Texto Base

52

Click here to load reader

description

Curso Senado sobre teorias economicas

Transcript of Texto Base

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 1/52

    Textobase

    Textobase

    Site: InstitutoLegislativoBrasileiroILBCurso: DoutrinasPolticasContemporneas:NovasEsquerdasLivro: TextobaseImpressopor: LucasdoEspiritoSantoLindolphoData: sbado,24janeiro2015,11:13

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 2/52

    Sumrio1MDULONICONOVASESQUERDAS1.1Unidade1EsquerdaeDireitahoje1.2Pg.2PsRevoluoRussa1.3Pg.3Eixos1.4Pg.4Significados1.5Pg.5NorbertoBobbio1.6Pg.6Habermas1.7Pg.7OpiniodeHabermas1.8Pg.8Contradies1.9Pg.9Reaes1.10Pg.10Processo1.11AvaliaoObjetivaUnidade11.12Unidade2AnthonyGiddenseaTerceiraVia1.13Pg.2Contemporaneidade1.14Pg.3Estadonao1.15Pg.4Individualismo1.16Pg.5EsquerdaeDireita1.17Pg.6AoPoltica1.18Pg.7Ecologia1.19Pg.8Caractersticas1.20Pg.9Democracia1.21Pg.10Dimenses1.22Pg.11Eixos1.23AvaliaoObjetivaUnidade21.24Unidade3ApossibilidadedaOrtodoxia1.25Pg.2EsquerdaEuropeia1.26Pg.3Socialdemocracia1.27Pg.4PerryAnderson1.28Pg.5Crisesocialdemocrata1.29Pg.6Mudana1.30Pg.7Eixos1.31Pg.8Socialdemocracia1.32Pg.9Fluxodecapital1.33Pg.10PerspectivasSocialdemocracia1.34Pg.11Perspectivacrtica1.35AvaliaoObjetivaUnidade31.36Unidade4Osmovimentosantiglobalizao1.37Pg.2Movimentossociais1.38Pg.3DoImperialismoaoImprio1.39Pg.4Processos1.40Pg.5Mudanadeparadigma1.41Pg.6ANovaestruturadepoder1.42Pg.7Novasobrasenovasagendas1.43Pg.8Planos1.44Pg.9Novasituao

    2AvaliaoFinal2.1PalavrasFinais

    3Crditos

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 3/52

    1MDULONICONOVASESQUERDAS.

    Naabordagemdessascorrentes,ocursotemobjetivosdefinidos.Aofinal,oalunodeveestarcapacitadoa:

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 4/52

    1.1Unidade1EsquerdaeDireitahojeUnidade1

    Veremos,agora,algumasdasrespostasaessacrisequeaesquerdaeuropeiaestconstruindonomomento.

    Aofinaldestemdulo,esperamosquevocpossa:

    Compreenderosentidodapolaridadeentreesquerdaedireitaeasideias,levantadasnadcadade1980,deumpensadordegrandeinflunciaintelectual,massemvnculospartidrios,JrgenHabermas.

    Analisarapropostadeumacadmicorespeitado,comgrandeinfluncianoPartidoTrabalhistaBritnico,AnthonyGiddens.

    Identificaracrisedasocialdemocracia,apartirdaperspectivadeumdeseuscrticosesquerda:PerryAnderson.

    DiscutiralgunsdosdesenvolvimentosrecentesdaordemcapitalistamundialapartirdaperspectivadeAntnioNegriseMichaelHardt.

    Assim,estudaremosnestaunidade,sobreesquerdaedireita:

    SentidodapolaridadeHabermaseanovaintransparncia.

    1.Osentidodapolaridade

    Oprimeiroeixoemtornodoqualsesituaramosplosdireitaeesquerdadefinesepelovalorigualdade.NosdesdobramentosdaRevoluoFrancesatomaformaumaalaigualitaristaradical,lideradaporBabeuf.Paraessaprimeiraesquerda,adesigualdadesocialinadmissvel,etemnapropriedadeprivadaasuaorigem.EranecessriotomaroEstadoeutilizloparaaequalizaodascondiesdevida.

    Cedo, um segundo eixo, uma nova camada de significado, agregouse fronteira quedividia os partidrios da igualdade e os apologistas da desigualdade. O novo eixo seimplanta ao longo de uma outra dimenso, a da racionalidade econmica, opondo umplo racional, a economia centralmente planificada, a outro irracional,materializado nolivrejogodasforasdemercado.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 5/52

    1.2Pg.2PsRevoluoRussa

    preciso lembrar, mais uma vez, que a oposio tinha fundamento na experincia proporcionada pelofuncionamento do capitalismo. Sem intervenes disciplinadoras, o mercado produzia ciclos de expanso eprosperidade econmica, interrompidos por crises de superproduo que davam incio ao ciclo seguinte dedepresso. No momento da crise, a irracionalidade do sistema transparecia: produo abundante e misriaextrema,falnciasemcadeia,desemprego,concentraodecapitaiseorecomeodocicloemumpatamarmaiselevado.

    Aps aRevoluo Russa, mais um campo de significado,um terceiro eixo, se agrega oposio entre esquerda edireita.Nummundobipolar,noqualoblocosocialistaeratido, automaticamente, como o mais avanado, todaoposio ao bloco capitalista era percebida comoalinhamento potencial ao socialismo. Nessa tica,constituiuse o eixo que separa o polo nacional do poloimperialista. No limite, qualquer liderana que agissecontra o colonialismo ou contra as formasmaismodernasde manifestao dos interesses estrangeiros ingressava no

    campo da esquerda. Ao redor do mundo, inmeras foram as alianas antiimperialistas patrocinadas pelospartidosdeesquerda.

    Importa ressaltaranovidadedesseeixo,completamenteestranhoaopensamentodeMarx,porexemplo.Paraele,comomostramseustextossobreandia,ocolonialismocumpria,apesardetodasassuassequelasemtermosdeperdasdevidashumanasedestruio de formas tradicionais de vida, um papel civilizador, aproximando docapitalismoe,porconseguinte,dosocialismoospovosaelesubmetidos.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 6/52

    1.3Pg.3Eixos

    Um quarto eixo, mais recente e com novo significado, de atualidade na conjuntura brasileira, ope, nosparmetrosdeumaleituraespecficadateoriakeynesiana,ospartidriosdousododficitpblico,parafinsdedesenvolvimento e justia social aos defensores do equilbrio oramentrio, ou seja, da imposio de algumlimiteaosgastosdogoverno.NocontextodaAmricaLatina,aprimeiraposioidentificadacomaescoladaCEPAL.Asegunda,elstica,abrangedemonetaristasortodoxosatodosaquelesquedefendam,geralmentenaposiodegoverno,algumapreocupaocomascontaspblicas.

    Todos os argumentos a favor da necessidade de construir um novo modelo para a esquerda tm comopostulado,implcitoouno,aobsolescnciadamaiorpartedesseseixos.

    Osegundoeixofoiatingidopelaquedadosocialismorealepelacrisedomodelosocialdemocrata.

    A queda do socialismo real teria demonstrado a inviabilidade da planificao central em situaes decomplexidadeeconmica.Nasnovascondies,aracionalidadeterseiadeslocado,dealgumamaneira,paraopolodomercado.Qualquerquevenhaaseroprojetodaesquerda,nopoderprescindirdealgumaformademercado.

    Acrisedomodelosocialdemocratatrouxetona,porsuavez,aslimitaesdoprojetodedomesticaodomercadoporpartedoEstado,nascondiespresentesnummundoglobalizado.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 7/52

    1.4Pg.4Significados

    Demaneiraanloga,oeixoqueopenaoeimperialismofoicompletamentealteradonacontemporaneidade.No apenas porque o fim domundo bipolar retirou a base da afinidade entre os nacionalismos diversos e obloco socialista,mas,principalmente, pelas consequnciasdaglobalizaona atividadeeconmica.Nasnovascondies, o projeto de recusa completa do capital externo, de autosuficincia econmica do pas, implicaestagnaoepobreza.Aquestonomaisa imposiodebarreirasao investimentoexterno,masaaberturacontrolada,ainserovantajosanoprocessodeglobalizao.

    Finalmente, a ltima camada de significado que registramos tambm no semanteveinclumesmudanasdopresente.Discutimosjasrazesdoesgotamentodomodelokeynesiano. Resta enfatizar que, numa economia cada vez mais globalizada einterdependente, a competitividade passa a ser varivel fundamental. Nesse novoquadro,aquestodoequilbriodascontaspblicasganhaoutradimenso:indicadordaconfiana, no apenas dos atores presentes no mercado, mas dos Estados nacionaisparceiros em processos de integrao. Exemplar nesse sentido o exemplo da UnioEuropia onde governos de esquerda assumiram a tarefa de enquadrar a economia de seus pases nosparmetrosacordados.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 8/52

    1.5Pg.5NorbertoBobbio

    Em sntese, a postulao do Estado como agente econmico exclusivo ou principal a defesa do interessenacional ao ponto da excluso do capital estrangeiro a prioridade do desenvolvimento sobre o equilbrio dascontaspblicastodosessesfatoresnosocapazesdedelimitarhoje,emborajotenhamsido,umaposiodeesquerda. Analogamente, a aceitao de mecanismos de mercado, a integrao na economia mundial e apreocupaocomodficitnocaracterizam,porsi,umaposiodedireita.

