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XVI Jornada de Tni,~i",,-;;() Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus 2007 Teste de aceitabilidade e palatabilidade de diferentes tipos de ração comercial na alimentação do peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis) em cativeiro. Paula de Sousa Barbosa Duarte'!', Vera Maria Ferreira da Silva(2), José Anselmo d ' Affonseca Neto(3) 'Bolsista PIBIC INPA/ CNPQ; 20rientador CPBA, 3Co-orientador CPBA O Peixe-boi da Amazônia, é o menor membro da ordem Sirenia (Rosas, 1994). Ele um animal herbívoro não ruminante, monogástrico e que tem a capacidade de promover a fermentação pós- gástrica dos alimentos (Burn, 1986). Segundo Best (1981), na natureza o peixe-boi se alimenta de macrófitas aquáticas e semi-aquáticas. Em cativeiro alimenta-se de capim forrageiro Brachiaria mutica, além de frutos, legumes e hortaliças regionais. Estudos em cativeiro determinaram que T. inunguis ingerem de 9% a 14%, adulto e jovem respectivamente, do seu peso vivo diariamente (Best, 1981). O fornecimento de uma alimentação de boa qualidade para animais criados em cativeiro é bastante cara, tendo em vista que esses vegetais são comprados a preço de mercado nas feiras da cidade de Manaus. Com esse estudo objetivou-se determinar uma alternativa alimentar de boa qualidade para a manutenção dos peixes-bois amazônicos mantidos em cativeiro, reduzindo os custos com a alimentação e diminuindo os riscos de doenças infecto- contagiosas através de alimentos contaminados. Para realizar o experimento foram utilizados dois machos e duas fêmeas adultas sadias, confinados em tanques de contenção. Foram utilizadas duas rações comerciais, uma específica para roedores de laboratório (PURINA LABINA®), e outra própria para eqüinos (PURINA HIPPUS®). O teste de aceitabilidade constou de três etapas, que tiveram duração de uma semana cada uma, onde na primeira semana a alimentação normalmente fornecida aos animais, metade composta de frutos, legumes e hortaliças e a outra metade de capim colônia (Brachiaria mutica) foi reduzida a 50% adicionados de 100 gramas de ração para cada animal, colocada em comedouros flutuantes. Na segunda semana não foi fornecido alimento volumoso, apenas ração (500gr de ração por animal) no comedouro. Na semana seguinte foi fornecido tanto o alimento volumoso (50% da alimentação diária) quanto o alimento concentrado (500 gramas por animal). Em seguida foi realizado o teste de palatabilidade, fornecendo a quantidade total de alimentação vegetal consumida em um dia, adicionado de 500 gramas de ração por animal. No início e no término do experimento foi realizada coleta de sangue para realização do hemograma e uma vez na semana foi realizada biometria dos animais do experimento. Os animais rejeitaram inicialmente a ração, no entanto o seu consumo obteve aumento gradativo a partir da segunda semana de experimento. Tanto os machos quanto as fêmeas demonstravam preferência pela ração Labina® provavelmente por seu tamanho (figura 1). O teste de palatabilidade das rações obteve resultado positivo, uma vez que os animais ingeriam toda a ração antes de se alimentarem de sua alimentação habitual. O hemograma apresentou discreta leucocitose, não representando perigo a sanidade dos animais, isso ocorreu provavelmente pelo estresse provocado aos animais de mudança de ambiente e de alimentação. A biometria dos animais do sexo masculino não sofreu alterações consideraveis. Entre as fêmeas ocorreram pequenas diferenças, tendo em vista que o comportamento arredio interferiu na alimentação. Se comparado com os resultados obtidos por Chacón (2001) a metodologia de adaptação do novo alimento mostrou-se mais eficaz. Conclui-se então que os animais estudados comportaram-se favoravelmente à alimentação sintética testada durante o período do experimento, mantendo um estado de sanidade e massa corporal satisfatórias, considerando as condições de estresse em que os animais foram submetidos. Os machos mostraram-se mais receptivos à nova alimentação que as fêmeas durante o experimento. O tamanho da ração interfere diretamente no seu consumo. Figura 1 - Machos alimentando-se no cocho flutuante com ração Labina®. 403

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XVI Jornada de Tni,~i",,-;;() Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus 2007

Teste de aceitabilidade e palatabilidade de diferentes tipos deração comercial na alimentação do peixe-boi da Amazônia(Trichechus inunguis) em cativeiro.

