Testes Psicológicos

102
TESTES PSICOLÓGICOS - T.A.T (Teste Apercepção Temática) TESTE T.A.T ( TESTE APERCEPÇÃO TEMÁTICA) É um teste projetivo, de personalidade, de análise qualitativa, clínico e individual; I - INTRODUÇÃO Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva e por nós hoje conhecida. Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam- no em sujeitos a partir de 4 anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para Crianças) nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial (CAT-S), bem como o

description

texto sobre testes psicologicos

Transcript of Testes Psicológicos

Page 1: Testes Psicológicos

TESTES PSICOLÓGICOS - T.A.T (Teste Apercepção

Temática)

TESTE T.A.T ( TESTE APERCEPÇÃO TEMÁTICA)

        É um teste projetivo, de personalidade, de análise qualitativa,

clínico e individual;

I - INTRODUÇÃO

Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica

Psicológica da Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada

em 1935 a primeira série de pranchas e em 1945, foi publicada a

terceira revisão, a que foi considerada a definitiva e por nós hoje

conhecida.

Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a

partir de 4 anos de idade, no entanto isso não é realizado

atualmente, sobretudo pelo surgimento de teste aperceptivo

temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para Crianças)

nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala

especial (CAT-S), bem como o teste Symonds apropriado para

adolescentes.Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em

adultos e, às vezes em pré-adolescentes ou adolescentes.

II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes

indivíduos, frente a uma mesma situação vital, a experimentam

Page 2: Testes Psicológicos

cada um a seu modo, de acordo com sua perspectiva pessoal. Essa

forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude e a

estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim,

expondo-se o sujeito a uma série de situações sociais típicas e

possibilitando-lhe a expressão de sentimentos, imagens, idéias e

lembranças vividas em cada uma destas confrontações, é possível

ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento, nas

situações apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do

sujeito.

Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente

Christiana Morgan, procedeu à escolha do material que viria a

constituir o TAT: fotografias de pinturas em museus, anúncios em

revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que

posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo

uniforme. O produto final são reproduções de situações dramáticas,

de contornos imprecisos, impressão difusa e tema inexplícito.

Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber, identifica-se

com uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade,

comunica, por meio de uma história completa, sua experiência

perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. Dessa forma,

podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao

indivíduo temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades

e pressões fundamentais na dinâmica subjacente de sua

personalidade.

Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o

sujeito percebe o ambiente e responde ao mesmo em função de

seus próprios interesses, atitudes, hábitos, estados afetivos,

Page 3: Testes Psicológicos

desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a realidade

de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em

vez de projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera

percepção de um objeto, mas toda uma interpretação de uma cena.

A percepção depende do campo de estímulos (fator externo)

e das necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo

de estímulos é mais estruturado, predomina o fator externo na

percepção; quando o campo de estímulos é menos estruturado,

predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos

projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções

permitem grande liberdade de resposta.

Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud

sobre as pulsões inconscientes, sexuais e agressivas pecava por

ser uma simplificação excessiva da complexidade multifacetada da

motivação humana. Murray admirava Freud e sua obra, mas

acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente

restrita e limitada. Desenvolveu então sua personologia, uma

teoria basicamente motivacional em que são centrais os conceitos

de necessidade e pulsão.

Necessidade é um construto que representa uma força, na

região cerebral, que organiza a percepção, a apercepção, a

intelectualização, a conação e a ação, de modo a transformá-la em

certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. Em

outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que

conduzirá a ação no sentido de chegar à satisfação, que por sua

vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, restabelecerá o equilíbrio. A

Page 4: Testes Psicológicos

necessidade pode ser produzida por forças internas ou externas e é

sempre acompanhada por um sentimento ou emoção.

A presença de uma necessidade pode ser identificada:

1. efeito ou resultado final do comportamento.

 

2. padrão ou modo do comportamento envolvido.

 

3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de

objetos-estímulo.

 

4. expressão de uma determinada emoção ou afeto.

 

5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou

de desapontamento quando o resultado é negativo.

 

         Pressões são os determinantes do meio externo que podem

facilitar ou impedir a satisfação das necessidades, representando a

forma como o sujeito vê ou interpreta seu meio. A pressão está

associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que se

acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz

para satisfazer suas necessidades. "A pressão é um objeto é o que

Page 5: Testes Psicológicos

pode fazer ao sujeito ou para o sujeito, ou seja, o poder que tem

para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos muito mais as

possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não

apenas de seus motivos ou tendências, mas também a maneira

pela qual ele vê ou interpreta seu meio.

Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da

necessidade. É desfavorável quando ele dificulta e neutro não está

relacionado com a necessidade.Murray organizou várias listas de

pressões, para fins especiais. Exemplo disso é a classificação

contida na tabela a seguir, destinada a representar eventos ou

influências significativas da infância. Na prática, essas pressões não

apenas são vistas operando em determinadas experiências do

indivíduo, mas também, se lhes atribui uma função quantitativa para

indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo.

III – MATERIAL DO TESTE

O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem

situações humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a

cada sujeito devem ser aplicados 20 estímulos, perfazendo o total

de vinte histórias. O grau de realismo é variável, sendo as 10

primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas.

Cada prancha apresenta impressos no verso, apenas um número

ou um número seguido de uma ou mais letras. O número indica a

ordem em que o estímulo deve ser apresentado, na série, e as

letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se

destina.

 

Page 6: Testes Psicológicos

Os quadros, impressos em branco e preto, representam

situações de trabalho, relações familiares, perigo e medo, atitudes

sexuais, agressão e uma prancha em branco que permite

associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por

objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar

determinadas situações típicas que nos interessa que sejam

exploradas e permite padronizar a interpretação.

 

 

 

Page 7: Testes Psicológicos

TEMAS EVOCADOS PELOS ESTÍMULOS

 

1) PRIMEIRA SÉRIE

PRANCHA 1

 

O MENINO E O VIOLINO

Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa

à sua frente.

 

A)  Área que explora:

- Dever: submissão - rebeldia

- Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do Ego,

fantasias vocacionais.

- Atitude frente ao dever

- Imagem dos pais

 

B) Interpretação dos adultos:

Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem

de suas atitudes e a imagem dos pais.

Page 8: Testes Psicológicos

 

C) Clichês:

Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e

com freqüência as suas aspirações:

 

1. Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o

violino; referido comumente pelos sujeitos como sendo dominados

pelos pais. Diante dessa exigência o menino reage com

passividade, conformismo, oposição, rebeldia ou fuga à fantasia,

reação que corresponde, em geral à do sujeito em condições

semelhantes da realidade.

2. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações, objetivos,

dificuldades do herói: ordinariamente pertinentes em sujeitos

ambiciosos.

 

D) Distorções:

Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo;

em relação ao violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está

solta; confusão do objeto identificado como sendo um livro.

 

E) Omissões:

Page 9: Testes Psicológicos

Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos.

 

F) Simbolizações:

1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou

arrebentada, portanto intocável: freqüente em sujeitos que tem

sentimento de culpa devido à masturbação ou que sofrem de

ansiedade de castração.

 

2. O herói analisa ou pesquisa acerca do funcionamento e do

mecanismo interno do violino: sujeitos preocupados (ansiedade de

castração) ou de curiosidade das questões de ordem sexual.

 

 

PRANCHA 2

 

A ESTUDANTE NO CAMPO

Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros

na mão; ao fundo, um homem está trabalhando no campo e uma

mulher mais idosa assiste.

 

Page 10: Testes Psicológicos

A) Área que explora:

- Conflitos de adaptação intrafamiliares

- Conflito com a feminilidade e com  as formas de vida: campesina

X urbana; instintivo X intelectual; virgindade X maternidade.

- Nível de aspiração

- Atitude frente aos pais

 

B) Interpretação dos adultos:

Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar.

 

C) Clichês:

Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o

homem do fundo) frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o)

estimula, ou diante dos problemas enraizados pelas dificuldades de

relacionamento familiar. Denuncia como o paciente vê seu

ambiente, seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais.

 

 

 

 

Page 11: Testes Psicológicos

 

PRANCHA 3 RH

 

RECLINADO (A) NO DIVÃ

No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com

a cabeça reclinada sobre o seu braço direito. Ao seu lado, no chão,

há um revolver.

 

A) Área que explora:

Frustração, depressão, suicídio.

 

B) Interpretação dos adultos:

Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são

atribuídas reações frente aos mesmos.

 

C) Clichês:

Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O

rapaz foi injustiçado e o mesmo acaba tendo mal procedimento.

Mais especificamente denunciam as situações que o sujeito

Page 12: Testes Psicológicos

considera sendo frustradores de seus desejos, assim como suas

reações e seu estilo na resolução dos problemas.

 

D) Distorções:

1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências

femininas;

2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos

hostil, pelos sujeitos incapazes de expressar sua agressão de forma

manifesta.

 

E) Omissão:

Do revolver

 

PRANCHA 3 MF

 

A JOVEM NA PORTA

Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a

mão direita. Seu braço esquerdo está estendido para frente,

apoiando-se numa porta de madeira.

 

Page 13: Testes Psicológicos

A) Área que explora:

Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido.

 

 

B) Interpretação dos adultos:

Revelam os principais fatores causadores das frustrações e

sua reação frente aos mesmos.

 

C) Clichês:

Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa

 

PRANCHA 4

 

UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM, RETENDO-O.

Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão

desviados dela, como se ele tentasse afastá-la.

 

A) Área que explora:

Page 14: Testes Psicológicos

- Abandono, ciúmes, infidelidade, competição.

- Conflitos matrimoniais

- Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto

 

B) Interpretação dos adultos:

- Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o

encara e enfrenta.

 

C) Clichês:

Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno

triângulo amoroso) do casal que está no primeiro plano. A figura

seminua no fundo é a amante ou noiva do homem. O homem

deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas

ela quer retê-lo. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida

matrimonial ou suas atitudes frente às mulheres e o sexo.

 

D) Omissão: -

Da mulher semidespida.

 

Page 15: Testes Psicológicos

 

PRANCHA 5

 

MULHER IDOSA À PORTA

Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta

entreaberta, olhando para dentro de um quarto.

 

A) Área que explora:

- Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora).

- Ansiedades paranóides

 

B) Interpretação dos adultos:

Inter-relações mãe-filho

C) Clichês:

A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos

em atitudes que prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou

mais razões. Revela as atitudes e expectativas do sujeito frente a

sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou censurando), a

sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade.

Page 16: Testes Psicológicos

 

D) Distorções:

A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a

parte externa da casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como

sendo uma cortina.

 

PRANCHA 6RH

 

O FILHO QUE VAI PARTIR

Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um

jovem de elevada estatura. Este olha para baixo, com uma

expressão perplexa.

 

A) Área que explora:

- Atitude frente à figura materna

- Dependência X Independência

- Abandono, culpa

 

B) Interpretação dos adultos:

Page 17: Testes Psicológicos

Comportamento frente à situação edipiana.

 

C) Clichês:

Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um

projeto largamente planejado, abandonar seu local para ir trabalhar

numa outra cidade; casar-se ou alistar-se no exército. Seus desejos

quase sempre estão em conflito com os da mãe. Revela a atitude

do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa,

dependência x independência, superproteção) e os fatores que

produzem e justificam seu afastamento.

 

PRANCHA 6 MF

 

MULHER SURPREENDIDA

Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás,

por cima do ombro, para um homem mais velho, com um cachimbo

na boca, que parece dirigir-lhe a palavra.

 

A)  Área que explora:

Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão.

 

Page 18: Testes Psicológicos

B) Interpretação dos adultos:

Comportamento frente à figura paterna.

 

 

PRANCHA 7RH

 

PAI E FILHO

Um homem grisalho está olhando para um jovem que

contempla o espaço com semblante carrancudo.

 

A) Área que explora:

- Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade).

- Submissão, rebeldia

- Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação.

- Ameaça de homossexualidade

 

B)  Interpretação dos adultos:

Page 19: Testes Psicológicos

Comportamento intrafamiliar

 

C)  Clichês:

O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos

discutem um problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do

sujeito frente ao pai; aos adultos e à autoridade em geral

(dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar as

tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia.

PRANCHA 7MF

 

MOÇA E BONECA

Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina,

falando-lhe ou lendo-lhe. A menina, que está com uma boneca no

regaço olha para longe.

 

A) Área que explora:

- Imagem da mãe

- Atitude frente à maternidade.

 

B) Interpretação dos adultos:

Page 20: Testes Psicológicos

Comportamento intrafamiliar

 

PRANCHA 8RH

 

A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA

Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano

de um rifle é visível a um lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma

operação cirúrgica, como a imagem de uma divagação.

 

A) Área que explora:

- Direção da agressividade

- Imagem do pai

- Medo da morte

 

B)  Interpretação dos adultos:

Nada em especial

 

C)  Clichês:

Page 21: Testes Psicológicos

Em geral o adolescente é o herói.

1.   O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser

médico, em cujo caso se delata a ambição do sujeito.

