seguida, so apresentados os

    ensaios que se prestam ao estudo do comportamento do sistema soloreforo e que

    podem ser utilizados para a obteno de parmetros utilizados em projetos e,

    posteriormente, os aspectos mais relevantes do mecanismo de interao soloreforo

    durante o fenmeno de arrancamento so discutidos de maneira qualitativa. Alguns

    modelos de previso e representao do comportamento das geogrelhas submetidas ao

    arrancamento que serviram de base para o desenvolvimento deste trabalho so tambm

    apresentados. Por fim, apresenta-se um mtodo classicamente utilizado para o

  • 3

    dimensionamento de muros em solo reforado, dando-se enfase etapa de verificao da

    resistncia ao arrancamento das incluses presentes.

    No Captulo 3, so apresentados os equipamentos de ensaios de arrancamento

    utilizados no deselvolvimento deste trabalho: o primeiro deles um equipamento de

    grande porte desenvolvido na EESC, por Teixeira (1999), o segundo um equipamento

    de grande porte da Universidade do Colorado, o terceiro um equipamento para testar os

    elementos longitudinais e transversais de geogrelha individualmente e um equipamento de

    pequeno porte desenvolvido especialmente para este trabalho. So apresentados tambm

    os procedimentos de ensaio utilizados, relativos a cada tipo de equipamento. Por fim, so

    apresentadas as carcatersticas dos materiais utilizados na execuo dos testes de

    arrancamento, que consistem de sete diferentes geogrelhas e oito solos distintos, que

    foram escolhidos de modo a representar uma grande variedade de condies.

    No Captulo 4, apresentam-se os resultados de uma srie de ensaios de

    arrancamento que foram executados utilizando o equipamento de grande porte do

    Departamento de Geotecnia da EESC. Estes testes tiveram o objetivo de avaliar fatores

    que afetam o comportamento de geogrelhas submetidas ao arrancamento, dentre eles

    fazem parte: o comprimento da incluso a sobrecarga aplicada, o grau de compactao do

    solo, o espaamento entre elementos transversais e longitudinais da geogrelha, a presena

    dos elementos transversais, o tipo de incluso e a utilizao de dupla camada de geogrelha

    como elemento de reforo. Para a execuo destes testes foram utilizados quatro tipos de

    geogrelha e um solo arenoso fino bastante tpico do interior do estado de So Paulo. Os

    resultados obtidos permitiram a confeco de importantes concluses a respeito dos

    parmetros que foram avaliados.

    O estudo descrito no Captulo 5 foi realizado na Universidade do Colorado,

    campus de Boulder, utilizando o equipamento de grande porte daquela universidade. Para

    este estudo, foram realizados oito ensaios de arrancamento de grande porte com o

    objetivo avaliar experimentalmente o efeito das presses neutras positivas e negativas no

    comportamento de geogrelhas submetidas ao arrancamento. Foram utilizadas amostras de

    geogrelha com e sem elementos drenantes aderidos a sua estrutura e foram consideradas

    diferentes condies de saturao do solo. A partir dos resultados obtidos, foram feitas

    anlises a respeito do efeito da presena dos drenos aderidos aos elementos longitudinais

  • 4

    da geogrelha na gerao e dissipao de presses neutras durante a aplicao da

    sobrecarga e durante o arrancamento das amostras de geogrelha.

    No Captulo 6, apresenta-se um estudo terico e experimental a respeito da

    interao entre solo e geogrelha e das contribuies das parcelas de resistncia passiva e de

    interface para a resistncia total ao arrancamento de geogrelhas. Para isso, alguns testes

    foram realizados no equipamento de grande porte da EESC e outros foram executados

    no equipamento de testes em elementos. Foi desenvolvido um modelo para predizer os

    resultados de testes de grande porte a partir dos resultados de testes em elementos. Os

    resultados experimentais obtidos do equipamento de grande porte e os resultados das

    simulaes feitas a partir dos resultados de testes em elementos so comparados entre si.

    So discutidos ainda a influncia que o mecanismo de resistncia passiva do solo exerce

    sobre o mecanismo de resistncia por atrito, desenvolvido principalmente ao longo dos

    elementos longitudinais.

    No Captulo 7, apresenta-se um modelo numrico que permite avaliar o

    comportamento de geogrelhas de comprimento qualquer a partir de resultados de ensaios

    de arrancamento de pequeno porte e de um ensaio de trao no confinada. Os resultados

    de ensaios realizados utilizando equipamentos de grande e pequeno porte so comparados

    entre si e com os resultados dos testes em elementos, sugerindo a viabilidade de se utilizar

    equipamentos de pequeno porte para avaliar o arrancamento de geogrelhas implantadas

    em solos finos. So feitas, ainda, anlises paramtricas dos efeitos da tenso normal

    aplicada, do comprimento ancorado e do mdulo de rigidez da incluso no mecanismo de

    interao entre o solo e a incluso.

    Para o estudo apresentado no Captulo 8, foi executada uma srie de ensaios de

    pequeno porte com o objetivo de avaliar os parmetros de resistncia ao arrancamento,

    definidos no Captulo 7, de trs geogrelhas com malhas bastante distintas inseridas em

    solos tpicos do estado de So Paulo e que cobrem uma ampla faixa granulomtrica. Deste

    estudo foi possvel obter um pequeno banco de dados referentes a resistncia ao

    arrancamento e ainda algumas correlaes. Alm disso, algumas importantes concluses a

    respeito do efeito da granulometria do solo e da malha das geogrelhas foram extradas dos

    resultados dos testes.

  • 5

    No Captulo 9, apresenta-se um mtodo para determinao de esforos de trao

    nas incluses de muros de conteno em solo reforado. Neste mtodo so considerados

    aspectos importantes tais como a interao entre solo e elemento de reforo e a rigidez da

    incluso. Alm disso, os resultados obtidos pela utilizao da modelagem apresentada so

    comparados com os obtido por um mtodo clssico de obteno dos esforos de trao

    em incluses. So apresentadas ainda algumas anlises paramtricas indicando a

    versatilidade do mtodo apresentado, bem como as influncias da coeso do solo, da

    sobrecarga na superfcie do terrapleno e da rigidez da incluso, dentre outros, sobre a

    distribuio dos esforos nas incluses e nos deslocamentos mdios da face do muro.

  • 6

    C a p t u l o 2

    REVISO DE LITERATURA

    2.1- INTRODUO AOS GEOSSINTTICOS

    Os geossintticos constituem uma famlia de materiais sintticos empregados em

    geotecnia. O termo deriva da combinao de geo, referindo-se terra e sintticos,

    relacionando-se com a matria prima com que so fabricados. A Associao Brasileira de

    Normas Tcnicas, na NBR 12553, define geossintticos como produtos polimricos

    (sintticos ou naturais), industrializados, desenvolvidos para utilizao em obras

    geotcnicas, desempenhando uma ou mais funes, dentre as quais destacam-se: reforo,

    filtrao, drenagem, proteo, separao, impermeabilizao e controle de eroso

    superficial.

    Os geotxteis foram os primeiros geossintticos a serem utilizados

    sistematicamente em geotecnia. Durante os anos 50, na Holanda e nos EUA, os geotxteis

    foram empregados como elemento de drenagem em muros de concreto, para controle de

    eroso e como elemento de separao em rip-raps. Nos anos 60, a Rhne-Poulenc

    (Frana) iniciou a utilizao de geotxteis em diversas situaes, como reforo de estradas

    no pavimentadas, sob lastros de ferrovias e em barragens de terra. Na ocasio, as

    principais funes dos geossintticos eram apenas separao e reforo.

