Testes 9 Novasleituras Docx
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_______________________________________________________________________________________________________________N
Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 1
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A
Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
O elefante da gula Alexandre Pais
De Isabel Jonet só conheço, e por ler e ouvir
dizer, o seu trabalho à frente do Banco Alimentar.
Chega para a admirar, até porque sofro do mal
nacional do egoísmo e terei de aprender a olhar
menos para o meu umbigo.
A verdade é que sei bem o que é a miséria, pois
frequentei o primeiro ciclo escolar, há mais de
meio século, na Beira Alta, e fiquei marcado pelo
que vi. Numa turma de vinte e tal alunos, só cinco
ou seis andavam calçados, o que significava que a
maioria percorria quilómetros, em pleno inverno,
por caminhos de cabras e pelo meio das matas,
com os pés nus, carregados de frieiras e de
feridas. Alguns chegavam à escola em jejum e
assim se aguentavam até a uma espécie de
almoço, quase sempre de broa, dura de dias, e
batatas cozidas. Outros comiam de manhãzinha,
em casa, bocados de pão regados com vinho tinto,
as tenebrosas sopas de cavalo cansado. A fruta
comum eram umas maçãs pequenas e
desenxabidas, que caíam das árvores e se davam
aos porcos. Muitos amigos meus vestiam uns trapos e
lembro-me de ver, nos pátios de entrada das suas
habitações, estrumeiras a céu aberto, retretes comuns
de galinhas, porcos e seres humanos, das quais
emanava um cheiro nauseabundo.
Não sei se Isabel Jonet viu, na recente viagem à
Grécia, imagens que apontem para um iminente
regresso de tempos semelhantes àqueles em que
Portugal vegetava, nos anos 50, uma situação de
efetiva miséria. Porque a realidade atual é
diferente. Mesmo as pessoas que sobrevivem a
custo e que nada têm, que se podem considerar
como os novos miseráveis de uma Europa que
falhou nas promessas de bem-estar e nas
expectativas que criou, jamais voltarão a misturar-
se com os animais, por muito que Merkel e a sua
gente não se importassem com isso. O limiar da
pobreza está hoje mais acima.
Quem vive além das suas possibilidades e vai
ter de mudar de hábitos é certa classe média
deslumbrada que se deixou levar pela febre
consumista e pela inveja social, sem se esforçar por
gerar os proventos que lhe permitam recorrer à
necessidade de adquirir para ser. São esses que não vão
poder comer bife todos os dias e que terão de fechar a
torneira quando lavarem os dentes. Não por culpa da
troika, mas pelo elefante branco1 da gula: comer mais do
que se precisa, gastar mais do que se ganha, parecer
mais do que se é.
Isabel Jonet foi pouco hábil na forma como
tocou num tema delicado, com tantas
suscetibilidades em alta, tantos nervos em franja.
Mas não merecia ler o que se escreveu nas redes
sociais. Porque enquanto os inúteis e os selvagens
lavam frustrações e a desancam, ela mantém de
pé uma obra de solidariedade e cidadania sem a
qual a vida de muitos portugueses seria bastante
pior. Chapeau2.
In Sábado, de 15 a 21 de novembro de 2012
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VOCABULÁRIO 1
coisa grande e vistosa, mas que não tem qualquer utilidade ou valor; 2
Tiro-lhe o chapéu.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Novas
Leituras 9 –
ASA
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Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1. A expressão ―olhar menos para o meu umbigo‖ (linhas 4-5) significa:
a) andar menos de cabeça baixa.
b) preocupar-se menos com o umbigo.
c) pensar menos em si próprio como centro do mundo.
d) ser mais confiante nas suas capacidades.
1.2. Na expressão ―Mesmo as pessoas que sobrevivem a custo […]‖ (linhas 30-31), a palavra sublinhada
pode ser substituída por:
a) até.
b) também.
c) realmente.
d) igualmente.
1.3. A afirmação ―[…] terão de fechar a torneira quando lavarem os dentes‖ (linhas 44-45) pretende
denunciar:
a) a falta de consciência ecológica.
b) o desperdício de água.
c) os gastos económicos supérfluos.
d) o pouco cuidado na lavagem dos dentes.
1.4. A expressão ―elefante branco da gula‖ (linha 46) contém uma:
a) personificação.
b) metáfora.
c) hipérbole.
d) comparação.
1.5. O pronome relativo ―a qual‖ (linha 55) refere-se:
a) a Isabel Jonet.
b) à obra de Isabel Jonet.
c) à obra de solidariedade e cidadania.
d) à vida de muitos portugueses.
2. Seleciona a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.
a) o pronome ―outros‖ (linha 16) refere-se a ―alunos‖.
b) o pronome ―que‖ (linha 20) refere-se a ―maçãs pequenas e desenxabidas‖.
c) o pronome ―lhe‖ (linha 42) refere-se a ―certa classe média‖.
d) o pronome ―esses‖ (linha 43) refere-se a ―proventos‖.
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____________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9 9 do Professor
Novas
Leituras 9 –
AS
A
Parte B
Lê o excerto de Meu Pé de Laranja Lima de José Mauro de Vasconcelos.
Glória me chamara muito cedo.
– Deixe ver as unhas.
Mostrei as mãos e ela aprovou.
Agora as orelhas.
Ih! Zezé.
Me levou no tanque, molhou um pano com sabão e foi esfregando a minha sujeira.
Nunca vi uma pessoa dizer que é um guerreiro Pinagé e viver sempre sujinho! Vá se calçando
que eu procuro uma roupinha decente pra você.
Foi na minha gaveta e remexeu. E remexeu mais. E quanto mais remexia menos achava. Todas
as minhas calcinhas ou eram furadas, rasgadas, remendadas ou cerzidas.
Não precisava nem contar para ninguém. Só vendo essa gaveta a pessoa descobria o menino
terrível que você é. Vista essa, está menos ruim.
E fomos nós embora para a descoberta ―maravilhosa‖ que eu ia fazer.
Chegamos perto da Escola e uma porção de gente levava menino pela m.o para matricular.
Não vá fazer papel triste e nem esquecer de nada, Zezé.
Ficamos sentados numa sala cheia de meninos e todos espiavam uns para os outros. Até que
veio a nossa vez e entramos na sala da diretora.
Seu irmãozinho?
Sim, senhora. Mamãe não pôde vir porque trabalha na cidade.
Ela me olhou bastante e os olhos dela ficavam grandes e pretos porque os óculos eram muito
grossos. Gozado é que ela tinha bigode de homem. Por isso é que ela devia ser diretora.
Ele não é muito pequenininho?
– É franzino pra idade. Mas já sabe ler.
– Que idade você tem, menino?
– Dia vinte e seis de fevereiro fiz seis anos, sim, senhora.
– Muito bem. Vamos fazer a ficha. Primeiro a filiação.
Glória deu o nome de Papai. Quando chegou o nome de Mamãe ela falou só: Estefânia de
Vasconcelos. Eu não aguentei e soltei a minha correção.
– Estefânia Pinagé de Vasconcelos.
– Como é?
Glória ficou meio corada.
– É Pinagé. Mamãe é filha de índios.
Fiquei todo orgulhoso porque eu devia ser o único que tinha nome de índio naquela Escola.
Depois Glória assinou um papel e ficou parada, indecisa.
– Mais alguma coisa, moça?
– Eu queria saber a respeito dos uniformes… A senhora sabe… Papai está desempregado e
somos bastante pobres.
E aquilo foi comprovado quando ela mandou que eu desse uma volta para ver o meu tamanho
e número e acabou vendo os meus remendos.
Escreveu um número num papel e mandou a gente lá dentro procurar Dona Eulália.
Dona Eulália também se admirou com o meu tamanho e o menor número que tinha, me fazia
parecer um pinto calçudo.
– O único é esse, mas está grande. Que menino miudinho!…
– Eu levo e encurto.
Saí todo contente com dois uniformes de presente. Imagine a cara do Minguinho quando me
visse de roupa nova e de aluno.
Com o passar dos dias eu contava tudo para ele. Como era, como não era.
[…]
E vieram as novidades. As brigas. As descobertas de um mundo onde tudo era novo.
In Meu Pé de Laranja Lima, José Mauro de Vasconcelos, Dinapress, 2011
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Novas
Leituras 9 –
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Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
3. Indica o acontecimento retratado no excerto e os preparativos da irmã do Zezé para o mesmo.
4. Diz a que se refere o narrador com a expressão ―descoberta ‗maravilhosa‘‖ (linha 13), salientando
o seu estado de espírito.
5. Explica o sentido da expressão ―Não vá fazer papel triste‖ (linha 15), evidenciando a intenção da
irmã de Zezé ao usá-la.
6. Transcreve duas expressões do texto que comprovem a afirmação da irmã do Zezé ―somos bastante
pobres‖ (linha 37).
7. ―Eu não aguentei e soltei a minha correção.‖ (linha 28)
7.1. Explica a afirmação do narrador, salientando a importância que o mesmo atribui à ―correção‖ que
fez.
8. Indica o(s) aspeto(s) comum(ns) entre o texto de José Mauro de Vasconcelos e o da Parte A.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. ―– Nunca vi uma pessoa dizer que é um guerreiro Pinagé e viver sempre sujinho! Vá se calçando
que eu procuro uma roupinha decente pra você.‖ (linhas 7-8)
1.1. Transforma o discurso direto em discurso indireto.
2. ―[…] e entramos na sala da diretora.‖ (linha 17)
2.1. Classifica o tipo de sujeito na frase.
2.2. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
3. ―Depois Glória assinou um papel […]‖ (linha 34)
3.1. Reescreve a frase anterior na forma passiva.
3.2. Transcreve o complemento agente da passiva da frase que construíste.
4. Transcreve dois exemplos que comprovem que o texto da Parte B pertence à variedade brasileira.
Justifica a tua resposta.
5. ―Gozado é que ela tinha bigode de homem.‖ (linha 21)
5.1. Classifica a oração sublinhada na frase.
6. ―Com o passar dos dias eu contava tudo para ele.‖ (linha 47)
6.1. Reescreve a frase anterior, transformando o modificador destacado numa oração subordinada
adverbial temporal.
7. ―[…] os olhos dela ficavam grandes e pretos porque os óculos eram muito grossos.‖ (linhas 20-21)
7.1. Reescreve a frase iniciando-a pela locução conjuncional ―Uma vez que…‖.
GRUPO III
O 1.º Ciclo é um período muito importante no percurso escolar dos alunos.
Escreve um texto narrativo bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras,
em que relates um episódio que se tenha passado na escola, no 1.º Ciclo, e que te tenha marcado.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma de desenvolvimento e uma de conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede
a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
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____________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9 s 9 9
do Professor
Novas
Leituras 9 –
ASA
TESTE N.° 2
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I Parte A
Lê o texto com atenção.
Nelma Viana
Jornalista
Eu, idiota, me confesso
A inveja é uma coisa feia. Foi assim que aprendi a não desejar o que não me fosse atribuído por direito e/ou mérito. E foi também assim que me consegui
enganar ao acreditar que aquilo que sentia quando praguejava contra a sorte alheia era só um desabafo inofensivo contra a minha falta da mesma. Com o tempo percebi que não, que era inveja pura e dura e que isso, que é senão uma azia sentimental agudíssima, era uma coisa muito pouco nobre de se sentir.
Mas como eu, pessoalmente, nunca aspirei ao sangue-azul, acolhi a minha limitação o melhor que pude. Não sem antes me ter massacrado com um ou outro episódio de vergonha: começou com a Barbie
princesa da vizinha aos sete anos e prolongou-se até à fase adulta com a Bimby1. A minha inveja, que é só
minha, não afeta ninguém em particular, não é direcionada a nenhum utilizador da Bimby, antes a todos os que têm uma em casa.
Futilidades!, dirá o leitor. E eu até assino por baixo, mas vendo bem as coisas, a tendência é querer e invejar aquilo a que ainda não se conseguiu deitar a
mão porque o resto, o que importa mesmo, que para mim (orgulhosamente) são a família e os amigos, não entram neste campeonato. Não se inveja ninguém porque tem um amigo mais bem educado, ou mais boémio, ou mais inteligente do que nós. E a família, já se sabe, não se escolhe, pelo que o assunto nunca será para aqui chamado. A inveja é palpável e
estupidamente material. E sim, gostava de fazer parte do grupo de pessoas
que conseguem levar a vida sem nunca projetar comparações idiotas, sem nunca querer para si, só de
vez em quando, aquela restiazinha de sorte que premeia sempre a pessoa ao lado. Por isso mesmo,
eu, idiota, me confesso. In http://www.sabado.pt/Cronicas/Nelma-Viana/
cf.-idiota,-me-confesso.aspx (acedido em 01/12/20
VOCABULÁRIO 1
eletrodoméstico que serve para cozinhar, cujo objetivo é preparar mais rapidamente as refeições, mantendo o sabor original dos
alimentos
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
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Leituras 9 –
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Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações apresentadas de A. a F. correspondem a ideias-chave do texto de Nelma Viana
1.1. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias surgem no texto.
Começa a sequência pela letra C.
A. Com efeito, a inveja direciona-se para as coisas e não para as pessoas.
B. Na verdade, o que a autora inveja não é as pessoas, mas o que elas possuem.
C. A inveja é um sentimento vergonhoso.
D. Consciente da sua condição, a autora acabou por aceitar que era invejosa.
E. A autora considera idiota desejar a felicidade dos outros.
F. Não é a falta de sorte, mas a inveja, que leva a autora a cobiçar o que é dos outros.
2. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
2.1. Com a expressão ―Mas como eu, pessoalmente, nunca aspirei ao sangue-azul‖ (linhas 10-11), a autora
pretende:
a) reconhecer que nunca desejou uma transfusão de sangue para alterar a cor deste.
b) ser alvo da inveja de outras pessoas.
c) evidenciar a sua modéstia.
d) mostrar que, apesar de ser contra a sua vontade, a sua condição social provém da nobreza.
2.2. Nas linhas 21-22, a expressão ―deitar a mão‖ significa:
a) apanhar.
b) roubar.
c) sentir.
d) ter.
2.3. ―o assunto‖ (linha 27) tem a ver com:
a) a família e os amigos.
b) a família.
c) os amigo.
d) a inveja.
2.4. Na frase ―[…] aquela restiazinha de sorte que premeia sempre a pessoa ao lado.‖ (linhas 33-34),
a palavra que é:
a) uma conjunção coordenativa explicativa.
b) uma conjunção subordinativa consecutiva.
c) uma conjunção subordinativa comparativa.
d) um pronome pessoal.
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____________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9 s 9 9
do Professor
Parte B
Lê o excerto do conto “História Comum” de Machado de Assis. Em caso de necessidade,
consulta o vocabulário apresentado.
Sou um simples alfinete vilão1, modesto, não alfinete de adorno, mas de uso, desses com que as
mulheres do povo pregam os lenços de chita, e as damas de sociedade os fichus2, ou as flores, ou
isto, ou aquilo. Aparentemente vale pouco um alfinete; mas, na realidade, pode exceder ao próprio
vestido. Não exemplifico; o papel é pouco, não há senão o espaço de contar a minha aventura.
Tinha-me comprado uma triste mucama3. O dono do armarinho vendeu-me, com mais onze
irmãos, uma dúzia, por não sei quantos réis; coisa de nada. Que destino! Uma triste mucama.
Felicidade, — este é o seu nome, — pegou no papel em que estávamos pregados, e meteu-o no
baú. Não sei quanto tempo ali estive; saí um dia de manhã para pregar o lenço de chita que a
mucama trazia ao pescoço. Como o lenço era novo, não fiquei grandemente desconsolado. E depois
a mucama era asseada e estimada, vivia nos quartos das moças, era confidente dos seus namoros e
arrufos; enfim, não era um destino principesco, mas também não era um destino ignóbil.
[…] Na véspera do dia em que se deu a minha aventura, ouvi falar de um baile no dia seguinte,
em casa de um desembargador4 que fazia anos. As senhoras preparavam-se com esmero e afinco,
cuidavam das rendas, sedas, luvas, flores, brilhantes, leques, sapatos; não se pensava em outra coisa
senão no baile do desembargador. Bem quisera eu saber o que era um baile, e ir a ele; mas uma tal ambição podia
nascer na cabeça de um alfinete, que não saía do lenço de uma triste mucama?