2.   Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o

resultado da operação: história que expressa as tendências

agressivas do sujeito em dadas ocasiões dirigidas contra uma

determinada pessoa.

 

 

D) Omissão:

Do rifle.

 

E) Simbolizações:

Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente,

reflete ansiedade  de castração.

 

PRANCHA 8 MF

 

MULHER PENSATIVA

Page 22: Testes Psicológicos

Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão,

seus olhos estão distantes.

 

A)  Área que explora:

Problemas atuais e fantasia

 

B)  Interpretação dos adultos:

Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional,

familiar  e sexual. Conflitos atuais, tensões e esforço para

solucioná-los.

 

PRANCHA 9RH

 

GRUPO DE VAGABUNDOS

Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado,

repousando.

 

A) Área que explora:

- Trabalho e ociosidade

Page 23: Testes Psicológicos

- Relacionamento com o próprio grupo sexual

- Homossexualidade.

B) Interpretação dos adultos:

Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas:

familiar, profissional e sexual.

C) Clichês:

Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura

jornada de trabalho ou tomando um breve descanso antes de

retornar ao trabalho.

As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno

ao trabalho.

 

PRANCHA 9MF

 

DUAS MULHERES NA PRAIA

Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia

detrás de uma árvore uma outra jovem trajada elegantemente, que

corre ao longo de uma praia.

 

A) Área que explora:

Page 24: Testes Psicológicos

- Competição  feminina

- Rivalidade feminina

- Espionagem, culpa e perseguição.

 

B) Interpretação dos adultos:

Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades

profissionais, familiares  e sexuais.

 

PRANCHA 10

 

O ABRAÇO

A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem.

 

A) Área que explora:

- Atitude frente à separação

- Conflito do casal

B) Interpretação dos adultos:

Page 25: Testes Psicológicos

Conflitos amorosos e sexuais

C) Clichês:

O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em

geral, a atitude do sujeito frente à separação da pessoa amada,

assim como seu grau de dependência à figura paterna.

Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as

relações entre seus pais.

 

D) Distorções:

A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as

sombras faciais são interpretadas de diferentes maneiras.

 

 

 

2) SEGUNDA SÉRIE

 

PRANCHA 11

 

PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS

Page 26: Testes Psicológicos

Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre

elevadas escarpas. Na estrada, aparecem figuras  obscuras à

distância. De um lado da vertente rochosa assoma a longa cabeça

e o pescoço de um dragão.

 

A) Área que explora:

- Ansiedade frente ao perigo

- Angústia frente aos instintos

 

B) Interpretação dos adultos:

- Fantasias e tendências sexuais e agressivas.

- Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas.

 

C) Clichês:

Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua

maneira de experimentar a ansiedade. As figuras obscuras (homens

ou animais) são vistas como se estivessem sendo atacadas pelo

dragão e normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica

o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para

vencê-lo.

Page 27: Testes Psicológicos

O personagem masculino pode ser um cientista ou um

explorador das regiões desconhecidas: revela sua curiosidade ou

desejo de experimentar situações novas ou perigosas.

 

D) Distorções

Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades

aos erros perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça

do dragão como sua margem; o fundo como uma cascata; as

paredes do abismo como sendo o castelo; as pedras como sendo

cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto é

comum e não constitui um indicador especial.

 

E) Omissão

Do dragão

 

F) Simbolizações:

O monstro geralmente constitui uma representação simbólica

das exigências instintivas que ameaçam seu interior. As histórias

que se referem às dificuldades para dominar o animal e aquelas em

que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir dificuldades

de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais.

 

Page 28: Testes Psicológicos

PRANCHA 12H

 

O HIPNOTIZADOR

Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados.

Debruçado sobre ele, a forma esguia de um homem idoso, a sua

mão estendida para o rosto da figura recostada.

 

A) Área que explora:

- Relação transferencial à situação de prova

- Ameaça ao homossexualismo

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude frente aos adultos

- O papel de passividade e a atitude frente ao

terapeuta.

- Tendência homossexual latente e experiências

homossexuais ocultas.

C) Clichês:

Page 29: Testes Psicológicos

O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e

o ancião veio despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou

está enfermo e o ancião veio perguntar-lhe pela sua saúde.

Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos homens

adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua

personalidade e, à vezes, sua atitude frente à terapia.

D) Distorções:

Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo

de um dos dois homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos

sujeitos com fortes componentes femininos.

 

E) Simbolizações:

As histórias em que o jovem que está deitado está se

submetendo ou pode ter sido forçado a ser hipnotizado pelo homem

maduro, geralmente denunciam tendências homossexuais latentes

ou experiências homossexuais encobertas.

 

 

PRANCHA 12 F

 

A CELESTINA

Page 30: Testes Psicológicos

Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa,

com xale sobre a cabeça faz caretas.

 

A) Área que explora:

- Tentação instintiva e defensiva

- Relação mãe-filha

 

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude da filha frente ao controle materno.

- Tendências ao controle das irmãs

 

C) Clichês:

Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à

figura da mãe ou da filha, e envelhecimento e o matrimônio.

 

D) Distorções:

Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem.

 

Page 31: Testes Psicológicos

 

PRANCHA 12RM

 

O BOTE ABANDONADO

Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre

entre o arvoredo de uma floresta. Não há figuras humanas no

quadro.

 

A) Área que explora:

Fantasias desiderativas (desejos)

 

PRANCHA 13 HF

 

MULHER SOBRE A CAMA

Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu

braço. Atrás dele, a figura de uma mulher deitada numa cama.

 

A) Área que explora:

- Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade).

Page 32: Testes Psicológicos

- Sentimento de culpa

 

B) Interpretação dos adultos:

Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e

matrimônio e a vida erótica.

 

C) Clichês:

Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e

ao sexo, às vezes frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente

ao alcoolismo. Histórias mais freqüentes: temas sexuais.

 

1.   Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher

(esposa, noiva ou prostituta) na cama.

 

2.   A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem

os sentimentos do jovem, comumente representam a hostilidade,

contra a esposa ou às mulheres em geral.

 

D) Distorções:

Page 33: Testes Psicológicos

Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e

dos objetos sobre a mesa.

 

E) Omissões:

Da mulher que está sobre a cama.

 

PRANCHA 13R

 

UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA

Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de

madeira.

 

A)  Área que explora:

- Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas.

 

 

 

PRANCHA 13M

Page 34: Testes Psicológicos

 

RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS

Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral.

 

A) Área que explora:

- Carência, solidão e expectativas.

 

PRANCHA 14

 

HOMEM À JANELA

A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela

iluminada. O resto do quadro é totalmente negro.