    Nesse quadro, a dvida sobre a validade da distino entre ambos os polos pertinente: se os indicadorestradicionaisdadiferenaperdemvalidade,hsentidoaindanadiferena?

    Noplanoemprico, adiferenapermanece relevante.Os atorespolticos continuama seposicionar e a seremposicionadosaolongodapolaridadeentreesquerdaedireita.medida,noentanto,queaperdadesignificadodoseixoscitadosprogride,restacomomarcodefinidorapenasoeixooriginal:aigualdadecomovalor.

    Essaaposio,entreoutros,deNorbertoBobbio.Paraesseautor,ovalordaigualdadedistingueaesquerdaeaopedireita,definidapeloapreoaovalordadiversidade.Ovalorliberdadedefiniriaoutrapolaridade, aquela que confronta libertrios e autoritrios. Arigor, essa segunda oposio corta transversalmente a primeira,de maneira que podemos encontrar tanto libertrios quantoautoritriosnaesquerdaenadireita.

    Portanto,emresumo,apluralidadedetentativasdeproduzirumnovo paradigma para a esquerda decorre do reconhecimento dafalncia dosmodelos clssicos, atacados pormudanas objetivasemprocessonomundo.Nessasituao,aquestobsicapassaaser a construo de novos meios e caminhos polticos para aimplementaodovalordistintivodaesquerda,aigualdade.

    Examinaremosaseguiralgumasdessas tentativas,produzidasnainterseodosmeiosacadmicoepoltico.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 9/52

    1.6Pg.6Habermas

    2.Habermaseanovaintransparncia

    Apresentamos, emprimeiro lugar, odiagnsticoproduzidopelo cientista social alemo JrgenHabermas, emmeadosdadcadade1980.Nele,asrazesdainadequaodapolticaclssicadaesquerdanovasituaosoanalisadaseafirmamseaslinhasgeraisdeumanovaproposta.

    Oautorpartedeumaconstatao:aarticulaoentretempohistricoetempoutpico,produzidanoOcidente,no sculoXVIII, encontrase hoje comprometida.Vivemosummomento emqueos grandes instrumentos daconstruodofuturodeacordocomnossosvaloresacincia,atcnicaeoplanejamentoencontramsesobsuspeio.

    Ahistriarecenteforneceufortesrazesparatanto.Afinal,ficouevidente,nosculoXX,apossibilidadedeutilizaodessesinstrumentosnoparaaemancipaohumana,maspara a destruio, a dominao e a alienao do homem. Da que alguns afirmem ofracasso do projeto da modernidade. Se esse diagnstico se revelar acertado,efetivamenteestaramosassistindodesarticulaodovnculo,queoIluminismocriou,entrehistriaeutopia,eoretornodestaltimaesferareligiosa.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 10/52

    1.7Pg.7OpiniodeHabermas

    Noentanto,paraHabermas,essediagnsticonocorreto.Presenciamos,hoje,nooesgotamentodasutopiasemgeral,masodeumtipoespecficodeutopia:aquelacentradanotrabalho.Essautopia,fundamentodosgrandessistemasquedominaramapolticanosculoXXocomunismo,ofascismoeasocialdemocraciaestperdendo,nomomento,suabasereal.Daasensaodeopacidade,deintransparncia,queacometeacidadoseanalistasdassociedadescontemporneas.Omodelosocialdemocrata,onicosistemasobrevivente,perdeuacapacidadedenosdizerquemsomosequalorumoquedevemostomar.

    Ocentrodosistemaestava,comovimos,naprocuradoplenoemprego.Oplenoempregogarantia,aum tempo,osalrio,condioda integraodocidadocomoconsumidor,eosencargos sociais, condio damanuteno do Estado do bemestar social, da integrao do cidado sob aforma de cliente do Estado, de beneficirio do provimento pblico de sade, educao, previdncia e detodososdemaisprodutosdaspolticassociais.

    Duas questes se punham, na opinio de Habermas, a um sistema como esse. Emprimeirolugar,qualolimitedocontrolepblicosobreasdecisesdoscapitalistas?Emsegundo lugar, at que ponto o poder poltico o instrumento adequado para seconseguiraemancipaodoshomens?

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 11/52

    1.8Pg.8Contradies

    Noquediz respeitoprimeiraquesto,osistemaapresentaumalimitaoclara.OprpriosucessodoEstadodoBemEstarSocialacionaomecanismoresponsvelporsuaeroso.Aampliaodasegurana,sejaquantoaonmero de beneficirios, seja quanto s situaes cobertas, impe custos crescentes, cobertos pelos encargossociais. O custo do trabalho elevase e os empresrios so estimulados a adotar inovaes tecnolgicaspoupadorasdemodeobra.Com isso,oplenoemprego tendeadistanciarsecomometa factveleo sistemamergulhanumacrisedefinanciamento.

    Quantosegundaquesto,Habermasestconvencidodequeaproduodenovasformasdevida,regidaspelaigualdadeepelaautonomia,tarefaacimadasforasdopoderestatal.OEstadopodepossibilitaraigualdade,masapreodeabarcar,navidapessoaldocidadoedesuafamlia,umgraudeingernciaincompatvelcomqualqueridealdeemancipao.

    Aparentemente, portanto, nos encontramos diante de uma contradio. O capitalismo desenvolvido no podesobreviversemoEstadodobemestarsocial,mastambmnopodesuportarsuaexpansocontnua.

    Frenteaessasituao,opanoramapolticodadcadade1980ofereciatrsgrandesformasdereao.

    A primeira, o legitimismo socioestatal, busca a simples manuteno do modelo. Paratanto,operanosentidodefazerconcessesaomercadoatoequacionamentodacrise,quandoseriapossvelretornarvelhapoltica.Seusrepresentantesencontrarseiamnasdireesdosvelhospartidossocialdemocratas.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 12/52

    1.9Pg.9Reaes

    Asegundareaodadapeloneoconservadorismo.PostulaapredominnciadomercadoeareduodoEstadodo bemestar. Prope tambm uma reduo no domnio da democracia, transferindo decises de instnciaspolticasparaoutrasdecarter tcnico.Finalmente, empenhasenumapolticaculturalque temcomoalvoosintelectuais,vistoscomoagentesdesubversodatradio.

    Aterceirareaoaqueoautorchamadecrticosdocrescimento.Renediversasminorias,jovens,idosos,mulheres, estrangeiros, entre outros novos movimentos sociais, como os ambientalistas e pacifistas todos,enfim,querecusamaideologiaprodutivistacomumsduasposiesanteriores.Oproblemanessecasoqueno h oposio positiva. Partilham todos da grande recusa ao sistema,mas no dispem de alternativas aapresentar.

    ParaHabermas,aalternativapassapelofortalecimentodasociedadecivil tanto frenteaoEstadoquanto frenteao mercado. A soluo socialdemocrata, o controle do mercado pelo Estado, revelouse insuficiente. Acontraposio neoconservadora, por sua vez, pretende o controle do Estado por parte do mercado, mas nopodesersatisfatriaparaaquelesquetmaigualdadecomonorte.

    Restaofortalecimentodasociedadecivil,detodasaquelasinstnciasregidasidealmentepela solidariedade e no por dinheiro e poder, meios prprios de mercado e Estado.Esquematicamente, nessas instncias Habermas localiza todas as instituiesresponsveis pela transmisso de crenas e valores, pela continuidade da cultura, pelamanutenodaintegraosocialepelasocializaodasnovasgeraes.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 13/52

    1.10Pg.10Processo

    Essa perspectiva no implica, como nas verses clssicas da esquerda, a supresso de Estado e mercado.Precisamos de riqueza para viver em uma sociedade abundante, e omercado omeio para atingir esse fim.Precisamosdeacessogarantidoaalgunsbenspblicosentendidoscomodireitosdocidado,eapenasoEstadopode prover esse acesso. A questo limitarmercado e Estado nas esferas em que so indispensveis e nopermitirsuacolonizaosobreasesferasregidaspelomeiosolidariedade.

    Naverdade,tratasedeatingir,nasociedadecivil,consensosquantoaoslimitesdesejveisdaatuaodoEstadoedomercado.Esseprocessohojeespordico,masamilitncianapolticacotidianapodetornloregra.