— Certamente que não. O remédio era ficar em casa.
— Felicidade, diziam as moças, à noite, no quarto, dá cá o vestido. Felicidade, aperta o vestido.
Felicidade, onde estão as outras meias?
— Que meias, nhanhã5?
— As que estavam na cadeira...
— Uê! nhanhã.! Estão aqui mesmo.
E Felicidade ia de um lado para outro, solícita, obediente, meiga, sorrindo a todas, abotoando uma,
puxando as saias de outra, compondo a cauda desta, concertando o diadema daquela, tudo com um
amor de mãe, tão feliz como se fossem suas filhas. E eu vendo tudo. O que me metia inveja eram os
outros alfinetes. Quando os via ir da boca da mucama, que os tirava da toilette6, para o corpo das moças,
dizia comigo, que era bem bom ser alfinete de damas7, e damas bonitas que iam a festas.
In Obra Completa, ―História Comum‖, Machado de Assis, Nova Aguilar, 1994
_________________________________________ VOCABULÁRIO 1
de origem plebeia; que não tem descendência nobre; 2 xailes; 3 nome (no Brasil e em África) da escrava ou criada
negra que servia especialmente a senhora e que, às vezes, era ama de leite; 4 juiz do Tribunal da Relação; 5 tratamento carinhoso que se dá às meninas; 6 vestuário e adereços combinados com algum cuidado, para usar em
determinada ocasião; 7 senhoras; mulheres nobres
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
3. Classifica o narrador quanto à presença, justificando a tua resposta.
4. Caracteriza a personagem principal, fundamentando a tua resposta no texto.
5. ―[…] não era um destino principesco, mas também não era um destino ignóbil.‖ (linha 12)
5.1. Explicita o sentido desta afirmação, começando por identificar de que destino se trata.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
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Leituras 9 –
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6. Identifica o sentimento que domina o ―alfinete‖, no último parágrafo, e a razão do mesmo.
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras
7. O texto de Machado de Assis e o da Parte A falam sobre diferentes tipos de inveja.
7.1. Defende este comentário, indicando as semelhanças entre os dois textos. Justifica a tua res-
posta com expressões do texto da Parte B.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B, de modo a identificares a
função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em cada frase.
2. A mucama é estimada pelas moças.
2.1. Reescreve a frase anterior na ativa.
3. Reescreve as frases, substituindo as expressões sublinhadas pelo pronome pessoal adequado.
a) ―[…] as mulheres do povo pregam os lenços de chita.‖ (linha 2)
b) ―[…] não há senão o espaço de contar a minha aventura.‖ (linhas 4-5)
c) ―[…] dá cá o vestido.‖ (linha 19)
4. Transforma cada par de frases simples numa frase complexa, utilizando conjunções das
subclasses indicadas entre parênteses.
a) As senhoras preparam-se com esmero e afinco. O baile era muito importante. (conjunção
subordinativa consecutiva)
b) As moças e a mucama eram amigas. A mucama não foi ao baile. (conjunção
subordinativa concessiva)
5. A mucama a quem o dono do armarinho vendeu o alfinete era confidente dos namoros
das moças.
5.1. Transcreve a oração subordinada que integra a frase complexa anterior e classifica-a.
GRUPO IV
Tal como a inveja, há sentimentos ou características que depreciamos nas pessoas.
Escreve um texto de opinião, de 180 a 240 palavras, que pudesse ser divulgado num jornal escolar,
no qual apresentes o sentimento e/ou a característica que menos aprecias nas pessoas, fundamentando
devidamente o teu ponto de vista.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede
a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
Novas
Leituras 9 –
ASA
Coluna B
1. complemento direto
2. complemento indireto
3. modificador
4. predicado
5. predicativo do sujeito
6. sujeito
7. vocativo
Coluna A
A. ―Tinha-me comprado uma triste mucama.‖ (linha 6)
B. A mucama pegou nos alfinetes e meteu-os no baú.
C. ―Felicidade, aperta o vestido.‖ (linhas 19)
D. Felicidade sorria a todas as moças sem se lamentar.
E. O alfinete observava os preparativos com inveja.
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__ Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 3
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A Lê o texto com atenção.
É certo também que [Gil Vicente] alcançou nas cortes de D. Manuel e de D. João uma situação
de prestígio e talvez de valimento que lhe permitiu certas liberdades e audácias, aliás acordes
com o ambiente intelectual renovador e agitado do primeiro terço do século XVI a que o nosso
País não escapou. Foi aquela situação privilegiada que tornou possível a Gil Vicente pregar aos
frades de Santarém um sermão, em 1531, em que os censurava por terem alarmado a população
da cidade fazendo-lhe crer que o terramoto ocorrido em fevereiro daquele ano fora uma
manifestação da ira de Deus por se consentirem em Portugal os cristãos-novos. Neste sermão
explicou Gil Vicente aos frades que o terramoto era um fenómeno natural, e que os Judeus deviam
ser convertidos sem violência, pela persuasão.
Gil Vicente soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevidíssima de diversos
vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. Mas fazia-o aparente ou realmente
de acordo com o rei, a quem interessava por vezes castigar certos abusos, e que, frequentemente,
por virtude da sua política de concentração do poder eclesiástico na família real, de apropriação
dos rendimentos eclesiásticos e de reforço da autoridade real em face da autoridade da Santa Fé,
entrou em conflito com o clero. A Exortação da Guerra é representada com o fim bem específico de
conseguir fundos para a expedição de Azamor e de obrigar o clero português a ceder o terço dos
seus rendimentos para a ―guerra santa‖, direito que o rei D. Manuel alcançara enviando para esse
fim ao Papa a famosa embaixada de Tristão da Cunha. Mas a
crítica de Gil Vicente vai, naturalmente, muito além das intenções
do rei, que lhe serviam de ocasião.
A carreira teatral de Gil Vicente termina em 1536 com
a representação da Floresta de Enganos. Depois da sua morte, a
corte manteve fielmente o valimento que lhe dera em vida, e os
seus autos continuaram a ser representados (não todos
certamente). A viúva de D. João III protegeu contra a inquisição
a publicação completa das suas obras, em 1562, sob o tíulo
Copilação de todalas obras de Gil Vicente.
In Teatro de Gil Vicente,
António José Saraiva, Manuscrito Editores, 1984
5
10
15
20
25
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Assinala verdadeiro (V) ou falso (F) nas afirmações seguintes, de acordo com o sentido do
texto
2. Seleciona a única opção em que a palavra que é uma conjunção subordinativa.
a) ―[…] uma situação de prestígio e talvez de valimento que lhe permitiu certas liberdades e
audácias […].‖ (linhas 1-2)
b) ―Neste sermão explicou Gil Vicente aos frades que o terramoto era um fenómeno natural […].‖
(linhas 7-8)
c) ―[…] a crítica de Gil Vicente vai, naturalmente, muito além das intenções do rei, que lhe serviam
de ocasião.‖ (linhas 18-20)
d) ―[…] a corte manteve fielmente o valimento que lhe dera em vida […].‖ (linhas 3 -24)
Parte B
Lê o excerto da cena do Frade do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente. Em caso de necessidade,
consulta o vocabulário apresentado.
Vem um FRADE com ũa Moça pela mão, e um broquel1 e ũa espada na outra, e um casco2
debaixo do capelo3; e, ele mesmo fazendo a baixa4, começou de dançar, dizendo:
__________________________________ VOCABULÁRIO 1 pequeno escudo; 2 capacete; 3 capuz; 4 trautear a música de uma ―dança baixa‖; 5 não vos faziam lá posição, reparo
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_____________________________________________________________________________________________________________________________ 3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9 s 9 9
do Professor
V F
a) Gil Vicente era protegido pelo rei D. Manuel e por D. João.
b) Graças ao seu talento, Gil Vicente tecia críticas audazes à corte.
c) Segundo os frades de Santarém, o terramoto de 1531 foi um castigo divino.
d) Gil Vicente insurgiu-se contra os facto de os cristãos-novos serem convertidos à força.
e) Apenas a nobreza e o clero eram alvo da crítica de Gil Vicente.
f) O rei considerava abusivas as críticas efetuadas por Gil Vicente.
g) A Exortação da Guerra visava que o clero também financiasse a ―guerra santa‖.
h) A representação das peças de Gil Vicente perdurou na corte mesmo após a sua morte.
Frade Tai-rai-rai-ra-rã; ta-ri-ri-rá;
ta-rai-rai-rai-rã; tai-ri-ri-rã;
tã-tã; ta-ri-rim-rim-rã. Huha!
Diabo Que é isso, padre? Que vai lá?
Frade Deo gratias! Som Cortesão.
Diabo Sabês também o tordião?
Frade Porque não? Como ora sei!
Diabo Pois, entrai! Eu tangerei
e faremos um serão.
Essa dama, é ela vossa?
Frade Por minha la tenho eu,
e sempre a tive de meu.
Diabo Fezestes bem, que é fermosa!
E não vos punham lá grosa5
no vosso convento santo?
Frade E eles fazem outro tanto!
Diabo Que cousa tão preciosa…
Entrai, padre reverendo!
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Leituras 9 –
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
__________________________________ VOCABULÁRIO 6 acordo, contrato
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
3. Ao contrário das outras personagens, o Frade chega feliz ao cais.
3.1. Enuncia o modo como o Frade expressa a sua alegria.
3.2. Comenta o comportamento desta personagem, tendo em conta a sua condição social.
4. Explicita o sentido da expressão ―Gentil padre mundanal‖ (verso 24), identificando o recurso e ex-
pressivo empregue pelo Diabo.
Frade Pera onde levais gente?
Diabo Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo.
Frade Juro a Deos que nom t‘entendo!
E este hábito no me val?
Diabo Gentil padre mundanal,
a Berzabu vos encomendo!
Frade Ah, Corpo de Deos consagrado!
Pela fé de Jesu Cristo,
que eu nom posso entender isto!
Eu hei-de ser condenado?
Um padre tão namorado
e tanto dado à virtude?
Assi Deos me dê saúde,
que eu estou maravilhado!
Diabo Não curês de mais detença.
Embarcai e partiremos:
tomarês um par de remos.
Frade Nom ficou isso n‘avença.6
Diabo Pois dada está já a sentença!
Frade Par Deos! Essa seri‘ela!
Não vai em tal caravela
minha senhora Florença.
Como? Por ser namorado
e folgar com ũa mulher
se há um frade de perder,
com tanto salmo rezado?
[…]
Tornou a tomar a Moça pela mão, dizendo:
Frade Vamos à barca da Glória.
Começou o Frade a fazer o tordião e
foram dançando até o batel do Anjo desta
maneira:
Frade Ta-ra-ra-rai-rã; ta-ri-ri-ri-ri-rã;
tai-rai-rã.; ta-ri-ri-rã; ta-ri-ri-rã.
Huhá!
Deo gratias! Há lugar cá
pera minha reverença?
E a senhora Florença
polo meu entrará lá!
Parvo Andar, muitieramá!
Furtaste o trinchão, frade?
Frade Senhora, dá-me a vontade
que este feito mal está.
Vamos onde havemos d‘ir,
não praza a Deos com a ribeira!
Eu não vejo aqui maneira
senão enfim… concrudir.
Diabo Haveis, padre, de viir.
Frade Agasalhai-me lá Florença,
e compra-se esta sentença
e ordenemos de partir.
Auto da Barca do Inferno, Gil vicente,
in Teatro de Gil Vicente, edição de Ant. José. Saraiva, Portugália, s/d
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
5. ―E não vos punham lá grosa / no vosso convento santo?‖ (versos 14-15)
5.1. Esclarece o objetivo da pergunta do Diabo.
5.2. Comprova que a resposta do Frade vai ao encontro da intenção crítica de Gil Vicente.
6. Esclarece o motivo pelo qual o Frade fica espantado com a intenção do Diabo de o levar na sua
barca.
7. Comenta o silêncio do Anjo perante o Frade, relacionando-o com o papel do Parvo nesta cena.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Lê os versos seguintes.
a) ―Por minha la tenho eu‖ (verso 11)
b) ―Um padre tão namorado‖ (verso 30)
1.1. Explicita a alteração a nível fonético que as palavras ―la‖ e ―namorado‖ sofreram na sua evolução
até os nossos dias.
1.2. Indica os processos fonológicos na evolução dessas palavras.
2. Transcreve do texto da Parte B dois arcaísmos.
3. “tomarês um par de remos.” (verso 36)
3.1. Forma um verbo a partir da palavra sublinhada.
3.2. Classifica a palavra que formaste quanto ao seu processo de formação.
4. “Não vai em tal caravela / minha senhora Florença. (versos 40-41)
4.1. Identifica a função sintática desempenha pelos elementos destacados na frase.
5. O Frade estava tão enamorado que levou a Florença com ele.
5.1. Classifica a oração sublinhada na frase anterior.
GRUPO III
Durante a nossa vida, conhecemos pessoas cuja primeira impressão nem sempre corresponde à opinião que, posteriormente, formamos sobre elas.
Escreve um texto narrativo, correto e bem estruturado, de 180 a 240 palavras, em que relates
uma situação real ou imaginária idêntica à apresentada acima.
Na tua narrativa, deves incluir a descrição dessa pessoa.
Lembra-te de que, no final, deves reler com atenção o texto que produziste, verificar se obedeceste
à planificação que fizeste, se há erros ortográficos ou sintáticos e proceder às correções
que entenderes necessárias.
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Leituras 9 –
AS
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 4
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Ao passo que Molière nos revela predominante-
mente os tipos psicológicos, como o Hipócrita, o Ava-
rento, o Ciumento, o Doente Imaginário, etc., Gil Vicente
apresenta-nos tipos sociais, como o Frade, o Fidalgo,
a Alcoviteira, o Escudeiro, a Menina Burguesa. Os tipos
psicológicos, como o Velho Enamorado, são exceções
no teatro vicentino.
No seu conjunto, portanto, este teatro dá-nos um
espelho satírico da sociedade portuguesa, que interessa
duplamente como depoimento acerca desta sociedade
e como expressão da ideologia do seu autor.
Gil Vicente fala e observa da corte onde se encontra
instalado e que lhe impõe dadas condições. Assim é
que os seus autos cavaleirescos refletem a mentali-
dade típica da nobreza palaciana congregada nos se-
rões do Paço – em contradição com a inspiração realista
e plebeia1 do resto da sua obra. Assim é, também, que
o elogio das guerras ultramarinas, a exaltação do espírito
de cruzada, na Exortação da guerra, no Auto da Fama
e noutras obras, se integra dentro da orientação política
e ideológica da corte portuguesa. Dependente do Rei,
Gil Vicente servia a sua orientação política, por vezes
de maneira bem imediata, como na citada Exortação da Guerra, em que o clero português é cen-
surado por se recusar a entregar as tenças dos rendimentos eclesiásticos que o Papa concedera
à Coroa para custear2 a guerra em África.
Por outro lado, porém, Gil Vicente observa a realidade sob um ângulo que não é propriamente
o do Paço. Isto possibilita a largueza, a diversidade e a relativa objetividade do seu depoimento,
que não chega todavia a alcançar a amplidão e a crueza do que nos oferecera, quase um século
antes, Fernão Lopes.
A sátira vicentina está cheia de duplicidades. Vemo-lo atacar violentamente a nobreza, e ao
mesmo tempo exalçar os ideais típicos da mesma nobreza; vemo-lo elogiar a corte em termos
encarecidos e simultaneamente mostrar a corrupção, a venalidade e o espírito de rapina que a
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VOCABULÁRIO 1 popular, 2 financiar
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
caracterizam; vemo-lo atacar os Judeus, e por outro lado apresentar no palco os aspetos simpáticos da
sua vida, e defendê-los até, em carta a D. João III, contra as perseguições incitadas pelo clero de
Santarém. A mesma duplicidade deve explicar peças como o Juiz da Beira, em que se atribuem a um juiz su-
postamente boçal3 e mentecapto4 sentenças paradoxais, condenado instituições que estavam fora de toda
a discussão. A parvoíce do juiz serve de escudo à sabedoria das suas sentenças radicais.
Por estas razões, a interpretação do conjunto da sátira vicentina é extremamente complexa, e deve tomar
em conta os subentendidos, a intenção profunda dos paradoxos, as limitações que o autor procurava
iludir.