    No Brasil, os geossintticos tm sido empregados desde o inicio da dcada de 70,

    principalmente em sistemas de drenagem. No incio da dcada de 80 foi executada a

    primeira obra de solo reforado com geotxtil de grande porte no Brasil (Carvalho et al.

    1986) na rodovia que liga Taubat a Campos de Jordo. Nos anos 80 e 90 diversas obras

    de conteno foram executadas utilizando-se geotxteis como elemento de reforo.

  • 7

    Os geossintticos podem ser classificados segundo suas propriedades e funes.

    O Quadro 2.1 apresenta um resumo dos principais tipos de geossintticos e as suas

    correspondentes funes.

    Quadro 2.1- Tipos de geossintticos e principais funes (adaptado de Koerner, 1994)

    Funo

    Geossinttico Separao Reforo Filtrao Drenagem Impemea-bilizao

    Geotxtil 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2*

    Geogrelha n/a 1 n/a n/a n/a

    Georede n/a n/a n/a 1 n/a

    Geomembrana n/a n/a n/a n/a 1

    Geocomposto** 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2 1 ou 2

    *Quando impregnado com asfalto.** Assiciam geossintticos com vrias finalidades.Legenda: 1 - Funo principal; 2 - funo secundria; n/a - no se aplica.

    Pode-se perceber do Quadro 2.1 que os tipos de geossintticos mais comumente

    empregados como elementos de reforo de solo so os geotxteis e as geogrelhas. Os

    geotxteis so produtos txteis flexveis e porosos, sendo um dos geossintticos mais

    versteis do ponto de vista de aplicaes. As geogrelhas, por sua vez, so estruturas

    rgidas, planas, vazadas em forma de grelha, compostas de elementos transversais,

    longitudinais e junes entre estes elementos.

    Em todo o mundo, o mercado de geossintticos vem apresentando um grande

    crescimento nos ltimos anos. Os motivos geralmente apontados para este crescimento

    tm sido:

    os geossintticos so, de fato, necessrios em vrias obras civis;

    sua instalao simples e rpida;

    em geral substituem materiais naturais nobres;

    em alguns casos, sua utilizao pode viabilizar a obra;

    o mercado de geossintticos tem sido bastante competitivo.

    No Brasil, apesar do mercado de geossintticos ser ainda modesto, o consumo

    destes produtos vem aumentando significativamente nos ltimos anos. Isto pode ser

  • 8

    atribudo crescente divulgao destes produtos aos profissionais de engenharia e ao

    aumento do conhecimento de suas propriedades em situao de servio.

    2.2- GEOGRELHAS

    As geogrelhas so estruturas planas em forma de grelha, cujas aberturas

    promovem o imbricamento com o solo envolvente, conforme ilustra a Figura 2.1 Em

    geral, as geogrelhas so mais resistentes que os geotxteis e seu emprego quase

    exclusivamente dirigido para reforo. As primeiras geogrelhas foram fabricadas na

    Inglaterra, pela Netlon, e posteriormente levadas para os EUA pela Tensar.

    Figura 2.1- Elementos componentes de uma geogrelha

    As principais aplicaes das geogrelhas so as seguintes:

    reforo em taludes e muros de conteno;

    separao / reforo em rodovias no pavimentadas e ferrovias;

    em conjunto com gabies para construo de muros reforados com controle deeroso e encontros de ponte;

    reforo para execuo de aterros sobre solos moles;

    reforo de pavimento asfltico;

    em conjunto com geotxteis ou geomembranas (formando geocompostos).

    As geogrelhas podem ser produzidas atravs da perfurao de mantas polimricas,

    que so posteriormente tencionadas em uma ou duas direes com o objetivo de

    melhorar suas propriedades fsicas. Em geral, as geogrelhas resultantes deste processo de

  • 9

    fabricao apresentam aberturas variando de 10 a 100 mm, na forma de elipses alongadas,

    quadrados ou retngulos com cantos arredondados. As geogrelhas podem ser fabricadas

    tambm a partir de multifilamentos de polister envolvidos por PVC ou PE.

    Existe uma tendncia mundial em se padronizar uma terminologia para se

    classificar os geossintticos, e por conseqncia as geogrelhas. A terminologia apresentada

    a seguir e sua respectiva definio leva em conta as recentes recomendaes feitas pela

    IGS e aquelas especificadas na NBR 12553.

    GG - Geogrelhas (geogrid - genrica): estrutura sinttica, fabricada em forma de

    manta consistindo de uma rede de elementos integralmente conectados que podem ser

    unidos por extruso, colagem ou entrelaamento. Suas aberturas so maiores que seus

    elementos constituintes e so empregadas em aplicaes de engenharia geotcnica,

    ambiental, hidrulica e viria.

    GGE - Geogrelha Extrudada (extruded geogrid): produzida pelo estiramento

    uniaxial ou biaxial de uma estrutura extrudada integralmente.

    GGB - Geogrelha Ligada (bounded geogrid): produzida atravs da unio,

    usualmente em ngulos retos, de dois ou mais conjuntos de fios ou outros elementos.

    GGW - Geogrelha Tecida (woven geogrid): produzida pela tecelagem, geralmente

    em ngulos retos, de dois ou mais conjuntos de fibras, fios, filamentos ou outros

    elementos.

    Os polmeros geralmente empregados na produo de geogrelhas so o

    polietileno de alta densidade (PEAD), o polister (PET) e o polipropileno (PP). A Figura

    2.2 mostra as estruturas dos monmeros que do origem a estes polmeros. Nestas

    Figuras, n denominado grau de polimerizao e indica o nmero de vezes que o

    monmero se repete no polmero. O peso molecular do polmero, que influencia

    sobremaneira o seu comportamento, corresponde ao produto do peso molecular do

    monmero pelo grau de polimerizao.

  • 10

    Figura 2.2- Monmeros dos principais polmeros dos geossintticos

    Outro aspecto importante dos polmeros relaciona-se ao seu grau de

    cristalinidade. As pores em que as macromolculas dos polmeros se alinham em

    pequenas regies so denominadas cristalinas enquanto as no alinhadas denominam-se

    amorfas. Os polmeros utilizados em geogrelhas possuem sempre parte de sua estrutura

    amorfa e parte cristalina e, por isso, so denominados de semi-cristalinos.

    O tipo de polmero afeta as diversas caractersticas de comportamento dos

    geossintticos, principalmente aquelas de longo prazo. Dentre as propriedade

    influenciadas pelo tipo de polmero destacam-se a resistncia degradao qumica, por

    ao dos raios ultravioleta, resistncia temperatura, hidrlise, bem como os

    comportamentos mecnicos. O Quadro 2.2 apresenta um resumo do comportamento de

    longo prazo dos materiais em funo do polmero utilizado.

    Quadro 2.2: Propriedades de degradao dos principais polmeros que constituem asgeogrelhas (adaptado de Jonh, 1987 e den Hoedt, 1988)

    Polmero

    Propriedade PET PP PEAD

    Foto-degradao 3 3* a 1** 3* a 1**Termo-oxidao 3 1 1Hidrlise 1 2 2Degradao biolgica 3 3 3Degradao qumica a lcalis 1 2 a 3 3Degradao qumica a cidos 2 3 3Fluncia 3 2 2* com tratamento (por exemplo, negro de fumo); ** sem tratamento

    Legenda: resistncia elevada (3); mdia (2) e baixa (1).