    Nosprximosmdulos,discutiremosoutrassoluespropostasmesmaquesto.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 14/52

    1.11AvaliaoObjetivaUnidade1

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 15/52

    1.12Unidade2AnthonyGiddenseaTerceiraViaUnidade2

    Objetivo

    Nestaunidade,estudaremossobreasquestesligadasterceiravia:

    globalizaoindividualismoesquerdaedireitaaopolticaecologia.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 16/52

    1.13Pg.2Contemporaneidade

    Para superar as deficincias que o modelo tradicional da socialdemocracia apresentava, face s novascondies,AnthonyGiddensconsideraqueumnovoparadigmaparaaesquerda,porelechamadoterceiravia,deveenfrentarcomsucessocincograndesdilemaspostospelacontemporaneidade.

    O tema dos mais controversos no debate contemporneo. Num dos extremos dadiscussoestoaquelesqueconsideramaquestovazia.Globalizaoseriaummito,inventado pelos beneficirios da presente ordem internacional, com a finalidade deconvencer os prejudicados de que sua situao inevitvel. Uma vertente menosradical aceita a realidadedo fenmeno,masno suanovidade. Tratarseia demeracontinuidadedoprocessodeexpansodo capitalismo, iniciadonapocadasgrandesnavegaes. No outro extremo situamse aquelesque consideram a globalizao um processo objetivo,doplanodarealidadematerial,nodaideologia.Paraestes,oEstadoNacional estaria perdendo substncia,a ponto de tornarse, este sim, apenas um mito,subsistindo formalmente por uma questo de inrciainstitucional.

    Dados disponveis indicam algumas dimensesobjetivas do fenmeno. No plano comercial, opercentual da economia dos pases europeusrepresentado pelo comrcio exterior encontrase hojeemtornodos17%,numatendnciacrescente.Noaugedaspolticaskeynesianas,essepercentualerade7%,enoperodoliberalanteriorprimeiraguerramundial,12%.

    A globalizao econmica mais evidente ainda no aspecto financeiro. Hoje osmercadosoperamem tempo real ebilhesdedlaresdeslocamse,diariamente,portodososcontinentesprocuradorendimentomelhoremaisseguro.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 17/52

    1.14Pg.3Estadonao

    Mais importantes ainda parecem ser os aspectos no econmicos da globalizao. O tempo e o espaoencolheramehojedecises tomadasemumcontinenteafetamdeimediatoosmoradoresdosdemais.difcilsuporumahistriadiferente,masaderrocadadosregimescomunistasdolesteeuropeunoseteriaprocessadodamesmamaneirasemapresenadosmeiosdecomunicaodemassa,particularmenteateleviso.

    Isso significa queoEstadonao ummito?No,mas certamente seus poderes tradicionais, principalmenteaqueles necessrios gestodepolticas de cunhokeynesiano, diminuram.Por outro lado, outras tarefas sodelesdemandadas.Comorecrudescimentodoparticularismoedolocalismo,exigesedoEstadoaregeneraodas identidades nacionais, bem como a articulao entre os diferentes planos de identidade doscidados.

    Almdisso,oEstadonaooatordosprocessosde integraoregional,amaneiramedianteaqualalgumasdesuasantigasatribuiespodemserpreservadas,numnovopatamar.

    Finalmente, preciso lembrar que, ao contrrio do afirmado por muitos, o processo de globalizao noresulta,paraGiddens,deforasimpessoaisenecessrias.Diversosatores,comoEstados,empresasecentrosdepesquisa, engajaramse ativa e conscientemente no desenvolvimento das inovaes tecnolgicas que oalimentam.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 18/52

    1.15Pg.4Individualismo

    2.Individualismo

    O prprio sucesso do Estado do BemEstar Social tornou possvel odesenvolvimento de um novo tipo deindividualismo, associado multiplicidade de estilos de vidadisponveis escolhade cadaum.Essenovo individualismo visto comdesconfiana, tanto por parte daesquerda socialdemocrata tradicional

    quantoporpartedanovadireitaneoliberal.

    Naperspectivadaesquerda,o individualismoassimiladoaegosmoe consumismo,considerado um produto da importncia excessiva que o mercado veio a tomar nassociedades modernas. J para a direita, o individualismo espelha simplesmente apermissividade que est a enfraquecer as basesmorais da sociedade. A diversidademoralspodesedesenvolverscustasdatradio,poreladefendida.

    Umaesquerdadenovotipodevesuperaropreconceitocontraonovoindividualismoeassumir como legtimaademandapela coexistncia entrediferentesmodosdevida.Deve ainda atentar para o problema que essa situao gera: a construo de novasformas,notradicionais,deproduzirsolidariedadesocial.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 19/52

    1.16Pg.5EsquerdaeDireita

    3.EsquerdaeDireita

    GiddensaceitaadefiniodeBobbio:esquerdatemcomovalordiferencialaigualdade.Acrescenta,porm,a dimenso poltica. A seu ver, esquerda toda posio que tenta incrementar a igualdade com o uso doaparelho estatal. Esquerda, portanto, quem prope uma poltica de emancipao. Direita, emcontraposio, quem se interessa em manter um Estado de desigualdade ou quem prope medidas quelevaroaoaumentodessadesigualdade.Tantoosconservadoresclssicosquantoosneoliberaisenquadramsenessadefinio.

    To importante quanto afirmar apersistncia da oposio perceber seulugarnonovoespaodapoltica.Atpouco,o confronto entre direita e esquerdapraticamente estruturava a totalidade docampo da poltica. A igualdade era aquesto principal e todas as demaissubordinavamseaela.Hoje,a igualdadeumaentreoutrasquestes,eapolticadeveabrirespaoparaoutrostemas,transversaisaessaoposio,comoaecologia,a famlia,aidentidade.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 20/52

    1.17Pg.6AoPoltica

    Apolticadeesquerda,apolticaemancipatria,comoachamaGiddens,persisteemseuesforo,relevante,deequalizar as oportunidades de vida.Mas no suficiente, hoje, e deve ser complementada pelo que o autorchamadepolticadavida,encarregadadeapresentarasopesefetuadasnesseconjuntodequestesexternasaoeixodireita/esquerda.

    No novo espao que a poltica assume, ganha relevo a posio do centro. No o centro situado entre asextremidades da esquerda e da direita,mas o centro composto pelos novos temas da agenda, que escapam dicotomia. Nesse sentido, a aliana com o centro, um centro radical integrado por verdes, feministas,partidriosdapaz,entreoutrosgrupos,passaaserumanecessidadevitalparaaesquerdadenovotipo.

    4.Aopoltica

    Nanova configurao que a poltica toma, os partidos perdemomonoplio da representao da vontade doscidados.Entidades organizadas em torno de objetivos pontuais, o chamado terceiro setor, organizaes nogovernamentais,gruposdetrabalhovoluntrio,assumemparcelasignificativadoespaopoltico.

    Onovoprojetodaesquerdanopodemanteraatitudededesconfianacaractersticadasocialdemocracia,masdeve estar aberto colaborao com esses novos atores. No entanto, preciso ter claro que participao ecolaborao no significam substituio do papel do Estado. Assim como o mercado no pode substituir oEstado,sobpenadedistoresgraves,tampoucoasociedadecivilpodefazlo.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 21/52

    1.18Pg.7Ecologia

    5.Ecologia

    Apreocupaoecolgicadevetornarseumtraodistintivodaesquerdadenovotipo.Osneoliberaistendemaconsideraraquestocomosolvelpormeiodosmecanismosdemercado.

    escassez de determinado recurso naturalseguirseia a elevao de preos e aconsequente busca de tecnologias alternativas.Giddens cita inclusive o episdio de umaaposta, feitaem1980,entreumeconomistaeummilitanteecolgico:dadoqualquerconjuntodecinco recursosnaturais, seupreoem1990seria inferior ao de 1980. No caso da cesta escolhida(cobre, estanho, cromo, nquel e tungstnio), efetivamenteospreoscaramentre24e78%.

    Deveseconcluirdesseexemploquenoexisteriscoambiental?Certamenteno.Oriscoexisteequantomaioroconhecimentosobrenossaintervenonanatureza,menospodemosprevercomseguranaseusefeitosnosmdio e longo prazos. O caso da vaca louca tpico, no contexto europeu. Noentanto, omesmo se aplica ao problemado aquecimento global ou ao dos produtostransgnicos.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 22/52

    1.19Pg.8Caractersticas

    Em todos esses casos, as consequncias do risco artificial, aquele criado pelo homem, so de difcildeterminao,eacautelaealgumconservadorismodevempermearasopesdanovaesquerda.

    Quais as caractersticasdeuma terceiravia que enfrente com sucesso os desafios representados pelos dilemasmencionados?