In História Ilustrada das Grandes Literaturas. Literatura Portuguesa I,
António José Saraiva, Editorial Estúdios Cor, 1966
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações apresentadas de A. a H. correspondem a ideias-chave do texto transcrito.
1.1. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias surgem no texto.
Começa a sequência pela letra C.
A. Ainda que sujeito a condicionantes, Gil Vicente retrata a mentalidade da corte.
B. Gil Vicente faz a apologia da guerra de cruzada de acordo com a ideologia defendida pelo rei.
C. As personagens de Gil Vicente caracterizam tipos sociais.
D. A obra de Gil Vicente deve ser interpretada à luz dos sentidos implícitos que o dramaturgo
se viu obrigado a usar.
E. A obra de Gil Vicente espelha a sociedade da época, mas também a ideologia do dramaturgo.
F. Não é só a mentalidade palaciana, mas também a do povo que servem a crítica vicentina.
G. Gil Vicente denuncia os vícios das classes sociais, mas também enaltece as suas qualidades.
H. Não obstante a sua fidelidade ao rei, Gil Vicente é objetivo na crítica que tece à corte.
2. Seleciona a única opção cuja frase contém o pronome pessoal átono o.
a) ―Os tipos psicológicos, como o Velho Enamorado, são exceções no teatro vicentino.‖ (linhas 5-7)
b) ―Por outro lado, porém, Gil Vicente observa a realidade sob um ângulo que não é pro-priamente
o do Paço.‖ (linhas 26-27)
c) ―Vemo-lo atacar violentamente a nobreza, e ao mesmo tempo exalçar os ideais típicos da
mesma nobreza […]‖ (linhas 30-31)
d) ―[…] a interpretação do conjunto da sátira vicentina é extremamente complexa […].‖ (linha 38)
__________________________________ VOCABULÁRIO 3 grosseiro, 4 insensato; néscio
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Leituras 9 –
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê a cena dos Cavaleiros do Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente. Em caso de
necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Vêm quatro Cavaleiros cantando, os quais trazem cada um a Cruz de Cristo, pelo qual Senhor
e acrecentamento de Sua santa fé católica morreram em poder dos mouros. Absoltos a culpa e
pena perprivilégio que os assi morrem têm dos mistérios da Paixão d’Aquele por Quem
padecem, outorgados por todos os Presidentes Sumos Pontífices da Madre Santa Igreja. E a
cantiga que assi cantavam, quanto a palavra dela, é a seguinte:
__________________________________ VOCABULÁRIO 1 provido do que é necessário; 2 estais cheio de presunção, de vaidade?; 3 ao meno
Cav. À barca, à barca segura,
barca bem guarnecida,
à barca, à barca da vida!
Senhores que trabalhais
pola vida transitária,
memória, por Deos, memória
deste temeroso cais!
À barca, à barca, mortais,
barca bem guarnecida,1
à barca, à barca da vida!
Vigiai-vos, pecadores,
que, despois da sepultura,
neste rio está a ventura
de prazeres ou dolores!
À barca, à barca, senhores,
barca mui nobrecida,
à barca, à barca da vida!
E passando per diante da proa do
batel dos danados assi cantando, com
suas espadas e escudos, disse o Arrais
da perdição desta maneira:
Dia. Cavaleiros, vós passais
e nom preguntais onde is?
1.º Cav. Vós, Satanás, presumis?2
Atentai com quem falais!
2.º Cav. Vós que nos demandais?
Siquer3 conhecê-nos bem.
Morremos nas Partes d’Além,
e não queirais saber mais
Dia. Entrai cá! Que cousa é essa?
Eu nom posso entender isto!
Cav. Quem morre por Jesu Cristo
não vai em tal barca como essa!
Tornam a prosseguir, cantando, seu
caminho direito à barca da Glória, e,
tanto que chegam, diz o Anjo:
Anjo Ó cavaleiros de Deos,
a vós estou esperando,
que morrestes pelejando
por Cristo, Senhor dos céos!
Sois livres de todo o mal,
mártires da Madre Igreja,
que quem morre em tal peleja
merece paz eternal.
E assi embarcam.
Auto da Barca do Inferno, Gil vicente,
in Teatro de Gil Vicente, edição de Ant. José. Saraiva, Portugália, s/d
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
3. Indica os elementos cénicos dos Cavaleiros e a sua simbologia.
4. Comenta a forma como os Cavaleiros reagem à interpelação do Diabo.
5. “à barca, à barca da vida” (verso 3)
5.1. Esclarece de que barca se trata, identificando o recurso expressivo presente no verso.
6. Explicita de que forma a cantiga dos Cavaleiros sintetiza a moralidade do Auto da Barca do Inferno.
7. Interpreta as palavras do Anjo à luz da ideologia política da época.
8. Explicita o motivo que terá levado Gil Vicente a apresentar os Cavaleiros apenas no final do auto.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Indica os processos fonológicos sublinhados que ocorreram na evolução para o português atual
das palavras a seguir indicadas.
a) ―dolores‖ > dores
b) ―nobrecida‖ > enobrecida
2. ―neste rio está a ventura‖ (verso 13)
2.1. Tendo em conta que, à semelhança do nome ―rio‖, a forma verbal rio provém do mesmo étimo
latino, classifica-as quanto à sua origem e evolução.
3. Os Cavaleiros dirigiram-se diretamente à barca do Anjo.
3.1. Indica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada na frase.
4. ―Quem morre por Jesu Cristo / não vai em tal barca como essa.‖ (versos 28-29)
4.1. Classifica a oração sublinhada na frase anterior.
5. Os Cavaleiros morreram na Guerra Santa. O Anjo embarcou os Cavaleiros para o Paraíso.
6.1. Transforma as frases simples anteriores numa frase complexa de acordo com o sentido do texto.
Evita repetições desnecessárias.
GRUPO III
Ainda que vários séculos separem o Auto da Barca do Inferno do tempo presente, aquele mantém-se
perfeitamente atual.
Escreve um texto argumentativo, de 180 a 240 palavras, que confirme a afirmação anterior,
com base em acontecimentos da atualidade.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
Novas
Leituras 9 –
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 5
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A Lê o texto com atenção.
Viajar nos Livros Dia Internacional do Livro Infantil
Era uma vez um tempo em que ainda não havia
vacinas (ou havia muito poucas), e os meninos
aguentavam semanas na cama, sem poderem ir à
escola, desembaraçando-se alegremente de papeiras,
varicelas, tosses convulsas e gripes que duravam
eternidades. Era também um tempo em que ainda não
havia televisão, nem se sonhava com víeos ou jogos de
computadores. Num tempo desses fiz a minha provisão
de sonho e aventura: durante uma pneumonia, curada
a papas de linhaça, li A Ilha do Tesouro e Moby Dick.
Por isso até. hoje esses livros têm cheiro, o cheiro
inconfundível dos remédios para sempre colado à
ideia do cheiro do rum, da estalagem do Capitão
Benbow, ou do convês do ―Pequod‖. E desde então
aprendi que se pode viajar de muitas maneiras, com
a companhia que quisermos, durante o tempo que
entendermos. Basta um livro nas nossas mãos para
que mundos verdadeiros e mundos imaginados se
estendam à nossa frente, sem fronteiras, sem pas-
saportes, sem horários de chegada ou de partida. In-
felizmente a literatura portuguesa não é muito rica
em livros de viagens. Fizemo-nos ao mar – e dessa
aventura demos conta n ‗Lusíadas; perdemo-nos por
desvairadas terras – e dessa aventura demos conta
na Peregrinação. Depois cansámo-nos um pouco…
Esta seleção de livros é, como todas, subjetiva.
De um modo mais ou menos abrangente, todos
incidem sobre o tema da viagem. E todos têm um final
comum: viajar.
É bom, porque existe um lugar (ou um sonho, ou
alguém) a que vale a pena regressar. Alice Vieira
http://www.dglb.pt/sites/DGLB/Portugues/livro/promocaoLeitura/
accoesPromocaoLeitura/diasMundiais/Documents/viaj_livros.pdf
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1. A expressão ―duravam eternidades‖ (linhas 5-6) contém uma:
a) ironia.
b) hipérbole.
c) metáfora.
d) personificação.
1.2. Na frase ―[…] nem se sonhava com vídeos ou jogos […]‖ (linha 7), a expressão sublinhada pode
ser substituída por:
a) nem se desejava.
b) nem se gostava de.
c) nem havia.
d) nem se previa haver.
1.3. Na frase ―E desde então aprendi que se pode viajar de muitas maneiras […].‖ (linhas 14-15), a
expressão sublinhada é uma oração:
a) subordinada adjetiva restritiva.
b) subordinada adjetiva explicativa.
c) subordinada substantiva completiva.
d) subordinada substantiva relativa.
1.4. Na linha 21, a palavra ―rica‖ significa:
a) abundante.
b) opulenta.
c) rara.
d) valiosa.
1.5. O complexo verbal ―demos conta‖ (linha 23) pode ser substituído por:
a) apercebemo-nos.
b) notamos.
c) narramos.
d) consideramos.
1.6. A afirmação ―[…] cansámo-nos um pouco…‖ (linha 25) pretende salientar que:
a) as viagens cansam.
b) é cansativo ler os livros de viagens.
c) narrar as viagens é cansativo.
d) não se fez mais nada digno de relato.
1.7. A locução ―ou… ou‖ (linha 30) apresenta uma ideia de:
a) adição.
b) alternativa.
c) conclusão.
d) oposição.
Novas
Leituras 9 –
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê o excerto de Os Lusíadas de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulta o
vocabulário apresentado.
Despedidas em Belém
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VOCABULÁRIO 1 a ermida de Nossa Senhora de Belém; 2 penso; 3 dificilmente contenho as lágrimas; 4 receia
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
2. Situa o excerto transcrito na estrutura interna da obra a que pertence.
3. Identifica o narrador e classifica-o quanto à presença.
4. ―Que apenas nos meus olhos ponho o freio‖ (estância 87)
4.1. Identifica o recurso expressivo no verso transcrito, evidenciando o seu valor expressivo.
5. As personagens intervenientes no momento da ação narrado formam dois grupos distintos: aqueles
que partem e aqueles que ficam.
5.1. Identifica as personagens de cada um dos grupos.
5.2. Enuncia os sentimentos manifestados por aqueles que ficam e as causas dos mesmos.
6. Comenta a atitude dos navegadores nos últimos quatro versos da estância 88.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Transforma em discurso indireto a frase a seguir apresentada.
Vasco da Gama garantiu:
– Vamos fazer esta viagem em nome da pátria e seremos bem-sucedidos.
2. Os marinheiros que partiram de Belém despediram-se comovidos da multidão.
2.1. Transcreve a oração subordinada que integra a frase anterior e classifica-a.
Partimo-nos assi do santo templo1
Que nas praias do mar está assentado,
Que o nome tem da terra, pera exemplo,
Donde Deus foi em carne ao mundo dado.
Certifico-te, ó Rei, que, se contemplo2
Como fui destas praias apartado,
Cheio dentro de dúvida e receio,
Que apenas nos meus olhos ponho o freio3.
A gente da cidade, aquele dia,
(Uns por amigos, outros por parentes,
Outros por ver somente) concorria,
Saudosos na vista e descontentes.
E nós, co a virtuosa companhia
De mil Religiosos diligentes,
Em procissão solene, a Deus orando,
Pera os batéis viemos caminhando.
Em tão longo caminho e duvidoso
Por perdidos as gentes nos julgavam,
As mulheres cum choro piadoso,
Os homens com suspiros que arrancavam.
Mães, Esposas, Irmãs, que o temeroso
Amor mais desconfia4, acrecentavam
A desesperação e frio medo
De já nos não tornar a ver tão cedo.
In Os Lusíadas, Luís de Camões
edição de A. J. da Costa Pimpão,
MNE-IC, 2000
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Leituras 9 –
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
3. Transforma cada par de frases simples numa frase complexa, utilizando conjunções e locuções
conjuncionais das subclasses indicadas entre parênteses.
a) A multidão sentia-se triste e receosa. A viagem era longa e perigosa. (locução subordinativa causal)
b) O capitão sentia-se muito comovido. Os seus olhos estavam marejados de lágrimas. (conjunção
subordinativa consecutiva)
4. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses,
no tempo e no modo indicados.
Pretérito perfeito simples do indicativo
a) Os navegadores _______________ (obter) grande reconhecimento pelo seu feito heroico.
b) A viagem de descoberta do caminho marítimo para a Índia _______________ (trazer) muitas
vantagens para Portugal.
Futuro simples do conjuntivo
c) Se os navegadores _______________ (ter) sorte, a viagem será bem-sucedida.
b) Se os navegadores _______________ (regressar) sãos e salvos, a família ficará feliz.
5. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B, de modo a identificares a
função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em cada frase.
6. Assinala a alínea em que a palavra para não é uma reposição.
a) ―Para os batéis viemos caminhando.‖ (estância 88)
b) Os navegadores preparam-se para a perigosa viagem.
c) A gente da cidade ocorreu à praia para se despedir dos navegadores.
d) Depois de os marinheiros partirem, eles foram para casa.
GRUPO III
Na verdade, os homens partiam em busca de fortuna, deixando para trás a sua família.
Escreve um texto de opinião, de 180 a 240 palavras, no qual te posiciones a favor ou contra a viagem
realizada pelos navegadores portugueses, fundamentando devidamente o teu ponto de vista.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede
a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
Coluna B
1. complemento agente da passiva
2. complemento direto
3. complemento indireto
4. complemento oblíquo
5. modificador
6. predicativo do sujeito
7. sujeito
Coluna A
A. A gente da cidade despediu-se dos marinheiros.
B. Vasco da Gama sentia-se comovido.
C. Os religiosos acompanharam-nos até aos batéis.
D. Os navegadores partiram nesse dia.
E. Os navegadores eram apoiados pelo rei.
Novas
Leituras 9 –
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 6
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A Lê o texto com atenção. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
A Viagem da Índia
As naus estavam finalmente aparelhadas, as guarnições a postos, as âncoras prontas a er-
guer-se.
Fora ainda D. João II que as mandara construir; e o Príncipe perfeito, inspirando-se nos
conselhos de Bartolomeu Dias e dos outros práticos, não se poupara a esforços para que elas
fossem acabadas de uma maneira especialmente cuidada e forte, com madeiras de grande grossura,
habilmente escolhidas e arrecadadas na Casa da Mina por pessoa de confiança, com a pregaria bem
atacada, com o calafeto1 rigorosamente verificado e os aparelhos, o cordame2, as velas tríplices por
causa dos temporais.
Estavam prontas as naus heroicas, predestinadas, que agora simbolizavam todo o futuro, todo o
sonho, toda a ansiedade de Portugal; as naus em que naquela manhã de 8 de julho de 1497, depois
de ter passado a noite na capela do Restelo, vigiando e orando, Vasco da Gama devia embarcar com
os seus companheiros em demanda do Oriente.
Todo o povo de Lisboa tinha acorrido à praia, a que a piedade de muitos, ainda no tempo do
infante D. Henrique, pusera o pitoresco nome de Lágrimas; e na luz prestigiosa da manhã, toda em
cintilas3 e irisados4 fulgores, toda em tonalidades do mais puro cristal, apenas lá muito ao longe
levemente empanada5 na bruma das serranias, o venturoso rei D. Manuel viera também em triunfo,
sob o pálio6, dizer o último adeus aos novos argonautas.
No calmo estuário do Tejo, tão predestinado para as gloriosas empresas e para as supremas
consagrações, já o S. Gabriel, o S. Rafael, o S. Miguel e o Bérrio desfraldam as velas aos ventos e
aos sonhos épicos; e, no meio da multidão – enquanto Vasco da Gama e os outros comandantes se
afastam – as mãos agitam-se mais altas num frémito de ansiedade, as almas perturbam-se numa
mais enternecida emoção e um velho de longas barbas alvejantes diz talvez em torno as proféticas
palavras d‘Lusíadas.