 

A) Área que explora:

- Homem adentro:  fantasias, expectativas, evocação

- Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo

- Choque ao negro

B) Interpretação dos adultos:

Page 35: Testes Psicológicos

Denunciam os determinantes das ambições, preocupações,

expectativas e eventualmente, fantasias de suicídio.

C) Clichês:

Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e

preocupações, inclusive suicidas.

D) Distorções:

O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em

algum lugar.

 

 

PRANCHA 15

 

NO CEMITÉRIO

Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre

sepulturas.

 

A) Área que explora:

- Morte, culpa e castigo.

- Choque ao negro

Page 36: Testes Psicológicos

 

B) Interpretação dos adultos:

- Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de

membros da família.

 

C) Clichês:

A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve

seus sentimentos e atitudes, passados e presentes frente à mesma.

A pessoa morta geralmente representa a pessoa a quem dirige ou

experimenta uma forte agressividade.

 

D) Distorções:

O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos

retém uma lâmpada ou um livro; os túmulos como sendo platéia de

um teatro.

 

 

PRANCHA 16

 

PRANCHA EM BRANCO

Page 37: Testes Psicológicos

 

A) Área que explora:

- Relação transferêncial à situação da prova.

- Ideal do EGO

 

B) Interpretação dos adultos:

Aspirações e possessões

 

C) Clichês:

Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores

de grande importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao

examinador.

 

PRANCHA 17RH

 

O ACROBATA

Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar

ou descer pela corda.

Page 38: Testes Psicológicos

A) Área que explora:

- Nível de aspiração

- Exibicionismo  ou  narcisismo

- Masturbação

 

B) Interpretação dos adultos:

- Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas.

- Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às

dificuldades do mundo exterior.

 

C) Clichês:

Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da

corda é visto como:

 

1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um

público     numeroso, o qual revela o desejo de ser reconhecido, seu

nível de aspiração ou as tendências exibicionistas do sujeito.

 

Page 39: Testes Psicológicos

2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de

resolver       para o sujeito ou as reações ante as emergências. Se

este tema é repetitivo, estereotipado, elaborado em excesso e seu

teor afetivo e seu desenlace são intensos, representa as

expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das suas

dificuldades.

 

D) Distorções:

Quanto ao fundo, ao homem

 

E) Simbolizações:

O herói que sobe e desce pela corda: preocupação

masturbatória.

 

 

PRANCHA 17MF

 

A PONTE

Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do

parapeito. Ao fundo estão altos edifícios e pequenas figuras de

homem.

Page 40: Testes Psicológicos

 

A) Área que explora:

- Frustração, depressão

- Autocastigo,  suicídio

 

 

B) Interpretação dos adultos:

Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos

depressivos e tendências ao autocastigo.

 

C) Clichês:

Com freqüência provoca:

1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a

esperança  ou a ceder (suicídio).

 

2. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado.

 

D) Distorções:

Page 41: Testes Psicológicos

A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem;

perspectivas equivocadas.

 

E) Omissões:

Da mulher ou do grupo de trabalhadores.

 

PRANCHA 18 RH

 

ATACADO PELAS COSTAS

Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras

dos seus antagonistas são invisíveis.

A) Área que explora:

- Ansiedade, culpa

- Idéias paranóides, ataque homossexual

B) Interpretação dos adultos:

Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas.

 

C) Clichês:

Page 42: Testes Psicológicos

Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida,

que expressam atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de

drogas). Podem, assim mesmo, expressar a ansiedade do paciente

frente à agressão dirigida contra o terapeuta.

 

1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem

às pessoas que o ajudam.

 

2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem

aos seus agressores.

 

D) Distorções:

Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial,

posição e estado da pessoa do fundo.

 

E) Simbolizações:

Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes

ou experiências homossexuais encobertas do sujeito.

 

PRANCHA 18MF

Page 43: Testes Psicológicos

 

MULHER QUE ESTRANGULA

Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher, a quem

parece estar empurrando sobre o corrimão de uma escada.

A) Área que explora:

- Agressividade e apoio

B) Interpretação dos adultos:

Agressividade e relação com a figura materna e parentais do

sexo feminino.

C) Clichês:

Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com

as figuras da filha, irmã, mãe e figuras femininas em geral; os

ciúmes, sentimentos de inferioridade e reação frente a relações

submissas.

D) Distorções:

Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos

personagens.

PRANCHA 19

 

Page 44: Testes Psicológicos

CABANA COBERTA DE NEVE

Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando

sobre uma cabana coberta de neve.

 

A) Área que explora:

- Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança.

B) Interpretação dos adultos:

Explora os sentimentos e desejos de segurança; como

responde o sujeito frente às barreiras que o interceptam.

C) Clichês:

Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como

fantasmagórica. A cabana está cercada pela neve, mas seus

habitantes estão acomodados. Descreve-se o estado destes e

como superam a situação, reflete o desejo de segurança do sujeito

e o modo como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu

próprio meio.

 

D) Simbolizações:

A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode

denunciar os sentimentos de culpa do paciente.

 

Page 45: Testes Psicológicos

PRANCHA 20

 

SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO

Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue,

apoiando-se num candeeiro de rua, numa noite escura.

A) Área que explora:

- Preocupações, abandono, culpa, castigo.

 

B) Interpretação dos adultos:

Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou

agressivas.

 

C) Clichês:

A figura medita sobre diversos problemas interiores, de

relativa importância: aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o

ataque a uma vítima. Revela os temas que preocupam seus

problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do

sujeito.

 

Page 46: Testes Psicológicos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

IV – ADMINISTRAÇÃO (MURRAY, 2005, P. 21-23).

 

Preparação do Sujeito

         A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além

de algum motivo razoável para se submeter ao teste. Mas, para os

que forem muito limitados, pouco responsivos, resistentes ou

desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por provas

escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma

tarefa menos exigente antes de ser submetido ao TAT. As crianças,

geralmente, produzem melhor depois de algumas sessões

Page 47: Testes Psicológicos

dedicadas à expressão de suas fantasias, verbalizadas por meios

de brinquedos e brincadeiras.

 

Ambiente de teste

         O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu

mobiliário, assim como o sexo, a idade, as atitudes e a

personalidade do psicólogo, são capazes de afetar a liberdade,

vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A meta

do psicólogo é conseguir maior quantidade de material, com a

melhor qualidade possível, conforme as condições circunstanciais.

Dado que a execução depende totalmente da boa vontade e

criatividade momentâneas do sujeito, e também que a criatividade é

um processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não

pode ser forçado, nem irá desabrochar num clima áspero, frio,

intelectualmente arrogante ou de algum modo não empático, é

importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir que o

ambiente é acolhedor e que capte que estão presentes a

receptividade, a boa vontade e o apreço por parte do psicólogo.