    Em primeiro lugar, a participao ativa e constante dos cidados. Assim, em vez de garantir os caminhos aserem trilhados, a poltica da terceira via deve auxiliar os cidados na definio de seu prprio caminho,incorporandoasoportunidadesabertaspelasgrandesrevoluesporquepassaahumanidade:aglobalizao,atransformaodavidapessoaleorelacionamentocomanatureza.

    Emsegundolugar,aarticulaodeumapolticaemancipatria,quebusqueajustiasocialequedrespostassnovasquestesqueescapamdivisoentreesquerdaedireita.

    Emterceirolugar,a liberdadedocidado.SegundoGiddens,aliberdadedeveserentendidacomoautonomia,os direitos devem ser acompanhados de responsabilidades e nenhuma autoridade deve ser aceita se no fordemocraticamentelegitimada.

    Emquarto lugar, opluralismo cosmopolita, queopea terceiravia aos protecionismoseconmico e cultural, reclamados respectivamente pela extrema direita e pela direitacomoumtodo,eaofechamentodasfronteirasparaacirculaodostrabalhadores.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 23/52

    1.20Pg.9Democracia

    Finalmente, em quinto lugar, um trao de conservadorismo filosfico, de prudncia, para proteger, dosimpulsosdemudanademasiadoabruptos,deconsequnciasinesperadas,oambientenaturaleasnovasformasdetradio.

    Esseconjuntodeprincpiostraduzse,segundoGiddens,emtrsgrandeseixosprogramticos:democraciamaisamplaeprofunda,areconstruodoEstadodobemestarsocialeocosmopolitismo.

    Noprimeiroeixo,apalavradeordemdemocratizarademocracia.precisoreconstruiroEstadoexistentede maneira a abrir espao para a participao do cidado. Esse processo comporta cinco principais

    dimenses, algumas das quais subestimadas pelo modelo socialdemocrataclssico.

    A primeira dimenso da ampliao da democracia a descentralizao dospoderes. A nfase deve ser conferida ao poder local, potencialmente maiseficientequeaadministraocentralemaisdemocrtico,umavezquemaisprximo do alcance do cidado. Ao contrrio da tradio majoritria naesquerda, a mudana no advm, nessa perspectiva, do poder central, masganhaimpulsomaiorcomatransfernciadepoderparaaslocalidades.

    Transparnciaeaberturaparaasociedadeconstituemasegundadimenso.Asnovastecnologiasdeinformaopermitemumgraudetransparnciadaaogovernamentalantes impensvel.Quantomaior a facilidadedeacessoa todasas informaes sobrerecursospblicos,processosdecisrioseaesdegoverno,maiorademocratizaodademocracia.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 24/52

    1.21Pg.10Dimenses

    A eficincia na prestao do servio pblico a terceira dimenso de ampliao dademocracia.Natradioclssicadaesquerdaessaquestonoeraproblematizada,umavezquedavasecomocertaaeficinciamaiordoserviopblico,quandocomparadoempresa privada. A incorporao dessa dimenso expressa a assimilao de parte dacrtica liberal. A ideia central que todo desperdcio de recursos pblicos implica umasituao de escassez e em desconsiderao, parcial ou completa, de algum direitofundamentaldocidado.OEstadodeve,portanto,abemdademocracia, incorporarasmaispoderosastcnicasdegestodisponveiseoperardemaneiratooumaiseficientequeasempresasprivadas.

    Incorporar mecanismos de democracia direta sempre que possvel a quarta dimenso de ampliao dademocracia.Evidentemente,nosetratadesubstituirademocracia representativapelademocraciadireta,masde combinar ambas as formas, utilizando para tanto, inclusive, as possibilidades abertas pela tecnologia dainformao.

    Finalmente,aquintadimensoperceberogovernocomoadministradorde riscos.Aocontrrio do antigomodelo, o Estado no pretende livrar o cidado de todos os riscosmateriais. A segurana absoluta no alcanvel e faz parte da autonomia eresponsabilidadedocidadoassumirumaparceladoriscoinerentevida.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 25/52

    1.22Pg.11Eixos

    Estaltimadiretrizpresideosegundoeixoprogramtico,oprojetode reconstruodoEstadodobemestar social, apresentadoporGiddens. Tratase, fundamentalmente, debuscarumnovoequilbrioentreriscoesegurana,faceconstataodequeimpossvelparaoEstadoeliminaroriscoporcompleto.

    A igualdade, no novo modelo, no pode ser percebida como uniformidade, tampouco como simplesmeritocracia, nos moldes neoliberais. A meritocracia sem regras produz desigualdades extremas. Limitesdevem,portanto,serimpostosdistribuiodebens,servioseoportunidadessegundoomrito.Aigualdade,nesse contexto, deve ser vista principalmente como incluso.Emoutras palavras, cabe aoEstado assegurar aequalizao das oportunidades e das condies elementares de vida, assim como a presena de todo cidadonessasoportunidadesecondies.

    Damesmamaneira, o novo Estado do bemestar social deve conferir maior nfase participao direta dosinteressados, em detrimento de processos decisrios burocraticamente controlados. Seria possvel controlardessamaneira o chamado perigomoral: a assimilao da assistncia pblica com um dado permanente nohorizonte de vida do beneficiado, com todas as sequelas em termos de acomodao, perda de perspectiva equedanaautoestima.

    Porltimo,quantoao terceiroeixoprogramtico,noquediz respeitoaocosmopolitismo,o seucontedoaaberturadasfronteirasnacionaislivrecirculaodetrabalhadoresedeprodutosculturais.

    Vimos,nestaunidade,ocaminhoqueGiddensapontaparaaconstruodeumnovoparadigmadaesquerda.Oautor discrimina os desafios a seremenfrentados, os princpios que devemencaminhar a sua superao e trsgrandes eixos, ou diretrizes, que devem distinguir uma esquerda de novo tipo tanto da socialdemocraciatradicional,quantodadireita,emsuavertenteconservadoraouneoliberal.Giddenstrabalhanaconflunciadosmundos da cincia e da poltica. Na prxima unidade, vamos examinar uma soluo construda,predominantemente,nodebateinternodeumpartidopoltico.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 26/52

    1.23AvaliaoObjetivaUnidade2

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 27/52

    1.24Unidade3ApossibilidadedaOrtodoxiaUnidade3

    Objetivo

    Analisaremosaqui,sobreaesquerdaemgeraleasocialdemocracia,emparticular:

    esquerdaeuropiadonorteedosulcrisesocialdemocrataperspectivaparaasocialdemocracia.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 28/52

    1.25Pg.2EsquerdaEuropeia

    No decorrer das trs ltimas unidades, discutimos algumas das tentativas recentes de encontrar um novoparadigma para a esquerda. Embora diferenciadas, todas partem da premissa do esgotamento dos antigosparadigmas,dosocialismoedasocialdemocracia.Seocursoseencerrassenesteponto,poderiaparecerqueatotalidade das foras de esquerda se encontra empenhada na construo de novos modelos, no rumo aquianalisado.Arealidadenoessa.Hcorrentesquerecusamcomocapitulaoosmovimentosquediscutimos,apartir de Giddens e do documento dos Democratas de Esquerda. Para essas correntes, novos modelos sonecessrios, mas devem recuperar a radicalidade dos antigos propsitos, particularmente a substituio docapitalismoporumaformaalternativadeorganizaraeconomiaeasociedade.

    No seria possvel ignorar, neste curso, esse tipo de argumento. Para guiar a discusso, selecionei, comorepresentativo dessa corrente, o artigo de Perry Anderson que abre uma coletnea de textos por elerecentementeorganizada:UmmapadaesquerdanaEuropaOcidental.

    1.Esquerdaeuropeiadonorteedosul

    Oautorcomeaporobservarque,emboraaesquerdamajoritrianaEuropaOcidentalconcentrese,hoje,empartidosdeorientaosocialdemocrata,historicamenteocontinenteapresentouduas regiesdiferenciadas,noquerespeitaaotipodepartidosdeesquerdapredominantes.

    Havia, emprimeiro lugar,onorte europeu,que se revelouambiente favorvel aodesenvolvimentoda socialdemocracia clssica. Ali, apoiados em sindicatos fortes, progrediram partidos de massa, com crescimentoeleitoralsustentado.Nadcadade1930,algunsdessespartidosjhaviamchegadoaopoder,masocrescimentomaior ocorreu aps a segunda guerra mundial, at o comeo da dcada de 1970. Nesse momento, todos ospasesdessaregioNoruega,Sucia,FinlndiaeDinamarcaHolanda,BlgicaeLuxemburgoGrBretanhaAlemanhaeustriaencontravamsesobgovernosocialdemocrata.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 29/52

    1.26Pg.3Socialdemocracia

    Paraessesgovernos, a estatizao da atividade econmica no era o principal objetivo, embora esse processotenhaocorridodemaneiralocalizada,principalmentenaInglaterraenaustria.Ocentrodapolticaestavaemoutraparte:naconstruodoEstadodobemestarsocial,comumapoionoplenoempregoeoutronosistemadegarantiasebenefciossociais,principalmenteprevidencirios.