Enfim! Enfunadas as velas, já lá iam pelo mar fora, audazmente, na apoteose esplêndida do sol
trespassando o azul, dourando a cidade e as águas; já lá iam em busca da morte, em busca da
glória e das origens do sol, como aventureiros ousados de um novo, mais pulcro7 ideal – enquanto a
multidão se dispersava, agora mais soturna, ainda em lágrimas, no angustioso presságio dos
temporais, dos naufrágios, dos flagelos implacáveis do futuro…
In Quadros da História de Portugal, Chagas Franco & João Soares, Gradiva Publicações, 2010
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VOCABULÁRIO
1 vedação; 2 cordas; 3 brilhos; faíscas; 4 brilhantes; coloridos; 5 encoberta; 6 espécie de dossel sustido
por varas, debaixo do qual vai o rei nos cortejos; 7 belo; delicado
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1. A palavra ―aparelhadas‖ (linha 1) significa:
a) acabadas.
b) ancoradas.
c) encaminhadas.
d) preparadas.
1.2. O ano ―1497‖ (linha 10) reporta-se ao século:
a) XIV.
b) XV.
c) XVI.
d) XVII.
1.3. O ―S. Gabriel, o S. Rafael, o S. Miguel e o Bérrio‖ (linha 19) referem-se:
a) ao nome dos comandantes das naus.
b) ao nome atribuído às naus.
c) aos santos que acompanhavam os navegadores.
d) aos sacerdotes que viajavam com a tripulação.
1.4. A expressão ―as mãos agitavam-se mais altas‖ (linha 21) contém uma:
a) metáfora.
b) perífrase.
c) personificação.
d) sinédoque.
1.5. Na frase ―já lá iam pelo mar fora‖ (linha 24), o sujeito é:
a) as naus.
b) as velas.
c) os argonautas.
d) os sonhos épicos.
1.6. A palavra sublinhada na expressão ―ainda em lágrimas‖ (linha 27) pode ser substituída por:
a) agora.
b) até agora.
c) mais.
d) também.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê o excerto de Os Lusíadas de Luís de Camões. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário
apresentado.
A Tempestade
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VOCABULÁRIO 1 vatentos à narrativa de Fernão Veloso; 2 comandante de manobra; 3 soprando; 4 manda encurtar as velas su-
periores do mastro grande; 5 aumenta de intensidade; 6 tempestade; 7 carrega, colhe; 8 impetuosos, enfurecidos; 9 frenesi, nervosismo; 10 de S. Gabriel; 11 grande quantidade; 12 lança carga ao mar; 13 presença de espírito, san-
gue-frio; 14 logo que; 15 cordas que se prendem à cana do leme, para facilitar o governo da nau; 16 torre que, se-
gundo a Bíblia, os hebreus construíram para chegar ao Céu, tendo sido castigados por Deus que fez com que o
povo falasse línguas diferentes e, como tal, não se entendesse
Mas neste passo, assi prontos estando1,
Eis o mestre2, que olhando os ares anda,
O apito toca: acordam, despertando,
Os marinheiros dũa e doutra banda,
E, porque o vento vinha refrescando3,
Os traquetes das gáveas tomar manda4.
―– Alerta (disse) estai, que o vento crece5
Daquela nuvem negra que aparece!‖
Não eram os traquetes bem tomados,
Quando dá a grande e súbita procela6.
―– Amaina (disse o mestre a grandes brados),
Amaina7 (disse), amaina a grande vela!‖
Não esperam os ventos indinados8
Que amainassem, mas, juntos dando nela,
Em pedaços a fazem cum ruído
Que o Mundo pareceu ser destruído!
O céu fere com gritos nisto a gente,
Cum súbito temor e desacordo9;
Que, no romper da vela, a nau10 pendente
Toma grão suma11 d' água pelo bordo.
―– Alija12 (disse o mestre rijamente,
Alija tudo ao mar, não falte acordo13!
Vão outros dar à bomba, não cessando;
À bomba, que nos imos alagando!‖.
70
71
Correm logo os soldados animosos
A dar à bomba; e, tanto que14 chegaram,
Os balanços que os mares temerosos
Deram à nau, num bordo os derribaram.
Três marinheiros, duros e forçosos,
A menear o leme não bastaram;
Talhas15 lhe punham, dũa e doutra parte,
Sem aproveitar dos homens força e arte.
Os ventos eram tais que não puderam
Mostrar mais força d' ímpeto cruel,
Se pera derribar então vieram
A fortíssima Torre de Babel16.
Nos altíssimos mares, que creceram,
A pequena grandura dum batel
Mostra a possante nau, que move espanto,
Vendo que se sustém nas ondas tanto.
In Os Lusíadas, Luís de Camões edição de A. J. Pimpão, MNE-IC, 2000
72
73
74
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
2. Situa o excerto de Os Lusíadas na estrutura interna da obra.
3. Atenta nas estâncias 70 e 71.
3.1. Transcreve das estâncias as expressões que ilustrem o crescimento gradual da tempestade.
3.2. Identifica, na segunda estância, uma personificação, evidenciando o seu valor expressivo.
3.3. Caracteriza a atitude da personagem individual, destacada na tripulação, face à tempestade.
4. Relê as estâncias 72 e 73.
4.1. Esclarece o estado de espírito dos marinheiros.
4.2. Explicita a atitude dos marinheiros perante as ordens do ―mestre‖.
5. Esclarece o sentido dos quatro primeiros versos da última estância, identificando o recurso expressivo
empregue na descrição da força dos ventos.
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. ―Não esperam os ventos indinados / Que amainassem‖ (estância 71)
1.1. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
1.2. Classifica a forma verbal ―amainassem‖, indicando pessoa, número, tempo e modo.
1.3. Classifica a oração introduzida pela conjunção subordinativa ―que‖.
1.4. Reescreve os versos anteriores na afirmativa, iniciando-os como a seguir se indica.
Oxalá os ventos indinados ___________________________________________________
2. ―Três marinheiros, duros e forçosos, / A menear o leme não bastaram‖ (estância 73)
2.1. Reescreve o segundo verso, substituindo ―o leme‖ pelo pronome pessoal adequado. Faz apenas
as alterações necessárias.
2.2. Identifica a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
3. Seleciona a alínea que te permite obter uma afirmação correta.
3.1. A frase em que a palavra que é um pronome é:
a) ―Eis o mestre, que olhando os ares anda, / O apito toca‖ (estância 70)
b) ―– Alerta (disse) estai, que o vento crece‖ (estância 70)
c) ―Não esperam os ventos indinados / Que amainassem‖ (estância 71)
d) ―Em pedaços a fazem cum ruído / Que o Mundo pareceu ser destruído!‖ (estância 71)
GRUPO III
Os navegadores portugueses arriscaram a sua vida na descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Baseando-te em filmes/séries televisivas que tenhas visto ou em algum livro que tenhas lido,
escreve uma história real ou imaginária, de 180 a 240 palavras, em que alguém tenha arriscado a
própria vida para alcançar um determinado objetivo.
Lembra-te de que deves situar a ação no tempo e no espaço, bem como apresentar as personagens
intervenientes.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e
procede a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 7
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A Lê o texto com atenção.
Talvez, quem sabe?, a poesia seja alguma espécie obscura de religião
A poesia é um mistério incompreensível. Porque
escrevem as pessoas poesia? E porque a leem ou
ouvem outras pessoas? Eu sei que pode escrever-se
poesia (o que quer que "poesia" signifique) por
muitos motivos, nem todos respeitáveis.
Ao longo da História, a poesia tem servido um
pouco para tudo, seja ut doceat, ut moveat aut
delectet, que é como quem diz "para ensinar,
comover ou deleitar" (a fórmula tem 500 anos e é de
Rudolfo Agrícola) seja para enaltecer e louvar ou, se
não para ganhar a vida, ao menos para fazer por
ela.
Hoje, como provam os programas de Língua
Portuguesa da Dra. Maria de Lurdes Rodrigues, a
poesia é coisa perfeitamente dispensável no ensino e
qual-quer telenovela comove e deleita mais gente
que um poema de Cesário ou de Herberto; por outro
lado, já ninguém encomenda um poema para
eternizar os seus feitos (a verdade é que também
faltam feitos que mereçam ser eternizados) nem
nenhuma dama se deixa seduzir com protestos de
amor decassilábicos e metáforas. Quanto a ganhar a
vida estamos falados; com raras exceções, os livros
de versos vendem umas poucas centenas de
exemplares e só editores suicidas se metem em tal
negócio. Há tempos, um editor punha a uma seleta
audiência de poetas a seguinte pergunta: como se
edita poesia e se tem uma pequena fortuna ao fim
de uns anos? A resposta é: começando com uma
grande fortuna. No entanto, continua a haver gente
a escrever poesia e gente a editá-la. E gente a ler ou
a ouvir poesia.
Na semana passada realizou-se em Maiorca o
Festival de Poesia do Mediterrâneo (outro mistério:
por todo o lado continuam a realizar-se festivais de
poesia). Havia poetas catalães, castelhanos, asturia-
nos, árabes, portugueses.
Na última noite, 500 ou 600 pessoas ouviram ler
poemas em línguas que não conheciam. Muitas vezes
(pelo menos no caso do árabe e do português) não fa-
ziam a mínima ideia do que falavam os poetas. Mas es-
cutavam como se participassem numa celebração cujo
significado estivesse alám (ou aquém) das palavras.
Que procuravam ali aquelas pessoas? Só a ―música
das palavras‖? Mas a poesia não é música, é um pouco
menos e um pouco mais que música. é certo que tam-
bém não é apenas sentido mas algo entre uma coisa
e outra ou ambas ao mesmo tempo, ―música do sen-
tido‖, como diz Castoriadis, e talvez, quem sabe?, al-
guma forma de sentido que a música possa fazer.
Como os outros, também eu escutava. Às vezes jul-
gava reconhecer uma palavra e agarrava-me a ela
como um náufrago até a perder algures fora e dentro
de mim, ou percebia uma sonoridade dolorosa, uma
inflexão irónica, uma inventiva (em árabe, meu Deus!,
que mais podia eu perceber?), e isso me bastava para,
por um momento, me sentir absurdamente feliz.
Talvez, quem sabe?, a poesia seja alguma espécie
obscura de religião, talvez ela própria seja uma língua
estrangeira falada em regiões distantes e interiores,
talvez escrevendo poesia e lendo e ouvindo poesia es-
tejamos perto de algo maior do que nós ou do nosso
exato tamanho. Porque alguma razão há de haver
para a persistência da poesia mesmo em tempos tão
pouco gloriosos como os nossos.
In Visão, junho, 2007
http://visao.sapo.pt/persistencia-da-poesia=f692240
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Manuel António Pina
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1. Na expressão “ut doceat, ut moveat aut delectet” (linha 7) usa-se o itálico, porque:
a) é o título de uma publicação.
b) é o título de um poema.
c) é um empréstimo.
d) se pretende destacar uma ideia.
1.2. Ao afirmar que ―a poesia é coisa perfeitamente dispensável no ensino‖ (linhas 13-14), o autor
pretende:
a) destacar que a poesia é desnecessária no ensino.
b) confirmar que a poesia é supérflua no ensino.
c) salientar o valor da poesia no ensino.
d) criticar o pouco valor atribuído à poesia no ensino.
1.3. A expressão ―estamos falados‖ (linhas 21-22) significa:
a) já falámos tudo.
b) está tudo dito.
c) não há nada a declarar.
d) não se deve dizer tudo.
1.4. De acordo com o que é dito no texto, a publicação de poesia:
a) não é muito lucrativa.
b) permite ganhar muito dinheiro.
c) permite obter uma pequena fortuna.
d) permite obter uma grande fortuna.
1.5. A expressão ―agarrava-me a ela como um náufrago‖ (linhas 50-51) contém uma:
a) metáfora.
b) comparação.
c) hipérbole.
d) personificação.
1.6. A palavra ―mesmo‖ (linha 62) pode ser substituída por:
a) igualmente.
b) até.
c) realmente.
d) na verdade.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê o poema de Sophia de Melo Breyner Andresen.
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
2. Identifica o destinatário do poema, evidenciando a atitude do sujeito poético face ao mesmo.
3. O poema constrói-se com base na anáfora da palavra ―Porque‖.
3.1. Explicita o motivo pelo qual o poema é construído dessa forma.
4. Transcreve do poema expressões que denunciem as atitudes a seguir indicadas.
a) dissimulação.
b) hipocrisia.
c) corrupção.
d) cobardia.
5. ―Porque os outros são os túmulos caiados / Onde germina calada a podridão.‖ (versos 5-6)
5.1. Explicita o sentido dos versos anteriores.
5.2. Identifica o recurso expressivo empregue nos versos transcritos.
6. Num comentário breve, demonstra que o poema de Sophia de Mello Breyner Andresen possui um cariz
de intervenção social.
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
In Obra Poética, Sophia de Mello Breyner Andresen, Caminho, 2011
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. A denúncia social, que está presente no poema ―Porque‖, foi uma das preocupações de Sophia
de Mello Breyner Andresen.
1.1. Explicita a regra que torna obrigatório o uso de vírgulas na frase anterior.
2. Repara nas frases transcritas do texto da Parte A.
a) ―A poesia é um mistério incompreensível.‖ (linha 1)
b) ―Mas escutavam como se participassem numa celebração […]‖ (linhas 39-40)
c) ―Que procuravam ali aquelas pessoas?‖ (linha 42)
2.1. Indica, para cada uma das alíneas, a função sintática que as expressões sublinhadas desempenham.
3. ―Ao longo da História, a poesia tem servido um pouco para tudo […].‖ (linhas 6-7, texto Parte A)
3.1. Classifica a forma verbal sublinhada, indicando pessoa, número, pessoa, tempo e modo.
4. Transforma o par de frases simples numa frase complexa, utilizando uma conjunção subordinativa
concessiva. Faz as alterações necessárias.
a) Os poetas denunciam os problemas sociais. O desrespeito pelos direitos humanos é cada
vez mais frequente.
GRUPO III
A cultura é uma das formas de libertação do homem. Sophia de Mello Breyner Andresen
Escreve um texto argumentativo, de 180 a 240 palavras, que pudesse ser divulgado num jornal
escolar, no qual procures convencer os teus colegas das vantagens de se possuir uma boa formação
cultural,
fundamentando devidamente o teu ponto de vista.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e procede
a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
TESTE N.° 8
ESCOLA: ___________________________________________________________________
TESTE DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I Parte A
Lê o texto com atenção.
Uma crónica ou lá o que é
Em Almeirim, no almoço anual com os meus
camaradas. Ouvir falar de África o tempo inteiro.
Tratam-me sempre tão bem! Às vezes tenho difi-
culdade em distinguir, nos homens de hoje, os rapa-
zinhos de então. Depois um sorriso, um trejeito,
qualquer coisa para além das feições e reconheço-os.
Trazem as mulheres, os filhos, mostram a
fotografia dos netos. Há quem venha do estrangeiro,
de propósito. Há quem ainda ponha a boina na
cabeça.
Quase todos continuam lá, pelo menos uma parte
deles continua lá. Os mortos connosco. Falo pouco,
como sempre, oiço-os. Vivi tudo aquilo que eles
continuam a viver e que, para mim, é uma espécie de
sonho. Farrapos de lembranças, coisas que me dizem
que fiz e mal recordo. Ao lembrarem-mas avivam-se
um bocadinho, desbotam-se de novo. Publicaram um
livro com as cartas que escrevi durante aquilo: não o li
nunca. Não sou capaz. Não é que queira esquecer, é
que foi outro que por lá andou. Foi outro e fui eu, que
difícil explicar isto. Não escrevi nenhum livro sobre a
guerra, limitei-me a intercalar episódios laterais nos
primeiros textos publicados, para estruturar melhor
os capítulos e, talvez também, para, em certo sentido,
me libertar de episódios que me embaciavam a me-
mória, libertando-me deles como de um vómito.
Uma vez liberto deles pensei Agora posso começar
e, então, comecei. Tanto tempo até encontrar o meu
tom, o meu modo, uma forma que não devesse nada
a ninguém, e em que as vozes alheias não entrassem
na minha. Em Almeirim longos abraços enternecidos,
saudades, quem sou eu? Sei e não sei, fujo de mim
regresso, persigo-me desisto. Sou muitos. Deixei mui-
tos pelo caminho e continuo a ser muitos. Um dia tudo
isto para. E metem um só no caixão. Fiz o que pude,
com a força que tinha, e dói-me que imensos erros, pa-
tetices, asneiras. Sofri que me fartei. Algumas alegrias
no meio disto, claro, alguns momentos quase perfeitos
na eterna guerra civil dos meus dias. É isso que me
confunde mais: porquê esta violência interior, estes
excessos, esta permanente, desesperada busca? […]
Uma sina difícil e esquisita, que me acompanha
desde que o início, e me condiciona a vida. Em Almei-
rim com a tropa, emboscadas, flagelações, minas,
álbuns e álbuns de fotografias daquilo.