 

Instruções

I – Primeira sessão

         O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então,

reclinar-se num divã. As instruções serão lidas para ele devagar,

utilizando-se uma das seguintes formas:

Page 48: Testes Psicológicos

         Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de

grau médio de inteligência e cultura): “Este é um teste de

imaginação que é uma das formas da inteligência. Vou mostrar-lhe

algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será inventar,

para cada uma delas, uma história com o máximo de ação possível.

Conte-me o que levou ao fato mostrado na prancha, descreva o que

está acontecendo no momento, o que as personagens estão

sentindo e pensando. Conte depois como termina a história.

Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem

ocorrendo em sua mente. Você compreendeu? Como você tem

cinqüenta minutos para as 10 pranchas, você pode utilizar cerca de

5 minutos para cada história. Aqui está a primeira prancha”.

 

         Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco

inteligentes ou de pouca instrução): “Este é um teste para contar

histórias. Eu tenho aqui algumas pranchas que vou lhe mostrar.

Quero que você faça uma história para cada uma delas. Conte o

que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Fale o que

as pessoas estão sentindo e pensando e como termina a história.

Você pode fazer o tipo de história que quiser. Compreendeu? Bem,

então aqui está a primeira prancha. Você tem 5 minutos para fazer

uma história. Faça o melhor que puder”.

 

         As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas

para se adaptarem à idade, inteligência, personalidade e condições

peculiares de cada sujeito. Mas é melhor, de início, não dizer: “Está

Page 49: Testes Psicológicos

é uma oportunidade para você usar livremente sua imaginação”,

pois essa forma de instrução suscita, algumas vezes, no sujeito, a

suspeita de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de

suas associações livres, como ocorre na psicanálise. Tal suspeita

pode causar grave dano à espontaneidade do pensamento do

sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo está interessado

tão somente em sua aptidão criativa ou literária.

         Terminada a primeira história (e desde que haja base para

isso), o sujeito deve ser discretamente elogiado. E, a menos que as

tenha seguido com precisão, é preciso relembrar-lhe as instruções.

Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi uma

história interessante, mas você esqueceu de dizer como o menino

reagiu quando sua mãe o repreendeu, deixando a narrativa no ar.

Não houve de fato um verdadeiro desfecho para a sua história.

Você gastou nela três minutos e meio. As outras podem ser um

pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder com esta

segunda prancha”.

         De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais

nada no restante do tempo, exceto (1) para informá-lo se estiver

muito atrasado ou muito adiantado em relação ao tempo previsto,

por ser importante que o sujeito complete a série de dez histórias e

dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma

delas; (2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em

quando, pois essa pode ser a melhor maneira de incentivar a

imaginação; e (3) se o sujeito omitir algum detalhe fundamental, as

circunstâncias antecedentes ou o desfecho, lembrar-lhe com

alguma breve observação tal como: “o que levou a essa

Page 50: Testes Psicológicos

situação?” De modo algum deve o psicólogo envolver-se em

discussões com o sujeito.

         O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e

inconsistente, perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer ao

sujeito que o que importa é o enredo e não uma grande quantidade

de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente absorvidos na

descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que

este constitui apenas um teste de imaginação. Se o sujeito fizer

perguntas sobre detalhes pouco claros, o psicólogo deve

responder: “Podem ser o que você quiser”. Não se deve permitir

que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma prancha.

Se perceber que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe

que deve aplicar seus esforços numa única história mais longa.

         As histórias devem ser registradas com detalhes, usando

abreviações comuns ou pessoais.

         Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não

saiba ou que não seja levado a pensar que lhe serão solicitadas

novas histórias. Ter essa expectativa em mente pode levá-lo a se

preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em filmes

vistos por ele que, nessas condições, voltaria equipado com um

material mais impessoal do que o produzido quando obrigado a

inventar as histórias no impulso do momento.

 

II – Segunda sessão

Page 51: Testes Psicológicos

         É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia

entre a primeira e a segunda sessão. Nessa segunda parte, o

procedimento é semelhante ao utilizado na anterior, salvo num

aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da

imaginação.

         A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que

você pode ver nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e

descreva-a em detalhe”. Se o sujeito não conseguir, o examinador

deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma coisa”.Depois que o

sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o

psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”.

 

 

      O exame completo com o TAT compreende o uso das duas

séries de pranchas, em duas sessões, separadas por um intervalo

de tempo mínimo de um dia e um máximo de uma semana. Se não

essa possibilidade, recomenda-se o emprego das dez pranchas da

segunda série, consideradas como estímulos mais eficazes. Em

determinados casos, o examinador pode escolher as pranchas mais

importantes para a abordagem dos problemas em foco. Sempre que

possível, entretanto deve dar preferência ao exame completo. As

pranchas são apresentadas na ordem estabelecida pela numeração

Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a

suplementação de dados imprecisos, assim como para pesquisar a

fonte de idéias.

Page 52: Testes Psicológicos

 

V – Interpretação (MURRAY, 2005; SHENTOUB, 1951).

 

A – Herói principal (protagonista)

 

Murray centraliza a interpretação no herói principal como

catalizador das projeções do sujeito. Outros autores, porém como

Piotrowsky, reconhecem haver projeção em outros personagens,

sobretudo projeções de impulsos não aceitos, quanto mais

inconscientes seriam os impulsos neles projetados.

Os traços do herói corresponderiam à imagem, real ou ideal,

que o sujeito tem de si. O herói seria o catalizador principal das

projeções do sujeito, sobretudo segundo a linha interpretativa de

Murray.

Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem,

criança, homem maduro ou velho.

Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o

próprio sexo ou com o sexo oposto.

Personalidade: As atitudes, sentimentos, conduta, traços, etc,

traduzem-nos as qualidades que o sujeito possui, crê ou deseja

possuir.

Page 53: Testes Psicológicos

Aparência física:  Relaciona-se com os interesses do sujeito,

sua imagem corporal, seu ideal físico, sobretudo se trata de figuras

ambíguas.

 

Multiplicidade de heróis:

Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da

identificação e revelar  importantes fases, ou  aspectos

contraditórios, ou uma dissociação mais ou menos forte da

personalidade do sujeito".

 

        Identificação: Em geral, o herói principal é:

- O personagem em quem o narrador está mais interessado, cujo

ponto de vista o narrador adota.

- Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais

(regra não rígida).

- Pessoa que figura no quadro.

- Pessoa que desempenha papel principal.