    Noentanto,noaugedopoderiosocialdemocrata,ascondieseconmicasquedavamsustentaoaomodelocomeamafalhar.Diminuioritmodecrescimento,ainflaoaceleraeodesempregocomeaaespalharse.AEuropaentranumasituaoquefoibatizadadeestagflao:ainflaoocorrianonumperododecrescimentoeconmico,comoeraesperadopelaliteratura,masnummomentoderecesso.

    Asocialdemocracia encontravase no governoe foi atingida pela crise. Vimos que suas receitas econmicastradicionaispassaram,nessemomento,anofuncionar.Piorainda,foramassociadaspelaoposioliberalcomasprpriascausasdacrise.Comumdiscursoquepassoua teraceitaocrescentenoeleitorado,odiagnsticoliberal apontou como culpado imediato o dficit pblico, e como culpado primeiro, o Estado do bemestarsocial,responsvelpresumidoporessedficit.

    Seguiramse, a partir dos conservadores britnicos, em 1979, vitrias sucessivas daoposio de direita. Em poucos anos, o quadro havia mudado e a socialdemocraciamantinhasenopoderapenasnaSucia.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 30/52

    1.27Pg.4PerryAnderson

    Nosuleuropeu,a situaoerabemdiferente.Pasesde industrializao retardatria,ondeaselitesagrriasmantinhamparcelaimportantedepoder,comfortepresenadoanarquismonahistriadeseusmovimentos

    operrios, desenvolveram no psguerra, no partidos socialdemocratas,maspartidoscomunistas,comoforamaisimportantedaesquerda. Na Frana, Espanha, Itlia, Portugal e Grcia, a esquerdaera, segundoPerry Anderson, ao mesmo tempo mais fraca e maisradicalquenonortedocontinente.

    Quando a crise atingiu esses pases, os partidos comunistas, naoposio,prepararamseparatomaropoder,dandoincioaprocessosde renovao, ideolgica e organizacional. No entanto, quem sebeneficiou da crise foram os partidos socialistas, at entomenores.Em todos esses pases os socialistas experimentaram um rpidocrescimento, superaram eleitoralmente os partidos comunistas e

    assumiramopoder,napassagemdosanos70paraos80.

    Nogoverno,algunsdessespartidosrenunciaramdeimediatoasuasantigaspropostase enfrentaram a crise com os remdios recomendados pelo liberalismo: ajuste nascontaspblicas.Outros,comonocasodaFranaedaGrcia,tentaramprosseguircomo programa de estatizaes, redistribuio de renda e combate inflao comcrescimento, em vez de restries ao gasto pblico. A tentativa fracassou e essespartidos foram obrigados, tambm eles, a dar uma guinada em suas polticas degoverno.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 31/52

    1.28Pg.5Crisesocialdemocrata

    Em1989,sobrevmaquedadosocialismoreal.Esseacontecimento,emvezdefortalecerasocialdemocracia,comoumaespciedeprovatardiadoacertodesuasopes,aprofundouacriseemqueessespartidosencontravamseebeneficiouapenasoliberalismo.

    Link

    ParasabermaissobreaQuedadoMurodeBerlim

    2.Crisesocialdemocrata

    Hoje, o fim doEstado do bemestar social, aomenos na sua forma clssica, patente.O desemprego oscilaentre 10% e 20% na populao trabalhadora desses pases e a presso da opinio pblica pela reduo deimpostos e de gastos intensa. Nessa conjuntura difcil, a esquerda europeia no dispe de soluesconvincentes a apresentar e concentrase numa agenda escapista: formas de gesto do sistema, o aumento daagregaosocial,ajustiaeleitoral,amodernidadecultural.

    Acriseprofundaeaesquerdanelasubmergidapareceinerte.Oautorcomparaaprostraoatualdaesquerda,pelomenosnasuaformadever,comaatividadedosliberais,quandonaoposio:constituamumausinadeidiasealternativasspropostasgovernistas.Andersonpercebedoiscomponentesprincipaisnacrisequeatingeasocialdemocracia.O primeiro referese fragmentao da base de apoio desses partidos e da esquerda, demaneirageral.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 32/52

    1.29Pg.6Mudana

    At1960,emboraessespartidosdirigissemseuapeloadiferentesclassesdasociedade,emborasuadireofosseconstitudamuitasvezesporintelectuais,oncleodesuabasede apoio, o grupo mais numeroso, mais organizado, dotado de maior credibilidadepoltica, era a classe operria tradicional, os trabalhadores manuais. Era visvel, naexpressodapoca,acentralidadeoperriadabasedessespartidos.

    Essasituaomudouporcompleto,empoucotempo.Onmerodeassalariadoscresceu,masessecrescimentofoi acompanhado por um processo de intensa diferenciao e fragmentao, em torno de cinco eixosfundamentais.

    Oprimeiroeixoope trabalhadoresmanuais,decolarinhoazul,a trabalhadoresdeescritrio,decolarinhobranco.Essadiviso,evidentemente,anteriordcadade1960,masoquemudoufoiaproporonumricaentreosdoisgrupos.Otrabalhadormanual,daindstria,era,atento,amplamaioria.Apartirdessapoca,ocrescimento espetacular do setor de servios inverteu a proporo, ao ponto de, em alguns pases, o operrioindustrial,tradicional,representarhojemenosdeumquartodapopulaoeconomicamenteativa.

    Aaopolticaconjuntadosdoisgruposdetrabalhadoresnuncafoiautomtica,mesmonasituaodemaioriadooperrioindustrial.Comanovaproporo,tornaseaindamaisdifcil.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 33/52

    1.30Pg.7Eixos

    O segundo eixo incide no interior do grupo dos trabalhadores manuais. A gama de habilidades e,consequentemente,derenda,nelepresentesampliouseemmuito.Antes,aregraeraquetodosostrabalhadoresmanuais eram pouco qualificados e ganhavam pouco. Hoje, h uma massa de trabalhadores manuais noqualificadosque recebemossalriosmaisbaixosdomercadoesetoresde trabalhadoresmanuaisqualificados,especializados,querecebemsalriosmuitosuperioresaosdostrabalhadoresnoqualificados.

    Oterceiroeixoaidade.Aspolticasdeuniversalizaodaeducaoteriamaproximado,nacondiocomumde estudantes, a juventude operria dos jovens vindos de outras classes sociais e criado uma cultura jovemuniforme.Poroutrolado,comosprogressosnareadesade,otempomdiodevidae,consequentemente,aproporodeidososnapopulao,aumentaram.Essafaixademaioridade,inativosemsuamaioria,constituaa maior beneficiria do Estado do bemestar social, concentrando, na forma de aposentadorias e penses, amaiorpartedosseusgastos.Andersonlembraqueotempodevidanacondiodeaposentadochegahojeaumterodavidatotal.Nessequadro,ostrabalhadoresematividadeencontramsepressionadospelosdoisladosdapirmidedeidade:osjovens,estudantesqueaindanotrabalham,eosvelhos,quejnotrabalham.

    Oquartoeixoognero.Asmulheresingressaramemmassanomercadodetrabalho,numasituaodepersistente inferioridadesalarialemrelaoaoshomens.Conformeoautor,asestruturassindicaistmreveladogranderesistnciaparticipaofeminina.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 34/52

    1.31Pg.8Socialdemocracia

    Finalmente,oquintoeixoaetnia.CorrentesmigratriasimportanteslevaramEuropatrabalhadoresdasiae da frica, em grandes quantidades. Nos principais pases, hoje, 10% da populao estudantil do ensinofundamentalsoconstitudospordescendentesdeimigrantes.Essasituaoprovocadivisesprofundasentreostrabalhadores,queligamaconcorrnciaporempregodiferenatnica.

    Numquadrocomoesse,areconstituiodabasedesustentaodospartidosdeesquerdaexigiraconsideraodediferenasem identidadee interessesmuitomaisprofundasdoqueantes.Amobilizao,mesmoeleitoral,dessesgruposvariados,tarefamuitomaiscomplexa.

    No entanto, a mobilizao de sua base de apoio no , para Anderson, o nico problema que a socialdemocraciaeuropiadeveenfrentar.Tooumaisgraveoagravamentoprogressivodasrestriesquelimitamoespaoparaaoperaodesuaspolticastradicionais.