Paula de Sousa Barbosa Duarte'!', Vera Maria Ferreira da Silva(2), José Anselmo d ' AffonsecaNeto(3)'Bolsista PIBIC INPA/ CNPQ; 20rientador CPBA, 3Co-orientador CPBA

O Peixe-boi da Amazônia, é o menor membro da ordem Sirenia (Rosas, 1994). Ele um animalherbívoro não ruminante, monogástrico e que tem a capacidade de promover a fermentação pós-gástrica dos alimentos (Burn, 1986). Segundo Best (1981), na natureza o peixe-boi se alimentade macrófitas aquáticas e semi-aquáticas. Em cativeiro alimenta-se de capim forrageiro Brachiariamutica, além de frutos, legumes e hortaliças regionais. Estudos em cativeiro determinaram que T.inunguis ingerem de 9% a 14%, adulto e jovem respectivamente, do seu peso vivo diariamente(Best, 1981). O fornecimento de uma alimentação de boa qualidade para animais criados emcativeiro é bastante cara, tendo em vista que esses vegetais são comprados a preço de mercadonas feiras da cidade de Manaus. Com esse estudo objetivou-se determinar uma alternativaalimentar de boa qualidade para a manutenção dos peixes-bois amazônicos mantidos emcativeiro, reduzindo os custos com a alimentação e diminuindo os riscos de doenças infecto-contagiosas através de alimentos contaminados. Para realizar o experimento foram utilizados doismachos e duas fêmeas adultas sadias, confinados em tanques de contenção. Foram utilizadasduas rações comerciais, uma específica para roedores de laboratório (PURINA LABINA®), e outraprópria para eqüinos (PURINA HIPPUS®). O teste de aceitabilidade constou de três etapas, quetiveram duração de uma semana cada uma, onde na primeira semana a alimentaçãonormalmente fornecida aos animais, metade composta de frutos, legumes e hortaliças e a outrametade de capim colônia (Brachiaria mutica) foi reduzida a 50% adicionados de 100 gramas deração para cada animal, colocada em comedouros flutuantes. Na segunda semana não foifornecido alimento volumoso, apenas ração (500gr de ração por animal) no comedouro. Nasemana seguinte foi fornecido tanto o alimento volumoso (50% da alimentação diária) quanto oalimento concentrado (500 gramas por animal). Em seguida foi realizado o teste depalatabilidade, fornecendo a quantidade total de alimentação vegetal consumida em um dia,adicionado de 500 gramas de ração por animal. No início e no término do experimento foirealizada coleta de sangue para realização do hemograma e uma vez na semana foi realizadabiometria dos animais do experimento. Os animais rejeitaram inicialmente a ração, no entanto oseu consumo obteve aumento gradativo a partir da segunda semana de experimento. Tanto osmachos quanto as fêmeas demonstravam preferência pela ração Labina® provavelmente por seutamanho (figura 1). O teste de palatabilidade das rações obteve resultado positivo, uma vez queos animais ingeriam toda a ração antes de se alimentarem de sua alimentação habitual. Ohemograma apresentou discreta leucocitose, não representando perigo a sanidade dos animais,isso ocorreu provavelmente pelo estresse provocado aos animais de mudança de ambiente e dealimentação. A biometria dos animais do sexo masculino não sofreu alterações consideraveis.Entre as fêmeas ocorreram pequenas diferenças, tendo em vista que o comportamento arrediointerferiu na alimentação. Se comparado com os resultados obtidos por Chacón (2001) ametodologia de adaptação do novo alimento mostrou-se mais eficaz.Conclui-se então que os animais estudados comportaram-se favoravelmente à alimentaçãosintética testada durante o período do experimento, mantendo um estado de sanidade e massacorporal satisfatórias, considerando as condições de estresse em que os animais foramsubmetidos. Os machos mostraram-se mais receptivos à nova alimentação que as fêmeas duranteo experimento. O tamanho da ração interfere diretamente no seu consumo.

Figura 1 - Machos alimentando-se no cocho flutuante com ração Labina®.

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XVI Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2007

Palavras chave: Alimentação, ração, Peixe-boi.

Bibliografias citadas

Best, R.C. 1981. Foods and feeding habits of wild and captive Sirenia. Mammal Review, 11 (1): 3-29.

Burn, D.M. 1986. The digestive strategy and eficiency of the West Indian manatee Trichechus manatus. Comp.

Biochem. Physiol. 85a(1): 139-142.

Chacón, Z., M., R. 2001. Características alimentares e nutricionais do peixe-boi da Amazônia Trichechus

inunguis (Mammalia, Sirenia) em condições de cativeiro. Amazonas, UFAM. 170p. Tese Doutorado Ciências

Biológicas.

Rosas, F.C.W 1994. Biology, conservation and status of the Amazonian Manatee Trichechus inunguis. Mammal

Review ., 24 (2) :49-59.

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