 

Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes pontos:

 

Page 54: Testes Psicológicos

- Pode haver uma seqüência de protagonistas.

- Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o

conflito seria então mais intenso do que se os dois impulsos

estivessem representados num só protagonista).

- pode haver numerosos protagonistas parciais.

- o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do

meio ambiente do sujeito e não alguém com quem ele se identifica,

o protagonista estaria num personagem secundário.

 

        Caracterização: Identificando o herói principal, analisa-se nele:

 

- Dados pessoais, idade, sexo, profissão, etc.

- Características psíquicas, vocação, habilidades, interesses,

adaptação.

- Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade,

poder, fama), inferioridade,  masculinidade-feminilidade,

ascendência, submissão, etc.

- Atitude frente à sociedade, autoridade, colegas e parentes.

- Características físicas.

 

Page 55: Testes Psicológicos

        Suas Necessidades

Caracterizar as necessidades do herói (ver lista)

 

        Seus estados interiores e emoções

 

- Decepção, desilusão, depressão, aflição, melancolia, mágoa,

desespero    (abatimento).

- Alegria, felicidade, excitação.

- Amor, desconfiança.

- Conflitos, passividade-atividade, dependência-independência,

realidade- prazer, medo, ansiedade, angústia, sentimentos de

culpa.

- Mudança  emocional.

 

 

 

 

 

B. OUTROS PERSONAGENS

Page 56: Testes Psicológicos

 

Faz-se igualmente sua caracterização. Comparam-se os

homens e as mulheres. Investigam-se os traços das mulheres de

idade, bem como dos homens de idade.

Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas

com as quais se encontram emocionalmente ligado (pai, irmão, etc.)

Pode haver, entretanto um deslocamento, como por exemplo, no

caso da polícia representar a figura paterna.

 

C. AMBIENTE/ PRESSÃO

         Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista)

 

D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO

 

Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos

manifestos na Prancha.

 

Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos

manifestos na Prancha.

 

Page 57: Testes Psicológicos

E - ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO

 

Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão, pela

conduta, de certa ansiedade e de mal estar provocadas pela

prancha. Segundo o contexto clínico, elas permitem prejulgar a

natureza patológica das respostas.

 

        Exclamações - Comentários

 

Toda observação verbal com relação às pranchas e toda

expressão de alegria, de desgosto, de admiração, de surpresa, etc.

testemunham certa labilidade emocional e impulsividade. Traduz o

desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto, entrando imediatamente

em sua intimidade, como também a necessidade de se identificar

com o objeto, de se projetar. Esta atitude que reflete certa perda de

distância é seguida freqüentemente pelas projeções diretas,

referências pessoais, etc.

 

 

 

 

        Digressão

Page 58: Testes Psicológicos

 

Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a

exibição das pranchas. Ex.: "como faz calor aqui".  Estas

observações têm a mesma significação que as exclamações, mas

confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta de se

subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou,

por uma determinada prancha.

 

        Necessidade de fazer perguntas

 

Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação

das histórias (mais), ou o final da mesma (F), ou então dos dois

(mais, F). Podem-se encontrar duas categorias de sujeitos aos

quais é necessário fazer perguntas.

 

Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem

desejos de confirmação para continuar sua narração, e que se

beneficiam com a intervenção do examinador.

Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a

sobrepujar sua incapacidade de construir uma história. Suas

defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais

estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria.

Page 59: Testes Psicológicos

 

        Necessidade de aprovação

 

Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do

examinador. Ex.: "está bem feito? "A necessidade de aprovação se

encontra nos sujeitos ansiosos e que, além do mais, têm tendência

a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos de defesa

consiste em procurar segurança por meio de uma série de

reinvidicações afetivas.

 

        Ansiedade manifesta

 

Toda manifestação exteriorizada de temor, de mal estar

(expressões verbais, mímicas, posturais). A ansiedade manifesta

pode se exprimir de várias maneiras e, tal como: a temperatura nos

doentes, traduzir um simples "estado febril" ou se indício de

doenças de toda sorte.

O comportamento ansioso pode se traduzir, dentre outras por

atitudes posturais embaraçadas e gestos estereotipados como: mão

na testa, dedos nos cabelos, fumar nervosamente, pela careta, pela

transpiração, pelas maneiras de olhar a prancha, ou de ficar

sentado, etc.

Page 60: Testes Psicológicos

É importante observar, se esta ansiedade ocasiona uma

perturbação na elaboração do tema, ou se permanece de qualquer

modo isolada, o que é indício de uma estruturação muito mais

caracteriológica.

 

 

        Observações críticas

 

Toda observação destinada a desvalorizar as situações do

exame, seu interesse, o material usado, etc. Ex.: "não é bonito isso

que o senhor está me mostrando"; "parece que o senhor faz

questão de escolher as pranchas mais feias"; "pra que serve tudo

isto?".

Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma

estruturação do caráter muito elaborado e é indicativo de adaptação

defeituosa. Incluiremos ainda uma outra forma de crítica: aquela

que diz respeito aos personagens. Aqui a crítica é acompanhada

por referências pessoais e de uma projeção muito forte, portanto de

uma perda de distância em relação à prancha, que é vista como

uma realidade "horrível" Ex..: (pr..2) a pessoa da direita está

grávida. Isto não me agrada... Este tipo de respostas testemunha

tendências paranóides pronunciadas.

 

        Cinismo

Page 61: Testes Psicológicos

 

Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação

incômoda. O cinismo indica certo afastamento, e mesmo uma

espécie de isolamento afetivo, e mostra uma estruturação

caracterial de defesa mais séria. É também uma das manifestações

do comportamento esquizofrênico, mas não se pode interpretá-lo

neste sentido, senão em um contexto clínico patológico particular.

 

        Recusa

 

Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. A recusa

testemunha tanto a agressividade como o bloqueio do sujeito; ou o

sujeito manifesta conscientemente a agressividade e rompe toda

relação; simplesmente recusando uma ou mais pranchas, ou se

limita ao silêncio, malgrado as instruções em conseqüência de um

choque profundo que bloqueou toda expressão.

Pode ser considerada como índice patológico engajado na

própria estrutura da personalidade, embora se encontre também

nos sujeitos normais, e mais particularmente nos psicossomáticos.

 

        Não obediência às instruções

 

Page 62: Testes Psicológicos

Ausência de um ou vários elementos da instrução: história

onde falta qualquer coisa: passado (P); solução (S); ação (A) e fim

(F).

A obediência às instruções pode ser considerada,

essencialmente como um índice de adaptação à realidade. Neste

sentido, material, examinador, situação de exame e instruções

formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual

deve adotar certa conduta.