Não tenho nenhuma, não quero ter nenhuma.
Bastam-me as mangueiras de Marimba que me per-
seguirão para sempre, cheias de morcegos. Uma
longa fila de mangueiras enormes, os crocodilos do
rio Cambo, um leão que, no Leste, passou rente à
viatura: demasiada tralha já, de que me tento livrar
sacudindo o lombo da alma. Em parte sou capaz, em
parte não sou. E as mangueiras persistem. Até ao fim
hão de morar comigo? Almeirim uma terra bonita.
Não me importava de morar lá, conhecer as pessoas.
Não me importava de morar fosse onde fosse, como
não me importo de morar aqui, é-me indiferente o
lugar, desde que haja esferográfica, papel, uma
cadeira e uma mesa. O almoço dos camaradas num
restaurant enorme, com um casamento ao lado. […]
[…] E aqui estão eles comigo, apesar de eu sozinho.
In Visão, agosto 2011 (excerto)
http://visao.sapo.pt/uma-cronica-ou-la-o-que-e=f618972
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António Lobo Antunes
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Para responderes a cada item, seleciona a afirmação adequada ao sentido do texto.
1.1. A expressão ―Farrapos de lembranças‖ (linha 14) contém uma:
a) ironia.
b) hipérbole.
c) metáfora.
d) personificação.
1.2. O pronome ―deles‖ (linha 25) refere-se aos:
a) episódios de guerra.
b) capítulos.
c) textos publicados.
d) camaradas.
1.3. O possessivo ―minha‖ (linha 30) refere-se à:
a) vida.
b) voz.
c) terra.
d) casa.
1.4. Ao utilizar-se a expressão ―claro‖ (linha 37) reforça-se uma:
a) afirmação.
b) dúvida.
c) condição.
d) previsão.
1.5. A frase ―Não tenho nenhuma, não quero ter nenhuma.‖ (linha 45) contém uma oração coordenada:
a) adversativa sindética.
b) adversativa assindética.
c) copulativa sindética.
d) copulativa assindética.
1.6. A palavra ―mangueiras‖ (linha 46) significa:
a) planta cujo fruto é a manga.
b) tubo feito de um material flexível.
c) instrumento para malhar cereais.
d) pau comprido e delgado do mangual.
1.7. Da leitura do texto depreende-se que a guerra em África:
a) não é um assunto digno de relato.
b) foi mais um episódio na vida do autor.
c) não foi importante para o autor.
d) foi uma acontecimento marcante na vida do autor.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê o poema de Fernando Pessoa. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
O Menino da sua Mãe
___________________________________________________________________________
VOCABULÁRIO 1 chão; planície; 2 sem sangue; 3 abatido; 4 com forma de asa; 5 oraçãoa
Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.
2. O poema denuncia uma situação trágica. Indica-a.
3. Explicita a simbologia da ―cigarreira‖ e do ―lenço‖ referidos na 4.ª e 5.ª estrofes, respetivamente.
4. ―Que volte cedo, e bem!‖ (verso 27)
4.1. Comenta a importância do emprego do discurso direto, evidenciando a ironia presente no verso
transcrito.
5. Explica o motivo pelo qual o verso ―(Malhas que o Império tece!)‖, surge entre parênteses, sa-
lientando a intenção do sujeito poético.
6. Justifica o título atribuído ao poema, tendo em conta o seu desenvolvimento temático.
No plaino1 abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado –
Duas, de lado a lado –,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue2,
Fita com olhar langue3
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera: ―O menino da sua mãe.‖
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada4
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece5:
―Que volte cedo, e bem!‖
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Fernando Pessoa, in Maria Aliete Galhoz
Fernando Pessoa, Editorial Presença
10
20
Novas
Leituras 9 –
AS
A
5
15
25
30
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
GRUPO II
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Lê a abertura de um discurso dirigido a ex-combatentes de guerra.
Companheiros, A guerra, o eterno pesadelo, deixou-nos uma herança dolorosa…
1.1. Completa as frases que se seguem, para justificares a pontuação utilizada na abertura do discurso.
A. Na primeira linha, usa-se a vírgula para assinalar a expressão com a função sintática de…
B. Na segunda linha, as vírgulas delimitam a expressão que desempenha a função sintática de…
2. Classifica as orações sublinhadas em cada uma das frases seguintes.
a) Desde que o homem existe, há guerra no mundo.
b) Ainda que morram muitos inocentes, a guerra perpetua-se.
c) Na guerra não há vencedores, visto que morrem sempre muitos inocentes.
d) A guerra acabaria, caso não envolvesse tantos interesses.
3. Indica a função sintática desempenhada pelo advérbio ―lá‖ em cada uma das alíneas.
a) ―Quase todos continuam lá […].‖ (linha 10, texto Parte A)
b) ―Não me importava de morar lá […].‖ (linha 54, texto Parte A)
c) ―Lá longe, em casa, há a prece‖ (verso 26, texto Parte B)
GRUPO III
Escreve um texto de opinião, de 180 a 240 palavras, que pudesse ser divulgado num jornal escolar,
no qual apresentes o teu ponto de vista sobre a guerra.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Antes de redigires o teu texto, aponta em forma de tópicos as ideias gerais que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto que escreveste, verifica se respeitaste a tua planificação e pro-
cede a ajustes e/ou correções que consideres necessários.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
PROVA 1
ESCOLA: ___________________________________________________________________
PROVA MODELO DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A
Oceanos mais quentes, furacões mais violentos
O verão de 2004 foi um enorme sinal de alerta:
quatro furacões sem precedentes atingiram a
Flórida e 10 tufões causaram estragos no Japão –
quatro a mais que o recorde por estação na região.
Alarmados, os cientistas deram explicações con-
traditórias para o aumento desses ciclones tropicais
e ficaram bastante divididos quanto à participação
do aquecimento global nessa ―revolta‖. A mãe
natureza ultrapassou um recorde na temporada de
furacões no Atlântico Norte, em 2005, coroada
pelos devastadores furacões Katrina e Rita. Mas,
em 2006, enquanto os preços dos seguros
disparavam no sudeste americano, o número de
tem-pestades no Atlântico Norte ficou bem abaixo
das previsões. Se o aquecimento global está
realmente a exercer um papel dominante, porque
foi a temporada 2006 de furacões tão calma?
Análises cuidadosas dos padrões do clima
fornecem uma explicação consensual para os dois
aumentos sem precedentes que ocorreram em
2004 e 2005, assim como para a temporada estra-
nhamente tranquila de 2006. Infelizmente, essa
explicação traz prognósticos de problemas meteo-
rológicos a longo prazo. (...)
Para determinar se o aquecimento global está
a afetar o número e a intensidade (velocidade do
vento) dos furacões, os cientistas precisam de
entender primeiro como é que essas tempestades
se formam. Ao longo dos anos, foram concebidos
modelos cada vez mais detalhados da formação de
furacões. O principal ingrediente de um furacão é
água aquecida, e é por isso que a maioria deles se
forma nos trópicos, onde o sol incide quase
verticalmente. Os oceanos absorvem a maior parte
da energia solar incidente e depois expulsam o
excesso
71
De calor acumulado, principalmente por meio da
evaporação; quando a humidade se condensa for-
mando chuva, liberta energia latente, aquecendo
a atmosfera. No inverno, os ventos transportam
esse calor para latitudes mais altas, onde ele é
irradiado para o espaço. Mas no verão a energia
eleva-se (…) para altitudes mais altas nos trópicos,
criando vários fenómenos – de nuvens cúmulos a
temporais. (…)
Como a temperatura da superfície do oceano é o
parâmetro-chave na formação de furacões, os cien-
tistas querem saber como se alteraram estas tem-
peraturas nas décadas passadas, se o número,
dimensões e intensidade dos furacões mudaram e
se o aquecimento global atribuído à atividade hu-
mana contribuiu de modo significativo. (…)
Kevin E. Trenberth
www2.uol.com.br (texto adaptado)
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientações que te são dadas
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de acordo
com o sentido do texto. Escreve as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada
número apenas uma vez.
2. Indica o referente do pronome sublinhado na expressão ―onde ele é irradiado para o espaço‖
(linhas 40-41).
3. Para responderes a cada item (3.1. a 3.4.), seleciona a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
3.1. A frase ―os cientistas deram explicações contraditórias para o aumento desses ciclones tropicais
e ficaram bastante divididos quanto à participação do aquecimento global nessa ‗revolta‘‖ (li -
nhas 5-8) significa que os cientistas
a) estiveram de acordo quanto às explicações que apresentaram.
b) discordaram das explicações uns dos outros, não chegando a acordo.
c) consideraram que era impossível responder satisfatoriamente a este desafio.
d) reconheceram a sua incapacidade para explicar fenómenos tão inesperados.
3.2. Na frase ―Infelizmente, essa explicação traz prognósticos de problemas meteorológicos a longo
prazo.‖ (linhas 22-24) o advérbio sublinhado
a) veicula a perspetiva do autor face à afirmação que faz.
b) descreve o modo como os fenómenos decorreram.
c) apresenta uma opinião oposta à anteriormente exposta.
d) subscreve uma opinião anteriormente apresentada.
3.3. Na frase ―Como a temperatura da superfície do oceano é o parâmetro-chave na formação de
furacões, os cientistas querem saber como se alteraram estas temperaturas nas décadas passadas
(…).‖ (linhas 45-48) os vocábulos sublinhados significam
a) ―uma vez que‖ e ―porque‖, respetivamente.
b) ―de que modo‖ e ―uma vez que‖, respetivamente.
c) ―uma vez que‖ e ―de que modo‖, respetivamente.
d) ―uma vez que‖ e ―logo‖, respetivamente.
3.4. Na expressão ―Análises cuidadosas dos padrões do clima fornecem uma explicação consensual‖ (linhas
18-19) está presente a ideia de que o processo de procura de explicações
a) está concluído. b) está longe do terminar. c) está em curso. d) foi interrompido.
Coluna A
(a) As análises dos padrões do clima
foramcuidadosas.
(b) O principal ingrediente de um furacão é a
temperatura da superfície do oceano.
(c) No inverno, os ventos transportam o calor
para latitudes mais altas, onde ele é irradiado
para o espaço.
(d) Os cientistas tentaram entender o papel
desempenhado pelo aquecimento global.
(e) Os cientistas queriam entender se o
aquecimento global afeta a formação
defuracões.
Coluna A
(1) Por isso, a maioria deles forma-se nos trópicos. (2) Para isso, conceberam modelos cada vez mais
detalhados. (3) Logo, no verão, a energia eleva-se para altitudes
mais altas nos trópicos, criando vários fenómenos.
(4) Mas, no verão, a energia eleva-se para altitudes mais altas nos trópicos, criando vários fenómenos.
(5) Deste modo, chegaram a conclusões importantes. (6) Assim, preveem problemas meteorológicos a
longo prazo. (7) Contudo, a maioria deles forma-se nos trópicos. (8) Porém, não criaram consensos sobre o fenómeno.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
Lê o seguinte texto.
Ouve-se um barulho de tempestade com raios e trovões; entram um Capitão e um Contramestre.
CAPITÃO: Contramestre!
CONTRAMESTRE: Estou aqui, capitão. Que tal vai isso?
CAPITÃO: Bem, trata de falar aos marinheiros. Eles que metam depressa mãos à obra
quando não, encalhamos. Vai, despacha-te!
Sai.
Entram os Marinheiros.
CONTRAMESTRE: Coragem, meus valentes! Força, força! Aviem-se! Desçam a vela. Tomem
atenção ao capitão! (Para a tempestade) Sopra para aí a tua ventania até
te rebentarem as bochechas, se é que a gente não vai encalhar antes!
Entram Alonso, Sebastian, António, Ferdinand, Gonzalo e outros.
ALONSO: Ai, meu bom Contramestre, faz tudo o que puderes. Onde é que está o capitão?
Portem-se como homens!
CONTRAMESTRE: Façam favor, deixam-se ficar aí em baixo!
ANTÓNIO: Onde é que está o capitão, ó Contramestre?
CONTRAMESTRE: Então não o ouvem? Ai, que assim só estão a atrapalhar. Vão mas é para
as vossas cabinas. Aqui estão é a ajudar a tempestade!
GONZALO: patrão, não perca a paciência!
CONTRAMESTRE: Não perco quando o mar não a perde também! Ora aí têm! O que é que importa
a estas ondas altíssimas que voces falem em nome do rei? Para as
cabinas, já! Calados! Não nos compliquem a vida!
GONZALO: Bom, está bem, mas não te esqueças de quem levas no barco.
CONTRAMESTRE: Não é ninguém de quem goste mais do que de mim próprio. Olhe, vossemecê
um conselheiro; se conseguir obrigar o vento e a água a sossegarem e
fazer com que tudo volte à tranquilidade, a gente não mexe nem mais uma
palha. Vamos, toca a impor a sua autoridade! Mas se não é capaz, dê graças
a Deus por ter vivido até hoje e vá para a sua cabina preparar-se para o caso
de acontecer uma desgraça. Vá, força, meus valentes! Saiam do caminho,
já disse! (Sai)
GONZALO: Este homem dá-me bastante segurança. Não tem ar de quem há de morrer
afogado. (Saem)
CONTRAMESTRE: Baixem o mastaréu! Depressa! Mais para baixo! (Entram Sebastian, António
e Gonzalo) Outra vez? O que é que vêm aqui fazer? Vamos cruzar os braços
e afogar-nos? Estão na disposição de ir pelo mar abaixo?
Hélia Correia, A ilha encantada, Relógio D´Água
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
4. Explica por que razão podemos afirmar que estamos perante um texto dramático.
5. Apresenta sucintamente a situação apresentada em cena.
6. Justifica a elevada frequência de frases de tipo imperativo no excerto transcrito.
7. Nesta cena é estabelecida uma oposição entre a força humana e o poder da Natureza.
Explicita esse contraste, fundamentando a tua resposta com elementos textuais.
8. Caracteriza a personagem Contramestre.
9. Seleciona um episódio da obra Os Lusíadas que apresente semelhanças com o excerto transcrito.
Justifica a tua escolha.
Parte C
Lê o excerto do Auto da Barca do Inferno a seguir transcrito, e responde, de forma completa e
bem estruturada, ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Diabo À barca, à barca, houslá!
que temos gentil maré!
– Ora venha o caro1 à rei!2
Comp. Feito, feito!
Diabo Bem está!
Vai tu, muitieram.3,
atesa4 aquele palanco5
e despeja aquele banco,
para a gente que vinrá.
À barca, à barca, hu-u!
Asinha6, que se quer ir!
Oh! que tempo de partir,
louvores a Berzebu7!
– Ora, sus8!, que fazes tu?
Despeja todo esse leito!
Comp. Em boa hora! Feito, feito!
Diabo Abaxa má-hora esse cu9!
Faze aquela poja10 lesta11
e alija12 aquela driça13.
Ô!-ô!, caça! Oi!-oi!, iça! iça!
Oh, que caravela esta!
Põe bandeiras, que é festa.
Verga alta! Âncora a pique!
Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente,
in Teatro Gil Vicente, edição de Ant. José Saraiva, Portugália, s/d
____________________________ VOCABULÁRIO 1 Parte inferior das vergas das velas; 2 Popa; 3 Em muito má hora.; 4 Estica; 5 Corda que se prende à vela e que serve para a içar; 6 Depressa; 7 Diabo; 8 Eia; 9 Despacha-te; 10 Corda de virar a vela; 11 frouxa; 12 Alvia; 13 Cabo de içar velas
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
10. Redige um texto expositivo com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual apresentes
linhas fundamentais de leitura do excerto da peça Auto da Barca do Inferno.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Organiza a informação do modo que considerares adequado, abordando os tópicos seguintes:
a) identificação das personagens;
b) indicação do espaço onde se encontram;
c) explicitação da função de cada uma das personagens bem como da relação que estabelecem
entre si;
d) fundamentação do predomínio de frases de tipo imperativo;
e) explicação da alegria e da pressa na preparação da barca expressas pelo Diabo;
f) justificação da presença de vocabulário relacionado com conceito de navegação;
g) apresentação da importância desta cena na globalidade da peça.