    Nodevemosesquecerqueasgrandesconquistasdasocialdemocraciaforamobtidascomomanejodealgumaspoucaspolticasdegoverno.Asvariveis trabalhadaspor essesgovernos eram a polticamonetria,mediantemovimentosnastaxasdejurosecmbio,efiscal,norumodoaumentodacargatributria.Comoinstrumentosecundriofiguravamosacordossalariais,negociadospelasentidadesrepresentativasdepatreseempregados,sobpatrocniodogoverno.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 35/52

    1.32Pg.9Fluxodecapital

    Apartirde1980,osacordostornamsemaisdifceis.Patresperdeminteresse,umavezqueamobilidadefcildocapitalcomeavaasemanifestar.Paraquefecharacordosnacionaissefbricasinteiraspodemserfechadasnumcontinenteereabertasemoutro?Pelasmesmasrazes,ossindicatosforamperdendofora,demaneiraqueascondiesdoacordo,deambasaspartes,foramdesaparecendo.

    Amesmainternacionalizaodosfluxosdecapitalminouoterrenoquesustentavaaspolticasmonetriasnointeriordasfronteirasnacionais.Napocadoscapitaismigrantes,queaomenorsinalderiscoouderendimentosmenoresescapamdopas,oslimitesparabaixarataxadejurostornamsemenoselsticos.

    Tambmadesvalorizaocambial,comoobjetivoderecuperar abalanacomercial, passaa sermedidadeeficincia duvidosa e riscosmaiores.O autor lembraque o programa de reflao do governo socialistafrancs,do inciodadcadade80, foiumfracassoeo contraponto dos analistas era a desvalorizaopromovida, na mesma poca, pelo governo socialdemocrata sueco.Uma dcadamais tarde, o governo sueco tentou uma segunda desvalorizao, dessa vezcompletamentefracassada.

    Apoltica fiscal conheceu restriesmenores, umavezqueos contribuintes, ao contrriodos capitais, nopodemsair instantaneamentedopas.Mesmoassim,hproblemassriosemqualquer tentativadeelevaoda carga tributria. O discurso liberal nesse ponto encontrou grande ressonncia e, a partir da segundametadedosanos70,comeouahaverrebeliesdecontribuintesemdiversospases,acomeardoscasosdaDinamarca e da GrBretanha. Impostos passaram cada vezmais a ser indiretos e regressivos, em vez deprogressivos.Hoje,dizAnderson,qualquerpropostaqueincorporeoaumentodataxaodiretanaEuropaestfadadaderrotaeleitoral.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 36/52

    1.33Pg.10PerspectivasSocialdemocracia

    3.Perspectivasparaasocialdemocracia

    Nomeiodessacriseprofunda,perguntaoautor,sofrerasocialdemocraciaumanovamutao?Noincio,seuobjetivo era a superaodo capitalismo.Emseguida, defendeu reformasparciais, comomeiode superar, aospoucos, o capitalismo. Com o tempo, contentouse com o pleno emprego e o Estado do bemestar social,abandonandoqualquerprojetodesuperaodosistema.Quepoderfazeragorasedesistirdoplenoempregoedobemestarsocial?

    Navisodo autor, a socialdemocracia, comoa conhecemos athoje, desaparecer.OespectropolticodaEuropa ir assemelharse ao do Japo e ao dos Estados Unidos,maiorescentrosdocapitalismomundial,ondeaclasse trabalhadorajamais teveamesmaexpressopoltica.Essespartidos,noentanto,continuaroaexistireadenominaremsesocialistas.Continuaroareivindicar uma posio de esquerda, mas assumiro a tarefa,modesta, de corrigir, quando possvel, as desigualdades docapitalismo. Tero renunciado, por completo e essa parece ser agrande crtica de Anderson discusso e construo de ummodeloalternativodesociedade.

    Emquemedidaprocedeacrticadoautor?Naverdade,parecequesua reclamao quanto falta de certeza quanto aos objetivos delongo prazo. A esquerda no sabe hoje se, na economia, haveralgum dia superao da propriedade privada, nem muito menos qual a forma da nova organizao daproduo.Sabeapenasqueaexperinciaacumuladademaisdeumsculofracassou.

    A avaliao dessa crtica deve considerar a perspectiva do autor quanto ao diagnstico da crise e asindicaes sobre os rumos a serem tomados. A lista de questes que Anderson aponta como problemas ademandar posies claras bvia: a restaurao do pleno emprego, a desigualdade entre os sexos, aeducao,anovarelaoentreEstadoemercado,acrisedademocracia.Nadamuitodiferentedoquevimoscomopreocupaodostericosdanovaesquerda.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 37/52

    1.34Pg.11Perspectivacrtica

    Discutimos, nesta unidade, a crise da socialdemocracia a partir de uma perspectivacrtica, esquerda de seu desempenho. Examinamos as diferenas histricas entre aesquerda do norte e do sul da Europa, sua reao s novas condies dos anos 1970,assimcomoacrisequeseseguiu.Vimos,emseguida,asrazesprincipaisdessacriseeasperspectivasquerestamsocialdemocracia,naopiniodoautor.

    As solues tampouco escapam desse campo. Contra o desemprego, a reduo dajornada de trabalho e programas universais de renda mnima. Contra a desigualdadeentre os sexos, creches pblicas, adicional de renda para a maternidade. Melhoria daqualidade do ensino pblico e a procura de uma forma fundamental de equidade: omesmo gasto por estudante/ano em todas as escolas e regies do pas. Paramudar aforma da propriedade privada, democratizar a estrutura de decises das empresas ealterar a distribuio dos lucros, para contemplar o dividendo social. Para ampliar ademocracia, reforar as instituies polticas da Unio Europia, que j dispe de um BancoCentral,deumamoedacomumedecomissesburocrticasdiversasdegrandepoder,masno temaindaumexecutivocomumeleito,nemumparlamentosoberano.

    TodasessaspropostastmlugarnaterceiraviaenodocumentodosDemocratasdeEsquerda.Comesseprogramaestamosnoterrenodaaceitaodocapitalismoounodasuasuperao?

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 38/52

    1.35AvaliaoObjetivaUnidade3

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 39/52

    1.36Unidade4Osmovimentosantiglobalizao

    Unidade4

    1.OsMovimentosAntiglobalizao

    Asdoutrinaspolticasdiscutidasatestemomentoacumulamumalongahistriadeformulaopolticaeterica,deintervenopolticaedegestodoEstado.Astradiesliberalesocialistaremontam,comfacilidade,adoisoutrssculos.Asocialdemocracia,porsuavez,temrazesnumprocessodediferenciaodomovimentosocialistaocorridonoinciodosculoXX.Mesmoaspropostaseargumentosapresentadosaquisobortulodenovasesquerdasforamdesenvolvidosapartirdasmudanasocorridasnocapitalismomundialapartirdadcadade1970esuasconsequnciaspolticasimediatas:asvitriasdospartidosconservadoresnaEuropa,aexpansodaspolticasliberais,areformadospartidossocialistaseaquedadaUnioSovitica.Tratase,portanto,deumadiscussorelativamenteamadurecidaeconsolidadaemsuasprincipaisdivises,queperdurajhtrsdcadas.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 40/52

    1.37Pg.2Movimentossociais

    Outra a situao dos movimentos sociais recentes, classificados genericamente pela imprensa como antiglobalizao, que ganharamnotoriedade a partir da organizao demanifestaes paralelas aos encontros deorganizaes e grupos de pases identificados como gestores do mundo globalizado: Fundo MonetrioInternaciona, G7, Frum EconmicoMundial, OrganizaoMundial do Comrcio, entre outros. A primeiramanifestaoocorreuduranteareuniodoFMIemColnia,emjunhode1999.Emnovembrodomesmoano,a reuniodaOrganizaoMundialdoComrcio,emSeattle,provocougrandesmanifestaesque impediram,inclusive,achegadadevriosdelegadosao localda reunio.AreuniodoG8emGnova,em2001,porsuavez, ficoumarcadapeloconflitoentremanifestantese foraspoliciais,queprovocouamortedeummilitanteantiglobalizao.Essesmovimentosrenemosmaisdiversosgruposeorganizaes:ONGsdediferentestipos,ecologistas, pacifistas, anarquistas, sindicalistas, entre outros. Apresentam, no entanto, as seguintescaractersticascomuns:

    noqueserefereagenda,adiversificaodasquestesemfoco,suaarticulao,comgrandesreasdesuperposio temtica, e sua unificao, a partir de grandes objetivos comuns, geralmente de protestosistmico

    no que se refere organizao, a valorizao da horizontalidade e a atuao em redes de alcanceinternacional

    noqueserefereaiderio,aoposiogenricasituaoatuale,emrelaopolticainstitucionaleaospartidos,umaatitudequevaidadesconfianarecusa.

    difcil recuperarumconjuntobemdefinidodepropostasapartirdadiversidadedemanifestaesqueessesmovimentoscontm.Recmsurgidos,notiveramtempo,ainda,desedimentarumatradiodeprticapolticaedediscussosobreelaquemostrassesclarasaspropostascomunseospontosdedivergncia.Poroutrolado,sagoracomeamaserincorporadosnasreflexesdealgunsautoresquecomelesmanifestamafinidade.ParadiscutiressesmovimentosusaremosolivroImprio,publicadoem2000porAntnioNegrieMichaelHardt.Aescolha segue dois critrios: a ambio da obra em termos de explicao do presente e sinalizao dastendnciasfuturaseoarsenaldeargumentoseautoresutilizadosnadiscusso.