 

        Insistência no passado

 

Toda história que se desenrola quase exclusivamente no

passado, em detrimento do presente, que não é assinalado senão

por alusões ou implicitamente. Certos sujeitos sentem necessidade

de demorar-se longamente sobre o passado, sem, no entanto,

perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam

finalmente. As situações da imagem parecem despertar neles um

eco longínquo, talvez vivido; a prancha não lhes serve senão de

pretexto para desenvolver um tema central sobre os

acontecimentos anteriores.

Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado, mas se

perdem e se acham muito desamparados assim que tenham de se

reportar à situação representada na prancha. Este tipo de reação

não se encontra a não ser, praticamente, nos psicóticos.

Page 63: Testes Psicológicos

 

F - ELEMENTOS DE LINGUAGEM

 

Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem"

estão longe de abranger tudo o que se pode observar em relação

ao sujeito no TAT.

 

        Estilo falho ou frustrado

 

Expressão verbal pobre, vocabulário restrito. O estilo pobre,

ou falho, se encontra fatalmente nos débeis, mas também nos

sujeitos de inteligência normal e de um nível cultural pouco elevado.

Pode ser observado, igualmente, nos casos de psicose orgânica e

de problemas de origem psicossomáticas, com forte rebaixamento

de eficiência (nos hipertensos, por exemplo). 

 

        Estilo rebuscado

 

Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais,

como o emprego repetido de um determinado tempo do verbo. é

encontrado em nível "normal" nos sujeitos com sentimento de

inferioridade muito acentuados e que procuram compensar  e

Page 64: Testes Psicológicos

se afirmar desta maneira particular. No domínio patológico, é típico

de esquizofrênicos e paranóico.

 

        Expressões surrealistas

 

Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua.

Ex.: "dois caminhos (ou retas) que se encontra e gritam: "viva o

Lula". As expressões surrealistas ou poético-herméticas, sem

procura voluntária de originalidade se encontram essencialmente na

esquizofrenia, e são acompanhados, freqüentemente de

neologismo.

 

        Neologismo

 

Invenção de palavras novas. Os neologismos espontâneos

fazem parte do mesmo quadro clínico da esquizofrenia.

 

        Perturbação no decurso do pensamento

 

Sintaxe perturbada, linguajar sem nexo, perda do fio do

pensamento. Difluência.

Page 65: Testes Psicológicos

 

        Fluidez verbal

 

Linguajar inconsistente, verboso, dominado pelas associações

de idéias sucessivas. Vai interpretar como os precedentes, mas em

um contexto diferente, se apresenta como sinal de comportamento

maníaco ou de deficiência intelectual. (Obs. conjunto de idéias

simplesmente jogadas).

 

 

 

        Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos)

 

Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo,

é também a recusa no engajamento de afetos.

 

        Contradição entre o tema e expressão

 

Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada

ao tema. Nos sujeitos normais, indica um defeito de identificação

Page 66: Testes Psicológicos

super compensado, nos psicóticos esta discordância é muito mais

manifesta e é característica do quadro esquizofrênico.

        Expressões "isto poderia ser"... Etc.

 

Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer

com uma afirmação direta, correspondem a uma tomada de

distância mais ou menos grande, que se encontra principalmente

nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor poderia ser";

"pode-se esperar que").

 

        Expressões "Percebe-se nitidamente que", etc.

 

Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito

com uma afirmação direta Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida

que..." Estas expressões categóricas correspondem a uma perda de

distância, engajando o sujeito a uma identificação e projeção direta.

 

G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS

 

É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou

mantendo sem cessar relações, e que a menor dificuldade com

referências a estas, traduz um problema da personalidade do

Page 67: Testes Psicológicos

sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo que se

entende comumente sob esta designação, isto é, às relações de

pessoa a pessoa, mas implicam também nos relacionamentos que

um sujeito mantém com um objeto material sobre o qual ele

transfere os seus sentimentos, e com ele próprio.

Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior

com os sentimentos que tem respeito ao objeto, diálogo consciente

ou inconsciente.

E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas

tonalidades e as suas qualidades múltiplas que se transportam para

os movimentos dos personagens e suas relações nas histórias do

TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos  ao

significado das "relações interpessoais".

 

        Relações positivas (em suas diferentes combinações) um

diálogo satisfatório entre os personagens.

 

Existe, evidentemente, uma infinidade de modalidades de

relações que se podem classificar de "positivas". É difícil, às vezes,

reconhecê-los como tais, sobretudo quando os afetos não são

explícitos. Dever-se-á mesmo, às vezes, recorrer ao exame das

soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações

interpessoais.

Page 68: Testes Psicológicos

O examinador tem uma tendência a supor que as boas

relações entre heróis da história traduzem boa relação do sujeito

com seu meio ambiente. E isto é verdade para a maioria dos casos,

mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de que as

relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes

(no seu trabalho, na vida social, etc.), sendo todas negativas no

domínio da vida privada.

Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis

e as relações dos sujeitos é devida ao fato de que o narrador

projeta nas histórias, a uma só vez,  aquilo que ele é, o que queria

ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc. Novamente

o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da

interpretação.

 

        Relações negativas (em suas diferentes combinações) um

diálogo não satisfatório entre os personagens.

 

As relações são negativas quando existe uma ruptura do

diálogo e quando nenhum entendimento se estabelece entre os

personagens. s dificuldades que se encontram aqui são as mesmas

que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por exemplo, nas

histórias de relações homossexuais negativas, quando o narrador,

na realidade, tem relações homossexuais parcialmente positivas.

Pode ser mesmo que a maior parte das relações homossexuais do

sujeito seja positiva com exceção das relações com a mãe (no caso

de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz).

Page 69: Testes Psicológicos

 

        Relações tensas

 

Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos

personagens a possibilidade de descargas positivas.  Nós

encontraremos esta tensão que invade a personalidade em casos

limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente sem

final. O conflito é agudo e dramático.

 

        Relações inconsistentes

 

Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o

caráter. Traduz certa ambigüidade de relacionamento, um defeito

de identificação. Nos casos muito pronunciados devemos pensar

em neuroses graves ou psicoses.

 

        Relações ausentes (seja totalmente, seja parcialmente entre os

personagens)

 

Falta de relações entre os personagens evocados ou não.

Esta ausência é, em todo caso, um sinal grave, traduzindo uma

Page 70: Testes Psicológicos

retração importante da libido. A ausência total de relações nos fará

pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial significará

um mecanismo obsessivo.