GRUPO II
1. Substitui as expressões sublinhadas na frase que se segue por pronomes pessoais adequados.
Alarmados, os cientistas deram explicações contraditórias.
2. Transcreve a oração subordinada presente na frase seguinte e classifica-a.
―[…] enquanto os preços dos seguros disparavam no sudoeste americano, o número de tempestades
no Atlântico Norte ficou bem abaixo das previsões. (Texto Parte A, linhas 12-15)
3. Identifica os processos fonológicos ocorridos nos exemplos abaixo apresentados.
a) rivu - rio
b) semper - sempre
c) recuar - arrecuar (forma popular)
d) ipsu - isso
4. Identifica a relação estabelecida entre as palavras da sequência.
barco – mastro – convés – proa
5. Passa a fala do Contramestre para o discurso indireto.
CONTRAMESTRE: […] Aviem-se! Desçam a vela. Tomem atenção ao capitão! (Para a tempestade)
Sopra para aí a tua ventania até te rebentarem as bochechas […]!
GRUPO III
O aquecimento global é uma consequência das alterações climáticas, nomeadamente do aumento da
temperatura média global do nosso planeta.
Apelando aos teus conhecimentos sobre esta matéria, elabora um texto expositivo, com um mínimo
de 180 e um máximo de 240 palavras, em que apresentes algumas das ações humanas que podem
contribuir para esta situação.
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
PROVA 2
ESCOLA: ___________________________________________________________________
PROVA MODELO DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A
Elogio do Subúrbio
Cresci nos subúrbios de Lisboa, em Benfica, então quintinhas, travessas, casas baixas, a ouvir as
mães chamarem ao crepúsculo – Víííííííííítor, num grito que, partido da Rua Ernesto da Silva,
alcançava as cegonhas no cume das árvores mais altas e afogava os pavões no lago sob os álamos.
Cresci junto ao castelito das Portas que nos separava da Venda Nova e da Estrada Militar, num
país cujos postos fronteiriços eram a drogaria do senhor Jardim, a mercearia do Careca, a pastelaria
do senhor Madureira e a capelista Havaneza do senhor Silvino, e demorava-me à tarde na oficina
de sapateiro do senhor Florindo, a bater sola num cubículo escuro rodeado de cegos sentados em
banquinhos baixos, envoltos no cheiro de cabedal e miséria que se mantém como o único odor
de santidade que conheço. (…)
Na época em que aos treze anos me estreei no hóquei em patins do Futebol Benfica, o guarda-
redes enchumaçado como um barão medieval apontou-me ao pasmo dos colegas – O pai do ruço
é doutor – no que constituiu de imediato a minha primeira glória desportiva e a primeira tenebrosa
responsabilidade, a partir do momento em que o treinador, a apalpar-me os músculos com os
olhos, preveniu numa careta de dúvida – Sempre estou para ver se lhes chegas ó ruço que o teu
pai no ringue era lixado para a porrada.
O dono da Farmácia União jogava o pau, (…) o sineiro a quem chamavam Z. Martelo e que
tocava o Papagaio Loiro na Elevação da missa do meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatório,
possuía uma agência funerária cujo prospeto-reclame começava ―Para que teima Vossa Excelência
em viver se por cem escudos pode ter um lindo funeral?‖, e eu escrevia versos no intervalo do
hóquei, fumava às escondidas, uma das minhas extremidades tocava o Jesus Correia e a outra
Camões, e era indecentemente feliz.
Hoje, se vou a Benfica, não encontro Benfica.
Os pavões calaram-se, nenhuma cegonha na palmeira dos Correios (já não existe a palmeira
dos Correios, a quinta dos Lobo Antunes foi vendida) o senhor Silvino, o senhor Florindo e o senhor
Jardim morreram, ergueram prédios no lugar das casas (…)
Não há pavões nem cegonhas e contudo a acácia dos meus pais, teimosa, resiste. Talvez que
só a acácia resista, que só ela sobeje desse tempo como o mastro, furando as ondas, de um navio
submerso. A acácia basta-me. Arrasaram as lojas e os pátios, não tocam o Papagaio Loiro no
sino, mas a acácia resiste. Resiste. E sei que junto do seu tronco, se fechar os olhos e encostar a
orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha mãe chamar – Antóóóóóóóónio e um miúdo
ruço atravessará o quintal, com um saco de berlindes na algibeira, passará por mim sem me ver
e sumir-se-á lá em cima no quarto (…).
António Lobo Antunes, Livro de Crónicas, Publicações Dom Quixote
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto apresentado acima.
Ordena a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto.
Começa pela letra (D).
(A) O único elemento que resiste à ação do tempo – a acácia – permitirá ao narrador recuperar
a infância perdida.
(B) Ao iniciar a prática de hóquei em patins, o narrador descobriu que recebera uma herança nesta
modalidade desportiva.
(C) Várias figuras e espaços representativos de várias profissões delimitaram a geografia da sua infân-
cia.
(D) O narrador recorda o local onde cresceu, Benfica, nos subúrbios de Lisboa.
(E) Uma das suas memórias mais intensas é de caráter auditivo.
(F) O tempo transformou o espaço de tal modo que o narrador já não o reconhece.
(G) Um sentimento de profunda felicidade envolve a memória da infância do narrador.
2. Indica a que se refere o pronome ―que‖ sublinhado na frase ―O dono da Farmácia União jogava o pau,
(…) o sineiro a quem chamavam Zé Martelo e que tocava o Papagaio Loiro na Elevação da missa do
meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatório (…).‖ (linhas 16-17)
3. Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
3.1. A expressão ―Cresci nos subúrbios de Lisboa‖ (linha 1) indica que o texto
a) é narrado na primeira pessoa.
b) é narrado na terceira pessoa.
c) tem um narrador não participante.
3.2. Na expressão ―(…) no que constituiu de imediato a minha primeira glória desportiva (…)‖ (linha 12)
está presente
a) um exemplo de personificação.
b) um exemplo de metáfora.
c) um exemplo de antítese.
d) um exemplo de ironia.
3.3. A palavra ―Hoje‖ (linha 22) assinala
a) uma analepse.
b) uma prolepse.
c) uma oposição temporal.
d) uma simultaneidade temporal .
3.4. Ao usar a expressão ―Talvez que só a acácia resista, que só ela sobeje desse tempo como o
mastro, furando as ondas, de um navio submerso.‖ (linhas 26-28) o narrador mostra entender a
passagem do tempo como
a) um maremoto.
b) um terramoto.
c) um naufrágio.
d) um tornado.
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
3.5. O texto ―Elogio do subúrbio‖ é uma crónica, pois, entre outros aspetos, apresenta por parte do autor
a) uma visão objetiva e rigorosa dos factos narrados.
b) um claro distanciamento face aos eventos narrados.
c) passagens plurissignificativas e com recurso a uma linguagem conotativa.
d) aborda uma temática que interessa exclusivamente a si próprio.
Parte B
Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazúli1 e coral!
Naquelas redondezas não havia
Quem se gabasse dum domínio igual:
Oh Castelo tão alto! parecia
O território dum Senhor feudal!
Um dia (não sei quando, nem sei donde)
Um vento seco de mau sestro2 e spleen3
Deitou por terra, ao pó que tudo esconde,
O meu condado, o meu condado, sim!
Porque eu já fui um poderoso Conde,
Naquela idade em que se é conde assim...
António Nobre, Só, Editorial Nova Ática
______________________________ VOCABULÁRIO 1 Pedra, de cor azul-ferrete, empregada em joalharia.; 2 Sorte; 3 Melancolia, tristeza.
4. O sujeito poético narra um acontecimento por ele vivido.
Reconta sinteticamente a situação por ele apresentada.
5. A expressão ―um dia‖ surge no primeiro verso e repete-se no nono.
Indica o momento a que cada uma das ocorrências se refere e atribui um sentido a essa repetição.
6. Explica por que motivo as expressões ―Castelo tão alto‖ (verso 7) e ―o meu condado‖ (verso 12)
podem ser consideradas metáforas de ―sonho‖.
7. Tendo em conta a globalidade do poema, explicita o sentido do verso ―Naquela idade em que se
é conde assim...‖ (verso 14)
8. Descreve de forma completa a estrutura externa do poema (estrofe, métrica e rima).
9. Atendendo ao facto de apresentarem semelhanças temáticas, os textos ―Elogio do Subúrbio‖ e
―Na praia lá da Boa Nova, um dia‖ vão integrar uma mesma antologia.
Seleciona, de entre os títulos seguintes, aquele que melhor evidencia as características comuns.
a) Saudades da infância. b) Memórias da infância.
Justifica a tua opção, fundamentando-a na leitura de ambos os textos.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte C
Lê o excerto do Auto da Barca do Inferno a seguir transcrito, e responde, de forma completa e
bem estruturada, ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
Fidalgo Ao Inferno todavia!
Inferno há i pera mi?
Ó triste! Enquanto vivi
Não cuidei que o i havia.
Tive que era fantesia;
folgava ser adorado;
confiei em meu estado
e não vi que me perdia.
Venha essa prancha! Veremos
esta barca de tristura.
Diabo Embarque a vossa doçura,
que cá nos entenderemos…
Tomarás um par de remos,
veremos como remais,
e, chegando ao nosso cais,
todos bem vos serviremos.
Fidalgo Esperar-me-ês vós aqui,
tornarei à outra vida
ver minha dama querida
que se quer matar por mi.
Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente,
in Teatro de Gil Vicente, edição de Ant. José Saraiva, Portugália, s/d
10. Redige um texto expositivo com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual apresentes
linhas fundamentais de leitura do excerto da peça Auto da Barca do Inferno.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Organiza a informação do modo que considerares adequado, abordando os tópicos seguintes:
a) identificação das personagens e do espaço onde se encontram;
b) explicitação da função de cada uma das personagens;
c) referência a momentos anteriores da mesma cena que permitam entender a reflexão que o
Fidalgo faz sobre o seu percurso de vida;
d) explicitação da resposta irónica do Diabo;
e) referência à intenção do Fidalgo em tornar à vida terrena e resposta do Diabo;
f) apresentação da função crítica desta cena na globalidade da peça.
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
GRUPO II
1. Refere a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.
Já não existe a palmeira dos Correios.
2. Indica a alínea em que a palavra ―se‖ é um pronome.
a) Se fechar os olhos e encostar a orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha mãe.
b) As pessoas estavam envoltas no cheiro de cabedal e miséria que se mantém como o
único odor de santidade que conheço.
3. Lê a frase seguinte.
―Um miúdo ruço […] passará por mim sem me ver e sumir-se-á lá em cima no quarto.‖ (Texto Parte A,
linhas 30-32)
a) Classifica as formas verbais sublinhadas (pessoa, número, tempo e modo).
b) Reescreve a frase no condicional simples.
4. Indica os processos fonológicos presentes nos exemplos seguintes.
a) male – mal
b) ante – antes
c) liliu – lírio
5. A frase seguinte apresenta erros na utilização da vírgula.
Ao final da tarde, a mãe do narrador, tinha por hábito gritar, o nome dele.
Reescreve a frase, pontuando-a corretamente.
GRUPO III
O sonho é um elemento determinante nas nossas vidas. Todas as pessoas têm projetos que desejam
concretizar e tu, certamente, tens também as tuas expectativas face à vida, sonhos que desejas
realizar.
Num texto correto e bem estruturado com um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras, apresenta
a tua opinião sobre a importância do sonho na vida de cada um de nós, fundamentando a tua
posição em dois argumentos.
Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
PROVA 3
ESCOLA: ___________________________________________________________________
PROVA MODELO DE PORTUGUÊS
Ano: 9.° | Turma: __________ Data: ___ / ___ /20___
GRUPO I
Parte A
Lê o texto seguinte e observa a figura.
Silêncio é má notícia
O medo é a mais primitiva das emoções. Todos os
animais – dos insetos aos humanos – nascem com a
capacidade de detetar e responder a certos tipos de
perigos: um rato sabe que tem de fugir de um gato,
mesmo sem nunca ter presenciado o ataque de um
felino. Desde o nascimento que Homem e animais
são também capazes de aprender a reconhecer
novas ameaças. "Há as respostas inatas e as que se
adquirem por transmissão social", explica Marta Moita,
neurocientista da Fundação Champalimaud. Num
artigo científico publicado recentemente na revista
Current Biology, aquela investigadora, responsável
por um laboratório de comportamento, descreveu a
importância do silêncio na sinalização do perigo. No
estudo, feito com ratos, um bom modelo para as
análises comportamentais, ficou demonstrado que o
silêncio é um importante indicador de perigo. Tal
como qualquer pai de uma criança pequena já sabe:
quando não há barulho, é mau sinal.
A experiência consistiu em treinar um animal para
ter medo de uma determinada buzinadela. A partir
daí, quando ouvia aquele som, o rato imobilizava-se.
Os vizinhos de gaiola, que não tinham sido treinados,
passaram também a imobilizar-se, sempre que soava
o sinal de alarme, imitando o comportamento do pri-
meiro. A ausência de ruídos associados ao
movimento, ou seja, o silêncio, era a forma como os
animais se apercebiam do perigo. Por outro lado, o
som do movimento funciona como um indicador de
segurança. ―Descobrimos que a ausência de som era
necessária e suficiente para induzir o medo nos
ratinhos obser-vadores‖, lê-se no artigo. ―Uma vez
que a imobilidade. uma resposta ao medo, comum a
várias espécies
de vertebrados, acreditamos que o silêncio constitui
uma verdadeira pista pública que rapidamente se
espalha por todo o ecossistema.‖
Marta Moita percebeu também que, quando os
animais estão na companhia do seu parceiro, sentem
menos medo, imobilizando-se por menos tempo.
―Cria-se uma espécie de ‗almofada social‘, ou, dito de
outra forma, 'o sofrimento gosta de companhia'.‖
Visão, n.º 1026, novembro 2012
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de
acordo com o sentido do texto. Escreve as letras e os números correspondentes. Utiliza cada
letra e cada número apenas uma vez.
2. Indica o referente da palavra sublinhada na expressão ―imitando o comportamento do primeiro.‖
(linhas 25-26).
3. Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto e da figura.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
3.1. A expressão ―reação em cadeia‖ (subtítulo) significa
a) que os factos apresentados ocorrem em espaços fechados.
b) que a reação de medo se localiza numa única zona cerebral.
c) que a reação de medo envolve várias partes do cérebro.
d) que o medo implica a presença de vários participantes.
3.2. A expressão ―um bom modelo para as análises comportamentais‖ (linhas 15-16) diz-nos que os ratos
a) têm um comportamento diferente dos humanos.
b) têm comportamentos semelhantes aos humanos.
c) são um exemplo a seguir pelos humanos.
d) são animais cientificamente pouco interessantes.
3.3. A expressão ―Tal como qualquer pai de uma criança pequena já sabe: quando não há barulho,
é mau sinal.‖ (linhas 17-20) significa que
a) as crianças não comunicam eficazmente.
b) o silêncio é um sinal muito pouco eficaz.
c) o silêncio indicia frequentemente problemas.
d) o silêncio indicia frequentemente solidão.
3.4. Os ratinhos observadores, que não tinham sido treinados, passaram também a imobilizar-se,
sempre que soava o sinal de alarme, porque
a) estavam muito baralhados.
b) não queriam ser diferentes.
c) queriam imitar o rato treinado.
d) eles próprios sentiam medo.
Coluna A
(a) O silêncio (b) A imobilidade
(c) Qualquer forma de reconhecer a ameaça (d) A situação de perigo (e) A presença de sons
Coluna A
(1) é uma almofada social. (2) é uma resposta ao medo. (3) é inata ou socialmente transmitida. (4) é um indicador de perigo. (5) é um indicador de segurança. (6) é inata e não socialmente transmitida.
(7) é reconhecida por todos os animais. (8) é um fator de dispersão.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
3.5. Quando acompanhados, os animais sentem menos medo. Assim,
a) ficam em absoluto silêncio.
b) prolongam a sua imobilidade.
c) imobilizam-se por menos tempo.
d) comunicam entre si.
Parte B
– Bem – pensou. – Cá estão os dois caminhos fatais: o do Bem e o do Mal. (Como se houvesse
caminhos nítidos do Bem e do Mal!) Já esperava por eles. (…)
– Vou pelo bom caminho, como é costume, claro – resolveu João Sem Medo, embora desconfiado
de tanta felicidade aparente. – O contrário seria idiota e doentio. (…)
Quase ao mesmo tempo assomou à porta do cubo uma figura monstruosa. Homem? Talvez;
mas a quem tivessem decepado a cabeça, aberto dois olhos redondos no peito e talhado no es-
tômago uma boca de lábios grossos e carnudos que tentavam sorrir para João Sem Medo enquanto
articulavam esta saudação com voz desentoada de ventríloquo:
– Que a paz e a estupidez sejam contigo. Vens preparado para a operação?
– Que operação? – interrogou João Sem Medo, suspeitoso.
O descabeçado, de cigarrilha na boca do estômago, expôs-lhe então com paciência burocrá-
tica:
– Ninguém pode seguir o caminho asfaltado que leva à Felicidade Completa sem se sujeitar a
este programa bem óbvio. Primeiro: consentir que lhe cortem a cabeça para não pensar, não ter
opinião nem criar piolhos ou ideias perigosas, Segundo e último: trazer nos pés e nas mãos cor-
rentes de ouro…
João Sem Medo ouriçou-se numa reação instintiva:
– Nunca! Bem se vê que não tens a cabeça no seu lugar.
– Realizada esta insignificante intervenção cirúrgica – prosseguiu o monstro imperturbável –,
ninguém te impedirá de gozar o resto da vida na boa da pandega e da abastança. E tudo de graça.
Porque quem não tem cabeça não paga nada.
Esta gracinha parva ainda convenceu mais o nosso herói a obstinar-se na recusa:
– Não, nunca. Então prefiro o outro caminho.
– Palerma! – lamuriou o guarda com os olhos do peito marejados de lágrimas sinceras. Vais
passar fome, sofrer dias de terror aflito…
– Deixá-lo. Prefiro tudo a viver sem cabeça. Nem calculas a falta que ela me faz.
– Não te faz falta nenhuma – contrariou o monstro, que acrescentou este comentário imbecil:
pelo contrário: evitas o trabalho de ir ao cabeleireiro de quinze em quinze dias. (…)
Mas João Sem Medo nem lhe respondeu. Já ia longe, passo bem marcado, orgulhoso de sentir
a cabeça nos ombros. E horas depois, quando chegou à clareira, enveredou decidido pelo caminho
dos cardos e das árvores sinistras, a gritar desafiante para a floresta:
– Bem sei que podem perseguir-me, arrancar-me os olhos, torcer-me as orelhas, transformar-me em
lagarto, em morcego, em aranha, em lacrau! Mas juro que não hei de ser infeliz PORQUE NÃO
QUERO.
E João Sem Medo continuou a seguir o caminho árduo, resoluto na sua pertinêcia de ocultar o
medo – a única valentia verdadeira dos homens verdadeiros.
José Gomes Ferreira, Aventuras de João Sem Medo, Publicações D. Quixote, 2012
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
4. Refere a condição que João Sem Medo deve aceitar para poder continuar no caminho inicialmente
escolhido.
5. Indica as vantagens dessa aceitação de acordo com o ponto de vista do guarda.
6. Identifica o recurso expressivo presente na expressão ―João Sem Medo ouriçou-se numa reação
instintiva‖ (linha 17).
7. No excerto é estabelecido um contraste entre dois caminhos.
Explicita-o, caracterizando cada uma das vias apresentadas.
8. O narrador manifesta alguma cumplicidade com o leitor.
Transcreve um elemento textual ilustrativo dessa atitude.
9. Explica o sentido da expressão ―a única valentia verdadeira dos homens verdadeiros‖ (linha 36).
Parte C
Lê as estrofes 37 a 40 do Canto V de Os Lusíadas e responde, de forma completa e bem estruturada,
ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.
"Porém já cinco Sóis1 eram passados
Que2 dali3 nos partíramos, cortando
Os mares nunca d‗outrem navegados,
Prosperamente os ventos assoprando,
Quando ua noite estando descuidados,
Na cortadora proa vigiando,
Ua nuvem que os ares escurece
Sobre nossas cabeças aparece.
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo o negro mar, de longe brada
Como se desse em vão nalgum rochedo.
- ―Ò Potestade4 (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima5 e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?‖
Não acabava, quando ua figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida6,
De disforme e grandíssima estatura,
O rosto carregado, a barba esquálida7,
Os olhos encovados, e a postura8
Medonha e má, e a cor terrena9 e pálida,
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Tão grande era de membros, que bem posso
Certificar-te que este era o segundo
De Rodes estranhíssimo Colosso10,
Que um dos sete milagres11 foi do mundo.
Com um tom de voz nos fala, horrendo e grosso,
Que pareceu sair do mar profundo.
Arrepiam-se as carnes e o cabelo,
A mi e a todos, só de ouvi-lo e vê-lo.
In Os Lusíadas, Luís de Camões,
ediçõo de A. J. da Costa Pimpão, MNE-IC, 2000
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
10. Redige um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicites
o conteúdo das estrofes 37 a 40.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma parte de
conclusão.
Organiza a informação do modo que considerares adequado, abordando os tópicos seguintes:
a) identificação do episódio a que pertencem as estrofes;
b) integração do episódio na estrutura interna da obra;
c) caracterização do gigante;
d) referência à reação dos navegadores;
e) explicitação do modo como o espaço e o gigante contribuem para acentuar a desproporção
entre os portugueses e os obstáculos que têm de superar;
f) justificação da importância deste episódio na glorificação do herói de Os Lusíadas.
GRUPO II
1. Substitui as expressões sublinhadas por pronomes pessoais adequados.
a) Desde o nascimento que Homem e animais são também capazes de aprender a reconhecer
novas ameaças.
b) A partir daí, quando ouvia aquele som, o rato imobilizava-se.
2. Transforma as frases simples numa frase complexa, substituindo a expressão sublinhada pelo
pronome relativo ―que‖.
João Sem medo seguiu o caminho. O caminho era árduo.
3. Refere a diferença existente entre as duas frases seguintes.
a) A nuvem pôs nos nossos corações um grande medo.
b) Um grande medo foi posto pela nuvem nos nossos corações.
4. Classifica a oração sublinhada na frase seguinte.
―Não acabava, quando uma figura / Se nos mostra no ar, robusta e válida‖
5. Indica a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas.
a) O som do movimento funciona como um indicador de segurança.
b) Silêncio é má notícia.
c) O sofrimento gosta de companhia.
GRUPO III
Todos nós já sentimos medo alguma vez na nossa vida, pois esta é uma experiência que pode
ser motivada por múltiplos fatores.
Num texto correto e bem estruturado, com um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras,
apresenta a tua opinião sobre os principais ―medos‖ sentidos pelos jovens atuais, fundamentando a
tua posição em dois argumentos.
Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo.
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
PROPOSTAS DE RESOLUÇÃO DOS TESTES FORMATIVOS
(Guia do Professor)
TESTE N.° 1
Parte A
1.1. c) 1.2. a) 1.3. b) 1.4. b) 1.5. c) 2. d)
Parte B
3. Zezé ia matricular-se pela primeira vez na escola e, como tal, Glória procurou que o irmão fosse asseado e que soubesse como agir e o que dizer no momento
certo 4. ―descoberta ‗maravilhosa‘‖ refere-se ao facto de ir
para a escola, pelo que se sentia muito feliz 5. Glória queria que o irmão soubesse comportar-se no
ato de matrícula, daí usar a expressão ―não vá fazer papel triste‖, ou seja, não vá fazer má figura
6. ―Todas as minhas calcinhas eram furadas, rasgadas, remendadas ou cerzidas.‖, ―acabou vendo os meus remendos‖
7.1. a irmã omitiu Pinagé do nome da mãe, no qual Zezé tinha bastante orgulho, pelo que este não se
conteve e informou sobre o nome completo da mãe 8. em ambos os textos faz-se referência à
pobreza/miséria nos tempos de escola
Grupo II
1.1. Glória disse que nunca vira/tinha visto uma pessoa dizer que era um guerreiro Pinagé e viver sempre sujinho; e que se fosse calçando que ela procurava uma roupinha decente pra ele.
2.1. sujeito subentendido 2.2. modificador 3.1. Depois um papel foi assinado pela Glória.
3.2. pela Glória 4. Exemplos variedade brasileira – colocação do
pronome pessoal átono à esquerda do verbo principal: ―Glória me chamara‖, ―Me levou no tanque‖, ―Ela me olhou‖, ―me fazia parecer‖; diferente emprego das preposições: ―Foi na minha gaveta‖; emprego de um nome no singular com valor genérico: ―uma porção de
gente levava menino‖; emprego de palavras próprias
da variedade brasileira: ―Mamãe‖, ―Gozado‖, ―Papai‖; uso preferencial do gerúndio: ―acabou vendo‖
5.1. oração subordinada substantiva completiva 6.1. Exemplo: À medida que os dias passavam… 7.1. Uma vez que os óculos eram muito grossos, os
olhos dela ficavam grandes e pretos.
TESTE N.° 2
Parte A
1.1. C. F. D. B. A. 2.1. c) 2.2. d) 2.3. d) 2.4. d)
Parte B
3. narrador participante, como personagem principal: ―Sou‖, ―Tinha-me comprado‖ – emprego da primeira pessoa gramatical
4. trata-se de um ―simples alfinete‖, ―vilão, modesto, não alfinete de adorno‖, mas orgulhoso da sua condição, pois ―na realidade, pode exceder ao próprio vestido‖
5.1. o alfinete foi comprado por uma escrava (―mucama‖), naturalmente, de condição humilde o que não era propriamente motivo de grande orgulho para o alfinete; todavia, tendo em conta que a ―mucama‖ era ―asseada e estimada‖ pelas senhoras, também não era indigno o facto de ter sido comprado pela mesma
6. uma vez que o alfinete não pertencia a uma ―dama‖,
não podia ir a festas; como tal, ele sentia inveja dos outros alfinetes
7.1. enquanto no primeiro texto se fala sobre a inveja material, isto é, as pessoas têm tendência para invejar as coisas que os outros têm; no segundo,
o alfinete inveja a situação privilegiada dos outros
por poderem frequentar festas e ele não
Grupo II 1. A. 6. B. 1. C. 7. D. 2. E. 3. 2.1. As moças estimam a mucama. 3. a) as mulheres do povo pregam-nos
b) não há senão espaço de contá-la c) dá-o cá
4. Exemplos: a) O baile era tão importante que as senhoras se
preparavam com esmero e afinco. b) Embora/Ainda que as moças e a mucama fossem
amigas, esta não foi ao baile.
5.1. a quem o dono do armarinho vendeu o alfinete –
oração subordinada substantiva relativa
TESTE N.° 3
Grupo I Parte A
1. a) V b) F c) V d) V e) F f) F g) V h) V 2. b)
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte B
3.1. o Frade chega ao cais de mão dada com uma
moça, a cantar e a dançar, revelando-se muito
feliz 3.2. tendo em conta que se trata de um Frade, sujeito
aos votos de castidade e de obediência, aquele devia renunciar a uma vida mundana; contudo, o seu comportamento revela que não tem consciência dos seus deveres morais e espirituais, pois não demonstra qualquer receio do julgamento
que o espera depois da morte 4. o Diabo é irónico na afirmação que faz, denunciando
o facto de o Frade não se comportar de acordo com os preceitos religiosos ao apelidá-lo de ―Gentil‖ e ―mundanal‖
5.1. o Diabo pretende induzir o próprio Frade a
denunciar a sua vida pecaminosa e, portanto, a
autocondenar-se 5.2. ao afirmar que os outros frades agem como ele, a
personagem generaliza a uma classe social o seu comportamento perverso, tal como é intenção de Gil Vicente
6. o Frade admira-se com a intenção do Diabo, pois
julga que a sua condição de Frade é argumento suficiente para não embarcar rumo ao inferno (―E este hábito no me val?‖)
7. enquanto membro do clero, o Frade tinha ainda mais responsabilidades do que qualquer outra pessoa, pelo que não havia desculpa para o seu comportamento pecaminoso; por sua vez, o Parvo
assume o papel de acusador ao criticar a conduta do Frade, sendo dispensável a intervenção do Anjo
Grupo II
1.1./1.2. a) la > a: aférese
b) namorado > enamorado: prótese 2. arcaísmos: ―grosa‖, ―muitieramá‖, trinchão‖ 3.1. remar 3.2. palavra derivada por sufixação 4.1. ―em tal caravela‖: complemento oblíquo; ―Minha
senhora Florença‖: sujeito (simples)
5.1. oração subordinada adverbial consecutiva
TESTE N.° 4 Grupo I
Parte A
1.1. C. E. A. F. B. H. G. D. 2. b)
Parte B
3. os Cavaleiros trazem a cruz de Cristo, símbolo da
Guerra de Cruzada, em África, onde morreram na luta contra os inimigos da fé cristã
4. os Cavaleiros passam pela barca do Diabo,
ignorando-o e, quando este os interpela, aqueles referem o facto de terem morrido em nome de Cristo e, portanto, menosprezam-no
5.1. na expressão ―à barca da vida‖ há uma metáfora, pois trata-se da barca do Anjo/ paraíso
6. a canção alude ao ―rio‖ que simboliza a passagem da vida terrena para a morte, após a qual as almas merecem a salvação (―prazeres‖) ou a condenação (―dolores‖), bem como avisa os ―pecadores‖ para se acautelarem e mudarem a sua atitude, defendendo a
ideia de que bem-aventurança só é possível para aqueles que desprezam os bens terrenos e se sacrificam em nome da fé em Cristo, sendo esta a moralidade do Auto da Barca do Inferno
7. o Anjo afirma claramente que os Cavaleiros estão absolvidos de todos os pecados (―Sois livres de todo
o mal‖), pois morreram a lutar por Cristo,
concorrendo para a expansão da fé cristã, ideia esta defendida na época
8. Gil Vicente apresenta os Cavaleiros no final do auto para evidenciar a orientação política e ideológica de então, nomeadamente a apologia da Guerra Santa e, assim, incitar os espetadores a confiarem nos
preceitos religiosos então defendidos, pois estes conduzem à salvação eterna
Grupo II
1. a) síncope
b) prótese
2.1. ―rio‖ (nome/verbo) são palavras divergentes 3.1. complemento oblíquo
4.1. oração subordinada substantiva relativa 5.1. Exemplo: Uma vez que os Cavaleiros morreram na
Guerra Santa, o Anjo embarcou-os para o Paraíso.
TESTE N.° 5
Grupo I Parte A
1.1. b) 1.2. d) 1.3. c) 1.4. a) 1.5. c) 1.6. d) 1.7. b)
Parte B 2. o excerto situa-se no plano da História de Portugal
(que surge encaixado no da Viagem)
3. Vasco da Gama narra a História de Portugal ao rei de Melinde, durante a Viagem até à Índia, sendo, portanto, uma narrador participante
4.1. a metáfora no verso transcrito evidencia a insegurança e o receio expresso pelo narrador por tão arrojada empresa, cujo desenlace não pode prever
5.1. os que partem são os marinheiros, os que ficam são os familiares, amigos e curiosos (―A gente da cidade‖) que foram despedir-se dos argonautas
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3. Testes de Avaliação| Novas Leituras 9
5.2. tanto as mulheres (―choros piedoso‖) como os
homens (―suspiros que arrancavam‖) sentem-se ―saudosos‖, ―descontentes‖, amargurados e
desesperados, pois sabem que se trata de uma viagem longa e perigosa (―tão longo caminho e duvidoso‖) e, como tal, temem não voltar a ver tão cedo, ou nunca mais, os seus entes queridos
6. os navegadores dirigem-se às barcas em ―procissão solene‖ e a rezar, manifestando assim a sua fé, mas
também o receio que sentem pela aventura que estão prestes a realizar, preparando desta forma a sua alma para uma eventual morte durante a viagem
Grupo II
1. Vasco da Gama garantiu que iam fazer aquela viagem
em nome da pátria e que seriam bem-sucedidos. 2.1. que partiram de Belém: oração subordinada
adjetiva relativa restritiva 3. Exemplos:
a) Uma vez que a viagem era longa e perigosa, a multidão sentia-se triste e receosa.
b) O capitão sentia-se tão comovido que os seus olhos estavam marejados de lágrimas.