    Seriaimpossvel,claro,reproduzirnoslimitesdestecursoariquezaecomplexidadedaargumentao dos autores na sua totalidade. Selecionaremos algumas das linhas deargumentosmaisimportantesrelacionadasaodiagnsticodasituaopolticaatualespropostasdesuasuperao.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 41/52

    1.38Pg.3DoImperialismoaoImprio

    2.DoImperialismoaoImprio

    O ponto de partida dos autores a situao do capitalismo na passagem do sculo XIX para o XX,caracterizada por vrios tericos marxistas como imperialismo.Em poucas palavras, o processo de concentrao do capital queMarx previra havia desembocado numa situao em que capitalindustrial e bancrio se fundem e a continuidade da acumulaoexige a incorporao incessante de novos territrios, com suapopulao e seus recursos naturais, ao processo. As colniasforam,ento,reservadematriasprimas,modeobraemercadoparaospasescolonizadores.

    Dessa forma,omundo foi dividido, empoucasdcadas, entre aspotnciascoloniais.AsmaisimportantesforamInglaterra,Franae Japo, enquanto Alemanha, Blgica, Holanda, Portugal eEspanha ocupavam posies secundrias. Nesse novo cenrio

    internacional, a tendncia guerra pelo controle das colnias foi constante. Houve diversas guerrasimperialistaseinterimperialistasatodesfechodasduasgrandesguerrasmundiais.

    Depois da segunda guerra, o quadro mudou radicalmente, devido, segundo os autores, a trs processosconcomitantes.Oprimeirofoiadescolonizao.AderrotadoJapoem1945eapressodosmovimentosdelibertao nacional, que vinha de antes da guerra, levaram paulatinamente, independncia de todos osantigosterritrioscoloniais,nasiaenafrica.Emmeadosdadcadade1960,restavamapenasascolniasportuguesas,tornadaspasesindependentessomentedepoisdarevoluodoscravos,em1974.

    O segundo foi a descentralizao da produo. A expanso progressiva das grandes empresas industriaislevou ao aumento progressivo dos investimentos no exterior e, ao final, transnacionalizao dessasempresas.Aocontrriodoperodocolonial,noqualvigoravaumaclaradivisodefunesentremetrpole,sededaproduo,ecolnias,fornecedorasderecursosnaturaisecompradorasdosprodutos,agoraaprpriaproduoseespalhapelomundo,emredesdeunidadesfabris.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 42/52

    Vdeo

    Assistaaovdeoseguinte,sobreoImperialismo.(Durao:3min39).

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 43/52

    1.39Pg.4Processos

    O terceiro processo foi a difuso pelo mundo das prticas que os autores chamam de formas disciplinares,sediadasnumconjuntoespecficodeinstituies:afbrica,afamlia,aescola,apriso.Ouseja,nomundodamodernidade, dominado pela indstria, o controle social dependia ainda da imposio externa de regras aosindivduos.Essasregras,quegovernavamadivisodotempoeocomportamentodosindivduos,naproduoefora dela, precisavam vir de fora, apoiadas em penalidades, para vigorar. Exemplos importantes so osregulamentosdasempresaseoscdigospenais,fundamentadosempenalidadesquevoatademisso,nocasodasempresas,epriso,nocasodalegislao.

    Esses trs processos desenvolveramse sem restries no perodo de 25 anos que se seguiu segunda guerramundial. Coincidem, portanto, com a chamada idade de ouro do capitalismo, momento, como vimosanteriormente, de crescimento continuado, no decorrer do qual as crises pareciam ter sido domesticadas. Nofinaldadcadade1960,contudo,eclodeumasriedemovimentosque,deformasdiversas, representamumaoposio importante ao sistema. Os Estados Unidos so derrotados na guerra do Vietnam e, nos pasesocidentais, ressurgem a agitao estudantil, as rebelies operrias e os movimentos da contracultura. Esseconjunto demovimentos deve ser lido, segundoos autores, comouma acumulao de rebelies, cujo sentidocomum foi a recusa poltica ao sistema capitalista. Mesmo a contracultura, de significado aparentementeapoltico, expressou valores e formas de vida antiprodutivistas e deve ser vista como a recusa consciente inseroprodutivanosistema.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 44/52

    1.40Pg.5Mudanadeparadigma

    Para enfrentar essa crise, o capitalismo recorreu a duas solues diferentes. A primeira constituiu a oporepressiva,quelogorevelousuainsuficincia.Tratavasedeimpororetornosituaoanterior,comosefossepossvelempurrardevoltaostrabalhadorescamisadeforadaproduoindustrial,dofordismo,dalinhademontagem, do controle das formas disciplinares.A segunda, demaior alcance, foi amudana de paradigma,opocujasconsequnciascompletas,segundoosautores,noestamosaindaemcondiesdeperceber.

    Amudanadeparadigmaimplicouarevoluocientficaetecnolgicaeumnovopadroda produo cujo centro deixou de ser a indstria e deslocouse para os servios,principalmenteaquelesvinculadoscomunicao,informao,produoculturaledeconhecimento.Otrabalhorelevantecadavezmais trabalho imaterial,ouseja,aqueleque se materializa em servios de difcil mensurao. Esse trabalho toma a formaprincipalmente,deserviosdeinformtica,aplicadaprincipalmenteproduoindustrial,de servios simblicos e culturais e, inclusive, de servios afetivos, como aquelesenvolvidosnostrabalhosdareadasadeedecuidadoemgeralcomaspessoas.

    Essa nova forma de produo exige muito mais das capacidades de iniciativa ecooperao dos trabalhadores que a produo industrial. Iniciativa e cooperao dostrabalhadoresdemandam,porsuavez, a predominncia dos controles internos sobre oscontrolesexternosaostrabalhadores.Ouseja,tendemadesaparecer ou ao menos a diminuir, as formasdisciplinares de controle, que haviam sido difundidas,comafbrica,nasdcadasanteriores.

    Tornaseclara,nessanovasituao,aprodutividademaiordasrelaesflexveis de trabalho, quando comparadas com as relaes deassalariamento fixas tpicas da sociedade industrial anterior. Ganhamimportnciaotrabalhoparcial,temporrioeportarefa,afigurajurdicadotrabalhadorautnomo,oprocessodeterceirizaodaproduo.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 45/52

    1.41Pg.6ANovaestruturadepoder

    3.Anovaestruturadepoder

    No plano das relaes internacionais, os resultados so o avano e a intensificao de um processo antesincipiente: a passagem do estgio imperialista do capitalismo para a situao que os autores denominamImprio.NoImprio,osestadosnacionais tendemaoencolhimento,ao tempoemquemuitasdesuas funesanteriores so assumidas por uma srie de organismos multinacionais, como a Organizao Mundial doComrcio,oBancoMundial,oFundoMonetrioInternacional,entreoutros.

    Anovaestruturadepoderqueemergedescritapelosautorescomoumapirmideorganizadaemtrscamadas.Noalto,naprimeiracamada, temosamaiorpotnciamundial,osEstadosUnidos,seguidos, logoabaixo,poralgunsdosorganismos internacionaiscompoderdedefiniodepolticasedenormatizao,comoaOMC,oFrumEconmicoMundial,oG7eoutros.Aindananestaprimeiracamadaencontramosalgumasassociaesinternacionaisdotadasdegrandepodercultural.

    Asegundacamada integradapelasredesdegrandescompanhias transnacionais,quefazcircularpelomundodinheiroemercadorias.Logoabaixodelas,nessamesmacamada,estoosestadosnacionaismenospoderosos,na medida em que retm algumas funes de controle sobre suas populaes e de presso sobre astransnacionais.

    Finalmente,altimacamadaintegrada,emprimeirolugar,pelosmesmoestadosnacionaisdemenorpodereexpresso,namedida,agora,emqueatuamcomorepresentantesdesuaspopulaesepressionamporseusinteressesnasinstnciasdedeliberaomundial.Emsegundolugar,integramessaterceiracamadaasONGsinternacionais dedicadas defesa desses mesmosinteresses, com a Anistia Internacional, Mdicos semFronteiras,entreoutros.

    Os autores fazem a analogia entre essa imagem dapirmidee adefiniode impriodohistoriador romanoPolbio, para quem o governo imperial era a snteseperfeita das formas boas de governo: a monarquia, aaristocraciaeademocracia.Napirmide,amonarquia,ecom ela o monoplio dos meios militares de destruioem massa, das armas nucleares, em suma, esto naprimeiracamada.Aaristocracia,comogerenciamentodomeio de controle dinheiro, est na segunda camada. Ademocraciaesuaspossibilidades,assimcomoomanejodacultura e dos sistemas de comunicao como instrumentos de controle, que os autores chamam de ter,estosituadosnaterceiracamada.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 46/52

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 47/52

    1.42Pg.7Novasobrasenovasagendas

    3.Novasobrasenovasagendas

    Para eles, os autores, uma situao comoessa inviabiliza claramenteos instrumentos tradicionais demudanaconstrudos e utilizados pela esquerda. Sindicatos perdem fora com o declnio das relaes de trabalhotradicionais.Os estadosnao no tmmais o poder de antes, demodo que qualquer resistncia fundada naesperanademudanaapartirdocontroledoaparelhoestatalilusria.Tambmilusriaseriaaexpectativademudanaapartirdosmovimentosdeestilo terceiromundista,que tendemavera resistnciapossvelnaaoconjugadadosvriosestadossubjugadosnaordemmundial.Asexperinciascomunistasortodoxas,porsuavez,mostraramsuainviabilidadecomaquedadoregimesoviticoeaadoodasreformascapitalistasdaChina.

    Nopossvelaindavislumbraraformapolticaquepoder tomaromovimentopelasuperaodoregimecapitalista.Mas possvel, sim, apontar seu sujeito: o proletariado, entendidonum sentido amplo, comoa

    totalidade daqueles que trabalham para o capital e so por eleexplorados. Nessa acepo, portanto, o proletariado extrapola olimite dos trabalhadores industriais e confundese com o que osautoreschamamdemultido.

    Esse o sujeito da mudana, movido pelo movimento queconstituiria a contradio principal do sistema. Para a produopsmoderna,paraaapropriaodolucronascondiesdehoje,oImprioprecisa das potencialidadesde iniciativa e cooperaodoconjunto dos trabalhadores. Prescinde, portanto, das antigasformas disciplinares de controle, mas precisa ainda, ao mesmo

    tempo,manteressestrabalhadoresnumestadodeapatiaesubordinaopolticas.Ocorrequedifcil,senoimpossvel, limitar as potencialidades da cooperao dos trabalhadores ao terreno da produo. Essaspotencialidadestendem,sempre,aextrapolaressaesferaeaingressarnapoltica,sobaformadecontestaoerebelio.

    Mas,seimpossvelprecisaraformapolticaquetomaromovimentoderesistnciaelutadamultido,oseixosdaslutasmaisimportantesesuasprincipaispalavrasdeordempodemserapontados.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 48/52

    1.43Pg.8Planos

    Oprimeiroseriaalutapelodireitocidadaniaglobal.Numapocadeenormeecrescentemobilidade da modeobra, para encontrar o trabalho desejado ou para abandonaraquele recusado, a situao de estrangeiro, com tudo que isso implica em termos deprivaodedireitos,atingeaparcelascrescentesdostrabalhadores.Alutapelosdireitosdecidadaniasinalizariaaconquistadosdireitospolticosporpartedessestrabalhadores.

    O segundo o direito a um salrio social. A flexibilizao das relaes de trabalho e o incremento daspotencialidades da cooperao tornam cada vez mais difcil precisar quem so os responsveis diretos porparceladaproduosocial.Todoscooperam, todosparticipame todos, inclusiveaquelessemempregoformaldevemterdireitoaoumsalriosocial.Alutapelauniversalizaodessesalrioseria,portanto,osegundoeixodereivindicaesaserperseguido.

    Finalmente,o terceiroplanode lutasgirariaem tornoaodireito reapropriao,porpartedos trabalhadores,do produto do seu trabalho.No se trata aqui, para os autores, de salrio,mas de acesso aos bens e serviosproduzidos. Na etapa de predominncia do trabalho imaterial esse controle estendese, obrigatria eprincipalmente,aosprodutosquetomamaformadeconhecimento,informao,comunicaoeafetos.Ouseja,esseeixode reivindicaes teria comoalvo imediatoosdireitosdepropriedade intelectualque tolhema livrecirculaoeapropriaodetextos,sons,imagens,idiasesoftwares,demaneirageral.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 49/52

    1.44Pg.9Novasituao

    Parafinalizar,importaestabeleceracomparaoentreessaperspectivaeosdemaisautoresdiscutidosnombitodasnovasesquerdas,demaneiraaprecisarassemelhanasediferenasentreeles.

    Emprimeiro lugar,NegrieHardtconstatam, talcomoHabermaseGiddens,umasituao inteiramentenova,na qual as antigas receitas desenvolvidas pela esquerda tradicional, nas suas vertentes comunista e socialdemocrata, revelamse inoperantes. Todos esses autores apontam para um conjunto semelhante demudanas,que engloba cincia e tecnologia, revoluo na produo, classes sociais, representao e gesto polticas esistema de poder internacional. Nesse ponto nossos autores distinguemse apenas pela nfasemaior posta noconflitoenaresistnciaanticapitalistacomomotorprimeirodasmudanas.Comovimos,paraeles,amudanadeparadigmaconstituiu,nofundo,areao,atomomentoeficaz,dosistemaacumulaoderebeliesqueeclodiuaofimdadcadade1960.

    Emerge,emsegundo lugar,umadiferena importante,marcadademaneiramaisclaraemrelaosposiesdeGiddens.VimosqueesteautortrabalhasuaanlisepolticaaindanosmarcosdoEstadonacional.Paraeleanova situao levanta uma srie de problemas que encontram trs solues bsicas possveis, todas elasdesenhadas a partir da perspectiva de foras polticas no controle demquinas estatais de poder. Liberalismoconservador, socialdemocracia tradicional e terceira via constituem, na sua viso, as trs maneiras bsicas,obviamente com consequncias diferentes, de operar os instrumentos do Estado em resposta aos problemascontemporneos.

    Em contraposio, paraNegri eHardt, a soluo desses problemas encontrase, claramente, alm do Estado.Emboranosejapossvelaindaprecisarooperadorpolticodessasoluo,claroque,paraeles,aquelas trsalternativas diferem apenas emdetalhes de gerncia do sistema.Aquilo queGiddens considera esquerda, sejaela velha ou nova, situase, na perspectiva deNegri eHardt, no interior do sistema, e encontrase, portanto,alinhadocomocompromissodesuaconservao,nodesuamudana.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 50/52

    2AvaliaoFinal

    AvaliaoFinal

    Paraconcluirocurso,faaaAvaliaoFinal,clicandonomenuesquerda,noitem"Avaliaes".LembresequeaAvaliaoFinal,almdeseronicoinstrumentovlidoparaacertificaodocurso,nopoderserrefeita.Logo,respondasquestesapenasquandotivercertezadaresposta.

    ATENO:Umavezabertaaavaliaofinalvoctem60minutosparafinalizlaesalvla.Passadoesseprazo,osistemafecharautomaticamente,salvandooquefoifeito.Essaavaliaonopoderseracessadanovamente.

    Boasorte!

    Sevocfizerjusaocertificado,osistemalhepossibilitarimprimiloaps60diascontadosdadatadesuamatrcula.

    Nessecaso,elepoderserobtido,deimediato,emsuatelainicialdocurso,nomesmolocalondeconstamseusdados,quadrodeavisoseacesso.

    Lsurgirumconequelhepermitirimprimirseucertificadoe,senecessrio,umasegundavia.

    Casonotenhaobtidoodesempenhonecessrio,nodesista.Procureinscreversefuturamentenesteouemoutrodenossoscursos.

    Atbreve.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 51/52

    2.1PalavrasFinais

    Muito bem, voc chegou ao final do curso de Doutrinas Polticas Contemporneas:NovasEsquerdas!

    Esperamos que os conhecimentos aqui adquiridos sejam importantes para sua vidapessoaleprofissional.Equevocosmultiplique,poisassimestarnosaprimorandoeconsolidandoseuaprendizado,mas tambmajudandoaconstruirumacoletividademaisconscienteecidad.

  • 24/01/2015 Textobase

    http://saberes.senado.leg.br/mod/book/tool/print/index.php?id=13560 52/52

    3CrditosCrditos

    Conteudista

    CaetanoErnestoPereiradeArajo

    CoordenaoIvoneGomes

    ProfessorestutoresCaetanoErnestoPereiradeArajo

    LuizRenatoVieira

    NcleopedaggicoCarlosEugnioEscosteguy

    DanutaHortaJeniferdeFreitas

    JooLuizFigueiredoMarceloLarroyedMrciaPerussoPollianaAlves

    RosngelaRabelloSimoneDourado

    ValriaMaiaeSouzaWilliamRobespierreAthanazio

    NcleowebAlessandraBrando

    BrunoCarvalhoCarlosInocenteFranciscoWenkeRenersonIanSniaMendes

    NcleoadministrativoFernandaPlentzJooLuizFigueiredoLucianoMarquesPaulaMeschesi