 

        Conflito intrapessoal tenso

 

Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais

evocados devem ser distinguidos do conflito que se desenrola no

interior do herói, isto é,  intrapessoal. Clinicamente estes conflitos

são uma redução maciça dos conflitos interpessoais. Traduzem, em

todo caso, uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem

ser notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais

não evocados na história.

 

H - SOLUÇÃO DO CONFLITO  EVOCADO (desfecho da história)

 

A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente, a

partir da qualidade das soluções que ele dá aos conflitos evocados

em suas histórias. é, em suma, o índice global de adaptação mais

seguro que nos oferece o TAT.

Isto não quer dizer que uma solução negativa implique

necessariamente numa inadaptação do sujeito a todos os domínios

Page 71: Testes Psicológicos

da vida. Mas a relação entre a solução encontrada e o modo de

adaptação do sujeito é sempre existente.

 

a

)

b

)

Relações interpessoais positivas podem conduzir a

soluções positivas: teremos, então, um sujeito normalmente

adaptado;

Relações interpessoais negativas podem conduzir a

soluções positivas: teremos "sujeitos complexados", mas

conseguem vencer as suas próprias dificuldades, graças,

sem dúvida, a sistema de super compensação.

c)

d

)

Em nossa experiência com o TAT, temos tido ocasião de

encontrar relações interpessoais positivas ligadas a

soluções negativas. Ao se encontrar isto, o caso deverá ser

estudado;

Relações interpessoais negativas podem conduzir a

soluções negativas ou coexistir com elas. Isto assinala um

grau importante de inadaptação do sujeito ao mesmo tempo

em que uma homogeneidade de suas relações.

 

Estas ligações simples entre relações interpessoais e

soluções dos conflitos não são mais freqüentes. Encontraremos

mais freqüentemente, num mesmo protocolo, índices positivos e

negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame

Page 72: Testes Psicológicos

aprofundado do protocolo inteiro que nos permite aproximar da

personalidade complexa do sujeito: a tônica deve ser colocada na

"estrutura dinâmica" (assim, as relações positivas e as soluções

positivas, ambas tendo sido placadas, estão longe de traduzir um

modo de adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade

do sujeito estabelecer e de "manter relações à distância", sem

afetos e sem engajamento pessoal.

Com um grau de adaptação decrescente nós podemos

classificar as soluções positivas da seguinte maneira:

 

        Solução adaptada

 

Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual

em seu proveito e de maneira socialmente integrada.

 

 

 

 

        Compromisso viável

 

Page 73: Testes Psicológicos

Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito

aberto, encontrando-se uma solução intermediária aceitável

 

        Dependente de ajuda exterior

 

Adaptação às situações dadas, graças às circunstâncias ou

às personagens favoráveis do meio exterior.

 

 

        Hipotética

 

Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o

futuro, sob condição. Exemplo: "Eles se casarão um dia, se tudo

correr bem".

 

        Placada ou moralização

 

Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de

conflito.  É muito difícil catalogar essas soluções de maneira

"objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que intervém escalas de

valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as

Page 74: Testes Psicológicos

diferentes tradições ou culturas. Mas a clínica terá a última palavra,

sempre. Exemplo: (Trata-se de determinar se a solução seguinte,

dada pelo narrador, é adaptada ou neurótica) "uma moça que

queira deixar a mãe; esta tenta retê-la; a filha fica por ter pena da

mãe".

A despeito das tradições morais que consideram esta solução

como desejável, ela será qualificada pelo examinador como

neurótica, tendo em vista o conhecimento que hoje temos das

conseqüências de uma tal solução de conflito.

 

        Soluções múltiplas

 

Toda história comportando diversas soluções. As soluções

múltiplas podem ser homogêneas quanto a sua qualidade ou

heterogêneas. Quando são heterogêneas e, sobretudo, quando a

última solução evocada é má, devemos concluir por uma adaptação

defeituosa. Se ao contrário, a última solução for positiva isto

significa que as defesas obsessivas são integradas apesar de tudo.

A multiplicidade de soluções, mesmo boas, testemunha o

medo do sujeito em engajar-se e se encontra mais freqüentemente

nas estruturas obsessivas.

 

        Solução autopunitiva ou de fracasso

Page 75: Testes Psicológicos

 

Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta

espécie de solução traduz necessariamente uma má adaptação.

Mas traduz, além disso, uma conduta de fracasso propriamente

dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de "neurose de

fracasso", estas respostas, muito infantis em geral, implicam numa

imaturidade afetiva.

 

 

        Soluções por satisfação dos impulsos

 

Toda história na qual a solução é conseguida graças à

satisfação de um desejo ou uma tendência, sem se levar em conta

as exigências sociais e do Superego. O superego de um sujeito que

dá tais soluções é impotente ante a força do Id. Se a esta

configuração se junta uma má integração do Ego, ou se

encontramos várias respostas deste gênero, estaremos tratando

com estrutura psicótica. Mas se, ao contrário, a função de

integração do Ego é relativamente boa, estaremos em presença de

uma personalidade normal, com defesas psicóticas.

 

        Solução discordante com relação ao tema

 

Page 76: Testes Psicológicos

Todo final de história contradizendo a evolução do conflito.

Isto é quase incoerência, logo, por definição, psicótico.

 

        Ausência de solução

 

O conflito evocado permanece aberto. A significação desta

ausência não pode ser explicada senão em função do contexto.

Pode ser encontrada, tanto no protocolo de um neurótico, como de

um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-la-á, em

geral, sob demanda do examinador.

 

 

 

 

VI - AS PARTES DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

PSICOLÓGICA E O TAT

 

1. Funcionamento cognitivo

A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado

nas histórias.

Page 77: Testes Psicológicos

A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o

indivíduo percebe ou não as figuras de modo adequado e se as

histórias são ou não realistas. O pensamento pode ser avaliado

verificando se as histórias são organizadas ou não.

 

2. Afeto

Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e

as situações que despertam essas emoções. A adequação dos

afetos às situações deve ser analisada.

 

3 Auto-imagem e auto-estima.

As características dos heróis expressam a auto-imagem do

indivíduo. Os heróis são competentes ou incompetentes para lidar

com as situações? Como reagem ao cometerem erros? Como são

vistos pelos outros personagens?

 

4 Relacionamentos interpessoais.

As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre

os relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar

o modo de o sujeito se relacionar com o examinador durante a

testagem. As atitudes frente a diferentes tipos de pessoas, tais

como os pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de

trabalho devem ser descritas. Relações com a figura materna

Page 78: Testes Psicológicos

costumam ser expressas nas respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF.

Relações com a figura paterna costumam ser expressas nas

respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações com pessoas da

mesma idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser

expressas nas respostas às figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF.