Texto - Artesanato
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Artesanato:
Ato de fazer arte sustentável
Em um mundo no qual o objetivo é reaproveitar os objetos antes de eles irem finalmente
para o lixo, o artesanato ganha força para crescer e se mostrar cada vez mais útil.
Meio-ambiente, sustentabilidade, reciclagem, são palavras que se ouvem com mais
frequência de uns anos para cá. E se a questão está tão em evidência, tanto pesso-
as como empresas preocupam-se em reciclar produtos, que podem ser reutilizados
e até transformados em arte. Atualmente, feiras de artesanato expõem esta reali-
dade e segundo o IBGE (2006), estes eventos representam 55,6% de atividades
culturais nos municípios brasileiros e ainda de acordo com a mesma fonte, aparece
também como uma das principais manifestações de cultura, seguida em boa parte
por atividades ligadas à musica e à dança .
A mineira de Boa Esperança-MG, Vanderlúcia Costa,
46 anos, estudante de Marketing e artesã diz: “É
importante cuidar do nosso planeta, podendo trans-
formar coisas que vão para o lixo em produtos
úteis.” Ela conta que junto com o seu marido, reuti-
liza paletes de mercadoria* e faz deles suas obras
de arte: incensários em forma de casinha e um por-
ta-chaves/porta-retratos em forma de janela. “Os
clientes hoje em dia não compram mais porque é
bonito, tem que ter alguma utilidade”, diz a en-
trevistada.
*Palete de mercadoria: estrado de
madeira utilizado na movimentação
de carga.
Incensários em forma de casinha e as janelas que servem
como porta-chaves/porta-retratos.
Trabalho requerido pelo professor Pedro Courbassier na disciplina de Reportagem e Entrevista I.
Aluna: Grecia de Oliveira Baffa—nº 15.
Ilustração: fonte Google Imagens
Fotos: Grecia Baffa

O reaproveitamento de alguns materiais pode evi-
tar sérios danos à natureza e a artesã de 33 anos,
Viviane Leandro que é formada em Administração
de Empresas evidencia: “Muitas lojas de artigos
automobilísticos jogam fora pneus usados, e eu
aproveito eles para fazer meu trabalho”, diz a atual
moradora de Itu-SP, que nasceu e se criou em
Santos-SP. Ela e sua irmã fazem tapetes com reta-
lhos de lycra (tipo de tecido com alto teor de elas-
ticidade) que também são reutilizados ao invés de
serem jogados no lixo, e o pneu é costurado em-
baixo, servindo como antiderrapante.
Para a saltense de 20 anos, Natasha Moreira, a atividade artesanal não precisa ser
necessariamente só de reciclagem. Ela que trabalha com a mãe nesta área há 3 anos
diz: “Fazemos a nossa arte para fazer as pessoas se sentirem bem e bonitas.” Elas
fazem tiaras, presilhas de cabelo, brincos e colares usando linha de crochê.
Desde que sua primeira filha nasceu que Maria
Cristina Marchetti começou a gostar de trabalhar
com as mãos: “Eu comecei fazendo roupas para
bebês. Nunca mais parei” conta a ituana de 47
anos. Sua técnica consiste em fazer tapetes de-
corados, pintados à mão por ela mesma e com
um acabamento em crochê. Maria é rápida na
confecção de seu trabalho: “Os tapetes pequenos
eu faço quase 10 por dia. Quando é grande, eu
demoro 1 ou 2 dias para terminar.” O material
usado para o crochê também é de fonte reutilizá-
vel, ela usa fita de nylon, que normalmente é
jogada fora por empresas têxteis.
Em 5.564 municípios existentes no país que participaram da pesquisa do IBGE, ape-
nas 46,9% existe algum tipo de escola, oficina ou curso regular de formação em ati-
vidades típicas da cultura. O artesanato representa 32,8%, o que é relativamente
pouco na concepção de vários outros artesãos, “poderia ser mais explorado, tem
muita coisa a ser feita (...) e investir na Cultura e na Educação tinha de estar em pri-
meiro lugar”, disse um deles.
Já na questão econômica, 3 das 4 entrevistadas usam o que ganham da atividade
artesanal como renda bruta. “Esse é o meu ganha-pão” ou “eu vivo disso” são frases
que se escutam quase sempre de trabalhadores autônomos que vivem da arte. Por
isso é normal que artesãos usem materiais baratos - ou até mesmo os encontrem
em depósitos de lixo - para poderem ter maior lucro. E diferentemente do que se
pensa, não é apenas por questão financeira, mas estes trabalhadores têm muito
mais conhecimento sobre meio-ambiente e reciclagem.
Viviane com seus tapetes.
Preços variam de R$100 à R$300.
Tapetes feitos por Maria.
Preços variam de R$20 à R$150.