  • 11

    Nas primeiras aplicaes das grelhas como elementos de reforo de solo, foram

    empregas as grelhas metlicas que eram susceptveis corroso. Essa limitao motivou a

    industria ao desenvolvimento de grelhas a partir de materiais polimricos que, sendo

    relativamente inertes, podem ser usados em ambientes agressivos. Alem disso, as

    geogrelhas polimricas tambm oferecem uma boa interao com o solo, que resultante

    de um efeito conjugado de a) atrito entre solo e superfcie da geogrelha e b) resistncia

    passiva oferecida pelo solo aos seus elementos transversais.

    2.3- ENSAIOS PARA AVALIAR A INTERAO SOLOGEOGRELHA

    As propriedades mecnicas de interao entre solo e geogrelha so fatores

    importantes para o projeto de estruturas em solo reforado. Os testes de laboratrio mais

    usados para mensurar as resistncias de interface so os ensaios de arrancamento e de

    cisalhamento direto, embora testes alternativos utilizados para avaliar essa interao

    possam ser encontradas na literatura.

    Os ensaios de arrancamento e de cisalhamento direto diferem entre si

    basicamente pela forma com que os esforos so aplicados ao geossinttico, pelos

    mecanismos de ruptura impostos e pelas condies de contorno de cada um. Os

    parmetros de resistncia de interface obtidos por ambos ensaios podem,

    consequentemente, variar muito de um ensaio para outro e muitas vezes fornecer

    resultados conflitantes (Farrag et al., 1993). Aliado a isso, o fato de no existir uma

    padronizao para os ensaios de arrancamento possa explicar parcialmente a discrepncia

    de resultados e concluses encontrada na literatura.

    Os ensaios de cisalhamento direto, apesar de serem convenientes para estudar a

    interao sologeotxtil, no se mostraram adequados ao estudo da interao solo

    geogrelha, devido s diferenas entre os mecanismos de interao do elemento de reforo

    com o solo. Desta forma, verifica-se a necessidade de utilizao de outros tipos de ensaio

    para avaliar de forma mais realstica o mecanismo que ocorre com as geogrelhas.

    Um dos ensaios que vem se mostrando bastante promissores neste sentido o

    ensaio de arrancamento, que simula bem o comportamento de geogrelhas ao serem

    solicitadas em um maico de solo reforado. O ensaio de cisalhamento direto, entretanto,

    simula bem situaes em que ocorram um deslizamento relativo de uma camada de solo

  • 12

    sobre a geogrelha em relao a uma camada abaixo dela. A Figura 2.3 ilustra

    esquematicamente os ensaios de cisalhamento direto e de arrancamento.

    a) ensaio de cisalhamento direto b)ensaio de arrancamento

    Figura 2.3- Esquema ilustrativo dos ensaios de cisalhamento direto e de arrancamento.

    Collios et al., (1980) sugerem que, na prtica, a escolha entre o ensaio de

    arrancamento e o de cisalhamento direto para avaliar uma determinada situao possa ser

    feita comparando-se os deslocamentos relativos entre o solo e a incluso. A Figura 2.4

    pode ser usada para indicar o teste de laboratrio mais adequado para alguns casos tpicos.

    Nessa Figura, as tenses cisalhantes nas semicaixas e nas incluses so indicadas

    por setas. Considerando-se que a semicaixa inferior sempre se mantm imvel, a abcissa

    do diagrama indica o deslocamento relativo u s / c do material da semicaixa superior em

    relao semicaixa inferior, e nas ordenadas o deslocamento relativo u g / c entre o

    geossinttico e a semicaixa superior. Assim, a abscissa representa o ensaio de

    cisalhamento direto, no qual o geossinttico permanece estacionrio em relao semi

    caixa superior, e a ordenada, o ensaio de arrancamento. Nos setores internos ocorrem

    situaes intermedirias entre o cisalhamento direto e o arrancamento do geossinttico.

  • 13

    Figura 2.4- Movimentos relativos entre o solo e as incluses, em alguns caso in situ e oteste de laboratrio correspondente (Collios et al., 1980).

    Alguns pesquisadores desenvolveram dispositivos de ensaios alternativos aos de

    arrancamento e cisalhamento direto, em tentativas de se criar novos tipos de ensaio que

    representasse a interao soloincluso tal qual ocorre em algumas situaes de obras

    reais. Alguns destes equipamentos so capazes de gerar resultados interessantes em

    relao ao comportamento das incluses de reforo, entretanto eles no vem sendo

    amplamente utilizados. A seguir, so enumerados alguns destes equipamentos:

    2.3.1- APSR

    O equipamento denominado APSR (Automated Plane Strain Reinforcement cell), foi

    desenvolvido no MIT por Larson (1992) e utilizado por Abramento (1993). Este

    equipamento permite que os esforos e as deformaes que se desenvolvem no reforo

    sejam monitorados medida que a massa de solo cisalhada sob condies de

    deformao plana (yy = 1, xx = 3 e zz = 0), Figura 2.5.

    Neste ensaio supe-se que o elemento de solo seja cisalhado sob compresso em

    deformao plana, aumentando-se a tenso principal maior 1 e/ou reduzindo-se a tenso

    principal menor 3. Para estas condies de carregamento, o reforo resiste s

    deformaes laterais que ocorreriam na massa de solo caso ele no estivesse presente.

    Consequentemente, surgem foras de trao no reforo.

    Este equipamento permite que seja estudada a interao entre solo e reforo sob

    condies similares s que ocorrem em estruturas de conteno, onde se desenvolve um

  • 14

    mecanismo de cisalhamento na massa de solo sob condies de deformaes planas, e

    fornece resultados bastante interessantes.

    Figura 2.5- Diagrama esquemtico do equipamento APSR (Abramento, 1995).

    2.3.2- CISALHAMENTO DIRETO COM REFORO INCLINADO

    Este tipo de ensaio foi inicialmente utilizado por Jewell (1980) bastante

    semelhante ao ensaio de cisalhamento direto convencional, utilizado para se determinar os

    parmetros de resistncia na interface soloincluso. A principal diferena est na posio

    em que a incluso instalada. Neste ensaio, a amostra de reforo fica inclinada com

    relao caixa de ensaios de tal forma que a superfcie de cisalhamento passe pelo

    geossinttico, conforme mostra a Figura 2.6. A incluso, por sua vez, deve possuir um

    comprimento L mnimo para mobilizar resistncia ao arrancamento na massa de solo.

    Figura 2.6- Esquema ilustrativo do ensaio de cisalhamento direto com reforo inclinado(Ingold, 1983a).

    Este tipo de ensaio bastante interessante e representa algumas condies que

    ocorrem no campo como, por exemplo, camadas horizontais de reforo ao serem

  • 15

    solicitadas ao cisalhamento por uma superfcie potencial de ruptura de um talude ou uma

    estrutura de conteno que se movimenta. Entretanto, existe uma grande dificuldade para

    utilizao dos dados dele obtidos para o dimensionamento de estruturas em solo

    reforado. A sua utilizao justificada basicamente para auxiliar no entendimento do

    comportamento de tais estruturas quanto ao aspecto de interao soloreforo.

    2.3.3- ENSAIO DE TRAO CONFINADA COM SOLO

    McGown et al., (1982) apresentou este tipo de ensaio, que consiste na combinao

    dos ensaios de trao e de arrancamento e se presta ao estudo do comportamento da

    relao entre fora e deformao de reforos em meio a um solo e submetidos a uma

    tenso de confinamento. Este tipo de teste pode ser executado em um equipamento de

    ensaios de arrancamento, desde que a extremidade final da amostra de geossinttico seja

    fixada em uma estrutura indeslocvel na parte posterior da caixa de ensaios. A Figura 2.7

    ilustra esquematicamente o ensaio.

    Figura 2.7- Esquema do ensaio de trao confinada com solo (Lo, 1990).

    Os resultados dos ensaios tem aplicao principalmente quando se deseja estudar

    o comportamento fora vs. deformao de alguns geossintticos, em especial geogrelhas

    em meio a um solo arenoso ou pedregulhoso, onde ocorre o imbricamento de partculas

    em meio aberturas da grelha. O comportamento fora vs. deformao do conjunto

    sologeogrelha bastante influenciado pelo imbricamento das particulas de solo e

    diferente sensivelmente do comportamento no confinado.

    2.3.4- O ENSAIO DE ARRANCAMENTO

    O ensaio de arrancamento foi desenvolvido para se avaliar o comportamento de

    incluses embutidas em solo, quando solicitadas por uma fora de trao que possam

  • 16

    lev-las perda de aderncia com o solo circundante. considerado o ensaio mais

    apropriado ao estudo da interao sologeogrelha, pois considera as parcelas de atrito de

    superfcie e resistncia passiva que este tipo de incluso proporciona.

    Diversos autores em todo o mundo idealizaram equipamentos capazes de realizar

    ensaios de arrancamento em geogrelhas, geotxteis, etc. Algumas caractersticas dos

    equipamentos reportados em recentes trabalhos publicados esto resumidos no Quadro

    2.3, onde so apresentados as dimenses utilizadas, os modos de aplicao da sobrecarga e

    as medidas efetuadas durante o ensaio

    Quadro 2.3- Caractersticas de alguns dispositivos de ensaio de arrancamento projetadopor alguns autores.

    Caractersticas dos equipamentos

    Autores Altura(mm)

    Larg.(mm)

    Comp.(mm)

    Sistema desobrecarga

    Medidas efetuadas

    Christopher &Berg (1990)

    310 600 1220 bolsa de ar deslocamentos e fora dearrancamento

    Farrag et al.

    (1993)

    760 900 1520 bolsa de ar deslocamentos, velocidade efora de arrancamento

    Bergado e Chai.(1994)

    510 750 1250 bolsa de ar deformao, deslocamentosdilatncia e fora dearrancamento

    Alfaro et al.(1995)

    400 600 1500 bolsa de ar deformao, deslocamentosdilatncia e fora dearrancamento

    Chang et al.

    (1995)

    150 500 400 bolsa de ar deslocamentos, deformao efora de arrancamento

    Ladeira & Lopes(1995)

    600 1000 1530 cilindroshidrulicos

    deslocamentos e fora dearrancamento

    Miyata (1996) 220 325 660 bolsa de ar dilatncia, deslocamentos efora de arrancamento

    Ochiai et al.(1996)

    200 400 600 bolsa de ar deslocamentos e fora dearrancamento

    Bakeer et al.,

    (1998a)

    152 610 610 pistopneumtico

    deslocamento frontal e forade arrancamento

    Teixeira & Bueno(1999)

    500 700 1500 bolsa de ar fora de arrancamento,tenses no solo edeslocamentos

  • 17

    Percebe-se do Quadro 2.3 que existe uma tendncia padronizao do ensaio de

    arrancamento. A grande maioria dos equipamentos utiliza uma bolsa de ar inflvel para

    aplicar a carga distribuda na superfcie do solo. As medidas geralmente realizadas so:

    fora de arrancamento, deslocamentos da amostra de geossinttico e deslocamentos

    verticais devido dilatncia do solo. As dimenses da caixa de teste so as caractersticas

    de maior discrepncia entre os tipos de equipamentos listados. Entretanto, em termos

    mdios, elas se aproximam de 1000 mm de comprimento, 800 mm de largura e 500 mm

    de altura.

    Alguns autores recomendam determinadas caractersticas desejveis para os

    equipamentos e procedimentos de ensaio:

    O equipamento deve ter a capacidade de realizar ensaios com controle docarregamento para facilitar a investigao do comportamento do material sob

    carregamentos de longa durao (Farrag et al., 1993);

    Rowe & Ho (1986) demonstraram que a resistncia ao arrancamento dasgeogrelhas varia com a velocidade do teste. Lopes & Moutinho (1997) sugerem

    uma velocidade de ensaio de 5,4 mm por minuto. Lopes e Ladeira (1996) indicam

    que um aumento na velocidade do ensaio de arrancamento promove um aumento

    na rigidez de interface sologeogrelha e uma reduo na capacidade de rearranjo

    de solos granulares;

    o atrito entre o solo e as paredes da caixa de ensaios pode afetar os resultados dostestes. Alguns pesquisadores inserem membranas lubrificadas ao longo das

    paredes para promover a minimizao do atrito no contorno da caixa (Jewel,

    1980). Farrag, et al., (1993) recomenda que seja deixado um espao mnimo de 150

    mm entre a incluso e a parede da caixa para evitar os efeitos de contorno, caso o

    atrito no seja minimizado por outros meios ;

    a interao entre o sistema soloreforo e a parede rgida frontal da caixa podetambm influenciar os resultados. Palmeira e Milligan (1989b) utilizaram uma

    parede frontal com diferentes graus de rugosidade para investigar o efeito do

    atrito nos resultados de arrancamento. Christopher (1976) acoplou placas

  • 18

    envolventes abertura por onde passa o geossinttico para transferir o ponto de

    aplicao da carga para traz da parede rgida. Williams & Houlihan (1987) usaram

    faces frontais flexveis;

    Brand & Duffy (1987) estudaram o efeito da espessura do solo no interior dacaixa de ensaios sobre a resistncia ao arrancamento de geogrelhas inseridas em

    argilas. Seus resultados demostram que a medida que a espessura do solo aumenta,

    a resistncia ao arrancamento decresce at um mnimo. Farrag, et al., (1993)

    recomenda que uma espessura mnima de solo de 300 mm seja usada acima e

    abaixo da geogrelha para eliminar a influncia desses efeitos de contorno;

    diferentes procedimentos de compactao do solo no interior da caixa de testesproduzem diferenas nas propriedades do solo, principalmente no

    comportamento tenso vs. deformao. Torna-se, portanto, essencial normalizar

    o procedimento de compactao de amostras (Farrag et al., 1993). Isto

    confirmado por Lopes & Moutinho (1997);

    os equipamentos existentes, com poucas excees, monitoram apenas osdeslocamentos frontais e a fora de arrancamento. Para reforos extensveis, assim

    como geogrelhas e geotxteis, essencial se monitorar os deslocamentos ao longo

    da incluso, de forma a tornar possvel a interpretao dos mecanismos de

    transferncia de cargas e as resistncias ao arrancamento no campo. Koerner

    (1994) mostra um esquema bastante simples de fazer este acompanhamento

    utilizando fios inextensveis presos s junes da grelha.

    As medidas de dilatncia durante o arrancamento do reforo podem fornecerinformaes valiosas sobre o ganho de resistncia ao arrancamento quando a

    dilatncia impedida. A simplicidade do monitoramento da dilatncia no

    laboratrio a torna possvel de ser includa na rotina de laboratrio nestes tipos de

    ensaios.

    Yogarajah & Yeo (1994) advertem que, devido natureza visco-elstica dosmateriais polimricos, de grande importncia que se registre tanto os

    deslocamentos quanto a fora distribuda ao longo da geogrelha, promovendo

  • 19

    dessa forma um melhor entendimento do mecanismo de transferncia de carga.

    Essa tcnica pode posteriormente ser util na modelagem de estruturas em solo

    reforado.

    Outros autores, como Farrag et al. (1993) e Raju, et. al. (1998), fazem outras sries

    de recomendaes a respeito das caractersticas dos equipamentos, visando minimizar os

    efeitos de borda, e acerca dos procedimentos de execuo dos ensaios de arrancamento,

    de forma a se obter, destes ensaios, dados que mais se aproximem da situao encontrada

    no campo.

    2.3.5- ENSAIOS DE ARRANCAMENTO DE GRANDE PORTE E NO CAMPO

    O ensaio de arrancamento um ensaio de modelo no qual as respostas obtidas

    parecem depender o tipo de equipamento, de forma que os resultados dos ensaios

    requerem uma cuidadosa interpretao. Existe vrios fatores que guardam relao direta

    com o tamanho da amostra ensaiada e as condies de contorno impostas pelo tipo de

    equipamento, como por exemplo o fato de que a mobilizao da resistncia ao

    arrancamento ao longo do comprimento do reforo no uniforme, num contexto em

    que a maioria dos reforos so extensveis (Raju, et. al. 1998). Isso sugere que amostras de

    pequenas dimenses no representam bem o comportamento de transferncia de esforos

    no campo. Alm disso, as hipteses de Juran, et. al. (1988) a respeito do desenvolvimento

    do fenmeno do arqueamento durante estes testes indicam que a tenso normal que age

    diretamente na interface soloreforo pode ser no linear em toda a extenso da amostra.

    Para superar algumas deficincias destes testes, duas linhas especficas de ensaios

    de arrancamento vem sendo muito utilizadas em trabalhos de pesquisa, elas so os ensaio

    de arrancamento de grande porte, realizados em laboratrio, e o ensaios executados no

    campo em grandes amostras de geogrelhas.

    Para que um equipamento de ensaios de arrancamento seja considerado de grande

    porte, vem-se admitindo comumente que a sua caixa de ensaios deva ter pelo menos 1000

    mm de comprimento por 500 mm de largura (Raju, et. al. 1998). Existem, entretanto,

    incertezas com relao sua profundidade. Jonhston, (1985) recomenda que a amostra de

    reforo ensaiada deva manter uma certa distncia dos contornos superior e inferior para

    minimizar os efeitos de borda.

  • 20

    Alm da influncia dos efeitos de borda, os ensaios de laboratrio em pequena

    escala podem no fornecer valores realsticos para as propriedades soloincluso devido

    ao efeito escala (Bakeer et al., 1998b). Alm dos ensaios de grande porte, os testes de

    campo tambm podem ser uma boa alternativa para superar este problema. A Figura 2.8

    apresenta um esquema que ilustra a execuo de um ensaio de arrancamento no campo.

    Figura 2.8- Representao de um ensaio de arrancamento no campo (Bakeer et al., 1998b).

    Resultados obtidos por Raju, et. al. (1998), aps uma srie de comparaes entre

    resultados de ensaios de arrancamento realizados com equipamentos de varias dimenses

    com resultados de anlises numricas, via elementos finitos, indicam que os resultados de

    ensaios de arrancamento so afetados pelas condies de contorno particular de cada

    equipamento de uma maneira complicada. Entretanto, a comparao entre vrios

    resultados de equipamentos de ensaios de arrancamento de grande porte revelam que no

    existe dependncia dos parmetros de arrancamento com o tipo de equipamento. Isso

    indica que os ensaio de arrancamento de grande porte e os ensaios de campo so os mais

    indicados para se estudar o comportamento de geogrelhas submetidas ao arrancamento.

    A principal desvantagem destes tipos de teste reside nas dificuldades de execuo,

    visto que tanto os ensaios de grande porte quanto os realizados no campo requerem a

    utilizao de grandes quantidades de solo. Assim, a amostragem, o controle de umidade e

    de compactao do solo tornam-se bastante trabalhosos e requerem um tempo

    significativo para serem feitos.

    2.4- INTERAO SOLOGEOGRELHA

    As questes bsicas acerca do mecanismo de interao sologeogrelha no ensaio

    de arrancamento esto relativamente bem entendidas qualitativamente. Quantitativamente,

  • 21

    entretanto, ainda muito h por fazer antes que se tenha bons mtodos de previso, como

    inferido por Ladeira & Lopes (1995) e por Lopes & Moutinho (1997).

    A interao entre solo e geogrelha mais complexa e mais geral que a que ocorre

    em tiras ou mantas. Para geogrelhas, a resistncia ao arrancamento possui duas

    componentes: a) resistncia de interface e b) resistncia passiva do solo aos elementos

    transversais. A resistncia de interface, por sua vez, tambm possui duas componentes: a)

    resistncia de interface devido ao desenvolvimento de atrito e b) resistncia devido ao

    desenvolvimento de adeso ao longo da superfcie do reforo. A preponderncia de um

    ou de outro efeito sobre o valor resultante da resistncia ao arrancamento depende da

    relao entre a abertura da geogrelha, do tipo de solo, mais especificamente de sua

    granulometria, dentre outros, como mostrado por Jewell et al. (1984).

    2.4.1- MECANISMO DE TRANSFERNCIA DE CARGA GEOGRELHA

    SOLO

    Como apresentado por Palmeira (1987), alguns resultados de observaes com

    ajuda de fotoelasticidade, obtidos inicialmente por Dyer (1985), em ensaios de

    arrancamento realizados em solo granular constitudo de particulas de vidro,

    possibilitaram a obteno das seguintes concluses:

    independente do nvel de carregamento aplicado, quando os elementostransversais esto afastados entre si, eles comportam-se como isolados e o esforo

    de resistncia ao arrancamento fica igualmente repartido entre eles;

    quando os elementos transversais esto prximos o mesmo no ocorre, havendoum desequilbrio entre as parcelas do esforo resistidas por cada elemento, sendo

    mais solicitado aquele que est mais prximo ao ponto de aplicao do esforo;

    no caso de grelhas com um grande nmero de elementos transversais, a medidaque se afasta do ponto de aplicao do esforo de arrancamento, a parcela

    resistida por cada elemento cada vez menor.

    Quando o reforo composto de material polimrico, assim como as geogrelhas,

    bem mais deformvel que o ao, se observa que os elementos no se deslocam de modo

    semelhante, havendo uma distribuio decrescente de deslocamentos desde o elemento

  • 22

    mais prximo ao ponto de aplicao do esforo de arrancamento at o mais afastado,

    Figura 2.9. As parcelas de carga resistidas pelos elementos no sero iguais e a ruptura no

    ocorre de forma generalizada, envolvendo todo o solo contido pela geogrelha, mas de

    forma progressiva, iniciando no elemento de solo solicitado pelo elemento transversal

    mais prximo ao ponto de aplicao do esforo de arrancamento e, em seguida, no

    elemento vizinho, um aps outro, at aquele mais afastado, quando ento ocorre a ruptura

    generalizada (Amorim Jr., 1992).

    A Figura 2.9 mostra a fora de arrancamento aplicada em funo dos

    deslocamentos em diversos ns, ou junes, de uma geogrelha submetida ao

    arrancamento. Os ns esto enumerados de forma crescente a partir do ponto de

    aplicao do esforo de arrancamento.

    Figura 2.9- Relao entre a fora de arrancamento e o deslocamento de vrias junesentre elementos transversais e longitudinais. (Ochiai et al., 1996)

    A magnitude da resistncia ao cisalhamento mobilizada ao longo da interface

    soloreforo depende sobretudo do tipo de reforo. No caso de geogrelha, a resistncia

    ao arrancamento primeriamente mobilizada pelos atrito e adeso superficial, que

    precisam apenas de um pequeno deslocamento relativo para serem totalmente

    mobilizados. A resistncia passiva mobilizada posteriormente e ocorre para maiores

    deslocamentos (Farrag et al., 1993), principalmente para geogrelhas que possuem

    elementos transversais com pequena rigidez flexo. O atrito de interface entre solo e

    geogrelha depende do tipo de solo e da rugosidade da geogrelha enquanto a contribuio

    da resistncia passiva do solo aos elementos transversais depende de muitos fatores como

  • 23

    a tenso de confinamento, geometria da geogrelha e da relao de dimetros (a razo entre

    o tamanho mdio dos gros do solo e o tamanho das aberturas da geogrelha).

    Apesar do grande nmero de parmetros que influenciam na resistncia ao

    arrancamento de geogrelhas, de uma forma simplificada, a capacidade do geossinttico

    resistir ao arrancamento comumente calculada usando-se a seguinte equao emprica:

    tg2 fAT (2.1)

    em que: T a resistncia de arrancamento, A a rea plana da geogrelha inserida no solo,

    f o coeficiente de interao sologeogrelha, a tenso normal efetiva na geogrelha e o

    ngulo de atrito efetivo do solo.

    O valor de f depende de: a) porcentagem de rea aberta da geogrelha; b)

    coeficiente de atrito na interface sologeossinttico; c) nmero, comprimento e altura dos

    elementos trasversais; d) rigidez flexo dos elementos transversais da geogrelha; e)

    relao entre dimetro dos gros do solo e a abertura da malha da geogrelha e f)

    comprimento enterrado.

    A Equao 2.1 muito simplista e considera as parcelas de resistncia passiva e de

    interface empiricamente; no permite que se faa uma avaliao destes fatores

    separadamente. Entretanto essa equao de utilizao muito comum na prtica da

    engenharia.

    2.4.2- RESISTNCIAS POR ATRITO E ADESO

    A resistncia ao arrancamento de geogrelhas, como mencionado, composta das

    parcelas de adeso, atrito e resistncia passiva oferecida pelo solo aos elementos

    transversais. As duas primeiras parcelas so as que esto mais entendidas do ponto de

    vista de previso e comportamento, devido maior simplicidade que elas apresentam para

    serem modeladas e terem seus comportamentos verificados experimentalmente.

    A parcela de resistncia ao arrancamento devido ao atrito na interface solo

    reforo, Tf, segundo a proposta de Jewell (Jewell et al. 1984), desenvolvida para o

    dimensionamento de estruturas de conteno em solos granulares, pode ser apresentada

    da seguinte forma:

  • 24

    tg2 sf AT (2.2)

    sendo: A a rea de uma das faces ancoradas da geogrelha; a tenso normal atuante ao

    nvel da incluso; s a relao entre rea cheia e a rea total de uma face da geogrelha e o

    ngulo de atrito da interface soloincluso. A constante 2 aparece no incio da equao

    para considerar que a resistncia por atrito de desenvolve nos dois lados da incluso.

    Solos finos, que tambm apresentam coeso, podem fornecer um adicional de

    resistncia devido adeso de suas partculas na superfcie da geogrelha. A Equao 2.2

    pode ser incrementada de mais uma parcela para considerar a adeso na interface solo

    geossinttico e assumir a seguinte forma:

    tg2 sf AT (2.3)

    sendo a adeso sologeogrelha

    Os parmetros de resistncia de interface podem ser obtidos a partir de ensaios de

    cisalhamento direto na interface soloincluso. Para determinar esses parmetros,

    importante que a superfcie cisalhada, que representa a interface sologeogrelha, seja

    completamente coberta pelo geossinttico.

    2.4.3- RESISTNCIA PASSIVA DOS ELEMENTOS TRANSVERSAIS

    A avaliao da resistncia passiva oferecida pelos elementos transversais das

    geogrelhas mais complexa que a da parcela de resistncia de interface, mas a pode ser

    feita considerando os elementos transversais como uma srie de sapatas alongadas,

    sucessivas e que fazem 90 com a direo do arrancamento (Bergado et al., 1994). A

    resistncia passiva depende fundamentalmente da geometria de grelha e do tipo de solo

    que a envolve.

    Chang et al. (1995), com base em dados de testes, afirmam que a resistncia

    passiva do solo o principal contribuinte para a resistncia ao arrancamento de geogrelhas

    polimricas em solos granulares e pedregulhos, sob confinamento mediano, devido ao

    imbricamento promovido pelas aberturas da grelha. Em solos com granulometria fina sob

  • 25

    confinamento mediano, entretanto, a parcela de resistncia ao arrancamento composta

    pela resistncia passiva pode ser bem diferente.

    Bergado et al. (1993) mostram que o mecanismo de ruptura por arrancamento

    uma funo da relao S/D (espaamento dos elementos transversais / dimetro destes

    elementos), do teor de umidade do solo e da rigidez do solo quando comparada com a

    dos elementos transversais. Aumentos do teor de umidade, da tenso normal vertical ou

    da relao S/D conduzem a mecanismos de ruptura que se aproximam de uma ruptura

    geral. Esses autores ensaiaram geogrelhas de ao com elementos transversais bastante

    espessos e obtiveram que a carga resistida pelos elementos transversais de grelhas

    constituem entre 85% a 90% da resistncia total ao arrancamento, enquanto a resistncia

    de interface dos elementos longitudinais contribui com o restante.

    Com geogrelhas polimricas extensveis, entretanto, a relao entre resistncia

    passiva e resistncia de interface pode ser diferente daquelas encontradas para grelhas de

    ao. A Figura 2.10 apresenta os resultados de ensaios de arrancamento realizados em

    geogrelhas com e sem elementos transversais. Os resultados aparentemente fornecem

    uma idia da contribuio da resistncia passiva dos elementos transversais para a

    resistncia ao arrancamento total. Esta anlises, entretanto, deve ser feita cuidadosamente,

    visto que ao se retirar os elementos transversais da geogrelha se obtm uma incluso com

    outra geometria. Assim, a configuraes de tenses normais no interior do solo pode ser

    bastante diferente nos dois casos.

    Apesar disso, verifica-se que a resistncia oferecida pela geogrelha sem elementos

    transversais bem prxima da oferecida pela geogrelha com estes elementos. Nota-se

    tambm que o pico de resistncia ao arrancamento das geogrelhas com elementos

    transversais ocorre para nveis de deslocamentos maiores que para geogrelha sem

    elementos trasversais. O nvel de deslocamento necessrio para mobilizar a resistncia

    passiva dos elementos transversais pode variar com uma grande diversidade de fatores

    como o tipo de geogrelha, o tipo de solo, a presso confinante, etc.

    Dados experimentais de Lopes & Moutinho (1997) mostram que ao dos

    elementos transversais produz curvas fora de arrancamento versus deslocamento da

  • 26

    geogrelha com um pico de ruptura caracterstico de materiais de comportamento do tipo

    frgil, para o que contribuem tambm o tipo de solo e seu grau de compactao.

    Figura 2.10- Efeito dos elementos transversais na curva fora vs.deslocamento (Farrag et al., 1993)

    Mineiro (s/d) apresenta um modelo para clculo de tirantes ancorados por um

    elemento tridimensional que pode ser utilizado para simular um elemento transversal de

    geogrelha submetido ao arrancamento. Ele considera o elemento de ancoragem como

    uma sapata assente em profundidade e sugere que se utilize uma formulao convencional

    para o clculo da capacidade de carga da sapata para esse caso.