4. a) obtiveram b) trouxe c) tiverem d) regressarem
5. A. 7.; B. 6.; C. 2.; D. 5. E. 1.; 6. c)
TESTE N.° 6
Grupo I Parte A
1.1. d) 1.2. b) 1.3. b) 1.4. c) 1.5. c) 1.6. b)
Parte B
2. o excerto situa-se no plano da Viagem 3.1. as expressões ―o vento vinha refrescando‖, ―o
vento crece/ Daquela nuvem negra que aparece‖, ―dá a grande e súbita procela‖, ―os ventos indinados‖ ilustram o crescimento gradual da tempestade
3.2. a personificação ―os ventos indinados‖ evidencia o ímpeto e a violência da tempestade, pelo facto de
ser atribuída aos ventos a capacidade de se indignarem
3.3. o ―mestre‖ mantém-se no seu posto, atento à manobras do barco e às condições atmosféricas, pelo que é o primeiro a atuar perante a iminência de perigo: toca o apito para despertar os marinheiros, dá
ordem imediata para que desçam ―os traquetes das gáveas‖ e amainem a ―grande vela‖, com o intuito de evitar o naufrágio
4.1. os marinheiros sentem-se assustados e desnorteados perante o súbito aparecimento da tempestade
4.2. os marinheiros obedecem prontamente às ordens
do ―mestre‖, retomando o ânimo no sentido de evitarem uma catástrofe e de se salvarem
5. a hipérbole evidencia a força desmedida dos ventos que seriam capazes de derrubar a enorme Torre de Babel
Grupo II
1.1. sujeito (simples) 1.2. ―amainassem‖ – pretérito imperfeito do conjuntivo,
terceira pessoa do plural 1.3. oração subordinada substantiva completiva 1.4. Oxalá os ventos indinados esperem que amainem. 2.1. A meneá-lo não bastaram. 2.2. modificador do nome apositivo
3.1. a)
TESTE N.° 7
Grupo I
Parte A 1.1. c) 1.2. d) 1.3. b) 1.4. a) 1.5. b) 1.6. b)
Parte B 2. o destinatário do poema – ―tu‖ – é alguém que o
sujeito admira, pois destaca-se pela positiva da maioria das pessoas devido à sua sinceridade, à sua honestidade e à sua coragem
3.1. a palavra ―porque‖ exprime a causa de algo, neste
caso, apresenta os motivos do respeito e do apreço que o sujeito poético manifesta em relação
ao seu destinatário, devido à sua franqueza, honestidade e coragem
4. Exemplos: a) dissimulação: ―os outros se mascaram‖ b) hipocrisia: ―os outros são túmulos caiados‖ c) corrupção: ―os outros se compram e se vendem‖ d) cobardia: ―os outros vão à sombra dos abrigos‖
5.1. ainda que ―os outros‖ pareçam defender os princípios morais normalmente aceites e se mostrem bem-intencionados, na verdade as suas intenções são pervertidas, pois regem-se apenas por interesses pessoais
5.2. metáfora 6. (o poema ―Porque‖ pretende denunciar a hipocrisia,
a cobardia, a corrupção, o calculismo dos ―os outros‖, procurando incitar à reflexão sobre esta realidade, no sentido de alterar a atitude da maioria das pessoas)
Grupo II
1.1. as vírgulas usam-se para separar a oração
subordinada que se encontra intercalada na subordinante
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
2.1. a) predicativo do sujeito
b) complemento oblíquo b) modificador
3.1. ―tem servido‖: pretérito perfeito composto (do
verbo servir), no modo indicativo, terceira pessoa do singular
4. a) Embora os poetas denunciem os problemas sociais, o desrespeito pelos direitos humanos é cada vez mais frequente.
TESTE N.° 8
Grupo I Parte A
1.1. c) 1.2. a) 1.3. b) 1.4. a) 1.5. d) 1.6. a) 1.7. d)
Parte B
2. a morte do ―menino‖ na guerra 3. a ―cigarreira‖ e o ―lenço‖, que o ―menino‖ transporta
consigo, simbolizam a existência de laços afetivos entre ele, a mãe e a velha criada
4.1. desconhecendo que o menino ―Jaz morto, e
arrefece.‖, aqueles que o amam expressam o desejo de que ―volte cedo, e bem‖ , o que acentua o drama vivido pela família que em vão espera o seu regresso
5. o verso entre parênteses apresenta a causa para os desejos vãos da família, evidenciando o domínio do Império que, assim, envia os jovens inocentes para a morte, sem atender ao sofrimento dos demais
6. o título realça, desde logo, o forte sentimento protetor que une a mãe ao seu filho, que nunca deixa de ser ―menino‖, e que é ilustrado ao longo do
poema
Grupo II 1.1. A. vocativo
B. modificador do nome apositivo
2. a) oração subordinada adverbial temporal
b) oração subordinada adverbial concessiva c) oração subordinada adverbial causal d) oração subordinada adverbial condicional
3. a) predicativo do sujeito b) complemento oblíquo c) modificador
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8. SOLUÇÕES PROVAS MODELO| Novas Leituras 9
PROPOSTA DE CORREÇÃO PROVAS MODELO
PROVA 1
Grupo I Parte A
1. (a) (6); (b) (1); (c) (4); (d) (8); (e) (2).
2. ―latitudes mais altas‖ (linha 40). 3. 3.1. b); 3.2. a); 3.3. c); 3.4. c); 3.5. b).
Parte B 4. Estamos perante um texto dramático, pois o excerto
apresenta a indicação de ato e cena no topo,
seguindo-se a primeira didascália, após a qual surge
a primeira réplica ou fala da personagem, antecedida do nome da mesma. Não existe narrador.
5. Em palco desenrola-se uma tempestade em alto mar, com toda a azáfama e ansiedade que a situação implica para os marinheiros e passageiros do navio.
6. O Contramestre, responsável pelas manobras da
navegação, orienta de forma exaltada e assertiva os seus marinheiros, no sentido de resistirem à tempestade. Além disso, tenta impedir que os nobres que transporta não se tornem um problema numa situação já de si problemática, ordenando-lhe, entre outras coisas, que recolham às cabinas. É este o
contexto que justifica a ocorrência das várias frases de tipo imperativo.
7. O Contramestre confronta os nobres com a ineficácia do seu poder perante a fúria dos elementos. De
facto, invocar a autoridade do rei é inútil na situação em que se encontram, pois a força da Natureza é incomensuravelmente maior do que a dos homens:
―O que é que importa a estas ondas altíssimas que vocês falem em nome do rei?‖, ―Olhe, vossemecê é um conselheiro; se conseguir obrigar o vento e a água a sossegarem e fazer com que tudo volte à tranquilidade, a gente não mexe nem mais uma palha. Vamos, toca a impor a sua autoridade!‖
8. O Contramestre é determinado, experiente e sabe
estabelecer prioridades de ação. Incentiva os seus marinheiros e dá ordens que revelam a sua experiência em situações de tempestade. Confrontado com a imprudência dos nobres, não hesita em admoestá-los e em lhes ordenar que se afastem. Revela ainda a humildade própria do saber
de experiência feito, ao manifestar temor perante os elementos em fúria.
9. O episódio da obra Os Lusíadas a selecionar é o episódio da Tempestade, último grande obstáculo que os portugueses têm de enfrentar antes de chegar
ao destino. Neste episódio, é apresentada uma
descrição realista de uma tempestade – talvez baseada no saber de experiência feito do próprio Camões – não só da natureza em fúria, mas também da aflição dos marinheiros, incapazes de controlar a situação.
Parte C
10. a) As personagens em cena são o Diabo e
Companheiro. b) Encontram-se no cais onde estão ancoradas as
barcas do Paraíso e do Inferno. c) O Diabo está no comando da sua barca e dá
orientações ao Companheiro na preparação da
mesma para a chegada das almas. O Companheiro obedece-lhe, tentando agradar-lhe.
d) Predominam as frases de tipo imperativo, pois a interação entre as personagens baseia-se nas ordens e orientações que o Diabo dá ao Companheiro.
e) O Diabo está contente, pois antecipa uma ―colheita‖ de almas bastante significativa. Além disso, a maré está propícia: ―temos gentil maré‖ e ―Oh! que tempo de partir‖ à navegação.
f) A presença do vocabulário relacionado com o
conceito de navegação justifica-se pelo facto de as barcas estarem num cais de onde partirão para o seu destino. Assim, a referência à
atividade da navegação é coerente com o contexto.
g) A cena inicial caracteriza-se pelo dinamismo e pela energia, iniciando a representação num
clima festivo, principalmente para o Diabo, que antevê uma colheita de almas assinalável. Deste modo, o espetador antecipa uma representação dinâmica, divertida e plena de crítica social, predispondo-se à sua fruição.
Grupo II
1. Alarmados, eles deram-nas. 2. enquanto os preços dos seguros disparavam no
sudoeste americano – oração subordinada adverbial temporal.
3. a) síncope; b) metátese; c) prótese; d) assimilação.
4. Holonímia (barco é holónimo). 5. O contramestre ordenou que se aviassem,
descessem a vela e tomassem atenção ao capitão. Virando--se para a tempestade, disse-lhe que soprasse para lá a sua ventania até que lhe rebentassem as bochechas.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Grupo III
Resposta pessoal, que deve respeitar as indicações relativamente à tipologia, ao tema e à extensão apresentadas.
PROVA 2
Grupo I Parte A
1. (D), (E), (C), (B), (G), (F), (A). 2. O sineiro.
3. 3.1. a); 3.2. d); 3.3. c); 3.4. c); 3.5. c).
Parte B
4. O sujeito poético construiu um castelo na praia da Boa Nova. O castelo ficou magnífico, o que dava ao sujeito poético um sentimento de poder e controlo. Contudo, um dia, devido ao vento, o castelo desabou e o sentimento de poder desapareceu, deixando no seu lugar a saudade e a tristeza.
5. No primeiro verso, a expressão refere-se ao
momento da edificação do castelo; no nono verso, ao momento do seu desabamento. A repetição da expressão no nono verso assinala a passagem do tempo entre os dois acontecimentos. Além disso, como é uma expressão indefinida, sugere um tempo
vago, longínquo, que apenas existe na memória do
sujeito poético. 6. As expressões ―Castelo tão alto‖ (verso 7) e ―O meu
condado‖ (verso 12) podem ser metáfora de sonho, pois sugerem poder, propriedade, e ainda a capacidade de o sujeito concretizar os seus próprios projetos/ sonhos.
7. Neste poema, o verso ―Naquela idade em que se é
conde assim...‖ remete para o tempo da infância, quando tudo é possível na imaginação. Foi esse o momento em que o sujeito poético acreditou que tinha poder e controlava o seu mundo, construindo um castelo sem igual, ou seja, sonhos sem igual.
8. O poema é um soneto, constituído por duas quadras e dois tercetos. Apresenta rima cruzada e versos
decassilábicos.
9. Opção A - a seleção desta opção implica a referência ao sentimento de perda presente em expressões como ―(foi esse o grande mal)‖ e ―Naquela idade em que se é conde assim...‖, do poema de António Nobre, e ainda ao desejo de recuperar a infância
presente no último parágrafo do texto António Lobo Antunes. Opção B - a seleção desta opção implica a referência ao facto de ambos os textos se referirem a memórias da infância, sem a valorização dos sentimentos e desejos referidos na opção A.
Parte C
a) As personagens em cena são o Fidalgo e o Diabo; encontram-se no cais onde estão as barcas do Paraíso e do Inferno.
b) O Fidalgo é uma personagem-tipo; representa a
nobreza. O Diabo é uma personagem alegórica; simboliza o Mal e pretende levar as almas para o Inferno. Assim, o propósito do Fidalgo é evitar a entrada na barca do Inferno e o propósito do Diabo é fazê-lo entrar.
c) Neste momento da cena, o Fidalgo percebeu já que
não tem hipótese de fuga e reflete sobre a sua má conduta durante a vida, enganado pelo seu elevado
estatuto social, que lhe garantia que todos satisfaziam os seus desejos.
d) Ironicamente, o Diabo diz-lhe que também será servido por todos no Inferno, tal como em vida.
e) Posteriormente, o Fidalgo tentará convencer o Diabo
a deixá-lo voltar à vida, pois presume que quer a mulher quer a amante estão muito tristes com a sua partida. Sarcasticamente, o Diabo informa-o do alívio que ambas sentem com a sua ausência, o que leva o fidalgo a render-se às evidências.
f) O facto de o Fidalgo representar a nobreza e toda a sua conduta reprovável torna esta cena um
importante momento de crítica social no Auto da Barca do Inferno.
Grupo II
1. Modificador do nome restritivo.
2. b). 3. a) 3.ª pessoa do singular do futuro do indicativo;
3.ª pessoa do singular do futuro do indicativo da conjugação pronominal.
b) Um miúdo ruço passaria por mim sem me ver e sumir-se-ia lá em cima no quarto.
4. a) apócope; b) paragoge; c) dissimilação.
5. Ao final da tarde, a mãe do narrador tinha por hábito gritar o nome dele.
Grupo III
Resposta pessoal, que deve respeitar as indicações relativamente à tipologia, ao tema e à extensão
apresentadas.
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8. SOLUÇÕES PROVAS MODELO | Novas Leituras 9
PROVA 3
Grupo I
Parte A 1. (a) (4); (b) (2); (c) (3); (d) (7); (e) (5). 2. ―o rato‖ (linha 22). 3. 3.1. c); 3.2. b); 3.3. c); 3.4. d); 3.5. c).
Parte B
4. João Sem Medo deve permitir que a sua cabeça
seja cortada. 5. Do ponto de vista do guarda, as vantagens de ficar
sem cabeça são, em primeiro lugar, a possibilidade de não pensar, de não ter opinião nem ideias
perigosas e de não apanhar piolhos. Em segundo
lugar, como quem não tem cabeça não paga nada, João poderia viver de forma confortável e divertida sem qualquer esforço ou despesa. Por fim, não ter cabeça evitaria as idas ao cabeleireiro para tratar do cabelo.
6. Metáfora.
7. É estabelecida uma oposição entre o caminho do Bem e o caminho do Mal. O primeiro é confortável – ―o caminho asfaltado que leva à Felicidade Completa‖ – e obriga à recusa do pensamento e da opinião. O segundo implica sofrimento – ―passar fome, sofrer dias de terror aflito‖ –, pois está cheio de cardos e
árvores sinistras, prometendo ser árduo. 8. Ao usar a expressão ―o nosso herói‖ (linha 22) o
narrador transmite a ideia de que está a seguir as aventuras de João Sem Medo com o leitor ao seu lado, ou seja, que estão muito próximos entre si e muito próximos da personagem cujas aventuras partilham.
9. No contexto, esta expressão significa que todos os seres humanos têm medo e que a única coisa que podem fazer é escondê-lo de si próprios, de modo a que este sentimento não os impeça de realizar os seus projetos.
Parte C Cenário de resposta
a) Episódio do gigante Adamastor. b) Insere-se na Narração, no plano narrativo da
Viagem. c) Adamastor é uma figura gigantesca, terrosa, de
membros descomunais, voz cavernosa e dentes amarelos, que manifesta agressividade face aos portugueses.
d) Perante esta figura, os navegantes sentem terror, ficando completamente arrepiados e de cabelos em pé.
e) A transformação súbita do espaço – desencadeada pela escuridão da nuvem e pelo forte bramido do mar – representa a violência dos elementos que os
portugueses enfrentam. Além disso, a figura
descomunal, disforme e agressiva do Adamastor simboliza todo o tipo de perigos a contornar na aventura das Descobertas. Pela sua grandeza e pose ―medonha e má‖, o gigante torna a tarefa dos marinheiros ainda mais difícil.
f) Inserido no Canto V, a meio da viagem, este episódio
representa o perigo maior enfrentado e ultrapassado pelos portugueses, deste modo agigantandoa sua coragem e ação heroica.
Grupo II
a) Desde o nascimento que eles são também capazes
de aprender a reconhecê-las. b) A partir daí, quando o ouvia, o rato imobilizava-se.
1. João Sem Medo seguiu o caminho que era árduo. 2. a) A frase é ativa; b) A frase é passiva. 3. Oração subordinada temporal. 4. a) sujeito (simples); b) predicativo do sujeito; c)
complemento oblíquo.
Grupo III
Resposta pessoal, que deve respeitar as indicações relativamente à tipologia, ao tema e à extensão apresentadas.