    Outros modelos tericos de previso da resistncia passiva so tambm

    encontrados na literatura. Dentre eles cita-se o de Jewell et al. (1984) estabelecido para

    geogrelhas trabalhando em condies drenadas. Dois modos de ruptura associados ao

    mecanismo de resistncia passiva foram propostos para estimar a mxima resistncia ao

    arrancamento, e so chamados de modo de ruptura geral e modo de ruptura por

    puncionamento, os quais fornecem os limites superior e inferior para os valores obtidos

    experimentalmente nos testes de arrancamento.

    A expresso de resistncia passiva para o primeiro mecanismo baseada nas

    equaes de capacidade de carga de Terzaghi - Buisman, para o segundo, no modo de

    ruptura por puncionamento de fundaes rasas. A resistncia passiva Tp para o primeiro

    mecanismo dada por:

  • 27

    qcp NcNDWN

    T

    (2.4)

    em que N,W e D so respectivamente o nmero, o comprimento e espessura dos

    elementos transversais da grelha, c o intercepto de coeso do solo, a tenso normal

    vertical e Nq e Nc so os fatores de capacidade de carga dados por:

    )2/45(tge 2tg qN (2.5)

    cotg)1( qc NN (2.6)

    sendo o angulo de atrito interno do solo.

    Estas equaes fornecem uma envoltria superior para a resistncia passiva

    oferecida pelo solo aos elementos transversais das geogrelhas (Palmeira & Milligan, 1989b;

    Jewell, 1990 e Shivashankar, 1991). A equao para o clculo da resistncia para o segundo

    mecanismo, Figura 2.11, tem a mesma forma da equao anterior, mas os fatores Nq e Ncso substitudos por.

    )2/45tg(e tg)2/(1

    qN (2.7)

    cotg)1( 11 qc NN (2.8)

    Figura 2.11- Mecanismo de ruptura por puncionamento (Jewell et al., 1984).

  • 28

    Estas equaes fornecem uma envoltria inferior para a resistncia ao

    arrancamento de elementos transversais de geogrelhas submetidos ao arrancamento

    (Palmeira & Milligan, 1989a; Jewell, 1990; Shivashankar, 1991).

    2.4.4- EFEITO DAS PROPRIEDADES DA INCLUSO

    Na atualidade, a maioria das geogrelhas utilizadas so fabricadas com polmeros,

    sendo bastante restrito o uso das metlicas. Os distintos mtodos de fabricao das

    polimricas: elementos termosoldados, tecidas, mantas perfuradas com posterior distenso

    uni ou bi axial, etc., promovem diferenas na geometria da geogrelha que influenciam mais

    acentuadamente na interao sologeogrelha do que o tipo de material que a compem

    (metal, polipropileno, polister ou outro polmero). Resultados de ensaios de uma srie de

    pesquisadores (Bergado et al. 1993; Palmeira, 1987; Lopes & Moutinho 1997) vem

    mostrando que a espessura dos elementos transversais o fator de maior influncia da

    resistncia ao arrancamento seguido de outros fatores como a rigidez da grelha trao, a

    rugosidade do material, etc.

    Com o avanar da qumica dos polmeros e tecnologia de fabricao, hoje j se

    dispem de geogrelhas com resistncias trao superiores a 3.000 kN/m, cujos os

    elementos longitudinais so tiras de polmeros com largura superior a 80 mm e os

    espaamentos entre elementos transversais ultrapassa 400 mm. O comportamento destes

    produtos em ensaios de arrancamento pode se mostrar ligeiramente diferente do

    comportamento de geogrelhas convencionais. Amorim Jr., (1992) recomenda que, nestes

    tipos de materiais, no sejam executados ensaios de arrancamento usando corpos de prova

    com menos de 1000 mm de comprimento.

    Bergado et. al., (1993) realizaram testes de arrancamento de grande porte para

    investigar a interao entre diferentes tipos de reforo e um solo atritivo e coesivo. Os

    reforos usados foram grelhas de ao, de bambu e geogrelhas polimricas. Os resultados

    mostram que os reforos inextensveis, como os de ao e bambu, se movimentam como

    um corpo rgido durante o teste de arrancamento e a resistncia mxima obtida para

    pequenos deslocamentos. Para reforos extensveis, como as geogrelhas polimricas, o

    grau de mobilizao da resistncia varia ao longo do reforo e a mxima resistncia

    controlada pela rigidez do reforo. Para grelhas de ao, a resistncia por atrito e adeso

    dos elementos longitudinais contribuem com cerca de apenas 10% da resistncia total. A

  • 29

    resistncia a arrancamento de grelhas polimricas e de bambu sem elementos transversais

    corresponde de 80 a 90% da resistncia ao arrancamento total da geogrelhas com

    elementos longitudinais e transversais.

    Bauer & Shang, (1993), fazendo referncia ao tipo de incluso, recomendam que

    tanto a capacidade do reforo promover uma boa ancoragem quanto a sua rigidez trao

    devem ser considerados na verificao da ruptura por arrancamento e na ruptura do

    material no sistema soloreforo durante o dimensionamento de estruturas em solo

    reforado.

    2.4.5- EFEITO DO TIPO DE SOLO

    O estudo do efeito do tipo de solo no comportamento de geogrelhas submetidas

    ao arrancamento geralmente feito considerando-se duas classes extremas de solos: os

    granulares e os argilosos. A maioria dos solos empregados na engenharia geotcnica se

    situa numa classe intermediria, apresentando caractersticas comuns aos solos argilosos e

    aos granulares, devendo ser encarados como possuindo as propriedades de ambos,

    diferenciando-se pela ponderao das caractersticas de uma ou outra classe.

    Alguns resultados de ensaios de arrancamento em geogrelhas inseridas em

    diferentes tipos de solo, obtidos por Chang et. al., (1995), mostram que as discrepncias

    encontradas entre solos granulares em comparao aos solos finos se devem

    principalmente ao tamanho dos gros que preenchem os vazios das geogrelhas.

    A Figura 2.12 compara a resistncia total de duas grelhas sob diferentes tenses

    normais e em diferentes solos. A resistncia ao arrancamento das grelhas aumenta com o

    aumento do confinamento, mas as taxas de crescimento so diferentes dependendo do

    tipo de solo. Os solos arenosos fornecem maiores taxas de crescimento enquanto o solo

    fino as menores. O atrito sologeogrelha, o atrito interno do solo e os fatores de

    capacidade de carga esto intimamente relacionados com a resistncia ao arrancamento.

    Os fatores de capacidade de carga crescem com o aumento do ngulo de atrito interno do

    solo e, consequentemente, a resistncia ao arrancamento tambm cresce (Chang et. al.,

    1995).

  • 30

    Figura 2.12- Resistncia ao arrancamento em funo da tenso confinante, para vriossolos (Chang et. al., 1995).

    a- Solos granulares

    A anlise da resistncia ao arrancamento de solos granulares sempre feita

    considerando-se uma condio drenada, sendo mais simples e mais geral que para os solos

    argilosos, pois so consideradas apenas as parcelas devido ao atrito e resistncia passiva

    do solo, desprezando-se a adeso de interface e as poropresses.

    Para o caso de solos granulares, a abertura das geogrelhas pode permitir que

    partculas de solo encaixem-se entre as nervuras, aumentando assim sua resistncia ao

    arrancamento. A resistncia da interface sologeogrelha depende do tipo de solo, da

    rugosidade da superfcie da geogrelha e do confinamento, enquanto que a contribuio da

    resistncia passiva do solo para a resistncia ao arrancamento global depende de muitos

    fatores assim como a tenso de confinamento, a geometria da geogrelha, a razo de

    dimetros (a razo entre o tamanho mdio dos gros do solo e o tamanho das aberturas

    da geogrelha), etc. (Farrag et al., 1993).

    Solos granulares bem graduados oferecem, ainda, uma resistncia maior que os

    solos mal graduados, pois alm dos solos bem graduados apresentarem um melhor

    intertravamento entre os seus gros, os gros maiores deslizam com maior dificuldade

    quando empurrados pelos elementos transversais. Os gros maiores movimentam-se de

    encontro os gros menores formando progressivamente uma massa firme de solo em

    frente aos elementos transversais, o que promove uma maior resistncia passiva e, por

    conseqncia, uma maior resistncia ao arrancamento.

  • 31

    Lopes & Moutinho, (1997) realizaram ensaios de arrancamento em geogrelhas

    utilizando dois tipos de solos granulares: um arenoso e um arenopedregulhoso e

    verificaram que o solo arenopedregulhoso promove uma resistncia ao arrancamento na

    ordem de 50% maior que a do solo arenoso. Verificaram ainda que, quando se aumenta a

    densidade do solo, a sua resistncia ao arrancamento tambm aumenta, o que pode ser

    traduzido como a possibilidade de reduo do comprimento de ancoragem do reforo em

    estruturas de solo reforado.

    b- Solos coesivos

    Em solos coesivos saturados, o surgimento e a dissipao de presses neutras na

    interface soloincluso tem influncia direta na resistncia ao arrancamento. Os

    parmetros de projeto para as condies de curto prazo, no drenadas, e de longo prazo,

    drenadas, devem ser convenientemente avaliados para que se desenvolvam projetos

    racionais.

    Christopher & Berg (1990) estudaram o arrancamento de geogrelhas em

    diferentes solos coesivos em condies drenadas e no drenadas. Seus resultados indicam

    que a variao do teor de umidade resulta significativas variaes na resistncia ao

    arrancamento. Os autores fazem ainda uma srie de inferncias a respeito do

    arrancamento de geogrelhas em solos finos:

    necessrio mensurar os deslocamentos ao longo do comprimento do reforopara se obter uma exata interpretao dos resultados do ensaio de arrancamento

    em argilas, especialmente para testes de longo prazo, visto que as presses neutras

    ao longo da incluso variam com o tempo;

    a dissipao das presses neutras ao longo do comprimento da geogrelha ensaiadadeve ser medida para avaliao exata dos parmetros de arrancamento e;

    os mtodos usuais de projeto so aparentemente conservativos na avaliao doarrancamento em solos finos, pois se despresa a coeso do solo.

    Ingold (1980) admitiu que a resistncia ao arrancamento de uma geogrelha em

    condies no drenadas poderia ser expressa por uma equao de formato similar

  • 32

    postulada para resistncia ao arrancamento em condies drenadas. Entretanto, Ingold

    (1983b) mostra que para uma anlise em termos de tenses totais, necessrio se

    considerar os efeitos de adeso na rea superficial da grelha paralela direo da fora de

    arrancamento. Assim, a fora T de arrancamento pode ser expressa como:

    suuc acacNT (2.9)

    sendo a o somatrio das reas dos elementos normais direo do arrancamento e aso somatrio das reas superficiais dos elementos paralelos direo do arrancamento. O

    coeficiente o fator de adeso superficial.

    O fator de adeso aparente *, definido como a relao da tenso de

    cisalhamento na superfcie total (rea cheia mais vazios) e a resistncia no drenada ao

    cisalhamento, pode ser determinado experimentalmente e tem a seguinte forma:

    )(2*

    ucAT

    (2.10)

    sendo A a rea total da geogrelha embutida no solo podendo-se tambm, pela

    combinao das equaes, ser dado por:

    A

    aaN sc

    2*

    (2.11)

    O valor de * obtido pelas Equaes 2.10 e 2.11 um limite superior para o fator

    de adeso. O autor admite, entretanto, que a teoria apresentada muito bsica e

    negligencia uma srie de pontos importantes como, por exemplo, o efeito da tenso

    confinante quando o espaamento dos elementos transversais est abaixo de um valor

    crtico e tambm o espaamento entre elementos longitudinais, que devem estar coerentes

    com a resistncia da grelha, suficiente para transmitir altas cargas de arrancamento.

    Apesar da aparente simples obteno do parmetro , o seu uso no

    dimensionamento de estruturas em solo reforado requer pesquisas adicionais. Ingold

    (1983b) investigou os parmetros de cisalhamento de geogrelhas segundo trs tipos de

    ensaios: arrancamento, cisalhamento direto e cisalhamento com o reforo inclinado em

  • 33

    relao ao plano de corte. Seus resultados indicam que os fatores de adeso so altamente

    dependentes do mtodo do teste, sendo que o ensaio de arrancamento fornece os

    menores valores.

    2.4.6- EFEITOS DO CONFINAMENTO E DA DILATNCIA

    A resistncia ao cisalhamento dos solos granulares altamente influenciada pela

    densidade e confinamento. Sob confinamento elevado, os solos tendem a apresentar uma

    ruptura tipo plstica, caracterstica de solos fofos, que se contraem ao serem cisalhados.

    Sob baixo confinamento, os solos compactos dilatam-se ou tendem a dilatar-se. Para

    dilatar, precisam realizar um trabalho adicional em relao ao esforo normal aplicado. A

    Figura 2.13 ilustra o modelo do dente de serra para a dilatncia dos solos.

    Figura 2.13- Modelo do dente de serra para a dilatncia (Houlsby , 1991).

    Considerando o deslizamento em um plano rugoso que tem ngulo de atrito de

    interface vc, representado pelos dentes de serra que fazem um ngulo com a horizontal,

    pode-se dizer que a relao entre as tenses normais e cisalhantes dada por:

    )tan('tan

    vc

    n

    (2.12)

    sendo o ngulo de atrito aparente da interface, dado por (vc + ) e vc o ngulo de

    atrito da interface na situao de cisalhamento a volume constante. Assim, verifica-se que

    o ngulo de atrito aparente de interface maior que o ngulo de atrito a volume constante.

    Solos coesivos compactos tambm dilatam a baixas e mdias tenses de

    confinamento. Se a dilatncia restringida, a tenso de confinamento ao longo da

    interface incrementada at um estado no qual ocorre ruptura sem variao de volume

    chamado de estado crtico (Farrag et. al., 1993).

  • 34

    Da mesma maneira, quando as incluses em um macio de solo denso so

    solicitadas ao arrancamento, sob tenses de confinamento moderadas, o solo tende a

    dilatar-se medida que os deslocamentos so mobilizados ao longo do reforo. Nessa

    situao, o solo envolvendo a interface soloreforo pode ser impedido de se dilatar, de

    forma a se promover um aumento na tenso de confinamento. A magnitude da restrio

    dilatncia depende do tipo de teste (deformao controlada ou carga controlada), da

    densidade do solo, da espessura do solo e da tenso de confinamento. O resultado da

    dilatncia impedida um aumento na parcela de resistncia por atrito e,

    consequentemente, na resistncia total.

    O efeito da dilatncia impedida dos solos na interao soloreforo sob condies

    de campo foi observado inicialmente por Guilloux et al., (1979) baseado em ensaios de

    arrancamento em incluses metlicas inseridas em um aterro de areia. Alfaro et al., (1995)

    posteriormente props um modelo conceitual da interao soloreforo baseado na

    dilatncia impedida do solo. Neste modelo, a resistncia total ao arrancamento de uma

    geogrelha inextensvel est relacionada a um mecanismo de interao bidimensional

    combinado com um tridimensional. Este modelo conceitual do mecanismo de interao

    est ilustrado na Figura 2.14 e pode ser estendido para ensaios de arrancamento em

    elementos transversais de geogrelhas rgidas.

    Um